M+¦dulo I Apostila II SENAC T+®cnicas de Locu+º+úo

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Apostila II

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  • SENAC - Mdulo I - Apostila II Curso de Aperfeioamento de Locutor Apresentador

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    SUMRIO

    UNIDADE I - ELEMENTOS DA DICO ........................................................ 7 1. INTRODUO.............................................................................................. 7 2. FUNDAMENTOS DA DICO ..................................................................... 8 3. O EXERCCIO FUNDAMENTAL DA DICO........................................... 13 3.1 Articulao de Palavras e Frases Isoladas ............................................ 16 4. A EXPRESSIVIDADE NA LEITURA EM PBLICO ................................... 23

    ANEXOS PRTICAS DE LEITURA E RITMO ............................................. 26

    UNIDADE II FUNDAMENTOS DE LOCUO............................................. 35 1. ELEMENTOS DA LOCUO...................................................................... 35 1.1 Locuo de Rdio & TV ........................................................................... 35 1.2 Elementos Bsicos da Locuo ............................................................. 36 1.3 Os elementos da voz ............................................................................... 40 2. ELEMENTOS DINMICOS DA LOCUO ............................................... 45 2.1 Inflexes de voz ....................................................................................... 45 2.2 Durao e estilo ....................................................................................... 46 2.3 Modulaes de voz .................................................................................. 47 2.4 Projeo de voz........................................................................................ 48 2.5 Expressividade......................................................................................... 49 2.6 Elementos de Locuo ............................................................................ 50 2.7 Locuo, Tcnica e Arte .......................................................................... 51 2.8 Tipos de Locuo..................................................................................... 52 2.9 Qualidades Bsicas do Locutor.............................................................. 52 3. GRUPOS EXPRESSIONAIS: DOMNIO RPIDO DA LOCUO ............ 54 3.1 O Texto como Base da Locuo............................................................. 55 3.2 Leitura de Locuo .................................................................................. 56 3.3 Praticando a Marcao Expressional..................................................... 60 4. SUAVIZADORES DA FALA E LEITURA DE LOCUO ........................... 64 4.1 Suavizadores da Fala............................................................................... 65 4.2 Fala de Locuo e Regionalismo............................................................ 68

    UNIDADE III..................................................................................................... 70 1. TCNICAS DE APRESENTAO DE PROGRAMAS .............................. 71 1.1 Apresentao dinmica de programas .................................................. 71 1.2 Programas de Notcias ............................................................................ 72 1.2.1 Minuto da TV.......................................................................................... 72 1.2.2 Outros programas para treinar .......................................................... 73 1.3 Programa de Variedade .......................................................................... 74 1.3.1 Programa Domingo Sucesso............................................................ 74 1.3.2 Programa Agenda Capital .................................................................... 76 1.3.3 Programa de Corao a Corao......................................................... 78 1.4 Programas Musicais ................................................................................ 79 1.4.1 Programa Tarde Total ........................................................................... 79 1.4.2 Programa o Agito Nosso ................................................................... 81

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    Tcnicas de Locuo Para o Rdio

    Teoria e Prtica

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    UNIDADE I - ELEMENTOS DA DICO

    1. INTRODUO

    Nada acontece por acaso. O sucesso um somatrio de acertos e de

    erros; de trabalho e de cio; de dedicao pessoal e afinco na busca de alcanar objetivos.

    Se voc ainda no tem objetivos na vida que meream sua dedicao e empenho, talvez voc ainda no tenha verdadeiramente uma vida. Thomas Edson, o genial inventor norte-americano, definia sucesso como sendo composto por dois aspectos: 1% de inspirao e 99% de transpirao. De modo simplificado, podemos afirmar que, para Edson, em cada 100 pessoas de sucesso, apenas uma teve aquela inspirao nica, espetacular. As outras 99 pessoas conseguiram sucesso... trabalhando duro. O sucesso , portanto, mais uma questo de atitude perante a vida, de posicionamento pessoal nas mais diferentes situaes. E depende, em muito, da forma como somos avaliados em nossa comunicao cotidiana. Uma pesquisa americana identificou os fatores que definem nossa avaliao pessoal, no momento em que somos apresentados a uma nova pessoa. So eles: postura forma de vestir, de gesticular e de olhar em 55%, o contedo da nossa fala em 7% e a forma como falamos, em 38%. Como se v pelos nmeros, a pesquisa verificou que a forma de falar mais importante quando somos avaliados do que a prpria mensagem, o contedo da fala.

    A forma como a pessoa fala, a forma de transmitir a mensagem, depende essencialmente da dico. Nesse aspecto, este pequeno manual ser um precioso auxiliar ao seu sucesso.

    Este curso foi elaborado para o (a) auxiliar a conquistar o domnio da dico. Aborda os seguintes tpicos: a leitura em voz alta como base da dico; a articulao e a fonao das palavras; a expressividade da leitura e da fala para alcanar um objetivo comunicativo e, ainda, a arte de contar estrias. Bons treinos, bom aproveitamento do curso.

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    2. FUNDAMENTOS DA DICO

    Ao falar, quanto mais clara for a nossa expresso, mais rapidamente

    estabelecemos contato. A clareza diz respeito ao valor exato das palavras. Dizer leve o carrinho diferente de falar leve o carrim. Se a pessoa diz, eventualmente, entregue as cpia no o mesmo que solicitar entregue as cpias. Percebe-se que as palavras tambm indicam a situao cultural da pessoa que fala.

    Para formar uma imagem que corresponda ao seu nvel de

    conhecimentos, o ajuste da dico indispensvel. Isto , falar com erres e esses; com ei, ai, ou; com inhos e outros finais de palavras comumente omitidos, ou erradamente proferidos. Fale com destaque. A fala com dico assegura projeo pessoal. Quando a dico est ausente na fala, cria dvidas sobre a capacidade do comunicador. O que dico

    Em sentido lato, amplo, dico apenas dizer, de forma escrita ou falada. De modo estrito, falar de forma a ser entendido, com perfeita pronncia das palavras, de forma agradvel e com ritmo apropriado, com altura de voz e ressonncia adequadas. Ter dico ler pelo menos uma pgina de livro ou revista, de forma clara, sem tropeos e com musicalidade na voz.

    A chave para a conquista da dico na fala, a forma que aqui nos

    interessa, est na pronncia. E qual a pronncia a ser seguida: a paulista, a maranhense, a catarinense, a carioca, a gacha?

    Em todos os estados brasileiros h pessoas que falam com dico.

    Tambm em todas as cidades brasileiras h pessoas que falam descuidadamente. A soluo est na forma de falar individual. As pessoas que articulam as palavras ao falar que servem de modelo a ser seguido. O segredo delas est na apresentao correta dos sons das palavras, na correta enunciao dos fonemas. A Maneira rpida de conquistar a dico

    Se voc deseja reconhecimento pblico e eficincia comunicativa chegou a hora de trabalhar a dico. Falamos trabalhar a dico. Com o mnimo de esforo pessoal, em reduzido tempo, nos intervalos de suas atividades dirias, facilmente voc vai falar com perfeita pronncia das palavras.

    Apenas trinta minutos dirios, trs vezes por semana, sero suficientes

    para lhe assegurar, em 180 dias, urna invejvel pronncia. Se voc metodicamente organizar seus treinamentos e executar todos os

    exerccios aqui apresentados, no tempo previsto, receber elogios pelo seu novo modo de falar. E estar apto a desenvolver sua liderana pessoal, fechar mais negcios e, em consequncia, aumentar seus rendimentos.

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    Dico e articulao das palavras

    De forma rigorosa, dico a qualidade da fala. Se algum fala corretamente, proferindo todos os fonemas, tem dico. Do contrrio, dizemos que fala sem dico. No entanto, os nomes podem sempre receber qualificativos, como excelente, bom, boa ou m, e outros mais.

    Com o termo dico foi exatamente o que aconteceu no uso comum.

    Fala-se em boa ou m dico, ou dico ruim, talvez por influncia das expresses boa ou m articulao das palavras. Ao longo desse trabalho, consideramos dico como correspondente perfeita articulao das palavras. O que articulao das palavras

    Articular movimentar em torno de um eixo peas ou partes de um todo. Portas articuladas, cadeiras articuladas, mveis articulados, por exemplo. No corpo humano tambm h partes articuladas: brao e antebrao; perna e coxa; queixo e estrutura fixa da cabea, entre outras.

    Articulao das palavras o processo de emisso de fonemas, palavras

    e frases com movimentao do queixo e da lngua no interior da boca. Observe que o papel da lngua no processo da fala to importante que idioma tem como sinnimo lngua: Lngua Portuguesa.

    Elementos adicionais concorrem para a completa emisso das palavras:

    dentes, palato, seios nasais e lbios, essencialmente. Pelo que vimos, a articulao das palavras exige exerccios de leitura em voz alta com movimentao da mandbula e da lngua ao proferir as palavras.

    Falhas de articulao

    Em geral, a maioria das pessoas apresenta falhas de dico. Mesmo a ida Universidade raramente corrige os defeitos da fala. Claro que a influncia do grupo familiar um fator decisivo na formao da fala e da dico.

    Na famlia que se aprende a falar, com os erros e acertos presentes no

    padro cultural de seus componentes. No entanto, a dico mais uma caracterstica individual e fsica, que

    depende exclusivamente do esforo direcionado de cada um ao prprio aperfeioamento comunicativo. Assim, conhecer as falhas capacitar-se conquista da dico.

    A falha de maior relevo diz respeito falta de energia ao falar. Em

    consequncia, as palavras so mal pronunciadas e a avaliao do falante sempre negativa. Essa e as demais falhas relativas dico recebem tratamento neste manual. Basta praticar os exerccios.

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    Dico e disciplina pessoal

    Este um guia prtico. O aproveitamento mximo ser conseguido com um programa semanal de exerccios; nos moldes de uma academia atltica.

    Programe suas atividades com hora, dia e local e cumpra seu calendrio

    rigorosamente. Execute todos os exerccios e periodicamente, se possvel, faa gravaes em udio para avaliao. As gravaes no precisam ser dirias. As quinzenais registram mais adequadamente os progressos realizados.

    Tenha o cuidado de guardar as primeiras gravaes que realizar, pois

    serviro de base para atestar os avanos ao longo do perodo de treinamento. As orientaes aqui sugeridas tambm funcionam para o trabalho em duplas.

    Pela experincia acumulada ao longo dos anos, posso afirmar que o

    sucesso uma questo de disciplina pessoal. Cumpra seu treinamento e conquiste o sucesso pela dico perfeita. Capacite-se para os grandes desafios. O valor dos treinos

    A execuo de treinos dirios, pelo menos nos dois meses iniciais, de grande importncia. Reserve apenas trinta minutos dirios, a qualquer hora do dia, para seu trabalho prtico. Mesmo que disponha de muitas horas livres, no exagere nos exerccios.

    Mais vale treinar todos os dias por trinta minutos do que se dedicar a

    treinos apenas um dia por semana durante duas horas. Se dispuser de tempo, treine duas vezes ao dia, com intervalo de pelo menos dez minutos entre um e outro momento. A importncia da leitura em voz alta

    A aquisio da dico tem incio com os importantes exerccios de leitura em voz alta. Os benefcios advindos dessa leitura so muito amplos em nosso comportamento: influenciam e dinamizam nossas vidas em variados aspectos. Por isso, iniciamos o curso com leituras em voz alta. Antes de ler os textos iniciais, observe os principais benefcios que essa leitura nos propicia:

    a) essencial para a aquisio da dico, pois destrava a fala e nos

    faz perceber a forma correta de proferir as palavras. Fortalece os msculos responsveis pelo processo da fala e elimina a fraqueza da voz sem treino;

    b) Aumenta a confiana individual, elimina parte da timidez e faz

    desaparecer o acanhamento ao falar em voz alta. Assegura clareza ao que dizemos. Com a leitura em voz alta, aprendemos a falar sem tropeo nas palavras;

    c) D segurana aos profissionais que trabalham ou desejam trabalhar

    com a voz, como locutores, jornalistas, educadores, vendedores, pregadores, polticos, gerentes, etc.

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    Atividade prtica hora de treinar

    Leitura 1 Imagine estar lendo para uma pessoa ao seu lado Relatrio do Banco Mundial Elogia o Brasil

    Apesar de ter a maior renda per capita e a maior expectativa de vida entre as regies em desenvolvimento, a Amrica Latina est atrs das outras regies nas metas para reduo da pobreza, de acordo com o relatrio do Banco Mundial.

    Entretanto, a regio est atingindo os objetivos de desenvolvimento

    humano, frente de outras regies, na reduo da mortalidade infantil, acesso gua limpa para a populao e igualdade entre homens e mulheres no acesso educao.

    Um dos maiores desafios da regio o crescimento econmico. De

    acordo com o relatrio, o nmero de pessoas vivendo com menos de US$ 2,00 por dia na regio poderia cair de 128 milhes em 2001 para 122 milhes em 2015 se a renda per capita crescesse uma mdia de 2;4% ao ano. Nos anos 90, no entanto, o crescimento mdio da regio foi de apenas 1,5% ao ano.

    O crescimento de 5,7% no ano passado, o maior de 25 anos, deve ser

    visto com "otimismo cauteloso" na avaliao dos economistas do Banco Mundial.

    Eles alertam que apesar da reduo do crescimento prevista para este e

    o prximo ano, a regio deve aproveitar o momento de expanso para avanar na agenda de reformas estruturais, diminuindo as vulnerabilidades que impediram um crescimento sustentado no passado.

    Jean Sarbib, presidente do Banco Mundial, citou o Brasil como um

    exemplo de pas que est agindo para mudar a situao social, a partir dos dados coletados pelo Banco. "Se tomarmos o exemplo do Brasil, eles tentaram mobilizar o programa Fome Zero e o Bolsa-Famlia, fizeram muitos esforos neste sentido."

    Na reunio do Comit de Desenvolvimento, o ministro da Fazenda,

    Antonio Palocci, disse que o relatrio do Banco Mundial sobre desigualdade os levou a pensar no que precisa ser feito para combater o problema.

    "O Brasil est bem situado em relao s metas e deve cumprir a maioria

    delas", afirmou o ministro Palocci depois da reunio. "Mas muitos pases mais pobres tm dificuldade em cumprir", lamentou.

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    A reunio do Comit de Desenvolvimento do Banco Mundial foi a ltima

    antes da reunio de setembro na sede da ONU, em Nova York, quando todos os membros da organizao vo discutir os progressos dos ltimos cinco anos e novas fontes de financiamento dos projetos nos pases mais pobres. Fonte: BBC Brasil, 2005.

    Leitura 2 - Imagine estar lendo para o seu vizinho. Em cada ponto, levante a cabea e olhe para a parede ou a janela, como se olhasse para o seu vizinho. Vitamina C pode ajudar a combater o cncer

    Em testes de laboratrio, os cientistas descobriram que aplicaes intravenosas de vitamina C em forma de ascorbato matam clulas cancergenas.

    A pesquisa foi baseada em simulaes de infuses clnicas de vitamina C

    em grupos de nove clulas cancergenas e quatro clulas normais. Cerca de 50% das clulas afetadas no conseguiram sobreviver,

    enquanto as clulas normais no apresentaram qualquer alterao. Uma anlise mais detalhada das clulas de linfomas, que so

    especialmente sensveis ao ascorbato, mostrou que elas foram completamente destrudas. A dose testada tinha uma concentrao de vitamina C muito maior do que uma dose oral.

    Os cientistas no conseguiram explicar as causas desse resultado, mas

    disseram que o tratamento levou formao de perxido de hidrognio, substncia conhecida por ser txica s clulas.

    O lder da pesquisa, Mark Levine, disse que o tratamento ter de ser

    considerado seguro antes de ser aplicado em pacientes. As descobertas desse estudo contradizem outras pesquisas que dizem que a vitamina C no um tratamento efetivo contra o cncer.

    Estudos realizados na dcada de 70, primeiro sugeriram que a aplicao

    de doses altas de vitamina C poderia ajudar no tratamento do cncer, mas pesquisas realizadas depois no conseguiram provar o fato.

    "Esse trabalho est muito no comeo. H muitas pesquisas que j

    mostraram que diferentes substncias podem matar clulas cancergenas em laboratrio, mas que no funcionaram quando testadas em pessoas", afirma Henry Scowcroft, do Cancer Research da Inglaterra. Fonte: BBC Brasil, 2005.

    Selecione outros textos da pgina 62 e faa a leitura em voz alta. Fale o texto como se o estivesse falando para o seu ouvinte, no Rdio. Fortalea sua fala com treinos dirios de pelo menos trinta minutos.

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    3. O EXERCCIO FUNDAMENTAL DA DICO

    Para tornar a fala gil e evitar os tropeos na leitura, para destacar as

    palavras assegurando-lhes clareza, para abrir a articulao das palavras, pratique a leitura de pequenos trechos em voz alta, com um lpis colocado na boca transversalmente, preso entre os dentes superiores e inferiores. Sem deixar o lpis cair; sem segur-lo com a mo e sem prender a lngua por baixo dele, leia da forma mais clara possvel.

    Leia o texto trs vezes com o lpis na boca e trs vezes sem. Repita o

    ciclo at completar quinze minutos, diariamente, no horrio mais conveniente a voc. Os exerccios aqui indicados devem ser feitos dessa maneira.

    Se for o caso, selecione novos textos e treine com essa tcnica. O lpis

    na boca, e no a caneta que fere os lbios, deve ser sustentado apenas pelos dentes sem muita fora e sem muita presso no maxilar.

    Importante: O lpis fica apoiado nos pr-molares, primeiros dentes, com

    a face plana depois dos incisivos (pontiagudos), praticamente no meio da arcada dentria. Se o lpis ficar na ponta dos dentes, no haver abertura adequada do maxilar e se ficar muito no fundo da arcada dentria, vai machucar os lbios.

    Nas trs primeiras semanas, h uma certa 'babao' ao realizar o

    exerccio. Depois a salivao diminui. Lembre-se de que engolir a saliva serve para hidratar a faringe (garganta).

    Ao fazer a leitura com o lpis, busque falar as palavras de modo claro,

    como se no houvesse o lpis impedindo a perfeita emisso da voz. Realize treinos com essa tcnica no mnimo por 180 dias. Nesse tempo voc vai adquirir uma fala nova, realmente clara. Ao longo desse perodo, realize os treinos pelo menos trs vezes por semana.

    Se desejar fazer gravaes para verificar o crescimento pessoal, faa-

    as quinzenalmente. Gravaes em perodos menores que este no mostram o aperfeioamento alcanado nos treinos.

    Insistimos para que voc programe seus treinamentos. Estruture um

    calendrio de atividades e ver que sempre h tempo disponvel para as coisas importantes.

    Chegou a hora de iniciar os seus treinos. Articulao, fonao e

    vocalizao das palavras so aes bsicas para quem deseja utilizar a voz como instrumento de comunicao.

    Inicie os treinos de articulao com o lpis. Faa a sequncia trs

    vezes: inicie com o exerccio 001 e v at o 006 seguintes.

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    Atividades Prtica hora de treinar

    Ex 001

    Era sobremesa; ningum j pensava em comer. No intervalo das glosas, corria um burburinho alegre, um palavrear de estmagos satisfeitos; os olhos moles e midos, ou vivos e clidos, espreguiavam-se ou saltitavam de uma ponta outra da mesa, atulhada de doces e frutas, aqui o anans em fatias, ali o melo em talhadas, as compoteiras de cristal deixando ver o doce de coco, finamente ralado, amarelo como uma gema, ou ento o melado escuro e grosso, no longe do queijo e do car.

    Fonte: Machado de Assis (Memrias Pstumas de Brs Cubas)

    Ex 002

    Que vida interessante a do primo Baslio! - pensava. O que ele tinha visto! Se ela pudesse tambm fazer as suas malas, partir; admirar os aspectos novos e desconhecidos, a neve nos montes, cascatas reluzentes! Como desejaria visitar os pases que conhecia dos romances - a Esccia e os seus lagos taciturnos, Veneza e os seus palcios trgicos; aportar s baas, onde um mar luminoso e faiscante morre na areia fulva; e das cabanas dos pescadores, de teto chato, onde vivem as grazielas, ver azularem-se ao longe as ilhas de nomes sonoros! E ir a Paris! Paris sobretudo! Mas, qual! Nunca viajaria de certo; eram pobres; Jorge era caseiro, to lisboeta!

    Fonte: Ea de Queiroz (O Primo Baslio)

    Ex 003

    Uma tcnica fundamental na linguagem telejornalstica a regra dos 180 graus. Trata-se da sucesso de atitudes tcnicas quanto ao enquadramento de planos para produo de entrevistas para a televiso. uma regra imprescindvel, e deve ser rigidamente seguida. Tem o seguinte fundamento: quando se realiza uma entrevista para telejornalismo, trs participantes da reportagem o entrevistado; o reprter e o cameraman tm de estar posicionados de um s lado de uma linha imaginria que divide o cenrio em dois. Para isso, deve-se traar uma linha que ligue o reprter ao entrevistado. Essa linha se prolonga at o infinito, nos dois sentidos. Em seguida, deve-se realizar todo o trabalho visual da entrevista dentro de um s lado dessa linha. Com a regra dos 180 graus, fica mais claro o conceito da necessidade da realizao dos contraplanos da entrevista. Os contraplanos so os enquadramentos que mostram o rosto do reprter no momento em que o entrevistado est falando ou ouvindo a pergunta do reprter.

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    Fonte: Sebastio Squirra (Aprender Telejornalismo)

    Ex 004

    Quero que todos os dias do ano todos os dias da vida de meia em meia hora de 5 em 5 minutos me digas: Eu te amo. Ouvindo-te dizer: Eu te amo, creio, no momento, que sou amado. No momento anterior e no ano seguinte, como sab-lo? Quero que me repitas at a exausto que me amas que me amas que me amas. Do contrrio, evapora-se a amao pois ao dizer: Eu te amo, desmentes, apagas teu amor por mim.

    Fonte: Carlos Drummond de Andrade (As Impurezas do Branco)

    Ex - 005

    Voc sabe o que a teoria da evoluo? Como funciona uma astronave? Por que o cu azul e a gua do mar salgada? O que a camada de oznio? Como o crebro cria ideias? Quando surgiu a vida na Terra?

    As respostas para essas e milhares de outras perguntas voc encontra

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    Ex 006

    De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero viv-lo em cada vo momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angstia de quem vive Quem sabe a solido, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que no seja imortal posto que chama Mas que seja infinito enquanto dure.

    Fonte: Vincius de Moraes (Soneto de Fidelidade)

    Lembre-se: esse exerccio pode ser praticado a qualquer hora do dia ou da noite. Utilize qualquer texto. O importante que voc saia da zona de conforto (desejar sempre o melhor e nada fazer para conquist-lo). Continue com os exerccios. Em breve ser elogiado pela voz melodiosa e pela clareza com que faz leituras ou fala aos amigos.

    3.1 Articulao de Palavras e Frases Isoladas

    Leia de forma clara, com o lpis na boca, por trs vezes. Logo depois,

    leia outra vez sem o lpis por trs vezes. Repita a sequncia at completar quinze minutos de treinos. Ex 007 R em final de. palavra - Importante: faa o erre final suave, sem a vibrao rrrrrrr. Pronuncie o erre carioca, suave, velar. Mas fique atento: amar diferente de am e atar diferente de at. Atar Agir Abrir Miar Viver Dizer Sentir Bramir Gritar

    Partir Engravidar Alavancar Espargir Azucrinar Escorregar Espremer Espantar

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    Refulgir Entender Instruir Talhar Exigir Nadar Comprar Lutar Sorrir Olhar Buscar Mexer Sair

    Orar Chorar estudar Recrear Pacificar Consentir Empenhar Ramificar Coalhar Amargurar Estabelecer Repartir Estremecer Edificar

    Amealhar Emagrecer Abocanhar Envelhecer Apunhalar Estratificar Felicitar Embevecer Endoidecer Capacitar Esmorecer

    Escrutinar Relampejar Entabular Multiplicar Aparelhar Comunicar Metralhar Envelhecer Redobrar Vivenciar Divagar

    Ex 008 Pronncia do S em final de palavra - Este esse sibilante como o esse paulista. No rdio, evitamos o esse chiado carioca. Lpis Trecos Lecos Frisos Ondas ruas Pes

    Raios Cordas Liras Roncos Falas Roucos Ilhas

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    Ex 009 S em final de palavra Janelas Novelas Histrias Pegadas Gramados Cartrios Animadas Batizados Chamuscados

    Rochedos Canelas Caladas Vexatrias Encharcados Simplrias Rodeados Pisoteados Alimentados

    Chapiscados Cobertores Estrangeiros Obrigaes Protetores Arrumaes Empregadores Temerrios Extraordinrios Estimulantes Gritadores Amargurados Pisaduras Adornados Guardadores Limpadores

    Ordinrias Tremores Escriturrios Promoes Plantaes Arbitrrios Acariciantes Ferraduras Agravantes Letreiros Pasteurizados Militarizados Avacalhados Destroados Mendigados

    Estudantes Enervantes Refrescantes Apressados Elegantes Aloucados Emocionados Adocicados Estirados Compensados Alongados Compenetrados Reconquistados Arredondados

    Emparedados Encaminhados Enregelados Empolgados Recalcados Balbuciantes Estonteantes Limitantes Fulminados Endiabrados Enegrecidos Planejados Estipulados Desencorajados

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    Ex 010 R e S finais em frases. Torne o final das frases vivo, com energia. No deixe a fala "morrer" no final da frase. Quando voc atar, eles atam. Se atares, deixa que os outros atem tambm. Quando voc agir, eles agem. Se agires, deixa que os outros ajam tambm. Quando voc abrir, eles abrem. Se abrires, deixa que os outros abram tambm. Quando voc amar, eles amam. Se amares, deixa que os outros amem tambm. Quando voc sorrir, eles sorriem. Se sorrires, deixa que os outros sorriam tambm. Quando voc agradecer, eles agradecem. Se agradeceres, deixa que os outros agradeam tambm. Se pedires, outros podem pedir. Se sorrires, outros podem sorrir. Se lutares, outros podem lutar. Se comprares, outros podem comprar. Se nadares, outros podem nadar. Se agires, outros podem agir. Ex 011 R e S em final de frase. Faa as pausas necessrias interpretao da frase. Os ventos batiam forte e as telhas de barro das casinhas do bairro soltavam-se a todo o momento. Pssaros multicoloridos presos em gaiolas faziam a festa das agitadas crianas na feira. Pingos de luz em todas as gotas de orvalho e cheiros de flores enchiam os ares daquela primavera. Postes enfileirados, nibus, caminhes e automveis exaustos subiam as rampas das ruas ngremes. Duzentos, trezentos, quatrocentos ou talvez quinhentos soldados, quem sabe, bloqueavam as ruas.

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    No temporal, relmpagos, fortssimos troves e raios assustadores faziam os instantes interminveis. As plancies avermelhadas do centro-oeste eram desafiadoras e tinham encantos para os aventureiros. Os dias corriam como guas de corredeiras e todos sentiam dificuldades em seguir seus passos. Os papagaios comiam os frutos verdes e seus gritos lembravam festas de adolescentes em frias. Os batedores eram esforados no trabalho e suas gastas sandlias de couro diziam das suas qualidades. Pequenas, mdias e grandes - em cores variadssimas - as bolas de gude eram disputadas pelos meninos. Seis sis se passaram antes de o ndio retornar aldeia com variadas caas e diversos peixes. Cavar e retirar a terra molhada, no meio da chuva, era como construir castelos de areia beira-mar. Dizer do amor que tinha pelos pequeninos to difcil como falar da dedicao que tinha pelos mais velhos. O ar estava cheio de uma msica que lembrava o mar em tardes marcadas pelo subir e descer das ondas. Errar comum, mas errar tantas vezes como ele errou decididamente era errar mais que qualquer um. O brilhar dos fogos, o rudo ensurdecedor das msicas e o passar rpido das pessoas anunciavam a festa. Para conter o avano do mar e proteger as construes das altas mars, ele mandou construir o quebra-mar. Para romper a rede de proteo e alcanar a liberdade, o peixe ficava horas e horas a saltar at se cansar. Ele gosta de rebuscar o desenho em que imaginava encontrar a mesma luz que encantara o seu olhar. No shopping sua programao era passear, olhar roupas, comparar sapatos e observar, observar. Caminhar cedo, trabalhar at o incio da noite, ver teatro e beber com os amigos era o que gostava de fazer.

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    Estava de frias e ia pescar, viajar, ler alguns livros e visitar alguns parentes que desejava encontrar. O estalar das paredes e o ronco do motor do carro no interior da casa despertaram a vizinhana. Ex - 012 R e S em final de frase. Fale com interpretao, imagine que est falando a frase para uma pessoa sentada ao seu lado. Os amigos eram poucos, realmente selecionados, prontos para socorr-los em todas as situaes. Ao comprar a casa o seu encanto fora o pomar rico em rvores frutferas e um encanto ao olhar. Os seres superiores apresentam luzes que irradiam a felicidade nas situaes as mais diversas possveis. Seu olhar era terno e seus grandes olhos azuis pareciam encantar a todos os rapazes que l iam estudar. Rosas de todas as cores e de perfumes variados eram oferendas deixadas aos santos s sextas-feiras. Pintar era uma arte que tentava dominar desde que, menina, comeou a escrever e a desenhar. Ruas, rampas, rosas, ramos, remos, rios, rumos, ralos, retos, ritos, rotos, ratos, reles, rolos, roucos, renas. Amar, beber, curtir, sentir, ouvir, falar, cantar, escrever, viver, intuir, distrair, contrair, comparar, mostrar, prever. Amados, queridos, admirados, enaltecidos, reconfortados, encaminhados, acompanhados, esquecidos. Desejo de possuir, mania de comprar, nsia de viver, sonhos a realizar, etapas a vencer, desafios a superar. Casas amarelas, automveis vermelhos, ruas brancas, homens amarelos, rvores marrons, pssaros verdes. Brinquedos de armar, casas de montar, pastas para arquivar, aparelho de cortar, fogo para assar. As longas noites do vero estavam chegando ao fim. Noites maravilhosas, inesquecveis, interminveis.

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    Desejava fazer uma composio especial. Queria compor uma cano para ficar, para ser sempre lembrada. Os meninos viviam em festas naquele inverno. As guas das bicas eram disputadas como brinquedos raros. Os homens estirados debaixo das rvores pareciam bbados. Mas estavam apenas tirando sestas no almoo. Viver perigosamente, viver e saber que a morte a qualquer momento pode chegar: coisa de policial militar. Seus sapatos estavam sempre lustrados e refletiam os cuidados pessoais que nele eram quase obsessivos. Nossos melhores craques so vendidos como bananas muito maduras aos clubes internacionais. Organizar e criar uma associao, motivar pessoas a ela dedicar horas de trabalho, inovar, liderar. Os grupos vocais surgidos nas ltimas dcadas caracterizam-se pelas coreografias ousadas e sons originais. Ao comandar o florescer da arte, inicialmente foi pintar e desenhar, junto ao mar, sempre ao entardecer. Foram homens habilidosos, construtores dedicados, que construram as trilhas que serviram de base s civilizaes atuais. Ao compreender como difcil era arrancar a verdade dos seus lbios preferiu partir a ouvir meias verdades. Coisas importantes, como nascer ou morrer, so fatos nicos e ficam registrados para sempre na memria daqueles que nos amam. O arrastar das sandlias, o falar manso, o olhar vagaroso e o acenar lento indicavam que a av no ia viver muito mais. Exploses, exploses e um cu de brilhos multicores, e o cheiro de plvora no ar, eram seguidos de olhares exclamativos e de largos sorrisos: indicavam a alegria dos convidados. O que fazer em uma manh cinzenta? Caminhar, ler, ouvir msica? Ver televiso, ligar para algum, dormir? Que azar de domingo! Os sonhadores querem sempre conseguir as coisas no amanh; os empreendedores montam as peas e definem o futuro. Pena que nem sempre os sonhadores sejam tambm empreendedores.

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    Eram anotaes variadas, soltas em diversos cantos da casa: algumas na sala, outras no quanto de dormir, muitas na cozinha e umas tantas outras at mesmo no banheiro. Lavar, lavar, lavar as mos uma, duas, trs,... Muitas vezes; limpar, limpar, limpar o sujo dos dedos uma, duas, trs... Eram muitas e demoradas limpezas nas mos engilhadas e esbranquiadas.

    4. A EXPRESSIVIDADE NA LEITURA EM PBLICO

    A fala sem tropeos, clara, com a pronncia correta das palavras fundamental, mas no tudo. A forma de dizer a essncia da dico. Recorde que, na introduo, apresentamos uma pesquisa americana que verificou: a forma de dizer mais importante que a mensagem, em termos de impacto pessoal, no primeiro momento.

    A forma de dizer por meio da fala um poderoso instrumento a servio

    do indivduo. E a forma de dizer depende do objetivo da comunicao: persuadir, informar, vender, converter, ensinar...

    Portanto, temos sempre um objetivo na comunicao verbal. E ao

    falarmos, ou fazermos uma leitura em voz alta, precisamos, antes, identificar o nosso objetivo comunicativo para darmos expressividade s emoes e colocarmos as nfases na fala ou leitura.

    A forma de maior impacto na comunicao pela fala, verbal, o contar

    estrias. Tanto na escrita quanto na fala narrativa, temos um poderoso modo de envolver as pessoas, de conquist-las. A comunicao eletrnica Rdio e TV usa e abusa do contar estrias. Por isso fique atento: ao ler, imagine que o faz para um ouvinte especfico, fale o texto use um tom como se contasse uma estria para essa pessoa.

    Note que a leitura em voz alta quase sempre uma leitura para

    terceiros. Assim, sempre idealize um ouvinte hipottico: a cadeira, a janela, a mesa... E leia com o tom de contador de histrias, olhando de quando em vez para essa pessoa hipottica.

    Orientaes para leitura - fala de um texto:

    1. Primeiro leia o texto silenciosamente. Busque entender o significado e o objetivo da mensagem. uma mensagem alegre? Informativa? Irnica?

    2. Faa uma leitura preparatria com o lpis na boca. As palavras que

    oferecem dificuldade de leitura devem ser lidas isoladamente mais de uma vez. Leia a palavra separando as slabas e depois de forma corrida.

    3. Leia para uma pessoa em particular. Se estiver em um auditrio,

    visualize uma pessoa de cada vez, e no o todo, e fale o texto para ela. Repito, fale como se contasse uma histria ao seu ouvinte no Rdio.

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    4. No quebre a leitura no meio da frase por falta de flego. Respire no incio das frases. Leia com voz mais alta os trechos mais importantes, que voc j sublinhou (fez um trao embaixo), antes, na leitura silenciosa.

    5. As mesmas orientaes dadas na Aula 1 continuam valendo aqui.

    Leia: cada texto com o lpis trs vezes e, logo depois, sem o lpis por mais trs vezes. Fale o texto como se contasse uma histria para o ouvinte hipottico, seja criativo, varie a leitura. No Rdio, usamos o tom/jeito, de contador de histria para aumentarmos a nossa aproximao com o ouvinte, para tornamos a locuo mais intimista.

    Ex 013 - Textos para leitura fala. Leia como se dirigisse a fala a um amigo. A lngua que falamos

    Esse negcio de lngua estrangeira em pas colonizado fogo. A comear que a nossa lngua oficial, o portugus, ns a recebemos do colonizador luso, o que foi uma bno. Imagina se, como na frica, ns tivssemos idiomas nativos fixados em profundidade, ou, ento, se fosse realidade a falada "lngua geral" dos ndios, que alguns tentaram, mas jamais conseguiram impor como lngua oficial do brasileiro. Mesmo porque as tribos indgenas que povoaram e ainda remanescem pelos sertes, cada uma fala o seu dialeto; o patax, por exemplo, no tem nada a ver com o falar amaznico; pelo menos o que nos informam os especialistas.

    Mas deixando de lado os ndios que ns, pelo menos, pretendemos ser,

    falemos de ns, os brasileiros, com o nosso portugus adaptado a estas latitudes e lngua oficial dos nossos vrios milhes de nativos. Pois aqui no Brasil, se voc for a fundo ao assunto, toma um susto. Pegue um jornal, por exemplo: todo recheado de ingls, como um peru de farofa.

    Nas pginas dedicadas ao show business, que no se pode traduzir

    literalmente por arte teatral, tem significao mais extensa, inclui as apresentaes em vrias espcies de salas, ou at na rua, tudo show. E o leitor do noticirio, se no for escolado no papo, a todo instante tropea e se engasga com rap, punk, funk, soop-opera, etc, etc.

    Cantor de forr do Cear, do Recife, da Bahia s se apresenta com seu

    song book, onde as melodias podem ser originalmente nativas, mas tm como palavras-chave esse ingls bastardo que eles inventaram e no se sabe se nem os prprios americanos entendem. Fonte: Raquel de Queiroz

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    Ex - 014 - Conte essa estria para o ouvinte ideal (imagine que seja a cadeira, a mesa, a porta ao lado... personalize, personalize, personalize a sua fala), fale a ele(a) com o 'tom' de contador de histrias. Chu comanda o trfego

    No domingo, hora cinzenta em que terminam as festas e todos voltam meio decepcionados para casa, rugiam de impacincia os automveis ante o sinal vermelho. Alguns farolavam de longe, pedindo passagem. Mas s o vermelho no cedia ao verde. E com a fora de seu smbolo, paralisava o trfego.

    Os terrveis moleques da praa perceberam a confuso. Chu, o

    Principal deles, resolveu intervir. Vai para o meio do asfalto, comea a acenar aos motoristas.

    Que passem! Livre estava o trnsito para a direita. - Podem vir! No estou brincando! de verdade... Hesitaram alguns a princpio. Depois romperam. Outros os seguiram.

    Chu imponente estende os braos para a rua principal. Os motoristas enfim acreditam nele. E a imensa massa de veculos cadilaques, oldsmobiles, buques, fordes e chevrols desfila ao comando nico do pequeno maltrapilho.

    Em enrgico movimento, Chu ordena aos carros que parem. Gira o

    corpo, estica o brao e manda que sigam pela esquerda os da rua principal. No que obedecido.

    Passageiros e motoristas atiram moedas. Mas o improvisado inspetor,

    cnscio de suas responsabilidades, sabe que no pode abaixar-se para apanh-las sem risco para o trnsito.

    Quando, gritando de longe, a me do garoto o ameaava com uma coa,

    aparece uniformizado, um inspetor de verdade. Prende Chu e o leva para o Distrito.

    - Ns apanhamos as moedas para voc - gritaram-lhe os companheiros. No eram as moedas que ele queria, oh! No era isso! O que Chu

    queria era voltar ao trfego, continuar submetendo aqueles carros enormes, poderosos, ao seu comando nico, ao aceno de seu bracinho...

    Fonte: SILVIA, Elza M. Rocha. In: Anbal Machado

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    ANEXOS PRTICAS DE LEITURA E RITMO

    Texto 1 O crescimento

    "O crescimento um negcio que toda a gente fala nele quando ns

    somos pequenos. S serve pra gente ter que comear a fazer tudo sozinho, como mudar de roupa e cortar a carne no prato. O bom no crescimento a gente poder atravessar a rua sem pegar na mo da me, mas o ruim quando ela diz que a gente j est muito grande pra fazer certas coisas.

    O crescimento deixa tambm a gente aprender mais uma poro de

    palavras que todo mundo acha graa mas de vez em quando a gente diz uma que no devia e o papai berra que a mame est estragando esse menino completamente. Pensando bem crescimento no nada bom ainda mais como o do Joquinha que cresceu tanto que foi mandado pra escola muito antes do tempo." FERNANDES, Millr. Conpozissis inftis. Rio de Janeiro: Nrdica, 1975. p. 18, 19.

    Texto 2 O comportamento

    "O comportamento isso que a gente leva zero na escola e tapa do

    bom em casa. O comportamento isso que o soldado tem de ter e o comandante no, como l em casa que as crianas esto sempre se comportando mal, agora a mame e o papai s receberem uns amigos que fazem cada uma que eles nem sabem que eu e meu irmo samos devagarinho l da cama pra olhar eles, e se fosse no colgio nem zero era pouco pra dar pra eles todos.

    O que eles fazem botam a culpa no usque e a gente s tem Coca-Cola

    pra dizer que foi por causa dela que a gente ficou doente mas o que acontece que a gente acaba de castigo sem beber nenhuma a semana inteira. O que eu no sei mesmo quem foi que inventou essa idia de que garoto s muito quietinho e bem sentadinho e no mexendo em nada e nem comendo coisssima nenhuma na casa dos outros e nem falando pras visitas o que papai fala delas, que bonito. Ah, poxa!

    O comportamento uma coisa que a mame diz que no suporta o meu

    mas eu que no entendo o dela. Uma hora ela me d uma poro de beijinhos, outra hora ela me pe de castigo o dia todo. Uma vez ela diz que eu sou tudo l na vida dela, outra vez ela grita: 'Que menino mais impossvel, voc vai ver s quando seu pai chegar!' Tem umas ocasies que ela chora muito porque no sabe mais o que fazer comigo e outras eu ouvo ela dizendo pras visitas que 'o meu, felizmente, muito bonzinho e muito carinhoso'. Eu j desconfio que a mame a mdica e a monstra." FERNANDES, Millr. Conporlsss imftis. Rio de Janeiro: Nrdica, 1975. p. 18, 19.

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    Texto 3 A menina e o pssaro encantado

    A menina amava aquele pssaro e podia ouvi-lo sem parar, dia aps dia.

    E o pssaro amava a menina, e por isto voltava sempre. Mas chegava sempre uma hora de tristeza. "- Tenho de ir", ele dizia. - Por favor, no v. Fico to triste. Terei saudades. E vou chorar ..." E a

    menina fazia beicinho...

    "- Eu tambm terei saudades", dizia o pssaro. "Eu tambm vou chorar. Mas eu vou lhe contar um segredo: as plantas precisam de gua, ns precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade. aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu no for no haver saudade. Eu deixarei de ser um pssaro encantado. E voc deixar de me amar"

    ALVES, Rubem. A menina e o pssaro encantado. So Paulo: Loyola, 1992. [p. 13. 14]

    Texto 4 O espelho

    Como seu Pssaro mudara!, a Menina pensou. Ela nunca o havia visto se olhando num espelho. Seus olhos estavam sempre cheios de mundos, de montanhas e campos nevados, florestas e mares... To cheios de mundos que no havia neles lugar para sua prpria imagem. Mas agora era como se os mundos no mais existissem. Os olhos do Pssaro estavam cheios do seu prprio reflexo. A Menina percebeu que o seu Pssaro fora enfeitiado.

    Com certeza algum, com inveja, como a madrasta da Branca de Neve.

    E que instrumento mais terrvel para o feitio que um espelho? Mais terrvel que as gaiolas. De dentro das gaiolas todos devem sair. Mas dentro dos espelhos todos querem ficar. ALVES. Rubem. A volta do pssaro encantado. 3. ed. So Paulo: Paulinas, 1989. [p. 6] Texto 5 Desencontros dos coraes Mnica Krausz

    As meninas de 12 ou 13 anos querem ficar com os meninos de 15 ou 16 porque acham que os garotos da mesma idade s gostam de futebol e videogame. Mas os meninos mais velhos acham que elas so novas demais.

    Com a entrada na adolescncia, ao redor dos 12 anos, o organismo

    recebe uma carga enorme de hormnios. Alm de transformarem os corpos, os hormnios mexem com a cabea da moada. a poca em que meninos e meninas descobrem que existe o sexo oposto.

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    A fase no muito fcil, especialmente porque meninos e meninas tm expectativas diferentes. As amigas Renata, de 12 anos, Laura, de 13, e Maria Clara, tambm de 13, preferem namorar os rapazes mais velhos do 1 colegial. "Os meninos da nossa idade querem ficar com a gente quando no tm mais nada para fazer", explica Renata. "Os mais velhos s ficam com a gente porque gostam mesmo", complementa. "O problema que raro os mais velhos darem bola pra gente", reclama Maria Clara.

    Sorte dos mais novos. Ao contrrio do que Renata pensa, seu colega de escola Lus Otvio, de 13 anos, gostaria de namor-Ia. Ele no diz que esteja apaixonado, mas confessa que se Renata quisesse ele "ficaria" com ela umas "vinte" vezes.

    Antes de comear a namorar o lance "ficar". As pessoas se encontram, conversam e se beijam, mas sem compromisso. No dia seguinte, a histria outra: uns continuam amigos, outros nem se olham mais. Hermano, de 13 anos, ainda no namorou ningum. "S fiquei umas cinco vezes com a mesma menina", diz. A receita de sucesso de Hermano simples. Depois de uma conversinha ele pergunta se a garota quer dar uma volta e, se ela topar, vo para "um lugar mais escondido", conta. Hermano discreto e no gosta de beijar em pblico.

    Mas Hermano diz que a primeira vez que se "fica" exige coragem. Ele lembra que contou com os amigos, que perguntaram garota se ela queria ficar com ele. Ela topou e ele no se esquece que foi para o encontro tremendo.

    Paulo, de 14 anos, j "ficou" com uma colega da escola, Carolina, de 13

    anos, mas acha que namorar na escola complicado. "Pinta cimes", explica. Carolina mais romntica E gostaria de namor-lo. "A gente sente mais segurana namorando do que ficando", diz. O Estado de S. Paulo. 05.03.1994

    Texto 6 Teens se encontram nas portas de prdio Escada lugar preferido para um bate-papo. Antonina Lemos

    Eles so o terror dos sndicos e dos porteiros. Rejeitam danceterias, shoppings e bares para ficar jogando conversa fora na frente de casa. So os integrantes das turmas de prdios, uma gente que lota as portarias e escadarias de edifcios nos finais de semana.

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    Quem integra esse tipo de turma no sente necessidade nem de atravessar a rua para se divertir. "Isto aqui melhor do que qualquer danceteria", diz Pedro, 17, morador da Rua Novo Horizonte, Cerqueira Csar (centro de So Paulo) e que passou todas as suas frias jogando "Imagem e Ao" e tocando violo no seu prdio.

    Para aproveitar as maravilhas de seu condomnio que na verdade s

    tem um hall, uma escada na frente e um improvisado campinho de futebol ele conta com a companhia de seus vizinhos e at com amigos que no moram l. Eu venho para c todo dia, diz Lus Carlos, 17, que mora na Consolao e vai para l de bicicleta.

    Os integrantes da turma no sabem explicar ao certo por que o prdio foi

    adotado como point. ''Esta escada muito agradvel", diz Lazlo, 17. Pedro tem outra explicao: "Aqui tem muita gente da nossa idade, as pessoas acabam trazendo os amigos e a turma est formada".

    Algumas galeras se do ao requinte de juntar quase 50 pessoas. este o

    caso da turma da Rua Gandavo, na Vila Mariana (zona sul). A "turma do mal", como eles se auto-intitulam, rene um bando de jovens da mais variada faixa de idade seus integrantes tm de 14 a 28 anos.

    Os orgulhosos integrantes nutrem um verdadeiro amor ao prdio. Todo

    mundo adora morar aqui, mesmo quem muda acaba voltando para passar as frias, diz Manoel, 24, o "Man". esse o caso de Fernando Augusto, 18, o Nenm. Ele mudou do prdio d trs anos, mas continua indo l sempre que pode. Os meus amigos esto todos aqui, diz.

    A turma, que afirma que conhecida em todo o bairro, lota a porta do

    prdio nos fins-de-semana. "Vem gente de todo canto, um monte de carros ficam estacionados em fila dupla", orgulha-se Rodrigo, 18, o "Ruivo".

    A adoo do prdio como point no vem de hoje. "Aqui tem turma desde

    78, esse prdio sempre foi conhecido por ter muitos jovens", conta Fernando, 28, o "vov" da moada.

    Honrando a tradio, os moradores do prdio acabam formando casais

    e at se metendo em brigas para defender algum vizinho. "Se for preciso a gente briga mesmo", diz Marcelo, 24, 'o "Xepa".: Ele conta que quando saem juntos, ningum se atreve amexer com as meninas. Tambm, pudera, s de olhar para a cara do Xepa eles j devem morrer de medo. que o cara um verdadeiro armrio.

    Folha de S. Paulo, 14.02.1994. Folhateen, p. 6-6.

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    Texto 7 Turmas so campes em arranjar confuso. Confuses no faltam nos prdios que tm turmas. Sempre tem

    moradores que implicam com os "jovens baderneiros", sndicos que no suportam os vidros quebrados por causa da falta de pontaria dos craques e por a vai. Os teens dos prdios colecionam histrias.

    Pedro, 17, do prdio da Novo Horizonte, reclama de uma "velhinha" que vive reclamando. E tambm do sndico, que proibiu a turma de freqentar o terrao, onde costumavam ver o pr-do-sol. Mas eles aprontam. J quebraram vrios vidros jogando bola e simplesmente destruram a mesinha que ficava no hall em uma das noites de cantorias que fazem por l.

    Outros "ratos" de prdios que costumam se meter em confuso so os freqentadores do Kwarichi, na Aclimao (zona sul). Eles j perderam a conta das vezes em que se meteram em confuso. "A gente fica conversando alto de madrugada e sempre tem gente que vem reclamar", diz Patrcia, 14.

    Muitas vezes as brigas acabam com os pais recebendo incontveis

    reclamaes e com tentativas, frustradas, de fazer que os integrantes da turma que no moram no prdio parem de freqent-lo.

    claro que a turma do mal podia ficar livre da confuso. Eles j

    brigaram com vrios sndicos e porteiros, que tentam em vo evitar a aglomerao na portaria. Hoje em dia eles tentam acabar com a nova regra que foi imposta pelo condomnio: os teens foram proibidos de namorar nos corredores do prdio. Folha de S. Paulo, 14.02.1994. Folhateen, p. 6-6 Texto 8 OVNIs sobrevoam So Gonalo do Amarante

    Populares de So Gonalo do Amarante afirmaram ter visto Objetos Voadores No-Identificados (OVNIs), nos dias 24 de janeiro, trs e onze de fevereiro passados. Os objetos sobrevoaram o municpio, causando espanto e medo entre os que viram de vrios pontos da cidade e de localidades vizinhas da sede.

    O diretor do Centro de Estudos Ufolgicos do Cear (CEU), Jos Jean

    Pereira de Alencar, viu um OVNI no dia 24 de janeiro. Ele estava na fazenda Lagoas Novas, a quatro quilmetros da sede do municpio, junto a outras pessoas. O objeto veio do sentido norte, cruzou o cu numa velocidade mdia, com aparncia de um foguete. De frente, parecia uma grande bola branca e brilhante, segundo o uflogo, que tambm identificou uma cauda luminosa.

    O mesmo objeto di visto na sede de So Gonalo por vrias pessoas.

    Dentre elas, o sargento reformado da Polcia Militar, Jos Duca Soares da Silva, residente na rua Neco Martins, que notou a presena do objeto da varanda de seu apartamento. Uma grande bola azul, que incidia um raio azul sobre o prdio da Prefeitura de So Gonalo, disse. O objeto ficou pairando no cu por mais de 20 minutos. Em seguida, subiu at desaparecer. Vrios menores que jogavam bola na quadra esportiva Waldemar Alcntara tambm testemunham o aparecimento, descrevendo da mesma forma o objeto.

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    A funcionria dos Correios, vila Gouveia, e o esposo Roberto Rodrigues pararam o carro para constatar o disco voador. Jos Jean diz que recebeu informaes sobre o aparecimento do mesmo objeto nos municpios de Paraipaba, Paracuru, distrito de Stios Novos, em Caucaia, e no bairro Jacarecanga, em Fortaleza.

    No dia trs de fevereiro, s 20h15min, os moradores da rua Coronel

    Barroso, em So Gonalo, viram um OVNI vindo do sentido sudeste. Informado por Maria de Ftima Freitas Gomes, o diretor do CU foi ate o local. Para ele, foi uma das mais ntidas vises.

    O OVNI era bem visvel. Saiu de dentro de uma grande nuvem e

    aparentava uma bola cinzenta. Deslocava-se lentamente, do sudeste para o leste. Aps 15 minutos, parou e dele saram dois objetos com o formato de estrelas que comearam a se locomover lentamente. Um dos objetos movimentava-se para baixo e o outro para cima, descreve o uflogo, complementando que os OVNIS ficaram nesse movimento por mais de 40 minutos, ate desaparecerem.

    No dia 11 de fevereiro passado, Telma Morais estava com colegas na

    praa da igreja de So Gonalo quando viram um objeto desconhecido voando em baixa altitude. Eram 22h40min e parecia uma bola com luzes coloridas. Aps segundos, as luzes se apagaram, voltaram a acender e o objeto foi em direo ao poente. Segundo o major-aviador Oscar Machado Jnior, do Esquadro de Comando da Base Area de Fortaleza, os radares da unidade no registraram nada de anormal nos dias e horrios descritos pela populao de So Gonalo (Pedro Herculano). Dirio do Nordeste (Fortaleza), 25.02.1994. Interior, p.12. Texto 9 Especialistas culpam pais por erotizao de jovem

    Psiclogos e educadores criticam o comportamento dos pr-

    adolescentes. Essas alteraes tm culpados: os pais. "Eles esto favorecendo a antecipao da adolescncia, o que pssimo", acredita o psiquiatra Iami Tiba, Para no serem classificados como antiquados ou "fora da moda", acabam cedendo s presses dos filhos. "No querem repetir o esquema repressor de seus pais, mas acabam se perdendo nesse jogo", comenta.

    Eles tm medo de dizer no e se transformam em vtimas de seus

    prprios atos. "Os pr-adolescentes esto buscando uma identidade que ainda no possuem e passam a copiar modelos que nem sempre so os mais adequados", explica.

    o caso da menina que reproduz nas roupas ousadas e justas o desejo

    de ser uma mulher to sedutora quanto uma adulta, mesmo que no seja essa a real inteno dela. Quanto mais inseguro estiver, mais o pr-adolescente se apegar a smbolos da maturidade, como roupas, maneira de falar e de se comportar.

    "Querem ser notados a qualquer custo e, dessa forma, compensam a

    insegurana", afirma. A erotizao antecipada pode ser a culpada por uma sexualidade conturbada e sem preparo. "Passam a ter uma imagem falsa sobre si e ficam mais preocupados com os smbolos estticos", diz.

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    Para Tiba, os "antecipados" esto jogando fora o lado infantil sem

    controle da situao e, pior, com o aval dos pais. "Acabam copiando todos os modelos sem estar preparados para saber o que certo ou errado."

    Um adolescente fora de poca coloca em dvida, antecipadamente, o

    comportamento dos pais e o mundo. Com isso, sofre antes do tempo tambm as tradicionais crises de angstia dessa fase da vida. "So obrigados a enfrentar o conflito de querer serem aceitos como pseudoadultos enquanto ainda dependem dos pais para tudo", comenta o psiclogo Hugo Bianc Tvola, especializado em adolescentes. "Eles acabam ampliando o perodo de incertezas e contestaes, que um processo cansativo e caracterstico da adolescncia e fase adulta", diz. Sofrem muito mais.

    A professora Ana Lusa Vieira de Mattos, da Faculdade de Educao da

    Universidade de So Paulo, afirma que existe um abismo entre a maturidade fsica e a social. "Os pais precisam ter pacincia, pois o que esses jovens precisam do apoio de pessoas que conseguiram superar essa fase", explica.

    Nas sociedades primitivas, a adolescncia mais curta. Geralmente, o

    jovem "passa para a idade adulta por meio de cerimnias de iniciao. "Esses jovens esto ampliando esse perodo de passagem", comenta o pedagogo Juliano Esteves Couto.

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    Fundamentos de Locuo

    Princpios que Fundamentam a

    Locuo como uma Tcnica a ser Treinada

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    UNIDADE II FUNDAMENTOS DE LOCUO

    1. ELEMENTOS DA LOCUO

    1.1 Locuo de Rdio & TV

    O mundo da comunicao tem no Rdio e na TV dois dos mais

    importantes pilares. Neles, a utilizao tcnica da voz humana que faz a diferena. Nesses veculos, a capacidade encontrada de influenciar e produzir mudana na sociedade, pelo dinamismo das programaes, decorre do uso da locuo pelos comunicadores. Sem a fala, rdio e TV pouco seriam. A locuo, tcnica de apresentao verbal e expressiva de programas, ou de eventos, desenvolvida com o aprimoramento da fala, pode ser aprendida, rpida e facilmente.

    A locuo uma s, da mesma forma que o canto tambm nico. As

    variadas locues, como os variados cantos, decorrem das alteraes de ritmo, andamento, com as consequentes implicaes de altura de voz e intensidade, uma vez que estes componentes da fala sempre esto presentes na locuo. Fatores estilsticos, duraes, podem ou no se apresentar nestas variaes.

    De modo geral, a locuo no rdio ampla, empolgada. Na TV

    contida, gil. Numa ou noutra situao, quando apoiada em texto, deve parecer uma fala animada, viva, e no uma leitura gramatical, inexpressiva. Modulao, projeo da voz e expressividade so os elementos da locuo, base de apoio deste curso, e recebem cuidados especiais neste trabalho.

    O maior distanciamento entre as locues utilizadas no rdio e na TV

    est na locuo esportiva. Abordaremos adequadamente estes aspectos no momento oportuno. At l, o curso ensina a locuo de forma geral, com exemplos voltados para o rdio. Com o aprendizado da locuo empregada no rdio, facilmente fazemos a locuo de TV, de apresentao de eventos, de esportes, de telemensagens e de comerciais.

    A estrutura de alguns textos presentes neste mdulo foge aos padres

    recomendados para o rdio. Textos de jornais e revistas, como aqui utilizados, so falados diariamente nas emissoras sem qualquer preparo inicial. O aprendizado com textos comuns assegura mais confiana e prepara o profissional para a realidade do dia a dia de muitas emissoras. Este um curso essencialmente prtico e, na prtica, estes so os textos mais usados.

    A fundamentao terica do curso a essencial. Para anlise e maior

    aprofundamento dos tpicos, consulte as obras indicadas no final do mdulo. Acelere seu aprendizado com a execuo dos exerccios propostos no CD de apoio. Estude diariamente por 60 minutos.

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    Este curso destina-se a pessoas sem limitaes fsicas na fala.

    Gagueiras, mesmo leves, e outros distrbios orais exigem a consulta a mdico otorrinolaringologista, para avaliao fsica do aparelho fonador, e a fonoaudilogo, para ajuste dos problemas de pronncia. Se for capaz de ler bem, em voz alta, com este curso as portas do sucesso estaro abertas para voc.

    1.2 Elementos Bsicos da Locuo

    A locuo um aprimoramento da fala. O conhecimento dos elementos

    bsicos da comunicao oral, que concorrem para o rpido domnio dessa tcnica, proporciona ao comunicador o melhor rendimento de voz e o menor esforo fsico. Portanto, fazer locuo com qualidade e sem desgaste fsico est ao seu alcance.

    Como em todas as situaes que envolvem desempenho pessoal, na

    locuo os elementos bsicos so mnimos. No entanto, a correta utilizao destes recursos exige dedicao pessoal e uma boa soma de exerccios. Sua voz boa para locuo

    Quando pensamos em locuo, a mente focaliza imediatamente um locutor ou uma locutora de sucesso. Pensamos, sentimos a voz. A riqueza comunicativa do profissional invade nossa mente e imaginamos ouvi-lo mesmo que estejamos noutra cidade.

    Essa locuo que nos conquista foi aprimorada, polida, ao longo de

    certo tempo. A fala daquele comunicador, antes era to comum como tantas outras falas sem treino. Esse o detalhe: as falas saudveis pertencem a duas categorias: as treinadas e as no-treinadas.

    Este um curso de treinamento da fala. Sua voz boa para locuo?

    Todas as vozes saudveis so boas para locuo, basta treinar corretamente para fazer locuo com qualidade. Aqui voc encontra a orientao tcnica correta. O que a fala

    De modo prtico, a fala a capacidade de estabelecer comunicao por

    meio da emisso de variadas combinaes de sons, a partir da expirao, com a utilizao dos cdigos sonoros sistematizados em determinada lngua. Simplificadamente, fala a capacidade de nos entendermos, ou desentendermos, com pelo menos uma pessoa, utilizando a voz.

    A fala talvez a maior herana social. A forma de falar na famlia exerce

    poderosa influncia sobre os seus integrantes. O padro familiar absorvido desde os primeiros anos de vida. A fala inicialmente imitada, repetida, no aprendizado da criana. Aos seis, sete anos, esta j tem o domnio da estrutura bsica da lngua.

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    A produo da fala

    A fala produzida a partir das cordas vocais, ou membranas vocais,

    situadas na glote que a abertura por onde passa o ar que entra ou sai dos pulmes. Ao sair, o ar expelido pelos pulmes vem com certa fora ou intensidade fazendo estas membranas vibrarem como cordas de instrumentos musicais.

    Este som fundamental produzido na glote modificado pelo movimento

    da lngua, pelo subir e descer do queixo e pela ressonncia no interior da garganta, boca e nariz. O som fundamental, nas contnuas modificaes que sofre, amplificado variadamente dando forma aos sons elementares da fala fonemas.

    Os fonemas vogais, semivogais e consoantes combinam-se

    formando palavras. A sequncia de palavras forma a frase. As frases se unem, se interligam, criando o discurso, que a fala entendida no sentido amplo da expresso (veja abaixo a representao esquemtica do processo da fala). Qualidade da fala e treinamento de voz

    A qualidade da fala na locuo avaliada em frases do tipo: , ele fala muito bem, locutor. Ou ainda: Puxa, que voz! Voc locutor? O comunicador serve de padro de referncia quando se trata da fala. Significa dizer que tem a obrigao de falar corretamente.

    O conhecimento gramatical importante, mas no basta. Expressar-se

    com clareza, proferindo os fonemas corretamente, faz a diferena entre o timo e o bom locutor. Essa qualidade significa treino. Quanto tempo treinar

    O treinamento da voz capacidade de falar, cantar ou fazer locuo deve ser constante nos prximos seis meses se seu desejo alcanar a fala perfeita, a dico. Com esta finalidade, as duas primeiras unidades desse curso esto estruturadas de forma a lhe assegurar tima capacidade expressional em reduzido tempo.

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    Alertamos para a essencial execuo diria dos exerccios. Defina um

    horrio manh, tarde ou noite e pratique. Da mesma forma que preciso malhar para ter msculos fortes, tambm preciso treinar a dico para ter pronncia perfeita.

    Ao praticar os exerccios inseridos neste mdulo, e em todos os outros,

    no exagere. mais correto praticar uma hora diariamente do que trs horas seguidas. Qualquer ardncia na garganta sinal de excesso. A locuo deve ser natural, sem dores na garganta e sem rouquides.

    Certo cansao na fase inicial dos exerccios comum, logo passa. De

    forma ideal, programe uma hora diria de exerccios, em etapas de 15 ou 20 minutos, com intervalos de cinco minutos entre uma fase e outra. Respirao e fala

    A respirao, ato totalmente reflexo do qual s percebemos a importncia em situaes extremas, uma funo vital do nosso organismo. Sem comer e sem beber, ao mesmo tempo, possvel sobreviver por alguns dias. Sem respirar, cinco minutos podem significar a morte ou danos irreversveis ao crebro.

    A fala nada mais do que o aproveitamento de uma fase da respirao

    para emisso dos sons e rudos fonemas que formam as palavras com que nos comunicamos. Boa respirao, boa qualidade na fala. O ciclo respiratrio

    A respirao efetua-se em trs etapas: 1. inspirao, absoro pela boca ou nariz de parte do ar atmosfrico

    que levado aos pulmes, fase ativa da respirao; 2. transferncia do oxignio do ar inspirado ao sangue encontrado nos

    pulmes. O ar inspirado fica em repouso por breve momento no interior dos pulmes para que o sangue absorva o oxignio e libere o gs carbnico;

    3. expirao, fase passiva da respirao. O ar com o gs carbnico

    liberado pelos pulmes e devolvido atmosfera E novamente o ciclo tem incio com nova inspirao. (veja esquema

    abaixo).

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    O Ciclo da fala

    A fala tambm se realiza em ciclo. Inicia-se no ciclo respiratrio, que o apoio, tambm em trs momentos:

    Etapa 1 inspirao, sempre pelo nariz, retirada do ar atmosfrico que

    levado aos pulmes pelo nariz e no pela boca por trs motivos: a) porque na Lngua Portuguesa no existem fonemas inspirados

    (falados tomando ar pela boca); b) porque conseguimos acumular quantidade de ar mxima nos

    pulmes quando inspiramos pelo nariz;

    c) porque o nariz funciona como filtro que retm a poeira existente no ar, que fica presa no muco nasal; d) porque o ar inspirado pelo nariz, ao passar pelo muco nasal, fica aquecido na temperatura do corpo evitando o ressecamento da garganta.

    Etapa 2 Administrao da reserva de ar dos pulmes. Com o ar

    absorvido pelo nariz devemos criar uma reserva mxima para que a fala seja clara e com finais fortes. Quando no h suficiente quantidade de ar, nossa fala tem finais fracos ou gritados, situaes negativas na locuo.

    Com os pulmes bem abastecidos pela inspirao nasal, na locuo,

    devemos liberar o ar dos pulmes com suavidade. E nas pausas da fala, fazer nova inspirao ou suspender a liberao do ar pelos pulmes. Dessa forma, a fala ser sempre clara e os finais de frases vivos e expressivos.

    Etapa 3 Com o ar liberado pelos pulmes, falamos e paramos a fala;

    falamos e paramos a fala; falamos e paramos a fala at que a quantidade de ar dos pulmes se torne insuficiente para falarmos com clareza.

    Nesse instante, iniciamos novamente o processo com nova inspirao.

    Lembre-se: devemos falar sempre com suficiente quantidade de ar liberada pelos pulmes para ter a fala gil e no demonstrar dificuldade de leitura.

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    Exerccios Respiratrios

    De modo simplificado, a respirao se realiza I - inspirando, P - acumulando ar nos pulmes (aqui prende-se o ar por certo tempo) e E - expirando. A inspirao, sempre nasal, deve ser rpida.

    A quantidade de ar nos pulmes deve ser muito boa e a expirao lenta

    e bem administrada na sequncia fala-pausa, fala-pausa, de forma a aproveitar os intervalos de pausa economizando o ar restante ou realizando inspiraes rpidas para manter a reserva mxima nos pulmes, como vimos anteriormente.

    Inicie os exerccios respiratrios confortavelmente sentado, tronco ereto,

    ombros em posio normal (nem cados e nem levantados). Etapa I Inspire contando mentalmente de mil e um a mil e oito (oito segundos). Etapa P Conte mentalmente de mil e um a mil e dez (dez segundos) Etapa E Expire lentamente contando de mil e um a mil e doze (doze segundos).

    Direcione o sopro da expirao para o centro da sua mo direita que

    deve ser aberta a dois palmos de sua boca. A boca deve formar um "O" nesta expirao. Sopre sem falar "O". Se no sentir o sopro tocar a sua mo aumente a fora expiratria. Se considerar o exerccio muito fcil, aumente a Etapa P para mil e quinze e a Etapa E para mil e vinte. Mantenha a Etapa I em mil e oito. Faa estes exerccios por dez minutos, antes de iniciar seus treinos de locuo.

    Se voc fala rapidamente, com certeza respira pela boca, por isso

    capriche nos exerccios acima. Se voc ao iniciar a fala faz um aaaaaahhhbb! de quem est tomando flego, facilmente ouvido quando se usa o microfone, ou se voc toma muita gua para hidratar a garganta seca quando fala em pblico outro sintoma de que respira pela boca.

    Faa os exerccios com muita frequncia, se possvel diariamente, por

    seis meses. Estes exerccios so bsicos na respirao geral e vo capacit-lo para os exerccios futuros.

    1.3 Os elementos da voz

    A voz sem tropeos, sem defeitos fsicos na produo o suporte da

    locuo. Vamos analis-la em seus mais importantes elementos.

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    Voz, fala e locuo

    Voz a capacidade de falar, de cantar ou de fazer locuo. Estas atividades dependem da voz, como suporte, para seus melhores resultados. Temos a fala como a capacidade de comunicao oral, sonora. Se a pessoa emite apenas gritos e grunidos no se considera que seja detentora de voz. Ao contrrio, por excesso, possvel que algum que fala fique sem voz por certo tempo. Em casos extremos, at rudos e gritos desaparecem na chamada afonia aguda.

    Locuo a fala treinada, rica em modulao, ritmo e expressividade,

    prpria do Rdio e da TV e utilizada tambm em outras situaes. Comumente voz e fala so termos sinnimos. De forma mais correta, pode-se dizer voz falada, voz cantada ou voz locucionada. Locucionar, e no locutar, fazer locuo. Elementos fundamentais da voz

    Com a utilizao de equipamentos eletrnicos na anlise da voz, j foram identificadas mais de duas dezenas de componentes, ou referncias, para avaliao tcnica da fala. Em locuo temos interesse apenas nos elementos fundamentais, aqueles que influenciam diretamente no comportamento do locutor e que, por isso mesmo, servem para o aprendizado rpido das tcnicas de locuo. So trs os componentes bsicos da voz a serem analisados.

    Saiba que a fala com ajustes nestes elementos essencial na locuo.

    Os erros apresentados por locutores iniciantes esto sempre relacionados a falhas em pelo menos dois destes trs fatores. Procure identificar na sua fala estes elementos. Verifique com ateno a fala dos locutores e oua como utilizam os elementos fundamentais da voz (veja esquema seguinte). Tom ou altura de voz

    produzido pelo nmero de vibraes das cordas vocais, originadas pela fora do ar que sai dos pulmes. De forma prtica, falamos em voz alta ou voz baixa. Quando se fala alto, as cordas vocais vibram muito; j quando se fala baixinho, poucas vibraes so utilizadas. Falamos tambm com voz fina melhor dizer voz aguda com muitas vibraes das cordas vocais; ou com voz grossa melhor dizer voz grave com poucas vibraes vocais. Entre as graves e agudas esto as mdias.

    Num apanhado geral, as vozes femininas so agudas ou mdias e as

    masculinas mdias ou graves. As vozes de tom mdio so as mais encontradas. Ao falarmos animadamente, usamos um tom de voz que no provoca cansao, definido como tom mdio (t.m). O tm varia de pessoa para pessoa e tem como caracterstica no exigir esforo respiratrio adicional. Esse tom importante referncia no nosso aprendizado, pois a partir dele que fazemos locuo.

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    Intensidade ou volume

    a fora expiratria que usamos ao falar, o volume de ar que liberamos em certa frao de tempo. Quando estamos dormindo ou calados, respiramos sem esforo. Quando falamos, o esforo respiratrio mnimo. Quando cantamos ou fazemos locuo, o esforo respiratrio mximo. O bom condicionamento respiratrio rende alto dividendo na locuo. Ritmo velocidade

    Ao falarmos, no o fazemos continuadamente, sem pausas. Ao jogo de falas e pausas denominamos ritmo. Associada ao ritmo est a velocidade da fala, que no o nico valor a considerar. A forma de dizer, de dar expressividade, tambm fundamental. Na prtica, ritmo e velocidade quase se confundem.

    Impostao da voz

    a harmonizao de tons, ritmos e intensidades - falar num tom adequado, com boa intensidade e com ritmo apropriado o que denominamos impostao de voz, um verdadeiro abrao sonoro com as palavras.

    Um curso de locuo tambm um curso de impostao de voz.

    Quando algum afirma que uma pessoa tem voz de locutor quer dizer que aquela voz tem certa impostao, lembra as vozes dos locutores de qualidade. Impostar bem a voz exige pelo menos seis meses de exerccios dirios.

    Para boa impostao, tambm recuamos o ponto de emisso da fala

    para a zona do , como em ombro e ontem. Elementos estticos da voz

    A voz transmite nossas emoes de forma mais ampla que a fisionomia e o olhar. Por experincia, os adultos sabem distinguir mudanas de tons que indicam raiva, alegria, indiferena, entusiasmo, depresso e que muitas vezes mudam completamente o significado das palavras utilizadas. A ironia, o prazer e todos os estados emocionais podem ser indicados apenas com a fala.

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    Na locuo, a atitude positiva, entusiasmada, alegre, concorre para

    melhor desempenho profissional tanto no Rdio quanto na TV, identificados como fontes de diverso e laser pelo ouvinte, pelo telespectador. Ressonncia e timbre

    Ressonncia a projeo e modificao da voz a partir da glote, na passagem pela garganta, boca e nariz. Os sons da fala ora so reforados, ora so atenuados, de forma nica, caracterizando a sonoridade final denominada timbre, especfica de cada falante.

    O timbre uma marca pessoal que depende essencialmente da forma

    fsica da cabea, da garganta e da maneira de articular as palavras. A impostao modifica levemente o timbre, tornando-o agradvel. Atitude comunicativa

    Defini-se atitude comunicativa como a capacidade individual de fazer locuo com observao das circunstncias do momento, na busca de um objetivo comunicativo. Apresentao entusiasmada (em musicais), quando necessria. Locuo neutra - notcias - quando o momento exigir. Locuo sempre voltada para envolver o ouvinte.

    A atitude comunicativa o mais essencial dos elementos da fala. Para

    ajustarmos nossa fala, precisamos saber qual o objetivo da comunicao: entreter, informar, educar, fazer refletir?

    Identificado o objetivo, colocamos a interpretao correspondente,

    buscamos levar o ouvinte a reagir de modo a alcanar nosso objetivo. Tom - ritmo - intensidade e atitude comunicativa esto sempre juntos. Responsabilidade social

    O locutor como agente social, por suas palavras, pode concorrer para o bem-estar geral da comunidade em que trabalha ou pode gerar desarmonia e desencadear a multiplicao de aes marginais. Reputaes podem ser irremediavelmente maculadas, mesmo sem razo, por apressado juzo do comunicador. Leve em conta estes aspectos no seu trabalho. Faa da locuo um instrumento de crescimento pessoal.

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    QUESTIONRIO I Avaliao de aprendizado Conceitos bsicos Responda as questes formuladas abaixo. 1. O que a fala? Como produzida? Qual a importncia da respirao na

    fala? Por que a respirao deve ser nasal? 2. Quais so os elementos da voz? D o conceito de tom de voz em seus dois

    aspectos: fsicos e de percepo acstica 3. O que volume de voz? Qual a percepo prtica de volume de voz? 4. Como varia o ritmo? Qual a importncia das pausas no ritmo? 5. O que impostao de voz? Como impostar a voz? 6. Fale sobre ressonncia e como ocorre. O que timbre de voz? 7. Existe uma voz ideal para fazer locuo? Por qu? 8. Se aumentarmos a intensidade, aumentamos o ritmo? 9. Se aumentarmos o ritmo, aumentamos a altura de voz? 10. Por que a locuo tambm assegura impostao voz? 11. O que atitude comunicativa? 12. O que se entende por responsabilidade social do locutor? 13. O que mesmo locuo? Fazer locuo locutar?

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    2. ELEMENTOS DINMICOS DA LOCUO

    2.1 Inflexes de voz

    As variaes de tom, ou altura de voz, ao longo da fala so

    denominadas inflexes. A fala, mesmo a menos expressiva, sempre apresenta variaes de altura. Uma fala sem inflexes teria um (mono) tom da dizer que as vozes de poucas inflexes so vozes monotons ou montonas. As variaes de altura na fala so compostas de dois tipos bsicos: inflexes agudas e suaves, em suas amplas combinaes. De modo particular, nos interessa caracterizar essas duas formas bsicas.

    Inflexes agudas (grito)

    Consideremos agora o tom mdio (tm), descrito anteriormente, como sendo a altura de voz que utilizamos nas conversas dirias. Nesse tom falamos longamente sem nos cansarmos. Do tom mdio, vamos ao tom alto (ta), altura de voz acima do mdio. Aqui no precisamos identificar o valor da nota musical no tom, s importa saber que uma altura de voz acima do tom de fala.

    Na inflexo aguda, do tm subimos rapidamente o tom para o ta; logo

    depois, voltamos ao tm. Como exemplo, imagine voc gritando para um amigo distante: Carlos!!! O tom de voz sobe como uma flecha e, de imediato, desce tambm como uma flecha. A inflexo aguda tem baixo poder comunicativo e se caracteriza pela aspereza de voz de quem fala aos gritos. Locutores iniciantes tendem a apresentar esta caracterstica. Inflexes suaves (alegria)

    Consideremos outra vez o tm e o ta como referncias na abordagem da inflexo suave. Imagine que voc est agradavelmente surpreso com a presena de um amigo que h tempos no via. Expresse a sua agradvel surpresa exclamando: Carlos, que bom v-lo outra vez!

    Na palavra Carlos, o tom de voz sobe do tm para a ta de forma suave

    at o ponto mximo e tambm suavemente retoma ao tm, descrevendo uma curva arredondada como o alto de um morro. Esta inflexo agradvel, denota alegria e se caracteriza como a inflexo prpria da locuo. Inflexes de locuo

    Na locuo, temos o aproveitamento das inflexes que alternam tons altos e baixos de forma suave e agradvel. A partir de agora, vamos denomin-las de inflexes de locuo. Alegres e entusiasmadas, estas inflexes predominam na locuo. Claro que as demais so usadas em restritas situaes. Importa, porm, fazer as inflexes suaves para bom padro locucional. Esse subir e descer da voz que caracteriza a tima locuo no Rdio e na TV.

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    2.2 Durao e estilo

    As duraes, elementos de estilo, so recursos expressionais utilizados pelos locutores para colorir certas passagens na locuo. As duraes esto presentes at mesmo na locuo de notcias, tradicionalmente limitada em recursos estilsticos ou enfticos, para demonstrar a neutralidade do comunicador.

    Durao na fala

    Imagine estas situaes prticas para melhor entendimento das duraes.

    1. O telefone fixo de sua casa toca e voc naturalmente atende: al?

    2. Ningum responde e voc enfatiza: al?? 3. Sem resposta ,voc vai ao limite: al??? 4. Ato contnuo, voc desliga o telefone (talvez dizendo algo mais).

    Analisemos o que aconteceu. No momento 1, voc atendeu

    normalmente a ligao. Na etapa 2, reforou o apelo encompridando a slaba l. No terceiro instante, voc j desgastado, quase aos gritos, fez nfase mxima com o encompridamento ainda maior da slaba l. No momento inicial, no existiu nfase. Na ltima etapa, voc conseguiu apelo mximo.

    Na etapa inicial as duas slabas, a e l, foram proferidas basicamente

    com tempos iguais. No ltimo momento, os tempos de durao a durao com que proferiu as duas slabas foram bem diferentes. Durao esse encompridamento na fala de slabas ou palavras, de forma a garantir o apelo comunicativo mximo na locuo. Perceba como nas slabas tnicas da lngua portuguesa h duraes. Duraes na locuo

    Diversos tipos de locuo usam as duraes para gerar impacto comunicativo. Imagine o locutor esportivo descrevendo um lance de gol e ao final afirmando: gol do Brasil, gol de Ronaldo. O Brasil est na frente, gol de Ronaldo para o Brasil. Esta concluso seria de pouca expresso, quase fria.

    Dessa forma que os locutores esportivos indicam os gols dos times

    adversrios da seleo brasileira. Para grande impacto comunicativo, nosso locutores gritam entusiasmadamente, a plenos pulmes, nosso gol: goooooooooooooooooooooooolllllllll, doooo Braaaaaaasiiiiiiiiillll!!!!!, goooooolllll deee Roooonnnaaaallldddooo!!!!!!

    Tambm na locuo sertaneja h muitas duraes:

    seeeeeguuuuuuuurrrrrra, peeeoooo!!! para segura peo!!! Geeeeentttte boooaaa, dooo Braaasiiiilll!!! para gente boa, do Brasil!!! Como forma de estilo, todas as locues podem usar as duraes. Nas aberturas de programas, alguns locutores fazem duraes para marcar seu trabalho. Ely Correia, em So Paulo, com um sorriso, diz na abertura do programa: Ooooooooooiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, geeeeeeeeeeeeennnnnntteeee!!!! a cara do Ely, o locutor-sorriso.

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    2.3 Modulaes de voz

    As modulaes expressivas, tambm chamadas entonaes, ou

    entoaes, ou colocaes de voz, so formadas pela sequncia de inflexes. Enquanto as inflexes so prprias das palavras, ou dos grupos fonticos, as modulaes esto presentes na frase ou perodo.

    As modulaes existem tanto na fala comum quanto na locuo. As

    pessoas expressivas, agradveis, empticas, falam com modulaes. Os bons locutores colocam bem a voz, fazem modulaes. Modular dar musicalidade fala ou locuo e se caracteriza pelo subir e descer harmonioso dos tons, com a utilizao das inflexes suaves durante a leitura da frase. Modulaes e inflexes

    Leia esta frase: Aumente o volume do seu rdio! Observe que as palavras o e do podem ser retiradas sem perda da mensagem inicial que ficaria: Aumente volume seu rdio. Na frase, as palavras o e volume tem uma fala unida formando um grupo fontico (falado) como se fosse uma palavra composta o-volume. Da mesma forma, do-seu um todo fontico, no dizer de J. Mattoso Cmara (Manual de Expresso Oral e Escrita).

    Isto : o-volume tem inflexo nica que tem incio em o, alcana o ponto

    mais alto na slaba lu e outra vez o mais baixo em me. Tambm o grupo fontico (falado) do-seu tem uma s inflexo. Com incio em do, o tom vai subindo at o ponto mximo na slaba seu. Logo depois, a altura de voz vai caindo e outra vez sobe na palavra rdio. Nas palavras aumente e rdio h inflexes isoladas. Observe que as palavras o e do sofrem a fora das palavras com mais slabas.

    Dessa forma, na frase Aumente o volume do seu rdio h seis palavras

    e quatro inflexes de locuo. Aumente - o-volume - do-seu - rdio. A primeira inflexo em aumente, a segunda no grupo fontico o-volume, a terceira em do-seu e a ltima em rdio.

    A modulao a fala continu