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MEIO AMBIENTE, HUMANIZAÇÃO DA CIDADE E

SANEAMENTO

CONSULTORA:

Márcia Cristina Bergamim

CARIACICA

2012

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Grande Vitória: Indicadores de Esgoto......................................................................... 22

Tabela 2 - Cariacica: Investimentos em Serviços de Esgoto.......................................................... 22

Tabela 3 - Coleta de Resíduos Sólidos em 2007............................................................................ 25

Tabela 4 - Padrões de Qualidade do Ar.......................................................................................... 27

Tabela 5 - RAMQAR 8: Indicadores de Qualidade do AR 2000 -2009......................................... 28

Tabela 6 – Cariacica: Índice de Qualidade da Água – IQA............................................................

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Lista de Figuras

Figura 1 - Praças Reformadas (Parque Infantil e Nisio Sesconetto)............................................... 17

Figura 2 - Praça depredada e sem manutenção............................................................................... 17

Figura 3 - Instalação de equipamentos de um parque de diversões privado na área de uma praça

pública.............................................................................................................................................

18

Figura 4 - Pontos de acumulo e disposição inadequada de resíduos sólidos em uma praça

pública.............................................................................................................................................

18

Figura 5 - Pontos de acumulo de resíduos sólidos nos limites de UC municipal e Objeto

inservível depositado no manguezal de Cariacica..........................................................................

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Lista de Quadros

Quadro 1 – Cariacica: Caracterização das Praças Públicas............................................................ 15

Quadro 2 – Principais Poluentes Atmosféricos.............................................................................. 26

Quadro 3 - CENÁRIOS ATUAIS E DESEJÁVEIS....................................................................... 41

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SUMÁRIO

1. MEIO AMBIENTE, HUMANIZAÇÃO DA CIDADE E SANEAMENTO............ 4

1.1 Caracterização Geomorfológica/Geológica................................................................... 5

1.2 Vegetação...................................................................................................................... 6

1.2.1 Unidades de Conservação e Áreas Naturais Protegidas................................................. 8

1.3 Praças e áreas verdes urbanas......................................................................................... 13

1.4 Saneamento Básico ....................................................................................................... 19

1.4.1 Abastecimento de Água Potável.................................................................................... 20

1.4.2 Esgotamento Sanitário.................................................................................................... 21

1.4.3 Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos............................................................... 23

1.5 Qualidade do Ar............................................................................................................. 26

1.6 Recursos Hídricos.......................................................................................................... 29

1.6.1 Qualidade das Águas...................................................................................................... 31

1.6.2 Caracterização das Nascentes......................................................................................... 33

1.7 Educação Ambiental...................................................................................................... 34

1.8 Gestão Ambiental Municipal......................................................................................... 37

2. 2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 39

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1. MEIO AMBIENTE, HUMANIZAÇÃO DA CIDADE E SANEAMENTO.

Entre os anos de 1950 a 1991, a população de Cariacica cresceu em ritmo bastante acelerado. Nesse

intervalo de 41 anos, a população saltou de 21.741 habitantes para 274.532, com destaque para as

décadas de 1960 e 1970, período no qual o crescimento populacional chegou a 153%.

Expulsa do campo pela concentração fundiária resultante da erradicação do café e atraída pelas

supostas oportunidades de trabalho decorrentes da instalação dos grandes projetos industriais da

Grande Vitória, uma parcela dessa população encontrou em Cariacica mais alternativas para se

fixarem como moradores.

No entanto, o desenvolvimento da cidade se processou em ritmo bastante inferior ao do crescimento

populacional. Cariacica concentrou poucos investimentos e a ocupação espacial do município

ocorreu de forma rápida e desordenada. À medida que a população aumentava, emergiam

rapidamente as ocupações espontâneas e os loteamentos clandestinos sem infraestrutura e

saneamento básico, localizados em áreas inadequadas e de preservação permanente. A cidade

cresceu sem planejamento urbano e antes do estabelecimento das políticas que regulamentassem o

uso e ocupação do solo, sobretudo o urbano.

Consequentemente, o processo de produção do espaço criou uma série contradições que se

manifestam por intermédio de um violento processo de degradação socioambiental, cujos impactos

ainda se manifestam de forma intensa no meio ambiente e na qualidade de vida da população.

Nascentes foram e continuam sendo aterradas; rios são receptores de esgoto e perderam boa parte da

mata ciliar; os serviços de saneamento básico ainda são bastante incompletos, uma vez que a maior

parte do esgoto é lançada na natureza sem nenhum tipo de tratamento; manguezais ainda recebem

esgoto in natura, bem como são locais de depósito de lixo e sofrem pressão para serem aterrados e

ocupados; os bairros têm ruas estreitas, pouco arborizadas, sem espaços para construção de calçadas,

bem como dispõem de um número reduzido de praças públicas. Qual é a cidade que o cidadão de

Cariacica tem direito?

Por outro lado, Cariacica dispõe de um patrimônio ambiental cuja dimensão confere, ao município,

relevância expressiva para o contexto da Grande Vitória. Para exemplificar, estão localizados no

município: uma área importante de manguezal no contexto da região da Grande Vitória, várias

nascentes que formam rios usados para abastecimento humano da Grande Vitória e a maior unidade

de conservação da região.

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Parte da zona rural está localizada em uma região de serras, com altitudes mais elevadas que atingem

aproximadamente até 800m, com declividades acentuadas e que, de certa forma, impuseram alguns

limites para a ocupação da região e contribuíram para a preservação do patrimônio ambiental, uma

vez que quase a metade do território rural está coberta por fragmentos de Mata Atlântica. A

paisagem dessa região rural é formada por um conjunto de elementos naturais como relevo,

vegetação, formações rochosas etc., que determinam uma beleza cênica importante para os padrões

da Grande Vitória.

1.1 Caracterização Geomorfológica/Geológica

O relevo do município apresenta diferentes feições geomorfológicas resultantes de variações

climáticas, da litologia e de fatores biológicos. Verifica-se então a formação de três unidades de

relevo: a) Serra da Mantiqueira/Caparaó que faz parte da região geomorfológica do Sudeste Sul,

inserida no domínio morfoestrutural Cinturões Móveis Neoproterozóicos b) Tabuleiros Costeiros,

que fazem parte da região geomorfológica Costeira, inserida no domínio morfoestrutural das Bacias

e Coberturas Sedimentares Farenozóicas; (Brasil, 2006); e c) as Planícies Costeiras e Flúvio-

Marinhas das Unidades Quaternárias (PDM, 2007).

O domínio dos Cinturões Móveis Neoproterozóicos ocorre em áreas de planaltos e altitudes mais

elevadas, onde predominam rochas graníticas datadas também do Pré-Cambriano. Esse domínio

corresponde à parte oeste do município, onde se verifica a ocorrência das serras, cujas altitudes

chegam a ultrapassar 800 m (mapa 1). Nessas serras, formadas predominantemente por rochas

graníticas e gnáissicas, verifica-se a ocorrência de morros, como o do Mochuara, Pé de Urubu, Anil,

Loreano, Escalada, Pião, Óleo, Santo Antônio e Carrapato (PDM, 2007). Esse domínio consiste

também na porção mais preservada do território municipal, onde se encontra localizada a maior parte

do patrimônio ambiental de Cariacica.

Já o domínio morfoestrutural das Bacias e Coberturas Sedimentares Farenozóicas é constituído por

um relevo tabular, formado em ambientes de sedimentação com rochas que datam do Pré-Cambriano

(BRASIL, 2009). Os Tabuleiros Costeiros representam uma estreita faixa do território do município

e apresentam altitudes mais modestas (Mapa 1), variando entre 30 e 80 m (PDM, 2007). Esse

domínio localizado predominantemente no perímetro urbano encontra-se densamente ocupado pelas

atividades humanas e consequentemente é uma região bastante impactada. Grande parte dos

problemas ambientais do município está concentrado nesse domínio.

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Localizadas na porção nordeste do município, onde ocorrem os manguezais nas fozes dos rios de

deságuam na Baía de Vitória, as planícies costeiras e flúvio-marinhas apresentam as menores

altitudes. A formação dessas planícies data do Quaternário e se originou de depósitos flúvio-

marinhos e, portanto, são formações recentes (PDM, 2007). Essas planícies também são bastante

impactadas pelas atividades humanas, com destaque para a contaminação dos manguezais pelo

lançamento de esgoto sem qualquer tratamento.

1.2 Vegetação

O território de Cariacica era ocupado predominantemente pela Mata Atlântica e seus ecossistemas

associados, no caso os manguezais. Nessa porção do território, de acordo com a classificação

fitoecológica apresentada pelo IBGE, em linhas gerais, a vegetação é denominada Floresta

Ombrófila Densa (VELOSO, 1991). Uma vegetação resultante da combinação de índices

pluviométricos elevados e bem distribuídos durante o ano e temperaturas altas. Acrescente-se

também que essa classificação fitoecológica apresenta subdivisões, as quais agrupam algumas

formações específicas definidas pela altitude. Em Cariacica predominam as formações de terras

baixas (entre 5 e 50m de altitude) e submontana (entre 50 e 500m de altitude). Ressalta-se também a

ocorrência dos manguezais, um ecossistema específico de ambientes de transição lacustre/marinho.

Decorrente da ocupação humana a maior parte da Mata Atlântica foi desmatada e para agravar ainda

mais esse quadro, o desmatamento no Espírito Santo foi um dos processos mais rápidos do país. No

entanto, no contexto capixaba de devastação da Mata Atlântica e de localização de Cariacica na

Grande Vitória, região mais densamente ocupada, o município apresenta uma posição privilegiada

relativo ao percentual de remanescentes preservados do ecossistema.

A área territorial do município corresponde a 279,97km2

, e aproximadamente 85,58km

2, ou seja,

30,56% do território encontram-se ocupados por remanescentes de Mata Atlântica e ecossistemas

associados, no caso os manguezais. Ao considerar somente o território rural, esse percentual assume

proporções maiores, chegando a aproximadamente 44,46%. É importante ressaltar que a vegetação

está distribuída em vários fragmentos que apresentam níveis variados de conservação, oscilando

entre estágio inicial de regeneração à floresta primária, bem como a dimensão física também é

variável, mas os fragmentos que possuem grandes áreas são pouco numerosos e os de pequenas áreas

são inúmeros (Mapa 2).

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Alguns fatores contribuíram para que o município mantivesse esse patamar de preservação. Um deles

está relacionado ao maior fragmento e com melhor nível de conservação: a Reserva Biológica de

Duas Bocas. Criada como reserva florestal em 1965 e como unidade de conservação em 1991, a

conservação desse fragmento de vegetação remete ao início do século passado, quando em 1912 o

governo iniciou a compra de terras para construção de barragem que serviria para abastecimento

humano. A vegetação foi preservada como forma de preservar também os rios usados para

abastecimento de água. Atualmente a barragem ainda é usada para esse fim e contribui para abastecer

Cariacica.

Outro fator é de ordem natural: a altitude. Esse elemento dificultou a ocupação da parte oeste do

município e contribuiu para que essa porção do território se mantivesse mais conservada. Devido à

declividade o acesso às propriedades rurais é bastante precário, tornado-se até mesmo em um entrave

para o escoamento da produção agrícola. Verifica-se, mesclado aos cultivos agrícolas, vários

fragmentos de vegetação, principalmente em topos de morro, onde ocorrem várias nascentes. Ao

mesmo tempo, observa-se também que os cultivos de eucalipto, inclusive em topos de morro, estão

em expansão. Uma ameaça em um território permeado por atributos naturais.

Como a maior parte dos fragmentos de Mata Atlântica e, de forma mais ampla, do patrimônio

ambiental do município está localizada na zona rural, muitos deles em propriedades particulares, é

oportuno promover o desenvolvimento rural sustentável como uma alternativa que contribuirá

diretamente para a conservação e recuperação dos recursos naturais.

As unidades de conservação (Reserva Biológica de Duas Bocas e Parque Municipal Natural e Área

de Proteção Ambiental do Monte do Moxuara) associadas aos remanescentes de Mata Atlântica que

se localizam no entorno dessas áreas, são tão representativas no contexto da Grande Vitória, que essa

área foi selecionada para ser implantado um dos dez corredores ecológicos1 prioritários existentes no

Espírito Santo. Esse corredor ecológico, denominado Duas Bocas - Mestre Álvaro (Mapa 3),

interliga essa parte do território de Cariacica à Área de Proteção Ambiental do Mestre Álvaro em

Serra.

1 Os Corredores Ecológicos são áreas planejadas constituídas por unidades de conservação públicas, reservas

particulares, áreas de preservação permanente, reservas legais ou quaisquer outras áreas naturais. Tem como objetivo

conectar remanescentes florestais para proporcionar o deslocamento de animais e a dispersão de sementes e, dessa forma,

aumentar a cobertura vegetal e possibilitara conservação dos recursos naturais.

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Como a maioria dos fragmentos de vegetação ocupa pequenas áreas, são mais afetados pelo efeito de

borda. As áreas dos fragmentos de vegetação próximas da borda são mais iluminadas, mais quentes,

mais secas, mais expostas ao vento e sofrem maior pressão antrópica. Esses fatores associados

contribuem para a redução e até mesmo a extinção de um fragmento de vegetação. Nesse contexto, a

estruturação de um corredor ecológico por meio da conectividade dos fragmentos, formando uma

grande área contígua, é uma condição mais que oportuna para reduzir o efeito de borda, ampliar a

função ecológica e a conservação dos recursos naturais.

Relativo aos manguezais, no âmbito da Grande Vitória, Cariacica ainda preserva uma área

importante ocupada por esse ecossistema. Localizado totalmente no perímetro urbano, os

manguezais que resistiram à pressão urbana apresentam nível de conservação bastante variável e

ainda sofrem com a pressão de ocupações ilegais, com o lançamento de esgoto doméstico in natura e

com os depósitos de resíduos sólidos.

1.2.1. Unidades de Conservação e Áreas Naturais Protegidas

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei Federal Nº

9.985/2000), o conceito de unidade de conservação (UC) consiste em um território que apresenta

características naturais relevantes, criado pelo poder público por meio de instrumento legal, com

objetivos de manejo definidos e sob regime especial de administração, como forma de assegurar a

proteção adequada.

O SNUC estabelece dois grupos de unidades de conservação: de uso sustentável e de proteção

integral. Nas unidades de uso sustentável, é permitido o uso direto dos recursos naturais, desde que

seja feito de forma sustentável compatível com a conservação dos recursos naturais. Nas de proteção

integral o objetivo é preservar a natureza e dessa forma é permitido o uso indireto, ou seja, aquele

que não envolve consumo, coleta e uso dos recursos naturais.

Esses dois grupos de unidades de conservação apresentam várias categorias de manejo, as quais

apresentam objetivos específicos de uso dos recursos naturais e de gestão. As unidades de uso

sustentável apresentam as seguintes categorias de uso: Área de Proteção Ambiental, Área de

Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva

de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural. As de proteção integral

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são: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida

Silvestre.

Em Cariacica existem cinco unidades de conservação, cujas categorias de manejo se enquadram nas

tipologias previstas pelo SNUC. São elas: Reserva Biológica de Duas Bocas, Parque Natural

Municipal do Monte Moxuara, Área de Proteção Ambiental do Monte Moxuara, Parque natural

Municipal do Manguezal de Itanguá, Reserva do Desenvolvimento Sustentável Municipal do

Manguezal de Cariacica (Mapa 4).

A Reserva Biológica de Duas Bocas é uma unidade de conservação de proteção integral, de

domínio público, que tem como objetivo a preservação integral dos recursos naturais. Como o uso

dos recursos naturais é bastante restritivo, é permitida a pesquisa científica e a visitação pública com

fins educacionais.

Sob responsabilidade do IEMA, a reserva biológica está totalmente localizada em Cariacica, bem

como representa o maior fragmento florestal do município (2.910 ha). Criada primeiro com reserva

florestal, Duas Bocas passou a ser Reserva Biológica somente em 1991. Apesar das interferências

antrópicas relativas ao desenvolvimento da agricultura anteriormente à criação da UC, Duas Bocas é

um fragmento de Mata Atlântica que apresenta bom nível de conservação. Uma condição que toma

dimensão maior, quando se considera que grande parte dos principais rios de Cariacica nasce na UC.

É uma unidade de conservação consolidada, o que pode ser confirmado pela situação fundiária

totalmente regularizada; pelos limites cercados e bem definidos; existência de plano de manejo;

equipe técnica permanente, formada por guardas ambientais para a fiscalização, técnicos ambientais

e administrativos, incluindo o administrador da UC; existência de plano de manejo; infraestrutura

adequada (centro de visitante com auditório e trilha) para visitação com fins educacionais2,

acompanhada de guia.

Diferentemente, as outras unidades de conservação, todas de competência municipal, ainda não são

consolidadas. O Parque Natural Municipal do Monte Moxuara, criado em 2007, é uma UC de

proteção integral, de domínio público, cujo objetivo é a preservação dos recursos naturais, a

2 Na Reserva Biológica é permitida a visitação com fins educacionais. Duas Bocas tem visitação controlada e por isso

recebe no máximo 50 visitantes por semana, divididos em grupos de no máximo 50 pessoas. Na trilha a educação

ambiental não feita por placas interpretativas, mas por meio da percepção ambiental.

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realização de pesquisa científica e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, de

recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

A área do Parque é formada pelo Monte Moxuara, um afloramento rochoso granítico localizado num

dos pontos mais elevados do município, de beleza cênica relevante para Cariacica, tanto que se

tornou o símbolo da cidade. Devido às características naturais do parque, um afloramento rochoso, a

vegetação ocorre em poucos locais, mas é constituída por remanescentes de Mata Atlântica com bom

nível de conservação.

O Parque não tem a situação fundiária regularizada e dessa forma não é cercado e tampouco tem

marcos identificando os seus limites. A UC também não dispõe de equipe técnica permanente e a

fiscalização ocorre somente quando são feitas denúncias. Existe uma sede, mas atualmente está

sendo usada para tratamento de dependentes químicos. Existem trilhas que surgiram

espontaneamente, mas não existem placas interpretativas para promover a educação ambiental.

Verifica-se então que o parque não tem infraestrutura para receber o visitante e desenvolver a

educação ambiental, um dos principais objetivos dessa categoria de manejo. Para concluir, o parque

não dispõe de plano de manejo e o conselho gestor está inativo.

No entanto, o parque está sendo contemplado com recursos de uma compensação ambiental da

VALE, no valor aproximado de R$ 2.154.000,00 que serão utilizados para regularização fundiária,

recuperação da sede, cercamento, pavimentação da estrada de acesso e do estacionamento e

aquisição de veículos. O plano de trabalho está em processo de discussão com o IEMA, mas já se

encontra na fase final de elaboração. Dessa forma, o processo para utilização do recurso da

compensação ambiental e dar início à implementação do parque está tramitando.

A Área de Proteção Ambiental (APA) do Monte Moxuara, uma UC de uso sustentável, tem como

objetivo conservar os recursos naturais, bem como usá-los de forma sustentável. Nessa categoria de

manejo a ocupação humana é permitida, uma vez que pode ser constituída somente por propriedades

particulares. Geralmente as APA´s são criadas no entorno de UC’s de uso restritivo para reduzir o

impacto das atividades humanas. APA do Monte Moxuara foi criada no entorno do parque e quando

da implementação dessas UC’s poderá cumprir essa função.

Como a APA é formada por áreas particulares, o seu território é constituído por propriedades rurais

que têm uso agrícola, atividades turísticas, edificações, nascentes, cursos d’água, reserva legal,

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afloramentos rochosos, entre outros. As áreas de reserva legal, fragmentos de Mata Atlântica, são

bastante expressivas na APA e caracterizam-se por níveis diferenciados de conservação. Nesse

contexto, promover o uso sustentável dos recursos naturais, é o principal objetivo é o grande desafio

na implementação de uma APA.

Da mesma forma que o Parque, a APA foi criada em 2007 e não dispõe de plano de manejo, para

orientar os uso sustentável dos recursos naturais e o conselho gestor é o mesmo do parque, que se

encontra inativo. No entanto, as áreas, Parque Natural Municipal do Monte Moxuara e a Área de

Proteção Ambiental do Monte Moxuara encontram-se com Planos de Manejo contratado, utilizando-

se do recurso de Compensação Ambiental provenientes da Vale.

Criada em 2007, a Reserva do Desenvolvimento Sustentável (RDS) Municipal do Manguezal de

Cariacica tem 740 ha de área. Essa categoria de manejo é de domínio público e dever ser criada em

locais que abrigam populações tradicionais, cujo modo de vida seja estruturado em sistemas

sustentáveis de exploração dos recursos naturais, bem como contribua para a preservação da

natureza. Nessa perspectiva, a RDS tem como objetivo preservar a natureza e assegurar melhores

condições de vida para as populações tradicionais, por meio da valorização, da conservação e do

aperfeiçoamento do conhecimento dessas populações.

Localizada no perímetro urbano de Cariacica, a RDS foi criada em uma área de manguezal que

apresenta níveis variados de degradação e conservação. Como exemplo, na porção sul da RDS, onde

o entorno é densamente ocupado e por isso mais degradado, existem valões de esgoto, trechos com

vegetação suprimida e pontos viciados de lixo. Na parte sul, o manguezal apresenta bom nível de

conservação, mas sofre pressão para a construção de condomínios fechados. Acrescente-se também

que o rio Bubu, um dos mais poluídos de Cariacica, deságua na RDS. No entanto, é uma área

relevante para a conservação, tanto pela dimensão territorial quanto pela importância do ecossistema

e das populações que dele sobrevivem.

Embora a proteção e a conservação dos manguezais sejam de fundamental importância para a

preservação de sua estrutura vegetal, animal e ecológica e para a produção pesqueira, a RDS não tem

plano de manejo, não dispõe de fiscalização sistemática e o conselho gestor está inativo. Foram

instaladas placas de identificação da UC, mas a população ignora as placas e os limites da reserva e

continua jogando lixo.

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No interior da RDS residem várias famílias, cujo número não foi estimado pelo município, e nem

todas se enquadram na categoria “população tradicional”. A população tradicional da RDS é formada

por pescadores artesanais (marisqueiros e catadores de caranguejo), a maioria residente nas

proximidades do manguezal. A SEMMAM desenvolve um projeto, Povos e Mangues, para organizar

essa população e criar alternativas sustentáveis de renda. Atualmente 150 pescadores estão

contemplados no projeto.

O Parque Natural Municipal do Manguezal de Itanguá, criado em 2007, possui 47,19 ha

localizados no perímetro urbano. O Entorno do parque é densamente ocupado e dessa forma, nele

também se manifestam grande parte dos problemas de degradação identificados na RDS. Nesse

parque deságua o rio Itanguá, o manancial mais poluído e degradado de Cariacica e sujeito a

inundações quando da ocorrência de chuvas.

O Parque não tem plano de manejo, fiscalização e quadro técnico permanente e o conselho gestor

está inativo. Em relação à situação fundiária, por se tratar de uma área de manguezal, situada em

terreno de Marinha é, portanto, patrimônio da União. Nesse caso o município pode pedir a cessão do

uso da área. A solicitação já foi realizada pela SEMMAM, mas algumas pendências nas informações

exigidas pela União têm que ser resolvidas para se concluir o processo.

É importante ressaltar, que a categoria de manejo Parque Natural, permite somente o uso indireto dos

recursos naturais. Nessa perspectiva legal, a coleta de caranguejo ou a extração de qualquer outro

recurso natural, é permanentemente proibida nessa categoria de UC. Foi assinado ainda, Termo de

Compromisso de Compensação Ambiental celebrado entre a INFRAERO e o Instituto Estadual do

Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA - que distribui verbas entre os municípios de Vitória,

Serra e Cariacica. O recurso destinado para Cariacica será aplicado no PNM do Manguezal de

Itanguá com previsão de financiar o cercamento parcial da área da UC e a elaboração do plano de

manejo.

Todas as UC’s municipais foram criadas em 2007, ou seja, há pouco mais de dois anos. A partir da

criação, as UC’s têm prazo de até cinco anos para elaborar o plano de manejo, um documento

importante para a administração de gestão dessas áreas. Até então nenhuma das UC’s municipais

dispõem desse documento, a fiscalização é precária, a situação fundiária não é regularizada, enfim,

as unidades de conservação estão bem distantes de se tornarem consolidadas. Apesar disso, a

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iniciativa municipal de criar as unidades de conservação é um procedimento que contribui para

preservar os recursos naturais. Experiências confirmam que uma unidade de conservação criada, mas

não implementada, consegue reduzir a degradação ambiental de um ecossistema em patamar superior

a da condição pretérita.

Por sua vez, apesar da ocorrência de vários fragmentos de Mata Atlântica na zona rural, conforme

descrito, não foi criada nenhuma Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN. Essa categoria

de manejo é de uso sustentável, de domínio privado, gravada com perpetuidade e tem como objetivo

conservar a diversidade biológica, além de contribuir para a formação dos corredores ecológicos.

Nas propriedades rurais a área ocupada por Mata Atlântica, pode ser transformada em RPPN pelo

proprietário. O procedimento para a criação de uma RPPN é realizado pelo Insituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade – ICMBio. O proprietário de uma RPPN adquire alguns direitos

como: Isenção do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, referente à área criada como RPPN;

prioridade na análise dos projetos, pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente, preferência na análise de

pedidos de credito rural, entre outros.

Nesse contexto, a zona rural do município oferece condições para a criação de várias RPPN’s, cujos

desdobramentos podem contribuir para a consolidação do Corredor Ecológico Duas Bocas- Mestre

Álvaro, intensificar a conservação dos recursos naturais, fortalecer o desenvolvimento de atividades

econômicas sustentáveis, como o turismo ecológico e rural e a produção agrícola orgânica, entre

outros.

1.3 Praças e áreas verdes urbanas

Praças são espaços públicos que se constituem em áreas livres, dotadas de certa infraestrutura como

bancos, mesas, cadeiras, palcos, playground, quadra, entre outros equipamentos, além de disporem

de canteiros com jardinagem e arborização. Áreas verdes são pequenos fragmentos de vegetação

localizados no perímetro urbano, nos quais podem ocorrer nascentes, afloramentos rochosos ou

outros elementos da natureza. As áreas verdes podem ser transformadas em parques urbanos, receber

infraestrutura, sem comprometer os recursos naturais, para proporcionar condições de uso pela

população.

Criar e valorizar os espaços públicos é uma forma de resgatar a solidariedade em uma sociedade

marcada cada vez mais pelo individualismo, consumismo e utilização de espaços privados. A cidade

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é o lócus privilegiado para se construir a cidadania. Construção que perpassa várias dimensões e,

entre elas, a da existência de espaços públicos que propiciem convivência, solidariedade, trocas de

ideias, lazer, entre outros. Praças e áreas verdes são tipos de espaços públicos que humanizam o

ambiente e podem proporcionar oportunidades de construção de uma cidade do cidadão.

Os grupos sociais de melhor renda são os que menos usam os espaços públicos. Para esses grupos a

sociabilidade e o lazer ocorrem fundamentalmente nos espaços privados e comprados. Para as

camadas sociais de menor renda, que dispõem de poucos recursos financeiros, a praça surge muitas

vezes, por exemplo, como única opção de lazer. “Portanto, não se deve perder de vista que a praça

continua sendo um importante espaço livre e público, comum a toda a sociedade, podendo servir

como local de recreação e lazer” (MINAKI, 2007, p. 58).

Além da dimensão social e humana, as praças e áreas verdes desempenham funções: a) ambientais

ao contribuírem para reduzir a impermeabilização do solo urbano e para amenizar a temperatura

local, quando arborizadas, e b) estéticas e paisagísticas quando se tornam um lugar agradável e

atraente para a população devido beleza cênica de seu projeto, o que acaba por valorizar o espaço

urbano.

Cariacica dispõe de poucos espaços públicos que ofereçam condições adequadas de uso pelo

cidadão. Devido ao processo de ocupação da cidade, fortemente marcado pela formação de

loteamentos clandestinos e ocupações irregulares, os espaços para a construção de praças públicas

são escassos e de dimensão física reduzida. Foram identificadas somente 38 praças (Quadro 1 e

Mapa 5) em uma cidade formada por aproximadamente 100 bairros e uma população estimada em

356.536 habitantes.

Verifica-se, no entanto, um esforço da gestão municipal para dotar a cidade com esses equipamentos

públicos. Praticamente nos últimos dois anos foram construídas onze praças e reformadas sete,

totalizando dezoito unidades. Ação essa que condiz com o PDM, instrumento de gestão que tem

como uma de suas diretrizes a garantia da implantação de áreas verdes, de convívio e lazer para a

comunidade.

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15

Quadro 1 – Cariacica: Caracterização das Praças Públicas

Praça Bairro Área

(m2)

Arbori-

zação

Paisa-

gismo Equipamentos

Estado de

Conservação

1 Jerusalém Vila Palestina 400 sim sim Palco e quiosque ótimo

(reformada)

2 Hugo Viola Jardim

América 1000 sim sim bancos e playground bom (reformada)

3

Vicente

Santorio

Fantini

Alto Lage 600 sim sim playground, bancos,

mesa e coreto

ótimo

(reformada)

4 Marechal

Deodoro Cariacica Sede 1000 sim sim bancos e mesas ótimo (reformada)

5 Getúlio

Vargas

Campo

Grande 600 sim sim

mesas com jogos,

cadeiras e playground bom (reformada)

6 Alzilia Oliosi

Viana Santana 700 sim sim

campo de bocha e

quadra

regular

(reformada)

7 Nova Rosa da

Penha 1

Nova Rosa da

Penha 1 800 sim sim banco mesa playground

regular

(reformada)

8 Caramuru

Jardim

América 700

quadra, playground e

campo de bocha em construção

9 Padre Gabriel Nova

Valverde 300 sim sim campo de bocha

bom,

(nova)

10 Francisco

Ladislau

Campo

Grande 300 sim sim

bancos, cadeiras, mesas

e playground

ótimo

(nova)

11 Nedina Franco Campo

Grande

Lixo

200 sim sim

bancos, cadeiras e

mesas

bom

(nova)

12 Nisio

Sesconetto

Vila Inde-

pendência 600 sim sim

mesas, cadeiras e

bancos

ótimo

(nova)

13 Parque Infantil Campo

Grande 250 sim sim

mesas, cadeiras e

bancos

ótimo

(nova)

14 Luisa

Fracalossi São Geraldo 2 130 sim sim

bancos, cadeiras e

mesas

bom

(nova)

15 Carlos Renato Alto Lage 800 sim sim

bancos, cadeiras,

mesas, quadra de

esporte, arquiban-cada

e playground

bom

(nova)

16 João Ferreira

lima Expedito 500 sim sim

campo de bocha, palco,

bancos e mesas

ótimo

(nova)

17 Oriente Oriente 250 sim sim bancos e mesas ótimo

(nova)

18 Osmar Rossi Boa sorte 800 sim sim quadra de esporte,

bancos e mesas

ótimo

(nova)

19 Bela Aurora Bela Aurora 5.000 sim sim bom

20 Vale

Esperança

Vale

Esperança 800 sim sim

playground, mesas e

bancos bom

21 Vila Capixaba Vila Capixaba 100 - - - péssimo

(abandonada)

22 Monte Sião Alto Boa Vista - - - - péssimo

(abandonada)

23 Bandeirantes Loteamento

Cordovil - - - -

péssimo

(abandonada)

24 João São Francisco - - - - péssimo

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16

Bonadiman (abandonada)

25 Liberdade Alto Lage 200 sim bancos péssimo

26 Nossa Senhora

da Penha Flexal I 500 - - - péssimo

27 da Bíblia

Nova Rosa da

Penha 1200 - - - péssimo

28

Silvio

Apolintario

dos Anjos

Santana

(conjunto) 400

palco, playground,

banco, mesa

péssimo

29 Darly Soares Nova Brasília 800 sim quadra e playground péssimo

30 Luiz Bezerra

Sobrinho Cariacica Sede 100 sim - bancos péssimo

31 Olivio Rocha São João

Batista 100 sim - piso péssimo

32 Esperança Sotema 200 - - - ruim

33 Floriano

Varejão Itaquari 200 - - - ruim

34 José Maria

Ferreira

Campo

Grande - - - - ruim

35 Espacial

Conopos

Cruzeiro do

Sul - sim - - ruim

36 Conquista Castelo

Branco 750 sim sim

playground, quadra de

esporte e bancos ruim,

37 Nova

Esperança

Nova

Esperança 500 não não -

Existe somente a

área

38 General

Tiberico

Porto de

Santana 150 sim sim ruim

Fonte: Visita técnica in loco, 2010. Organização: Bergamim, M. C.

Além das praças, a gestão municipal vem realizando intervenções paisagísticas no espaço urbano

com o intuito de melhorar a estética da cidade. Denominadas pela gestão municipal como

humanização da cidade, essas intervenções consistem em obras de paisagismo em locais distintos,

por exemplo: canteiros da BR262, no trecho que corta o perímetro urbano do município, pontos de

acúmulo de resíduos sólidos, canteiros em pontos estratégicos (entrada de terminal do TRANSCOL,

rotatórias, etc.)

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Figura 1 - Praças Reformadas (Parque Infantil e Nisio Sesconetto).

Fonte: PMC.

A SEMMAM é responsável pelas praças e jardins da cidade. A maior parte das construções e

reformas de praças foi realizada por técnicos da prefeitura, reduzindo, dessa forma, a contratação de

empresas privadas. A SEMMAM dispõe de um técnico em paisagismo, responsável pela concepção

e elaboração dos projetos arquitetônicos e paisagísticos, e de um viveiro de mudas que produz as

árvores e as plantas ornamentais, exceto a grama, que são usadas no paisagismo das praças.

Figura 2 - Praça depredada e sem manutenção

Autor: Bergamim, M. C. 2010

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Figura 3 - Instalação de equipamentos de um parque de diversões privado na área de uma praça

pública

Autor: Bergamim, M. C. 2010

Figura 4 - Pontos de acumulo e disposição inadequada de resíduos sólidos em uma praça pública.

Autor: Bergamim, M. C. 2010

Quanto às características das praças, verifica-se que são modestas, apresentam projetos

arquitetônicos e paisagísticos simples, tanto quanto os equipamentos instalados, como playground,

bancos, mesas, quadras etc., (Quadro 1). Em outras palavras, condizem com a arrecadação

municipal. Algumas praças têm área bastante reduzida que limita a implantação de um bom projeto e

consequentemente o seu uso. No entanto, são equipamentos públicos intensamente utilizados pela

população, cumprindo, oportunamente o seu papel de lugar do encontro, do lazer, da troca de ideias,

enfim, de lugar público de sociabilidade.

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Quase a metade das praças apresenta estado de conservação que compromete o seu uso. Isso se deve

a dois fatores. O primeiro é o vandalismo. As praças têm duração reduzida. A depredação do

patrimônio público, que inclui o roubo de mudas, a utilização das praças como depósito de resíduos

sólidos, uso indevido e a destruição dos objetos e equipamentos instalados, é mais veloz que a

atuação do poder público. O segundo fator está relacionado à manutenção das praças, que envolve os

serviços de irrigação, limpeza, substituição de mudas, capina, poda, entre outros. Desde setembro de

2009 a SEMMAM não dispõe de técnicos para realizar os serviços de manutenção, com exceção da

BR262 que dispõe de 13 jardineiros terceirizados. Atualmente alguns garis estão fazendo a limpeza

dos canteiros, mas a frequência não é suficiente.

Sobre áreas verdes, o município criou duas, por meio de decretos, localizadas no perímetro urbano: o

Parque municipal de Santa Bárbara e da Nascente de Santa Bárbara, localizado no bairro de mesmo

nome e a Área de Preservação Permanente da Biquinha, localizada no bairro Jardim América. Essas

áreas verdes e outras, como FESBEM, Braspérola, Parque Municipal Cravo e a Rosa, Espelho D’

Água, Vale Esperança, Morro da Companhia e Parque Porto das Pedras, são identificadas e

classificadas pelo PDM como parques urbanos.

Os parques urbanos estão localizados em propriedades particulares, o que demanda a desapropriação

e indenização dessas áreas, bem como não dispõem de nenhuma infraestrutura e, portanto, não

oferecem condições de uso como parques urbanos.

1.4 Saneamento Básico.

A Lei de Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico (Lei nº.11.145/2007) – LDNSB, estabelece que

saneamento básico engloba um conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais a

saber: a) abastecimento de água potável: captação, tratamento e abastecimento de água; b) limpeza

urbana e manejo de resíduos sólidos: transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo

doméstico e dos logradouros e vias públicas; c) esgotamento sanitário: coleta, transporte,

tratamento e disposição final adequado do esgoto; e d) drenagem e manejo das águas pluviais

urbanas: transporte, retenção, tratamento e disposição final das águas pluviais urbanas.

A LDNSB ampliou o conceito de saneamento básico ao incorporar os serviços de limpeza urbana,

manejo de resíduos sólidos e drenagem das águas pluviais. Apesar do avanço relativo à ampliação do

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conceito, a LDNSB não é clara em relação à titularidade dos serviços de saneamento básico, mas

estabelece que a responsabilidade pela elaboração dos planos seja do titular do serviço.

Universalizar o acesso ao saneamento básico é um dos princípios fundamentais da política em

questão e um dos desafios prioritários do país, cuja meta é reduzir até 2015, 50% o número de

pessoas sem acesso ao saneamento básico, usando como referência o ano de 1990 (BRASIL, 2008).

Universalizar o acesso ao saneamento básico é um grande desafio a ser alcançado por Cariacica,

sobretudo em relação ao esgotamento sanitário. Acrescente-se também que o saneamento básico está

relacionado, de forma indissociável, à promoção da qualidade de vida e ao processo de proteção dos

ambientes naturais, com destaque para os recursos hídricos.

1.4.1 Abastecimento de Água Potável

A água disponível para o abastecimento humano do município é proveniente dos rios Jucu, Santa

Maria da Vitória e Duas Bocas, que são os principais rios/mananciais que abastecem a Grande

Vitória. Em Cariacica, somente o rio Jucu é responsável por 80% da oferta de água, o Santa Maria da

Vitória por 12% e Duas Bocas por 7% (ANA, 2010). Essa oferta de água, até 2015, é considerada

pela Agência Nacional de Águas “satisfatória”, que é a melhor classificação usada para avaliar a

disponibilidade da oferta desse recurso natural (ANA, 2010).

A empresa que detém a concessão do serviço de abastecimento de água é Companhia Espírito

Santense de Saneamento – CESAN. Essa concessão é válida até 2051 (SNIS, 2008). Para promover o

abastecimento de água em Cariacica, a CESAN utiliza quatro estações de tratamento de água: duas

localizadas em Cariacica (Vale Esperança e Duas Bocas), uma em Vila Velha e uma na Serra.

O serviço de abastecimento de água não se estende à zona rural. Somente a população urbana é

atendida pelo serviço, que se tornou universal desde 20083 (SNIS, 2008). Uma conquista importante,

pois até os primeiros anos do século atual, aproximadamente 10% da população urbana não dispunha

desse serviço básico e fundamental.

Para universalizar o abastecimento de água e assegurar que essa condição seja mantida, foram

realizados investimentos pela CESAN, entre 2003 e 2009, da ordem de R$34.146.650,00.

Acrescente-se também que as obras que estão em andamento e que serão concluídas em 2010 e 2011,

3 Dois bairros irregulares, Juscelino Kubscheck e Nova Campo Grande, não são atendidos pelo serviço de abastecimento

de água. O processo para solucionar esse problema encontra-se no Ministério Público.

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21

totalizam mais R$15.527.572,00 de investimentos. Os investimentos realizados pela CESAN, têm

como fonte de financiamento recursos próprios, Banco Internacional para Reconstrução e

Desenvolvimento - BIRD, CAIXA e Fundação Nacional de Saúde - FUNASA.

Todo esse montante de investimentos refere-se a obras de: ampliação, reforço, substituição,

construção e ampliação de rede de abastecimentos de água; construção e ampliação de reservatório;

construção e implantação de adutoras de água; recuperação e melhoria do sistema hidráulico de

estação de tratamento de água, entre outras.

1.4.2 Esgotamento Sanitário

Diferentemente do abastecimento de água, o percentual de cobertura de esgoto coletado e tratado é

muito baixo, constituindo-se no principal problema ambiental de Cariacica. Problema muito evidente

ao se constatar que a ocorrência de valões de esgoto que cortam vários bairros e desaguam nos

manguezais, nos rios e na Baía de Vitória, sem nenhum tipo de tratamento, é uma realidade

recorrente e comum no município. As consequências da ausência do serviço em questão, como

contaminação do ar, da água, dos manguezais e dos solos, além de degradarem os recursos naturais,

manifestam-se na qualidade de vida de parte considerável da população, cuja saúde e bem-estar são

afetados.

Considerando que o país também apresenta uma baixa cobertura do serviço de esgotamento sanitário

e tem reconhecido a necessidade e a importância de universalizar não somente esse componente do

saneamento básico, mas os demais também, os investimentos nessa área têm sido consideravelmente

ampliados, e estabelecidas metas para a redução da população sem acesso aos serviços de

saneamento básico.

Dados de 2008 apontam uma baixa cobertura dos serviços e esgoto, sobretudo no âmbito da Grande

Vitória, onde se verifica que Cariacica apresenta o menor percentual de esgoto tratado e o segundo

menor índice de atendimento urbano de esgoto (Tabela 1). Quando se compara o município com Vila

Velha, verifica-se que apesar da extensão da rede coletora de esgoto de Cariacica ser maior, o

volume de esgoto coletado é bem menor. A explicação para esses dados está relacionada ao fato da

responsabilidade pela ligação do domicílio com a rede de esgoto ser do morador e não da CESAN.

Dessa forma, muitos domicílios estão localizados em bairros que dispõem de rede de esgoto, mas

não estão interligados a ela.

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Tabela 1 – Grande Vitória: Indicadores de Esgoto

Município

Índice de aten-

dimento urbano de

esgoto (%)

Índice de esgo-to

tratado em relação à

água consumida (%)

Volume de es-goto

coletado (m3)

Extensão da rede

coletora de esgoto

(km)

Cariacica 16,58 9,72 2.124 246,81

Serra 45,04 17,61 6.471 430,78

Viana 36,08 21,78 573 25,54

Vila Velha 15,66 16,34 3.040 159,68

Vitória 56,09 29,07 11.103 184,17

Fonte: SNIS, 2008.

Diante da precariedade do serviço de esgotamento sanitário em Cariacica, os investimentos em

esgotamento sanitário têm sido ampliados. Para exemplificar, somente em relação à extensão da rede

coletora de esgoto, esta foi ampliada de 45 km para 246,8 km, entre 2003 e 2008 (SNIS, 2008 e

CESAN, 2010) e aproximadamente mais 80 km estão em execução, com previsão de conclusão em

2011 (CESAN, 2010).

O valor investido em esgotamento sanitário entre 2003 e 2009 foi de R$31.080.358,00 e estão em

execução obras que totalizam R$23.195.311,00 (Tabela 2). Esses recursos foram investidos em obras

de construção de rede de esgoto, de estações elevatórias, de emissários, de reator UASB, de

interligação de rede e de ligações domiciliares. As fontes de recursos são próprios, do Orçamento

Geral da União, da FUNASA e da CAIXA.

Atualmente, Cariacica conta com sete sistemas de esgoto: Mocambo (Ferreira Borges), Flexal,

Campo Verde, Nova Rosa da Penha, Bandeirantes, Padre Gabriel e Jardim Botânico e 13 estações

elevatórias.

Tabela 2 - Cariacica: Investimentos em Serviços de Esgoto Realizados Em andamento

Ano 2003-2008 2009 2010-2011

Valores em R$ 16.432.409,00 14.647.948,00 23.195.311,00

Fonte: CESAN, 2010.

Com os investimentos realizados pós 2008 e os que estão em andamento, cujo montante é mais que

duas vezes superior ao do período entre 2003 e 2008, admite-se que cobertura dos serviços de esgoto

tem sido consideravelmente ampliada. Nesse contexto de investimentos, a CESAN projeta para 2025

que todos os bairros regularizados do município sejam atendidos com esgotamento sanitário

(CESAN, 2010.)

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23

1.4.3 Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos

A Secretaria Municipal de Serviços e Trânsito é responsável pelos serviços de limpeza pública e

manejo dos resíduos sólidos. Os serviços de coleta, transporte (incluindo os veículos e equipamentos),

pesagem, transbordo e destinação final dos resíduos sólidos urbanos (RSU) são terceirizados. A empresa

Marca Ambiental, responsável para executar os serviços em questão, utiliza: caminhões equipados

com coletor compactador, caminhão com poliguincho, veículo com depósito hermeticamente

fechado para resíduos de saúde e um efetivo de 117 profissionais. Os resíduos sólidos são

depositados no aterro sanitário da empresa, localizado em Cariacica, que está devidamente licenciado

e atende as particularidades dos resíduos domésticos e de saúde (Plano, 2009).

Além de Cariacica, o aterro sanitário da empresa recebe resíduos de mais 10 municípios do Estado.

Mantido o volume atual de produção de resíduos, o aterro tem capacidade para continuar operando

por aproximadamente mais 20 anos. Atingida a capacidade, a área ocupada pelo aterro passará

muitos anos, impossibilitada de ter algum tipo de uso. Em longo prazo, devem ser avaliados os

impactos negativos e o volume de impostos gerados pela atividade para o município. É oportuno

salientar que o município não faz coleta seletiva4, a alternativa ideal para a destinação final dos

resíduos sólidos.

Os serviços de coleta de resíduos sólidos urbanos atendem 93,25 % da população urbana e são

recolhidas aproximadamente 206 toneladas de lixo por dia (SNIS, 2007). A empresa também coleta

os resíduos de saúde, cuja frequência varia de diária a semanal ou de acordo com a necessidade do

estabelecimento (Plano, 2009).

A cobertura do serviço ainda não é universalizada devido à existência de alguns bairros com sistema

viário bastante precário, o que inviabiliza a chegada e a circulação do veículo coletor de resíduos

sólidos. Nesses casos, não ocorre a coleta.

Relativo à frequência da coleta dos resíduos sólidos, esta é espacialmente variável. A coleta diária,

com exceção dos domingos, atende somente 30% da população e ocorre nas vias principais dos

bairros que concentram atividades comerciais e de serviços e, consequentemente, são mais usados

pela população, como: Campo Grande, Bela Aurora, Jardim América, Itacibá, entre outros. Essa

4 Existe um grupo de catadores de material reciclado, que faz parte do projeto Cariacica Recicla, abordado no item 1.6

deste trabalho.

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24

frequência é ideal, mas é mais dispendiosa para o município. O restante da população (com exceção

dos 2% que têm frequência semanal), que equivale a mais de 2/3, é atendida três vezes por semana

(Figura 1). Essa frequência atende o mínimo admissível sob o ponto de vista sanitário, para países de

clima tropical (IBAM, s.d)..

Mesmo nos bairros que são atendidos pelo serviço, em alguns deles, devido a problemas do sistema

viário o caminhão coletor não passa em todas as ruas. Nesse caso o morador deposita os resíduos

sólidos na via mais próxima onde ocorre a coleta. Essa característica do serviço contribui para a

formação dos pontos viciados de lixo, uma prática comum e recorrente observada no município.

Nesse contexto de cobertura e de diferenças espaciais do serviço de coleta dos resíduos sólidos, o

município ainda não atende a LDNSB que assegura como um dos princípios fundamentais a

universalização do acesso e como uma das diretrizes a equidade territorial.

Por sua vez, mesmo que grande parte da população não tenha coleta diária de resíduos sólidos e que

o veículo coletor e os garis não passem em todas as ruas, essa condição não justifica a formação de

pontos de acúmulo de resíduos. A formação de pontos viciados de resíduos espalhados pela cidade é

comum, de forma que terrenos baldios, praças públicas, calçadas, manguezais, entre outros espaços,

sejam locais de depósito de resíduos domésticos, da construção civil, de poda de árvores e objetos

inservíveis conforme fotos abaixo.

Figura 5 - Pontos de acumulo de resíduos sólidos nos limites de UC municipal e Objeto inservível

depositado no manguezal de Cariacica

Autor: Bergamim, M. C. 2010.

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Além disso, o sistema de coleta permite que a população deposite os resíduos em frente ao domicílio.

Em muitos casos, a população deposita os resíduos fora do horário da coleta ou até mesmo nos dias

em que não há coleta. Dessa forma, catadores de material reciclável e animais reviram os resíduos

que se espalham pelas ruas.

É inquestionável que o serviço de coleta tem que ser mais eficiente, no entanto principal desafio em

relação nesse aspecto remete a questões que perpassam educação ambiental e fiscalização. A

população tem que ser orientada para mudar comportamentos e hábitos em relação à disposição

adequada dos resíduos sólidos, tanto em relação aos dias, horários e locais, bem como ser punida

quando do descumprimento das normas pertinentes ao serviço de coleta de resíduos sólidos. Uma

cartilha informando os dias e os horários da coleta dos resíduos foi distribuída, mas essa ação não é

suficiente para promover uma mudança nos hábitos da população. Além disso, o município não

dispõe de técnicos suficientes para fiscalizar a disposição dos resíduos sólidos por parte da

população.

Por sua vez, fazendo um paralelo com os municípios da Grande Vitória chega-se à seguinte

constatação: a) Vitória, a 3ª maior receita per capita do Estado, é o único município da Grande

Vitória que oferece a coleta diária à toda população; b) Serra, a 51º maior receita per capita, oferece

a coleta diária a somente 2% da população; c) Cariacica, embora ainda não tenha universalizado o

serviço, mesmo com a menor receita per capita, oferece frequência superior à de Serra e similar à de

Vila Velha que tem a 2ª menor receita per capita (Tabela 3).

Tabela 3 - Coleta de Resíduos Sólidos em 2007

Municípios

Receita Per

Capita*

(Ranking)

População

Atendida

Quantidade

coletada

(T/ano)

Frequência (%)

Diária 2 a 3 vezes

semana

1 vez

semana

Cariacica 78º 93,25% 88.828 30 68 2

Serra 51º 100% 86.228 2 97 1

Vila Velha 77º 100% 110.728 30 70 0

Vitória 3º 100% 101.344 100 0 0

Fonte: SNIS, 2007 e * Finanças dos Municípios, 2009.

Já a limpeza pública, que envolve gerenciamento, capina, varrição, entre outros serviços afins, é

realizada por funcionários da Prefeitura, totalizando 336 profissionais (SNIS, 2007). Esses

profissionais estão agrupados em 28 equipes distribuídas pelas regiões administrativas.

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Em relação à frequência da limpeza pública, reproduz-se a mesma realidade da coleta de resíduos

sólidos. As mesmas vias que têm acesso à coleta diária de resíduos sólidos também são varridas

diariamente. Nelas também estão localizadas as papeleiras para depósito de lixo dos transeuntes. As

vias secundárias são varridas semanalmente. A capina não é realizada regularmente, mas somente

quando é solicitado pelos moradores ou quando o responsável pela região administrativa percebe a

necessidade. Tanto a frequência quanto o número de profissionais envolvidos com a limpeza urbana

não são suficientes para manter a cidade limpa.

1.5 Qualidade do Ar

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA estabelece, por meio da Resolução nº. 03 de

1990, padrões de qualidade do ar. Esses padrões são as concentrações de poluentes da atmosfera que,

quando ultrapassadas, podem afetar a saúde e o bem estar da população, bem como causar danos à

flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral. A Resolução estabelece dois padrões de

qualidade do ar: 1) Padrões Primários – quando ultrapassados podem afetar a saúde da população e

2) Padrões Secundários - são concentrações de poluentes abaixo das quais os danos à saúde, aos

materiais e ao meio ambiente são mínimos.

Os poluentes com padrões de qualidade do ar definidos são os seguintes: a) partículas totais em

suspensão (PTS), b) partículas inaláveis menores de 10 microns (PM10), c) dióxido de enxofre (SO2),

d) dióxido de nitrogênio (NO2), e) ozônio (O3) e f) monóxido de carbono (CO) (CONAMA,

Resolução nº. 03 de 1990). Além desses, o IEMA monitora os hidrocarbonetos e a seleção desses

poluentes decorre da maior frequência em que são encontrados na atmosfera e dos danos que podem

causar à saúde humana e ao meio ambiente, conforme pode ser observado no quadro 2 (IEMA,

2006).

Quadro 2 – Principais Poluentes Atmosféricos

Poluentes Efeitos sobre a saúde humana e o meio ambiente

Monóxido de

Carbono CO)

- Morte por asfixia, prejuízos ao sistema nervoso central, cardiovascular, pulmonar e afeta o

desenvolvimento dos fetos.

Dióxido de

Enxofre SO2)

- Problemas respiratórios, rinite, faringite e bronquite.

- Em certas condições atmosféricas, pode provocar chuva ácida.

Hidrocarbonetos*

(HC)

- Irritação aos olhos, nariz, pele e trato respiratório superior. Vários hidrocarbonetos são

considerados carcinogênicos e mutagênicos.

- Contribuem para o aquecimento global.

Óxidos de - Problemas respiratórios em geral, com irritação das mucosas e pode nos pulmões

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Nitrogênio (NOx)

ser transformado em nitrosaminas, (algumas das quais são carcinogênicas).

-Formação de chuva ácida e suas consequências, formação de ozônio, aquecimento

global, formação de compostos quimiotóxicos e alteração da visibilidade.

Ozônio (O3)

- Danos na estrutura pulmonar com redução da resistência a infecções. Agravamento de doenças

respiratórias (tosse, asma, irritações no trato respiratório superior e nos olhos).

-Afeta as plantas, inibindo a fotossíntese e produzindo lesões nas folhas.

Material Particulado

(PTS e PM10)

-Poluentes que causam maiores prejuízos à saúde, pois essas partículas são retidas pelas defesas do

organismo. Causam irritação nos olhos e na garganta, reduzem a resistência a infecções, provocam

doenças crônicas.

- Alteração da visibilidade, na diversidade do ecossistema, no balanço de nutrientes de lagos, rios e

do solo, danos da vegetação.

Fonte: IEMA, 2007.

* Não tem padrão definido pela Resolução CONAMA 03/90, ma é um poluente monitorado pelo IEMA.

Dados organizados por BERGAMIM.

Conforme pode ser observado na tabela 4, são apresentados faixas do Índice de Qualidade do Ar,

IQA, em conformidade com os padrões estabelecidos pela Agência de Proteção Ambiental

Americana, de que variam de acordo com a concentração de cada poluente na atmosfera, (IEMA,

2007). A concentração máxima permitida pelo CONAMA é até a faixa de IQA regular, definida

como padrão secundário. A partir dessa classificação, o padrão é primário e as concentrações de

poluentes são prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente.

Tabela 4 - Padrões de Qualidade do Ar IQA FAIXAS DE CONCENTRAÇÃO DOS POLUENTES

Classificação Faixas Média (24h) Média (1h) Média (8h)

PTS(1) PM10(2) SO2(2) NO2

(2) 03(3) CO(3)

Bom 0 - 50 0-80 0 - 50 0-80 0 - 100 0-80 0-4500

Regular* 51 - 100 81 - 240 51 - 150 81- 365 101 - 320 81-160 45010-10000

Inadequada 101 - 199 241 - 375 151 - 250 366 - 800 321-1130 161-200 10001-17000

Má 200 - 299 376 - 625 251 - 420 801-1600 1131-2260 201-800 17001-34000

Péssima 300 - 399 626 - 875 421 - 500 1601-2100 2261-3000 801-1000 34001-46000

Crítica > 400 >876 >501 >2100 >3000 >1000 >46000

Fonte: IEMA, 2007.

(1) média geométrica anual (2) média aritmética anual (3) máxima concentração ocorrida durante o período.

* Limite máximo definido pelo CONAMA.

Monitorar os padrões de qualidade do ar é responsabilidade dos Estados, estabelece o CONAMA

(Resolução nº 03 de 1990). Dessa forma, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos

Hídricos, IEMA, implementou em 2000 a Rede Automática de Monitoramento da Qualidade do Ar

na Região da Grande Vitória, RANQAR. Como a Grande Vitória concentra, em um pequeno

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território, quase metade da população do Estado e mais da metade da produção industrial, a região é

também a porção do território capixaba mais poluída.

Além das emissões de poluição, a rede monitora também as condições meteorológicas como:

velocidade e direção dos ventos, precipitações pluviométricas, temperatura do ar, umidade do ar,

radiação e pressão atmosférica. Esses fatores climáticos podem contribuir para amenizar ou

intensificar as concentrações de poluição.

A RANQAR é constituída por oito estações, instaladas em locais estratégicos para o monitoramento

da qualidade do ar. Em Cariacica encontra-se instalada uma dessas estações, a RAMQAR 8,

localizada na CEASA. Essa estação está situada em local de mérito intermediário, ou seja, é mais

representativa da região onde está localizada do que da Grande Vitória e, dessa forma, cobre áreas

influenciadas diretamente pelas emissões de veículos e indústrias de Cariacica (IEMA, 2003).

De acordo com os indicadores da RAMQAR 8, a qualidade do ar de Cariacica é adequada para os

padrões de concentração de poluentes estabelecidos pelo CONAMA. Conforme pode ser observado

na tabela 5, todos os indicadores de concentração de poluentes são classificados como bons, exceto o

O3 que é classificado como regular. No entanto, um aspecto desperta atenção: os indicadores da

estação em questão são os piores da rede de monitoramento do ar, com exceção para a concentração

de SO2, cujos indicadores são os melhores.

Tabela 5 - RAMQAR 8: Indicadores de Qualidade do AR 2000 -2009

Poluentes Faixas de IQA

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

PTS(1) - 48 57 48 62 * * * 59

PM10(2) 37 37 45 41 42 43 * * 43

SO2(2) 18,8 7,3 8,7 5 5 5 * 5,3 4,8

NO2(2) 22,3 21,9 24,5 26 29 29 27,58 26,5 27,6

CO(3) 3326,4 2644,4 3284,8 6470,3 8150,7 3439,2 3036,5 2774,2 3243,8

03(3) 109,2 102,1 120,5 104,2 111,8 120 103,1 88,43 94,61

Fonte: IEMA/Relatório de Qualidade do Ar 2003-2009.

Dados organizados por BERGAMIM (1) média geométrica anual (2) média aritmética anual (3) máxima concentração ocorrida durante o período

A explicação para as maiores concentrações de poluentes está relacionada: a) a proximidade da

RAMQAR 8 do contorno da BR101, onde o fluxo de veículos é extremamente intenso e com a

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predominância dos movidos à diesel, justamente os mais poluentes; e b) a localização da RAMQAR8

dentro dos limites da CEASA, onde a movimentação de veículos também é intensa. Ressalta-se que

pela característica da CEASA, um centro de abastecimento de produtos agrícolas, há uma

convergência de veículos a diesel que se movimentam no pátio, ora estacionando e ora dando

partida. Consequentemente emitem mais poluição e elevam a concentração de poluentes no local.

Por sua vez, embora as emissões de poluição ar da Grande Vitória estejam em conformidade os

padrões de qualidade estabelecidos pelo CONAMA, o IEMA ao licenciar empreendimentos

poluentes é mais restritivo que os padrões CONAMA, bem como a cada renovação de licença

ambiental, exige novas tecnologias para reduzir a emissão de poluentes. Como projeto futuro o

IEMA pretende, nos moldes de São Paulo, implantar a inspeção veicular ambiental atrelada ao

licenciamento do veículo.

1.6 Recursos Hídricos

Conforme a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal nº. 9.433), a bacia hidrográfica é a

unidade territorial de planejamento e gestão dos recursos hídricos. No entanto, a gestão de recursos

hídricos não se limita ao conceito natural bacia hidrográfica, que corresponde à área drenada por um

rio principal, seus afluentes e subafluentes, que formam uma rede de drenagem e cujos limites são

definidos pelos divisores de água (a parte mais elevada do relevo). A unidade de planejamento pode

ser uma região hidrográfica, que consiste em uma área formada por uma bacia, grupo de bacias ou

sub-bacias hidrográficas contíguas que apresentem características socioeconômicas e naturais

homogêneas ou similares.

Nessa perspectiva, o Espírito Santo encontra-se dividido oficialmente, pelo o IEMA, em doze

unidades administrativas de recursos hídricos. Cariacica está inserida em duas dessas unidades,

formadas pelas bacias hidrográficas dos rios Santa Maria da Vitória e Jucu (Mapa 6).

A bacia do rio Santa Maria da Vitória, localizada na porção norte, ocupa 70% do território Cariacica

e nesse município tem como rios principais o Santa Maria da Vitória, o Duas Bocas, o Bubu e

Itanguá. A bacia hidrográfica do rio Jucu, localizada na porção sul, ocupa 30% do município

Cariacica, e tem como rios principais o Formate e o Marinho. No município, essas duas bacias

formam uma ampla rede hidrográfica, constituída predominantemente por pequenos córregos e

inúmeras nascentes.

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Ambas as bacias hidrográficas possuem comitês de gestão, conforme estabelecido pela Política

Nacional de Recursos Hídricos. O município tem assento, representando o poder público, nos dois

comitês de bacia. No comitê da bacia hidrográfica do rio Santa Maria da Vitória, o representante é o

prefeito e no Jucu é o secretário municipal de meio ambiente.

O rio Santa Maria da Vitória, principal rio da bacia hidrográfica de mesmo nome, nasce no distrito

de Garrafão e Santa Maria de Jetibá e deságua na baía de Vitória. Da nascente à foz o rio possui 122

km de extensão e atravessa uma região caracterizada pelo desmatamento da mata ciliar (Área de

Preservação Permanente), assoreamento, uso indiscriminado de defensivos agrícolas, lançamento de

efluentes domésticos e industriais sem tratamento, entre outros fatores que afetam a qualidade da

água (IEMA, 2010.)

Diferentemente, o rio Duas Bocas, um dos afluentes do rio Santa Maria da Vitória, encontra-se em

quase toda sua extensão (80%) localizado na Reserva Biológica de Duas Bocas, onde também está

localizada sua nascente, a aproximadamente 700m de altitude (Plano de Diretor Municipal, 2006).

Com essa localização, o rio Duas Bocas é um manancial bastante preservado, com suas margens

protegidas pela mata ciliar (o que reduz significativamente o volume de materiais carreados para o

leito do rio) e praticamente sem lançamento de efluentes industriais e domésticos.

Localizado integralmente no município de Cariacica, o rio Bubu forma bacia hidrográfica que faz

parte da unidade administrativa de recursos hídricos da Bacia do rio Santa Maria da Vitória. Nasce

na Reserva Biológica de Duas Bocas a 600m de altitude e deságua na Reserva de Desenvolvimento

Sustentável dos Manguezais de Cariacica, na Baía de Vitória, após percorrer um curso de 18 km de

extensão. Consideravelmente estreito na maior parte do seu curso, esse rio alarga-se sobremaneira

quando se aproxima da foz (Consórcio Santa Maria Jucu). Próximo às nascentes, as atividades

econômicas desenvolvidas são agropecuárias. No trecho inferior do rio o que predomina são

ocupações urbanas, com bairros densamente povoados e algumas atividades industriais, como o

frigorífico Paloma. Como consequência da forma como está ocupada a região, verifica-se que da

nascente à foz, gradativamente a qualidade das águas vai piorando.

O rio Itanguá, com apenas 5 km de extensão, forma uma pequena bacia hidrográfica litorânea, que

nasce a 200m de altitude em Campo Grande e deságua na Baía de Vitória no bairro Itaquari

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(Consórcio Santa Maria Jucu). Da mesma forma que o Bubu, essa pequena bacia faz parte da

unidade administrativa de recursos hídricos da Bacia do rio Santa Maria da Vitória.

Totalmente localizado no perímetro urbano, o rio Itanguá não tem mata ciliar, as margens são

densamente ocupadas pelas atividades humanas e recebe esgoto doméstico em quase todo o seu

trecho, o que lhe confere, juntamente com o rio Marinho, os maiores níveis de poluição da água do

município. Como consequência o rio Itanguá foi transformado em um canal de esgoto sanitário, bem

como prova alagamentos quando da ocorrência de chuvas mais fortes. Para solucionar os problemas

em questão, o rio Itanguá tem recebido obras de canalização e revestimento executadas pela CESAN

que totalizam aproximadamente R$10.000.000,00 de investimentos (CESAN, 2010).

O rio Formate-Marinho possui aproximadamente 40 km de extensão e forma uma bacia

hidrográfica que pertence à unidade administrativa de recursos hídricos da bacia do rio Jucu. Ex-

afluente do rio Jucu, o rio Formate após as obras realizadas pelo extinto Departamento Nacional de

Obras e Saneamento – DNOS passou a desaguar no rio Marinho, que deságua na Baía de Vitória. A

área onde ocorreu a retificação do canal é plana e apresenta baixas altitudes que interferem na

drenagem e, por essa razão, é bastante vulnerável a alagamentos, quando da ocorrência de chuvas

mais intensas.

Limite entre Cariacica e Viana, o rio Formate nasce no maciço de Duas Bocas, a 600m de altitude.

Na altura da localidade de Caçaroca, o rio Formate une-se ao canal Marinho (Cariacica e Vila Velha)

(Consórcio Santa Maria Jucu). Da nascente à foz, o rio Formate percorre áreas com características

bastante variadas. Nas cabeceiras, o rio percorre áreas cobertas por vegetação, no médio curso áreas

agrícolas e no baixo curso áreas densamente urbanizadas. Dessa forma, grande parte da mata ciliar

foi desmatada, bem como se verifica uso agrícola e urbano nas margens.

São rios urbanos, com qualidade da água bastante deteriorada devido o lançamento de efluentes

domésticos e industriais in natura, cujo quadro se agrava como consequência do represamento de

suas águas pela maré.

1.6.1 Qualidade das Águas.

O IEMA é um dos órgãos que monitora a qualidade das águas interiores do estado. Atualmente, em

Cariacica, o Instituto monitora dez pontos de qualidade da água, por meio da realização de quatro

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campanhas anuais de coleta de água, da análise dessa água e da construção do Índice de Qualidade

da Água – IQA.

O IQA é um indicador desenvolvido para avaliar a qualidade das águas, sobretudo em relação à sua

utilização para abastecimento público. O IQA varia de 0 a 100 e quanto maior for o indicador,

melhor será a qualidade da água. Nessa perspectiva o IQA está organizado em cinco padrões,

conforme tabela 6. Construído a partir de uma equação matemática, o IQA está baseado na análise

dos seguintes parâmetros: pH, turbidez, concentração de fósforo e nitrogênio, sólidos totais, oxigênio

dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes e temperatura. Parâmetros esses que

refletem principalmente a contaminação dos corpos hídricos ocasionada pelo lançamento de esgotos

domésticos.

Conforme pode ser observado na tabela 6, a qualidade das águas dos rios monitorados é bastante

variável. Ao longo dos anos, IQA revela também uma tendência oscilante, ora melhora, ora piora.

No entanto, o que predomina são corpos hídricos com níveis elevados de poluição, com qualidade da

água inferior ao padrão regular (Mapa 7).

Tabela 6 – Cariacica: Índice de Qualidade da Água – IQA

Pontos/Anos 2003-2006 2007 2008 2009

Bubu 1 70 79 71 65

Bubu 5 56 50 47 61

Bubu 10 41 31 48 40

Bubu 15 31 31 40 37

Itanguá 1 15 - - -

Itanguá 2 17 16 17 21

Marinho 10 21 18 19 19

Marinho 20 * 20 19 22

Formate 1 57 45 58 61

Formate 8 36 28 28 40

Formate 10 39 31 39 45

Fonte: IEMA, 2010.

- Ponto extinto e * Dado inexistente. Dados organizados por BERGAMIM

Ótima 79<IQA≤100 Boa 51<IQA≤79 Regular 36<IQA≤51 Ruim 19<IQA≤36 Péssima IQA≤19

Como o IQA traduz, sobretudo, a contaminação por esgoto doméstico, todos os pontos de

monitoramento estão localizados no perímetro urbano. À medida que o corpo hídrico avança pela

malha urbana, vai recebendo mais efluentes domésticos e, a qualidade da água, também vai piorando.

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Percebe-se que quanto mais próximo da foz, pior é a qualidade da água (Mapa 7). Níveis elevados de

poluição dos corpos hídricos são os reflexos do pequeno percentual de esgoto coletado e tratado,

conforme abordado.

1.6.2 Caracterização das Nascentes

Elementos de extrema importância na dinâmica hidrológica, as nascentes são pontos de passagem da

água subterrânea para a superfície e, consequentemente, responsáveis pela formação dos canais

fluviais. Em termos legais, o CONAMA define que “nascente ou olho d’água é o local onde aflora

naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea” (BRASIL, 2002. Art. 2º, II).

Essa particularidade ambiental das nascentes na formação da rede fluvial confere-lhes uma

necessidade evidente e especial de proteção do seu entorno para a manutenção do equilíbrio

hidrológico e do meio. Nessa perspectiva, a Resolução CONAMA nº 303 regulamentou essa

condição por meio do artigo 3º que considera Área de Preservação Permanente a área situada “ao

redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitente, com raio mínimo de cinquenta metros de

tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte” (BRASIL, 2002. art. 3º, II).

Em Cariacica, verifica-se a existência de uma extensa rede de drenagem formada por muitas

nascentes, localizadas, sobretudo, na zona rural. As nascentes que sofreram o maior impacto

ambiental são as localizadas no perímetro urbano. Nesse território as nascentes foram desmatadas e

aterradas para ocupação humana, de forma que nascentes preservadas em conformidade com a

legislação pertinente são raras e se limitam àquelas localizadas nos poucos parques urbanos

existentes.

Grande parte das nascentes preservadas está localizada na zona rural, sobretudo nas unidades de

conservação (Mapa 2). Conforme abordado, na zona rural o percentual de Mata Atlântica preservado

é expressivo e esse fator é condição fundamental para a preservação das nascentes. É importante

ressaltar que o ônus da preservação das nascentes localizadas nas propriedades rurais recai sobre o

agricultor. Promover o desenvolvimento rural sustentável por meio das políticas agrícolas específicas

para essa modalidade é uma forma de contribuir diretamente para a preservação dos recursos

naturais, dos quais as nascentes são parte integrante.

Nessa perspectiva o IEMA vem desenvolvendo dois projetos de pagamento por serviços ambientais:

O primeiro projeto, Produtores de Água, é destinado a propriedades que possuam remanescente de

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floresta nativa em áreas estratégicas para a conservação dos recursos hídricos. As Bacias

contempladas pelo projeto são as do rio Benevente, Guandu e São José, localizadas e cinco

municípios: Afonso Cláudio, Alfredo Chaves, Alto Rio Novo, Brejetuba e Mantenópolis. Vários

agricultores já recebem o pagamento pelos serviços e o projeto continua incluindo novos produtores.

O segundo projeto, o Florestas para a Vida, tem seu foco nas duas bacias hidrográficas que

abastecem a Grande Vitória. Atualmente um projeto piloto está sendo implementado em Santa Maria

de Jetibá, para então dar início à compensação financeira pelos serviços ambientais.

Os projetos são recentes e ainda estão limitados a uma pequena área do Estado. Consequentemente

Cariacica não está inserida em nenhum deles, mas reúne as condições naturais necessárias para

participar dos dois programas. O Governo do Estado, por meio do projeto Produtores de Água,

pretende transformar o mecanismo de pagamento por serviços ambientais em política pública e

entendê-la às demais bacias hidrográficas.

1.7 Educação Ambiental

Processos permanentes de ação e reflexão individual e coletiva, voltados para a construção de

valores, conhecimentos, atitudes e hábitos, convergentes para uma relação sustentável entre o

homem e o ambiente em que vive, é o conceito de educação ambiental de acordo com a Política

Nacional de Educação Ambiental - PNEA (Lei Nº. 9795/99). Oportunamente educação ambiental

implica em mudança de comportamento, um processo que requer tempo para ser construído em uma

sociedade fortemente estimulada ao consumo e ao individualismo.

A promoção da educação ambiental, nessa perspectiva conceitual e legal, consiste em um processo

contínuo, permanente e articulado com todos os níveis e modalidades do processo educativo, tanto

dentro, quanto fora da escola. Uma inovação posta pela PNEA, que não atribui somente às

instituições de educação o compromisso para atuar com ações educativas relacionadas às questões

socioambientais, mas ao poder público, aos meios de comunicação, às empresas, às entidades de

classe, às instituições privadas e à sociedade.

Nessa perspectiva, a Gerência de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente

(SEMMAM) desenvolve dois projetos socioambientais e uma feira ambiental. Povos e Mangues, um

dos projetos socioambientais, tem como objetivo contribuir para a preservação e a gestão dos

manguezais de Cariacica, por meio da formação continuada de educadores, das instituições

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municipais de ensino, e do fortalecimento das associações de pescadores artesanais residentes no

município.

O projeto é desenvolvido pela SEMMAM, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação

(SEME), por meio do Projeto Sala Verde, e com o Instituto BiomaBrasil, organização não-

governamental que capacitou 71 educadores do município por meio de dois cursos, com carga

horária total de 36h e mais 40h de projetos desenvolvidos na escola. Essas capacitações contam

com uma ferramenta: o guia didático “Os maravilhosos manguezais do Brasil”. Os profissionais

capacitados são multiplicadores do conhecimento adquirido nas qualificações. As secretarias

municipais de agricultura (SEMAG), de desenvolvimento econômico e turismo (SEMDETUR), de

ação social (SEMAS) também são parceiros desse projeto.

Segundo a Gerência de Educação Integrada da SEME, atualmente 79 profissionais estão

desenvolvendo atividades propostas pelo guia didático, envolvendo 19 escolas municipais e

aproximadamente dois mil alunos. De forma interdisciplinar, a educação ambiental é trabalhada no

dia-a-dia a partir dos problemas ambientais vivenciados pelos alunos, articulados aos conteúdos

curriculares das disciplinas. O aluno é instigado a refletir sobre seus hábitos e oportunamente é

preparado para ser agente transformador da sua realidade.

Em relação ao fortalecimento das associações de pescadores artesanais, foi elaborado um diagnóstico

socioeconômico que identificados três grupos de pescadores e alternativas de melhoria de renda, a

saber: Vila Cajueiro (criação de ostra), Nova Rosa da Penha II (criação de peixe) e Porto de Santana

(Construção de galpão para triagem, beneficiamento de mariscos e guardar embarcações). Fazem

parte desse projeto, 150 pescadores artesanais cadastrados, que usam o manguezal do município,

com destaque para a RDS dos Manguezais de Cariacica.

Desenvolvido em parceria com órgãos públicos estaduais (SEAG e INCAPER) e federal (Ministério

da Pesca), o Povos de Mangues já foi contemplado com 21 barcos e um caminhão frigorífico, além

do apoio técnico para a condução do projeto. Acrescente-se também a parceira com o SEBRAE, a

Fundação Banco do Brasil, a Fundação Otacílio Coser, a Marca Ambiental e a Pegma, são empresas

privadas que contribuem com o projeto.

Cariacica Recicla, também um projeto socioambiental, trabalha com 17 catadores de material

reciclado, que sobreviviam da separação desses resíduos em um lixão a céu aberto, localizado nas

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proximidades do bairro Nova Rosa da Penha II. O projeto inseriu os catadores em programas de

transferência de renda, implantou uma unidade de triagem no bairro, gerou trabalho e renda, retirou

os catadores do lixão e contribuiu para e melhora qualidade de vida desses cidadãos. Além disso,

resíduos que iriam engrossar o volume dos aterros são reciclados, o que reduz a agressão ao meio

ambiente.

Os catadores recolhem nas empresas (Brasitália, Patrus, Coca Cola, Natura, AMBEV, Elma Chips,

Dadalto, Villoni e transfinal), e órgãos parceiros, materiais recicláveis que são levados para a usina

de triagem, onde são separados, prensados e vendidos a atravessadores. A maioria dos catadores tem

outra fonte de renda e a atividade da usina é uma complementação de renda, uma vez que a renda

média mensal auferida com essa atividade é de aproximadamente R$ 270,00.

A Feira Ambiental de Cariacica, um evento anual que já se encontra na quarta edição, objetiva

conscientizar o cidadão a respeitar o meio ambiente e que essa atitude contribua para melhorar a

qualidade de vida da população. O evento é coordenado pela SEMMAM e conta com o apoio de

diversas secretarias municipais (Saúde, Educação, Comunicação, Desenvolvimento Econômico e

Turismo e Agricultura), do Estado por meio do Detran, IEMA, Banestes, Cesan, além da Prefeitura

Municipal de Vitória. A inciativa privada também é parceira do evento que contou com a

participação da Corpus Saneamento e Obras, da Marca Ambiental, da Vale e da Faesa.

Na última edição da feira, participaram 30 expositores, representando empresas privadas, instituições

públicas e o terceiro setor. A participação de ONG’s e redes de economia solidária, sobretudo as

localizadas no município e que utilizem práticas sustentáveis, foi priorizada. O evento contou

também com uma extensa programação técnica e cultural. Aproximadamente 50 mil pessoas

visitaram a feira.

A educação ambiental formal, promovida nas escolas municipais, conta com dois projetos que tratam

especificamente a temática em questão: Povos e Mangues, conforme abordado neste trabalho e

Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida – COM-VIDAS. Implantado em oito escolas

municipais, o projeto formou comissões de discussões sobre meio ambiente e proporciona a

participação dos estudantes em eventos que abordem a temática ambiental, como feiras, seminários,

fóruns etc. A educação ambiental formal permeia outros projetos desenvolvidos nas escolas

municipais, mas não é o foco da abordagem.

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Verifica-se que a educação ambiental promovida pelo município está em conformidade com a

PNEA. São desenvolvidas ações socioambientais que objetivam melhorar a qualidade de vida da

população. No entanto, essas ações não são suficientes para promover a educação ambiental

propriamente dita. Para exemplificar, o município oferece serviço regular de coleta de resíduos

sólidos, mas a ocorrência de pontos de acúmulo de resíduos, inclusive nas unidades de conservação,

é recorrente. Parcela da população não respeita os horários e os locais para depósito dos resíduos

domésticos. A solução para esse problema depende simplesmente de uma mudança de

comportamento.

1.8 Gestão Ambiental Municipal

As principais legislações municipais que abordam as questões ambientais são as seguintes: a) Lei

Orgânica Municipal, promulgada em 1990, que estabelece o capítulo de número V exclusivamente

para o meio ambiente; b) Lei Complementar 005/2002 que institui o Sistema Municipal de Meio

Ambiente, o Código Municipal de Meio Ambiente e o Conselho Municipal de Meio Ambiente o

Decreto 177/2002 que regulamenta as normas gerais do licenciamento ambiental das atividades

potencial ou efetivamente poluidoras e a Lei Complementar 018/2007 que institui o Plano Diretor

Municipal de Cariacica. Além das legislações federais e estaduais pertinentes, esses são os principais

instrumentos legais que norteiam o trabalho relativo às questões ambientais no município.

Nessa perspectiva legal, o município possui o sistema municipal de meio ambiente, composto pela

SEMMAM, pelo Conselho Meio Ambiente de Cariacica – CONSEMAC, por ONG’s, pelas

secretarias municipais afins e grupos de fiscais voluntários, bem como pelo fundo municipal de

conservação ambiental, que apesar de ter sido criado, encontra-se inativo. Estrutura essa que, além da

equipe técnica, é exigida para que o município realize o licenciamento ambiental dos

empreendimentos e das atividades que são de competência municipal, conforme estabelecido pela

Resolução 001/2010 do CONSEMA.

O município implantou em 2012 o licenciamento ambiental das atividades de impacto local,

(definidas no anexo único da Resolução CONSEMA 001/2012), a entrada no processo pode ser

realizada, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. O requerimento das licenças

ambientais é feito de forma on-line.

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Esse procedimento está em consonância com a política estadual de meio ambiente, que tem como

objetivo promover a gestão ambiental integrada e participativa, de forma que os municípios sejam

envolvidos nesse processo. Uma das formas de participação nesse modelo de gestão dá-se por meio

do licenciamento ambiental municipal. Procedimento no qual os empreendimentos e as atividades

cujos impactos sejam locais e não ultrapassem os limites municipais, podem ser licenciadas pelo

próprio município.

Acrescente-se também, que no licenciamento de atividades de impacto estadual, o IEMA estabelece

condicionantes ambientais voltadas para a gestão ambiental municipal. Um exemplo é o caso de uma

condicionante da Vale, cujos recursos serão usados para estruturar o Parque Natural Municipal do

Monte Mochuara, conforme abordado neste trabalho. O município também participa da gestão

estadual, por exemplo, como membro de comitês de bacia e acompanhando as discussões do

Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória, que vem realizando vários estudos,

entre eles o Plano Diretor de Resíduos Sólidos,

Além do IEMA, outros órgãos estaduais como o INCAPER, a SEAG e o IDAF, Polícia ambiental

bem como, o Ministério da Pesca, órgão federal, são parceiros na gestão ambiental municipal,

oportunamente desenvolvida de forma integrada e participativa, alcançando por sua vez melhores

resultados.

A relação do município, na área ambiental, com o empresariado é avaliada como boa. Conforme

abordado, várias empresas são parceiras das ações e dos projetos de educação ambiental

desenvolvidos pela SEMMAM.

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2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Disponível em www.mma.gov.br. Acesso em 10/03/2010.

______.______. Lei Nº. 9795/99. Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível

______.______.______. Pacto pelo Saneamento Básico: mais saúde, mais qualidade de vida e

cidadania. Ministério das Cidades, 2008. Disponível em www.cidades.gov.br/plansab. Acesso em

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Quadro 3 - CENÁRIOS ATUAIS E DESEJÁVEIS

SANEAMENTO BÁSICO (ÁGUA, ESGOTO E RESÍDUOS SÓLIDOS)

Cenário Atual

Serviço de abastecimento de água universalizado na zona urbana.

Baixa cobertura da rede de esgotamento sanitário, que se limita a menos de 1/3 da população.

Domicílios que não construíram a ligação com a rede de esgoto existente.

Inexistência do serviço de tratamento da maior parte do esgoto doméstico produzido pela cidade.

Investimentos crescentes em saneamento básico.

Qualidade de vida afetada pela ocorrência de muitos valões de esgoto à céu aberto.

Coleta de resíduos sólidos não atende a toda população, é variável no território do município e não é

diária na maior parte da cidade.

Formação de pontos de acúmulo de resíduos sólidos e disposição inadequada dos mesmos, tanto em

relação ao horário quanto ao dia e local.

O município não faz coleta seletiva de resíduos sólidos.

Número de técnicos insuficiente para fiscalizar e orientar a população em relação à disposição dos

resíduos sólidos.

Número de técnicos insuficiente para realizar os serviços de limpeza pública.

Disposição adequada dos resíduos sólidos em aterro sanitário.

Inexistência de lixões a céu aberto.

Existência de um projeto (Cariacica Recicla) de coleta seletiva.

Cenário Desejável

Serviço de abastecimento de água continuará universalizado,

Coleta e tratamento de esgoto universalizado.

Ligações de todas as residências à rede coletora de esgoto.

Extinção dos valões de esgoto a céu aberto.

Equidade territorial na coleta de resíduos sólidos.

Coleta diária de resíduos sólidos em toda a cidade.

Eliminação dos pontos de acúmulo de resíduos sólidos e população cumprindo os horários para

dispor desses resíduos.

Implantação de coleta seletiva em toda a cidade.

Parte dos resíduos sólidos domésticos reciclados.

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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

Cenário Atual

Unidades de conservação municipais criadas legalmente, mas não implementadas.

Situação fundiária dos parques naturais municipais não regularizada.

Conselhos gestores das unidades de conservação municipais inativos devido às eleições não terem

ocorrido.

Unidades de conservação sem cercamento ou marcos identificando seus limites. Somente no Parque

Natural Municipal de Itanguá e na RDS dos Manguezais de Cariacica é que foram instadas placas

identificando parcialmente os limites.

População desconhece a existência das unidades de conservação, bem como os seus limites.

Nenhuma das unidades de conservação municipais dispõe de plano de manejo.

Unidades de conservação municipais não dotadas de infraestrutura para receber visitantes.

Número de técnicos insuficiente para fiscalizar efetivamente as unidades de conservação municipais.

Inexistência de equipe técnica específica para atuar diretamente em cada unidade de conservação.

Lançamento de esgoto e formação de pontos de acúmulo de resíduos sólidos nos limites de algumas

unidades de conservação municipais.

Sede do Parque Natural Municipal do Vale do Mochuara usada para tratamento de dependentes

químicos.

Trilhas sem planejamento, sinalização e infraestrutura para receber o visitante e promover

interpretação e educação ambiental.

Áreas degradadas nos limites das unidades de conservação municipais.

Cenário Desejável

Planos de manejo elaborados e implementados em todas as unidades de conservação municipais.

Situação fundiária regularizada nos parques naturais municipais.

Conselhos gestores operando e eleições realizadas a cada dois anos.

Cercamento, quando for o caso, e identificação dos limites das unidades de conservação municipais.

Infraestrutura necessária e adequada para receber o visitante construída.

Trilhas planejadas e com programa de educação e interpretação ambiental implementados.

Eliminação dos pontos de acúmulo de resíduos sólidos e do lançamento de esgoto nas unidades de

conservação municipal.

Unidades de conservação municipais dotadas de equipe técnica (gerente, educador ambiental, fiscais,

auxiliar de serviços gerais, etc) que assegure o bom funcionamento delas.

PRAÇAS E ÁREAS VERDES

Cenário Atual

Número de praças insuficiente para atender à população. A maioria dos bairros não dispõe desse

equipamento público.

Disponibilidade de áreas pequenas para a construção de praças públicas, o que interfere na qualidade

do projeto paisagístico e urbanístico e, consequentemente no tipo de atividade que o cidadão poderá

fazer nesse espaço.

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Inexistência de espaços livres para a construção de praças públicas.

Falta de profissionais para realizar a manutenção das praças.

Praças públicas abandonadas pela gestão municipal.

Depredação, roubo de mudas e vandalismo intensos, de forma que algumas praças acabam durando

apenas 6 meses.

Indefinição de normas de uso das praças pelos barraqueiros. Algumas barracas permanecem

montadas sem serem desmontadas e removidas após o seu uso.

Praças usadas como ponto de consumo e venda de drogas.

Formação de pontos de acúmulo de resíduos sólidos.

Áreas verdes, à exceção de uma, não foram transformadas em parques urbanos.

Parque urbano e áreas verdes sem infraestrutura que permita que o cidadão use esse espaço público.

Cenário Desejável

Praças públicas construídas na maioria dos bairros da cidade.

Praças públicas construídas em áreas maiores que permitam a construção de e instalação de vários

objetos e equipamentos de lazer e esporte.

Número de técnicos suficiente para fazer a manutenção adequada das praças e parque urbanos.

Eliminação dos pontos de acúmulo de resíduos sólidos.

Praças preservadas pela população.

Estabelecimento e cumprimento de normas de uso das praças pelos barraqueiros.

Áreas verdes transformadas em parques urbanos e dotadas de infraestrutura que proporcione o lazer,

o esporte, atividade física, a contemplação da natureza etc.

RECURSOS HÍDRICOS

Cenário Atual

Rios cuja mata ciliar, em vários trechos já não mais existem e consequentemente encontram-se

assoreados.

Município não inserido nos projetos de compensação por serviços ambientais do governo estadual.

Desmatamento ao redor das nascentes.

Esgoto lançado sem nenhum tipo de tratamento nos rios e córregos.

No perímetro urbano, rios que atingem índice de qualidade da água ruim e péssimo.

Contaminação dos rios devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos.

Alagamentos de alguns rios, quando da ocorrência de chuvas mais intensas.

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Cenário Desejável

Mata ciliar e entorno de nascentes recuperadas com projetos de reflorestamento.

Município inserido nos projetos de compensação por serviços ambientais do governo estadual e

agricultores recebendo o pagamento pela conservação dos recursos hídricos.

Esgoto tratado antes de ser lançado nos rios e córregos.

Rios com índice de qualidade da água bom e ótimo.

Uso controlado de agrotóxicos e redução da contaminação dos rios.

Obras para contenção dos alagamentos realizadas.

QUALIDADE DO AR

Cenário Atual

Estação de monitoramento da qualidade do ar instalada em local inadequado. Os indicadores de

qualidade do ar dessa estação não traduzem a realidade do município.

Cenário Desejável

Estação de monitoramento da qualidade do ar instalada em local adequado, para a qualidade do ar

do município seja monitorada eficazmente.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Cenário Atual

Número muito reduzido de projetos de educação ambiental.

Número muito reduzido de técnicos que atuam na gerência de educação ambiental da

SEMMAM.

Falta de articulação entre as secretarias municipais.

Poucas parcerias com a iniciativa privada.

Projetos de educação ambiental atingem pequeno percentual da população.

Alcance limitado dos projetos que atendem parcialmente os objetivos da educação ambiental.

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Comportamentos que não condizem com o desenvolvimento sustentável predominam e permanecem.

Cenário Desejável

Novos projetos de educação ambiental criados e implementados em escolas, bairros,

associações, entre outros.

Ampliação do quadro técnico e das parcerias com a iniciativa privada.

Projetos de educação ambiental integrados, envolvendo várias secretarias municipais.

Educação ambiental eficaz, envolvendo efetivamente a população e promovendo mudanças

comportamentais convergentes com desenvolvimento sustentável.

GESTÃO AMBIENTAL

Cenário Atual

Município não realiza licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos que lhe

são cabíveis.

Fundo municipal de conservação do meio ambiente criado, mas não está estruturado para

funcionar.

Equipe técnica reduzida, afetando o desenvolvimento das atividades pertinentes à questão

ambiental.

Articulação entre secretarias municipais e inter-institucionais em nível estadual e federal.

Estabelecimento de algumas parcerias com a iniciativa privada para a realização de ações

ambientais e programas de programas de educação ambiental.

Cenário Desejável

Licenciamento ambiental municipal implantado.

Fundo municipal de conservação do meio ambiente funcionando.

Articulação entre secretarias municipais e órgãos públicos estaduais e federais ampliada.

Participação mais efetiva da iniciativa privada, estabelecendo parcerias mais sólidas para a

conservação dos recursos naturais do município.

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Estratégias e Projetos

Conciliar o desenvolvimento do município sem comprometer a qualidade ambiental é o que se

vislumbra concretizar nos próximos 20 anos. Esse futuro desejado perpassa, em linhas gerais, as

estratégias e projetos que se seguem:

Estratégia1- Universalização dos serviços de saneamento básico

Projeto 1 – Universalização dos serviços de coleta e tratamento de esgoto

Objetivo

Universalizar os serviços de coleta e tratamento de esgoto em todo o território do município.

Escopo

Elaboração do plano municipal de esgoto. Cumprimento dos investimentos previstos pela

concessionária do serviço. Realização das ligações dos domicílios com a rede coletora de esgoto.

Projeto 2 – Melhoria do serviço de abastecimento de água

Objetivo

Manter a universalização e ampliar a oferta de água.

Escopo

Ampliar a rede de abastecimento de água em conformidade com o crescimento do município e

eliminar os casos de falta d’água.

Projeto 3 – Ampliação e melhoria da qualidade dos serviços de coleta e disposição dos resíduos

sólidos

Objetivo

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Executar serviço de coleta e disposição de resíduos sólidos que assegure mais qualidade ambiental ao

município.

Escopo

Implantação da coleta diária em todos os bairros do município. Eliminação dos pontos viciados de

resíduos. Fiscalização e punição para o descumprimento das regras de disposição dos resíduos.

Implantação da coleta seletiva e reciclagem dos resíduos. Redução progressiva do recebimento de

resíduos de outros municípios. Ampliação da equipe técnica de limpeza urbana. Fortalecimento das

associações populares de reciclagem.

Estratégia 2- Promoção da educação ambiental com envolvimento amplo da sociedade

Projeto 1 – Programa de educação ambiental intersetorial

Objetivo

Desenvolver programa de educação ambiental, formal e não formal, que integre secretarias

municipais e segmentos da sociedade.

Escopo

2. Desenvolvimento de atividades sustentáveis, sobretudo no território rural

3. Recuperação e conservação dos recursos naturais