Material AVULSO (MÓDULO V)
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
PRO-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
PIBID LETRAS
PROJETO:
Clic
CULTURA, LITERATURA E CRIATIVIDADE: DO ERUDITO AO
POPULAR
PROFESSORES:
FLÁVIA KELLYANE MEDEIROS DA SILVA
GABRIELA SANTANA DE OLIVEIRA
PRISCILA DA SILVA SANTANA RODRIGUES
MÓDULO 05 AVULSO: cordel
ALUNO:___________________________________________________
wwwprojetoclicraul.blogspot.com
![Page 2: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/2.jpg)
Mais um cordel sobre o cangaço
Fonte: cariricangaco.blogspot.com
Já é coisa de praxe
Um cordelista relatar
A história do cangaço
Que é tão pecualir
Da cultura nordestina
E do Ideário Popular
O mais falado de todos
É o lendário Lampião
Mas o cangaço é anterior
É patrimônio do Sertão
São bandidos ou heróis?
Eis uma boa questão
O primeiro cangaceiro
Foi um tal de Cabileira
Que atuou pelo Recife
Matava por brincadeira
E sua vileza era temida
Pela cidade inteira
Fonte: oglobo.globo.com
![Page 3: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/3.jpg)
Só que Antônio Silvino
Ficou bem mais conhecido
E entrou pro hall da fama
Como um ladrão bem sucessido
Respeitador e cavaleiro
Apesar de ser bandido
Fonte: onordeste.com
Devido a grande pobreza
E o descaso do Estado
A vida do sertanejo
Era um fardo mui pesado
Uma combinação perfeita
Pro cangaço ser visado
Como sendo a alternativa
Na busca por melhoria
Jovens se uniam aos bandos
Pra viver da valentia
E andavam bem amados
Flertando a morte todo o dia
O nordeste dominado
Por corruptos coronéis
Controlando a economia
Atuando em seus cartéis
Ficando assim definidas
As classes e os seus papéis
O coronel e sua família
Desfrutavam da riqueza
E o povo trabalhador
Mergulhado na pobreza
Concentração de terra e renda
Pense numa safadesa
Fonte: pedroiinews.com
![Page 4: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/4.jpg)
Mediante este cenário
De extrema desigualdade
O Cangaço ganhou força
Ganhou notoriedade
Foi movimento social
Tentou mudar a realidade
Não tinha ideologia
Nem possuía coesão
Por isso tem gente que pensa
Que cangaceiro é só ladrão
Mas não é bem por aí
Isso é desinformação
Eles promoviam saques
Sequestravam fazendeiros
Chegavam a algumas cidades
E lá extorquiam dinheiro
Só que isto não resume
A atuação do cangaceiro
Fonte: orricodelgado.wordpress.com
Ele era antes de tudo
Um insubordinado
Que colocava em xeque
O poder estipulado
Por isso em muitos lugares
Era bastante admirado
Fonte:professordesiderio.wordpress.com
Representante do povo
Contra anos de opressão
O grande latinfundiário
Esse sim era o ladrão
Pois tinha toda a riqueza
Concentrado em sua mão
![Page 5: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/5.jpg)
E esse ambiente hostil
A lei não era utilizada
Imperava a violência
A lei do tiro e da facada
E a população no meio
Entre a cruz e a espada
De um lado os cangaceiros
Do outro estava a Volante
O confronto entre esses dois
Era algo bem constante
Sendo o que houve em Angicos
De todos o mais marcante
Marcante por um motivo
Eu logo irei revelar
Mas antes de fazer isso
Sobre a Volante eu vou falar
Vou procurar ser breve
Prometo não demorar
O cangaço em ascenção
Deveria ser contido
Afinal para o Estado
O cangaceiro era bandido
E a Volante foi criada
Justo nesse sentido
Mas o povo tinha medo
Da polícia do Sertão
Pois usavam de tortura
Pra obter informação
Surravam e maltratavam
Eis a sua atuação
Também tem nessa peleja
Recurso de espeionagem
Polícia entrava pro Cangaço
Isso só se sacanagem
Pra fazer uma coisa dessas
O cabra tem que ter coragem
Pois se fosse descoberto
Que era um policial
O desfecho da história
Terminaria muito mal
Pois o fariam engolir
Um quilo inteiro de sal
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Só de imaginar a cena
Bate em mim uma agonia
Me espanto com o homem
E com a sua vilania
Que pra inventar maldade
Supera-se a cada dia
Voltando agora pra Angicos
Território Sergipano
Em vinte e sete de julho
Trinta e oito foi o ano
O comandante Bezerra
Pôs em prática o seu plano
Fonte:blogdomendesemendes.blogspot.com
O bando de Lampião
Cercado por sua Volante
Partiu para o confronto
Uma disputa empolgante
Vinte minutos de tiro
E um fator importante:
O uso da metralhadora
Em posse do policial
Era arma mais potente
E com isto mais letal
Entre os mortos e feridos
O saldo foi desigual
Morreram mais cangaceiros
Uns conseguiram escapar
Mas o cangaço já estava
Prestes a terminar
Pois o Capitão Virgulino
Conseguiram assassinar
Não só ele havia morridfo
Como a sua amada Maria
E a polícia do Sertão
![Page 7: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/7.jpg)
Conseguio o que queria:
Acabar com Lampião
E com a sua ousadia
E o desfecho da batalha
Ainda fica mais cruel
Pois decaptaram os mortos
E exposto como um troféu
Estava a cabeça de cada
Coisa horrível, Deus do céu!
Fonte:blogdathayanne.blogspot.com
Corisco até que tentou
Tocar o bando pra frente
Parceiro de Virgulino
Sendo ele o seu Tenente
Podia até ser corajoso
Mas não era inteligente
Fonte: jvicttor.com.br
Dois anos se passaram
E n’outro cerco policial
Corisco também teve
Um idêntico final
Sem missa e sem velório
Muito menos funeral
Só que pra muita gente
O cangaço não morreu
Lampião e tantos outros
Nossa cultura absorveu
E eu finalizo esse cordel
Mais um pra chamar de meu.
FIM
T. S. OLIVEIRA
![Page 8: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/8.jpg)
Lampião uma história inglória
Amigos tomem assento
Nessa roda de cordel
Que vou cantar um lamento
Um pouco de mel e fel.
Vou falar de um brasileiro
Em Vila Bela nascido
Que tornou-se cangaceiro
Arrojado e destemido.
Foi há cerca de cem anos
Na Fazenda Ingazeira
Isso salvo algum engano
Me avisem se é besteira.
Veio ao mundo um menino
De José e de Maria
Foi chamado Virgolino
Oito irmãos ele teria.
Era um menino comum
Tinha uma boa família
E assim como qualquer um
Foi seguindo a sua trilha.
Cedo parou de estudar.
Pra ajudar no sustento
Foi para o pasto aboiar,
Pra garantir o alimento.
Foram Antonio e Levino
Dois de seus oito manos
Que mudaram o destino
E criaram novos planos.
Envolveram-se em brigas
Por marcações de terrenos
E muitas outras intrigas
Outros conflitos pequenos.
Graças à antiga guerra
Que a todos envolvia
Pelas preciosas terras
Uma grande rixa havia.
Lampião foi envolvido
Por essa luta de classe
E enfim virou um bandido
Nesse terrível impasse.
Um seu José Saturnino
Com eles vivia às turras
E o pai de Virgolino
Morreu nessa guerra burra.
O delegado Batista,
Junto com um imediato
De forma meio alarmista
Foi lá desvendar um fato.
Mas sendo bem trapalhão
Matou o José Ferreira
Em desastrada ação
Fazendo grande besteira.
Pra resolver o dilema
O infeliz delegado
Criou um maior problema
Matando um pobre coitado.
Virgolino transtornado,
Resolveu buscar vingança
A ação do delegado
Acabou-se em matança.
Uma tropa existia
Sinhô era o comandante
E Virgolino iria
Entrar nela nesse instante.
![Page 9: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/9.jpg)
Sinhô passa o comando
Para o amigo Lampião
Que vai liderar o bando
Com uma implacável mão.
Ele jamais se cansa
De procurar o conforto
E de buscar a vingança
Pelo seu pobre pai morto.
Mas também há ambição
E há sede de poder
Que guiam a sua mão
Transformando o seu ser.
Virou um temido bandido
Lá pras bandas do Nordeste
Vivia sempre escondido
Num sofrimento inconteste.
Em Juazeiro do Norte
Chamado por Padim Ciço
Pensou que mudaria a sorte
Com valoroso serviço.
Levou uma reprimenda
Pelo seu mau proceder
E teve por encomenda
No interior combater.
A Coluna Prestes era
Causa de muitos transtornos
Uma medonha quimera
No Nordeste e entorno.
Esse forte movimento
Político-militar
Era um grande tormento
Um mal a se extirpar.
Em troca receberia
Pela colaboração
Uma total anistia
E patente de Capitão.
E lá se foi Lampião
Embrenhar-se pelo mato
No cargo de Capitão
A fim de cumprir o trato.
Mas na verdade era falso,
Uma mentira fajuta.
A polícia foi no encalço
O que rendeu muita luta.
Paraíba, Ceará,
E também em Pernambuco
Unidos para caçar
Era coisa de maluco.
Para evitar o fracasso
Enquanto estava no prumo
O nosso Rei do Cangaço
Partiu para outro rumo.
Bandeou-se pra Bahia,
Sergipe e Alagoas.
Lá teve melhores dias
Aquela área era boa.
Por lá um dia ele vem
Conhecer Maria Bonita
Maria Déia Nenén
Numa paixão infinita.
Filha de um sapateiro
A morena enfeitiçou
O temido cangaceiro
E com ele se casou.
Mais tarde, Maria Bonita,
Com Lampião por parteiro
Deu à luz Expedita
Embaixo de um imbuzeiro.
Ma a vida era dura
E o destino sombrio.
No meio da mata escura
Era bomba sem pavio.
![Page 10: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/10.jpg)
A criança foi deixada
Com um fiel guardião
E seguiu sua jornada
O bando de Lampião.
O Benjamin Abraão,
Com carta de Padim Ciço
Teve a autorização
Assumiu o compromisso
De filmar o acampamento
Para um documentário.
Mostrando alguns momentos
Numa vida de calvário.
E ele filmou a vida
Daquela sociedade.
Suas roupas, a comida
E toda a fraternidade.
Lampião em sua roda
Desenhava o figurino.
Ele ditava a moda
Criando modelos finos.
Os chapéus, as cartucheiras
Ornados de ouro e prata
Pra vida sem eira nem beira
Para andar pela mata.
Pra que andar bem vestido?
Parece até contra-senso.
Porém isso faz sentido
Quando a respeito eu penso.
Eles tinham sua arte
E regras de convivência
Em um mundinho à parte
Com sua própria ciência.
Lampião era uma lenda
Até uma madrugada
Quando estava na fazenda
De nome Angicos chamada.
Chegou, então, a volante
Eu um proceder perfeito.
Devagar e num instante
O estrago estava feito.
Tenente João Bezerra
E o sargento Aniceto
Naquele momento encerra
A busca do desafeto.
Cuspiam fogo as metralhas
Criando imenso horror.
Não se conhece o canalha
Que foi o seu traidor.
Uns poucos tiveram sorte
E escaparam com vida.
No meio de dor e mortes
Encontraram uma saída.
Lampião foi dos primeiros
A receber um balaço.
Era o fim do cangaceiro
E era o fim do cangaço.
Lampião é degolado
Num proceder bem covarde.
O corpo é esquartejado
Pra ser exemplo mais tarde.
Maria Bonita, ferida,
Também foi sacrificada.
Ela perdeu a vida
Naquela infame cilada.
Naquele inferno de Dante,
Numa sanha assassina
Os malditos da volante
O cangaço extermina.
As cabeças arrancadas
Do bando de Lampião
Correram o mundo mostradas
Numa vil exposição,
![Page 11: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/11.jpg)
Agora, meu bom amigo,
Eu peço sua atenção
E que reflita comigo
Em delicada questão.
Lampião não era santo,
Ao menos pelo que sei
Mas convenha, no entanto,
Que pra isso existe a lei.
O proceder da volante
Foi coisa de carniceiro.
Atitude revoltante
Pior que a dos cangaceiros.
Josafá Maia da Costa
![Page 12: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/12.jpg)
ATIVIDADE
- No trecho “Lampião não era santo, Ao menos pelo que sei, mas convenha, no entanto,
que pra isso existe a lei”. A partir da leitura do cordel “Lampião uma história in glória”do
que se trata essa estrofe? Disserte com suas palavras (no mínimo 8 linhas) e lembre-se de
utilizar a linguagem formal.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, T. S. Mais um cordel sobre o Cangaço. Disponível em: Disponível em:
www.recantodasletras.com.br/cordel/3328793. Acesso em: 20/07/2012.
COSTA, Josafá Maia. Lampião uma história inglória. Disponível em: www.pucrs.br.
Acesso em: 20/07/2012.
![Page 14: Material AVULSO (MÓDULO V)](https://reader037.fdocumentos.com/reader037/viewer/2022100319/559fb9f41a28ab1d608b4679/html5/thumbnails/14.jpg)