Método de Análise e Validação nas Investigações em ... · 3 Dados Internacionais de...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática - PPGECEM/REAMEC
Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática
NERIO APARECIDO CARDOSO
Método de Análise e Validação nas Investigações em Educação em Ciências
e Matemática na REAMEC: Método Delphi como Critérios de Triagem
CUIABÁ-MT
2016
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NERIO APARECIDO CARDOSO
Método de Análise e Validação nas Investigações em Educação em Ciências
e Matemática na REAMEC: Método Delphi como Critérios de Triagem
Tese apresentada a banca examinadora do
Programa de Pós-Graduação em Educação em
Ciências e Matemática - PPGECEM/REAMEC
da Universidade Federal de Mato Grosso, como
um dos requisitos à obtenção do título de Doutor
em Educação em Ciências e Matemática.
Linha de Pesquisa: Fundamentos e Metodologias
para a Educação em Ciências e Matemática.
Orientador: Prof. Dr. Yuri Expósito Nicot.
CUIABÁ-MT
2016
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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo autor.
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.
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NERIO APARECIDO CARDOSO
Método de Análise e Validação nas Investigações em Educação em Ciências
e Matemática na REAMEC: Método Delphi como Critérios de Triagem
Tese apresentada a banca do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e
Matemática - PPGECEM/REAMEC da Universidade Federal de Mato Grosso, como um dos
requisitos à obtenção do título de Doutor em Educação em Ciências e Matemática, avaliada
pela Comissão Julgadora composta pelos seguintes membros:
_____________________________________________________________
Dr. Yuri Expósito Nicot
Membro Presidente da Universidade Federal do Amazonas – UFAM
_____________________________________________________________
Dra. Josefina Barrera Kalhil
Membro Interno da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
_____________________________________________________________
Dra Gladys Denise Wielewski
Membro Interno da Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT
_____________________________________________________________
Dr. Sanderson Francisco Fernandes Pereira da Silva
Membro Externo da Universidade Federal do Amazonas – UFAM
_____________________________________________________________
Dr. José Anglada Rivera
Membro Externo da Instituto Federal do Amazonas – IFAM
_____________________________________________________________
Dra. Maria Corette Pasa
Membro Interno da Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT
Aprovado em 15 de agosto de 2016.
Local: Universidade Estadual do Amazonas – Manaus
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Dedico esta TESE ao meu pai Valdir um
homem negro, simples, não alfabetizado e
honesto, que no meu primeiro dia de escola
entregou, humildemente, um saco plástico
contendo uma caderneta usada e um lápis, e
disse: “as palavras valem ouro, estude muito
para que um dia você seja um doutor”, e a
partir disto nunca mais parei de estudar e
trabalhar. A minha Amada mãe Onilda, que
me alfabetizou em casa e sempre esteve
presente nas alegrias e principalmente nas
minhas dificuldades. A minha Amada Esposa
Michele, uma grande mulher e guerreira que
suportou firme as dificuldades que um
doutorando proporciona a sua família. Aos
meus amados filhos Bruno, Darah e Danillo
por existirem e tornar a minha vida muito
mais feliz....
A eles dedico....
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AGRADECIMENTOS
Este momento é muito especial, pois aqui estão algumas pessoas, dentre muitas outras que
contribuíram para a realização deste trabalho.
Agradeço a Deus por proporcionar a existência minha e das demais pessoas;
Em especial agradeço a minha família da qual obtive valores de formação que contribuíram
para elaboração deste trabalho;
Ao meu orientador Prof. Dr. Yuri Expósito Nicot, que orientou-me desde os primeiros passos
nesta pesquisa científica com conhecimentos científicos necessários a esta tese, ao meu
orientador sou eternamente grato;
À Profª Drª Marta Maria Portín Darsie e Profª Drª Gladys Denise Wielewski , Coordenadoras
do Pólo Acadêmico de Mato Grosso da Rede Amazônica de Educação em Ciências e
Matemática (REAMEC), pelas palavras de apoio que tornaram esta tese uma realidade,
através da Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática – REAMEC;
À Profª Drª. Josefina Diosdada Barrera. Kalhil, Coordenadora do Pólo Acadêmico de Manaus
da Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática (REAMEC), pelo amparo com
palavras de sabedoria e atitudes elegantes nos momentos mais críticos deste trabalho, um
exemplo de pessoa e profissional a ser seguido.
Aos professores do Programa de Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e
Matemática – Doutorado em Educação em Ciências e Matemática/REAMEC do Polo da
UFMT, UEA e UFPA, que foram sempre muito atenciosos, receptíveis e amigáveis.
Aos membros das bancas de qualificação e defesa, os professores e pesquisadores Dr. Yuri
Expósito Nicot, Dra. Josefina Barrera Kalhil, Dra Gladys Denise Wielewski, Dr. Sanderson
Francisco Fernandes Pereira da Silva, Dr. José Anglada Rivera, Dra. Maria Corette Pasa, Dr.
Nilomar Vieira de Oliveira, pelas valiosas sugestões, correções e discussões estimulantes.
A todos os amigos e colegas professores do Programa de Programa de Pós-Graduação que de
alguma forma contribuíram para este trabalho.
A todos os especialistas que contribuíram valorosamente para a elaboração deste trabalho.
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―As palavras podem limitar ou incentivar‖
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―VERDADE
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os dois meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram a um lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em duas metades,
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
As duas eram totalmente belas.
Mas carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia‖.
(Poesia Completa / Carlos Drumond de Andrade, 2002)
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Método de Análise e Validação nas Investigações em Educação em Ciências
e Matemática na REAMEC: Método Delphi como Critérios de Triagem
RESUMO
Há extensas opções para os pesquisadores em Educação em Ciências e Matemática de métodos científicos
possíveis de serem adotados em pesquisas para análises de registros e validações de resultados, dentre as opções
há o Método Delphi que desde a segunda guerra mundial contribui significativamente entre os estudos que o
adotam para obter estimativas originadas através de interativas avaliações realizadas por um conjunto de pessoas
anônimas especializadas sobre o assunto. Porém observa-se nos procedimentos do método a ausência de
estruturas sistêmica e metodológica nas análises e validações, e asserto do nível de confiabilidade. Portanto, o
objetivo deste estudo é desenvolver, a partir do Método Delphi, critérios de triagem com estrutura sistêmica e
metodológica para obter resultados a partir da confluência das valorações realizadas pelos especialistas com
determinado nivel de confiabilidade. Para validar os critérios de triagem, foi realizada uma pesquisa com
abordagem quali-quantitativa no âmbito da Educação em Ciências e Matemática, onde foram submetidos
questionários a um grupo de especialistas escolhidos aleatoriamente para que realizassem valorações em cinco indicadores obtidos de trabalhos de doutoramento na área de Educação em Ciências e Matemática. Os elementos
estruturais considerados para construir os indicadores foram o problema, objetivo geral, metodologia e
resultados. Para avaliar a contribuição dos trabalhos de doutoramentos foi elaborado o indicador denominado
Contribuição. O grupo que emitiu as valorações, por meio do correio eletrônico, era estruturado por 16
especialistas. Para registro das valorações foram utilizados questionários com questões abertas e fechadas
durante as três interações necessárias para obter a confluência das respostas. As valorações realizadas pelos
especialistas consideram a coerência entre os elementos que compõe cada indicador e a contribuição destes para
a Ciência na área da Educação em Ciências e Matemática. Os conteúdos estatísticos utilizados para elaborar os
critérios de triagem possibilitaram acompanhar a confluência das valorações com determinado grau de
confiabilidade conhecida. A implementação dos critérios de triagem, possibilitou desenvolver atividades de
orientações metodológicas com os especialistas propiciou a reflexão individual e coletiva durante as interações.
O procedimento de triagem possibilitou registrar e minimizar a amplitude de variação em 5% e afirmar com confiabilidade que os cinco indicadores e suas contribuições são extremamente relevantes para área de Educação
em Ciências e Matemática. Os resultados comuns entre os indicadores declaram a necessidade de um professor
reflexivo e criativo para possibilitar a contextualização atual dos conhecimentos científicos, que contribui para
um ambiente escolar menos desafiador e mais atraente. Outrossim, a necessidade de considerar e reconhecer os
conhecimentos prévios do aluno para fundamentar os aperfeiçoamentos metodológicos e estratégicos no
processo de ensino e aprendizagem.
Palavras Chave: Método Quali-Quantitativo, Método Misto, Dispersão Controlada, Interação de grupos,
Método de Pesquisa em Educação.
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Analysis Method and Validation of Research on Education in Science and
Mathematics in REAMEC: Delphi Method as Screening Criteria
ABSTRACT
There is a wide array of options of scientific methods for researchers on Education in Science and Mathematics
that are possible to be adopted in research on analysis of records and validation of results, and among these
options there is the Delphi Method, which since World War II, significantly contributes to the studies that adopt
it in order to obtain estimates raised from interactive assessments carried out by a specialized set of anonymous people. However, it is observed in the method‘s procedures the absence of a systemic and methodological
structure in the analysis and validation and the accuracy of the reliability level. Therefore, this study aims to
develop some screening criteria with systemic and methodological structure to get results from the confluence of
the valuations performed by experts with a certain degree of reliability. For the validation of the screening
criteria, a survey of qualitative and quantitative approach in the Education in Science and Mathematics‘
framework was held, in which questionnaires were submitted to a group of experts selected randomly so they
would evaluate five of the indicators obtained from doctoral work in the Education in Science and Mathematics‘
area. The structural elements that have been taken into consideration to build the indicators were the problem,
the general objective, the methodology and results. To evaluate the contribution of doctoral works, and indicator
(also) called contribution was prepared. The group that issued the valuations, through e-mail, was structured by
16 experts. Open and closed-questions questionnaires were used for register of the valuations during the three interactions needed to obtain an answers‘ confluence. The valuations carried out by experts take into
consideration the consistency between the elements that make up each indicator and their contribution to Science
in the Education in Science and Mathematics‘ area. The statistical content used to elaborate the screening criteria
made it possible to monitor the confluence of valuations with a determined degree of well-known reliability. The
implementations of a screening criteria enabled the development of methodological guidance activities with the
experts and provided the individual and collective reflection during the interactions. The screening procedure
made It possible to register and to minimize the variation range of 5% and to reliably affirm that the 5 indicators
and their contributions are extremely relevant to the Education in Science and Mathematics‘ area.
Keyword: Quali-Quantitative Method, Mixed Method, Controlled Dispersion, Group Interaction, Method of
Research in Education.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Súmula dos procedimentos metodológicos para avaliar os registros obtidos através
de pesquisas tradicionais e pelo Método Delphi.................................................................... 49
Quadro 2: Critério de avaliação do anonimato dos respondentes para avaliar os registros
obtidos através de pesquisa tradicional e pelo Método Delphi. ............................................. 51
Quadro 3: Critério de avaliação da discrepância das respostas, para avaliar os registros
obtidos através de pesquisas tradicional e pelo Método Delphi. ............................................ 52
Quadro 4: Critério de avaliação das respostas do grupo vs. individuais e a riqueza de detalhes
das respostas, para avaliar os registros obtidos através de pesquisa tradicional e pelo Método
Delphi. ................................................................................................................................. 53
Quadro 5: Critério de avaliação para confiabilidade e resposta revisada, para avaliar os
registros obtidos através de pesquisa tradicional e pelo Método Delphi. ............................... 53
Quadro 6: Critério de avaliação para representatividade da amostra, para avaliar os registros
obtidos através de pesquisas tradicional e pelo Método Delphi. ............................................ 54
Quadro 7: Critério de avaliação para dimensionar a amostra, considerando resultados
significativos, para avaliar os registros obtidos através de pesquisas tradicional e pelo Método
Delphi. ................................................................................................................................. 55
Quadro 8: Critério de avaliação da validade dos resultados, para avaliar os registros obtidos
através de pesquisa tradicional e pelo Método Delphi. .......................................................... 55
Quadro 9: Critério de avaliação das questões de não-resposta, para avaliar os registros
obtidos através de pesquisa tradicional e pelo Método Delphi. ............................................. 56
Quadro 10: Características de investigação em grupo ......................................................... 57
Quadro 11: Linha do tempo dos métodos de previsão, onde o Método Delphi é o propulsor
dos métodos. ........................................................................................................................ 61
12
Quadro 12: Dimensionamento do tamanho amostral de especialistas participantes de estudos
nacionais e internacionais que utilizaram o Método Delphi nos procedimentos metodológicos
de pesquisa........................................................................................................................... 88
Quadro 13: Estudo de Oliveira et al. (2008) que apresenta as vantagens e desvantagens do
Método Delphi. .................................................................................................................... 89
Quadro 14: Classificação para abordagem qualitativa e quantitativa nas investigações
científicas............................................................................................................................. 94
Quadro 15: Sistematização das características dos quatro tipos de conhecimento. ............. 111
Quadro 16: Fontes de argumentação empregadas na investigação realizada em 2015 com
especialistas da área da Educação com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖.
.......................................................................................................................................... 113
Quadro 17: Questões a serem apresentadas para especialistas no primeiro contato para
assinalar seu grau ordinal discreto de influência sobre o tema investigado, acervo do autor
(2015). ............................................................................................................................... 117
Quadro 18: Grupo de cinco questões, apresentados aos especialistas na investigação de
abordagem qualitativa (Acervo do autor, 2015). ................................................................. 126
Quadro 19: Grupo de cinco argumentos "Crono", "Héstia", "Eros", "Ares" e "Hades",
apresentados como última questão aos especialistas na investigação de abordagem qualitativa
no segundo semestre de 2015 para verificar a contribuição dos argumentos para a Ciência no
âmbito da Educação em Ciências e Matemática (Acervo do autor, 2015). .......................... 126
Quadro 20: Indicador ‖Crono‖ encaminhado aos especialistas para receber uma avaliação
discreta entre ―0‖ a ―10‖ (Acervo do autor, 2015). ............................................................. 129
Quadro 21: Exemplo de elaboração da primeira matriz de registros do fenômeno, após a
obtenção do consenso dos especialistas no Método Delphi atribuído de critérios de triagem
(Acervo do autor, 2015). .................................................................................................... 130
Quadro 22: Resumo descritivo dos quatro elementos que caracterizam o estudo científico
―Crono‖. ............................................................................................................................ 147
13
Quadro 23: Resumo descritivo dos quatro elementos que caracterizam o estudo científico
―Héstia‖. ............................................................................................................................ 148
Quadro 24: Resumo descritivo dos quatro elementos que caracterizam o estudo científico
―Eros‖. ............................................................................................................................... 148
Quadro 25: Resumo descritivo dos quatro elementos que caracterizam o estudo científico
―Ares‖. ............................................................................................................................... 149
Quadro 26: Resumo descritivo dos quatro elementos que caracterizam o estudo científico
―Hades‖. ............................................................................................................................ 150
Quadro 27: Repositórios de estudo científicos nacionais e internacionais, acessado
gratuitamente em 2015, com maior frequência de trabalhos da área da Educação. .............. 195
Quadro 28: Primeira matriz de registros do fenômeno, após definida a confluência das
opiniões dos especialistas com relação as valorações realizadas sobre o tema ―Avaliação de
pesquisas na área da Educação‖ realizada no segundo semestre de 2015. ........................... 197
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Trabalhos selecionados em 10/03/2015 na base de teses da CAPES utilizaram o
Método Delphi como principal método de execução da investigação. ................................... 63
Figura 2: Trabalhos selecionados em 10/03/2015 na base de teses da Universidade de Lisboa
– Centro de Documentação Européia, que utilizaram o Método Delphi como principal método
de execução da investigação. ................................................................................................ 64
Figura 3: Trabalhos selecionados em 10/03/2015 na base de teses da TDX de Cataluña –
Espanha, onde foi utilizado o Método Delphi como principal método de execução da
investigação. ........................................................................................................................ 65
Figura 4: Representação de uma interação do pesquisador com especialista de qualquer
região. .................................................................................................................................. 86
Figura 5: Circularidade do método científico. ..................................................................... 95
Figura 6: Escala ordinal discreta para definir o grau de conhecimento do especialista (Kc).115
Figura 7: Escala ordinal referente ao Grau de Conhecimento sobre o tema investigado. .... 116
Figura 8: Curva que representa a Distribuição de Probabilidade Gaussiana. Com área
hachurada escura representando o coeficiente de confiabilidade (1 - α) e a complementar
representando o coeficiente de significância (α/2) (JOHANN e HAMBÖKER, 1994). ....... 121
Figura 9: Curva que representa a Distribuição de Probabilidade T-Student. Com área
hachurada escura representando o coeficiente de confiabilidade (1-α) e a complementar
representando o coeficiente de significância (α/2) (JOHANN e HAMBÖKER, 1994). ....... 122
Figura 10: Representação da tabela da Distribuição de Probabilidade da Normal (JOHANN e
HAMBÖKER, 1994). ........................................................................................................ 138
Figura 11: Curva teórica que representa a Distribuição de Probabilidade Gaussiana. Com os
indicativos de área abaixo da curva e os desvios em relação ao centro (µ). ......................... 142
15
Figura 12: Representatividade das possíveis respostas dos especialistas na confluência das
reflexões. ........................................................................................................................... 145
Figura 13: Resultado esquemático da confluência dos procedimentos de triagem, referente às
opiniões sobre Avaliação de pesquisas na área da Educação. .............................................. 153
Figura 14: Resultado da primeira interação entre pesquisador e os especialistas
correspondente às valorações realizadas pelos 23 especialistas ao tema ―Avaliação de
pesquisas na área da Educação‖ (02/2015). ........................................................................ 155
Figura 15: Resultado da segunda interação entre pesquisador e os especialistas
correspondente às valorações realizadas pelos 16 especialistas ao tema ―Avaliação de
pesquisas na área da Educação‖ (02/2015). ........................................................................ 156
Figura 16: Resultado da terceira interação entre pesquisador e os especialistas correspondente
às valorações realizadas pelos 16 especialistas ao tema ―Avaliação de pesquisas na área da
Educação‖ (02/2015).......................................................................................................... 157
Figura 17: Resultado das valorações realizadas no indicador ―Crono‖ pelos 16 especialistas
através da pesquisa com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015). ... 160
Figura 18: Resultado das valorações realizadas no indicador ―Héstia‖ pelos 16 especialistas
através da pesquisa com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015). ... 161
Figura 19: Resultado das valorações realizadas no indicador ―Eros‖ pelos 16 especialistas
através da pesquisa com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015). ... 162
Figura 20: Resultado das valorações realizadas no indicador ―Ares‖ pelos 16 especialistas
através da pesquisa com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015). ... 164
Figura 21: Resultado das valorações realizadas no indicador ―Hades‖ pelos 16 especialistas
através da pesquisa com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015). ... 165
Figura 22: Resultado das valorações realizadas no indicador Contribuição pelos 16
especialistas através da pesquisa com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖
(02/2015). .......................................................................................................................... 166
16
Figura 23: Resultado das valorações realizadas nos 6 indicadores pelos 16 especialistas ao
tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015). ......................................... 167
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LISTA TABELAS
Tabela 1: Regras para interpretação do Grau de Competência de cada especialista (k)
relacionado ao tema de investigação. .................................................................................. 118
Tabela 2: Regras para interpretação do Grau de Competência do grupo de especialistas (kµ)
relacionado ao tema de investigação. .................................................................................. 120
Tabela 3: Regras para interpretação dos coeficientes de relação entre fenômenos observados
em investigações de abordagem qualitativa. ....................................................................... 127
Tabela 4: Resumo dos registros do fenômeno investigado, após a construção da matriz de
registros das respostas dos especialistas (Acervo do autor, 2015). ...................................... 132
Tabela 5: Regras para interpretação da valorização do indicador pelos especialistas. ......... 133
Tabela 6: Tabela de frequência acumulada, a partir da tabela de resumo dos registros do
fenômeno investigado (Acervo do autor, 2015). ................................................................. 134
Tabela 7: Tabela de significância (1 - β) das valorações dos especialistas, construída a partir
da tabela de frequência acumulada dos registros do fenômeno investigado (Acervo do autor,
2015). ................................................................................................................................ 136
Tabela 8: Tabela de confiabilidade (1 - α), construída a partir da tabela de frequência
acumulada dos registros do fenômeno investigado e da tabela de significância (1 - β) (Acervo
do autor, 2015). .................................................................................................................. 136
Tabela 9: Lógica dos cálculos para obter tabela de confiabilidade (1 - α), construída a partir
da tabela de frequência acumulada dos registros do fenômeno investigado e da tabela de
significância (1 - β) (Acervo do autor, 2015). ..................................................................... 137
Tabela 10: Desvio padrão (σ) dos indicadores, considerando cada grau de valorização,
baseada na tabela de significância e Tabela de Distribuição de Probabilidade da Gauss
(Acervo do autor, 2015). .................................................................................................... 138
Tabela 11: Parte tabela dos desvios (σ), construída a partir da tabela de significância e a
tabela de Distribuição de Probabilidade da Normal, com as marginais que apresentam os
pontos abscissais e de corte. ............................................................................................... 139
18
Tabela 12: Desvio padrão (σ) dos indicadores representados pelas respostas dos especialistas
em relação à valorização sobre o tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖
realizada no segundo semestre de 2015, considerando cada grau de valorização, baseado na
tabela de Significância e tabela de Distribuição de Probabilidade da Gauss. ....................... 159
Tabela 13: Plano para compor amostra das possíveis pessoas a serem especialistas na
pesquisa que adota o Método Delphi dotado de critérios de triagem, realizada em 2015 com
tema ―Avaliação de Pesquisas na área da Educação‖ .......................................................... 196
Tabela 14: Resumo dos registros do fenômeno investigado, após a construção da matriz de
registros das respostas dos especialistas em relação valorização sobre o tema ―Avaliação de
pesquisas na área da Educação‖ realizada no segundo semestre de 2015. ........................... 198
Tabela 15: Frequência acumulada, a partir da tabela resumo dos registros das respostas dos
especialistas em relação valorização sobre o tema ―Avaliação de pesquisas na área da
Educação‖ realizada no segundo semestre de 2015. ............................................................ 199
Tabela 16: Significância (1 - β), construída a partir da tabela de frequência acumulada dos
registros das respostas dos especialistas em relação valorização sobre o tema ―Avaliação de
pesquisas na área da Educação‖ realizada no segundo semestre de 2015. ........................... 200
Tabela 17: Definição do nível de significância (1 - β) das valorações dos especialistas,
construída a partir da tabela de frequência acumulada dos registros do fenômeno investigado.
.......................................................................................................................................... 207
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LISTA DE FUNÇÕES
Função 1: Coeficiente de dispersão denominado desvio-padrão......................................... 214
Função 2: Coeficiente de Variação. ................................................................................... 215
Função 3: Cálculo para amostra de população infinita. ...................................................... 216
Função 4: Cálculo correção amostra de população finita. .................................................. 216
Função 5: Cálculo do Coeficiente de Argumentação Individual (ka). ................................. 217
Função 6: Coeficiente de Competência Individual de cada especialista ............................. 218
Função 7: Coeficiente de Consenso da Competência dos Especialistas (kµ) ...................... 219
Função 8: Coeficiente de Dispersão Padrão da Competência do Grupo de especialistas (kµσ).
.......................................................................................................................................... 220
Função 9: Distribuição de Probabilidade Gaussiana, x ~ N (µ, σ2), ................................... 221
Função 10: Limites de dispersão da estimativa do coeficiente de competência, para um grupo
igual ou maior do que trinta especialistas. .......................................................................... 222
Função 11: Função Distribuição de Probabilidade de Student, x ~ tν (µ, σ2) ...................... 223
Função 12: Limites de dispersão da estimativa do Coeficiente de Competência, para um
grupo menor do que trinta especialistas (ICct). .................................................................... 224
Função 13: Função resumida do Coeficiente de Variação do kµ do grupo de especialistas
(CVkµ). .............................................................................................................................. 225
Função 14: Função detalhada do Coeficiente de Variação do kµ do grupo de especialistas.225
Função 15: Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos. ....................................... 226
Função 16: Coeficiente de Determinação da Relação de Indicadores Qualitativos. ............ 227
20
Função 17: Calculo de N‘ da tabela dos desvios (σ). ......................................................... 230
21
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A: Instrumento encaminhado para registrar o grau de conhecimento,
argumentação para definir o grau de competência dos especialistas. ................................... 187
APÊNDICE B: Modelo de instrumento encaminhado para registrar as valorações dos
especialistas. ...................................................................................................................... 188
APÊNDICE C: Biografia do autor deste trabalho. ............................................................. 194
APÊNDICE D: Principais repositórios nacionais e internacionais de estudos científicos. .. 195
APÊNDICE E: Plano para constituir amostra.................................................................... 196
APÊNDICE F: Matriz de registros do fenômeno............................................................... 197
APÊNDICE G: Resumo dos registros do fenômeno. ........................................................ 198
APÊNDICE H: Tabela de frequência acumulada dos registros do fenômeno. .................... 199
APÊNDICE I: Tabela de nível de significância para cada indicador, considerando a cada
valorização. ........................................................................................................................ 200
APÊNDICE J: Tabela de cálculos para a concepção das marginais da tabela do desvio
padrão (Σ). ......................................................................................................................... 201
APÊNDICE K: Tabela generalizada do nível de significância (1 - β) das valorações dos
especialistas. ...................................................................................................................... 207
22
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1: Tabela da Distribuição de Probabilidade da Distribuição de Gauss para P(Z<z).
.......................................................................................................................................... 211
ANEXO 2: Tabela da Distribuição de Probabilidade da Distribuição de T- Student. .......... 213
ANEXO 3: Função para cálculo do Desvio-Padrão. ........................................................... 214
ANEXO 4: Função para cálculo do Coeficiente de Variação (%). ...................................... 215
ANEXO 5: Funções para cálculo do tamanho da amostra. ................................................. 216
ANEXO 6: Função para cálculo do Coeficiente de Argumentação Individual (KA) do
especialista. ........................................................................................................................ 217
ANEXO 7: Função para cálculo do Coeficiente de Competência Individual de cada
especialista (KI). ................................................................................................................ 218
ANEXO 8: Função para cálculo do Coeficiente de Consenso da Competência dos
especialistas (Kµ). ............................................................................................................. 219
ANEXO 9: Função para cálculo do Coeficiente de Dispersão Padrão da Competência do
Grupo de especialistas (KµΣ). ............................................................................................. 220
ANEXO 10: Função Distribuição de Probabilidade Gaussiana, X ~ N (µ, Σ2). ................... 221
ANEXO 11: Função Limites de Dispersão da Estimativa do Coeficiente de Competência,
para um grupo igual ou maior do que trinta especialistas (ICC). .......................................... 222
ANEXO 12: Função Distribuição de Probabilidade de Student, X ~ TΝ (µ, Σ2). ................. 223
ANEXO 13: Cálculo do Limites de Dispersão da Estimativa do Coeficiente de Competência,
para um grupo menor do que trinta especialistas (ICCT). ..................................................... 224
ANEXO 14: Cálculo Coeficiente de Variação do kµ do grupo de especialistas (CVKµ). .... 225
ANEXO 15: Cálculo Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos (RIQC). ............. 226
23
ANEXO 16: Cálculo Coeficiente de Determinação da Relação de Indicadores Qualitativos
(RIQC2). ............................................................................................................................. 227
ANEXO 17: Detalhamento para elaborar as marginais tabela dos desvios (Σ) .................... 228
24
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior
CV - Coeficiente de Variação (%)
CVkµ - Coeficiente de Variação do kµ
DCI - Sociedade Redes Neurais Internacional
EaD - Ensino a Distância
Ka - Coeficiente de Argumentação Individual
Kc - Coeficiente de Conhecimento Individual
Ki - Coeficiente de Competência Individual
Kµ - Coeficiente de Consenso da Competência do Grupo
Kµσ - Coeficiente de Dispersão Padrão da Competência do Grupo
ISF - Simpósio Internacional sobre Predição
OECD - Organization for Economic Co-operation and Development
PDP - Distributed Processing Paralela
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
RAND - Rand Corporation
RIQc - Relação de Indicadores Qualitativos
UJAT - Universidad Juárez Autónoma de Tabasco
UNACH - Universidad Autónoma de Chiapas
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura
USAF - Força Aérea dos Estados Unidos
25
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 27
CAPÍTULO I...................................................................................................................... 33
1.1. A RELEVÂNCIA DO ESTUDO................................................................................ 33
1.2. A PROBLEMÁTICA INVESTIGADA ..................................................................... 35
1.3. OBJETIVOS DO ESTUDO ....................................................................................... 35 1.3.1. Objetivo Geral ..................................................................................................... 35
1.3.2. Objetivos Específicos ........................................................................................... 36
1.4. A TESE ....................................................................................................................... 36
1.5. O ARCABOUÇO DO ESTUDO ................................................................................ 36
CAPÍTULO II .................................................................................................................... 39
2.1. CONJUNTURA: CONFLITOS METODOLÓGICOS ............................................ 39
2.2. MÉTODO DELPHI ................................................................................................... 46
2.2.1. O que é o Método Delphi ..................................................................................... 46
2.2.2. Características do Método Delphi ......................................................................... 50
2.2.3. Evolução Histórica do Método Delphi .................................................................. 58
2.2.4. Epistemologia do Método Delphi ......................................................................... 65
2.2.5. Conhecimentos estatísticos para triagem .............................................................. 73
2.2.6. Contribuições do Método Delphi .......................................................................... 79
2.2.7. Método Delphi: Vantagens e Desvantagens .......................................................... 85
2.2.8. Possibilidades de utilização do Método Delphi ..................................................... 92
CAPÍTULO III................................................................................................................... 93
3.1. ESTRUTURAÇÃO DO „CRITÉRIOS DE TRIAGEM‟ .......................................... 93
3.1.1. Abordagem Qualitativa e Quantitativa.................................................................. 94
3.1.2. Concepção da Amostra de Especialistas ............................................................. 105
3.1.3. Característica do Especialista ............................................................................. 108
3.1.4. Conhecimento do Especialista ............................................................................ 110
3.1.5. Argumentação do Especialista ............................................................................ 112
3.1.6. Competência do Especialista .............................................................................. 114
3.1.7. Coeficiente de Conhecimento Individual (Kc) .................................................... 115
3.1.8. Coeficiente de Argumentação Individual (Ka) .................................................... 117
3.1.9. Coeficiente de Competência Individual (Ki) ....................................................... 118
3.1.10. Coeficiente de Consenso da Competência do Grupo (kµ) .................................... 119
3.1.11. Coeficiente de Dispersão Padrão da Competência do Grupo (kµσ) ...................... 120
3.1.12. Intervalo de Confiança de kµ a um grupo superior a trinta especialistas .............. 120
3.1.13. Intervalo de Confiança de kµ para um grupo inferior a trinta especialistas .......... 122
3.1.14. Coeficiente de Variação do kµ (CVkµ) ................................................................ 123
3.1.15. Exemplo de Comparação do Coeficiente de Variação do kµ ............................... 124
3.1.16. Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos - RIQc................................. 125
3.1.17. O Coeficiente de Determinação da Relação de Indicadores Qualitativos ............. 128
3.1.18. Organização dos Registros do fenômeno ............................................................ 129
3.1.19. Frequência dos Registros.................................................................................... 131
3.1.20. Frequência acumulada dos registros ................................................................... 133
3.1.21. Nível de significância das respostas ................................................................... 135
3.1.22. Dispersão padronizada das respostas .................................................................. 137
26
3.1.23. Considerações ao retirar especialistas da investigação ........................................ 140
3.1.24. Concepção do Instrumento de Registros ............................................................. 143
3.1.25. Concepção dos argumentos ................................................................................ 146
CAPÍTULO IV ................................................................................................................. 151
4.1. RESULTADOS......................................................................................................... 151
CONCLUSÕES ................................................................................................................ 169
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 172
APÊNDICE ...................................................................................................................... 186
ANEXO ............................................................................................................................ 210
27
INTRODUÇÃO
Este estudo, de abordagem quali-quantitativa, foi constituído a partir de observações
realizadas há décadas pelo autor desta tese, que constatou as dificuldades e inquietações dos
pesquisadores de diversas áreas do conhecimento no momento de determinar a metodologia
mais adequada para validar seus estudos científicos. Outra situação de dificuldade enfrentada
pelos pesquisadores está relacionada com a diversidade de metodologias de investigação para
análise e validação de resultados científicos disponíveis nas bibliografias de referência que,
por vezes, não transmitem segurança no momento de adotá-las em seus estudos científicos. As
frequentes dificuldades são possíveis de serem observadas em outros âmbitos do
conhecimento, como nas áreas das Ciências Exatas e Humanas, notadamente na área de
Educação em Ciências e Matemática, declarado no Capítulo I.
A relevância que se destaca neste estudo é a contribuição direta para as metodologias
de pesquisas científicas no âmbito da Educação em Ciências e Matemática com um método de
investigação definido como ―Critério dos Especialistas‖. A contribuição deste estudo se
concretiza após a reestruturação do Método Delphi, fundamentada em sua dinâmica interna
com conteúdos estatísticos, e fundamentado em critérios adotados nos procedimentos do
método para obter o entendimento harmônico através das apreciações realizadas pelo grupo
de pessoas de notório saber sobre o tema do estudo.
Os pesquisadores da área de Educação em Ciências e Matemática, apropriando-se
dos conhecimentos gerados neste estudo, podem realizar análises dos seus registros e
validação dos resultados com um determinado nível de confiança, o que contribui para uma
maior confiabilidade nos resultados do estudo científico.
O desenvolvimento deste estudo é norteado pelo método hipotético dedutivo, que
depois de verificada a utilização generalista e não estruturada de método de análise de
registros e validação dos resultados em diversos estudos científicos, e observadas às
dificuldades de validação dos estudos na área da Educação, se propõe a apresentar um método
reestruturado e sistêmico possível de ser utilizado para prospectar informações e analisar
registros, bem como validar resultados em trabalhos científicos, quando se considera os
aspectos estatísticos para possibilitar ao pesquisador acompanhar a confluência das respostas
e assim realizar afirmações com confiabilidade conhecida, corroborando com o estudo de
Lakatos e Marconi (2011, p.257) que apresenta as estratégias para análises de dados e
procedimentos de validação de resultados de estudos científicos.
Para demonstrar a relevância deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica
exposta no Capítulo 2, intitulada ―Conflitos Metodológicos‖, onde é possível observar que os
28
pesquisadores da área de Educação têm dificuldades em estabelecer uma metodologia de
análise e validação dos resultados dos seus trabalhos científicos.
Ao realizar a pesquisa bibliográfica nos repositórios nacionais e internacionais foi
possível observar em diversos estudos científicos o constante desconforto do pesquisador em
determinar o método para realizar as análises dos registros e validar os resultados.
Também com a pesquisa bibliográfica observou-se que os repositórios internacionais
têm a maior frequência de trabalhos que utilizam o Método Delphi para análises de registros e
validação de resultados, altivamente de áreas de conhecimento.
Ao observar os trabalhos científicos, independente de sua nacionalidade, nota-se que
os pesquisadores utilizaram variados procedimentos ao adotar o Método Delphi. Os trabalhos
científicos observados que adotaram o Método Delphi são de diversas áreas do conhecimento,
validaram os resultados fundamentados no consenso de um grupo de especialistas, entretanto,
nos trabalhos científicos pesquisados observou-se a ausência de uma confiabilidade conhecida
ao determinar os resultados científicos.
É frequentemente possível observar nos repositórios internacionais trabalhos na área
da Educação que utilizam o Método Delphi, com resultados relevantes à Ciência. Entretanto,
nas metodologias dos trabalhos científicos observados não foi possível identificar uma
abordagem estruturada, sistemática e padronizada dos procedimentos que fundamentam o
Método Delphi.
Uma das características do Método Delphi é considerar, ao final dos procedimentos,
todas as opiniões de competentes especialistas nos resultados. As opiniões são fornecidas
anonimamente, somente o pesquisador tem acesso e pode verificar a origem das opiniões que
constroem os resultados do estudo científico. Os especialistas somente tomam ciência do
resultado final das opiniões a cada interação entre o pesquisador e o grupo de especialistas.
Mesmo assim, os especialistas, a cada interação, têm acesso aos resultados que representam o
grupo, não sendo possível identificar os elementos que compõem o resultado geral. Neste
trabalho, o termo ―interação‖ é definido pelo procedimento de enviar aos especialistas os
questionários e um resumo estatístico dos resultados anteriores e, posteriormente, receber as
opiniões dos especialistas.
Nos trabalhos científicos de Educação encontrados nos repositórios nacionais é
comum observar a dificuldade dos pesquisadores em definir, com um determinado grau de
confiabilidade, o método para realizar a validação dos resultados. É comum observar a
validação dos resultados sendo realizada por meio de uma banca examinadora composta por
doutores para avaliar o estudo. Os resultados deste estudo possibilitam potencializar as
contribuições da banca de avaliação, tornando ainda mais valorosas as contribuições dos
29
doutores, devido aos resultados obtidos do consenso das prévias contribuições realizadas por
um grupo de especialistas no assunto de interesse.
Diante das declarações realizadas neste trabalho, através dos estudos científicos
encontrados nos repositórios nacionais e internacionais, constatou-se a demanda de métodos
de abordagem quali-quantitativa para auferir informações por meio de análises de registros e
validação dos resultados no âmbito da área de Educação em Ciências e Matemática. Também
observou-se a falta de estrutura sistemática e padronizada para registrar e acompanhar a
confluência das respostas dos especialistas em estudos internacionais na área da Educação que
adotaram o Método Delphi para análises de registros e validação dos resultados. Portanto, não
foram declarados nos trabalhos observados procedimentos padrão para compor grupo de
especialistas e para registro da confiabilidade e confluência das avaliações realizadas pelos
especialistas.
Este estudo objetivou realizar a estruturação do Método Delphi, adicionando critérios
de triagem fundamentados em conhecimentos elementares de estatísticas para observar e
registrar o comportamento casuístico e confluências das respostas dos especialistas. Para
verificar a aplicabilidade do método com os critérios de triagem e validar sua estruturação foi
realizada uma pesquisa intitulada ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖, com o
objetivo de verificar a relevância e a contribuição de estudos realizados na área da Educação
em Ciências e Matemática.
A pesquisa ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ realizada para obtenção
dos dados para validar a estruturação do método, foi conduzida por meio de uma abordagem
quali-quantitativa. Uma abordagem qualitativa se configurou através de questões abertas
inseridas nos instrumentos de registros, o que possibilitou a obtenção de opiniões dos
especialistas a cada interação realizada, que permitiu avaliar a necessidade de reformulação
do instrumento de registro em diversos momentos da coleta de dados.
As opiniões dos especialistas foram submetidas à análise do discurso baseado no
trabalho de Orlandi (2001) com objetivo de auxiliar análises para obter o consenso em relação
aos principais fatores que favorecem avaliação dos indicadores. As análises de discurso
favoreceram o aprimoramento do instrumento de registro a cada interação entre o grupo de
especialistas e o pesquisador.
A abordagem quantitativa utilizada nesta pesquisa ficou caracterizada através das
questões fechadas, com a possibilidade de o especialista atribuir um grau de valorização
categórico entre 0 a 10 para cada indicador. Definir um intervalo categórico de possíveis
respostas, possibilita ao pesquisador quantificar as valorações atribuídas aos indicadores
através das opiniões dos especialistas.
30
Com as questões fechadas abordadas neste estudo é possível registrar a frequência
das valorações realizadas aos indicadores segundo os critérios dos especialistas. A construção
de tabelas contendo todas as respostas dos especialistas possibilita ao pesquisador utilizar
métodos estatísticos para acompanhar a confluência das opiniões e conhecer o grau de
confiabilidade dos resultados, bem como fundamentar a finalização das interações realizadas
durante os procedimentos do Método Delphi.
Através de conteúdos estatísticos foi possível inserir aos resultados o nível de
confiabilidade. Necessariamente o pesquisador considera o tempo e recurso financeiro
disponível para realizar a pesquisa, pois estes influenciam diretamente no nível de
confiabilidade na descrição do fenômeno em estudo. A obtenção do nível de confiabilidade é
resultado da frequência e variabilidade conhecida das respostas dos especialistas em relação à
valorização dos indicadores. Conhecer a dispersão e o grau de confiabilidade das respostas a
cada interação contribui significativamente para determinar a dispersão das avaliações
realizadas pelos especialistas. Portanto, o pesquisador pode fundamentar a cessação das
interações após identificar a dispersão das respostas. O consenso das valorações realizadas
pelos especialistas está diretamente relacionado com o valor encontrado ao quantificar a
dispersão das respostas.
Também é comum definir e declarar o plano amostral a cada pesquisa, com objetivo
de permitir que o pesquisador analise a dimensão da representatividade dos registros diante do
fenômeno em estudo. Entretanto, muitas vezes a definição do plano amostral relaciona-se com
os recursos financeiros e tempo disponível para realizar o estudo, no que concerne ao nível de
certeza dos resultados obtidos.
Nas décadas anteriores a 90, métodos de pesquisa que continham em seus
procedimentos metodológicos a utilização de questionários encaminhados e obtidos via
correio, possuíam um custo e um maior tempo quando comparados com os dias atuais, que
chegava a inviabilizar a pesquisa. Após os anos 90, com a adoção do Método Delphi, o fator
custo deixa de ser relevante, pois existe a possibilidade de ser minimizado com o emprego da
internet, o que possibilita realizar os procedimentos do método para aquisição das
informações.
O tempo de retorno é uma característica marcante no Método Delphi, pois o
pesquisador depende do retorno dos especialistas para formular os resultados e retornar ao
grupo. Porém, quanto menor a taxa de confluência das opiniões, são necessárias mais
interações para obter o consenso do grupo, além de imprescindível dedicação de mais tempo
aos procedimentos de interação com especialistas. Com a disponibilidade de computadores e
31
acesso à internet, os custos para realizar pesquisas que adotaram o Método Delphi reduziram
consideravelmente.
Foram encaminhados pelo correio eletrônico o convite para participar da pesquisa e
instrumentos para verificar o grau de conhecimento e competência dos especialistas em
responder os instrumentos de registros. A partir do momento em que os especialistas
retornaram os instrumentos foi possível iniciar a verificação das competências e delinear a
amostra de especialistas para o estudo.
Para configurar o grupo de especialistas em Educação em Ciências e Matemática que
participaram do estudo, adotou-se o método de amostragem aleatória simples aos currículos
encontrados no repositório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico, os quais foram submetidos à análise para identificar a linha de pesquisa do
especialista através das publicações.
O pesquisador, ao definir o perfil do especialista em função do tema a ser
investigado, também delimita uma população homogênea de especialistas que poderá
participar do estudo. Ao considerar que qualquer especialista que compõe a população tem a
mesma chance de participar do estudo, justifica realizar uma amostragem aleatória simples
para iniciar os estudos por meio dos procedimentos do Método Delphi. Após definir o grupo
amostral de especialistas, define-se o tema a ser proposto para ser avaliado pelo grupo.
O tema a ser apreciado pelos especialistas se fundamenta em cinco estudos de
doutoramento na área de Educação, tema este que foi analisado e validado através do Método
Delphi reestruturado. Os cinco estudos representam os indicadores, cada um composto pelos
seguintes elementos: problema, objetivo geral, metodologia e resultados. Segundo critério dos
especialistas, os elementos foram valorizados pela sua coerência. Um sexto indicador foi
inserido no estudo para representar o grau de contribuição dos cinco estudos de doutoramento
para área de Educação.
Após definido o grupo de especialistas e estruturado o instrumento de registro,
iniciaram-se as interações entre o pesquisador e o grupo de especialistas. A cada interação é
verificado o consenso das respostas dos especialistas através da análise do discurso das
questões abertas e coeficiente de variabilidade das questões fechadas.
Para viabilizar a reprodução dos procedimentos do método foi apresentado o
detalhamento das funções e dos cálculos para obtenção dos quadros, tabelas e gráficos
elementares ao procedimento do método, em geral, declarados nos Apêndices. Também foi
desenvolvida a planilha eletrônica no software Excel para agilizar os procedimentos do
método no momento de verificar a convergência e os resultados das avaliações realizadas
pelos pesquisadores. A planilha foi previamente programada para suportar até 100
32
especialistas e 10 indicadores em uma única pesquisa, além disso, a planilha eletrônica foi
construída fundamentada na Distribuição de Probabilidade da Normal para a realização dos
cálculos. Caso o pesquisador tenha interesse em aumentar o tamanho da amostra de
especialistas ou a quantidade de indicadores, fica disponível a programação na planilha, onde
pode ser ampliado o número de especialistas ou de indicadores necessários para realização da
pesquisa. O detalhamento do método e a planilha eletrônica facilitam e potencializam a
adoção do método em futuros estudos científicos.
A característica do Método Delphi reestruturado é a obtenção da confluência com
determinado nível de confiança das avaliações realizadas pelo grupo de especialistas, a partir
disso são interrompidas as interações e avaliados os resultados.
Para observar e registrar a variabilidade das respostas até obter o consenso com
determinado nível de confiança empregou-se neste estudo os conhecimentos estatísticos
elementares como: amplitude total da variação, desvio padrão das respostas, e intervalo de
confiança, e coeficiente de variação, juntamente com interpretação gráfica. Não foi objetivo
deste estudo se aprofundar em conhecimentos estatísticos para viabilizar os procedimentos do
método, mas é possível utilizar outros métodos estatísticos para apurar a confluência das
opiniões dos especialistas. Entretanto, os conhecimentos elementares de estatística utilizados
aqui são suficientes para viabilizar os procedimentos do Método Delphi reestruturado.
Por fim, o método apresentado pode ser utilizado em diversas áreas do
conhecimento, auxiliando na prospecção de informação, análises de registros e validação de
resultados, não se limitando somente à área da Educação em Ciências e Matemática.
33
CAPÍTULO I
1.1. A RELEVÂNCIA DO ESTUDO
Este estudo contribui nas análises de registros e validação dos resultados de
investigações científicas realizadas no âmbito da Educação em Ciências e Matemática. Além
de possibilitar ao investigador observar e registrar a confluência dos registros junto ao grau de
confiabilidade. Através do Método Delphi, que se caracteriza por ser uma abordagem
qualitativa, é possível analisar registros e validar resultados, entretanto, não é possível
observar e registrar o grau de confluência e confiabilidade. Desta forma, atribui-se ao Método
Delphi procedimentos estruturados e sistêmicos de triagem que caracteriza uma abordagem
quantitativa, que permite registrar o grau de confluência e confiabilidade. Por conseguinte,
este estudo constitui o Método Delphi atribuído de critérios de triagem caracterizando uma
abordagem quali-quantitativa para estudos no âmbito da Educação em Ciências e Matemática,
muito embora os resultados obtidos deste estudo possam ser adotados em outras áreas de
conhecimento.
No domínio metodológico, para explicar e descrever em profundidade as
propriedades científicas dos fenômenos relacionados à área da Educação, os pesquisadores
geralmente utilizam uma abordagem qualitativa. Segundo Serrano (1993) já se debatia sobre
os métodos de análises científicos na Conferência apresentada em 1966, na Sorbonne, em
Paris, pelo professor norte-americano Paul Lazarsfeld. Existem diferentes problemas,
questões e restrições científicas que impossibilitam o uso do método quantitativo de análises
de registros. São fenômenos de origens antropológicas, etnográficas, interacionalismo
simbólico, entre outros (SERRANO, 1993). Os pesquisadores da área da Educação que
adotam abordagem qualitativa, em geral estudam os fenômenos com o objetivo de dar sentido
ou interpretá-los nos elementos das significações que o objeto apresenta. Segundo Bogdan e
Biklen (1994), os investigadores buscam compreender a estrutura pela qual as pessoas
constroem e descrevem os significados. A abordagem ao estudo com métodos qualitativos
permite observar a singularidade dos fenômenos, entretanto, isso muitas vezes não permite a
generalização.
A investigação qualitativa apresenta um conjunto de características intrínsecas: (i) a
fonte direta dos dados é o ambiente natural, sendo o investigador o instrumento
principal tanto na recolha com na análise dos dados, (ii) os dados recolhidos são na
sua essência descritivos, sendo ricos em pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas e o seu tratamento estatístico é muito complexo ou
impossível, (iii) o maior interesse dos investigados encontra-se nos processos e não
34
nos resultados, (iv) a análise dos dados é sobretudo indutiva, não tendo o
investigador como objetivo a confirmação de hipóteses colocadas previamente, mas
a construção de abstrações com base na análise de dados particulares, e (v) a
preocupação central do investigador é com as perspectivas dos participantes
(BOGDAN e BIKLEN, 1994, p. 17).
A procura para descrever os fenômenos muitas vezes é difícil e sem nível alto de
confiabilidade, pois há diversos métodos científicos de análise qualitativa disponíveis na
literatura para analisar os registros e validar os resultados.
Quando o objetivo do estudo é descrever o fenômeno de interesse através de objetos
e atos inerentes para representar a realidade, os pesquisadores utilizam uma abordagem
quantitativa (CRESWELL, 2010). Ao registrar e quantificar sistematicamente determinado
fenômeno, é possível realizar uma abordagem norteada, pontual e estruturada, que propicia a
adoção de métodos estatísticos compostos por técnicas de análises dedutivas que permite
interpretar com um determinado grau de confiabilidade os registros quantitativos.
Segundo o trabalho de Antônio Carlos Gil (1989) o método dedutivo, que caracteriza
uma abordagem quantitativa aos estudos científicos por meio da interpretação clássica, é o
que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. O raciocínio dedutivo parte de princípios
considerados como verdadeiros e indiscutíveis para chegar a conclusões de maneira
puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica.
A principal característica de uma abordagem quantitativa é a possibilidade de adoção
de técnicas estatísticas que, adequadamente empregadas, permite ao pesquisador generalizar
os resultados com determinado nível de significância (RICHARDSON, 1989). Entretanto, é
necessário considerar que as conclusões fundamentadas em técnicas estatísticas sempre estão
associadas a uma margem de erro conhecida, e não controlável.
Neste sentido, este trabalho está inserido em uma abordagem nos métodos de análise
e validação dos resultados das investigações científicas empregadas nas teses na área da
Educação que, por anos, é um dos principais causadores de desconforto aos pesquisadores,
que favorece os conflitos metodológicos, o que será abordado no próximo capítulo. Este
trabalho propõe procedimentos sistêmicos e estruturados de triagem outorgado ao Método
Delphi para análises de registros e validação de resultados de estudos científicos no âmbito da
Educação em Ciências e Matemática.
35
1.2. A PROBLEMÁTICA INVESTIGADA
Os trabalhos científicos no âmbito da Educação em Ciências e Matemática
demandam aos pesquisadores a movimentação de múltiplos recursos e domínio de
pressupostos teóricos relacionados com a metodologia para analisar e validar os resultados.
Neste sentido, ao delimitar o tema neste estudo, este fica centralizado no seguinte problema:
As análises de registros e validação de resultados de pesquisa científica no âmbito da
Educação em Ciências e Matemática, podem ser realizadas por meio do Método Delphi
atribuído de critérios de triagem que possibilitam observar e registrar as confluências das
informações declaradas pelos especialistas com conhecido e determinado nível de
confiabilidade?
Os resultados desse estudo contribuem para análises de registros e validação de
resultados de pesquisas científicas no âmbito da Educação em Ciências e Matemática, através
do Método Delphi outorgado de critérios de triagem que utiliza procedimentos estruturados e
sistêmicos para análise de registros e validação dos resultados.
1.3. OBJETIVOS DO ESTUDO
1.3.1. Objetivo Geral
Por existirem diversas opções de métodos científicos possíveis de serem adotados nas
investigações dependendo do fenômeno observado, o mérito do presente estudo é o Método
Delphi. Estudos científicos que adotam o Método Delphi nos procedimentos metodológicos
de investigação não permitem identificar a confiabilidade e a estrutura sistêmica de
confluência das respostas emitidas pelos especialistas. Diante do exposto, este estudo define
como objetivo geral estabelecer uma estrutura sistêmica, didática e metodológica para as
pesquisas quanti-qualitativas que adotam o Método Delphi por meio de procedimentos
compostos de critérios de triagens fundamentados em conteúdos estatísticos para análises de
registros e validação de resultados científicos no âmbito da Educação em Ciências e
Matemática.
Para possibilitar o avanço deste estudo em direção ao objetivo geral, a seguir foram
declarados os seguintes objetivos específicos.
36
1.3.2. Objetivos Específicos
Propor a estrutura sistêmica e metodológica para as pesquisas que adotam o
Método Delphi para análise de registros e validações de resultados;
Validar os resultados da implementação dos critérios de triagem na pesquisa em
Educação em Ciências e Matemática;
Relacionar os resultados obtidos dos trabalhos científicos no âmbito da Educação
em Ciências e Matemática com os resultados obtidos por meio do Método Delphi
atribuídos de critérios de triagem;
Registrar e observar o comportamento casuístico e lógico através dos critérios de
triagem na validação e análise dos registros de pesquisas no âmbito da Educação
em Ciências e Matemática;
Implementar os critérios de triagem em planilha eletrônica.
1.4. A TESE
Para a sustentação do problema e alcance dos objetivos geral e específicos,
apresenta-se a seguinte declaração científica:
O Método Delphi, dotado de critérios de triagem, possibilita ao pesquisador
conhecer o nível de confiabilidade das análises e resultados obtidos em estudos
científicos que adotam o Método Delphi, tal como observar a estrutura de
confluência do consenso obtido pela homogeneização das valorações emitidas
pelos especialistas.
Diante do exposto, este estudo foi desenvolvido na linha de Pesquisa ‗Fundamentos e
Metodologias para a Educação em Ciências e Matemática‘, do Programa de Pós Graduação –
REAMEC. A seguir, apresentamos a estrutura da tese.
1.5. O ARCABOUÇO DO ESTUDO
A estrutura deste trabalho constitui-se de quatro capítulos, além da introdução,
conclusão e proposições. No primeiro capítulo apresenta a justificativa do assunto, definição
do problema de pesquisa, em seguida, se direciona para o objetivo geral e objetivos
específicos que norteiam a pesquisa que embasaram a Tese e sua estrutura.
37
O segundo capítulo apresenta alguns trabalhos científicos da área de Educação que
exemplificam o desconforto dos pesquisadores, fator que impulsionou este estudo bem como
frequência de adoção do Método Delphi em estudos científicos nacionais e internacionais de
diversas áreas da Ciência, evidenciando o campo de conhecimento da Educação. E, por fim,
apresenta os conflitos metodológicos baseados em estudos científicos realizados na área da
Educação e descrição de temas que podem adotar o Método Delphi em sua metodologia de
análise de registro e/ou validação de resultados. Apresenta ainda a descrição, evolução
histórica, epistemologia do método, os conteúdos estatísticos elementares utilizados no
estudo, as possíveis contribuições do Método Delphi e suas vantagens, desvantagens e
aplicações, bem como as relações existentes do Método Delphi com a área da Educação.
O terceiro capítulo apresenta as etapas que levaram à concepção do ―Método
Critérios dos Especialistas‖, a reestruturação do Método Delphi fundamentado em sua
dinâmica interna com conteúdos estatísticos. O terceiro capítulo inicia-se com conceitos de
abordagem qualitativa e quantitativa, em seguida composição e caracterização amostral, segue
com a construção detalhada dos coeficientes que auxiliam a interpretação de confluência dos
critérios dos especialistas. Encontram-se ainda os coeficientes que permitem comparar grupo
amostral de especialistas para nortear futuras investigações.
O quarto capítulo, intitulado ―Resultados com Método Critérios dos Especialistas‖,
apresenta os resultados de uma pesquisa na área da Educação por meio de uma abordagem
quali-quantitativa. Os procedimentos abordados no terceiro capítulo do método Delphi
reestruturado, neste capítulo são validados para um caso específico de uma pesquisa na área
da Educação.
Ainda no quarto capítulo apresenta-se a estruturação da pesquisa e contextualização,
evidenciando as etapas de desenvolvimento do estudo na área da Educação em Ciências e
Matemática. Também são vistos a especificação do método adotado para abordagem deste
estudo, direcionamento das análises documentais dos trabalhos científicos, análises das
percepções dos especialistas sobre avaliação e validação de estudos no âmbito da Educação
em Ciências e Matemática e conteúdo estatístico elementar, fatores que foram utilizados para
implementação do Método Critério dos Especialistas. Os procedimentos iniciais para seleção
dos especialistas e os conteúdos estatísticos elementares que contribuíram para a validação da
reestruturação do Método Delphi também são contemplados. Também se apresentam as
atividades orientadas de campo, compilação e validação dos registros e as etapas de
confluência dos critérios de análises dos especialistas, onde é possível observar o
comportamento casuístico e lógico através dos procedimentos de validação e análise dos
registros de pesquisas do próprio método na área da Educação. Por fim, a relação dos
38
resultados obtidos em trabalhos científicos da área da Educação com os resultados obtidos
pelo método proposto no terceiro capítulo. Após o quarto capítulo denota-se a conclusão com
um resgate das cinco teses (ELEUTÉRIO, 2015; MAIA, 2015; ARAÚJO, 2014; PEIXOTO,
2014; AZEVEDO, 2014) apresentando os fatores que relacionam os elementos entre as teses
que justifiquem as valorações realizadas pelo grupo de especialistas. Também são retomados
os objetivos propostos e a tese deste estudo com os respectivos resultados observados.
Ao final deste estudo são declaradas as proposições com o objetivo de indicar
estudos sobre a relação das competências do grupo de especialistas com o Método Delphi
atribuído de critérios de triagem e a continuidade de estudos relacionados às escalas de
repostas dos especialistas.
39
CAPÍTULO II
2.1. CONJUNTURA: CONFLITOS METODOLÓGICOS
Uma nova descoberta obtida através de uma investigação é aceita e validada pela
comunidade científica, independente da área de conhecimento, a partir do momento que a
investigação obedeça a alguns princípios elementares para que se atinja uma qualidade
aceitável pela comunidade científica. Os pesquisadores prezam constantemente pela qualidade
e relevância dos estudos científicos, entretanto, a pertinência está relacionada com o
financiamento da pesquisa. É possível observar no Caderno Temático (UNICAMP, 2002)
abordagem de indicadores relevantes à qualidade do estudo científico.
[...] toda a investigação científica busca atingir, de forma subjacente, dois objetivos:
qualidade e relevância. A qualidade refere-se ao âmbito interno da área na qual a
pesquisa se desenvolve. Trata-se de sua profundidade, abrangência, da medida em
que lança luz sobre diferentes assuntos, resolve problemas e desafios históricos. Via
de regra, os que opinam sobre qualidade são os especialistas da mesma área de
pesquisa, através do conhecido ―juízo dos pares‖. A relevância se relaciona com a
aplicabilidade a áreas externas à do desenvolvimento da pesquisa e com sua
importância para a sociedade [...] (UNICAMP, 2002, p. 3).
É importante para a comunidade científica a gênese de trabalhos científicos de
qualidade, relevância e que valorize a descrição dos métodos de registro, organização,
interpretação, análise e validação dos fenômenos observados. Também são relevantes ao
estudo a abrangência e as relações do tema com as áreas de conhecimento, pois
frequentemente os procedimentos de análise e validação dos resultados são distintos entre
diferentes áreas de conhecimento, entretanto, a estrutura metodológica é semelhante. A
qualidade do estudo é influenciada pela delimitação do método de análise de registros e
validação dos resultados.
Para atender as exigências da comunidade científica é reservado um espaço em todo
trabalho científico para descrever detalhadamente todos os métodos de registro, organização,
análises e validação dos fenômenos observados, o que denomina-se percurso metodológico,
seção metodológica ou material e métodos, entre outros, dependendo da área de
conhecimento.
Para ser considerado um estudo científico é necessário seguir um percurso
metodológico, mas dependendo da área de conhecimento ou o que se pretende investigar, não
é nada fácil delinear as metodologias, como pode ser observado no trabalho de Quivy e
Campenhoudt (2008).
40
[...] um investigador, profissional, ou principiante, sente grandes dificuldades no seu
trabalho, as razões são quase que sempre no âmbito da metodologia empregada no
estudo: ―Já não sei em que ponto estou‖, ―tenho a impressão de já nem saber o que
procuro‖, ―não faço a mínima idéia do que fazer para continuar‖, ―tenho muitos
dados...mas não sei o que fazer com eles[...] (QUIVY e CAMPENHOUDT, 2008,
p.16).
As palavras acima representam muito bem a realidade vivida pelos pesquisadores no
meio científico. A maioria dos colegas pesquisadores, principalmente os principiantes da área
da Educação, empolgados e dedicados a buscar, através de investigações, respostas para
determinados problemas, ficam cercados por diversas propostas metodológicas, tornando-se
um desafio para o pesquisador definir qual é o melhor método que lhe ajudará a responder as
questões. Podem ser observados nos estudos científicos no âmbito da Educação questões e
desafios de uma pesquisa:
[...] procurar respostas para as questões propostas, situa rapidamente a presença dos
referenciais positivista, interpretativista e crítico na evolução da pesquisa em
educação no Brasil. Diante das insatisfações, críticas e desconfianças suscitadas pela
adoção desses referenciais na pesquisa educacional, busca compreender a situação
primeiramente em sua historicidade [...] (FREITAS, 2007, p. 11).
O trabalho de Freitas (2007) aponta a dificuldade de definir conceitos utilizados para
a caracterização do campo de estudos em Educação, sua polissemia, ambiguidades e da
complexidade gerada por suas subáreas de conhecimento tratadas nas pesquisas de variadas
abordagens, o que resulta em interferência na identificação do método investigativo de forma
negativa.
Para evidenciar as dificuldades dos especialistas, foram observados os trabalhos
científicos contidos em repositórios nacionais e internacionais, e foi possível verificar no
arcabouço metodológico dos estudos as dúvidas sobre a definição do método mais adequado
para utilizar na pesquisa.
A complexidade dos pesquisadores em estabelecer os métodos de análises de
registro e validação dos resultados também pode ser observada com frequência em pesquisas
na área da Educação nos repositórios acessados. As listas de repositórios estão
disponibilizadas nos apêndice J, que apresenta os repositórios de trabalhos científicos
nacionais, e no apêndice K indicando os repositórios de trabalhos científicos internacionais.
Para ilustrar o desconforto dos pesquisadores com a variedade de métodos de
análises de registros, declara-se a tese de Ramos, defendida em 2003, em Lisboa. O trabalho
de Ramos (2003) intitulado ―Matemática: A bela ou o Monstro?‖ revela, através de uma
abordagem quali-quantitativa, o objetivo de analisar representações sociais da Matemática,
41
constituindo como objeto de estudo alunos do 9º ano que frequentam escolas públicas do
Distrito de Lisboa.
A pesquisa de Ramos foi realizada no ano de 2000, seguindo uma abordagem
qualitativa no primeiro momento, por meio de entrevistas de grupo. No segundo momento a
abordagem foi quantitativa, com o emprego de um instrumento de registro a uma amostra
representativa da população em estudo, cujos registros foram analisados por meio de um
software estatístico o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences).
No percurso metodológico observa-se a dificuldade do autor em esclarecer os
métodos de análises dos registros qualitativos e quantitativos, o que se confirma quando o
autor afirma:
Os métodos da sociologia são mais variados que os da maior parte das outras
ciências humanas. Há talvez um método etnológico. Não há porém um método
sociológico, mas sim, métodos da sociologia. Quanto mais a sociologia avança, mais
se torna evidente a impossibilidade de qualquer tentativa de unificação metodológica
(RAMOS, 2003, p.127).
Esta citação representa a dificuldade do autor em definir uma metodologia de análise
para os registros qualitativos realizados por meio de entrevista a um grupo de 84 pessoas
(professores, mães e alunos universitários) e 359 questionários, conduzidos por temas
relevantes que fundamentam o trabalho. A análise qualitativa dos registros foi realizada após
transcrição, empregando a síntese dos registros e posteriormente são definidos temas centrais
das respostas, em outras palavras, a categorização das entrevistas. A análise quantitativa sobre
os registros iniciou-se com as análises estatísticas descritivas, e posteriormente empregando
métodos de correlação e comparação de dispersão de dados. Após realizadas as análises foram
estabelecidas as relações entre os resultados obtidos das análises qualitativas e quantitativas,
com objetivo de aumentar a qualidade e representatividade nas conclusões do trabalho.
Outra pesquisa observada foi a de Henriques (2010), declarada como pesquisa
qualitativa, realizada por meio de observação participante, documental e aplicação de
questionários nas fases inicial e final, e entrevistas com 12 alunos do curso de Mestrado do
Instituto de Educação de Lisboa. Todavia declarada uma pesquisa qualitativa, também
observou-se abordagem quantitativa, por meio de análises estatísticas descritivas dos registros
obtidos na pesquisa com a finalidade de fortalecer as conclusões obtidas através das
entrevistas, conforme declarado no estudo. Os questionários foram construídos através da
experiência e leitura do pesquisador. Portanto, para a construção dos instrumentos de registro
é importante previamente realizar uma revisão bibliográfica para avaliar o contexto em que o
42
fenômeno está inserido. Registros obtidos através de instrumentos de qualidade e coeso
contribuem para atender os objetivos do estudo científico.
O estudo de Henriques (2010) também declara que o objetivo é compreender os
processos de raciocínio dos estudantes do Ensino Superior quando se envolvem na realização
de atividades de investigação, e identificar os fatores que influenciam neste processo de
aprendizagem. Para obter os registros recorre-se à abordagem qualitativa e interpretativa por
meio da realização de entrevistas. Posterior aos registros é realizada uma sinopse dos
discursos dos alunos. Os registros obtidos através da abordagem quantitativa foram
submetidos à análise estatística descritiva para caracterizar o sujeito. Abordagem esta
justificada pela preocupação com interpretação, compreensão e explicação do fenômeno que
passa de um contexto real para uma interpretação na conjuntura científica.
O estudo aborda com profundidade expressiva o método de análise qualitativo, e
durante as declarações o autor descreve que a presença do investigador no campo produz
alterações significativas no comportamento do sujeito, o que leva a registros ‗enviesados‘. A
interação entre o sujeito e o pesquisador pode ser amenizada pela ambientalização do
pesquisador, entretanto, algumas vezes não garante a confiabilidade das respostas. E, por fim,
Henriques (2010) também declara que o estudo não permite generalizar os resultados e
conclusões obtidas, ficando este no plano no qual foi concebido e ainda corre o risco de as
conclusões serem geradas de discursos homogeneizados e sintéticos devido à falta de
diversidade e número de respostas.
Outro trabalho foi concebido pela pesquisadora Búrigo (2009) através do Programa
de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, tendo como título da tese
―Integração entre Educação Matemática e Educação Ambiental: uma proposição no contexto
da Gestão do Conhecimento‖ tem por objetivo geral, considerando a perspectiva teórico-
crítica, analisar porque, se a Matemática tem relação com o mundo social, este estreitamento
não ocorre no momento do seu ensino. Neste trabalho também observa-se planejamento para
estimular a relação entre a Matemática e a Educação Ambiental. Ao analisar o trabalho
verifica-se que foram realizadas duas abordagens em áreas de conhecimento distintas.
Também declara-se que o estudo está fundamentado na definição da interdisciplinaridade e
complexidade decorrentes dos trabalhos de Edgar Morin, Fritjot Capra, a autora também
examina no âmbito da área da Educação Ambiental leituras interdisciplinares. Esta
investigação é caracterizada por uma pesquisa bibliográfica, em que, para análise dos
registros foi adotado o método de análise do conteúdo amparado no trabalho de Bardin, de
1977.
43
Observa-se no trabalho de Búrigo (2009) uma investigação em três fontes
bibliográficas: documentos do Ministério da Educação: Parâmetros Curriculares Nacionais de
Matemática do Ensino Fundamental, Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática
Ensino Médio, Parâmetros Curriculares Nacionais - Meio Ambiente e Saúde. Outro fator
observado é que, para possibilitar a discussão da relação entre as duas áreas de conhecimento,
adota-se o conhecimento matemático através do método de modelagem matemática. Os
registros realizados das fontes bibliográficas têm obviamente objetivo de suster as conclusões.
Observa-se, ao final desta investigação, o estímulo do pesquisador, através da análise do
discurso de categorizar, resumir e quantificar os registros por meio da análise estatística
descritiva para fundamentar as conclusões.
A tese intitulada ―Comunicação no Ensino-Aprendizagem da Matemática: Práticas
no 1.º Ciclo do Ensino Básico‖, de Guerreiro (2011), trata-se de uma investigação que analisa
a evolução das concepções e práticas de comunicação matemática do professor do 1º ciclo do
ensino básico, no decorrer de um trabalho de natureza colaborativa, focado na reflexão sobre
as práticas de comunicação em sala de aula. Conforme determina Guerreiro (2011), este
trabalho se enquadra em uma pesquisa qualitativa, no qual é realizado o registro de um estudo
de caso. O autor definiu sua amostra por conveniência de proximidade relacional, e declara
que é um ―trabalho colaborativo‖. Para evitar a influência de fatores fora do âmbito da
investigação, é necessário considerar os fatores comuns que ligam um sujeito ao outro no
instante em que se elabora o plano amostral. A busca por amostra por conveniência facilita a
confluência das discussões, entretanto, pode gerar conclusão facciosa, pois frequentemente
não oportuniza equilíbrio nas discussões. A visão que o pesquisador Guerreiro (2011) tem em
relação às análises dos registros mostra a importância dada à forma que se realizam os
procedimentos de análises para propiciar aproximação satisfatória da realidade, como pode
ser observado a seguir:
Os procedimentos de análise dos dados envolvem diferentes fases até à construção do texto interpretativo que corporiza o caso. O principal objetivo deste processo é
reduzir o volume significativo de dados, provenientes do trabalho de campo, num
conjunto de dados substancialmente menor, referenciáveis na escrita do caso
(GUERREIRO, 2011, p.127).
Guerreiro (2011) realizou uma revisão dos principais métodos de análises de
registros, mas não fez uso destes. Isso mostra a hesitação que os pesquisadores têm para
definir o método adequado para explicar a ideia central dos registros, em outras palavras, a
busca pela confluência das respostas por meio de uma abordagem qualitativa, já que para os
44
métodos qualitativos isso se materializa pela intensidade da dispersão dos registros do
fenômeno observado.
Outro trabalho analisado, ―Propondo práticas e desafiando certezas (tese): um estudo
em turma do PROEJA numa perspectiva em educação matemática crítica‖, é um trabalho
realizado pela pesquisadora Ramos (2011), defendido na Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Ciências da Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação
Científica e Tecnológica. Esta investigação teve uma característica de um estudo
experimental, tendo como sujeitos da pesquisa alunos do EJA, e objeto, o processo de ensino
e aprendizagem. Ao buscar na tese a metodologia, eis que encontro um capítulo dedicado a
opções metodológicas com o seguinte título: ―Procurando um Caminho‖. O título anuncia e
denuncia a dificuldade que os pesquisadores têm para definir uma metodologia de pesquisa e
análise de registros dos fenômenos. A autora apresenta, de forma profunda, os métodos de
pesquisa qualitativa e quantitativa, apresentando as vantagens e desvantagens de ambas e, ao
final do asserto, apresenta a justificativa dos procedimentos metodológicos empregados no
estudo.
Assim, levando-se em consideração as definições anteriores, entendo que esta
pesquisa apresenta características de uma pesquisa qualitativa, de foco e design
emergentes cujo procedimento metodológico projetado para a constituição de
material de estudo enquadra-se na modalidade naturalista ou de campo (RAMOS,
2011, p. 122).
Ao analisar os resultados e as discussões, observa-se que a forma de obtenção dos
dados foi por meio de entrevistas, áudio-gravações e questionário com questões abertas e
fechadas. Isso possibilitou uma abordagem aos dados, tanto qualitativamente quanto
quantitativamente, o que gerou apresentação dos resultados através do método de análise
estatística descritiva enriquecido de análise narrativa dos fenômenos observados, fortalecendo
as conclusões. Também foi possível observar neste trabalho a dificuldade que o autor teve em
definir o tipo de pesquisa, bem como o método de análise, isso anunciado a partir do título
proposto.
Frequentemente, para definir como será realizada cientificamente uma investigação
e, posteriormente, a definição de um método adequado de análise dos registros para
possibilitar a geração de informação, baseia-se na frequência em que estes métodos são
utilizados em outros trabalhos, como pode ser observado no trabalho com o título ―O
Laboratório de Anatomia Sob a Perspectiva da ‗Descrição Densa‘: Interfaces da Cultura
Científica e o Ensino de Ciências‖ (TALAMONI e FILHO, 2000). O método utilizado é de
observação, característico da Antropologia Crítica de Clifford Geertz. O autor justifica o
45
trabalho com a seguinte constatação: ―exaustivas pesquisas em Educação para a Ciência
acerca da predominância das perspectivas cartesianas através das quais o corpo tem sido
constantemente representado nas aulas‖ (TALAMONI e FILHO, 2000, p.190).
No momento de estruturar a proposta metodológica de investigação, o pesquisador
procura buscar apoio referencial que corrobora com as investigações realizadas em fenômenos
semelhantes. É comum o investigador optar por métodos que têm a maior frequência entre os
trabalhos relacionados. Entretanto, quando nos restringimos a escolher métodos de análises
utilizados com frequência em outras investigações, também restringimos os registros dos
fenômenos a uma interpretação com uma menor representatividade da realidade, podendo até
mesmo invalidar as conclusões.
O conflito no momento de delineamento da metodologia de investigação é notório
entre os pesquisadores, muitas vezes tornam-se impraticáveis as discussões, ou mesmo se
restringindo a um número reduzido de pesquisadores para as reflexões sobre o tema
investigado. O conflito é muito mais aparente quando se voltam os olhares para a área da
Educação,
[...] em relação aos métodos investigativos são percebidas em nosso meio acadêmico
educacional insatisfações e indefinições. Críticas são feitas, de um lado, ao modelo
positivista e, de outro, à abordagem interpretativista. Há, ainda, uma descrença
quanto às possibilidades atuais da perspectiva crítica. Diante desse quadro, novas
perguntas se formam e inquietam. Se não adotarmos as análises objetivas do
positivismo nem as construções interpretativas das análises subjetivas, o que colocar
no lugar? Existe um espaço para o referencial crítico centrado na importância dos
processos sociais coletivos? Enfim, essas situações são um indicativo de uma crise dos referenciais da investigação educativa? (FREITAS, 2007, p. 11)
Ao considerar que fenômenos são únicos em espaços e tempos, a busca de repetidos
métodos de análises pode influenciar na fomentação da crise metodológica e por
consequência, fomentar a possibilidade de vieses nas análises dos resultados e nas validações
das conclusões das investigações. É necessário considerar que os fenômenos estão em
constantes transformações. Desta forma, é necessário considerar se os métodos utilizados
acompanham as transformações do fenômeno observado.
A investigação a ser realizada deve conter em sua metodologia conhecimentos
capazes de registrar, organizar e analisar os fenômenos de características diversas. É
necessário observar se o arcabouço metodológico da investigação tem a competência de
representar a realidade através de um ou mais métodos de investigação para fundamentar as
conclusões.
46
2.2. MÉTODO DELPHI
Observa-se em diversas áreas do conhecimento metodologias de investigações para
análises dos registros e a validação dos resultados de trabalhos científicos. Dentre as
metodologias observadas, foi identificada uma que é comum a todas as áreas observadas, o
Método Delphi, concebido pela organização Rand Corporation, com recursos financeiros da
Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) na década de 50, com a finalidade de obter opinião
dos especialistas em estratégias de guerra, para identificar os alvos soviéticos mais
apropriados para as bombas atômicas e estimar a quantidade de bombas necessárias para
dimensionar as indústrias americanas para produzi-las.
Devido às características estruturais adaptáveis, o Método Delphi pode ser utilizado
em qualquer área do conhecimento que se deseja investigar. Entretanto, como poderá ser
constatado neste capítulo, há uma baixa frequência de trabalhos científicos nas áreas de
conhecimento relacionadas à Educação, publicados no Brasil que utilizaram o Método Delphi,
quando comparado com trabalhos científicos da mesma área, publicados internacionalmente.
Porém, todos os trabalhos científicos observados que adotaram o Método Delphi, seja para
análise ou validação dos resultados, realizaram uma abordagem com características estruturais
não-paramétricas, com acentuada frequência de pressupostos estatísticos não contemplados.
A maioria dos pressupostos não atendidos durante a realização dos procedimentos
metodológicos da pesquisa podem desenrolar-se em resultados falaciosos, comumente deve-
se ao uso indiscriminado de medidas de tendências centrais sem, levar em consideração as
medidas de variabilidade dos registros.
2.2.1. O que é o Método Delphi
O nome ―Delphi‖ foi idealizado a partir de uma cidade da Grécia Antiga que se
chamava a Cidade de Delfos, onde foi construído o principal templo grego, o Templo do Deus
Apolo, cotejado à ação de profetizar acontecimentos para auxiliar na gestão pública. No
subsolo do Templo de Apolo havia uma gruta conhecida como Oráculo, que expelia gases
alucinógenos. Havia uma sacerdotisa denominada ―Delfos‖, que previamente inalava outros
alucinógenos para adentrar ao Oráculo para receber dos deuses premonições que,
posteriormente, seriam transmitidas no Templo de Apolo para os demais líderes da época
(VOLKER, 2007).
Na década de 50, a princípio, o Método Delphi era um procedimento utilizado para
realizar previsões e prospecção de informações nas mais diversas áreas do conhecimento.
47
Atualmente pode ser observado em diversas áreas do conhecimento e também na área da
Educação o emprego do Método Delphi nas metodologias de análises de registros com maior
frequência, quando comparado com adoção para validação dos resultados.
O Método Delphi é um método de previsão com base nos resultados obtidos através
de instrumentos de registros enviados a um grupo de especialistas. Ocorrem vários
encaminhamentos dos instrumentos de registros ao grupo de especialistas, que se denominam
de rodadas ou interações realizadas pelo pesquisador ao grupo de especialistas. A cada
encaminhamento é agregado, anonimamente ao instrumento de registros, o resumos das
respostas obtidas de encaminhamentos anteriores para compartilhar as reflexões realizadas
pelo grupo de especialistas. O Método Delphi pretende alcançar a resposta "correta" por
consenso do grupo, permitindo que os especialistas ajustem suas respostas em várias rodadas
posteriores e, para que isso aconteça, é dito a cada especialista o que o grupo pensa como um
todo.
Uma das características já mencionada é que o método possibilita realizar previsões
sobre um determinado fenômeno. Muitas aplicações do Método Delphi geram conhecimentos
estratégicos de gestão e tomadas de decisões. Portanto, uma quantidade considerável de
trabalhos fundamentados no Método Delphi não foi divulgada em repositórios de acesso ao
público. O que faz pensar que o uso do Método Delphi é mais além do que é possível observar
no meio científico. Entretanto, a apropriação deste método foi observada durante a Guerra
Fria (MARQUES, 2014 apud SILVA e TANAKA, 1999; YOUSUF, 2007; GRISHAM, 2009)
entre os Estados Unidos da América e a União Soviética, quando se utilizou um grupo de
especialistas para prever o ataque dos soviéticos (RAND, 2015).
Outra definição observada sobre o Método Delphi:
Um método de previsão sistemática que envolve a interação estruturada entre um
grupo de peritos sobre um assunto. A Técnica Delphi geralmente inclui, nos
procedimentos, pelo menos duas rodadas com o grupo de especialistas respondendo
perguntas e dando justificativa para suas respostas. O pesquisador tem a
oportunidade entre as rodadas para alterações e revisões das perguntas. Após atender
ao critério previamente definido pelo pesquisador para encerrar as rodadas, é
possível que o grupo de especialistas forneça uma previsão sobre o tema investigado através do consenso do grupo (BUSINESS DICTIONARY, 2015).
A definição apresentada é direcionada à área da Economia e difundida pelo Business
Dictionary (2015), ficando evidenciado que são necessárias pelo menos duas interações com
os especialistas para verificar se ocorre o consenso.
Outra definição citada em trabalhos científicos refere-se ao Método Delphi como
uma ferramenta capaz de estruturar um processo de comunicação dentre um grupo de
48
especialistas, sendo este método eficaz para estabelecer internamente um diálogo no grupo de
indivíduos, como um todo, para fomentar criteriosamente propostas de soluções a um
problema complexo. Para alcançar o objetivo de uma comunicação estruturada é preciso que
haja feedback entre os especialistas. No feedback as contribuições dos especialistas são
encaminhadas a todos, sempre no anonimato, para que cada especialista tenha a oportunidade
de rever seus pontos de vista, sem a influência física dos demais especialistas (LINSTONE,
TUROFF e HELMER, 2002).
Segundo Lanzer, Pinto e Ramos (2012), outra associação que é possível observar no
Método Delphi é que:
[...] mostra-se como um auxílio àqueles que pretendem basear suas decisões em
opiniões de um grupo de pessoas que conheçam profundamente o que está sendo
abordado, diminuindo o risco de erro se as decisões fossem baseadas na opinião de uma única pessoa. Basicamente, o método trata ―de uma sondagem multifásica,
escrita e anônima, desenvolvida com a participação de um grupo de pessoas
(especialistas no assunto), a divulgação dos resultados de cada fase e do consenso
das opiniões dos entrevistados (LANZER, PINTO e RAMOS apud RUSCHMANN,
1994. p. 2).
O Método Delphi é também conhecido como ―Técnica Delphi‖ como sugere a
definição a seguir,
A técnica Delphi é entendida como a aplicação sucessiva de questionários a um
grupo de especialistas ao longo de várias rodadas, visando, basicamente, a
prospecção de tendências futuras sobre o objeto em estudo. Essa técnica é flexível
na sua concepção e permite uma coleta de dados mais rica, com a possibilidade de
uma compreensão profunda de questões complexas que requerem o conhecimento
de pessoas sobre diferentes questões, tais como, econômicas, sociais e políticas
(COUTINHO, FREITAS, PEREIRA, VEIGA, FERREIRA e MISHIMA, 2014. p. 584).
Além destas denominações, também foi observada no trabalho de Torres (2006) a
denominação ―Método Delfos‖.
[...] é um método de consenso caracterizado por um processo interativo, sistemático
e grupal onde especialistas têm a oportunidade de expressar suas opiniões sobre um
assunto em particular sem a necessidade de contato direto, por meio de respostas
individuais escritas a sucessivos questionários enviados. Estrutura que favorece
estudos com propostas de carácter amplo e que, portanto, necessitem contar com a
contribuição de especialistas residentes em locais geograficamente distantes [...]
(TORRES, 2006 apud SPINOLA, 1997. p. 1792).
Observa-se outro fator relevante a ser considerado: a abrangência geográfica que o
Método Delphi tem quando o pesquisador define no plano amostral do estudo especialista
localizado em qualquer região geográfica.
49
Outra definição observada aponta mais uma característica do Método Delphi:
possibilitar a obtenção com maior confiabilidade do consenso de opiniões de um grupo de
especialistas, por meio de uma série de instrumentos de registros intensivos de critérios de
avaliação dos especialistas, intercalados com informações retornadas aos especialistas para
indicar como está sua opinião em relação aos demais especialistas. Portanto, compreende-se
que o desenvolvimento metodológico do Método Delphi é uma técnica sistemática com
validade científica para registrar os critérios dos especialistas sobre um determinado tema
(MUNARETTO, CORRÊA, e CUNHA, 2013 apud DALKEY, 1969).
O Método Delphi também é definido por buscar critérios de especialistas sobre
determinado tema, promovendo feedback controlado das opiniões registradas repetidamente,
permitindo, assim, que os especialistas respondam novamente os instrumentos de registro
considerando feedback dos demais especialistas (MEYRICK, 2003). Portanto, é possível
agregar opiniões de um conjunto diversificado de especialistas, sem a necessidade de realizar
encontros ou reuniões pessoalmente entre os especialistas para registrar suas opiniões.
Entretanto, para escolher um especialista de qualquer região é necessário verificar se é
possível encaminhar pelo correio eletrônico os formulários. Mas outro recurso a ser
considerado para entregar os questionários ao especialista é através do envio de cartas, o que
levará muito tempo para se obter uma conclusão, podendo onerar e inviabilizar o estudo.
O Quadro 1 apresenta, de forma genérica, procedimentos para investigação com
abordagem qualitativa ou quantitativa, onde é possível observar a comparação entre os
procedimentos de obtenção dos registros e prospecção de informação através do método
tradicional e pelo Método Delphi.
Quadro 1: Súmula dos procedimentos metodológicos para avaliar os registros obtidos através de pesquisas
tradicionais e pelo Método Delphi.
LEVANTAMENTO TRADICIONAL MÉTODO DELPHI
-O investigador elabora um questionário com
perguntas pertinentes ao tema de estudo; -Há inúmeras questões relativas à validade das questões que devem ser consideradas para
desenvolver uma boa pesquisa; -O questionário pode incluir perguntas que
solicitam dados quantitativos ou qualitativos, ou
ambos; -O investigador decide sobre a população e as
hipóteses, e seleciona uma amostra aleatória da
qual obtém os registros; -Nem todos os entrevistados respondem o
questionário e o devolvem; -Os investigadores então organizam e analisam as
respostas para investigar as questões de pesquisa.
-Todas as questões de design questionário de uma
pesquisa também se aplicam a um estudo Delphi. Após
elaboração do questionário, seleciona-se um grupo de especialistas qualificados para responder as perguntas. -O investigador realiza a pesquisa e analisa as respostas.
Em seguida, realiza-se outro levantamento com base nas
respostas ao primeiro e instigando o especialista a revisar
suas respostas anteriores e / ou responder a outras
perguntas com base nas respostas do grupo desde o
primeiro levantamento. -O investigador realiza quantos levantamentos forem
necessários até que os especialistas respondam com um
grau satisfatório de consenso. Os especialistas são
mantidos em anonimato um para o outro (embora não
com o pesquisador) em todo o processo. Fonte: Adaptada da tabela (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004).
50
O Método Delphi tem características que permitem sua utilização na metodologia
dos estudos de abordagem qualitativa ou quantitativa de diversas áreas do conhecimento. Com
o objetivo de mostrar a capacidade de aplicabilidade, a seguir é possível observar as
características do Método Delphi.
2.2.2. Características do Método Delphi
A versatilidade do Método Delphi permite que sejam realizadas adaptações para
possibilitar sua aplicação em diversas áreas do conhecimento, sem degenerar a confiabilidade
das conclusões. Entretanto, é necessário que o investigador avalie a disponibilidade e defina
os procedimentos para comunicação com o grupo de especialistas.
Outra característica a ser considerada no Método Delphi é que, para usá-lo, tanto na
análise dos registros e/ou na validação dos resultados, é necessário estimar um tempo
considerável, suficiente no planejamento da pesquisa (LINSTONE, TUROFF e HELMER,
2002; ORTEGA, 2008). Geralmente fatores relevantes a serem considerados no cronograma
da pesquisa são presteza e disponibilidade do especialista em retornar por correio eletrônico
os registros dos seus critérios de avaliação em relação ao tema da pesquisa.
Um dos fatores que caracterizam o método é que os participantes do estudo se
preocupam com as repercussões que possam ter as propostas de solução para um determinado
problema (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004; SPINOLA, 1984). O consenso dos critérios de
valorações dos especialistas pode ser alcançado ao longo do tempo por meio das interações
entre pesquisador e especialistas. Entretanto, o especialista corre o risco de não se lembrar de
tudo o que pensa ou pode se destoar do tema em questão, incumbido o pesquisador de
verificar o distanciamento das valorações realizadas pelos especialistas durante as interações.
O anonimato é outra característica relevante a ser observada no Método Delphi. Esta
característica permite que o especialista exponha suas opiniões diante de um grupo sem
nenhum constrangimento (WRIGHT e GIOVINAZZO, 2015). No Quadro 2 é possível
observar a comparação entre o Método Tradicional e o Método Delphi em relação a mesma
característica.
51
Quadro 2: Critério de avaliação do anonimato dos respondentes para avaliar os registros obtidos através de
pesquisa tradicional e pelo Método Delphi.
LEVANTAMENTO TRADICIONAL MÉTODO DELPHI
Os entrevistados são quase sempre anônimos
para os outros, e muitas vezes anônimos para o
pesquisador.
Os entrevistados são sempre anônimos entre si, mas nunca
anônimos para o pesquisador. Isto dá aos pesquisadores
mais oportunidade de acompanhar esclarecimentos e
novos dados qualitativos.
Fonte: Adaptada da tabela. (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004)
Com a participação dos especialistas no anonimato a metodologia do Método Delphi
permite obter registros de opiniões sem influência de outras pessoas, como confronto pessoal,
influência de prestígio, persuasão, autoridades e problemas de relacionamento (SPINOLA,
1997). Desta forma, os especialistas ficam à vontade para manter ou modificar suas opiniões
durante o processo metodológico, o que favorece a franqueza nas respostas, evita vieses e
aumenta a confiabilidade das opiniões.
A realimentação realizada pelo mediador da pesquisa, geralmente o pesquisador, é
mais uma característica interna da estrutura metodológica do Método Delphi, que tem o
objetivo de encaminhar as sínteses das opiniões a cada um dos especialistas. A realimentação
é realizada várias vezes até que seja observado o consenso do grupo de especialistas em
relação ao tema, a bibliográfica destaca que no mínimo duas vezes deve ocorrer a
realimentação (LINSTONE, TUROFF e HELMER, 2002). Em média, os estudos apresentam
três realimentações, mas isso depende muito da característica de cada tema e do conjunto de
especialistas que participa do estudo. A realimentação permite que o pesquisador seja um
mediador das discussões com o objetivo de evitar desvio do foco do tema do trabalho.
Segundo Wright e Giovinazzo (2015), para os estudos científicos que adotaram na
metodologia o Método Delphi, em média é necessário que o pesquisador realize no mínimo
três interações. As mediações realizadas pelo pesquisador são necessárias para realimentar os
especialistas com um resumo de informações resultantes das opiniões do grupo, dessa
maneira, o pesquisador objetiva obter o consenso nas respostas.
No desenvolvimento dos procedimentos do método, os especialistas recebem a
síntese de opiniões dos demais especialistas para rever suas opiniões sobre o assunto, essa é
mais uma característica de flexibilidade do Método Delphi, em que a cada realimentação as
opiniões podem ser reavaliadas pelos especialistas, considerando o grupo (LINSTONE,
TUROFF e HELMER, 2002).
O Método Delphi contempla nos procedimentos instrumentos que permitem avaliar a
competência dos especialistas para participar da investigação. A avaliação prévia dos
52
especialistas contribui para aumentar a confiabilidade em obter julgamentos, apreciações,
critérios de valorização e opiniões a respeito do tema investigado.
Outra característica observada no Método Delphi está relacionada ao consenso, uma
vez observadas opiniões semelhantes no grupo, entretanto pode ser evidenciado um ou mais
especialistas com opiniões demasiadamente diferentes do consenso dos demais especialistas,
isso estimula o pesquisador a intervir nos procedimentos com uma solicitação ao especialista
para justificar a opinião emitida (LINSTONE, TUROFF e HELMER, 2002).
Outro termo utilizando por Okoli e Pawlowski (2004) para identificar a opinião de
especialista que se destoa do grupo de especialistas é registro discrepante. No Quadro 3 é
possível observar a comparação entre métodos de prospecção tendo como critério a
discrepância nas opiniões anunciadas pelos especialistas.
Quadro 3: Critério de avaliação da discrepância das respostas, para avaliar os registros obtidos através de
pesquisas tradicional e pelo Método Delphi.
LEVANTAMENTO TRADICIONAL MÉTODO DELPHI
Para levantamentos individuais, os registros
discrepantes invalidam a questão. Para repetidos
estudos de levantamento, os pesquisadores devem
investigar os efeitos discrepantes.
A discrepância nas respostas tende a ser baixa, e os
pesquisadores geralmente podem facilmente verificar a
causa ao falar com os desistentes.
Fonte: Adaptada da tabela. (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004)
No estudo que contém um ou mais especialistas que possuem uma opinião que
destoa do consenso, o pesquisador pode retirá-lo do estudo ou investigar com maior
profundidade para tentar responder por que o especialista tem uma opinião divergente
(SILVA, RODRIGUES, SILVA e WITI, 2009; WRIGHT e GIOVINAZZO, 2015). Mas é
importante observar, se o pesquisador optar por estudar uma opinião individualmente para
entender sua relação com o tema, poderá conduzir o estudo a um objetivo diferente do
proposto inicialmente, por outro lado, pode criar um consenso artificial. Entretanto, para
Fahey, King e Narayanan (1981), mais importante que obter um consenso é obter resposta de
qualidade, independente do número de respostas para um mesmo tema.
A interação entre as opiniões do grupo de especialistas é outra característica
observada no Método Delphi, isso possibilita ao pesquisador evitar vieses nos resultados no
momento em que é realizada a realimentação (MEYRICK, 2003).
Outra contribuição da interação é que permite um aprendizado recíproco entre o
grupo de especialistas. No Quadro 4 é possível observar a contribuição da interatividade entre
as opiniões dos especialistas, o que assegura que uma opinião formada pelo coletivo de
especialistas é superior à opinião formada por apenas um especialista.
53
Quadro 4: Critério de avaliação das respostas do grupo vs. individuais e a riqueza de detalhes das respostas,
para avaliar os registros obtidos através de pesquisa tradicional e pelo Método Delphi.
LEVANTAMENTO TRADICIONAL MÉTODO DELPHI
Os pesquisadores esperam obter através de uma
amostragem planejada a estimativa da média com a
menor variabilidade possível das respostas dos
indivíduos com objetivo de inferir as conclusões à
população com a maior confiabilidade factível.
A riqueza de registros depende da forma e
profundidade das questões, e sobre a possibilidade
de continuidade, como entrevistas. Continuidade é
muitas vezes limitada quando os pesquisadores não são capazes de controlar os entrevistados.
Estudos têm mostrado consistentemente que, para
questões que exigem julgamento dos especialistas, a
média das respostas individuais é inferior às médias
produzidas por processos de decisão em grupo;
investigação tem mostrado explicitamente que o
Método Delphi confirma isso.
Além das questões de riqueza das pesquisas
tradicionais, fornece registros mais ricos por causa de
suas várias interações que possibilitam as revisões de respostas dos especialistas.
Fonte: Adaptada da tabela. (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004)
No método tradicional de pesquisa é comum não se conseguir obter respostas com
riqueza de detalhes devido às características metodológica e instrumental, pois em geral o
pesquisador não consegue controlar o grupo de especialistas, e o instrumento não permite
riquezas de detalhes, o que torna inviável sua utilização. Por outro lado, o Método Delphi,
devido à possibilidade de interações com os especialistas, permite ao pesquisador redirecionar
ou aprofundar a investigação científica.
Outra característica do Método Delphi é a independência em relação ao tamanho
amostral, entretanto, recomenda-se que os procedimentos de análises de registros e validação
dos resultados concluam com 14 especialistas, em média (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004;
MARTINEZ, ZÚÑIGA, SALA e MELÉNDEZ, 2012; MEYRICK, 2003). Esta recomendação
é para garantir uma confiabilidade aceitável no consenso das opiniões dos especialistas, e
mesmo com este cuidado é possível surgirem opiniões discrepantes.
O pesquisador pode decidir retirar do grupo o especialista, a partir do momento em
que suas opiniões permanecerem fora do consenso, mesmo com as justificativas elaboradas
pelo especialista candidato a ser retirado do estudo (Quadro 5).
Quadro 5: Critério de avaliação para confiabilidade e resposta revisada, para avaliar os registros obtidos através
de pesquisa tradicional e pelo Método Delphi.
LEVANTAMENTO TRADICIONAL MÉTODO DELPHI
Um critério importante para avaliar pesquisas é a
confiabilidade das medidas realizadas. O investigador garante isso por pré e repetidos testes
para garantir a confiabilidade.
Pré Teste é também uma importante garantia de
confiabilidade para o método Delphi. No entanto, a confiabilidade através de pré e repetidos testes não é
relevante, uma vez que os pesquisadores esperam que
os especialistas revejam as suas respostas.
Fonte: Adaptada da tabela (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004)
Outro fator considerado no levantamento tradicional de registros é uma possível
dispersão acima do aceitável pelo pesquisador. Em registros que contém, por diversos fatores,
e muitas vezes desconhecidos, uma dispersão acentuada nas respostas, pode dificultar a
54
obtenção do consenso da opinião do grupo. Um meio de combater isso é rever o instrumento
de registro das opiniões dos especialistas e/ou aumentar o tamanho amostral de especialistas a
participarem do estudo.
No Quadro 6 é possível observar a influência da representatividade amostral entre dois
métodos de prospecção de opiniões. No levantamento tradicional a representatividade de um
tamanho amostral está relacionada a uma abordagem quantitativa que envolve conceitos de
probabilidade.
Quadro 6: Critério de avaliação para representatividade da amostra, para avaliar os registros obtidos através de
pesquisas tradicional e pelo Método Delphi.
LEVANTAMENTO TRADICIONAL MÉTODO DELPHI
Usando técnicas de amostragem estatística, os
pesquisadores selecionam aleatoriamente uma
amostra representativa da população de interesse.
Ao selecionar um sujeito aleatoriamente, o
pesquisador está atribuindo um nível de
confiabilidade conhecido.
As perguntas abordadas no estudo são de alta incerteza
e especulação. Assim, a população em geral, ou uma
amostra, pode não ser suficiente para responder às
perguntas com precisão. Um conjunto de especialistas,
anônimos entre si, pode chegar a uma resposta a uma
pergunta difícil, conexa à quantidade de interações
realizadas entre o pesquisador e o grupo de especialistas
Fonte: Adaptada da tabela. (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004)
As investigações com abordagem qualitativa, quantitativa ou quali-quantitativa podem
ter seus resultados alterados devido ao tamanho da amostra, dependendo dos objetivos
previamente determinados pelo pesquisador. Em uma investigação realizada com objetivo de
generalizar os resultados e realizar inferências a uma população, a dimensão da amostra é
relevante, ou seja, quanto maior o tamanho da amostra, melhor estará descrito o fenômeno
que permite generalizar os resultados. A exemplo, o mesmo conceito adotado para elaboração
de imagens eletrônicas, quanto maior a quantidade de pixel melhor será a resolução da
imagem eletrônica, por conseguinte, melhor estará representada a imagem real, entretanto,
jamais a imagem eletrônica representará a totalidade da imagem real. Em geral, o objetivo de
generalizar os resultados é frequente nas investigações quantitativas, mas não exclusiva.
Para uma investigação cujo objetivo não é generalizar os resultados, mas representar
densamente o fenômeno, o tamanho da amostra não influencia nos resultados, entretanto uma
amostra grande inviabiliza os trabalhos do pesquisador, tornando difícil o aprofundamento no
tema investigado. Geralmente uma investigação com uma descrição densa do tema é
frequente em estudos com abordagem qualitativa.
No Método Delphi, dependendo dos indicadores utilizados na investigação, o tamanho
da amostra é relevante, pois aumenta o número de interações com o grupo de especialistas, já
que é mais difícil obter o consenso de um grupo maior de especialistas. Ao aumentar o
55
número de interações com o grupo de especialistas, o tempo de execução da investigação será
estendido.
O Quadro 7 define que a quantidade a participar do estudo está entre 10 a 18
especialistas (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004). Mas geralmente independente da abordagem,
qualitativa, quantitativa ou quanti-qualitativa, o que define a quantidade de especialistas a
participar do estudo é a experiência do pesquisador associada às características do tema e à
disponibilidade do especialista.
Quadro 7: Critério de avaliação para dimensionar a amostra, considerando resultados significativos, para avaliar
os registros obtidos através de pesquisas tradicional e pelo Método Delphi.
LEVANTAMENTO TRADICIONAL MÉTODO DELPHI
Com o objetivo de generalizar os resultados para uma
população, os pesquisadores precisam selecionar o
tamanho de amostra suficiente para detectar efeitos
estatisticamente significativos.
O tamanho do grupo não depende do poder
estatístico, mas sim da dinâmica e competência do
grupo para se chegar a um consenso entre os
especialistas. Assim, a literatura recomenda 10 a 18
especialistas.
Fonte: Adaptada da tabela. (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004)
Outra característica própria do Método Delphi é possibilitar ao pesquisador realizar
validação dos resultados obtidos do estudo por meio da abordagem qualitativa. Isto somente é
possível porque o pesquisador é o mediador no processo de registro, o que possibilita realizar
a associação entre as respostas e os especialistas que as emitiram (Quadro 8). Para uma
abordagem quantitativa existem outros métodos estatísticos baseados em testes paramétricos e
não-paramétricos que validam os resultados obtidos.
Quadro 8: Critério de avaliação da validade dos resultados, para avaliar os registros obtidos através de pesquisa
tradicional e pelo Método Delphi.
LEVANTAMENTO TRADICIONAL MÉTODO DELPHI
A validade é assegurada pelo design cuidadoso do
levantamento e pelos testes posteriores.
Além do que é exigido de uma pesquisa tradicional,
o Método Delphi pode empregar nos procedimentos
metodológicos uma validação adicional dos instrumentos de registros e dos resultados, através
da avaliação e interpretação do grupo de
especialistas. O fato de que o Método Delphi não é
anônimo para o pesquisador, permite a qualquer
momento da investigação a validação dos
instrumentos e dos resultados, ao contrário de
pesquisas tradicionais. Fonte: Adaptada da tabela. (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004)
O Quadro 9 apresenta um problema que ocorre quando não é possível realizar o
registro completo de determinado fenômeno. No método tradicional de prospecção de
opiniões que tem uma característica de abordagem quantitativa, este problema pode até
inviabilizar o estudo. Entretanto, esta é outra característica favorável ao Método Delphi, não
56
ser sensível à ausência de respostas, pois em geral os especialistas que confirmaram sua
participação tendem a não enviar registros incompletos.
Quadro 9: Critério de avaliação das questões de não-resposta, para avaliar os registros obtidos através de
pesquisa tradicional e pelo Método Delphi.
LEVANTAMENTO TRADICIONAL MÉTODO DELPHI
Os pesquisadores precisam investigar a possibilidade
do viés da não-resposta para assegurar que a amostra
continua a ser representativa da população.
A ausência de resposta é normalmente muito baixa
em inquéritos Delphi, uma vez que a maioria dos
pesquisadores garante sua participação, desde que
envolvidos com tema. Fonte: Adaptada da tabela (OKOLI e PAWLOWSKI, 2004)
De maneira geral, o Método Delphi tem a característica de registrar opiniões sobre
um tema específico e definir, através de consenso, a opinião que tem relação com o tema. A
definição do consenso das opiniões está fundamentada na competência de cada especialista
propor uma solução para o tema. O grupo de especialistas a ser formado anonimamente, entre
si, tem uma importante característica em comum: o conhecimento sobre o tema proposto. O
Método Delphi vem sendo utilizado em abordagens qualitativas e quantitativas ou ambas. Um
fator fundamental para análises dos registros e validação dos resultados é o desenvolvimento
do questionário, definição de consenso e como interpretar não-consenso, critérios de seleção
para formar o grupo de especialistas; dimensionamento amostral, e análise interpretativa dos
registros.
Na área da Educação o Método Delphi é comumente usado para estruturar a
metodologia visando fundamentar a formulação de recomendações para melhorar o processo
de ensino e aprendizagem (OSBORNE, COLLINS, RATCLIFFE, MILLAR e DUSCHL,
2003).
O Método Delphi tem contribuído significativamente para o processo de
desenvolvimento de uma política da educação. A contribuição do método é observada em
estudos que propõem tomadas de decisões a serem realizadas sobre formação continuada dos
professores, e a distribuição de recursos educacionais limitados são exemplos que requerem
pensamento crítico e raciocínio (OSBORNE, COLLINS, RATCLIFFE, MILLAR e
DUSCHL, 2003).
Independente das proposições sobre um determinado tema complexo, difícilmente a
proposta de solução é derivada de um especialista, mas do consenso de um grupo de
especialistas, corroborando com um ditado popular que diz: "duas cabeças pensam melhor
que uma". Imagine um grupo de cabeças de especialistas pensando sobre um mesmo tema.
Outra característica do Método Delphi é o baixo custo, quando comparado com
outros métodos, por exemplo, uma abordagem quantitativa que requer um tamanho amostral
57
significativo, também requer uma organização para registrar, copilar, analisar e validar os
resultados pode ser um processo longo, árduo e muitas vezes desconfortante para o
pesquisador, todos esses fatores podem influenciar nos resultados negativamente.
O Método Delphi tem como característica singular uma comunicação estruturada
dentre um grupo de especialistas, de modo que eles não se comuniquem no momento da
realização da investigação. Este grupo de especialistas deve ter a competência de argumentar
e propor soluções factíveis para um problema complexo. Em longo prazo isto é um processo
construtivo baseado na inteligência humana.
A comunicação conduzida pelo pesquisador proporciona o retorno de contribuições
individuais de informação e conhecimento de cada especialista para o grupo, dando a
oportunidade de cada especialista ter acesso a muitos pontos de vista, permitindo-lhes
reavaliar as informações cedidas em momento anterior. Esta dinâmica contribui
significativamente para a qualidade, confiabilidade das análises dos registros e validação dos
resultados, bem como a confluência das valorações dos especialistas.
Em virtude da disponibilidade das tecnologias de informação atualmente, a
característica da investigação instantânea é a mais indicada para descrever o Método Delphi,
entretanto, não se pode descartar uma descrição mesclando as características da investigação
instantânea com as demais características apresentadas no Quadro 10.
O Quadro 10, adaptado do Linstone, Turoff e Helmer (2002), descreve as principais
características de uma investigação de grupo, sendo a investigação por telefone, reunião,
seminários, questionário tradicional e investigação instantânea.
Quadro 10: Características de investigação em grupo
Descrição Investigação
por telefone Reunião Seminários Questionário
Tradicional Investigação
Instantânea Interação
individual Coincidente
grupo Coincidente
grupo Coincidente
grupo Aleatório Aleatório
Tempo de
interação Curto prazo Médio para
longo prazo Longo prazo Curto para
Médio prazo Curto prazo
Quantidade
de interação Múltiplos,
depende do
grupo
Múltiplos,
atraso entre
as interações
Único Múltiplos,
atraso entre as
interações
Múltiplos, depende
do especialista
Alcance Depende do
investigador
(flexível)
Depende do
investigador (flexível)
Apresentação
(dirigida) Depende do
entrevistador (Estruturado)
Depende do
entrevistador e ou
especialista (Estruturado)
Custo Custo por
ligação,
considerar
urgência
Viagem,
honorários,
custo por
atrasos
Viagem,
honorários Honorários do
entrevistador,
compilação,
impressão
Custo comunicação
com computador,
considerar urgência
Outras
características Fluxo igual de informações para todos. Pode maximizar os
efeitos psicológicos
Fluxo eficiente de informação
Fluxo de informações igual para todos. Minimiza efeitos psicológicos e tempo
exigido dos especialistas. Adaptação do (LINSTONE, TUROFF e HELMER, 2002)
58
Linstone et al. (2002) afirmam: ―Método Delphi é mais uma arte do que uma
ciência‖, isso ilustra o fato que o presente método está em constante reformulação, o que
possibilita sua utilização em diversas áreas de conhecimento, pois as restrições para utilização
são mínimas e livres de pressupostos, diferentemente dos métodos quantitativos que, para
serem utilizados nas análises, é necessário atender diversos pressupostos para cada método
estatístico, para poder realizar as análises.
2.2.3. Evolução Histórica do Método Delphi
A primeira investigação científica na década de cinquenta com as características do
Método Delphi foi um estudo militar com objetivo de obter o consenso de um grupo de
especialistas quanto à estimativa do número de bombas atômicas para reduzir o poder bélico
no setor estratégico industrial da União Soviética (LINSTONE et al., 2002). Considerando a
década de cinquenta, quando comparada com a atualidade, as tecnologias de computação
disponíveis na época eram precárias e muito caras, o Método Delphi passava a ser o método
de investigação mais indicado para investigações que fundamentava tomadas de decisões em
estratégicas militares.
Com a finalidade de realizar pesquisas militares, a organização Rand Corporation
(RAND) foi fundada pela Força Aérea dos Estados Unidos (United States Air Force -USAF)
imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, em 14 de maio de 1948, na Califórnia. A
RAND é uma organização independente e sem fins lucrativos. Um dos métodos de pesquisa
utilizado pela RAND era para obter opinião de especialistas em estratégias de guerra, com
objetivo de fundamentar os planos estratégicos militares com pesquisas científicas e
direcionar as tomadas de decisões. No início o método era denominado de expert judgment,
depois foi alterada sua denominação para Delphi, nome encontrado em um estudo da RAND
datado de 15/11/1951, com o título The use of experts for the estimation of bombing
requirements (CHAVES, 2011 apud DALKEY e HELMER, 1962). Após 10 anos de estudos
militares foi autorizada a divulgação do método. Desde então a organização é dedicada a
promover conhecimentos científicos em diversas áreas, inclusive da educação para promover
o bem estar público e a segurança dos Estados Unidos da América (RAND CORPORATION,
2005).
Em 1948, a organização Rand Corporation concebeu cientificamente o método de
investigação denominado Delphi com objetivo de atender demandas da USAF em relação à
guerra. Os primeiros estudos que a RAND realizou após a guerra foram para prever corridas
59
de cavalos (MARTÍNEZ, 2013). Anos depois, o uso em trabalhos científicos não chegava a
100, entretanto, uma década depois, esses números ultrapassaram 1000 trabalhos (Quadro
11).
O Método Delphi consiste nas estimativas que um conjunto de pessoas, com
formação na área de pesquisa ou especializadas sobre o assunto, realiza avaliação
interativamente por estimativa. É um método interativo que tem como objetivo a estimativa
fundamentada em experiências de várias pessoas especialistas no assunto em estudo. É
possível observar no Quadro 10 a linha do tempo dos métodos de previsão que se iniciou
através da organização Rand Corporation, onde o Método Delphi aparece no primeiro tempo,
sendo este o início dos métodos de previsão. Atualmente os métodos de previsão têm um
papel importante na sociedade, pois as tomadas de decisões em geral são fundamentadas em
métodos científicos.
O Método Delphi foi adotado em grandes episódios em 1949, ano em que
aconteceram grandes feitos para a humanidade, presentes até os dias atuais, assim declara o
estudo sobre "A previsão da evolução social de eventos tecnológicos" de Kaplan, Skogstad e
Girshick, publicado em 1949, adotou nos procedimentos metodológicos o Método Delphi.
Em 8 de janeiro de 1949 a primeira calculadora, denominada Complex Number
Calculator, estava disponível para a humanidade, começou a operar o primeiro sistema de
comunicação a distância, interligado por antenas, que hoje é conhecido como celular, a
primeira geração de computadores também se inicia neste intervalo de tempo (CONTI, 2015).
Atualmente esses feitos que iniciaram na década de 50 são relevantes para uma
pesquisa científica de prospecção de opinião. Para viabilizar um estudo científico que usa de
métodos de prospecção de opinião, é fundamental ter disponível o correio eletrônico,
celulares, internet, computadores, calculadoras para todos os envolvidos em um estudo
científico.
Em 1958, a publicação do artigo de Brown, que fundamenta o método de Slideshow
de Alisamento, foi mais uma contribuição relevante para reformulação do Método Delphi
(Quadro 11). O Slideshow é um método de prospecção de opinião, atualmente também
conhecido como Método Quantum, que tem o objetivo de avaliar a tendência
comportamental humana relacionada as quatro emoções primárias: predominância, indução,
submissão e conformidade. O estudo destas emoções pode ser aprofundado no estudo de
Marston (1928). O Método Slideshow registra opiniões de um grupo de pessoas, com alguma
característica comum, com objetivo de estimar clima de relações e inter-relações, atualmente
nas instituições de ensino denominam este processo como Pesquisa de Clima Organizacional
(RIZZATTI, 2002).
60
Em 1970 foi editado o primeiro livro clássico de Box e Jenkins, utilizado atualmente
para realizar e fundamentar previsões em diversas áreas do conhecimento através de estudos
com abordagem quantitativa (Quadro 11). O estudo de Box e Jenkins apresenta diversos
métodos quantitativos de previsões. Em comum aos métodos de previsão é a necessidade de
observar o passado para estimar, com uma determinada confiabilidade, o futuro. Para realizar
previsões os registros devem ser realizados e organizados sequencialmente ao longo do
tempo, onde a característica mais importante entre um registro e outro é a dependência mútua
(EHLERS, 2000). Nas disciplinas de Análises de Séries Temporais, que abordam
conhecimentos estatísticos, a obra de Box e Jenkins é o referencial mais citado nos dias atuais.
A crise pela qual passou o Método Delphi, em meados de 1974, é em parte pelo
crescimento que se deu nos métodos quantitativos. Como já haviam previsto Kaplan e
Skogstad (1949), a evolução da tecnologia disponibilizou para a comunidade científica
computadores, celulares, máquinas de calcular, entre outras tecnologias disponíveis (Quadro
11). Os métodos quantitativos exigem procedimentos de cálculos complexos e extensos, sem
o advento das tecnologias seria inviável realizar análises de uma grande quantidade de
registros, através de métodos quantitativos. Por isso, até o início da década de 70 os métodos
qualitativos eram os mais utilizados pela facilidade e baixo custo nos procedimentos, mas a
partir desta década os métodos quantitativos tiveram uma taxa de crescimento relevante que
chegou a gerar, em 1980, o Jornal de Análise de Séries.
Durante o período de crise do Método Delphi, entre 1970 a 1980 surgiram muitas
discussões em torno do tema: métodos quantitativos e qualitativos (Quadro 11). Em estudo
realizado por Patton (1980) é possível observar quais tipos de registros podem ser abordados
com métodos qualitativos.
Para estudos que realizam descrições detalhadas de fenômenos, comportamentos,
entrevistas diretas ou transcrições de discursos de pessoas sobre suas experiências, os métodos
qualitativos são os mais adequados para prospecção e análises dos registros. Outros fatores,
como abordagem de trechos de registros, correspondências, documentos e gravações com
objetivo de descrever detalhadamente um contexto social e/ ou cultural também é mais
indicado para o pesquisador realizar uma investigação através de uma abordagem qualitativa
(LIEBSCHER, 1998). Portanto, os métodos qualitativos são apropriados para obter e analisar
registros de fenômenos que não são descritos quantitativamente.
Os métodos quantitativos não são apropriados para analisar registros de fenômenos
com descrição discursiva qualitativa, a partir desta afirmação os métodos qualitativos
reafirmam sua importância nos estudos científicos, em destaque aqueles que consideram o
contexto social. Entretanto, Kaplan e Duchon (1988) afirmam que um estudo com ambas as
61
abordagens (qualitativa e quantitativa) tendem a aumentar a confiabilidade das análises dos
registros e validação dos resultados (Quadro 11).
Em meados da década de 80 o Método Delphi passou por uma reestruturação
metodológica, admitindo métodos quantitativos nos procedimentos para analisar a progressão
em direção ou não ao consenso das opiniões dos especialistas (Quadro 11). Os métodos
quantitativos utilizados para monitorar as opiniões dos especialistas são de ordem elementar,
como cálculos das medidas de tendência central e de dispersão.
A partir da década de 80, o Método Delphi se reafirma como sendo uma ferramenta de
previsão com o estudo de G. Rowe e G.Wrigth, publicado no International Journal of
Forecasting, na Espanha, com os livros de Jon Landeta ―O Método de Delphi, Ariel Prática,
Barcelona‖ e "Princípios da Previsão", editado por JS Armstrong (Quadro 11). Os resultados
alcançados por estes estudos revelam que o Método Delphi conduzido de acordo com as
especificações declaradas nos procedimentos metodológicos pode produzir resultados mais
confiáveis nas pesquisas do que os métodos tradicionais.
Quadro 11: Linha do tempo dos métodos de previsão, onde o Método Delphi é o propulsor dos métodos.
1948 Primeira aplicação do Método Delphi, desenvolvido pela Rand Corporation, para prever os resultados
de corridas de cavalos. 1949 A. Kaplan, A.L. Skogstad e M. A. Girshick publicaram "A previsão da evolução social de eventos
tecnológicos", onde o apoio científico é o Método Delphi. 1951 Primeiro experimento para fins militares, por meio do Método Delphi (Dalkey e Helmer). 1958 Publicação do artigo de Brown estabelece as bases para métodos de Slideshow de Alisamento. 1963 Primeiro experimento Delphi fins não-militares (Helmer e Quade). 1970 Primeira Edição do Box, GEP; Jenkins, G. H. e Reinsel, G. C., Análise de Séries, Previsão e Controle. 1974 Até este ano, o Método Delphi foi crescendo em popularidade: quase 500 artigos publicados. Mas a
partir deste momento inicia-se um período de crise do Método Delphi. 1980 Criação do Jornal de Análise de Séries; É encerrada a fase de crise do Método Delphi. 1981 Celebração do primeiro Simpósio Internacional sobre Predição (ISF1981). 1981 Criação do Journal of Forecasting. 1984 Criação do International Journal of Forecasting. 1985 Início da recuperação e aplicação contínua do Método Delphi e refinamento da metodologia.
1986 PDP Publicou Livros (Distributed Processing Paralela, Vols. I e II) editado por David Rumelhart e
James McClelland, um evento que ocorreu para aprender método retropropagação (backpropagation)
Percepção para redes neurais multicamadas.
1987 Criação da Sociedade Redes Neurais Internacional (DCI) celebrado na Conferência Internacional IEEE
em Redes Neurais, com 1.700 participantes (San Diego). 1990 Publicações das transações de diário em Redes Neurais pelo IEEE. 1999 G. Rowe e G.Wrigth publicado no International Journal of Forecasting, um artigo de referência
fundamental, O Método Delphi como uma ferramenta de previsão. 1999 Publicação na Espanha de um método pequeno, mas magnífico do livro Delphi. Jon Landeta, O Método
de Delphi, Ariel Prática, Barcelona. 2001 Publicado o tratado "Princípios da Previsão", editado por JS Armstrong. 2005 Bodas de Prata do Simpósio Internacional sobre Forecasting, o fórum mundial mais relevante de
predição. Adaptado do trabalho de Martínez (2013).
62
Atualmente é possível observar em bancos internacionais de repositórios de trabalhos
científicos a frequência relevante de trabalhos científicos na área da saúde e humanas, em
destaque a área da Educação que utilizou o Método Delphi como técnica de prospecção de
opinião. Entretanto, ao observar os bancos repositórios de trabalhos científicos nacionais a
situação se repete quanto à frequência de trabalhos na área da saúde, mas não na Educação.
Mas a repercussão do Método Delphi em diversas áreas do conhecimento é possível
ser observada com o aumento da frequência da utilização do método de investigação na
Economia (CAMISÓN et al., 2009; ESLAVA et al., 2010), na área de Administração
(ORTEGA, 2008) e na Espanha, na área ligada à saúde (MARTINEZ et al., 2012). No Brasil,
a frequência de utilização do Método Delphi na Educação é baixo quando comparado como as
frequências de trabalhos na Espanha, Portugal e Estados Unidos da América.
A característica fundamental do Método Delphi é a possibilidade de reformulação
nos procedimentos metodológicos, dependendo da área de conhecimento e finalidade do
estudo, isso pode vir a contribuir com o aumento de trabalhos científicos que utilizam o
Método Delphi (LINSTONE et al., 2002), por exemplo, na área da Educação em Ensino.
Atualmente o Método Delphi é um procedimento utilizado para realizar previsão, o
que fomenta seu uso significativo em diversas áreas do conhecimento em todo mundo
(Gráfico 01). No recorte realizado em março de 2015, considerando os trabalhos científicos
realizados em 2011 e 2015 disponíveis na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do
Nível Superior - CAPES, observa-se que no âmbito da Enfermagem é o que mais faz uso do
Método Delphi nos estudos científicos, seguida pela área da Administração.
Também é possível observar que a área da Educação surge bem mais tarde em
relação às outras áreas de conhecimento. Os trabalhos científicos observados no período de
2011 a 2012 no âmbito da Saúde que envolvem a Enfermagem, Medicina, Saúde Pública
utilizaram o Método Delphi no processo de ensino e aprendizagem do aluno e do profissional
para construir indicadores de avaliação dos cursos da área da Saúde no Brasil.
63
Figura 1: Trabalhos selecionados em 10/03/2015 na base de teses da CAPES utilizaram o Método Delphi como
principal método de execução da investigação.
Fonte: Coletado pelo autor na base dados da CAPES, 2015.
Com base no banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do
Nível Superior – CAPES, elaborou-se a Figura 1, onde é possível observar a área de
conhecimento que mais utiliza o Método Delphi em suas investigações é a área de
Enfermagem, com mais de 28% dos trabalhos realizados a partir de 2011. Isso mostra aos
pesquisadores que há um vasto campo de pesquisa que pode ser realizado ou validado por
meio do Método Delphi.
Com os mesmos procedimentos realizados para elaborar a Figura 1, a Figura 2 está
fundamentado com a base de trabalhos científicos que utilizaram o Método Delphi,
cadastrados a partir de 2011 na base de teses da Universidade de Lisboa – Centro de
Documentação Européia da Europa, onde foi possível observar que a distribuição das
frequências de utilização do método é semelhante à do Brasil, sendo diferenciada apenas pela
área da Educação.
Em primeiro lugar, com 23% de trabalhos relacionados com a Saúde Pública,
seguido da Gestão de Sistemas de Informação, com 7%, e Administração e Educação, ambas
com 6% (Figura 2).
Segundo a investigação de Stitt-Gohdes e Crews (2004), a aplicação do Método
Delphi é mais frequente em áreas do conhecimento relacionadas a questões de saúde pública e
educação, pois tratam de fenômenos que estão em constante transformação, gerando uma
64
escassez de referencial teórico, e geralmente o pesquisador é desafiado com novas situações
problemas.
Figura 2: Trabalhos selecionados em 10/03/2015 na base de teses da Universidade de Lisboa – Centro de
Documentação Européia, que utilizaram o Método Delphi como principal método de execução da investigação.
Fonte: Coletado pelo Autor na base de dados da Universidade de Lisboa, 2015.
Quando se realiza um recorte em março de 2015 de teses cadastradas na base da
TDX de Cataluña – Espanha, que adotaram nos estudos o Método Delphi, observou-se que na
Espanha a frequência com que é adotado o método é maior quando comparado no mesmo
intervalo de tempo no Brasil.
É possível observar na Figura 3, que a área de conhecimento que mais utiliza o
Método Delphi é a da Educação, com 22%, seguido de Economia e Medicina, com 19% e
11%, respectivamente.
65
Figura 3: Trabalhos selecionados em 10/03/2015 na base de teses da TDX de Cataluña – Espanha, onde foi
utilizado o Método Delphi como principal método de execução da investigação.
Fonte: Coletado pelo Autor na base de dados da Universidade de Cataluña, 2015.
O método reestruturado proposto neste trabalho pode ser utilizado em estudos com
abordagens qualitativas, quantitativas, ou ambas. Pode ser observado que o Método Delphi é
adotado em diversas áreas do conhecimento científico, pelo mundo todo. Isso é possível
devido às características de adequação do método, que permitem que ele seja utilizado em
muitos procedimentos metodológicos de estudos.
2.2.4. Epistemologia do Método Delphi
Para que o pesquisador se aproprie de uma descrição e reproduza cientificamente um
fenômeno com determinado grau de confiabilidade é necessário que o pesquisador conheça e
distingue os diferentes tipos de conhecimento. Uma metodologia de investigação científica
possui fundamentos filosóficos que distinguem um conhecimento científico dos demais
conhecimentos empíricos, religiosos, teológicos.
O trabalho intitulado On the Epistemology of the Inexact Sciences, de Olaf Helmer e
Nicholas Rescher publicado em 13 de outubro de 1958, citado por Linstone et al. (2002)
apresenta este trabalho como um propulsor do Delphi. Este trabalho mostra a apropriação do
conhecimento sobre a natureza através do conjunto de inteligência humana.
66
Outros trabalhos representados na epistemologia ocidental por John Lockean1,
Gottfried Wilhelm Leibniz2, Immanuel Kant
3, Georg Wilhelm Friedrich Hegel
4 e Peter Albert
David Singer5 seguem, em grande parte, uma estrutura morfológica da filosofia de
sistematização de prospecção de opiniões, a qual é um dos fundamentos do Método Delphi
(LINSTONE et al., 2002). A estrutura de sistematização de prospecção de opiniões anônimas
que estrutura o Método Delphi estimula a reflexão e a imaginação dos especialistas.
Ao buscar compreender o mundo em que se vive, uma das formas é registrar e
analisar cientificamente os fenômenos observáveis. Para que seja possível as pessoas
compartilharem cientificamente as observações e reflexões registradas é necessário seguir
uma metodologia previamente definida antes de iniciar os registros, indicando quais métodos
de análise de registro e validação dos resultados serão adotados no estudo. Os métodos
declarados nos estudos científicos devem ser aceitos e reconhecidos pela comunidade
científica; para que seja possível a aceitação de um determinado método de análise e
validação, é necessário expor a fundamentação filosófica que sustenta a metodologia
(OLIVEIRA, 2012). Entretanto, não é suficiente estimular o revelo de um mundo real através
de eventos externos a nós, ou por meio de um conjunto de dados brutos6 sem antes considerar
as propriedades que caracterizam nossa realidade. É importante que tenhamos a consciência
de que, por mais rica que seja a descrição do fenômeno, não será o suficiente para representar
na íntegra o mundo real. O que temos quando descrevemos parte de um mundo real, é um
modelo estruturado e categorizado com um determinado grau de distorção que depende da
riqueza de detalhes da descrição do fenômeno.
A estrutura filosófica que sustenta o Método Delphi está nos procedimentos de
interação entre os especialistas anônimos e o pesquisador, onde normalmente se busca o
consenso do grupo em relação a um determinado tema.
O consenso do grupo de especialistas representa uma verdade experimental baseada
em experiências próprias e expostas, anonimamente, na forma de opinião para o pesquisador.
Portanto, nos procedimentos metodológicos do Método Delphi, este é o momento em que os
conhecimentos empíricos de cada especialista, através do conjunto de opiniões homogêneas,
passa a ser um conhecimento científico.
1 John Lockean de nasceu em 29/08/1632 e morreu em 28/10/1704. 2 Gottfried Wilhelm Leibniz nasceu em 01/07/1646 e morreu em 14/11/1716. 3 Immanuel Kant nasceu em 22/04/1724 e morreu em 12/02/1804. 4 Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu em 27/08/1770 e morreu em 14/11/1831. 5 Peter Albert David Singer nasceu em 06/07/1946. 6 Entende-se por dados brutos o primeiro momento após a observação do fenômeno real em que é realizado o
registro organizado destas observações para facilitar o entendimento e as primeiras análises e reflexões do
estudo, estes registros entende-se como registros puros.
67
[...] a verdade é experimental e esta associada totalmente com o seu conteúdo
empírico. Um modelo de um sistema é empírico e medido em termos de nossa
capacidade para reduzir cada proposição complexa para um nível mais baixo, ou
seja, para suas referências empíricas simples, em observações simples [...]. (OKOLI
e PAWLOWSKI, 2004, p. 15)
Segundo Linstone et al. (2002) a base filosófica principal do Método Delphi é o
empirismo defendido por Bacon, Lockean7, Berkeley e Hume onde o processo de avaliação
segue a intuição, síntese, análise e comparação. O empirismo é reconhecido no estudo quando
é assegurado aos especialistas que suas opiniões não serão reveladas individualmente, o que
deixa o especialista à vontade para expor suas opiniões e experiências de vida nos
instrumentos de registros a cada interação assistida e moderada pelo pesquisador.
O empirismo afirma que a razão, a verdade e as ideias racionais são adquiridas por
nós através da experiência. Antes da experiência, dizem eles, nossa razão é como
uma ―folha em branco‖, onde nada foi escrito; uma ―tabula rasa‖, onde nada foi
gravado. Somos como uma cera sem forma e sem nada impresso nela, até que a
experiência venha escrever na folha, gravar na tabula, dar forma à cera (CHAUÍ,
2000, p. 88).
As ideias podem ser classificadas em ideias simples derivadas de experiências
externas, e as ideias internas, derivadas das reflexões (LOCKE, 1978). No momento da
investigação, os especialistas podem instituir consideração inteligível, que pode ser de fácil
apropriação aos demais pesquisadores, por não exigir um procedimento complexo de reflexão.
Para estimular as ideias dos especialistas, é necessário expor, de forma clara e inteligível no
instrumento de registro, o tema proposto no estudo, esse é um cuidado que se deve ter a cada
interação, momento em que ocorre a reformulação dos instrumentos de registro e o envio de
uma síntese das opiniões do grupo de especialistas. É necessário realizar uma pesquisa
exploratória antes do primeiro momento de interação com o grupo. É possível descrever
previamente um fenômeno com maior confiabilidade através de uma pesquisa exploratória,
isso pode orientar o pesquisador no momento de construção dos instrumentos de registros.
As considerações inteligíveis podem ser declaradas no estudo que adota o Método
Delphi no momento em que os resultados da pesquisa relacionada ao tema são apresentados
aos especialistas na primeira interação, a partir disso o pesquisador analisa as opiniões do
grupo de especialistas. O pesquisador, ao analisar as repostas dos especialistas, realiza uma
7 John Lokean propõe, pela primeira vez, uma teoria do conhecimento a qual se torna uma disciplina central da
Filosofia. A base filosófica de Lokean defende o empirismo contra a improvável possibilidade de princípios
inatos na mente, em que inatismo é insustentável para contradizer a experiência (CHAUÍ, 2000).
68
análise estatístico-descritiva dos registros e retorna aos especialistas para a próxima análise,
esse procedimento ocorre interativamente até obter o consenso nas respostas dos especialistas.
A provocação de ideias internas dos especialistas necessariamente será realizada através dos
instrumentos de registros de opiniões, por isso é necessário o instrumento estar fundamentado
metodologicamente e relacionado ao tema de estudo, para que seja possível provocar as
reflexões do grupo de especialistas.
O pesquisador pode apresentar aos especialistas, no segundo momento dos
procedimentos do Método Delphi, uma síntese das ideias simples. As ideias simples formam
as ideias complexas que, por análise, formam as ideias abstratas (LOCKE, 1978). Ao final de
cada interação espera-se encontrar as relações das ideias e novamente encaminha-se, por meio
de uma análise estatístico-descritiva, os resultados aos especialistas para reavaliarem suas
reflexões, com objetivo de encontrar um determinado grau de consenso, através da
comparação aceitável da inteligência humana.
Lockean enfatiza que os procedimentos adotados durante o percurso metodológico é
preconizado em relação à teoria. Pois as opiniões dos especialistas geralmente podem até
mudar o foco de estudo. Baseado nas opiniões dos especialistas é possível ocorrer alterações
nos instrumentos de registros durante os procedimentos metodológicos de investigação.
Conforme Lockean, a cada interação com o grupo de especialistas, os procedimentos
metodológicos devem ser preconizados, e o pesquisador pode considerar um momento para
reformulação dos instrumentos de registros das opiniões do grupo de especialistas. O conjunto
de ideias complexas formado pelas opiniões de cada especialista concebe as ideias abstratas
que sustentam as reflexões do pesquisador (LOCKE, 1978).
Outro pensamento filosófico que fundamenta a maior parte da ciência teórica é o de
Leibniz8, onde é possível observar à característica da verdade ser analítica e o corolário a
verdade do modelo considerando questões internas, ou seja, essas afirmações estão
diretamente relacionadas com os registros puros, sem qualquer viés em relação ao fenômeno
observado. Leibniz apresenta uma distinção entre as verdades de razão e verdades de fato. As
verdades de razão são inatas, onde o pesquisador pode considerar que o ser humano já nasce
com o conhecimento, por outro lado, a verdade de fato é construída pelas experiências que o
ser humano se apropria ao longo do tempo (LINSTONE et al., 2002).
8
Gottfried Wilhelm Leibniz foi um filósofo que estabeleceu uma distinção entre verdades de razão e verdades
de fato.
69
As verdades de razão são inatas. Isso não significa que uma criança, por exemplo,
nasça conhecendo a matemática e sabendo realizar operações matemáticas,
demonstrar teoremas ou resolver problemas nessa área do conhecimento. Significa
que nascemos com a capacidade racional, puramente intelectual, para conhecer
ideias que não dependem da experiência para serem formuladas e para serem
verdadeiras. As verdades de fato são verdades porque para elas funciona o princípio
da razão suficiente, segundo o qual tudo o que existe, tudo o que percebemos e tudo
aquilo de que temos experiência possui uma causa determinada e essa causa pode ser
conhecida. Pelo princípio da razão suficiente – isto é, pelo conhecimento das causas – todas as verdades de fato podem tornar-se verdades necessárias e serem
consideradas verdades de razão, ainda que para conhecê-las dependamos da
experiência (CHAUÍ, 2000. p. 93).
O pesquisador tem três momentos no percurso metodológico do Método Delphi que
a verdade de fato pode ser verificada se está presente em cada especialista. O primeiro
momento, em que o pesquisador verifica a verdade de fato sobre o especialista, é ao analisar o
coeficiente de conhecimento relacionado com o tema. O segundo momento oportunizado para
o pesquisador é ao analisar o coeficiente de competência do especialista, através do auto-
valoração do grau de influência do especialista diante dos seguintes indicadores de
argumentação relacionado ao estudo:
a) Análises de teóricos realizadas pelo especialista;
b) A experiência dos especialistas sobre o tema;
c) Conhecimento de trabalhos referenciados por autores nacionais e internacionais
sobre o tema;
d) O conhecimento próprio do especialista acerca do tema;
e) A intuição do especialista em relação ao tema.
Cada argumento acima é apresentado ao especialista para que seja atribuído um
critério de valorização sobre seu conhecimento. Nos primeiro e segundo momentos o
pesquisador tem o livre arbítrio para definir a quantidade de categorias de respostas e a escala
de valoração, o que será aprofundado no terceiro capítulo.
O terceiro momento que o pesquisador pode avaliar a verdade de fato ocorre durante
os procedimentos de interação, em que o pesquisador tem acesso às opiniões do grupo de
especialistas e realiza as análises estatísticas de tendência central e dispersão dos registros, é
possível verificar quais opiniões destoam das demais.
Portanto, durante os procedimentos metodológicos do Método Delphi, o pensamento
leibniziano busca apresentar as observações dos fenômenos em modelos matemáticos formais
(LINSTONE et al., 2002), e enfatiza a teoria em detrimento dos registros observados.
Entretanto, é necessário observar se o modelo cumpre sua principal função de representar
confiável e satisfatoriamente a realidade do fenômeno em estudo.
70
Na proposta de Leibniz, os modelos tinham dificuldades de representar, com um
determinado grau de confiabilidade, a realidade pelo fato de que, na época, não havia
tecnologia apropriada para desenvolver os cálculos matemáticos necessários para considerar a
dinâmica do fenômeno observado. Com o passar dos anos, a dificuldade com os cálculos
matemáticos foi suprimida com a evolução das tecnologias. A partir da década de 80 as
abordagens qualitativas e quantitativas passaram a crescer conjuntamente (MARTÍNEZ,
2013).
A construção e aperfeiçoamento dos processadores, softwares e hardwares,
possibilitaram aos pesquisadores utilizarem os conhecimentos matemáticos mais
aprofundados nos estudos para representar o mundo real com um determinado grau de
confiabilidade conhecido e controlado pelo pesquisador.
O princípio da causalidade motiva as críticas pelos empiristas, na filosofia de David
Hume, [...], o princípio da razão suficiente é apenas um hábito adquirido por
experiência como resultado da repetição e da frequência de nossas impressões
sensoriais (CHAUÍ, 2000. p. 95).
Contudo, na filosofia empirista, os conhecimentos tinham origem a partir da
experiência e formação de ideias fundamentadas em repetidas experiências passadas (SOBER,
2008). É possível observar que o Método Delphi considera as experiências adquiridas pelos
especialistas no momento em que é realizada a análise do coeficiente de argumentação.
Entretanto, durante todo o procedimento metodológico é acompanhado o grau de
argumentação do especialista, a partir da observação do consenso, realizada a cada interação
com especialistas. O consenso é observado através da avaliação dos indicadores realizada
segundo critérios dos especialistas.
Observa-se que parte dos procedimentos metodológicos do Método Delphi não estão
representados pelo pensamento leibnizianista. Entretanto, muito dos pensamentos e
afirmações sobre o Método Delphi estão relacionados com o pensamento leibniziano
(LINSTONE et al., 2002). O pensamento leibniziano tende a passar apenas uma visão
explícita e rígida de um fenômeno, sem considerar a dinâmica durante as interações que
ocorre no Método Delphi no momento de obtenção dos registros de opiniões dos especialistas.
Uma contribuição derivada da visão de Leibniz é a garantia de uma ordem inicial dos
procedimentos metodológicos que permite a cada estudo a reformulação do Método Delphi.
Diante das citações de Lockean e Leibniz, é necessário considerar inseparáveis a
teoria e os procedimentos de representação dos fenômenos, nas análises dos registros e
71
validação dos resultados, o que corrobora com o pensamento kantiano que é apresentado na
sequência.
O pesquisador, ao supor na investigação o conhecimento empírico, é possível afirmar
que Kant9 considere que a estrutura da razão é construída a partir das experiências, pensando
assim, está cometendo um equívoco, pois a experiência não é causa das ideias, mas é a
ocasião para que a razão, recebendo a matéria ou o conteúdo, formule as ideias. A razão é
estruturada pela forma da sensibilidade, forma do entendimento e forma da razão (CHAUÍ,
2000).
Portanto, é necessário admitir no estudo a dinâmica do fenômeno observado e
considerar que as conclusões estão inacabadas, pois segundo Chauí (2000, p. 96) ―a estrutura
da razão é inata e universal, enquanto os conteúdos são empíricos e podem variar no tempo e
no espaço, podendo transformarem-se com novas experiências e mesmo revelarem-se falsos,
graças a experiências recém-adquiridas‖.
Ao considerar a forma de sensibilidade no Método Delphi, é necessário que seja
construído um texto inicial referenciado e relacionado com o tema, com objetivo de estimular
os especialistas à reflexão. Ao apresentar o texto inicialmente o pesquisador também
proporciona ao especialista a escolha de participar ou não do estudo.
Na visão de Kant, a existência do conhecimento é propiciada pelos conteúdos da
sensibilidade, do entendimento e da razão, concebidos pela experiência. A função da
experiência é regular e controlar a sensibilidade e o entendimento. Do ponto de vista do
conhecimento, portanto, a razão é a função reguladora da atividade do sujeito do
conhecimento. No Método Delphi a razão inicia com a reflexão do especialista diante dos
elementos que compõem o argumento. A partir do entendimento do contexto em que é gerado
o tema, os elementos são apresentados como uma possível proposta de solução, entretanto, os
especialistas também têm a liberdade de complementar ou propor outras soluções. Durante os
procedimentos metodológicos todas as soluções, segundo o critério de avaliação do
pesquisador, podem ser compartilhadas anonimamente entre os especialistas. Esses
procedimentos, realizados no mínimo 3 vezes, podem determinar o consenso das opiniões
geradas pelo grupo (LINSTONE et al., 2002).
O pesquisador, ao compartilhar anonimamente com especialistas as opiniões do
grupo, possibilita a cada especialista refletir sobre sua opinião diante do entendimento que o
9
Immanuel Kant, considerado o último grande filósofo da era moderna, mostrou que, apesar de o conhecimento
se fundamentar na experiência, esta nunca se dá de maneira neutra, pois a ela são impostas as formas a priori da
sensibilidade e do entendimento, características da cognição humana (SILVEIRA, 2002).
72
grupo teve em relação aos indicadores que estão sendo avaliados. No estudo de Chauí (2000)
observa-se que o pesquisador, ao apresentar o resumo das opiniões do grupo, está
proporcionando a cada especialista a possibilidade de ter um referencial a partir de sua
opinião em relação ao universo de especialistas.
O senso de investigação kantiana apresenta a descrição da realidade fundamentada na
teoria científica e no conhecimento empírico (LINSTONE et al., 2002) o que apresenta
diversas visões conclusivas do fenômeno, ao contrário do que afirmam Leibniz e Lockean que
tendem a passar apenas uma visão explícita de um fenômeno. Portando, uma investigação
com senso kantiano apresenta infinitas possibilidades de representações, possibilitando ao
pesquisador assumir uma posição para fundamentar as conclusões nos trabalhos. Entretanto, é
necessário considerar a teoria e os registros do fenômeno inseparáveis para as análises dos
registros. Baseado em Kant, ao realizar alta frequência de registros de um mesmo fenômeno é
necessário indicar uma teoria científica, a priori, independente do quanto seja implícita e
informal a teoria.
Uma investigação kantiana é mais indicada para problemas de difícil formulação,
complexos e sem historicidade (LINSTONE et al., 2002). Para um estudo que admite um
problema complexo e de difícil formulação é importante possuir diversas propostas de
soluções, de modo que seja possível conduzir os procedimentos metodológicos do Método
Delphi até que se obtenha o consenso confiável. Através de uma questão discursiva inserida
no instrumento formulado para a primeira interação com especialistas é possível identificar
outras soluções factíveis.
O Método Delphi está fundamentado na linha de pensamento de Immanuel Kant
através da síntese do racionalismo continental de Gottfried Leibniz, onde se destacam o
raciocínio dedutivo e os pensamentos de John Locke, que valoriza a indução, portanto, é o
que possibilita a compreensão dos procedimentos metodológicos adotados na concepção do
texto que resgata o conhecimento e a influência das reflexões dos especialistas sobre o tema
investigado. Também a linha de pensamento ajuda a esclarecer a importância de estabelecer
inicialmente os elementos estruturantes e os indicadores relacionados ao tema e ao texto
inicial. Também esclarece a importância de possibilitar que os especialistas proponham para o
grupo outros indicadores. E ao final dos procedimentos é possível adotar como verdade as
opiniões a partir do consenso do grupo, isso torna como resultado universal o conhecimento
de cada especialista.
Ao apresentar a epistemologia que fundamenta o Método Delphi, baseado em
Leibniz, Lockean e Kant, é possível observar que os procedimentos metodológicos que
73
conduzem as análises de registros e validação dos resultados estão fundamentados em três
pilares filosóficos.
2.2.5. Conhecimentos estatísticos para triagem
O objetivo desta epígrafe é declarar, de forma elementar, alguns conceitos
estatísticos que podem ser utilizados nos procedimentos do Método Delphi. Os conteúdos
estatísticos possibilitam, no âmbito da quantificação da dispersão e determinação do grau de
confiabilidade, relacionar os resultados de estudos científicos realizados através de
abordagens qualitativas e quantitativas.
Antes da década de 70 os métodos mais utilizados para traduzir de forma sintetizada
os fenômenos eram os métodos de análises de registros qualitativos, pois naquele momento os
pesquisadores não tinham acesso às tecnologias computacionais que facilitavam os cálculos
complexos. Com a construção de novos instrumentos de registros e de maior precisão na
mensuração, outros métodos de análises de registros surgem para auxiliar na compreensão de
fenômenos observados. Um estudo científico se constitui num processo interativo de
aprendizado que, ao mesmo tempo, busca descrever e entender fenômenos reais e
observáveis, caracterizados por meio de amostragem ou experimentação, e que ao fim do
trabalho não garante a descrição na íntegra do fenômeno observado (PASQUALI, 1996).
Por um período curto entre as décadas de 70 e 80, com os avanços computacionais,
os métodos de análises de registros quantitativos foram os mais utilizados nos estudos
científicos e tinham uma característica própria dos métodos que é quantificar a confiabilidade
da representação do fenômeno nas análises que, por consequência, possibilitam ao
pesquisador controlar o grau de confiabilidade e realizar inferências nas pesquisas com
abordagem quantitativa. Entretanto, os métodos quantitativos não conseguiam traduzir e
sistematizar os fenômenos que eram descritos com profundidade e riquezas de detalhes como
as emoções, percepções, entre outras reações dos sujeitos, e a partir da década de 80 os
métodos de análises de registro qualitativo assumem o mesmo grau de importância que os
métodos quantitativos para os estudos científicos.
É possível observar atualmente uma tímida, mas crescente utilização pelos
pesquisadores de ambas as abordagens quantitativas e qualitativas em um estudo científico,
por entender que isto contribui significativamente para a qualidade do estudo, quando
comparado com estudo que contém somente uma abordagem qualitativa ou quantitativa. A
utilização de ambos os métodos depende muito de pesquisadores que dominam ambas as
abordagens, pela complexidade de ambas as abordagens é difícil encontrar pesquisadores que
74
dominam os métodos qualitativos e quantitativos, o que geralmente gera uma rejeição, pelo
pesquisador, por uma ou outra abordagem metodológica. Mas isto está sendo superado por
grupos de estudos interdisciplinares que contêm pesquisadores, que acabam por trocar
experiências, gerando estudos científicos de alta qualidade com ambas as abordagens.
A Ciência que se destacou com os avanços das tecnologias computacionais foi a
Estatística, que contribui significativamente em diversos estudos científicos que realizam as
análises dos registros através de métodos quantitativos. É possível observar que os conteúdos
estatísticos estão sendo utilizados cada vez mais em diversos setores privados ou públicos,
como nas escolas, faculdades, universidades, empresas, organizações, institutos, entre outros
setores. Mesmo com a frequente utilização dos conteúdos estatísticos em diversas áreas do
conhecimento é notório, em todos os níveis de formação, o desconhecimento da real
contribuição que os métodos quantitativos podem oferecer para os estudos científicos. O
desconhecimento é observado na relação entre os métodos qualitativos e o fenômeno
observado, muitas vezes o pesquisador não fica atento aos pressupostos que são exigidos
pelos métodos quantitativos no momento de interpretar os resultados dos testes. Os
pressupostos dos métodos quantitativos estão relacionados com o comportamento do
fenômeno observado. Quando os pressupostos dos métodos quantitativos não são atendidos,
os resultados das análises, ―nem de longe‖ representam adequadamente o fenômeno
observado, influenciando e distorcendo as conclusões (TOLEDO e OVALLE, 1995;
PASQUALI, 1996).
Em diferentes áreas são utilizados os conhecimentos estatísticos para registrar,
organizar e fundamentar as conclusões e tomadas de decisões, entretanto, frequentemente
observa-se o desconhecimento e ausência nos trabalhos científicos da declaração dos
pressupostos que validam a utilização dos métodos. Frequentemente observa-se a ausência
dos referenciais teóricos que sustentam as análises quantitativas realizadas nos trabalhos
científicos.
A Ciência que trata de organizar, reformular e construir métodos quantitativos é a
Estatística. É possível observar o significado técnico para a palavra estatística no plural e no
singular. No plural, estatísticas indicam qualquer coleção consistente de registros numéricos,
reunidos com a finalidade de fornecer informações acerca de uma atividade qualquer, por
exemplo, estatísticas demográficas (nascimento, falecimentos, matrimônios, etc.) (COX,
1992; COCHRAN, 1977). No singular, a palavra estatística indica atividade humana
especializada ou um corpo de técnicas, metodologia desenvolvida para registros dos
fenômenos, classificação, apresentação, análise e interpretação de dados quantitativos e
utilização desses dados para uma tomada de decisões (FONSECA, MARTINS e TOLEDO,
75
1985). Na pesquisa quantitativa é comum observar a contribuição da Estatística com a
disponibilização de diversos métodos quantitativos para amostrar, organizar e analisar os
registros dos fenômenos.
Análise estatística pode ser adotada nos procedimentos metodológicos na forma
descritiva e/ou indutiva. Análise estatística descritiva tem como objetivo fundamentar a
observação e registros dos fenômenos, a organização e a classificação das características
observadas e a sua apresentação através de gráficos e tabelas, além dos cálculos de
coeficientes (estatísticas) que permitem descrever resumidamente os fenômenos (DRAPER e
JOHN, 1981; MONTGOMERY, 1991). A Análise Léxica é o método quantitativo de análise
de registro semelhante à Análise do Conteúdo, uma abordagem qualitativa. As análises
léxicas consistem em classificar sistematicamente as palavras que formam o texto em grupos
de palavras (FREITAS e MOSCAROLA, 2000), e posteriormente são realizadas as
estatísticas descritivas para interpretação dos registros.
Nas abordagens quantitativas ou quanti-qualitativas a Estatística Indutiva é um
processo de generalização, a partir dos resultados particulares, ou seja, partindo da análise de
uma amostra são obtidas conclusões representativas à população, entretanto, o processo de
generalização está associado a um grau de incerteza, por estar trabalhando com uma parte
representativa do fenômeno observado e não na sua totalidade (MONTGOMERY e PECK,
1982; MONTGOMERY, 1991). Os estudos com abordagem quantitativa geralmente têm
objetivo de realizar inferências em populações a partir de resultados obtidos das amostras.
Frequentemente são observadas as extrapolações sendo realizadas em estudos de processos
industriais, fenômenos físicos, biológicos ou sociais. Quando o pesquisador não tem acesso à
população inteira para realizar os registros, devido ao custo, tempo, questões geográficas,
entre outras barreiras, a opção é amostragens probabilísticas e, a partir disso, obter resultados
confiáveis para realizar inferência na população.
O pesquisador, ao registrar a intensidade de uma grandeza escalar efetiva de um
caráter variável10
em cada um dos objetos ou pessoas observadas, obtém uma variável. Por
exemplo, ao registrar a idade das pessoas ao morrer, a estatura ou peso dos indivíduos, o
rendimento das famílias em uma grande cidade, etc., estará obtendo um resultado. Estes
resultados numéricos podem ser expressos através de variáveis nominais, ordinais, discretas
ou descontínuas e contínuas (MATTAR, 2001). Na abordagem quantitativa, a primeira
10 Entende-se por variável o registro em determinada grandeza escalar de qualquer características mensurável de
fenômenos possíveis de serem observados. Para efeito de análises estatísticas, a variável assume a posição das
colunas na matriz.
76
característica que vai conduzir para um determinado método de análise de registro é o tipo de
variável que está sendo observada no estudo.
A variável nominal é conhecida pela característica de não ser possível realizar
operações matemáticas e são empregadas para atribuir nomes ou qualidades aos sujeitos. A
variável de escala nominal é a de mais baixo nível de mensuração. Utiliza símbolos, ou
simplesmente números, para distinguir elementos em diferentes categorias. Geralmente não
tem possibilidades de comparação de ordem crescente ou decrescente. Por exemplo:
Masculino (M), Feminino (F); Perfeito (1), Defeituoso (0); Europeu (1), Americano (2),
Africano (3), Asiático (4) (SIEGEL, 1975).
Outra variável é a ordinal, geralmente utilizada para atribuir um ordenamento nas
observações. A variável de escala ordinal utiliza números apenas para classificar elementos
numa ordem crescente ou decrescente. Existe algum tipo de relação entre as categorias,
embora a diferença entre elas seja de difícil quantificação, exemplificando, classes sociais (A,
B, C, D, E); patentes do Exército Brasileiro (soldado, cabo, sargento, etc.); opinião sobre um
determinado atendimento (Ruim, Regular, Bom, Muito bom, Excelente) (SPIEGEL, 1970). A
variável discreta é uma variável que é descrita por serem valores inteiros não negativos e
muito utilizada para realização de contagem.
A variável contínua pode ser descrita como sendo um valor contido em um intervalo
escalar, que pode assumir infinitos valores. A variável contínua possibilita a utilização de
sofisticados métodos quantitativos de análises de registros. Portanto, segue a definição a
seguir: formalmente, diz-se que X é uma variável contínua quando, ao passar de um valor real
a para outro valor real b, pode assumir todos os valores intermediários entre a e b. Por
exemplo, números de metros percorridos por um atleta durante certo período de tempo em
uma pista circular.
Equivalente à escala intervalar tem-se a escala de razão, porém o valor zero é o
verdadeiro ponto de origem, ponto de nulidade, ou seja, ponto conhecido. Importante a ser
observado é que, nas escalas de razão, um valor de "2" efetivamente indica uma quantidade
duas vezes maior do que a do valor "1", e assim por diante, por exemplo, a velocidade, tempo
(KAZMIER, 1982).
Também nos métodos quantitativos no momento de decomposição da variação dos
registros é necessário o pesquisador definir as dependências e as independências das
variáveis. Denomina-se por variável independente aquela cuja modificação se supõe poder
produzir uma modificação num dado comportamento observável (variável dependente ou
variável de resposta). Por exemplo, determinar a relação entre o número de erros na atividade
laboral (variável dependente) e o número de treinamentos (variável independente) realizados
77
nos funcionários; determinar o efeito do álcool sobre os reflexos motores (GOMES, 1990). A
mensuração da variável resposta pode ser realizada em escalas nominal, ordinal e razão
(MORETTIN e BUSSAB, 2002).
Medidas de tendência central são conhecidas como médias aritméticas, geométricas,
harmônicas, quadráticas, entre outras, têm a função de descrever resumidamente uma
distribuição de frequências. Portanto, apresentando o valor que melhor represente o conjunto
de dados (STEVENSON, 1986). Este conjunto de dados é formado por repetições da variável
de interesse, possibilitando verificar a dispersão dos dados, indicando a qualidade da medida
de tendência central.
A média aritmética de um conjunto de números é igual ao quociente entre a soma dos
valores do conjunto e o número total de valores. Esta medida é frequentemente utilizada em
diversos cálculos, e o cuidado que se deve ter com esta medida é verificar o quanto os valores
extremos estão influenciando a média (LEVIN, 1987).
A mediana também é uma medida de posição central, obtida pelo valor que separa os
dados ordenados em duas partes iguais, metade dos dados tem valores maiores do que a
mediana, a outra metade tem valores menores do que a mediana. Há conjuntos de dados em
que a média aritmética ou a mediana não é uma medida de tendência central que represente
adequadamente os dados, o que pode ser explicado pela elevada variabilidade das variáveis ou
altas frequências de um determinado valor. Nestas condições sugere-se a moda (LEVIN,
1987; CALLEGARI-JACQUES, 2003).
A moda é obtida pelo valor que ocorre com maior frequência em um conjunto de
dados. Observa-se que as medidas centrais, mediana e moda não levam em conta valores
extremos, portanto, seus parâmetros não são influenciados por valores discrepantes (COX,
1992).
Um aspecto importante no estudo descritivo de um conjunto de dados é a verificação
da variabilidade ou dispersão dos dados, em relação à medida de localização central da
amostra (BARNETT e LEWIS, 1994). Variados métodos utilizados na Agronomia dependem
da dispersão dos dados. Em outros, porém, a representatividade da média associa-se a uma
medida de dispersão. Algumas medidas são: amplitude total, desvio padrão e coeficiente de
variação.
A medida de dispersão mais simples de ser obtida é amplitude total. Esta medida é
indicada para dados com dispersão acentuada. Para obter uma medida da variabilidade ou
dispersão na mesma escala de mensuração dos dados, tomamos a raiz quadrada da variância e
obtemos o desvio padrão. As características contidas no desvio-padrão são as seguintes: pode
assumir somente valores positivos, quanto maior mais dispersos os dados (MATTAR, 2001).
78
Uma vantagem é que considera todos os valores, portanto, não há perda de
informação. Esta medida possibilita avaliar a qualidade do conjunto dos dados. É frequente
em experimentos agrícolas, a comparação entre dois conjuntos de dados. Entretanto, quando a
dispersão dos dados é elevada, dificulta a aplicação dos testes estatísticos paramétricos.
Quando o interesse do pesquisador é comparar a dispersão/desvios padrão de
diferentes conjuntos, geralmente utiliza o Coeficiente de Variação (CV), por exemplo, o
pesquisador tem objetivo de conhecer e comparar a variação entre altura das mulheres e dos
homens (BARROS e SCARMINIO, 2001). Este método para comparar a dispersão dos dados
é frequentemente utilizado em pesquisas experimentais. Entretanto, é necessário verificar se
as condições em que se obtiveram as variáveis de interesse são semelhantes, para justificar
uma possível diferença existente. É importante salientar que a dimensão dos CVs depende da
natureza da variável resposta. Os CVs encontrados em variáveis geradas em ambientes
controlados, dependendo da natureza da variável, em geral é inferior aos encontrados em
variáveis em ambientes não controlados (DRAPER e SMITH, 1981).
A identificação das características e tipo da variável envolvida nos estudos delimita a
quantidade de métodos de análises possíveis de serem utilizados. A partir de identificados os
métodos que podem ser utilizados, o pesquisador pode definir através da experiência o
método de análise mais adequado aos registros dos fenômenos. Portanto, para aumentar a
precisão das análises, bem como realizar conclusões realísticas é necessário que o pesquisador
conheça a natureza e as relações entre as variáveis que ajudam a descrever o fenômeno de
interesse.
Outro ponto a ser verificado é o relacionamento entre as variáveis que
frequentemente é inevitável em virtude da natureza única das variáveis, isto leva à
simplificação, muitas vezes grosseira, com a finalidade de facilitar ou tornar viável a análise
dos registros. Para analogia entre as variáveis de forma sistêmica, procura-se a relação causa e
efeito entre as variáveis. Em geral, as diferenças existentes entre grupos ou populações de
interesse não estão sendo explicadas apenas por uma variável e sim por um conjunto delas,
podendo esta relação ser explicada através de modelos matemáticos. O estudo de uma única
variável indica um determinado método quantitativo de análise, ao considerar mais variáveis
relacionadas à variável de interesse, outros métodos de análises podem ser mais indicados,
entretanto, isto somente é possível se existir interação entre as variáveis.
Portanto, para iniciar um estudo científico é necessário que o pesquisador conheça as
características do fenômeno observado e das variáveis que as representam para delimitar os
possíveis métodos de análises dos registros.
79
2.2.6. Contribuições do Método Delphi
Desde a década de 50, após a fundação da RAND pela Força Aérea dos Estados
Unidos (USAF), que o do Método Delphi tem aumentado sua aplicabilidade nos estudos
científicos, ao mesmo tempo vem sendo reformulado para atender as necessidades específicas
de cada estudo. Os primeiros estudos da RAND foram para atender as estratégias militares,
mais tarde, RAND se tornou independente da USAF, mas nos dias atuais continua sendo uma
ferramenta estratégica do Governo Federal Americano. Em diversos planos estratégicos do
Governo Americano é utilizado pela RAND o Método Delphi para subsidiar as tomadas de
decisões.
A RAND aborda nos seus planejamentos investigações em programas de pesquisas
voltados para as áreas militar, educação, saúde, justiça, população americana, trabalho,
segurança nacional, meio ambiente, infraestrutura, Europa e Austrália, é possível observar nas
investigações abordagens quantitativas e qualitativas, sendo comum a utilização do Método
Delphi para prospecção de informações e análises. Nas áreas militares terrestres são
realizados estudos pela RAND com objetivo de construir indicadores para contribuir para
operações de combate e otimizar ações dos soldados. Nas forças áreas militares, os
especialistas da RAND se dedicam aos estudos que caracterizam as forças áreas militares de
outros países, e com base nestas informações buscam parcerias de segurança para minimizar
os riscos de acesso aos espaços aéreos em tempo de paz. Os estudos também auxiliam em
realizar planejamento para estruturar as instalações militares e acordos com nações parceiras
(RAND, 2015).
Atualmente os estudos realizados na Austrália têm objetivo de elencar indicadores
para sustentar os planejamentos relevantes para a política australiana. A RAND direciona as
investigações científicas para as ações de defesas militares, reconhecendo a real força aérea
australiana, a infraestrutura física. As investigações científicas na política australiana também
contemplam as áreas da saúde, educação, energia e meio ambiente, ciência e tecnologia.
Na esfera da Saúde, RAND possui um dos maiores grupos de investigação
independentes de saúde em todo o mundo. Por mais de 45 anos, os pesquisadores da saúde
vêm realizando estudos com objetivo de criar e monitorar indicadores para a formulação de
políticas de saúde nos Estados Unidos e em outros países (RAND, 2015).
Os estudos no campo da Justiça, Infraestrutura e Meio Ambiente têm como objetivo
propor soluções para o público de forma geral e tomadores de decisão dos setores privado e
público dos Estados Unidos, incluindo a justiça penal e a civil; segurança pública; recursos
ambientais e naturais, políticas; energia, transportes, comunicações e as demais infraestruturas
80
físicas; e a segurança interna (RAND, 2015). Através dos métodos de prospecção os estudos
têm o objetivo de fortalecer a segurança nacional que combate o terrorismo através da
identificação e caracterização de potenciais candidatos a serem terroristas (RAND, 2015).
Na Europa, em geral os estudos têm como objetivo identificar indicadores relevantes
para o mercado financeiro e para a política de desenvolvimento (RAND, 2015). O Método
Delphi tem contribuído significativamente para planejamentos estratégicos nas áreas
militares, políticas e empresariais. É comum estudos que compõem um planejamento
estratégico não serem publicados por se ajustar a conhecimentos estratégicos e vitais para as
áreas supracitadas.
No âmbito da Educação, a Organização RAND tem mais de 70 especialistas em
diversas áreas do conhecimento com investigações patrocinadas por agências governamentais,
fundações, organizações do setor privado e pela Fundação Bill e Melinda Gates. As
investigações abordam todos os estados americanos, que atualmente estão implementando
novas reformas ousadas para melhorar o ensino, visando maior aproveitamento dos alunos,
aumento das taxas de formação, com qualidade, nos diferentes níveis de ensino (RAND,
2015).
No contexto da Educação, internacionalmente, o Método Delphi é utilizado com
muita frequência com objetivo de reformular os currículos dos cursos, aumentar o índice de
qualidade e aproveitamento nas instituições de ensino pelos gestores. No Brasil, isso também
acontece, mas com uma frequência menor na Educação, entretanto, na área da Enfermagem,
os pesquisadores têm utilizado frequentemente o Método Delphi para estruturar o currículo
dos cursos de Enfermagem em todos os níveis de formação, isso também está ocorrendo nas
mais diversas áreas do conhecimento, em especial, na Educação (MARTINEZ, ZÚÑIGA,
SALA e MELÉNDEZ, 2012). Silva e Tanaka (1999) apresentam diversos estudos no âmbito
da Enfermagem que contribuíram no processo de ensino e aprendizagem.
No âmbito da Educação, o método tem sido utilizado para definir indicadores de
capacidades e habilidades para sustentar a formação dos objetivos de competências inseridos
nos Planos Curriculares dos Cursos.
No México, duas instituições autônomas, a Universidade de Chiapas (UNACH) e a
Universidade Tabasco (UJAT) apresentaram um trabalho na UNESCO11
para avaliar os
indicadores de qualidade dos Programas em Educação a Distância. Inicialmente na
investigação foi realizada uma pesquisa exploratória primária e secundária, chegando a 103
11 Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura cria a Cátedra UNESCO de Educação
a Distância, estabelecida na Universidade de Brasília em 1994, com objetivo de estimular a reflexão sobre
políticas públicas de educação e o acesso livre ao conhecimento científico como bem público.
81
fatores relacionados à qualidade do ensino a distância e, posteriormente, através do Método
Delphi foi realizada uma investigação com 30 especialistas na área de conhecimento em
Ensino a Distância (EaD), onde foi possível propor um conjunto de ações nas áreas
tecnológica, pedagógica, administrativa e na infraestrutura e recursos humanos e materiais
para melhor gerir o Programa em Educação a Distância (MARTINEZ, ZÚÑIGA, SALA e
MELÉNDEZ, 2012).
Buscando propor soluções para construção e análise de cenários prospectivos
aplicadas ao planejamento em Educação a Distância (EaD) no Brasil, o estudo de Ribas
(2013) realizou um pesquisa exploratória que apontou para 20 fatores que influenciam no
processo de ensino e aprendizagem dos alunos. A partir disto, o pesquisador adotou o
Método Delphi nos procedimentos metodológicos para fundamentar a definição dos
indicadores de qualidade que contribuam para monitoramento da EaD. Seguindo com os
procedimentos do método, após duas interações, com o grupo contendo 12 especialistas, foi
possível observar o consenso dos seguintes indicadores: gestão, orçamento e finanças,
infraestrutura de apoio, tecnologia, e pesquisa e desenvolvimento relacionados a alunos,
professores, direção e Governo Federal/MEC e são fatores que influenciam decisivamente no
processo de ensino e aprendizagem a distância (RIBAS, 2013).
Portanto, é possível observar que se torna mais comum o aproveitamento do Método
Delphi no âmbito da Educação, pois,
[...] o método permite estudar, dentro do campo da educação, diferentes aspectos,
como: criação e validação de instrumentos de coleta de dados; identificação de
perfis profissionais; identificação de demandas, necessidades e tendências no campo
educacional; e avaliação de cursos, currículos e sistemas avaliativos. É uma
ferramenta valiosa para estudos de avaliação, de planejamento e de elaboração de
políticas educacionais. Por certo, são dimensões fundamentais para o
desenvolvimento da educação em qualquer nível, estrutura ou sociedade [...] (ANTUNES, 2014. p. 65).
Atualmente, as pesquisas científicas realizadas na educação brasileira contam com
diversos métodos de análises de registros, com abordagens qualitativas, quantitativas ou
ambas. O método que se destaca na Educação na área da saúde é o Método Delphi, este tem
apresentado resultados promissores em estudos de estruturação e avaliação dos cursos, por
exemplo, Planejamento Educacional e Políticas Educacionais (ANTUNES, 2014). Em vários
trabalhos é registrada a facilidade de aplicação em pesquisas na área da Educação com
resultados bons.
82
É possível observar estudos científicos encontrados nos repositórios de teses de
Portugal e Espanha, com frequentes abordagens nos métodos qualitativos em primeiro lugar,
seguido dos quanti-qualitativos no contexto da Educação em Ciências e Matemática.
Nos estudos com ambas as abordagens de métodos qualitativos e quantitativos
verificam-se a presença de plano amostral, análise estatística descritiva e outros métodos
complexos de análises de registros quantitativos fundamentados nas teorias da Estatística.
Também nos mesmos estudos observados estão presentes as análises qualitativas com ênfase
na interpretação subjetiva dos indivíduos, com delineamento do contexto do ambiente de
pesquisa, com abordagens semi-estruturadas, análise de discurso, interpretativa, com
múltiplas fontes de evidências e uma densa descrição do fenômeno observado. Portanto,
abordagens quali-quantitativa estão sendo amparadas para aumentar a confiabilidade dos
resultados e tornar mais realísticas as conclusões dos estudos científicos.
O Método Delphi pode ser encontrado em estudos realizados no Brasil e no exterior
que utilizaram ambas as abordagens quali-quantitativa, é possível observar que estudos desta
natureza têm contribuído significativamente para políticas públicas dos países.
Uma situação observada em diversos pesquisadores da Educação é a dificuldade,
diante da diversidade de métodos, em definir as técnicas de análises dos registros e de
validação dos resultados, considerando a relação entre observar, registrar, organizar, analisar,
compreender e refletir sobre as observações realizadas no mundo real. Estes fatores
influenciam significativamente os procedimentos metodológicos a serem adotados no estudo.
Diante das barreiras que o pesquisador tem no momento de definir os procedimentos
metodológicos, o Método Delphi se apresenta como uma opção favorável, pois possui
características que possibilitam sua aplicabilidade em diversos estudos no contexto da
Educação.
Quando o pesquisador não dispõe de referencial teórico, de informação, de
conhecimentos relacionados ao tema em estudo, o método é indicado no início do estudo para
prospecção de informações, que contribui para uma melhor compreensão do fenômeno que,
por consequência, contribui para um planejamento coeso.
No âmbito da Educação em Ciências e Matemática, o método é indicado para temas
com alto aporte teórico disponível, onde o objetivo é verificar se as informações publicadas
estão atualizadas, a partir de prospecção de opiniões de especialistas para confrontar com os
referenciais disponíveis, gerando novas discussões e possivelmente outros resultados.
Também é possível a partir do Método Delphi estruturar ou reestruturar bases de dados e
outras fontes de informação que possam sustentar o estudo, a partir das opiniões dos
especialistas. Com o método proposto é possível determinar o melhor método para realizar
83
análises, como foi possível observar no estudo sobre metodologias para seleção de métodos
de previsão de demanda na área de Engenharia de Produção (LEMOS, 2006).
O Método Delphi tem contribuído para propor indicadores de qualidade para cursos
de diversas áreas do conhecimento. A partir dos indicadores é possível avaliar o desempenho
dos cursos em diferentes níveis da Educação. É possível observar a contribuição do método
no estudo de Paixão et al. (2014) que tem como título ―Avaliação de Mestrados Profissionais:
Construção e Análise de Indicadores à Luz da Multidimensionalidade‖, com objetivo de
identificar indicadores de impacto nos cursos de mestrados profissionais no Brasil. Para
atingir o objetivo utilizou-se o Método Delphi com três interações sobre 80 autores e
pesquisadores com trabalhos publicados sobre Mestrados Profissionais, 48 Coordenadores de
Área da CAPES, e 101 Coordenadores de cursos de Mestrado Profissional, totalizando 229
especialistas que participaram do estudo. Ao final do estudo foi apresentada, qualitativamente,
uma lista com critérios e impactos na qualidade do processo ensino e aprendizagem a serem
avaliados, como por exemplo, a produção técnica, acompanhamento profissional do egresso,
aplicabilidade dos projetos de pesquisa, execução técnica, publicação em periódicos de cunho
técnico, intercâmbios, parcerias, colaborações com outras instituições de ensino e pesquisa,
parcerias com empresas e organizações profissionais que auxiliarão na avaliação dos cursos.
A partir desta lista, foram construídos indicadores quantitativos de avaliação baseados na
proposta de Sander (1995) para monitorar o processo ensino e aprendizagem dos Mestrados
Profissionais. O estudo de Paixão et al. (2014) apresenta inúmeras possibilidades de
contribuir com o processo ensino e aprendizagem através da apropriação do consenso crítico
dos especialistas da área da Educação por meio do Método Delphi (PAIXÃO et al., 2014).
Portanto, o pesquisador, ao concluir uma investigação na área da Educação, independente da
abordagem sendo qualitativa, quantitativa ou ambas, tem a possibilidade de validar os
resultados do estudo através do Método Delphi. A validação de estudos na área da Educação é
possível a partir da construção de indicadores relacionados com a investigação, para verificar
a coerência da proposta conclusa do trabalho. Um exemplo de indicadores que podem ser
utilizados para avaliar a coerência do estudo: problema, objetivo geral, metodologia e
resultados alcançados. A partir do momento que o pesquisador define e contextualiza os
indicadores do estudo, é possível avaliá-los através do Método Delphi.
A Educação Superior Internacional e Brasileira têm perspectiva de alcançar nas
próximas décadas maiores crescimentos econômicos, diminuir as desigualdades sociais,
garantir o acesso da população às universidades. As perspectivas da Educação Superior são
para serem alcançadas com qualidade, considerando os seguintes indicadores: os princípios
políticos, relações internacionais, cooperação institucional e organizacional, equidade,
84
empregabilidade, subsídios de permanência, com responsabilidade social, oferta e formação
sustentável (RIBEIRO, 2010).
O estudo de Ribeiro (2010) exemplifica mais uma contribuição do Método Delphi
para a Educação, realizado com base em documentos selecionados da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e Organization for
Economic Co-operation and Development (OECD). Após a análise de conteúdo dos
documentos selecionados, foram encaminhados a especialistas para exprimirem suas opiniões.
O Método Delphi também foi adotado em projetos de combate ao uso de drogas em
1974, nos Estados Unidos da América, onde participaram 38 especialistas. Deste estudo foi
identificado que é necessário propor projetos de políticas públicas relacionadas com a
Educação que preveem o combate ao uso de drogas. O projeto previu o constante
monitoramento de metas relevantes e passíveis de serem alcançadas no período de 3 anos,
para novamente ser avaliado.
Um estudo realizado em 1983, patrocinado pela Generalitat de Catalunya, tinha o
objetivo de prever, até 1995, quais os setores industriais seriam os mais relevantes e suas
demandas. O instrumento de registro foi formulado para captar respostas em termos de
probabilidade, datas, porcentagem, prioridade ou notas relevantes. Estas informações
nortearam as políticas públicas da Espanha por décadas.
O Método Delphi tem sido adotado por pesquisadores que realizam estudos para
definir políticas públicas de grandes cidades, a título de exemplo, Paris ou Madrid. Em 1988,
estudo patrocinado pela Câmara de Comércio e Indústria de Madrid, teve como objetivo
prever, até o ano de 2000, fatores relacionados com infraestrutura física, as localizações dos
órgãos públicos para atender os diversos setores empresariais. Outro objetivo deste estudo foi
prever a participação econômica e produtiva dos diversos setores empresariais e os futuros
gestores públicos e privados. Os especialistas que participaram deste estudo foram
selecionados de entidades de planejamento, economistas, sociólogos, gestores da
administração pública, de instituições de ensino público e privado.
Atualmente há estudos que adotaram o Método Delphi, conduzidos pelo Ministério
das Minas e Energia com o objetivo de identificar fatores que contribuem para o
desenvolvimento social e energético, tendo como foco a Amazônia. O objetivo maior do
Ministério das Minas e Energia é propor planos de ação para formulação de política
energética brasileira voltada para a Amazônia. Também tem outros estudos conduzidos pela
Fundação Instituto de Administração da FEA/USP, com o tema ―Terrorismo e Globalização‖,
que aborda fatores relacionados aos impactos dos atentados, fechamento das fronteiras,
85
xenofobia, conflitos regionais, entre outros, com objetivo de propor soluções que garantam
um mundo mais confiável e seguro, e globalizado.
Portanto, adotar o Método Delphi contribui significativamente para estudos nacionais
e internacionais na gestão da área da Educação, independente de sua especificidade. Os
estudos que utilizam o método têm origem com maior frequência na Europa e América do
Norte. As pesquisas científicas realizadas na educação brasileira contam com diversos
métodos de investigação, mas também é adotado o Método Delphi para prospecção de
informação, com resultados promissores no âmbito da Educação e da Saúde. Além de
resultados validados em estudos no âmbito da Saúde, é também observada a facilidade de
utilização do método em pesquisas no domínio da Educação, com resultados validados e
relevantes.
2.2.7. Método Delphi: Vantagens e Desvantagens
O Método Delphi possibilita que especialistas que não apresentam historicamente uma
relação adequada entre si, possam participar do mesmo estudo anonimamente (LINSTON et
al., 2002). Portanto, o histórico de relações impróprias entre os especialistas não influencia os
estudos devido ao fato de que os procedimentos são geridos por uma terceira pessoa. Um fator
que contribui para a investigação é o anonimato dos especialistas, mantido pelo pesquisador,
que permite que as opiniões não sejam influenciadas pela presença dos outros especialistas
que participam da investigação. E, por fim, outro fator relevante para possibilitar a
participação do especialista no estudo é a competência de fornecer anonimamente opiniões
sobre o tema investigado.
A estrutura física disponível para estudo não influencia no número de especialistas
envolvidos, pois as comunicações podem ser realizadas virtualmente através de correio
eletrônico ou por formulário encaminhado pelo correio, esta última opção praticamente não é
mais utilizada devido à disponibilidade e abrangência da internet (LINSTONE et al., 2002). O
pesquisador somente precisa ter disponível um computador e acesso à internet para uma boa
condução dos procedimentos metodológicos do Delphi. Outra vantagem em relação ao não
uso de uma estrutura física para reunir os especialistas é que propicia a reflexão individual e
coletiva sobre os temas tratados, sem as desvantagens que as reuniões presenciais costumam
apresentar – principalmente o predomínio de opiniões individuais em detrimento das opiniões
dos demais especialistas e do grupo – além das dificuldades de organização e dos custos que
surgem durante a realização dos procedimentos metodológicos. O tempo para obter resultados
depende dos especialistas envolvidos em responder os questionários objetivos. Devido ao uso
86
da internet, o custo e o tempo dos procedimentos metodológicos são fatores que contribuem
para que o pesquisador adote o Método Delphi nos estudos científicos. O uso das tecnologias
computacionais, em conjunto com a internet permitem flexibilidade aos especialistas, pois
não precisam se restringir a datas e horários ou mesmo à localização para responderem os
questionários. A contribuição que o contato presencial pode proporcionar ao estudo pode ser
superada por um bom planejamento nos procedimentos de comunicação (LINSTONE et al.,
2002).
Atualmente os repositórios de estudos disponibilizam informações que facilitam o
contato com os especialistas. Necessariamente o pesquisador estabelece um meio de contato
com os especialistas que seja eficiente, de modo que contribua para os procedimentos
metodológicos do estudo científico que adota o Método Dephi (Figura 4).
Figura 4: Representação de uma interação do pesquisador com especialista de qualquer região.
Fonte: Acervo do Autor, 2015.
87
Como a interação pode ser realizada virtualmente, por carta ou por telefone, possibilita
que o pesquisador insira nos estudos especialistas que tenham um alto grau de competência
referente ao tema de interesse do pesquisador, possibilitando que os especialistas pertençam a
qualquer região, organização, formação e de contexto sócio-político (Figura 4). A
heterogeneidade entre os especialistas contribui para garantir a confiabilidade dos resultados,
pois evita a origem de subgrupos homogêneos que podem inviabilizar os resultados.
A heterogeneidade entre os especialistas propicia a coesão de conceitos e visões entre
especialistas e, consequentemente, a uma interação de conhecimentos de origem de diversos
setores, organizações e visões que estes normalmente representam.
A diversidade de especialistas com conhecimento sobre o tema agrega conhecimento
ao estudo, através das respostas e pelos próprios procedimentos metodológicos que contêm as
rodadas, que permite a reformulação e o aprimoramento das questões formuladas que
incorporam esforço de reflexão e opiniões dos especialistas nos temas tratados.
O Método Delphi tem a vantagem de ser possível sua adoção em estudos que não
dispõem de dados históricos e a falta de dados quantitativos para representar o objeto de
estudo (LINSTONE et al., 2002). Também não requer conhecimentos aprofundados de
Matemática ou da Estatística para adotar o Método Delphi nos procedimentos metodológicos
do estudo.
De acordo com estudo de Oliveira et al. (2008), o método atende as expectativas de
um estudo em rede, ao invés de estudos de características hierárquicas. Pois, o anonimato
entre os especialistas e a condução ao consenso através das interações favorece um estudo
interativo o qual permite que as opiniões sejam compartilhadas, a cada interação, permitindo
que o especialista reformule a sua opinião espontaneamente.
A cada interação ocorre um aprendizado entre os especialistas, sem que seja preciso
expor a sua identidade.
Outra vantagem é observada quando o pesquisador constrói um instrumento de
registro objetivo e auto-explicativo, isso torna a resposta menos dispendiosa, exige menor
habilidade para aplicação, pode ser enviado pelo correio eletrônico ou tradicional, ou entregue
à mão, pode ser distribuído a um grande número de pessoas ao mesmo tempo, as frases
padronizadas garantem maior uniformidade para mensuração, os pesquisadores se sentem
mais livres para exprimirem opiniões que temem ser desaprovadas ou poderão colocá-los em
dificuldades (GOLDENBERG, 2004).
Os avanços das tecnologias computacionais favoreceram o Método Delphi a
apresentar mais uma vantagem, a de permitir que especialistas de qualquer local da Terra
possam participar do estudo.
88
Atualmente os correios eletrônicos associados a formulários que podem ser criados
em endereços virtuais gratuitos, permite que sejam encaminhadas senhas personalizadas para
os especialistas, para que somente estes tenham acesso aos questionários. Isso permite aos
especialistas acessar o instrumento de registro a qualquer momento e lugar que tenha acesso à
internet, o que facilita e torna flexível o registro do critério de avaliação do especialista.
Por outro lado, o Método Delphi também apresenta algumas desvantagens, entre estas
se destaca o fato do método não ser apropriado quando não há disponibilidade satisfatória de
especialistas para compor o estudo. Segundo estudo de Martinez, Zúñiga, Sala e Meléndez
(2012), acima de 14 especialistas já é possível utilizar o Método Delphi.
Entretanto, no estudo de Chaves (2011) observou-se que a média de especialistas
utilizados nos estudos possui uma variação acentuada (Quadro 12).
Quadro 12: Dimensionamento do tamanho amostral de especialistas participantes de estudos nacionais e
internacionais que utilizaram o Método Delphi nos procedimentos metodológicos de pesquisa. PESQUISADOR TIPO DE ESTUDO Nº DE ESPECIALISTAS
Ana Beatriz Poli Veronezi Dissertação 39 Ariane Fazzolo Scarparo Dissertação 54 Celso Huerta Gimenes Dissertação 99 Cesar Hidetoshi Dissertação 21 Janaína Anchieta Costa Dissertação 11 Luana |Torelli da Silva Dissertação 21 Manuela Modesto Dantas Dissertação 21 Marcia Galan Perroca Dissertação 15 Milton Satocy Nakano Dissertação 72 Alberto de Medereiors Jr. Tese 27 Angelo Just da Costa e Silva Tese 34 Carlos Roberto dos Santos Tese 10 Cleuza Catsue T. Kuwabara Tese 134 Eline Lima Borges Tese 65 Emanoel Marcos Lima Tese 14 Jacqueline V. A. da Cunha Tese 15 Liliane P. Tannús Gontijo Tese 20 Marcos Augusto Rocha Tese 13 Maria Alice Morato Ribeiro Tese 122 Maria L. de M. L. Padilha Tese 45 Regina Rigatto Witt Tese 52 Ricardo L. W. C. de Lyra Tese 19 Simone S. da Cunha Vieira Tese 12 Okoli e Pawlowski Recomendação 10 – 18 Rowe w Wright (1999) Recomendação 5 – 20
Rowe w Wright (2001) Artigos 3 – 98 Skulmoski Artigos 3 – 171 Skulmoski Teses 345
Fonte: Adaptado de Chaves (2011)
Na literatura encontra-se o estudo de Ribas (2013) com 12 especialistas, e o estudo de
Paixão et al. (2014), com 229 especialistas, isso mostra a acentuada dispersão do número de
especialistas entre os estudos que adotam o Método Delphi. Nos demais trabalhos observa-se
89
que, em média, utilizam no mínimo 14 especialistas, sem limite máximo. É importante que o
pesquisador tenha uma quantidade razoável de especialistas para participar do estudo, pois no
decorrer da investigação é possível observar que os especialistas tornam-se impossibilitados
de participar por razões particulares do estudo. Desta forma, a investigação inicia-se com
elevada quantidade de especialistas, para não tornar inviáveis as conclusões devido à possível
variabilidade de opiniões emitidas pelos especialistas que permaneceram na investigação.
Outrossim, com número reduzido de especialistas que participam da investigação, aumenta a
possibilidade de variação de resposta do grupo, o que dificulta para o pesquisador observar o
consenso nas respostas. A quantidade de especialistas disponíveis para o estudo influencia
diretamente o potencial das opiniões (HASSON, KEENEY e MCKENNA, 2000). Portanto,
quanto maior o número de especialistas o pesquisador conseguir inserir no estudo, maior será
a confiabilidade do consenso, entretanto, em dado momento a quantidade de especialistas não
altera significativamente os resultados, o que gera um trabalho desnecessário para
pesquisador.
O Método Delphi não é apropriado para estudos que não têm o objetivo de obter o
consenso dos especialistas. Uma das principais características do método é conduzir as
opiniões ao consenso, através de cada interação entre os especialistas e o pesquisador.
Observou-se na literatura que os estudos que adotam o Método Delphi citam as
mesmas vantagens e desvantagens do método como observado no estudo de Munaretto,
Corrêa e Cunha (2013) que também citou o estudo de Oliveira, Costa, Wille e Marchiori
(2008) para apresentar as vantagens e desvantagens do Método Delphi (Quadro 13).
Quadro 13: Estudo de Oliveira et al. (2008) que apresenta as vantagens e desvantagens do Método Delphi.
CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS
ANONIMATO Igualdade de expressão de ideias. O anonimato faz com que a interatividade
aconteça com maior espontaneidade e
que assuntos críticos ou polêmicos
possam ser melhor discutidos e
apresentados pelos participantes.
Ao responder um questionário sozinho, o respondente pode não se lembrar de
tudo que pensa sobre o assunto ou pode
não se ater a pontos sobre os quais
ainda não refletiu.
FEEDBACK Redução de ruídos. Evita desvios no
objetivo do estudo. Fixação no grupo das
metas propostas. Possibilidade de
revisão de opiniões pelos participantes.
Pode determinar o sucesso ou o
insucesso do método. Risco de excluir
da análise pontos de discordância.
Fonte: Estudo de Oliveira, Costa, Wille e Marchiori (2008).
90
Quadro 13: Estudo de Oliveira, Costa, Wille e Marchiori (2008) que apresenta as vantagens e desvantagens do
Método Delphi. (continuação) CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS
FLEXIBILIDADE No decorrer das discussões os
participantes recebem opiniões,
comentários e argumentações dos outros
especialistas, podendo, assim, rever suas
posições diante do assunto pesquisado.
As barreiras comunicacionais são
superadas.
Dependendo de como serão
apresentados os resultados e feedbacks,
é possível que se criem consensos,
forçados ou artificiais, em que os
respondentes podem aceitar de forma
passiva a opinião de outros
especialistas e passar a defendê-las.
USO DE
ESPECIALISTAS São formados conceitos, julgamentos,
apreciações e opiniões confiáveis a
respeito do assunto.
Possibilidade de obter consenso de
forma demasiado rápida.
CONSENSO Sinergia de opinião entre os
especialistas. Identificação do motivo de
divergência de opinião.
Risco de criar um consenso artificial.
INTERATIVIDADE A interatividade foge de uma conjuntura
hierárquica, pois formata as respostas e,
em seguida, faz com que elas sejam partilhadas. Adequação das respostas, pois tende a
excluir excentricidades que estejam fora
do contexto solicitado. Aprendizado
recíproco entre os respondentes.
Rodadas interativas realizadas em rede
são apontadas como desvantagens por
críticos ao método. Apesar de tornar o processo mais rápido e menos oneroso,
o sincronismo possibilitado pela
internet contraria o benefício de obter
respostas mais elaboradas.
Fonte: Estudo de Oliveira, Costa, Wille e Marchiori (2008).
Além da desvantagem do respondente em não se lembrar de tudo que pensa sobre o
assunto, no momento de preencher o questionário (Quadro 13), outra desvantagem é um
índice baixo de respostas, a uma estrutura rígida e prolixa de questionários mal elaborados,
que dificulta ao especialista expressar suas opiniões e exige habilidade de ler, escrever e
disponibilidade para responder.
Outra desvantagem que pode ocorrer é quando as respostas exigem uma reflexão do
especialista, o que o obriga a despender um determinado tempo e esforço de concentração
para responder adequadamente às questões. Isso pode desmotivar o especialista a continuar no
estudo. Portanto, é necessário que o pesquisador construa um instrumento de registro com
questões objetivas e de fácil interpretação, e logo em seguida o pesquisador deve realizar uma
pesquisa piloto12
, para verificar a qualidade do instrumento de registro.
O tempo de retorno das respostas de todos os especialistas, aliado às sucessivas
interações pode comprometer o número de especialistas que participam do estudo. Também
pode ocorrer uma alta incidência de instrumentos de registros não respondidos e de
12
Toda a pesquisa que utilize um instrumento novo de registro (questionário) é necessária a realização de uma
pesquisa piloto com um número reduzido de respondentes para identificar as possíveis falhas no instrumento criado. A pesquisa piloto também fornece informações prévias para o pesquisador, que pode utilizá-la para
reformular o planejamento do estudo. Recomenda-se que seja realizada uma pesquisa piloto com 5% do tamanho
amostral pretendido para estudo (COCHRAN, 1977; CHURCHILL, 1995).
91
desistências dos especialistas ao longo do processo (CAMISÓN et al., 2009). O instrumento
também pode influenciar no índice de respostas, pois estrutura rígida impede a expressão de
sentimentos, exige habilidade de ler e escrever e disponibilidade para responder
(GOLDENBERG, 2004).
Dados de literatura apontam que é comum entre a primeira e a última interação o
abandono de 50% dos especialistas originais (GRISI e BRITTO, 2006). Há estudos que
informam ser normal uma abstenção de 30% a 50% na primeira interação e de 20% a 30% na
segunda interação (WRIGHT e GIOVINAZZO, 2000). Devido a isso, o pesquisador procura
elaborar instrumentos o mais claro e objetivo possível, autoexplicativo e que contenha todos
os elementos necessários para as respostas, sem necessidade de estudos e consultas adicionais.
A formulação do instrumento de registro exige conhecimento aprofundado dos
temas. Se o pesquisador não possui esse conhecimento, é necessário recorrer ao apoio de
especialistas na própria elaboração do instrumento. Além disso, a formulação das questões,
normalmente, corrobora com entendimentos qualitativos e quantitativos, que influencia nas
análises dos registros relacionados ao temas, portanto, exige do pesquisador estudos
diagnósticos, que aborda conceitos, definições e fatores relacionados ao tema, antes de
formular o instrumento de registro.
Outro fator que pode comprometer os procedimentos do Método Delphi é um
instrumento de registro que possui determinados tipos de questões que podem confundir ou
tomar tempo demasiado do especialista, como, por exemplo, questões envolvendo eventos
compostos ou ordenamento de itens (WRIGHT e GIOVINAZZO, 2000). Além disso, destaca-
se a dificuldade de construir um instrumento sem ambiguidades, e não tendencioso. O
pesquisador deve se preocupar com informações que podem trazer implicitamente pontos de
vista que conduzirão indevidamente a um consenso das reflexões dos especialistas.
Procura-se, ainda, não elaborar um número excessivo de perguntas. A literatura
aponta como limite, dependendo do tema e do perfil dos especialistas, um número em torno
de 25 questões (WRIGHT e GIOVINAZZO, 2000). Por outro lado, é possível que,
dependendo da abrangência do tema e dos focos das perguntas, cada especialista se sinta mais
familiarizado com determinadas questões, respondendo-as mais rapidamente em relação a
outras. É possível ainda que nem todos os especialistas se considerem aptos a responder a
todas as perguntas. Nesse sentido, recomenda-se a realização de testes, consultas prévias ou
pesquisa piloto para validar o instrumento e verificar o grau de dificuldade e tempo de
resposta.
Apesar de todas as suas vantagens com utilização de um instrumento, o uso incorreto
durante os procedimentos metodológicos pode gerar graves problemas ao pesquisador
92
(ROWE e WRIGHT, 1999). O pesquisador pode, sem perceber, coatar o consenso
indevidamente entre os especialistas, com um instrumento mal formulado.
Uma demora excessiva para a realização do processo completo, especialmente no
caso de envio do questionário via correio, ou um retorno moroso das respostas dos
especialistas via correio eletrônico, é outro inconveniente do Método Delphi. Sucessivas
rodadas envolvendo especialistas não compromissados com estudo, e sem uma remuneração
ou contrato, pode influenciar na desistência de especialistas, sendo comum que, entre a
primeira e a última rodadas, a taxa de abandono à pesquisa transite em torno de 50% dos
participantes que iniciaram no estudo (HASSON et al., 2000).
2.2.8. Possibilidades de utilização do Método Delphi
O investigador também deve levar em consideração a especificidade da investigação
para aplicação do Método Delphi. Geralmente algumas características da investigação
constituem um indicativo da necessidade de empregar o Método Delphi. Segundo Linstone et
al., (2002) as características de investigação em que se sugere a aplicação do Método Delphi
são:
a) O registro do fenômeno que não se aplica em técnicas analíticas precisas, e sim
em julgamentos subjetivos numa base coletiva;
b) Quando o pesquisador tem acesso a um grupo de especialistas com competência
para opinar sobre o tema investigado;
c) Quando o pesquisador tem um grupo de especialistas com dificuldades de relação
interpessoal entre especialistas;
d) É expressiva, para a investigação, a participação de um conjunto de pessoas com
objetivo de propor solução a um problema complexo;
e) Um conjunto de sujeitos heterogêneo em relação às suas experiências ou
especializações relacionadas ao tema investigado;
f) Quando há um número expressivo de sujeitos em uma investigação que requer
interação entre as opiniões dos sujeitos;
g) A indisponibilidade de tempo e custo para realizar reuniões frequentes de grupo;
h) Uma investigação que exige que aumente sua eficiência sobre os encontros
presenciais;
i) Divergências entre os sujeitos da investigação que provocam a necessidade de
assegurar o anonimato;
93
j) A diversidade de especialistas deve ser preservada para garantir a validade dos
resultados, ou seja, evitar a dominação por quantidade ou por força de personalidade.
Naturalmente que, pela versatilidade do Método Delphi, é possível avançar mais na
identificação das características que sugerem a aplicação do método. A versatilidade do
Método Delphi possibilita sua reformulação à medida que a reconstrução da realidade de uma
determinada área do conhecimento vai sendo realizada.
De acordo com trabalho de Adler e Ziglio (1996), o contexto das análises é
fundamental para se avaliar a possibilidade da utilização do Método Delphi. Outro fator
relevante que induz à adoção do Método Delphi é exiguidade histórica, referencial
bibliográfico e a originalidade do tema em análise.
CAPÍTULO III
3.1. ESTRUTURAÇÃO DO „CRITÉRIOS DE TRIAGEM‟
Neste capítulo, buscou-se apresentar os fatores que ajudam a definir os critérios de
triagem a serem adotados nos procedimentos do Método Delphi para observar e registrar a
confluência das análises dos registros e validação dos resultados com determinado nível de
confiabilidade. É importante salientar que há diversos métodos de análises de registros, o que
causa desconforto ao pesquisador no momento de escolher o melhor método, como foi
apresentado no início do estudo. Entretanto, o melhor método é escolhido a partir da
qualidade e das características dos registros. Desta forma, a responsabilidade de escolha passa
a ser a partir das características dos registros e não do que o pesquisador avaliar ser melhor.
Ao iniciar um estudo é importante determinar o tipo de abordagem e como serão
realizados os registros dos fenômenos para posteriormente analisá-los. Após determinar a
abordagem e os instrumentos que serão utilizados para realizar os registros, também é
necessário definir as características dos registros, pois são estas que indicarão ao pesquisador
os melhores métodos para realizar as análises dos registros.
94
3.1.1. Abordagem Qualitativa e Quantitativa
A pesquisa que adota o Método Delphi atribuído de critérios de triagem para analisar
registros ou validar resultados tem a característica de uma pesquisa com abordagem quali-
quantitativa. Os procedimentos do Método Delphi e os critérios de triagem estão
fundamentados em sua dinâmica interna por métodos qualitativos e quantitativos de análises
de registros. Os métodos quantitativos e qualitativos abordados neste estudo serão
apresentados na sequência do desenvolvimento do estudo. A proposta é explicitar a
necessidade de conhecer os principais conteúdos elementares de estatísticas, antes de definir
os procedimentos quantitativos a serem adotados para analisar os registros dos fenômenos. A
intenção não é realizar um aprofundamento com definições, corolários, axiomas e cálculos
complexos, mas espera-se com isso um melhor aproveitamento de métodos quantitativos nos
trabalhos da Educação, desde a concepção dos instrumentos de registros até as análises destes.
A seguir são declaradas, no Quadro 14, as caracterizações de abordagens que podem
ser admitidas em pesquisas científicas.
Quadro 14: Classificação para abordagem qualitativa e quantitativa nas investigações científicas.
QUANTITATIVA QUALITATIVA
Paradigma Hipotético-dedutivo Holístico-interpretativo
Registros Representado numericamente Quantitativos Estruturados e não valorativos
Representados verbalmente Qualitativos Com maior riqueza de detalhes
Pesquisador Observador Distância objetiva
Interpretador da realidade Imerso no contexto
Abordagem Positivista Experimental Estudos confirmatórios
Interpretativa Não experimental Estudos exploratórios
Análise Estatística Descritiva Método de Análises Estatísticas Inferência a partir de amostras Teste de hipóteses e teorias
Conteúdo ou Caso Padrões a partir dos próprios dados
Hermenêutica e fenomenologia
Fonte: Adaptado de Dias (2000)
Da forma que se apresenta o Quadro 14, é possível observar duas categorias de
abordagem a pesquisa científica: qualitativa e quantitativa. Com base no problema de
pesquisa são definidos os instrumentos de registros, abordagem e técnicas e análises de
registros e validação dos resultados.
Os métodos quantitativos são conhecidos pela objetividade em registrar, quantificar,
mensurar, avaliar e analisar os registros através de conteúdos matemáticos, que historicamente
estão nas raízes do Positivismo.
95
[...] A questão fundamental, porém, é decidir que espécies de arrazoados
matemáticos são relevantes para determinados problemas, que limitações estão
impostas e como tais métodos podem ser ampliados e generalizados. Não se pode
perder de vista que o uso da linguagem matemática leva a descrições e modelos
idealizados, uma construção abstrata que, na prática, na melhor das situações, será
observada apenas parcialmente (MINAYO, 2006, p. 241)
A abordagem qualitativa permite aprofundar fatores que descrevem fenômenos
através de sentimentos, afetividade, cultura, regionalidade, entre outros fatores, estes, para
serem observados também necessitam de descrições aprofundadas e densas e uma contínua
observação. Essas características são complementares à abordagem quantitativa.
A abordagem quantitativa de um estudo científico segue, em geral, um padrão
específico, com trajetória bem conhecida e objetiva para obter os registros, organizá-los e
analisá-los e culminar na divulgação dos resultados com confiabilidade conhecida e
quantificada. Para obter resultados confiáveis para a sociedade a partir de estudos científicos
é necessário obedecer a padrões reconhecíveis, e a determinação e mensuração de suas
posições são essenciais (MINAYO e SANCHES, 1993). Organizar os registros de
representações numéricas com o objetivo de realizar inferências implica em adotar linguagem
e escrita adequadas, obedecendo aos pressupostos dos métodos estatísticos (Figura 5).
Figura 5: Circularidade do método científico.
Adaptado de Montgomery (1991).
96
É possível observar na Figura 5, o padrão específico e funcional de uma abordagem
quantitativa e qualitativa centrada no problema do estudo científico. Também observa-se que
todas as fases do estudo científico estão relacionadas com o problema. A cada procedimento
realizado na pesquisa é necessário que o pesquisador verifique as implicações e a relação com
o problema central do estudo. Ao executar cada etapa declarada na circularidade do método
cientifico, e relacionar os resultados obtidos com o problema central, isso assegura ao
pesquisador objetividade do estudo científico durante os procedimentos de elaboração e maior
confiabilidade no resultado final.
Estudos científicos derivados de pesquisa qualitativa, quantitativa ou quanti-
qualitativa, que fundamentam as conclusões a partir de conjuntos de registros amostrados,
necessitam verificar a origem e qualidade dos registros para possibilitar a validação dos
resultados através dos métodos científicos. É necessário realizar uma análise preliminar para
verificar a qualidade dos registros. A verificação inicia-se pelas análises estatísticas
exploratórias que se utilizam de desenhos esquemáticos (GONÇALVES e CASTRO, 1998)
também conhecidos como diagramas, cartogramas, estereogramas e gráficos. A identificação
inicial de características nos registros que representam o determinado fenômeno por meio de
gráficos possibilita ao pesquisador evidenciar futuros problemas na validação dos
pressupostos de uma metodologia de análise de registros (CHOONPRADUB e MCNEIL,
2005; PEARSON, 2001). Não havendo problemas nos registros, a identificação inicial das
características dos registros também pode ser utilizada nas análises e discussões dos
resultados do trabalho científico. Caso contrário, deve ser revisto o planejamento com
objetivo de eliminar os problemas nos registros.
Os gráficos são disponibilizados em diversos softwares em formato padrão como,
por exemplo, os gráficos setoriais, barras, linhas, box-plot, etc. (BENJAMINI, 1988). Os
gráficos têm a função de informação, e proporcionam uma visualização rápida do resumo dos
registros, descrevendo suas características e fornecendo elementos úteis para uma análise
preliminar (PEARSON, 2001). Outro gráfico disponível com maior frequência em software
estatísticos é box-plot. A identificação de pontos discrepantes e o resumo dos cincos números
(mínimo, 1º quartil, mediana ou 2º quartil, 3º quartil e o valor máximo dos dados) que permite
comparar as variáveis da mesma natureza em uma mesma escala pode ser facilmente obtida
através do gráfico box-plot ( BUSSAB e MORETTIN, 1987; TOLEDO e OVALLE, 1995).
Quando o interesse do pesquisador é verificar e quantificar a existência de associação
entre dois fenômenos através dos conjuntos de registros que os representam individualmente,
utilizam-se as medidas de correlação. Existem vários métodos estatísticos de analisar a
associação entre variáveis respostas e variáveis explicativas. Análise de Contingência C,
97
Análise de Correlação de Spearman, Análise de Correlação de Kendall (SIEGEL, 1975;
CHEN e POPOVICH, 2002), Análise de Correlação de Pearson, Análise de Regressão
Simples e Múltipla (ABREU e VETTER, 1978; DRAPER e SMITH, 1981; SNEDECOR e
COCHORAN, 1980,) e a Análise de Correlação Canônica (JOHNSON e WICHERN, 1988;
ANDERSON, 1958) são análises estatísticas mais frequentes para quantificar e verificar o
grau de associação entre conjunto de registros (ESTELBERGER e REIBNEGGER, 1995).
Pela complexidade de cada análise e ao considerar o objetivo deste trabalho, ficam
supracitados apenas os referenciais para propiciar o aprofundamento em conteúdos
estatísticos.
Como citado anteriormente, existem diversos métodos para analisar a associação
entre uma variável resposta com uma ou mais variáveis explicativas. Para utilizar os métodos
de associação devem ser considerados em cada um deles os pressupostos para aplicação que
geralmente estão associados à quantidade de fatores envolvidos e às características dos
conjuntos de registros.
No estudo de Costa (1977) é sugerida uma alternativa de analisar os registros através
da verificação da dependência entre as variáveis respostas e as variáveis explicativas,
determinando o grau de associação entre duas variáveis por meio de coeficientes que
apresentam propriedades adimensionais variando de -1 até 1. Os valores positivos destes
coeficientes indicam uma associação linear positiva; os valores negativos, uma associação
linear negativa, e os valores nulos ou próximos de zero indicam ausência de associação linear
(COSTA, 1977). Portanto, valores mais distantes de zero indicam uma possível relação entre
os fatores observados.
Para todos os coeficientes de associação é necessário realizar a prova de
significância para verificar o poder do teste (DRAPER e JOHN, 1981; GIOLO, 2005).
Entretanto, é frequente a utilização dos testes de correlação sem a verificação do poder do
teste. Outro fator importante, porém, é verificar associação entre as variáveis por meio de
gráficos, para identificar associação não linear entre as variáveis.
É importante a identificação das características e tipo da variável envolvida no
experimento, essas informações delimitam os métodos estatísticos mais adequados e
interpretação correta dos resultados da pesquisa (GIOLO, 2005).
Portanto, para aumentar a precisão das análises estatísticas, bem como realizar
conclusões coerentes é necessário que o pesquisador conheça a natureza e as relações entre as
variáveis.
Outro ponto a ser verificado é o relacionamento entre as variáveis que,
frequentemente, é inevitável em virtude da natureza única das variáveis, isto leva à
98
simplificação, muitas vezes grosseira, com a finalidade de facilitar a análise de dados ou
torná-la viável (PONTES, 2005). Para analogia entre as variáveis de forma sistêmica, procura-
se a relação causa e efeito entre as variáveis (MATTAR, 2001).
Em geral, as diferenças existentes entre grupos ou populações de interesse não estão
sendo explicadas apenas por uma variável e sim por um conjunto delas, podendo esta relação
ser explicada através de modelos matemáticos (FAYYAD, 1996).
O estudo de uma única variável indica que determinado tratamento estatístico é mais
adequado, porém, ao considerar outras variáveis relacionadas à variável de interesse, outros
tratamentos estatísticos podem ser mais indicados. Isso se deve pela interação entre as
variáveis (PONTES, 2005).
A partir do problema e dos objetivos bem definidos, e segundo a experiência do
pesquisador, é possível elencar os possíveis fatores relacionados ao fenômeno que possam
estar envolvidos com o problema. Após definidos os fatores relacionados com o estudo, é
necessário realizar a caracterização destes que originarão as variáveis.
O objetivo de conhecer as características das variáveis envolvidas no fenômeno de
interesse é prever o método de análise dos registros mais adequado para o estudo, entretanto, a
certeza que será possível usar os métodos previstos é quando são conhecidas a qualidade das
variáveis registradas e sua proximidade relacional com o fenômeno.
A grande potencialidade dos procedimentos estatísticos de análise de registros, na
presença de variabilidade aleatória está contida na possibilidade de se estabelecer
inferência, neste caso denominado de inferência estatística. A qualidade de uma
variável, em geral, está envolvida com o seu poder de representatividade do
fenômeno, e isso é conhecido através do grau de dispersão da variável. Há uma relação de representação entre variável e o fenômeno, que está ligada diretamente a
quanto menor a dispersão de uma variável melhor é a representatividade do
fenômeno, além da concepção da variável ser de origem aleatória, para evitar vieses
(MINAYO e SANCHES, 1993, p. 239)
Baseado na citação anterior e na Figura 2, faz-se necessário definir com clareza a
questão central, em seguida caracterizar a variável e definir suas relações com demais fatores
conhecidos que interferem no fenômeno de interesse, e a partir disso, possibilitar ao
pesquisador prever qual o método mais adequado para inserir na metodologia do estudo
científico. Portanto, o pesquisador ao realizar um estudo de um determinado fenômeno, é
importante que se tenha conhecimento das influências de outros fatores relacionados sobre o
fenômeno de interesse. As influências entre os fatores estão descritas na relação das variáveis
explicativas e explicadas, também conhecidas como variável dependente e variável
independente.
99
A definição geralmente utilizada em análises de decomposição da variação dos dados
é delineada por variável independente e dependente, também conhecida como resposta.
Denomina-se variável independente aquela cuja sua alteração supõe poder produzir uma
alteração num dado comportamento observável (variável dependente ou variável de resposta).
Por exemplo, determinar a relação entre o número de erros na atividade laboral (variável
dependente) e o número de treinamentos (variável independente) realizados nos funcionários;
determinar o efeito do álcool sobre os reflexos motores (GOMES, 1990).
No método quantitativo a variável denominada como nominal é a medida mais fraca
entre as demais para representar um determinado fenômeno. Como é crescente o número de
conteúdos estatísticos utilizados em estudos na Educação para auxiliar na compreensão de
fenômenos descritos através de pesquisa qualitativa (COSTA, 2003), observa-se com
frequência a variável nominal submetidas a análises de dados por meio de conteúdos
estatísticos. Na situação em que se utiliza a variável nominal é comum observar em análises
de textos sendo utilizada a análise léxica. Portanto, a mensuração da variável resposta pode
ser realizada em escalas nominais (MORETTIN e BUSSAB, 1991), o mais baixo nível de
mensuração, onde se observa que os pesquisadores utilizam símbolos, ou simplesmente
números, para distinguir elementos em diferentes categorias com objetivo de descrever o
fenômeno de interesse. Geralmente não tem possibilidades de comparação de ordem crescente
ou decrescente. Por exemplo: Masculino (M), Feminino (F); Perfeito (1), Defeituoso (0);
Europeu (1), Americano (2), Africano (3), Asiático (4) (SIEGEL, 1975).
O pesquisador, ao adotar abordagem qualitativa, quantitativa ou ambas para observar
e registrar, ou seja, medir a intensidade efetiva de um caráter variável em cada um dos
objetos, obtém uma ou um conjunto de variáveis que ajudam a representar um determinado
fenômeno. Por exemplo, o pesquisador, ao aplicar uma pesquisa quantitativa para registrar a
idade das pessoas ao morrer, a estatura ou peso dos indivíduos, o rendimento das famílias em
uma grande cidade, etc., estará obtendo um resultado (variável resposta). Estas observações
numéricas podem ser registradas em uma planilha e serem expressas de forma discreta ou
descontínua e contínua (MATTAR, 2001). Da mesma forma, o pesquisador pode adotar
abordagem qualitativa para realizar as entrevistas ou observações para conhecer a qualidade
de vida das pessoas que estão prestes a morrer, segundo a expectativa de vida da região que se
está pesquisando.
Na pesquisa quantitativa tem-se a variável discreta que resulta de uma contagem,
razão pela qual seus valores são expressos através de números inteiros não-negativos. Pode
variar em todo o conjunto de números inteiros racionais, e não apenas inteiros positivos de
zero a infinito. Por exemplo, o interesse em saber o número de funcionários que praticam
100
ginástica terapêutica em um determinado horário (COSTA, 1987). Na pesquisa qualitativa
observa-se as categorias de respostas ao realizar as análises de discursos em seu nível
fundamental, após os procedimentos de identificação do percurso de geração do sentido. No
segundo nível do percurso, ao constituir a narrativa é possível observar a frequência dos
valores fundamentais observados a partir do sujeito (GREGOLIN, 1995). A critério do
pesquisador a frequência dos valores fundamentais que formam categorias podem ser
submetidas às análises estatísticas descritivas para auxiliar na fundamentação dos resultados
da análise do discurso. Neste nível também se observa a escala ordinal que utiliza números
apenas para classificar elementos numa ordem crescente ou decrescente. Existe algum tipo de
relação entre as categorias embora a diferença entre elas seja de difícil quantificação,
exemplificando, classes socioeconômicas (A, B, C, D, E); patentes do Exército brasileiro
(soldado, cabo, sargento, etc.); opinião sobre um determinado atendimento (Ruim, Regular,
Bom, Muito bom, Excelente) (SIEGEL, 1975).
Na pesquisa quantitativa, a variável que melhor representa um fenômeno é conhecida
como variável contínua ou intervalar, que se define como um valor real a que passa para outro
valor real b, podendo assumir todos os valores intermediários entre a e b. Ou seja, a variável
intervalar permite registrar infinitas características mensuráveis do fenômeno. Por exemplo,
números de metros percorridos por um atleta durante certo período de tempo em uma pista
circular (GOMES, 1990). Equivalente à escala intervalar, tem-se a escala de razão, porém o
valor zero é o verdadeiro ponto de origem, ponto de nulidade, ou seja, ponto conhecido.
Importante a ser observado é que, nas escalas de razão, um valor "2" efetivamente indica uma
quantidade duas vezes maior do que a do valor "1", e assim por diante, por exemplo, a
velocidade, tempo (SIEGEL, 1975). O mesmo raciocínio pode ser observado na pesquisa
qualitativa, quando o pesquisador realiza uma pesquisa baseado em uma entrevista com um
determinado aprofundamento. A partir de uma pesquisa qualitativa, quanto mais detalhes o
pesquisador obtiver do sujeito, maior será a representatividade do objeto de interesse.
Observa-se que a quantidade de detalhes que pode ser inserida no texto para representar um
determinado fenômeno passa a ser infinita, entretanto, o que delimita a quantidade de detalhes
geralmente é o tempo e/ou o custo que o pesquisador tem disponível para realizar o estudo.
Quando o pesquisador tem disponível todos os registros de um determinado
fenômeno de interesse, denominam-se os valores que representam a totalidade dos registros
de parâmetro (MEYER, 2000). Entretanto, quando o pesquisador tem disponível somente
parte da totalidade dos registros, os valores que representam esta parte da totalidade dos
registros são denominados de estatísticas (MEYER, 2000). Portanto, é comum observar nos
trabalhos científicos a palavra ‗estatística‘, pois dificilmente o pesquisador terá disponível
101
todos os registros que representam um determinado fenômeno. Ao contrário, pode ser
verificada uma frequência significativa em trabalhos científicos teóricos a utilização da
palavra ‗parâmetro‘.
Os principais parâmetros que representam uma população homogênea são
conhecidos como médias aritméticas, geométricas, harmônicas, quadráticas (BARBETTA,
2002). A função dos parâmetros ou estatísticas é descrever resumidamente, a partir de um
conjunto de registros homogêneos, uma distribuição de frequências mais próxima da realidade
do fenômeno, ou seja, apresentar um valor que melhor represente o conjunto de dados
homogêneos. Este conjunto de registros é formado por repetições de uma única variável ou
mais, dependendo do interesse do pesquisador. As repetições de registros possibilitam
verificar a dispersão dos dados que, por sua vez, indica a qualidade da medida de tendência
central.
A média aritmética de um conjunto de números é igual ao quociente entre a soma dos
valores do conjunto e o número total de valores. Esta medida é frequentemente utilizada em
diversos cálculos, e o cuidado que se deve ter com esta medida é verificar o quanto os valores
extremos estão influenciando a média (FONSECA et al., 1985).
A mediana também é uma medida de posição central, obtida pelo valor que separa os
dados ordenados em duas partes iguais, metade dos dados tem valores maiores do que a
mediana, a outra metade tem valores menores do que a mediana. Há conjuntos de dados em
que a média aritmética ou a mediana não é uma medida de tendência central que represente
adequadamente os dados, o que pode ser explicado pela elevada variabilidade das variáveis ou
altas frequências de um determinado valor. Nestas condições, sugere-se a moda (GOMES,
1990). A moda é obtida pelo valor que ocorre com maior frequência em um conjunto de
dados. Observa-se que as medidas centrais, mediana e moda não levam em conta valores
extremos, portanto, seus parâmetros não são influenciados por valores discrepantes
(DRAPER e JOHN, 1981).
Neste estudo estão descritas as principais medidas de dispersão: variância amostral
(implicitamente), desvio padrão amostral e coeficiente de variação amostral. As medidas de
dispersão contribuem para o pesquisador observar o quanto as respostas dos especialistas
estão homogêneas. Um aspecto importante no estudo descritivo de um conjunto de dados é a
verificação da variabilidade ou dispersão dos dados, em relação à medida de localização
central da amostra (BARBETTA, 2002). Variados métodos utilizados em diversas áreas do
conhecimento dependem da dispersão dos dados.
Geralmente, as pesquisas com abordagem quantitativa dependem de métodos para
analisar as dispersões dos registros do fenômeno estudado. É importante que os dados sejam
102
representados por uma medida de tendência central. Entretanto, é importante que a
representatividade da média seja associada a uma medida de dispersão. O objetivo deste
estudo não é aprofundar em medidas de dispersão, entretanto, julga-se necessário abordar
Amplitude Total (AT), Desvio Padrão (DP) e Coeficiente de Variação (CV) ao admitir o
Método Delphi.
A medida de dispersão mais simples de ser obtida é amplitude total, é indicada para
dados com dispersão acentuada. Para obter uma medida da variabilidade na mesma escala de
mensuração dos dados, toma-se a raiz quadrada da variância e obtém-se o desvio-padrão (ver
Anexo 4).
O desvio-padrão é uma das medidas de dispersão mais utilizada devido a sua
aplicabilidade, pois esta medida considera a grandeza escalar que está sendo observada no
fenômeno, o que torna sua interpretação acessível, pois não necessita de conhecimentos
específicos para sua interpretação (BARNETT e LEWIS, 1978).
As características contidas no desvio-padrão são as possibilidades de assumir
somente valores positivos, quanto maior estes valores mais dispersos os dados (MATTAR,
2001), quanto menor este intervalo mais próximo está do valor médio real. Uma das
vantagens é considerar todos os valores nos cálculos na obtenção do desvio-padrão, portanto,
não ocorre perda de registros. O desvio-padrão possibilita avaliar a qualidade do valor médio
que representa o conjunto de registros. A dispersão elevada dos registros do fenômeno
observável indica divergência significativas entre os registros que compõem o valor médio,
isso dificulta adoção de técnicas estatísticas paramétricos para verificar a veracidade das
hipóteses.
Outra medida de dispersão muito utilizada pelos pesquisadores é o Coeficiente de
Variação (CV), este permite que seja realizada a comparação de diversos fatores sem a
necessidade de considerar a grandeza escalar (ver Anexo 5). Por exemplo, o pesquisador tem
interesse de conhecer a variação na altura das mulheres, se é maior ou menor do que a
circunferência abdominal dos homens (BARDIN, 2004), neste caso é necessário utilizar como
parâmetro o CV para realizar a comparação entre as variações, por se tratar de grandezas
escalares diferentes.
O parâmetro de dispersão conhecido como CV é utilizado para representar a
dispersão das observações realizadas a partir de um determinado fenômeno, e frequentemente
é possível observar o CV sendo utilizado pelos pesquisadores para comparar grandezas
escalares iguais ou diferentes. Para o pesquisador utilizar nas pesquisas o CV é necessário
verificar as condições dos fatores externos e a existência deste com o fenômeno de interesse
observado. As condições em que se encontra inserido o fenômeno observado influencia nas
103
observações registradas, que poderá apresentar uma pseudo-conclusão a partir das análises
realizadas. Outro fator que pode influenciar na dimensão dos CVs é a natureza da variável
resposta observada no fenômeno. Os CVs encontrados em variáveis geradas em ambientes
controlados, dependendo da natureza da variável, em geral é inferior aos encontrados em
variáveis em ambientes não controlados. Da mesma forma ocorre com os interesses dos
analistas de diferentes áreas de pesquisa (MONTGOMERY e PECK, 1982)
Outra abordagem realizada neste estudo foi à qualitativa, com a finalidade de
possibilitar as análises das cinco teses da área da Educação. Com base nas análises realizadas
foi possível construir os argumentos correlativos que compõem o instrumento de registro de
opiniões dos especialistas. A abordagem qualitativa é necessária quando a quantitativa não foi
suficiente para descrever o fenômeno de interesse. Quanto mais complexo é o fenômeno de
interesse, geralmente maior é o esforço do pesquisador em registrar e quantificar este
fenômeno para análise. Estudo desta natureza geralmente trabalha com valores, crenças,
representações, hábitos, atitudes, regionalidades, cultura, sentimentos, afetividades, entre
outros, são fatores internos aos seres humanos que dificilmente serão bem estudados apenas
com abordagem quantitativa.
O esforço do pesquisador em uma abordagem qualitativa está em buscar uma
uniformidade e encontrar regularidades no fenômeno de interesse. É importante salientar que
o esforço do pesquisador deve ser impessoal, as regularidades devem ser encontradas em
qualquer fenômeno sem estar relacionado apenas com motivações do pesquisador
(DURKHEIM, 1978).
[...] uma abordagem qualitativa em si não garante a compreensão em profundidade.
Esta observação torna-se necessária para rebater a tese de vários estudiosos que, do
ponto de vista científico, colocam, numa escala, a abordagem quantitativa como
sendo a mais perfeita, classificando estudos qualitativos apenas como
―subjetivismo‖, ―impressões‖ ou, no máximo, ―atividades exploratórias‖.[...] mas,
tanto do ponto de vista quantitativo quanto do ponto de vista qualitativo, é
necessário utilizar todo o arsenal de métodos e técnicas que ambas as abordagens
desenvolveram para que fossem consideradas científicas [...].(MINAYO e
SANCHES, 1993, p. 247)
A abordagem qualitativa, ao contrário do que muitos pensam, deveria ser adotada
paralelamente à abordagem quantitativa, e não em oposição, pois as duas abordagens têm
como finalidade propor uma descrição mais realística possível do fenômeno em estudo. Esta
abordagem fornece aos pesquisadores características internas e implícitas que a abordagem
quantitativa não consegue captar.
[...] o desenvolvimento da abordagem qualitativa, que representa a oposição ao
positivismo, deveu-se a estudiosos como Wilhelm Dilthey, embora certas de suas
raízes possam ser encontradas em Hegel, Marx e, até, Vico. Quem deu maior
104
consistência metodológica a esta reflexão, no entanto, foi Max Weber. É de Weber a
afirmação de que cabe às ciências sociais a compreensão do significado da ação
humana, e não apenas a descrição dos comportamentos. Weber também afirma que o
elemento essencial na interpretação da ação é o dimensionamento do significado
subjetivo daqueles que dela participam [...] (MINAYO e SANCHES, 1993, p. 243)
Atualmente é possível observar com frequência nos trabalhos da Educação, os
pesquisadores adotarem métodos qualitativos e quantitativos para ajudar a descrever e analisar
os fenômenos em estudo. Isso aparece em forma de gráficos, tabelas, quadros, na forma de
percentuais. É comum a utilização de medidas de tendência central, mas raramente é vista
juntamente com a medida de dispersão que acusa a qualidade da medida de tendência central.
Outra observação realizada nos trabalhos da Educação é a frequência do enfoque
indutivo, que Godoy (1995) descreve como estudo de abordagem qualitativa caracterizado por
registros descritivos apurado do fenômeno de forma direta ao ambiente natural. A principal
característica está em reduzir a distância entre as análises dos registros e, por consequência, a
conclusão e a realidade observada.
Segundo Godoy (1995), a abordagem qualitativa pode ser classificada em três linhas;
estudo documental, estudo etnográfico e estudo de caso. Um estudo científico com uma
abordagem qualitativa documental permite construir conhecimentos a partir da extração de
grandes quantidades de informações de áreas relacionadas ao problema predefinido pelo
pesquisador. Atualmente, com a ascensão da internet, o pesquisador tem acesso rápido e
irrestrito através de repositórios nacionais e internacionais e muitos trabalhos científicos
(SILVA et al., 2009).
O estudo científico com uma abordagem qualitativa etnográfica permite trabalhar
com a descrição de fenômenos em que uma abordagem quantitativa não se aplica. Pesquisa
etnográfica busca a compreensão do fenômeno, por meio da observação direta e por um
determinado período de tempo, através de uma descrição aprofundada do fenômeno, podendo
ser através de entrevistas, filmagens, gravações e transcrições, representando o modo de
vivência de um grupo de pessoas (MATTOS, 2001). Estes registros retratam o cotidiano de
um grupo de pessoas, captando fatos singulares em determinado contexto interativo.
O estudo científico com uma abordagem qualitativa em estudo de caso tem por
objetivo descrever a singularidade em profundidade apresentada por entidades privadas,
públicas ou autônomas (PONTE, 2006). Uma característica dos estudos de caso é não
poderem ser generalizados ou serem realizadas inferências para uma população, mesmo com
características semelhantes.
Segundo o estudo científico de Duffy (1987), a utilização das duas abordagens
qualitativas e quantitativas em um trabalho científico traz somente benefícios como minimizar
105
as distorções sobre os resultados através dos métodos quantitativos com a compreensão das
perspectivas dos agentes envolvidos no fenômeno analisado pelos métodos qualitativos.
Também possibilita obter melhores resultados a partir das análises de registros qualitativos e
quantitativos, o que sustenta melhor compreensão do fenômeno, através do complemento de
conjuntos de fatores e causas associadas à dinâmica da realidade, obtidas de análises através
de métodos quantitativos e qualitativos.
Outro fator importante abordado neste estudo é a possibilidade de reafirmar e validar
os resultados de um estudo com abordagem qualitativa através do emprego de métodos
estatísticos que apresentam a confiabilidade quantificada e assistida pelo pesquisador.
3.1.2. Concepção da Amostra de Especialistas
Neste estudo são sugeridas duas fontes de origem de dados para o pesquisador
compor a amostra de especialistas a serem entrevistados na pesquisa, a base de dados de
origem em fontes primárias e em fontes secundárias. Nas duas fontes de dados sugeridas neste
estudo é possível obter as indicações de prováveis candidatos a participarem da investigação
(MATTAR, 2001).
A amostra de especialistas pode ser obtida de base de dados confiáveis, referenciais
bibliográficos, jornais, revistas científicas e bases de estudos científicos ou através de
indicações realizadas pelos próprios especialistas selecionados para participarem da pesquisa,
entendendo que a característica desejada é o especialista possuir conhecimento notório em
relação ao tema de interesse. Após a identificação de um ou mais especialistas, o pesquisador
inicia a busca através das indicações obtidas dos especialistas já identificados, e assim
sucessivamente. As indicações dos especialistas serão selecionadas pelo pesquisador para
compor amostra, este procedimento é conhecido como Método de Amostragem Snowball.
Ao considerar a pesquisa secundária é possível conhecer o perfil do especialista a
partir de registros em diversas bases, com dados previamente organizados e analisados
(MATTAR, 2001). A pesquisa primária, em especial aquela aplicada em ambientes
acadêmicos, é uma forma de investigação que envolve conhecimentos científicos que exigem
a utilização de um conjunto de procedimentos e normas que possibilitam a organização,
análise e interpretação dos registros do fenômeno investigado.
Uma opção para instituir a amostra para o estudo é através do Método de
Amostragem Snowball, também declarado como Snowball Sampling (―Bola de Neve‖)
106
(CHURCHILL, 1995). Este método é caracterizado por instituir amostra não probabilística13
,
correntemente utilizado em estudos no âmbito social onde os participantes iniciais de um
estudo indicam novos participantes que, por sua vez, indicam novos participantes, e assim
sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo proposto (o ―ponto de saturação‖)
(SCHEAFFER, 2012).
O ―ponto de saturação‖ é atingido quando os recentes especialistas indicados passam
a indicar nomes de especialistas já constantes na lista, ou seja, as recentes indicações passam a
não influenciar no planejamento da amostra (CHURCHILL, 1995). Portanto, o Snowball
(―Bola de Neve‖) é um método de amostragem que utiliza cadeias de referência, uma espécie
de rede, isso garante uma característica comum entre os especialistas que é o conhecimento
abordado no tema proposto na investigação (HANSEN, 1953; COCHRAN, 1977; LEVY e
LEMESHOW, 1991; KISH, 2004; SCHEAFFER, 2012).
O método de amostragem Snowball é indicado para pesquisa qualitativa, pois esta
não tem o pressuposto de embasamento em uma distribuição de probabilidade, o que
geralmente é exigido na pesquisa quantitativa.
Pesquisas realizadas em referenciais bibliográficos, jornais, revistas científicas e
bases de estudos científicos, aplicadas a ambientes acadêmicos, também conhecidas como
pesquisas secundárias, trabalham com informações disponibilizadas por terceiros (MATTAR,
2001). Nas pesquisas secundárias o pesquisador não tem acesso aos primeiros registros do
fenômeno (LEVY e LEMESHOW, 1991), aqueles que não receberam nenhum tipo de análise.
A vantagem da pesquisa secundária é disponibilidade e baixo custo, pois é possível acessar
facilmente as informações por meio de revistas, jornais, entrevistas, pela televisão, entre
outros meios de comunicação, publicações governamentais. Entretanto, a desvantagem é o
desconhecimento dos métodos utilizados para registrar, organizar e interpretar os fenômenos,
também é desconhecido a constituição da amostra. Portanto, é importante que as bases de
informações secundárias tenham reconhecimento e contribuições valorosas para a
comunidade científica, é uma forma de garantir a qualidade da composição da amostra.
Também é possível realizar a combinação das primária e secundária, onde os
procedimentos, vantagens e desvantagens são os mesmos para as pesquisas quando
executadas individualmente. A qualidade dos resultados de uma investigação está relacionada
com a condução da formação dos sujeitos do estudo.
13 A Amostra Não Probabilista é obtida a partir do estabelecimento de algum critério de inclusão, e nem todos os elementos da população alvo têm a mesma oportunidade de serem selecionados para participar da Amostra. Este
procedimento possibilita ao pesquisador obter dados que não representa uma determinada característica da
população. (MEYER, 2000; MORETTIN & BUSSAB, 1991).
107
Nos estudos quantitativos é possível facilmente realizar inferências a partir de uma
amostragem probabilística. Para fundamentar as inferências do pesquisador, a constituição da
amostra deve seguir pressupostos metodológicos de formação de uma amostragem
probabilística.
Associadas às questões de inferência estatística temos as questões de amostragem.
Em regra, aqui também há um desconhecimento quase geral, por parte dos não-
especialistas, a respeito do papel da amostragem, sua relação com a inferência e, conseqüentemente, os pressupostos básicos que devem nortear a opção por um
determinado desenho de amostragem e um tamanho específico da amostra. Esta não
é uma questão apenas técnica, relacionada à definição do tamanho da amostra; não é
uma questão meramente estatística ou para deixar para o estatístico resolver.
Pesquisadores experimentados na área das ciências humanas (aqui incluindo as
ciências da saúde) não podem ignorar, e muito menos esquecer, que as questões de
amostragem são parte integrante das questões gerais de desenho da investigação.
(MINAYO e SANCHES, 1993)
Em diversos trabalhos (SILVA et al., 2009), devido ao baixo custo, a não existência
de limitações geográficas, abrangência dos pontos de vistas sobre o tema, uma das estratégia
ao pesquisador é constituir amostra de especialistas a partir de uma base de dados de
currículos. O departamento de Ciência e Tecnologia do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq disponibiliza gratuitamente uma base de
dados de currículos de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento.
Para uma investigação que tem objetivo de realizar inferências para uma população
numerosa, a partir de uma amostra, é necessário realizar um plano amostral, previamente
definindo o nível de confiabilidade. Portanto, para definir o tamanho da amostra aleatória
simples é necessário utilizar funções que considerem uma população desconhecida, e caso o
pesquisador tenha conhecimento do tamanho da população é realizada uma correção do valor
obtido pela primeira função que dimensiona o tamanho da amostra (ver Anexo 6).
Nas investigações de abordagem quantitativa é comum a utilização da Função de
Cochran para dimensionar as amostras fundamentadas na distribuição de probabilidade, o que
possibilita ao investigador atribuir um nível de confiabilidade nos registros do fenômeno
observado. Nas investigações qualitativas geralmente isso não é possível pelas características
dos registros, mas os critérios de triagem em ambas as amostragens, a probabilística e a não-
probabilística é possível ser adotado o Método Delphi com os procedimentos sistêmicos de
triagem.
Para aprofundamento em teorias da amostragem é sugerido às obras de Cochran, 1979;
Churchill, 1995; Bolfarine e Bussab, 2005; Silva, 2009, comumente referenciados na
disciplina de Amostragem dos cursos de Bacharelado em Estatística e áreas afins.
108
3.1.3. Característica do Especialista
Ao iniciar uma investigação é importante definir e caracterizar os sujeitos. O que o
pesquisador espera encontrar nos especialistas são características que possam influenciar nas
respostas do grupo de especialistas. Ao adotar o Método Delphi, o principal sujeito é o
especialista que será entrevistado, pois é através dele que se obtêm propostas para a solução
do problema (DALKEY, 1969). Por conseguinte, é importante investigar o perfil e as
características do especialista antes que se iniciem os procedimentos metodológicos do
Método Delphi adicionado dos critérios de triagem.
Entretanto, antes de iniciar a caracterização do especialista candidato a participar da
investigação, é desejável que se defina qual será o procedimento de comunicação com o grupo
(ADLER e ZIGLIO, 1996). Atualmente, com os avanços tecnológicos, há muitas opções para
comunicação a distância disponíveis, sendo a de maior frequência o correio eletrônico,
comumente conhecido como e-mail.
Após o pesquisador estabelecer os procedimentos de troca de informação com os
especialistas, o próximo procedimento é verificar os conhecimentos que o conjunto de
especialistas tem sobre o fenômeno de interesse (ADLER e ZIGLIO, 1996). Segundo Fleck
(2010), o conhecimento somente pode ser concebido quando considerado internamente o
grupo mantido por pessoas que criam e possuem o conhecimento.
O conhecimento aceito pela comunidade científica passa pelo processo de
desenvolvimento coletivo, ou seja, por um grupo de pessoas com interesse e conhecimento
científico do fenômeno de interesse (LOWY, 1994).
Os estudos dos pesquisadores Lowy (1994) e Fleck (2010) contribuem para reafirmar
a importância de uma das principais características que possibilita os critérios de triagem, que
é validar o conhecimento científico, em razão da aplicabilidade deste estudo, no âmbito da
Educação em Ciências e Matemática por meio das experiências vividas dos pesquisadores no
modo de entendê-las e interpretá-las em companhia com a observação e registro da
confluência das respostas que permite conhecer e determinar o grau de certeza dos resultados.
O processo de análise dos registros coletivo de Lefèvre inicia-se a partir da seleção
do discurso individual de cada especialista, identifica os trechos mais signficativos das
respostas, ou seja, as ideias centrais da resposta, e a partir disso, as classifica como expressões
chave. Depois que o pesquisador identifica princípios centrais do discurso, é possível com as
sínteses obter um discurso que representa a opinião do grupo de especialistas, o Método de
Lefèvre; Lefèvre denomina isso como Discurso Central dos Sujeitos (DSCs) especialistas
(LEFÈVRE e TEIXEIRA, 2000).
109
O Discurso do Sujeito Coletivo é uma modalidade de apresentação de resultados de
pesquisas qualitativas, que tem depoimentos como matéria prima, sob a forma de um
ou vários discursos-síntese escritos na primeira pessoa do singular, expediente que
visa expressar o pensamento de uma coletividade, como se esta coletividade fosse o
emissor de um discurso (LEFÈVRE e TEIXEIRA, 2000, p.30).
Portanto, se o pesquisador achar necessário incluir uma questão aberta no instrumento
de registro para os especialistas responderem, uma maneira de trabalhar com estas questões é
através da análise sugerida por Lefèvre e Lefèvre, em que através do conhecimento coletivo
se constrói o pensamento singular que representa o grupo de especialistas.
O trabalho do pesquisador Lefèvre ( 2005) citado por Luz e Silva (2013) declara os
fatores para a construção do discurso do sujeito coletivo (DSC): Expressões-chave (E-Ch),
Ideias Centrais (IC), Ancoragens (AC) (LUZ e SILVA, 2013). Entretanto, neste estudo a
intenção não é aprofundar em métodos de análise do discurso, todavia sugerir procedimentos
de tratamento nos registros discursivos que fundamentam pesquisas com abordagem
qualitativa.
O pesquisador, ao adotar o Método Delphi, deve observar o perfil do especialista
para credenciar a participar da pesquisa, para tal fim requer avaliar e quantificar três fatores:
grau de conhecimento, grau de argumentação e grau de competência para emitir opiniões
sobre o tema da pesquisa.
As principais características a serem avaliadas em um especialista candidato a
participar da investigação como entrevistado é o atualizado conhecimento que ele tem sobre o
assunto, o conhecimento teórico sobre o assunto, sua experiência com a proposta de
investigação, conhecimento dos trabalhos referenciados realizados por autores nacionais e
internacionais relacionados à proposta de investigação e à instituição que o especialista
representa. Sendo um estudo que exige mais de uma abordagem ao especialista, também é
importante expor a importância da investigação ao candidato à especialista para que se
estimule um comprometimento com o estudo e dedique um tempo para responder o
instrumento de registro.
Neste trabalho será apresentado, posteriormente, um modelo de instrumento para
identificar e quantificar o grau de conhecimento e a competência dos especialistas em relação
ao tema de interesse do pesquisador. É importante observar que o modelo apresentado neste
estudo pode ser reformulado, dependendo das características do fenômeno e do interesse do
pesquisador.
110
3.1.4. Conhecimento do Especialista
Para que um especialista seja credenciado a participar do estudo, é necessário que
este tenha percepção consistente, profunda e relacionada com a proposta do estudo. O
pesquisador tem a liberdade de definir o grau mínimo de conhecimento que o especialista
deve ter para compor o grupo de respondentes, entretanto, o grau de conhecimento está
diretamente relacionado com a contribuição efetiva com o estudo. Para o pesquisador definir
o grau mínimo de conhecimento que o especialista deve ter para poder participar da pesquisa,
é possível utilizar leituras dos trabalhos científicos que utilizaram o Método Delphi em outros
estudos semelhantes, o que possibilita até realizações de comparações entre estudos.
Os fatores que podem orientar o pesquisador a conhecer o conhecimento técnico
apropriado do especialista é sua experiência acadêmica e profissional (BÜRGI e ROOS,
2003). O candidato a especialista necessita ter habilidades e capacidades adquiridas durante
experiência acadêmica e profissional que o possibilite a propor soluções ao problema
investigado e, acima de tudo, ter vontade de participar, tempo para dedicação e comunicação.
No momento que se reconhece que os especialistas possuem o conhecimento
necessário para participarem da pesquisa, através de análises preliminares das qualidades do
especialista (SAMPAIO, 1989), considera-os como candidatos a participar das entrevistas.
Dependendo do objetivo do estudo o pesquisador tem a possibilidade de definir mais
qualidades necessárias e redistribuir seus pesos no conjunto que, somadas, têm o peso igual a
1. É importante observar que um número excessivo de qualidades a evidenciar desmotiva o
candidato a participar, e isso poderá inviabilizar o estudo.
Portanto, o pesquisador deve inserir no estudo as invariantes que realmente possam
contribuir para definir o conhecimento do especialista em relação ao tema investigado.
Entretanto, quando nos referimos ao conhecimento que um especialista deve ter, é importante
diferenciar os tipos de conhecimento e indicar qual o conhecimento é esperado do especialista
para participar da investigação. O trabalho de Lakatos e Marconi (2011) classifica o
conhecimento em quatro tipos: Popular, Científico, Filosófico e Religioso (LAKATOS e
MARCONI, 2011).
Cada conhecimento, a seguir, tem suas relevâncias dependendo dos objetivos que o
pesquisador deseja alcançar, entretanto, este estudo se restringe aos conhecimentos
científicos, para poder apresentar sistematicamente a reestruturação do Método Delphi.
No Quadro 15, declaram-se as características dos quatro conhecimentos citados por
Lakatos e Marconi (2001).
111
Quadro 15: Sistematização das características dos quatro tipos de conhecimento.
CONHECIMENTO
POPULAR
CONHECIMENTO
CIENTÍFICO
CONHECIMENTO
FILOSÓFICO
CONHECIMENTO
RELIGIOSO
Valorativo Real (factual) Valorativo Valorativo
Reflexivo Contingente Racional Inspiracional
Assistemático Sistemático Sistemático Sistemático
Verificável Verificável Não Verificável Não Verificável
Falível Falível Infalível Infalível
Inexato Aproximadamente exato Exato Exato
Fonte: Trujillo (1977)
O conhecimento que se busca encontrar no especialista é o Conhecimento Científico,
que é fundamentado em ocorrências e fatos reais registrados de forma sistemática que
representam a realidade de forma expressiva. Este conhecimento é estruturado de um saber
lógico ordenado, formando um sistema de ideias e não de conhecimentos dispersos e
desconexos (LAKATOS e MARCONI, 1992). O conhecimento científico está sempre em
construção, nunca dado como acabado, seguindo a realidade dos objetos em constante
transformação.
O conhecimento científico é exequível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou
final, por este motivo é aproximadamente exato, o que permite controlar a aproximação
através da intensidade e frequência de registros, ou seja, quanto mais próximo da realidade,
maior e mais densa será a investigação, mas o pesquisador deve estar ciente que em nenhum
momento conseguirá descrever a realidade em sua totalidade. As descrições aprofundadas de
cada um dos conhecimentos podem ser observadas nos trabalhos de Trujillo (1977) e Lakatos
e Marconi (2011).
Conhecimento é uma mistura fluída de experiência enquadrada, valores, informação contextual e visão de especialistas, que disponibiliza um espaço de trabalho para
incorporar novas experiências e informação. Tem origem e aplicação na mente dos
indivíduos. Nas organizações muitas vezes está contido, não só em documentos e
bases de dados, mas também em rotinas, processos, práticas e normas
organizacionais. (DAVENPORT e PRUZAC, 2000, p.6)
São inúmeros os autores que descrevem as características do conhecimento, dentre os
quais: King e Zeithaml (2003); Marr (2004); Reinhardt et al., (2003). Diante da diversidade
de conhecimentos e características, é possível a coexistência entre os conhecimentos, desde
que em partes ou na totalidade exista uma relação com os conhecimentos relevantes para
investigar o tema de interesse do pesquisador.
112
O pesquisador constrói sua amostra de especialistas a partir do conhecimento
individual do especialista, e ao idealizar o grupo de especialista, o pesquisador passa a
considerar no estudo o conhecimento coletivo, por meio do consenso entre os especialistas
através de interações realizadas entre o pesquisador e os entrevistados. A cada interação
ocorre o incremento no conhecimento científico coletivo referente ao tema de interesse do
pesquisador.
As invariantes adotadas neste estudo para investigar estudos no âmbito da Educação
em Ciência e Matemática com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ estão
declaradas na sequência em que se definem os coeficientes.
3.1.5. Argumentação do Especialista
O fator argumentação previsto nos critérios de triagem requer que o pesquisador
busque em cada especialista a capacidade de tomar decisões mais racionais, para avaliar o
fenômeno relacionado com o tema investigado. O grau de argumentação do especialista (kA)
também requer uma consciência participativa e facilidade de desenvolver atividades em
grupos com o fim, mesmo que no anonimato, de propor soluções, com isso, aumentando o
conhecimento do grupo. O esperado que aconteça com cada especialista diante do tema
proposto é que emitam suas próprias conclusões e, quando necessário, as justifiquem. Isso, a
cada retorno dos resultados ao grupo de especialistas, aumenta a qualidade das opiniões, entre
outros. Entretanto, para que este processo aconteça, o especialista deve estar familiarizado
com o tema (LUCA e KUBO, 2011).
Nos critérios de triagem, não menos importante que o conhecimento do especialista
abordado anteriormente, o coeficiente de argumentação do especialista é um indicativo de
mesma relevância que o conhecimento sobre o tema contido na investigação. Para determinar
o coeficiente de argumentação é verificado, através de um instrumento de registro distribuído
ao especialista, sua experiência e os trabalhos científicos relevantes publicados nacional e
internacionalmente e que estejam relacionados com a proposta de investigação. Também é
observado seu próprio conhecimento acerca dos temas relacionados à investigação. Esses
fatores ajudam a qualificar o candidato a participar da investigação como especialista do
tema.
Essas informações dos especialistas se fazem necessárias para conhecer as
argumentações de cada especialista. Para ter um conhecimento prévio da capacidade de
argumentação do especialista referente ao tema investigado é necessário realizar perguntas
conforme indicado na Tabela 3. As perguntas tendem a evitar a ambiguidade através do
113
raciocínio lógico-dedutivo (VEIGA e BAPTISTA, 2004, apud ANASTÁCIA, CARVALHO,
e CLÉMENT, 2015). Observou-se no trabalho de Anastácia, Carvalho e Clément (2015) que
atualmente vários autores (CLÉMENT et al, 2004; JIMÉNEZ e DÍAZ DE, 2003) têm adotado
a argumentação nas investigações realizadas em didática das ciências. Também é possível
observar nos trabalhos registrados a partir de 2011 no banco de teses da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior – CAPES, a utilização da argumentação.
A argumentação realizada nos trabalhos de Rodrigues e Leitão (2002), Pereira Neto e
Leitão (2005) mostraram que a investigação que provoca argumentação entre os participantes
possibilita a estes a reformulação de suas opiniões, até mesmo a mudança de posição em
relação ao tema proposto. A possibilidade do sujeito argumentar proporciona um importante
instrumento de auto avaliação e aprendizagem (RODRIGUES e LEITÃO, 2002; PEREIRA e
LEITÃO, 2005). Entretanto, para que as argumentações ocorram entre os especialistas, o
pesquisador deve ser capaz de formular indicadores relevantes e relacionados ao tema de
investigação de maneira que os especialistas consigam refletir apropriadamente e
autonomamente, em relação ao tema de investigação (RIBEIRO, 2003).
A seguir são apresentadas as descrições das fontes de argumentações empregadas
para determinar o grau de argumentação dos especialistas para credenciá-los no estudo no
âmbito da Educação em Ciências e Matemática com o tema ―Avaliação de pesquisas na área
da Educação‖ (Quadro 16).
Quadro 16: Fontes de argumentação empregadas na investigação realizada em 2015 com especialistas da área
da Educação com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖. FONTES DE ARGUMENTAÇÃO
F1 = Análises teóricas realizadas por você sobre o tema. F2 = Sua experiência sobre o tema. F3 = Conhecimento de trabalhos referenciados por autores nacionais sobre o tema. F4 =Conhecimento de trabalhos referenciados por autores estrangeiros sobre o tema. F5 = Seu próprio conhecimento acerca do tema. F6 = Sua intuição sobre o tema.
(PERRENOUD, 1999)
Portanto, o grau de argumentação do especialista é determinado por meio de um
instrumento de registro que contém as fontes de argumentação das quais o especialista irá
realizar uma reflexão, atribuindo valor de zero a dez, com objetivo de mensurar o grau de
influência que uma das fontes de argumentação tem do seu conhecimento sobre o tema
investigado. Posteriormente serão apresentados os procedimentos de cálculo realizados neste
estudo com especialista na área da Educação com o tema ―Avaliação de pesquisas na área da
Educação‖ para determinar o grau de argumentação do especialista.
114
3.1.6. Competência do Especialista
Para adotar o Método Delphi, é necessário observar os pressupostos com relação ao
grau de conhecimento e argumentação, assim como observar o mínimo de competência
necessária ao especialista para ser credenciado ao estudo. As investigações que aderiram ao
Método Delphi, observados neste estudo, adotam o grau mínimo de 0,8 de competência que o
especialista deve ter para ser credenciado à pesquisa.
Nas investigações nacionais e internacionais o termo competência assume um papel
importante nas pesquisas, principalmente na área da Educação, onde se associa a capacidade,
habilidades, aptidão, potencialidades e conhecimentos (COMELLAS, 2000; CRUZ, 2001;
GOUVEIA, 2007; PERRENOUD, 1999 apud DIAS, 2010).
No aspecto profissional, a competência está relacionada diretamente com a qualidade
da atividade desenvolvida, com a mobilização de recursos e saberes vivenciados. Segundo
Costa (2004), a competência influencia positivamente o conhecimento apropriado pela
pessoa.
[...] a competência como a capacidade que as pessoas desenvolvem de articular,
relacionar os diferentes saberes, conhecimentos, atitudes e valores; como uma ação
cognitiva, afetiva, social que se torna visível em práticas e ações que se exercem
sobre o conhecimento, sobre o outro e sobre a realidade. Constitui-se por um
conjunto de saberes, de saberes-fazer e de atitudes que podem ser mobilizadas e
traduzidas em performances (DIAS, 2010, p. 74).
Sendo assim, espera-se que os especialistas que participam da pesquisa, durante o
processo de investigação, se apropriem dos conhecimentos dos demais especialistas que
emitiram suas opiniões sobre determinado fenômeno.
A competência pode ser vista como situações de decisões e propostas de soluções
para o tema, associado à compreensão e à avaliação. Também está associada à competência
do especialista a mobilização de saberes, de modo a agir/reagir adequadamente diante das
propostas de solução dos demais especialistas.
No trabalho de Dias (2010) observou-se que a competência está associada ao
[...] modo a agir/reagir adequadamente. Desta forma, a tomada de decisão (expressar
conflitos, oposições), a mobilização de recursos (afetivos e cognitivos) e o saber agir
(saber dizer, saber fazer, saber explicar, saber compreender) são as características
principiais da competência. Estas características permitem entender este conceito
como uma forma de controlar (simbolicamente) as situações da vida. (DIAS, 2010,
p.75)
115
A competência requerida pelo pesquisador dos especialistas promove soluções
singulares e de qualidade para as investigações no âmbito da Educação em Ciências e
Matemática que adotam o Método Delphi com aditamento dos critérios de triagem. No
decorrer do texto será apresentado o instrumento para mensurar o grau de competência do
especialista.
3.1.7. Coeficiente de Conhecimento Individual (Kc)
Ao constituir a amostra de especialistas é necessário verificar as credenciais dos
especialistas. A primeira credencial a ser examinada é o grau de conhecimento que o
especialista possui sobre o tema investigado, previamente definido um limite mínimo de 0,8,
em concordância com os estudos observados que aderiram ao Método Delphi e adotaram o
grau mínimo de 0,8 de conhecimento que o especialista deve possuir para ser credenciado ao
estudo.
Para os procedimentos de triagem considerando o conhecimento individual do
especialista, definiu-se uma escala de possíveis respostas atribuídas pelo especialista que
assume um intervalo de valores discretos entre 0/10 a 10/10. A quantidade de possibilidades
de resposta que o especialista dispõe em certa questão influencia na perfilhação do método de
análise estatística. A Figura 3 declara o significado da valorização numérica discreta realizada
pelo especialista.
As caracterizações dos registros de fenômenos através de variáveis quantitativas
influenciam diretamente na decisão de determinar qual método mais adequado para análises
dos registros (MATTAR, 2001). Para aprofundar, através dos conhecimentos estatísticos, nos
conceitos de caracterização de registros, sugere-se os trabalhos de Morettin e Bussab (1991).
No procedimento de mensuração do fenômeno é necessário definir a variável, o
atributo e a relação entre os valores registrados. A propriedade do fenômeno que se quer
mensurar é caracterizada pela variável. A categoria em que se observa a propriedade do
fenômeno mensurado define o atributo. Também é importante definir a associação entre os
valores da variável (HERRERO e CUESTA, 2005). Neste estudo, os números que codificam
os valores dos atributos do fenômeno são caracterizados pela medida de escala ordinal, que
varia de 0 a 10. (Figura 6).
Figura 6: Escala ordinal discreta para definir o grau de conhecimento do especialista (Kc).
116
Na Figura 6 é declarada uma ordem de valores discretos de 0 até 10 diretamente
relacionada com o conhecimento do especialista sobre o tema investigado. A possibilidade de
estar disponível ao especialista a opção de uma resposta discretizada produz o maior número
de informações a respeito do grau de conhecimento sobre o tema em investigação (REA e
PARKER, 2000). Os valores discretos obtido pelo pesquisador devem descrever
adequadamente o fenômeno investigado, de forma a atender ao objetivo inicial do estudo. A
discretização das respostas dos especialistas é realizada quando o pesquisador, após definido o
critério, classifica os registros de um fenômeno para possibilitar as análises, certamente às
características iniciais dos registros deixam de existir, entretanto, evidencia as características
relevantes dos fatores ou fenômeno em estudo.
A grandeza escalar intervalar pode ser utilizada pelo pesquisador para qualificar,
ordenar e descrever o fenômeno com infinitas possibilidades de respostas. As unidades
constantes de registros que indicam o valor exato de cada categoria de respostas são derivadas
de uma grandeza escalar intervalar que passaram por uma classificação, segundo critérios
predeterminados pelo pesquisador. Com uma resposta intervalar a sensibilidade da resposta é
maior do que a resposta categórica ordinal ou nominal, o que possibilita uma análise mais
próxima da realidade do fenômeno quando é realizada a comparação com outras escalas
empregadas nos registros dos fenômenos observados (REA e PARKER, 2000). Para este
estudo foi considerado a variável discreta para simplificar os cálculos matemáticos.
O grau do coeficiente de conhecimento do especialista é obtido segundo o critério de
avaliação do especialista, quando este assinala com x o valor que corresponde ao seu grau de
conhecimento em relação ao tema proposto pelo pesquisador (Figura 7).
Considere ―0‖ = Desconhece totalmente ---------------------------------―10‖ = Conhece totalmente
Figura 7: Escala ordinal referente ao Grau de Conhecimento sobre o tema investigado.
O grau de conhecimento do especialista (Kc) é obtido através da razão da valorização
assinalada (Figura 7) por 10. Desta forma, o grau de conhecimento do especialista pode
assumir valores decimais, depois de realizado o cálculo da razão.
117
3.1.8. Coeficiente de Argumentação Individual (Ka)
Outro fator a ser considerado inicialmente nos procedimentos de triagem é a
qualidade de argumentação relacionada com o tema que o especialista detém. Para obter este
fator é necessário que o especialista registre, segundo seu critério de avaliação, uma valoração
do seu grau de influência para cada uma das seguintes fontes de argumentação: análises de
teóricos pelo especialista sobre o tema F1, a experiência sobre o tema (F2), conhecimento de
trabalhos referenciados por autores nacionais sobre o tema (F3), conhecimento de trabalhos
referenciados por autores estrangeiros sobre o tema (F4), e o próprio conhecimento acerca do
tema (F5), sua intuição sobre o tema (F6) (Quadro 17).
Quadro 17: Questões a serem apresentadas para especialistas no primeiro contato para assinalar seu grau ordinal
discreto de influência sobre o tema investigado, acervo do autor (2015). FONTES DE ARGUMENTAÇÃO 1GRAU DE INFLUÊNCIA ORDINAL DISCRETA
F1 = Análises teóricas realizadas por você sobre o
tema.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
F2 = Sua experiência sobre o tema.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
F3 = Conhecimento de trabalhos referenciados por
autores nacionais sobre o tema.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
F4 = Conhecimento de trabalhos referenciados por
autores estrangeiros sobre o tema.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
F5 = Seu próprio conhecimento acerca do tema.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
F6 = Sua intuição sobre o tema.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Grau de influência ordinal discreto que varia de zero a dez, que corresponde a nenhuma influência e a total influência, respectivamente.
Para conhecer o coeficiente de argumentação (Ka) de cada especialista é necessário
considerar as relações entre as fontes de variações que são declaradas pelo especialista (ver
Anexo 7). As fontes de argumentação (Fa) são os valores assinalados pelos especialistas
através do instrumento de registro conforme o próprio critério de reflexão fornecido após o
primeiro contato.
Os dois coeficientes apresentados anteriormente são obtidos, logo após os
especialistas terem aceitado o convite de participar do estudo.
É importante que os instrumentos de registros das valorações realizadas pelos
especialistas sejam satisfatoriamente compreendidos no momento de preenchimento, caso
118
contrário o estudo será contemplado com vieses nos registros, por conseguinte, os resultados
obtidos não representam a realidade do fenômeno. Outrossim, o estudo constituído por um
grupo de especialistas com conhecimentos díspares pode intrincar a confluência das respostas
dos especialistas.
3.1.9. Coeficiente de Competência Individual (Ki)
Outro fator importante que determina a inserção do especialista na investigação é o
Coeficiente de Competência do Especialista ―i‖ (ki), o qual fundamenta a decisão de
permanência do especialista na investigação. Os coeficientes de conhecimento e de
argumentação têm o mesmo peso para definir o grau de competência de cada especialista (ver
anexo 8). O pesquisador deve observar a consciência do especialista em relação ao seu
conhecimento com o tema a ser investigado, pois esta observação é relevante para determinar
o grau de competência do especialista.
A seguir é apresentada a Tabela 1 que possibilita ao pesquisador obter uma
interpretação prática do grau de competência do especialista depois de realizados os cálculos
dos coeficientes de competência.
Tabela 1: Regras para interpretação do Grau de Competência de cada especialista (k) relacionado ao tema de
investigação. VARIAÇÃO DO COEFICIENTE GRAU DE COMPETÊNCIA
1 k
0,91k ─ 0,99k
0,71k ─ 0,90k
0,41k ─ 0,70k
0,21k ─ 0,40k
0,01k ─ 0,20k
0k
Perfeita Competência
Ótima Competência
Boa Competência
Moderada Competência
Pequena, mas definida Competência
Leve, quase imperceptível Competência
Ausência de Competência
Fonte: Adaptado de Becegato, Vieira e Neto (2009)
Nos trabalhos que utilizaram o Método Delphi, é comum observar que os
especialistas que obtiveram coeficiente de competência superior a 0,8k, são possíveis
candidatos a participarem do estudo.
Em estudos que adotam o Método Delphi atribuído de critérios de triagem, é
necessário verificar a disponibilidade de tempo e comprometimento com as interações que o
especialista deve ter, além de analisar o coeficiente de competência, dentre as características
que determinam o credenciamento do especialista no estudo.
119
A opção de determinar o corte em 0,8k fundamenta-se nas estatísticas dos trabalhos
nacionais e internacionais que utilizam o Método Delphi. Observa-se que a maioria dos
estudos retira o especialista que obtiver um Coeficiente de Competência inferior a 0,8k.
Portanto, os especialistas que se mantêm inicialmente no estudo são considerados os que
possuem uma boa competência para opinar no tema investigado (Tabela 1).
Outro fator a ser considerado para se manter 0,8k é possibilitar um número mínimo
de especialistas credenciados. É comum o tema em estudo ser atual, por conseguinte a
comunidade não dispor de especialistas disponíveis sobre o tema para opinar nas
investigações, visto que, caso o pesquisador seja muito rígido em determinar um número
mínimo inferior ao proposto, terá dificuldades de compor a amostra de especialistas.
O grau de competência do especialista não garante sua permanência até o final das
investigações, pois caso suas respostas tenham extrema divergência em relação ao grupo,
quando analisados estatisticamente os registros, e esta discrepância não seja corrigida nas
próximas interações, sugere-se que o especialista seja retirado da investigação, e caso haja
interesse do pesquisador, é possível realizar um estudo de caso com o especialista retirado do
grupo para compreender as discrepâncias observadas nas respostas.
3.1.10. Coeficiente de Consenso da Competência do Grupo (kµ)
Anteriormente foi possível obter para cada especialista que participa do estudo,
estimativa do Coeficiente de Competência (k), obtido através do Coeficiente de
Argumentação (ka) e do Coeficiente de Conhecimento (kc).
Para verificar se o grupo de especialistas atende aos objetivos do estudo é necessário
conhecer o Coeficiente de Consenso do grupo de especialista. A medida adotada para
representar o coeficiente de competência dos especialistas é conhecida como a medida de
tendência central representada neste trabalho por kµ.
O kµ é obtido através da média aritmética simples dos coeficientes de competência de
cada especialista (ver Anexo A). Através da média aritmética o pesquisador conhece a
tendência central do grupo de especialistas que participam da investigação. Após obter
Coeficiente de Consenso da Competência do grupo, é necessário realizar a interpretação
prática do valor, para isso é possível utilizar as regras para interpretação em que o kµ varia de
―0‖ a ―1‖ representando a interpretação prática que varia de ausência de competência à
perfeita competência respectivamente do especialista.
120
Tabela 2: Regras para interpretação do Grau de Competência do grupo de especialistas (kµ) relacionado ao tema
de investigação.
VARIAÇÃO DO COEFICIENTE GRAU DE COMPETÊNCIA
1 kµ
0,91kµ ─ 0,99kµ
0,71kµ ─ 0,90kµ
0,41kµ ─ 0,70kµ
0,21kµ ─ 0,40kµ
0,01kµ ─ 0,20kµ
0k
Perfeita Competência
Ótima Competência
Boa Competência
Moderada Competência
Pequena, mas definida Competência
Leve, quase imperceptível Competência
Ausência de Competência
Fonte: Adaptado de Becegato, Vieira e Neto (2009)
É possível observar na Tabela 2, quando a estimativa de tendência central do
coeficiente de competência do especialista assume o valor um (1), o pesquisador pode
concluir que a amostragem realizada é perfeita para o estudo proposto.
3.1.11. Coeficiente de Dispersão Padrão da Competência do Grupo (kµσ)
Anteriormente foi apresentado o Coeficiente de Consenso da Competência (kµ) do
grupo de especialistas, ou seja, a tendência central do grupo em relação ao grau de
competência dos especialistas. Entretanto, é necessário conhecer também a qualidade de kµ. A
qualidade de kµ pode ser verificada através da dispersão dos kis. Portanto, a partir dos
coeficientes kis e de kµ obtidos, é possível conhecer o Coeficiente de Dispersão Padrão da
Competência do Grupo (kµσ) de especialistas, ou seja, a partir disso é possível conhecer o
quanto estão dispersos os registros dos especialistas em relação à tendência de respostas do
grupo de especialistas (ver Anexo J).
O coeficiente de dispersão padrão da competência do grupo de especialistas pode ser
definido pelo kµσ. Por conseguinte esta estatística permitirá conhecer e avaliar o quanto estão
dispersas as respostas dos especialistas. É considerado um consenso perfeito quando o
resultado kµσ= 0. Entretanto, quando o coeficiente de dispersão está alto, é um indicativo para
o pesquisador rever o grupo de especialistas indicados para participarem da investigação,
mesmo que tenha o kµ > 0,8. Outra estratégia para substituir os especialistas do grupo ocorre
através do intervalo de confiança. A seguir, é apresentado um método para verificar qual dos
especialistas está com suas respostas acima de um determinado intervalo de confiança.
3.1.12. Intervalo de Confiança de kµ a um grupo superior a trinta especialistas
121
Na investigação em que possui um grupo com mais de trinta especialistas
efetivamente participando das interações, recomenda-se que os cálculos para determinar o
intervalo de confiança para o Coeficiente de Consenso da Competência (kµ) do grupo de
especialistas estejam baseados na Distribuição de Probabilidade Gaussiana (JOHANN e
HAMBÖKER, 1994).
Baseado nos conteúdos da Estatística é possível fundamentar que numa amostra
composta por mais de 30 observações é necessário utilizar a Distribuição de Probabilidade
Gaussiana para inserir um nível de confiabilidade aos cálculos que derivam o intervalo de
confiança (Figura 8). É possível observar uma representação gráfica da curva da Distribuição
de Probabilidade Normal e para conhecer sua concepção ver o Anexo K.
Figura 8: Curva que representa a Distribuição de Probabilidade Gaussiana. Com área hachurada escura
representando o coeficiente de confiabilidade (1 - α) e a complementar representando o coeficiente de
significância (α/2) (JOHANN e HAMBÖKER, 1994).
Ao considerar o intervalo de dispersão de um grupo com mais de trinta especialistas
participantes na investigação, é possível verificar a posição da competência do especialista em
relação à tendência central de resposta do grupo de especialistas.
Também é possível afirmar com um determinado nível de confiança desejado pelo
pesquisador os valores mínimos e máximos que o Coeficiente de Consenso da Competência
dos especialistas pode assumir. Portanto, é possível conhecer o intervalo que contém o kµ com
um determinado nível de certeza, que indica a variabilidade do verdadeiro valor da resposta
do grupo de especialista (kµ).
122
Este estudo não tem a finalidade de aprofundar os conceitos estatísticos, para tanto,
indica-se o os trabalhos de Barbetta (2002) e Bardin (2004). E para apresentar conhecimentos
estatísticos que fundamentam os procedimentos de triagem, para uma abordagem mais
específica referente às dispersões (), recomenda-se a obra de Johann e Hamböker (1994).
Para um grupo maior que trinta especialistas é possível determinar, com base em
conhecimentos estatísticos, os limites da dispersão da estimativa do coeficiente de
competência do especialista através do limite superior e inferior da estimativa, conhecido
como intervalo de confiança (ICc) (ver Anexo 12). A partir do momento que o pesquisador
conhece a posição do Coeficiente de Competência do Especialista (ki), e o Coeficiente de
Dispersão da Competência do Grupo (kµσ), são calculados os do grupo de mais de trinta
sujeitos, sendo possível verificar se há necessidade de substituir o especialista em questão,
com um determinado nível de confiabilidade previsto pelo pesquisador.
3.1.13. Intervalo de Confiança de kµ para um grupo inferior a trinta especialistas
Para um grupo com número inferior a trinta especialistas, recomenda-se que os
cálculos para determinar as estimativas estejam baseados na Distribuição de Probabilidade T-
Student (JOHANN e HAMBÖKER, 1994). Na Figura 9 é possível observar que a
Distribuição de Probabilidade T- Student é semelhante à Distribuição de Probabilidade
Gaussiana. Umas das características da Distribuição de Probabilidade T- Student a ser
considerada para este trabalho é que para a definição do α é considerado a quantidade de
especialistas que participam da investigação e que registram suas opiniões.
Figura 9: Curva que representa a Distribuição de Probabilidade T-Student. Com área hachurada escura
representando o coeficiente de confiabilidade (1-α) e a complementar representando o coeficiente de
significância (α/2) (JOHANN e HAMBÖKER, 1994).
123
A curva declarada na Figura 9 pode ser obtida através da Função Distribuição de
Probabilidade de Student, sendo X uma variável aleatória com distribuição ―t‖ de Student (ou
simplesmente ―t‖) com média µ, parâmetro de escala σ e ν graus de liberdade, considerando
que x seja o coeficiente de competência do especialista, denota-se x ~ tν (µ, σ2) (ver anexo M).
Para um grupo menor que trinta especialistas, é possível conhecer os limites da
dispersão da estimativa do Coeficiente de Competência através do limite superior e inferior,
conhecido como intervalo de confiança (ICct) (ver Anexo N). Portanto, ao conhecer o limite
inferior e superior da estimativa, é possível o pesquisador afirmar que o verdadeiro
Coeficiente de Competência do Grupo está neste intervalo calculado. Também é possível
realizar a comparação com os demais coeficientes de competência do especialista e observá-
los individualmente e verificar se estão entre o intervalo calculado.
3.1.14. Coeficiente de Variação do kµ (CVkµ)
O Coeficiente de Competência de cada especialista é um indicador importante para
definir sua participação na investigação que pode ser obtido através do Método Delphi
ensejado dos critérios de triagem, do mesmo modo é utilizado para prospecção de informação.
Considerando que a principal fonte de geração de informação na investigação é o
grupo de especialistas, é necessário que o pesquisador adote o Coeficiente de Variação do
Consenso da Competência do Grupo (CVkµ) de especialistas que determinará a qualidade e a
consistência das respostas do grupo (ver Anexo 14). O ideal na investigação seria que cada
especialista possuísse o Coeficiente de Competência com valor igual a um, ou próximo disso.
Se todos os especialistas que compõem a amostra tivessem um coeficiente igual a um ou
próximo disso, a variação dos coeficientes seria mínima.
Uma baixa variação nos Coeficientes de Competência de cada especialista garante a
qualidade na representatividade do fenômeno através da confluência das respostas dos
especialistas. Assim, o pesquisador utiliza um grupo de especialistas com excelentes
características relacionados ao conhecimento, argumentação e competência e, por
conseguinte, espera-se contribuições significativas para a investigação. Porém, na realidade
não é habitual encontrar grupos de especialistas com características supracitadas, sempre há
uma variação, muitas vezes com causas insólitas ou de difícil controle, entretanto, o
pesquisador pode conhecer esta variação e ter a decisão de manter o grupo ou realizar
mudanças de especialistas com o objetivo de diminuir esta variação para obter a
homogeneidade do grupo.
124
Uma importante característica do Coeficiente de Variação do kµ é a unidade de
medida declarada em percentual, que permite comparar estudos com diferentes grandezas
escalares. O Coeficiente de Variação do kµ permite ao pesquisador observar a qualidade da
concentração do grau de competência do grupo de especialistas à medida que mensura os
registros (ver anexo 15).
3.1.15. Exemplo de Comparação do Coeficiente de Variação do kµ
Quando o estudo possui mais de um grupo de especialistas, ou o pesquisador deseja
incluir um ou mais grupos de especialistas, formando um grupo único, considerando que o
pesquisador já conhece o Coeficiente de Competência do grupo de especialistas, é possível
verificar a heterogeneidade, simplesmente comparando os percentuais entre os grupos antes
de realizar a junção através do Coeficiente de Variação do kµ (CVkµ).
Um exemplo que pode ser utilizado do Coeficiente de Variação do kµ (CVkµ) está no
estudo de Paixão et al., (2014) que tem como objetivo construir indicadores relacionados à
multidimensionalidade baseada em Sander (1995), e a partir destes, avaliar os mestrados
profissionais. Este estudo utiliza método de prospecção com três interações, onde
participaram três grupos de especialistas, sendo estes: Coordenadores de Mestrados
Profissionais, Coordenadores de área da CAPES e pesquisadores com artigos acadêmicos
publicados sobre o tema. Neste estudo, apesar da grande contribuição para a Educação, não
foi quantificada a homogeneidade da competência entre os grupos de especialistas, o que
facilitaria a condução dos procedimentos metodológicos do método de prospecção. Há uma
dificuldade quando as opiniões dos especialistas divergem com características comuns
derivadas de cada grupo, formando três consensos no estudo, o que é justificado pelas
respostas ter origem de cada um dos três grupos com características semelhantes
internamente. A não quantificação disso pode gerar uma variação nas respostas que vai
dificultar a obtenção do consenso das respostas dos especialistas e, por consequência,
aumentar os números de interações.
Outro teste possível de ser realizado é o Teste F, para comparar com um determinado
grau de confiabilidade as dispersões do Coeficiente de Consenso da Competência do Grupo
de especialistas, indica-se a obra de Draper e Smith (1981) para obter as funções que
possibilitam ao pesquisador concluir se há diferença ou não entre a dispersão das avaliações
que constitui os consensos entre grupos de especialistas. Nas obras de Siegel (1975), Corder e
Foreman, (2009) e Oja (2010) o pesquisador pode obter outros testes como o Kolmogorov-
125
Smirnov, Sinais, Wilcoxon e U de Mann-Withney para trabalhar com variáveis qualitativas
que certamente contribuirão para a investigação.
3.1.16. Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos - RIQc
É comum o pesquisador estar interessado em observar a intensidade de associação
entre dois ou mais fenômenos observáveis, com o Coeficiente de Relação de Indicadores
Qualitativos (RIQc), isso é possível. Além de observar, é possível quantificar o quanto um
fenômeno interfere ou está associado com a estrutura do outro.
Nas pesquisas de abordagem quantitativa as técnicas mais empregadas pelos
pesquisadores para observar associação entre fenômenos são as de Análise de Correlação,
composta por ferramentas fundamentais nas mais diversas áreas do conhecimento, como nas
áreas de Ciências Sociais e do Comportamento, da Engenharia e das Ciências Naturais
(DRAPER e SMITH, 1981). Entretanto, uma abordagem quantitativa tende a resumir as
discussões entre as associações entre os fenômenos, o que não acontece nas abordagens
qualitativas.
O Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos (RIQc) não tem objetivo de
resumir as discussões nas investigações de associações entres os fenômenos, mas sustentá-las
através da quantificação.
É importante o pesquisador conhecer os diferentes métodos de verificação de
associação e os pressupostos que fundamentam sua aplicação, para não utilizar uma técnica
inadequada. Existem diversos critérios para avaliar a relação, alguns próprios para fenômenos
que seguem uma distribuição teórica de probabilidade e outros fenômenos que não seguem
uma distribuição teórica de probabilidade conhecida. É comum a utilização de coeficientes de
correlação, por exemplo, Contingência C, Kendall, Spearman, Pearson, entre outros, para
verificar associação entre fenômenos (SIEGEL, 1975; CORDER e FOREMAN, 2009), no
entanto, cada um desses coeficientes possui pressupostos a serem atendidos para validar sua
utilização na investigação com abordagem quantitativa.
A proposta do Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos (RIQc) é atender
as investigações com abordagem qualitativa, onde os fenômenos observados não seguem uma
distribuição de probabilidade conhecida e não seja possível a utilização de métodos
estatísticos paramétricos e não-paramétricos para verificação da relação entre fenômenos.
Para obter o Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos (RIQc) é necessário
apresentar a questão que representa a relação entre os indicadores ao grupo de especialistas
em todas a interações, até o consenso.
126
No Quadro 18 são revelados exemplos genéricos de 5 questões apresentadas aos
especialistas para avaliar a relação entre 4 elementos, com possibilidades de respostas que
variam de ―0 a 1‖.
Quadro 18: Grupo de cinco questões, apresentados aos especialistas na investigação de abordagem qualitativa
(Acervo do autor, 2015).
Num. Questões Elementos de associação RIQc
1.Q Problema vs Objetivo Geral vs Metodologias vs Resultados *
2.Q Problema vs Objetivo Geral vs Metodologias vs Resultados *
3.Q Problema vs Objetivo Geral vs Metodologias vs Resultados *
4.Q Problema vs Objetivo Geral vs Metodologias vs Resultados *
5.Q Problema vs Objetivo Geral vs Metodologias vs Resultados *
*Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos (RIQc) obtido através da média aritmética da última
resposta do grupo de especialistas.
Ao se obter a homogeneidade de resposta do grupo dos especialistas da questão em
que o pesquisador está a verificar a relação entre os fenômenos, é necessário calcular a média
aritmética simples das respostas dos especialistas para conhecer o RIQc (ver Anexo 17).
Observa-se que em cada uma das cinco questões o pesquisador verificou a coerência
entre os elementos de cada argumento (Quadro 18). Cada um dos quatros elementos
(Problema, Objetivo Geral, Metodologias e Resultados) inseridos nas questões, foi obtido a
partir de trabalhos científicos da área da Educação.
No Quadro 19 declara-se a última questão da investigação qualitativa deste estudo
apresentada aos especialistas para avaliar, com objetivo de verificar a contribuição entre os
trabalhos científicos e suas contribuições no âmbito da Educação em Ensino de Ciências e
Matemática.
Quadro 19: Grupo de cinco argumentos "Crono", "Héstia", "Eros", "Ares" e "Hades", apresentados como última
questão aos especialistas na investigação de abordagem qualitativa no segundo semestre de 2015 para verificar a
contribuição dos argumentos para a Ciência no âmbito da Educação em Ciências e Matemática (Acervo do autor, 2015).
Relação entre Estudos e a área de Educação em Ciências e Matemática RIQc
―Crono‖ vs Ciência na área de Educação em Ciências e Matemática *
―Héstia‖ vs Ciência na área de Educação em Ciências e Matemática *
―Eros‖ vs Ciência na área de Educação em Ciências e Matemática *
―Ares‖ vs Ciência na área de Educação em Ciências e Matemática *
―Hades‖ vs Ciência na área de Educação em Ciências e Matemática *
*Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos (RIQc) obtido através da média aritmética da última
resposta do grupo de especialistas.
O pesquisador, fundamentado em conteúdos estatísticos, identifica a mínima ou
ausência de dispersão entre as avaliações realizadas pelos especialistas e, a partir disso,
127
finaliza os procedimentos de interação. Após a última interação é possível obter a média
aritmética das respostas para conhecer o RIQc para estudo na área Educação em Ensino de
Ciências e Matemática.
No Quadro 19 anuncia-se a utilização do Coeficiente de Relação de Indicadores
Qualitativos (RIQc) obtido através da média aritmética da última resposta do grupo de
especialistas em relação à questão que avalia a contribuição dos argumentos "Crono",
"Héstia", "Eros", "Ares" e "Hades" para a Ciência na área da Educação em Ciências e
Matemática.
Foram realizadas análises sistemáticas nas teses e formulados cinco argumentos a
partir de 4 elementos retirados das teses. Este estudo não tem qualquer intenção de polemizar
os trabalhos científicos, até porque cada estudo tem suas características próprias, e também
para evitar tendências nas opiniões e reflexões dos especialistas e aumentar a confiabilidade
do conjunto de registros, as teses selecionadas tiveram seus títulos substituídos pelos
seguintes nomes: ―Crono‖, ―Héstia‖, ―Eros‖, ―Ares‖, ―Hades‖ 14
. Ao definir estes nomes,
elaborou-se os argumentos fundamentados em quatro elementos identificados nos estudos de
doutoramento.
Na Tabela 3 é realizada uma adaptação da obra de Becegato et al., (2009) de tabelas
de métodos quantitativos para interpretação de associação entre fenômenos investigados para
este trabalho de abordagem qualitativa.
Tabela 3: Regras para interpretação dos coeficientes de relação entre fenômenos observados em investigações
de abordagem qualitativa. VARIAÇÃO DO COEFICIENTE FORÇA DE RELAÇÃO
1
0,91 ─ 0,99
0,71 ─ 0,90
0,41 ─ 0,70
0,21 ─ 0,40
0,01 ─ 0,20
0
Relação perfeita
Relação Muito forte
Alta relação
Moderada relação
Pequena, mas definida
Leve, quase imperceptível
Inexistência de relação
Fonte: Adaptado de Becegato, Vieira e Neto (2009)
14
Nomes que corresponde aos deuses da Grécia Antiga: ―Crono‖ – deus do tempo; ―Héstia‖ – deusa do lar;
―Eros‖ – deus do amor, paixão; ―Ares‖ – deusa da guerra; ―Hades‖ – deusa do mundo dos mortos e do subterrâneo (FUNARI, 2009).
128
Na Tabela 3 é possível o pesquisador realizar a interpretação do cálculo da média
aritmética que representa o RIQc. Para que ocorra uma relação perfeita entre os fenômenos é
necessário que todos os especialistas que participam da investigação forneçam uma resposta,
segundo seu critério de avaliação, um conceito igual a 1.
A exemplo dos métodos quantitativos que somente verificam a relação entre
fenômenos, o método de RIQc também indica somente se há uma associação entre os
fenômenos, mas não quantifica o grau de dependência entre eles. Para métodos quantitativos é
utilizado pelos pesquisadores para quantificar o grau de dependência entre os fenômenos o
Coeficiente de Determinação, esta mesma ideia é proposta neste estudo.
3.1.17. O Coeficiente de Determinação da Relação de Indicadores Qualitativos
O Coeficiente de Determinação, amplamente utilizado nas investigações em diversas
áreas do conhecimento com abordagem quantitativa, tem o objetivo de mostrar o grau de
relação entre dois fenômenos (DRAPER e SMITH, 1981). Neste trabalho a proposta é utilizar
o Coeficiente de Determinação nas investigações de abordagem qualitativa, seguindo uma
adaptação a partir dos métodos quantitativos.
O coeficiente é definido quando é elevado o Coeficiente de Relação de Indicadores
Qualitativos (RIQc) ao quadrado, portanto, denotado por RIQc2 (ver Anexo 16).
Pode ser interpretado o RIQc2 pelo pesquisador como sendo a proporção da variação
do fenômeno dependente que é explicada pelo fenômeno independente (e vice versa). Sendo
assim, o Coeficiente de Determinação possibilita ao pesquisador afirmar em percentual o grau
de associação entre os fenômenos.
Até este momento foram apresentados métodos para avaliar a qualidade do grupo de
especialistas para credenciá-los nas investigações que adota o Método Delphi atribuído dos
critérios de triagem. Depois de formulado o grupo de especialistas é distribuído o instrumento
de registros com questões fechadas, possibilitando aos especialistas respostas discretas de ―0‖
a ―10‖ conforme seu critério de avaliação, para cada indicador definido pelo pesquisador.
Também são disponibilizadas questões abertas com o objetivo de aprimorar o instrumento
para as próximas interações com especialistas, que ocorrem até a obtenção do consenso das
respostas fornecidas pelos especialistas. A seguir, será apresentado o método de organizar,
avaliar e interpretar as respostas dos especialistas.
129
3.1.18. Organização dos Registros do fenômeno
Nesta seção são apresentados apenas exemplos de tratamentos dos registros para uma
investigação com abordagem qualitativa utilizando o Método Delphi atribuído de critérios de
triagem. No Capítulo V é apresentado o desenvolvimento dos cálculos em uma investigação
realizada para avaliar pesquisas no âmbito da Educação em Ciências e Matemática.
Ao obter o consenso dos especialistas, os registros das respostas são organizados em
uma tabela, quantificando a frequência de respostas entre ―0‖ a ―10‖, conforme o critério de
avaliação de cada especialista, para cada indicador definido pelo pesquisador.
Por exemplo, o primeiro indicador encaminhado aos especialistas para ser avaliado
apresenta-se no Quadro 20, a seguir.
Quadro 20: Indicador ‖Crono‖ encaminhado aos especialistas para receber uma avaliação discreta entre ―0‖ a
―10‖ (Acervo do autor, 2015).
130
Ao total deste estudo foram encaminhados seis indicadores denominados de
―Crono‖,‖Héstia‖,‖Eros‖,‖Ares‖,‖Hades‖ e Contribuição. Cada indicador recebeu uma
avaliação segundo o critério de cada especialista que variava de ―0‖ a ―10‖. A cada interação,
o envio dos indicadores para os especialistas realizarem as avaliações ocorreu através do
correio eletrônico, até a obtenção do consenso entre os especialistas.
Para construir a primeira tabela de resumo das últimas respostas da última interação
dos especialistas, apresenta-se o Quadro 21.
Quadro 21: Exemplo de elaboração da primeira matriz de registros do fenômeno, após a obtenção do consenso
dos especialistas no Método Delphi atribuído de critérios de triagem (Acervo do autor, 2015).
1 - Problema
É possível a cultura local dialogar com saberes acadêmicos e escolares para potencializar a formação inicial
de professores de Química?
2 - Objetivo geral
Compreender a possibilidade de cultura local dialogar com saberes acadêmicos e escolares e potencializar a
formação inicial de professores de Química a partir das oficinas temáticas.
3 - Metodologias
Abordagem qualitativa através de uma pesquisa etnográfica, com os registros do fenômeno sendo composto
por observação participante e entrevistas geradas através do diário de campo, câmera fotográfica, filmadora e
gravador de voz.
4 – Resultados
a- Conteúdos curriculares abordados nas oficinas temáticas são exemplos de que precisamos passar pelo
processo de transgressão das fronteiras rígidas das disciplinas escolares e acadêmicas;
b- É preciso propor cada vez mais ações transversais e interdisciplinares para a superação de um ensino que
permite a reprodução do conhecimento e de práticas docentes conservadoras;
c- As demonstrações realizadas pelos alunos suscitaram nos professores a vontade de aperfeiçoar
metodologias e estratégias de ensino para que os alunos compreendam os conteúdos da Química,
didaticamente transpostos na sala de aula e, sobretudo, para fortalecer práticas pedagógicas;
d- É no coletivo que se constrói uma proposta interdisciplinar;
e- Não basta se apropriar dos conhecimentos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, é
necessário torná-los conhecidos na sociedade, em particular, nas escolas e universidade;
f- As Oficinas Temáticas favoreceram os diálogos entre a cultura local com saberes acadêmicos e escolares e os saberes acadêmicos.
Estimado Professor, segundo o seu critério assinale na escala, como o Senhor considera a coerência
dos elementos do argumento “Crono”.
Considere: 0 = Nenhuma coerência |-----------------------------------------------------------|10 = Perfeita coerência
131
1Especialista 2
Ind1 Ind2 Ind3 Ind4 Ind5 Ind6 ... Indn‟
1 V11 V12 V13 V14 V15 V16 ... V1n‘
2 V21 V22 V23 V24 V25 V26 ... V2n‘
3 V31 V32 V33 V34 V35 V36 ... V3n‘
4 V41 V42 V43 V44 V45 V46 ... V4n‘
5 V51 V52 V53 V54 V55 V56 ... V5n‘
6 V61 V62 V63 V64 V65 V66 ... V6n‘
7 V71 V72 V73 V74 V75 V76 ... V7n‘
... ... ... ... ... ... ... ... ...
... ... ... ... ... ... ... ... ...
... ... ... ... ... ... ... ... ...
N Vn1 Vn2 Vn3 Vn4 Vn5 Vn6 ... 3Vnn‘ 1Especialistas selecionados a partir de parâmetro de corte (ki ≥ 0,8), com i = 1,..., n‘. 2Indicadores selecionados para prospecção de informação para análise do tema em estudo, com m = 1,..., n‘. 3Valorização, segundo critério dos especialistas, com i = 1,..., n e j = 1,..., n‘.
No Quadro 21, na primeira coluna, a segunda linha da matriz representa o
especialista número 1, que tem a possibilidade de atribuir um grau de valorização discreta
entre ―0‖ a ―10‖ para cada indicador. Portanto, o especialista 1 atribui para os indicadores
Ind1, Ind2, Ind3, Ind4, Ind5, Ind6, ...., Indn as valorações V11, V12, V13, V14, V15, V16, ...,V1n‘
respectivamente. A mesma observação é realizada para o último especialista denominado de
―n‖ que atribui valorações entre ―0‖ a ―10‖ para os indicadores Ind1, Ind2, Ind3, Ind4, Ind5,
Ind6, ..., Indn as valorações Vn1, Vn2, Vn3, Vn4, Vn5, Vn6, ...,Vnn‘ respectivamente.
É possível em uma mesma investigação atribuir mais indicadores, e no momento de
construir uma matriz semelhante à indicada no Quadro 21, basta o pesquisador inserir mais
colunas, identificando quais os indicadores estão sendo avaliados pelos especialistas na
primeira linha, e na sequência das linhas inserir as avaliações realizadas pelos especialistas.
Entretanto, a inserção de muitos indicadores a serem avaliados pelos especialistas tende a
aumentar o tempo de dedicação do grupo, o que aumenta o índice de desistência de
especialistas na investigação.
No Quadro 21 é apresentada a primeira organização, em forma de matriz, dos
registros realizados nos instrumentos disponibilizados ao grupo de especialistas. O objetivo ao
construir a primeira matriz é facilitar a construção da matriz de frequência das respostas.
3.1.19. Frequência dos Registros
A elaboração de um resumo dos registros realizados em uma investigação fornece ao
pesquisador informações, o que antes não seria possível, somente com a organização dos
registros em uma matriz.
132
Na Tabela 4 é possível observar o resumo dos registros a partir da matriz de
registros.
Tabela 4: Resumo dos registros do fenômeno investigado, após a construção da matriz de registros das respostas
dos especialistas (Acervo do autor, 2015). 1CONCEITOS
2INDi 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Ind1 FV1,10 FV1,9 FV1,8 FV1,7 FV1,6 FV1,5 FV1,4 FV1,3 FV1,2 FV1,1 FV1,0
Ind2 FV2,10 FV2,9 FV2,8 FV2,7 FV2,6 FV2,5 FV2,4 FV2,3 FV2,2 FV2,1 FV2,0
Ind3 FV3,10 FV3,9 FV3,8 FV3,7 FV3,6 FV3,5 FV3,4 FV3,3 FV3,2 FV3,1 FV3,0
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Indn FVn,10 FVn,9 FVn,8 FVn,7 FVn,6 FVn,5 FVn,4 FVn,3 FVn,2 FVn,1 3FVn,0
1Escala [10,...,0] de possíveis valorações disponível no instrumento de registro; 2Indicadores selecionados para
fundamentar o tema investigado, com i = 1,..., n.; 3Frequência da valorização atribuída ao indicador pelos
especialista, com i = 1,..., n.
Na Tabela 4 observa-se na primeira coluna os n‘s indicadores (Ind1, Ind2, Ind3, Ind4,
Ind5, ..., Indn. A primeira linha da segunda coluna até a última coluna denominada de ―10‖ até
―0‖ se refere às possibilidades de avaliações que o especialista pode realizar, segundo seu
critério de conhecimento sobre o tema em estudo.
Os FV‘s representam a frequência de valorações realizadas a um indicador (Indn)
para um determinado conceito.
Na Tabela 4, na segunda linha, indicada pelo ―Ind1‖ possibilita o pesquisador observar
que um determinado número de especialistas (FV1,10) atribuiu valorização com valor igual a
10. Para a terceira coluna é possível observar que um determinado número de especialistas
(FV1,9) atribuiu valorização com valor igual a 9 para o Ind1, e assim por diante, até chegar à
coluna de avaliação de valor igual a ―0‖ atribuída por um determinado número de
especialistas (FV1,0).
Para verificar a distribuição do número de especialistas nos conceitos entre ―10‖ a ―0‖,
é necessário observar a soma das valorações realizadas pelos especialistas a cada linha da
Tabela 4, que corresponde ao total de especialistas que responderam o instrumento de
registro.
A Tabela 5 possibilita interpretar as valorações realizadas nos instrumentos de
registros pelo grupo de especialistas de modo que o atributo ―Nenhuma Relevância‖ é
representado pelos valores de 0 até 2 inclusive, o atributo ―Pouca Relevância‖ é representado
pelos valores de 2 exclusive até 4 inclusive.
133
Tabela 5: Regras para interpretação da valorização do indicador pelos especialistas.
VALORIZAÇÃO INTERPRETAÇÃO
8 ─| 10
6 ─| 8
4 ─| 6
2 ─| 4
0 ─| 2
Extremamente Relevante (BR)
Muito Relevante (R)
Relevante (MR)
Pouca Relevância (PR)
Nenhuma Relevância (NR)
Fonte: Adaptado de Becegato et al., (2009).
É possível observar que o especialista, segundo seu critério, ao definir no instrumento
de registro um valor discreto entre 0 e 10 para cada questão, estará definindo o grau de
relevância desta questão entre ‗nenhuma relevância‘ ou ‗extremamente relevante‘ (Tabela 5).
Por exemplo, o especialista, ao definir um valor igual a 9 em uma determinada questão no
instrumento de registro, estará definindo o indicador relacionado à questão como
‗extremamente relevante‘.
Dependendo dos objetivos do estudo, os critérios de triagem possibilitam ao
pesquisador alterar o número de classes que representam as possíveis valorações realizadas
pelos especialistas. Entretanto, quanto menor as possibilidades disponibilizadas ao
especialista para atribuir um grau de valorização discreto ao indicador, maior será a
dificuldade para o pesquisador descrever determinado fenômeno. Em compensação há um
número elevado de possibilidades disponibilizadas ao especialista para atribuir um grau de
valorização ao indicador, melhor será a representatividade do fenômeno. Entretanto, um
número elevado de opções disponíveis ao especialista para valorização de um determinado
indicador poderá desmotivar o especialista a participar do estudo.
3.1.20. Frequência acumulada dos registros
O próximo procedimento de triagem atribuído ao Método Delphi é elaborar a tabela
de frequência acumulada a partir da tabela de frequência dos registros, o formato é semelhante
à Tabela 5. Ao elaborar a tabela de frequência acumulada dos registros observados, é possível
constatar a representatividade das respostas dos especialistas a cada indicador.
A seguir, declara-se na Tabela 6 a exemplificação da tabela de frequência acumulada
a partir da tabela resumo dos registros do fenômeno investigado.
134
Tabela 6: Tabela de frequência acumulada, a partir da tabela de resumo dos registros do fenômeno investigado
(Acervo do autor, 2015). 1CONCEITOS
2INDi 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Ind1 FV1,10 FV1,9 +
FV1,10
FV1,8 +
FV1,9 +
FV1,10
FV1,7 +
FV1,8 +
FV1,9 +
FV1,10
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FV1,9 +
FV1,10
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8
+ FV1,9
+
FV1,10
FV1,4 +
FV1,5
+ FV1,6
+ FV1,7
+
FV1,8
+ FV1,9
+
FV1,10
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8
+ FV1,9
+
FV1,10
FV1,2 +
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8
+ FV1,9
+
FV1,10
FV1,1 +
FV1,2 +
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8
+ FV1,9
+ FV1,10
FV1,0 +
FV1,1 +
FV1,2 +
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8
+ FV1,9
+
FV1,10 Ind2 FV2,10 FV2,9
+ FV2,10
FV1,8 +
FV2,9 +
FV2,10
FV1,7 +
FV1,8 +
FV2,9 +
FV2,10
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FV2,9 +
FV2,10
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FV2,9 +
FV2,10
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FV2,9 +
FV2,10
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FV2,9 +
FV2,10
FV2,2 +
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FV2,9 +
FV2,10
FV2,1 +
FV2,2 +
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FV2,9 +
FV2,10
FV2,0 +
FV2,1 +
FV2,2 +
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FV2,9 +
FV2,10 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Indn
FVn,10
FVn,9 +
FVn,10
FV1,8 +
FVn,9 +
FVn,10
FV1,7 +
FV1,8 +
FVn,9 +
FVn,10
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FVn,9 +
FVn,10
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FVn,9 +
FVn,10
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FVn,9 +
FVn,10
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FVn,9 +
FVn,2 +
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
FV1,8 +
FVn,1 +
FVn,2 +
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
FV1,7 +
3FVn,0 +
FVn,1 +
FVn,2 +
FV1,3 +
FV1,4 +
FV1,5 +
FV1,6 +
135
Tabela 6: Tabela de frequência acumulada, a partir da tabela de resumo dos registros do fenômeno investigado
(Acervo do autor, 2015) (continuação).
+ FVn,10
+ FVn,9
+ FVn,10
+ FV1,8
+ FVn,9
+ FVn,10
+ FV1,7
+ FV1,8
+ FVn,9
+ FVn,10
1Escala [10,...,0] de valorização disponível no instrumento de registro; 2Indicadores selecionados para
fundamentar o tema investigado, com i = 1,..., n.; 3Frequência acumulada da valorização atribuída ao indicador
pelos especialista, com i = 1,..., n.
É possível observar na Tabela 6, a coluna ―10‖ declara que valores foram repetidos
do resumo dos registros (Tabela 4) a partir da matriz de registros. Entretanto, para obter os
valores para as demais colunas da Tabela 6, observa-se que sempre é somado o valor atual
com acúmulo dos valores das colunas anteriores.
3.1.21. Nível de significância das respostas
A tabela construída a partir da tabela de frequência acumulada (Tabela 6) tem o
objetivo de apresentar o nível de significância de cada indicador, através dos registros de
respostas dos especialistas participantes da investigação que adotou o Método Delphi
atribuído de procedimentos de triagem fundamentados em conteúdos estatísticos.
Na Tabela 7 é possível observar o nível de significância representado pelo α, e o
complementar ao nível de significância, frequentemente observado nos métodos quantitativos,
é apresentado através do nível de confiabilidade representado por β.
O resultado da soma dos níveis de significância (α) e confiabilidade (β) é igual a 1,
que representa a totalidade da área abaixo da curva obtida por meio da Função de Distribuição
de Probabilidade da Normal. Outra forma de denominar o nível de significância é conhecer 1
– β. Estes conhecimentos foram abordados no início deste capítulo com a construção dos
intervalos de confiança, entretanto, se houver a necessidade do pesquisador em aprofundar os
conhecimentos sobre probabilidade, indica-se a obra de Meyer (2000) (Tabela 7).
136
Tabela 7: Tabela de significância (1 - β) das valorações dos especialistas, construída a partir da tabela de
frequência acumulada dos registros do fenômeno investigado (Acervo do autor, 2015). 1CONCEITOS
2INDi 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Ind1 3α1,10 α1,9 α1,8 α1,7 α1,6 α1,5 α1,4 α1,3 α1,2 α1,1 α1,0
Ind2 α2,10 α2,9 α2,8 α2,7 α2,6 α2,5 α2,4 α2,3 α2,2 α2,1 α2,0 Ind2 α3,10 α3,9 α3,8 α3,7 α3,6 α3,5 α3,4 α3,3 α3,3 α3,1 α3,0 Ind2 α4,10 α4,9 α4,8 α4,7 α4,6 α4,5 α4,4 α4,3 α4,4 α4,1 α4,0 Ind2 α5,10 α5,9 α5,8 α5,7 α5,6 α5,5 α5,4 α5,3 α5,5 α5,1 α5,0
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... Indn αn,10 αn,9 αn,8 αn,7 αn,6 αn,5 αn,4 αn,3 αn,n αn,1 αn,0
1Escala [10,...,0] de valorações discretas disponíveis no instrumento de registro; 2Indicadores selecionados para
fundamentar o tema investigado, com i = 1,..., n.; 3Significância da valorização atribuída ao indicador pelos
especialistas, com i = 1,..., n..
O valor representado por α1,10 é definido a partir da razão do valor representado por
FV1,10 encontrado na tabela de frequência acumulada, pelo número total de especialistas. O
mesmo raciocínio é para o valor representado por α1,9, obtido pela razão do valor FV1,9 pelo
total de especialistas que se encontra na mesma posição na tabela de frequência acumulada.
Todos os demais α‘s contidos na tabela de significância seguem a mesma lógica de cálculos
para serem obtidos (ver Apêndice K).
Outra afirmação possível de ser obtida através do α1,10, está relacionada ao indicador
representado por Ind1, que possibilita o pesquisador afirmar a chance (%) de não ser avaliado
pelo grupo de especialistas com valorização igual a 10, ou seja, há uma chance de β1,10 dos
especialistas avaliarem segundo seus critérios o indicador Ind1 como uma determinada
relevância.
Observa-se a tabela de confiabilidade, construída a partir do complemento dos valores
de α. A soma de β e α devem ser igual 1, valor que representa a totalidade da área abaixo da
curva de Gauss obtida pela Função da Distribuição de Probabilidade da Normal tendendo
(Tabela 8).
Tabela 8: Tabela de confiabilidade (1 - α), construída a partir da tabela de frequência acumulada dos registros
do fenômeno investigado e da tabela de significância (1 - β) (Acervo do autor, 2015). 1CONCEITOS
2INDi 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Ind1 3β1,10 β1,9 β1,8 β1,7 β1,6 β1,5 β1,4 β1,3 β1,2 β1,1 β1,0
Ind2 β2,10 β2,9 β2,8 β2,7 β2,6 β2,5 β2,4 β2,3 β2,2 β2,1 β2,0
Ind2 β3,10 β3,9 β3,8 β3,7 β3,6 β3,5 β3,4 β3,3 β3,3 β3,1 β3,0
Ind2 β4,10 β4,9 β4,8 β4,7 β4,6 β4,5 β4,4 β4,3 β4,4 β4,1 β4,0
Ind2 β5,10 β5,9 β5,8 β5,7 β5,6 β5,5 β5,4 β5,3 β5,5 β5,1 β5,0
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Indn βn,10 βn,9 βn,8 βn,7 βn,6 βn,5 βn,4 βn,3 βn,n βn,1 βn,0 1Escala [10,...,0] de valorações discretas disponíveis no instrumento de registro; 2Indicadores selecionados para
fundamentar o tema investigado, com i = 1,..., n.; 3Confiabilidade da valorização atribuída ao indicador pelos
especialistas, com i = 1,..., n.
137
Na Tabela 9 declara-se a lógica dos cálculos para obter os β‘s. Também é possível
construir a tabela de confiabilidade das valorações de cada indicador segundo critérios dos
especialistas. Para obter a tabela de confiabilidade, é necessário subtrair da tabela de
significância o valor 1 de cada α e apresentar em módulo o resultado.
Tabela 9: Lógica dos cálculos para obter tabela de confiabilidade (1 - α), construída a partir da tabela de
frequência acumulada dos registros do fenômeno investigado e da tabela de significância (1 - β) (Acervo do
autor, 2015). 1CONCEITOS
2INDi 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Ind1 31 - α1,10 1 - α1,9 1 - α1,8 1 - α1,7 1 - α1,6 1 - α1,5 1 - α1,4 1 - α1,3 1 - α1,2 1 - α1,1 1 - α1,0
Ind2 1 - α2,10 1 - α2,9 1 - α2,8 1 - α2,7 1 - α2,6 1 - α2,5 1 - α2,4 1 - α2,3 1 - α2,2 1 - α2,1 1 - α2,0
Ind2 1 - α3,10 1 - α3,9 1 - α3,8 1 - α3,7 1 - α3,6 1 - α3,5 1 - α3,4 1 - α3,3 1 - α3,3 1 - α3,1 1 - α3,0
Ind2 1 - α4,10 1 - α4,9 1 - α4,8 1 - α4,7 1 - α4,6 1 - α4,5 1 - α4,4 1 - α4,3 1 - α4,4 1 - α4,1 1 - α4,0
Ind2 1 - α5,10 1 - α5,9 1 - α5,8 1 - α5,7 1 - α5,6 1 - α5,5 1 - α5,4 1 - α5,3 1 - α5,5 1 - α5,1 1 - α5,0
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Indn 1 - αn,10 1 - αn,9 1 - αn,8 1 - αn,7 1 - αn,6 1 - αn,5 1 - αn,4 1 - αn,3 1 - αn,n 1 - αn,1 1 - αn,0 1Escala [10,...,0] de valorações discretas disponíveis no instrumento de registro; 2Indicadores selecionados para
fundamentar o tema investigado, com i = 1,..., n.; 3Área total abaixo da curva da Distribuição de Probabilidade
da Normal.
A conclusão possível de ser obtida com a tabela de confiabilidade, por exemplo, é
através do valor representado pelo β 1,10 relacionado ao indicador representado por Ind1 aonde
possibilita afirmar qual a chance (%) do Ind1 ser avaliado pelo grupo de especialistas com
valorização igual a 10, ou seja, há uma chance de β 1,10 dos especialistas avaliarem segundo
seus critérios o indicador Ind1 como uma determinada relevância.
3.1.22. Dispersão padronizada das respostas
Ao obter a tabela de significância das respostas dos especialistas, é possível declarar
para cada indicador a dispersão padronizada das valorações realizadas pelos especialistas.
Entretanto, para obter os desvios padrões das respostas é necessário interpretar da
tabela da Distribuição de Probabilidade da Normal utilizada, pois há diversas formas de
apresentação, como através da significância, da confiabilidade, acumulada ou a combinação
dessas citadas. Para aprofundamento sugere-se a obra de Meyer (2000). Para constituir a
tabela das estimativas dos desvios padrão (σ) associadas ao nível de confiabilidade,
necessariamente utiliza-se a tabela da Distribuição da Normal (ver Anexo 1).
138
Figura 10: Representação da tabela da Distribuição de Probabilidade da Normal (JOHANN e HAMBÖKER,
1994).
Na Figura 10 é possível observar a relação entre o desvio padrão e o nível de
confiabilidade, para 1σ em torno da média, corresponde a 68,26% de confiabilidade.
Considerar 2σ em torno da média, corresponde a 95,4% de confiabilidade.
Em investigações quantitativas, o pesquisador, ao definir 95% de confiabilidade na
investigação, teoricamente está definindo que, a cada 100 vezes que repetir a investigação, 95
vezes obterá a mesma conclusão (BARBETTA, 2002).
A partir das informações anteriores é possível o pesquisador construir a tabela de
desvios padrões das valorações dos indicadores segundo critérios do grupo de especialistas.
Tabela 10: Desvio padrão (σ) dos indicadores, considerando cada grau de valorização, baseada na tabela de
significância e Tabela de Distribuição de Probabilidade da Gauss (Acervo do autor, 2015).
CONCEITOS
INDi 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Ind1 *σ 1,10 σ 1,9 σ 1,8 σ 1,7 σ 1,6 σ 1,5 σ 1,4 σ 1,3 σ 1,2 σ 1,1 σ 1,0
Ind2 σ 2,10 σ 2,9 σ 2,8 σ 2,7 σ 2,6 σ 2,5 σ 2,4 σ 2,3 σ 2,2 σ 2,1 σ 2,0
Ind3 σ 3,10 σ 3,9 σ 3,8 σ 3,7 σ 3,6 σ 3,5 σ 3,4 σ 3,3 σ 3,2 σ 3,1 σ 2,0
Ind4 σ 4,10 σ 4,9 σ 4,8 σ 4,7 σ 4,6 σ 4,5 σ 4,4 σ 4,3 σ 4,2 σ 4,1 σ 2,0
Ind5 σ 5,10 σ 5,9 σ 5,8 σ 5,7 σ 5,6 σ 5,5 σ 5,4 σ 5,3 σ 5,2 σ 5,1 σ 2,0
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Indn σ n,10 σ n,9 σ 1,8 σ 1,7 σ 1,6 σ 1,5 σ 1,4 σ 1,3 σ n,2 σ n,1 σ n,0
*Os valores de σ corresponde o valor padronizado encontrado na Tabela de Distribuição de Probabilidade da
Gauss
Para obter os valores padronizados de dispersão das repostas do grupo de
especialistas apresentados na Tabela 10, é necessário identificar na tabela da Distribuição de
139
Probabilidade de Gauss (ANEXOS 1 e 2) o valor do desvio das valorações que corresponde
ao valor representado por α na Tabela 7.
Através da Tabela 10 é possível observar a dispersão das respostas dos especialistas,
considerando cada grau de valorização. Por exemplo, para obter o desvio padrão σ 1,10, utiliza-
se o valor α1,10 identificado na Tabela 7 e as marginais na tabela da Distribuição de
Probabilidade de Gauss (ANEXO 1 e 2).
O complementar de α1,10 (β1,10) representa um nível de confiabilidade, que possibilita
o pesquisador afirmar com uma determinada chance (%) o sucesso de obter o mesmo
resultado, se realizar o próximo estudo com o mesmo planejamento.
Ao afirmar esta valorização com uma determinada chance, também está sendo
associado um nível de confiabilidade aos resultados da pesquisa com abordagem qualitativa.
Desta forma, o pesquisador pode interpretar cada um dos demais valores da tabela dos desvios
(σ).
Para estudos em que o pesquisador definiu um número maior de possíveis valorações
a serem realizadas pelo especialista, segue a mesma lógica de cálculos para obter os pontos
abcissais e de corte na tabela de desvios (detalhamento dos cálculos ver Anexo 18).
Para dar continuidade aos procedimentos de triagem, é necessário elaborar as
marginais declaradas na tabela dos desvios (Tabela 11).
Tabela 11: Parte tabela dos desvios (σ), construída a partir da tabela de significância e a tabela de Distribuição
de Probabilidade da Normal, com as marginais que apresentam os pontos abscissais e de corte.
INDi 10 9 8 ... 1 0 1µ‟ (σ)i
3Px
Ind1 σ 1,10 σ 1,9 σ 1,8 ... σ 1,1 σ 1,0
µ‘ (σ)1 – N
Ind2 σ 2,10 σ 2,9 σ 1,8 ... σ 2,1 σ 2,0
µ‘ (σ)2 – N
... ... ... ... ... ... ... ...
Indn σ n,10 σ n,9 σ 1,8 ... σ n,1 σ n,0
µ‘ (σ)n – N
2µ (σ)j
...
Corte
1µ‘ (σ)i = Média do desvio-padrão da valorização, com i = 1, 2, ..., n. 2µ (σ)j = Média do desvio-padrão da valorização, com j = 0, 1, ..., 10. 3Px é o ponto abscissal projetado no eixo x referenciado por µ (σ)j, com x = 1, ..., n
n = número de especialistas
140
A tabela de desvios com as respectivas marginais calculadas é a última tabela a ser
construída pelo pesquisador que adotou na pesquisa o Método Delphi atribuído de
procedimentos de triagem. Esta adoção possibilita observar e registrar a confluência das
respostas e definir o grau de confiabilidade do prospecto de informações obtido através do
preenchimento dos instrumentos de registro distribuídos ao grupo de especialistas. Por
conseguinte, os critérios de triagem auxiliam nas interpretações dos resultados do estudo
científico com determinado grau de certeza, conhecido e definido pelo pesquisador.
A construção da última Tabela -11- possibilita ao pesquisador realizar as conclusões
sobre as valorações realizadas pelo grupo de especialistas com uma determinada
confiabilidade.
O módulo do coeficiente de corte [µ(σ)j] indica o grau de valorização realizado pelo
grupo para um determinado indicador, referenciado pelo módulo do ponto abscissal [µ‘(σ) i].
Portanto, para Px < µ‘(σ)i, define qualitativamente o grau de valorização baseado na
tabela de regras para interpretação da valorização do indicador.
Por exemplo: Ao obter o P1 < µ‘(σ)9 para Ind1 é possível afirmar que o primeiro
indicador é extremamente relevante, outro resultado para Pn < µ‘(σ)8 de Indn indica que é
muito relevante o enésimo indicador.
3.1.23. Considerações ao retirar especialistas da investigação
Os procedimentos de triagem permitem ao pesquisador observar as respostas dos
especialistas que se destoam do grupo de respostas, por conseguinte, ele pode verificar com o
especialista a certeza de sua opinião, e ainda desconsiderar o especialista do estudo. Também
é indicado ao pesquisador que verifique individualmente as respostas discrepantes e explique
as causas destes distanciamentos. Igualmente, as respostas discrepantes poderão ser um
indicativo de uma nova investigação com outros objetivos não contemplados pelo pesquisador
no início do estudo principal.
Se o número de respostas discrepantes for pequeno, estas podem ser investigadas por
meio do Estudo de Caso15
(YIN, 1993). Um estudo à parte pode ser conduzido com os
15 ―Uma investigação científica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida
real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos; enfrenta
uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados e,
como resultado, baseia-se em várias fontes de evidência (...) e beneficia-se do desenvolvimento prévio de
proposições teóricas para conduzir a coleta e análise dos dados‖ (YIN, 2001).
141
especialistas retirados da amostra, por terem respostas discrepantes. É possível que o
pesquisador encontre resultados relevantes com o estudo conduzido paralelamente ao estudo
principal. O estudo de caso pode contribuir com resultados significativos para o estudo
principal, indicando proposições a serem consideradas em estudos posteriores. É possível que
em estudos paralelos o pesquisador obtenha informações relevantes, a partir de análise de
registros discrepantes de fenômenos. O estudo de fatores que geram o comportamento de
distanciamento entre as respostas pode contribuir com os objetivos do estudo (MUÑOZ,
MORENO e PASCUAL, 1990).
As respostas que apresentam um grande afastamento das demais, ou não apresentam
consistência, são habitualmente definidas como respostas discrepantes, comumente
conhecidas nos métodos quantitativos com dados outliers (BARNETT e LEWIS, 1994). A
definição de coeficiente outlier nos métodos quantitativos não é fácil, como se pode verificar
pelas definições dadas por alguns dos que mais contribuíram para o seu estudo:
1- ―Uma observação com um anormalmente grande residual será referido como um outlier...,
pode-se também falar de uma "discordante", "anormal" ou observação "aberrante"‖
(ANSCOMBE, 1960, p.130).
2- Uma observação periférica, ou outlier, é um que parece desviar-se acentuadamente a partir
de outros membros da amostra em que ele ocorre (GRUBBS, 1969).
3- Outliers é o registro de observações que não seguem o padrão dos demais registros
(ROUSSEUW e ZOMEREN, 1990).
4- ―Um outlier é uma observação que apresenta características que desviam decididamente do
comportamento geral dos dados experimentais em relação aos critérios que devem ser
analisados sobre ele‖ (MUÑOZ et al., 1990).
5- A característica um registro outlier em um conjunto de dados é a incompatibilidade com o
restante do conjunto de dados (BARNETT e LEWIS, 1994).
6- ―As observações que, na opinião do investigador, estão além da maior parte dos dados e
denominados de "desvios", "observações discordantes", "contaminantes", "valores
surpreendentes", e "dados sujos"... quando ocorrem tais observações, os investigadores
consideram relevantes esses resultados nas conclusões do estudo científico‖ (BECKMAN e
COOK, 1983, pag. 32 ) .
Seguindo a frequência de definições supracitadas, é possível realizar adaptações das
definições observadas nos métodos quantitativos para uma investigação com abordagem
142
qualitativa, que é proposto neste estudo através dos procedimentos de triagem atribuídos ao
Método Delphi.
Nos procedimentos de triagem, outro fator que determina o descredenciamento do
especialista do estudo é o critério de triagem cognominado de Coeficiente de Competência
Individual (ki).
O ki que se distancia dos demais ki‘s também pode ser denominado como uma
observação outlier.
Neste trabalho, como são consideradas as Distribuições de Probabilidade Gaussiana
e a T-Student, a definição de dados discrepantes é realizada a partir da quantidade de desvios
que o Coeficiente de Competência do especialista está em relação à tendência central de
confluência. Desta forma, orientado pelas distribuições de probabilidade de Gauss e T-
Student, os resultados que ultrapassarem dois desvios padrões em relação à tendência central
de confluência, considera-se que estes coeficientes de competência do especialista estão fora
do grupo que compõe 95% de especialistas, portanto, são especialistas passivos de não
participarem do inquérito (Figura 11).
Figura 11: Curva teórica que representa a Distribuição de Probabilidade Gaussiana. Com os indicativos de área
abaixo da curva e os desvios em relação ao centro (µ).
A definição de dois desvios padrões, Figura 11, em relação à tendência central de
confluência das respostas dos especialistas é realizada a partir da frequência de uso deste
método de trabalhos realizados na área de conhecimento. Como é quase que extinto este
método na área de conhecimento da educação, optou-se por utilizar os mesmos dois desvios
143
padrões que são utilizados no âmbito do conhecimento das engenharias, biológicas, médicas,
entre outras áreas. Considerar na investigação a definição de dois desvios padrões para
identificar fenômenos destoantes, possibilita o pesquisador a realizar reflexões mais realistas
entre as investigações.
Se houver um maior interesse em uma abordagem mais profunda em relação à
definição de observações discrepantes, indica-se o trabalho de Hawkins (1980), onde estão
apresentados diversos métodos para identificar observações outlier.
É importante buscar uma relação entre o coeficiente de competência do especialista e
o tema proposto em estudo (MATTAR, 2001). Ao identificar um coeficiente discrepante, é
provável que o especialista não tenha características que possam contribuir para a
investigação, e a partir disto o pesquisador opta por retirar o especialista com nível inferior a
0,8 de competência.
3.1.24. Concepção do Instrumento de Registros
O pesquisador, ao elaborar o instrumento para obter o registro das opiniões dos
especialistas, deve ficar atento na estrutura e nas lógicas das perguntas. Um instrumento com
uma estrutura coerente e precisa facilita os especialistas a registrar suas avaliações, sem exigir
esforço a cada questão a ser respondida.
À medida que um instrumento é mal elaborado, além de aumentar os números de
especialistas desistentes em participar do estudo por necessitar de um tempo maior para
interpretação, aqueles que ficam no estudo podem emitir opiniões enviesadas, o que diminui a
confiabilidade do estudo. Um estudo com problemas no instrumento de registro apresenta
conclusões que não correspondem à realidade do fenômeno.
Para estudos que adotam o Método Delphi ensejado dos critérios de triagem é
necessário que o instrumento seja objetivo e de fácil compreensão, para que sejam
respondidos pelos especialistas no menor tempo possível e sem dúvidas nas questões
elaboradas. Os procedimentos do método contemplam diversas intervenções do pesquisador
no grupo de especialistas, portanto, instrumento que exige muito tempo para ser respondido
também contribui para a desistência do especialista.
No planejamento da pesquisa, ao se definir objetivo da pesquisa, se torna mais fácil
esquematizar e prever as características estruturais das respostas dos especialistas, o que
facilita estruturar a cada interação um novo instrumento de registro das opiniões dos
especialistas, e contribui para uma confluência das respostas e um resultado mais assertivo.
144
Recomenda-se que o instrumento de registro inicial deva ser colocado à prova
através de uma pesquisa piloto sempre que possível, para verificar os possíveis problemas
estruturais do texto. O objetivo principal da pesquisa piloto é minimizar problemas na
interpretação do instrumento e aumentar a confiabilidade dos resultados.
O instrumento de registro pode ser estruturado com argumentos, considerando o
tema principal do estudo.
Cada um dos argumentos é acompanhado por uma questão objetiva e outra
discursiva, dependendo da necessidade, que possibilita aos especialistas realizarem as
valorações sobre o tema.
A pergunta discursiva tem a finalidade de captar a visão dos especialistas a fim de
contribuir para aperfeiçoar o instrumento de registros para as próximas rodadas e as perguntas
objetivas ajudam a acompanhar a confluência das opiniões dos especialistas.
As respostas de questões discursivas possibilitam ao pesquisador esquematizar e
prever as características estruturais das respostas dos especialistas, o que facilita estruturar a
cada interação um novo instrumento de registro das opiniões dos especialistas, o que contribui
para uma confluência das respostas.
A questão objetiva teve a finalidade de verificar a relevância discreta do conjunto de
argumentos para a área de conhecimento em que se está realizando o estudo.
Para cada argumento é importante que seja inserido no instrumento de registro breve
descrição do assunto relacionado ao tema, o que facilita as interpretações a serem realizadas
pelos especialistas nas questões.
A construção de cada argumento pode ser realizada com descrições de textos
relacionados ao objetivo principal do estudo. O pesquisador pode buscar diversos pontos de
vista sobre o tema de interesse e construir quantos argumentos julgar necessários para obter
resultados. Entretanto, muitos argumentos inseridos no questionário para que ocorra o debate
anonimamente podem influenciar na desistência de especialistas.
A concepção da estrutura inicial do instrumento de registro, a ser encaminhado aos
especialistas, deve ser baseada em fatores relevantes que foram observados a partir de
pesquisa exploratória.
É possível que o pesquisador ao realizar uma pesquisa exploratória em trabalhos
científicos obtenha a resposta para seu problema, o que torna desnecessária a realização da
pesquisa. Portanto, é importante que o pesquisador antes de construir o instrumento de
registro, realize a pesquisa exploratória, com a finalidade de obter informações relacionadas e
relevantes ao tema, para fundamentar a pesquisa.
145
Na primeira interação a ser realizada entre o pesquisador e o especialista, é
importante que o pesquisador apresente ao especialista a relevância do tema e valorize sua
participação e possíveis contribuições com estudo proposto.
Também ainda na primeira interação é necessário que o instrumento de registro
contemple questões abertas para registrar as considerações relevantes dos especialistas. As
questões iniciais contribuem significativamente para uma possível reformulação dos
instrumentos de registros, e para as próximas interações entre o pesquisador e os especialistas
o estudo terá um questionário preciso. Esse procedimento é semelhante a uma pesquisa piloto
realizada em estudos com fatores desconhecidos, onde se utiliza a pesquisa para explorar o
fenômeno e ajudar o pesquisador a formular os instrumentos de registro. Portanto, a pesquisa
piloto tem a finalidade de refinar os procedimentos e instrumentos de registros do estudo
científico.
Na Figura 12 declara-se os procedimentos a serem observados pelo pesquisador no
momento da elaboração dos instrumentos de registro a cada interação entre o pesquisador e os
especialistas.
Figura 12: Representatividade das possíveis respostas dos especialistas na confluência das reflexões.
(LINSTONE, TUROFF e HELMER, 2002).
146
É possível observar na Figura 12 que a qualquer momento dos procedimentos
metodológicos, o pesquisador pode realizar alterações nos instrumentos de registros com base
nas opiniões dos especialistas. Entretanto, é importante a cada alteração instrumental ter
sempre definidos a lista de objetivos e os fatores que os interferem diretamente ou
indiretamente.
3.1.25. Concepção dos argumentos
Este momento é dedicado a declarar, a partir da pesquisa secundária realizada, as
definições dos elementos que estruturam os argumentos apresentados aos especialistas para
avaliar a coerência dos trabalhos de doutoramento de Eleutério (2015), Maia (2015), Araújo
(2014), Peixoto (2014) e Azevedo (2014) desenvolvidos na área da Educação em Ciências e
Matemática. Evidentemente que os elementos citados podem ser denominados de outras
formas, mas com significados análogos. A partir da pesquisa secundária foram definidos
quatro elementos, o problema, objetivo geral, metodologia e resultados observados nas
estruturas dos estudos científicos com inteligível identificação.
Os elementos que caracterizam os argumentos têm a finalidade de orientar e facilitar
a compreensão do texto declarado nos estudos. Entretanto, por mais imparcial que seja o
pesquisador no momento de elaborar o texto, é comum identificar o pesquisador apenas
conhecendo partes do texto. Sendo assim, o pesquisador tem algumas características pessoais
de construção de trabalhos que são transmitidas para suas obras, mas sempre com o cuidado
de não alterar a essência do estudo. Por isso, é comum identificar em diversos trabalhos
termos característicos da formação do pesquisador, o que possibilita identificá-lo.
Com objetivo de provocar as reflexões nos especialistas, realizou-se uma pesquisa
secundária nos repositórios de trabalhos científicos para caracterizar o tema interesse e
formular os elementos que estruturam os argumentos.
A definição dos quatro elementos tem a finalidade de estruturar os argumentos que
foram enviados aos especialistas, e segundo os seus critérios, avaliaram a coerência da
estrutura dos argumentos. Para encaminhar os argumentos para os especialistas avaliarem é
necessária a construção de um instrumento de registro das opiniões emitidas pelos
especialistas. As opiniões podem ser dissertativas ou objetivas, ou ambas.
A construção do instrumento de registro é possível após a estruturação dos
argumentos. Considerando os procedimentos metodológicos do Método dos Especialistas, o
qual tem como característica principal a obtenção do consenso de um grupo de especialista
147
através das opiniões registradas nos instrumento, ou seja, a confluência das opiniões dos
especialistas depende de um instrumento de registro objetivo e auto-explicativo.
Talvez um dos maiores desafios do pesquisador seja construir instrumentos
objetivos, por isso, uma pesquisa piloto favorece para identificar fatores positivos e negativos
que contribuem para a formulação de um instrumento de registro objetivo.
Por outro lado, o sucesso em adotar o Método Delphi pode contribuir para formular
argumentos claros e auto-explicativos, e que não exijam dos especialistas um estudo
aprofundado para entender a proposta do estudo. Para formular argumentos claros e auto-
explicativos é indispensável que seja realizado pelo pesquisador, previamente, um estudo
denso16
. Portanto, a seguir serão apresentadas características das teses (ELEUTÉRIO, 2015;
MAIA, 2015; ARAÚJO, 2014; PEIXOTO, 2014; AZEVEDO, 2014) que sustentam os
argumentos apresentados aos especialistas.
A primeira tese a ser observada foi a denominada de ―Crono‖. O estudo expõe a
organização curricular e o planejamento do Curso de Licenciatura em Química na Amazônia
não contempla os saberes locais. Após análises no estudo ―Crono‖, foi elaborado o Quadro 22
para identificar e destacar os elementos problema, objetivo geral, metodologia e resultados
que caracterizam o estudo científico ―Crono‖.
Quadro 22: Resumo descritivo dos quatro elementos que caracterizam o estudo científico ―Crono‖. 1 - Problema É possível a cultura local dialogar com saberes acadêmicos e escolares para potencializar a formação inicial de professores de Química? 2 - Objetivo geral Compreender a possibilidade de a cultura local dialogar com saberes acadêmicos e escolares e potencializar a
formação inicial de professores de Química a partir das oficinas temáticas. 3 - Metodologias Abordagem qualitativa através de uma pesquisa etnográfica, com os registros do fenômeno sendo composto por observação participante e entrevistas geradas através do diário de campo, câmera fotográfica, filmadora e
gravador de voz. 4 - Resultados a) Conteúdos curriculares abordados nas oficinas temáticas são exemplos de que precisamos passar pelo
processo de transgressão das fronteiras rígidas das disciplinas escolares e acadêmicas; b) É preciso propor cada vez mais ações transversais e interdisciplinares para a superação de um ensino, que
permite a reprodução do conhecimento e de práticas docentes conservadoras; c) As demonstrações realizadas pelos alunos suscitaram nos professores a vontade de aperfeiçoar
metodologias e estratégias de ensino para que os alunos compreendam os conteúdos da Química,
didaticamente transpostos na sala de aula e, sobretudo, para fortalecer práticas pedagógicas; d) É no coletivo que se constrói uma proposta interdisciplinar; e) Não basta se apropriar dos conhecimentos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, é
necessário torná-los conhecidos na sociedade, em particular, nas escolas e universidades; f) As Oficinas Temáticas favoreceram os diálogos entre a cultura local dialogarem com saberes acadêmicos e
escolares e os saberes acadêmicos. Fonte: Pesquisa realizada pelo autor em 2015 nos repositórios de teses na área da Educação em Ciências e
Matemática disponíveis na biblioteca da Universidade Estadual do Amazonas.
16
Neste trabalho entende-se por estudo denso o estado da arte do tema investigado profundamente.
148
Após análises do segundo estudo denominado ―Héstia‖, declara-se no Quadro 23 os
elementos que caracterizam o problema, objetivo geral, metodologia e resultados do estudo.
Quadro 23: Resumo descritivo dos quatro elementos que caracterizam o estudo científico ―Héstia‖. 1 - Problema Como os professores de Ciências percebem suas necessidades formativas de natureza subjetiva e sociocultural
e quais as relações destas com a identidade e o desenvolvimento profissional? 2 - Objetivo geral Analisar as necessidades formativas de professores de Ciências através da dimensão psicossocial e suas
relações com a identidade, o desenvolvimento profissional e a formação contínua no contexto da pós-
modernidade.
3 - Metodologias Abordagem qualitativa de orientação interpretativa fenomenológica, também empregou técnicas de
observações, questionários e discussões em grupos, inicialmente estruturados. 4 – Resultados a) Identificar necessidade formativas de âmbito subjetivo é elucidar potencialidades e fraquezas associadas ao
querer agir e à possibilidades reais de realizar, requerendo análise crítica reflexiva e iniciativa de mobilização de ações de enfrentamento;
b) Os professores há mais tempo na docência demonstraram acirrada resistência em aceitar as interferências
da cultura globalizada, do comportamento despojado e das profundas modificações sociais e morais que
caracterizam os tempos pós-modernos, em suas vidas, mesmo que esta intervenção esteja mesclada em
todas as dimensões de seus contatos socioculturais. Fonte: Pesquisa realizada pelo autor em 2015 nos repositórios de teses na área da Educação em Ciências e
Matemática disponíveis na Biblioteca da Universidade Estadual do Amazonas.
A terceira avaliação realizada no argumento denominado ―Eros‖ produziu o Quadro
24 que possibilita declarar os elementos problema, objetivo geral, metodologia e resultados
que estruturam o estudo científico ―Eros‖.
Quadro 24: Resumo descritivo dos quatro elementos que caracterizam o estudo científico ―Eros‖.
1 - Problema Qual o potencial didático-pedagógico da educação científica em laboratórios vivos (espaços não formais) para
o desenvolvimento de aprendizagem significativa no campo da Botânica? 2 - Objetivo geral Investigar as principais perspectivas didático-pedagógicas da educação científica em laboratório vivo
enquanto espaço não formal que influenciam o desenvolvimento da aprendizagem significativa de conceitos
de Botânica. 3 - Metodologias Abordagem qualitativa através de uma pesquisa com observação participante. O registro dos fenômenos foi
realizado através de documentos, referencial bibliográfico, entrevistas, fotografias e sequência didática. 4 - Resultados a) A estrutura cognitiva dos alunos em relação aos estudos de Botânica foi se modificando ou se ampliando
na medida em que realizavam novas relações conceituais e proposições de estudos; b) A aprendizagem significativa é influenciada por variáveis dependentes, também das conexões que se
estabelecem no ato de ensinar, dos organizadores prévios ou das estratégias que se utilizam, aprofundando
cada vez mais o tema ou assunto, acrescentando novas informações que, ao invés de se sedimentarem
formam bases mais alicerçadas e entrelaçadas ávidas para que os novos conhecimentos encontrem meios
de se estabelecerem na estrutura cognitiva do aprendiz. c) Que não basta ter um laboratório vivo rico em material para ensinar Botânica se os alunos não se sentirem
atraídos ou se o professor não souber mediar sua aula para transformá-la em momentos de encantamento. Fonte: Pesquisa realizada pelo autor em 2015 nos repositórios de teses na área da Educação em Ciências e
Matemática disponíveis na biblioteca da Universidade Estadual do Amazonas.
149
A quarta avaliação foi realizada na tese denominada de ―Ares‖, que possibilitou
identificar os elementos problema, objetivo geral, metodologia e resultados que caracterizam
o estudo científico ―Ares‖, conforme declarado no Quadro 25.
Quadro 25: Resumo descritivo dos quatro elementos que caracterizam o estudo científico ―Ares‖. 1 - Problema
O fato de professores e alunos de contextos tão diversos estarem submetidos a uma mesma sistemática de
trabalho poderia influenciar ou mesmo interferir na situação ensino/aprendizagem? Se positiva a resposta,
haveria uma forma de prevenir possíveis resultados díspares ou buscar maior eficácia no trabalho, visando
otimizar resultados?
2 - Objetivo geral
Investigar e compreender como se processava a Formação de Professores de Biologia em duas Instituições
Federais localizadas em regiões de culturas diferentes e submetidas a uma mesma exigência formativa do
Ministério da Educação e Cultura (MEC).
3 - Metodologias
Abordagem quali-quantitativa através da observação participante, entrevistas, análise documental e com a
técnica de Análise de Correspondência.
5 - Resultados a) O curso de Licenciatura não se adéqua às diferentes realidades brasileiras.
b) Necessidade de fiscalização e formatação desses cursos acaba por moldá-los ou mesmo formatá-los em
uma realidade que desconsidera as peculiaridades que dão propriedade ao nosso país;
c) Sobreposição dos aspectos burocráticos e administrativos sobre os pedagógicos na construção dos PPCs;
d) Conteúdos abordados carecem de uma integração eficaz entre as disciplinas específicas e pedagógicas;
e) Necessidade de romper essa cultura fragmentária, influenciada por uma epistemologia positivista em que
não se juntam as partes na mente do aprendiz como se poderia esperar;
f) Proposta de uma forma inédita de estruturação dos PPCs, que sai de uma esfera eminentemente técnica
para uma esfera técnica-social-psicológica. Trata-se de um procedimento de pesquisa de elaboração lenta e
artesanal, muito diferente dos projetos efetuados com rapidez e êxito, por visarem, apenas, a concatenação das leis e conteúdos e que estão voltados simplesmente para a legalização dos cursos pretendidos.
Fonte: Pesquisa realizada pelo autor em 2015 nos repositórios de teses na área da Educação em Ciências e
Matemática disponíveis na biblioteca da Universidade Estadual do Amazonas.
Ao analisar a quinta tese, denominada de ―Hades‖, foi possível identificar no Quadro
26 os elementos problema, objetivo geral, metodologia e resultados que caracterizam o estudo
científico ―Hades‖. Os elementos identificados no estudo de doutoramento contribuíram para
elaboração do indicador denominado ―Hades‖.
150
Quadro 26: Resumo descritivo dos quatro elementos que caracterizam o estudo científico ―Hades‖. 1 - Problema Em que aspectos o estágio com pesquisa, sustentado epistemologicamente na concepção de professor
pesquisador, contribui no desenvolvimento da educação científica de professores de Ciências em formação
inicial, favorecendo a emergência de conhecimentos para enfrentar os desafios do trabalho docente? 2 - Objetivo geral Compreender em que aspectos o estágio com pesquisa, sustentado epistemologicamente na concepção de
professor pesquisador, contribui no desenvolvimento da educação científica de professores de Ciências em
formação inicial, favorecendo a emergência de conhecimentos para enfrentar os desafios do trabalho docente. 3 - Metodologias Abordagem qualitativa através de pesquisa-ação dividida em quatro fases: o diagnóstico, concepção do plano
de ação, implementação do plano de ação e por fim avaliação e interpretação de forma reflexiva. Os registros foram realizados por meio de gravações em áudio e vídeo, anotações de campo, diários reflexivos e relatórios
de estagio, submetidos à Análise Textual Discursiva. 6 - Resultados a) A formação de professores de Ciências necessita investir na articulação saber
científico/pedagógico/experiencial e compreender o conhecimento docente na inter-relação desses saberes
para o estabelecimento de vínculos entre intervenção e investigação; b) O estágio com pesquisa, na formação inicial de professores de Ciências, é um dos principais canais
provocadores de condições para o domínio de instrumentos de produção de conhecimento do trabalho
docente; c) A educação científica vai além da internalização de conceitos relativos às ciências, pois, na formação de
professores, implica também o domínio de procedimentos e o desenvolvimento de atitudes como condição
para enfrentar os desafios da docência. Fonte: Pesquisa realizada pelo autor em 2015 nos repositórios de teses na área da Educação em Ciências e
Matemática disponíveis na biblioteca da Universidade Estadual do Amazonas.
A análise realizada nas cinco teses facultou as características dos elementos que
fundamentam a formulação dos indicadores denominados ―Crono‖, ―Héstia‖, ―Eros‖, ―Ares‖,
―Hades‖. Além destes argumentos, formulou-se o indicador denominado de Contribuição com
objetivo de conhecer a relevância dos trabalhos avaliados para a área da Educação em
Ciências e Matemática. Portanto, foram considerados todos os argumentos construídos a partir
das análises realizadas nos elementos declarados nas teses para a concepção do primeiro
instrumento para registrar as avaliações e considerações realizadas pelos especialistas na
primeira interação.
Os indicadores foram encaminhados por correio eletrônico aos especialistas, e
segundo o seu critério avaliaram entre uma escala em que ―0‖ denota ausência de coerência e
―10‖, perfeita coerência entre os elementos que estruturam os indicadores, e ao final de cada
interação verificou-se a relevância dos estudos no âmbito da Educação em Ciências e
Matemática.
151
CAPÍTULO IV
4.1. RESULTADOS
No capítulo anterior declara-se os procedimentos generalizados para a utilização do
Método Delphi ensejado dos critérios de triagem para concepção de estudos científicos com
variados objetivos em diversas áreas do conhecimento. O método Delphi outorgado de
critérios de triagem possibilita a este estudo abordagem qualitativa e quantitativa, por
entender que a utilização de somente uma ou outra não seria suficiente para atender os
objetivos do trabalho.
A abordagem qualitativa inicia-se a partir da caracterização, seleção dos
especialistas, construção dos questionários e segue durante as interações com os especialistas
e nos resultados. A abordagem quantitativa inicia-se ao construir o plano amostral que está
fundamentado na caracterização dos especialistas, esta que foi realizada por meio de métodos
qualitativos. A abordagem quantitativa segue igualmente com a elaboração dos instrumentos
de registros, no diálogo entre o pesquisador e os especialistas, e em dado momento na
inserção do grau de confiabilidade nos resultados. E, finalmente, a abordagem quantitativa
pode ser observada na apresentação dos resultados através de cálculos, tabelas, quadros,
gráficos. De forma geral, ambas a abordagens estão simultaneamente contempladas em todos
os procedimentos do Método Delphi atribuído dos critérios de triagem, e sua utilização é
definida pela necessidade que demanda o objetivo do estudo.
Para referenciar o estudo, foram identificados 32 repositórios de trabalhos científicos
do Mundo que contêm conteúdos relacionados à área da Educação.
Entretanto, a maioria dos repositórios não tem acesso gratuito, mas as bases gratuitas
possuem excelentes trabalhos que possibilitam orientar futuros trabalhos científicos na área da
Educação.
Definiu-se pela maior frequência de trabalhos científicos na área da Educação, três
bases nacionais e três bases internacionais para observar os métodos de análises e validação
dos resultados.
Foi observado nos resultados que o repositório com maior frequência de trabalhos
científicos disponibilizado gratuitamente na área da Educação é da Universidade de Lisboa,
seguido pela Universidade de Santa Catarina – UFSC - com uma diferença entre as duas de
13.574 trabalhos (ver Apêndice D).
Dentre os trabalhos identificados nos repositórios nacionais e internacionais, os
observados em Cataluña foram os que mais utilizaram o Método Delphi para análise dos
resultados. Não foi possível observar nos trabalhos científicos da área da Educação a
152
utilização de métodos para validar os resultados, entretanto, em outras áreas do conhecimento,
com maior frequência na área médica, é comum a utilização do Método Delphi para validação
dos resultados. Outro fator observado nos trabalhos selecionados que utilizaram o Método
Delphi é a não uniformidade nos procedimentos do método para análises dos dados e
validação dos resultados.
Os resultados observados na pesquisa supracitada reforçam a importância deste
trabalho em apresentar uma estrutura uniforme nos procedimentos para analisar e validar
trabalhos em diversas áreas do conhecimento, em específico, na área da Educação em
Ciências e Matemática, onde se vincula este trabalho. Também possibilitou esquematizar e
prever as características estruturais das respostas dos especialistas, o que facilitou estruturar, a
cada interação, um novo instrumento de registro das opiniões dos especialistas, contribuindo
para a confluência das valorações realizadas pelos especialistas.
O questionário foi estruturado com cinco argumentos, cada um com uma questão
objetiva e duas discursivas. A construção de cada argumento foi realizada conforme
declarações observadas nos cinco estudos de doutoramento. Cada um dos argumentos foi
construído com quatro elementos constituídos a partir de observações realizadas em cada um
dos cinco estudos científicos da área da Educação em Ciências e Matemática. As questões
discursivas tiveram a finalidade de captar a visão dos especialistas a fim de contribuir para
melhorar o instrumento de registros para as próximas rodadas. A questão objetiva teve a
finalidade de verificar a relevância do conjunto de argumentos para a área da Educação em
Ciências e Matemática.
Foi realizada uma pesquisa piloto com o instrumento de registro inicial, onde foram
encaminhados os questionários iniciais para cinco especialistas da área da Educação em
Ciências e Matemática, escolhidos aleatoriamente para que pudessem realizar suas
contribuições, a partir disso observou-se problemas estruturais e compreensão das questões
elaboradas. Portanto a pesquisa piloto possibilitou esquematizar e prever as características
estruturais das respostas dos especialistas. A cada interação, a partir da primeira, foi possível
verificar a qualidade do instrumento de registro com todos os especialistas disponíveis para o
estudo, e quando necessário possibilitou estruturar, a cada interação, um novo instrumento de
registro através das opiniões dos especialistas.
De forma geral as contribuições foram realizadas somente no campo da concordância
verbal, sem mudanças significativas no texto. Neste momento, foi possível introduzir, no
instrumento de registros, complementações feitas pelos especialistas, pedidos de
aprofundamentos de apenas algumas características mais relevantes.
153
Foram necessárias três interações entre o pesquisador e os especialistas para obter a
homogeneização das opiniões dos respondentes. É possível observar na Figura 13 o
organograma dos procedimentos dos critérios de triagem com três intervenções com
especialistas.
Figura 13: Resultado esquemático da confluência dos procedimentos de triagem, referente às opiniões sobre Avaliação de pesquisas na área da Educação.
A Figura 13 representa o esquema de confluência das opiniões dos especialistas
sobre estudos na área da Educação. É possível observar as três interações realizadas nos
procedimentos de triagem para a prospecção de informação dos especialistas sobre estudos
científicos realizados na área da Educação, que resultou o consenso do grupo de especialistas
em relação ao tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖.
Inicialmente foi constituído um grupo com 86 pessoas de diferentes regiões do Brasil
para constituir o grupo de especialistas. Após o envio do convite para participar do estudo
sobre o tema ―Avaliação de Pesquisas na área da Educação‖, obteve-se um retorno de 25
professores no primeiro dia, nove professores no segundo dia e entre o terceiro e o sétimo dia,
12 professores. Foi encaminhado mais uma vez o convite para aqueles professores que não
retornaram, destes, quatro se pronunciaram. Retornaram seis e-mails devido à caixa de
mensagens estar lotada. Dos que retornaram os e-mails, cinco não poderiam participar porque
estavam com muitas atividades acadêmicas, e outros, em viagens.
154
O estudo iniciou com 50 professores atuantes na área de Educação em Ciências e
Matemática. Para um segundo momento de contato com os professores, foi encaminhado pelo
correio eletrônico o termo de consentimento livre e esclarecido, garantindo o anonimato e
informando a possibilidade de desistir a qualquer momento da pesquisa (ver apêndice E).
Foi encaminhado aos 50 professores pelo correio eletrônico o link para acessar o
primeiro instrumento para mensurar o grau de conhecimento e de argumentação sobre o tema
―Avaliação de Pesquisas na área da Educação‖. Também foi encaminhado o instrumento pelo
correio eletrônico, para assegurar que os professores teriam acesso aos instrumentos caso
houvesse dificuldade em acessar o link. Destes, 32 retornaram com as informações
solicitadas.
Dos 32 professores que retornaram o primeiro instrumento de mensuração do grau de
argumentação e conhecimento, ficaram definidos como especialistas 27 professores que
possuem o grau de competência superior a 0,8kc. Cinco especialistas não obtiveram as
credenciais para participar do estudo, devido ao índice de competência ser inferior a 0,8kc.
Independente desse resultado, foram encaminhados instrumentos de registros aos especialistas
sem as credenciais, e estes informaram que não detinham o conhecimento suficiente, bem
como não se sentiam confiantes para realizar as valorações solicitadas e, por conseguinte,
concluíram que não poderiam contribuir para o estudo.
No terceiro momento foi encaminhado pelo correio eletrônico o link e, em anexo, aos
especialistas, o instrumento de registro dos critérios de avaliação dos especialistas em relação
aos argumentos correlativos denominados de ―Crono‖, ―Héstia‖, ―Eros‖, ―Ares‖ e ―Hades‖.
Dos 27 instrumentos encaminhados, retornaram 23 respondidos.
No quarto momento foi encaminhado aos 23 especialistas o segundo instrumento de
registro dos critérios de avaliação dos especialistas em relação aos argumentos correlativos e
uma análise estatística descritiva das respostas do primeiro questionário.
No quinto momento foi encaminhado aos 16 especialistas o terceiro instrumento de
registro dos critérios de avaliação dos especialistas em relação aos argumentos correlativos e
uma análise estatística descritiva das respostas do segundo questionário.
A pesquisa finaliza com 16 especialistas, as desistências ao longo da aplicação dos
procedimentos de triagem podem ser consideradas previsíveis, conforme análises
documentais declaradas neste estudo.
Ao obter o consenso dos especialistas, para cada indicador definido pelo pesquisador,
os registros são organizados na tabela de resumos para quantificar a frequência de respostas
entre ―0‖ a ―10‖ obtidas pelo critério de avaliação dos especialistas.
155
Na primeira interação, o pesquisador realiza uma revisão bibliográfica relacionada ao
tema que foi avaliado pelos especialistas. Entretanto, não é possível através da bibliografia,
estimar as avaliações aos indicadores, devido à complexidade do tema e à quantidade de
indicadores, o que torna significativas as valorações realizadas pelos especialistas. Dos 27
especialistas classificados com o grau de competência superior a 8kc, 23 preencheram os
instrumentos e retornaram ao pesquisador, o que auxiliou a reestruturar o instrumento e
contribuiu para compreensão do tema.
Os resultados obtidos na primeira interação com os especialistas pode ser observado
na Figura 14. Foram necessários 28 dias para obter os 23 instrumentos de avaliação
preenchidos. A seguir, está representado graficamente o resumo das valorações realizadas
pelos 23 especialistas.
Figura 14: Resultado da primeira interação entre pesquisador e os especialistas correspondente às valorações
realizadas pelos 23 especialistas ao tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015).
É possível observar que o indicador ―Ares‖ foi o que obteve o menor conceito (µ =
7,4; sd = 2,3) atribuído pelos especialistas dentre os demais indicadores. É possível observar
que o maior coeficiente de variação (CV = 31%) foi identificado nas avaliações realizadas
pelos especialistas no indicador ―Ares‖ (Figura 14).
156
O indicador ―Hades‖ obteve o maior conceito (µ = 8,4; sd = 1,4) dentre os demais
indicadores, também observou-se a menor divergência nas avaliações realizadas pelos
especialistas (CV = 16%).
Outro fator a ser observado é a amplitude total entre os coeficientes de variação
(CVAT = 31% – 18%) com valor igual a 13%, o que indica uma leve divergência do grupo em
relação às avaliações realizadas do tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖.
Após realizadas as análises estatísticas descritivas, foram encaminhados os
resultados obtidos e o instrumento de registro para o grupo de especialistas avaliarem
novamente os indicadores.
Foram necessários 12 dias para obter o retorno dos 16 especialistas. Para os demais
especialistas foram realizados diversas tentativas de contato até o final deste estudo, mas sem
êxito. Com as valorações obtidas dos 16 especialistas realizou-se a análise estatística
descritiva e foi observada a dispersão de respostas, conforme declarado na Figura 15.
Figura 15: Resultado da segunda interação entre pesquisador e os especialistas correspondente às valorações
realizadas pelos 16 especialistas ao tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015).
Observa-se na Figura 15 que o indicador ―Ares‖, em relação à avaliação anterior,
permanece o menor conceito (µ = 7,7; sd = 1,4) atribuído pelos especialistas dentre os demais
indicadores. É possível observar que diminuiu o coeficiente de variação 12%, indicando que
as avaliações dos especialistas realizadas no indicador ―Ares‖ convergiram.
157
Também observou-se na segunda interação com especialistas que a amplitude total
entre os coeficientes de variação passou a ser 10%, o que indica uma confluência das opiniões
do grupo em relação às avaliações realizadas sobre o tema ―Avaliação de pesquisas na área da
Educação‖.
Foram necessários 8 dias para obter o retorno dos 16 especialistas. O breve retorno
das respostas na terceira interação pode ser explicado pelo grupo menor de especialistas.
Portanto, com as valorações obtidas dos 16 especialistas realizou-se análise estatística
descritiva, conforme declarado na Figura 16.
Figura 16: Resultado da terceira interação entre pesquisador e os especialistas correspondente às valorações
realizadas pelos 16 especialistas ao tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015).
Nos resultados apresentados na Figura 16, é possível observar as mesmas conclusões
referentes às avaliações realizadas pelos especialistas em momentos anteriores, onde ―Ares‖
obtivera a menor avaliação dentre os demais, e os indicadores foram avaliados com média 8,0.
Entretanto, é importante observar que a variabilidade das valorizações entre os
indicadores são mais constantes e convergentes, quando comparados com os resultados
anteriores. Analogamente ocorre com as valorações realizadas entre os especialistas.
A amplitude de variação entre os indicadores na última interação com especialistas
resultou em 5%, este resultado foi apresentado aos especialistas, que permaneceram com as
mesmas avaliações realizadas anteriormente.
158
Ao verificar a convergência das avaliações realizadas pelos especialistas, iniciam-se
as análises com os resultados obtidos a partir da última interação com os especialistas. Na
terceira interação obteve-se a variação homogênea e a confluência satisfatória e constante, e a
partir disso organizou-se os registros sistematicamente. (ver Apêndice F)
Ao total desta investigação foram encaminhados seis indicadores denominados de
―Crono‖,‖Héstia‖,‖Eros‖,‖Ares‖,‖Hades‖ e Contribuição, cada um destes recebeu uma
avaliação segundo o critério de cada especialista que variava de ―0‖ a ―10‖. Os procedimentos
de encaminhamento dos questionários foram realizados até obtenção do consenso entre os
especialistas.
Os 16 especialistas que responderam os instrumentos de registros possuem o
coeficiente de competência individual (ki) superior a 0,8, o que, segundo a tabela de
interpretação do grau de competência de cada especialista, possibilita classificá-los com boa
competência para opinar sobre o tema exposto. Os especialistas avaliaram a estrutura de cinco
indicadores individualmente e sua relevância à área da Educação.
Na primeira matriz de registros do fenômeno, na primeira coluna, na segunda linha
da matriz está representado o especialista número 1, que atribui entre ―0‖ a ―10‖, uma
avaliação ―9‖ para o indicador ―Crono‖ e ―7‖, ―10‖, ―7‖, ―7‖, ―9‖ para os indicadores
―Héstia‖, ‖Eros‖, ‖Ares‖, ‖Hades‖ e Contribuição, respectivamente. A mesma observação é
realizada para o último especialista, denominado 16, que atribui entre ―0‖ a ―10‖, uma
avaliação ―9‖ para todos os indicadores. Neste momento, não é possível realizar análises ou
mesmo obter conclusões preliminares do Quadro 28 (Apêndice F). O quadro detalhado dos
resultados possibilita acompanha os procedimentos de triagens.
A partir da elaboração da matriz de registros das opiniões dos especialistas foi
possível construir a tabela de resumo dos registros (Apêndice G).
Na sequência foi possível, através da tabela de resumo dos registros do fenômeno
investigado, obter a tabela de frequência acumulada (Apêndice H). A partir da tabela de
resumo se faz necessário a seguir constituir a tabela de significância (Apêndice I) para
prosseguir com os procedimentos estatísticos para verificar a confluência das valorações.
Com base na tabela de Significância (1 - β) e da Distribuição de Probabilidade da
Normal foi possível determinar o desvio-padrão de cada indicador, considerando cada grau de
valorização atribuído pelos especialistas. Para construir a próxima tabela foi necessário
realizar procedimentos que permitiram a obtenção das marginais da tabela.
O primeiro procedimento realizado foi a interpretação do nível de significância
obtido na tabela Significância ao comparar com a Tabela da Distribuição de Probabilidade da
Normal. A comparação entre a área abaixo da curva da normal observada permitiu definir o
159
desvio das valorações realizadas nos indicadores pelo grupo de especialistas, também
possibilitou definir as marginais da tabela para obtenção dos pontos de corte e abscissais
(Apêndice J).
Baseado nos cálculos declarados no Apêndice J foi possível construir a Tabela 12
constante nos procedimentos de triagem, que permite fundamentar as interpretações dos
resultados obtidos por meio dos registros das valorações do grupo de especialistas.
A seguir, a Tabela 12 apresenta os desvios-padrão (σ) dos indicadores representados
pelas respostas dos especialistas sobre as valorações realizadas sobre o tema ―Avaliação de
pesquisas na área da Educação‖.
Tabela 12: Desvio padrão (σ) dos indicadores representados pelas respostas dos especialistas em relação à
valorização sobre o tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ realizada no segundo semestre de 2015,
considerando cada grau de valorização, baseado na tabela de Significância e tabela de Distribuição de
Probabilidade da Gauss.
Com base na Tabela 12 é possível realizar a interpretação das valorações realizadas
pelos especialistas na última interação.
Considerando o número de valorações determinadas neste estudo e o módulo do
coeficiente de corte [µ(σ)] obtidos com especialistas é possível realizar, baseado no ponto
abscissal, a interpretação das valorações segundo os critérios do grupo de especialistas.
A avaliação realizada pelos especialistas da área da Educação que participaram dos
procedimentos metodológicos para validar o indicador denominado ―Crono‖ por meio dos
procedimentos do Método Delphi atribuído de procedimentos de triagem, permite conhecer o
valor do ponto abscissal de -0,063 (Tabela 12) para o indicador ―Crono‖ que revela uma
perfeita coerência entre os elementos que o estruturam, desse modo, permite concluir que
este estudo é extremamente relevante para a Ciência no âmbito da Educação em Ciências e
Matemática (Figura 17).
160
Figura 17: Resultado das valorações realizadas no indicador ―Crono‖ pelos 16 especialistas através da pesquisa
com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015).
A confluência das valorações realizada dos elementos do indicador ―Crono‖, que por
conseguinte representa o consenso do grupo de especialistas, além de ser avaliado como um
ótimo trabalho, foi unânime o resultado obtido entre os especialistas. A confluência das
respostas dos especialistas resulta na conclusão de que os resultados obtidos no estudo
científico denominado ―Crono‖ declaram a importância dos diálogos entre a cultura local,
cultura acadêmica e escolar, independente do estudo situar-se na educação química, no âmbito
da Educação em Ciências e Matemática. Entretanto, o estudo ―Crono‖ declara que sua
investigação deve prosseguir para possibilitar compreender melhor as relações entre os
saberes locais, científicos e escolares no processo ensino e aprendizagem. Os resultados
declarados no estudo ―Crono‖ reforçam a qualidade e a confiabilidade dos resultados obtidos
pela confluência das valorações realizadas pelos grupo de especialistas fundamentada no
Método Delphi atribuído de procedimentos sistêmicos e estruturados de triagem .
Observa-se que existe uma preocupação em definir qual a característica de
abordagem para realizar um determinado estudo cientifico, muitas vezes desconsidera-se o
mérito e as dificuldades para realizar o trabalho, o seguinte trecho do texto do estudo de
Warde (1990) sobre o papel da pesquisa na Pós-graduação em Educação retrata a preocupação
do pesquisador em definir o tipo de pesquisa realizada.
[...] no âmbito da Educação, mantivemos relações tão confusas com a pesquisa – ou
seja, com a produção científica – que nos saturamos de oscilar entre tantas
orientações e treinar tantos procedimentos e chegamos a esse ponto: logo
imaginamos um interlocutor precipitado a indagar – ―De que tipo de pesquisa
estamos falando? (WARDE, 1990, p.69).
161
É possível observar a preocupação do pesquisador Warde (1990) em delinear a
relevância dos estudos científicos para a Educação. Não é o bastante a problemática ter um
valor localmente, é importante que os pesquisadores defendam com propriedade as reais e
relevantes contribuições de sua proposta para a Ciência no âmbito da Educação. Mas é
comum as teorias construídas nos estudos ficarem atracadas localmente, muitas vezes porque
atenderam anseios somente do pesquisador (WARDE, 1990). Além do estudo ―Crono‖
declarar que o coletivo possibilita conceber propostas interdiscipinares, que os conteúdos
curriculares abordados nas oficinas temáticas são exemplos para o aprimoramento frente às
rigorosas disciplinas escolares e acadêmicas, há necessidade de ações tranversais e
interdisciplinares para superar as práticas docentes conservadoras, também ressalta a
necessidade de considerar as demonstrações realizadas pelos alunos para fundamentar os
aperfeiçoamentos metodológicos e estratégicos no processo ensino e aprendizagem. Por meio
do Método Delphi é possivel confirmar que os resultados do estudo ―Crono‖ são relevantes no
âmbito da Educação em Ciências e Matemática e que os resultados não estão atracados
localmente, apesar de atenderem os anseios do pesquisador, são resultados que podem ser
extrapolados para outras regiões.
Segundo a avaliação realizada pelos especialistas, que participaram dos
procedimentos metodológicos para a validação do estudo científico denominado ―Héstia‖, foi
possível determinar o ponto abscissal de – 0,04 (Tabela 12), com base no Método Delphi com
ensejo dos critérios de triagem, foi possível observar a perfeita coerência entre os elementos
que estruturam o estudo de ―Héstia‖, portanto, um indicador extremamente relevante na área
da Educação em Ciências e Matemática (Figura 18).
Figura 18: Resultado das valorações realizadas no indicador ―Héstia‖ pelos 16 especialistas através da pesquisa
com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015).
162
Isso reforça a qualidade e a confiabilidade dos resultados ao observar os pontos
abscissais dos demais argumentos. Outrossim, através dos procedimentos de triagem não foi
possível afirmar diferenças significativas entre os pontos abscissais dos argumentos ao ponto
de alterar o grau de avaliação realizados pelos especialistas. As confluências das valorações
realizadas pelos especialistas reafirmam os resultados declarados pelo estudo ―Héstia‖, como
a necessidade do professor atual em possuir habilidades de reconhecer as múltiplas demandas
sociais explícitas e implícitas que rompem o ambiente escolar, por conseguinte, torna ainda
mais desafiador ao professor é que as demandas escolares estão relacionadas às características
socioeconômicas, culturais, geográficas de cada região, tornando-as singulares ao mundo.
Ainda nos resultados do estudo ―Héstia‖, observa-se que os professores há mais tempo na
docência, demonstram resistência em aceitar as interferências da cultura globalizada, do
comportamento despojado e das profundas modificações sociais e morais que caracterizam os
tempos pós-modernos, em suas vidas, mesmo que as interferências estejam mescladas em
todas as dimensões de seus contatos socioculturais. E por fim, o professor reflexivo e criativo
pode tornar este ambiente escolar menos desafiador. A avaliação realizada do estudo ―Héstia‖
representa o consenso do grupo de especialistas, onde é possível observar uma avaliação
unanimemente como um ótimo estudo realizado.
A avaliação realizada pelos especialistas no estudo denominado ―Eros‖, é possível
afirmar o ponto abscissal de -0,072 (Tabela 12) fundamentado nos procedimentos do Método
Delphi atribuído dos critérios de triagem, por conseguinte, permite concluir uma perfeita
coerência entre os elementos que estruturam o estudo de ―Eros‖, portanto, é um indicador
extremamente relevante para a área de Educação em Ciências e Matemática (Figura 19).
Figura 19: Resultado das valorações realizadas no indicador ―Eros‖ pelos 16 especialistas através da pesquisa
com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015).
163
Também é possível observar que todos os especialistas avaliaram o estudo
denominado ―Eros‖ como ótimo, do mesmo modo observado nos estudos de ―Crono‖,
―Héstia‖. Ao observar o valor negativo do ponto abscissal, é possível afirmar que este valor
corresponde à unidade estatística de dispersão do conceito atribuído ao argumento ―Eros‖,
desse modo, o Método Delphi atribuído de critérios de triagem, além de verificar a
confluência pontual das valorações, também verifica os elementos que contribuem para
confluência pontual. Outrossim, através da Figura 19 é possível afirmar que não há diferença
na avaliação realizada pelos especialistas em relação ao argumento ―Eros‖ com os demais
argumentos. A avaliação realizada pelos especialistas no estudo de ―Eros‖ reafirma a
necessidade do professor em conhecer e reconhecer o que aluno já sabe e considerar isso no
processo de aprendizagem. Ainda no estudo ‖Eros‖, é declarado que laboratório vivo
contribui significativamente para o processo de aprendizagem, e estabelece relações entre os
conceitos científicos e a realidade. Como em ―Crono‖ e ―Héstia‖, este resultado nos remete
aos resultados que indicam atualmente a necessidade de um professor reflexivo e criativo para
possibilitar a contextualização dos conhecimentos científicos, o que contribui para um
ambiente escolar menos desafiador e mais atraente. Além de considerar e reconhecer os
conhecimentos prévios do aluno. Portanto, com base nos resultados obtidos, e por meio dos
procedimentos de triagem outorgados ao Método Delphi, também é possível validar todos os
procedimentos realizados pelo pesquisador para a concepção e análises dos resultados, bem
como o papel da comunidade científica em avaliar a qualidade do estudo para a publicação.
A avaliação realizada do estudo ―Eros‖ representa o consenso do grupo de
especialistas. Por conseguinte, é possível observar na Tabela 12 que, além de ser avaliado
como um ótimo trabalho, foi unânime entre os especialistas que este entre os 5 argumentos
apresentados foi o mais bem avaliado. Mas, segundo o Método Delphi, os argumentos são
iguais, sobre a ótica dos especialistas. Enfim, a avaliação dos especialistas submetidos aos
procedimentos do Método Delphi reafirma os resultados do estudo denominado ―Eros‖, em
que os conteúdos abordados necessitam de uma integração eficaz entre as disciplinas
específicas e pedagógicas.
O Método Delphi fundamenta os resultados das valorações realizadas do estudo
científico denominado ―Ares‖, desse modo obteve-se um ponto abscissal de 0,034, que
representa perfeita coerência entre os elementos que estruturam o estudo de ―Ares‖, portando,
um indicador extremamente relevante no âmbito da Educação em Ciências e Matemática
(Figura 20). Por conseguinte, fica evidenciada a necessidade de romper com a cultura
fragmentária, influenciada por uma epistemologia positivista em que não se juntam as partes
na mente do aprendiz como se poderia esperar nos dias atuais. Ainda no estudo ―Ares‖,
164
propõe-se uma forma inédita de estruturação dos PPCs na qual as estratégias metodológicas
perpassam pelos eixos articuladores culturais.
Figura 20: Resultado das valorações realizadas no indicador ―Ares‖ pelos 16 especialistas através da pesquisa
com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015).
As valorações realizadas pelos especialistas no estudo científico denominado
―Hades‖ permitem definir o ponto abscissal de -0,027 (Tabela 12), que representa perfeita
coerência entre os elementos que estruturam o estudo de ―Hades‖, de modo que representa o
consenso do grupo de especialistas ao avaliar como um ótimo trabalho, por fim, não
diferencia em qualidade dos demais estudos abordados. Portanto, o indicador denominado
―Hades‖ é extremamente relevante na área da Educação em Ciências e Matemática (Figura
21).
165
Figura 21: Resultado das valorações realizadas no indicador ―Hades‖ pelos 16 especialistas através da pesquisa
com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015).
O Método Delphi atribuído de critérios de triagem reafirma a necessidade de estudos
reflexivos sobre a prática docente para caracterização do processo de aprendizagem, levando
em consideração as ações coletivas para discussões e compartilhamento de conhecimentos.
No estudo de ―Hades‖ o pesquisador resume isso em um movimento de ação-reflexão-escrita.
Isso possibilita a necessidade do professor rever seu posicionamento no processo de
aprendizagem, bem como permite que os demais colegas conheçam o processo e possam
refletir e contribuir para melhorar os processos de aprendizagem. O estudo ―Hades‖ declara
que, para formação de professores de Ciências, é necessário investir na articulação saber
científico/pedagógico/experiencial e compreender o conhecimento docente na inter-relação
desses saberes para o estabelecimento de vínculos entre intervenção e investigação.
A contribuição a ser considerada para os cinco estudos associa-se às valorações que
todos receberam de especialistas que atuam ativamente em interlocução no âmbito da
Educação. Portanto, este fator contribui muito para afirmar a relevância dos argumentos para
Educação em Ciências e Matemática (Figura 22)
166
Figura 22: Resultado das valorações realizadas no indicador Contribuição pelos 16 especialistas através da
pesquisa com tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ (02/2015).
O argumento Contribuição que representa a relevância dos cinco estudos "Crono",
"Héstia", "Eros", "Ares" e "Hades" foi submetido aos procedimentos metodológicos de
triagem atribuídos ao Método Delphi para fundamentar, segundo o critério de avaliação dos
especialistas, o grau de contribuição destes estudos para a Ciência no âmbito da Educação em
Ciências e Matemática. De modo que é possível afirmar, por meio do ponto abscissal com
valor de 0,163 (Tabela 12), que estes estudos são extremamente relevantes para Ciência
(Figura 22).
Os procedimentos metodológicos realizados para avaliar a relevância dos estudos são
extremamente importantes para a Ciência, pois para obter os resultados através dos
procedimentos de triagem, foi necessário mobilizar um grupo de especialistas e, através de um
mediador, ocorreu à articulação entre o grupo. Segundo o estudo sobre a relevância e
aplicabilidade da pesquisa em Educação realizada pela pesquisadora Mazzotti (2001), declara
que independente da abordagem quantitativa, qualitativa ou ambas, um dos problemas
recorrentes nos estudos científicos é a ausência de um grupo de pesquisadores com articulação
e continuidade que favoreçam a produção integrada, de qualidade e consistente. Portanto, os
procedimentos adotados para concepção dos resultados declarados neste estudo contribuem
para estruturação do conhecimento no âmbito da Educação em Ciências e Matemática,
promovido pelo grupo consistente de pesquisadores que detém a competência de argumentar
sobre um determinado tema na esfera da Educação em Ciências e Matemática.
Por fim, os resultados obtidos na tabela do desvio padrão (σ), ao adotar o Método
Delphi atribuído de procedimentos de triagem, podem ser representados para auxiliar nas
interpretações dos resultados de maneira gráfica (Figura 17). A representação gráfica também
167
possibilita verificar a confluência das opiniões dos especialistas em relação ao tema
―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖.
O indicador Contribuição foi o que o mais se afastou dos demais indicadores, quando
observado seu ponto abscissal igual a 0,16 (Tabela 12), entretanto, é possível ter a mesma
conclusão que o indicador ―Hades‖ que possui o menor ponto abscissal observado igual a -
0,027 (Tabela 12), onde se conclui que ambos estão no intervalo em que, segundo a
valorização dos especialistas, indica que são extremamente relevantes os trabalhos abordados
neste estudo para a área da Educação. Através dos critérios de triagem é possível afirmar que
os elementos que estruturam cada um dos 5 indicadores são extremamente relevantes para a
Educação em Ciências e Matemática (Figura 23).
Figura 23: Resultado das valorações realizadas nos 6 indicadores pelos 16 especialistas ao tema ―Avaliação de
pesquisas na área da Educação‖ (02/2015).
Os procedimentos metodológicos do Método Delphi atribuído de critérios de triagem
também são indicados para temas com baixo ou nenhum referencial teórico e sem
historicidade, favorecem a um aprofundamento no tema a cada interação, pois os especialistas
têm a liberdade de propor novas linhas de investigações sobre o tema ao grupo. A proposta de
novas linhas de investigação é apresentada ao grupo de especialistas e somente é dado
continuidade no estudo se ocorrer o consenso do grupo. Estes procedimentos, além de
disseminarem antecipadamente o tema em estudo através dos especialistas, também
priveligiam somente temas relevantes para a comunidade científica e com contribuições
significativas de conhecimento no âmbito da Educação em Ciências e Matemática.
168
Também é indicada a adoção do Método Delphi em estudos descritivos e/ou
exploratórios com deficiência teórico-meodológica, com abordagens superficiais dos temas e
com a preocupação de aplicabilidade dos resultados no estudo, segundo Mazzotti (2001) é
comum observar estudos científicos com insuficiência teórico-meodológica.
169
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que o Método Delphi contíguo
ao procedimento de triagem pode ser adotado para análises de registros e validação de
resultados de estudos no âmbito da Educação em Ciências e Matemática, onde se delimita à
publicação deste trabalho. Do mesmo modo, é possível ser empregado o método em diversas
áreas de conhecimento, com o detalhadamente os cálculos nos Apêndices, além de
disponibilizar no software Excel uma planilha abarcando os procedimentos programados para
acompanhar a convergência do consenso dos especialistas
As estruturas sistêmica e metodológica propostas nos procedimentos do Método
Delphi permitem, eficientemente, analisar os registros obtidos por meio dos questionários e
validar resultados de pesquisas no âmbito da Educação em Ciências e Matemática.
Conclui-se que, através da adoção do Método Delphi atribuído de procedimentos de
triagem, após três interações realizadas com o grupo de especialistas foi possível validar com
tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ os resultados obtidos nos estudos de
doutoramento no âmbito da Educação em Ciências e Matemática. Também foi possível
conhecer a relação entre os elementos que fundamentam os estudos, no que concerne aos
indicadores e à aplicabilidade dos procedimentos de triagem adotados na pesquisa ―Avaliação
de pesquisas na área da Educação‖, por conseguinte, foi possível conhecer a relação dos
resultados obtidos nos trabalhos científicos no âmbito da Educação em Ciências e Matemática
com excelentes resultados fundamentados no Método Delphi atribuído de procedimentos de
triagem.
As descrições declaradas nos quatro elementos: objetivo geral, problema, metodologia,
resultados, segundo os critérios de avaliação dos especialistas, são extremamente relevantes
para estruturar os cinco indicadores ―Crono‖, ‖Héstia‖, ‖Eros‖, ‖Ares‖, ‖Hades‖. Também
conclui-se por meio do indicador Contribuição, que os trabalhos observados são
extremamente relevantes para a área da Educação em Ciências e Matemática.
Ao considerar nesse estudo que os cinco trabalhos de doutoramento previamente
avaliados como aptos à publicação por uma comissão de doutores e pesquisadores do âmbito
da Educação, foi possível reafirmar a avaliação realizada pela comissão. Isso permite concluir
que os trabalhos, antes de serem submetidos a uma comissão, podem ser avaliados por meio
do Método Delphi atribuído de critérios de triagem. Outrossim, observou-se forte relação
entre os resultados obtidos no indicador Contribuição e os resultados dos cinco estudos
publicados na área da Educação em Ciências e Matemática.
170
Com os resultado anteriores foi possível verificar que o método pode ser utilizado para
avaliar e validar resultados de trabalhos realizados não somente na área da Educação, mas em
outras áreas de conhecimento. Durante a realização da pesquisa, as interações entre o
pesquisador e o grupo de especialistas possibilitaram estabelecer atividades de orientações
sobre os procedimentos metodológicos do Método Delphi atribuído de critérios de triagem.
As interações se mostraram extremamente relevantes para viabilização da pesquisa baseada
nos critérios de valorações dos especialistas. Também declara-se que durante as três
interações, o grupo de especialistas foram solícitos e com retorno breve dos questionários. E
para os especialistas que declinaram do estudo durante os procedimentos do método é
esclarecido pelo acúmulo de atividades relacionadas à docência exercidas pelos especialistas.
Portanto, no momento de definir cronograma de pesquisa que empregue especialistas
envolvidos com atividades relacionadas à docência, é relevante evitar os procedimentos de
interações com os especialistas no início e final de semestre ou ano letivo, período em que as
atividades docentes se exacerbam.
Os cinco especialistas que obtiveram coeficiente de competência inferior a 0,8kc,
também receberam instrumentos de registros, igualmente ao especialistas credenciados,
entretanto, afirmaram não se sentirem confiantes em participar da pesquisa e não se
reconheceram como especialistas sobre o tema.
O processo de triagem outorgado ao Método Delphi permitem, através dos seus
procedimentos, permite estabelecer a dispersão das respostas com coeficiente de variação e o
desvio padrão. Outrossim, é possível quantificar e observar o comportamento casuístico e
lógico das avaliações realizadas individualmente e pelo grupo de especialistas.
Também conclui-se que é possível quantificar as dispersões das respostas a cada
interação realizada pelo pesquisador com os especialistas, que possibilita verificar a
confluência das opiniões, conhecer e registrar o nível de confiabilidade dos resultados
obtidos.
Considerando a tese proposta neste estudo, onde o Método Delphi dotado de critérios
de triagem possibilita ao pesquisador conhecer o nível de confiabilidade das análises e
resultados obtidos em estudos científicos que adotam o método, tal como observar a estrutura
de confluência do consenso obtido pela homogeneização das valorações emitidas pelos
especialistas, justifica o desenvolvimento deste estudo, que possibilitou observar que há
décadas o Método Delphi é utilizado para obter resultados relevantes às áreas que o
empregam, entretanto, constatou-se a falta de sistematização dos procedimentos e o
desconhecimento do grau de confiabilidade dos resultados. Porém, com este estudo o Método
Delphi outorgado de critérios de triagem pode ser utilizado com um determinado nível de
171
confiabilidade conhecida em avaliação de registros e validação de resultados de pesquisas no
âmbito da Educação em Ciências e Matemática, o que corrobora com a tese proposta
inicialmente neste estudo.
Neste aspecto, a tese aqui defendida contribui para a metodologia de análise de
registro e validações de investigações na área da Educação em Ciências e Matemática. Ainda
é possível observar que os procedimentos do método atribuído de critérios de triagem
permitem sua adoção em estudos de outras áreas de conhecimento para prospecção, análises
de registros e validações de resultados.
O método, de fato, propiciou a reflexão individual e coletiva de um grupo expressivo
de especialistas. Através das reflexões é possível afirmar que o método pode ser utilizado em
pesquisas com abordagem qualitativa, quantitativa ou ambas em um mesmo estudo. Segundo
o critério de avaliação do grupo de especialistas definidos aleatoriamente, é possível afirmar
com mais de 95% de confiabilidade baseado na distribuição de probabilidade gaussiana que
os estudos de doutoramento concebidos no Programa de Pós Graduação Amazônica de
Educação em Ciências e Matemática – REAMEC são extremamente relevantes no âmbito da
Educação em Ciências e Matemática.
Para estudos futuros um direcionamento proposto é observar o grau de contribuição
dos critérios de triagem relacionados ao conhecimento e competência dos especialistas, tendo
em vista que neste trabalho definiu-se que o grau de conhecimento e competência tem o
mesmo peso de valoração nos procedimentos metodológicos, de acordo com os demais
estudos que adotaram o Método Delphi. Também é sugerido realizar um estudo para
contrapor o Método Delphi atribuído dos critérios de triagem com o Método Delphi
tradicional com objetivo de observar a taxa de confluência das respostas em idênticos temas
investigados.
Neste estudo, do ponto de vista estatístico, adotou-se um nível categórico de resposta
através de uma escala que varia de 0 a 10, para facilitar os procedimentos matemáticos. A
proposta é adotar respostas intervalares e procedimentos de cálculos para aumentar as
possibilidades de respostas, entretanto, para viabilizar os cálculos com adoção desta
preposição a um estudo científico, se faz necessário realizar a implementação dos
procedimentos, deste modo constituir um software.
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186
APÊNDICE
187
APÊNDICE A: Instrumento encaminhado para registrar o grau de conhecimento,
argumentação para definir o grau de competência dos especialistas.
a) Assinale com x o valor que se corresponde com o grau de conhecimento que o senhor tem
em relação com os temas: ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖.
Considere ―0‖ = Desconhece totalmente e ―10‖ = Conhece totalmente
Escala ordinal ao Grau de conhecimento sobre o tema ―Avaliação de pesquisas na área da
Educação‖.
b) Realize uma valoração do grau de influencia que cada uma das fontes que lhe
apresentamos, tem sobre seu conhecimento e critério respeito ao tema ―Avaliação de
pesquisas na área da Educação‖. Para isto assinale com x o valor que corresponda seu
grau de influencia
Valoração do grau de influência sobre o tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação”.
FONTES DE ARGUMENTAÇÃO SEU GRAU DE INFLUÊNCIA ORDINAL
1- Análises teórico realizado por você
sobre o tema.
2- Sua experiência sobre o tema.
3- Conhecimento de trabalhos
referenciados por autores nacionais
sobre o tema.
4- Conhecimento de trabalhos
referenciados por autores
estrangeiros sobre o tema.
5- Seu próprio conhecimento acerca do
tema.
6- Sua intuição sobre o tema.
188
APÊNDICE B: Modelo de instrumento encaminhado para registrar as valorações dos
especialistas.
Pesquisa pelo Método Delphi - ______º Fase
Instrumento de registro dos critérios dos especialistas em relação aos argumentos correlativos
chamados "Crono", "Héstia", "Eros", "Ares" e "Hades".
*Obrigatório
Parte superior do formulário
O gráfico abaixo corresponde às avaliações realizadas pelo grupo professores na __º fase da
pesquisa. Com base nestes resultados solicito que o professor realize novamente suas
avaliações. Ao final do questionário é possível justificar as respostas.
a) Argumento que define o estudo científico "Crono" composto por quatro elementos.
1- Problema É possível cultura local dialogar com saberes acadêmicos e escolares para
potencializar a formação inicial de professores de Química?
2- Objetivo geral Compreender a possibilidade de cultura local dialogar com saberes
acadêmicos e escolares e potencializar a formação inicial de professores de Química a
partir das oficinas temáticas.
3- Metodologias Abordagem qualitativa através de uma pesquisa etnográfica, os
registros do fenômeno foi realizada a partir da observação participante e para
estruturação e realização das entrevistas foram considerados o diário de campo,
câmera fotográfica, filmadora e gravador de voz.
189
4- Resultados a- Conteúdos curriculares abordados nas oficinas temáticas são
exemplos de que precisamos passar pelo processo de transgressão das fronteiras
rígidas das disciplinas escolares e acadêmicas; b- É preciso propor cada vez mais
ações transversais e interdisciplinares para a superação de um ensino, que permite a
reprodução do conhecimento e de práticas docentes conservadoras; c- As
demonstrações realizadas pelos alunos suscitaram nos professores a vontade de
aperfeiçoar metodologias e estratégias de ensino para que os alunos compreendam os
conteúdos da Química, didaticamente transposto na sala de aula e, sobretudo, para
fortalecer práticas pedagógicas; d- É no coletivo que se constrói uma proposta
interdisciplinar. e- Não basta se apropriar dos conhecimentos dos povos indígenas e
das comunidades tradicionais, é necessário torná-los conhecidos na sociedade, em
particular, nas escolas e universidade. f- As Oficinas Temáticas favoreceram os
diálogos entre os cultura local dialogarem com saberes acadêmicos e escolares e os
saberes acadêmicos.
Estimado Professor, segundo o seu critério assinale na escala, como o Senhor considera
a coerência dos elementos do argumento "Crono". *
Considere: 0 = Nenhuma coerência|--------------------------------------|10 = Perfeita coerência
b) Argumento que define o estudo científico "Héstia" composto por quatro elementos.
1 - Problema Como os professores de Ciências percebem suas necessidades formativas
de natureza subjetiva e sociocultural e quais as relações destas com a identidade e o
desenvolvimento profissional?
2 - Objetivo geral Analisar as necessidades formativas de professores de Ciências
através da dimensão psicossocial e suas relações com a identidade, o desenvolvimento
profissional e a formação contínua no contexto da pós-modernidade.
3 - Metodologias Abordagem qualitativa de orientação interpretativa fenomenológica,
também empregou técnicas de observação, questionários e discussões em grupos,
ambos inicialmente estruturados.
190
4 - Resultados a- Identificar necessidade formativas de âmbito subjetivo é elucidar
potencialidades e fraquezas associadas ao querer agir e à possibilidades reais de
realizar, requerendo análise crítica reflexiva e iniciativa de mobilização de ações de
enfrentamento; b- Os professores há mais tempo na docência, demonstraram acirrada
resistência em aceitar as interferências da cultura globalizada, do comportamento
despojado e das profundas modificações sociais e morais que caracterizam os tempos
pós-modernos, em suas vidas, mesmo que esta intervenção esteja mesclada em todas
as dimensões de seus contatos socioculturais.
Estimado Professor, segundo o seu critério assinale na escala, como o Senhor considera
a coerência dos elementos do argumento "Héstia". *
Considere: 0 = Nenhuma coerência|--------------------------------------|10 = Perfeita coerência
c) Argumento que define o estudo científico "Eros" composto por quatro elementos.
1 - Problema Qual o potencial didático-pedagógico da educação científica em
laboratórios vivos (espaços não formais) para o desenvolvimento de aprendizagem
significativa no campo da Botânica?
2 - Objetivo geral Investigar as principais perspectivas didático-pedagógicas da
educação científica em laboratório vivo enquanto espaço não formal que influenciam o
desenvolvimento da aprendizagem significativa de conceitos de Botânica.
3 - Metodologias Abordagem qualitativa através de uma pesquisa com observação
participante. As fontes para contextualizar o fenômeno são de origem de análise
documental e referencial bibliográfico. Para registrar o fenômeno foram realizadas
entrevistas, fotografias.
4 - Resultados a- A estrutura cognitiva dos alunos em relação aos estudos de Botânica
foi se modificando ou se ampliando na medida em que realizavam novas relações
conceituais e proposições de estudos; b- A aprendizagem significativa é influenciada
por variáveis dependentes, também, das conexões que se estabelecem no ato de
ensinar, dos organizadores prévios ou das estratégias que se utilizam, aprofundando
cada vez mais o tema ou assunto, acrescentando novas informações que ao se
sedimentarem formam bases mais alicerçadas e entrelaçadas ávidas para que os novos
conhecimentos encontrem meios de se estabelecerem na estrutura cognitiva do
191
aprendiz. c- Que não basta ter um laboratório vivo rico em material para ensinar
Botânica se os alunos não se sentirem atraídos ou se o professor não souber mediar sua
aula para transformá-la em momentos de encantamento.
Estimado Professor, segundo o seu critério assinale na escala, como o Senhor considera
a coerência dos elementos do argumento "Eros". *
Considere: 0 = Nenhuma coerência|------------------------------------------|10 = Perfeita coerência
d) Argumento que define o estudo científico "Ares" composto por quatro elementos.
1 - Problema O fato de professores e alunos de contextos tão diversos estarem
submetidos a uma mesma sistemática de trabalho poderia influenciar ou mesmo
interferir na situação ensino/aprendizagem? Se positiva a resposta, haveria uma forma
de prevenir possíveis resultados díspares ou buscar maior eficácia no trabalho, visando
otimizar resultados?
2 - Objetivo geral Investigar e compreender como se processava a Formação de
Professores de Biologia em duas Instituições Federais localizadas em regiões de
culturas diferentes e submetidas a uma mesma exigência formativa do Ministério da
Educação e Cultura (MEC).
3 - Metodologias Abordagem quali-quantitativa através da observação participante,
entrevistas, análise documental e com a técnica de Análise de Correspondência.
4 - Resultados a- O curso de Licenciatura não se adéqua às diferentes realidades
brasileiras. b- Necessidade de fiscalização e formatação desses cursos acaba por
moldá-los ou mesmo formatá-los em uma realidade que desconsidera as
peculiaridades que dão propriedade ao nosso país; c- Sobreposição dos aspectos
burocráticos e administrativos sobre os pedagógicos na construção dos PPCs; d-
Conteúdos abordados carecem de uma integração eficaz entre as disciplinas
específicas e pedagógicas; e- Necessidade de romper essa cultura fragmentária,
influenciada por uma epistemologia positivista em que não se juntam as partes na
mente do aprendiz como se poderia esperar; f- Proposta de uma forma inédita de
estruturação dos PPCs, que sai de uma esfera eminentemente técnica para uma esfera
técnica-social-psicológica. Trata-se de um procedimento de pesquisa de elaboração
lenta e artesanal, muito diferente dos projetos efetuados com rapidez e êxito, por
192
visarem, apenas, a concatenação das leis e conteúdos e que estão voltados
simplesmente para a legalização dos cursos pretendidos.
Estimado Professor, segundo o seu critério assinale na escala, como o Senhor considera
a coerência dos elementos do argumento "Ares". *
Considere: 0 = Nenhuma coerência|------------------------------------------|10 = Perfeita coerência
e) Argumento que define o estudo científico "Hades" composto por quatro elementos.
1 - Problema Em que aspectos o estagio com pesquisa, sustentado
epistemologicamente na concepção de professor pesquisador, contribui no
desenvolvimento da educação científica de professores de Ciências em formação
inicial, favorecendo a emergência de conhecimentos para enfrentar os desafios do
trabalho docente?
2 - Objetivo geral Compreender em que aspectos o estagio com pesquisa, sustentado
epistemologicamente na concepção de professor pesquisador, contribui no
desenvolvimento da educação científica de professores de Ciências em formação
inicial, favorecendo a emergência de conhecimentos para enfrentar os desafios do
trabalho docente.
3 - Metodologias Abordagem qualitativa através de pesquisa-ação dividida em quatro
fases: o diagnóstico, concepção do plano de ação, implementação do plano de ação e
por fim avaliação e interpretação de forma reflexiva. Os registros foram realizados por
meio de gravações em áudio e vídeo, anotações de campo, diários reflexivos e
relatórios de estagio, submetidos a Análise Textual Discursiva.
4 - Resultados a- A formação de professores de Ciências necessita investir na
articulação saber científico/pedagógico/experiencial e compreender o conhecimento
docente na inter-relação desses saberes para o estabelecimento de vínculos entre
intervenção e investigação; b- O estagio com pesquisa, na formação inicial de
professores de Ciências, é um dos principais canais provocadores de condições para o
domínio de instrumentos de produção de conhecimento do trabalho docente; c- A
educação científica vai além da internalização de conceitos relativos às ciências, pois,
na formação de professores, implica também o domínio de procedimentos e o
desenvolvimento de atitudes como condição para enfrentar os desafios da docência.
193
Estimado Professor, segundo o seu critério assinale na escala, como o Senhor considera
a coerência dos elementos do argumento "Hades". *
Considere: 0 = Nenhuma coerência|------------------------------------------|10 = Perfeita coerência
Os argumentos "Crono", "Héstia", "Eros", "Ares" e "Hades" apresentados
anteriormente contribuem para a Ciência na área da Educação. *
Considere: 0 = Nenhuma contribuição|-----------------------------------|10 = Perfeita contribuição
a) Considerações que o senhor julgar necessário:
b) Estimado professor, digite seu e-mail por gentileza. *
194
APÊNDICE C: Biografia do autor deste trabalho.
Nerio Aparecido Cardoso, filho de Valdir Cardoso e Onilda
da Aparecida Cardoso. Nasceu em 17 de setembro de 1976, em
Araucária, região Metropolitana de Curitiba - PR.
Em 1991 iniciou a formação no ensino médio e 1995 obteve
o curso Técnico em Edificações pelo Colégio Estadual do Paraná –
CEP. Desenvolveu atividades administrativas e de campo relacionadas
ao curso até 1999.
Em 1999 iniciou a graduação de Bacharelado em Estatística
na Universidade Federal do Paraná – UFPR, graduou-se em 2004.
Desenvolve atividades administrativas e de campo relacionadas a
graduação até os dias atuais.
Em 2006 iniciou a especialização em Tecnologia da
Informação na Universidade Federal do Paraná – UFPR, defendeu a
monografia em 2008 com tema relacionados a conteúdos estatísticos,
desenvolve atividades de pesquisa relacionadas à formação até os dias
atuais.
Em 2006 iniciou o Mestrado em Produção Vegetal na
Universidade Federal do Paraná – UFPR, defendeu a dissertação em
2008 com tema relacionados a conteúdos estatísticos. Desenvolve
atividades de pesquisa administrativas e de campo relacionadas à área
a partir de 2005 até os dias atuais.
Em 2012 iniciou o doutoramento no Programa de Pós-
Graduação em Educação em Ciências e Matemática –
PPGECEM/REAMEC que se constitui por uma Rede Amazônica de
Educação em Ciências e Matemática representada pela Universidade
Federal de Mato Grosso – UFMT, Universidade Federal do Pará –
UFPA e Universidade do Estado do Amazonas – UEA e desenvolve
tema relacionado a método de pesquisa fundamentado com conteúdos
estatísticos.
195
APÊNDICE D: Principais repositórios nacionais e internacionais de estudos científicos.
Quadro 27: Repositórios de estudo científicos nacionais e internacionais, acessado gratuitamente em 2015, com
maior frequência de trabalhos da área da Educação.
NACIONAIS
Nomes Endereço eletrônico 1 Educação
Universidade Federal de Santa Catarina –
UFSC
http://pergamum.ufsc.br/pergamum/b
iblioteca/index.php
8766
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – CAPES http://www1.capes.gov.br/bdteses/ 6281
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
– UFRGS http://www.lume.ufrgs.br/ 1479
INTERNACIONAIS
Nomes Endereço eletrônico 1 Educação
Universidade de Lisboa – CDE http://www.rcaap.pt/ 22340
Tesis Doctorales de Cataluña - TDC@t http://www.tdcat.cesca.es/ 5704
Universities in Great Britain and Ireland –
PROQUEST
http://www.proquest.com/products-
services/pqdt_uk_ireland.html
3193
1 Quantidade de estudos científicos relacionados ao termo indexador ―Educação‖ utilizado como filtro.
196
APÊNDICE E: Plano para constituir amostra.
Tabela 13: Plano para compor amostra das possíveis pessoas a serem especialistas na pesquisa que adota o
Método Delphi dotado de critérios de triagem, realizada em 2015 com tema ―Avaliação de Pesquisas na área da
Educação‖
TENTATIVA DESCRIÇÃO QUANTIDADE
PR
IME
IRA
Total de envio 86
Retorno primeiro dia 25
Retorno segundo dia 9
Retorno entre terceiro ao sétimo dia 12
Retorno de caixa mensagem lotada -6
Retorno dos que não poderiam participar -5
Subtotal de aproveitamento 46
SE
GU
ND
A
Total de envio 29
Retorno primeiro dia 2
Retorno segundo dia 0
Retorno entre terceiro ao sétimo dia 2
Retorno de caixa mensagem lotada -6
Retorno dos que não poderiam participar 0
Subtotal de aproveitamento 4
TOTAL DE APROVEITAMENTO 50
197
APÊNDICE F: Matriz de registros do fenômeno.
Quadro 28: Primeira matriz de registros do fenômeno, após definida a confluência das opiniões dos
especialistas com relação as valorações realizadas sobre o tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖
realizada no segundo semestre de 2015.
Especialista “Crono” “Hestia” “Eros” “Ares” “Hades” Contribuição
1 9 7 10 7 7 9
2 8 5 5 5 5 5
3 9 8 9 7 10 9
4 8 7 9 8 7 9
5 8 9 6 7 8 4
6 9 8 7 7 9 9
7 9 9 9 9 9 9
8 8 6 8 5 8 7
9 10 9 9 8 9 10
10 8 9 8 10 9 7
11 7 8 9 7 8 7
12 5 7 8 9 9 9
13 6 10 8 9 5 7
14 9 9 9 9 9 9
15 8 8 8 7 8 9
16 9 9 9 9 9 9
O Quadro 28 é o resultado obtido na última interação com especialistas. Este quadro
representa o grau de valorização entre ―0‖ a ―10‖, discriminada por indicador, realizada pelos
16 especialistas segundo seus critérios.
198
APÊNDICE G: Resumo dos registros do fenômeno.
Tabela 14: Resumo dos registros do fenômeno investigado, após a construção da matriz de registros das
respostas dos especialistas em relação valorização sobre o tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖
realizada no segundo semestre de 2015.
CONCEITOS
INDICADORES 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 SOMA
“Crono” 1 6 6 1 1 1 0 0 0 0 0 16
“Héstia” 1 6 4 3 1 1 0 0 0 0 0 16
“Eros” 1 7 5 1 1 1 0 0 0 0 0 16
“Ares” 1 5 2 6 0 2 0 0 0 0 0 16
“Hades” 1 7 4 2 0 2 0 0 0 0 0 16
Contribuição 1 9 0 4 0 1 1 0 0 0 0 16
SOMA 6 40 21 17 3 8 1 0 0 0 0
A Tabela 15 é possível observar a escala de 10 até 0 das valorações disponível no
instrumento de registro. Na primeira coluna a indicação dos seis indicadores ―Crono‖,
‖Héstia‖, ‖Eros‖, ‖Ares‖, ‖Hades‖ e Contribuição.
Também se observa a frequência dos conceitos atribuídos pelos especialistas entre as
escalas de valorização. A exemplo, a maior frequência observada no estudo foi a escala 9,
com 40 indicações independente dos indicadores. Na última coluna da tabela anterior,
observa-se um total de 16 em cada linha, que corresponde ao total de especialistas, e na última
linha é indicado o somatório das valorações dos indicadores, a exemplo, é possível observar
que entre as valorações 0 à 3, nenhum especialista atribui conceito.
Na segunda linha indicada pelo ―Crono‖ é possível observar que um especialista
atribuiu uma valorização com valor igual a ―10‖, na próxima coluna foram 6 especialistas
atribuíram valorização igual com o valor igual a ―9‖, e na coluna de valorização de valor igual
a ―0‖, que não foi observado nenhum registro dos especialistas que atribuíssem tal valor aos
argumentos.
199
APÊNDICE H: Tabela de frequência acumulada dos registros do fenômeno.
Tabela 15: Frequência acumulada, a partir da tabela resumo dos registros das respostas dos especialistas em
relação valorização sobre o tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖ realizada no segundo semestre
de 2015.
CONCEITOS
INDICADORES 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
“Crono” 1 7 12 13 14 15 15 16 16 16 16
“Héstia” 0 5 9 12 13 14 15 15 16 16 16
“Eros” 1 8 13 14 15 16 16 16 16 16 16
“Ares” 2 7 8 14 14 16 16 16 16 16 16
“Hades” 1 8 12 14 14 16 16 16 16 16 16
Contribuição 1 10 10 14 14 15 16 16 16 16 16
SOMA 6 45 64 81 84 92 94 95 96 96 96
200
APÊNDICE I: Tabela de nível de significância para cada indicador, considerando a cada
valorização.
Tabela 16: Significância (1 - β), construída a partir da tabela de frequência acumulada dos registros das
respostas dos especialistas em relação valorização sobre o tema ―Avaliação de pesquisas na área da Educação‖
realizada no segundo semestre de 2015.
CONCEITOS
INDICADOR 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
“Crono” 0,063 0,438 0,750 0,813 0,875 0,938 0,938 1,000 1,000 1,000 1,000
“Héstia” 0,000 0,313 0,563 0,750 0,813 0,875 0,938 0,938 1,000 1,000 1,000
“Eros” 0,063 0,500 0,813 0,875 0,938 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000
“Ares” 0,125 0,438 0,500 0,875 0,875 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000
“Hades” 0,063 0,500 0,750 0,875 0,875 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000
Contribuição 0,063 0,625 0,625 0,875 0,875 0,938 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000
201
APÊNDICE J: Tabela de cálculos para a concepção das marginais da tabela do desvio
padrão (Σ).
A seguir apresenta-se os cálculos para a concepção das marginais da tabela do desvio
padrão (σ).
Para obter ∑σ, realizou-se as somas de cada σ que compõe a linha do indicador,
como segue:
∑σ para o indicador ―Crono‖:
= σ1,0 + σ1,1 + σ1,2 + σ1,3 + σ1,4 + σ1,5 + σ1,6 + σ1,7 + σ1,8 + σ1,9 + σ1,10 =
3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 +1,87+ 1,54 + 1,32 + 0,58 + 0,08 = 28,79
Aonde esta representado pelo desvio padrão do indicador ―Crono‖ observado na
primeira linha com intervalo discreto entre 0 a 10 valorações disponibilizadas aos
especialistas.
∑σ para o indicador ―Héstia‖:
= σ2,0 + σ2,1 + σ2,2 + σ2,3 + σ2,4 + σ2,5 + σ2,6 + σ2,7 + σ2,8 + σ2,9 + σ2,10 =
3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 1,87 + 1,54 + 1,02 + 0,58 + 0,08 = 28,49
Aonde esta representado pelo desvio do indicador ―Héstia‖ observado na
segunda linha com intervalo discreto entre 0 a 10 valorações disponibilizadas aos
especialistas.
∑σ para o indicador ―Eros‖:
= σ3,0 + σ3,1 + σ3,2 + σ3,3 + σ3,4 + σ3,5 + σ3,6 + σ3,7 + σ3,8 + σ3,9 + σ3,10 =
3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 1,87 +1,54 + 1,32 + 0,68+ 0,08 = 28,89
Aonde concerne o desvio do indicador ―Eros‖ observado na terceira linha com
intervalo discreto entre 0 a 10 valorações disponibilizadas aos especialistas.
∑σ para o indicador ―Ares‖:
= σ4,0 + σ4,1 + σ4,2 + σ4,3 + σ4,4 + σ4,5 + σ4,6 + σ4,7 + σ4,8 + σ4,9 + σ4,10 =
3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 1,54 + 1,54 + 0,68 + 0,49 + 0,08 = 27,73
202
Aonde refere-se ao desvio do indicador ―Ares‖ observado na quarta linha com
intervalo discreto entre 0 a 10 valorações disponibilizadas aos especialistas.
∑σ para o indicador ―Hades‖:
= σ5,0 + σ5,1 + σ5,2 + σ5,3 + σ5,4 + σ5,5 + σ5,6 + σ5,7 + σ5,8 + σ5,9 + σ5,10 =
3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 1,54 + 1,54 + 1,16 + 0,68 + 0,08 = 28,40
Aonde diz respeito ao desvio do indicador ―Hades‖ na quinta linha com intervalo
discreto entre 0 a 10 valorações disponibilizadas aos especialistas.
∑σ para o indicador ―Contribuição‖:
= σ6,0 + σ6,1 + σ6,2 + σ6,3 + σ6,4 + σ6,5 + σ6,6 + σ6,7 + σ6,8 + σ6,9 + σ6,10 =
3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 1,87 + 1,54 + 1,54 + 0,89 + 0,89 + 0,08 = 26,31
Aonde concerne o desvio do indicador ―Contribuição‖ na sexta linha com
intervalo discreto entre 0 a 10 valorações disponibilizadas aos especialistas.
Para obter os valores correspondentes a coluna representada por µ‘(σ) foi necessário
calcular a média dos ∑σ em razão do número de valorações disponíveis para os especialistas
escolherem, a seguir os cálculos com base nos valores da próxima tabela.
µ‘(σ) para o indicador ―Crono‖:
µ‘(σ)1 = = = 2,617
Aonde µ‘(σ)1 representa a média dos desvios do indicador ―Crono‖ na primeira linha,
em razão de 11 valorações.
µ‘(σ) para o indicador ―Héstia‖:
µ‘(σ)2 = = = 2,590
Aonde µ‘(σ)2 representa a média dos desvios do indicador ―Héstia‖ na segunda linha,
em razão de 11 valorações.
µ‘(σ) para o indicador ―Eros‖:
203
µ‘(σ)3 = = = 2,626
Aonde µ‘(σ)3 representa a média dos desvios do indicador ―Eros‖ na terceira linha,
em razão de 11 valorações.
µ‘(σ) para o indicador ―Ares‖:
µ‘(σ)4 = = = 2,521
Aonde µ‘(σ)4 representa a média dos desvios do indicador ―Ares‖ na quarta linha, em
razão de 11 valorações.
µ‘(σ) para o indicador ―Hades‖:
µ‘(σ)5 = = = 2,582
Aonde µ‘(σ)5 representa a média dos desvios do indicador ―Hades‖ na quinta linha,
em razão de 11 valorações.
µ‘(σ) para o indicador ―Contribuição‖:
µ‘(σ)6 = = = 2,392
Aonde µ‘(σ)6 representa a média dos desvios do indicador ―Hades‖ na sexta linha,
em razão de 11 valorações.
Para conhecer N da tabela 11 foi necessário realizar cálculos segundo a equação N =
, aonde n é igual o produto entre o número de indicadores e número de classes de
valorações disponíveis ao especialista para registrar.
N = = =
= = = 2,366
204
Para encontrar os pontos abscissais (Pa), que sustenta as conclusões, seguiu-se os
seguintes procedimentos de cálculo:
1) O ponto abscissal (Pa) para o indicador ―Crono‖:
(Pa)1 = = = - 0,063
2) O ponto abscissal (Pa) para o indicador ―Héstia‖:
(Pa)2 = = = - 0,035
3) O ponto abscissal (Pa) para o indicador ―Eros‖:
(Pa)3 = = = - 0,072
4) O ponto abscissal (Pa) para o indicador ―Ares‖:
(Pa)4 = = = 0,034
5) O ponto abscissal (Pa) para o indicador ―Hades‖:
(Pa)5 = = = - 0,027
6) O ponto abscissal (Pa) para o indicador Contribuição:
(Pa)6 = = = 0,163
Os últimos valores calculados foram os desvios em relação ao grau de valorização
definidos no estudo. Com esses valores definiu-se os pontos de corte [µ (σ)] entre os graus de
valorações previamente definido pelo pesquisador.
1) Aonde µ (σ)10 representa o ponto de corte para a valorização ―10‖.
µ (σ)10 = = =
205
= = = 0,08
2) Aonde µ (σ)9 representa o ponto de corte para a valorização ―9‖.
µ (σ)9 = = =
= = = 0,65
3) Aonde µ (σ)8 representa o ponto de corte para a valorização ―8‖.
µ (σ)8 = = =
= = = 1,07
4) Aonde µ (σ)7 representa o ponto de corte para a valorização ―7‖.
µ (σ)7 = = =
= = =1,54
5) Aonde µ (σ)6 representa o ponto de corte para a valorização ―6‖.
µ (σ)6 = = =
= = = 1,71
6) Aonde µ (σ)5 representa o ponto de corte para a valorização ―5‖.
µ (σ)5 = = =
= = = 3,56
7) Aonde µ (σ)4 representa o ponto de corte para a valorização ―4‖.
206
µ (σ)4 = = =
= = = 3,90
8) Aonde µ (σ)3 representa o ponto de corte para a valorização ―3‖.
µ (σ)3 = = =
= = = 3,90
9) Aonde µ (σ)2 representa o ponto de corte para a valorização ―2‖.
µ (σ)2 = = =
= = = 3,90
10) Aonde µ (σ)1 representa o ponto de corte para a valorização ―1‖.
µ (σ)1 = = =
= = = 3,90
11) Aonde µ (σ)0 representa o ponto de corte para a valorização ―0‖.
µ (σ)0 = = =
= = = 3,90
207
APÊNDICE K: Tabela generalizada do nível de significância (1 - β) das valorações dos
especialistas.
Tabela 17: Definição do nível de significância (1 - β) das valorações dos especialistas, construída a partir da
tabela de frequência acumulada dos registros do fenômeno investigado.
1CONCEITOS
2INDi 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Ind1
(FV1,10)
/z
(FV1,9
+
FV1,10)
/z
(FV1,8
+
FV1,9
+
FV1,10)
/z
(FV1,7
+
FV1,8
+
FV1,9
+
FV1,10)
/z
(FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV1,9
+
FV1,10)
/z
(FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV1,9
+
FV1,10)
/z
(FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV1,9
+
FV1,10)
/z
(FV1,3
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV1,9
+
FV1,10)
/z
(FV1,2
+
FV1,3
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV1,9
+
FV1,10)
/z
(FV1,1
+
FV1,2
+
FV1,3
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV1,9
+
FV1,10)
/z
(FV1,0
+
FV1,1
+
FV1,2
+
FV1,3
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV1,9
+
FV1,10)
/z
Ind2
FV2,10 FV2,9
+
FV2,10)
/z
FV1,8
+
FV2,9
+
FV2,10)
/z
FV1,7
+
FV1,8
+
FV2,9
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV2,9
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,3
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV2,2
+
FV1,3
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV2,1
+
FV2,2
+
FV1,3
+
FV1,4
+
FV2,0
+
FV2,1
+
FV2,2
+
FV1,3
+
208
Tabela 8: Definição do nível de significância (1 - β) das valorações dos especialistas, construída a partir da
tabela de frequência acumulada dos registros do fenômeno investigado.
+
FV2,10)
/z
+
FV2,10)
/z
+
FV2,9
+
FV2,10)
/z
+
FV1,8
+
FV2,9
+
FV2,10)
/z
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV2,9
+
FV2,10)
/z
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV2,9
+
FV2,10)
/z
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV2,9
+
FV2,10)
/z
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FV2,9
+
FV2,10)
/z
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Indn
(FVn,10)
/z
(FVn,9
+
FVn,10)
/z
(FV1,8
+
FVn,9
+
FVn,10)
/z
(FV1,7
+
FV1,8
+
FVn,9
+
FVn,10)
/z
(FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FVn,9
+
FVn,10)
/z
(FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FVn,9
+
FVn,10)
/z
( FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FVn,9
+
FVn,10)
/z
(FV1,3
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FVn,9
(FVn,2
+
FV1,3
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
+
FVn,9
(FVn,1
+
FVn,2
+
FV1,3
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
+
FV1,8
(3FVn,0
+
FVn,1
+
FVn,2
+
FV1,3
+
FV1,4
+
FV1,5
+
FV1,6
+
FV1,7
209
Tabela 8: Definição do nível de significância (1 - β) das valorações dos especialistas, construída a partir da
tabela de frequência acumulada dos registros do fenômeno investigado.
+
FVn,10)
/z
+
FVn,10)
/z
+
FVn,9
+
FVn,10)
/z
+
FV1,8
+
FVn,9
+
FVn,10)
/z
1Escala [10,...,0] de valorações discretas disponíveis no instrumento de registro; 2Indicadores selecionados para
fundamentar o tema investigado, com i = 1,..., n.; 3Frequência acumulada da valorização atribuída ao indicador
pelos especialista, com i = 1,..., n.; z = número de especialistas.
Os valores registrados na Tabela 8 representam uma área abaixo da curva da
Distribuição de Probabilidade da Normal que corresponde ao nível de significância (1 - β) das
valorações dos especialistas.
210
ANEXO
211
ANEXO 1: Tabela da Distribuição de Probabilidade da Distribuição de Gauss para P(Z<z).
P(Z<z)
z 0,0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09
0,0 0,5000 0,5040 0,5080 0,5120 0,5160 0,5199 0,5239 0,5279 0,5319 0,5359
0,1 0,5398 0,5438 0,5478 0,5517 0,5557 0,5596 0,5636 0,5675 0,5714 0,5753
0,2 0,5793 0,5832 0,5871 0,5910 0,5948 0,5987 0,6026 0,6064 0,6103 0,6141
0,3 0,6179 0,6217 0,6255 0,6293 0,6331 0,6368 0,6406 0,6443 0,6480 0,6517
0,4 0,6554 0,6591 0,6628 0,6664 0,6700 0,6736 0,6772 0,6808 0,6844 0,6879
0,5 0,6915 0,6950 0,6985 0,7019 0,7054 0,7088 0,7123 0,7157 0,7190 0,7224
0,6 0,7257 0,7291 0,7324 0,7357 0,7389 0,7422 0,7454 0,7486 0,7517 0,7549
0,7 0,7580 0,7611 0,7642 0,7673 0,7704 0,7734 0,7764 0,7794 0,7823 0,7852
0,8 0,7881 0,7910 0,7939 0,7967 0,7995 0,8023 0,8051 0,8078 0,8106 0,8133
0,9 0,8159 0,8186 0,8212 0,8238 0,8264 0,8289 0,8315 0,8340 0,8365 0,8389
1,0 0,8413 0,8438 0,8461 0,8485 0,8508 0,8531 0,8554 0,8577 0,8599 0,8621
1,1 0,8643 0,8665 0,8686 0,8708 0,8729 0,8749 0,8770 0,8790 0,8810 0,8830
1,2 0,8849 0,8869 0,8888 0,8907 0,8925 0,8944 0,8962 0,8980 0,8997 0,9015
1,3 0,9032 0,9049 0,9066 0,9082 0,9099 0,9115 0,9131 0,9147 0,9162 0,9177
1,4 0,9192 0,9207 0,9222 0,9236 0,9251 0,9265 0,9279 0,9292 0,9306 0,9319
1,5 0,9332 0,9345 0,9357 0,9370 0,9382 0,9394 0,9406 0,9418 0,9429 0,9441
1,6 0,9452 0,9463 0,9474 0,9484 0,9495 0,9505 0,9515 0,9525 0,9535 0,9545
1,7 0,9554 0,9564 0,9573 0,9582 0,9591 0,9599 0,9608 0,9616 0,9625 0,9633
1,8 0,9641 0,9649 0,9656 0,9664 0,9671 0,9678 0,9686 0,9693 0,9699 0,9706
1,9 0,9713 0,9719 0,9726 0,9732 0,9738 0,9744 0,9750 0,9756 0,9761 0,9767
2,0 0,9772 0,9778 0,9783 0,9788 0,9793 0,9798 0,9803 0,9808 0,9812 0,9817
2,1 0,9821 0,9826 0,9830 0,9834 0,9838 0,9842 0,9846 0,9850 0,9854 0,9857
2,2 0,9861 0,9864 0,9868 0,9871 0,9875 0,9878 0,9881 0,9884 0,9887 0,9890
2,3 0,9893 0,9896 0,9898 0,9901 0,9904 0,9906 0,9909 0,9911 0,9913 0,9916
2,4 0,9918 0,9920 0,9922 0,9925 0,9927 0,9929 0,9931 0,9932 0,9934 0,9936
2,5 0,9938 0,9940 0,9941 0,9943 0,9945 0,9946 0,9948 0,9949 0,9951 0,9952
2,6 0,9953 0,9955 0,9956 0,9957 0,9959 0,9960 0,9961 0,9962 0,9963 0,9964
2,7 0,9965 0,9966 0,9967 0,9968 0,9969 0,9970 0,9971 0,9972 0,9973 0,9974
2,8 0,9974 0,9975 0,9976 0,9977 0,9977 0,9978 0,9979 0,9979 0,9980 0,9981
2,9 0,9981 0,9982 0,9982 0,9983 0,9984 0,9984 0,9985 0,9985 0,9986 0,9986
3,0 0,9987 0,9987 0,9987 0,9988 0,9988 0,9989 0,9989 0,9989 0,9990 0,9990
3,1 0,9990 0,9991 0,9991 0,9991 0,9992 0,9992 0,9992 0,9992 0,9993 0,9993
3,2 0,9993 0,9993 0,9994 0,9994 0,9994 0,9994 0,9994 0,9995 0,9995 0,9995
3,3 0,9995 0,9995 0,9995 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9997
3,4 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9998
3,5 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998
3,6 0,9998 0,9998 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999
3,7 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999
3,8 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999
3,9 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000
212
ANEXO 1: Tabela da Distribuição de Probabilidade da Distribuição de Gauss para P(Z < z).
P(Z < z)
z 0,0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09
0,0 0,5000 0,4960 0,4920 0,4880 0,4840 0,4801 0,4761 0,4721 0,4681 0,4641
-0,1 0,4602 0,4562 0,4522 0,4483 0,4443 0,4404 0,4364 0,4325 0,4286 0,4247
-0,2 0,4207 0,4168 0,4129 0,4090 0,4052 0,4013 0,3974 0,3936 0,3897 0,3859
-0,3 0,3821 0,3783 0,3745 0,3707 0,3669 0,3632 0,3594 0,3557 0,3520 0,3483
-0,4 0,3446 0,3409 0,3372 0,3336 0,3300 0,3264 0,3228 0,3192 0,3156 0,3121
-0,5 0,3085 0,3050 0,3015 0,2981 0,2946 0,2912 0,2877 0,2843 0,2810 0,2776
-0,6 0,2743 0,2709 0,2676 0,2643 0,2611 0,2578 0,2546 0,2514 0,2483 0,2451
-0,7 0,2420 0,2389 0,2358 0,2327 0,2296 0,2266 0,2236 0,2206 0,2177 0,2148
-0,8 0,2119 0,2090 0,2061 0,2033 0,2005 0,1977 0,1949 0,1922 0,1894 0,1867
-0,9 0,1841 0,1814 0,1788 0,1762 0,1736 0,1711 0,1685 0,1660 0,1635 0,1611
-1,0 0,1587 0,1562 0,1539 0,1515 0,1492 0,1469 0,1446 0,1423 0,1401 0,1379
-1,1 0,1357 0,1335 0,1314 0,1292 0,1271 0,1251 0,1230 0,1210 0,1190 0,1170
-1,2 0,1151 0,1131 0,1112 0,1093 0,1075 0,1056 0,1038 0,1020 0,1003 0,0985
-1,3 0,0968 0,0951 0,0934 0,0918 0,0901 0,0885 0,0869 0,0853 0,0838 0,0823
-1,4 0,0808 0,0793 0,0778 0,0764 0,0749 0,0735 0,0721 0,0708 0,0694 0,0681
-1,5 0,0668 0,0655 0,0643 0,0630 0,0618 0,0606 0,0594 0,0582 0,0571 0,0559
-1,6 0,0548 0,0537 0,0526 0,0516 0,0505 0,0495 0,0485 0,0475 0,0465 0,0455
-1,7 0,0446 0,0436 0,0427 0,0418 0,0409 0,0401 0,0392 0,0384 0,0375 0,0367
-1,8 0,0359 0,0351 0,0344 0,0336 0,0329 0,0322 0,0314 0,0307 0,0301 0,0294
-1,9 0,0287 0,0281 0,0274 0,0268 0,0262 0,0256 0,0250 0,0244 0,0239 0,0233
-2,0 0,0228 0,0222 0,0217 0,0212 0,0207 0,0202 0,0197 0,0192 0,0188 0,0183
-2,1 0,0179 0,0174 0,0170 0,0166 0,0162 0,0158 0,0154 0,0150 0,0146 0,0143
-2,2 0,0139 0,0136 0,0132 0,0129 0,0125 0,0122 0,0119 0,0116 0,0113 0,0110
-2,3 0,0107 0,0104 0,0102 0,0099 0,0096 0,0094 0,0091 0,0089 0,0087 0,0084
-2,4 0,0082 0,0080 0,0078 0,0075 0,0073 0,0071 0,0069 0,0068 0,0066 0,0064
-2,5 0,0062 0,0060 0,0059 0,0057 0,0055 0,0054 0,0052 0,0051 0,0049 0,0048
-2,6 0,0047 0,0045 0,0044 0,0043 0,0041 0,0040 0,0039 0,0038 0,0037 0,0036
-2,7 0,0035 0,0034 0,0033 0,0032 0,0031 0,0030 0,0029 0,0028 0,0027 0,0026
-2,8 0,0026 0,0025 0,0024 0,0023 0,0023 0,0022 0,0021 0,0021 0,0020 0,0019
-2,9 0,0019 0,0018 0,0018 0,0017 0,0016 0,0016 0,0015 0,0015 0,0014 0,0014
-3,0 0,0013 0,0013 0,0013 0,0012 0,0012 0,0011 0,0011 0,0011 0,0010 0,0010
-3,1 0,0010 0,0009 0,0009 0,0009 0,0008 0,0008 0,0008 0,0008 0,0007 0,0007
-3,2 0,0007 0,0007 0,0006 0,0006 0,0006 0,0006 0,0006 0,0005 0,0005 0,0005
-3,3 0,0005 0,0005 0,0005 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0003
-3,4 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0002
-3,5 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002
-3,6 0,0002 0,0002 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001
-3,7 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001
-3,8 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001
-3,9 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
213
ANEXO 2: Tabela da Distribuição de Probabilidade da Distribuição de T- Student.
Distribuição t de Student
Gl
Teste Unilateral
15% 10% 5% 2,5% 2% 1% 0,5% 0,1% 0,05%
Teste Bilateral
30% 20% 10% 5% 4% 2% 1% 0,2% 0,1%
1 1,9626 3,0777 6,3137 12,7062 15,8945 31,8210 63,6559 318,2888 636,5776
2 1,3862 1,8856 2,9200 4,3027 4,8487 6,9645 9,9250 22,3285 31,5998
3 1,2498 1,6377 2,3534 3,1824 3,4819 4,5407 5,8408 10,2143 12,9244
4 1,1896 1,5332 2,1318 2,7765 2,9985 3,7469 4,6041 7,1729 8,6101
5 1,1558 1,4759 2,0150 2,5706 2,7565 3,3649 4,0321 5,8935 6,8685
6 1,1342 1,4398 1,9432 2,4469 2,6122 3,1427 3,7074 5,2075 5,9587
7 1,1192 1,4149 1,8946 2,3646 2,5168 2,9979 3,4995 4,7853 5,4081
8 1,1081 1,3968 1,8595 2,3060 2,4490 2,8965 3,3554 4,5008 5,0414
9 1,0997 1,3830 1,8331 2,2622 2,3984 2,8214 3,2498 4,2969 4,7809
10 1,0931 1,3722 1,8125 2,2281 2,3593 2,7638 3,1693 4,1437 4,5868
11 1,0877 1,3634 1,7959 2,2010 2,3281 2,7181 3,1058 4,0248 4,4369
12 1,0832 1,3562 1,7823 2,1788 2,3027 2,6810 3,0545 3,9296 4,3178
13 1,0795 1,3502 1,7709 2,1604 2,2816 2,6503 3,0123 3,8520 4,2209
14 1,0763 1,3450 1,7613 2,1448 2,2638 2,6245 2,9768 3,7874 4,1403
15 1,0735 1,3406 1,7531 2,1315 2,2485 2,6025 2,9467 3,7329 4,0728
16 1,0711 1,3368 1,7459 2,1199 2,2354 2,5835 2,9208 3,6861 4,0149
17 1,0690 1,3334 1,7396 2,1098 2,2238 2,5669 2,8982 3,6458 3,9651
18 1,0672 1,3304 1,7341 2,1009 2,2137 2,5524 2,8784 3,6105 3,9217
19 1,0655 1,3277 1,7291 2,0930 2,2047 2,5395 2,8609 3,5793 3,8833
20 1,0640 1,3253 1,7247 2,0860 2,1967 2,5280 2,8453 3,5518 3,8496
21 1,0627 1,3232 1,7207 2,0796 2,1894 2,5176 2,8314 3,5271 3,8193
22 1,0614 1,3212 1,7171 2,0739 2,1829 2,5083 2,8188 3,5050 3,7922
23 1,0603 1,3195 1,7139 2,0687 2,1770 2,4999 2,8073 3,4850 3,7676
24 1,0593 1,3178 1,7109 2,0639 2,1715 2,4922 2,7970 3,4668 3,7454
25 1,0584 1,3163 1,7081 2,0595 2,1666 2,4851 2,7874 3,4502 3,7251
26 1,0575 1,3150 1,7056 2,0555 2,1620 2,4786 2,7787 3,4350 3,7067
27 1,0567 1,3137 1,7033 2,0518 2,1578 2,4727 2,7707 3,4210 3,6895
28 1,0560 1,3125 1,7011 2,0484 2,1539 2,4671 2,7633 3,4082 3,6739
29 1,0553 1,3114 1,6991 2,0452 2,1503 2,4620 2,7564 3,3963 3,6595
30 1,0547 1,3104 1,6973 2,0423 2,1470 2,4573 2,7500 3,3852 3,6460
35 1,0520 1,3062 1,6896 2,0301 2,1332 2,4377 2,7238 3,3400 3,5911
40 1,0500 1,3031 1,6839 2,0211 2,1229 2,4233 2,7045 3,3069 3,5510
50 1,0473 1,2987 1,6759 2,0086 2,1087 2,4033 2,6778 3,2614 3,4960
60 1,0455 1,2958 1,6706 2,0003 2,0994 2,3901 2,6603 3,2317 3,4602
120 1,0409 1,2886 1,6576 1,9799 2,0763 2,3578 2,6174 3,1595 3,3734
+ 1,0364 1,2816 1,6449 1,9600 2,0537 2,3264 2,5758 3,0902 3,2905
214
ANEXO 3: Função para cálculo do Desvio-Padrão.
Função 1: Coeficiente de dispersão denominado desvio-padrão.
s = estimativa do coeficiente de dispersão denominado de desvio-padrão;
n = tamanho da amostra;
xi = x - ésimo valor observado no fenômeno;
µ = Média do fenômeno observado;
i = i – ésima posição do valor observado no fenômeno, variando de 0, 1, 2, 3, ....
215
ANEXO 4: Função para cálculo do Coeficiente de Variação (%).
Função 2: Coeficiente de Variação.
CV = Coeficiente de Variação apresentado em percentual
s = estimativa do coeficiente de dispersão denominado de desvio-padrão;
µ = Média do fenômeno observado.
216
ANEXO 5: Funções para cálculo do tamanho da amostra.
Composição baseada na Função de Cochran para uma amostra aleatória simples para uma
população infinita.
Função 3: Cálculo para amostra de população infinita.
η = Tamanho da amostral para população infinita
P = Probabilidade de sucesso = 0,5
Q = Probabilidade de fracasso = 0,5
α = Nível de 95% de confiabilidade, corresponde ―Z‖95%α = 1,96 na Distribuição de Gauss.
ε = erro admitido nas estimativas = 0,05 = 5%
A Função de Cochran é adotada quando não é possível definir a dimensão da
população. Entretanto se for possível definir o tamanho da população é realizada uma
correção de cálculos através da função a seguir:
Composição baseada na Função de Cochran para uma amostra aleatória simples para uma
população finita.
Função 4: Cálculo correção amostra de população finita.
N = Tamanho populacional
η = Tamanho da amostral para população infinita
η‘ = Tamanho da amostral para população finita
217
ANEXO 6: Função para cálculo do Coeficiente de Argumentação Individual (KA) do
especialista.
Função 5: Cálculo do Coeficiente de Argumentação Individual (ka).
Aonde:
ka = Coeficiente de Argumentação do especialista;
F1 = Análises teóricas realizadas pelo especialista sobre o tema;
F2 = Experiência do especialista sobre o tema;
F3 = Conhecimento de trabalhos referenciados por autores nacionais sobre o tema;
F4 = Conhecimento de trabalhos referenciados por autores estrangeiros sobre o tema;
F5 = Conhecimento do especialista acerca do tema;
F6 = Intuição do especialista sobre o tema.
218
ANEXO 7: Função para cálculo do Coeficiente de Competência Individual de cada
especialista (KI).
Função 6: Coeficiente de Competência Individual de cada especialista
Aonde:
ki = Coeficiente de Competência do i-ésimo especialista;
kc = Coeficiente de Conhecimento do i-ésimo especialista;
kA = Coeficiente de Argumentação do i-ésimo especialista;
i = i variando de 1, 2,..., n;
n = tamanho da amostra
219
ANEXO 8: Função para cálculo do Coeficiente de Consenso da Competência dos
especialistas (Kµ).
Função 7: Coeficiente de Consenso da Competência dos Especialistas (kµ)
Onde:
kµ = Coeficiente de Consenso de Competência dos especialistas;
n = tamanho do grupo de especialistas selecionado para participar do estudo;
ki = k - ésimo competência do especialista participante do estudo;
i = i – ésima posição dos especialistas, variando de 0, 1, 2, 3, ..., n
220
ANEXO 9: Função para cálculo do Coeficiente de Dispersão Padrão da Competência do
Grupo de especialistas (KµΣ).
Função 8: Coeficiente de Dispersão Padrão da Competência do Grupo de especialistas (kµσ).
Onde:
= estimativa do coeficiente de dispersão de um desvio-padrão da competência do grupo
de especialistas;
n = tamanho do grupo de especialistas selecionado para participar das interações do grupo;
ki = k - ésimo competência do especialista participante das interações do grupo;
kµ = Tendência central do coeficiente de competência dos especialistas;
i = i – ésima posição dos especialistas, variando de 0, 1, 2, 3, .....
221
ANEXO 10: Função Distribuição de Probabilidade Gaussiana, X ~ N (µ, Σ2).
Sendo X uma variável aleatória tem distribuição ―N‖ de Gauss com média µ e
dispersão σ2, considerando que o coeficiente de competência do especialista seja x, denota-se
x ~ N (µ, σ2), sendo a função representada pela seguinte relação:
Função 9: Distribuição de Probabilidade Gaussiana, x ~ N (µ, σ2),
Para condição de existência da relação para uma distribuição padrão:
. Quando µ = 0 e σ2 = 1
Onde:
= Função de Distribuição de Probabilidade de Gauss;
3,145 valor de pi;
x = ki = Estimativa do coeficiente de competência do especialista;
= Desvio padrão = deslocamento do coeficiente de competência em relação à kµ;
n = Tamanho do grupo de especialistas selecionado para participar das interações do grupo;
= Variância = Dispersão da estimativa do coeficiente de competência;
= kµ = Tendência central do coeficiente de competência dos especialistas.
222
ANEXO 11: Função Limites de Dispersão da Estimativa do Coeficiente de Competência,
para um grupo igual ou maior do que trinta especialistas (ICC).
Função 10: Limites de dispersão da estimativa do coeficiente de competência, para um grupo
igual ou maior do que trinta especialistas.
Onde:
= limites de dispersão da estimativa do coeficiente de competência
= valor de Z inferior padronizado do desvio-padrão em relação à estimativa do
coeficiente de competência do especialista padronizada encontrado na Tabela de Distribuição
de Probabilidade de Gauss;
= valor superior de Z padronizado do desvio-padrão em relação à estimativa do
coeficiente de competência padronizado do especialista encontrado na Tabela de Distribuição
de Probabilidade de Gauss;
n = tamanho do grupo de especialistas selecionado para participar das interações do grupo;
ki = k - ésimo competência do especialista participante das interações do grupo;
kµ = Tendência central do coeficiente de competência dos especialistas;
i = i – ésima posição dos especialistas, variando de 0, 1, 2, 3, .....
= nível de significância, representa o % de erro que o pesquisador se permite em
assumir.
223
ANEXO 12: Função Distribuição de Probabilidade de Student, X ~ TΝ (µ, Σ2).
Função 11: Função Distribuição de Probabilidade de Student, x ~ tν (µ, σ2)
Para condição de existência da relação:
Aonde:
= Função de Distribuição de Probabilidade de T- Student;
3,145 valor de pi;
x = ki = Estimativa do Coeficiente de Competência do Especialista;
= Graus de liberdade dado por ―n – 1‖;
n = Tamanho do grupo de especialistas selecionado para participar das interações do grupo;
= Dispersão da estimativa do coeficiente de competência;
= kµ = Tendência central do coeficiente de competência dos especialistas;
= Função Gamma, n!, para n :
224
ANEXO 13: Cálculo do Limites de Dispersão da Estimativa do Coeficiente de Competência,
para um grupo menor do que trinta especialistas (ICCT).
Função 12: Limites de dispersão da estimativa do Coeficiente de Competência, para um
grupo menor do que trinta especialistas (ICct).
Onde:
= limites de dispersão da estimativa do Coeficiente de Competência
= valor de t inferior padronizado do desvio-padrão em relação à estimativa do
Coeficiente de Competência do especialista padronizada encontrado na Tabela de
Distribuição de Probabilidade de T-Student;
= valor de t superior padronizado do desvio-padrão em relação à estimativa do
Coeficiente de Competência do especialista padronizada encontrado na Tabela de
Distribuição de Probabilidade de T-Student;
n = tamanho do grupo de especialistas selecionado para participar das interações do grupo;
ki = k - ésimo competência do especialista participante das interações do grupo;
kµ = Tendência central do Coeficiente de Competência dos especialistas;
i = i – ésima posição dos especialistas, variando de 0, 1, 2, 3, ...;
= nível de significância, representa o % de erro que o pesquisador se permite em
assumir.
225
ANEXO 14: Cálculo Coeficiente de Variação do kµ do grupo de especialistas (CVKµ).
Função 13: Função resumida do Coeficiente de Variação do kµ do grupo de especialistas
(CVkµ).
CVkµ = Coeficiente de Variação do Consenso da Competência do Grupo de especialistas;
kµσ = Coeficiente de Dispersão Padrão da Competência do Grupo de especialistas;
kµ = Coeficiente de Consenso da Competência do Grupo de especialistas.
Ou, detalhadamente:
Função 14: Função detalhada do Coeficiente de Variação do kµ do grupo de especialistas.
CVkµ = Coeficiente de Variação do Consenso da Competência do Grupo de especialistas;
n = tamanho do grupo de especialistas selecionado para participar das interações do grupo;
ki = k - ésimo competência do especialista participante das interações do grupo;
kµ = Tendência central do Coeficiente de Competência dos especialistas;
i = i – ésima posição dos especialistas, variando de 0, 1, 2, 3, ...
226
ANEXO 15: Cálculo Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos (RIQC).
Função 15: Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos.
RIQc = Coeficiente de Relação de Indicadores Qualitativos;
n = quantidade total de especialistas que participam da investigação;
R = resposta entre 0 e 1 do especialista i.
i = especialista i, variando de 1 a n.
227
ANEXO 16: Cálculo Coeficiente de Determinação da Relação de Indicadores Qualitativos
(RIQC2).
Função 16: Coeficiente de Determinação da Relação de Indicadores Qualitativos.
= Coeficiente de Determinação da Relação de Indicadores Qualitativos;
n = quantidade total de especialistas que participam da investigação;
R = resposta entre 0 e 1 do especialista i.
i = especialista i, variando de 1 a n.
228
ANEXO 17: Detalhamento para elaborar as marginais tabela dos desvios (Σ)
A seguir são apresentados os passos para construir as marginais da tabela de desvios
que fundamenta as conclusões do pesquisador sobre o consenso das valorações realizadas
pelo grupo de especialistas inseridos nos procedimentos de triagem.
Para obter ∑σ, é necessário realizar as somas de cada σ que compõe a linha do
indicador, como segue:
∑σ para o indicador Ind1:
= σ1,0 + σ1,1 + σ1,2 + σ1,3 + σ1,4 + σ1,5 + σ1,6 + σ1,7 + σ1,8 + σ1,9 + σ1,10
Aonde representa desvio do indicador Ind1 na primeira linha, variando i
valorações.
∑σ para o indicador Ind2:
= σ2,0 + σ2,1 + σ2,2 + σ2,3 + σ2,4 + σ2,5 + σ2,6 + σ2,7 + σ2,8 + σ2,9 + σ2,10 =
Onde representa desvio do indicador Ind2 na segunda linha, variando i
valorações.
∑σ para o indicador Ind3:
= σ3,0 + σ3,1 + σ3,2 + σ3,3 + σ3,4 + σ3,5 + σ3,6 + σ3,7 + σ3,8 + σ3,9 + σ3,10 =
3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 3,90 + 1,87 +1,54 + 1,32 + 1,16 + 0,68+ 0,08 = 28,89
Onde representa desvio do indicador Ind3 na terceira linha, variando i valorações.
Segue a mesma lógica de cálculo até o Indn, portanto:
∑σ para o indicador Indn:
= σ4,0 + σ4,1 + σ4,2 + σ4,3 + σ4,4 + σ4,5 + σ4,6 + σ4,7 + σ4,8 + σ4,9 + σ4,10 =
Onde representa desvio do indicador Indn na n linha, variando i valorações.
229
Para obter os valores correspondentes à coluna representada por µ‘(σ) é necessário
calcular a média dos ∑σ em razão do número de valorações disponíveis para os especialistas
expor suas opiniões.
A seguir exemplos dos cálculos com base nos valores da tabela de desvios:
µ‘(σ) para o indicador Ind1:
µ‘(σ)1 =
Onde µ‘(σ)1 representa a média dos desvios do indicador Ind1 na primeira linha, em
razão de 11 valorações que variam de 10 a 0.
µ‘(σ) para o indicador Ind2:
µ‘(σ)2 =
Onde µ‘(σ)2 representa a média dos desvios do indicador Ind2 na segunda linha, em
razão de 11 valorações.
µ‘(σ) para o indicador Ind3:
µ‘(σ)3 =
Onde µ‘(σ)3 representa a média dos desvios do indicador Ind3 na terceira linha, em
razão de 11 valorações.
µ‘(σ) para o indicador Ind4:
µ‘(σ)4 =
Onde µ‘(σ)4 representa a média dos desvios do indicador Ind4 na quarta linha, em
razão de 11 valorações.
Portanto segue a mesma lógica de cálculo até µ‘(σ)n
µ‘(σ)n para o indicador Indn:
µ‘(σ)n =
230
Onde µ‘(σ)n representa a média dos desvios do indicador Indn na enésima linha, em
razão de 11 valorações.
Para conhecer N da Tabela 11 é necessário o pesquisador realizar os cálculos
baseado na seguinte função:
Função 17: Calculo de N‘ da tabela dos desvios (σ).
N‘ = =
Onde n‘ é igual ao produto entre o número de indicadores e número de classes de
valorações disponíveis ao especialista para registrar.
O ponto abscissal (Pa) é um parâmetro que sustenta as conclusões do pesquisador
para definir o grau de relevância dos indicadores em relação ao tema do estudo.
A seguir, os procedimentos para definir os pontos abscissais:
1) O ponto abscissal (Pa) para o indicador Ind1:
(Pa)1 = ;
2) O ponto abscissal (Pa) para o indicador Ind2:
(Pa)2 = ;
3) O ponto abscissal (Pa) para o indicador Ind3:
(Pa)3 = ;
4) O ponto abscissal (Pa) para o indicador Ind4:
(Pa)4 = ;
A mesma lógica de cálculos segue para os demais pontos abscissal até (Pa)n;
5) O ponto abscissal (Pa) para o indicador Indn:
(Pa)n = ;
231
Os últimos valores a serem calculados pelo pesquisador são os desvios em
considerando o número de valorações definido pelo pesquisador. Os valores representados por
[µ (σ)] definem os pontos de corte para cada grau de valorização que variam entre ―10‖ a ―0‖
definidos previamente pelo pesquisador.
A seguir, a demonstração para se obter os pontos de corte [µ (σ)] considerando as
respostas do grupo de especialistas para as 11 possíveis atribuições de valorações:
1) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―10‖.
µ (σ)10 =
Onde µ (σ)10 representa o ponto de corte para a valorização ―10‖.
2) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―9‖.
µ (σ)9 =
Onde µ (σ)9 representa o ponto de corte para a valorização ―9‖.
3) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―8‖.
µ (σ)8 =
Onde µ (σ)8 representa o ponto de corte para a valorização ―8‖.
4) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―7‖.
µ (σ)7 =
Onde µ (σ)7 representa o ponto de corte para a valorização ―7‖.
5) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―6‖.
µ (σ)6 =
Onde µ (σ)6 representa o ponto de corte para a valorização ―6‖.
6) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―5‖.
232
µ (σ)5 =
Onde µ (σ)5 representa o ponto de corte para a valorização ―5‖.
7) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―4‖.
µ (σ)4 =
Onde µ (σ)4 representa o ponto de corte para a valorização ―4‖.
8) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―3‖.
µ (σ)3 =
Onde µ (σ)3 representa o ponto de corte para a valorização ―3‖.
9) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―2‖.
µ (σ)2 =
Onde µ (σ)2 representa o ponto de corte para a valorização ―2‖.
10) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―1‖.
µ (σ)1 =
Onde µ (σ)1 representa o ponto de corte para a valorização ―1‖.
11) Ponto de corte [µ (σ)] para a valorização ―0‖.
µ (σ)0 =
Onde µ (σ)0 representa o ponto de corte para a valorização ―0‖.