Mercedes reorganiza produção -...

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Página 1 Boletim 624/14 – Ano VI – 09/10/2014 Mercedes reorganiza produção Por Eduardo Laguna | De São Paulo A Mercedes-Benz está preparando a reorganização de seu parque industrial no país, num processo que, segundo informações de sindicato, levará ao fim da produção de caminhões na fábrica de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e a transferência das linhas para o ABC paulista. A montadora só deve se manifestar sobre o assunto amanhã. Após se reunir com a direção de recursos humanos da empresa na terça-feira, o sindicato dos metalúrgicos de Juiz de Fora publicou nota informando que a produção do caminhão leve Accelo na fábrica mineira será encerrada em 2016, enquanto o extrapesado Actros deixará de ser fabricado no local em 2018. Ambos os modelos, diz o sindicato, passarão a ser produzidos no parque industrial de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde a Mercedes acaba de fechar acordo trabalhista para tornar viáveis novos investimentos. Os aportes a serem feitos na fábrica do ABC seriam da ordem de € 1 bilhão. Desde esse anúncio, os trabalhadores de Juiz de Fora interromperam a produção e protestaram contra a perda de linhas para o ABC. De acordo com o sindicato, a fábrica de Juiz de Fora, uma das mais modernas do país e que recebeu investimentos de R$ 450 milhões para produzir caminhões, passará a fabricar apenas cabines para abastecer as linhas de produção do complexo industrial paulista. A fábrica da Mercedes em Minas foi construída para produzir automóveis da marca - o Classe A foi montado nessa unidade entre 1999 e 2005 -, mas depois passou por adaptações para fabricar até mesmo os caminhões mais pesados da montadora. O sindicato de Juiz de Fora diz que o plano da montadora é manter ativos setores que empregam apenas 300 funcionários, menos da metade dos 750 empregados da fábrica. Em agosto, em meio à crise da indústria de veículos, a Mercedes já tinha afastado 158 operários das linhas de Juiz de Fora com a suspensão dos contratos de trabalho em regime de layoff - no qual os trabalhadores ficam em casa por até cinco meses.

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Boletim 624/14 – Ano VI – 09/10/2014

Mercedes reorganiza produção Por Eduardo Laguna | De São Paulo A Mercedes-Benz está preparando a reorganização de seu parque industrial no país, num processo que, segundo informações de sindicato, levará ao fim da produção de caminhões na fábrica de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e a transferência das linhas para o ABC paulista.

A montadora só deve se manifestar sobre o assunto amanhã.

Após se reunir com a direção de recursos humanos da empresa na terça-feira, o sindicato dos metalúrgicos de Juiz de Fora publicou nota informando que a produção do caminhão leve Accelo na fábrica mineira será encerrada em 2016, enquanto o extrapesado Actros deixará de ser fabricado no local em 2018.

Ambos os modelos, diz o sindicato, passarão a ser produzidos no parque industrial de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde a Mercedes acaba de fechar acordo trabalhista para tornar viáveis novos investimentos. Os aportes a serem feitos na fábrica do ABC seriam da ordem de € 1 bilhão.

Desde esse anúncio, os trabalhadores de Juiz de Fora interromperam a produção e protestaram contra a perda de linhas para o ABC.

De acordo com o sindicato, a fábrica de Juiz de Fora, uma das mais modernas do país e que recebeu investimentos de R$ 450 milhões para produzir caminhões, passará a fabricar apenas cabines para abastecer as linhas de produção do complexo industrial paulista.

A fábrica da Mercedes em Minas foi construída para produzir automóveis da marca - o Classe A foi montado nessa unidade entre 1999 e 2005 -, mas depois passou por adaptações para fabricar até mesmo os caminhões mais pesados da montadora.

O sindicato de Juiz de Fora diz que o plano da montadora é manter ativos setores que empregam apenas 300 funcionários, menos da metade dos 750 empregados da fábrica.

Em agosto, em meio à crise da indústria de veículos, a Mercedes já tinha afastado 158 operários das linhas de Juiz de Fora com a suspensão dos contratos de trabalho em regime de layoff - no qual os trabalhadores ficam em casa por até cinco meses.

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Tanto em Juiz de Fora como na fábrica de São Bernardo, a Mercedes adotou nos últimos meses medidas como licença remunerada, férias coletivas e semana curta, com um dia a menos de trabalho, para adequar o ritmo de produção à queda no consumo interno e das exportações à Argentina.

Em busca de competitividade, a montadora já havia confirmado que vinha estudando a possibilidade de readequação das linhas de produção para melhorar as "sinergias" entre suas operações no país.

Entre janeiro e setembro, as vendas de caminhões da Mercedes caíram 9%, menos do que a queda de 14% registrada por todo o mercado no período.

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Protestos na Embraer Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) realizou ontem um protesto em

uma das fábricas da Embraer contra a proposta da empresa de conceder 6,6% de reajuste

salarial. A Embraer informou que as negociações são coordenadas pela Fiesp e que,

embora ainda não tenha havido acordo, antecipou um reajustou de 5,30% em setembro.

(Fonte: Valor Econômico dia 09-10-2014).

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Novo Congresso poderá mudar lei trabalhista Bancada empresarial, que tem como pauta a reforma t rabalhista, deverá crescer, incluindo integrantes da bancada ruralista, enquanto bloco si ndicalista foi reduzido à metade Abnor Gondim BRASÍLIA - O aumento da bancada empresarial e a redução no bloco sindicalista na Câmara dos Deputados podem favorecer uma reforma trabalhista na próxima legislatura, de acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) .

Para o deputado federal reeleito e empresário, Alfredo Kaefer (PSDB-PR), também um eventual governo do presidenciável tucano Aécio Neves (MG), a bancada empresarial no Congresso vai consolidar o aumento alcançado nas eleições e terá mais força para aprovar a flexibilização das regras trabalhistas.

A previsão foi feita ontem ao DCI pelo deputado, um dos expoentes da bancada ruralista e detentor do maior patrimônio declarado entre os candidatos à Câmara Federal ao Supremo Tribunal Eleitoral - R$ 108 milhões. "Não iremos precisar nem do PT e do PMDB para aprovar essas mudanças, com o presidente Aécio Neves", afirmou. "Tem que mudar a CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas], o acordo coletivo de trabalho e aprovar a terceirização, sem mover nas cláusulas pétreas que asseguram os direitos dos trabalhadores."

O parlamentar destacou que, apesar do crescimento esperado da bancada empresarial e redução do bloco de sindicalistas, a aprovação de avanços defendidos por entidades empresariais "depende mais do próximo governo".

Kaefer afirmou ainda que o governo e a base aliada impediram a aprovação de proposta que permite a terceirização para todas atividades das empresas e não somente para atividades-fim, conforme estabeleceu Justiça trabalhista. Kaefer participou de reunião promovida ontem em Brasília por Aécio.

De acordo com a declaração de bens, Kaefer tem R$ 108,5 milhões divididos principalmente em créditos da venda de ações e em cotas de empresas de seguro e de previdência privada, do frigorífico Diplomata e dos jornais Hoje e O Paraná (RCK Comunicações), de Cascavel, no oeste do estado. "Essa declaração está desatualizada. Como parlamentar, perdi quase a metade", disse.

Previsão semelhante foi manifestada ontem ao jornal pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que é patrocinado por entidades sindicais de trabalhadores.

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Para o Diap, há a ameaça de que esse avanço dos empresários no parlamento signifique perda de direitos trabalhistas. O Diap fez levantamento preliminar que aponta 190 integrantes da bancada empresarial no Congresso. Há, porém, projeção que a conclusão do levantamento em novembro vai apontar que bancada empresarial no Senado e na Câmara passará dos atuais 246 para 250 integrantes. Em contrapartida, haverá redução quase à metade do número do bloco sindical - de 83 para 47.

Para Marcos Verlaine, assessor parlamentar do Diap, há maior ameaça aos direitos trabalhistas, principalmente se houver a eleição do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que disputa o segundo turno com a presidente Dilma Rousseff. "As pressões para flexibilização das leis trabalhistas não ocorreram este ano por conta da mobilização das centrais sindicais que impediram a votação de matéria que estabelece a expansão da terceirização para todas as atividades das empresas", disse o assessor.

Já o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) defendeu a inclusão no programa de governo de Aécio da atual política de reajuste anual do salário mínimo com base no crescimento da economia.

Funcionários da Embraer podem fazer greve São Paulo - Metalúrgicos da Embraer no distrito de Eugênio de Melo, em São José dos Campos (SP), rejeitaram ontem uma proposta de reajuste de 6,6% da empresa. Eles também aprovaram aviso de greve. Os funcionários protestaram e reivindicam aumento mínimo de 10%. Cerca de mil trabalhadores da produção e administrativo atrasaram a entrada em mais de três horas, de acordo com comunicado do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região. Há cerca de duas semanas os trabalhadores da Embraer já haviam rejeitado a proposta de 5,35% oferecida pela empresa. "Não podemos nos esquecer que a Embraer é amplamente beneficiada pelos incentivos fiscais do governo e pelos financiamentos pelo BNDES", afirmou, em nota, o sindicalista Herbert Claros.

Na assembleia de ontem, os trabalhadores aprovaram a exigência de que o sindicato participe de reunião do conselho de administração da empresa, no dia 17, para que sejam discutidas as reivindicações. Procurada, a Embraer afirmou que está negociando e respeita o direito à manifestação dos colaboradores. "Contudo, reprova e lamenta os fatos que vem se repetindo desde a campanha salarial do ano passado, com o sindicato cerceando o direito constitucional de ir e vir dos empregados, impedindo o acesso ao local de trabalho", conforme nota enviada ao DCI.

(Fonte: DCI dia 09-10-2014).

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Inflação em 12 meses ganha força e salta para o mai or nível em 3 anos IPCA acumulado avançou para 6,75% no último mês e f icou mais distante do teto da meta; índice mensal variou 0,57% em relação a agost o, principalmente por causa da alta dos preços de alimentos A inflação em 12 meses no Brasil se distanciou ainda mais acima do teto da meta do governo, de 6,50%, em setembro - divulgou nesta quarta-feira, 8, o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). O ritmo anual de alta dos preços da economia foi de 6,75% no período - o maior nível desde outubro de 2011. No mês, em relação a agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 0,57%. O resultado ficou acima do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, serviço da Agência Estado que iam de uma taxa de 0,42% a 0,50%, com mediana de 0,48%. Na última medição, a inflação mensal havia sido de 0,25%. Em 12 meses, o IPCA apontava alta de 6,51%. O setor de Alimentos e Bebidas, após três baixas consecutivas, subiu 0,78% em setembro em relação a agosto. Com impacto de 0,19 ponto porcentual, foi o principal responsável pela alta média dos preços. O produto "vilão" da vez é a carne, com 0,08 ponto porcentual de peso. O preço do quilo do alimento ficou, na média, 3,17% mais caro. Isoladamente, o alimento que ficou mais caro foi a cebola: 10,17%. O segundo segmento de maior importância na alta do IPCA foi Transportes, cujo avanço foi de 0,63% no mesmo período. O preço das passagens aéreas foi responsável por 0,07 ponto porcentual dessa alta. A inflação ligado a carros teve também alguma relevância, com alta de 1,35% nos custos de consertos de automóveis e de 0,76% na compra de autos novos. Serviços. A inflação de serviços ficou em 0,77% em setembro. Em agosto, a alta havia sido de 0,59%. "Os serviços aceleraram na passagem de agosto para setembro, influenciados pelas passagens aéreas, que subiram, e pelo fim da ajuda dos hotéis, que ajudaram a conter a taxa em agosto", explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. Fora as passagens aéreas, como dito acima, os preços das diárias em hotéis registraram alta de 0,81% em setembro, após a forte queda de agosto, de 10,13%. Segundo Eulina, os recentes aumentos de preços nas passagens aéreas podem ser uma recuperação das reduções verificadas na época da Copa, quando houve menor demanda por voos. "Provavelmente eles estão recuperando aquele momento lá", avaliou. Em 12 meses até setembro, a alta nos preços dos serviços ficou em 8,58%, acima da taxa de 6,75% registrada pelo IPCA no período.

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Mercedes deve deixar de produzir caminhões em MG CLEIDE SILVA - O ESTADO DE S.PAULO Empresa pretende concentrar linha de montagem em São Bernardo (SP), segundo sindicato mineiro, que teme demissões A Mercedes-Benz do Brasil deve deixar de produzir caminhões na fábrica de Juiz de Fora (MG) e concentrar a linha de montagem desses produtos em São Bernardo do Campo (SP). Para isso, o grupo estuda investir cerca de 1 bilhão (R$ 3 bilhões) por quatro anos a partir de 2015 na unidade do ABC paulista. As informações foram repassadas por diretores da empresa ao Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora, segundo informa o presidente da entidade, João César da Silva. Por temer demissões na fábrica mineira, os funcionários locais paralisaram as atividades na terça-feira e prometem manter a greve se a empresa não suspender a decisão. A Mercedes-Benz informou que estuda uma reformulação de sua produção para tornar seus veículos mais competitivos, mas ainda não tomou uma decisão. Afirmou ainda que não há previsão de cortes de pessoal na fábrica de Juiz de Fora. O grupo também não confirmou o investimento citado por Silva. O sindicalista disse que o plano da Mercedes-Benz é parar de produzir em Minas o caminhão Accelo, de pequeno porte, em 2016, e o Actros, de grande porte, em 2018, e transferir as duas linhas para o ABC. Segundo ele, "Minas ficaria apenas com a produção de cabines e pintura, atividades que não demandam a mão de obra que temos hoje, de 750 funcionários diretos". De acordo com o sindicalista, a linha de cabines da fábrica é uma das mais modernas do grupo, que recentemente adquiriu 52 robôs. "Hoje já produzimos 40 cabines por dia com 13 trabalhadores", disse. "Se ficarmos apenas com essa linha e a de pintura, é certo que vai ter demissões." Outro risco, afirmou ele, é o fechamento da fábrica. O dirigente sindical lembrou ainda que atualmente há 166 funcionários em lay-off (suspensão por cinco meses dos contratos de trabalho).

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Ajuda. Na manhã de ontem, após decidir em assembleia pela manutenção da greve decretada na tarde de terça-feira, os trabalhadores da Mercedes saíram em passeata até a Câmara Municipal e pediram ajuda dos vereadores para interceder junto à direção da Mercedes. O sindicato também pediu apoio ao governador eleito de Minas, Fernando Pimentel (PT). A deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), reeleita ao cargo no domingo, também foi acionada em Brasília para falar com o ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges. "A empresa afirmou que não vai ter demissões, mas não quis assinar um acordo dando essa garantia", informou Silva. No fim de setembro, em uma assembleia realizada na fábrica de São Bernardo, o investimento e a transferência da produção do Accelo e do Actros foram apresentados aos trabalhadores como parte de um acordo que está para ser assinado entre a Mercedes e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Nenhum dos dois lados quis comentar o assunto ontem. Dificuldades. A Mercedes-Benz enfrenta dificuldades no País em razão de excedente de pessoal especialmente na fábrica do ABC paulista. O quadro se complicou ainda mais com a queda das vendas de caminhões e ônibus no mercado brasileiro e redução das exportações para a Argentina, seu principal cliente externo. Desde o primeiro trimestre, já adotou diversas medidas para reduzir a produção, como semana curta de trabalho, férias coletivas, programa de demissão voluntária (PDV) e lay-off. Hoje, além dos 166 funcionários de Juiz de Fora, 1,2 mil trabalhadores de São Bernardo estão em lay-off. A volta desse grupo, prevista para novembro, dever ser adiada por mais cinco meses. (Fonte: Estado SP dia 09-10-2014).

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