Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar...

15
Pinar (0) Comp. (0) Comp. Tuítar(28) Assine já! alex_atala_workshop_biodiversidade_ingredientes (Foto: Bruno Blecher/Ed. Globo) Aproveitar o melhor da biodiversidade brasileira na alta gastronomia foi o tema de encontro em São Paulo (Foto: Bruno Blecher/Ed. Globo) “Não quero só um tomate, quero um tomate bom”, me disse ontem o espanhol Férran Adriá, um dos mais reconhecidos chefs da cozinha internacional. À convite do brasileiro Alex Atala, Adriá esteve ontem aqui em São Paulo para o Wokshop “Biodiversidade e o Papel da Cozinha", promovido pela Basque Culinary Center. Foi um encontro de mestres: de um lado chefs de cozinha ávidos por novos ingredientes para seus pratos, cultivados de forma sustentável e saudável; de outro, pequenos produtores rurais que, em vez de partir para a agricultura de escala, descobriram novos caminhos para resgatar e valorizar a biodiversidade, como tapioca, milhos selvagens, quiabo etc. Participaram deste encontro os chefs que compõem o G11, mais de 20 chefs de diferentes estados brasileiros e cerca de 20 pequenos produtores brasileiros. O time de chefs internacionais foi formado por Alex Atala (D.O.M., Dalva e Dito e Riviera, Brasil), Enrique Olvera (Pujol, México), Ferran Adrià (Fundação El Bulli, Espanha), Gastón Acurio (Astrid & Gastón - Peru), Joan Roca (El Celler de Can Roca, Espanha), Michel Bras (Bras, França), Rodolfo Guzman (chef convidado - Boragó, Chile) e Yukio Hattori (Hattori Nutrition College, Japão). Baita seleção. O escrete nacional foi escalado com André Saburó (Recife), Bárbara Verzola e Pablo Pavon (Vitória), Daniela Martins ( Belém), Edinho Engel (São Sebastião), Felipe Schedler (Manaus), Helena Rizzo e Daniel Redondo (São Paulo), Manu Buffara (Curitiba), Rafa Costa e Silva (Rio), Roberta Sudbrack (Rio), Rodrigo Oliveira (São Paulo), Teresa Corsão (Rio), Thiago Castanho (Belém) e Wanderson Medeiros ( Maceió). Eles ficaram fascinados com a farta mesa de ingredientes brasileiros levados por Antonia Padvaiskas (PA) - ingredientes amazônicos; Chicão Ruzene (SP) - arrozes especiais; Ivan Taffarel (SC) - ostras, algas e moluscos; Jerônimo Villas-Bôas (SP) - mel de abelhas nativas; Joanna Martins (PA) - ingredientes amazônicos; Patrick Assumpção (SP) - ingredientes brasileiros desconhecidos; Ricardo Oliveira (SP) - palmito pupunha e Valdely Kinupp (AM) - plantas comestíveis não convencionais. Não é preciso dizer que o almoço foi um manjar dos deuses, mas o rico cardápio das palestras e depoimentos deste encontro comprovou que o Brasil, além de ser uma potência mundial do agronegócio e manter a liderança global na produção de café, açúcar, soja, suco de laranja e tantos outros produtos, tem uma grande oportunidade de resgatar produtos perdidos no tempo, descobrir novos ingredientes, e fornecer ao mundo alimentos saudáveis e saborosos, valorizando o trabalho de pequenos agricultores. 13 páginas de diversas entrevistas! Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Transcript of Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar...

Page 1: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

Pinar (0) Comp. (0) Comp. Tuítar(28) Assine já!alex_atala_workshop_biodiversidade_ingredientes (Foto: Bruno Blecher/Ed. Globo)Aproveitar o melhor da biodiversidade brasileira na alta gastronomia foi o tema de encontro em São Paulo (Foto: Bruno Blecher/Ed. Globo)“Não quero só um tomate, quero um tomate bom”, me disse ontem o espanhol Férran Adriá, um dos mais reconhecidos chefs da cozinha internacional. À convite do brasileiro Alex Atala, Adriá esteve ontem aqui em São Paulo para o Wokshop “Biodiversidade e o Papel da Cozinha", promovido pela Basque Culinary Center.

Foi um encontro de mestres: de um lado chefs de cozinha ávidos por novos ingredientes para seus pratos, cultivados de forma sustentável e saudável; de outro, pequenos produtores rurais que, em vez de partir para a agricultura de escala, descobriram novos caminhos para resgatar e valorizar a biodiversidade, como tapioca, milhos selvagens, quiabo etc.

Participaram deste encontro os chefs que compõem o G11, mais de 20 chefs de diferentes estados brasileiros e cerca de 20 pequenos produtores brasileiros.

O time de chefs internacionais foi formado por Alex Atala (D.O.M., Dalva e Dito e Riviera, Brasil), Enrique Olvera (Pujol, México), Ferran Adrià (Fundação El Bulli, Espanha), Gastón Acurio (Astrid & Gastón - Peru), Joan Roca (El Celler de Can Roca, Espanha), Michel Bras (Bras, França), Rodolfo Guzman (chef convidado - Boragó, Chile) e Yukio Hattori (Hattori Nutrition College, Japão).

Baita seleção. O escrete nacional foi escalado com André Saburó (Recife), Bárbara Verzola e Pablo Pavon (Vitória), Daniela Martins ( Belém), Edinho Engel (São Sebastião), Felipe Schedler (Manaus), Helena Rizzo e Daniel Redondo (São Paulo), Manu Buffara (Curitiba), Rafa Costa e Silva (Rio), Roberta Sudbrack (Rio), Rodrigo Oliveira (São Paulo), Teresa Corsão (Rio), Thiago Castanho (Belém) e Wanderson Medeiros ( Maceió).

Eles ficaram fascinados com a farta mesa de ingredientes brasileiros levados por Antonia Padvaiskas (PA) - ingredientes amazônicos; Chicão Ruzene (SP) - arrozes especiais; Ivan Taffarel (SC) - ostras, algas e moluscos; Jerônimo Villas-Bôas (SP) - mel de abelhas nativas; Joanna Martins (PA) - ingredientes amazônicos; Patrick Assumpção (SP) - ingredientes brasileiros desconhecidos; Ricardo Oliveira (SP) - palmito pupunha e Valdely Kinupp (AM) - plantas comestíveis não convencionais.

Não é preciso dizer que o almoço foi um manjar dos deuses, mas o rico cardápio das palestras e depoimentos deste encontro comprovou que o Brasil, além de ser uma potência mundial do agronegócio e manter a liderança global na produção de café, açúcar, soja, suco de laranja e tantos outros produtos, tem uma grande oportunidade de resgatar produtos perdidos no tempo, descobrir novos ingredientes, e fornecer ao mundo alimentos saudáveis e saborosos, valorizando o trabalho de pequenos agricultores.

13 páginas de diversas entrevistas!

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 2: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

Com 86 estandes, acontece entre os dias 17 e 19 de novembro a Feira Internacional de Gastronomia Amazônica (Figa). O evento é realizado no Centro de Convenções Vasco Vasques, na av. Pedro Teixeira, esquina com av. Constantino Nery (ao lado da Arena da Amazônia).A feira sediará o 24º Encontro Nacional da Abrasel, onde presidentes das Associações de Bares e Restaurantes de todo o Brasil estarão em Manaus para conhecer a gastronomia amazônica e discutir sobre as políticas públicas e as melhorias do segmento.Durante a Figa, ocorrerão ainda a Feira Gastronômica do Festival Bar em Bar - que esse ano terá a participação de 21 estabelecimentos a disposição dos visitantes -, o Encontro do Pescado e a 3ª. Semana Qualidade Abrasel que vai abordar temas como gestão, atendimento, vendas e questões trabalhista.O evento é destinado a empresários do setor, aos amantes e estudantes de gastronomia e nutrição e profissionais da gastronomia.Serão também abordados temas relacionados a gestão, atendimento e questões tributárias dos restaurantes. Donos de restaurantes e futuros empresários participarão de rodadas de negócio com fornecedores interessados.saiba maisChef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em ManausO evento será aberto para o público em geral, que poderá visitar a feira gastronômica do Festival Bar em Bar além de assistir as palestras (gratuitas com a distribuição de senha 30 minutos antes do início).No dia 20 de novembro, a Figa vai funcionar do no Salão Nobre do Studio 5, dentro da programação da Feira Internacional da Amazônia-FIAM, com uma programação especial.A chef paraense Joanna Martins ministrará a Palestra Show "Festival VER-O-PESO", seguida da Mesa Redonda com os Chefs: Palmiro OCampo (Peru), Chef Mariana Sebess ((Argentina), Chef Pere Planagumá (Espanha), Chef Karlos Pontes (Venezuela) com o tema: Como pode ser o futuro da gastronomia.Chefs e PalestrantesOs nomes que estarão a frente da programação técnica da FIGA são: Mariana Sebbes (Argentina), Felipe Schaedler (Amazonas), Pere Planagumá (Espanha), Maria do Céu (Amazonas), Karlos Pontes (Venezuela), Hiroya Takano (Amazonas), Palmiro Ocampo (Peru), Elizangela Valle (Amazonas), Joanna Martins (Pará), Dona Brasi (São Gabriel da Cachoeira-AM), Dr. Valdely Kinupp (Amazonas), Isabella Jarocky (PE), Joanna Martins (PA), Mário Miranda (RJ), Luciano Bartolomeu (PR), Lilian Guedes (AM), Raul Andrade (AM) e André Parente (AM) e o Juiz Aldemiro Dantas (AM) completam a lista de Chefs e palestrantes que durante os três dias de Feira vão ser as estrelas da FIGA.

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 3: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

"My repertoire of edible plants grew beautifully and continues to grow every day"Interview > Valdely Kinupp - Valdely Kinupp, professor at the Federal Institute of Education, Science and Technology of Amazonas, talks about his work and life experience with Wild Edible Plants (WEP). He discusses the main obstacles, challenges and opportunities to enlarge the knowledge, use and consumption of WEP and how this can improve the biodiversity conservation. "My repertoire of edible plants grew beautifully and continues to grow every day"Valdely Ferreira KinuppCould you tell us a bit of you and the work you have been doing?

I come from a mountainous region of Rio de Janeiro. I lived on a small farm with my family and participated in agricultural activities until the age of 19. The land was not ours and the house had no electricity, so I was used to study with lamp or candles. We were never landowners and my father worked as a laborer also for neighbors, although we had our own a large garden where we grew a diversity of crops. We produced food for self-consumption, to feed animals (chickens, goats, pigs, fish) and used to sell the surplus, usually to merchants.

Later I started taking some of our products (eg. Sweet potatoes) to sell it myself in the local market. All our production was ecological and my father, even without ever having studied, knew how to manage the manure and organic materials in general. Even the sawdust was used as mulch in the garden, minimizing excessive growth of weeds (mostly edible).

As a child I used to eat some wild vegetables and fruit, for instance, serralha (Sonchus spp.), taioba (Xanthosoma spp.), araticum (Annona spp.), araçás (Psidium spp.), joá-de- capote (Physalis pubescens), maracujás-do-mato (Passiflora spp.) and many other species.

I studied biology at the State University of Londrina (UEL / PR). Following graduation, I worked in botany at the herbarium of the institution (FUEL), dedicating myself to floristic studies in the optic of promoting the sustainable management of the Brazilian biodiversity.

Later, I did my Masters in Botany at INPA (National Research Institute Of Amazon/Manaus, Amazonas - 2002) and then started working as a temporary teacher at UFRGS (Porto Alegre / RS - 2002-2004), lecturing the courses Economic Botany and Botanic Field.

There I met enthusiastic colleagues, whom were researching the use of edible plants. For example, my friend and professor Bruno E. Irgang; Andréia Carneiro and the notorious Edward H. Rapoport. Under their influence I got increasingly interested in edible plants and I started researching and reading more about the subject. I went on the look out for unique plants in the field, at markets and gardens and created visual records of my findings, prepared unusual recipes; eating and sharing with my colleagues some of these delicacies.

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 4: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

My repertoire of edible plants grew beautifully and continues to grow every day. I pushed my research further with my PhD thesis done at the Faculty of Agronomy at UFRGS (Plant Science - 2004-2007) under the supervision of the enthusiastic professor Dr. Ingrid B.I. de Barros. In my thesis, I listed 311 native plant species of the Brazilian biodiversity with nutritional potential. It is one of the most downloaded thesis in the UFRGS Digital Bank of Dissertations and Thesis.

Since then, the interest on Wild Edible Plants (WEP) has grown throughout the Rio Grande do Sul state, as well as throughout Brazil.

I have been working as a professor at the Federal Institute of Education, Science and Technology of Amazonas, Manaus Campus-East Zone (IFAM-CMZL) since 2008, where I continue researching, and carry on cultivating, eating and spreading my knowledge of WEP at a national and international scale. We even launched courses for high school students called Unconventional Horticulture on our campus.

I am currently writing a book on WEP in Brazil and developing partnerships with local and national chefs with the aim of promoting the value of using WEP in cooking.

How could the consumption of WEP contribute to biodiversity conservation?

We only work at preserving what we know well and especially what we use on a daily basis. That’s the reason why domesticated plants are the most commonly grown crops and this explains why they are widespread. Unknown plants for which we have little knowledge, have little or no commercial value.

We hear very often that Brazil is one of the world’s most biodiverse country, but when we look at our everyday plates we see very little of the flavor, aroma and texture of Brazilian indigenous plants on the menus. People must feel connected to nature and biodiversity in order for them to understand its real value. As food is one of our most basic needs, bringing biodiversity to the plate is a way of working at preserving it.

In urban areas, WEP need to be available at farmer’s markets, supermarkets as well as being featured on menus in restaurants. There is little knowledge about the WEP. Thus, to broaden the consumption of native plants currently regarded as wild, we need to grow them properly and provide adequate commercialization. Naturally, the WEP that are regionally distributed can be easily grown in backyards and have great potential for urban agriculture because they are rustic and many are even spontaneous.

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 5: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

The actual use of “neglected” plant species may contribute not only to the preservation of the specie itself, but also to their habitats and their associated biodiversity. For example, if the Taboa (Cattail - Typha spp.) were not considered a weed and promoted as a delicacy, with its tasty palmettos, its versatile and nutritious pollen and other multiple uses, farmers would not destroy it, neither would they drain swamps to cultivate other exotic species. Instead, with appropriate management, they could derive a supplemental income from the cultivation of Taboa.

Even new plantations of Taboa could be implemented, contributing to the conservation of birds, cavies and other animals that live in these hydromorphic environments, preserving water as well. This already happens with some species more widely used, such as the pequi (Caryocar brasiliense) from the Brazilian savanna.

What is the importance of WEP in the Brazilian’s diet? Is the situation the same throughout the country or do we find regional differences?

Generally speaking, I think almost no importance, because the Brazilian people eat very little of the so called WEP. Our food is globalized from North to South, East to West, with the exception of rare regional peculiarities that still do not have the economic and gastronomic expression that should and could have. Often the use of WEP is restricted to very few people that have the knowledge about it or few markets. In very few places you can find these kinds of plants, even regionally. Unfortunately, this seems to be the case not only in Brazil, but throughout the world.

In many places there are fruit or vegetable, which are used as a decoy by the media, for advertisements, but in reality they are not easily available (in terms of quantity, quality and regularity) for sale and consumption in restaurants, pizzerias and supermarkets.

In many instances, WEP are easier to grow because they are adapted to local conditions and at the same time hold great nutritional value. Nevertheless, lettuce and tomato are still the main components of a “Brazilian salad”. Why?

This is a broad and complex question to answer and I will not be able to give here all the explanation concerning this matter. At university, I focused on this issue in my thesis. It is a vicious circle: the WEP are not available because there`s no market for them and there is no market because they are not available.

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 6: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

For instance, some species may be known regionally or nationally as food, but as they are not on the market, the lack of raw materials undermines basic and applied research, minimizing the supply of this kind of food in restaurants. What children do not see their parents eating regularly and what is not available at school for lunch tends to be gradually forgotten.

This certainly began with colonization, where the Eurasian colonizers, "civilized", "intelectual", supplanted eating habits of Native Peoples. So we have been living under the influence of a certain “food and gastronomic imperialism”, where we value what is foreign; or what is seen as exotic. This is perpetuated both at a personal, institutional and public policy level. Research on regional foods has historically been somehow marginalized, punctual and developed by few researchers with modest resources.

Unfortunately, I am unaware of specific funding for projects to work on developing food products that come from the Brazilian biodiversity. We need to research our native edible plants to select varieties, produce seeds and seedlings (practically non-existent in the market and under continuous risk of loss and genetic erosion) and encourage and promote its culture, its management and its domestication.

The Brazilian research institutions and extension agricultural and federal ministries (Ministry of the Environment; Ministry of Sustainable Development, etc) linked broadly to the industry have to revise their concepts and lines of research, extension, training and development of human resources. Otherwise, we will continue to talk about our biodiversity (abstract and unknown), but keep researching, teaching, spreading and EATING the biodiversity of others.

What are the main obstacles to the current Brazilian public policies and laws concerning unconventional edible plants? Are we making any progress?

There are bureaucratic obstacles that need to be eliminated as soon as possible. For instance the excessive restrictions to basic ethnobotanical studies, especially regarding the use of agrobiodiverse food. Ethnobotanical studies of food plants, which are rare in Brazil, always bring out new food plants and / or new ways of preparing and consuming them, as well as ways of managing and / or propagating different species.

The Brazilian government needs to encourage, help and support national institutions and young Brazilian students researching the national socio-biodiversity. There were promising initiatives, but very few were specific or developed with the aim of applicability, eg, the beautiful Project Plants for the Future of the Ministry of Environment.

During your work in the Amazon, how did you see the relation between local communities and WEP? Has this relation been changing?

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 7: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

There are typical species from the Amazon region and / or from the indigenous culture that are well known and effectively consumed on a daily basis or frequently according to the seasons, and many of them are kept on the dinner table even in big cities like Manaus. I'll talk more specifically about the urban area where I know more.

Unfortunately, most people do not actually know about WEP or if they know, they don`t consume them because of the lack of accessibility and because of the change of habits that come with the food globalization. But today there is great interest in organic food and locally produced food. If municipalities’ rural production departments of the Amazon states were effectively involved and were aiming at encouraging and fomenting the sustainable cultivation and management of plants adapted to the soil and climate of the Humid Tropics, it would be possible in a few years time to educate and enhance the Amazonian agricultural matrix.

Unfortunately, politicians and even technicians of the federal ministries because of a lack of knowledge are continuously trying to homogenize the agroecosystems in all regions of Brazil. The Amazonian WEP produce viable seeds or propagules that are highly resilient, unlike conventional species, which require the acquisition of new seeds every harvest and come from other regions or even other countries, therefore unsustainable from an ecological and economic perspective.

The United Convention on Biological Diversity (CBD) has several projects and programmes, including in Brazil, which aims to support and strengthen agro biodiversity, as well as the production and consumption of edible plants of the local biodiversity. Have you noticed any concrete impacts of these actions on the ground?

Good to know. These initiatives are important, even if it still seems too theoretical and with very little impact on the ground. Currently we have a Brazilian biologist involved with the UN Convention on Biological Diversity. Maybe we`ll have some effect in Brazil in the near future. Currently I do not see any real impact of such programs in the Amazon and in Brazil as a whole.

However, Brazilian municipal, state and federal governments should effectively appropriate themselves these programs and projects and transpose these into longer term projects and not just use this as political propaganda in the aim of gaining popularity as it is happening in the run to the 2014 World Cup and the Olympics (2016). Until now I did not notice any functional impact, except in the case where bureaucrats in positions of power benefit financially from these practices.

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 8: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

What strategies should be promoted to expand the use and knowledge of WEP?

In order to effectively expend the use and knowledge of native plants products classified as wild, the main strategy is to invest in basic and applied research of native flora and stimulate the production of seeds and seedlings for distribution to traditional farmers, as it is done today with conventional vegetables. These plants are categorized as wild exactly because we don`t consume them enough in our daily diet.

Programs such as PAA (Acquisition of Food Products from the Government) should also focus on the acquisition of indigenous food, stimulating ecological cultivation and / or rational extraction. Thus, some of these plants could become better known and commonly consumed (even with some seasonal variation, which is even desirable) in a few years time. Then they will be considered conventional food plants, but native, rustic and adapted.

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 9: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

Uma nova sobremesa para o podium

É muito difícil que algo verdadeiramente novo aconteça no domínio da pâtisserie. Mas às vezes acontece. Pois Helena Rizzo apresentou uma sobremesa, no 7º Paladar, toda feita a partir do lírio-do-brejo (Hedychium coronarium). Trata-se de uma planta perene, originária da Índia, muito bem adaptada ao Brasil. Às vezes é considerada “praga”. Pois quem chamou a atenção dela para essa planta foi Valdely Kinupp, o cientista que o C5 - Centro de Cultura Culinária Camara Cascudo trouxe para um workshop com cozinheiros, totalmente centrado nas plantas alimentares não-convencionais.

Helena preparou um creme pâtissier com a raíz da planta, apresentando-o entremeado por cubinhos de massa folhada feita por Fernanda Valdívia, tendo ao lado um sorbet feito com as pétalas da flor do lírio, também utilizadas desidratadas como decoração do prato

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 10: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

Para os que conhecem o Doce Limão de longa data, já sabem que em 2013 estamos empenhados em FACILITAR o consumo consciente de mais plantas não convencionais...

E olha a vida entrelaçando tudo: a nossa Assinante Rachel Zacharias nos enviou este material que está a partir de agora sendo compartilhado com todos os leitores do site. Mágico!!!

Leia abaixo esta entrevista do professor e biólogo Valdely Kinupp, que em sua tese de doutorado estudou cerca de 1.500 espécies de plantas e apontou cerca de 311 com potencial alimentício. E que pelo menos 100 delas podem (e devem) enriquecer nossa alimentação, gerar renda e ainda conservar a natureza.

E todo este estudo virou um livro, lançado em março de 2015 no Museu Botânico Plantarum que fica em Nova Odessa/SP. Para adquirir este fantástico livro basta entrar no site: www.palntarum.com.br

Vamos à entrevista!!!

O que de especial te motivou a trabalhar com as Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANC)?

Foi a questão econômica e de sustentabilidade, mas também o prazer de fazer um trabalho novo, praticamente inédito, da forma como foi feito.

Pensando numa alternativa, desde a sobrevivência na selva, na lida no campo, mas também numa perspectiva de geração de renda, empregos, conservação da natureza, porque hoje vivemos uma monotonia alimentar.

As PANCs, e nossa biodiversidade como um todo, seja ornamental, medicinal, madeireira são, muitas vezes, negligenciadas. Especialmente as alimentícias aqui no Brasil.

Se olharmos nossas refeições caseiras, o cardápio nos restaurantes, as ofertas dos self-services, nas gôndolas dos supermercados e nas feiras, praticamente tudo é exótico, pouco é local, com baixa importância regional, estadual e nacional.

O Rio Grande do Sul, mesmo sendo considerado um estado celeiro do Brasil, não está adaptado às futuras mudanças climáticas. Contudo, vários estudos internacionais vêm mostrando que as plantas regionais, as ditas plantas "daninhas", as plantas espontâneas, são muito mais adaptadas [até por rotas metabólicas e fisiológicas diferentes] ao aumento do gás carbônico e da temperatura no ar, em comparação com as commodities agrícolas.

Não estamos preparados para catástrofes e desastres ambientais, porque as pessoas não sabem mais o que comer do seu quintal.

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 11: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

E isso é um ciclo vicioso. As crianças deveriam aprender desde cedo nas escolas e com os pais que existem milhares de plantas que podemos comer.

Muitas vezes, nas saídas de coletas que realizamos periodicamente, sempre aparecem curiosos. Já aproveito para fazer uma educação informal, mostrando o que é comestível, e mesmo assim, alguns ainda pensam que sou uma pessoa que está passando necessidade, porque estou catando um frutinho qualquer ali no mato.

Precisamos quebrar essa tabu. Sabendo que determinada planta é comestível, você não mais a verá como mato.

É preciso aprender isso: tudo foi mato um dia, até nossos ancestrais descobrirem que certas plantas eram comestíveis, inaugurando um novo paradigma alimentar para o reino vegetal.

A preocupação da sociedade só ocorre quando secas drásticas (ou excesso de chuvas) reduz a oferta de uma planta folhosa local: precisamos trazer de outras regiões...

Se, por exemplo, estivéssemos plantando bertalha (e.g., Anredera cordifolia, A. krapovickasii – Basellaceae), como hortaliça aqui no RS e não o alface, os agricultores não estariam passando tantos problemas, porque são plantas que toleram o período de estiagem e co-evoluíram neste ambiente.

A bertalha foi um dos carros-chefe na minha pesquisa, ou espinafre-gaúcho, como preferi registrar popularmente, que você pode comer as folhas, muito rica em zinco, ótimo para memória, uma planta perene, mas que possui outra boa vantagem: além das folhas como verdura, tem as batatinhas áreas e também os tubérculos subterrâneos na pequena batata que ela produz que são legumes, com usos similares ao da batata-inglesa.

Destes órgãos amiláceos foi descoberta uma substância nova, em 2007, de proteção para cavidade gástrica, que inibe a ação de tripisina [“Ancordin”].

Alguns estrangeiros queriam comprar cerca de duas toneladas desta 'batata' da bertalha. Cadê o produtor? Não há cultivos racionais desta espécie no Brasil...

E continuamos falando da nossa biodiversidade, mas comendo a biodiversidade dos outros continentes/países. Plantamos trigo, arroz, café, laranja, eucalipto e soja, e nada disso é nativo do Brasil. Cadê o plantio de bertalha, ália, crem, jacaratiá...

A domesticação do pêssego-do-mato? E tantas outras hortaliças e frutíferas silvestres com grande potencial agrícola e nutricional?

Não existe. As pessoas valorizam tanto suas tradições em cada um dos nossos estados, falam bastante da biodiversidade, mas não a conhecem, e isso é riqueza abstrata.

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 12: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

Se fala que a Amazônia vale trilhões. Vale nada. As pessoas estão passando fome lá. Muita gente vivendo precariamente, como aqui, na famosa Porto Alegre, com sua periferia cheia de pessoas comendo mal, sentindo frio ao dormir.

Não adianta termos uma biodiversidade imensa na Região Metropolitana se não a comemos ou a utilizamos de forma sustentável para outros fins. Muito menos geramos divisas e empregos, porque ninguém planta.

Nós somos xenófilos, gostamos do que é de fora, quando aceitamos de pronto e não conhecemos o nosso, não mantemos as nossas tradições.

Meu intuito é fazer a extensão, a popularização, dessas plantas nativas e subsidiar outras áreas do conhecimento, não ficar uma ação isolada.

Que a Agronomia possa estudar isso no aspecto fitotécnico e horticultural;

Que a Nutrição pesquise a parte bromatológica;

Que a Química, a Bioquímica, a Farmácia pesquise a parte toxicológica e fitoquímica.

Trazer à tona, RESGATAR e propor novas plantas para serem incorporadas na dieta humana, o que conduz aos estudos transversais. E aí a importância, num trabalho básico desse como o nosso, de detalhar as plantas nativas.

Mas friso que não se pode entender isso como uma verdade absoluta. Trata-se de uma proposta em construção, que começa desde as experiências individuais dos pesquisadores envolvidos, dos relatos de pessoas que fazem uso tradicional, por dados de etnobotânica antigos.

E será apenas um segmento da pesquisa, que servirá como subsídio para outras áreas de conhecimento. E, o mais importante disso é ponderar o uso e ter diversificação. Por isso a ciência é dinâmica.

Todas as plantas têm seus prós e contras, seus modos de preparo adequados, períodos de consumo, com maior ou menor sensibilidade das pessoas. Mas nós não podemos blindar as plantas não-convencionais por acharem que são mais tóxicas que as comuns que você tem no dia-a-dia.

Há carência de pesquisa, pois o comum é pesquisar só aquilo que está badalado: o morango ou tomate. E não se pesquisa nosso juá nativo, que tem tanto ou mais licopeno que o tomate, porque nem se conhece.

Por isso a necessidade da transdisciplinaridade e de fazer essa passagem para o uso real e efetivo da nossa flora diversa. Nós não sabemos nem quantas espécies temos no Brasil: 50 mil?Pior ainda: restrito à Botânica?

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 13: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

Não há consenso, nem uma listagem garantida. Há hipóteses, mas nem isso sabemos.

Não só a biodiversidade vegetal, mas animal também, que é mais paradigmática e cheia de tabus, com legislação cada vez mais engessada, necessitando ser revista com urgência, para que a nossa fauna alimentícia possa e deva ser criada de forma ecologicamente correta.

Estamos em uma área muito boa de se trabalhar. Eu pude fazer uma pesquisa aplicada e transferir isso para as pessoas.

Esse é um tipo de trabalho que desperta bastante interesse, de compartilhar aquilo que você pode fazer no ponto de ônibus e dentro dele, na divulgação corpo-a-corpo, porque as pessoas entendem, sendo gratificante para o pesquisador poder conseguir explicar o que faz.

Falo que trabalho com as plantas que existem por aqui no chão, em todo o lugar, que não são aproveitadas, mas que dá para comer, seja verdura ou frutíferas, condimentos e por aí vai.

No entanto, uma área, infelizmente, carente de pesquisa e de editais de financiamento no Brasil.

Nós temos uma biodiversidade muito grande, mas não a CUIDAMOS, CONSERVAMOS, VALORIZAMOS E NOS BENEFICIAMOS...

Material organizado pelo site: www.istoepanc.com.br

Page 14: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

A riqueza alimentar das Plantas Alimentícias Não Convencionais Apesar de ainda pouco conhecidas no Brasil, estas plantas chamadas de PANC , possuem grande potencial nutricional e substituem com sabor, hortaliças e frutos tradicionais

QuemandapelasruasdeManausedeoutrascidadesdoBrasil pode se surpreender ao descobrir que muitas plantas e flores que nascem espontaneamente em terrenos, jardins, calçadas e espaços públicos podem ir para a mesa não como peças de decoração, mas sim, como alimento.

Olhares mais atentos aliados ao conhecimento descobrem como estas plantas podem marcar uma verdadeira revolução alimentar e por que não, econômica, além de também derrubar tabus em relação às chamadas plantas alimentícias não convencionais.

Valdely Kinupp estudioso apaixonado chamadas PANC ( Plantas Alimentícias Não Convencionais) e defensor ferrenho de um melhor aproveitamento delas no nosso dia a dia.

Confira aqui algumas espécies e forma de consumo e uso.

Em sua tese de doutorado, Kinupp nos leva a refletir sobre as influências que recebemos sobre nossos hábitos alimentares e como um certo ‘conservadorismo’ acaba barrando a oportunidade de experimentações gastronômicas.“Essas plantas geralmente são chamadas de ‘daninhas’, ‘nocivas’ e vários outros nomes preconceituosos, pejorativos e que refletem um ponto de vista. Você come quase a mesma coisa o ano inteiro. Vai à feira, seja orgânica ou convencional, mas não ousa experimentar uma coisa diferente”, exemplifica o professor.

O desconhecimento destas espécies ainda é grande não só no Amazonas, mas também em outras partes do Brasil, porém, aos poucos, as pessoas começam a ter contato com estas plantas e descobrem como elas podem representar alternativas para uma alimentação diferente, saudável e rentável.

Hortaliças e frutos como vitória-amazônica, caruru, orelha-de- macaco, também conhecida como espinafre regional, cariru, ora-pro-nóbis , entre outras, podem trazer ousadia de sabores à mesa.

Kinupp explica que no Amazonas existem algumas poucas espécies tidas como hortaliças como o cubiu, ária, feijão-de- asa e o quiabo-de-metro e também frutas como sorva, pajurá e abricó, por exemplo. As frutas ainda são cultivadas em pequenos plantios ou em áreas de manejo e geralmente de extrativismo. Mas, a grande maioria das PANC ainda não é cultivada e é desconhecida da população atual.

E esta riqueza alimentar , via de regra, não exige grandes adaptações ou técnicas para cultivo. As espécies de PANC são de fácil plantio e propagação e são adaptadas às condições de cada região. A maioria possui sementes, galhos, estacas que podem ser usados na propagação sem que o agricultor tenha de comprar sementes comerciais. São plantas que estão

Page 15: Material organizado pelo site:  · Chef ensina a fazer bolo de cupuaçu cremoso para celebrar Manaus 'Passo a Paço' terá shows de rock e jazz no fim de semana, em Manaus O evento

adaptadas às condições de solo e clima da região onde ocorrem e podem ser cultivadas de forma agroecológica, ou seja, sem agrotóxicos e adubação sintética.

O especialista cita alguns experimentos que fez substituindo ingredientes tradicionais por hortaliças e frutos como: vitória- amazônica, que utilizou fazendo pipoca, além das flores que são comestíveis; o caruru, rico em ferro e vitamina A, que poderia ser utilizado na pizza ou na fabricação de pão; e a orelha-de-macaco, conhecida como espinafre regional, que pode enriquecer o arroz e o feijão.

Ele estima que existam no Brasil, centenas ou milhares de espécies e exemplifica: “Em média de 10 a 20% da diversidade de espécies vegetais têm potencial alimentício, isto é, se temos 40 mil espécies no país temos de 4 mil a 8 mil espécies de PANC, pois a maioria não faz parte do nosso dia a dia. No Amazonas se estima (muito por baixo) em 8 mil espécies, daí teríamos de 800 a 1600 espécies potencialmente alimentícias.

Com tanta riqueza na natureza ainda desconhecida, Kinupp convida as pessoas a refletirem sobre o que sabem a respeito destas plantas. Quantas conhece, quantas já experimentou, se elas são vistas nos cardápios de restaurantes ou nos programas de gastronomia. “É uma reflexão que nós e poder público deveria fazer antes de tagarelar e propalar a todos os cantos nossa megafitodiversidade. Comemos muito da biodiversidade de outros países e continentes. Somos xenófilos à mesa!!!”, declara.

Bem longe dos holofotes, algumas destas plantas já tiveram seus momentos de fama em pratos de chefs renomados, despertando não só a curiosidade mas também, admiração e surpresa: como não experimentei isso antes? O assunto inclusive será tema de um encontro no dia 26 de agosto, em São Paulo, dentro do projeto "Entre estantes e panelas".

Em Manaus, algumas destas PANC podem ser garimpadas em feiras, mas sempre é necessário que o consumidor treine o olhar e cobre dos feirantes mais ofertas destas plantas. Kinupp cita a feira do Coroado onde é possível encontrar ariá(batatinha da Amazônia), feijão-de-asa, jilosão, espinafre- da-Amazônia, entre outras. Outros locais como os feirões da Sepror e na Feira de Orgânicos no Ministério da Agricultura(MAPA) também oferecem alguns tipos de PANC.

Descobrir estas plantas diferentes e saborosas pode significar não só ousar na busca de sabores ainda desconhecidos, mas aliar esta viagem gastronômica à saúde e à valorização dos produtos regionais.