Metas Terapêuticas Individualizadas
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Metas Terapêuticas Individualizadas 3
Metas TerapêuticasIndividualizadas
L. Capelozza F.
Volume 1
2011
MTI
Capa: Dura984 páginas coloridasDimensão: 23 x 30cm Peso: 4.700g Edição: 1ª Edição Publicado em: 2011 ISBN volume 1: 878-85-88020-62-7 ISBN volume 2: 878-85-88020-63-4
Obra em dois volumes
www.dentalcompras.com.brou pelo fone 44 3031-9818
Metas TerapêuticasIndividualizadas
L. Capelozza F.
© 2011 by Dental Press Editora
Metas Terapêuticas Individualizadas Leopoldino Capelozza Filho
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser publicada sem a autorização expressa da editora.
Editor: Laurindo Zanco FurquimDiretora: Teresa Rodrigues D’Aurea Furquim
Diretor Editoral: Bruno D’Aurea FurquimProdução Editorial: Júnior Bianco / Carlos VenancioProjeto Gráfico: Júnior BiancoCapa: Leopoldino Capelozza Filho / Fabrício Rodrigues / Júnior BiancoDiagramação: Gildásio Oliveira Reis Júnior / Tatiane ComochenaRevisão: Carlos Alexandre Venancio / Ronis Furquim SiqueiraTratamento de Imagens: Andrés Sebastián Pereira de JesusIlustrações 3D: Leandro Mattos VieiraIlustrações das Prescrições: Fabrício RodriguesNormalização / Referências: Janice Lopes CaccereAcervo Digital: Fabrício RodriguesImpressão e acabamento: RR Donnelley
Dental Press EditoraAvenida Euclides da Cunha, 1718 - Zona 05 - 87015-180Fone/Fax: (44) 3031-9818 - Maringá - Paraná - Brasil
www.dentalpress.com.br / [email protected]
C238 Capelozza Filho, Leopoldino Metas terapêuticas individualizadas / Leopoldino Capelozza Filho. -- 1. ed. -- Maringá : Dental Press, 2011 v. 1. ; 464 p. : il
ISBN 978-85-88020-62-7
1. Metas terapêuticas individualizadas. 2. Ortodontia − Protocolo de tratamento. 3. Prescrição Capelozza. I. Título.
CDD 21. ed. 617.643
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Leopoldino Capelozza Filho
Formado pela Faculdade de Odontologia de
Bauru – USP, o Prof. Capelozza completou
seu mestrado em Ortodontia em 1975. Iniciou
sua carreira como fundador e responsável
pelo setor de Ortodontia do Centrinho
(HRAC- USP – Hospital de Reabilitação de
Anomalias Craniofaciais da Universidade de
São Paulo), mantendo atuação como docente
e completando o doutorado em Reabilitação
Oral, área de Periodontia.
No início da década de 1980, acrescentou
às suas atividades a prática da Ortodontia
em clínica particular, desenvolvendo
extensa experiência no tratamento de todas
as doenças tratadas pela especialidade,
incluindo más formações e deformidades
dentoesqueléticas. Além disso, inúmeras
publicações em revistas nacionais e
internacionais, e expressiva participação em
congressos.
Atualmente, o Prof. Capelozza mantém a
prática clínica e a coordenação dos cursos
de especialização em Ortodontia da Profis e
da USC (Universidade do Sagrado Coração –
Bauru-SP).
Autor
Agradecimentos
Escrever é contar histórias, relatar um conto,
descrever um caso. Obrigado a todos que
partilharam comigo essa longa caminhada
na Ortodontia e permitiram que essa história
fosse transcrita aqui.
A Deus, agradeço por ter me dado tempo para
vivê-la e disposição para descrevê-la.
Escrever é um ato solitário. A palavra
escrita não tem sentido enquanto não for
lida. Obrigado pela sua leitura, que pode
transformar esse solitário ato na mais coletiva
das ações.
A Ortodontia é uma parte muito significativa
da minha vida. À minha família, que é a
parte mais importante, o agradecimento pela
compreensão nas ausências provocadas por
essa divisão.
Epígrafe
Nós não devemos passar a vida dizendo a
natureza o que ela tem que fazer. Devemos gastar
nosso tempo tentando entender o que e como
ela faz. Quando ela pode, ela faz melhor. Quando
ela não puder, talvez estejamos preparados para
entender porque e, assim, ajudá-la.
Capítulo 1A flexibilização do conceito de normal .................................... 21
A flexibilização do conceito de normal ....................................................................... 22As seis chaves para uma oclusão “perfeitamente normal”.O normal, mais que o perfeito ................................................................................... 22
As seis chaves para a oclusão “perfeitamente” normal ........................................... 29Chave 1: Relação interarcos ..................................................................................... 29Chave 2: Angulação ................................................................................................... 31
Dentes superiores ................................................................................................ 31Dentes inferiores .................................................................................................. 32
Chave 3: Inclinação ................................................................................................... 32Chave 4 ..................................................................................................................... 33Chave 5 ..................................................................................................................... 33Chave 6 ..................................................................................................................... 34
Justificativas para agregar novos conceitos às seis chaves para a oclusão “perfeitamente” normal .................................................................................. 35
Chave 1: Relação interarcos ...................................................................................... 35Chave 2: Angulação ................................................................................................... 54
Dentes superiores ................................................................................................. 54Dentes inferiores ................................................................................................... 54
Chave 3: inclinação .................................................................................................... 66Chave 4 ...................................................................................................................... 80
Ausência de rotações ........................................................................................... 80Chave 5 ...................................................................................................................... 85
Pontos de contato justos ....................................................................................... 85Pontos ou superfícies de contato justos ............................................................... 85
Chave 6 ...................................................................................................................... 86Curva de Spee ...................................................................................................... 86
S u m á r i o
Capítulo 2Tratamento das más oclusões do Padrão I ..............................89
Metas terapêuticas para o tratamento corretivo das más oclusões do Padrão I ........................................................................................... 91
Posição dos incisivos ................................................................................................. 91Os incisivos superiores em posição ideal ............................................................. 91Aumento na inclinação vestibular dos incisivos superiores .................................. 91Redução na inclinação vestibular dos incisivos superiores .................................. 92
Os incisivos inferiores em posição ideal .................................................................... 92Aumento da inclinação lingual dos incisivos inferiores ......................................... 92Aumento da inclinação vestibular dos incisivos inferiores .................................... 93
Relação molar e relação dos arcos dentários ............................................................ 94Os molares devem apresentar relação Classe I ................................................... 94Os pré-molares superiores apresentam relação de cúspide-ameia com os pré-molares inferiores ............................................................................... 94Os caninos superiores tem uma relação de cúspide ameia entre o canino e o primeiro pré-molar inferior ....................................................... 94Trespasses horizontal e vertical normais .............................................................. 94Protocolos de tratamento ...................................................................................... 95Braquetes .............................................................................................................. 95
Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe I ..................................................... 100
Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe I, em adulto ...................................114
Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe II .................................................... 128
Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe II adulto ........................................ 145
Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe III ................................................... 158
Tratamento da má oclusão do Padrão I, Classe III adulto ....................................... 178
Tratamento da má oclusão do Padrão I, mordida aberta......................................... 193
Tratamento da má oclusão do Padrão I, mordida aberta em adulto....................... 205
Tratamento da má oclusão do Padrão I, sobremordida .......................................... 224
Tratamento da má oclusão do Padrão I, sobremordida, birretrusão em adultos................................................................................................ 240
Capítulo 3Tratamento das más oclusões do Padrão II ......................... 257
Tratamento das más oclusões do Padrão II.............................................................. 259Padrão II, deficiência mandibular ............................................................................. 259
Metas terapêuticas para o tratamento compensatório das más oclusões do Padrão II, deficiência mandibular ......................................... 263
Posição dos incisivos ............................................................................................... 263Os incisivos superiores em posição ideal ou com inclinação vestibular reduzida ............................................................................................. 263Os incisivos inferiores com inclinação vestibular aumentada ............................ 263
Relação molar e relação dos arcos dentários ......................................................... 264Os molares devem apresentar relação Classe I de Angle ................................. 264
Trespasses horizontal e vertical aumentados .......................................................... 265Protocolo de tratamento ...................................................................................... 265
Sequência de construção do aparelho de Herbst .................................................... 268Braquetes ............................................................................................................ 274
Padrão II, deficiência mandibular .............................................................................. 284Tratamento interceptivo na dentadura mista ........................................................... 284 Tratamento compensatório na dentadura permanente jovem .................................. 304
Tratamento compensatório da má oclusão do Padrão II, deficiência mandibular .............................................................................................. 306Tratamento com intenção corretiva na dentadura permanente jovem .................................................................................................... 330
Padrão II, deficiência mandibular em adultos ......................................................... 356
Tratamento compensatório ........................................................................................ 356
Tratamento ortodôntico corretivo cirúrgico ............................................................. 374
Tratamento das más oclusões do Padrão II.............................................................. 394Padrão II, protrusão de maxila ................................................................................. 394Tratamento interceptivo na dentadura mista ............................................................ 394Dentadura permanente jovem Padrão II, protrusão de maxila ................................. 418Tratamento na dentadura permanente jovem ......................................................... 426Tratamento em pacientes fora da fase de crescimento ........................................... 444
Protrusão maxilar ........................................................................................................ 445Tratamento ortodôntico compensatório em adultos ................................................. 445Tratamento ortodôntico corretivo cirúrgico em adultos ............................................ 463
S u m á r i o
Capítulo 4Tratamento das más oclusões do Padrão III .......................... 485
Tratamento das más oclusões do Padrão III ............................................................ 486Padrão III: prognatismo mandibular e/ou deficiência maxilar real ou relativa ..... 487
Metas terapêuticas para o tratamento compensatório das más oclusões do Padrão III ..................................................... 491
Posição dos incisivos ............................................................................................... 491Os incisivos superiores em posição ideal ou com inclinação vestibular aumentada ......................................................................................... 491
Os incisivos inferiores com inclinação lingual aumentada ....................................... 492
Relação molar e relações dos arcos dentários ........................................................ 493Os molares devem apresentar relação Classe I relativa .................................... 493Protocolo de tratamento ...................................................................................... 494Braquetes ............................................................................................................ 495
Padrão III: prognatismo mandibular, deficiência maxilar e/ou deficiência maxilar relativa ........................................................................................ 503
Tratamento interceptivo na dentadura mista ........................................................... 503
Tratamento ortodôntico interceptivo na dentadura mista ...................................... 517
Tratamento ortodôntico compensatório .................................................................. 533
Tratamento ortodôntico compensatório em más oclusões do Padrão III ............. 542
Tratamento ortodôntico das más oclusões do Padrão III em adultos ................. 562Tratamento ortodôntico compensatório em adultos ................................................. 562
Padrão III ...................................................................................................................... 579Tratamento ortodôntico corretivo cirúrgico na dentadurapermanente adulta ................................................................................................... 579
Padrão III, deficiência maxilar .................................................................................... 579
Padrão III ...................................................................................................................... 603Tratamento ortodôntico corretivo cirúrgico na dentadura permanente adulta ................................................................................................... 603
Capítulo 5Tratamento das más oclusões do Padrão Face Longa ...... 639
Tratamento das más oclusões do Padrão Face Longa ........................................... 640
Metas terapêuticas para o tratamento compensatório das más oclusões do Padrão Face Longa ....................................................................... 648
Posição dos incisivos ............................................................................................... 648Os incisivos superiores na posição original ou com inclinação vestibular reduzida .............................................................................................. 648Os incisivos inferiores na posição original .......................................................... 648
Relação molar e relações sagitais dos demais elementos dentários ................... 649Os molares devem apresentar relação Classe I de Andrews ou Classe I de Angle ................................................................................................ 649Trespasses horizontal e vertical diminuídos ............................................................ 650
Protocolo de tratamento ...................................................................................... 650Braquetes ............................................................................................................ 651
Tratamento das más oclusões do Padrão Face Longa ........................................... 654Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Longa ........................ 655
Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Longa ...................... 656Face Longa Moderada ............................................................................................. 656
Face Longa médiaFace média curta e mandíbula com crescimento distal .......................................... 672
Pacientes com evoluções diferentes ........................................................................ 672
Face Longa médiaFace média curta e mandíbula com crescimento distal .......................................... 690
Tratamento ortodôntico compensatório e tratamento ortodôntico corretivo cirúrgico das más oclusões do Padrão Face Longa na dentadura permanente adulta .................................................................................... 733
Tratamento compensatório das más oclusões do Padrão Face Longa em adultos ................................................................................. 734
Face Longa moderada ............................................................................................ 734
Tratamento corretivo cirúrgico das más oclusões do Padrão Face Longa ..................................................................................................... 753
Tratamento corretivo cirúrgico de má oclusão do Padrão Face Longa Classe III .................................................................................... 755
Tratamento corretivo cirúrgico de má oclusão do Padrão Face Longa Classe II ..................................................................................... 783
Face Longa grave ................................................................................................... 783
Capítulo 6Tratamento das más oclusões do Padrão Face Curta ...... 813
Tratamento das más oclusões do Padrão Face Curta ............................................ 814
Metas terapêuticas para o tratamento compensatório das más oclusões do Padrão Face Curta ........................................................................ 822
Posição dos incisivos ............................................................................................... 822Os incisivos superiores com inclinação ideal ou com inclinação vestibular aumentada ......................................................................................... 822Os incisivos inferiores na posição ideal ou com inclinação vestibular ............... 823
Relação molar e relações dos arcos dentários ....................................................... 824Os molares devem apresentar relação Classe I de Andrews ou Classe I de Angle ........................................................................................... 824
Trespasses horizontal e vertical diminuídos ............................................................ 824Protocolo de tratamento ...................................................................................... 825Braquetes ............................................................................................................ 825
Tratamento das más oclusões do Padrão Face Curta ............................................ 832Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Curta ........................ 832
Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Curta moderada..................................................................................... 834
Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Curta (protocolo para primeira fase) ................................................... 852
Tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão Face Curta, severidade média ...................................................................... 859
Tratamento compensatório das más oclusões do Padrão Face Curta ................. 875Face Curta moderada .............................................................................................. 875Face Curta média .................................................................................................... 893
Tratamento compensatório das más oclusões do Padrão Face Curta em adulto ..................................................................................... 916
Face Curta moderada ou média .............................................................................. 916
Tratamento corretivo cirúrgico das más oclusões do Padrão Face Curta ............ 939
Referências ......................................................................................................... 969
Prefácio
Esta obra é, de fato, a obra de uma vida dedicada à Odontologia, em especial à
Ortodontia. Foi em terras brasileiras e num correto e fluido português que Leo-
poldino Capelozza Filho, nosso querido Dino, construiu uma brilhante carreira de
mais de três décadas – e ganhou, sim, o mundo.
O que posso adiantar ao leitor é que a perspicácia deste cientista, repleto de pai-
xão humana, extrapola números, ângulos e planos. Ele defende o mínimo com o
máximo de entrega ao seu trabalho. Nos corredores do Hospital Centrinho-USP
de Bauru, ele admite ter aprendido a olhar o ser humano em suas necessidades
mais peculiares. E é com esse olhar atento e sensível que ele faz e ensina a fazer
seu ofício – comparado aqui à arte da arquitetura. Moderno, inovador, audacio-
so... Capelozza Filho está escrevendo uma história inédita na Ortodontia mun-
dial. E você, de fato, não pode perder esse capítulo da Odontologia.
Para além das qualidades profissionais e de caráter científico, abro um parênte-
se para testemunhar o orgulho sentido por toda a equipe do Centrinho-USP ao
colher os frutos maduros e saudáveis semeados por este que foi o fundador da
área de Ortodontia no nosso Hospital. Daquele rapaz principiante ainda vejo,
com alegria, o desejo pelo novo e a capacidade imensurável de sonhar. Sonhar
e realizar. Exemplo mais palpável está aqui, nesta obra de mais de 900 páginas e
muitos casos – analisados e estudados em profundidade. Resultado também de
uma característica própria do autor: a humildade e a capacidade de compartilhar
conhecimentos. Não é à toa que, ao longo de sua carreira, vem formando cen-
tenas de profissionais, semeando seus conceitos e multiplicando capacidades de
transformar teorias em práticas clínicas absolutamente criativas e eficazes. Com
um orgulho de pai, passo a palavra a Leopoldino Capelozza Filho. Seguramente,
você, leitor, está em boas mãos.
José Alberto de Souza Freitas – Tio Gastão
Superintendente e fundador do HRAC-USP/ Centrinho
Apresentação
Metas Terapêuticas Individualizadas 17
Metas terapêuticas individualizadasA lógica na prática da Ortodontia
Eu pretendo que minha Ortodontia seja mínima. Passei meses pensando em uma
frase para começar esse livro e, depois de achá-la, outro tanto de tempo para me
decidir a usá-la. A decisão foi tomada quando me dei conta de que essa frase exi-
giria explicações que remeteriam ao conteúdo do livro, o que, afinal, é a essência
de uma introdução.
A primeira explicação parece necessária para justificar “minha” Ortodontia. Se-
ria adequado usar esse pronome possessivo, em caráter pessoal, para a Ortodon-
tia, que, sabemos, é de todos? Eu acho que sim. Há muito tempo considero que o
ortodontista deve pensar a Ortodontia como um arquiteto, valorizando a forma
dos arcos dentários e da oclusão, esperando que, com ela preservada, instituída
ou restaurada, a melhor função possível seja estabelecida. No contexto dessa
analogia, o decano dos arquitetos brasileiros, Oscar Niemeyer, afirma, do alto de
sua longa experiência e profícua carreira, que “com o tempo, cada arquiteto deve
ter a sua própria arquitetura”132. Ele a tem, e ela encanta o mundo. Pessoal, sua
arquitetura, que privilegia a linha curva em detrimento da linha reta criada pelo
homem, contrariou axiomas criando formas novas. Sem negligenciar o novo,
mas principalmente com base no velho e conhecido concreto, manejado sob uma
perspectiva própria, fez obras fantásticas compromissadas com a beleza e deter-
minadas a permitir função. Na Arquitetura, função significa permitir morar com
conforto, trabalhar ou circular com eficiência ou, simplesmente, ficar ou estar
com prazer. Na Ortodontia, mastigar adequadamente, comunicar-se através da
fala ou, simplesmente, encantar com o sorriso e beijar com prazer. Longe de ad-
mitir que a Ortodontia permita tanta liberdade para criar, acho razoável admitir
que a experiência de cada profissional interage com sua formação, com a qua-
lidade da informação a que ele tem acesso, e com traços de sua personalidade,
criando perspectivas diferentes que dão caráter pessoal à sua prática. Mudar de
olhar é mudar de fazer. A Ortodontia que eu faço e ensino tem traços pessoais...
Desse modo, permita-me chamá-la de minha.
Metas Terapêuticas Individualizadas18
A outra explicação é absolutamente conceitual. Ortodontia mínima? Minimalista
é a ação baseada no minimalismo. Minimalismo, no dicionário, é a procura de
soluções que requeiram um mínimo de meios ou de esforços84. Esse é o concei-
to primordial da minha Ortodontia. Gosto dele porque é flexível. Não determina
quantidade de esforço ou, pensando em nossa prática clínica, de tratamento. Indi-
ca a opção de fazer o mínimo necessário para a solução do problema. Não impede,
portanto, que um paciente com má oclusão e face desagradável receba indicação
para um tratamento ortodôntico e uma cirurgia facial. Nessa situação, isso é o mí-
nimo que o paciente precisa, e merece, para ter seu problema solucionado. Ou, em
outras palavras: nessa situação, o mínimo é o máximo. Literalmente.
Eu pretendo que minha Ortodontia seja mínima. Para mim, isso é conclusão, depois
de mais de 35 anos de prática clínica, e a possibilidade de observar o pós-tratamento
de longo prazo de muitos pacientes. Para você, talvez possa ser também, mas é mais
provável que seja, como foi um dia para mim, apenas uma hipótese, aventada por
essa tentativa de explicação para esse conceito. Escrevi acima que a explicação exi-
gida pela “minha Ortodontia” e seu caráter “minimalista” remeteria ao conteúdo do
livro. É isso. Esse livro tem a intenção de conter informação capaz de transformar
em conclusão a hipótese que, nesse momento, esse conceito é para você.
Para mudar o fazer é preciso mudar o olhar. Mudar o olhar mudando conceitos.
Mudança conceitual determinando necessidades atendidas pela evolução tecno-
lógica. Metas terapêuticas individualizadas que considerem o que realmente é
preciso fazer. Fazer acontecer o que não aconteceu, o que não foi feito. Fazer o
que o paciente pode manter. Fazer de maneira melhor, mais fácil, mais rápida e
mais confortável.
Pretensão? Talvez sim. Mas o que seria de nós se não buscássemos mais. Preten-
são? Talvez não. Essa palavra não combina com Ortodontia mínima. Pretensão
pode ter sido a marca do passado recente da Ortodontia, ao tentar dar, a todos os
pacientes, tratamentos parecidos, elegendo metas terapêuticas com base em indi-
víduos normais e suas oclusões ótimas, e desenhando, para todos, protocolos de
contenção similares.
Mudar o que era normal individual, ou seja, querer mais que o ideal. Pretensão!
Metas Terapêuticas Individualizadas 19
Fazer aquilo que não era esperado que acontecesse, ou seja, contrariar a morfo-
logia determinada pela genética. Pretensão! Acompanhar os pós-tratamentos com
as mesmas atitudes clínicas e previsão de estabilidade. Pretensão!
Pretensão, mas perdoável, num passado mais distante, pela ingenuidade justifi-
cada pelo conhecimento insuficiente para permitir uma visão mais abrangente.
Depois, com o conhecimento permitido pelas pesquisas, por muita prática clínica e
pela ação catalisadora do tempo, a compreensão das limitações impostas pelo pa-
drão de crescimento, da instabilidade pós-tratamento determinada pela recidiva,
pela transgressão da forma na maturação e pela degeneração no envelhecimento.
A justificativa não era mais a ingenuidade, mas a dificuldade em mudar conceitos
estabelecidos, dogmáticos. É mais fácil acomodar-se na ortodoxia, no conceito es-
tabelecido. É compreensivo, mas já não sei se é perdoável.
Necessidade sem vontade e desejo de mudar. Mudar, nesse tempo, vira o verbo
transgredir. O desejo e a vontade nascem da necessidade de entender para poder
reagir, fazendo e ensinando com lógica. Para quem aceita a lógica como parâme-
tro, a mudança deixa de ser transgressão. Não contraria, como regra, a evidência
científica, mas apoia-se nela por conclusões diferentes daquelas que estão escritas
no capítulo final dos artigos. Por uma análise livre e compromissada dos resulta-
dos, aberta à transgressão do ortodoxo.
Disposto a mudar sua perspectiva? Disposto a mudar de fazer? Essa é a intenção
objetiva desse livro. Não apenas uma apresentação de tratamentos feitos, mas um
conjunto de protocolos. Mais que o que fazer, por que fazer. Compromisso com
uma Ortodontia realista, apoiada em uma prática clínica e de ensino de longo pra-
zo e nas evidências científicas disponíveis — muitas vezes ignoradas em suas in-
dicações mais ricas em contribuição para o conhecimento. Sem esquecer a lógica,
provavelmente o que nos torna melhores quando agimos planejando ações onde
não conhecemos exatamente quando, como e em que magnitude atuam os fatores
determinantes do processo que queremos gerenciar.
L. Capelozza F.
Maio de 2011
Capa: Dura984 páginas coloridasDimensão: 23 x 30cm Peso: 4.700g Edição: 1ª Edição Publicado em: 2011 ISBN volume 1: 878-85-88020-62-7 ISBN volume 2: 878-85-88020-63-4
Obra em dois volumes
www.dentalcompras.com.brou pelo fone 44 3031-9818