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    ZIG/JAC: MAGRazo de um Percurso

    Falatrio 2013

    MD Magno

    Realizado no auditrio da UniversidadeCandido Mendes Ipanema, 16 abril 2013.

    1. Primeiro, quero agradecer Universidade Candido Mendes

    Ipanema por me receber, sobretudo nas figuras de Cecilia MendesAlmeida, diretora, Maria Amaral, Leila Kamel e Heloisa Marra,

    as amigas que nos trouxeram.

    O que vim fazer aqui? Vim conversar com vocs sobre meu

    percurso no mapa da psicanlise. Isto porque este percurso, que j

    dura dcadas, acabou me levando a reconstruir do meu modo tudo

    que sabia e no sabia sobre psicanlise. Em primeiro lugar, foi

    naturalmente a figura de Freud que, ainda adolescente, por

    acidente de percurso, comecei a ler e no parei at hoje. Depois

    de Freud, veio muita gente. Como sabem, a histria da psicanlise

    recente, tem pouquinho mais de cem anos, mas muitos operaram

    sobre esse acontecimento. De tal maneira que h grandequantidade de autores, alguns destacveis, outros no, ou menos,

    e at divergncias radicais, rompimentos, posturas to diferentes

    que j nem parecem ser da ordem da psicanlise. Tivemos que, de

    certo modo, fazer este percurso, pelo menos conhecer os autores

    que operaram longamente com isso. S que, por ltimo, no

    sentido de grande operao, apareceu no panorama o Doutor

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    Jacques Lacan. No vamos desenvolver sua histria aqui, pois

    conhecida e h muita publicao sobre ela. Ento, depois de todas

    as peripcias dos psicanalistas em torno do pensamento de Freud,

    ningum melhor do que Lacan para retomar as leituras e refazer

    completamente o entendimento da teoria psicanaltica. Ele fez isto

    em cima da leitura da obra de Freud e em contraste com muitos

    autores que pareciam ter se desviado de maneiras as mais

    diferentes, mesmo dentro da instituio que parecia ser a

    representante do pensamento de Freud, que era a chamada IPA

    (International Psychoanalytical Association). Lacan criou sua

    escola a Escola Freudiana de Paris , produziu uma obra

    gigantesca e genial, mediante a qual pde trazer o pensamento de

    Freud para, verdadeiramente, o sculo XX.

    Fui, ento, de Freud para Lacan. Lacan me aconteceu j nofinal da dcada de 1960, comeo da de 1970. Depois de estudar

    um pouco sua obra, comecei a criar grupos de estudo sobre ela.

    Hoje, fala-se sobre sua obra, ele famoso, mas naquele tempo

    quase ningum no Brasil conhecia esse autor e muito menos o

    estudava ou promovia qualquer coisa sob seu nome. Como os

    grupos de estudo foram crescendo, estavam dentro de uma

    Universidade, acabei procurando contato com Lacan e, nesse

    contato, decidi que precisava ir l conversar com ele, fazer anlise

    com ele e tambm trabalhar na Universidade de Paris, no

    departamento dirigido por ele, que, na poca, era o nico

    departamento de psicanlise no mundo inteiro. Foi uma

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    experincia extremamente importante, me fez conhecer muita

    gente de alto nvel que trabalhava com ele, me fez estudar

    bastante seu pensamento, acompanhar seus seminrios (aqueles

    que pude acompanhar).

    A essa altura, j se aglomerava um grupo grande ao meu

    redor aqui no Rio de Janeiro. De tal maneira que, l mesmo em

    Paris, resolvemos aproveitar esse grupo e fundar uma instituio

    lacaniana, que foi das primeiras do Brasil. Instituio que

    nomeamos Colgio Freudiano do Rio de Janeiro. Lacan tinha a

    Escola Freudiana de Paris, e no ousei chamar de Escola aquele

    aglomerado que estava se organizando aqui. Chamei-o de

    Colgio, um grupo de colegas estudando, pois a mestria estava l

    fora. Quando comecei com Lacan no Brasil, a reao era grande.

    Era uma certa reao ao pensamento de Lacan... sem oconhecerem. O pensamento dele simples, acho eu, mas bastante

    difcil. Como ele contestava radicalmente a psicanlise existente

    no planeta, tanto do ponto de vista europeu quanto do americano,

    havia forte reao. Reao, primeiro, a fazer o grande esforo que

    era entender o que ele estava dizendo. Segundo, como os analistas

    estavam bem instalados em suas posies, no estavam a fim de

    ter que fazer reviso e estudar tudo de novo.

    Entretanto, a coisa colou de tal maneira primeiro, na

    Europa Continental, pois na Ilha difcil, dado que a ptria da

    IPA que conseguimos instalar o pensamento de Lacan no Brasil.

    A comearam outros movimentos em outra cidades, So Paulo,

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    Nordeste, e o lacanismo hoje um sucesso o que talvez seja o

    seu fracasso. Mas o que fazer?

    2.Acontece que, com o desenvolvimento de meu trabalho durante

    dcadas de estudo, de anlise, seminrios, etc., acabei

    necessitando pensar a psicanlise do meumodo.

    Lacan morreu em 1981 e me d a impresso de que o sculo

    foi junto com ele, antes da hora, e tambm de que sua obra estava

    acabada. , como disse, efetivamente um pensamento de sculo

    XX e a gente continua pensando. Fui, ento, desenvolvendo um

    modo muito pessoal de ler a psicanlise em toda sua histria.

    Naturalmente, que impossvel dizer qualquer coisa que no

    passe por esse histrico de Freud a Lacan. Acabei reformatando a

    psicanlise para mim, para meu uso, para meu gasto etransmitindo para quem quisesse ouvir, de modo que ela se

    transformou na minha mo em um projeto diferente. Essa coisa

    diferente, ajuntamos dentro de uma ideia que resolvi chamar de

    Nova Psicanliseou NovaMente. NovaMente, porque tudo de

    novo, e Mente Nova, porque estou pensando de outra maneira.

    Assim, atravessamos momentos de pensamento, de produo de

    conhecimento, que esto sempre indefectivelmente na

    dependncia de sua poca. No h como fugir da poca em que

    algum pensa alguma coisa.

    Freud, na verdade, era um homem do sculo XIX, com toda

    aquela formao desse sculo. Ele teve bastante tempo de sculo

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    XIX para se tornar um homem tipicamente da poca. Entretanto,

    ele uma pessoa de vanguarda no pensamento e, em seu trabalho

    de medicina, de psiquiatria e, depois, na tentativa de entender de

    outro modo o psiquismo humano, comea, como sabem, a

    construir uma ideia nova que apelidou de Psicanlise. Ento, deu

    entrada no sculo XX, do qual um dos fundadores junto com

    Einstein, com aquele entorno. Estava-se fundando o sculo XX

    enquanto pensamento diferente do sculo XIX, e foi a que a

    psicanlise nasceu. Mas nasceu dentro das condies que ele tinha

    no momento, condies histricas, culturais, cientficas, pessoais.

    E lidando com seu material de maneira to nova que o

    desenvolvimento de sua teoria entrecortado de idas e vindas,

    cheio do material que ele pde conseguir em seu trabalho de

    escuta dentro do consultrio e da leitura das obras que a culturapodia oferecer. O que ele descobriu genialmente, e que est

    valendo at hoje em sua essencialidade, est no entanto cheio de

    uma pletora de acomodaes da cultura da poca, do lugar que ele

    viveu. Isto no o impediu de raciocinar direito e de, por trs

    dessas acomodaes, constituir um fio de extremo rigor que

    permite que a psicanlise continue nos tempos seguintes sua

    produo.

    Freud, como sabem, morre em 1939 e deixa o legado de

    uma obra imensa. No entanto, j atropelada por alunos que no a

    entenderam bem, por alunos que comearam a discordar de

    alguns pontos, s vezes at com razo, ou por alguns que partiram

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    diretamente para a delirao e escaparam do campo. a que

    aparece Lacan para tentar resolver isso. Vejam, por exemplo, os

    conceitos que Freud criou e que precisaram e talvez ainda

    precisem ser retomados, revistos em sua essencialidade, em sua

    ordem lgica de base. Por exemplo, sabemos que uma das pedras

    fundamentais da teoria freudiana a ideia de complexo de dipo:

    aquela historieta familiar, mame-papai-nenm, que o que ele

    escutou no consultrio. Ia fazer o qu? As pessoas sofriam disso e

    apresentavam a questo no nvel das transas amorosas e odientas

    do interior de suas famlias. Ele, ento, desenhou desse modo.

    claro que no ficou apenas contando uma anedota. Ele tomou uma

    anedota, remeteu-se at mitologia grega, foi buscar o dipo l,

    mas no sentido de poder destacar, com esse exemplo mitolgico e

    com as historinhas de caso que pde escutar, uma articulao decertos elementos que parecem que se repetem sempre nas

    histrias das pessoas. A isso virou o tal do Complexo de dipo

    que tinha que ser superado dessa ou daquela maneira, que

    resultava nesta ou naquela patologia.

    Ele sacou outra coisa fundamental, que a sexualidade, do

    ponto de vista lgico e funcional, governa o psiquismo e

    governa desde a primeira infncia. Isto assustou alguns, outros

    acharam muito interessante. H aqueles que ficam at hoje

    assustados com isso, mas o que ele sacou algo absolutamente

    compreensvel e abstravel em sentido pleno quando se entende o

    que ele quer dizer com essa sexualidade bsica da estrutura do

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    XX. Em ultima instncia, todo movimento desejante de uma

    pessoa diretamente na ordem sexual ou libidinal, ou em

    qualquer ordem que a humanidade conseguiu operar de maneira

    metafrica, substitutiva mortal. Todo movimento desejante

    no quer seno extinguir-se, desaparecer, ou seja, no fundo,

    queremos Paz. E Paz derradeira, s morrendo mesmo. Mais

    tarde, Lacan vai deixar claro que toda pulso pulso de morte,

    no existe outra. A impresso que temos de pulses de vida so

    arrastes dessa pulso em cima de determinados elementos, de

    determinadas configuraes dadas s pessoas por via de sua

    corporeidade, de sua cultura, etc.

    As discusses corriam no sculo XX, e aceitar a pulso de

    morte foi difcil. Os analistas no queriam aceitar e, fora da

    cultura psicanaltica, menos ainda. E mais, acho que Freudtambm no queria aceitar. Ele me d a impresso de temer esse

    conceito a impresso que tenho da impresso que ele teve.

    Digo que ele ficou temeroso da pulso de morte porque, uma vez

    que sacou que pulso no sentido de desaparecimento, da

    extino, da morte, devia, penso eu, ter retornado sobre sua teoria

    desde o comeo e a reconstruir em cima desse conceito. Ele no o

    fez e manteve pulso de vida/pulso de morte. Ou seja, mesmo

    reconhecendo que as pulses so mortais, que tendem ao

    desaparecimento, no teve tempo ou condio, penso eu, de, uma

    vez que achou esse horror dentro da teoria, voltar e refazer sua

    teoria a partir desse lugar.

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    3.De repente, aparece o doutor Jacques Lacan, muito jovem no

    comeo do sculo XX. Um psiquiatra, trabalhando num hospital

    psiquitrico, constituindo sua tese de doutorado sobre a psicose

    paranoica, mas no ainda ligado especificamente teoria

    psicanaltica. S que, logo em seguida, ele se d conta de que o

    caminho de soluo dos problemas que procurava pensar era a

    teoria psicanaltica. Ento, adere psicanlise e comea a pensar

    sozinho a psicanlise. Fez parte das associaes psicanalticas, foi

    at presidente de uma, mas ele pensava(tem gente que pensa, no

    s repete o que outros dizem). E no que comeou a pensar,

    comeou a verificar que havia muito mal-entendido dentro da

    teoria psicanaltica de Freud, muito mal-entendido em sua

    aplicao bem como em seu desenvolvimento terico. E mais, ele um homem de outra poca. Digamos que Freud um homem

    fundamentalmente do sculo XIX inventando o sculo XX. J

    Lacan tipicamente um homem do sculo XX. Isto quer dizer que

    as circunstncias que encontrou para operar a psicanlise que ele

    assumiu eram radicalmente diversas: as teorias cientficas haviam

    mudado muita coisa, a literatura, as artes, as filosofias, etc.

    Lacan foi uma pessoa que, desde jovem, frequentava grupos

    de artistas de vanguarda, como os surrealistas e gente do tipo.

    Ento, estava no movimento do burburinho da construo da

    modernidade tpica do sculo XX, e entrou nessa. E no que

    entrou, teve que se atualizar em termos de pensamento do sculo

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    XX. Foi o que fez, assumiu as grandes formaes cientficas,

    intelectuais, culturais, artsticas, etc. do sculo XX j instalado e

    comeou a repensar toda a psicanlise em cima desses

    conhecimentos novos. Isto causou uma perturbao enorme entre

    os psicanalistas europeus em geral. Entre os americanos nem se

    fala, pois l em aqueles refugiados que transformaram a

    Psicanlise em psicologia do sucesso. Na Amrica, a psicanlise

    uma lstima, pois virou psicologia de reforo de ego. Mas, na

    Europa, Lacan criou um tumulto grande a ponto de o pessoal da

    IPA vir a Paris para perseguir o rapaz. Fizeram o possvel para

    cal-lo, mas no deu certo, ele continuou pensando, continuou

    falando e logo-logo j tinha bastante seguidores estudando

    aprofundadamente o modo terico que ele apresentou.

    No que Lacan ia repensando a psicanlise com osinstrumentos, o ferramental novo das teorias disponveis, justo

    nesse perodo acontece um fenmeno que radicalizou o

    pensamento na Europa e at mesmo em muitos lugares no lado de

    c, do Novo Mundo. Certo pensador da rea da lingustica,

    chamado Ferdinand de Saussure, repensou a teoria da lngua e

    produziu um curso na universidade onde trabalhava na Sua.

    Seus alunos publicaram suas aulas com o ttulo de Curso de

    Lingustica Geral. Ele fazia um tal rebulio dentro das teorias

    lingusticas da poca, uma tal transformao que acabou criando a

    ideia de estrutura na lingustica. Ento, ao invs de ficar

    estudando historicamente e foneticamente as lnguas, comearam

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    a estudar de maneira cortante a sua estruturao. No importa

    tanto a fontica, mas talvez a questo das oposies sonoras.

    Criou um arcabouo, que muitos de vocs talvez devam conhecer,

    chamado lingustica estrutural. Esse troo comeou a colar na

    Europa e foi bater numa certa regio de estudiosos que

    desenvolveram muito eficazmente essa ideia de estrutura na

    lingustica: o famoso Roman Jakobson, que desenvolveu um

    estruturalismo radical em termos de anlise de texto, de poemas e

    prosas; Troubetskoy, que desenvolveu uma teoria da fonologia em

    termos de oposio e estrutura e cortes verticais dentro da

    lngua... Estou falando muito brevemente, mas esse movimento

    em torno da lingustica colou no mundo porque o aparelho que

    apresentou para dar conta da lingustica tornou-se algo que

    parecia eficaz no estudo de toda e qualquer construolinguageira, inclusive no campo das cincias, da filosofia, das

    artes, etc. E comeou a ser fortemente aplicado.

    Havia tambm um rapaz, professor na Frana que veio dar

    aulas em So Paulo e que, como no tinha muito que fazer,

    comeou a frequentar tribos de ndios. Ele nem era antroplogo

    ainda, mas fez levantamentos e estudos de vrias tribos no Brasil.

    E, no interesse de entender os fundamentos de uma antropologia

    que pudesse dar conta do material imenso que coletou, ficou

    procurando uma sada. No que procura a sada, vai para os

    Estados Unidos e encontra Jakobson, que era o grande

    estruturalista do momento. Jakobson fez sua cabea e lhe mostrou

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    que podia pegar todo aquele material antropolgico, de pesquisa

    de campo, e submet-lo ao pensamento estruturalista da

    lingustica. Ele fez isto e se deu bem, ficou famoso, com uma obra

    imensa, belssima. Em 1949, aproveitando essa dica de Jakobson

    e construindo o estruturalismo antropolgico, publicou um livro

    que fez um rebulio no planeta, intitulado As Estruturas

    Elementares do Parentesco. Os estudantes at hoje usam este

    texto.

    Freud havia descoberto, junto com seus analisandos e

    remetido mitologia, o que chamou de complexo de dipo. O que

    estava em jogo nesse complexo, que comparece com frequncia

    grande nas tribos primitivas e mesmo nas sociedades

    desenvolvidas, a famosa interdio do incesto, que as pessoas

    pensam que proibio de fazer sexo. Na verdade, no pode terfilho com a mame. No pode porque baguna o coreto da

    organizao tribal. Lvi-Strauss foi estudar isto, estudou sistemas

    patrilineares, matrilineares e resolveu que podia dar conta do que

    era a interdio do incesto na aplicao do pensamento estrutural

    tratando o material cultural dessas tribos da maneira como

    tratado na lingustica. Com isto, construiu uma imensa obra

    chamada estruturalismo quem sabe?, propriamente dito , que

    a antropologia geral do ponto de vista estrutural. Lacan, como eu

    disse, era um jovem bem formado com disponibilidade para

    estudar e estava sabendo de tudo isso que estava acontecendo

    nessa cultura. Imediatamente, comprou a ideia de Lvi-Strauss, a

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    de Jakobson, comprou essas ideias todas que eram o movimento

    de peso naquele momento. Era a criao do pensamento

    estruturalista que dominou grande parte do sculo XX. Ele, ento,

    aplicou o saber adquirido nesse percurso psicanlise. Tanto

    que, nos primrdios de sua produo, Lacan ficou conhecido

    como algum que tratou a psicanlise de maneira lingustica. No

    bem assim, pois estava procurando uma construo que achou

    dentro do estruturalismo que pudesse rigorizar, dar rigor ao

    pensamento psicanaltico.

    Lacan comeou a tratar as manifestaes disso que o

    essencial no pensamento de Freud, a ideia de Inconsciente, as

    manifestaes do Inconsciente, de maneira lingustica. Fez

    mesmo a suposio de base de que o Inconsciente era estruturado

    como uma linguagem e que, portanto, devia ser tratado como tal,comouma linguagem. O que havia de tratamento de linguagem,

    tirando os lgicos da Inglaterra, Wittgenstein, Russell, era esse

    pensamento estruturalista em cima da lingustica de Saussure.

    Ento, o que foi aproveitado para tratar o inconsciente semelhante

    a uma linguagem foi o material estruturalista da lingustica. S

    que ele no ficou a. Se ficasse, talvez virasse algo banal,

    sobretudo em cima trs livros fundamentais de Freud: A

    Interpretao dos Sonhos, O Chiste e sua relao com o

    inconsciente, Psicopatologia da vida cotidiana, que trabalham em

    sua maior frequncia com materiais linguageiros oferecidos pelos

    analisandos. No que Freud j estivesse operando

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    uma frmula destas? O desenvolvimento foi por a e, no ltimo

    momento, acabou adotando a topologia da matemtica para

    pensar o Inconsciente. Vejam que uma trabalheira imensa. Eu

    falando assim em poucas frases, d a impresso de que simples,

    mas extremamente complexo, enorme o trabalho que ele fez.

    Entretanto, tudo isso criticvel, tudo isso algum dia entra

    em crise. Tanto que logo depois veio o chamado ps-

    estruturalismo com pessoas brilhantes como Michel Foucault, por

    exemplo, que j uma espcie de aceitao de certas premissas

    do estruturalismo, mas com um pensamento crtico do

    funcionamento dessas estruturas. E isso foi indo, foi indo... Com

    as condies de Lacan, com os conceitos que pde articular, que

    pde tomar do mundo.

    Ento vamos encontrar em Freud alguns conceitosfundamentais. Lacan reestrutura outra vez quatro conceitos

    fundamentais, todos explicitados, mas, como o prprio

    pensamento de Lacan sempre mostrou, a pulso de morte: a

    vaca sempre vai para o brejo. No tem sada, no adianta pensar

    que pode segurar a vaca, porque ela vai para o brejo, o destino

    da vaca. Ou seja, o ltimo Lacan j um Lacan que est nos

    estertores finais daquele pensamento. Chega mesmo um momento

    em que ele at para de falar. No sabemos se era porque estava

    gag, ou porque j no tinha mais o que dizer. Esta ambiguidade

    paira no ar.

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    4.Tive a sorte de manter contato com Lacan, com sua presena

    pensante e seu trabalho de anlise nesse seu ltimo momento. Isto

    uma sorte grande, pois no fiquei com os cacoetes dos outros

    alunos que restaram linguisticistas ou operando sobre matemas

    desgastados. Era um momento de expanso, ao mesmo tempo de

    seu pensamento e de derrocada do sculo, derrocada do

    movimento pensante anterior. Estvamos no fim. Achei muito

    bom passar por esta experincia porque aprendi, estudei, operei,

    pratiquei aquilo tudo e tudo aquilo bateu num impasse: chegou a

    um impasse da teoria, a um impasse da clnica.

    O que fazemos? Abandonamos, vamos embora, ou entramos

    de cabea? H duas maneiras de ir embora: largar a psicanlise ou

    ficar repetindo a velha at o sculo que vem. So duas maneiras

    de abandonar. Alguns abandonam de vez e outros ficam at hojerepetindo a baboseira. A outra maneira : cheguei nesse lugar,

    agora terei que pensar tudo sozinho e de outro modo. De

    preferncia, em coincidncia com meu tempo, com minha poca,

    com meu mundo, com o que est acontecendo agora. E tem que

    ser assim. Freud era da idade de meu av, Lacan era da idade de

    meu pai, eu sou a terceira gerao, devo ir para trs ou para a

    frente? Esta uma questo difcil porque temos que assumir

    alguma coisa, assumir um dos trs riscos: largar tudo, ficar

    repetindo como um papagaio ou pensar sozinho com o risco de s

    falar besteira. Eu resolvi falar besteira. como dizia aquela

    menininha do conto de Guimares Rosa: Antes falar bobagens,

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    que calar besteiras. Tive que entender a situao em que estava,

    tentar entender o mundo complicado e desfigurado em que

    vivemos desde o fim do sculo passado que no durou at o

    final, morreu em 1980 , e tentar, para meu gasto, inventar uma

    psicanlise atual. Como enfrentar este sculo XXI tentando pensar

    um pouco depois de todos esses acontecimentos dramticos de

    falncia dos fundamentos em todas as reas, cientficas,

    filosficas, religiosas, polticas? De repente, a humanidade

    comeou a se dar conta de que os fundamentos que

    fundamentavam no fundamentavam nem a si mesmos. Esta foi a

    crise.

    A situao da psicanlise de hoje esquisita na face do

    planeta, pois a proliferao de estudos sobre obra de Lacan, a

    proliferao de textos de trabalhos, alguns at muito bons, bemfeitos, enorme. No entanto, ficam rodando como peru em

    crculo de giz. Est-se rodando ali e no se acha nada, apenas se

    tenta explicar o que Lacan estava dizendo, recompor um teorema

    que ficou mal entendido, organizar determinada formao terica

    para que fique mais explicitvel. Desenvolvimento no se tem, e

    d a impresso de que aquilo quase que se esgotou. Ento, o jeito

    ficar fazendo bolo com o material que est disponvel. Isto faz

    com que, no presente, nas condies atuais da psicanlise,

    tenhamos vrios tipos de coisa. Por exemplo, a psicanlise parece

    que se banalizou, todos falam misturando alhos com bugalhos,

    dipo com matemtica, etc., pois as pessoas no tm obrigao de

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    estar sabendo aquilo direito. Outra perspectiva que ofereceram foi

    a de que a psicanlise est em decadncia, que ningum vai mais

    ao psicanalista, que esse negcio acabou. No verdade, e no

    porque seja bom no ser verdade. Pode ser at ruim, pois a

    proliferao bastante grande em uma repetio terrvel.

    Alm disso, acontece e arriscado afirmar o que vou

    dizer, mas afirmo no mundo contemporneo um fenmeno

    incrvel, que tem tudo a ver com a psicanlise. No apenas porque

    ela foi disseminada e comeou a funcionar no seio das famlias,

    das escolas, etc., como um pequeno aparelho crtico das

    formaes culturais impositivas, um aparelho de recusa de certas

    represses, como tambm aconteceu uma disseminao em quase

    todas as partes do planeta de comportamentos humanos que no

    so efeitos de uma anlise, e sim de alguns acontecimentos queconseguiram produzir efeitos parecidos com os da anlise. Isto

    espantoso, pois as pessoas que tm esses comportamentos no so

    analisadas, continuam a operar dentro de sua ordem sintomtica

    sem se dar conta, mas o conjunto planetrio e seus grupos sociais

    esto sendo invadidos por um tipo de operao que est

    funcionando como a psicanlise funciona, s que no regime social

    e no no regime individual. O que isto? Chama-se: tecnologia,

    informao generalizada contempornea, tipo internet. Essa

    informao varreu o planeta, deslocou certezas e comportamentos

    sintomticos, e como as pessoas comeam a saber que aquilo que

    dizem para elas no bem assim em outros lugares alis, no

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    bem assim em lugar algum , ento comea a haver um grande

    tumulto comportamental. E est acontecendo isso que vocs

    sabem que est acontecendo, s ligar a televiso, ler o jornal,

    entrar na internet para ver. Esse efeito parecido com o efeito de

    uma anlise para uma pessoa.

    19. O que uma anlise pretende? Pretende apontar e dissolver

    sintomas, colocar a pessoa em maior disponibilidade possvel para

    o que der e vier, ou seja, abandonar as prises e pesos

    sintomticos e, em ltima instncia, chegar a um limite ltimo

    que chamamos de pulso de morte em que se comea a olhar o

    mundo, indiferenciar tudo e, ao mesmo tempo, poder lidar com

    tudo com o mnimo de, ou mesmo sem, prises sintomticas.

    Fao uma metfora horrorosa, mas que serve. Como h essebichinho que produz a Aids, esse vrus que prejudica os sistemas

    imunolgicos, as garantias de permanncia das formaes

    biolgicas esto completamente desvirtuadas pela presena dele

    que acaba trazendo a Aids para uma pessoa, a psicanlise

    pretende fazer o mesmo que o bichinho faz e no consegue muito.

    A psicanlise prejudica os sistemas ideolgicos e, ao mesmo

    tempo que ela fascina, ela horroriza. A comparao com a Aids

    foi esta: os sistemas imunolgicos so destrudos pelo bichinho e

    os sistemas ideolgicos so o que a psicanlise quer dissolver.

    Como podemos pensar para alm dos sistemas ideolgicos

    que ocupam o mundo h milnios (filosofia, religio, e mesmo

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    certos aspectos da cincia, que, em ultima instncia, so

    ideologicamente constitudos)? A diferena da psicanlise para

    com os outros pensamentos que ela construiu um modo de

    operar que destri por dentro qualquer formao que se pretenda

    ideolgica. Tanto que Lacan deu a melhor definio do que seja

    a psicanlise. Quando lhe perguntavam o que ela era, dizia: A

    psicanlise a pergunta o que a psicanlise? Operamos com o

    pensamento, com processos de articulao que esto em crise

    permanente diante do reconhecimento de que o funcionamento do

    Inconsciente desliza e desconstri desculpe o termo, pois no

    gosto do rapaz que o utiliza toda e qualquer formao que se

    queira metalingustica, que o termo que Lacan usa. Isto , que

    seja uma linguagem que pretenda das conta da linguagem dos

    outros. Isto no existe para a psicanlise, pois o processo furado.Temos que conviver com o sculo XX e com o que se tem

    construdo como sculo XXI, no movimento de que o

    conhecimento outra coisa que no o que se ofereceu para ns at

    hoje. Muito menos com o que as epistemologias tentaram nos

    convencer do que esses conhecimentos fossem. As epistemologias

    tambm so ideolgicas.

    Est acontecendo no planeta, por via tecnolgica, a

    disseminao de um processo analtico.Ana-lysis, em grego, quer

    dizer: pegar uma coisa, dissolv-la em seus componentes para

    entender como aquilo construdo. Aquele rapaz colou o apelido

    de desconstruo Derrida o Lacan dos pobres , mas est

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    falando do que chamamos deAnlise(nem por isso seu trabalho

    de se jogar fora, interessante). A tecnologia informacional, os

    novos gadgets, as redes de comunicao, sobretudo a chamada

    internet, esto como que ana-lisando, dissolvendo as construes

    culturais, sociais, de conhecimento, etc. Isto, mesmo sem saber

    colocar nada no lugar: esto ana-lisando essas construes de

    maneira selvagem, abrupta, sem que haja, junto com essa

    dissoluo, uma reflexo sobre o processo, de maneira que

    possamos continuar. Ento, o que acontece, dada vou usar uma

    expresso tima em brasileiro a Zorra Total? Uma grande parte

    foge para trs e a temos a recrudescncia de aparelhos

    ideolgicos tipicamente fascistas e de aparelhos religiosos e

    outros violentos. H o pessoal que fica de bobo alegre, estagnado,

    achando que est tudo bem, sem saber que a bomba vai cair emsua cabea; e h aqueles, poucos, que tentam fugir para a frente,

    buscando ver o que possvel construir para o entendimento do

    que est acontecendo e do que vir.

    Fao a suposio de que no h instrumento, ferramenta

    melhor do que a psicanlise para pensar essa coisa que est no

    mundo e que se parece com ela sem ter o estofo que ela consegue

    ter para lidar com a problemtica que se instalou. H dcadas,

    venho fazendo um esforo, para meu uso fao questo de

    sempre dizer isto, pois no gosto que se faa a suposio de que

    estou pensandoparaa cabea dos outros, estou pensando no meu

    interesse (no entanto, est disposio: quem quiser, pode levar)

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    , de reformatar a psicanlise, lembrando que temos um sculo de

    Freud e Lacan, pelo menos, com aparelhos fundamentais para

    serem repensados. Penso que esta reformatao possa ser duas ou

    trs coisas. H possibilidade de simplificao da Zorra? Qualquer

    pensador que lide com um campo to evanescente como este, vai

    produzindo e geralmente morre sem ter tido tempo de montar um

    escopo geral do seu pensamento. Em nosso momento, temos que

    fazer este trabalho. D para passar a limpo a psicanlise e

    procurar denominadores comuns para torn-la mais simples?

    Assim, evita-se a pletora de conceitos, de falaes e ela fica mais

    compacta, como se faz, por exemplo, com o pensamento

    geomtrico. D para torn-la mais manejvel e compatvel com os

    movimentos deste sculo? Isso tudo para tentar entender o

    movimento da psicanlise no sentido de jog-la para a frente epara que ela possa ter serventia mais eficaz no futuro, ao invs de

    ficar repetindo a velha baboseira.

    P Voc fala da psicanlise segundo trs eixos:

    simplificao, compactao e denominadores comuns. Fala

    tambm em coloc-la dentro da poca atual usando de outros

    recursos de pensamento. Alm disso, diz que est uma zorra total,

    com as coisas se dissolvendo com a pulverizao da tecnologia,

    etc., sem nada a ser colocado no lugar dessa zorra. o que

    tambm me pergunto: o que colocar nesse lugar?

    Como sou muito pretensioso, o que pretendo e no sei se

    conseguirei fazer esse trabalho que voc descreveu, no sentido

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    de procurar se o pensamento chamado psicanaltico pode me dar

    uma chave para este momento. O pior que acho que pode (por

    isso, disse que sou muito pretensioso). Digo isto com apoio nos

    acontecimentos de pensamento e de cincia que esto brotando

    neste momento. Vemos, por exemplo, artigos e textos excelentes

    de pessoas conhecedoras do assunto em que, no final, aps todo o

    histrico feito, quando chegam ao momento presente, a soluo

    que apresentam nenhuma. Eles querem dizer alguma coisa, mas

    no sabem o que fazer. normal, o que acontece a ns todos.

    Mas h uma possibilidade de pensamento para a frente que,

    talvez, seja chave suficiente para resolver o problema.

    Surgem problemas sociais, econmicos, polticos, etc., e o

    que vemos so pessoas tentando resolv-los com as velhas

    ferramentas. No vai dar, pois, quando se utilizava a ferramentavelha, o mundo era compatvel com ela j no mais! Darei

    uma pequena impresso no campo da poltica e consequentemente

    da economia: s h partidos, inteiros no existem. Uma pessoa

    que toma partido, uma pessoa partida e seu momento, seu

    sculo, partido. O que o sculo atual no consegue mais

    algum ter que ser liberal ou socialista. Por que no ser um pouco

    mais tcnico e, no se aprisionando a partido algum, pensar que

    h hora para liberar e hora para socializar? o que chamo de

    poltica ad hoc. Agora, se sou uma mmia que tem tal partido, de

    esquerda, por exemplo, no posso liberalizar nem um pouco. E se

    sou de direita, pior ainda, no posso socializar. Isso acabou junto

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    com o sculo XX. Se no mudarmos de perspectiva, no vai dar.

    o que quero dizer quando falo em disponibilizao da pessoa

    para seus instrumentos de modo a poder lidar com o mundo que

    explodiu. Se tomarmos isto em outras reas, poderemos pensar

    que essa disponibilidade deve ser impossvel. No . apenas

    dificlimo.

    Os cientistas, tcnicos e outros j esto se esforando para

    produzir isto em nvel materialmente operacional. Estou ansioso

    espera do computador quntico, que pensa como eu. Maneira de

    dizer, pois pensa como gente que pensa assim. Ao que quer que se

    diga para ele, ele dir o contrrio junto. o vamos ver como

    que se joga. um computador que maneja as informaes para

    qualquer lado. Espero tambm avanos das teorias de estudo da

    constituio do crebro: certos psicanalistas dizem que nada tem aver; tem sim, muito importante o que est sendo feito nessa

    rea, quero ver o crebro todo mapeado porque se provar o que

    estou dizendo, que o crebro funciona como Freud ensinou. O que

    nos permitir parar de pensar de maneira to regional as

    elucubraes que um crebro humano possa fazer. E vamos notar

    como somos caretas, como isto aqui o Planeta dos Macacos e

    que podemos ter possibilidades muito maiores de

    operacionalidade mental.

    P Fico pensando se essa zorra no a pura condio

    humana. John Ruskin, no livro Sesame and Lilies, de 1865, diz

    que a delcia est em passearmos pelos textos, ideias e

    http://pt.wikipedia.org/wiki/1865http://pt.wikipedia.org/wiki/1865
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    conhecimentos dos outros, e no entender, ter um tempo de

    assimilao. Ou seja, sair com as coisas mais abertas do que

    fechadas...

    a condio humana, mas acontece que existe um negcio

    terrvel, que a psicanlise descobriu bastante cedo, que o

    chamado Recalque, que amputa e que amputaque...

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