MEMÓRIAS DE UMA EDUCADORA OCTOGENÁRIA: PATRIMÔNIO SINGULAR ... · PATRIMÔNIO SINGULAR E PLURAL...
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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017
ISSN 2236-1855 6054
MEMÓRIAS DE UMA EDUCADORA OCTOGENÁRIA: PATRIMÔNIO SINGULAR E PLURAL
Iolanda de Sousa Barreto1
Charliton José dos Santos Machado 2
Introdução
O presente texto tem por parâmetro a pesquisa, em andamento, intitulada MARIA
FERNANDES DE QUEIROGA (IRMÃ ANA OSF): um retrato histórico e (auto)biográfico da
educadora e religiosa do sertão paraibano. A pesquisa assenta-se nos fundamentos teórico-
metodológicos da nova história cultural, convergindo para um estudo historiográfico pautado
na micro-história e que considera a relevância das práticas educativas e da profissão docente.
Fixa-se, assim, nas especificidades e particularidades da vida de atores individuais e, neste
caso específico, traz ao foco de análise a história de vida e as práticas e representações de
Maria Fernandes de Queiroga (Ir. Ana OSF), religiosa e educadora do sertão paraibano.
O lugar de referência do desenvolvimento deste estudo é o Grupo de Estudos e
Pesquisas sobre a História da Educação da Paraíba – HISTEDBR/GTPB, vinculado ao
Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal da Paraíba
(UFPB), no qual passo a participar, no ano de 2012, das atividades integradas ao projeto de
pesquisa Educação e Educadoras na Paraíba do Século XX: práticas, leituras e
representações.
Lugar, por natureza, da pesquisa e da prática historiográfica da educação brasileira,
constitui-se enquanto espaço fecundo de produções e contribuições para a constituição da
memória/identidade do campo da educação paraibana ao abarcar vários projetos de pesquisa
vinculados às três linhas que o estruturam: História das Políticas Educacionais e das
Instituições Escolares, Práticas Educativas e Culturas Escolares e Histórias de Intelectuais,
1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Especialista em Educação em e para os Direitos Humanos pela UFPB e mestra em Linguística e Ensino pela UFPB. Aluna do Doutorado em Educação do Programa de Pós Graduação em Educação (PPGE) da UFPB, na Linha de História da Educação. Professora da Educação Básica e Orientadora Educacional da Rede Municipal de Ensino de João Pessoa – Paraíba. E-Mail: <[email protected]>.
2 Licenciado em Ciências Sociais (1994) pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mestre em Sociologia Rural (UFPB), doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pós-doutor pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professor permanente dos Programas de Pós-Graduação em Educação e Sociologia (UFPB). E-Mail: <[email protected]>.
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(Auto) Biografias e Estudos de Gênero. Importante se faz destacar que seus pesquisadores,
contemplando temáticas e periodizações variadas, vêm desenvolvendo e publicando
trabalhos científicos de grande relevância para a comunidade acadêmica e a sociedade, de um
modo geral, capacitando, também, alunos da graduação e da pós-graduação para a operação
historiográfica, a qual, para Certeau (1982, p.46): “se refere à combinação de um lugar social,
práticas científicas e uma escrita”.
O HISTEDBR/PB, desde a sua origem, no ano de 1992, está vinculado ao Grupo de
Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil – HISTEDBR”3, este
coordenado pelos professores José Claudinei Lombardi e Demerval Saviani, tendo como sede
a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - SP. O HISTEDBR congrega grande
número de pesquisadores em História da Educação, espraiados pelo Brasil, alinhados a
diversas tendências e abordagens teórico-metodológicas, o que, inclusive, constitui uma das
marcas do Grupo. Tal assertiva é endossada por Kulesza (2006, p. 182, in PINHEIRO, CURY
& ANANIAS, 2014, p.257, negritos dos autores) quando a ele se refere: “[...] evidente que nele
não havia nenhuma estreiteza teórica ou patrulhamento ideológico. Pelo contrário, a
diversidade teórica era uma de suas características e, podemos dizer principal fator de sua
vitalidade e longevidade.”
Nesse contexto e envolta nas discussões fomentadas no interior do HISTEDBR/GTPB,
ligadas ao projeto já citado: “Educação e educadoras na Paraíba do Século XX: práticas,
leituras e representações”, passo a gestar em mim o desejo de estudar, no meu lugar de
origem — a cidade de Catolé do Rocha, encravada no alto sertão da Paraíba — a história das
cinco irmãs franciscanas de Dilligen4: Irmholda Brumm, Gonsalez Hermann, Urbana
Schöberl, Engelsindis Holfelder e Siegfrieda Heinrich, alemãs que lá chegaram no ano de
1939 e fundaram, enquanto instituição educacional, a Escola Normal Dona Francisca
Henriques Mendes, uma vez que a construção do prédio onde funcionaria a escola já fora
encomendada pelo benfeitor local Antônio Mendes Ribeiro, o qual, desejoso de perpetuar a
memória de sua mãe, a catoleense Francisca Henriques Mendes, fizera a doação da obra à
cidade de Catolé do Rocha5.
3 Para mais informações sobre o HISTEDBR consultar PINHEIRO & CURY (organizadores). Histórias da Educação da Paraíba: Rememorar e Comemorar – João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2012.
4 Cidade alemã situada no Danúbio, entre Ulm e Donauwört. In: Ir. Michaela Haas, OSF. História das Irmãs Franciscanas de Dillingen – Rio de Janeiro: Edição da Divina Providência no Brasil, 2000..
5 Sobre a história da doação do colégio, ver o artigo de Maria de Lourdes Barreto: Um colégio no alto da cidade, in Ana lúcia Gomes de Melo ... [et al], organizadores. Catolé do Rocha em muitas lentes – João Pessoa: Gráfica JB, 2013.
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Com o intuito de coletar fontes para a construção do projeto de pesquisa para a Pós-
Graduação em Educação na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), retorno, em 2012, à
minha cidade natal e, especificamente, ao Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), lugar
onde percorri toda a minha trajetória escolar — desde o ingresso, no ano de 1980, até o
término do Curso Pedagógico, em 1991 — e onde tive as primeiras experiências com a prática
pedagógica, ao atuar como professoranda6 nas séries iniciais do então I Grau, atualmente
Ensino Fundamental I. Lugar, onde se deu uma escolha vocacional que perdura até os dias
atuais, sempre marcada por inquietações, por dúvidas e mesmo decepções, porém com um
desejo ardente de desbravar, de aprender mais e poder dar uma contribuição conscienciosa
junto à Educação Básica, na qual atuo como professora das séries iniciais e orientadora
educacional na Rede Municipal de Ensino de João Pessoa-PB.
Ao chegar ao colégio sou recebida por Irmã Ana7, nome pelo qual é mais conhecida.
Uma religiosa de cabelos muito brancos, contando, à época, 76 anos de idade. Detenho-me
diante daquela mulher, personagem representativa para mim de toda uma década de minha
formação escolar, enquanto gestora da instituição, professora de ensino religioso e de
algumas Didáticas do Curso Pedagógico, e vejo como que em flashes de um filme, o passado
em minha mente. Falo-lhe do meu projeto, também de eventos de minha vida. Sou acolhida
com solicitude, recebendo dela materiais significativos para o início de meus estudos, bem
como votos de sucesso no meu intento.
Naquele retorno, observo as mudanças ocorridas com a passagem dos anos e percebo
na grande quadra central, local onde costumava brincar e onde se realizavam as aulas de
Educação Física. Na quadra, no passado a céu aberto e no presente transformada em um
ginásio coberto, há um letreiro que lhe dá nome: Ginásio de Esportes Irmã Ana. Penso em
quão justa fora aquela homenagem e me pergunto há quantas décadas aquela religiosa e
educadora vem sendo uma incansável operária da educação e da obra que é o CNFM; me
pergunto o que a move, mesmo aposentada e com idade avançada, a continuar na lida diária
como diretora geral daquela instituição; me pergunto também quais seriam suas impressões
do presente e como faz para se adaptar às inúmeras inovações deste século e, por fim, me
pergunto se as próximas gerações de estudantes daquele colégio conhecerão a sua história.
Olho mais uma vez para o letreiro e voltando-me para ela, despeço-me e não deixo de
pontuar: ‘Irmã Ana, alguém ainda vai escrever sobre a sua história!’ Ela sorri, mas não
6 Termo usado na época para designar as estagiárias do Curso Pedagógico. 7 Ir. M. Ana OSF: nome designado pela congregação religiosa da qual faz parte: a Ordem de São Francisco (OSF).
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demonstra interesse ou vaidade, talvez pelo fato de nunca haver pensado em tal
possibilidade.
Os meus caminhos de pesquisa após o retorno do CNFM e o reencontro com Irmã Ana,
no entanto, migraram da História da Educação para a Linguística e, após a experiência do
mestrado nesta área, retornaram à primeira área, com a qual sempre me identifiquei.
Retornando ao HISTEDBR/GTPB e retomado a participação no projeto “Educação e
Educadoras na Paraíba do Século XX: práticas, leituras e representações”, participando dos
encontros do grupo e tendo contato com leituras mais voltadas para a abordagem (auto)
biográfica, passo a pensar com maior frequência no encontro, de três anos atrás, com aquela
educadora enraizada no sertão paraibano, que então com 79 anos de idade, continuava ativa
à frente da administração geral do CNFM. Considero a importância de sua prática educativa e
no quanto o estudo da sua trajetória de vida e atuação profissional poderia revelar aspectos
significativos da evolução educacional, tanto no que concerne ao CNFM, como ao próprio
município de Catolé do Rocha, descortinando, possivelmente, nuances de sua organização
sociocultural e educacional, do século XX à atualidade. Considero, ainda, a urgência de se
fazer o registro historiográfico de suas memórias, afim de que esses documentos, de sete
décadas de vida dedicadas à educação e, também à vocação religiosa, não acabem perdidos
no tempo e apagados na História da Educação.
Com este pensamento, passo a dedicar-me ao meu novo objeto de pesquisa: a trajetória
de vida e de atuação educativa de Maria Fernandes de Queiroga, mais conhecida como Irmã
Ana. Reconheço, contudo, em minha atividade de pesquisa, a complexidade de uma vida e a
impossibilidade de condensá-la em uma narrativa historiográfica, independentemente do
número de páginas que possa conter, pois do contrário, seria cair na armadilha de uma
“ilusão biográfica”, a qual seria, conforme a crítica de Pierre Bourdieu (1986, in FERREIRA &
AMADO, 2006, p. 185): “tratar a vida como uma história, isto é, como o relato coerente de
uma sequência de acontecimentos com significado e direção.” Uma história de vida, portanto,
não se apreende, não se finda em uma narrativa e o pesquisador deve assumir uma postura
coerente ao dedicar-se à operação historiográfica. Neste sentido, também alerta Oliveira
(2011, p.66):
[...] Como é ilusória a figura de um sujeito do conhecimento neutro, que observa ‘de fora’ os fenômenos na suposição de apreendê-los por inteiro para, ao final, construir sobre eles uma imagem definitiva. Determinar completamente o objeto simbolizaria o poder arbitrário do sujeito do conhecimento, mas também a morte do objeto, daí a ilusão que recobre tais práticas.
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Tendo como matéria-prima do meu estudo as memórias de uma educadora do sertão
paraibano, hoje octogenária, compreendo que a narrativa memorialista não se constitui
apenas enquanto patrimônio singular a cada sujeito histórico, ela cumpre um papel social
que é o de transmitir às novas gerações o legado de um passado que deu origem ao presente,
constituindo-se, assim, enquanto patrimônio de uma coletividade. A Constituição Federal,
em seu artigo 216, de 1988, estabelece como patrimônio cultural brasileiro:
Os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I. As formas de expressão; II. Os modos de criar, fazer e viver; III. As criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV. As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V. Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (BRASIL, CF, art. 216)
Tomando por entendimento de patrimônio tudo aquilo que tem valor, justifico que não
é, contudo, cada vida em particular que interessa à História, mas a vida que é significativa
pelo que ela tem de específico e, ao mesmo tempo, próprio a um grupo em determinado
espaço-tempo, determinado por conjunturas culturais e representando o ‘espírito de uma
época’. (CARINO, 1999, p. 173). Dessa forma, a história de vida de educadores/as, vem, na
atualidade, constituindo-se enquanto campo de valor e de interesse de uma historiografia
renovada.
Este trabalho vem sendo desenvolvido a partir dos pressupostos da Nova História
Cultural, a qual se volta para as atividades humanas específicas e concede um olhar
diferenciado para as particularidades inerentes às práticas socioculturais constitutivas do
fazer humano, fortalecendo a tese de que “indivíduo e sociedade são esferas indissociáveis da
compreensão histórica” (LEITE,1984, p.12). Nesta nova dimensão, conforme Burke (1991,
p.98), as estruturas sociais são encaradas enquanto construções culturais, ou seja, para esse
autor a expressão “teoria social” deve ser interpretada como uma expressão que também
inclui “teoria cultural”. Os historiadores chegam a compreensão de que não se pode dissociar
a história social daquilo que a faz: a prática humana em suas diversas manifestações. Neste
sentido, a história cultural tem por principal objetivo a identificação de como, em diferentes
lugares e momentos, uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler.
(CHARTIER,1990, p.16)
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A pesquisa em andamento, toma por escolha metodológica a História Oral e a
abordagem (auto) biográfica. Importante se faz enfatizar que, na atualidade, sob influência
das disciplinas que estudam o homem em sociedade, como a Sociologia e a Antropologia, há
um destacado interesse por abordagens e metodologias que enfocam histórias de vidas,
história oral, identidade e memória, nas quais a (auto) biografia aponta não somente a
capacidade de apresentar a trajetória de uma vida singular, mas de possibilitar uma
percepção mais acurada dos processos coletivos. É um trabalho minucioso de compreensão e
interpretação, em que a partir das fontes e dos métodos utilizados se vai revelando nuances
da realidade estudada. Para Le Goff:
[...] Uma verdadeira biografia é inicialmente a vida de um indivíduo e a legitimidade do gênero histórico passa pelo respeito a esse objetivo: a apresentação e a explicação de uma vida individual na história. Mas uma história iluminada pelas novas concepções da historiografia. (LE GOFF, 1989, p.49)
Proponho-me a descortinar, neste estudo em estágio inicial de desenvolvimento, um
retrato histórico e (auto) biográfico da educadora e religiosa sertaneja, objeto de minha
pesquisa, atentando-me para muitos detalhes — o quanto possível for nos limites de um
registro historiográfico de uma trajetória de vida— sobretudo, o que para mim constitui o seu
“punctum”8: a prática educativa de Irmã Ana.
O Objeto de Pesquisa
Maria Fernandes de Queiroga é a décima filha do casal João Adelino de Queiroga e Ana
Fernandes de Queiroga. Nasce em 03 de fevereiro de 1936, em Antenor Navarro (atualmente
denominada de São João do Rio do Peixe), município do sertão paraibano, onde vive até
setembro de 1941, época em que se desloca com a família para Catolé do Rocha, pois o seu pai
assumiria um emprego federal nos Correios e Telégrafos. Sobre a sua infância em Antenor
Navarro, em seus dados (auto) biográficos, Irmã Ana rememora:
Apesar de muito criança, ainda relembro da minha primeira infância vivida em Antenor Navarro. A casa onde nasci, muito simples, aconchegante porque ali morava minha família querida. Vivíamos na alegria e simplicidade de uma família sertaneja, amando-nos mutuamente. Minha mãe, mulher laboriosa, além dos trabalhos domésticos ajudava a manter a casa pelos trabalhos de costura que fazia, enquanto meu pai, apesar de ser agricultor
8 Expressão neste texto utilizada de forma figurativa, associada ao termo criado pelo semiólogo e sociólogo francês Roland Barthes para designar o detalhe que lhe chama mais atenção numa fotografia. Para saber mais sobre esse termo e o pensamento do cientista sobre a temática, ver BARTHES, Roland. A Câmara Clara: nota sobre a fotografia. Trad. Júlio de Castro Guimarães. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1984, p. 77.
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nato, teve de diminuir esse trabalho ao assumir um emprego federal nos Correios e Telégrafos. (Ir. MAFQ. Escritos (auto) biográficos, 2016)
A família fixa-se no município de Catolé do Rocha, localidade onde Irmã Ana cresce e
faz todo o Curso Primário no Grupo Escolar Antônio Gomes (lugar inexistente na atualidade
e em cujo prédio reformado, funciona a Prefeitura Municipal). Sobre os primeiros anos
escolares registra:
Aos seis anos de idade comecei minha formação educacional em escolas, pois a formação educacional se começa em casa. Segundo Piaget, aos seis meses no ventre materno já começa o desenvolvimento cognitivo. Foi no antigo Grupo Escolar Antônio Gomes, que iniciei os meus estudos ditos na época “curso primário”(...) Minha primeira professora, bem conhecida minha, Madrinha Zulmira Pires Fernandes (...) Lembro-me que aprendi a escrever cobrindo as letras feitas no caderno pela professora. Nem sei como aprendi a ler, sei apenas que nunca aprendi a soletrar, por isso penso que não foi esse o método da minha querida professora. (Ir. MAFQ. Escritos (auto) biográficos, 2016)
Após as experiências do Curso Primário, Irmã Ana realiza o então chamado, à época,
Exame de Admissão, condição para estudar na então Escola Nomal Dona Francisca
Henriques Mendes, instituição onde cursa o Normal Regional de quatro anos e onde passa a
conviver com as Irmãs Franciscanas de Dillingen, religiosas alemãs e fundadoras da escola.
Ao final do curso, recebe o diploma de professora primária. Sobre esse período, em seus
dados (auto) biográficos, Irmã Ana destaca:
Fazer o Curso Normal naquela época, em Catolé do Rocha, era o máximo que uma jovem poderia conseguir para a sua formação intelectual, religiosa, humana. Nossas mestras nos transmitiam valores que jamais se apagarão da vida de cada uma. A formação recebida nos despertou para o gosto pelo magistério. (Ir. MAFQ. Escritos (auto) biográficos, 2016)
Após algumas experiências profissionais, como professora substituta no CNFM, como
auxiliar em casa comercial de roupas para homens e outros convites não aceitos, como para a
vaga de caixa numa firma de uma fábrica em Catolé e para trabalhar no cartório do 2º Ofício,
assume, em 1955, uma vaga de professora na Escola Normal Dona Francisca Henriques
Mendes, onde leciona por três anos no 2º ano primário. Aos vinte e dois anos de idade, em 11
de fevereiro de 1958, após receber licença dos seus pais, é acolhida como candidata à vida
religiosa pelas Irmãs Franciscanas de Dillingen, no convento de Areia-PB, onde
paralelamente à formação para a vida religiosa, realiza o Curso Pedagógico. Após a emissão
dos votos religiosos, é transferida, em fevereiro de 1962 para o CNFM.
Designada para auxiliar na secretaria da escola, permanece pouco tempo nessa função,
passando a ensinar matemática no Curso Ginasial, desenho no Ginasial e no Normal, Higiene
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e Puericultura no 4º Normal Regional e Ensino Religioso no 3º ano primário. Continua
evoluindo em seu processo de formação profissional buscando cursos de especialização em
João Pessoa e em Belo Horizonte, de modo que capacita-se para lecionar todas as Didáticas
do Curso Pedagógico do CNFM. Em 1973, tendo passado no vestibular da Universidade
Federal da Paraíba para o Curso de Pedagogia é transferida para a Escola Sesquicentenário,
onde por quatro anos trabalha lecionando a Matemática.
Ao terminar o Curso de Pedagogia com habilitação para Administração Escolar,
Supervisão Escolar e Prática Pedagógica que lhe concede a possibilidade de ensinar a
Psicologia da Educação, Sociologia da Educação e Didática Geral, retorna à Catolé do Rocha,
em janeiro de 1977, ocasião em que lhe é confiado o trabalho de Administração Escolar do
Colégio Normal Francisca Mendes, função que realiza desde aquele ano até os dias atuais,
com pequenas ausências devido às solicitações de sua ordem religiosa.
Ao final desse breve panorama (auto) biográfico, é possível, inicialmente, visualizar que
Irmã Ana, ao chegar em Catolé do Rocha no ano de 1941, começa, nessa localidade, a
construir uma história que progride, paulatinamente, para uma prática sociocultural
humanística com grande representação naquela região, ao constituir-se enquanto religiosa da
Ordem Franciscana de Dillingen e educadora com atuação ativa, sobretudo à frente da
administração do CNFM. Esta instituição tem contribuído, em dada medida, ao longo dos
anos, com a formação da sociedade catoleense, bem como das sociedades que fazem parte de
seu entorno geográfico, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o final da
primeira e o início da segunda metade do século XX, em que o colégio funcionara com
internato, recebendo alunas de várias localidades da Paraíba, tais como: Brejo do Cruz, São
Bento, Riacho dos Cavalos, Jericó, Brejo dos Santos, Bonsucesso, cajazeiras e até Soledade.
Observo que Irmã Ana traz consigo e repercute em sua prática educativa as marcas da
educação recebida no seio familiar; nos primeiros anos de escolarização vivenciados no
Grupo Escolar Antônio Gomes; nos anos do Curso Normal Regional e convivência direta com
as irmãs franciscanas de Dilligen9, fundadoras, em abril de 1939, da então Escola Normal
Dona Francisca Mendes, vindas da Alemanha devido às perseguições religiosas promovidas
pelo ditador nazista Adolf Hitler, durante a II Guerra Mundial; dos aprendizados construídos
no decurso de sua graduação em Pedagogia, na UFPB; assim como dos dogmas de sua ordem
religiosa. É fato, inclusive, que a atuação e ensinamentos daquela tiveram e têm um alcance
para além dessas fronteiras, uma vez que os alunos(as) nesta escola formados(as) migraram
9 Sobre a história das Irmãs Franciscaanas de Dillingen, consultar Ir. Michaela Haas, OSF. História das Irmãs Franciscanas de Dillingen – Rio de Janeiro: Edição da Divina Providência no Brasil, 2000.
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ou ainda migram para diferentes cidades do estado e até de outros estados, levando consigo
os valores e aprendizados construídos nessa experiência educativa e os disseminando entre
outros sujeitos sociais com os quais interagem. Inclusive, a pesquisadora que fala neste
texto, diplomada professora no Curso Pedagógico (antigo Curso Normal), na década de 1990,
também transmite, em sua prática educativa, como professora das séries iniciais da Educação
Básica e orientadora educacional da rede municipal de ensino de João Pessoa- PB, muito do
que foi apreendido em quase duas décadas de formação educativa naquela instituição de
ensino, assim como dos valores e outras marcas decorrentes da convivência com as irmãs
franciscanas, inclusive a própria Irmã Ana, devido à sua atuação como gestora do CNFM e
como docente no Curso Pedagógico.
A tarefa que tenho à frente é a de, enquanto historiadora da educação, debruçar-me
sobre os caminhos e descaminhos dessa trajetória de vida e atuação profissional de quase
sete décadas de dedicação à educação e à vocação religiosa. Realizar, assim, um trabalho de
análise e reflexão a partir das memórias de Irmã Ana e de outras fontes documentais de todo
um passado vivido por ela e diversos outros atores sociais, as quais fornecem elementos e/ou
indícios que convergem para a interpretação da cultura escolar e da constituição sociocultural
e educacional de uma dada sociedade, em determinado espaço-tempo.
Depoimentos de Memória: Documentos para a História
A História oral, também denominada de História oral de vida, utilizada na pesquisa
(auto) biográfica por meio das entrevistas narrativas (gravadas em áudio ou em vídeo) tem se
configurado em profícuo método na historiografia moderna. As narrativas são frutos do
conteúdo da memória, não rara carregada de intencionalidade e interferências do presente e,
sempre descontínua e lacunar, haja vista que nunca será possível recuperar o vivido em sua
totalidade. Nesse sentido, avalia Walter Benjamin (1993, p. 224): “Articular historicamente o
passado não significa conhecê-lo como ele foi de fato. Significa apropriar-se de uma
reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo”. Contudo, as histórias
narradas são fecundas, porque rememorar um fato, um acontecimento, não raro desencadeia
novas memórias que remetem a outras histórias, que por sua vez, levam a outras, num
contínuo movimento. Benjamin (1993, p. 224) destaca ainda: “um acontecimento vivido é
finito, ou pelo menos encerrado na esfera do vivido, ao passo que o acontecimento lembrado
é sem limites, porque é apenas uma chave para tudo o que veio antes e depois.
A História oral tem sido, ainda, valorizada na pesquisa historiográfica contemporânea
por possibilitar que atores sociais que ao mesmo tempo atuam/atuaram e sofrem/sofreram a
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influência das sociedades e do tempo histórico em que estão/estiveram inscritos possam falar
com a sua própria voz, desencadeando impressões e representações. Para Meihy (1996, p.10),
a fonte oral essencialmente é “[...] uma percepção do passado como algo que tem
continuidade hoje e cujo processo histórico não está acabado.” Dessa forma, os relatos orais
e a memória têm assumido lugar de importância e destaque nos estudos (auto) biográficos.
Para Neves (2006, p.59):
Memória e transmissão de experiências são faces diferentes de um único cristal que inclui a História. A memória é retenção do passado atualizado pelo tempo presente. Articula-se com a vida através da linguagem, que tem na narrativa uma de suas mais ricas expressões (...) a memória, além de incomensurável, é mutante e plena de significados de vida, que algumas vezes se confirmam e usualmente se renovam.
Os relatos orais e depoimentos de memória fornecem indícios, quando não revelações
de facetas socioculturais, assim como relações de poder e de outra ordem, estabelecidas em
diversos contextos históricos. São tão confiáveis quanto as fontes escritas, pois como afirma
Camargo (2004, p. 13): “(...) a história oral é legítima como fonte porque não induz a mais
erros do que outras fontes documentais e históricas. O conteúdo de uma correspondência não
é menos sujeito a distorções factuais do que uma entrevista gravada”.
Outros acervos documentais têm-se constituído enquanto importantes fontes e
contributos para o enriquecimento das narrativas (auto)biográficas, tais como os vídeos e as
fotografias que, sobretudo, pela ótica e testemunho do biografado e/ou pela capacidade
investigativa e interpretativa do biógrafo, oferecem valiosas leituras e informações de tempos
idos. As fotografias, por exemplo, carregam histórias que podem ser revividas e recontadas a
um simples reolhar, apresentando, também, signos capazes de subsidiar análises reflexivas
sobre os conflitos humanos e as relações exercidas em sociedade, residindo aí o seu
contributo científico, o que a diferencia da arte. Aquele que participou do evento fotográfico
ou que sobre ele foi comunicado ou, ainda, sobre o qual se debruçou investigativamente,
usará a fotografia, ancorada pela memória, por sua experiência e/ou por suas próprias
percepções e conhecimentos, para fazer leituras e, possivelmente, explicar fatos, estruturas e
convenções de um passado vivido e/ou compreendido.
As fotografias evocam as memórias e são provas cabais das experiências vividas, no
entanto, possibilitam leituras polissêmicas, as quais são ativadas diversamente pelos
indivíduos que as observam, sobretudo, se não estiveram presentes ou tomaram ciência dos
momentos retratados. Carregam elementos que podem passar despercebidos pelo olhar de
um observador, enquanto que para outro poderão constituir-se em pontos de atração e até
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mesmo de identificação, conferindo-lhe uma “experiência de aventura”, detalhe a que o
semiólogo e sociólogo francês Roland Barthes (1984, p.77) denominou de punctum e sobre o
qual afirmou:
Um detalhe conquista toda minha leitura; trata-se de uma mutação viva de meu interesse, de uma fulguração. Pela marca de alguma coisa a foto não é mais qualquer. Esse alguma coisa deu um estalo, provocou em mim um pequeno abalo, um satori, a passagem de um vazio (pouco importa que o referente seja irrisório).
Algumas fotografias e detalhes de uma história de vida:
Fotografia 1- Irmã Ana na Formatura Curso Normal
Regional. Catolé do Rocha-PB, 1952. Fonte: Acervo particular de
Irmã Ana
Fotografia 2: Construção do CNFM no ano de 1937 Fonte: Página da Web “Catolé do Rocha – Antigamente” por
Jean Vieira10
10 Disponível em: https://pt-br.facebook.com/antigacatole/
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Fotografia 3: Fachada do CNFM. Anos 1970 Fonte: Página da Web “Catolé do Rocha – Antigamente” por Jean Vieira11
Fotografia 4- As fundadoras do CNFM: Irmãs Franciscanas de Dillingen.
Fonte: Acervo do Colégio Normal Francisca Mendes.
Fotografia 5- Irmã Ana na atualidade. Fonte: Acervo do Colégio Normal Francisca
Mendes.
11 Disponível em: https://pt-br.facebook.com/antigacatole/
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Algumas Considerações
Além de inserir o nome desta educadora e religiosa na historiografia da educação do
município de Catolé do Rocha e da Paraíba pelas contribuições efetivas à prática educativa
daquela localidade, a presente pesquisa defende a tese de que o estudo da trajetória de vida e
profissional dessa educadora octogenária poderá revelar nuances da complexidade
sociocultural e educacional catoleense e paraibana, no espaço-tempo estudado. Para atender
a esta finalidade, as narrativas da educadora e de outros/as colaboradores/as desta pesquisa
serão utilizadas enquanto fontes principais, sendo a investigação norteada, principalmente,
pelos seguintes questionamentos: Quais aspectos e concepções socioculturais imbricados nas
práticas e representações educacionais de Irmã Ana predominavam no município de Catolé
do Rocha-PB, no recorte temporal analisado (1949 à atualidade)? Quais nuances do
intercâmbio cultural estabelecido entre as cinco irmãs franciscanas de Dillingen e os/as
catoleenses podem ser por ela destacados? Como foram construídas suas representações
político-pedagógicas referentes à educação e como estas influenciaram a educação na cidade
de Catolé do Rocha, sobretudo a atuação de professoras/es formadas/os pelo Curso
Pedagógico do CNFM, no referido período? Quais representações e relações, inclusive de
gênero, Irmã Ana estabelece na sociedade catoleense? Quais dificuldades, conflitos,
inquietações ou contradições lhe foram significativas em seu percurso profissional? Que
análise faz de sua própria prática pedagógica e das mudanças educacionais advindas com o
século XXI?
Para responder a esta problemática de pesquisa será analisada a trajetória de vida da
educadora, hoje com 81 anos de idade, sua formação e atuação profissional, principalmente
na cidade de Catolé do Rocha, sobretudo no período compreendido entre 1949, quando inicia
seus estudos no Curso Normal Regional na então Escola Normal dona Francisca Henriques
Mendes, até a atualidade, em que, além da administração geral do referido colégio, se ocupa
ainda de outras atividades pedagógicas e religiosas. A narrativa a ser construída a partir deste
trabalho de pesquisa sobre o objeto e a problemática aqui destacada fundamentar-se-á,
principalmente, pelas fontes orais, sobretudo as narrativas da própria educadora, mas
também contará com o auxílio de outras fontes, como documentais e imagéticas, dentre
outras, orientando-se por uma dimensão qualitativa, no que se refere à construção do
conhecimento. Para Certeau (1982, p. 83):
Um trabalho é “científico” quando opera uma redistribuição do espaço e consiste, primordialmente, em se dar um lugar, pelo “estabelecimento das
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fontes” — quer dizer, por uma ação instauradora e por técnicas transformadoras
O recorte temporal privilegiado na pesquisa, 1949 à atualidade, tem o propósito de
ampliar o conhecimento sobre a atuação da educadora Maria Fernandes de Queiroga,
analisando os caminhos e descaminhos percebidos em sua trajetória de vida, assim como a
formação de sua identidade enquanto religiosa, educadora e mulher, forjada a partir de sua
interação com outros sujeitos, em seu contexto sócio-histórico, uma vez que o individual e o
coletivo estão imbricados.
A relevância acadêmica desta pesquisa, vale destacar, é reforçada pelo desenvolvimento
de atividades no âmbito da memória histórica local e regional, sobretudo no que concerne à
atuação docente, uma vez que prevê a coleta de depoimentos para reconstituir a trajetória
dessa educadora do sertão paraibano, na tentativa de “mostrar a significação histórica geral
de uma vida individual” (LE GOFF, 1989, p.49-50). Visa contribuir, assim, com a constituição
do campo da História da Educação Paraibana e da prática docente no Brasil.
Referências
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LE GOFF, Jacques. Comment écrire une biographie historique aujourd´hui. Le Débat, 54, p. 48-53, 1989.
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