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Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Engenharia Mecânica Grupo de Análise e Projeto Mecânico CURSO DE PROJETO ESTRUTURAL COM MATERIAIS COMPOSTOS Prof. José Carlos Pereira

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sobre materiais compositos e toda essas cousas muito doidas que eles fazem incluindo a engenharia dos processos isotermicos isobaricos isocoricos que fazem tudo ser legal e divertido e eu so quero baixar um arquivo mas tenho que fornecer outro no lugar entao nao enche o saco com a enchecao de linguica desse site safado

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  • Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Engenharia MecnicaGrupo de Anlise e Projeto Mecnico

    CURSO DE PROJETO ESTRUTURAL COM

    MATERIAIS COMPOSTOS

    Prof. Jos Carlos Pereira

  • SUMRIO

    1 ASPECTOS GERAIS DOS MATERIAIS COMPOSTOS............................................5

    1.1 Definio...........................................................................................................................5

    1.2 Componentes constituintes de um material composto................................................5

    1.2.1 Fibras...............................................................................................................5

    1.2.2 Matrizes...........................................................................................................5

    1.3 Interesse dos materiais compostos................................................................................7

    1.4 Aplicaes dos materiais compostos............................................................................7

    1.5 Propriedades fsicas principais....................................................................................11

    1.6 Caractersticas da mistura reforo-matriz...................................................................13

    1.7 Processos de fabricao..............................................................................................15

    1.7.1 Moldagem sem presso.................................................................................16

    1.7.2 Moldagem por projeo simultnea...............................................................17

    1.7.3 Moldagem a vcuo.........................................................................................17

    1.7.4 Moldagem por compresso a frio..................................................................18

    1.7.5 Moldagem por injeo....................................................................................19

    1.7.6 Moldagem em contnuo.................................................................................20

    1.7.6 Moldagem por centrifugao.........................................................................20

    1.7.7 Bobinamento circunferencial..........................................................................21

    1.7.7 Bobinamento helicoidal..................................................................................22

    1.7.8 Bobinamento polar.........................................................................................23

    1.8 Arquitetura dos materiais compostos..........................................................................24

    1.8.1 Laminados.....................................................................................................24

    1.8.2 Sanduiche......................................................................................................25

    1.9 Determinao experimental das constantes elsticas de uma lmina....................27

    2 CONSTANTES ELSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS...............................29

    2.1 Equaes constitutivas para materiais compostos....................................................29

    2.2 Efeito da temperatura...................................................................................................33

  • 3 CONSTANTES ELSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS NUMA DIREO

    QUALQUER...................................................................................................................35

    3.1 Equaes constitutivas dos materiais compostos numa direo qualquer.............35

    4 COMPORTAMENTO MECNICO DE PLACAS LAMINADAS.................................42

    4.1 Teoria clssica de laminados......................................................................................42

    4.1.1 Comportamento em membrana.....................................................................42

    4.1.2 Comportamento em flexo.............................................................................49

    4.1.3 Efeito da temperatura....................................................................................58

    5 CRITRIOS DE RUPTURA .....................................................................................62

    5.1 Critrio de tenso mxima...........................................................................................62

    5.2 Critrio de deformao mxima..................................................................................63

    5.3 Comparao entre os critrios de tenso mxima e de deformao mxima........64

    5.4 Critrios interativos.......................................................................................................66

    5.4.1 Reviso do critrio de Von Mises..................................................................66

    5.4.2 Critrio de Hill................................................................................................69

    5.4.3 Critrio de Tsai-Hill........................................................................................71

    5.4.4 Critrio de Hoffman........................................................................................71

    5.4.5 Critrio de Tsai-Wu........................................................................................72

    6 MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS APLICADO AOS MATERIAIS

    COMPOSTOS................................................................................................................82

    6.1 Campo de deslocamentos...........................................................................................82

    6.2 Energia de deformao elementar..............................................................................83

    6.3 Energia cintica elementar..........................................................................................88

    6.4 Trabalho realizado pelas foras externas..................................................................90

    6.5 Problema esttico princpio dos trabalhos virtuais.................................................90

    6.5.1 Determinao das tenses............................................................................91

    6.6 Problema dinmico equaes de lagrange.............................................................92

    6.6.1 Freqncias naturais e modos de vibrao...................................................92

    6.6.2 Resposta no tempo........................................................................................93

    6.7 Tcnicas de programao...........................................................................................93

    6.8 Exemplos de aplicao................................................................................................94

  • 6.8.1 Placa laminada anti-simtrica em trao.......................................................94

    6.8.2 Placa laminada simtrica em flexo.............................................................95

    6.8.3 Tubo laminado simtrico pressurizado..........................................................95

    6.8.4 Vaso de presso laminado simtrico.............................................................96

    6.8.5 Mola da suspenso traseira de veculos utilitrios.........................................97

    6.8.6 Bandeija da suspenso de veculos................................................................98

    REFERNCIAS .............................................................................................................99

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 5

    1 ASPECTOS GERAIS DOS MATERIAIS COMPOSTOS

    1.1 Definio

    Um material composto formado pela unio de dois materiais de naturezas

    diferentes, resultando em um material de performance superior quela de seus

    componentes tomados separadamente. O material resultante, um arranjo de fibras,

    contnuas ou no, de um material resistente (reforo) que so impregnados em uma

    matriz de resistncia mecnica inferior as fibras.

    1.2 Componentes constituintes de um material composto

    1.2.1 Fibras

    A(s) fibra(s) o elemento constituinte que confere ao material composto suas

    caractersticas mecnicas: rigidez, resistncia ruptura, etc. As fibras podem ser

    curtas de alguns centmetros que so injetadas no momento da moldagem da pea, ou

    longas e que so cortadas aps a fabricao da pea.

    Os tipos mais comuns de fibras so: de vidro, de aramida (kevlar), carbono, boro,

    etc. As fibras podem ser definidas como sendo unidirecionais, quando orientadas

    segundo uma mesma direo; bidimensionais, com as fibras orientadas segundo duas

    direes ortogonais (tecidos), Fig. 1.1 e Fig. 1.2, ou com as fibras orientadas

    aleatriamente (esteiras), Fig. 1.3; e tridimensionais, quando as fibras so orientadas

    no espao tridimensional (tecidos multidimensionais).

    1.2.2 Matrizes

    As matrizes tem como funo principal, transferir as solicitaes mecnicas as

    fibras e proteg-las do ambiente externo. As matrizes podem ser resinosas (polyester,

    epxi, etc), minerais (carbono) e metlicas (ligas de alumnio).

  • Aspectos gerais dos materiais compostos6

    Figura 1.1 Tecido - padro 1

    Figura 1.2 Tecido - padro 2

    Figura 1.3 Esteira (fibras contnuas ou cortadas)

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 7

    A escolha entre um tipo de fibra e uma matriz depende fundamentalmente da

    aplicao ao qual ser dado o material composto: caractersticas mecnicas elevadas,

    resistncia a alta temperatura, resistncia a corroso, etc. O custo em muitos casos

    pode tambm ser um fator de escolha entre um ou outro componente. Deve ser

    observada tambm a compatibilidade entre as fibras e as matrizes.

    1.3 Interesse dos materiais compostos

    O interesse dos materiais compostos est ligado a dois fatores: econmico e

    performance. O fator econmico vem do fato do material composto ser muito mais leve

    que os materiais metlicos, oque implica numa economia de combustvel e

    consequentemente, num aumento de carga til (aeronutica e aeroespacial). A reduo

    na massa total do produto pode chegar a 30 % ou mais, em funo da aplicao dada

    ao material composto. O custo de fabricao de algumas peas em material composto

    pode ser tambm sensvelmente menor se comparado com os materiais metlicos.

    O fator performance est ligado a procura por um melhor desempenho de

    componentes estruturais, sobretudo no que diz respeito as caractersticas mecnicas

    (resistncia a ruptura, resistncia ambientes agressivos, etc.). O carter anisotrpico

    dos materiais compostos o fator primordial para a obteno das propriedades

    mecnicas requeridas pelo componente.

    A leveza juntamente com as excelentes caractersticas mecnicas faz com que

    os materiais compostos sejam cada vez mais utilizados dentro de atividades esportivas.

    1.4 Aplicaes dos materiais compostos

    A aplicao dos materiais compostos surgiu inicialmente na rea aeronutica

    devido ne1cessidade de diminuio de peso, preservando a robustez dos

    componentes estruturais. Atualmente uma grande variedade de peas em materiais

    compostos podem ser encontradas nos avies em substituio aos materiais metlicos:

    fuselagem, spoilers, portas de trem de aterrissagem, portas internas, etc., Figura 1.4.

    Em muitos destes componentes, sua concepo foge da definio dada inicialmente

    para materiais compostos, pois nestes casos os componentes so fabricados

  • Aspectos gerais dos materiais compostos8

    normalmente em placas de baixa densidade, contra-placadas por placas finas de alta

    resistncia. Esta configurao normalmente dita sanduiche. De uma forma mais

    ampla, estas configuraes so tambm consideradas materiais compostos, pois

    combinam diferentes materiais.

    Figura 1.4 Componentes em material composto em avies-caa

    Dentro da rea aeronautica, os helicpteros possuem tambm vrios

    componentes em material composto: ps da hlice principal, hlice traseira, rvore de

    transmisso, fuselagem, etc, Figura 1.5.

    Figura 1.3 Componentes em material composto em helicpteros

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 9

    A utilizao dos materiais compostos dentro da industria automobilstica bem

    mais recente do que na rea aeronutica. Inicialmente, eram produzidos somente para-

    chques e tetos de automveis. Atualmente, o material composto utilizado para a

    fabricao de capots, carters de leo, colunas de direo, rvores de transmisso,

    molas laminadas, painis, etc., Figura 1.6.

    Uma das grandes vantagens trazidas para o meio automobilstico pelos materiais

    compostos , alm da reduo do peso, a facilidade em confeccionar peas com

    superfcies complexas.

    Figura 1.6 Componentes em material composto em automveis

    Uma atividade esportiva notria que emprega material composto a Frmula 1,

    que pode ser considerada como um laboratrio para as inovaes tecnolgicas. Em

    muitos casos, oque se emprega dentro dos carros de Frmula 1, ser utilizado

    futuramente nos carros de passeio. Neste caso, o aumento da relao potncia/peso

    fundamental para um bom desempenho do carro nas pistas. A configurao mais

    frequentemente utilizada nestes carros do tipo sanduiche que utilizada para a

    confeco da carroceria.

    Em praticamente todas as atividades esportivas, a reduo do peso est

    diretamente ligada a reduo do tempo de execuo de uma prova esportiva. Como

    exemplo disto, podemos citar: barcos a vela, skis, bicicletas, etc. Em alguns casos,

  • Aspectos gerais dos materiais compostos10

    oque se procura a agilidade, e a perfeio de alguns golpes, como no tnis, com suas

    raquetes; no golf, com seus tacos; e no surf, com suas pranchas.

    Figura 1.7 Barcos a vela Figura 1.8 Ski

    Uma aplicao bem recente dos materiais compostos na rea aeroespacial so

    os painis solares de satlites, confeccionados em uma configurao sanduiche, Figura

    1.9, e os motores de ltimo estgio dos lanadores de satlites, confeccionados a partir

    do bobinamento das fibras sobre um mandril, Figura 1.10.

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 11

    Figura 1.9 Painis solares de satlite

    Figura 1.10 Propulsor de ltimo estgio de lanador de satlite

    1.5 Propriedades fsicas principais

  • Aspectos gerais dos materiais compostos12

    Meta

    is

    Massa

    volu

    mtrica

    (kg/m

    3)

    Mdulo

    de

    ela

    sticidade

    (MPa)

    Mdulo

    de

    cisalh

    am

    ento

    (MPa)

    Coeficie

    nte

    de

    poisso

    n

    Tens

    o d

    e ru

    ptu

    ra tra

    o (M

    Pa)

    Alo

    ngam

    ento

    ru

    ptu

    ra (%

    )

    Coeficie

    nte

    de

    dila

    ta

    o t

    rmica

    (C-1)

    Tem

    pera

    tura

    limite

    de u

    tiliza

    o(C

    )

    r E G n s e a Tmax

    aos 7800 205000 79000 0,3 400 a1600

    1,8 a10

    1,3.10-5 800

    ligas dealumni

    o

    2800 75000 29000 0,3 450 10 2,2.10-5 350

    ligas detitnio

    4400 105000 40300 0,3 1200 14 0,8.10-5 700

    Cobre 8800 125000 48000 0,3 200 a500

    1,7.10-5 650

    Fibra

    s

    Massa

    volu

    mtrica

    (kg/m

    3)

    Mdulo

    de

    ela

    sticidade

    (MPa)

    Mdulo

    de

    cisalh

    am

    ento

    (MPa)

    Coeficie

    nte

    de

    poisso

    n

    Tens

    o d

    e ru

    ptu

    ra tra

    o (M

    Pa)

    Alo

    ngam

    ento

    ru

    ptu

    ra (%

    )

    Coeficie

    nte

    de

    dila

    ta

    o t

    rmica

    (C-1)

    Tem

    pera

    tura

    limite

    de u

    tiliza

    o(C

    )

    Pre

    o/kg

    1985

    r E G n s e a Tmax $US

    VidroR

    2500 86000 0,2 3200 4 0,3.10-5 700 12

    VidroE

    2600 74000 30000 0,25 2500 3,5 0,5.10-5 700 2,8

    Kevlar49

    1450 130000 12000 0,4 2900 2,3 -0,2.10-5

    70

    GrafiteHR

    1750 230000 50000 0,3 3200 1,3 0,02.10-5

    >1500 70 a140

    GrafiteHM

    1800 390000 20000 0,35 2500 0,6 0,08.10-5

    >1500 70 a140

    Boro 2600 400000 3400 0,8 0,4.10-5 500 500

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 13

    Matrize

    s

    Massa

    volu

    mtrica

    (kg/m

    3)

    Mdulo

    de

    ela

    sticidade

    (MPa)

    Mdulo

    de

    cisalh

    am

    ento

    (MPa)

    Coeficie

    nte

    de

    poisso

    n

    Tens

    o d

    e ru

    ptu

    ra tra

    o (M

    Pa)

    Alo

    ngam

    ento

    ru

    ptu

    ra (%

    )

    Coeficie

    nte

    de

    dila

    ta

    o t

    rmica

    (C-1)

    Tem

    pera

    tura

    limite

    de u

    tiliza

    o(C

    )

    Pre

    o/kg

    19

    85

    r E G n s e a Tmax $US

    termoresistentes

    Epxi 1200 4500 1600 0,4 130 2 a 6 11.10-5 90 a200

    6 a 20

    Fenlica 1300 3000 1100 0,4 70 2,5 1.10-5 120 a200

    Poliester 1200 4000 1400 0,4 80 2,5 8.10-5 60 a200

    2,4

    Policarbonato

    1200 2400 60 6.10-5 120

    TermoplsticasPolyprop

    ileno900 1200 30 20 a

    4009.10-5 70 a

    140Poliamid

    a1100 4000 70 200 8.10-5 170 6

    1.6 Caractersticas da mistura reforo-matriz

    As propriedades da camada (reforo+matriz) so obtidas em funo das

    percentagens de cada componente na mistura.

    a) Percentagem em massa do reforo.

    totalmassareforodemassa

    Mf =

    b) Percentagem em massa da matriz.

    totalmassamatrizdamassa

    Mm = ou Mm = 1 - Mf

    c) Percentagem em volume do reforo.

    totalvolumereforodevolume

    Vf =

    d) Percentagem em volume da matriz.

  • Aspectos gerais dos materiais compostos14

    totalvolumematrizdavolume

    Vm = ou Vm = 1 - Vf

    e) Massa volumtrica da camada.

    totalvolumetotalmassa

    =r

    ou:

    totalvolumematrizdamassa

    totalvolumereforodomassa

    +=r

    mf totalvolumematrizdavolume

    totalvolumereforodovolume

    r+r=r

    r = rf . Vf + rm . Vm

    onde rf e rm so as massas volumtricas do reforo e da matriz, respectivamente.

    f) Mdulo de elasticidade longitudinal El ou E1 (propriedades estimadas).

    E1 = Ef . Vf + Em . Vm

    ou:

    E1 = Ef . Vf + Em . (1 Vf)

    g) Mdulo de elasticidade transversal Et ou E2.

    ( )

    +-=

    fft

    mf

    m

    VEE

    VEE

    1

    12

    onde Eft representa o mdulo de elasticidade do reforo na direo transversal.

    h) Mdulo de cisalhamento Glt ou G12.

    ( )

    +-=

    fft

    mf

    m

    VGG

    VGG

    1

    112

    onde Gft representa o mdulo de cisalhamento do reforo.

    i) Coeficiente de poisson nlt ou n12.

    n12 = nf . Vf + nm . Vm

    j) Resistncia a ruptura da camada.

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 15

    ( )

    -+s=s

    f

    mffrupturafruptura E

    EVV 11

    ou:

    frupturafruptura V.s=s1

    k) Propriedades mecnicas de algumas misturas mais comumente utilizadas.

    As propriedades na tabela abaixo correspondem a uma mistura de fibras

    unidirecionais+resina epxi com 60 % do volume em fibras.

    vidro kevlar carbono

    Massa volumtrica (kg/m3) 2080 1350 1530

    sruptura em trao na direo 1 (Xt) (MPa) 1250 1410 1270

    sruptura em compresso na direo 1 (Xc) (MPa) 600 280 1130

    sruptura em trao na direo 2 (Yt) (MPa) 35 28 42

    sruptura em compresso na direo 2 (Yc) (MPa) 141 141 141

    t12 ruptura em cisalhamento (S12) (MPa) 63 45 63

    truptura em cisalhamento interlaminar (MPa) 80 60 90

    mdulo de elasticidade longitudinal E1 (MPa) 45000 85000 134000

    mdulo de elasticidade transversal E2 (MPa) 12000 5600 7000

    mdulo de cisalhamento G12 (MPa) 4500 2100 4200

    coeficiente de poisson n12 0,3 0,34 0,25

    Coef. de dilatao trmica longitudinal a1 (C-1) 0,4 a

    0,7.10-5-0,4.10-5 -0,12.10-

    5

    Coef. de dilatao trmica transversal a2 (C-1) 1,6 a

    2.10-55,8.10-5 3,4.10-5

    1.7 Processos de fabricao

    Muitas peas ou estruturas em material composto so geralmente produzidas por

    uma composio de camadas sucessivas, chamadas de estruturas estratificadas. Os

  • Aspectos gerais dos materiais compostos16

    processos de fabricao so inmeros e devem ser selecionadas segundo requisitos

    como: dimenses, forma, qualidade, produtividade (capacidade de produo), etc.

    As operaes bsicas para a obteno da pea final tm a seguinte sequncia:

    1.7.1 Moldagem sem presso

    O molde primeiramente revestido de um delmoldante e porteriormente de uma

    resina colorida. A seguir as fibras so depositadas sobre o molde e em seguida

    impregnadas com resina e compactadas com um rolo. O processo se segue para as

    camadas sucessivas, Fig. 1.11. A polimerizao (solidificao) ou cura da resina pode

    ser feita com ou sem o molde, isto em funo da geometria da pea. A cura da resina

    pode ser feita em temperatura ambiente ou ser acelerada se colocada em uma estufa a

    uma temperatura entre 80 C e 120 C. Aps a cura da resina e a desmoldagem, a

    pea finalizada: retirada de rebarbas, pintura, etc.

    Fibras Resina

    Impregnao (mistura)

    Colocao da mistura sobre omolde/mandril

    Polimerizao (estufa)

    Desmoldagem

    Acabamento

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 17

    Figura 1.11 Moldagem sem presso

    1.7.2 Moldagem por projeo simultnea

    Este processo consiste em projetar simultaneamente fibras cortadas

    impregnadas em resina sobre o molde. A camada de fibras impregnadas em seguida

    compactada por um rolo e novas camadas podem ser sucessivamente depositadas,

    Fig. 1.12. Um contra-molde pode eventualmente ser utilizado para a obteno de faces

    lisas e para proporcionar uma melhor compactao entre as camadas. A vantagem

    deste processo com relao ao anterior permitir uma produo em srie das peas,

    no entanto, as caractersticas mecnicas das peas so mdias devido ao fato das

    fibras serem cortadas.

    1.7.3 Moldagem a vcuo

    Neste processo as fibras podem ser colocadas manualmente como na moldagem

    sem presso, ou automaticamente por projeo simultnea. Neste caso um contra-

    molde e uma bomba a vcuo so utilizados para permitir uma melhor compactao e

    evitar a formao de bolhas, Fig. 1.13.

    molde

    rolo

    fibras

    resina

  • Aspectos gerais dos materiais compostos18

    Figura 1.12 Moldagem por projeo simultnea

    Figura 1.13 Moldagem a vcuo

    1.7.4 Moldagem por compresso a frio

    Neste processo a resina injetada sob presso no espao entre o molde e

    o contra-molde. A cura pode ser feita a temperatura ambiente ou em uma estufa. H

    fibra

    fibracortadae resina

    pistola

    Bomba avcuo

    fibras

    resina

    contramolde

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 19

    casos onde o molde e o contra-molde so aquecidos, sendo este processo chamado de

    compresso a quente. Neste caso a cura da resina feita no prprio molde.

    Figura 1.14 Moldagem por compresso a frio

    1.7.5 Moldagem por injeo

    O processo por injeo consiste em injetar as fibras impregnadas a partir de um

    parafuso sem fim no molde aquecido.

    Figura 1.15 Moldagem por injeo

    molde

    resin

    contra-molde

    moldeaquecido

    Contra-

    moldeFibrapr-impregnadaaquecido

  • Aspectos gerais dos materiais compostos20

    1.7.6 Moldagem em contnuo

    Este processo permite produzir placas e painis de grande conprimento.

    As fibras (unidirecionais, tecidos ou esteira) juntamente com a resina so depositadas

    entre dois filmes desmoldantes. A forma da placa e a cura da resina so dadas dentro

    da estufa.

    Figura 1.16 Moldagem de placas contnuas

    Figura 1.17 Moldagem de placas onduladas contnuas

    1.7.6 Moldagem por centrifugao

    estufa

    faca

    rolos

    fibras

    resina

    filmedesmoldante

    filmedesmoldante

    resina

    faca

    fibrascortadas

    filmedesmoldante

    filmedesmoldante

    rolos

    estufa

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 21

    Este processo utilizado na produo de peas de revoluo. Dentro do molde

    em movimento de rotao injetado as fibras cortadas juntamente com a resina. A

    impregnao da resina nas fibras e a compactao feita pelo efeito de centrifugao.

    A cura da resina pode ser feita a temperatura ou em uma estufa. Este processo

    utilizado em casos onde no se exige homogeneidade das propriedades mecnicas da

    pea.

    Figura 1.18 Moldagem por centrifugao

    Outros processos de fabricao de peas de revoluo podem ser empregados

    quando se exige homogeneidade das propriedades mecnicas da pea. Nestes

    processos fibras so enroladas (bobinadas) sobre um mandril que dar a forma final da

    pea. Este processo permite a fabricao industrial de tubos de diversos dimetros e

    grandes comprimentos de alta performance.

    Para atender a estas necessidades de projeto, o bobinamento das fibras pode

    ser feito da seguinte maneira: bobinamento circunferencial, bobinamento helicoidal e o

    bobinamento polar.

    1.7.7 Bobinamento circunferencial

    No bobinamento circunferencial, as fibras so depositadas em um mandril

    rotativo, com um ngulo de deposio de 90em rela o ao eixo de rotao, Figura

    1.19. Este tipo de bobinamento resiste aos esforos circunferenciais.

    resina

    fibra

    molde

  • Aspectos gerais dos materiais compostos22

    Figura 1.19 - Bobinamento circunferencial

    1.7.7 Bobinamento helicoidal

    No bobinamento helicoidal, as fibras so depositadas em um mandril rotativo

    com um ngulo de deposio aem rela o ao eixo de rotao, Figura 1.20. Este tipo de

    bobinamento resiste aos esforos circunferenciais e longitudinais.

    Figura 1.20 - Bobinamento helicoidal

    fibras

    resina

    mandril

    guia

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 23

    Figura 1.21 - Bobinamento helicoidal contnuo

    1.7.8 Bobinamento polar

    No bobinamento polar, o reforo depositado no mandril de forma a tangenciar

    as duas aberturas dos domos, traseiro e dianteiro, Figura 1.22. O ngulo de deposio

    varia de ao, constante na regio cilndrica, at 90nas duas aberturas dos domos. O

    bobinamento polar resiste preferencialmente aos esforos longitudinais.

    A fabricao de vasos de presso bobinados consiste de dois tipos de

    bobinamento, como o caso da Fig. 1.10. Nos domos traseiro e dianteiro, o

    bobinamento do tipo polar [(q], enquanto que na regio cilndrica, os bobinamentos

    circunferencial e polar podem se intercalam [(90/q].

    fibras

    mandril

    fibrasimpregnadas

    estufa

  • Aspectos gerais dos materiais compostos24

    Figura 1.22 - Bobinamento polar

    1.8 Arquitetura dos materiais compostos

    1.8.1 Laminados

    Os laminados, ou estruturas laminadas, so constituidos de sucessivas camadas

    de fibras impregnadas em resina segundo uma orientao, Figura 1.23. A designao

    dos laminados efetuada segundo a disposio das camadas e a orientao da

    camada com relao ao eixo de referncia, Figura 1.24.

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 25

    Figura 1.23 Constituio de um laminado

    Figura 1.24 Designao de um laminado

    1.8.2 Sanduiche

    O princpio da tcnica de estruturas do tipo sanduiche consiste em colocar um

    material leve (geralmente com boas propriedades em compresso) entre duas contra-

    placas com alta rigidez. Este princpio concilia leveza e rigidez estrutura final.

    4545 090903045

    045

    909030

    [45/0/45/902/30]

  • Aspectos gerais dos materiais compostos26

    Figura 1.25 Sanduiche de alma plena

    Figura 1.26 Sanduiche de alma oca

    Placas rgidas (ao,placas laminadas, etc)

    alma de baixopeso (espuma,resina, etc)

    Placas rgidas (ao,placas laminadas, etc)

    Alma de madeira

    Sentido das fibras damadeira

    colmia

    alma ondulada

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 27

    1.9 Determinao experimental das constantes elsticas de uma lmina

    Para a determinao das constantes elsticas de placas unidirecionais em

    fibra/resina, necessrio cortar dois corpos de prova padronizados, sobre os quais so

    colados dois extensmetros dispostos ortogonalmente como mostrado abaixo.

    Os corpos de prova so ensaiados numa mquina de trao e as deformaes

    so medidas pelos extensmetros.

    Como exemplo, se for aplicado uma tenso de trao sx = 20 MPa, as

    deformaes medidas pelos extensmetros no primeiro corpo de prova so: e1x = 143e-

    6 e e1y = - 36e-6. Assim:

    11 EE

    x

    x

    xx

    s=

    s=e ,

    614320

    11 -

    =es

    =e

    Ex

    x , E1 = 139860 MPa

    xxxyy 11211 en-=en-=e , x

    y

    1

    112 e

    e-=n ,

    6143636

    12 --

    =ne

    e , n12 = 0,25

    Anlogamente, se for aplicado uma tenso de trao sx = 20 MPa, as

    deformaes medidas pelos extensmetros no segundo corpo de prova, no qual as

    fibras formam um ngulo de 20 com o eixo x, so: e2x = 660e-6 e e2y = - 250e-6. Assim

    x

    y sx

    20 x

    y sx

  • Aspectos gerais dos materiais compostos28

    de [1], pag. 332:

    x

    xx E

    s=e2 (1)

    n-++=

    1

    12

    12

    22

    2

    4

    1

    4

    211

    EGsc

    Es

    Ec

    Ex (2)

    xx EGsc

    Es

    Ec

    s

    n-++=e

    1

    12

    12

    22

    2

    4

    1

    4

    2 21

    (3)

    x

    xxyy E

    sn-=e2 (4)

    onde c = cos 20 e s = sen 20. Como1

    12

    2

    21

    EEn

    =n

    e x

    xy

    y

    yx

    EE

    n=

    n:

    ( )

    -+++

    n-=

    n-

    1221

    2244

    2

    21 111GEE

    scscEE x

    xy (5)

    Substituindo (5) em (4):

    ( ) xy GEEscscE s

    -+-+

    n-=e

    1221

    2244

    1

    122

    111 (6)

    De (3) e (6) temos:

    4692132501

    212

    -=+ e.E.

    G , 41441

    11

    212

    -=- e.EG

    A soluo :

    E2 = 7320 Mpa , G12 = 3980 Mpa e n21 = 0,013

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 29

    2 CONSTANTES ELSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS

    2.1 Equaes constitutivas para materiais compostos

    A anisotropia dos materiais compostos mais facilmente trabalhada doque nos

    casos mais gerais de materiais anisotrpicos, como por exemplo a madeira. Para os

    materiais compostos, pode-se definir um sistema de eixos ortogonais, dentro do qual as

    propriedades mecnicas so identificadas. Um eixo designado 1 (ou l) colocado

    longitudinalmente as fibras, um outro designado 2 (ou t) colocado transversalmente as

    fibras e um outro designado 3 (ou t) colocado ortogonalmente aos dois anteriores,

    Figura 2.1.

    Figura 2.1 Sistema de eixos de ortotropia

    A lei de comportamento do material composto que relaciona deformao/tenso

    pela matriz de flexibilidade, dentro do sistema de eixos de ortotropia (1, 2, 3), contm 9

    constantes elsticas independentes, e da seguinte maneira:

    1

    2

    3

  • Constantes elsticas dos materiais compostos30

    tttsss

    n-n-

    n-n-

    n-n-

    =

    gggeee

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    12

    13

    23

    32

    23

    1

    13

    3

    32

    21

    12

    3

    31

    2

    21

    1

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    100000

    010000

    001000

    0001

    0001

    0001

    G

    G

    G

    EEE

    EEE

    EEE

    (2.1)

    onde:

    eii = deformaes normais na direo i

    gij = deformaes angulares no plano ij

    sii = tenses normais na direo i

    tij = tenses de cisalhamento no plano ij

    nij = coeficiente de poisson (deformao causada na direo j devida uma solicitao na

    direo i).

    Ei = mdulo de elasticidade na direo i

    Gij = mdulo de cisalhamento no plano ij

    Como a matriz de comportamento simtrica tem-se que:

    1

    12

    2

    21

    EEn

    =n

    , 1

    13

    3

    31

    EEn

    =n

    , 2

    23

    3

    32

    EE

    n=

    n (2.2)

    Para a demonstrao da simetria da matriz de comportamento, considere uma

    placa unidirecional de dimenses a, b e espessura e:

    1

    2

    b

    a

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 31

    Deformaes devidas a s1 (na direo longitudinal):

    ( )1

    11 Eb

    bll

    s=

    D=e , ( ) ( )

    1

    1121122 Ea

    al

    ll

    sn-=en-=

    D=e (2.3)

    Deformaes devidas a s2 (na direo transversal):

    ( )2

    2222 Ea

    a s=

    D=e , ( ) ( )

    2

    2212221

    221 Eb

    b sn-=en-=

    D=e (2.4)

    Considerando a energia acumulada devida ao carregamento s1 e depois a s2,

    mantendo s1:

    212211 21

    21

    b)ea(a)eb(b)ea(W Ds+Ds+Ds= (2.5)

    Considerando agora a energia acumulada devida ao carregamento s2 e depois a

    s1, mantendo s2:

    121122 21

    21

    a)eb(b)ea(a)eb('W Ds+Ds+Ds= (2.6)

    Sendo a energia final a mesma, W = W:

    1221 a)eb(b)ea( Ds=Ds , aEebb

    Eea

    sn-s=

    sn-s

    1

    1122

    2

    2211 (2.7)

    1

    12

    2

    21

    EEn

    =n

    (2.8)

    Em alguns casos, possvel considerar que as propriedades mecnicas nas

    direes 2 e 3 so idnticas, j que, como mostrado pela Figura 2.1, estas direes so

    direes perpendiculares a direo 1. Para este caso de materiais, ditos isotrpicos

    transversos, a matriz de comportamento se simplifica, necessitando somente de 5

    constantes elsticas independentes:

  • Constantes elsticas dos materiais compostos32

    tttsss

    n+

    n-n-

    n-n-

    n-n-

    =

    gggeee

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    12

    12

    2

    2

    22

    2

    1

    12

    2

    2

    21

    12

    2

    21

    2

    21

    1

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    100000

    010000

    0012000

    0001

    0001

    0001

    G

    G

    E)(

    EEE

    EEE

    EEE

    (2.9)

    onde:

    n2 = coeficiente de poisson no plano de isotropia transversa

    Nota-se que, devida a isotropia transversa, 2

    2

    23

    121E

    )(G

    n+= .

    A relao tenso/deformao dada pela matriz constitutiva do material, inversa

    da matriz de flexibilidade dada na eq. (2.1):

    gggeee

    =

    tttsss

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    666564636261

    565554535251

    464544434241

    363534333231

    262524232221

    151514131211

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    CCCCCC

    CCCCCC

    CCCCCC

    CCCCCC

    CCCCCC

    CCCCCC

    (2.10)

    onde os termos no nulos so:

    126631

    31123223

    21

    211233

    315532

    32213113

    31

    311322

    234432

    23312112

    32

    322311

    1

    1

    1

    GCEE

    CEE

    C

    GCEE

    CEE

    C

    GCEE

    CEE

    C

    =Dnn+n

    =D

    nn+=

    =Dnn+n

    =D

    nn+=

    =Dnn+n

    =D

    nn+=

    (2.11)

    com 321

    133221311332232112 21

    EEE

    nnn-nn-nn-nn+=D

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 33

    Considerado somente o estado plano de tenso (placas laminadas com s33 = 0,

    t23 = 0 e t13 = 0), a matriz de rigidez do material composto pode ser frequentemente

    encontrada da seguinte forma:

    gee

    =

    tss

    12

    2

    1

    66

    2212

    1211

    12

    2

    1

    00

    0

    0

    Q

    QQ

    QQ

    (2.12)

    onde:

    1266

    2112

    12112

    2112

    222

    2112

    111

    1

    1

    1

    GQ

    )(EQ

    )(EQ

    )(EQ

    =nn-

    n=

    nn-=

    nn-=

    (2.13)

    2.2 Efeito da temperatura

    Quando deseja-se levar em considerao os efeitos de variao de temperatura

    em estruturas compostas, na lei de comportamento do material deve ser considerado

    as deformaes devido a este efeito:

    aaa

    D+

    tttsss

    n-n-

    n-n-

    n-n-

    =

    gggeee

    0

    0

    0

    100000

    010000

    001000

    0001

    0001

    0001

    3

    2

    1

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    12

    13

    23

    32

    23

    1

    13

    3

    32

    21

    12

    3

    31

    2

    21

    1

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    T

    G

    G

    G

    EEE

    EEE

    EEE

    (2.14)

    onde a1 o coeficiente de dilatao trmica das fibras, a2 o coeficiente de dilatao

    trmica da resina e a3 o coeficiente de dilatao trmica da resina.

    A forma inversa da relao anterior colocada de maneira compacta :

  • Constantes elsticas dos materiais compostos34

    { } [ ]{ }1111 tC e-e=s (2.15)

    onde e1t a deformao trmica.

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 35

    3 CONSTANTES ELSTICAS DOS MATERIAIS COMPOSTOS NUMA DIREO

    QUALQUER

    3.1 Equaes constitutivas dos materiais compostos numa direo qualquer

    Para a anlise do comportamento mecnico de placas laminadas necessrio

    definir um sistema de eixos de referncia (x, y, z) para o conjunto de lminas e

    expressar as constantes elsticas de cada lmina neste sistema de referncia. Para isto

    considerado uma lmina sobre a qual esto definidos os eixos de ortotropia (1, 2, 3).

    O sistema de eixos de referncia girado em torno do eixo 3 do ngulo q, Figura 3.1.

    Figura 3.1 Sistema de eixos de ortotropia e de referncia

    Uma das maneiras de determinar a matriz de transformao, que relaciona as

    tenses dadas no sistema de eixos de referncia com as tenses no sistema de eixos

    de ortotropia, fazendo o balano de foras nas direes x e y sobre um elemento

    plano, conforme mostrado na figura abaixo.

    1

    2

    3, z

    x

    y

    q

  • Constantes elsticas dos materiais compostos numa direo qualquer36

    Aplicando as equaes de equilbrio esttico:

    0= xF ,

    0122

    121

    =qqt-qqs

    -qqt-qqs-scossendAsensendA

    sencosdAcoscosdAdAx (3.1)

    qqt+qs+qs=s sencossencosx 122

    22

    1 2 (3.2)

    1

    2

    x

    y

    + q

    s1

    s2

    s12

    s21

    s12

    s21

    s2

    s1

    + q

    A

    B

    Cq

    sx dA txy dA

    t12 dA senq

    s1 dA cosq x

    y

    q

    s2 dA senq

    t21 dA cosq

    sx txy

    t12

    t21

    s2

    s1 x

    y

    q

    dA

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 37

    0= yF ,

    0122

    121

    =qqt+qqs

    -qqt-qqs+t

    sensendAcossendA

    coscosdAsencosdAdAxy (3.3)

    )sen(coscossensencosxy q-qt+qqs+qqs-=t22

    1221 (3.4)

    A tenso normal syy obtida fazendo q = q + 90 na equao para sxx.

    qqt-qs+qs=s sencoscosseny 122

    22

    1 2 (3.5)

    Considerando o elemento abaixo, podemos determinar a tenso sxz:

    0= zF ,02313 =qt-qt-t sendAcosdAdAxz (3.6)

    qt+qt=t cossenxz 1323 (3.7)

    A tenso syz obtida fazendo q = q + 90 na equao para sxz.

    qs-qs=s sencosyz 1323 (3.8)

    txz

    t13 t23

    1

    x

    yq

    dA z

  • Constantes elsticas dos materiais compostos numa direo qualquer38

    A matriz de transformao [T], pode ento ser escrita da forma:

    { } [ ]{ }1

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    22

    22

    22

    000

    0000

    0000

    000100

    2000

    2000

    s=s

    tttsss

    --

    -

    -

    =

    tttsss

    Tou

    scscsc

    cs

    sc

    sccs

    scsc

    x

    xy

    xz

    yz

    z

    y

    x

    (3.9)

    O tensor de deformaes medido no sistema de referncia tem a mesma forma

    que o tensor de tenses dado no sistema de referncia (x, y, z), ou seja:

    { } [ ]{ }1

    12

    13

    23

    3

    2

    1

    22

    22

    22

    000

    0000

    0000

    000100

    2000

    2000

    e=e

    gggeee

    --

    -

    -

    =

    gggeee

    Tou

    scscsc

    cs

    sc

    sccs

    scsc

    x

    xy

    xz

    yz

    z

    y

    x

    (3.10)

    Considerando o comportamento elstico linear, a lei de comportamento do

    material composto expressa no sistema de eixos de referncia (x, y, z) da seguinte

    forma:

    { } [ ]{ } [ ] [ ]{ } [ ] [ ][ ] { }xx TCTCTT e=e=s=s -11111 (3.11)

    Logo, a matriz de rigidez ou matriz constitutiva [Cx], dada no sistema de eixos de

    referncia (x, y, z) :

    [ ] [ ] [ ][ ] 11 -= TCTCx (3.12)

    Considerado somente o estado plano de tenso (placas laminadas com s33 = 0,

    t23 = 0 e t13 = 0), a matriz de rigidez do material composto obtida no sistema de eixos

    de referncia frequentemente encontrada da seguinte forma:

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 39

    gee

    =

    tss

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    QQQ

    QQQ

    QQQ

    666263

    262221

    161211

    (3.13)

    com:

    ( ) ( )( ) ( )

    ( )( )[ ]( )( )[ ]66122222211223

    661222

    222

    112

    16

    1244

    66221122

    12

    6622

    12221122

    66

    661222

    224

    114

    22

    661222

    224

    114

    11

    2

    2

    4

    2

    22

    22

    QQscQcQscsQ

    QQscQsQccsQ

    QscQQQscQ

    QscQQQscQ

    )QQ(scQcQsQ

    )QQ(scQsQcQ

    +-+--=

    +----=

    ++-+=

    -+-+=

    +++=

    +++=

    (3.14)

    onde Q11, Q22, Q12 e Q66 so dados da eq. (2.13):

    A matriz de flexibilidade [S], que relaciona deformao/tenso, dada no sistema

    de eixos de referncia (x, y, z) :

    { } [ ]{ } [ ] [ ]{ } [ ] [ ][ ] { }xx TSTSTT s=s=e=e -11111 (3.15)

    ou:

    { } [ ] [ ][ ] 11 -= TSTS x (3.16)

    Aps a multiplicaao de matrizes, a matriz de flexibilidade pode ser expressa da

    seguinte maneira [1]:

  • Constantes elsticas dos materiais compostos numa direo qualquer40

    tttsss

    Vmh

    x

    x

    Vn-n-

    mn-n-

    hn-n-

    =

    gggeee

    xy

    xz

    yz

    z

    y

    x

    xyz

    z

    x

    y

    x

    x

    xzyz

    yz

    xz

    xz

    yz

    xy

    xy

    zy

    yz

    x

    xz

    xy

    xy

    z

    zy

    yx

    xy

    xy

    xy

    z

    zx

    y

    yx

    x

    xy

    xz

    yz

    z

    y

    x

    GEEE

    GG

    GG

    GEEE

    GEEE

    GEEE

    100

    01000

    01000

    001

    001

    001

    (3.17)

    Observa-se que surgem termos de acoplamento que relacionam tenses de

    cisalhamento com deformaes lineares: hxy/Gxy, mxy/Gxy e zx/Gxy; e termos de

    acoplamento que relacionam tenses normais com deformaes angulares hx/Ex, my/Ex,

    e zz/Ez. Estes termos surgem quando, por exemplo, aplicando uma tenso normal, a

    lmina se deforma da seguinte maneira:

    Material isotrpico Material ortotrpico

    sxsx

    sxsx

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 41

    3.2 - Efeito da temperatura

    O efeito da temperatura sobre os materiais compostos considerado em uma

    direo qualquer dado da forma:

    { } [ ]{ }1e=e Txt (3.18)

    Ou seja:

    aDaDaD

    --

    -

    -

    =

    gggeee

    0

    0

    0

    000

    0000

    0000

    000100

    2000

    2000

    3

    2

    1

    22

    22

    22

    T

    T

    T

    scscsc

    cs

    sc

    sccs

    scsc

    txy

    txz

    tyz

    tz

    ty

    tx

    (3.19)

    A relaco tenso/deformao considerando o efeito da temperatura, dada no

    sistema de eixos de referncia (x, y, z) pode ser obtida pela eq. (2.19) e utilizando a

    matriz de transformao dada pelas eqs. (3.9) ou (3.10):

    [ ]{ } [ ] [ ]{ } [ ] [ ][ ] { }xtxt TSTCTT e-e=e-e=s -111111 (3.20)

    Ou seja:

    { } [ ]{ }xtxxx C e-e=s (3.21)

    A relao tenso/deformao considerando somente o estado plano de tenso

    do tipo:

    g-ge-ee-e

    =

    tss

    txyxy

    tyy

    txx

    xy

    y

    x

    QQQ

    QQQ

    QQQ

    332313

    232212

    131211

    (3.22)

  • Comportamento mecnico de placas laminadas42

    4 COMPORTAMENTO MECNICO DE PLACAS LAMINADAS

    Os materiais compostos so na maioria dos casos utilizados na forma de

    laminados, onde as lminas so coladas umas sobre as outras com orientaes e

    espessura das fibras podendo ser diferentes uma das outras. No caso de placas, uma

    dimenso muito pequena com relao as outras duas. Em consequncia disto, a

    tenso normal na direo da espessura da placa considerada desprezvel (sz = 0).

    As deformaes so determinadas em funo do campo de deslocamentos

    definido para o laminado. Na teoria clssica de laminados, na definio do campo de

    deslocamentos, o cisalhamento transverso considerado nulo (sxz = syz = 0). Na teoria

    de primeira ordem, na definio do campo de deslocamento, o cisalhamento transverso

    considerado no nulo (sxz 0, syz 0), porm constante ao longo da espessura da

    placa.

    4.1 Teoria clssica de laminados

    Da definio do campo de deslocamento na teoria clssica de laminados, o

    cisalhamento transverso considerado nulo, oque resulta num estado plano de tenso,

    onde as nicas tenses no nulas so: sx, sy e sxy.

    4.1.1 Comportamento em membrana

    No estudo do comportamento em membrana dos materiais compostos,

    considerado um laminado de espessura total h com n camadas (ou lminas) de

    espessura ek cada uma. As solicitaes no plano do laminado so denotadas Nx, Ny

    (foras normais por unidade de comprimento transversal); Txy e Tyx (foras cortantes por

    unidade de comprimento transversal). Os eixos x, y, e z so eixos de referncia,

    conforme visto no item 3.

    Os esforos Nx, Ny, Txy e Tyx so determinados da seguinte maneira:

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 43

    =-

    =-

    =-

    s=s==

    s=s=

    s=s=

    n

    kkkxy

    /h

    /hxyxyyx

    n

    kkky

    /h

    /hyy

    n

    kkkx

    /h

    /hxx

    e)().dz(.T.T

    e)().dz(.N

    e)().dz(.N

    1

    2

    2

    1

    2

    2

    1

    2

    2

    111

    11

    11

    (4.1)

    Considerando que os deslocamentos na direo x e y so u e v,

    respectivamente, as deformaes lineares e angular correspondentes a estas

    solicitaes so:

    h

    z

    ek tenses

    y

    z

    x

    Ny dx

    Nx dy

    Txy dx

    Txy dy

    dx

    dy

    z

  • Comportamento mecnico de placas laminadas44

    xv

    yu

    yvxu

    yx

    y

    x

    +

    =g

    =e

    =e

    (4.2)

    As tenses sx, sy e sxy so obtidas no sistema de eixos de referncia x, y, e z, e

    esto relacionadas com as deformaes pela matriz de ridigez, eq. (3.13), considerando

    somente os esforos de membrana, os esforos Nx, Ny, e Txy so determinados em

    funo das constantes elsticas de cada camada:

    { }=

    g+e+e=n

    kkxy

    ky

    kx

    kx eQQQN

    1161211 (4.3)

    que de maneira mais compacta pode escrito:

    xyyyxxx AAAN g+e+e= 161211 (4.4)

    onde:

    =

    =

    =

    =

    =

    =

    n

    kk

    k

    n

    kk

    k

    n

    kk

    k

    eQA

    eQA

    eQA

    11616

    11212

    11111

    (4.5)

    De maneira anloga:

    xyyyxxy AAAN g+e+e= 262221 (4.6)

    com:

    =

    =n

    kk

    kjj eEA

    122 (4.7)

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 45

    xyyxxy AAAT g+e+e= 666261 (4.8)

    com:

    =

    =n

    kk

    kjj eEA

    166 (4.9)

    Exprimindo os esforos Nx, Ny, e Txy em forma matricial, temos:

    gee

    =

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    AAA

    AAA

    AAA

    T

    N

    N

    666261

    262221

    161211

    (4.10)

    com:

    =

    =n

    kk

    kijij eEA

    1

    (4.11)

    Observaes:

    - As expresses acimas so independentes da ordem de empilhamento das

    camadas.

    - Os termos de acoplamento A16, A26, A61 e A62 se anulam quando o laminado

    simtrico (mesmo nmero de camadas de mesma espessura na direo +q e -q).

    A partir dos esforos Nx, Ny, e Txy, pode-se determinar as tenses globais (fictcias),

    considerando o laminado como sendo homogneo:

    h

    Th

    Nh

    N

    xyxy

    yy

    xx

    =s

    =s

    =s

    (4.12)

    A lei de comportamento em membrana do laminado homogneo da seguinte

    forma:

  • Comportamento mecnico de placas laminadas46

    gee

    =

    sss

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    AAA

    AAA

    AAA

    h666261

    262221

    1612111

    (4.13)

    Os componentes da matriz de comportamento acima podem tambm ser

    apresentados em termos de porcentagem de camadas numa mesma orientao em

    relao a espessura total.

    =

    =n

    k

    kkijij h

    eEA

    h 1

    1 (4.14)

    Da inverso da matriz de comportamento acima, obtm-se as constantes

    elsticas aparentes ou homogeneizados do laminado:

    tss

    mh

    mn-

    hn-

    =

    gee

    xy

    y

    x

    xyx

    y

    x

    x

    xy

    xy

    yx

    xy

    xy

    xy

    y

    yx

    x

    xy

    y

    x

    GEE

    GEE

    GEE

    1

    1

    1

    (4.15)

    A partir destas constantes elsticas, conhecido o carregamento do laminado (Nx,

    Ny e Txy), possvel deteminar as deformaes.

    Exemplo 4.1 Considere o laminado simtrico (+45/-45/-45/+45) em vidro/epxi.

    Determine as constantes elsticas do laminado se cada lmina tem espessura 0,5 mm.

    Tome: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, n12 = 0,30.

    A matriz constitutiva das lminas no sistema de ortotropia (1, 2, 3), eq. (2.12),

    da seguinte forma:

    [ ] MPa,

    ,,

    ,,

    Q 310

    5400

    031273

    073146

    = (4.16)

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 47

    Para as lminas orientadas +45, a matriz constitutiva das lminas no sistema

    de referncia (x, y, z), eq. (3.13), da forma:

    [ ] MPa,,,

    ,,,

    ,,,

    Q 345 10

    812468468

    468021911

    458911920

    0

    =+ (4.17)

    Para as lminas orientadas -45, a matriz constitutiva das lminas no sistema

    de referncia (x, y, z), eq. (3.13), da forma:

    [ ] MPa,,,

    ,,,

    ,,,

    Q 345 10

    812468468

    468021911

    458911920

    0

    ----

    =- (4.18)

    A matriz [A] que representa a rigidez em membrana do laminado, eq. (4.10) :

    [ ]mmN

    ,

    ,,

    ,,

    A 310

    512500

    091418923

    089238741

    = (4.19)

    A lei de comportamento em membrana do laminado considerado homogneo, eq.

    (4.13) da seguinte forma:

    gee

    =

    sss

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    ,

    ,,

    ,,

    512500

    091418923

    089238741

    21

    (4.20)

    Logo, invertendo o sistema dado pela eq. (4.20), as constantes elsticas podem

    ser encontradas:

    Ex = 14,13 103 MPa, Ey = 14,14 103 MPa, nxy = 0,5701, nyx = 0.5705,

    Gxy =12,76 103 MPa

    e os termos de acoplamento so:

    hxy = 0.0, mxy = 0.0, hx = 0.0, my = 0.0

  • Comportamento mecnico de placas laminadas48

    Exemplo 4.2 Considere o laminado anti-simtrico (+45/-45/+45/-45) em

    vidro/epxi. Determine as constantes elsticas do laminado se cada lmina tem

    espessura 0,5 mm. Tome: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, n12 = 0,30.

    As matrizes constitutivas no sistema de eixos de ortotropia e de referncia so

    idnticas s apresentadas no exemplo 4.1. A matriz [A] e a lei de comportamento em

    membrana do laminado considerado homogneo, tambm so idnticas, logo as

    constantes elsticas so tambm idnticas e so:

    Ex = 14,13 103 MPa, Ey = 14,14 103 MPa, nxy = 0,5701, nyx = 0.5705,

    Gxy =12,76 103 MPa

    e os termos de acoplamento so:

    hxy = 0.0, mxy = 0.0, hx = 0.0, my = 0.0

    Observe que nestes dois exemplos anteriores, o laminado pode ser considerado

    quase isotrpico.

    Exemplo 4.3 Considere um laminado com sequncia de empilhamento aleatria

    (+30/-45/-30/45) em vidro/epxi. Determine as constantes elsticas do laminado se

    cada lmina tem espessura 0,5 mm. Tome: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5

    GPa, n12 = 0,30.

    A matriz constitutiva no sistema de eixos de ortotropia a mesma dada pela eq.

    (4.16). Para as lminas orientadas +45 e -45, as matrizes constitutivas das lminas

    no sistema de referncia (x, y, z) so dadas pelas eqs. (4.17) e (4.18), respectivamente.

    Para as lminas orientadas +30 e -30, as matrizes constitutivas das lminas no

    sistema de referncia (x, y, z) so respectivamente:

    [ ] MPa,,,

    ,,,

    ,,,

    Q 330 10

    710753910

    753614889

    910889531

    0

    =+ (4.21)

    [ ] MPa,,,

    ,,,

    ,,,

    Q 330 10

    710753910

    753614889

    910889531

    0

    ----

    =- (4.22)

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 49

    A lei de comportamento em membrana do laminado considerado homogneo,

    da seguinte forma:

    MPa

    ,

    ,,

    ,,

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    gee

    =

    sss

    452300

    051358321

    083213953

    21

    (4.23)

    Logo, as constantes elsticas encontradas so:

    Ex = 18,90 103 MPa, Ey = 12,67 103 MPa, nxy = 0,6316, nyx = 0.4235,

    Gxy =11,19 103 MPa

    e os termos de acoplamento so:

    hxy = 0.0076, mxy = 0.0120, hx = 0.0128, my = 0.0136

    Concluso: Os termos de acoplamento, que fazem a placa distorcer, surgem somente

    em laminados onde no h simetria ou anti-simetria.

    4.1.2 Comportamento em flexo

    No estudo do comportamento em flexo dos materiais compostos considerado

    um laminado de espessura total h com n camadas de espessura ek cada uma. As

    solicitaes no laminado so denotadas Mx, My (momentos fletores por unidade de

    comprimento em torno dos eixos y e x respectivamente); Mxy e Myx (momentos torores

    por unidade de comprimento). Os eixos x, y, e z so novamente eixos de referncia.

    Os esforos Mx, My, Mxy e Myx so determinados da seguinte maneira:

    z).dz(TT

    z).dz(M

    z).dz(M

    /h

    /hxyxyyx

    /h

    /hyy

    /h

    /hxx

    1

    1

    1

    2

    2

    2

    2

    2

    2

    -

    -

    -

    s==

    s=

    s=

    (4.24)

  • Comportamento mecnico de placas laminadas50

    Os deslocamentos nas direes x, y e z da superfcie neutra so uo, vo e wo e

    so definidos como segue:

    o

    oo

    oo

    ww

    y

    wzvv

    xw

    zuu

    =

    -=

    -=

    (4.25)

    e as deformaes normais e angulares so:

    y

    z

    My

    Myxdx

    dy

    sem carregamento

    h

    z

    zk

    zk-1uo

    wo

    yw

    xMx

    Mxy

    yw

    com carregamento

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 51

    0

    0

    22

    2

    2

    2

    2

    =g

    =g

    -g=g

    -e=e

    -e=e

    yz

    xz

    oxyoxy

    ooyy

    ooxx

    yxw

    z

    y

    wz

    x

    wz

    (4.26)

    As curvaturas so normalmente escritas da forma: xo

    x

    wk=

    -2

    2

    , yo

    y

    wk=

    -2

    2

    ,

    xyo

    yxw

    k=

    -

    2

    2 , logo as deformaes podem ser redefinidas como segue:

    xyxyoxy

    yoyy

    xoxx

    z

    z

    z

    k+g=g

    k+e=e

    k+e=e

    (4.27)

    Considerando a matriz de comportamento de cada camada no sistema de eixos

    de referncia, os momentos so da forma:

    ( ) =

    g+e+e=-

    n

    k

    z

    zxy

    ky

    kx

    kx dzzQQQM

    k

    k1

    161211

    1

    (4.28)

    que, levando em conta as deformaes, dadas pela eq. (4.26):

    ( ) ( ) ( )[ ] =

    k+g+k+e+k+e=-

    n

    k

    z

    zxyoxy

    kyoy

    kxox

    kx dzzzQzzQzzQM

    k

    k1

    216

    212

    211

    1

    (4.29)

    Se considerarmos que o laminado simtrico, as integrais do tipo -

    k

    k

    z

    z

    kj dzzE

    1

    1 , se

    anulam com as integrais --

    -

    1

    1

    k

    k

    z

    z

    kj dzzE , consideradas para as camadas simtricas com

  • Comportamento mecnico de placas laminadas52

    relao a superfcie neutra, logo:

    ( ) ( ) ( )=

    ---

    k-

    +k-

    +k-

    -=n

    kxy

    kkky

    kkkx

    kkkx

    zzQ

    zzQ

    zzQM

    1

    31

    3

    16

    31

    3

    12

    31

    3

    11 333 (4.30)

    que de forma mais compacta, pode ser colocado:

    xyyxx DDDM k+k+k= 161211 (4.31)

    com:( )

    =

    --=n

    k

    kkkjj

    zzED

    1

    31

    3

    11 3 (4.32)

    Os momentos My e Mxy podem ser tambm obtidos de forma anloga. Assim,

    colocados em forma matricial, as expresses de momentos so:

    kkk

    =

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    DDD

    DDD

    DDD

    M

    M

    M

    666261

    262221

    161211

    (4.33)

    com:( )

    =

    --=n

    k

    kkkijij

    zzED

    1

    31

    3

    3 (4.34)

    Observao:

    - As expresses acimas dependem da ordem de empilhamento das camadas.

    - Os coeficientes D16 e D26 so termos de acoplamento que torem o laminado

    quando aplicados somente momentos de flexo e os coeficientes D61 e D62 so

    termos de acoplamento que extendem o lamicado quando aplicados somente

    momentos de toro.

    Questo: possvel um laminado flexionar devido a um carregamento do tipo

    membrana. Considere o campo de deformaes do laminado em flexo devido aos

    esforos de membrana:

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 53

    ( ) =

    g+e+e=-

    n

    k

    z

    zoxy

    koy

    kox

    kx dzQQQN

    k

    k1

    161211

    1

    (4.35)

    ( ) ( ) ( )[ ] =

    k+g+k+e+k+e=-

    n

    k

    z

    zxyoxy

    kyoy

    kxox

    kx dzzQzQzQN

    k

    k1

    161211

    1

    (4.36)

    Como anteriormente, se considerarmos que o laminado simtrico, as integrais

    do tipo -

    k

    k

    z

    z

    kj dzzE

    1

    1 , se anulam com as integrais --

    -

    1

    1

    k

    k

    z

    z

    kj dzzE , consideradas para as

    camadas simtricas com relao a superfcie neutra, logo:

    { }=

    g+e+e=n

    kkoxy

    koy

    kox

    kx eEEEN

    1161211 (4.37)

    Portanto, para laminados simtricos, esforos do tipo membrana no causam

    deformaes de flexo.

    De uma forma geral, para laminados no simtricos, as integrais -

    k

    k

    z

    z

    kj dzzE

    1

    1 no

    se anulam com as integrais --

    -

    1

    1

    k

    k

    z

    z

    kj dzzE , assim, o comportamento global de um laminado

    da forma:

    [ ] [ ]

    [ ] [ ]

    kkk

    gee

    =

    xy

    y

    x

    oxy

    oy

    ox

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    DB

    BA

    M

    M

    M

    T

    N

    N

    (4.38)

    onde os coeficientes da matriz [B] so da forma:

    ( )=

    --=n

    k

    kkkijij

    zzEB

    1

    21

    2

    2 (4.39)

  • Comportamento mecnico de placas laminadas54

    Exemplo 4.4 Considere um laminado simtrico (+30/-30/-30/+30) em vidro/epxi

    submetido a uma fora Nx = 1000 N/mm. Determine as deformaes e as curvaturas do

    laminado se cada lmina tem espessura 0,5 mm. Tome: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa,

    G12 = 4,5 GPa, n12 = 0,30.

    A matriz constitutiva no sistema de eixos de ortotropia a mesma dada pela eq.

    (4.16). Para as lminas orientadas +30 e -30, as matrizes constitutivas das lminas

    no sistema de referncia (x, y, z) so as mesmas dadas pelas eqs. (4.21) e (4.22):

    A matriz de comportamento para este laminado simtrico, dada pela eq. (4.38)

    da forma:

    30

    0

    0

    10

    137187455000

    871719596000

    4555969720000

    000392100

    000012297719

    000077199162

    0

    0

    0

    0

    0

    1000

    kkk

    gee

    =

    =====

    =

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    ,.

    ,,.

    ..,

    ,

    ,,

    ,,

    M

    M

    M

    N

    N

    N

    (4.40)

    As deformaes e as curvaturas podem ento ser determinadas resolvendo o

    sistema dado pela eq. (4.40):

    e0x = 0.202e-01, e0y = -0.137E-01, g0xy = 0.0, kx = 0.0, ky = 0.0, kxy = 0.0

    Exemplo 4.5 Considere um laminado anti-simtrico (+30/-30/+30/-30) em

    vidro/epxi submetido a uma fora Nx = 1000 N/mm. Determine as deformaes e as

    curvaturas do laminado se cada lmina tem espessura 0,5 mm. Tome: E1 = 45,0 GPa,

    E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, n12 = 0,30.

    A matriz de comportamento para este laminado anti-simtrico, da forma:

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 55

    30

    0

    0

    10

    1371874550871455

    87171959687100

    455596972045500

    0871455392100

    87100012297719

    45500077199162

    0

    0

    0

    0

    0

    1000

    kkk

    gee

    =

    =====

    =

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    ,.,,

    ,,.,

    ..,,

    ,,,

    ,,,

    ,,,

    M

    M

    M

    N

    N

    N

    (4.41)

    Resolvendo o sistema dado pela eq. (4. ), as deformaes e as curvaturas so:

    e0x = 0,213e-01, e0y = -0,136e-01, g0xy = 0,0, kx = 0,0, ky = 0,0, kxy = -0,127e-01

    Exemplo 4.6 Considere um laminado com sequncia de empilhamento aleatria

    (+30/-45/-30/45) em vidro/epxi submetido a uma fora Nx = 1000 N/mm. Determine

    as deformaes e as curvaturas do laminado se cada Lmina tem espessura 0,5 mm.

    Tome: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, n12 = 0,30.

    A matriz de comportamento para este laminado com empilhamento aleatrio da

    forma:

    30

    0

    0

    10

    827053844520352221

    0538411287352601520

    8442874617221520632

    0871455392100

    3520520051358321

    221520632083213952

    0

    0

    0

    0

    0

    1000

    kkk

    gee

    -----

    -

    ---

    =

    =====

    =

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    ,,,,,,

    ,,,,,,

    ,,,,,,

    ,,,

    ,,,,

    ,.,,,

    M

    M

    M

    N

    N

    N

    (4.42)

    Resolvendo a eq. (4.42), as deformaes e as curvaturas determinadas so:

    e0x = 0.265e-01, e0y = -0.167e-01, g0xy = 0.337e-03, kx = -0.360e-02, ky = 0.329e-02,

    kxy = -0.821e-02

    Concluso: Em um laminado no simtrico com uma solicitao do tipo membrana, as

    curvaturas no so nulas. Logo, o laminado pode fletir devido a uma fora Nx (kx 0, ky

    0, kxy 0).

  • Comportamento mecnico de placas laminadas56

    Exemplo 4.7 Considere o laminado simtrico (+30/-30/-30/+30) em vidro/epxi

    submetido a um momento Mx = 1000 N. Determine as deformaes e as curvaturas do

    laminado se cada camada tem espessura 0,5 mm. Tome: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0

    GPa, G12 = 4,5 GPa, n12 = 0,30.

    A matriz de comportamento para este laminado simtrico a mesma dada pela

    eq. (4.40).

    30

    0

    0

    10

    137187455000

    871719596000

    4555969720000

    000392100

    000012297719

    000077199162

    0

    0

    1000

    0

    0

    0

    kkk

    gee

    =

    ==

    ====

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    ,.

    ,,.

    ..,

    ,

    ,,

    ,,

    M

    M

    M

    N

    N

    N

    (4.43)

    Assimas deformaes e as curvaturas podem ento ser determinadas

    resolvendo o sistema dado pela eq. (4.43):

    e0x = 0,0 , e0y = 0,0 , g0xy = 0.0, kx = 0,718e-01, ky = -0.402e-01, kxy = -0.443e-01

    Exemplo 4.8 Considere o laminado anti-simtrico (+30/-30/+30/-30) em vidro/epxi

    submetido a um momento Mx = 1000 N. Determine as deformaes e as curvaturas do

    laminado se cada camada tem espessura 0,5 mm. Tome: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0

    GPa, G12 = 4,5 GPa, n12 = 0,30.

    A matriz de comportamento para este laminado anti-simtrico, a mesma dada

    pela eq. (4.41):

    30

    0

    0

    10

    1371874550871455

    87171959687100

    455596972045500

    0871455392100

    87100012297719

    45500077199162

    0

    0

    1000

    0

    0

    0

    kkk

    gee

    =

    ==

    ====

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    ,.,,

    ,,.,

    ..,,

    ,,,

    ,,,

    ,,,

    M

    M

    M

    N

    N

    N

    (4.44)

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 57

    Resolvendo o sistema de equaes dado pela eq. (4.44), as deformaes e as

    curvaturas so:

    e0x = 0.0, e0y = 0.0, g0xy =-0.127e-01, kx = 0.638e-01, ky = -0.409e-01 , kxy = 0.0

    Exemplo 4.9 Considere um laminado com sequncia de empilhamento aleatria

    (+30/-45/-30/45) em vidro/epxi submetido a um momento Mx = 1000 N. Determine

    as deformaes e as curvaturas do laminado se cada camada tem espessura 0,5 mm.

    Tome: E1 = 45,0 GPa, E2 = 12,0 GPa, G12 = 4,5 GPa, n12 = 0,30.

    A matriz de comportamento para este laminado com empilhamento aleatrio a

    mesma dada pela eq. (4.42):

    30

    0

    0

    10

    827053844520352221

    0538411287352601520

    8442874617221520632

    0871455392100

    3520520051358321

    221520632083213952

    0

    0

    1000

    0

    0

    0

    kkk

    gee

    -----

    -

    ---

    =

    ==

    ====

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    ,,,,,,

    ,,,,,,

    ,,,,,,

    ,,,

    ,,,,

    ,.,,,

    M

    M

    M

    N

    N

    N

    (4.45)

    Resolvendo o sistema de equaes da eq. (4.45), as deformaes e as

    curvaturas determinadas so:

    e0x = -0.360e-02, e0x = -0.106e-02, g0xy = -0.101e-01, kx = 0.883e-01, ky = -0.471e-01,

    kxy = -0.366e-01

    concluso: No comportamento em flexo do laminado, mesmo sendo este simtrico, os

    termos de acoplamento no so nulos (D13 0 e D23 0). A deformao do laminado

    devida a um momento Mx pode ser portanto como apresentado abaixo:

  • Comportamento mecnico de placas laminadas58

    4.1.3 Efeito da temperatura

    O comportamento de estruturas laminadas pode ser estudado incluindo o efeito

    da temperatura. Considerando o comportamento em membrana e em flexo, as

    tenses nas lminas podem ser definidas da seguinte maneira:

    gee

    -

    k+gk+ek+e

    =

    tss

    txy

    ty

    tx

    xyoxy

    yoy

    xox

    xy

    y

    x

    QQQ

    QQQ

    QQQ

    z

    z

    z

    QQQ

    QQQ

    QQQ

    666261

    262221

    161211

    666261

    262221

    161211

    (4.46)

    Os esforos de membrana e de flexo do laminado, eqs, (4,1) e (4.24)

    respectivamente, podem ento ser obtidos como sendo:

    [ ] [ ]

    [ ] [ ]

    -

    kkk

    gee

    =

    txy

    ty

    tx

    txy

    ty

    tx

    xy

    y

    x

    oxy

    oy

    ox

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    M

    M

    M

    T

    N

    N

    DB

    BA

    M

    M

    M

    T

    N

    N

    (4.47)

    onde:

    { }=

    g+e+e=n

    kktxy

    kty

    ktx

    ktx eQQQN

    1161211 (4.48)

    e:

    placa isotrpica placa laminada

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 59

    ( ) =

    g+e+e=-

    n

    k

    z

    ztxy

    kty

    ktx

    ktx dzzQQQM

    k

    k1

    161211

    1

    (4.49)

    Os esforos Ny t, Nxy t, My t e Mxy t so obtidos por analogia.

    Exemplo. 4.10 Considere um laminado simtrico (+45/-30/-30/+45) em

    kevlar/epxi com espessura de 0,5 mm para cada lmin. Determine as deformaes e

    as curvaturas se o laminado submetido a uma variao de temperatura de -90C

    oriunda do processo de cura da resina. Tome: E1 = 76,0 GPa, E2 = 5,5 GPa, G12 = 2,0

    GPa, n12 = 0,35, a1 = -0,4 x 10-5 C-1, a2 = 5,8 x 10-5 C-1.

    A matriz constitutiva das lminas em kevlar/epxi no sistema de ortotropia (1, 2,

    3), eq. (2.12), da seguinte forma:

    [ ] MPa,

    ,,

    ,,

    Q 310

    0200

    0555941

    0941776

    = (4.50)

    Para as lminas orientadas +45, a matriz constitutiva no sistema de referncia

    (x, y, z), eq. (3.13), da forma:

    [ ] MPa,,,

    ,,,

    ,,,

    Q 345 10

    619817817

    817523519

    817519523

    0

    =+ (4.51)

    Para as lminas orientadas -30, a matriz constitutiva no sistema de referncia

    (x, y, z), eq. (3.13), da forma:

    [ ] MPa,,,

    ,,,

    ,,,

    Q 330 10

    215797023

    797110115

    023115745

    0

    ----

    =- (4.52)

    A matriz de comportamento e o vetor relativo ao carregamento trmico, dados

    pelo eq. (4.47), so da forma:

  • Comportamento mecnico de placas laminadas60

    330

    0

    0

    10

    0

    0

    0

    030

    170

    340

    10

    6912739458000

    73958146512000

    45865125217000

    00078340010245

    000001069336734

    00024567342069

    0

    0

    0

    0

    0

    0

    -

    kkk

    gee

    -

    -

    =

    ======

    ,

    ,

    ,

    ,,,

    ,,,

    ,,,

    ,,,

    ,,,

    ,,,

    M

    M

    M

    N

    N

    N

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    (4.53)

    Resolvendo o sistema de equaes dado pela eq. (4.53), as deformaes e as

    curvaturas obtidas so:

    e0x = -0.462e-02, e0y = -0.509e-03, g0xy = 0.282e-03, kx = 0.192e-17, ky = -0.821e-18,

    kxy = -0.102e-17.

    Ex. 4.2: Considere um laminado com sequncia de empilhamento aleatria (+30/-45/-

    30/45) em kevlar/epxi com espessura de 0,5 mm para cada lmina. Determine as

    deformaes e as curvaturas se o laminado submetido a uma variao de

    temperatura de -90C oriunda do processo de cura da resina. Tome: E1 = 76,0 GPa, E2

    = 5,5 GPa, G12 = 2,0 GPa, n12 = 0,35, a1 = -0,4 x 10-5 C-1, a2 = 5,8 x 10-5 C-1.

    A matriz constitutiva das lminas em kevlar/epxi no sistema de ortotropia (1, 2,

    3) dada pela eq. (4.50). Para as lminas orientadas +45, a matriz constitutiva no

    sistema de referncia (x, y, z) dada pela eq. (4.51), e para as lminas orientadas -

    45, a matriz constitutiva no sistema de referncia da forma:

    [ ] MPa,,,

    ,,,

    ,,,

    Q 345 10

    619817817

    817523519

    817519523

    0

    ----

    =- (4.54)

    Para as lminas orientadas -30, a matriz constitutiva no sistema de referncia

    (x, y, z) dada pela eq. (4.52), e para as lminas orientadas +30, a matriz

    constitutiva no sistema de referncia da forma:

    [ ] MPa,,,

    ,,,

    ,,,

    Q 330 10

    215797023

    797110115

    023115745

    0

    =- (4.55)

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 61

    A matriz de comportamento e o vetor relativo ao carregamento trmico, dados

    pelo eq. (4.47), so da forma:

    330

    0

    0

    10

    0140

    0060

    0300

    0

    170

    340

    10

    59114062010101005622

    40623115611005353101

    201056110723622101555

    101005622783400

    005353101069336734

    622101555067342069

    0

    0

    0

    0

    0

    0

    -

    kkk

    gee

    ----

    ------

    -

    =

    ======

    ,

    ,

    ,

    ,

    ,

    ,,,,,,

    ,,,,,,

    ,,,,,,

    ,,,,

    ,,,,,

    ,,,,,

    M

    M

    M

    N

    N

    N

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    xy

    y

    x

    (4.56)

    Resolvendo o sistema de equaes dado pela eq. (4.53), as deformaes e as

    curvaturas obtidas so:

    e0x = -0.463e-02, e0y = -0.428e-03, g0xy = 0.960e-04, kx = -0.325e-03 , ky = 0.589e-03,

    kxy = -0.416e-03.

    Concluso: O processo de cura da resina pode provocar flexo em um laminado no

    simtrico.

  • Critrios de ruptura62

    5 CRITRIOS DE RUPTURA

    Os critrios de ruptura tm por objetivo permitir ao projetista avaliar a resistncia

    mecnica de estruturas laminadas. A ruptura de estruturas laminadas em material

    composto pode se dar por diferentes mecanismos: ruptura das fibras, ruptura da matriz,

    decoeso fibra/matriz, delaminao (descolamento das camadas), etc.

    Os critrios de ruptura podem ser classificados da seguinte maneira:

    - critrio de tenso mxima,

    - critrio de deformao mxima,

    - critrios interativos ou critrios energticos.

    5.1 Critrio de tenso mxima

    O critrio de tenso mxima estipula que a resistncia mecnica da camada

    analisada atingida quando umas das trs tenses as quais a camada est sendo

    submetida atingir o valor da tenso de ruptura correspondente. Desta forma, o critrio

    pode ser escrito da seguinte maneira:

    SS

    YY

    XX

    tc

    tc

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 63

    { } [ ]{ }112

    2

    1

    22

    22

    22

    2

    2

    s=s

    tss

    ---=

    tss

    Tou

    scscsc

    sccs

    scscx

    xy

    y

    x

    (5.2)

    A inversa da matriz de transformao fornece a relao das tenses medidas no

    sistema de eixos (x, y, z) com as tenses nos eixos de ortotropia (1, 2, 3) utilizadas no

    critrio de tenso mxima:

    { } [ ] { }xT s=s -11 (5.3)

    5.2 Critrio de deformao mxima

    O critrio de deformao mxima estipula que a resistncia mecnica da camada

    analisada atingida quando umas das trs deformaes as quais a camada est sendo

    submetida atingir o valor da deformao de ruptura correspondente. Desta forma, o

    critrio pode ser escrito da seguinte maneira:

    ee

    ee

    ee

  • Critrios de ruptura64

    { } [ ]{ }112

    2

    1

    22

    22

    22

    2

    2

    e=e

    eee

    ---=

    gee

    Tou

    scscsc

    sccs

    scscx

    xy

    y

    x

    (5.5)

    A inversa da matriz de transformao fornece a relao das deformaes

    medidas no sistema de eixos (x, y, z) com as deformaes nos eixos de ortotropia (1, 2,

    3) utilizadas no critrio de deformao mxima:

    { } [ ] { }xT e=e -11 (5.6)

    5.3 Comparao entre os critrios de tenso mxima e de deformao mxima

    Considere uma camada solicitada com as tenses como representadas abaixo:

    Suponhamos que as propriedades da camada sejam as seguintes:

    Xt = 1400 MPa, Yt = 35 MPa, S = 70 MPa

    E1 = 46 GPa, E2 = 10 GPa, G12 = 4,6 GPa, n12 = 0,31

    Procura-se valores de s1 e s2 para as quais a ruptura acontece. Utilizando o

    critrio de tenso mxima, temos:

    s1 < Xt e s2 < Yt

    ou seja:

    1

    2

    s1= 12 s2

    s2

    s2

    s1

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 65

    12 s2 < Xt, MPa11712

    X t2 =

  • Critrios de ruptura66

    MPaXt 120

    12 122 =n-

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 67

    ( ) ( )13322123222121

    ss+ss+ssn

    -s+s+s=EE

    Utotal (5.8)

    A energia de deformao total acima, dividida em duas partes: uma causando

    dilatao do material (mudanas volumtricas), e outra causando distorses de

    cisalhamento. interessante lembrar que em um material dtil, admite-se que o

    escoamento do material depende apenas da mxima tenso de cisalhamento.

    A fim de facilitar a compreenso, somente o estado de tenso uniaxial ser

    considerado. A passagem para um estado de tenso multiaxial automtica. Desta

    forma, para um estado de tenso uniaxial, as energias de dilatao e de distoro so

    representadas da seguinte forma:

    s1

    s3

    s2

    Energia dedeformao total

    =

    s

    s

    s Energia de dilatao

    +

    s-s3

    s-s1

    Energia de distoro

    s-s2

    s1

    Energia dedeformao total

    =

    Energia de distoro

    s1

    Energia de dilatao

    s1/3

    s1/3

    s1/3

    +

    s1/3

    s1/3

    +

    s1/3

    s1/3

  • Critrios de ruptura68

    No tensor correspondente a energia de dilatao, os componentes so definidos

    como sendo a tenso hidrosttica mdia:

    3321 s+s+s=s (5.9)

    onde s1 = s2 = s3 = p = s .

    A energia de dilatao determinada substituindo s1 = s2 = s3 = p na expresso

    de energia de deformao total e em seguida substituindo 3

    321 s+s+s=s=p :

    ( )2321621

    s+s+sn-

    =E

    Udilatao (5.10)

    A energia de distoro obtida subtraindo da energia de deformao total a

    energia de dilatao:

    ( ) ( ) ( )[ ]213232221121

    s-s+s-s+s-s=G

    Udistoro (5.11)

    tmax = s1/3

    s

    t

    s1/3s1/3

    0

    tmax = s1/3

    s

    t

    s1/3s1/3

    0

    Plano 1-2 Plano 1-3

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 69

    A energia de distoro em um ensaio de trao simples, onde neste caso s1 =

    sesc e s2 = s3 = 0 da forma:

    GU escdistoro 12

    2 2s= (5.12)

    Igualando a energia de distoro de cisalhamento com a energia no ponto de

    escoamento trao simples, estabelece-se o critrio de escoamento para tenso

    combinada.

    ( ) ( ) ( ) 2213232221 2 escs=s-s+s-s+s-s (5.13)ou:

    11332212

    32

    22

    1 =

    ss

    ss

    -

    ss

    ss

    -

    ss

    ss

    -

    ss

    +

    ss

    +

    ss

    escescescescescescescescesc

    (5.14)

    A equao acima conhecida como sendo o critrio de Von Mises para um

    estado multiaxial de tenses para materiais isotrpicos. Para um estado plano de

    tenso, s3 = 0, tem-se:

    12

    2212

    1 =

    ss

    +

    ss

    ss

    -

    ss

    escescescesc

    (5.15)

    5.4.2 Critrio de Hill

    A energia de distoro para um material ortotrpico onde as tenses de

    cisalhamento t12, t23 e t31 so diferentes de zero, obtida de maneira anloga a obtida

    por um material isotrpico. Igualando a energia de distoro de cisalhamento com a

    energia no ponto de ruptura, estabelece-se o critrio de ruptura para tenso combinada

    para materiais compostos.

    ( ) ( ) ( ) 1222 231223212213232221 =t+t+t+s-s+s-s+s-s NMLHGF (5.16)

    As constantes F, G, H, L, M e N so parmetros da camada analisada e esto

    ligadas as tenses de ruptura X, Y e S do material.

  • Critrios de ruptura70

    Colocando a equao acima sob uma outra forma, tem-se:

    ( ) ( ) ( )12222

    22231

    223

    21232

    312123

    22

    21

    =t+t+t+ss-

    ss-ss-s++s++s+

    NMLG

    HFHGGFHF

    L

    L (5.17)

    Para um ensaio em trao (ou compresso) na direo longitudinal (1), o critrio

    se reduz:

    ( ) 12 =+ XHF , ( )2

    1

    XHF =+ (5.18)

    onde X a tenso de ruptura em trao (ou compresso) na direo longitudinal.

    Da mesma forma, para um ensaio em trao (ou compresso) nas direes

    transversais (2 e 3), o critrio se reduz:

    ( ) 12 =+ YGF , ( )2

    1

    YGF =+ (5.19)

    ( ) 12 =+ ZHG , ( )2

    1

    ZHG =+ (5.20)

    onde Y e Z so as tenses de ruptura em trao (ou compresso) nas direes

    transversais.

    Para um ensaio de cisalhamento no plano (1,2), o critrio se reduz:

    212

    12

    SL = (5.21)

    onde S12 a tenso de ruptura no cisalhamento no plano (1,2). Analogamente:

    223

    12

    SM = (5.22)

    231

    12

    SN = (5.23)

    Substituindo os parmetros F, G, H, L, M e N na equao do critrio de ruptura

    para tenso combinada para os materiais compostos, eq. (5.17), tem-se:

  • Curso de projeto estrutural com materiais compostos 71

    1111

    111111

    2

    31

    312

    23

    232

    12

    1213222

    3222221222

    23

    22

    21

    =

    t+

    t+

    t+ss

    -+-

    ss

    -+-ss

    -+-

    s+

    s+

    s

    SSSYXZ

    XZYZYXZYX

    L

    L

    (5.24)

    Para um estado plano de tenso, onde s3 = t23 = t31 = 0:

    1111

    2

    12

    1221222

    22

    21 =

    t+ss

    -+-

    s+

    sSZYXYX

    (5.25)

    5.4.3 Critrio de Tsai-Hill

    No critrio de Tsai-Hill, o critrio de Hill analisado para o est