MEMES EM AULAS DE PORTUGUÊS NO ENSINO MÉDIO: linguagem, produção e replicação na cibercultura

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Carlos Fabiano de Souza IFF |UFF|[email protected] MEMES EM AULAS DE PORTUGUÊS NO ENSINO MÉDIO: LINGUAGEM, PRODUÇÃO E REPLICAÇÃO NA CIBERCULTURA

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Carlos Fabiano de Souza IFF |UFF|[email protected]

MEMES EM AULAS DE PORTUGUÊS NO

ENSINO MÉDIO: LINGUAGEM, PRODUÇÃO E REPLICAÇÃO

NA CIBERCULTURA

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Percurso de apresentação:

Os memes

- A origem do termo e a Memética

- Replicadores

- Linguagem

Produção e replicação na cibercultura

- Textos mêmicos e a Internet

- Gênero digital

Memes no ensino de LP no Ensino Médio

- Sugestões para a sala de aula

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Os memes

A origem do termo e a Memética

Exemplos de memes são melodias, ideias, slogans, as modas no vestuário, as

maneiras de fazer potes ou de construir arcos. Tal como os genes se propagam no

pool gênico saltando de corpo para corpo através dos espermatozoides ou dos

óvulos, os memes também se propagam no pool de memes saltando de cérebro

para cérebro (DAWKINS, 2007, p.330, grifo do autor).

Um meme é uma ideia, comportamento, estilo ou uso que se espalha de pessoa

para pessoa dentro de uma cultura (BLACKMORE, 2000, p.65, tradução minha).

Um meme é uma expressão cultural que é passada adiante de uma pessoa ou

grupo para outra pessoa ou grupo (GUNDERS & BROWN, 2010, p.04, tradução

minha).

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Os memes

A origem do termo e a Memética

A maior parte daquilo que o homem tem de pouco usual pode ser resumida numa

palavra: “cultura”. A transmissão cultural é análoga à transmissão genética, no

sentido de que, apesar de ser essencialmente conservadora, pode dar origem a uma

forma de evolução (DAWKINS, 2007, p.325).

[...] quando você imita alguma outra pessoa, algo é passado adiante. Este ‘algo’

pode então ser passado adiante novamente, e de novo, e assim ganhar vida

própria. Podemos chamar esta coisa uma ideia, uma instrução, um

comportamento, uma informação... Mas se nós vamos estudá-la precisamos dar a

ela um nome. Felizmente, há um nome. É o ‘meme’ (BLACKMORE, 1999, p.4,

tradução minha, aspas da autora).

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Os memes

Os memes como replicadores

LONGEVIDADE FIDELIDADE FECUNDIDADE ALCANCE

Persistentes Replicadores Epidêmicos Globais

Voláteis Metamórficos Fecundos Locais

- Miméticos - -

LONGEVIDADE FIDELIDADE FECUNDIDADE

(RECUERO, 2006, online)

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Produção e replicação na cibercultura

Os memes e a Internet

Fonte: http://bobagento.com/wp-content/uploads/2012/05/3.jpg

Meme: Tema de hoje

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Produção e replicação na cibercultura

Os memes e a Internet

Fonte: http://bobagento.com/wp-content/uploads/2012/05/5.jpg

Meme: Tema de hoje

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Produção e replicação na cibercultura

Os memes e a Internet

Metamórficos

- Alto poder de recombinação e

mutação.

- Apresentam-se em um contexto

de debate.

- A informação não é simplesmente

repetida, mas discutida,

transformada e recombinada.

- Estímulo à interação.

- Agrega opiniões quando

propagado.

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Produção e replicação na cibercultura

Os memes e a Internet

Fonte: http://geradormemes.com/media/created/zd4pvn.jpg

Meme: Chapolin Sincero

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Produção e replicação na cibercultura

Os memes e a Internet

Fonte:

http://geradormemes.com/medi

a/created/xeehk0.jpg

Fonte:

http://geradormemes.com/m

edia/created/tkjace.jpg

Meme: Ted Engraçado Meme: Hitler

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Produção e replicação na cibercultura

Os memes e a Internet

Miméticos

- Personalização.

- Manutenção da estrutura e da

ordem estabelecida.

- Adaptam-se aos locais de

propagação.

- A essência do meme permanece

inalterada.

- Manifestação de opinião como

complemento do meme original.

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Os memes e a Internet

Fonte: Desenvolvido por mim, a partir do modelo básico de replicação em agentes

cognitivos descrito por Castelfranchi (2001, p. 4)

O jogo do curtir e do compartilhar

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Os memes e a Internet

[...] o gênero é essencialmente flexível e variável, tal

como seu componente crucial, a linguagem. Pois,

assim como a língua varia, também os gêneros variam,

adaptam-se, renovam-se e multiplicam-se. Em suma,

hoje, a tendência é observar os gêneros pelo seu lado

dinâmico, processual, social, interativo, cognitivo,

evitando a classificação e a postura estruturais

(MARCUSCHI, 2011, p.19).

A concepção de um gênero digital

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Os memes e a Internet

[...] a maioria dos componentes mêmicos veiculados na

Internet apresenta-se sob a forma de fragmentos textuais,

cabendo neste trabalho referenciá-los como textos

mêmicos. Enquanto textos, estes atuam como meio de

comunicação, transmissão de conhecimento e, sobretudo,

difusores de formações ideológicas. Ao serem mêmicos,

evidencia-se o caráter replicador destes componentes que

são passados de indivíduo para indivíduo em ambiente

virtual por questões de filiação e adesão aos sentidos

expressos pelo conteúdo destes (SOUZA, 2013, p.134).

A concepção de um gênero digital

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Os memes e a Internet

devem ser visto na relação com as práticas

sociais, os aspectos cognitivos, os interesses, as

relações de poder, as tecnologias, as atividades

discursivas e no interior da cultura. Eles

mudam, fundem-se, misturam-se para manter

sua identidade funcional com inovação

organizacional (MARCUSCHI, 2011, p.19).

Sendo assim, parafraseando Marcuschi (2011), eles

A concepção de um gênero digital

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Contextualizando as escolhas:

Enunciados

“... o papel da disciplina Língua Portuguesa é o de possibilitar, por procedimentos

sistemáticos, o desenvolvimento das ações de produção de linguagem em diferentes

situações de interação...”;

“... conviver, de forma não só crítica mas também lúdica, com situações de produção

e leitura de textos...”;

“... se é pelas atividades de linguagem que o homem se constitui sujeito, só por

intermédio delas é que tem condições de refletir sobre si mesmo”;

“... as práticas de linguagem a serem tomadas no espaço da escola não se restringem

à palavra escrita nem se filiam apenas aos padrões socioculturais hegemônicos”;

“... a língua é uma das formas de manifestação da linguagem, é um entre os sistemas

semióticos construídos histórica e socialmente pelo homem.”

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Contextualizando as escolhas:

Linguagem, Código e suas tecnologias

Estudo dos gêneros digitais (impacto e função social, suporte textual,

caracterização dos interlocutores, recursos linguísticos).

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Memes no ensino de LP no EM

Sugestões para a sala de aula

Texto 1 – Meme: Bode Gaiato

- Identificar as marcas linguísticas que

singularizam as variedades linguísticas sociais,

regionais e de registro.

- Relacionar as variedades linguísticas a

situações específicas de uso social.

- Reconhecer os usos da norma padrão da língua

portuguesa nas diferentes situações de

comunicação.

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Fonte:

http://images2.memedroid.com/images/UPL

OADED25/51f7dca759b6f.jpeg

Meme: Bode Gaiato

Compreender e usar a língua

portuguesa como língua

materna, geradora de

significação e integradora da

organização do mundo e da

própria identidade.

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Memes no ensino de LP no EM

Texto 2 – Meme: Tweet Print*

Sugestões para a sala de aula

- Reconhecer recursos verbais e não verbais

utilizados.

- Relacionar opiniões, temas, assuntos e recursos

linguísticos.

- Inferir quais são os objetivos de seu produtor e

quem é seu público alvo (através da análise dos

procedimentos argumentativos utilizados).

- Reconhecer no texto estratégias argumentativas

empregadas para o convencimento do público.

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Fonte:

http://blogs.diariodonordeste.co

m.br/navegando/wp-

content/uploads/2014/10/meme

7-465x465.jpg

Meme: Tweet Print*

Confrontar opiniões

e pontos de vista

sobre as diferentes

linguagens e suas

manifestações

específicas.

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Fonte:

http://blogs.diariodonordeste.com.br/naveg

ando/wp-content/uploads/2014/10/meme4-

465x465.jpg

Meme: Tweet Print*

[...] a voz de cada um de nós é, na verdade, um coro de

vozes. [...] Vozes que pressupõem papéis sociais de quem

as emite; que expressam visões, concepções, crenças,

verdades e ideologias. Vozes, portanto, que, partindo das

pessoas em interação, significam expressão de suas visões

de mundo e, ao mesmo tempo, criação dessas mesmas

visões (ANTUNES, 2009, p.23, grifo da autora).

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Considerações finais

A partir dos exemplos utilizados para análise, espera-se

que o professor de LP sinta-se sensibilizado a buscar

maneiras de implementação de propostas pedagógicas de

produção de texto multimodal, os quais fazem parte da

realidade cotidiana de alunos da Geração Digital, com o

intuito de valorizar as novas formas de linguagem que se

proliferam no mundo contemporâneo, por meio das

tecnologias digitais, concebendo os educandos como

protagonistas na construção de conhecimentos

significativos; reconhecendo, assim, o papel que eles

ocupam como produtores e consumidores de bens culturais

em novas mídias.

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Referências bibliográficas ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

BLACKMORE, S. The meme machine. Oxford: Oxford University Press, 1999.

______________. The power of memes. Scientific American, New York, v.283, p.64-73, October, 2000.

CASTELFRANCHI, C. Towards a cognitive memetics: socio-cognitive mechanisms for memes selection and

spreading. Journal of Memetics – Evolutionary Models of Information Transmission, v.5, p.1-21, 2001. Disponível

em: <http://cfpm.org/jomemit/2001/vol5/castelfranchi_c.html>. Acesso em: 21 de janeiro de 2012.

DAWKINS, R. O gene egoísta. Tradução de Rejane Rubino. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

FIORIN, J. L. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 1998.

GUNDERS, J. & BROWN, D. The complete idiot’s guide to memes. New York: Alpha, 2010.

HEYLIGHEN, F. Memetics. In: RECUERO, R. C. Memes em weblogs: proposta de uma taxonomia. Conexões nas

Redes Midiáticas. Revista FAMECOS, Porto Alegre, n.32, p.23-31, abr.2007.

LÉVY, P. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, A. M.,

GAYDECZKA, B., BRITO, K. S. (Orgs.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

____________. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: MARCUSCHI, L. A. & XAVIER,

A. C. (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. São Paulo: Cortez, 2010.

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Referências bibliográficas

RECUERO, R. C. Memes em weblogs: proposta de uma taxonomia. Conexões nas Redes Midiáticas. Revista

FAMECOS, Porto Alegre, n.32, p.23-31, abr.2007.

ROJO, R. H. R. & MOURA, E. (Orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.

SOUZA, C. F. Memes: formações discursivas que ecoam no ciberespaço. VÉRTICES, Campos dos Goytacazes/RJ,

v.15, n.1, p.127-148, jan./abr.2013.

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Realização: AGRADECIMENTOS:

AGRADEÇO PELA

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