Memórias Do Recife_ a Ligação Com o Eterno - Jornal Do Commercio

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    RESGATE

    Memórias do Recife: a ligaçãocom o eternoComunidades virtuais compartilham imagens de uma cidadeque já não existe e registram o que precisa ser preservado

    Publicado em 15/11/2015, às 00h05

           

    Ponte Buarque de Macedo, início do século XXFoto: Divulgação/Facebook

    Mariana Mesquita

    Um Recife que só existe na memória. Uma cidade a caminho dese tornar lembrança. Três comunidades no Facebook atraemcada dia mais usuários com saudade de um passado às vezesdistante ou de um presente prestes a acabar. A campeã eminscritos chama-se Pernambuco Arcaico, e agrega 47.620internautas. Na sequência, a Recife de Antigamente conta com

    41.579 participantes. Mais recente e com menor volume deintegrantes, a Antes que Suma atraiu 7.683 pessoas com umapelo extra: além de mostrar o que já não existe, a proposta échamar a atenção para as belezas que ainda resistem àespeculação imobiliária e crescimento desenfreado.

    Os três responsáveis pelos espaços que compartilham memóriacomeçaram as atividades por acaso. São amadores, no sentidomais afetivo que o termo pode assumir. Wilton Carvalho, de 43anos, é nutricionista. Josué Nogueira Filho, de 47, é jornalista. EAntônio Oliveira, de 36, é bibliotecário. Em comum, têm o amorpelo Recife – “berço” adotivo, no caso de Wilton, cearense, e de

     Josué, nascido no Piauí, o que em nada abala a profundidade dosentimento.

    “Cheguei aqui aos 14 anos, e sempre achei o Recife diferente deFortaleza. Lá não tem cultura, no Carnaval se toca o que está namoda, não se preserva a cidade. Aqui, a coisa é muito forte namúsica, nas artes, nos monumentos. Me apaixonei e desdenovinho, como se fosse um historiador e antes mesmo do boom

     

           

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    da internet, eu frequentava o Museu da Cidade, a Fundação Joaquim Nabuco, para entender a história por trás das ruas edas pontes”, relembra Wilton. Quando a internet foiimplementada no Brasil, na década de 1990, ele começou acolecionar as imagens que via, aqui e acolá, espalhadas em sitese blogs. “Tem imagem que já passou por várias tecnologias, foisalva em disquete, depois em CD, e agora tenho vários HDsexternos. Quando eu via as fotos, tentava interpretar, às vezesde forma errada, como no caso da ponte Sete de Setembro, irmãgêmea da ponte da Boa Vista que ꗽcava onde é, atualmente, a

    ponte Maurício de Nassau”, descreve.

    Além das postagens em si, a equipe do grupo Recife deAntigamente promove eventos presenciais e “andanças” dereconhecimento pela cidade. “Como amar algo que não seviveu? A gente tem paixão por entender o presente a partir dopassado”, resume Wilton. A proposta atrai jovens, mas a adesãomaior acontece por parte de quem tem mais de 50 anos e já viugrande parte da realidade mudar. “Conhecemos duas senhorasde mais de 80 anos, que eram amigas há cinco décadas, eꗽzeram questão de comparecer e partilhar suas histórias, contarque andavam de bonde, que o fogão de casa funcionava aquerosene”, conta, emocionado.

     Já a página de Antônio surgiu em 2012, motivada pelo fato deque muitas pessoas até sabem como eram Recife e Olinda, quesão as cidades com maior volume de fotos, mas não tinhamacesso às imagens de outras localidades pernambucanas, que“mudaram muito e tiveram ruas e prédios destruídos”. O sonorotermo ‘arcaico’, escolhido para denominar a comunidade, atéhoje é um pouco criticado pelos internautas. “Eles acham queestá ligado a um sentido de ultrapassado. Mas a intenção nuncafoi essa”, destaca. A vontade de rememorar as belezas dopassado é tanta, que Antônio criou um projeto paralelo: umapágina especíꗽca para divulgar o trabalho do letão AlexandreBerzin, um dos fotógrafos mais importantes que atuaram noRecife no século 20 e que manteve um estúdio na cidade por 51

    anos, registrando nossa arquitetura, nosso povo e nossasmanifestações culturais.

    GALERIA DE IMAGENS

    Avenida Guararapes, anos 1950

    “Com essas páginas, estamos prestando um serviço de utilidade

    pública”, acredita Antônio. “Estamos tomando o rumo contrárioà Europa, e a cada dia perdemos mais patrimônio, em vez depreservar nossas riquezas”, acusa. Uma das séries que mais teverepercussão na comunidade mostrava o antes e o depois devários espaços recifenses. “Ao mostrar os equívocos de gestõespassadas, como as dos prefeitos Manoel Borba, Pelópidas daSilveira e Augusto Lucena, comprovamos que nosso legado vem

     

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    sendo destruído ao longo dos anos”, lamenta.

    O compromisso de tentar registrar essa herança, “antes quesuma”, ou até ajudar a preservar o que ainda resta, fez com que

     Josué, morador da Boa Vista, criasse sua página nas redessociais. De forma despretensiosa e, até o momento, sem auxíliode nenhuma equipe, ele acaba de completar um ano depostagens. “Mesmo sendo leigo, sempre enxerguei valorhistórico em muitos desses prédios maltratados, malconservados, e me incomodava o descaso do poder público”,

    explica. Jota, como é conhecido, saiu registrando não apenas ascasas situadas em locais de destaque, mas também as moradiasmodestas e acolhedoras de subúrbio que vêm sendo demolidaspara dar lugar aos espigões.

    Embora sua iniciativa seja recente, várias delas já não existemmais. “A aceitação da página me surpreendeu. Ela acabouperdendo apenas a função de registro, e hoje é uma tribuna deagradecimentos e de denúncias”, confessa. Ele recebe, emmédia, dez fotos de colaboradores por semana. “Todo mundotem sua história, suas referências. Muita gente que mora noexterior acompanha de forma assídua. E acredito que omovimento do Ocupe Estelita, que promoveu uma grandediscussão sobre o espaço urbano, foi também um grande

    propulsor da comunidade”, avalia.

    O PASSADO SE TORNA PRESENTE

    A tendência de se valorizar os monumentos do passado estáligada à construção identitária das pessoas. “Resgatar ouregistrar o antigo é tentar parar um tempo que está mudandorápido demais”, descreve a professora Nina Velasco, quepesquisa fotograꗽa, arte e tecnologia na Universidade Federalde Pernambuco (UFPE). Para ela, as pessoas têm buscado estaforma de se expressar e estar no mundo. “Elas sentem queestão perdendo a relação umas com as outras, e por isso anecessidade de resgatar as imagens e até as próprias

    tecnologias antigas, como câmeras analógicas, ꗽlmes e ꗽltrosque simulam determinados efeitos. A supervalorização damemória acontece a partir do sentimento de que se estáperdendo essa memória, mas isso se dá dentro de um contextode ‘agora perpétuo’, que não necessariamente ocorre da mesmaforma como no passado, quando a fotograꗽa tinha um papelcrucial de registro, memória, contemplação. Hoje, a fotograꗽa émediação, é uma maneira de se comunicar”, explica.

    Toda essa herança passa a ser retrabalhada de forma aalimentar o imaginário coletivo, suprindo necessidades. “Omundo hoje está impessoal e pouco acolhedor, e destrói o DNA,a origem da gente. Está tudo muito igual. Por isso, as pessoastentam se reconstruir a partir da história dos antepassados. O

    interessante é se perguntar os motivos dessa necessidade,porque muitas vezes, no passado, aqueles ícones já foram vistoscomo velharias a serem superadas, já que em nosso mundovazio o antigo aprisiona tanto quanto a novidade”, aꗽrma porsua vez a arquiteta Ecatherina Brasileiro, mestra em design esemiótica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro(PUC-RJ).

    A tendência de se valorizar o antigo extrapola as fotograꗽas e sereete também nos móveis, roupas, estilos – “talvez porque hojeo contemporâneo seja muito efêmero”, reete Ecatherina.Autora de uma pesquisa sobre a linguagem dos objetos nashabitações, ela destaca que as pessoas cada vez mais resgatam

    móveis e utensílios decorativos ‘de família’ ou, na falta deles,garimpam coisas em brechós e lojas de usados. “É como sepensassem que tudo é esquecido de forma rápida demais, e aí amensagem subliminar seria de que nós, humanos transitórios,também seremos esquecidos um dia”.

    Do ponto de vista arquitetônico e urbanístico, Ecatherina

     

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    Fotograꗽa Arquitetura Memória Recife

    ressalta que a grande diꗽculdade é conciliar o crescimento dascidades com a necessidade de preservação. “É uma dinâmicahumana, onde não dá para ser sempre imutável, senão oprocesso engessa. São muitas variáveis delicadas. Não adiantachegar só com a visão poética, nem apenas com a pragmática”,ꗽnaliza.

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