Meditacoes da Via Sacra

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Meditação:

Em oração, com o ânimo recolhido e comovido, percorremos nesta tarde o cami-

nho da Cruz. Subimos com Jesus ao Calvário e meditamos no Seu sofrimento,

descobrindo como é profundo o amor que Ele teve e tem por nós. Mas, neste

momento, não queremos limitar-nos a uma compaixão simplesmente ditada

pelo nosso sentimento frágil; queremos antes de tudo sentir-nos participantes

do sofrimento de Jesus, queremos acompanhar o nosso mestre compartilhando

a Sua Paixão na nossa vida, na vida da Igreja, pela vida do mundo; porque sabe-

mos que é justamente na Cruz do Senhor, no amor sem limites que se doa total-

mente a si mesmo, que está a fonte da graça, da libertação, da paz, da salvação.

Oração Inicial

Senhor Jesus, convidais-nos a seguir-Vos nesta Via Sacra.

No Vosso caminho doloroso até à Cruz

estão presentes as dificuldades da nossa vida,

as provações da Vossa Igreja e as dores da humanidade inteira.

Seja a Vossa Cruz o meio pelo qual o mundo seja salvo.

Senhor Jesus, Vós nos repetis as palavras que dissestes a Pedro: «Segue-me».

Queremos seguir-Vos, passo a passo, no caminho da Vossa Paixão,

para também nós aprendermos a chorar amargamente os nossos pecados,

que foram a causa de todo o Vosso sofrimento.

Mãe Dolorosa, acompanhai-nos nesta oração,

tal como acompanhastes o Vosso Filho no caminho até ao Calvário.

Contemplando a Vossa dor junto à Cruz,

fazei-nos imitar o Vosso exemplo de Fé e de Esperança,

ainda que tudo pareça perdido.

Ámen.

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PRIMEIRA ESTAÇÃO Jesus é condenado à morte

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do Evangelho segundo João 19,6-7.12.16

Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar:

“Crucifica-O! Crucifica-O!” Pilatos respondeu: “Levai-O vós mesmos para o cru-

cificar, pois eu não encontro n’Ele crime algum”. Os judeus responderam: “Nós

temos uma Lei, e, segundo essa Lei, Ele deve morrer, porque Se fez Filho de

Deus”..

Por causa disto, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam: “Se sol-

tas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se

contra César”… Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado.

MEDITAÇÃO

Por que motivo Jesus foi condenado à morte, Ele que “andou por toda a parte a

fazer o bem”? (Act 10,38). Esta pergunta acompanhar-nos-á ao longo da Via-

sacra, assim como nos acompanha por toda a vida.

Nos Evangelhos, encontramos uma resposta verdadeira: os chefes dos judeus

quiseram a Sua morte porque compreenderam que Jesus Se considerava o Filho

de Deus.

Jesus morreu pelos nossos pecados, porque Deus

nos ama; e ama-nos a ponto de dar o Seu Filho uni-

génito, para que tenhamos a vida por meio d’Ele (cf.

Jo 3,16-17).

Portanto, é para nós mesmos que devemos olhar:

para o mal e o pecado que vivem dentro de nós e que

demasiadas vezes fingimos ignorar. Assim, o cami-

nho da Via-sacra e todo o caminho da nossa vida tor-

nam-se um itinerário de penitência, dor e conversão,

mas também de gratidão, de fé e alegria.

Pai-nosso...

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SEGUNDA ESTAÇÃO Jesus é carregado com a Cruz

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do Evangelho segundo Mateus 27, 27-31

Então, os soldados do governador levaram Jesus consigo para o Pretório e reuni-

ram junto d'Ele toda a companhia. Depois de O terem despido, envolveram-n'O

num manto púrpura. Teceram uma coroa de espinhos, que Lhe puseram na cabe-

ça, e, na mão direita, colocaram-Lhe uma cana. Ajoelharam-se diante d'Ele e

escarneceram-n'O dizendo: “Salve, ó rei dos Judeus!” Depois, cuspiram n'Ele e

pegaram na cana e puseram-se a bater-Lhe com ela na cabeça. No fim de O

terem escarnecido, despiram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas e leva-

ram-n'O para O crucificarem.

MEDITAÇÃO

Depois da condenação, vem a humilhação. Aquilo

que os soldados fazem com Jesus é, sem dúvida,

desumano: são actos de escárnio e desprezo nos

quais se exprime uma crueldade obscura, insensível

ao sofrimento, que é aplicada sem motivo a uma pes-

soa já condenada ao tremendo suplício da cruz.

Jesus, “manso e humilde de coração” é tratado como

um dos maiores criminosos do Seu tempo. É humi-

lhado, maltratado, cuspido e, por fim, é-lhe coloca-

do o pesado madeiro aos ombros. A juntar ao peso

físico da cruz, está o peso dos pecados de toda a

humanidade. Ele quer carregá-los, quer tomar sobre Si as nossas faltas, para

delas nos libertar. Quanto amor! Quanto amor Jesus tem por nós, que tudo

suporta, ao ponto de sofrer tanto e dar a vida pelos que ama!

Senhor Jesus, cada vez que pecamos, também nós estamos entre aqueles que vos

escarnecem e tornamos a Vossa cruz ainda mais pesada. Perdoai-me, ó Bom

Jesus! Pai-nosso...

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TERCEIRA ESTAÇÃO Jesus cai pela primeira vez

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do livro do profeta Isaías 53, 4-6

Eram os nossos males que Ele suportava, e as nossas dores que tinha sobre Si.

Mas nós víamos n’Ele um homem castigado, ferido por Deus e sujeito à humilha-

ção. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas, e esmagado devido às nos-

sas faltas. O castigo que nos salva, caiu sobre Ele, e por causa das Suas chagas é

que fomos curados. Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, seguindo

cada qual o seu caminho. E o Senhor fez cair sobre Ele as faltas de todos nós.

MEDITAÇÃO

Os Evangelhos não nos falam das quedas de Jesus sob

a cruz, contudo esta antiga tradição é profundamente

possível. Lembremos apenas que, antes de lhe ser

dada a cruz para carregar, Jesus tinha sido flagelado a

mando de Pilatos.

Antes de nos determos nos aspectos mais profundos

e interiores da paixão de Jesus, concentremo-nos na

dor física que ele teve que suportar. Uma dor enorme

e tremenda, até ao último suspiro na cruz, uma dor

que provoca medo.

Jesus não rejeitou a dor física e assim fez-se solidário

com toda a família humana, especialmente com uma grande parte desta, cuja

vida, hoje em dia, está marcada por esta forma de dor. Enquanto o vemos cair

sob a cruz, sob o peso dos nossos pecados, peçamos-lhe humildemente a cora-

gem de alargar os espaços demasiado estreitos do nosso coração.

Pai-nosso...

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QUARTA ESTAÇÃO Jesus encontra sua Mãe

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do Evangelho segundo João 19,25-27

Junto à cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de

Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver Sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que

Sle amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis a

tua mãe”. Dessa hora em diante, o discípulo a acolheu em sua casa.

MEDITAÇÃO

Nos Evangelhos, não se fala directamente de um encontro de Jesus com a Sua

Mãe durante o caminho da cruz, mas da presença de Maria junto da cruz. E lá

Jesus dirige-Se a ela e ao discípulo predilecto, o evangelista João. As suas pala-

vras têm um sentido imediato: confiar Maria a João, para que cuide dela. As

mesmas palavras têm um sentido muito mais amplo e profundo. Junto da cruz,

Maria é chamada a dizer um segundo “sim”, depois do sim da Anunciação, com o

qual se tornara Mãe de Jesus, abrindo assim a porta à nossa salvação.

Com este segundo “sim”, Maria torna-se mãe de todos nós, de cada homem e de

cada mulher, pelos quais Jesus derramou o Seu sangue. Uma maternidade que é

sinal vivo do amor e da misericórdia de Deus por nós. Maria, porém, suportou

sofrimentos incalculáveis para que A tenhamos como Mãe. Como lhe profetizou

Simeão no templo de Jerusalém, “Quanto a ti, uma espada te traspassará a

alma” (Lc 2,35).

Maria, Mãe de Jesus e nossa mãe, ajudai-nos a experimentar nas nossas almas,

nesta noite e sempre, aquele sofrimento cheio de amor que Vos uniu à cruz

redentora do Vosso Filho.

Pai-nosso ...

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QUINTA ESTAÇÃO Jesus é ajudado por Simão Cireneu a levar a Cruz

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do Evangelho segundo Lucas 23,26

Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de Cirene, que voltava do

campo, e mandaram-no carregar a cruz atrás de Jesus.

MEDITAÇÃO

Jesus devia estar verdadeiramente esgotado, e os

soldados remedeiam a situação agarrando o primei-

ro desafortunado que encontraram, fazendo-o car-

regar a cruz. Também na vida de cada dia, a cruz é-

nos colocada aos ombros, sob muitas formas diver-

sas – desde uma doença, um grave acidente, até à

perda de uma pessoa querida – e nós vemos nela

somente pouca sorte ou, no pior dos casos, uma

desgraça.

Mas, Jesus dissera aos seus discípulos: “Se alguém

me quiser seguir, renuncie a si mesmo. Tome a sua

cruz e siga-Me” (Mt 16,24). Não são palavras fáceis. Na vida concreta, são, sem

sombra de dúvidas, as palavras mais difíceis do Evangelho.

Todavia, Jesus continua a dizer: “Pois quem quiser salvar a sua vida há-de perdê-

la; e quem perder a sua vida por causa minha causa, vai encontrá-la” (Mt 16,25).

Detenhamo-nos nas palavras “por minha causa”: aqui está a exigência que Ele

nos faz. Ele está no centro de tudo, Ele é o Filho de Deus, o nosso único Salvador

(cf. At 4,12).

Pai-nosso...

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SEXTA ESTAÇÃO

A Verónica limpa o rosto de Jesus

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do livro do profeta Isaías 53, 2-3

Não tinha beleza nem atractivo para o olharmos, não tinha aparência que nos

agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores,

cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era,

não fazíamos caso dele.

MEDITAÇÃO

Quando a Verónica limpou a face de Jesus com um

lenço, certamente aquele rosto não devia ser atraen-

te: era uma face desfigurada pelo sofrimento. Uma

face ensanguentada, esmurrada, mutilada. Porém,

aquele rosto não podia deixar ninguém indiferente.

Podia provocar escárnio e desprezo, mas também

compaixão e amor.

Apesar de desfigurado, o rosto de Jesus é sempre o

rosto do Filho de Deus. É uma face desfigurada por

nós, um rosto desfigurado em nosso favor, que

expressa o amor e a doação de Jesus e que é espelho

da misericórdia infinita de Deus Pai.

O gesto de piedade da Verónica torna-se para nós uma provocação, uma chama-

da de atenção urgente: apela-nos a não virarmos a cara para o lado, mas de

olharmos também nós para aqueles que sofrem, próximos e distantes. E não

somente olhar, mas ajudar.

Pai-nosso…

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SÉTIMA ESTAÇÃO Jesus cai pela segunda vez

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do livro dos Salmos 41,6-10

Os inimigos deseja-me o mal: “Quando é que vai morrer e ser cancelado o seu

nome?” Quem vem visitar-me diz mentira, o seu coração acumula maldade e

quando vai embora, fala mal. Juntos, os meus inimigos murmuram contra mim:

“Uma doença caiu sobre ele, está deitado não vai levantar-se”. Até o amigo em

que eu confiava, também aquele que comia do meu pão, levanta contra mim o

seu calcanhar.

MEDITAÇÃO

Jesus cai de novo sob a cruz. É verdade que estava

esgotado fisicamente, mas estava mortalmente feri-

do também no Seu coração. Pesava sobre Ele a rejei-

ção daqueles que, desde o início, tinham-se oposto à

Sua missão. Pesava muito mais o abandono dos Seus

amigos. Pesava terrivelmente a traição de Judas e a

tríplice negação de Pedro.

Sabemos que pesavam igualmente de maneira terrí-

vel os nossos pecados. Por isso, peçamos a Deus,

com humildade, mas também com confiança, que

não nos deixe a cair em pecado.

Pai-nosso…

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OITAVA ESTAÇÃO Jesus encontra as mulheres de Jerusalém que choram por Ele

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do Evangelho segundo Lucas 23, 27-29.31

Seguia-O grande multidão de povo e algumas mulheres que batiam no peito e

lamentavam-se por Ele. Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: “Mulheres de

Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos

filhos. Pois dias virão em que se dirá: “Felizes as estéreis, as entranhas que não

tiveram filhos e os peitos que não amamentaram”… Porque, se fazem assim com

o madeiro verde, que será do madeiro seco?”.

MEDITAÇÃO

Eis o apelo ao arrependimento, ao verdadeiro arre-

pendimento. Jesus diz às filhas de Jerusalém que cho-

ram, ao vê-Lo passar: "Não choreis por Mim; chorai

antes por vós mesmas e pelos vossos filhos". A voz de

Jesus fala de juízo e chama à conversão. Ao longo do

Caminho do Calvário, Cristo continua a dar lições de

vida à nossa humanidade.

Ele, o Deus que chorou e Se lamentou sobre Jerusa-

lém, educa agora o pranto daquelas mulheres para

que tal pranto produza frutos. E o fruto desejado des-

te choro é a conversão: “Chorai por vós!”, diz-lhes

Jesus. Dirige-Se às mulheres de Jerusalém e hoje também a nós: “Chorai por vós!

Chorai os vossos pecados, que são a causa do Meu sofrimento!

Pai-nosso...

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NONA ESTAÇÃO Jesus cai pela terceira vez

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 5,19-21

Em Cristo, Deus reconciliou o mundo Consigo, não imputando aos homens as

Suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação. Em nome de Cristo,

nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu

nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele, nós nos tornemos jus-

tiça de Deus.

MEDITAÇÃO

O motivo mais profundo das repetidas quedas de

Jesus não foram somente os sofrimentos físicos que

fazem Jesus cair, não foram somente as traições

humanas, mas a vontade do Pai. Aquela vontade mis-

teriosa e humanamente incompreensível, mas infini-

tamente boa e generosa, pela qual Jesus tomou os

nossos pecados. Para Ele foram transferidas todas as

culpas da humanidade.

Enquanto procuramos identificar-nos com Jesus que

caminha e cai sob a cruz, é justo que experimentemos

em nós sentimentos de arrependimento e de dor.

Contudo, ainda mais forte deve ser a gratidão que invade a nossa alma.

Ó Senhor, Vós nos resgatastes com o Vosso sangue; pela Vossa cruz, destes a sal-

vação ao mundo inteiro!

Pai-nosso…

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DÉCIMA ESTAÇÃO Jesus é despojado das suas vestes

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do Evangelho segundo João 19, 23-24

Ao crucificarem Jesus, os soldados ficaram-Lhe com as vestes, das quais fizeram

quatro partes, um para cada soldado, e ficaram também com a túnica. A túnica

era sem costura, tecida de alto a baixo como um todo. Disseram, pois, entre si:

“Não a rasguemos, vamos tirá-la à sorte, para ver de quem será”. Assim se cum-

pria a Escritura: ”Repartiram entre si as minhas vestes, e deitaram sortes sobre a

minha túnica “.

MEDITAÇÃO

Jesus é despojado das suas vestes e, deste modo, é

apresentado despido à vista do povo de Jerusalém e

à vista de toda humanidade. É o momento mais

humilhante. Agora, nada mais existe entre o Seu

corpo desfigurado e ferido e o madeiro da Cruz.

Despido das Suas vestes, o corpo de Nosso Senhor

está pronto para ser imolado. Pronto para ser unido

à Cruz e oferecer-Se pela Humanidade.

Senhor Jesus, pela humilhação que sofrestes quando

fostes despido da Vossa túnica, dai-nos a graça de

nos desapegarmos cada vez mais das coisas terrenas

e desejarmos a cada dia as coisas do Céu.

Pai-nosso...

Page 13: Meditacoes da Via Sacra

DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO Jesus é pregado na Cruz

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do Evangelho segundo Marcos 15, 25-27

Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. O letreiro com o motivo da

condenação dizia: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”! Com Ele crucificaram dois

ladrões, um à direita e outro à esquerda.

MEDITAÇÃO

Jesus é pregado na cruz. Longos e duros pregos per-

furam a Sua Carne. O Seu sangue escorre pelo corpo,

já totalmente desfigurado… Uma tortura tremenda.

Uma dor imensa! E enquanto está suspenso na cruz,

muitos são aqueles que O escarnecem e provocam

dizendo: “Salvou os outros e não se pode salvar?! ...

Assim foi escarnecida não somente a sua pessoa,

mas também a sua missão de salvação, aquela mis-

são que Jesus estava precisamente a cumprir, cravado

na Cruz.

Mas, no Seu íntimo, Jesus conhece um sofrimento

incomparavelmente maior, que lhe faz irromper num grito: “Meu Deus, meu

Deus, por que me abandonastes?” (Mc 15,34).

Quantas vezes, no meio de uma provação, pensamos que fomos esquecidos ou

abandonados por Deus. Ou somos tentados a concluir que Deus não existe.

Ó Bom Jesus, pelas dores terríveis que sofrestes, ao serem trespassados as Vossas

mãos e os Vossos pés, fazei com que nunca nos separemos de Vós e vivamos

sempre à sombra da Vossa Cruz.

Pai-nosso…

Page 14: Meditacoes da Via Sacra

DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO Jesus morre na Cruz

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do Evangelho segundo João 19, 28-30

Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse

até o fim, disse: “Tenho sede”. Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram

numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. Ele

tomou o vinagre e disse: “Tudo está consumado”. E, inclinando a cabeça, expirou.

Silêncio

MEDITAÇÃO

Jesus morre. Pela obediência de Cristo, foram-nos

abertas de novo as portas do Céu, fechadas muitos

séculos antes pela desobediência de Adão.

“Tudo está consumado”. Jesus morre. Mas deixa ao

mundo, em testamento, o Seu melhor tesouro terre-

no. A humanidade ganha a melhor, a mais santa e a

mais perfeita das Mães: Maria Santíssima, que per-

manece junto à cruz, com uma força e coragem que

só pode vir do Alto.

Diante da morte de Jesus, a nossa resposta é o silên-

cio da adoração. Assim entreguemo-nos a Ele, colo-

quemo-nos nas Suas mãos, tal como Ele entregou, nesta hora, o Seu espírito ao

Pai.

Pai-nosso…

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DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do Evangelho segundo João 19, 32-35.38

Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e também ao outro que

tinha sido crucificado juntamente com Ele. Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que

já estava morto, não Lhe quebraram as pernas. Porém, um dos soldados traspas-

sou-Lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água. (…) Depois disto,

José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, mas secretamente por medo das

autoridades judaicas, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. E

Pilatos permitiu-lho. Veio, pois, e retirou o corpo.

MEDITAÇÃO

Depois de dar a vida por cada um de nós, Jesus é des-

cido da cruz. Prontos a acolhê-lo estão os Imacula-

dos braços de Sua Mãe. O corpo frio de Jesus, com o

Seu rosto desfigurado repousa agora nos braços cari-

nhosos desta Mãe Dolorosa, que chora de tristeza e

amargura, depois de ter assistido à agonia e à morte

de Seu Filho.

Unindo o Seu extremo sofrimento de Mãe ao sofri-

mento salvífico de Cristo, muito justamente Ela

merece ser chamada de Co-Redentora, pois ninguém

como Ela participou de modo tão intenso e singular

na Paixão de Nosso Senhor.

Virgem Santíssima, pelas Vossas lágrimas que ungiram as chagas do Salvador,

intercedei por nós, Vossos filhos, gerados no Calvário e da Cruz nascidos.

Pai-nosso…

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DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO Jesus é depositado no sepulcro

V/. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R/. Porque remistes o mundo pela Vossa Santa Cruz.

Do Evangelho segundo Mateus 27, 57-60

Ao entardecer, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também se

tornara discípulo de Jesus. Ele foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus.

Então Pilatos mandou que lhe entregassem o corpo. José, tomando o corpo,

envolveu-o num lençol limpo, e o colocou em um túmulo novo, que havia manda-

do escavar na rocha. Em seguida, rolou uma grande pedra para fechar a entrada

do túmulo, e retirou-se.

MEDITAÇÃO

Com a pedra que fecha a entrada do túmulo, tudo parece verdadeiramente ter-

minado. Porém, poderia permanecer prisioneiro da morte o Autor da vida?

Recolhidos em oração, Maria e os Apóstolos, em silêncio, oferecem a sua dor a

Deus. Confiam sempre. Mesmo na noite mais escura, como foi esta que se

seguiu à morte de Jesus, eles confiam… Acreditam… Esperam…

Diante do túmulo de Jesus, detenhamo-nos em oração. No silêncio do sepulcro,

aprendamos a esperar, a confiar… A abandonarmo-nos totalmente nas mãos de

Deus.

“A morte de Cristo é a nossa vida”. Porque morren-

do, fez-nos merecedores de entrar na Vida Eterna.

Pai-nosso…