_Matéria
Click here to load reader
-
Upload
tiago-alves -
Category
Documents
-
view
9 -
download
0
Transcript of _Matéria
1
Matéria para o exame de LUTO – 2011-2012
Principais tópicos temáticos
Luto infantil:
Indique os principais preditores de risco de complicação do processo de luto na criança:
- Suicídio ou homicídio do progenitor; perda da mãe para raparigas com menos de
11 anos;perda do pai para rapazes adolescentes; dependência do progenitor
sobrevivente; relação conflitual com o falecido; falta de apoio familiar; ambiente
instável; ambiente instável com figura responsável alternante; novo casamento e
relação negativa com a nova personagem; dificuldades psicológicas prévias.
Indique cinco semelhanças entre o luto infantil e o luto adulto:
- Saudade declarada e prolongada do progenitor/pessoa perdida; tendência a
pranto inicial; recordações persistentes da pessoa falecida; tendência para passar a
imitar comportamentos do falecido; tendência a mencionar o assunto perante
estranhos compreensivos em relação ao mesmo.
Indique cinco diferenças entre o luto infantil e o luto adulto:
- ao contrário dos adultos, as crianças necessitam dos adultos para obter
informações acerca do sucedido; crianças têm dificuldade em procurar consolo se
não são compreendidas no sofrimento; crianças apresentam menos entendimento
da morte; menor capacidade de concentração e focagem na perda; são dadas à
criança poucas oportunidades de abordagem do tema (perda).
2
Modelo Conceptual do processo de luto:
Descreva/caracterize sumariamente o modelo conceptual do Processo de
luto:
De acordo com modelo conceptual, a perda envolve sistematicamente (em graus de
intensidade e duração variáveis) 3 dimensões interligadas à sua vivência:
Intrapsíquica (trauma); Interpessoal (separação relacional) transcendental
(ruptura existencial). Há 3 mecanismos de elaboração (evitamento, assimilação e
acomodação).
Fases do Processo de luto:
Descreva as principais características da fase inicial do processo de luto:
A fase inicial do processo de luto – choque/negação – caracteriza-se por choque,
embotamento afectivo, entorpecimento e incrudelidade ou negação iniciais, que
podem alternar com intensa dor mental e lamentações.
Descreva as principais características da fase desorganização desespero do
processo de luto:
A fase de desorganização/desespero é a segunda do processo de luto, apresenta
as seguintes características: estados afectivos intensos sobrevindo em ondas
periódicas de desconforto emocional ou físico, pode também ocorrer isolamento
social e preocupações recorrentes sobre vários aspectos do falecido e até
identificação com este. A divisão em fases não é linear, é meramente heurística.
3
Descreva as principais características da fase reorganização/recuperação
do processo de luto:
Terceira e do processo de luto, pode processar-se de forma emocionalmente
integrada com novos investimentos no mundo ou ser entrecortada de
preocupações e revivescências emocionais relativas ao falecido, paralelas a
momentos de reexperiência do prazer sem culpa e procura de novas relações.
Luto Complicado
Indique cinco critérios de luto complicado:
Critérios afectivos – e.g. não conseguir falar do objecto perdido sem se
emocionar; critérios cognitivos – e-g. idealiza aspectos positivos e recalca os
negativos do objecto perdido; critérios físicos – e.g. compulsão para imitar traços
do objecto perdido; critérios comportamentais – e.g investimento exagerado no
trabalho; critérios existenciais/espirituais-e.g. sente a vida vazia.
Defina luto crónico dependente.
O luto crónico dependente, mais frequente em personalidades dependentes, é
uma modalidade de luto complicado em que o processo de luto está estático, ou
seja, os níveis de tristeza, irritabilidade, culpa, mantem-se sem mudança durante
meses e anos, sendo difícil ao enlutado investir num novo objecto.
Descreva luto “inibido” exemplificando.
Luto inibido (retardado, adiado, congelado) é aquele em que ocorre um adiamento
do processo de luto, quando o sofrimento provocado pelas perdas ultrapassa as
capacidades de elaboração. Expressões de luto são suprimidas ou inibidas.
Enlutado idealiza aspectos positivos do falecido e recalca aspectos negativos.
E.g. frequente perante relação ambivalente com o falecido, por exo. Violência
doméstica.
4
Defina Luto traumático:
Exposição a acontecimento traumático (ameaça de morte, morte real, ferimento
grave ou ameaça à integridade física do próprio ou de outros) cuja resposta
envolve medo intenso, sentimento de falta de ajuda ou horror.
Defina luto exagerado:
Luto exagerado consiste em adoptar comportamentos auto-destrutivos numa
tentativa de alivio da dor emocional e espiritual através de estratégias adaptativas
lesivas (e.g. abuso de álcool, drogas, práticas sexuais inseguras, tentativas de
suicídio).
Defina luto indizível:
Pesar, desgosto escondido da pessoa marginalizada, dado não haver permissão
social para exprimir reacções à perda (e.g. relação culturalmente inaceitável, por
exemplo porque é extraconjugal ou homossexual). Causa raiva, tristeza e
isolamento do enlutado.
Factores de Risco:
Indique cinco factores de risco de luto complicado em adultos:
Modo da morte (súbita ou inesperada, morte múltipla em catástrofes, incerta-não
aparece o corpo, ou violenta); Relacionais (relação de ambivalência, de
dependência ou em exclusividade); sociais (assuntos pendentes, isolamento social,
falta de apoio socio-familiar); pessoais (antecedentes psicopatológicos, prévias
tentativas de suicídio, perda precoce dos pais, anterior luto não resolvido, baixa
auto-estima, juventude do falecido ou do enlutado); recordação dolorosa do
processo de cuidados de saúde (e.g. percepção de que a morte poderia ter sido
evitada, dificuldades diagnósticas).
5
Diagnósticos diferenciais:
Diagnóstico diferencial entre luto e depressão:
Muitos dos sintomas característicos do luto encontram-se agravados no quadro
psicopatológico da depressão. Tomemos 3 exemplos: no luto, o humor triste está
associado com a progressão de doença, enquanto que na depressão este é um
sintoma de uma doença já avançada da dor; no luto, a auto-estima mantém-se,
enquanto que na depressão esta se encontra diminuída e desproporcionalmente
negativa; no luto, a raiva é expressa – na depressão é camuflada. Outro aspecto a
salientar é em relação à perda: no luto, esta é mais próxima, consciente e
proporcionada aos afectos do sujeito, enquanto que na depressão, a perda é mais
afastada, inconsciente, repetida ou não proporcionada ao estado afectivo do
sujeito.
Diagnóstico diferencial entre luto preparatório e depressão:
Luto preparatório é um tipo de luto normal feito pelo doente em fase terminal para
se preparar para a separação deste mundo (Kubler-Ross, 1969), caracteristicas:
ruminação sobre o passado, retirada afectiva , dor, tristeza e ansiedade; depressão
é um quadro psicopatológico onde o humor triste é sintoma da doença; há baixa
auto-estima (que se mantém estável no luto preparatório), pensamentos
ruminativos sobre morte e suicídio, no luto preparatório há preocupação com a
separação de pessoas queridas.
Diagnóstico diferencial entre luto e perturbação de stress pós-
traumático ou reacção pós traumática ao stress:
Em termos cognitivos no luto a pessoa foca-se no objecto perdido, na PSPT o foco
está na situação de horror; em termos afectivos no luto anseia-se pela pessoa
perdida, na PSPT deseja-se segurança e há ansiedade quanto à ameaça; quanto à
inquietação/vigilidade, no luto procura-se pela pessoa perdida na PSPT há
inquietação focada em nova ameaça potencial.
6
Teorias abordadas:
Descreva os principais aspectos da teoria “attachment” do luto.
A teoria “attachment” do luto decorre da teorização de Bowlby (1980), sendo
defendido que um luto saudável ocorre quando um individuo aceita que ocorreu
uma perda no seu mundo externo, e que lhe é exigido que faça as necessárias
mudanças no seu mundo de representações internas, para que reorganize, e talvez,
reoriente o seu comportamento de vinculação.
Caracterize os principais tipos de famílias apresentadas por Kissane na
perspectiva de abordagem do luto familiar:
Kissane concebe três tipos de famílias, em termos de funcionamento: bom,
intermédio e disfuncional, tem em conta três dimensões: coesão, comunicação e
conflito. Bom: elevada coesão, elevada comunicação, baixo conflito- luto
adaptativo; Intermédio: moderadas coesão e comunicação, conflito baixo- luto
inflexível a distorcido; disfuncional: Coesão moderada a baixa, comunicação baixa,
conflito alto – luto amplificado (mau-estar e caos).
Caracterize o modelo dual do luto de Stroebe & Schut (1999):
Pressupostos: existência de stressores secundários à perda; integração de
estratégias cognitivas e processo dinâmico de oscilação. No processo de luto os
indivíduos oscilam entre a orientação para a perda e a orientação para a
restruturação, considerando a experiência da vida quotidiana, ou seja, oscilam
entre enfrentar a dor e evitá-la ( e.g. ocupando-se). Alternam entre os dois tipos de
orientação. Processo será normal se a pessoa não ficar retida na orientação para a
perda (luto crónico) ou na orientação para a restruturação (luto inibido).
7
8