MECÂNICA+DA+CONFORMACAO+-+parte+II

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14/03/2014 1 PROCESSOS DE F ABRICAÇÃO II PROF . MST . ANTONIO CARLOS PIRES DIAS UNISOCIESC ENGENHARIA MECÂNICA 2014/1 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO II Sumário: Comportamento mecânico dos metais; Ensaio real de tração; Influência da temperatura e da taxa de deformação.

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MECÂNICA+DA+CONFORMACAO

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PROCESSOS DE FABRICAÇÃO II

PROF. MST. ANTONIO CARLOS PIRES DIAS

UNISOCIESC

ENGENHARIA MECÂNICA

2014/1

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO II

Sumário:

Comportamento mecânico dos metais;

Ensaio real de tração;

Influência da temperatura e da taxa de deformação.

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BIBLIOGRAFÍA BÁSICA

ALTAN, T., OH, S., GEGEL, H. Conformação Plástica dos Metais: Fundamentos e Aplicações. Publicação EESC‐USP, 1999.

BRESCIANI, F., E.,  e Col. Conformação Plástica dos Metais. Editora UNICAMP, 1997.

SCHAEFFER, L. Conformação Mecânica. Porto Alegre: Imprensa Livre, 1999.

SANGUINETTI FERREIRA, R.A. Conformação Plástica: Fundamentos Metalúrgicos e Mecânicos.Editora Universitária UFPE, 2006.

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ENDURECIMENTO POR DEFORMAÇÃO PLÁSTICA

Durante a deformação plástica, ocorre aumento da densidade dediscordâncias.

Com o aumento da densidade de discordâncias, maior a chance deinterações entre estas, bloqueando seus movimentos.

Portanto:

QUANTO MAIOR A DEFORMAÇÃO PLÁSTICA APLICADA A UM METAL, MAIOR A DIFICULDADE EM CONTINUAR ESTA

DEFORMAÇÃO

RESULTADO: O Encruamento gera perda da ductilidade!!!

O meio para se medir a ductilidade é o Ensaio de Tração.

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ENSAIO DE TRAÇÃO

Não existe ensaio mecânico que possa prever completamente o realdesempenho mecânico de um material, seja na etapa de produção(conformação, usinagem, etc.), seja na etapa de utilização (comoelemento estrutural, peça automobilística, painel, etc.).

No entanto, o ensaio de tração é considerado o teste mecânico queapresenta a melhor relação entre informações obtidas com o custo e ascomplexidades do ensaio.

6

ENSAIO DE TRAÇÃO

O ensaio de tração consiste, basicamente, em se tracionar um corpo deprova (CP) de seção reta retangular (CP prismático) ou circular (CPcilíndrico) até a sua ruptura.

(Aqui interessa fazer uma descrição dos parâmetros utilizados na teoria daconformação plástica dos metais.)

Diversos parâmetros podem ser medidos.

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São parâmetros de limitada utilidade para o estudo da conformação plástica, mas que permitem o cálculo e o dimensionamento das cargas necessárias para provocar a deformação plástica dos materiais.

Em geral, nestes casos, pode-se considerar que as deformações reais e de engenharia são praticamente iguais (e quando 0), pois os valores de deformação envolvidos são muito pequenos (da ordem de 0,2%).

Parâmetros elásticos e de escoamento

8

Onde: - é a tensão na qual se obtém a deformação real .

(Esta deformação deve ser medida por meio de extensômetros para se evitar que a deformação do sistema de testes altere os valores do módulo de elasticidade medidos).

Módulo de elasticidade (E):

Fornece uma indicação da rigidez do material, sendo inversamente proporcional àtemperatura e pouco dependente de pequenas variações na composição químicade elementos cristalinos (como por exemplo nos aços).

x

x

E

Segundo a expressão simplificada

da lei de Hooke, o módulo de Elasticidade pode ser expresso como sendo:

Módulo de elasticidade transversal (G):

Corresponde à rigidez do material quando submetido a um carregamento decisalhamento:

G Onde: e são as tensão e a respectiva deformação

cisalhante que sofre o CP.

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9

Coeficiente de Poisson ():

O coeficiente de Poisson mede a rigidez do materialna direção perpendicular àquela em que a carga estásendo aplicada.

O valor deste coeficiente é determinado pela relação entre asdeformações na direção de aplicação de carga (x) e a deformação medidana direção perpendicular (y ou z).

y

x

z

sx

sxx- de tração

y- de contração

y z

x x

10

Limite de escoamento ys ou LE):

Pode-se afirmar que é o principal parâmetro obtido do ensaio de tração, utilizadotanto para cálculos de projeto estrutural (onde é necessário que o material nãoentre em deformação plástica) quanto para conformação plástica (quando édesejado a facilidade de deformação plástica do material).

1- materiais que apresentam um pontodescontínuo na curva tesão vs.deformação

Em um ensaio de tração,existem dois tipos decomportamento no que dizrespeito à determinação dolimite de escoamento:

2- materiais que apresentam escoamentocontínuo (mudam do comportamentoelástico para o plástico continuamente).

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11

Para determinar o exato limite de escoamento: as normas de execução dos ensaiossugerem defini-lo como sendo a tensão para uma deformação entre e=0,2% a atée=0,5% para materiais excessivamente dúcteis.

Em ambos os casos, a deformação elástica do CP é praticamente desprezível e a áreareal do material é aproximadamente igual à sua área inicial (Ays A0), o que leva àdefinição de limite de escoamento como sendo igual ao expresso pela equação.

0A

F

A

FLE ys

ys

ysys

Onde: Fys é a força exercida pelo sistema de

testes sobre o CP de área inicial A0.

Escoamento contínuo

12

Escoamento descontínuo

O escoamento descontínuo pode ser verificado nas seguintes famílias de materiais: aços macios, ligas de Ti e de Al. Os fatores que intensificam são:

- bom acabamento superficial; - bom alinhamento dos CP’s;- CP’s cilíndricos;- maiores velocidades de deformação;- rigidez da máquina.

Curvas tensão vs. deformação associada com a formação de bandas de Lüders

Curvas tensão vs. deformação associada com o fenômeno de envelhecimento.

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Escoamento descontínuo

Bandas de Piobert-Lüders

Fatores associados à formação de bandas de Lüders:- sobreposta liberação de novas discordâncias dos empilhamentos formados pelo carregamento mecânico.- Inicia-se em pontos de concentração de tensões

Envelhecimento

Características do envelhecimento:· Não há perda do encruamento;· Ocorre difusão de átomos intersticiais;· Muito sensível ao aumento de temperatura.

14

Parâmetros Plásticos

Os parâmetros plásticos, medidos em um ensaio de tração, permitem avaliarseu desempenho sob conformação plástica.

No caso da utilização destes parâmetros para avaliar a conformabilidade domaterial, deve-se levar em consideração as condições de carregamento emodo de deformação específicos do ensaio de tração.

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CONCEITO DE TENSÃO E DEFORMAÇÃO VERDADEIROS ( e )

Introdução:

A partir do escoamento o coeficiente de Poisson aumenta até se estabilizar em 0,5,conforme mostrado na figura.

Na prática isto equivale a dizer que oCP se expande na direção na qual aforça é aplicada na mesma velocidadeem que contrai nas demais direções.

Desta forma, o volume total semantém constante, assim como osomatório das deformações torna-senulo (1+2+3=0).

Representação esquemática damudança no coeficiente de Poisson à medida queo regime de deformação muda de elástica paraplástico, Meyers & Chawla, 1984

16

0

100

200

300

400

500

600

700

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10

deformação (mm/mm)

ten

o (

MP

a)

oA

FS (1)

oL

Le

(2)

Num carregamento uniaxial, com a redução da área inicial Ao do corpo-de-prova, o comprimento de referência Lo irá variar. Deste modo, as Eq. 1 e 2 não representam o real estado de tensões e deformações a que o material

está submetido.

Neste momento a área da seção reta do CP diminui intensamente e torna-se necessáriofazer as seguintes correções para se determinar a exata tensão atuante sobre o CP e

conseqüentemente o real comportamento plástico do material:

Introdução, Cont.:

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Ai

Fi (3)σ é a TENSÃO REAL imposta ao material, sendo Ai a área da seção transversal à direção de aplicação da força Fi no instante de sua aplicação.

Para obter a deformação real deve-se considerar variações instantâneas

de comprimento, com ΔL0 (ou ΔL=dL). Ludwig, 1909...

111

1 01

o

n nji i

i ji j

L

L

LL L

L L

dL

L

(4)

oL

Lln

Por outro lado, pode ser descrita a relação entre a deformação rela econvencional (ou de engenharia) a partir da equação :

ε é a DEFORMAÇÃO REAL e corresponde à soma dos incrementos de deformação.

CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

18

CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

Conversão de deformação convencional (e) em real (ε).

Da equação (2) →

1

o

o o

o

L LLe e

L L

Le

L

(5)

oL

Le 1

Substituindo a equação (5) na equação (4) ...

(6))1ln( e

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10

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Conversão de tensão convencional (S) em real (σ).

F

F

LLo

Assumindo volume constante durante a deformação causada pela força F,

pode-se escrever:

. .o oA L A L (7)o

o

AL

L A

Substituindo a equação (5) na equação (7):

1 eA

Ao (8)

CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

20

A equação (3), que define a tensão real, pode ser reescrita como:

o

o

AF F

A A A (9)

Substituindo as equações (2) e (8) na equação (9), tem-se:

(10).( 1)S e

Estas relações de conversão são válidas enquanto a deformação for uniforme, ou seja, enquanto a área A for uniforme ao longo do

comprimento L de referência. Num ensaio de tração, são válidas até o limite de resistência (SLR).

Conversão de tensão convencional (S) em real (σ).

CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

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CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

21

Uma curva tensão-deformação verdadeira pode ser construída ponto aponto a partir das equações (6) e (10) até o momento em que seconstata a estricção, a partir deste ponto a determinação da tensão edeformação verdadeiras deve ser feita experimentalmente.

(10).( 1)S e (6))1ln( e

22

O cálculo de deformação real e convencional resulta em valores praticamente idênticos se e<0,03 (3%).

CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

22

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12

23Deformação

Ten

são

(MP

a)

CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

24

CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

A mostra a comparação entre curvas tensão-deformação real e convencional de um aço AISI 1020 e 4140 laminados a quente.

Curvas tensão-deformação convencional (de engenharia) e real para um aço AISI 1020, Dowling (1993) e AISI 4140, Boyer (1990).

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CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

As figuras mostram a aparência das curvas tesão-deformação de um aço baixocarbono como obtidas diretamente de um ensaio de tração, na região onde ocorre oescoamento do material e a respectiva curva real .

Curva tensão deformação convencional (ou de engenharia) para um aço baixo carbono, Boyer (1990).

26

CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

Curva tensão-deformação,obtida pela medição da deformação por

extensômetros, na região de carregamentoonde ocorre o escoamento do CP, Boyer (1990).

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CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO VERDADEIRAS

Curva tensão-deformação real de um aço baixo carbono, Boyer (1990).

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1- Aumento da tensão aplicada na região de deformação plástica pela interação dasdiscordâncias entre si ou com outras barreiras no metal, dificultando a suamovimentação.

Encruamento: premissas

Efeito do encruamento de um material metálicosobre a curva tensão vs deformação.

Relações entre tensão e deformação em materiais metálicos, num estado uniaxial de tração

00.. LSLS

2- Durante a deformação plástica uniforme, ovolume do CP permanece constante, assim:

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Encruamento

O encruamento compensa a redução da seção do CP na região de deformaçãouniforme, entretanto, ocorre uma concentração de deformação plástica queresultará numa redução de área (estricção).

A forma usual de se quantificar o encruamento é através do coeficiente deencruamento “n”, conforme definido pela equação de Hollomon:

(11)

H ... coeficiente de resistência correspondente àtensão real para deformação real igual a umn ... coeficiente de encruamento

Relações entre tensão e deformação em materiais metálicos, num estado uniaxial de tração

nH .

30

Relações entre tensão e deformação em materiais metálicos, num estado uniaxial de tração

A relação entre tensão e deformação plástica reais de materiais metálicos é descrita pela Equação de Hollomon, + utilizada

H ... coeficiente de resistêncian ... expoente de encruamento

(11)nH .

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Relações entre tensão e deformação em materiais metálicos, num estado uniaxial de tração

Cálculo de (H):

O valor do coeficiente de resistência (H) pode ser calculado, considerando que:no ponto de carregamento máximo no ensaio de tração

Sestricção = Limite de resistência (LR) , e eestricção=n, assim:

nestricção nSH /)1exp(

Esta equação permite calcular o valor da constante plástica de resistência (H) a partir do limite de resistência convencional do material (LR) e do seu coeficiente de encruamento (n), a partir de uma curva tensão-deformação de engenharia,

obtida em um ensaio de tração “comum”.

(12)

32

Relações entre tensão e deformação em materiais metálicos, num estado uniaxial de tração

Cálculo do coeficiente de encruamento (n) :

O coeficiente de encruamento e é calculado a partir de dois pontos (1 e 2) da curva tensão-deformação, na região plástica, conforme a equação:

0

1

0

2

1

2

1

2

log

log

log

log

ll

ll

ll

FF

n

A norma brasileira que trata da medição deste parâmetro é a NBR 8164. Depois de análises matemáticas, obtêm-se:

máximarealn 1ln

(13)

(14)

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Relações entre tensão e deformação em materiais metálicos, num estado uniaxial de tração

Outras equações para determinar o coeficiente de encruamento são:

H ... coeficiente de resistêncian ... expoente de encruamento

(15)

(16)

)exp(1)(

)(

0

0

nbaa

H

H

n

n

(17)

Equação de Swift

Equação de Ludwink

Equação de Voce

34

Relações entre tensão e deformação em materiais metálicos, num estado uniaxial de tração

96,0

.7622

061,0

R

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18

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EFEITO DO ENCRUAMENTO NASPROPRIEDADES MECÂNICAS

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RELAÇÃO ENTRE DEFORMAÇÃO REALE REDUÇÃO DE ÁREA

(19)

Redução de área (RA) ou estricção: o

o

A ARA

A

1o

o o

A A ARA RA

A A

1

o

ARA

A (18)

1o

ARA

A 1

1oA

A RA

Substituindo a equação (19) na equação (7) e posteriormente na equação (4):

(7)o

o

AL

L A

oL

Lln (4)

(20) 1ln 1 RA

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Relações entre tensão e deformação em materiais metálicos, num estado uniaxial de tração

Índice de anisotropia:

Também conhecido como Coeficiente de Lankford, é definido como

sendo a relação entre as deformações reais segundo a largura (W) e

segundo a espessura (t), conforme definido pela equação .

Este parâmetro mede a resistência do material à redução de espessura quando deformado plasticamente.

wLwL

ww

tt

ww

Respessuraal

uralal

.

.ln

ln

ln

ln

00

0

0

0

Re

argRe

4

.24

.2

000

000

90450

90450__

RRRR

RRRR

Anisotropia normal

Anisotropia planar

(21)

(22)

(23)

38

Relações entre tensão e deformação em materiais metálicos, num estado uniaxial de tração

Índice de anisotropia:

wLwL

ww

tt

ww

Respessuraal

uralal

.

.ln

ln

ln

ln

00

0

0

0

Re

argRe

4

.24

.2

000

000

90450

90450__

RRRR

RRRR

Anisotropia normal

Anisotropia planar

(21)

(22)

(23)

Analisando estes valores, pode-se ter os seguintes casos limites:

1

1

1

000

000

000

90450

90450

90450

RRR

RRR

RRR Isotropia completa ou total

Anisotropia normal pura e isotropia planar

Anisotropia normal e planar

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CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Visto como se obter o limite de escoamento de um material E), segundo o ensaio de tração, agora será discutido :

como determinar se um componente ou peça entra ou não em escoamento ????

A idéia é utilizar um critério, que possua fundamentação mecânica e que possa ser aplicado para o caso simplificado do ensaio de tração, de modo

a se obter parâmetros para sua aplicação.

Serão vistos os três critérios descritos a seguir.

1. Critério de máxima tensão normal ou de Rankine.

2. Critério de máxima tensão cisalhante ou de Tresca.

3. Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von Mises

40

CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Considera que a deformação plástica deverá ocorrer quando a máxima tensão normal (1) alcançar e/ou ultrapassar a tensão de escoamento (E ou

LE) obtida no ensaio uniaxial de tração, segundo:

Critério de máxima tensão normal

(24)

Tensão Hidrostática ou Octaédrica (σ0): provoca variação de volumeTensão Desviadora (σ2 - σ0): provoca deformação plástica.

A grande falha deste critério é não levar em consideração os diferentes estados de tensão aos que pode estar submetido o material, por

exemplo, o estado hidrostático.

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41

CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Critério de máxima tensão cisalhante ou de Tresca

Foi comprovado que a deformação plástica está diretamente associada à presença de componentes de tensão cisalhante.

Criou-se, então, um critério de escoamento que define a ocorrência de deformação plástica, mesmo em estados complexos de tensão, quando o valor

do componente de tensão de cisalhamento máximo (2 ) alcance um valor mínimo, o qual pode ser obtido diretamente do ensaio de tração.

O valor do componente de tensão de cisalhamento máximo (2) é dado pela equação:

42

CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Critério de máxima tensão cisalhante ou de Tresca

Se a tensão de cisalhamento máximo (2):

Onde: 1 é a maior tensão principal e 3 é a menor.

Observando as condições de escoamento de um ensaio de tração têm-se:

0 E)

o que oferece o critério de escoamento, conforme a equação:

Quanto maior for o círculo de Mohr, maior a probabilidade de ocorrer escoamento.

(25)

(26)

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43

CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von Mises

Premissa: - ter como referência o cálculo da energia de deformação elástica deum material.

FdldU

01

1010

10

)1(

)1(:

AFA

F

eldlellA

Feellsendo

i

i

Agrupando os termos da equação (28) e integrando-a, por unidade de volume:

(27)

(28)

(29)

0U

Essa energia pode ser calculada, para um corpo sob solicitação uniaxial de

tensões, pela clássica equação que relaciona força versus distância:

44

CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

(29)

0U

Considerando o cálculo da equação (29) por unidade de volume (dividi-se por A0×l0) e considera-se válida a lei de Hooke, faz-se a

integração, obtendo-se:

(30)

Somando as respectivas energias nos outros dois eixos, considerando que estas não causem interferência mútua, pode-se obter:

(31)

Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von Mises

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23

45

CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

(31)

Pode-se demonstrar, matematicamente que a equação (31) pode ser expressa em dois termos:

1) em termos da soma das tensões hidrostáticas; 2) em termos das tensões desviatórias.

Ficando:

Energia hidrostática(32)

(33)

Tensão Hidrostática ou Octaédrica (σ0): provoca variação de volumeTensão Desviadora (σ2 - σ0): provoca deformação plástica.

Energia desviatória

213

212

2210

23210

6

1

6

21

EU

EU

D

H

Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von Mises

46

CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Energia hidrostática

213

212

2210

23210

6

1

6

21

EU

EU

D

H

Energia desviatória

(32)

(33)

O critério elaborado por von Mises, admite que o material inicie a deformação plástica quando a energia elástica de distorção por unidade de volume (equação 33) atinja o valor limite que é característico de cada material.

Considerando o ensaio de tração e aplicando-se os valores de tensão de

escoamento na equação 2

0 6

1E

D

EU

(34)

Energia elástica de distorção

Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von Mises

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47

CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

213

212

2210 6

1

EU D

Igualando equação (33) à equação da energia da

distorção (34) 20 6

1E

D

EU

Obtêm-se a expressão para o critério de escoamento de von Misespara metais dúcteis:

“Define que o escoamento tem início quando a energia de distorção atinge um valor crítico, constante para um dado material sob condições definidas e

independente do estado de tensões”.

E 213

212

221

2

1 (35)

(33)

(34)

Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von Mises

48

CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Considerando a expressão para o critério de escoamento de von Misespara metais dúcteis:

E 213

212

221

2

1

Quando:

ou , então os critérios de von Mises e Tresca coincidem.

Os dois critérios apresentam uma diferença máxima em

um estado plano de deformação 1,15.)(

2

1312

(35)

Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von Mises

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CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Representação gráfica das curvas limite de escoamento (fora das quais

existem tensões atuando que provocam deformação plástica).

Nota-se a combinação de tensões que levam aos dois critérios estabelecer a

mesma condição de escoamento ( ) e a condição de máxima

diferença ( ou ),

(Dieter, 1988).

Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von Mises:Mapa de escoamento / comparativo dos critérios de

escoamento para tensão plana

50

CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Valores reais de tensão, onde ocorre o escoamento dos materiais metálicos, situam-se, em média, entre as regiões definidas pelos critérios de Tresca e de von Mises.

Dowling (1993)

Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von Mises: mapa de escoamento

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26

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CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Os reais valores de tensão, onde ocorre o escoamento dos materiais metálicos, situam-se,

em média, entre as regiões definidas pelos critérios de Tresca e de von Mises.

Meyers & Chawla (1984)

Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von Mises:Mapa de escoamento

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CRITÉRIO DE ESCOAMENTO

Critério de máxima energia de distorção ou de Levy-von MisesMapa de escoamento

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TENSÃO E DEFORMAÇÃO EFETIVAS(ou significantes)

É de grande utilidade a substituição de um estado complexo de tensões ou deformações através de funções invariantes de tensão e

deformação.

.n

H

2322

312

212

1 E

2322

312

213

2

A definição mais usual para a tensões e deformações efetivas é afornecida com base nas considerações de energia de distorção oferecida

por von Mises.

EFEITOS DA TAXA DE DEFORMAÇÃO

d

dt

A velocidade de deformação influencia no limite de escoamento e, conseqüentemente, no nível de tensão necessária para provocar uma

determinada conformação em um material metálico.

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EFEITOS DA TAXA DE DEFORMAÇÃO

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Esta influência será tanto maior quanto maior for a temperatura em que se encontra o material

Variação no limite de escoamento de uma liga de alumínio e do cobre puro com a variação na taxa de deformação e na temperatura de teste, Dieter (1988), Dowling (1993).

EFEITOS DA TAXA DE DEFORMAÇÃO

.m

LE C

C – constante de resistência à deformaçãom – sensibilidade à taxa de deformação

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Valores do parâmetro (m) para três metais obtidos em ensaios de compressão, adaptado de Helman e Cetlin (1983).

Seu valor pode ser obtido de um gráfico (log. tensão versus log. taxa de deformação), deve-se notar que este parâmetro muda com a temperatura

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EFEITOS DA TAXA DE DEFORMAÇÃO

.m

LE C

C – constante de resistência à deformaçãom – sensibilidade à taxa de deformação

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Valores do parâmetro (LE) para três metais obtidos em ensaios de compressão, adaptado de Helman e Cetlin (1983).

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EFEITOS DA TAXA DE DEFORMAÇÃO

Ocorre uma melhor lubrificação na interface ferramenta-peça (desdeque o filme lubrificante possa ser mantido).

EQUIPAMENTO VELOCIDADE (m/s)

Máquina de Ensaio 6.10-7 a 6.10-3

Prensa Hidráulica 0,003 a 3,0

Prensa Mecânica 0,15 a 1,5

Ensaio Charpy 3 a 6

Martelo de Forjamento 3 a 9

d

dt

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EFEITOS DA TAXA DE DEFORMAÇÃO

.m

LE C

C – constante de resistência à deformaçãom – sensibilidade à taxa de deformação

SE O MATERIAL É SUBMETIDO AO RECOZIMENTO POSTERIOR:

à deformação a FRIO:

Recuperação EstáticaRecristalização Estática

Ativadas termicamente

à deformação a QUENTE:

Recuperação DinâmicaRecristalização DinâmicaRecristalização Estática

Ativadas tanto térmica como mecanicamente

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ENSAIO REAL DE TRAÇÃOAplicação

Exercício 01:

Um corpo-de-prova (C.P.) com diâmetro inicial de 12mm e comprimento inicial(da seção útil) de 50mm é submetido a um ensaio de tração. Quando oindicador da máquina de ensaio aponta uma força de 18.000N, o comprimentodo C.P. é de 57,8mm. Sabendo-se que o C.P. está no regime plástico,determinar:

a) A tensão real atuante neste instante;b) A deformação verdadeira;c) A redução de área neste instante;d) O diâmetro do C.P. neste instante.

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Exercício 02:

Um corpo-de-prova (C.P.) de latão de 12mm de diâmetro suporta umacarga máxima de 60.000N, apresentando neste ponto uma redução deárea de 40%. Qual seria a carga necessária para deformar um segundocorpo-de-prova, idêntico ao primeiro, até metade da deformação realuniforme deste material?

ENSAIO REAL DE TRAÇÃOAplicação

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Exercício 03:

O comportamento de um metal é expresso pela equação abaixo. Seuma barra deste metal é trabalhada a frio com uma redução de áreade 15%, qual será o novo limite de escoamento para este material?

0,25540. p

ENSAIO REAL DE TRAÇÃOAplicação