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Mercado potencial de TIC no sector dos transportes, quantificação de impactes e cenários de implementação na AML Eduardo Henrique de Castro Pinhão Raimundo Mendonça Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia do Ambiente Júri Presidente: Professor Ramiro Joaquim de Jesus Neves Orientador: Doutora Patrícia de Carvalho Baptista Co-orientador: Catarina Maria da Cunha de Eça Calhau Rolim Vogal: Professor Tiago Alexandre Abranches Teixeira Lopes Farias Junho 2014

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Mercado potencial de TIC no sector dos transportes, quantificação de impactes e cenários de implementação na

AML

Eduardo Henrique de Castro Pinhão Raimundo Mendonça

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia do Ambiente

Júri

Presidente: Professor Ramiro Joaquim de Jesus Neves Orientador: Doutora Patrícia de Carvalho Baptista

Co-orientador: Catarina Maria da Cunha de Eça Calhau Rolim Vogal: Professor Tiago Alexandre Abranches Teixeira Lopes Farias

Junho 2014

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Resumo Apesar da tendência de redução do consumo de combustível no setor dos transportes rodoviários

através da introdução de melhorias tecnológicas, o comportamento dos condutores também tem uma

influência significativa no consumo. As alterações comportamentais a este nível podem ser

implementadas através da inclusão nos veículos de tecnologias inteligentes que influenciem ou

limitem as atitudes dos condutores, com efeitos a nível tanto ambiental como de segurança

rodoviária. Através da realização de um inquérito online, procurou-se caracterizar a atitude da

população em relação a vários tópicos de mobilidade, incluindo a utilização e disponibilidade para

aceitar e pagar por TIC aplicadas à condução. Verificou-se uma maior recetividade por parte dos

condutores aos sistemas que interferem menos com a condução. Obteve-se disponibilidade elevada

para aceitar e pagar por parte de 37 e 11% dos respondentes, respetivamente. Foi igualmente

analisada a influência das características dos respondentes na recetividade a estas tecnologias.

Considerando a frota ligeira da Área Metropolitana de Lisboa, foi calculado o potencial de redução do

consumo energético de sete cenários, correspondendo às diferentes tecnologias, entre as quais o

assistente de eco-condução, a adaptação inteligente da velocidade e o indicador de mudança de

velocidades. O assistente de eco-condução surgiu como o sistema mais eficaz na redução do

consumo, em termos absolutos e relativamente ao seu custo, com 71 kton de combustível poupado e

um custo de 0,07€/MJ de energia poupada, ao longo de um ano, contra 50 kton ou menos com custos

de 0,14€/MJ ou superiores para os restantes cenários.

Palavras-Chave: Sector dos transportes, AML, TIC, eco-condução, inquérito online, Copert

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Abstract Though motor vehicles’ energy efficiency has been increasing through constant technological

improvements, it can still be significantly affected by driver’s behavior. These behavioral changes can

be implemented through the introduction of information and communication systems in vehicles, with

both environmental and road safety impacts. An online survey was conducted to appraise the

population’s attitude with regards to several mobility issues, including the use, knowledge, and

willingness to accept (WTA) and to pay (WTP) for ICT. The main conclusion was that drivers tend to

be more receptive to systems that interfere less with their driving, advising rather than limiting their

behavior. High WTA and WTP were found for 37 and 11% of respondents, respectively. The influence

of respondents’ characteristics on their WTA and WTP was also assessed. Seven scenarios were

defined, corresponding to selected systems, such as gear shift indicator, eco-driving indicator, and

intelligent speed adaptation, among others, in order to quantify the potential reduction in energy

consumption of the Lisbon Metropolitan Area’s light road fleet. The eco-driving scenario was found to

have the most significant effect on consumption, both in absolute terms and relatively to its costs: an

absolute reduction of 71 kton of fuel (or 5% of total consumption) with a cost of 0.07€/MJ of energy

saved, over one year, was found, in comparison to 50 kton or less, costing 0.14€/MJ or more, for other

scenarios.

Key-Words: Transportation, Lisbon Metropolitan Area, ICT, ADAS, eco-driving, online survey, Copert

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Índice !

1.! INTRODUÇÃO! 1!

1.1.! ENQUADRAMENTO E MOTIVAÇÃO! 1!1.2.! AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO APLICADAS AO SETOR DOS

TRANSPORTES RODOVIÁRIOS! 5!1.3.! AS TIC APLICADAS À CONDUÇÃO EXISTENTES NO MERCADO! 10!1.4.! OBJETIVOS! 20!

2.! METODOLOGIA! 21!

2.1.! DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE INQUÉRITO! 21!2.2.! METODOLOGIA DE CARACTERIZAÇÃO DO POTENCIAL DE ACEITAÇÃO DE TIC A BORDO DO

VEÍCULO! 23!2.3.! CARACTERIZAÇÃO ENERGÉTICA E AMBIENTAL DA FROTA! 25!2.4.! DEFINIÇÃO DE CENÁRIOS! 34!

3.! RESULTADOS! 39!

3.1.! QUANTIFICAÇÃO DO POTENCIAL DE ACEITAÇÃO DE TIC! 39!3.2.! CARACTERIZAÇÃO ENERGÉTICA E AMBIENTAL DO CENÁRIO BASE! 67!3.3.! CARACTERIZAÇÃO ENERGÉTICA E AMBIENTAL DOS CENÁRIOS ALTERNATIVOS! 70!

4.! CONCLUSÕES! 78!

4.1! TRABALHO FUTURO! 79!

5! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS! 81!

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Índice de Figuras

Figura 1 — Consumo energético final (GJ) per capita na UE-27 e em Portugal de 1990 a

2008 (AEA, 2012) ............................................................................................................ 1

Figura 2 — Emissões per capita de GEE no setor dos transportes, na UE-27 e em

Portugal, de 1990 a 2011 (AEA, 2013) ........................................................................... 2

Figura 3 — Número de veículos ligeiros de passageiros por 1000 habitantes na UE-27 e

em Portugal, de 1990 a 2010 (Eurostat, 2012) ............................................................... 2

Figura 4 — Número de mortes provocadas por acidentes rodoviários por 100 000

habitantes, em Portugal e na UE-27, de 1991 a 2010 (European Commission, 2013) .. 4

Figura 5 — Exemplo da interface do Fiat eco:Drive, com as pontuações dadas aos

vários aspetos da condução: aceleração, desaceleração, mudanças e velocidade (Fiat,

2013) ............................................................................................................................. 10

Figura 6 — Indicador de mudança de velocidade, a recomendar ao condutor que passe

de terceira para quarta velocidade (BMW, 2013) ......................................................... 11

Figura 7 — Indicações do sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, a informar o

condutor do limite de velocidade e da proibição de ultrapassar (BMW, 2013) ............. 11

Figura 8 – Consumo (L/100km) versus velocidade (km/h), média do parque automóvel

ligeiro português (Baptista, 2011) ................................................................................. 14

Figura 9 – Custo e balanço (custo líquido) por unidade de energia poupada (€/MJ) para

o GSI, o indicador de eco-condução, os dois cenários da ISA e o cenário do PAYD com

a taxa de 0,05€ ............................................................................................................. 74

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Índice de Tabelas Tabela 1 – Tabela-resumo das tecnologias descritas acima ............................................................................................ 18!Tabela 2 – Tabela-resumo das tecnologias descritas acima (cont.) ................................................................................ 19!Tabela 3 – Categorização das disponibilidades dos respondentes para aceitar e pagar por TIC aplicadas à condução, consoante a sua pontuação ................................................................................................................................ 24!Tabela 4 – Classes de veículos utilizadas na metodologia aqui empregue (Agência Portuguesa do Ambiente, 2013) ........................................................................................................................................................................ 26!Tabela 5 — Datas de entrada em vigor, para as matriculações de veículos novos ligeiros de passageiros ou comerciais ligeiros, das normas de emissões Euro (DieselNet, 2013) ...................................................................... 29!Tabela 6 —Cálculos efetuados para os veículos a gasolina com cilindrada inferior a 1,4 dm3 e repetidos para cada classe de combustível e cilindrada, de forma a obter tanto a distribuição etária do parque automóvel dentro de cada classe como a distribuição etária da distância percorrida pelos veículos, de acordo com a metodologia da APA e os dados da ACAP ................................................................................................. 30!Tabela 7 —Resultados finais do processo patente na Tabela 6, para todas as classes de veículos: número de veículos e distância média (em km) percorrida anualmente, em 2010, agregados por normas Euro .................. 31!Tabela 8 — Percentagem da distância total e velocidade média por tipo de via obtidas a partir dos dados de (Pereira, 2011) ..................................................................................................................................................................... 32!Tabela 9 — Temperaturas mínimas, médias, e máximas por mês (média 1981-2010) (IPMA) ................................. 33!Tabela 10 — Soma das vendas de combustíveis nos municípios da AML em 2010 (DGEG) .................................... 33!Tabela 11 – Velocidades (km/h) introduzidas no Copert no cenário base, com a ISA aplicada apenas em vias extra-urbanas e com a ISA aplicada a todas as vias ................................................................................................. 36!Tabela 12 – Benefícios da implementação da ISA na Grã-Bretanha, em milhões de libras, e proporção dos benefícios devida à poupança com custos de acidentes (Carsten et al., 2008) ............................................................ 37!Tabela 13 – Tabela-resumo dos cenários tecnológicos estudados ................................................................................. 38!Tabela 14 – Distribuição do Género ...................................................................................................................................... 39!Tabela 15 – Distribuição de Idade ......................................................................................................................................... 40!Tabela 16 – Distribuição das Habilitações literárias ........................................................................................................... 40!Tabela 17 – Distribuição do Estado civil ............................................................................................................................... 41!Tabela 18 – Questão: Quantas pessoas tem o seu agregado familiar? ......................................................................... 41!Tabela 19 – Quantos menores de 18 anos tem no seu agregado familiar? ................................................................... 41!Tabela 20 – Qual o rendimento anual do seu agregado familiar? .................................................................................... 42!Tabela 21 – Anos com carta de condução ........................................................................................................................... 42!Tabela 22 – Número de carros no seu agregado familiar. ................................................................................................. 43!Tabela 23 – Tipologia do veículo do agregado familiar que utiliza habitualmente para as suas deslocações (veículo habitual). ..................................................................................................................................................................... 43!Tabela 24 – Ano de matrícula do seu veículo habitual ....................................................................................................... 43!Tabela 25 – Tipo de tecnologia do seu veículo habitual .................................................................................................... 44!Tabela 26 – Quantos dias por semana utiliza o seu veículo habitual? ............................................................................ 44!Tabela 27 – Que distância percorre em média (ida e volta) nas suas deslocações? ................................................... 45!Tabela 28 – Com que regularidade utiliza outros modos de transporte? ........................................................................ 46!Tabela 29 – Com que regularidade estaria disposto a substituir a utilização do seu veículo por outros modos de transporte? .............................................................................................................................................................. 46!Tabela 30 – O seu veículo tem computador de bordo? ..................................................................................................... 47!Tabela 31 – Classifique qual a informação transmitida pelo computador de bordo que considera importante. ................................................................................................................................................................................. 47!Tabela 32 – Indique com que frequência pratica os seguintes comportamentos: ......................................................... 48!Tabela 33 – Estaria disposto a utilizar tecnologias de informação e comunicação (TIC) ao serviço dos transportes com as seguintes funções? ............................................................................................................................... 48!Tabela 34 – Estaria disposto a pagar por uma tecnologia de informação e comunicação (TIC) ao serviço dos transportes sabendo que estas apresentam vantagens nos seguintes setores? .................................................. 50!Tabela 35 – Classifique os tipos de tecnologias pelos quais estaria mais disposto a pagar ....................................... 50!Tabela 36 — Disponibilidade para aceitar TIC: pontuação agrupada das cinco categorias de tecnologias ............. 51!Tabela 37 — Separação da pontuação da disponibilidade para aceitar em três categorias: aceitação baixa, média e elevada ............................................................................................................................................................ 52!Tabela 38 — Disponibilidade para aceitar consoante a idade .......................................................................................... 52!Tabela 39 — Disponibilidade para aceitar consoante os anos com carta de condução .............................................. 52!Tabela 40 — Disponibilidade para aceitar consoante o estado civil ................................................................................ 53!Tabela 41 — Disponibilidade para aceitar consoante o rendimento anual do agregado familiar ............................... 53!Tabela 42 — Disponibilidade para aceitar consoante a tipologia do veículo principal ................................................. 53!Tabela 43 — Disponibilidade para aceitar consoante a idade do veículo principal, por norma Euro ........................ 54!Tabela 44 — Disponibilidade para aceitar consoante o combustível do veículo ........................................................... 54!Tabela 45 — Disponibilidade para aceitar consoante a cilindrada do veículo ............................................................... 54!

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Tabela 46 — Disponibilidade para aceitar consoante a distância percorrida semanalmente ..................................... 55!Tabela 47 — Disponibilidade para aceitar consoante o âmbito geográfico das suas deslocações diárias .............. 55!Tabela 48 — Disponibilidade para aceitar consoante a distância percorrida nas deslocações diárias ..................... 56!Tabela 49 — Relação entre a distância percorrida pelos respondentes nas suas deslocações diárias (em quilómetros) e o âmbito geográfico dessas deslocações, em número de respondentes ............................................. 56!Tabela 50 — Disponibilidade para aceitar consoante o tipo de via mais utilizado nas deslocações diárias ............ 56!Tabela 51 — Disponibilidade para aceitar consoante a importância dada ao consumo na escolha do veículo ........................................................................................................................................................................................ 57!Tabela 52 — Disponibilidade para aceitar consoante a frequência da prática da eco-condução .............................. 57!Tabela 53 — Disponibilidade para aceitar consoante a disponibilidade para substituir o uso do veículo por transportes públicos ................................................................................................................................................................. 58!Tabela 54 — Disponibilidade para aceitar consoante a disponibilidade para adotar o carpooling ............................. 58!Tabela 55 — Disponibilidade para aceitar consoante a frequência da prática de condução agressiva .................... 58!Tabela 56 — Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2), por categoria ................................................................... 59!Tabela 57 — Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante o género ................................ 59!Tabela 58 — Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante a idade .................................. 60!Tabela 59 — Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante o estado civil ........................ 60!Tabela 60 — Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante o rendimento anual do agregado ............................................................................................................................................................................... 60!Tabela 61 — Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante a idade do veículo principal, por norma Euro ........................................................................................................................................................ 61!Tabela 62 — Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante a tipologia do veículo principal ...................................................................................................................................................................................... 61!Tabela 63 — Disponibilidade para pagar por TIC: pontuação agrupada de todas as categorias de tecnologias ................................................................................................................................................................................. 62!Tabela 64 — Separação da pontuação da disponibilidade para pagar em três categorias: aceitação baixa, média e elevada ........................................................................................................................................................................ 62!Tabela 65 — Disponibilidade para pagar consoante a idade ............................................................................................ 63!Tabela 66 — Disponibilidade para pagar consoante o estado civil .................................................................................. 63!Tabela 67 — Disponibilidade para pagar consoante o rendimento anual do agregado ............................................... 63!Tabela 68 — Disponibilidade para pagar consoante a idade do veículo principal, por norma Euro .......................... 64!Tabela 69 — Disponibilidade para pagar consoante o combustível do veículo principal ............................................. 64!Tabela 70 — Disponibilidade para pagar consoante a tipologia do veículo principal ................................................... 64!Tabela 71 — Disponibilidade para pagar consoante a distância percorrida semanalmente ....................................... 64!Tabela 72 — Disponibilidade para pagar consoante a distância percorrida na deslocação diária ............................. 65!Tabela 73 — Disponibilidade para pagar consoante o âmbito geográfico das deslocações diárias .......................... 65!Tabela 74 — Disponibilidade para pagar consoante o tipo de via utilizado nas deslocações diárias ........................ 65!Tabela 75 — Disponibilidade para pagar consoante a frequência da prática de eco-condução ................................ 66!Tabela 76 – Consumo de combustíveis em 2010 obtido pela simulação no Copert e comparação com as vendas na AML em 2010 (DGEG) (Tabela 10) ................................................................................................................... 67!Tabela 77 – Densidade (kg/l) e CO2 produzido por combustível consumido (kg/kg) .................................................... 68!Tabela 78 – Consumo de combustível (l/100km) e emissões de CO2 (g/km) calculadas com o Copert; as emissões médias consideram o número de veículos em cada setor e subsetor ........................................................... 69!Tabela 79 – Emissões de CO (g/km) calculadas no Copert e comparação com os limites impostos pelas normas Euro .............................................................................................................................................................................. 70!Tabela 80 – Consumo de combustível (Mton), energia (PJ) e emissões de CO2 (Mton) para cada um dos cenários considerados ............................................................................................................................................................. 71!Tabela 81 – Gastos com combustível, custo da tecnologia, poupança com combustível e custo líquido para cada cenário, com taxa de penetração total (€) ......................................................................................................... 72!Tabela 82 – Gastos com combustível, custo da tecnologia, custo com a taxa aplicada, custo total, poupança com combustível e custo líquido para os dois cenários de PAYD (€) ........................................................... 73!Tabela 83 – Preço da tecnologia e custos bruto e líquido de energia poupada e emissões de CO2 evitadas, por tecnologia e para os dois cenários do PAYD ............................................................................................... 74!Tabela 84 – Redução (em %) das emissões poluentes em relação à BAU para os dois cenários de ISA simulados ................................................................................................................................................................................... 75!

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Simbologia e abreviaturas

ACAP: Associação Automóvel de Portugal

ACEA: Association des Constructeurs Européens d’Automobiles (Associação dos Construtores de Automóveis Europeus)

ACC: Adaptive Cruise Control (cruise control adaptativo)

ADAS: Advanced Driver Assistance System (sistema avançado de assistência ao condutor)

AEA: Agência Europeia do Ambiente

APA: Agência Portuguesa do Ambiente

CC: Cruise Control (controlo automático de velocidade)

CO: Monóxido de carbono

CO2: Dióxido de carbono

COV: Compostos Orgânicos Voláteis

DGEG. Direção-Geral de Energia e Geologia

GEE: Gases com Efeito de Estufa

GSI: Gear Shift Indicator (indicador de mudança de velocidade)

IMTT: Instituto da Mobilidade e dos Transportes

INE: Instituto Nacional de Estatística

IPMA: Instituto Português do Mar e da Atmosfera

ISA: Intelligent Speed Adaptation (adaptação inteligente de velocidade)

ISP: Instituto dos Seguros de Portugal

ITS: Intelligent Transportation Systems (sistemas inteligentes de transportes)

JOUE: Jornal Oficial da União Europeia

NEDC: New European Driving Cycle (Novo Ciclo Europeu de Condução)

NOx: Óxidos de azoto

PAYD: Pay-As-You-Drive

PM: Particulate Matter (partículas)

TIC: Tecnologias da Informação e Comunicação

TP: Transportes Públicos

UE: União Europeia

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1. Introdução 1.1. Enquadramento e motivação Hoje em dia, o setor dos transportes é um dos maiores responsáveis pelo consumo energético e

emissões de gases de efeito estufa (GEE), em Portugal e na Europa. De 1990 a 2010, o setor aumentou

o seu consumo de energia final per capita em 10% na UE-27 e 44% em Portugal (AEA, 2012), conforme

apresentado na Figura 1. Além disso, a sua importância relativa também cresceu, tendo passado de 26 a

32% do consumo energético na UE-27 e de 32% para 41% em Portugal (AEA, 2012) nesse mesmo

período.

Figura 1 – Consumo energético final (GJ) per capita na UE-27 e em Portugal de 1990 a 2008 (AEA, 2012)

Dentro do setor dos transportes, apesar da percentagem correspondente ao transporte rodoviário ter

diminuído ligeiramente, de 84 para 82% (AEA, 2013), diminuição devida sobretudo ao crescimento do

transporte aéreo, este setor continua a ser responsável por uma proporção muito importante, e que

continua a aumentar, da energia consumida na Europa e em Portugal.

No que toca às emissões de GEE, o setor é responsável por 27 e 21% das emissões em Portugal e na

Europa respetivamente, conforme apresentado na Figura 2 (AEA, 2013). Para este setor, as emissões

per capita de GEE aumentaram, de 1990 a 2010, 74% em Portugal contra apenas 13% na UE-27, apesar

de a partir de 2001 se verificar um decréscimo neste campo. Pode igualmente salientar-se que o aumento

nas emissões de GEE para os transportes rodoviários em Portugal deve-se sobretudo ao crescimento do

parque de veículos a gasóleo, visto as emissões para os veículos a gasolina de 1990 e de 2010 se terem

mantido estáveis (AEA, 2013).

0!

20!

40!

60!

80!

100!

120!

1990!1992!1994!1996!1998!2000!2002!2004!2006!2008!2010!

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Figura 2 – Emissões per capita de GEE no setor dos transportes, na UE-27 e em Portugal, de 1990 a

2011 (AEA, 2013)

Este aumento do consumo de energia e emissões é também justificado pelo considerável aumento da

frota automóvel nas últimas décadas, representado na Figura 3: de 185 para 347 veículos por mil

habitantes em Portugal de 1990 a 2010, e de 421 para 476 veículos por mil habitantes na UE-27 no

mesmo período, o que constitui um aumento anual de 4,2 e 1,6% respetivamente (Eurostat, 2012).

Figura 3 – Número de veículos ligeiros de passageiros por 1000 habitantes na UE-27 e em Portugal, de

1990 a 2010 (Eurostat, 2012)

Considerando que as emissões de CO2 médias dos veículos novos diminuíram de 167 e 154 g/km em

2002 para 136 e 123 g/km em 2011 para a UE-27 e Portugal respetivamente (AEA, 2012) –

correspondendo o valor português ao mais baixo da UE (devido à preponderância de carros pouco

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1990! 1992! 1994! 1996! 1998!2000! 2002! 2004! 2006! 2008!2010!

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potentes) –, e apesar de a tendência ter sido para que os veículos fossem progressivamente maiores e

mais potentes, este aumento das emissões estará relacionado tanto com o crescimento da frota e

tipologia de veículos vendidos. Como medida para dar continuidade a esta tendência para a redução das

emissões de CO2 por quilómetro na frota europeia, os fabricantes de automóveis terão, em 2020, de

apresentar na sua frota emissões médias de 130 g/km em 2015 e 95 g/km (JOUE, 2009).

No que toca às emissões de outros poluentes (como hidrocarbonetos (HC), monóxido de carbono (CO),

óxidos de azoto (NOx), ou partículas (PM)), os veículos novos são desde 1992 obrigados a seguir as

normas Euro, que estabelecem limites máximos de emissões de poluentes e que se têm vindo a tornar

cada vez mais exigentes – a norma Euro 6 entrará em vigor em 2014 (JOUE, 2008).

A tendência geral das medidas de diminuição de consumo e emissões de poluentes na Europa tem assim

sido de:

• Alteração das características tecnológicas dos veículos, levada a cabo através da imposição de

normas aos fabricantes de automóveis (JOUE, 2009) e da tomada, por parte destes, de compromissos

voluntários (Comissão das Comunidades Europeias, 2007) no sentido de reduzir emissões de poluentes

e melhorar a eficiência energética;

• Introdução de tecnologias alternativas e de fontes energéticas alternativas (como a eletricidade ou o

GPL), que, apesar do seu ligeiro crescimento nos últimos anos (de 0,1% em 2001 para 3,5% em 2010 na

UE-27) (EEA, 2013), permanecem minoritárias; e

• Descarbonização e melhoria da qualidade dos combustíveis (Comissão das Comunidades Europeias,

2007).

No que se refere à sinistralidade rodoviária, apesar do crescimento da frota automóvel, tem-se verificado

uma diminuição significativa e constante do número de mortes provocadas por acidentes de viação, com

reduções anuais de 7,2 e 4,9% em Portugal e na UE respetivamente entre 1991 e 2012 (European

Commission, 2013), como se pode verificar na Figura 4. Esta diminuição tem múltiplas causas, como a

adoção de legislação restritiva com vista a alterar o comportamento dos condutores, a implementação de

normas de segurança em caso de acidente para os veículos novos, ou a utilização de tecnologias que

evitam ou mitigam os acidentes (como o ABS ou o airbag). No entanto, as fatalidades provocadas por

acidentes de viação continuam a ser um problema grave.

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Figura 4 – Número de mortes provocadas por acidentes rodoviários por 100 000 habitantes, em Portugal

e na UE-27, de 1991 a 2010 (European Commission, 2013)

Para além da inovação nos componentes do veículo, algumas soluções para estes problemas podem

também passar pela aplicação de tecnologias da informação e da comunicação (TIC), obtendo-se assim

veículos mais inteligentes, tornando-os mais seguros e eficientes (European Commission, 2006).

Além disso, as características do veículo são apenas um dos campos em que é possível agir de forma a

diminuir o impacte provocado pelo uso do automóvel; para o mesmo veículo, o comportamento dos seus

utilizadores terá uma influência significativa no seu consumo e na segurança, apesar desse aspeto tender

a ter menos visibilidade e despertar menos interesse do que as inovações tecnológicas (Fiat, 2010). Por

exemplo, dois dos pilares da estratégia comunitária de 1995 para a redução das emissões de CO2 dos

veículos de passageiros, que se focavam na informação aos consumidores e na promoção de veículos

eficientes através de medidas fiscais, tiveram efeitos reduzidos, ao contrário do primeiro pilar, orientado

para a oferta, que consistia na assunção de compromissos voluntários por parte da indústria automóvel

(Comissão das Comunidades Europeias, 2007). Só mais recentemente têm surgido iniciativas no sentido

de influenciar o comportamento dos condutores. Essa influência pode fazer-se nomeadamente através da

promoção da eco-condução, ou seja, de uma condução mais eficiente e que resulte num menor consumo

de combustível. A eco-condução tem ganho proeminência nos últimos anos. Em Portugal foi elaborado

em 2010 um manual de eco-condução, com o apoio do IMTT e do IST, tendo os instrutores e

examinadores de condução começado a receber formação periódica sobre eco-condução (IMTT, 2010).

Em países como a Finlândia, Países Baixos, Alemanha e Suíça, esta prática é determinante para a

aprovação do candidato num exame de condução (CIECA, 2007), assim como em toda a UE para

condutores de veículos pesados, desde 2009 (JOUE, 2006). A existência de tecnologias de informação e

comunicação nos automóveis pode contribuir para uma diminuição do seu consumo, emissões e

0!

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sinistralidade rodoviária, mas também pode ser uma forma de encorajar e tornar mais efetivas as

alterações comportamentais nos condutores.

Uma utilização do automóvel que apresente menor consumo energético engloba vários aspetos, a

começar pela sua escolha: é por este motivo que, na União Europeia, é obrigatória, desde 2001, a

afixação clara do consumo e emissões junto de cada veículo que é lançado no mercado (JOUE, 1999).

Durante a condução em si, um dos fatores mais importantes é circular na mudança mais elevada

possível, o que deve ser feito em várias situações. Por exemplo:, no arranque, o condutor deve passar

para segunda assim que possível; em aceleração, deve passar para a mudança acima cedo, com o

acelerador a menos de metade do máximo, e subir mais de uma mudança de cada vez, se possível; em

circulação a velocidade constante, deve manter as rotações do motor na zona de binário máximo; em

subida, deve manter a velocidade do veículo, ao acelerar mais em vez de reduzir a mudança. Outros

aspetos são acelerar e travar suavemente, não exceder o limite de velocidade, visto a energia necessária

à deslocação do veículo aumentar com a velocidade (a velocidades elevadas, como é visível na Figura

8), evitar deixar o motor ligado em caso de paragem prolongada, antecipar situações (e.g. parar de

acelerar de forma a reduzir a velocidade antecipadamente na aproximação a um cruzamento ou

semáforo vermelho) e circular a uma velocidade estável e ao ritmo dos veículos circundantes,

minimizando as ultrapassagens e alterações de velocidade (o que também tem efeitos ao nível da

segurança rodoviária e da fluidez do tráfego) (Klunder et al., 2009) (Beusen et al., 2009). Além disso, se a

iniciativa da eco-condução partir do condutor, não será necessária tecnologia suplementar, nem

investimento financeiro.

Encorajar os condutores a adotar estes comportamentos tem consequências bastante significativas:

aqueles que frequentaram cursos de eco-condução apresentaram consumos inferiores entre 5 a 10%,

mas muitos tiveram tendência a regressar aos seus hábitos antigos algumas semanas depois, daí a

vantagem em possuir um sistema graças ao qual os condutores sejam constantemente lembrados da

melhor maneira de conduzir, podendo assim manter-se essa diminuição de consumo e emissões, caso o

condutor siga as recomendações recebidas (Klunder, et al., 2009). Um estudo de condutores da zona de

Lisboa concluiu que, para um percurso misto urbano/extra-urbano normalizado e normalizando também a

viatura utilizada, o consumo do condutor mais eficiente era 13,3% menor do que o consumo da média

dos condutores participantes (Pereira, 2011).

1.2. As tecnologias de informação e comunicação aplicadas ao setor dos transportes rodoviários As TIC (tecnologias de informação e comunicação) aplicadas ao setor dos transportes, e mais

especificamente ao transporte rodoviário, podem ser categorizadas como fixas ou móveis (Geenhuizen,

2009). As primeiras fazem parte da infraestrutura física: sistemas de sinalização ou informação nas

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estradas, portagens ou restrições de acesso, ou dispositivos de deteção de excesso de velocidade ou

outras transgressões.

A implementação destas depende das autoridades ou dos responsáveis pelas vias e não configura uma

decisão direta por parte dos condutores. Pelo contrário, as tecnologias móveis podem ser instaladas no

veículo ou portáteis, apesar de algumas requererem a existência de uma infraestrutura.

As TIC móveis, que serão as abordadas neste trabalho, têm diferentes tipos de ação, cuja definição não é

unívoca e depende do autor, e que diferem sobretudo no quanto restringem a liberdade de ação do

condutor (Geenhuizen, 2009). Recebem o nome de ADAS (Advanced Driver Assistance Systems, ou

Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor). De acordo com classificações existentes, podem

definir-se as seguintes categorias:

• Ação essencialmente passiva, como os sistemas que desligam o motor em caso de paragem do

veículo ou fazem chamadas de emergência automaticamente logo após um acidente;

• Apoia as escolhas do condutor: por exemplo, o caso de um aparelho de GPS que recomenda uma

rota que poupe combustível ou de um sistema que dê conselhos de eco-condução;

• Alerta o condutor para situações como excesso de velocidade, presença de veículos no ângulo morto,

saída acidental da via, entre outras;

• Limita o comportamento do condutor, por exemplo impedindo que certa velocidade seja excedida ou

com um pedal que oponha ao condutor resistência crescente com a velocidade; e

• Regista o comportamento do condutor com para posterior consulta ou com consequências

posteriores, relacionadas com o seguro do veículo ou com eventuais sanções a infrações cometidas.

As tecnologias têm também diferentes âmbitos (Geenhuizen, 2009). Podem ter primariamente

consequências ao nível ambiental, diminuindo o consumo energético e as emissões, quer através da

redução do número de quilómetros percorridos quer levando – encorajando ou obrigando – a uma

condução mais eficiente, em termos de melhores práticas de condução, menor consumo de combustível

e emissões de poluentes. Podem também estar sobretudo orientadas para a segurança, com vista a

diminuir o número de acidentes e/ou atenuar a sua gravidade.

Os seus efeitos podem ser múltiplos e indiretos (eImpact d3, 2006). As tecnologias que limitam a

velocidade máxima dos veículos, por exemplo, podem ter como objetivo primário a redução do consumo

e do número de acidentes rodoviários que as velocidades mais elevadas provocam. Todavia, irão

também não só diminuir o número de acidentes diretamente relacionados com o excesso de velocidade,

mas, ao contribuírem para uma maior uniformização das velocidades dos veículos em circulação, diminuir

o número de mudanças de via e ultrapassagens, fatores que propiciam a ocorrência de acidentes

(eImpact d3, 2006). Igualmente, o controlo automático da velocidade, ao diminuir o número de

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acelerações e travagens bruscas, resulta num fluxo de tráfego mais homogéneo e pode evitar paragens e

consequentes congestionamentos, aumentando assim a capacidade de tráfego das vias. Já as

tecnologias focadas na segurança rodoviária, que não têm impacte direto no consumo ou nas emissões,

terão um efeito indireto nesse campo, visto que ao evitarem acidentes reduzem o congestionamento que

estes provocam. Assim sendo, por exemplo, o impacto esperado do sistema de travagem automática de

emergência, presente em todos os veículos, nas emissões de CO2 é de 0,007% (Klunder et al., 2009).

No que toca às tecnologias focadas na segurança, outro fenómeno que não foi tido em conta nas

estimativas referidas aquando da descrição de cada tecnologia é o da compensação do risco: se um

condutor tiver a perceção de que a sua segurança enquanto conduz aumentou, pode ter tendência a

conduzir mais e a ter comportamentos mais arriscados, atenuando assim os efeitos positivos da medida

de segurança tomada (Christ et al., 1999). Este fenómeno já se verificou para outros sistemas de

segurança rodoviária, como os cintos de segurança, pelo que é expectável que o mesmo possa suceder

para algumas das TIC referidas. Um efeito de compensação semelhante pode ocorrer: a diminuição no

consumo do veículo poderia levar um condutor a utilizar mais o automóvel, por esta ação implicar agora

menores custos por quilómetro percorrido (Geenhuizen, 2009).

Algumas tecnologias requerem a existência de uma infraestrutura para serem postas em prática. Por

exemplo, o sistema europeu de chamadas de emergência (eCall), descrito abaixo, para o caso das

chamadas automáticas, só funciona se os serviços de emergência conseguirem receber e tratar

adequadamente a informação emitida pelo sistema aquando dessas chamadas (hora e localização do

acidente e identificação do veículo), sendo para isso também necessária uma uniformização do formato e

transmissão dos dados (eImpact d4, 2008). A infra-estrutura para o sistema deverá estar implementada

até 2015 (JOUE, 2013).

Muitos dos efeitos aqui indicados para a adoção destes sistemas não são cumulativos. Por exemplo, se

os sistemas limitadores de velocidade fossem adotados mais universalmente, haveria menos situações

conducentes à ocorrência de acidentes, pelo que os efeitos positivos dos sistemas de travagem de

emergência não seriam tão pronunciados (Klunder et al., 2009).

O programa Euro NCAP, que avalia a segurança dos veículos novos e é integrado por várias

organizações governamentais europeias, testa também os sistemas de segurança disponíveis nos

veículos. Os sistemas de cada marca são analisados separadamente, sendo assim disponibilizada aos

consumidores informação mais detalhada sobre as suas especificidades, eficácia, limitações e benefícios,

permitindo assim a comparação entre sistemas semelhantes (Euro NCAP, 2013).

Um sistema bem desenhado e implementado poderá também facilitar a ação de condução, tendo como

consequência uma diminuição do stress, tornando a viagem mais agradável, ao ajudar seja o processo

de tomada de decisão, seja o de recolha e processamento de informação por parte do condutor. Este

efeito pode ser negado caso o sistema seja excessivamente intrusivo e perturbe a condução, ou pode ter

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consequências negativas caso o sistema distraia o condutor (Christ et al., 1999), não se aplicando a

todas as tecnologias, como é o caso da eCall (eImpact d4, 2008).

As TIC aplicadas no setor dos transportes surgem, deste modo, como uma ferramenta adicional de forma

a promover a eficiência energética, a segurança e o conforto. Nesse sentido, diversos estudos têm sido

promovidos de forma a criar metodologias de análise e entender quais os possíveis impactes das

mesmas.

O projeto europeu SARTRE (Social Attitudes to Road Traffic Risk in Europe) procurou avaliar, através de

inquéritos, os fatores que pudessem influenciar a aceitação das TIC aplicadas à condução (SARTRE 3

consortium, 2004). Para tal, procedeu a uma caracterização dos condutores segundo as suas

características socioeconómicas, hábitos de condução, e condução enquanto atividade profissional. As

tecnologias avaliadas foram divididas em três categorias distintas: assistência, aviso/intervenção e

sanção (do inglês enforcement).

Os resultados encontrados diferem bastante entre países. Quando os resultados obtidos com dados

globais apontaram numa determinada direção, houve países onde as ligações foram feitas no sentido

oposto. Portugal foi um dos países para os quais não foi encontrada uma ligação satisfatória entre estes

elementos, pelo que não são apresentados resultados numéricos referentes a Portugal. Nota-se também

que as atitudes de cada país variam com a tecnologia em questão. Por exemplo, os inquiridos suecos

foram os menos recetivos aos dispositivos limitadores de velocidade (42% contra 84% na Irlanda) mas os

mais recetivos aos dispositivos que impedem a condução sob o efeito de álcool (89% contra 69% na

Áustria). Um outro exemplo está relacionado com o facto de a sinalização rodoviária num país ser (ou ser

avaliada pelos condutores como) deficiente, fator que poderá levar a um aumento da procura por

sistemas de navegação. Num país onde os condutores tendam a percorrer longas distâncias e a fadiga

ao volante seja percebida como uma causa importante de sinistralidade rodoviária, a aceitação de

sistemas que impedem a condução nessas situações tenderá a ser superior (SARTRE 3 consortium,

2004).

Assim sendo, as diferenças na posição dos inquiridos de diferentes países face às TIC estão

relacionadas com vários fatores associados às diferenças de ação e de âmbito das TIC, e, para cada

tecnologia específica, à sua eventual presença no país em questão e às atitudes do país face ao

automóvel, à condução, à privacidade (para as TIC que registam o comportamento dos condutores) e às

transgressões – próprias e alheias –, assim como o seu rendimento, idade da frota, etc.. Assim, os

resultados obtidos para um país podem não ser transponíveis para outro.

Ainda assim, dois fatores que influíram positivamente a disponibilidade para aceitar as TIC foram o

estatuto socioeconómico baixo e a condução como atividade profissional. A recetividade dos inquiridos

portugueses aos sistemas de assistência (navegação e informação sobre congestionamentos) foi das

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mais elevadas da Europa: 77 contra 63% para os sistemas de navegação, 85 contra 74% para os

sistemas de informação (SARTRE consortium, 2012).

Alguns dos resultados encontrados (SARTRE consortium, 2012) foram:

• A posse das TIC está associada a fatores económicos: pessoas com maiores rendimentos têm mais

tendência a já as ter (por exemplo, para os sistemas de navegação, mais de 50% para advogados,

gestores ou executivos contra menos de 30% nos reformados, desempregados ou agricultores). Foi

também sugerido que os jovens e idosos tendem a tê-las em menor número, sendo a explicação

avançada pelos autores igualmente de ordem económica;

• Divisões por género, idade e utilização do automóvel: os homens, pessoas mais novas e utilizadores

frequentes do automóvel mostraram-se respetivamente menos recetivos a estas tecnologias do que as

mulheres, pessoas mais idosas e utilizadores esporádicos. Por outro lado, um Eurobarómetro de 2006

(European Commission, 2006), apenas focado em tecnologias orientadas para a segurança, encontrou o

resultado oposto, e os resultados do inquérito efetuado neste trabalho não evidenciaram nenhuma

conclusão neste domínio, revelando apenas que estas variáveis afetam a recetividade a diferentes

categorias de ADAS, não quando eles são tomados como um todo;

• No que toca a dispositivos limitadores de velocidade, os proprietários de veículos mais potentes

mostraram menos aceitação do que os de veículos menos potentes;

• No entanto, mais do que características intrínsecas das pessoas, são as suas atitudes e opiniões

existentes que mais influenciam a sua recetividade às TIC. Por exemplo, para os dispositivos de controlo

de velocidade, os dois fatores referidos são a preocupação com os acidentes rodoviários e a atitude face

às sanções por excesso de velocidade, e similarmente para os dispositivos que impedem os condutores

de circular sob efeito de álcool e a atitude face às sanções por essa prática.

No que se refere ao preço das tecnologias e à sua influência na adoção por parte dos condutores, estes

apresentam preços bastante díspares entre diferentes marcas de automóveis ou mesmo entre diferentes

modelos da mesma marca, pelo que se torna complexa a apresentação de resultados coerentes. Em

geral, a partir da consulta aos sítios de Internet dos diversos fabricantes, a tendência é para que as

gamas mais elevadas incluam mais equipamentos de série, mas também para que apresentem um custo

mais elevado para os equipamentos opcionais; em certos casos, o custo do mesmo equipamento pode

ser várias vezes superior entre modelos diferentes. Existem também tendências específicas para certas

marcas, onde, por exemplo, o controlo automático de velocidade está incluído de série em todos ou

quase todos os modelos; há marcas que propõem uma maior diversidade de sistemas do que outras.

Muitas das tecnologias são, também, vendidas em pacotes. Esta opção, para além de poder estar

associada a opções de marketing por parte das marcas, tem que ver, nalguns casos, com o equipamento

poder ser partilhado por tecnologias diferentes. Por exemplo, sensores de apoio ao estacionamento, que

detetam a distância para eventuais obstáculos, podem também servir em caso de situações de colisão

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eminente e ativar sistemas de travagem automática de emergência. Nestes casos, será difícil avaliar

individualmente o preço do sistema (eImpact d3, 2006), mas estes pacotes de sistemas terão um custo

menor do que os sistemas analisados individualmente, o que pode ser benéfico para os potenciais

compradores (eImpact d6, 2008; eImpact d7, 2008).

As potenciais reduções de consumo de energia e consequentemente de CO2 apresentadas na secção

1.3, aquando da descrição das tecnologias, referem-se às previstas para a UE-27, considerando uma

penetração de 100% no mercado, pelo que apenas indicam a potencial eficácia relativa das tecnologias

sem considerar o seu potencial de aceitação. No entanto, os documentos que apresentam essas

reduções potenciais, citados separadamente em cada referência, são anteriores à crise económica

europeia, que acarretou uma diminuição do número de veículos novos registados (diminuição de 16% e

52% na UE-27 e em Portugal respetivamente, entre 2007 e 2012 (ICCT, 2012)).

1.3. As TIC aplicadas à condução existentes no mercado

De seguida é apresentada uma breve descrição de algumas TIC disponíveis para veículos.

• O assistente de eco-condução regista dados de condução, dando ao condutor informações em

tempo real ou a posteriori sobre os seus comportamentos ao volante. Por exemplo, o serviço eco:Drive

da Fiat, através duma caneta USB, atribui notas a cada viagem segundo vários critérios (aceleração,

desaceleração, mudanças, velocidade), como demonstrado na Figura 5: o condutor pode assim ver que

aspetos deve corrigir, comparar-se com outros condutores, analisar a sua evolução e partilhar os seus

resultados nas redes sociais... (Fiat, 2013)

Figura 5 – Exemplo da interface do Fiat eco:Drive, com as pontuações dadas aos vários aspetos da

condução: aceleração, desaceleração, mudanças e velocidade (Fiat, 2013)

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• Indicador de mudança de velocidades: recomenda ao condutor que mude a mudança, de

forma a diminuir o consumo, como exemplificado na Figura 6. Vai ser obrigatório na UE para os veículos

ligeiros com caixa de velocidades manual a partir de Novembro de 2014.

Figura 6 – Indicador de mudança de velocidade, a recomendar ao condutor que passe de terceira para

quarta velocidade (BMW, 2013)

• Reconhecimento de sinais de trânsito: através de uma câmara, deteta os sinais de trânsito e

exibe-os ao condutor (Figura 7). Tem uma implementação ainda limitada, mas já existe como opção em

vários veículos, como o BMW Série 1, aqui representado.

Figura 7 – Indicações do sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, a informar o condutor do limite

de velocidade e da proibição de ultrapassar (BMW, 2013)

• Sistema de navegação por GPS: sugere ao condutor a rota a tomar até ao destino,

disponibilizando também informações complementares diversas sobre o percurso e mostrando

constantemente a localização do veículo. Pode vir incluído no veículo ou ser adquirido como sistema

independente. Existe posteriormente uma grande diversidade de níveis de equipamento, ao nível das

funções, da base de dados, da interface, etc. Há aparelhos que aproveitam a interface para transmitir

informações sobre eco-condução.

• Sistema de navegação com informação de trânsito: sugere a melhor rota considerando o

estado do trânsito nas vias, transmitida num canal próprio.

• Um sistema de navegação orientado para o ambiente (com informações disponíveis sobre a

estrada, como dados topográficos e de limites de velocidade) poderia proporcionar uma maior redução do

consumo e emissões, idealmente através de informações dinâmicas sobre tráfego e indicações

dinâmicas de eco-condução baseadas nessa informação (Klunder et al., 2009). Assim sendo, se, por

exemplo, o sistema detetasse um cruzamento onde houvesse necessidade de parar, poderia indicar ao

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condutor com antecedência que desacelerasse, ou sugerir uma velocidade adequada. Integrando as

informações sobre a estrada com indicações de eco-condução diretas ao condutor, seria possível

diminuir as emissões de CO2 na UE-27 em mais de 10% (Klunder et al., 2009). Ainda não existe um

sistema unificado semelhante, mas vários sistemas de navegação por GPS existentes no mercado têm

algumas destas funções.

Os sistemas de navegação estão já bem implementados no mercado português: há vários anos que a

maioria dos veículos novos oferece como opção um destes sistemas, que também pode ser comprado

como aparelho independente ou ser uma aplicação de smartphone. Quer façam parte do veículo ou não,

alguns dos aparelhos têm a funcionalidade de receber informações de trânsito. A prestação, a nível da

UE, de serviços de informação em tempo real sobre o tráfego foi definida como ação prioritária pela UE

(JOUE, 2010). O sistema que sugere a rota com menor consumo não está disponível no mercado, tendo

apenas sido analisado em testes limitados (Klunder et al., 2009). O tipo de aparelho influencia

significativamente o seu preço, sendo que aqueles que fazem parte do veículo têm um preço geralmente

bastante superior aos independentes.

• Sistema start-stop: desliga o motor quando o condutor põe o veículo em ponto morto, voltando a

ligá-lo quando uma mudança é engatada, reduzindo assim o tempo em que o motor está a funcionar com

o veículo parado, numa situação de congestionamento ou num semáforo vermelho. Este sistema gera

uma poupança de combustível sempre que o veículo está parado por mais de 3 segundos. A maioria dos

veículos, mesmo de gamas mais baixas, incluem este sistema de origem. Se todos os veículos o

incluíssem, na UE, seria expectável uma diminuição de 2% nas emissões de CO2, a fazerem-se notar

mais nos ligeiros do que nos pesados (Klunder et al., 2009). Poderia ainda apresentar uma vantagem

adicional relacionada com a diminuição das emissões poluentes sobretudo nas zonas urbanas, onde as

situações de paragem são mais frequentes. A adoção deste sistema tem assim consequências ainda

mais significativas na qualidade do ar nas cidades, com a diminuição de emissões de poluentes cujos

efeitos são mais localizados, como as partículas e os NOx.

• Alco-lock: obriga o condutor a fazer um teste de álcool antes de poder colocar o veículo em

funcionamento; se o condutor não passar o teste, não pode ligar o veículo. É implementado apenas em

situações específicas: por exemplo, a lei da Bélgica permitem o seu uso como sanção para condutores

apanhados em infração, de forma a evitar reincidências; são também obrigatórios nos veículos do Estado

sueco desde 2010 (ETSC, 2010) (Magnusson et al., 2011). Têm sido conduzidos testes em diversos

países europeus sobre o alco-lock, mas o seu uso é ainda limitado. Um relatório do Parlamento Europeu

recomendou em 2011 que fosse criada legislação para os tornar obrigatórios nos veículos novos, o que

ainda não aconteceu (European Parliament, 2011).

• Controlo automático de velocidade (cruise control, CC): mantém o veículo a uma velocidade

constante, escolhida pelo condutor, podendo ser corrigido ou desativado a qualquer momento (Klunder et

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al., 2009). É um sistema largamente utilizado em determinados mercados como o Norte-americano,

prevalecendo na Europa somente em modelos de gama mais alta.

• Eco-cruise control (ECC), ou cruise control preditivo (PCC): utiliza informação sobre a

topografia da estrada para permitir ao veículo alterar ligeiramente a sua velocidade face à estabelecida

pelo condutor, diminuindo assim o consumo (Ahn et al., 2011).

• Cruise control adaptativo (ACC): mantém o veículo a uma velocidade constante; se a

velocidade do veículo da frente for inferior, mantém para este uma distância constante. O CC só pode ser

utilizado em condução extra-urbana, seja em auto-estrada ou estrada rural plana e sem curvas

apertadas. O ECC pode também ser utilizado em estradas mais acidentadas; o ACC pode continuar a

funcionar em estradas com mais tráfego, visto ter em conta a posição face ao veículo da frente. A

redução na emissão de CO2, com os sistemas ativados, é de ca. 7% para o CC, 5% para o ACC (Klunder

et al., 2009). Extrapolando para a escala da UE, considerando a distribuição das distâncias percorridas,

isto traduz-se numa diminuição potencial, em caso de penetração total, de cerca de 3% das emissões de

CO2. O ACC, ao regular a distância para o veículo da frente, também diminui o risco e a gravidade dos

acidentes ocorridos por colisões traseiras, podendo isto resultar numa diminuição de 1% nos mortos e 4%

nos feridos se todos os veículos estivessem equipados com o sistema (Klunder et al., 2009) (eImpact d4,

2008). Estes sistemas podem ser ligados ou desligados consoante a vontade do condutor, pelo que os

efeitos só estarão presentes se os condutores fizerem uso da tecnologia. O CC vem de série em vários

modelos de veículos de diversas gamas, incluindo alguns utilitários, sendo proposto como opção para

vários outros. O ACC e o PCC também já chegaram ao mercado, embora com menor implementação,

sendo o PCC disponibilizado sobretudo para veículos pesados. (Scania, 2011) Para o ACC, pode ser

expectável uma taxa de penetração de 4 a 10% para 2020 (eImpact d4, 2008).

• Algumas tecnologias procuram corrigir situações específicas; sendo já propostas como opção por

alguns veículos no mercado. O assistente de faixa de rodagem, ao detetar a posição do veículo face às

marcações da estrada, identifica situações em que o condutor está, inadvertidamente, a sair da sua via,

ou informando o condutor através de um sinal visual, sonoro ou háptico ou fazendo o volante corrigir

ativamente essa saída de via. São assim evitados alguns dos acidentes provocados por este fenómeno

(eImpact d4, 2008). O assistente de ângulo morto deteta a presença de veículos no ângulo morto, o

ângulo em que estes não são visíveis pelo espelho retrovisor, informando o condutor através de um sinal

luminoso visível no espelho, para que este saiba que tem de ter atenção caso pretenda mudar de via.

• A velocidade a que um veículo circula tem uma influência muito significativa tanto na segurança

rodoviária como no consumo e emissões de poluentes (Figura 8). Para as tecnologias que procuram, de

alguma forma, limitar a velocidade do veículo, a velocidade a não ultrapassar pode ser estabelecida pelo

condutor – por exemplo, existem sistemas de controlo automático da velocidade (cruise control) que

permitem estabelecer um limite máximo de velocidade, sendo o condutor responsável por estabelecer a

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velocidade do veículo até esse limite – ou pode corresponder ao limite legal na via. Se for este o caso,

dá-se à tecnologia o nome de Adaptação Inteligente da Velocidade (Intelligent Speed

Adaptation/Assistance, ISA). Voltam aqui a ser possíveis vários graus de intervenção: advisory ISA, que

indica ao condutor o limite de velocidade; supportive ISA, que informa o condutor de que o excedeu;

intervening/limiting ISA, que leva o condutor a segui-lo (European Transport Safety Council, 2006). Para

tal, tem de haver uma base de dados oficial e centralizada com os limites de velocidade em todas as vias.

Por enquanto, os dados que servem os sistemas de navegação têm essa informação disponibilizando-a

ao condutor, mas de forma independente e não-verificada. A ISA já foi alvo de testes em diversos países,

e a receção dos condutores foi em geral positiva (European Transport Safety Council, 2006).

Considerando que cerca de 30% dos acidentes com vítimas mortais ocorrem em situações de excesso de

velocidade, esta tecnologia, por impedir os condutores de exceder o limite de velocidade na via, é a que

tem um impacte potencial mais significativo ao nível da segurança, com as formas mais interventivas a

surtirem maiores efeitos do que as meramente informativas. Assim sendo, seriam possíveis diminuições

de entre 26 a 50% no número de mortes em acidentes rodoviários, consoante o país, se a

implementação da ISA fosse obrigatória, havendo também uma diminuição de consumo e emissões,

devido à relação entre velocidade e consumo de combustível evidenciada na Figura 8 para o parque

médio português.

Figura 8 – Consumo (L/100km) versus velocidade (km/h), média do parque automóvel ligeiro português

(Baptista, 2011)!

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9!

10!

11!

12!

13!

14!

0! 20! 40! 60! 80! 100! 120!

Consum

o!(L/100km

)!

Velocidade!(km/h)!

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15!!

Como é visível no gráfico apresentado na Figura 8, o consumo é muito elevado para as velocidades mais

baixas; existe depois uma zona, entre os 60 e os 90 km/h, em que ele é mínimo, subindo depois de forma

significativa, e que se torna mais acentuada com a velocidade; é este aumento que torna importante os

efeitos da limitação da velocidade no consumo de combustível.

• Sensores de estacionamento que ajudam a estacionar, através de sensores que detetam a

distância aos obstáculos; ou sistema de estacionamento automático, que controla a direção do veículo e

efetue a manobra de estacionamento autonomamente. Os sistemas de estacionamento automático ainda

estão restringidos aos veículos de gamas superiores, mas os sensores de estacionamento já se

encontram bem divulgados pelo mercado.

• Indicador de pressão dos pneus: pode monitorizar e indicar constantemente qual é a pressão

nos pneus, ou simplesmente avisar o condutor de que a pressão num ou mais pneus é insuficiente.

Conduzir com pneus cuja pressão é inferior à recomendada afeta negativamente a manobrabilidade do

veículo mas, sobretudo, aumenta o atrito entre o veículo e a estrada, aumentando assim a energia

necessária para o seu movimento. O efeito deste fator está estimado em aproximadamente 2 e 4% em

condução urbana e extra-urbana, respetivamente, para um défice de 0,5 bar (Klunder, et al., 2009). Uma

percentagem importante dos veículos circula com a pressão incorreta em pelo menos um dos pneus,

tendo uma pesquisa efetuada em 2009 encontrado que tal sucede em 33% dos ligeiros de passageiros

em Portugal, e de 15 a 67% em diversos países europeus (Klunder et al., 2009) (Michelin, 2010). Um

sistema que avise os condutores de que a pressão num dos pneus é insuficiente é obrigatório para os

veículos ligeiros novos na UE desde Novembro de 2012 (JOUE, 2009). Assim sendo, seria possível

reduzir as emissões de CO2 na UE-27 em mais de 1%, se todos os veículos estivessem equipados com

este sistema, assumindo que se os seus condutores seguiriam as suas indicações (Klunder et al., 2009).

• Pay-As-You-Drive (PAYD) ou Pay-How-You-Drive (PHYD): formas de calcular os prémios do

seguro automóvel ou impostos de circulação a serem pagos pelo condutor. No PAYD, o prémio depende

da distância conduzida; no PHYD, para além da distância, depende do comportamento do condutor. A

leitura da distância percorrida pode ser feita por verificações periódicas, por parte de um agente da

seguradora, do conta-quilómetros do veículo. Todavia, é comum a instalação de um dispositivo no veículo

por parte da seguradora ou outra entidade governamental, sendo continuamente registadas a localização

do veículo e outros dados de condução: aceleração e travagem, velocidade, etc. (Klunder, et al., 2009).

Assim, diversas variáveis podem ser identificadas e consideradas para o cálculo do prémio do seguro ou

impostos: hora do dia a que as viagens são feitas, condução em excesso de velocidade ou com

acelerações e travagens bruscas, paragens ou ausência delas em viagens longas, condução em auto-

estrada, ou outras. O dispositivo regista também as colisões ocorridas. Via internet, o condutor pode ter

acesso aos seus dados de condução, para que possa avaliar o seu comportamento e, se desejar, alterá-

lo como no caso da seguradora estado-unidense Progressive (Progressive, 2013) ou da Insurethebox

(insurethebox, 2013) no Reino Unido. Outros benefícios da instalação deste tipo de tecnologia são a

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16!!

possibilidade de localizar o veículo caso ele seja roubado e de notificar os serviços de emergência

automaticamente caso seja detetado um acidente grave, como no caso da OK! teleseguros (OK!

teleseguros, 2012). Este sistema cria um incentivo ao condutor para diminuir a distância percorrida e/ou

praticar uma condução mais segura. Para os Estados Unidos, caso todos os condutores pagassem um

prémio de seguro proporcional à distância que percorrem, esta sofreria uma diminuição de 8% (Klunder,

et al., 2009). Atendendo a que na EU-27, as condições para a adoção de transportes públicos ou outros

meios de transporte (andar a pé, bicicleta...) são, geralmente, mais favoráveis, a elasticidade-preço da

condução é maior, pelo que a estimativa é de uma redução em 11% da distância percorrida (Klunder, et

al., 2009). Além disso, os condutores que adotassem o PHYD, para além de conduzir menos, tenderiam a

fazê-lo de forma mais segura, o que provocaria uma diminuição de 13-16% no número de acidentes

(Klunder et al., 2009). Inicialmente, os condutores com maior propensão para adotar o PAYD seriam os

que percorrem menos quilómetros. No entanto, quando o prémio de seguro é independente da

quilometragem, os condutores que percorrem menores distâncias estão, de certa forma, a subsidiar os

gastos das seguradoras com os que conduzem mais, assim que essa transferência de recursos

cessasse, a tendência seria para um encarecimento dos prémios fixos, levando a uma implementação

gradual do PAYD (Klunder et al., 2009). Em Portugal, a Ok! teleseguros propõe um seguro PHYD, mas

que é cerca de 45% mais caro que o seguro normal; a diferença será abatida praticamente na sua

totalidade se o condutor usufruir de todos os descontos (OK! teleseguros, 2012). No entanto, existe uma

preocupação com o registo de dados por parte das seguradoras. Em França, por exemplo, a Comissão

Nacional de Informática e das Liberdades deliberou ser ilegal que os condutores sejam sancionados

pelas seguradoras por circularem em excesso de velocidade e estabeleceu, entre outras normas, que os

dados dos condutores têm de ser sempre transferidos em ligações encriptadas e destruídos depois de

ser calculado o prémio de seguro do período em questão. (Commission nationale de l'informatique et des

libertés, 2010)

• Chamada automática de emergência (eCall): caso os sensores dos airbags detetem uma

colisão, o sistema faz automaticamente uma chamada para o número europeu de emergência. Se o

condutor não estiver em condições de comunicar, é automaticamente transmitido um conjunto de

informações: hora e local do acidente (determinado por satélite) e identificação do veículo. Pode também

ser acionado manualmente, caso um condutor veja um veículo acidentado (European Commission,

2011). A Comissão Europeia prevê que o tempo de resposta dos serviços de emergência seja assim

reduzido em 50% nas zonas urbanas e 40% nas zonas rurais (European Commission, 2011). Sendo

providenciada assistência mais rápida às vítimas de acidentes, o número de mortos e a gravidade dos

ferimentos ocorridos irá diminuir. Com penetração total, poderiam ser evitadas entre 2 a 6% das mortes

em acidentes rodoviários, e entre 1 a 8% dos ferimentos graves, dependendo do país (para Portugal, 5 e

7,5%) (eImpact d4, 2008). Versões privadas do sistema estão já a ser propostas como opção por

algumas marcas de veículos, mas com custos elevados, pelo que a penetração no mercado na UE ainda

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é inferior a 1% (Comissão Europeia, 2013). Até 2015 terá de estar estabelecida uma infraestrutura

europeia para a sua utilização: transmissão por parte das operadoras de redes móveis, processamento

adequado dos dados pelos serviços de emergência, etc. (JOUE, 2013); pretende-se aprovar legislação

que obrigue a que, a partir de Outubro de 2015, todos os veículos novos na UE tenham de estar

equipados com o sistema, difundindo-se assim o sistema à medida da renovação da frota (Comissão

Europeia, 2013).

• Platooning: consiste na sincronização automática de dois ou mais veículos; os veículos são

controlados para viajar em fila, a pequena distância uns dos outros, e a aceleração e travagem são

comandadas por um computador consoante a distância ao veículo da frente. Assim, os veículos podem

circular em segurança estando sujeitos à menor resistência do ar que a menor distância entre veículos

provoca. Além disso, o consumo é diminuído por haver menos mudanças de velocidade. Este sistema só

é viável em auto-estradas ou estradas rurais com pouco tráfego. A diminuição média das emissões em

estradas em que é implementado este sistema é de 7% para os veículos ligeiros e 11% para os pesados.

Já foi testado por diversas ocasiões, mas não se encontra ainda implementado (Klunder et al., 2009).

• Sistema autónomo de travagem de emergência: através de sensores de distância, deteta

automaticamente uma situação de emergência e suplementa a força de travagem do condutor ou ativa

ele próprio o sistema de travagem do veículo para evitar ou mitigar uma colisão. Tornou-se uma medida

obrigatória na UE para os veículos pesados a partir de Novembro de 2013; proposto por algumas marcas

de ligeiros. Com penetração total, estima-se que este sistema possa diminuir o número de mortos e de

feridos em cerca de 7% (eImpact d4, 2008).

As Tabelas 1 e 2 apresentam um resumo das tecnologias aqui descritas, assim como a sua tipologia e

efeitos esperados.

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#

# #

Nome Descrição Implementação Efeitos

Ação

Apoia a decisão

Alerta o condutor

Toma decisões

Limita o comportamento

Regista o comportamento

Sistema de eco-

condução

Regista informações durante a condução que podem ser posteriormente analisadas

pelo utilizador

Disponibilizado pela Fiat (eco:Drive), ou como sistema

externo

Redução CO2 5% ou

superior X

Indicador de mudança de velocidade

Indica ao condutor que deve mudar a mudança em que circula

Obrigatório para veículos com caixa manual a partir de 2014

Redução 5% CO2 em

percursos urbanos

X

Sistema de navegação por GPS

Indica ao condutor como chegar ao seu destino, fornecendo informações

complementares Muito difundido no mercado X

Sistema de navegação que recebe e considera informações de trânsito em

tempo real

Disponível para alguns sistemas de navegação X

Sistema de navegação que sugere a rota com menor consumo de combustível Testado X

Sistema start-stop

Desliga o motor quando o veículo está parado por mais de 3 segundos

Disponível em vários veículos novos

Redução 2% CO2

Alco-lock Obriga o condutor a provar não estar sob efeito de álcool para ligar o motor

Utilizado em certos países como medida punitiva ou para veículos

oficiais X

Cruise Control,

CC adaptativo,

CC preditivo

Mantém o veículo a uma velocidade constante, determinada pelo condutor

Proposto como opção para vários veículos novos

Redução 3% CO2

X

Idêntico ao cruise control, mas mantém automaticamente a distância para o

veículo da frente

Proposto como opção para alguns veículos novos

Idênticos; redução 1% mortos, 4%

feridos

X

Idêntico ao cruise control, mas permite ligeiras variações de velocidade,

consoante dados topográficos

Proposto em veículos pesados e alguns ligeiros X

Tabela 1 – Tabela-resumo das tecnologias descritas acima

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Tabela 2 – Tabela-resumo das tecnologias descritas acima (cont.)

Nome Descrição Implementação Efeitos

Ação

Apoia a decisão

Alerta o condutor

Toma decisões

Limita o comportamento

Regista o comportamento

Assistente de faixa de rodagem

Avisa o condutor de que está a sair inadvertidamente da via em que circula

Proposto como opção para vários veículos novos X

Assistente de ângulo

morto

Avisa o condutor de que tem obstáculos no ângulo morto

Proposto como opção para vários veículos novos X

ISA

Limita a velocidade do veículo ao limite de velocidade da via Testado em zonas específicas

Redução muito importante da sinistralidade, redução 2%

CO2

X

Avisa ao condutor de que excedeu o limite de velocidade

Disponibilizado descentralizadamente por alguns

sistemas de navegação X

Informa o condutor do limite de velocidade na via

Disponibilizado descentralizadamente por alguns

sistemas de navegação X

TPMS Avisa o condutor caso a pressão num dos pneus seja insuficiente

Obrigatório para veículos novos desde 2012

Redução 1% CO2

X

Pay-As-You-Drive

Faz depender o prémio do seguro do veículo da distância percorrida e

comportamento do condutor

Proposto por uma seguradora em Portugal e diversas pelo mundo

Redução 11% distância X X

eCall Em caso de acidente, alerta

automaticamente os serviços de emergência

Proposto para vários veículos; proposta a sua obrigatoriedade

para 2015

Redução 5% vítimas

Platooning Faz vários veículos deslocar-se, autonomamente, em fila

Testado em condições específicas

Redução 7% CO2

X

Sistema de travagem de emergência

Deteta colisões iminentes e trava automaticamente o veiculo

Obrigatório para veículos pesados novos, proposto para alguns

ligeiros

Redução 7% vítimas X

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1.4. Objetivos Várias vantagens estão associadas à utilização de tecnologias inteligentes aplicadas à condução,

como sejam a potencial diminuição dos consumo e emissões dos veículos, o aumento da segurança

rodoviária, o aumento do conforto do condutor, entre outras. Esta utilização vem complementar a

tendência de melhoria das tecnologias automóveis, atenuar os efeitos do aumento do parque

automóvel e das distâncias percorridas, e ajudar a implementar alterações comportamentais nos

condutores, também elas associadas a efeitos positivos no que toca aos impactes do uso do

automóvel.

No entanto, e apesar da entrada destas tecnologias no mercado que se tem verificado nos últimos

anos, não existem informações na literatura sobre qual pode ser o seu potencial de aceitação por

parte dos utilizadores, i.e. quantos veículos equipados com tecnologias inteligentes podem vir a

integrar o parque automóvel português – assim como que tipo de tecnologias e que categorias de

utilizadores terão maior tendência a aceitá-las – nem na quantificação de quais poderão ser os

impactes energéticos e ambientais que advenham dessa integração.

Assim sendo, os objetivos propostos para este trabalho foram:

• Avaliação do potencial de aceitação por parte dos utilizadores de tecnologias inteligentes

aplicadas à condução, através da realização dum inquérito online que, após a caracterização dos

respondentes, averiguasse da sua disponibilidade para aceitar e pagar por elas;

• Avaliação da influência das características, demográficas e relativas aos transportes, dos

respondentes na sua disponibilidade para aceitar e pagar por tecnologias inteligentes aplicadas à

condução;

• Quantificação dos impactes energéticos, ambientais e económicos (em termos,

respetivamente, de diminuição do consumo de combustíveis, redução nas emissões poluentes e

poupanças com combustível face ao custo das tecnologias) da introdução deste tipo de tecnologias

na sociedade, através da caracterização da frota e hábitos de mobilidade automóvel da AML e da

quantificação dos efeitos das tecnologias.

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2. Metodologia 2.1. Desenvolvimento e implementação de inquérito Face à necessidade de avaliar o potencial de aceitação de TIC, foi desenvolvido e realizado um

inquérito online de divulgação, implementado no sítio web SurveyMonkey (plataforma de criação de

questionários) e disponibilizado durante um período de 2 meses. Foram obtidas 178 respostas

válidas, de entre 192 no total. De futuro, maiores amostragens poderão ser obtidas através de outras

formas de implementação de inquéritos. O facto de o inquérito ter sido realizado via internet poderá

influenciar a amostragem obtida, nomeadamente as pessoas com idade mais elevada e menor

formação académica, cujo uso da internet é menor (Eurostat, 2012).

O inquérito era constituído por 36 perguntas, algumas com várias alíneas, e tinha por objetivo avaliar

a disponibilidade dos respondentes para aceitar e para pagar pelo uso de TIC aplicadas à condução.

A listagem completa das perguntas encontra-se no Anexo A. O inquérito iniciava com uma série de

perguntas destinadas a fazer uma caracterização do respondente, tanto na demografia como nos

seus hábitos de mobilidade, relação com o automóvel, e outros campos, como os hábitos e opiniões

do respondente relativamente a várias questões relativas à mobilidade. A estas questões seguia-se

uma série de perguntas relativas à disponibilidade para aceitar e pagar pelo uso de TIC. O tratamento

de toda esta informação permitiu posteriormente quantificar o potencial de aceitação e

implementação destas tecnologias nos veículos da população. Analisando as variáveis de

caracterização dos respondentes que influenciassem a sua disponibilidade, foi possível dividir a

população-alvo em grupos e obter assim conclusões a partir dos dados do inquérito para a população

em geral. No caso do inquérito em questão, foi criado o grupo da população da AML, pois só os

resultados dos respondentes residentes nesta área acabaram por ser considerados como

estatisticamente relevantes. Além disso, as perguntas sobre a mobilidade dos respondentes,

nomeadamente a quantificação da utilização que fazem do seu veículo nas suas deslocações,

permitiram obter dados relativos aos impactes que teria a implementação de tecnologias nas suas

viaturas: conhecendo-se dados como o número de quilómetros, em que vias alguém conduz, e a sua

disponibilidade para instalar tecnologias na sua viatura, entre outros aspetos.

O inquérito procurou, numa primeira fase, fazer uma caracterização demográfica básica do

respondente, que consistiu nas perguntas sobre género, idade, habilitações literárias e estado civil, e

do seu agregado familiar (número de pessoas e de menores e rendimento anual). A última pergunta

nesta secção estava relacionada com o concelho de residência e de trabalho do respondente,

antecipando assim as perguntas sobre mobilidade.

Estas questões foram seguidas por questões sobre o uso eventual de transportes públicos, os anos

com carta de condução e o número de veículos do agregado familiar. A partir daqui, procurou-se

saber mais sobre o principal veículo utilizado pelo respondente para as suas deslocações: tipologia,

ano de matrícula, combustível (gasolina, gasóleo ou eletricidade) e cilindrada.

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Seguiram-se as perguntas cujo objetivo era quantificar os hábitos de mobilidade dos respondentes:

dias de uso do veículo habitual, número de viagens diárias, os seus motivos, a distância percorrida e

o tipo de via em que as viagens são feitas. Finalmente, o inquérito abordava igualmente as viagens

de longa distância (mensais e anuais) efetuadas, tentando quantificá-las em termos de frequência e

quilometragem.

As perguntas seguintes procuravam averiguar os hábitos dos respondentes em relação à troca de

veículo automóvel, nomeadamente, periodicidade e critérios de escolha do veículo novo.

A série de perguntas seguinte tinha como objetivo avaliar, de uma forma geral, a relação dos

respondentes com os diferentes meios de transporte: frequência com que andam a pé e de

transportes públicos e disponibilidade para passar a ter estes comportamentos; disponibilidade para

passar a utilizar carpooling (esquema de boleias comunitárias), carsharing (sistema de carros

partilhados) ou bikesharing (bicicletas partilhadas). O inquérito questionava ainda o respondente

sobre a frequência com que praticava eco-condução, conduzia em excesso de velocidade e tinha

uma condução agressiva ou desportiva.

Considerando que o computador de bordo do veículo é já uma tecnologia inteligente que a grande

maioria dos veículos contém, procurou-se saber qual o número de respondentes que tinha e utilizava

o computador de bordo na sua viatura e, para estes, quais eram as informações transmitidas a que

davam mais importância.

A última parte do questionário abordava questões relativas à disponibilidade para aceitar e para pagar

pela utilização de TIC aplicadas à condução nos seus veículos. A pergunta foi dividida em categorias

de tecnologias, consoante o modo de ação e de interação com o condutor. Seria talvez mais preciso

referir uma tecnologia específica, estudar a recetividade dos respondentes a ela e a partir daí, tendo

em conta as características dessa tecnologia, inferir a atitude da população face às tecnologias em

geral. No entanto, é em grande parte pelo modo de interação com o condutor, e pela maneira como

essa interação é percebida como sendo mais ou menos aceitável, que a recetividade dos condutores

varia, pelo que foi esse critério o escolhido para colocar estas perguntas, apesar de, assim, se acabar

por agrupar sistemas com efeitos e importâncias algo díspares. Assim sendo, em concordância com

as Tabelas 1 e 2, acima, as categorias avaliadas foram: tecnologias que apoiam a decisão do

condutor (p.e. informações sobre congestionamento ou eco-condução), alertam condutor para um

determinado comportamento (p.e. sinal sonoro em caso de excesso de velocidade), tomam decisões

pelo condutor (p.e. cruise control), limitam o comportamento do condutor (p.e. limitação automática da

velocidade máxima) e registam comportamentos do condutor para posterior avaliação.

Entre as perguntas relativas à disponibilidade para aceitar e para pagar, foi pedido aos respondentes

para caracterizarem a sua utilização de tecnologias específicas, como o sistema de navegação por

GPS, cruise control ou aplicações para telemóvel relacionadas com a condução. O objetivo desta

pergunta era averiguar a relação dos respondentes com as tecnologias já disponíveis. As respostas

procuravam ser bastante abrangentes nas possíveis situações, contemplando, caso o respondente

possuísse a tecnologia, uma utilização frequente, rara ou inexistente; caso não possuísse, se teria

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interesse em a utilizar ; se a resposta fosse igualmente negativa, se o respondente conhecia ou não a

tecnologia.

Antes da pergunta final, e de forma, também, a fazer a transição entre a disponibilidade para aceitar e

para pagar, encontrava-se uma questão sobre se o facto do uso de TIC poder ter consequências

positivas ao nível da diminuição do consumo do veículo, do aumento da segurança rodoviária e da

diminuição dos prémios dos seguros e se estes factos fariam que o respondente estivesse disposto a

pagar para possuir essas tecnologias. Seguiu-se, então, a pergunta relativa à disponibilidade para

pagar, e tentou-se depois fazer uma quantificação dessa disponibilidade, procurando saber quanto é

que as pessoas estariam dispostas a pagar para possuir este tipo de sistemas nos seus veículos,

sendo sugeridas três formas de pagamento: mensal, anual, ou único.

A maioria das perguntas era de escolha múltipla. Para a aceitação de novos comportamentos,

incluindo a disponibilidade para aceitar TIC, escolheu-se sim/talvez/não; para a frequência da prática

de comportamentos, escolheu-se sempre/frequentemente/ocasionalmente/raramente/ nunca; para a

disponibilidade para aceitar, na última pergunta, as opções foram muito disposto, disposto, pouco e

nada disposto. Muitas das perguntas de escolha múltipla eram perguntas cuja resposta era um valor

numérico, como a idade, rendimento, anos com carta de condução, cilindrada e periodicidade de

troca do veículo. Embora o facto de as respostas serem de escolha múltipla e não permitirem ao

respondente inserir o valor da resposta por si faça perder resolução, podendo esconder certos

detalhes nos dados, e possa dar origem a categorias com populações desiguais que limitam a

possibilidade de comparações entre elas, esta opção é menos impositiva para o respondente, que

assim apenas tem de selecionar uma escolha, e permite que as respostas se enquadrem em

categorias pensadas a priori. No caso da última pergunta, relativa à quantificação da disponibilidade

para pagar por tecnologias, a introdução de classes foi uma forma de guiar os respondentes, tendo

em conta que estes, em princípio, teriam dificuldade em estimar o valor dos sistemas que lhes era

pedido que avaliassem sem terem disponível mais informação.

#

2.2. Metodologia de caracterização do potencial de aceitação de TIC a bordo do veículo Nas perguntas centrais do inquérito, que procuravam aferir a disponibilidade para aceitar e para

pagar por TIC aplicadas à condução para os condutores inquiridos, os respondentes declararam a

sua disponibilidade, como referido acima, considerando as diversas tecnologias separadas em cinco

categorias segundo o seu modo de ação. De forma a agrupar essas cinco respostas diferentes numa

única grandeza, para ser mais fácil a sua compreensão e tratamento, foram atribuídas pontuações a

cada resposta. Por sua vez, estas pontuações foram somadas nas cinco categorias para se obter um

resultado único para cada respondente. No caso da disponibilidade para aceitar, as pontuações foram

2 (“Sim”), 1 (“Talvez”) e 0 (“Não”), obtendo-se assim um valor de 0 a 10 para cada respondente. Já na

disponibilidade para pagar, foram 3 (“Muito disposto”), 2 (“Disposto”), 1 (“Pouco disposto”) e 0 (“Nada

disposto”), para uma pontuação de 0 a 15. As respostas em branco não foram consideradas, nem os

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dados dos respondentes para quem o inquérito já tivesse finalizado, tendo sido retiradas antes de

qualquer cálculo.

Em seguida, a partir destas gamas de valores, de 0 a 10 no caso da disponibilidade para aceitar e de

0 a 15 no caso da disponibilidade para pagar, foram definidas três categorias. No primeiro caso, se

uma pontuação neutra fosse definida como 5, ou seja, o equivalente a responder “talvez” em todas as

categorias, a categoria de disponibilidade inferior, com maiores respostas “não” do que “sim”,

equivaleria a uma pontuação inferior ou igual a 4 (conforme apresentado na Tabela 3). A categoria de

disponibilidade superior seria considerada para os casos em que para mais de metade das categorias

(três ou mais) os inquiridos responderam “sim”, ou seja uma pontuação igual ou superior a 8.

No caso da disponibilidade para pagar, procurou-se, apesar da diferença na escala, que as

categorias seguissem o mais possível as da disponibilidade para aceitar, de forma a facilitar a

comparação dos dados nos dois casos. A pontuação de 11, que delimita a categoria “muito disposto”,

é equivalente à que teria um respondente se se declarasse “disposto” a pagar em todas as categorias

de tecnologias e acrescesse a isso a resposta “muito disposto” em pelo menos uma delas. Foi assim

possível criar um indicador global de potencial disponibilidade para aceitar ou pagar por estas

tecnologias.

Tabela 3 – Categorização das disponibilidades dos respondentes para aceitar e pagar por TIC

aplicadas à condução, consoante a sua pontuação

Disponibilidade em estudo

Disponibilidade para aceitar Disponibilidade para pagar

Pontuação agregada 0-4 5-7 8-10 0-6 7-10 11-15

Designação da categoria

Aceitação baixa

Aceitação média

Aceitação elevada

Pouco disposto

Medianamente disposto

Muito disposto

Para ambos os casos, com a população dividida nestas três categorias, foi feito o cruzamento destes

dados com as respostas às perguntas anteriores, isto é, a caracterização do respondente. Para cada

pergunta anterior, foi construída uma tabela que incluía as possíveis respostas à pergunta e a

pontuação do respondente nestas disponibilidades, enquadrada nas categorias acima. Assim, foi

possível ver quais eram as variáveis, que afetavam a disponibilidade dos respondentes para aceitar e

pagar por TIC aplicadas à condução. Para algumas variáveis onde as diferentes opções de resposta

tivessem sido selecionadas por proporções muito diferentes de respondentes, foi necessário

reagrupá-las em categorias mais homogéneas, de acordo com a lógica da questão, de forma a que

fossem mais comparáveis entre si. No caso da quantificação da distância percorrida, foram também

criadas categorias a partir do espectro de valores existentes, que se procurou tornar o mais idênticas

possível. Quanto à tipologia, foram excluídas algumas categorias cuja população era muito reduzida.

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Esta análise foi também feita para cada categoria de tecnologias individualmente, de forma a avaliar

se, para certas variáveis, a recetividade às diferentes tecnologias diferia em relação àquela verificada

utilizando-se a pontuação agregada. Neste caso, foi feita a média dos valores, de 0 a 2 para a

disponibilidade para aceitar e de 0 a 3 para a para pagar, obtendo-se assim um valor diferente para

cada categoria de tecnologias.

2.3. Caracterização energética e ambiental da frota De forma a determinar o impacte energético e ambiental da introdução de tecnologias na frota

automóvel da AML, foi necessário definir o cenário-base, através da caracterização atual dessa frota,

ou seja, quantificar a energia consumida e as emissões produzidas pelos veículos ligeiros de

passageiros e comerciais da AML. Para tal, foi utilizado o COPERT 4, um programa desenvolvido

pela Agência Europeia do Ambiente (Emisia, 2009) que estima o consumo de energia e emissões

através da introdução dos seguintes dados: frota automóvel, categorizada por normas de emissões e

classes de cilindrada e combustível; distância percorrida anualmente por cada uma dessas categorias

de veículos, e distribuição dessa distância por tipos de via; caracterização destes tipos de via;

temperatura na área geográfica em questão, sendo também possível acrescentar vários dados

suplementares – como a dimensão dos depósitos de combustível, para o programa gerar dados

sobre as emissões por evaporação, ou a diminuição da distância percorrida pelos veículos consoante

a sua idade – de forma a melhorar a acuidade da simulação, o que não foi tido em conta neste

trabalho. Nesta etapa, estes dados foram obtidos segundo uma metodologia desenvolvida pela

Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que a utilizou para elaborar o inventário das emissões de

gases com efeito de estufa entre 1990 e 2011 (Agência Portuguesa do Ambiente, 2013), efetuando

algumas alterações necessárias, pela diferença de âmbito ou por falta de dados.

Para estimar a distribuição etária da frota automóvel portuguesa ativa com idade até 20 anos, que se

baseia em dados disponibilizados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP), foram utilizadas

as Equações 1 e 2. Estas equações permitem obter o decaimento da frota automóvel consoante a

idade: a partir da idade dum veículo, calculam a probabilidade de que esse veículo ainda se

mantenha em circulação. Multiplicando essa probabilidade pelo número de veículos vendidos num

determinado ano, determina-se assim quantos dos veículos vendidos nesse ano ainda se mantêm em

circulação.

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Equações 1 e 2 – Distribuição etária da frota automóvel portuguesa, a partir das vendas de veículos

no ano de estudo (Agência Portuguesa do Ambiente, 2013)

T !,!,!! = S !,!! × 1 − 0,0477×e!,!""#×! !!!!!

100 !se!A < 10

! !,!,!! = ! !,!! × 1 − 5,2721×! !!!!! − 35,199100 !!"!! > 10

Onde:!

• ! !,!,!! =!número de veículos da classe c, com idade A, no ano y1

• !(!,!!) = vendas de veículos da classe c no ano y2

• !(!!!!!) = idade dos veículos da classe c no ano y1

No caso em estudo, y! = 2010, y! = 1986,… ,2010!e!A = 0,… ,24.

A aplicação das Equações 1 e 2 foi feita dividindo os veículos ligeiros de passageiros em classes

consoante o combustível e a cilindrada, conforme apresentado na Tabela 4.

Tabela 4 – Classes de veículos utilizadas na metodologia aqui empregue (Agência Portuguesa do Ambiente, 2013)

Tipo de veículo Combustível Cilindrada

Ligeiros de passageiros

Gasolina

< 1,4 l

1,4 – 2,0 l

> 2,0 l

Gasóleo < 2,0 l

> 2,0 l

Comerciais ligeiros Gasóleo todas

A metodologia proposta pela APA pressupõe, portanto, que o decaimento da frota é constante para

todas as classes de veículos. A fórmula foi estendida para além do limite de 20 anos apresentado, até

aos 24 anos de idade dos veículos, sendo este o último valor positivo que gerava, para se obter uma

quantidade não nula mas ainda assim relativamente residual, como se verifica na realidade, de

veículos com idades superiores a 20 anos. Para obter dados que pudessem ser utilizados no cálculo

foi necessário obter a segmentação das vendas por ano para todos os anos em questão. No entanto,

estes dados apenas estavam publicados pela ACAP para 2008 e 2009. Os dados para os restantes

anos foram obtidos de (Oliveira, 2012), que obteve as estatísticas da ACAP não disponibilizadas

publicamente para os anos entre 1999 e 2007. Quando foi necessário agrupar por classes com

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delimitações diferentes das apresentadas (por exemplo, aos 1400 em vez dos 1500 cm3

apresentados), foi assumida uma distribuição equitativa das cilindradas dentro de cada classe.

Para os anos anteriores a 1998, a segmentação por cilindradas agrupava os diferentes combustíveis,

pelo que era necessário fazer uma segmentação adicional; como os veículos de cilindradas mais

baixas tendem a ser maioritariamente a gasolina e os de cilindradas mais altas a gasóleo, foi tida em

conta esta discrepância na segmentação do número de veículos. Assim sendo, os veículos

agrupados por classes de cilindrada foram divididos, dentro destas classes, segundo o combustível,

consoante a distribuição de combustíveis dentro de cada classe apresentada no ano mais recente

para o qual havia dados, 1998. Estes valores não representam adequadamente o crescimento da

proporção das vendas de novos veículos a gasóleo verificada em Portugal nos anos 90, e que

prosseguiu e se acentuou na última década, atingindo um valor de 67% de veículos a gasóleo nas

vendas de veículos ligeiros em 2009 (ACAP, 2010). Como tal, foi feita seguidamente uma correção a

esta distribuição, de forma a obter a percentagem correta de veículos por combustível no total dos

veículos vendidos, dada pela Associação dos Construtores Europeus de Automóveis (ACEA, 2012).

Os dados assim obtidos apresentam uma distribuição correta entre combustíveis e entre classes de

cilindrada e um número total de veículos correto; só a repartição de combustíveis dentro de cada

classe é a mesma de 1997. O mesmo processo foi efetuado para o ano de 2010, tomando-se desta

vez 2009 como referência, em vez de 1997.

Para os anos anteriores a 1990, para os quais os dados eram ainda mais escassos, resumindo-se ao

total de veículos vendidos, foi adotada a distribuição entre classes de cilindrada e, dentro destas,

entre combustíveis, de 1990, ano mais recente para o qual esses valores tinham sido estimados.

No que toca aos veículos comerciais, as fórmulas utilizadas sugeridas pela APA não requeriam

qualquer segmentação, pelo que os dados de vendas disponibilizados pela ACAP puderam ser

diretamente utilizados. Aquando da introdução dos dados no Copert, e de acordo com a metodologia

da APA demonstrada foi assumido que todos os veículos comerciais seriam a gasóleo, por não ser

possível avaliar quantos veículos comerciais consumiriam cada um dos dois combustíveis (apesar de

estes veículos serem, efetivamente, predominantemente a gasóleo). Esta assunção terá resultado

num excesso de veículos a gasóleo, não influenciando contudo a repartição entre combustíveis dos

veículos de passageiros, uma vez que os dados aí utlizados não incluíam veículos comerciais.

O número total de veículos obtido graças a esta metodologia era 20% inferior ao número de veículos

do parque automóvel português em 2010, disponibilizado pela ACAP. Desta forma, foi feita uma nova

correção para que os dois totais fossem idênticos, tanto no caso dos veículos de passageiros

agrupados como no dos comerciais.

Como estes dados se referiam aos veículos de todo o território português, foi necessário calcular, a

partir deles, o número de veículos na AML. Para tal, foi utilizada a base de dados do Instituto de

Seguros de Portugal (ISP) referente ao parque automóvel seguro português (ISP, 2013). Somando o

parque automóvel de todos os concelhos da AML, obteve-se uma percentagem do parque automóvel

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total nacional de 27,3%, que foi em seguida multiplicada por todas as classes de veículos de forma a

se obter o número de veículos dessa classe na AML.

Apesar de as bases de dados da ACAP e do ISP se referirem a valores diferentes – utilizando a

primeira o número de veículos vendidos e a última o número de veículos com seguro – assumiu-se

que as distribuições geográficas seriam equivalentes em ambos os casos, sendo também assumido

que as proporções de veículos em cada classe de cilindrada e combustível seriam iguais na AML e

em todo o país, assim como a sua distribuição de idades. Estas últimas aproximações podem não

estar corretas: a região de Lisboa tem um rendimento superior à média nacional, pelo que o parque

automóvel poderá ser tendencialmente mais novo e composto por veículos com maiores cilindradas,

por comparação ao resto do país. Esta disparidade de rendimentos pode também ter efeitos na

distribuição de idades dos veículos, por ser possível que dê origem a que os veículos sejam trocados

com maior frequência. Nenhum destes possíveis efeitos foi tido em conta, por não haver dados que

os permitissem avaliar ou quantificar.

Em seguida, foram calculadas as quilometragens anuais dos veículos consoante a sua idade, a sua

classe de cilindrada e o seu combustível através da metodologia sugerida pela APA (Agência

Portuguesa do Ambiente, 2013) – apresentada no Anexo B. Os veículos mais recentes tendem a

percorrer mais quilómetros do que os mais antigos, variando esse decrescimento da distância

percorrida segundo as classes apresentadas. Multiplicando o número de veículos pela quilometragem

anual de cada um, encontra-se, para a AML, a distância total percorrida anualmente pelos veículos de

cada classe.

Os veículos foram, em seguida, agrupados por normas de emissões Euro (conforme a Tabela 5),

normas aprovadas pela UE desde o início dos anos 90 e que se foram tornando cada vez mais

restritivas. O COPERT, de forma a calcular as emissões da frota, tem de receber a informação

agrupada segundo estas normas. As datas referem-se àquelas durante as quais um veículo, para que

fosse matriculado, teria de obedecer à norma; um ano antes destas datas, os modelos de veículos

que fossem lançados pelas marcas automóveis no mercado já teriam de se submeter à nova norma

(DieselNet, 2013). Os limites impostos por estas normas são diferentes para veículos a gasolina e a

gasóleo. Relativamente aos veículos ligeiros de passageiros e comerciais ligeiros, as normas

correspondem mesmo a legislação distinta e aprovada separadamente.

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Tabela 5 – Datas de entrada em vigor, para as matriculações de veículos novos ligeiros de

passageiros ou comerciais ligeiros, das normas de emissões Euro (DieselNet, 2013)

Norma Data dos veículos ligeiros de passageiros cuja matriculação

dependeu do cumprimento da norma

Data dos veículos comerciais ligeiros cuja matriculação dependeu do

cumprimento da norma

Euro 4 De Janeiro de 2006 a Dezembro de 2010 A partir de Janeiro de 2007

Euro 3 De Janeiro de 2001 a Dezembro de 2005 De Janeiro de 2002 a Dezembro de 2006

Euro 2 De Janeiro de 1997 a Dezembro de 2000 De Janeiro de 1999 a Dezembro de 2001

Euro 1 De Julho de 1992 a Dezembro de 1996 De Outubro de 1995 a Dezembro de 1998

Pré-Euro Até Junho de 1992 (norma ECE 15/04 para veículos a gasolina) Até Setembro de 1995

O processo acima descrito, aplicado aos veículos a gasolina com cilindrada inferior a 1,4 dm3,

encontra-se discriminado na Tabela 6, e os resultados finais assim obtidos encontram-se na Tabela 7.

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Tabela 6 –Cálculos efetuados para os veículos a gasolina com cilindrada inferior a 1,4 dm3 e

repetidos para cada classe de combustível e cilindrada, de forma a obter tanto a distribuição etária do

parque automóvel dentro de cada classe como a distribuição etária da distância percorrida pelos

veículos, de acordo com a metodologia da APA e os dados da ACAP

Ano

Idade

(em

2010)

Veículos

vendidos

(ACAP)

Número de

veículos

(em 2010)

Número

corrigido

(ACAP)

Número

na AML

(ISP)

Norma

Euro

Número

na norma

Euro

Distância

anual

(km)

Distância

média na

norma Euro

2010 0 62282 62252 77855 21283

Euro 4 91792

20446

20392

2009 1 44162 44124 55183 15085 20444

2008 2 54872 54785 68516 18730 20428

2007 3 51584 51435 64327 17585 20379

2006 4 56187 55891 69900 19108 20277

2005 5 59583 59011 73802 20175

Euro 3 143728

20102

19468

2004 6 66932 65761 82244 22483 19839

2003 7 80303 77743 97229 26579 19480

2002 8 109070 102733 128482 35123 19025

2001 9 131224 115149 144010 39368 18484

2000 10 143013 117954 147518 40327

Euro 2 155505

17875

17027 1999 11 158152 122103 152706 41745 17222

1998 12 164140 118072 147665 40367 16551

1997 13 145088 96718 120959 33066 15886

1996 14 164342 100889 126175 34492

Euro 1 139658

15246

14443

1995 15 158676 89045 111363 30443 14646

1994 16 170776 86832 108595 29686 14095

1993 17 187247 85335 106723 29175 13596

1992 18 230237 92788 116044 31723 13149

1991 19 190979 66898 83665 22871

ECE

15/04 90230

12753

12456

1990 20 183756 54680 68385 18694 12405

1989 21 161208 39472 49365 13495 12099

1988 22 178284 34253 42839 11711 11832

1987 23 103558 14437 18055 4936 11598

1986 24 89792 7784 9735 2661 11394

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Tabela 7 – Resultados finais do processo patente na Tabela 6, para todas as classes de veículos:

número de veículos e distância média (em km) percorrida anualmente, em 2010, agregados por

normas Euro

Norma Euro

Gasolina < 1,4 l Gasolina 1,4 - 2,0 Gasolina > 2,0 l Gasóleo < 2,0 l Gasóleo > 2,0 l Comerciais

Núm. Dist.

média Núm. Dist.

média Núm. Dist.

média Núm. Dist.

média Núm. Dist.

média Núm. Dist.

média

Euro 4 91792 11008 16787 12847 1406 13257 209155 19144 19554 20392 57656 20594

Euro 3 143728 10333 45391 12226 2088 12292 137444 18200 18805 19468 92575 18729

Euro 2 155505 9113 42876 11261 1321 10776 47572 16145 4800 17027 70816 15812

Euro 1 139658 7328 19529 9167 348 8843 18946 13840 1164 14443 51681 14014

Pré-Euro 90230 5411 8683 6667 86 7011 7588 11804 236 12456 56681 9801

O programa Copert requer ainda que seja introduzida uma repartição da distância percorrida entre

auto-estrada, vias rurais e vias urbanas, correspondendo estas categorias a diferentes velocidades,

que também têm de ser introduzidas.

O inquérito efetuado incluía uma pergunta sobre o tipo de via utilizado primariamente pelos

respondentes nas suas deslocações diárias. No entanto, as respostas a essa pergunta apenas

visavam caracterizar os hábitos de mobilidade dos respondentes para, à luz desses dados, avaliar as

suas respostas subsequentes, e não permitiam qualquer quantificação da distância percorrida

consoante o tipo de via, além de que o padrão das deslocações diárias, por não ter em conta as

deslocações ocasionais, poderia não ser representativo dos dados de circulação tomados como um

todo, pelo que esses dados não foram utilizados para a repartição entre tipos de via introduzida nos

dados de circulação no programa Copert.

Esta repartição entre categorias de vias foi obtida através de (Pereira, 2011). Este autor monitorizou,

através da instalação um dispositivo comercial de monitorização de veículos, a velocidade, entre

outros dados, de 49 condutores que residiam e circulavam na Grande Lisboa. A amostra incluía

condutores dos dois géneros, com idades diversas e diferentes hábitos de condução, seja na

distância percorrida, nas vias utilizadas ou nas velocidades praticadas. Este autor dividiu a distância

percorrida pelos condutores estudados em urbano (velocidades abaixo dos 60 km/h) e extra-urbano

(velocidades acima deste limiar). A categoria “urbano” foi mantida, sendo utilizada a velocidade média

dos condutores estudados, pesada pela distância percorrida em percurso urbano por cada um deles.

Apesar das deslocações urbanas representarem uma parte significativa do tempo despendido pelos

condutores, representam uma distância relativamente pequena, por corresponderem a velocidades

bastante inferiores. Dentro da categoria “extra-urbano”, verificaram-se diferenças importantes de

velocidades médias entre condutores – resultantes, precisamente, de uma diferença na proporção da

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distância conduzida em auto-estrada. Determinou-se que as deslocações rurais representariam uma

percentagem reduzida da distância percorrida em meio extra-urbano (20%) e que a restante distância

seria percorrida em auto-estrada. A velocidade em auto-estrada utilizada foi de 110 km/h, tendo a

velocidade média em via rural sido calculada a partir destes dois valores. Foi no entanto necessário

retirar os dados de 10 condutores ao efetuar estes cálculos. Para estes condutores – que

apresentavam velocidades extra-urbanas médias acima dos 115 km/h – considerou-se que esta

distância seria percorrida, em grande parte, em auto-estradas fora da AML. Estes tendiam também a

ser os condutores com maiores distâncias percorridas, e as suas velocidades médias (próximas de

ou, em muitos casos, superiores ao limite legal em Portugal) configuravam-nos como outliers. A

velocidade média rural assim obtida foi de 87 km/h. As distribuições da distância percorrida e

velocidades médias por tipo de via obtidas foram as apresentadas na Tabela 8. Tal como indicado

pela APA, as velocidades introduzidas foram as mesmas para os veículos de passageiros e os

comerciais.

Tabela 8 – Percentagem da distância total e velocidade média por tipo de via obtidas a partir dos

dados de (Pereira, 2011)

Tipo de via Percentagem da

distância total

Velocidade média

(km/h)

Urbana 26% 22

Rural 15% 87

Auto-estrada 59% 110

Finalmente, para o Copert calcular as emissões por evaporação, foram necessários dados de

temperatura. Para tal, foram utilizados os valores da estação meteorológica Lisboa Geofísico com as

temperaturas máxima e mínima médias de 1981 a 2010, facultados pelo Instituto Português do Mar e

da Atmosfera (IPMA), como representado na Tabela 9 (IPMA, 2011).

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Tabela 9 – Temperaturas mínimas, médias, e máximas por mês (média 1981-2010) (IPMA, 2011)

Mês Temperatura mínima (ºC) Temperatura média (ºC) Temperatura máxima (ºC)

Janeiro 8,3 11,6 14,8

Fevereiro 9,1 12,7 16,2

Março 11,0 14,9 18,8

Abril 11,9 15,9 19,8

Maio 13,9 18,0 22,1

Junho 16,6 21,2 25,7

Julho 18,2 23,1 27,9

Agosto 18,6 23,5 28,3

Setembro 17,6 22,1 26,5 Outubro 15,1 18,8 22,5

Novembro 11,8 15,0 18,2

Dezembro 9,4 12,4 15,3

Os restantes valores a acrescentar ao modelo utilizados foram os sugeridos pela APA:

! 12 km – distância da viagem média, valor proposto de origem pelo Copert e que corresponde

à média europeia; é possível que na AML o valor seja mais curto, por se tratar duma zona

metropolitana, logo densa;

! 0,001% – conteúdo de enxofre, tanto na gasolina como no gasóleo;

! 60 kPa (Maio a Setembro) e 90 kPa (Outubro a Abril) – pressão de vapor Reid (que indica a

volatilidade do combustível),

De forma a avaliar a exatidão dos dados obtidos pelo Copert, introduziu-se também a quantidade de

combustíveis adquiridos na AML. Comparando este valor com aquele que o Copert calcula para as

frota, quilometragem e circulação utilizadas, averigua-se se estas podem estar a ser introduzidas por

defeito ou por excesso. A quantidade de combustíveis foi obtida a partir dos dados de vendas de

combustíveis por município para 2010, fornecidos pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG,

2011), somando-se as vendas de todos os municípios da AML. Os resultados assim obtidos foram:

Tabela 10 – Soma das vendas de combustíveis nos municípios da AML em 2010 (DGEG, 2011)

Combustível Vendas na AML em 2010

(toneladas)

Gasolina 371 377

Gasóleo 1 115 133

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2.4. Definição de cenários A partir do cenário-base, que corresponde à situação atual caracterizada, foram definidos vários

cenários alternativos baseados na introdução de tecnologias inteligentes aplicadas à condução no

parque automóvel. Os efeitos aqui descritos pressupõem uma compliance total: ou seja, que os

condutores mantêm os sistemas ligados sempre que possível e seguem todas as suas indicações,

uma vez que se pretende estimar o impacte potencial da utilização das mesmas.

1. Cruise Control Adaptativo (ACC)

O Cruise Control Adaptativo (ACC) não pode ser utilizado a baixas velocidades. Foi assim

considerado que não seria utilizado em circulação urbana, pelas limitações do sistema e porque, em

meio urbano, a velocidade depende de vários fatores para além da distância ao veículo da frente.

Como existem discrepâncias importantes quanto ao potencial de redução de consumo deste sistema,

foi utilizado um valor médio de 5%, sugerido por (Klunder et al., 2009) e aplicado ao consumo gerado

pelo Copert para a distância percorrida em meio rural e em auto-estrada.

Para que o sistema contribua para uma condução mais suave, limitando as mudanças de velocidade

abruptas, a gama de acelerações e travagens do ACC é limitada: alguns valores indicativos são +3 a

-3 m/s2 (Klunder, et al., 2009), podendo os valores efetivos serem inferiores. Assim sendo, um veículo

equipado com ACC pode servir para atenuar acelerações elevadas do veículo que o antecede

(Ioannou & Stefanovic, 2005). Esta característica poderá ter como consequência uma maior fluidez do

tráfego (sobretudo se a distância entre veículos mantida pelo ACC e regulada pelo condutor for

menor do que aquela que o condutor manteria em condução autónoma) e uma diminuição das

emissões provocadas por estas situações. Se os veículos forem todos conduzidos manualmente, o

veículo atrás do que acelera irá tentar acompanhá-lo acelerando ele também, repetindo-se este efeito

nos veículos seguintes. No entanto, um veículo equipado com ACC irá atenuar a aceleração e

propagar essa atenuação para os veículos atrás dele, forçados a uma aceleração mais suave. Em

simulações e experiências que replicaram esta situação, foram obtidas diminuições consideráveis das

emissões, sobretudo de CO e NOx, diminuições essas que tiveram lugar mesmo com uma penetração

muito reduzida dos veículos equipados com ACC (no caso, 1 em 20), devido à propagação do efeito

de atenuação da aceleração para todos os veículos seguintes, mesmo sendo estes de condução

manual. Assim sendo, é possível que mesmo pequenas proporções de veículos com ACC numa frota

possam ter efeitos significativos em condições específicas, e que, assim sendo, os resultados aqui

obtidos para aceitações reduzidas estejam subvalorizados, por não terem em conta esta não-

linearidade entre a penetração duma tecnologia e os seus efeitos. No entanto, por não terem sido

feitas simulações a larga escala deste efeito, não é possível quantificar os seus eventuais impactes.

Os custos do ACC encontrados aquando de consultas aos sítios das marcas automóveis que

disponibilizam o sistema como extra isoladamente, sem estar incluído num pacote de opções, para os

seus modelos situaram-se entre os 650 e os 1600€: o valor utilizado para o cálculo dos impactes foi

portanto 1100€.

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2. Indicador de Mudança de Velocidade (GSI)

Os efeitos do indicador de mudança de velocidade (GSI) são, de certa maneira, complementares aos

do ACC. A velocidades elevadas – ou seja, em auto-estrada e em grande parte da condução em meio

rural – o condutor manterá o veículo na mudança mais alta disponível. Não existe, assim, a

possibilidade de otimizar os pontos de mudança de velocidades para diminuir o consumo do veículo.

A velocidade a que deve ou pode ser feita a passagem para a mudança mais alta varia consoante o

veículo mas, utilizando-se uma velocidade de 60 km/h como critério de delimitação entre a condução

em meio urbano e extra-urbano, considerou-se que o GSI só teria influência na condução em meio

urbano. Foi assim considerada para o uso do GSI uma diminuição de 5% (Klunder, et al., 2009) no

consumo de combustível gerado pelo Copert em meio urbano. A quantificação oficial dos efeitos do

GSI depende muito do ciclo de condução no qual ele for testado: quanto mais otimizadas para um

baixo consumo forem as passagens de mudança já previstas no ciclo, menor será o impacto potencial

do GSI calculado.

Os valores indicados para este sistema estão entre os 100 e os 210€ (Klunder, et al., 2009); foi aqui

utilizado um valor intermédio de 150€. No entanto, como já referido, este sistema passará

brevemente a ser obrigatório nos veículos novos.

3. Eco-condução

Trata-se aqui dos sistemas semelhantes#ao representado na Figura 5, mas que podem também ser

mais simples e não apresentar a mesma diversidade de funções. Estes sistemas, permitindo ao

condutor monitorizar e analisar a sua condução, conhecendo e quantificando as melhorias eventuais

que possa pôr em prática, levá-lo-ão, caso sejam utilizados, a adotar cada vez mais comportamentos

de eco-condução, permitindo uma condução mais eficiente. O efeito estimado foi de uma redução de

5% em todo o consumo, sugerida em (Klunder, et al., 2009) e (Rolim, et al., 2014). O custo utilizado

foi 150€: sistemas que registam a informação em bruto, como o CarChip Pro (Davis Instruments, Inc.,

2014), têm um custo menor (menos de 100€) do que aqueles que tratam a informação a apresentar

ao condutor.

4. Adaptação Inteligente da Velocidade (ISA)

A quantificação dos efeitos da Adaptação Inteligente da Velocidade (ISA) exigiu uma maior

complexidade. Os diversos programas de teste do sistema e simulações computacionais obtiveram

resultados díspares: num programa implementado em várias cidades suecas, os veículos equipados

apresentaram reduções de consumo de 2% e de emissões de NOx e COV de 8% (Biding & Lind,

2002). No programa implementado em Sheffield, Inglaterra, apenas foram obtidas diminuições para

as auto-estradas, com o consumo nas outras vias a manter-se constante ou aumentar, e resultados

variáveis para as emissões poluentes consoante o tipo de veículo (Carsten et al., 2008).

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Assim sendo, em vez de uma diminuição nos resultados obtidos com o Copert, optou-se por repetir a

simulação para a ISA, com os valores da velocidade a serem reduzidos em 5%. Para o cálculo da

velocidade em auto-estrada no cenário base, os condutores que apresentavam valores médios

elevados (alguns dos quais acima do limite legal em Portugal) já haviam sido excluídos; se não

tivesse sido o caso, faria sentido haver lugar a uma maior diminuição. O facto da diminuição ser

expressa como uma percentagem da velocidade equivale a uma redução maior nas velocidades

maiores, o que também é expectável aquando da eventual implementação do sistema.

Foram efetuadas duas simulações, uma onde apenas os valores das velocidades extra-urbanas

seriam reduzidos e outra alterando todas as velocidades. Efetivamente, como é visível na Figura 8,

que apresenta a curva que relaciona velocidade e consumo de combustível (sendo o consumo

aproximadamente equivalente às emissões de CO2), reduzir as velocidades mais baixas, na parte

esquerda da curva, antes dela atingir o seu mínimo, resultará num consumo maior, enquanto reduzir

as velocidades mais elevadas resultará num consumo menor. Assim sendo, se o objetivo for

unicamente reduzir as emissões de CO2, a ISA apenas deve ser implementada em auto-estradas ou

outras vias com velocidades elevadas. As duas simulações têm por objetivo quantificar este impacte

da ISA nas emissões de CO2 em meio urbano. As velocidades introduzidas no Copert para cada uma

das simulações estão indicadas na Tabela 11.

Tabela 11 – Velocidades (km/h) introduzidas no Copert no cenário base, com a ISA aplicada apenas

em vias extra-urbanas e com a ISA aplicada a todas as vias

Urbano Rural Auto-estrada

Cenário base 22 87 110

ISA extra-urbano 22 82 105

ISA total 21 82 105

É de referir, todavia, que o potencial impacte da ISA na segurança rodoviária, pelo número de

acidentes que poderia evitar, é muito superior ao que o sistema pode ter nas emissões de CO2 e

poluentes, como é visível na Tabela 12; na literatura associada a este sistema, a questão da

segurança tende a ser referida mais frequentemente do que a do consumo e emissões. Se o objetivo

da implementação da ISA for também ou sobretudo o do aumento da segurança, incluindo em meio

urbano, será mais relevante a inclusão das vias urbanas nas zonas de ação da tecnologia.

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Tabela 12 – Benefícios da implementação da ISA na Grã-Bretanha, em milhões de libras, e proporção

dos benefícios devida à poupança com custos de acidentes (Carsten et al., 2008)

Cenário de

implementação

Benefícios da ISA (em milhões de libras) Proporção dos benefícios devida

à redução da sinistralidade Combustível CO2 Acidentes Total

Adoção pelo

mercado 646 196 32 808 33 450 98%

Imposição das

autoridades 1 740 773 85 122 87 636 97%

O estudo que abordou a implementação da ISA no Reino Unido (Carsten et al., 2008) efetuou uma

análise custo-benefício, onde os custos da criação de um mapa de velocidades correto e de um

sistema capaz de atualizar essas velocidades não foram incluídos (por poderem proporcionar

benefícios não restritos à ISA); o retorno do investimento calculado foi entre 2 (mandatory ISA, que

restringe efetivamente a velocidade do veículo) e 15 (advisory ISA, que se limita a advertir o condutor

de situações de excesso de velocidade) anos. Os custos da ISA aí obtidos foram de 240€ para 2010

para os sistemas mandatory, sendo precisamente o componente do sistema que o faz agir sobre o

motor que representa a maior parte deste custo. Este valor será igual quer as vias urbanas estejam

incluídas no sistema quer não, aplicando-se portanto aos dois cenários da ISA considerados.

5. Pay-As-You-Drive (PAYD)

A cobrança aos condutores duma taxa por quilómetro percorrido (pay-as-you-drive, PAYD) teria um

efeito direto na distância percorrida. Foram utilizados os valores propostos para Lisboa por (Baptista,

Azevedo, & Farias, ICT solutions in transportation systems: estimating the benefits and environmental

impacts in the Lisbon region, 2012): uma taxa aplicada a 15% do tráfego, correspondentes aos

veículos que circulam à hora de ponta – entre as 8 e 9h e entre as 18 e 19h – nas estradas principais

da rede viária da cidade. O cálculo parte de um custo base para os condutores de 0,11€/km e utiliza

uma elasticidade-custo de -0,45 baseado numa extensa revisão de literatura, propondo duas taxas:

uma de 0,01€/km, a que resulta numa diminuição da distância de !,!"!,!!×0,45×0,15 = 0,61%, e uma

taxa de 0,05€/km, que diminuiria a distância percorrida em 3,07%. Estas reduções foram diretamente

aplicadas à distância total percorrida. O custo atribuído foi igual ao do indicador de eco-condução, por

o dispositivo requerido ser semelhante.

A implementação do PAYD, a ocorrer, seria imposta pelas autoridades e não dependeria da vontade

dos condutores, como sucede nos outros casos. Deste modo, não é pertinente estudar níveis de

aceitação para este sistema, pelo que o PAYD não foi estudado neste trabalho através de diferentes

cenários de implementação.

Desta forma, um resumo dos cenários criados encontra-se na Tabela 13.

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Tabela 13 – Tabela-resumo dos cenários tecnológicos estudados

Cenário Abreviatura Efeito

Cenário-base BAU –

Indicador de Mudança de Velocidade GSI Redução de 5% no consumo urbano

Cruise Control Adaptativo ACC Redução de 5% no consumo extra-urbano

Eco-condução Eco Redução de 5% em todo o consumo

Adaptação Inteligente da Velocidade ISA Redução de 5% nas velocidades extra-urbanas

Adaptação Inteligente da Velocidade, total ISA total Redução de 5% em todas as velocidades

Pay-As-You-Drive PAYD Diminuição de 0,6 e 3,1% da distância percorrida

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3. Resultados 3.1. Quantificação do potencial de aceitação de TIC Os resultados do inquérito efetuado estão descritos de seguida. Todos os resultados obtidos estão

descritos nos textos abaixo, embora nem todos os resultados estejam apresentados.

3.1.1. Caracterização da amostra obtida O inquérito obteve 192 respostas no total, no período durante o qual esteve disponível online, com

178 respostas consideradas válidas. A amostragem só foi considerada significativa para os

respondentes da AML uma vez que se tratava da “amostra-alvo” deste trabalho, com um total de 137

das 178 respostas (77%). Para obter uma amostra representativa da população portuguesa, o

inquérito teria de ter mais respostas, e uma maior difusão geográfica.

A representatividade da amostra em relação à população da AML verifica-se para algumas variáveis,

nomeadamente o género e o estado civil. A amostra pode também ser considerada válida para o

estado civil e, possivelmente, para o rendimento, enquanto que para a distribuição etária e de

habilitações literárias existe um claro enviesamento em favor, respetivamente, da população mais

jovem e mais bem qualificada.

Para verificar a representatividade da amostra, seria possível levar a cabo testes estatísticos: por

exemplo, quanto menos os resultados obtidos se alterassem quando fossem retirados aleatoriamente

elementos (neste caso, respondentes) à amostra, menos esses resultados dependeriam das

variações inerentes à amostra, pelo que mais representativos seriam. Por outro lado, um intervalo de

confiança, associado a um dado valor-p, também poderia ser dado para cada resultado, de forma a

averiguar a probabilidade de que os dados reais correspondessem aos obtidos com a amostra e,

assim, a representatividade do resultado obtido.

Seja por certas perguntas não serem exibidas a todos os respondentes por não se lhes aplicarem ou

por haver perguntas que os respondentes deixaram em branco, muitas perguntas não obtiveram as

137 respostas. Assim sendo, as percentagens abaixo utilizadas referem-se aos respondentes a cada

pergunta especificamente.

A divisão por géneros é quase simétrica, com uma ligeira predominância de homens, conforme

apresentado na Tabela 14. Ao contrário, na AML, existe uma ligeira predominância de mulheres (53%

contra 47% de homens).

Tabela 14 – Distribuição do Género

Género %

Feminino 47%

Masculino 53%

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Quanto à idade, verifica-se uma proporção muito reduzida de pessoas com mais de 65 anos, que

constituem 22% dos residentes na AML, mas apenas 2% dos respondentes ao inquérito. Pelo

contrário, as pessoas nas classes 18-24 e 25-49 estão sobre-representadas, correspondendo a 9 e

45% dos residentes maiores de idade, respetivamente (Tabela 15). A proporção reduzida de

respondentes com mais de 65 anos (e, em menor grau, com idades entre 50 e 64 anos) torna assim

esta amostra não representativa da população no que toca à distribuição de idades.

Tabela 15 – Distribuição de Idade

Idade %

18-24 anos 13%

25-49 anos 66%

50-64 anos 18%

> 65 anos 3%

Uma vez que se tratou de um inquérito online, tal facto pode ter influenciado a caracterização das

habilitações literárias dos respondentes: 85% dos respondentes tem formação superior, e só há um

respondente que apenas possui o ensino básico (Tabela 16). Na AML, considerando os residentes

com mais de 18 anos, apenas 20% da população tem o ensino superior, 2% tem um mestrado e 1%

um doutoramento, enquanto 59% possui apenas o ensino básico ou não concluiu qualquer nível de

escolaridade (INE, 2011). Existe assim na amostra um grande enviesamento a favor de pessoas com

elevadas habilitações literárias, que a torna muito pouco representativa a esse nível.

Tabela 16 – Distribuição das Habilitações literárias

Habilitações literárias %

Básico 1%

Secundário 15%

Licenciatura 36%

Mestrado 40%

Doutoramento 9%

Um terço dos respondentes é solteiro, 52% é casado e 7% em união de facto ou divorciado (Tabela

17). Na população da AML com idade superior a 18 anos, a percentagem de pessoas casadas é

similar à aqui obtida (51%), correspondendo as de pessoas solteiras, em união de facto, divorciadas

ou viúvas a 23, 12, 6 e 8% respetivamente (INE, 2011). Existe assim uma sobre-representação da

população solteira e uma sub-representação da população viúva, que estarão ligadas ao

enviesamento da amostra em favor da população jovem e à quase ausência de respondentes com

mais de 65 anos. Ainda assim, a amostra pode ser considerada razoavelmente representativa da

população da AML, visto o afastamento entre os valores obtidos e a população real poder ser

considerado aceitável.

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Tabela 17 – Distribuição do Estado civil

Estado civil %

Solteiro 33%

União de facto 7%

Casado 52%

Divorciado 7%

Viúvo 1%

Verificam-se proporções semelhantes entre os agregados com 1 e 3 pessoas, com os agregados com

2 pessoas a liderarem (Tabela 18). A dimensão média dos agregados familiares em Portugal é de 2,6

pessoas (INE, 2011); o valor obtido no inquérito foi de 2,2 pessoas.

A grande maioria dos respondentes não tem menores de 18 anos no seu agregado familiar.

Constatam-se algumas disparidades com a generalidade da população portuguesa: na AML, por

exemplo, a percentagem de agregados constituídos por um adulto não-idoso é de 12% contra 20%

dos respondentes, 36% dos agregados têm crianças dependentes, contra 26% dos agregados dos

respondentes (Tabela 19) (INE, 2012).

Tabela 18 – Questão: Quantas pessoas tem o

seu agregado familiar?

Número de pessoas

no agregado familiar %

0 4%

1 20%

2 28%

3 22%

4 10%

5 6%

Tabela 19 – Quantos menores de 18 anos tem

no seu agregado familiar?

63% dos respondentes indicaram ter um rendimento anual, para o seu agregado familiar, entre 10 e

50 mil euros (Tabela 20). Na região de Lisboa, o rendimento médio anual dos agregados é de

aproximadamente 27 500€. Por a distribuição do rendimento dos agregados ser assimétrica, não é

claro se os valores aqui encontrados são representativos da população real.

Número de menores de 18

anos no agregado familiar %

0 74%

1 17%

2 5%

3 4%

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Tabela 20 – Qual o rendimento anual do seu agregado familiar?

Rendimento anual %

< 5000€ 9%

5000-10000€ 12%

10000-25000€ 34%

25000-50000€ 29%

> 50000€ 16%

Do total dos respondentes, o concelho de Lisboa é o concelho de residência de 45% dos

respondentes e o do local de trabalho de 62%. Os concelhos da AML correspondem ainda a 29% dos

concelhos de residência dos respondentes e 14% dos seus concelhos de trabalho. Em comparação,

o concelho de Lisboa e a AML contém respetivamente 5,2% e 26,7% da população portuguesa (INE,

2011). Existe assim uma importante sobre-representação de residentes na AML entre os

respondentes, particularmente notória no caso dos residentes no concelho de Lisboa, tendo sido este

o motivo pelo qual apenas foram considerados os residentes na AML para a análise e posterior

aplicação dos resultados do inquérito. Da amostra selecionada, 52% dos respondentes vive e

trabalha no concelho de Lisboa, 34% vive ou trabalha lá e 14% vive e trabalha noutros concelhos da

AML. 33% dos respondentes utiliza mensalmente um passe de transporte público, enquanto que 67%

não utiliza.

As respostas à pergunta relativa aos anos de experiência de condução estão bastante relacionadas

com a idade dos respondentes: pessoas mais jovens tenderão a ter a carta há menos tempo, daí a

proporção de pessoas que a têm há mais de 26 anos ser reduzida face às outras classes (Tabela 21).

Tabela 21 – Anos com carta de condução

Anos %

< 5 anos 18%

5-10 anos 20%

11-25 anos 42%

26-50 anos 20%

A grande maioria, 84%, dos respondentes tem 1 ou 2 carros no seu agregado familiar (Tabela 22).

Em Portugal, o número de veículos ligeiros de passageiros por agregado é de aproximadamente

0,95. O inquérito finalizava para quem respondesse ter ‘0’ carros no seu agregado. 37% dos

respondentes declararam utilizar habitualmente um veículo utilitário, 25% um pequeno familiar, 19%

um grande familiar e 11% um citadino. Estas quatro tipologias representam assim mais de 90% do

total (Tabela 23).

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Tabela 22 – Número de carros no seu

agregado familiar.

Número de carros %

0 7%

1 42%

2 40%

3 8%

Mais de 3 4%

Tabela 23 – Tipologia do veículo do agregado

familiar que utiliza habitualmente para as suas

deslocações (veículo habitual).

Tipologia %

Citadino (ex. Fiat 500, Renault Twingo) 11%

Grande Familiar (ex. Volkswagen Passat) 19%

Grande Monovolume (ex. Citroen C4 Picasso) 2%

Luxo (ex. BMW Série 5 ou acima) 2%

Motociclo 1%

Pequeno familiar (ex. Ford Focus) 25%

Pequeno Monovolume (ex. Renault Scénic) 2%

Todo-o-Terreno 2%

Utilitário (ex. Renault Clio) 37%

Quanto ao ano de aquisição do veículo, as respostas obtidas foram agrupadas pela norma Euro

correspondente. As percentagens apresentadas correspondem assim às percentagens de veículos

que obedecem a cada uma das normas (Tabela 24), verificando-se que 55% dos respondentes

possuem veículos mais recentes, estando incluídos no grupo da norma Euro 4 e 5. As datas de

entrada em vigor de cada norma podem ser consultadas na Tabela 5.

Tabela 24 – Ano de matrícula do seu veículo habitual

Norma Euro %

ECE 15/04 1%

Euro 1 3%

Euro 2 17%

Euro 3 24%

Euro 4 31%

Euro 5 24%

Os veículos dos respondentes dividem-se quase igualmente entre os movidos a gasóleo e a gasolina,

sendo estes ligeiramente predominantes (Tabela 25). Os 4% de respondentes com veículos elétricos,

muito mais do que a percentagem na população portuguesa, devem-se mais uma vez a haver várias

respostas de pessoas sensibilizadas para as problemáticas do setor dos transportes. A cilindrada dos

veículos está na sua quase totalidade abaixo de 2000 cm3, o que está de acordo com a baixa

potência associada à frota portuguesa.

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Tabela 25 – Tipo de tecnologia do seu veículo habitual

Tecnologia %

Gasóleo 42%

Gasolina 54%

Eletricidade 4%

Aproximadamente metade dos respondentes utiliza o veículo todos os dias da semana, um quarto

todos os dias úteis e 14% só aos fins-de-semana (Tabela 26). No que toca ao número de viagens

efetuadas no dia-a-dia, a grande maioria (71%) dos respondentes faz duas viagens diárias, com os

restantes divididos quase igualmente entre uma, três e quatro viagens.

Tabela 26 – Quantos dias por semana utiliza o seu veículo habitual?

Utilização do veículo habitual %

7 dias 41%

5 dias 26%

3 dias 11%

1 dia 6%

Fins-de-semana 14%

Nenhum 2%

Mais de 70% dos respondentes utiliza o veículo habitual principalmente para as deslocações casa-

trabalho ou casa-escola-trabalho, seguidas das utilizações para fazer compras (46%), atividades

sociais (39%) e lazer (36%)

Dividindo os resultados por quintis, obtém-se as classes da distância percorrida diariamente

delimitadas por 10, 20, 30 e 50 quilómetros (havendo aqui um efeito de arredondamento da distância

por parte dos respondentes) (Tabela 27). Note-se, no entanto, que algumas respostas indicam

distâncias bastante elevadas, com 8% dos respondentes a declararem percorrer cem ou mais

quilómetros por dia.

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Tabela 27 – Que distância percorre em média (ida e volta) nas suas deslocações?

Distância percorrida (km) %

<9 18%

10-15 20%

20-25 15%

30-35 16%

40-60 20%

>70 11%

Metade dos respondentes faz as suas deslocações diárias sobretudo em vias urbanas, 14%

sobretudo em vias extra-urbanas, e os restantes 36% percorrem uma combinação de vias urbanas e

extra-urbanas. A proporção de respondentes que utiliza sobretudo vias urbanas é superior à

proporção de distância percorrida em vias urbanas introduzida para o cálculo das emissões, de

acordo com a metodologia explicada na secção 2.3, por só serem aqui consideradas as deslocações

diárias, e não as ocasionais. Vários respondentes não indicaram a distância percorrida nas suas

viagens ocasionais anuais; no entanto, 37% dos respondentes indica fazer mais de 3 viagens

ocasionais por ano, enquanto 48% faz uma viagem ocasional mensal. Para as viagens mensais, a

classe de distâncias mais frequente é a de menos de 500 quilómetros, contra a de 500 a 1000 nas

viagens anuais. Verifica-se uma divisão quase equivalente entre os respondentes que trocam de

veículo com uma periodicidade inferior a 10 anos (inferior a 5 anos para 8% deles) e os que o fazem

mais raramente.

Os três critérios de escolha de um novo veículo que se destacam claramente, por serem referidos

como ‘muito importantes’ por mais de dois terços dos respondentes, são o preço, a segurança e o

consumo de combustível, 75%, 69% e 65%, respetivamente. No entanto, é possível que a

importância acordada pelos respondentes à segurança tivesse sido inferior caso os critérios não

fossem sugeridos antecipadamente, visto as pessoas tenderem a sobre-estimar a importância que a

segurança tem como critério para a escolha de um veículo novo (eImpact d7, 2008).

A maioria dos respondentes desloca-se a pé ou de bicicleta diariamente (41%) ou semanalmente

(36%). 25% utiliza o transporte público anualmente ou nunca contra 50% que o utiliza diária ou

semanalmente. Estes são valores demonstrativos do número de condutores que se deslocam

também ou sobretudo em transportes públicos, como é visível na Tabela 28. Pode igualmente

destacar-se que 90% dos respondentes nunca utiliza o motociclo para se deslocar. Verificou-se

também que 40% dos respondentes, quando questionados sobre a disponibilidade para substituir a

utilização do veículo pessoal por outros modos de transportes, afirma que possivelmente mudaria, e

35% afirma que estaria disposto a alterar. Contudo, 25% dos respondentes afirmaram nunca estar

dispostos a substituir a utilização do seu veículo por transportes públicos.

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Tabela 28 – Com que regularidade utiliza outros modos de transporte?

Frequência de uso Modos de transporte

Transporte público A pé ou bicicleta Motociclo

Diariamente 35% 41% 3%

Semanalmente 15% 36% 1%

Mensalmente 26% 15% 4%

Anualmente 20% 5% 2%

Nunca 5% 3% 90%

O número de respondentes à pergunta relativa à regularidade com que estaria disposto a utilizar

outros modos de transporte, variou bastante entre as três partes (transporte público, a pé ou de

bicicleta, motociclo) que a compunham: 109, 64 e 21 respetivamente. Na Tabela 29, verifica-se que

mais de um quarto dos respondentes declarou nunca estar disposto a substituir a utilização do seu

veículo por transportes públicos. Os respondentes que se dizem dispostos a substituir

frequentemente a utilização do seu veículo por transportes públicos ou por deslocações a pé ou de

bicicleta correspondem a mais de metade do total, 53 e 61% respetivamente. Quanto ao motociclo,

apesar de a maioria dos respondentes só se declararem dispostos a fazer essa substituição

ocasionalmente, nenhum deles respondeu nunca estar disposto a fazê-la, tal como no caso das

deslocações a pé ou de bicicleta.

Tabela 29 – Com que regularidade estaria disposto a substituir a utilização do seu veículo por outros

modos de transporte?

Frequência de uso (potencial) Modos de transporte

TP A pé ou bicicleta Motociclo

Frequentemente 53% 61% 43%

Ocasionalmente 20% 39% 57%

Nunca 27% 0% 0%

Numa pergunta relativa à disponibilidade para utilizar soluções alternativas de transportes, 39% dos

respondentes declararam estar dispostos a utilizar o bike-sharing (sistema de partilha de bicicletas),

contra 44% que declararam que não. Quanto ao car-sharing (sistema de partilha de veículos) e ao

carpooling (sistema de boleias partilhadas), as respostas dividiram-se igualmente entre as opções

‘sim’, ‘talvez’ e ‘não’.

A percentagem de respondentes que não possui computador de bordo no seu veículo é superior à

daqueles que o possuem, mas por uma margem relativamente reduzida, apenas 12 pontos

percentuais, como é indicado na Tabela 30. Os respondentes que não possuíam, ou não sabiam se

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possuíam, computador de bordo seriam enviados para a pergunta sobre os seus comportamentos de

condução, descrita na Tabela 32.

Tabela 30 – O seu veículo tem computador de bordo?

Posse de computador de bordo %

Sim 41%

Não sei 6%

Não 53%

As informações transmitidas pelo computador de bordo tidas pelos respondentes como mais

importantes foram claramente a autonomia e o consumo médio, com mais de metade (56% e 52%

respetivamente) dos respondentes a considerá-las ‘muito importantes’, seguindo-se-lhes o consumo

instantâneo e a velocidade média (33% e 22% respetivamente) (Tabela 31). É também de notar que

embora apenas 22% dos respondentes considere a velocidade média como sendo ‘muito importante’,

11% dos respondentes considera-a como sendo ‘nada importante’, o que mostra que os condutores

dão quase sempre alguma importância a este tipo de informação que o computador de bordo lhes

transmite.

Tabela 31 – Classifique qual a informação transmitida pelo computador de bordo que considera

importante.

Importância da informação

Informações transmitidas pelo computador de bordo

Autonomia Consumo

instantâneo Consumo

médio Velocidade

média

Muito importante 56% 33% 52% 22%

Importante 40% 35% 41% 39%

Pouco importante 2% 33% 4% 28%

Nada importante 2% 0% 2% 11%

A grande maioria dos respondentes tendeu a declarar praticar a eco-condução sempre,

frequentemente ou ocasionalmente (82%), conduzir em excesso de velocidade ocasionalmente ou

raramente (81%), e conduzir agressiva ou desportivamente raramente ou nunca (80%) (Tabela 32).

Pode existir aqui alguma seleção devida à própria amostra, e haverá sempre um elevado grau de

subjetividade na avaliação feita pelos respondentes em relação aos seus próprios comportamentos.

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Tabela 32 – Indique com que frequência pratica os seguintes comportamentos:

Frequência

Comportamento

Eco-condução (conjunto

comportamentos que permitem

conduzir de forma mais eficiente)

Excesso de

velocidade

Condução

agressiva/desportiva

Sempre 14% 0% 0%

Frequentemente 43% 13% 1%

Ocasionalmente 25% 39% 19%

Raramente 10% 42% 41%

Nunca 8% 6% 39%

As TIC cuja função é apoiar a decisão do condutor têm uma aceitação muito elevada: quase 90% dos

respondentes dizem-se dispostos a aceitá-las (conforme apresentado na Tabela 33). No outro

extremo, as tecnologias que tomam decisões pelo condutor ou que lhe limitam o comportamento são

muito menos bem recebidas, 37% e 34%, respetivamente. Esta diferença significativa resulta dos

diferentes modos de ação destas tecnologias: enquanto o primeiro grupo fornece informação

adicional ao condutor, da qual ele se pode servir, mas que também pode ignorar, estes últimos

tenderão a ser vistos como mais intrusivos, ao substituírem o condutor (e, no caso da limitação do

comportamento, sem envolver por parte deste uma tomada de decisão explícita), gerando assim uma

maior relutância à sua aceitação. A proporção de pessoas que respondeu ‘talvez’ e ‘não’ é

semelhante na maioria das categorias, o que indica que há tantas pessoas que não estão

interessadas nas TIC como pessoas sem posição definida face a elas; tal pode ser devido à

informação limitada que a pergunta continha (não dando detalhes específicos sobre as tecnologias

mencionadas) e/ou ao desconhecimento dos respondentes quanto a estas tecnologias.

Tabela 33 – Estaria disposto a utilizar tecnologias de informação e comunicação (TIC) ao serviço dos

transportes com as seguintes funções?

Disponibi-

lidade para

utilizar

Funções ou modos de ação das tecnologias

Apoiar a

decisão do

condutor

Alertar o condutor

para um

determinado

comportamento

Tomar

decisões pelo

condutor

Limitar o

comportamento

do condutor

Registar

comportamentos

do condutor para

posterior avaliação

Sim 88% 64% 37% 34% 47%

Talvez 6% 23% 32% 31% 31%

Não 6% 12% 31% 35% 22%

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49##

Na pergunta relativa à utilização por parte dos respondentes de tecnologias específicas, foi possível

ver as diferentes posições no mercado das TIC disponíveis. 63% dos respondentes possui sistema de

navegação por GPS, quer o utilize ou não, contra apenas 5% que tem acesso a ferramentas de

monitorização e feedback à condução.

A atitude dos respondentes que possuem certas tecnologias também diferiu: 20% sobre os 23% que

tem câmaras ou sensores de estacionamento utiliza-os frequentemente, contra 29% sobre os 63%

que tem navegação por GPS e 9% sobre os 37% que possui cruise control. Verificou-se ainda uma

proporção muito elevada de respondentes que se declara interessado em câmaras ou sensores de

estacionamento. Esta diferença pode ter sido devida ao contexto em que os ADAS são utilizados:

estacionar é uma ação comum e repetida que será sempre facilitada tendo informação sobre a

distância aos obstáculos, enquanto o cruise control não é utilizável em percursos urbanos e os

sistemas de navegação não serão, em princípio necessários para percursos efetuados regularmente,

o que não implica que o seu uso esporádico não seja tido como importante (o que é patente na

penetração dos sistemas de GPS).

Por outro lado, pode também ter tido que ver com o modo como a informação é dada pelo sistema:

um sensor de estacionamento fornece informação automaticamente, enquanto um sistema de

navegação tem de ser configurado pelo condutor quando este assim o necessita.

Tanto nos exemplos já referidos como no caso dos ADAS ainda pouco implementados, muitos mais

respondentes declararam propensão a utilizá-las caso tivessem acesso a elas do que os que

declararam desinteresse por elas, o que parece indicar vontade por parte da população em ter um

acesso mais generalizado a tecnologias de apoio à condução. No entanto, é para o cruise control,

adaptativo (22%) ou não (21%), e para o alerta de excesso de velocidade (23%) que se verifica um

maior número de respondentes a dizer não estar interessado na tecnologia. Mais uma vez, tal pode

ser devido à falta de conhecimento dos respondentes sobre as tecnologias em questão, ou ao facto

de o cruise control e alerta de excesso de velocidade serem percebidos como mais intrusivos para o

condutor, e como tal menos desejáveis.

As posições dos respondentes para pagar pelas tecnologias face às três vantagens apresentadas

pelas mesmas (contribuição para diminuição do consumo, da segurança rodoviária e dos prémios do

seguro) são aproximadamente iguais: entre 70 e 80% afirmam estar dispostos a pagar (Tabela 34). O

valor é ligeiramente superior para os prémios do seguro, o que sugere que um número maior de

respondentes pode considerar este aspeto como uma situação que pretende corrigir.

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50##

Tabela 34 – Estaria disposto a pagar por uma tecnologia de informação e comunicação (TIC) ao

serviço dos transportes sabendo que estas apresentam vantagens nos seguintes setores?

Disposição para pagar

Vantagens apresentadas pelas tecnologias

Diminuição do

consumo do veículo

Aumento da segurança

rodoviária

Diminuição dos

prémios dos seguros

Sim 74% 71% 79%

Não 26% 29% 21%

Em comparação com os resultados da pergunta anterior, que questionava os respondentes sobre a

sua disponibilidade para aceitar as TIC, as respostas a esta pergunta são muito menos afirmativas:

face aos 89% de respondentes que dizia estar disposto a aceitar as tecnologias que apoiam a

decisão do condutor fornecendo-lhe informação adicional, apenas 63% revela estar ‘muito disposto’

ou ‘disposto’ a pagar por elas, e esta diferença agrava-se ainda mais para as TIC cuja aceitação é à

partida mais reduzida, nomeadamente as que limitam o comportamento do condutor (Tabela 35),

pelas quais a percentagem de respondentes que se diz ‘muito disposto’ a pagar se situa nos 6%. É

notório que uma disponibilidade para aceitar as TIC não se traduz necessariamente numa

disponibilidade para pagar por elas.

Tabela 35 – Classifique os tipos de tecnologias pelos quais estaria mais disposto a pagar

Disponibilidade

para pagar Funções ou modos de ação das tecnologias

Apoiam a

decisão do

condutor

Alertam condutor

para um

determinado comportamento

Tomam

decisões pelo

condutor

Limitam o

comportamento

do condutor

Registam

comportamentos

do condutor para posterior avaliação

Muito disposto 22% 12% 6% 6% 7%

Disposto 41% 30% 24% 12% 31%

Pouco disposto 22% 30% 41% 40% 38%

Nada disposto 15% 29% 29% 42% 23%

Quando questionados sobre quanto estariam dispostos a pagar pelos diversos tipos de tecnologias,

verifica-se, uma vez mais, que muitos respondentes manifestaram não ter qualquer disponibilidade

para pagar pelas TIC sugeridas; este valor manteve-se aproximadamente constante entre as três

formas de pagamento sugeridas, sendo ligeiramente menor para um pagamento anual (35% contra

40% mensalmente e 41% uma única vez). Além disso, os valores indicados permaneceram

aproximadamente constantes entre as categorias de tecnologias, ao contrário do que seria expectável

à luz das respostas à pergunta anterior, onde surgiram diferenças significativas entre categorias.

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51##

Sumarizando, a amostra apresenta alguns problemas de representatividade, sobretudo ao nível das

distribuições de idades e habilitações literárias. No que toca às perguntas sobre atitudes face à

mobilidade, hábitos de condução e características do veículo do respondente, pode haver algum

enviesamento em favor da eco-condução e cumprimento dos limites de velocidade estabelecidos, da

utilização de transportes públicos e sistemas de transporte alternativos, e da posse de veículos

elétricos e mais recentes do que a média do parque automóvel. A amostra compreende todavia

perspetivas variadas, não havendo nenhuma pergunta onde a população das diferentes categorias

esteja completamente desequilibrada. Constata-se, pois, que o inquérito foi preenchido por pessoas

suficientemente diversificadas para representarem uma seleção satisfatória da população em estudo,

o que, por sua vez, confere alguma representatividade aos resultados sobre o conhecimento que os

respondentes têm das diversas tecnologias e sobre a disponibilidade para aceitar e para pagar.

3.1.2. Caracterização dos resultados da disponibilidade para aceitar Seguiu-se a avaliação da influência das variáveis de caracterização do respondente na sua

disponibilidade para utilizar TIC aplicadas à condução, segundo a metodologia descrita na secção

2.2.

Os resultados da agregação das cinco categorias numa pontuação única encontram-se apresentados

na Tabela 36. Para 82% dos respondentes, a pontuação foi igual ou superior a 5: em geral, parece

haver uma boa aceitação à ideia de adotar TIC para a condução.

De seguida, para todas as perguntas, foi feito o cruzamento entre as respostas à pergunta e a

pontuação dos respondentes, e procurou-se ver quais eram as perguntas para as quais a pontuação

dos respondentes era significativamente afetada pelas respostas escolhidas (Tabela 37). Todavia,

para algumas perguntas, a população das categorias diferia bastante (por exemplo, para as

habilitações literárias, ou para a idade, onde uma das categorias era excessivamente abrangente e

englobava 68% dos respondentes): nesses casos, não foi possível fazer comparações eficazes entre

as várias categorias. Noutras perguntas, como as relativas às frequências de certos comportamentos,

diferentes respostas foram reorganizadas para que as suas populações não diferissem

excessivamente. Para muitas das perguntas, não foi possível encontrar relações entre as diferentes

respostas e a recetividade às TIC quantificada pela pontuação acima referida.

Tabela 36 – Disponibilidade para aceitar TIC: pontuação agrupada das cinco categorias de

tecnologias

Pontuação 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

% 5% 1% 1% 5% 7% 15% 17% 13% 13% 9% 15%

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52##

Tabela 37 – Separação da pontuação da disponibilidade para aceitar em três categorias: aceitação

baixa, média e elevada

Pontuação agregada 0-4 5-7 8-10

Percentagem de respondentes 18% 45% 37%

Designação da categoria Aceitação baixa Aceitação média Aceitação elevada

A primeira variável para a qual é possível encontrar uma relação com a pontuação dos respondentes

é a idade, onde é a categoria 25-49 anos, que também é a mais populosa, que apresenta pontuações

maiores (45% de aceitação elevada face a 20% nas outras categorias, como se verifica na Tabela

38). Utilizando a variável “anos com carta de condução”, valor que está, em grande medida,

associado à idade do respondente, obtém-se um resultado idêntico: aceitação nitidamente mais

elevada (48% face a menos de 20%) por parte dos respondentes que possuem a carta há entre 5 e

25 anos (Tabela 39).

Tabela 38 – Disponibilidade para aceitar consoante a idade

Idade Aceitação baixa Aceitação média Aceitação elevada

18-24 anos 21% 57% 21%

25-49 anos 18% 37% 45%

> 50 anos 15% 65% 20%

Tabela 39 – Disponibilidade para aceitar consoante os anos com carta de condução

Anos com carta de condução Aceitação baixa Aceitação média Aceitação elevada

< 5 anos 24% 59% 18%

5-10 anos 17% 35% 48%

11-25 anos 18% 35% 47%

26-50 anos 11% 72% 17%

Constata-se uma ligeira influência do estado civil, com maior recetividade por parte dos respondentes

casados ou em união de facto em relação aos solteiros, com 42 face a 36% de aceitação elevada

(Tabela 40). Os respondentes cujo agregado familiar tem um rendimento mais elevado apresentam

pontuações maiores, mas só a partir dos 25 mil euros, onde 43% dos respondentes apresenta uma

aceitação elevada, cerca de 10% mais do que nas duas categorias inferiores, que apresentam

valores muito semelhantes entre si, próximos dos 33% de aceitação elevada (Tabela 41).

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Tabela 40 – Disponibilidade para aceitar consoante o estado civil

Estado civil Aceitação baixa Aceitação média Aceitação elevada

Solteiro 22% 42% 36%

Casado ou em união de facto 13% 44% 42%

Tabela 41 – Disponibilidade para aceitar consoante o rendimento anual do agregado familiar

Rendimento anual do agregado Aceitação baixa

Aceitação média

Aceitação elevada

< 10 000€ 23% 45% 32%

10000 - 25000€ 22% 44% 33%

> 25 000€ 12% 45% 43%

No que toca às características do veículo principal que utilizam para as suas deslocações diárias, foi

igualmente possível encontrar influências na pontuação dos respondentes. No caso da tipologia

(tendo apenas sido selecionadas as categorias cuja população era significativa), os resultados variam

bastante no caso dos citadinos (58% de respondentes com aceitação elevada) e dos grandes

familiares (17%); no entanto, para os respondentes que utilizam estes últimos, a categoria que

domina é a de aceitação média, com 61% dos respondentes, o que sugere uma opinião mais

reservada e não uma rejeição firme das tecnologias. Foram obtidos valores intermédios nas três

categorias de aceitação para os condutores de pequenos familiares e utilitários (Tabela 42).

Tabela 42 – Disponibilidade para aceitar consoante a tipologia do veículo principal

Tipologia Aceitação baixa Aceitação média Aceitação elevada

Citadino 17% 25% 58%

Grande Familiar 22% 61% 17%

Pequeno familiar 15% 42% 42%

Utilitário 19% 43% 38%

No que se refere à idade do veículo, a categoria que se destaca mais é a dos veículos Euro 5

(adquiridos depois de Setembro de 2009), onde há uma aceitação muito maior do uso de tecnologias,

sendo esta a única categoria que apresenta uma aceitação elevada acima dos 50% (Tabela 43). Uma

explicação possível para este aspeto é estes veículos já incluírem sistemas inteligentes e a

experiência destes respondentes com eles ser positiva, gerando assim maior recetividade à

continuação do seu uso no futuro, noutros veículos.

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Tabela 43 – Disponibilidade para aceitar consoante a idade do veículo principal, por norma Euro

Idade do veículo, por norma Euro Aceitação baixa Aceitação média Aceitação elevada

Euro 2 28% 39% 33%

Euro 3 15% 46% 38%

Euro 4 19% 53% 28%

Euro 5 12% 32% 56%

Verifica-se também uma pontuação ligeiramente maior por parte dos respondentes que têm veículos

movidos a gasóleo (41%) e a eletricidade (40%) (embora aqui deva novamente ser tido em

consideração que estes respondentes serão em grande parte pessoas do setor, com maior

conhecimento sobre e interesse pelo uso de TIC), por oposição aos que têm veículos a gasolina

(34%) (Tabela 44).

Tabela 44 – Disponibilidade para aceitar consoante o combustível do veículo

Combustível do veículo

Aceitação baixa

Aceitação média

Aceitação elevada

Eletricidade 20% 40% 40% Gasóleo 9% 50% 41% Gasolina 24% 41% 34%

No caso da cilindrada (Tabela 45), os proprietários de veículos com menor cilindrada manifestam

maior disponibilidade para aceitar utilizar tecnologias no seu automóvel, e este efeito verifica-se

gradualmente nas três classes de cilindrada propostas (40%, 35% e 25% de aceitação elevada, por

ordem de cilindrada crescente), embora deva ser recordado que a categoria de maior cilindrada tem

uma população consideravelmente menor do que as duas anteriores.

Tabela 45 – Disponibilidade para aceitar consoante a cilindrada do veículo

Cilindrada do veículo Aceitação baixa

Aceitação média

Aceitação elevada

< 1400 cm3 21% 38% 40% 1400 a 2000 cm3 14% 51% 35%

> 2000 cm3 25% 50% 25%

A aquisição de uma tecnologia de apoio à condução é, em princípio, um custo fixo, no qual os

utilizadores apenas incorrem uma vez, enquanto os seus benefícios, quer em termos de consumo

quer de segurança, serão, grosso modo, proporcionais à distância percorrida. Embora haja

tecnologias que não tenham efeitos em certas situações, como por exemplo o controlo automático de

velocidade em condução urbana ou, inversamente, o indicador de mudança de velocidade em auto-

estrada, neste trabalho pretende-se avaliar a recetividade às TIC de um modo geral. Assim sendo, o

Page 63: Mercado potencial de TIC no sector dos transportes ......em Portugal, de 1990 a 2010 (Eurostat, 2012) .....2 Figura 4 — Número de mortes provocadas por acidentes rodoviários por

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investimento em tecnologias será tanto mais compensatório (os benefícios ultrapassando os custos)

quantos mais quilómetros forem percorridos pelos condutores (eImpact d8, 2008). No entanto, não

parece haver uma correlação conclusiva entre a distância percorrida pelos respondentes e a sua

recetividade ao uso de tecnologias (Tabela 46). Esta distância foi obtida indiretamente a partir das

respostas a várias das perguntas anteriores, de forma a obter o valor da distância percorrida

semanalmente, que não foi pedido no inquérito. Para tal, efetuou-se a multiplicação do número das

viagens diárias feitas pelos respondentes com o número de dias por semana em que utilizam o

automóvel e com a distância percorrida nas suas deslocações.

Tabela 46 – Disponibilidade para aceitar consoante a distância percorrida semanalmente

Distância percorrida semanalmente (quilómetros)

Aceitação baixa

Aceitação média

Aceitação elevada

<75 28% 45% 28% 75-180 13% 46% 42%

180-400 19% 52% 29% 420-700 0% 40% 60%

>750 20% 40% 40%

Todavia, os respondentes cujas deslocações diárias os fazem entrar e sair de Lisboa apresentam

pontuações mais elevadas (47% contra 33% para os restantes) (Tabela 47). É também de notar que

aqueles que percorrem uma distância maior na sua deslocação diária também apresentam

pontuações tendencialmente mais elevadas (valores próximos dos 50% de aceitação elevada para as

duas classes que percorrem maiores distâncias, contra apenas 16% para a classe que percorre

distâncias mais reduzidas, como se verifica na Tabela 48). Como seria expectável, estas duas

populações estão, em grande medida, associadas, ou seja, os respondentes que na sua principal

deslocação diária percorrem uma maior distância são aqueles que se deslocam de ou para Lisboa.

Esta relação surge evidenciada na Tabela 49.

Tabela 47 – Disponibilidade para aceitar consoante o âmbito geográfico das suas deslocações diárias

Deslocações diárias Aceitação baixa Aceitação média Aceitação elevada Dentro de Lisboa 19% 48% 33%

Noutros concelhos da AML 13% 53% 33% De ou para Lisboa 18% 35% 47%

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Tabela 48 – Disponibilidade para aceitar consoante a distância percorrida nas deslocações diárias

Distância percorrida na

deslocação diária (quilómetros)

Aceitação

baixa

Aceitação

média

Aceitação

elevada

<9 32% 53% 16%

10-13 19% 43% 38%

15-25 9% 52% 39%

30-40 8% 44% 48%

>45 25% 31% 44%

Tabela 49 – Relação entre a distância percorrida pelos respondentes nas suas deslocações diárias

(em quilómetros) e o âmbito geográfico dessas deslocações, em número de respondentes

Distância percorrida nas deslocações diárias (km)

Noutros concelhos da AML

De ou para Lisboa

Dentro de Lisboa Total

<9 2 6 12 20

10-13 4 2 15 21

15-25 3 7 15 25

30-40 6 9 13 28

>45 2 11 4 17

Total 19 41 71 131

Os condutores que utilizam sobretudo vias extra-urbanas apresentam uma pontuação

consideravelmente superior às dos restantes (Tabela 50): 57% de aceitação elevada contra apenas

37% e 33% para as restantes vias.

Tabela 50 – Disponibilidade para aceitar consoante o tipo de via mais utilizado nas deslocações

diárias

Tipo de vias utilizadas Aceitação baixa Aceitação média Aceitação elevada

Extra-urbanas 7% 36% 57%

Misto 26% 37% 37%

Urbanas 13% 54% 33%

Os respondentes que, quando escolhem um veículo, consideram mais importante o seu consumo ou

impacte ambiental – ao contrário daqueles para quem a potência do veículo é “muito importante” –

mostram maior recetividade às TIC do que aqueles para quem esses fatores não são tão relevantes:

42% de aceitação elevada para os respondentes para quem o consumo é “muito importante” contra

apenas 31% para aqueles para quem é “importante”, 47% de aceitação elevada para quem o impacte

ambiental é “muito importante” contra 32% e 38% para aqueles para quem é “importante” ou “pouco

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ou nada importante” (Tabela 51). Esses condutores continuarão a dar importância a essas questões

durante o uso dos seus automóveis, daí a maior propensão ao uso de tecnologias. Os respondentes

que dão prioridade à potência poderão considerar as tecnologias uma interferência indesejada na

condução. No que toca aos dispositivos oferecidos como critério de escolha do veículo, talvez o mais

relevante seja o facto de os respondentes que escolheram a opção “nada importante” apresentarem

ainda assim alguma recetividade ao uso de TIC, embora inferior à das outras categorias: para estas

pessoas, os dispositivos não são de todo um critério de escolha para a compra dum veículo, mas

ainda assim podem ser um ponto de interesse, e geram alguma aceitação.

Tabela 51 – Disponibilidade para aceitar consoante a importância dada ao consumo na escolha do

veículo

Consumo Aceitação baixa Aceitação média Aceitação elevada Muito importante 18% 40% 42%

Importante 15% 54% 31%

Igualmente, foram obtidas pontuações mais elevadas por parte dos respondentes que afirmam

praticar sempre ou frequentemente eco-condução (47% de aceitação elevada contra 33% para os

que a praticam menos frequentemente), que dizem ter maior disponibilidade para substituir a

utilização do seu veículo por transportes públicos (45% de aceitação elevada contra valores próximos

dos 25% para os respondentes para quem essa disponibilidade é menor) e maior disponibilidade para

adotar o carpooling (ou seja, sistema de boleias partilhadas, com 50% de aceitação elevada para os

respondentes que se dizem dispostos a fazê-lo contra 33% para os que responderam “talvez” ou

“não”). Existe assim, para as três variáveis, uma percentagem muito semelhante, próxima dos 50%,

de respondentes a declararem uma recetividade elevada, de acordo com os resultados apresentados

nas Tabelas 52, 53 e 54.

Tabela 52 – Disponibilidade para aceitar consoante a frequência da prática da eco-condução

Eco-condução

Aceitação

baixa

Aceitação

média

Aceitação

elevada

Sempre ou frequentemente 11% 42% 47%

Ocasionalmente, raramente ou nunca 27% 27% 33%

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Tabela 53 – Disponibilidade para aceitar consoante a disponibilidade para substituir o uso do veículo

por transportes públicos

Substituir veículo

por TP

Aceitação

baixa

Aceitação

média

Aceitação

elevada

Frequentemente 20% 35% 45%

Ocasionalmente 9% 68% 23%

Raramente ou nunca 14% 60% 26%

Tabela 54 – Disponibilidade para aceitar consoante a disponibilidade para adotar o carpooling

Carpooling Aceitação baixa Aceitação média Aceitação elevada

Sim 19% 31% 50%

Talvez 15% 30% 33%

Não 21% 46% 33%

As respostas às perguntas anteriores sugerem a existência de um efeito de auto-seleção face à

utilização de TIC: os condutores que têm mais atenção ao consumo, impacte ambiental e segurança

do veículo no momento da sua escolha, que se mostram mais favoráveis à utilização de transportes

públicos e de carpooling, e que já praticam a eco-condução, logo tenderão a apresentar, na sua

condução, consumos à partida menores, são também os que têm mais interesse em adotar

tecnologias com esse objetivo; no entanto, por essa mesma razão, é neles que as tecnologias

poderão ser menos eficazes.

No que toca à condução agressiva, são os respondentes que dizem nunca adotar este

comportamento que se mostraram menos recetivos ao uso de TIC (Tabela 55), com apenas 25% de

respondentes com aceitação elevada contra mais de 40% nos outros casos.

Tabela 55 – Disponibilidade para aceitar consoante a frequência da prática de condução agressiva

Condução agressiva Aceitação

baixa

Aceitação

média

Aceitação

elevada

Ocasionalmente 24% 33% 43%

Raramente 20% 40% 40%

Nunca 13% 38% 25%

Quando se utiliza como variável as respostas à pergunta sobre a relação dos respondentes com as

tecnologias, aqueles que selecionaram a primeira opção (“Conheço e não possuo a tecnologia, mas

não tenho interesse”) também apresentaram pontuações tendencialmente baixas. Assim sendo, a

falta de recetividade dos respondentes em relação ao uso de TIC também se verifica quando a

pergunta incide sobre tecnologias específicas. As pontuações são mais elevadas, para estes

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respondentes, para os sistemas de navegação: uma possível explicação é que a ação destes

equipamentos diz respeito ao rumo a tomar pelos condutores, e não afeta tanto o ato de condução

em si.

3.1.3. Desagregação por categoria dos resultados da disponibilidade para aceitar

A avaliação da disponibilidade para aceitar com as tecnologias desagregadas por categoria foi

igualmente observada, sendo feita a média da pontuação para cada categoria de respondentes e

tecnologias (Tabela 56). A categoria com pontuação mais elevada foi a das tecnologias que apoiam a

decisão do condutor, situando-se perto do máximo, 2, com 1,80. As tecnologias que limitam o

comportamento do condutor apresentam uma pontuação ligeiramente inferior a 1, o que indica que

houve mais respondentes a não estarem disponíveis para as aceitar do que a estarem disponíveis.

As tecnologias que tomam decisões pelo condutor também apresentam uma pontuação próxima de 1.

Tabela 56 – Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2), por categoria

Apoiam a decisão do condutor (“Apoiam”) 1,80

Alertam condutor para um determinado comportamento (“Alertam”) 1,48

Tomam decisões pelo condutor (“Decidem”) 1,01

Limitam o comportamento do condutor (“Limitam”) 0,96

Registam comportamentos do condutor para posterior avaliação (“Registam”) 1,24

Para algumas das variáveis, as pontuações obtidas sendo feita esta segmentação diferem daquelas

obtidas anteriormente. Por exemplo, no que toca ao género, apesar de no cômputo geral não haver

diferenças assinaláveis entre homens e mulheres, as mulheres têm maior disponibilidade para aceitar

tecnologias que tomam decisões pelo condutor ou lhe limitam o comportamento, e os homens para as

que lhe apoiam a decisão e registam os comportamentos para posterior avaliação, não existindo uma

diferença significativa no caso das que alertam o condutor para os seus comportamentos (Tabela 57).

Tabela 57 – Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante o género

Género Apoiam Alertam Decidem Limitam Registam

Feminino 1,73 1,46 1,06 1,02 1,18

Masculino 1,86 1,49 0,96 0,91 1,30

Para a idade, é notório que os respondentes com maior idade (mais de 50 anos) têm uma maior

disponibilidade para aceitar tecnologias que os alertem para os seus comportamentos e, em menor

medida, para as que os limitem, enquanto a categoria 25-49 anos se destaca sobretudo nas

tecnologias que tomam decisões pelo condutor ou lhe registam os comportamentos para posterior

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avaliação (Tabela 58). Os respondentes entre os 18 e 24 anos destacam-se na recetividade às

tecnologias que lhes apoiem a decisão.

Tabela 58 – Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante a idade

Idade Apoiam Alertam Decidem Limitam Registam

18-24 anos 1,79 1,43 0,78 0,79 0,93

25-49 anos 1,84 1,45 1,11 1,04 1,37

> 50 anos 1,67 1,59 0,81 1,00 1,00

Quanto à variável estado civil, as duas primeiras categorias afastam-se da tendência global. Apesar

de, no geral, os respondentes solteiros apresentarem menor recetividade às tecnologias do que os

casados ou em união de facto, este défice desaparece no caso das tecnologias que apoiam e

exacerba-se no caso das que alertam (Tabela 59).

Tabela 59 – Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante o estado civil

Estado civil Apoiam Alertam Decidem Limitam Registam

Solteiro 1,83 1,37 0,95 0,90 1,19

Casado ou em união de facto 1,81 1,59 1,05 1,00 1,30

Olhando para a influência do rendimento, a tendência geral verifica-se quase em todas as categorias,

exceto na primeira, onde são os respondentes cujo rendimento do agregado é mais baixo que têm

mais disponibilidade para aceitar tecnologias que apoiem a sua decisão (Tabela 60).

Tabela 60 – Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante o rendimento

anual do agregado

Rendimento Apoiam Alertam Decidem Limitam Registam

< 10 000€ 2,00 1,30 0,77 0,86 1,23

10 – 25 000 € 1,67 1,39 0,89 0,94 1,28

> 25 000 € 1,80 1,62 1,20 1,02 1,22

Não se constata a existência de padrões na relação entre a idade do veículo e a disponibilidade para

aceitar tecnologias de qualquer categoria, feita a segmentação (Tabela 61), por não ser discernível

uma influência da idade do veículo nas preferências pelas diversas categorias de tecnologias.

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Tabela 61 – Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante a idade do veículo

principal, por norma Euro

Idade do veículo, por norma Euro Apoiam Alertam Decidem Limitam Registam

Euro 1 1,76 1,60 1,20 1,04 1,52

Euro 2 1,77 1,39 1,00 0,95 0,95

Euro 3 1,78 1,44 0,83 0,94 1,11

Euro 4 1,81 1,56 1,19 1,11 1,37

Euro 5 1,88 1,31 0,63 0,60 1,13

Na tipologia também se mantêm, em grande parte, as tendências globais; no entanto, os

respondentes que possuem veículos familiares grandes têm mais recetividade a tecnologias que

apoiem as suas decisões, mas significativamente menos às que as limitam, talvez por prezarem mais

a execução das suas decisões; já os condutores de veículos utilitários apresentam menor interesse

por tecnologias que tomem, elas, decisões (Tabela 62).

Tabela 62 – Disponibilidade para aceitar (escala de 0 a 2) por categoria consoante a tipologia do

veículo principal

Tipologia Apoiam Alertam Decidem Limitam Registam

Citadino 1,50 1,58 1,33 1,08 1,58

Grande Familiar 2,00 1,35 1,05 0,56 1,05

Pequeno Familiar 1,81 1,38 1,04 1,04 1,19

Utilitário 1,81 1,60 0,81 1,05 1,29

Em variáveis como o combustível do veículo ou tipo de vias utilizadas pelos respondentes, também

não existem diferenças assinaláveis entre os valores com as categorias agregadas e segmentadas.

Resumindo os resultados encontrados nesta secção, existem várias variáveis que, apesar de

afetarem a aceitação por parte dos respondentes de TIC aplicadas à condução, estando as cinco

categorias aqui utilizadas agrupadas, não parecem exercer influência sobre a aceitação de categorias

específicas destas tecnologias. Noutros casos, no entanto, essa influência passa a ser visível.

Destacam-se, por exemplo, o género, onde as categorias “registam o comportamento” e “apoiam a

decisão” são preferidas pelos homens, ao contrário do que acontece nas categorias “tomam

decisões” e “limitam o comportamento”; a idade, onde os respondentes com mais de 50 anos têm

uma pontuação elevada na categoria “alertam o condutor” mas bastante inferior na categoria

“registam o comportamento”. Procurou-se aqui, através desta análise, compreender as diferentes

disponibilidades para aceitar os diversos tipos de sistemas por parte de pessoas com características

distintas. Este conhecimento será essencial para prever detalhadamente a sua aceitação – e

penetração – em grupos específicos da população, o que tem importância para determinar mais

detalhadamente tanto a dimensão e características deste mercado – por exemplo, a que segmentos

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da população dirigir certo tipo de tecnologias: de acordo com os resultados aqui obtidos, as mulheres

estariam mais dispostas do que os homens a aceitar tecnologias como o cruise control ou uma

implementação da ISA que as impedisse efetivamente de ultrapassar o limite de velocidade – como

os possíveis efeitos da introdução deste tipo de tecnologias no parque automóvel.

3.1.4 Caracterização dos resultados da disponibilidade para pagar O passo seguinte foi o de quantificar a disponibilidade para pagar, a partir das respostas à última

pergunta do inquérito: os resultados obtidos para cada pontuação estão representados na Tabela 63.

De acordo com a metodologia descrita na secção 2.2 e tal como na disponibilidade para aceitar, as

pontuações foram agrupadas em três categorias, que se procurou serem o mais possível

semelhantes às da disponibilidade para aceitar, apresentadas na Tabela 64. É notória a diferença na

população relativa das três categorias: a percentagem de respondentes que se enquadra na

categoria agrupada “muito disposto” é igual à de respondentes que se declarou “nada disposto” para

todas as tecnologias propostas (ou seja, que tem pontuação 0), e as pontuações mais elevadas, entre

12 e 15, tem populações de apenas 2% cada. Esta tendência para uma reduzida disponibilidade para

pagar releva também uma diferença entre as disponibilidades para pagar e para aceitar, que já havia

sido evidenciada na análise direta dos resultados do inquérito, na comparação entre os valores

expressos nas Tabelas 33 e 35. O estudo da influência das diversas variáveis na população das três

categorias terá em consideração a influência dessas mesmas variáveis na disponibilidade para pagar.

A reduzida população da categoria “muito disposto” também obriga a uma maior consideração da

relação entre as categorias “medianamente disposto” e “pouco disposto” aquando da análise dos

resultados da disponibilidade para pagar.

Tabela 63 – Disponibilidade para pagar por TIC: pontuação agrupada de todas as categorias de

tecnologias

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 15

11% 1% 6% 10% 7% 13% 8% 9% 12% 7% 7% 5% 2% 2% 2%

Tabela 64 – Separação da pontuação da disponibilidade para pagar em três categorias: aceitação

baixa, média e elevada

Pontuação agregada 0-6 7-10 11-15

Percentagem de respondentes 55% 34% 11%

Designação da categoria Pouco disposto Medianamente disposto Muito disposto

Assim, verifica-se que alguns respondentes estariam dispostos a utilizar TIC aplicadas à condução

nos seus veículos, mas não estariam dispostos a pagar para as obter.

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Para a variável ‘idade’, em vez de a classe 25-49 se destacar das restantes como na disponibilidade

para aceitar, passa a observar-se uma tendência crescente consoante a idade do respondente

(Tabela 65).

Tabela 65 – Disponibilidade para pagar consoante a idade

Idade

Pouco

disposto

Medianamente

disposto

Muito

disposto

18-24 anos 71% 29% 0%

25-49 anos 53% 37% 10%

> 50 anos 52% 29% 19%

No que toca ao estado civil, são os respondentes casados ou em uniões de facto que têm claramente

a maior disponibilidade para pagar, de forma mais acentuada do que no caso da disponibilidade para

aceitar (Tabela 66).

Tabela 66 – Disponibilidade para pagar consoante o estado civil

Estado civil

Pouco

disposto

Medianamente

disposto

Muito

disposto

Solteiro 63% 32% 5%

Casado ou em união de facto 40% 40% 20%

Ao contrário da disponibilidade para aceitar, e contrariamente ao que poderia ser expectável, a

variável rendimento não tem uma influência clara na disponibilidade para pagar por parte dos

respondentes (Tabela 67).

Tabela 67 – Disponibilidade para pagar consoante o rendimento anual do agregado

Rendimento anual do

agregado

Pouco

disposto

Medianamente

disposto

Muito

disposto

< 10 000€ 63% 16% 21%

10000-25000€ 44% 50% 6%

> 25 000€ 51% 36% 13%

Na caracterização do veículo, mantêm-se de certa forma a maior recetividade por parte dos

respondentes com veículos mais novos (norma Euro 5) (Tabela 68), mas que só se faz notar na

categoria intermédia, e a daqueles que possuem veículos movidos a eletricidade e em menor medida

a gasóleo sobre os que têm veículos a gasolina (Tabela 69). Já os resultados na variável ‘tipologia do

veículo’ diferem muito dos da disponibilidade para aceitar: esta tende a ser menor nos condutores de

veículos familiares do que nos de citadinos e utilitários (Tabela 70).

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Tabela 68 – Disponibilidade para pagar consoante a idade do veículo principal, por norma Euro

Idade do veículo, por norma Euro

Pouco disposto

Medianamente disposto

Muito disposto

Euro 2 69% 31% 0%

Euro 3 58% 27% 15%

Euro 4 56% 33% 11%

Euro 5 38% 50% 13%

Tabela 69 – Disponibilidade para pagar consoante o combustível do veículo principal

Combustível do veículo

Pouco disposto

Medianamente disposto

Muito disposto

Eletricidade 40% 40% 20% Gasóleo 49% 41% 10% Gasolina 61% 29% 10%

Tabela 70 – Disponibilidade para pagar consoante a tipologia do veículo principal

Tipologia Pouco

disposto Medianamente

disposto Muito

disposto Citadino 42% 50% 8%

Grande Familiar 63% 32% 5%

Pequeno familiar 64% 24% 12%

Utilitário 49% 39% 12%

O facto de a compra de um sistema que torne a condução numa atividade com menor consumo, logo

mais barata e/ou mais segura, trazer maiores vantagens, em termos absolutos, a quem mais utilizar o

seu automóvel tem agora uma influência ligeira e pouco linear sobre a disponibilidade para pagar dos

respondentes (Tabela 71).

Tabela 71 – Disponibilidade para pagar consoante a distância percorrida semanalmente

Distância percorrida

semanalmente (quilómetros)

Pouco

disposto

Medianamente

disposto

Muito

disposto

<75 68% 29% 4%

75-180 60% 20% 20%

180-400 55% 45% 0%

420-700 29% 43% 29%

>750 47% 47% 7%

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No entanto, as três variáveis que constituem a caracterização das deslocações diárias, ou seja a

distância percorrida na deslocação habitual dos respondentes, os locais de residência e atividade dos

respondentes (como foi referido, estas variáveis estão associadas) e finalmente o tipo de via em que

essas deslocações são efetuadas, mantém a sua influência na recetividade dos respondentes quando

se trata da disponibilidade para pagar. Para as duas primeiras, os respondentes que percorrem

maiores distâncias e aqueles que se deslocam de ou para Lisboa vindos doutro concelho da AML são

os que apresentam maior disponibilidade, tal como anteriormente (Tabela 72 eTabela 73); no caso do

tipo de vias, são agora as vias urbanas que estão associadas a menor disponibilidade (Tabela 74).#

Tabela 72 – Disponibilidade para pagar consoante a distância percorrida na deslocação diária

Distância percorrida na

deslocação diária (quilómetros)

Pouco

disposto

Medianamente

disposto

Muito

disposto

<9 75% 15% 10%

10-13 60% 33% 7%

15-25 52% 40% 8%

30-40 42% 42% 16%

>45 48% 39% 13%

Tabela 73 – Disponibilidade para pagar consoante o âmbito geográfico das deslocações diárias

Deslocações diárias Pouco

disposto

Medianamente

disposto

Muito

disposto

Dentro de Lisboa 62% 29% 9%

Noutros concelhos da AML 62% 38% 0%

De ou para Lisboa 41% 41% 18%

Tabela 74 – Disponibilidade para pagar consoante o tipo de via utilizado nas deslocações diárias

Tipo de vias utilizadas Pouco disposto Medianamente disposto Muito disposto

Extra-urbanas 46% 38% 15%

Misto 49% 41% 11%

Urbanas 62% 29% 10%

Para os fatores de escolha aquando da compra de um veículo novo, continua a manter-se a influência

de os respondentes considerarem mais importantes o consumo (marginalmente) e o impacte

ambiental. Por outro lado, a influência dos comportamentos de condução (eco-condução, excesso de

velocidade) dos respondentes na sua recetividade mantém-se – respondentes que praticam a eco-

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condução e que evitam conduzir em excesso de velocidade apresentam pontuações mais elevadas –

mas atenua-se, sendo mais notória para os respondentes mais dispostos a pagar (Tabela 75).

Tabela 75 – Disponibilidade para pagar consoante a frequência da prática de eco-condução

Eco-condução Pouco

disposto

Medianamente

disposto

Muito

disposto

Sempre ou frequentemente 57% 33% 13%

Ocasionalmente 40% 48% 12%

Raramente ou nunca 54% 33% 0%

Também quase desaparece a influência da disponibilidade para substituir o uso de veículo individual

por transportes públicos: os resultados para esta variável deixam de ser claros. Os respondentes que

declararam estar dispostos a substituir ‘frequentemente’ o uso do seu veículo por transportes públicos

situam-se em maior percentagem nas recetividades baixa e elevada face aos que declaram estar

dispostos a fazê-lo ocasionalmente, raramente ou nunca.

Analisando os resultados da disponibilidade para pagar face aos da disponibilidade para aceitar,

surgem várias conclusões a destacar. O primeiro, já observado diretamente nos resultados do

inquérito, é a redução da disponibilidade declarada pelos respondentes. Este aspeto era expectável,

visto uma disponibilidade para aceitar a utilização de tecnologias, caso elas estivessem à disposição

do respondente, não se traduz necessariamente numa disponibilidade para pagar por elas, que

implica uma intenção mais certa e pronunciada de as obter assim como o facto de pagar efetivamente

por elas. Constata-se também, em muitos casos, um atenuar do efeito das variáveis nos resultados:

entre as várias categorias das variáveis, os resultados passam agora a ser mais iguais do que na

disponibilidade para aceitar.

Uma das variáveis que tem um efeito importante na disponibilidade para pagar e que é uma

característica demográfica básica é o estado civil: respondentes casados ou em união de facto têm

uma disponibilidade para pagar maior do que respondentes solteiros. Esta correlação entre estado

civil e disponibilidade para pagar (e para aceitar) pode não implicar um efeito de causalidade, mas a

associação é, por si só, um fator a ter em conta aquando da previsão mais detalhada da penetração

destas tecnologias no mercado.

Um aspeto já referido na análise da disponibilidade para aceitar mas que também se verifica na

disponibilidade para pagar é o dos respondentes que, à partida, têm hábitos de condução mais

ecológicos (representados aqui pelas perguntas sobre frequência da eco-condução e da condução

em excesso de velocidade) e estão mais atentos ao consumo e impacte ambiental do seu veículo no

momento da compra serem também aqueles que apresentam maior disponibilidade. Este fator pode

resultar numa sobrevalorização dos efeitos estimados da introdução deste tipo de tecnologias. Por

um lado, os condutores que tenderão a adquiri-las serão aqueles que já praticam a eco-condução,

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logo que são responsáveis por consumos relativamente menores em relação aos condutores que

praticam a eco-condução mais raramente, ou mesmo aqueles que nunca adotam esse hábito. Além

deste efeito que tem lugar aquando da eventual aquisição de um sistema para o veículo por parte dos

condutores, é possível que a atitude desses condutores não se altere mesmo se os seus veículos

possuírem um sistema que ajudasse a implementar uma condução com menor consumo (por

exemplo, caso adquiram um veículo equipado com indicador de mudança de velocidade, obrigatório

em todos os veículos novos com caixa de velocidades manual a partir de Novembro de 2014). Pelo

contrário, a maior disponibilidade para pagar declarada pelos respondentes que percorrem mais

quilómetros, diária e semanalmente, poderá resultar numa maior presença destas tecnologias nos

veículos dos condutores que são responsáveis por maiores distâncias, logo por maiores consumos;

os seus efeitos absolutos tornar-se-iam, assim sendo, mais significativos.

3.2. Caracterização energética e ambiental do cenário base Seguindo a metodologia descrita na secção 2.3 de simulação em Copert, obtiveram-se os valores de

consumo de combustível apresentados na Tabela 76.

Tabela 76 – Consumo de combustíveis em 2010 obtido pela simulação no Copert e comparação com

as vendas na AML em 2010 (DGEG, 2011) (Tabela 10)

Combustível Consumo obtido pelo

Copert (toneladas)

Percentagem das

vendas na AML em 2010

Gasolina 413 214 111%

Gasóleo 1 014 691 91%

A comparação com as vendas de combustíveis é indicativa uma vez que nem todos os combustíveis

vendidos na AML geram mobilidade na mesma, nem a mobilidade na AML se deve a combustíveis

vendidos no interior da mesma. O valor da gasolina calculado é superior ao das vendas de

combustível em 11%. Esta discrepância pode ter várias causas, como a descrição dos hábitos de

circulação utilizada para esta simulação ou o facto de a fórmula para a quilometragem anual dos

veículos utilizada ter âmbito nacional, enquanto os veículos da AML, por esta ser uma zona bastante

urbanizada e mais densa, poderem tender a percorrer menores distâncias do que a média nacional.

Quanto ao gasóleo, seria expectável que o valor calculado fosse muito inferior ao das vendas, por os

veículos pesados não terem sido aqui contabilizados, e serem responsáveis por um consumo

significativo de gasóleo. Para além de, para a frota considerada, este resultado poder sofrer das

mesmas imprecisões do que no caso da gasolina, pode haver uma explicação mais específica para o

gasóleo: alguns dos veículos pesados que circulam na AML podem abastecer fora dela, não

contribuindo assim as suas compras de combustível para o total da AML obtido pelos dados da

DGEG.

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A obtenção da quantidade de combustível consumido em litros (a partir dos resultados fornecidos

pelo Copert em toneladas) e das emissões de dióxido de carbono que o consumo desse combustível

gerou baseou-se nas características da gasolina e do gasóleo, apresentadas na Tabela 77. Os

valores assim obtidos estão apresentados na Tabela 78 e também aparecem como elevados face à

realidade da frota automóvel portuguesa: por exemplo, os veículos ligeiros de passageiros da norma

Euro 4 surgem aqui com emissões de CO2 entre 172 e 280 g/km, consoante o seu setor e subsetor;

na realidade, a média anual das emissões de CO2 para todos os ligeiros de passageiros novos

portugueses vendidos em 2006 foi de 145 g/km, tendo diminuído todos os anos desde então (ICCT,

2012).

Tabela 77 – Densidade (kg/l) e CO2 produzido por combustível consumido (kg/kg)

Combustível Densidade (kg/l) CO2 produzido por kg de

combustível consumido (kg)

Gasolina 0,730 3,17

Gasóleo 0,840 3,19

Comparando as emissões de monóxido de carbono (CO) ou a soma entre as emissões de compostos

orgânicos voláteis (COV) e óxidos de azoto (NOx), obtidas através desta simulação, com os limites

impostos para os mesmos veículos pelas normas Euro, é possível constatar que para algumas

classes de veículos as emissões obtidas ultrapassam significativamente os limites legais, enquanto

que para outras classes ficam muito abaixo destes, variando estas posições consoante o poluente em

questão. Este facto deve-se à elevada discrepância entre as emissões e consumo nos ciclos de

certificação (e publicitados nos veículos novos vendidos) e as emissões em condições reais de

utilização que o Copert pretende estimar (Duarte, 2013). O critério de conformidade com as normas

Euro são as emissões num ciclo de condução nomeado New European Driving Cycle (NEDC), que

combina um segmento urbano e outro extra-urbano. No NEDC, aproximadamente 63,6% da distância

corresponde a condução extra-urbana, face a 73,9% da distância percorrida na AML obtida pelos

cálculos acima descritos. No NEDC, o tempo passado a velocidades elevadas (acima dos 100 km/h)

corresponde a menos de 7% do total, e a velocidade média do segmento extra-urbano é de apenas

69,4 km/h. Grande parte dos respondentes que forneceram os dados que permitiram efetuar a

distribuição de velocidades aqui utilizada circulavam sobretudo em auto-estrada, com médias de

velocidade elevadas. Em condução extra-urbana, velocidades elevadas são responsáveis por um

maior consumo (como é visível na Figura 8) e emissões. Esta discrepância reflete uma incapacidade

do NEDC de representar condições reais de condução (ICCT, 2012), devida em parte à sua reduzida

distância percorrida em auto-estrada. Não é, portanto, expectável a obtenção de valores de emissões

conformes às normas Euro a partir da monitorização de condutores reais, daí as diferenças entre

emissões obtidas e normas Euro patentes nas Tabelas 79 e 80, assim como nas tabelas relativas às

emissões de COV + NOx e às de partículas (esta última, apenas para os veículos a gasóleo)

apresentadas nos Anexos C e D.

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Verifica-se nos resultados obtidos uma diminuição das emissões com a evolução das normas Euro,

como seria expectável. Pelo contrário, para o consumo de combustível, não se verifica essa

tendência de uma forma tão acentuada pois, pois na última década, apesar de terem havido

melhorias na eficiência dos sistemas de propulsão, houve também um aumento de auxiliares a bordo

e de dispositivos de segurança (consumo e peso adicional), contrabalançando o efeito da melhoria da

eficiência.

Tabela 78 – Consumo de combustível (l/100km) e emissões de CO2 (g/km) calculadas com o Copert;

as emissões médias consideram o número de veículos em cada setor e subsetor

Setor Subsetor Tecnologia Consumo de

combustível (l/100km)

Emissões de

CO2 (g/km)

Ligeiros de

passageiros

Gasolina < 1,4 l

ECE 15/04 8,0 185 Euro 1 7,8 180 Euro 2 7,7 178 Euro 3 7,7 179 Euro 4 8,1 188

Gasolina 1,4 - 2,0 l

ECE 15/04 9,2 212 Euro 1 9,0 209 Euro 2 8,6 200 Euro 3 9,2 213 Euro 4 9,4 217

Gasolina > 2,0 l

ECE 15/04 12,3 284 Euro 1 11,5 267 Euro 2 11,8 273 Euro 3 10,4 241 Euro 4 12,1 280

Gasóleo < 2,0 l

Convencional 7,8 210 Euro 1 6,8 182 Euro 2 6,9 186 Euro 3 6,4 172 Euro 4 6,4 172

Gasóleo > 2,0 l

Convencional 7,8 210 Euro 1 9,0 242 Euro 2 9,0 242 Euro 3 9,0 242 Euro 4 9,0 242

Comerciais

ligeiros

Gasóleo < 3,5 t

Convencional 13,1 350 Euro 1 11,8 315 Euro 2 11,8 315 Euro 3 11,8 315 Euro 4 11,8 315

Média da frota 8,5 214

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Tabela 79 – Emissões de CO (g/km) calculadas no Copert e comparação com os limites impostos

pelas normas Euro

Setor Subsetor Tecnologia

Emissões

CO (g/km)

Limite norma

Euro (g/km)

Ligeiros de

passageiros

Gasolina < 1,4 l

ECE 15/04 12,02 – Euro 1 4,08 2,72 Euro 2 2,22 2,2 Euro 3 2,28 2,3 Euro 4 0,86 1

Gasolina 1,4 - 2,0 l

ECE 15/04 12,02 – Euro 1 3,86 2,72 Euro 2 2,06 2,2 Euro 3 2,14 2,3 Euro 4 0,82 1

Gasolina > 2,0 l

ECE 15/04 12,02 – Euro 1 3,37 2,72 Euro 2 1,71 2,2 Euro 3 1,84 2,3 Euro 4 0,73 1

Gasóleo < 2,0 l

Convencional 0,61 – Euro 1 0,40 2,72 Euro 2 0,24 1 Euro 3 0,07 0,64 Euro 4 0,08 0,5

Gasóleo > 2,0 l

Convencional 0,61 – Euro 1 0,40 2,72 Euro 2 0,24 1 Euro 3 0,07 0,64 Euro 4 0,08 0,5

Comerciais

ligeiros Gasóleo < 3,5 t

Convencional 1,50 – Euro 1 0,83 4,99 Euro 2 0,83 1,25 Euro 3 0,68 0,8 Euro 4 0,54 0,63

3.3. Caracterização energética e ambiental dos cenários alternativos Os cálculos referentes à redução do consumo de combustível nos cenários alternativos criados, e

consequente redução de emissões de CO2, permitiram a obtenção dos resultados apresentados na

Tabela 80.

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Tabela 80 – Consumo de combustível (Mton), redução do consumo (percentagem) energia (PJ) e

emissões de CO2 (Mton) para cada um dos cenários considerados

Cenário Consumo (Mton)

Redução

consumo (%) Energia (PJ) CO2 (Mton)

BAU

1,43 – 61,4 4,55 GSI

ACC 100%

1,40 1,69 60,4 4,47 ACC 1,38 3,31 59,4 4,40 Eco 1,36 5,00 58,3 4,32 ISA 1,38 3,52 59,2 4,39

ISA_total 1,39 2,75 59,7 4,42

PAYD 0,05 1,38 3,07 59,5 4,41 0,01 1,42 0,61 61,0 4,52

De acordo com os resultados obtidos, a tecnologia capaz de provocar uma maior redução,

equivalente a 71 kton de combustível ou 3,1 PJ de energia, no consumo energético da frota

portuguesa seria o indicador de eco-condução, por a redução de 5% considerada se aplicar

uniformemente às vias urbanas e extra-urbanas. Uma maior atenção prestada pelos condutores ao

seu próprio comportamento pode, portanto, ser um fator muito significativo de redução do consumo

de combustíveis à escala duma frota.

As reduções obtidas através da aplicação do GSI foram inferiores em cerca de metade àquelas

obtidas graças ao ACC (24 contra 47 kton de combustível poupado, ou 1,0 contra 2,0 PJ de energia),

o que realça a preponderância do consumo em meio extra-urbano, por ser neste tipo de vias que a

maioria da distância é percorrida. Os efeitos da ISA foram de grandeza semelhante aos do ACC (50

kton de combustível, correspondentes 2,2 PJ de energia): com os parâmetros escolhidos, uma

redução de 5% nas velocidades extra-urbanas resultou numa redução do consumo extra-urbano

próxima dos 5%. Também é possível verificar como a extensão do domínio de aplicação da ISA às

vias urbanas resultou numa atenuação da redução no consumo obtida (passando a redução para as

39 kton de combustível ou 1,7 PJ de energia), tal como antecipado. Apesar da grandeza dessa

atenuação ser menor do que a da redução originalmente obtida, se o objetivo for simplesmente o de

reduzir o consumo, limitar a velocidade também em meio urbano torna-se, como referido acima,

contraproducente.

No que toca ao PAYD, a aplicação da taxa mais elevada produziu efeitos comparáveis aos das

tecnologias mais eficazes com a taxa de penetração máxima (44 kton de combustível, 1,9 PJ de

energia); esta taxa é, no entanto, bastante elevada, correspondendo a 45% do preço base da

condução. Para as restantes tecnologias, às taxas de penetração obtidas a partir dos resultados do

inquérito, mais plausíveis do que a de 100%, os efeitos passam a surgir como bastante ligeiros e

pouco percetíveis com a precisão aqui empregue na apresentação dos resultados.

Para alguns dos cenários, verifica-se uma diferença nas reduções relativas correspondentes às três

colunas. Nestes casos, como o impacto do cenário se verificou de forma diferente na circulação nas

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vias urbanas e extra-urbanas (no caso do GSI, do ACC e da ISA, por as tecnologias só afetarem um

tipo de via; no caso da ISA total, por o seu efeito ser distinto entre esses dois tipos de via), também

foi afetada a proporção entre gasolina e gasóleo consumidos, por diferentes categorias de veículos

apresentarem variações no consumo de combustível consoante o tipo de via, apesar das mesmas

condições de circulação (distribuição das vias e velocidade). Ora, considerando que o poder

calorífico, a densidade e a quantidade de CO2 produzida aquando da combustão são diferentes para

os dois combustíveis, afetar a proporção de cada um no consumo total irá afetar de forma diferente a

massa de CO2 emitida e o consumo, quer seja expresso em toneladas ou megajoule.

Na Tabela 81 são apresentados o custo de compra da tecnologia para cada cenário, a poupança

anual de combustível, a preços de 2010, engendrada pela adoção da tecnologia (em relação ao custo

com combustível no cenário-base), a poupança total de combustível ao longo da vida do veiculo,

dada pela multiplicação da poupança total pela idade média da frota, de 9,0 anos, e o benefício

líquido da adoção da tecnologia, dado pela subtração da poupança total de combustível ao custo da

tecnologia, admitindo-se assim que o tempo médio de vida dum veículo novo seria equivalente à

idade média da frota atual. Dividindo o custo da tecnologia pela poupança anual em combustível que

permite, é também possível apresentar um valor para o break-even (retorno do investimento) da

tecnologia adquirida pelo condutor – o número de anos após a compra do sistema a partir do qual o

condutor que o adquiriu passa a ter um benefício monetário.

Tabela 81 – Custo da tecnologia, poupança anual e total com combustível e benefício líquido para

cada cenário (milhões de €); período para o retorno do investimento (anos)!

#

Custo Poupança anual Poupança total

combustível

Retorno do

investimento (anos) Benefício

tecnologia combustível líquido

BAU – – – – – GSI 233 37,5 338 6,21 105 ACC 1710 71,9 647 23,8 -1063 Eco 233 109 982 2,14 749 ISA 373 73,3 660 5,09 287

ISA_total 373 55,9 503 6,72 130

No que toca ao custo da tecnologia, é de realçar o custo elevado do ACC, que se situa na ordem do

milhar de milhões de euros, uma ordem de grandeza acima das outras tecnologias, o que o torna no

único sistema que não apresenta um benefício líquido ao longo do tempo de vida do veículo para um

tempo de vida médio de 9,0 anos, sendo necessário esperar 23,8 anos até que tal aconteça..

Pelo contrário, o assistente de eco-condução proporciona um retorno do investimento após pouco

mais de dois anos, com um benefício líquido total de 749 M€. Segue-se a ISA, com um break-even

após ca. 5 anos e um benefício líquido total de quase 300 M€; estes valores, para o GSI e para a ISA

total, são de cerca de seis anos e meio e pouco mais de 100 M€, existindo mais uma vez uma

discrepância assinalável entre os dois cenários de implementação da ISA.

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Para o PAYD, era também necessário ter em conta o gasto dos condutores com a taxa que lhes

fosse aplicada. Este valor corresponde ao produto entre a distância, nas vias taxadas, que os

condutores não deixassem de percorrer e o valor por quilómetro da taxa aplicada. Este gasto

corresponderia a uma receita por parte de quem aplicasse a taxa (autoridades centrais ou locais),

tratando-se assim dum custo do utilizador mas também dum benefício externo para essas entidades,

e está apresentado na Tabela 82. As colunas relativas ao custo variável (anual e total) apresentam a

subtração da poupança com combustível ao custo com a taxa a aplicar. É de realçar que, sendo o

custo de aquisição dos dispositivos responsáveis pela implementação do PAYD – e independente da

taxa a ser aplicada – muito superior ao valor da potencial poupança de combustível, e mesmo

superior ao custo que a taxa teria, posteriormente, para os condutores, os custos dos dois cenários

acabam por ser semelhantes, apesar de terem efeitos muito díspares na redução do consumo e

consequente poupança em combustível. Como é visível, o custo líquido do PAYD para os utilizadores

é significativo, por também compreender os benefícios externos referidos.

Tabela 82 – Gastos com combustível, custo da tecnologia, custo com a taxa aplicada, custo total,

poupança com combustível e custo líquido para os dois cenários de PAYD (milhões de €)

Custo tecnologia

Custo anual taxa

Poupança anual combustível

Custo variável anual

Custo variável total

Custo líquido

PAYD 0,05 311 124 67,1 56,9 512 823

0,01 311 29,9 13,4 16,6 149 460

Finalmente, como medida da eficácia das tecnologias, foram calculados para cada uma os custos

bruto e líquido (este último apenas baseado num ano de utilização da tecnologia) por Megajoule de

energia poupado e quilograma de CO2 evitado. Os resultados são apresentados na Tabela 83. Surge

mais uma vez uma grande diferença nos valores do ACC, pelo preço elevado da tecnologia. O GSI,

apesar do seu preço inferior, acaba, pelo seu efeito mais limitado, por ser menos eficiente em custo

do que a ISA e, sobretudo, a eco-condução, que, pelo potencial de redução de consumo que

apresenta, surge claramente como a tecnologia mais eficiente, por um fator de 2 em relação à que

surge em segundo lugar, a ISA. A diferença entre os dois cenários de implementação da ISA é mais

notória à luz desta métrica. A discrepância entre os valores para os dois cenários do PAYD também é

visível, surgindo o cenário com a aplicação da taxa de 0,01€ como o menos eficiente de todos os

considerados, tal como se pode ver na Tabela 83.

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Tabela 83 – Preço da tecnologia e custos bruto e líquido de energia poupada e emissões de CO2

evitadas, por tecnologia e para os dois cenários do PAYD

Preço (€)

Custo energia (€/MJ)

Custo CO2 (€/kg)

Custo líquido energia (€/MJ)

Custo líquido CO2 (€/kg)

GSI 150 0,22 3,04 0,19 2,55 ACC 1100 0,84 11,36 0,81 10,88 Eco 150 0,08 1,03 0,04 0,54 ISA 240 0,17 2,33 0,14 1,87

ISA_total 240 0,22 2,98 0,19 2,53 PAYD 0,05

200 0,23 3,12 0,20 2,64

PAYD 0,01 0,90 12,21 0,87 11,73

A eficácia dos diferentes sistemas, tanto no custo como no balanço (custo líquido), encontra-se

representada na Figura 9. Como é visível, o indicador de eco-condução (Eco) é a tecnologia mais

eficaz em termos de custo e custo líquido, seguida da ISA, com o PAYD a surgir como a menos

eficaz. O ACC não foi incluído por o seu custo ser muito superior ao das outras tecnologias, o que

tinha por efeito dificultar a leitura do gráfico; pelo mesmo motivo, o PAYD com uma taxa de 0,01€

também não foi representado.

Figura 9 – Custo e balanço (custo líquido) por unidade de energia poupada (€/MJ) para o GSI, o

indicador de eco-condução, os dois cenários da ISA e o cenário do PAYD com a taxa de 0,05€

Não foi possível avaliar, no geral, os efeitos do uso destas tecnologias sobre as emissões poluentes.

Efetivamente, visto os cálculos efetuados para a maioria dos cenários terem incidido apenas no

consumo de combustível a partir dos valores obtidos no cenário-base, não tendo sido feitas novas

simulações nem cálculos sobre os resultados de emissões obtidos para o cenário-base, apenas foi

possível obter efeitos nas emissões para os dois cenários da ISA. Para estes dois cenários foram

feitas novas simulações, que geraram os resultados apresentados na Tabela 84. É visível uma

redução das emissões de poluentes superior à redução do consumo (e emissões de CO2). Existe, de

um cenário para o outro, uma atenuação da redução das emissões, que chegam mesmo a aumentar

em relação ao cenário-base para o segundo cenário no caso dos COV. Os resultados do ensaio

sueco da ISA apontavam para uma redução dos NOx e dos COV superior à verificada para o

0,00

0,10

0,20

GSI

Eco

ISA ISA_total

PAYD

Custo (€/MJ)

Balanço (€/MJ)

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consumo, na ordem dos 6% (Biding & Lind, 2002); na simulação efetuada, verificou-se a redução

significativa dos NOx, assim como a das partículas e do CO, mas as emissões de COV

permaneceram praticamente inalteradas, aumentando mesmo no cenário ISA_total. Efetivamente,

cerca de 73% das emissões de COV resultam de condução urbana, e a redução de 5% na velocidade

urbana introduzida no Copert para esta simulação resultou num aumento de 1,2% das emissões de

COV em vias urbanas, gerando assim um aumento total de 0,9%, que veio a ser superior à

diminuição das emissões de COV na condução em auto-estrada (-0,5%) provocada pela limitação da

velocidade nessas vias. Por outro lado, a limitação da velocidade em auto-estrada resultou numa

diminuição significativa das emissões de PM10 nessas vias (-8,6%) o que, como as auto-estradas

são responsáveis por 58% das emissões destes poluentes, provocou uma redução significativa das

suas emissões totais, pouco atenuada pelo aumento das emissões em vias urbanas no cenário

ISA_total.

Tabela 84 – Redução (em %) das emissões poluentes em relação à BAU para os dois cenários de

ISA simulados

CO COV NOx PM10 CO2

ISA -4,2 -0,4 -5,1 -5,3 -3,5

ISA_total -3,2 +0,5 -4,6 -5,0 -2,8

De forma a obter resultados sobre o efeito das restantes tecnologias nas emissões de poluentes,

seria necessário um trabalho aprofundado que efetuasse diversas micro-simulações de tráfego,

compreendendo diferentes estilos de condução, tipos de via, etc., devido às alterações no

comportamento do condutor que a sua presença provoca.

A instalação de ADAS em veículos usados (retrofitting) é mais ou menos factível dependendo do

sistema (Klunder, et al., 2009), mas na grande maioria dos casos as tecnologias são introduzidas nos

veículos novos, logo a sua penetração no mercado – neste caso, no parque automóvel – é sobretudo

feita à medida da substituição dos veículos. Se a distribuição de idade dos veículos se mantivesse,

um sistema cuja instalação em veículos novos fosse tornada obrigatória hoje só estaria presente em

metade dos veículos daqui a aproximadamente sete anos. No entanto, tem-se verificado o

envelhecimento do parque automóvel português, que se acentuou significativamente desde 2010, ano

dos dados utilizados neste trabalho (Público, 2013). A tendência para a redução das vendas de

veículos novos verifica-se por toda a UE (European Commission, 2012). Embora os veículos novos

sejam responsáveis por uma maior distância percorrida do que os mais velhos, o que aumenta a

importância relativa dos seus efeitos (eImpact d4, 2008), a penetração de tecnologias no parque

automóvel é um processo relativamente lento e progressivo, sobretudo tendo em conta que o gráfico

seguinte se refere a uma tecnologia cuja inclusão em veículos novos fosse decretada obrigatória

(como é o caso do sistema de monitorização da pressão dos pneus e, em princípio, como será o caso

da chamada automática de emergência), não tendo em conta que, para muitas tecnologias, os

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adquirentes de veículos novos preferirão não escolher a sua instalação, se elas estiveram disponíveis

de todo.

É também expectável que os efeitos absolutos aqui descritos estejam sobrevalorizados, por se

aplicarem ao parque automóvel atual. Em grande parte por as marcas estarem obrigadas pela lei

europeia a reduzir as emissões de CO2 e poluentes dos seus veículos à venda no mercado, os

veículos novos apresentam melhorias tecnológicas constantes – ao nível do motor, da transmissão,

da construção – que têm resultado em consumos e emissões cada vez menores. Estes veículos são

aqueles onde estão, e virão a estar, implementadas as tecnologias aqui estudadas, capazes de

possibilitar ou encorajar os seus condutores a reduzir esses consumos e emissões. Os veículos mais

antigos e poluentes não beneficiarão diretamente dos efeitos destas tecnologias. Este aspeto é

relevante e resulta numa sobrevalorização dos efeitos das tecnologias aqui referidos: por as TIC

aplicadas à condução cujo objetivo é reduzir o consumo e as emissões não atuarem diretamente nos

veículos mais antigos e mais poluidores, os cálculos que têm como objetivo prever os seus possíveis

efeitos baseando-se no parque automóvel atual sobrevalorizam esses efeitos. Esta limitação é

atenuada pelo facto de os veículos novos percorrerem anualmente maiores distâncias do que os

antigos, e por algumas tecnologias terem efeitos indiretos nos veículos que não as incluem, como

referido acima. Neste sentido, não é possível saber qual a dimensão relativa destes fenómenos

opostos.

Além disso, como já referido, a partir de Novembro de 2014, será obrigatória nos veículos ligeiros de

passageiros novos a inclusão de indicadores de mudança de velocidades (para os veículos com caixa

de velocidades manual) e de controlo da pressão dos pneus (JOUE, 2009). O primeiro indicador

permitirá aos condutores melhorarem as suas capacidades de eco-condução, da qual a circulação na

mudança adequada (o mais alta possível) é um componente muito significativo. O segundo

possibilitará pôr fim às situações onde a pressão insuficiente num dos pneus resulta num consumo

mais elevado. A inclusão destas tecnologias – caso os condutores lhes sigam as indicações – será

outro fator de redução do consumo e emissões para os veículos novos, sendo assim também um

fator de sobrevalorização dos impactos aqui calculados.

Outro aspeto a considerar na avaliação dos efeitos da introdução de TIC no parque automóvel é a

influência do efeito de ressalto, do inglês rebound effect. Quando um condutor vê a eficiência

energética do seu veículo aumentar, passa a gastar marginalmente menos dinheiro por conduzir, pelo

que tenderá a utilizar mais o seu veículo e/ou conduzir maiores distâncias. O efeito de ressalto

também se verifica noutras áreas, como no uso de energia em casa, nos casos da iluminação ou da

regulação da temperatura, que se têm vindo a tornar mais energeticamente eficientes. Este efeito

está associado à elasticidade da procura de combustível; no entanto, aqui a variável que despoleta as

alterações é o consumo de combustível por parte do automóvel, e não os custos do combustível.

Deste modo, apesar das duas variáveis influenciarem os gastos com combustível, responsáveis por

grande parte das alterações comportamentais nos consumidores, estes conceitos não são

diretamente equivalentes. Além disso, no que toca aos efeitos da elasticidade, um aumento no custo

tem um efeito superior ao de uma diminuição equivalente (Litman, 2011).

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A combinação de diferentes tecnologias teria efeitos variáveis, dependendo das tecnologias em

questão. Por exemplo, como os efeitos do GSI e do ACC se fazem sentir em situações

completamente distintas (exclusivamente em condução urbana e extra-urbana, respetivamente), seria

possível que que o efeito da utilização combinada das duas tecnologias não estivesse distante da

soma dos seus efeitos individuais. Por outro lado, um condutor que altere a sua condução graças a

um assistente de eco-condução irá provavelmente tirar benefícios praticamente nulos do GSI (por já

passar as velocidades do veículo antes de o motor atingir altas rotações) e relativamente reduzidos

da ISA (por evitar excessos de velocidade em auto-estradas) e do ACC (por evitar mudanças de

velocidade bruscas ao seguir outro veículo), não sendo assim os benefícios destas tecnologias

somáveis. Seria assim necessário estudar os efeitos combinados destes sistemas caso a caso,

devido à diversidade de âmbito e de modo de ação que apresentam.

Finalmente, é de relembrar que os efeitos qualitativos das tecnologias, que não foram contemplados

nas tabelas aqui apresentadas, não são no entanto desprezáveis. O ACC, não obstante o custo

elevado por energia e emissões evitadas face às outras tecnologias, que o torna uma escolha mais

mal colocada sendo esse o único critério de avaliação, proporciona ao condutor uma maior segurança

(por diminuir o risco de acidentes traseiros) e uma condução mais tranquila, por se encarregar

autonomamente de algumas funções da condução, sendo só por isso uma opção pretendida por

alguns condutores. Quanto ao PAYD, e sobretudo a sua implementação aqui considerada, aplica-se

apenas a uma pequena percentagem da distância percorrida, mas, tratando-se das vias principais da

rede de Lisboa e dos períodos de tráfego mais intenso, a redução no congestionamento proporciona

benefícios (nomeadamente de tempo) que poderiam ser quantificáveis mas que não foram aqui

considerados. O impacte significativo da ISA na segurança, já referido, pode sugerir a sua

implementação em zonas urbanas, apesar do aumento no consumo de combustíveis que daí

resultaria.

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4. Conclusões As tecnologias inteligentes aplicadas à condução surgem como uma forma de fomentar alterações

comportamentais nos condutores e a prática da eco-condução. Através da revisão da literatura, foram

encontrados sistemas com diferentes graus de definição e de implementação no mercado; a maioria

dos sistemas estudados já se encontra disponível em vários modelos, mas foram raros os que

surgiam como opção para todas as gamas. Alguns sistemas são ou vão passar a ser tornados

obrigatórios por imposição de legislação europeia, como, por exemplo, os indicadores de mudança de

velocidade.

De forma a perceber qual o potencial de aceitação por parte dos utilizadores de tecnologias

inteligentes aplicadas à condução foi efetuado um inquérito, no qual os respondentes declararam a

prática frequente ou ocasional da eco-condução e uma abertura variável, mas em geral significativa, a

uma maior utilização de outros modos de transporte. O diferente grau de implementação dos diversos

sistemas no mercado traduziu-se também em diferentes familiaridades por parte dos respondentes

com os sistemas, mas em geral este tipo de tecnologias já vai sendo conhecido da população. Mais

de 35% dos respondentes afirmou ter uma elevada disponibilidade para aceitar o uso de tecnologias

inteligentes aplicadas à condução, enquanto a disponibilidade para pagar por elas era elevada para

apenas cerca de 10% dos respondentes. Em geral, as tecnologias que interferem mais com o ato de

condução apresentaram aceitações menores, enquanto as que se limitam a apoiar ou avisar os

condutores foram mais bem avaliadas.

Certas características dos respondentes, avaliadas através das respostas ao inquérito, influenciam

estas disponibilidades para aceitar e para pagar. Os condutores que já praticam a eco-condução e

são a priori mais sensíveis os aspetos ambientais da condução apresentaram maiores

disponibilidades, assim como os que utilizam sobretudo vias extra-urbanas, possuem veículos mais

recentes e têm maior idade. A disponibilidade para pagar é também superior para quem percorre

mais quilómetros. As características dos respondentes também afetam as categorias de tecnologias

às quais têm mais recetividade, sobretudo para as variáveis género (tecnologias que apoiem ou

alertem o condutor preferidas pelos homens, que tomem decisões ou limitem o comportamento do

condutor preferidas pelas mulheres) e idade (preferências distintas para as três categorias utilizadas

neste trabalho).

A partir da caracterização da situação atual de consumo de combustível do parque automóvel ligeiro

da AML efetuada através da realização de simulações com o software Copert, dos efeitos de cinco

sistemas escolhidos obtidos através da revisão de literatura e das disponibilidades declaradas pelos

respondentes ao inquérito, foram avaliadas as consequências a nível de redução de consumo de

combustível da introdução desses sistemas na frota, em termos absolutos e de eficiência em relação

ao seu custo. Os resultados indicam que a adoção por parte dos condutores de um indicador de eco-

condução, que lhes permitisse monitorizar o seu comportamento e ajustá-lo em função disso, seria a

opção com maior efeito absoluto e relativo, permitindo uma redução anual no consumo de 71 kton, ou

5%, com um custo relativamente reduzido de 0,07€ por MJ de energia poupada, mas que outros

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sistemas, como o ACC ou a ISA, teriam efeitos igualmente significativos caso fossem utilizados, esta

última com uma redução de 50 kton de combustível e um custo de 0,14€/MJ. Outro resultado também

digno de nota é o efeito contra-producente, no que toca à redução do consumo de combustível e

emissões de poluentes, da aplicação de ISA também às vias urbanas.

Sumarizando, foi possível efetuar uma avaliação do potencial de aceitação de TICs aplicadas à

condução e respectiva caracterização de utilizadores. Tal permitiu a quantificação dos impactes

energéticos, ambientais e económicos de cenários de introdução deste tipo de tecnologias na

sociedade, no contexto da AML.

!

4.1 Trabalho futuro A utilização da influência das características do respondente na disponibilidade para aceitar e para

pagar poderá permitir uma simulação da penetração das tecnologias no parque automóvel mais

específica. Separando a população de acordo com a caracterização aqui efetuada, quantificando,

para cada grupo assim obtido, a população, as características, e a recetividade ao uso de TIC

aplicadas à condução influenciada por essas características, de acordo com os resultados obtidos

nas secções 3.1.2 e 3.1.4, seria possível desenhar cenários mais precisos e diferenciados para a

aceitação destes sistemas. Procurando também encontrar eventuais relações entre essas mesmas

características demográficas utilizadas para a separação da população em grupos e os hábitos de

condução (distância percorrida, tipo de vias utilizadas, prática da eco-condução), os efeitos das

tecnologias poderiam, também eles, ser avaliados com maior detalhe. Nem todas as variáveis

influiriam nos hábitos de condução e na disponibilidade para aceitar ou pagar; no entanto, dividindo a

população em grupos com características definidas por essas variáveis e determinando, para cada

grupo, a percentagem na população da AML, a disponibilidade para aceitar e pagar por estes

sistemas (a montante) e os hábitos de condução (a jusante) seria possível obter cenários mais

detalhados e capazes de representar com maior acuidade e realismo os efeitos da introdução destas

tecnologias no parque automóvel. No entanto, tal só faria sentido com uma amostragem com uma

representatividade mais elevada, que não estivesse sujeita aos enviesamentos aqui patentes.

No que toca ao inquérito efetuado, surgem também possibilidades futuras de desenvolvimento da

metodologia empregue neste trabalho. O facto de as perguntas sobre as disponibilidades para aceitar

e pagar pelo uso de tecnologias inteligentes aplicadas à condução passar a ser feita referindo-se a

sistemas específicos e não às tecnologias categorizadas por modo de ação avaliaria a opinião da

população em relação a cada um dos que viessem a ser alvo de estudo subsequente, permitindo

assim a obtenção de resultados mais precisos para esses sistemas. A utilização de outras formas de

inquérito, para além do inquérito online, seria uma forma de abranger também classes da população

que se encontraram aqui sub-representadas, nomeadamente os idosos e as pessoas com menor

grau de escolaridade. A inclusão de respondentes que não fossem unicamente condutores privados

permitiria avaliar a opinião desses stakeholders que, por poderem tender a conduzir maiores

distâncias, têm uma importância que deve ser considerada. A inclusão de veículos pesados, que não

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foi contemplada neste trabalho, seria igualmente importante, pela percentagem importante de

consumo de combustível e emissões pelas quais a condução destes veículos é responsável, pela

importância económica que a redução desse consumo representa para o setor e por as próprias

tecnologias aplicadas à condução para os veículos pesados terem especificidades que não foram

aqui tidas em conta (por exemplo, o seletor de mudanças que utiliza informação topográfica sobre o

percurso).

No tratamento das respostas ao inquérito, a aplicação de um tratamento estatístico mais aprofundado

também poderia dar origem a resultados mais completos e mais precisos, permitindo encontrar

diferentes associações entre variáveis, de forma a permitir uma melhor compreensão dos fatores que

afetam não só a aceitação de ADAS como os restantes aspetos associados à mobilidade

contemplados no inquérito.

A metodologia utilizada para a quantificação de consumo e emissões e potencial de redução pode

igualmente vir a ser desenvolvida em vários pontos. Este trabalho baseou-se na assunção de que as

frotas de ligeiros de Portugal e da AML são idênticas, tanto na composição como na distribuição de

idades, o que pode não se verificar; os dados relativos aos hábitos de condução tão-pouco

distinguiam entre AML e restante enquadramento geográfico. No mesmo campo, também os valores

utilizados neste trabalho para a quantificação dos efeitos das TIC aplicadas à condução foram

bastante aproximativos, carecendo este campo de algum desenvolvimento e sistematização. Os

efeitos da aplicação dum dispositivo de eco-condução, em particular, poderão ser alvo de uma

quantificação mais exaustiva que contemple diferentes condutores e situações, por ser, como foi

visto, o sistema mais eficaz, tanto em termos absolutos como relativos. Para o ACC ou o GSI, os

valores disponíveis eram escassos, apoiando-se mais em simulações computorizadas do que na

análise de condutores reais. Para todos estes sistemas, mas em particular no caso da ISA, a

transposição dos dados já existentes para a realidade portuguesa não pôde considerar as diferenças

existentes na tipologia das vias, nos hábitos de condução ou nos comportamentos e atitudes tidos

pelos condutores, que podem resultar em efeitos diferentes aquando da aplicação de ADAS. Os

dados referentes aos efeitos da aplicação destes sistemas nas emissões de poluentes são ainda

mais escassos, pelo que esses efeitos não foram quantificados no âmbito deste trabalho, sendo esse

outro possível domínio de trabalho futuro nesta área.

Finalmente, visto que, por obrigatoriedade ou opção, a presença de TIC aplicadas à condução nos

veículos novos vai aumentando, as atitudes dos condutores face a elas vão-se igualmente alterando.

Aumentando a familiaridade dos condutores com estes sistemas e os seus benefícios, poderá haver

uma utilização deles cada vez maior, a nível individual, que se traduza posteriormente numa maior

recetividade por parte do condutor e que se transmita para além dele. Além disso, os efeitos da sua

utilização poderão começar a ser notórios, traduzindo-se em alterações comportamentais nos

condutores em geral (pelos próprios veículos equipados ou por interações entre eles e os veículos

não-equipados, como foi referido a título de exemplo para o ACC). Estes dois fenómenos associados,

de alteração da recetividade e efeitos na condução, poderão também vir a ser progressivamente

avaliados, de forma a continuar a estudar os efeitos da utilização de TIC aplicadas à condução.

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ANEXOS Anexo A Seguem-se o texto introdutório e a lista de perguntas incluídas no inquérito; as opções de resposta foram incluídas nos casos onde a sua inclusão é necessária à compreensão das respetivas perguntas.

Inquérito - Potencial de aceitação de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) a bordo do veículo

As tecnologias de informação e comunicação (TIC) são já muitos utilizadas nos dias de hoje em diversos campos da sociedade, como por exemplo nas aplicações de telemóveis. A sua aplicação ao serviço dos transportes encontra-se em crescimento, com o desenvolvimento de novos dispositivos e aplicações. Este inquérito tem como principal objectivo compreender a aceitação de tecnologias de informação e comunicação (TIC) ao serviço dos transportes. O inquérito levará cerca de 10 minutos a ser preenchido. 1. Género 2. Idade 3. Habilitações literárias 4. Estado civil 5. Quantas pessoas tem o seu agregado familiar? 6. Quantos menores de 18 anos tem no seu agregado familiar? 7. Qual o rendimento anual do seu agregado familiar? 8. Qual o seu concelho de residência? 9. Qual o concelho em que trabalha? 10. Utiliza mensalmente um passe de transporte público? 11. Anos com carta de condução 12. Números de carros no seu agregado familiar. 13. Tipologia do veículo do agregado familiar que utiliza habitualmente para as suas deslocações

(veículo habitual): Citadino (ex. Fiat 500, Renault Twingo); Utilitário (ex. Renault Clio); Pequeno familiar (ex. Ford Focus); Grande Familiar (ex. Volkswagen Passat); Luxo (ex. BMW Série 5 ou acima); Todo-o-Terreno; Pequeno Monovolume (ex. Renault Scénic); Grande Monovolume (ex. Citroen C4 Picasso); Outro (especifique)

14. Ano de matrícula do seu veículo habitual. 15. Tipo de tecnologia do seu veículo habitual. 16. Cilindrada do seu veículo habitual. 17. Quantos dias por semana utiliza o seu veículo habitual? 18. Quando utiliza o seu veículo habitual, em média quantas viagens faz por dia? 19. Quais as três principais finalidades das suas deslocações diárias com o seu veículo habitual?

Casa-trabalho ou casa-escola-trabalho; Desempenho de atividade profissional; Compras; Atividades pessoais (p.e. ginásio); Atividades sociais (p.e. encontrar um amigo); Saúde (p.e. consultas); Lazer (p.e. passeios); Outro (especifique).

20. Que distância percorre em média (ida e volta) nas suas deslocações? 21. Em que tipo de via faz maioritariamente as suas deslocações? Urbanas (ex. dentro da cidade);

Extra-urbanas (ex. auto-estrada, vias rápidas); Misto (ex. combinação das opções anteriores). 22. Com que frequência realiza viagens ocasionais de longa duração (comparativamente ao dia-a-

dia) e qual a distância média percorrida (incluindo ida e volta)?

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23. Com que periodicidade troca de veículo? 24. Classifique os factores que considera importantes na aquisição de um novo veículo: Preço;

Consumo de combustível; Impacte ambiental; Segurança; Potência/prestação; Dispositivos a bordo; Estética; Espaço interior; Status/imagem; Semelhança ao veículo atual; Outro (especifique).

25. Com que regularidade utiliza outros modos de transporte? Transporte público (p.e. metro, autocarro); A pé ou bicicleta; Motociclo

26. Estaria disposto a substituir a utilização do seu veículo por transportes públicos? 27. Com que regularidade estaria disposto a substituir a utilização do seu veículo por outros modos

de transporte? 28. Estaria disposto a utilizar soluções alternativas de transportes? Bike-sharing (sistema de partilha

de bicicletas); Car-sharing (sistema de partilha de veículos); Car-pooling (sistema de boleias partilhadas); Outro (especifique)

29. O seu veículo tem computador de bordo? 30. Classifique qual a informação transmitida pelo computador de bordo que considera importante:

Autonomia; Consumo instantâneo; Consumo médio; Velocidade média; Outro (especifique) 31. Indique com que frequência pratica os seguintes comportamentos: eco-condução (conjunto

comportamentos que permitem conduzir de forma mais eficiente); excesso de velocidade; condução agressiva/desportiva

32. Estaria disposto a utilizar tecnologias de informação e comunicação (TIC) ao serviço dos transportes com as seguintes funções? Apoiar a decisão do condutor (p.e. informações sobre congestionamento ou eco-condução); Alertar o condutor para um determinado comportamento (p.e. sinal sonoro em caso de excesso de velocidade); Tomar decisões pelo condutor (p.e. cruise control); Limitar o comportamento do condutor (p.e. limitação automática da velocidade máxima); Registar comportamentos do condutor para posterior avaliação (p.e. excesso de velocidade, acelerações bruscas).

33. Caracterize a sua utilização das seguintes tecnologias específicas: Sistema de navegação (p.e. GPS); Cruise control (controla a velocidade do veículo automaticamente); Cruise control adaptativo (controla a velocidade, o sistema de travagem e a distância ao veículo da frente); Alerta de excesso de velocidade; Câmaras/sensores de estacionamento; Aplicações de smartphone (p.e. informação de congestionamento; consumo combustível); Aplicações de GPS (p.e. informações das condições das vias de circulação); Dispositivos a bordo de monitorização da condução (p.e. registo da operação do motor); Ferramentas de monitorização/apoio e feedback à condução; Outro (especifique).

34. Estaria disposto a pagar por uma tecnologia de informação e comunicação (TIC) ao serviço dos transportes sabendo que estas apresentam vantagens nos seguintes sectores? Diminuição do consumo do veículo; Aumento da segurança rodoviária tipicamente (p.e. redução do número de acidentes rodoviários); Diminuição dos prémios dos seguros.

35. Classifique os tipos de tecnologias pelos quais estaria mais disposto a pagar: Apoiar a decisão do condutor (p.e. informações sobre congestionamento ou eco-condução); Alertar o condutor para um determinado comportamento (p.e. sinal sonoro em caso de excesso de velocidade); Tomar decisões pelo condutor (p.e. cruise control); Limitar o comportamento do condutor (p.e. limitação automática da velocidade máxima); Registar comportamentos do condutor para posterior avaliação (p.e. excesso de velocidade, acelerações bruscas).

36. Quanto estaria disposto a pagar pelos seguintes tipos de tecnologias de informação e comunicação? (escolha somente uma das opções entre mensalmente, anualmente ou uma única vez)

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Anexo B Fórmulas para a obtenção da quilometragem anual dos veículos em Portugal, de acordo com a idade

do veículo, por classes de cilindrada e consoante o seu combustível (Agência Portuguesa do

Ambiente, 2013)!

Classe de veículo Sub-classe Função distância anual (km/ano) Parâmetros

Ligeiros de passageiros

Gasolina <1,4 l !" !"# = !2! + ! (!1 − !2)1 + !"#"$

!!!

A1 = 11059

A2 = -2885,1

x0 = 23,288

p = 2,5668

Gasolina 1,4 – 2,0 l !" !"# =!!! + !×!!!,!×!"#"$!!!

!!

y0 = 13010

xc = 26,659

w = 8,6353

A = -8623,9

Gasolina >2,0 l !" !"# = !2! + ! (!1 − !2)1 + !"#"$

!!!

A1 = 13355

A2 = 737,09

x0 = 19,692

p = 2,4209

Gasóleo <2,0 l !" !"# = !2! + ! (!1 − !2)1 + !"#"$

!!!

A1 = 19241

A2 = 6603,9

x0 = 17,456

p = 2,5370

Gasóleo >2,0 l !" !"# = !2! + ! (!1 − !2)1 + !"#"$

!!!

A1 = 20446

A2 = 6603,9

x0 = 14,258

p = 3,2505

Comerciais ligeiros Gasóleo <3,5t !" !"# = !2! + ! (!1 − !2)1 + !"#"$

!!!

A1 = 20800

A2 = 2597,4

x0 = 15,443

p = 2,3259

#

Page 96: Mercado potencial de TIC no sector dos transportes ......em Portugal, de 1990 a 2010 (Eurostat, 2012) .....2 Figura 4 — Número de mortes provocadas por acidentes rodoviários por

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Anexo C Emissões de COV + NOx (g/km) calculadas no Copert e comparação com os limites impostos pelas

normas Euro

Setor Subsetor Tecnologia Emissões COV +

NOx (g/km)

Limite norma

Euro (g/km)

Ligeiros de

passageiros

Gasolina < 1,4 l

ECE 15/04 5,20 — Euro 1 1,38 0,97 Euro 2 0,73 0,7 Euro 3 0,33 — Euro 4 0,20 —

Gasolina 1,4 - 2,0 l

ECE 15/04 6,01 — Euro 1 1,22 0,97 Euro 2 0,63 0,7 Euro 3 0,30 — Euro 4 0,19 —

Gasolina > 2,0 l

ECE 15/04 6,57 — Euro 1 1,10 0,97 Euro 2 0,55 0,7 Euro 3 0,26 — Euro 4 0,16 —

Gasóleo < 2,0 l

Convencional 0,75 — Euro 1 0,80 0,97 Euro 2 0,82 0,7 Euro 3 0,86 0,56 Euro 4 0,70 0,3

Gasóleo > 2,0 l

Convencional 1,11 — Euro 1 0,82 0,97 Euro 2 0,88 0,7 Euro 3 0,87 0,56 Euro 4 0,70 0,3

Comerciais

ligeiros Gasóleo < 3,5 t

Convencional 2,24 — Euro 1 1,57 1,37 Euro 2 1,57 0,98 Euro 3 1,28 0,72 Euro 4 1,00 0,39

Page 97: Mercado potencial de TIC no sector dos transportes ......em Portugal, de 1990 a 2010 (Eurostat, 2012) .....2 Figura 4 — Número de mortes provocadas por acidentes rodoviários por

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Anexo D Emissões de partículas (PM) (mg/km) calculadas no Copert e comparação com os limites impostos

pelas normas Euro para os veículos a gasóleo

Setor Subsetor Tecnologia Emissões PM (mg/km)

Limite norma Euro (mg/km)

Ligeiros de passageiros

Gasóleo < 2,0 l

Convencional 258 — Euro 1 127 140 Euro 2 74 80 Euro 3 61 50 Euro 4 44 25

Gasóleo > 2,0 l

Convencional 258 — Euro 1 127 140 Euro 2 74 80 Euro 3 61 50 Euro 4 44 25

Comerciais ligeiros

Gasóleo < 3,5 t

Convencional 390 — Euro 1 191 190 Euro 2 191 120 Euro 3 133 70 Euro 4 78 40