MEDITAÇÃO E AMOR

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  • 8/14/2019 MEDITAO E AMOR

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    Texto 2 - MEDITAO E AMOR

    "Toda a vida feita de polaridades: positivo e negativo, nascimento e morte, homem e mulher,dia e noite, vero e inverno. Toda a vida consiste em opostos polares. Mas esses opostos no so

    apenas polares, so tambm complementares. Eles se ajudam um ao outro, do apoio um ao outro.Eles so como tijolos que formam uma arcada. Os tijolos de uma arcada tm que ser colocadosuns contra os outros. Parecem estar um contra o outro, mas por meio da oposio deles que aarcada construda, que ela permanece firme. A resistncia da arcada depende da polaridade dostijolos colocados em oposio uns aos outros.

    Esta a polaridade mxima: meditao significa a arte de estar sozinho e amor significa a artede estar junto. A pessoa completa aquela que conhece ambas as artes e capaz de se mover deuma para a outra com a maior facilidade possvel. E exatamente como a inspirao e a expirao -no h dificuldade. Elas so opostas - quando vocs inspiram o ar, um processo; quando expiramo processo exatamente o oposto. No entanto, inspirao e expirao formam uma respiraocompleta.

    Na meditao, vocs inspiram; no amor, expiram. Com o amor e a meditao juntos, suarespirao estar completa, inteira, total.Durante sculos, as religies tentaram atingir um plo com a excluso do outro. Existem religies

    de meditao como, por exemplo, o jainismo e o budismo - so religies meditativas, estoenraizadas na meditao. E existem religies bhakti, religies de devoo: o sufismo, o hassidismo -que esto enraizadas no amor. A religio baseada no amor precisa de Deus como o 'outro' a quemamar, a quem rezar. Sem um Deus, a religio de amor no consegue existir, inconcebvel - vocsprecisam de um objeto de amor. Porm, uma religio de meditao consegue existir sem o conceitode Deus; essa hiptese pode ser descartada. Por isso o Budismo e o Jainismo no acreditam emDeus algum. No h necessidade de um outro. A pessoa tem apenas que saber como ficar s, comopermanecer silenciosa, como ficar quieta, como estar absolutamente calma e quieta dentro de si

    mesma. O outro tem que ser completamente abandonado, esquecido. Por isso, essas so religiesatias.

    Quando pela primeira vez os telogos ocidentais entraram em contato com as literaturasbudistas e jainistas, eles ficaram bastante confusos: como chamar de religio a essas filosofiasatias? Poderiam ser chamadas de filosofias, mas como cham-las de religio? Isso erainconcebvel para os telogos, pois as tradies judaico e crist consideram que, para algum serreligioso, Deus a hiptese mais fundamental. A pessoa religiosa aquela temente a Deus, mas osbudistas e jainistas dizem que no existe Deus; Assim a questo de temer a Deus no existe.

    No Ocidente, durante milhares de anos, pensava-se que a pessoa que no acreditava em Deusera um ateu, no era uma pessoa religiosa. Mas Buda era ateu e religioso. Essa idia soava muitoestranha para os ocidentais porque eles nem sequer imaginavam que existiam religies que tinhacomo base a meditao.

    E o mesmo verdadeiro para os seguidores de Buda e Mahavira. Eles riem da tolice das outrasreligies que acreditam em Deus, porque essa idia como um todo absurda. apenas fantasia,imaginao, nada mais; uma projeo. Mas para mim, ambas so, ao mesmo tempo, verdadeiras.

    Minha compreenso no est baseada em um nico polo; minha compreenso fluida. Eusaboreei a verdade de ambos os lados: eu amei totalmente e meditei totalmente. Esta a minhaexperincia: a de que uma pessoa est completa s quando conhece os dois polos. Seno, ela apenas uma metade; algo fica faltando nela.

    Buda uma metade - Jesus tambm. Jesus conhecia o que o amor, Buda conhecia o que ameditao; mas, se eles se encontrassem, seriam impossvel se comunicarem entre si. Um no

    compreenderia a linguagem do outro. Jesus falaria sobre o reino de Deus e Buda comearia a rir:'Que absurdo esse que voc est dizendo? O reino de Deus?' Buda diria apenas: 'Cessao do

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    eu, desaparecimento do eu'. E Jesus: 'Desaparecimento do eu? Cessao do eu? Isso cometersuicdio, o suicdio mximo. Que espcie de religio essa? Fale do Eu Supremo!'

    Um no entenderia as palavras do outro. Se alguma vez eles tivessem se encontrado,precisariam de um homem como eu como intrprete; caso contrrio no haveria comunicao entreeles. Eu teria de interpretar de tal maneira que acabaria sendo infiel a ambos! Jesus falaria em 'reino

    de Deus', que eu traduziria por 'nirvana' - ento Buda poderia entender. Buda diria 'nirvana' e, paraJesus, eu diria 'reino de Deus' - ento ele poderia compreender.Agora a humanidade precisa de uma viso total. Ns j vivemos com vises parciais por muito

    tempo. Essa foi uma necessidade do passado, mas agora o homem amadureceu. Os meussannyasins tm de provar que podem meditar e rezar ao mesmo tempo; que podem meditar e amarao mesmo tempo; que podem estar to silenciosos quanto possvel e que podem celebrar e danartanto quanto possvel. Seu silncio tem de se tornar a sua celebrao, e sua celebrao tem que setornar o seu silncio. Eu lhes dei a tarefa mais difcil que j foi dada a um discpulo, porque esse oencontro dos opostos.

    E nesse encontro, todos os outros opostos vo se fundir e tornar-se um: Oriente e Ocidente,homem e mulher, matria e conscincia, este mundo e o outro mundo, vida e morte. Todos os

    opostos vo se encontrar e fundir-se por meio desse encontro, pois essa a polaridade mxima; elacontm todas as polaridades.

    Esse encontro criar um novo ser humano - Zorba, o Buda. Esse o nome que eu dou ao novohomem. E cada um dos meus sannyasins precisa fazer todos os esforos possveis para setransformar nessa liquidez, nesse fluxo, de modo que os dois polos faam parte deles.

    Assim, vocs tero sentido o gosto da totalidade. E conhecer a totalidade o nico meio para seconhecer o que o sagrado. No h outro meio" OSHO, Autobiografia de um Mstico Espiritualmente IncorretoCopyright 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suia.Todos os direitos reservados.

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