Memorial do convento, cap. 13 14

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*Os números de páginas e linhas são referentes à 46ª edição da Editorial Caminho.

Trabalho realizado por: Ana Teresa nº2 12ºB, no âmbito da disciplina de Português.

Memorial do Convento – Saramago

Cap. XIII:

Personagens intervenientes:

- Blimunda;

- Baltasar;

- Bartolomeu Lourenço.

Resumo:

- Blimunda e Baltasar já se encontram na quinta em Lisboa. Deparam-se

agora com a degradação do seu trabalho, decidindo portanto desmanchar e

recomeçar a obra.

“Enferrujam-se os arames e os ferros, cobrem-se os panos de mofo, destrança-se o vime ressequido, obra que em

meio ficou não precisa envelhecer para ser ruína. Baltasar deu duas voltas à máquina voadora, nada contente de ver

o que via, com o gancho do braço esquerdo puxou violentamente o esqueleto metálico, ferro contra ferro, a provar-

lhe a resistência, e era pouca, Parece-me que melhor será desmanchar tudo e começar outra vez(…)” Pág. 191, l. 1-9 (*)

- Chega, de Coimbra, o padre Bartolomeu Lourenço.

- Este pergunta quantas vontades foram recolhidas, sendo que Blimunda

afirma que apenas 30 foram e são mais de homens, pois as das mulheres

parecem resistir mais à separação corpórea. Mas serão necessárias, pelo

menos, duas mil.

- Com o seguimento do texto, Saramago faz uma insinuação sobre o não

cumprimento do voto de castidade por parte dos padres da altura.

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE OURÉM - 120960

Escola Básica e Secundária de Ourém

Ano letivo 2013/2014

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*Os números de páginas e linhas são referentes à 46ª edição da Editorial Caminho.

Trabalho realizado por: Ana Teresa nº2 12ºB, no âmbito da disciplina de Português.

“Quantas vontades recolheste até hoje, Blimunda, perguntou o padre nessa noite, quando ceavam, Não menos de

trinta, disse ela, É pouco, e as mais são de homem ou de mulher, tornou a perguntar, As mais são de homem, parece

que as vontades das mulheres resistem a separar-se do corpo, porque será. A isto não respondeu o padre, mas

Baltasar disse, Quando a minha nuvem fechada está sobre a tua nuvem fechada, às vezes falta bem pouco para que

a tua à minha se junte, Então me pareces tu mais vazio de vontade do que eu, respondeu Blimunda, ainda bem que

o padre Bartolomeu Lourenço se não escandaliza com estas livres conversações, acaso também teve a sua parte de

vontades desfalecidas, na Holanda por onde andou, ou a tem aqui, não o sabendo a Inquisição, ou fazendo de

contas que o ignora, por não andar a falta acompanhada de pecados menos veniais. “ Pág. 193, l. 27 até pág. 194, l.13(*)

- Retrato da construção da máquina e da recolha de vontades.

“Falemos agora a sério, disse o padre Bartolomeu Lourenço, sempre que puder aqui virei, mas a obra só pode

adiantar-se com o trabalho de ambos foi bom terem construído a forja, eu arranjarei modo de alcançar um fole para

ela, não te hás-de fatigar com essa canseira, porém terás de o observar muito bem porque vai ser preciso fazer os

foles grandes, de que te darei o risco, para a máquina, faltando o vento na atmosfera trabalharão os foles e

voaremos, e tu, Blimunda, lembra-te de que são precisas pelo menos duas mil vontades, duas mil vontades que

tiverem querido soltar-se por as não merecerem as almas, ou os corpos as não merecerem, com essas trinta que aí

tens não se levantaria o cavalo Pégaso apesar de ter asas, pensem como é grande a terra que pisamos, ela puxa os

corpos para baixo, e sendo o sol tão maior como é, mesmo assim não leva a terra para si, ora, para que nós voemos

na atmosfera serão precisas as forças concertadas do sol, do âmbar, dos ímanes e das vontades, mas as vontades

são, de tudo, o mais importante, sem elas não nos deixaria subir a terra, e se queres recolher vontades, Blimunda,

vai à procissão do Corpo de Deus, em tão numerosa multidão não hão-de ser poucas as que se retirem, porque as

procissões, bom é que o saibam, são ocasiões em que as almas e os corpos se debilitam, a ponto de não serem

capazes, sequer, de segurar as vontades, já o mesmo não sucede nas touradas, e também nos autos-de-fé, há neles e

nelas um furor que torna mais fechadas as nuvens fechadas que as vontades são, mais fechadas e mais negras, é

como na guerra, treva geral no interior dos homens. Disse Baltasar, E a máquina de voar, como a farei, Como a

tínhamos começado, a mesma ave grande que está no meu risco, e estas são as partes de que se compõe, aqui te fica

este outro desenho com as indicações dos tamanhos das diferentes peças, irás construindo de baixo para cima,

como se estivesses a fazer um navio, entrançarás o vime e o ferro, imagina que estás ligando penas a ossos, já te

disse, virei sempre que puder(…)” Pág. 194, l. 14 até pág. 195, l.24(*)

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*Os números de páginas e linhas são referentes à 46ª edição da Editorial Caminho.

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- Retrato da cumplicidade de Baltasar e Blimunda.

“Tornou o padre aos estudos, já bacharel, já licenciado, doutor não tarda, enquanto Baltasar chega os ferros à forja

e os tempera na água, enquanto Blimunda raspa as peles trazidas do açougue, enquanto ambos cortam o vime e

trabalham à bigorna, segurando ela a lamela com a tenaz, batendo ele com o malho, e têm de entender-se muito

bem para que não se perca nenhuma pancada, ela apresentando o ferro rubro, ele desferindo o golpe certo, em força

e direcção, nem precisam falar.” Pág.197, l. 6-15(*)

- Chega o dia da procissão do Corpo de Deus – 8 Junho 1719 -, que será

totalmente diferente das anteriores, mas com igual ou superior riqueza. Ao

contrário do esperado, Blimunda será incapaz de recolher vontades pois é

noite de Lua Nova. (Pág.200, 1ªfrase(*))

- Enumeração dos participantes e descrição da procissão, descrição que se

encontra marcada pela ironia característica desta obra de Saramago. (Pág.202-

214(*))

“(…)condene-me Deus se não declarar que melhor vestem as bestas do que os homens que as vêem passar, e isto é

sendo o Corpo de Deus, trouxe cada um no seu próprio corpo o que de melhor tinha em casa, a roupinha de ver ao

Senhor, que tendo-nos feito nus só vestidos nos admite à sua presença, vá lá a gente entender este deus ou a religião

que lhe fizeram(…)” Pág. 204, l.11-18(*)

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*Os números de páginas e linhas são referentes à 46ª edição da Editorial Caminho.

Trabalho realizado por: Ana Teresa nº2 12ºB, no âmbito da disciplina de Português.

Cap. XIV:

Personagens intervenientes:

- padre Bartolomeu de Gusmão;

- Domenico Scarlatti;

- D. Maria Ana;

- El-rei;

- D. Maria Bárbara;

- Baltasar;

- Blimunda.

Resumo:

- O padre regressa de Coimbra sendo já “doutor em cânones”.

- Referência a Domenico Scarlatti e descrição do mesmo (pág. 217, l. 27-35(*)), que

apesar de ter vindo de Londres, é Italiano e que agora ensina a arte de

tocar piano à infanta D. Maria Bárbara.

- Neste mesmo capítulo, Scarlatti é dado a conhecer a passarola, tem longas

conversas com o padre Bartolomeu de Gusmão sobre música e sobre a

trindade terrestre, considerada pelo padre como sendo: ele (o padre), Sete-

sóis e Sete-luas.

- O padre fica na quinta em S. Sebastião da Pedreira a preparar o seu

sermão para a festa do Corpo de Deus, e devido à reflexão feita

anteriormente com Scarlatti e retomando-a agora, o padre questiona a

trindade divina.

“Fiz duas afirmações contrárias entre si, respondam-me qual acham que é a verdadeira, Eu não sei, disse Baltasar,

Nem eu, disse Blimunda, e o padre repetiu, Deus é uno em essência e pessoa, Deus é uno em essência e trino em

pessoa, onde está a verdade, onde está a falsidade, Não sabemos, respondeu Blimunda, e não compreendemos as

palavras, Mas acreditas na Santíssima Trindade, no Padre, no Filho e no Espírito Santo, falo do que ensina a Santa

Igreja, não do que disse o italiano, Acredito, Então Deus, para ti, é trino em pessoa, Pois será, E se eu te disser agora

que Deus é uma só pessoa, que era ele só quando criou o mundo e os homens, acreditarás, Se me diz que é assim,

acredito, Digo-te apenas que acredites, em quê nem eu próprio sei, mas destas minhas palavras não fales a

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*Os números de páginas e linhas são referentes à 46ª edição da Editorial Caminho.

Trabalho realizado por: Ana Teresa nº2 12ºB, no âmbito da disciplina de Português.

ninguém, e tu, Baltasar, qual é a tua opinião, Desde que comecei a construir a máquina de voar, deixei de pensar

nessas coisas, talvez Deus seja um, talvez seja três, pode bem ser que seja quatro, a diferença não se nota, se calhar

Deus é o único soldado vivo de um exército de cem mil, por isso é ao mesmo tempo soldado, capitão e general, e

também maneta, como me foi explicado, e isso, sim, passei a acreditar(…) Pág. 233, l.14 até pág.234, l.7(*)

Realeza vs Povo:

Nestes excertos, presentes neste capítulo, é mais uma vez abordada a

diferença de atitudes e comportamentos assumidos pela realeza, neste caso

o rigor, e pelo povo (representado por Baltasar e Blimunda), retratando

neste caso a simplicidade e espontaneidade.

“À lição assistem as majestades, em pequeno estado, umas trinta pessoas, se tanto, contando os camaristas de

semana dele e dela, aias, açafatas várias, mais o padre Bartolomeu de Gusmão, lá para trás, e outros eclesiásticos.” (…) Pág. 217, l. 10-14(*)

“Terminou a lição, desfez-se a companhia, rei para um lado, rainha para outro, infanta não sei para onde, todos

observando precedências e preceitos, cometendo plurais vénias, enfim, afastou-se a restolhada dos guarda-infantes

e dos calções de fitas, e no salão de música apenas ficaram Domenico Scarlatti e o padre Bartolomeu de Gusmão." Pág. 218, l. 1-7(*)

vs

“Esta é que é Blimunda, disse o padre, Sete-Luas, acrescentou o músico. Ela tinha brincos de cerejas nas orelhas,

trazia-as assim para se mostrar a Baltasar, e por isso foi para ele, sorrindo e oferecendo o cesto(…)” Pág. 229, l.1-5(*)