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METODOLOGIA DE GESTÃO DE PROCESSOS ESTRATÉGICOS NO GOVERNO DE … · de uma questão de ganhos de...
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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF – 16, 17 e 18 de abril de 2013
METODOLOGIA DE GESTÃO DE PROCESSOS ESTRATÉGICOS NO GOVERNO DE MINAS GERAIS
Matheus Sales de Albuquerque Cunha
Rodrigo Guerra Furtado Raphael Vasconcelos Amaral Rodrigues
Kamila Pagel de Oliveira
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Painel 14/054 Análise de risco, valor e processos estratégicos no governo de MG
METODOLOGIA DE GESTÃO DE PROCESSOS ESTRATÉGICOS
NO GOVERNO DE MINAS GERAIS
Matheus Sales de Albuquerque Cunha Rodrigo Guerra Furtado
Raphael Vasconcelos Amaral Rodrigues Kamila Pagel de Oliveira
RESUMO O presente artigo analisa a implementação da metodologia de monitoramento dos Processos Estratégicos do Estado de Minas Gerais no que tange às características do modelo, desafios, assim como restrições e oportunidades referentes à realidade da Administração Pública mineira. Analisa, neste contexto, o surgimento da necessidade de realização do monitoramento dos Processos Estratégicos e a metodologia desenvolvida e em implementação sob a ótica da literatura especializada. Como conclusão, discute os desafios referentes ao intento, como o controle orçamentário dos processos; o desenvolvimento de indicadores de desempenho alinhados com os planos estratégicos; a alocação dos gerentes; os aspectos da transversalidade dos Processos Estratégicos em uma estrutura hierarquicamente estruturada; o desafio da paulatina mudança na cultura organizacional do Estado; a importância dos resultados no curto prazo para a continuidade e desenvolvimento do monitoramento; o controle de custos; além do risco oriundo da inversão das etapas sistematicamente organizadas pela metodologia tradicional de gerenciamento de processos. Tem-se, a partir deste estudo, subsídios para futuros trabalhos sobre o tema.
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1 INTRODUÇÃO
É constante a demanda no setor público por atualizações em seus
métodos de gestão, de forma a adequá-los às estruturas organizacionais mais
recentes que o contexto socioeconômico impõe. Esta adequação não trata apenas
de uma questão de ganhos de eficiência e produtividade, mas também de
sobrevivência em um cenário que apresenta um limite prático e teórico cada vez
mais tênue entre setor público e setor privado na dinâmica da sociedade
globalizada. Dessa forma, para que o Estado possa exercer sua finalidade perante
esta, faz-se mister que suas organizações estejam consistentemente inseridas em
tal dinâmica, de forma a conseguir suprir as demandas sociais que são inseridas em
sua agenda a partir de um autogerenciamento eficiente.
Dentro deste contexto, uma das temáticas que mais ensejam o
desenvolvimento de novos trabalhos e estudos, bem como o interesse das principais
organizações em todo o mundo é a do gerenciamento de processos, culminando
inclusive na gestão por processos. Esta metodologia já é inclusive apontada como
uma tecnologia crítica a ser adotada pelas organizações nos dias atuais
(ELOGROUP, 2011).
Com o intuito de se inserir com qualidade neste cenário apresentado, o
Poder Executivo do Estado de Minas Gerais, a partir de uma perspectiva gerencial
de Estado, tem conferido maior ênfase ao gerenciamento de seus processos. Assim,
a pesquisa a ser desenvolvida neste trabalho tem como foco a consolidação da nova
metodologia de Monitoramento dos Processos Estratégicos no Setor Público,
especificamente no Poder Executivo de Minas Gerais, a partir da experiência que
está sendo realizada pela Subsecretaria de Gestão da Estratégia Governamental
(SUGES) da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG).
Dessa forma, o problema que este trabalho visa compreender é “quais os
principais pontos críticos e desafios deverão ser superados para que se consolide a
implementação da metodologia de monitoramento dos processos estratégicos do
Estado, a partir das singularidades da Administração Pública de Minas Gerais?”.
Para responder a esta pergunta, admite-se que o correto entendimento
acerca da temática envolve a necessidade da apresentação do desenvolvimento
histórico do gerenciamento de processos no poder executivo mineiro. Com esta
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contextualização feita, será possível compreender a metodologia que está sendo
implementada, bem como seus impactos e limites, de forma a inseri-la nos desafios
que a realidade do setor público envolve. Admite-se ainda que os aspectos desta
realidade podem ser reconstruídos a partir de diferentes perspectivas de atores que
participaram da construção desta metodologia. Este trabalho analítico cíclico deve
ser contínuo, de forma a proporcionar uma constante aprendizagem e a formação de
um banco de boas práticas e de conhecimento específico para o setor público no
âmbito da gestão de processos.
2 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é analisar a implementação de uma
metodologia consistente para o monitoramento dos processos estratégicos do
Governo, que seja capaz de aliar exigências da dinâmica atual das organizações
com as restrições e oportunidades singulares do setor público mineiro.
Para alcançar este objetivo, realizou-se neste trabalho a apresentação
dos principais conceitos referentes ao gerenciamento de processos utilizados nas
diversas estruturas organizacionais, tanto do setor público quanto do setor privado.
Este é o subsídio teórico para que se defina e entenda o objeto de estudo do
gerenciamento de processos. Em seguida, foi ilustrado o marco institucional sob o
qual está imersa a metodologia de monitoramento de processos estratégicos, para
que, com isso, seja demonstrado o cenário que regulamenta, e, portanto, delimita a
configuração do intento em questão.
A partir disso, realizou-se uma pesquisa sobre como surgiu a necessidade
de atuação da SEPLAG, e, consequentemente, do Núcleo Central de Gestão
Estratégica de Projetos e Desempenho Institucional (NCGERAES) no âmbito do
monitoramento dos processos estratégicos, analisando inclusive o que já foi feito
neste período de intervenção no que diz respeito à implementação da concepção
atual de processos estratégicos no setor público. Em seguida é apresentada a
proposta de metodologia de monitoramento dos processos estratégicos do poder
executivo mineiro que será utilizada como base para implementação desta
ferramenta.
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Por fim, tendo em vista o que já foi realizado e as perspectivas do que
pode ser feito considerando as peculiaridades do setor público mineiro, apresentam-
se considerações analíticas referentes aos principais obstáculos e desafios que se
apresentam para a implementação da metodologia em consolidação. Pretende-se,
com isso, estabelecer pontos críticos que mereçam uma reflexão mais profunda para
que o Estado possa caminhar com relação ao gerenciamento de seus processos
estratégicos, e, por via de consequência, desenvolver-se em relação ao paradigma
gerencialista que envolve as principais organizações públicas ao redor do mundo.
3 METODOLOGIA
Este trabalho é compreendido como uma pesquisa de caráter
exploratório, já que o objeto de estudo remete a um problema de pesquisa ainda não
explorado por outros trabalhos acadêmicos. Sobre este tipo de pesquisa, diz-se que
é realizado sobre uma questão que ainda não foi alvo de estudos anteriores, de
maneira a reduzir o escopo de informações disponíveis, que lhe confere o caráter de
descoberta (HAIR ET AL, 2005).
Os objetivos estabelecidos para este artigo foram alcançados por meio de
técnicas de pesquisa que incluem pesquisa bibliográfica, entrevistas com roteiro
semiestruturado, além de pesquisa participante e documental.
Dessa forma, foi inicialmente realizada uma pesquisa bibliográfica com as
principais referências sobre o gerenciamento de processos, a fim de identificar os
conceitos de maior relevância no que diz respeito aos aspectos teóricos que
subsidiam a implementação de metodologias de monitoramento de processos
estratégicos utilizados tanto no setor privado, quanto no setor público. Assim, foram
utilizadas tanto referências da literatura tradicional, como manuais doutrinários mais
consagrados, quanto referências a guias copilados de experiências práticas do setor
público, bem como artigos de revistas digitais especializadas no assunto.
Para ilustrar o marco institucional que regulamenta a proposta de
metodologia de monitoramento de processos estratégicos analisada neste trabalho,
realizou-se pesquisa de caráter documental referente a materiais tanto de circulação
interna da SEPLAG, quanto a documentos públicos externos. Isto foi realizado com
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o intuito de proporcionar uma aproximação maior e mais consistente da forma com a
qual está se configurando a gestão de processos no executivo mineiro. Assim,
utilizou-se o organograma da SEPLAG para entendimento de sua estrutura
funcional, bem como os decretos que a regulamenta. Além disso, valeu-se dos
planos estratégicos de médio e longo prazo, bem como de documentos a eles
referentes com o intento de revelar a macro estratégia de governo, e nesta localizar
os processos estratégicos da Administração Pública do Estado de Minas Gerais.
Para o entendimento sobre o surgimento da necessidade de atuação da
SEPLAG no âmbito da gestão de processos estratégicos, e, consequentemente, do
NCGERAES no que se refere ao monitoramento destes, foi realizada pesquisa
também de cunho documental, recorrendo a registros internos da referida
Secretaria.
Quanto à pesquisa de campo, optou-se pelo uso de entrevistas neste
estudo por ser este um método capaz de trazer dados significativos que estão além
das fontes documentais disponíveis, além de conferir informações mais precisas,
comprováveis pelo próprio confronto entre estas (MARCONI & LAKATOS, 1996).
Com relação às entrevistas, estas podem ser classificadas como de caráter
semiestruturado, pois contam com roteiros que apontam diretrizes para as
respostas, em oposição às entrevistas menos estruturadas que são conduzidas de
modo espontâneo (GIL, 1987).
Atenta-se para o fato de que, para fins deste trabalho, entende-se como
pontos críticos os aspectos que podem ser indicados como de maior relevância nos
impactos do gerenciamento de processos, relacionando-se diretamente com os
principais desafios a serem superados pela gestão desta implementação.
Faz-se importante ressaltar que os objetivos referidos foram alcançados
ainda pela metodologia participativa registrada a partir da participação dos
pesquisadores em reuniões referentes à definição dos moldes sobre os quais foi
implementada a estrutura do monitoramento dos processos estratégicos no
executivo mineiro. Estas participações datam do período referente a cinco meses
entre os anos de 2011 e 2012.
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4 REVISÃO DA LITERATURA
Para iniciar-se a compreensão e contextualização do tema em estudo,
faz-se imprescindível a delimitação e o entendimento sobre alguns conceitos, dentre
os quais se destaca primeiramente o conceito de “processo organizacional”. Um
princípio intuitivo e de comum acordo entre a literatura parte do entendimento deste
termo como referência ao conjunto de atividades organizadas no ambiente de
trabalho a fim de se obter um determinado produto ou resultado. Este entendimento
é firmado a partir das obras devidamente referenciadas, citam-se neste intentos as
de Abrucio (2005), Paim, (2002) e Moura (2002), além do conceito fornecido pelo
guia “Project Management Body of Knowledge” (PMBOK).
4.1 Processos Organizacionais
Apesar dos processos em si já estarem presentes nas organizações em
períodos muito anteriores, em termos de estudos organizacionais, a literatura
referente ao conceito de Processos Organizacionais surgiu no final da década de 80,
e início da década de 90 do século passado, com o intento de maximizar o valor final
do cliente (RIBEIRO, 2011). Deste período, surge, portanto, definições como a de
Harrigton, que define processos como: “grupo de tarefas que tem interligação lógica
baseada no uso de recursos da empresa para gerar determinados resultados
consistentes com seus objetivos” (HARRIGTON et al, 1991 apud OLIVEIRA, 2007, p.
9).” Esta mesma linha de entendimento pode ser evidenciada em outra citação de
Oliveira, desta vez referente ao conceito de Johansson, que data do mesmo período,
determinando processo como um “conjunto de atividades interligadas capazes de
transformar um insumo de forma a criar um produto ou serviço visando agregar
valor” (JOHANSSON et al, 1993 apud OLIVEIRA, 2007, p. 9).
Observa-se, deste modo, que o conceito de processos envolve atividades
coordenadas ligadas a um objetivo final pretendido, sendo este o centro de todas as
demais conceituações do termo.
Dessa forma, Zarifian assim conceitua processo como:
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[...] Uma cooperação de atividades distintas para a realização de um objetivo global, orientado para o cliente final que lhes é comum. Um processo é repetido de maneira recorrente dentro da empresa. A um processo correspondem: um desempenho (performance), que formaliza seu objetivo global (um nível de qualidade, um prazo de entrega, etc..); Uma interdependência das atividades do processo, durante sua duração; Uma co-responsabilidade dos atores nesta organização, com relação ao desempenho global; Uma responsabilidade local de cada grupo de atores ao nível de sua própria atividade. (ZARIFIAN, 1994, apud SALERNO, 1999, p. 105)
Como visto, destacam-se certos elementos de maior relevância para a
configuração do conceito como a cooperação, a integração, a repetição, a existência
de um objetivo global e a orientação para o cliente final. Dentre estes elementos
centrais do conceito de processo releva-se para a administração a importância da
integração coordenada entre os diferentes membros e unidades da organização, de
maneira que todos se orientem para o seu resultado global.
Tendo em vista todos estes conceitos apresentados, é possível definir o
termo processo organizacional, para termos deste trabalho, como sendo o conjunto
de atividades planejadas, executadas de modo recorrente e coordenado, com o
intuito de transformar determinados insumos em produtos físicos, serviços ou
informações, de acordo com os objetivos específicos de uma organização.
4.2 Processo x Projeto
Neste contexto, torna-se imprescindível a distinção conceitual entre
processos e projetos, tanto para consolidar-se o entendimento sobre aqueles,
quanto para delimitá-lo em oposição a estes, evitando com isso a confusão
conceitual que possui reflexos práticos na gestão de ambos os tipos de atividades.
Assim, é importante a análise do conceito de projeto, que, de acordo
como Project Management Institute (PMI), é “[...] um esforço temporário
empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza
temporária indica um início e um término definidos [...] não significa necessariamente
de curta duração.” (PMI, 2009, p.11) Já fazendo uma referência aos processos, o
guia aduz “um esforço de trabalho contínuo é geralmente um processo porque
segue os procedimentos existentes dentro de uma organização.” (PMI, 2009, p.11)
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Desta maneira, observa-se que tanto o projeto, quanto o processo, dizem
respeito a um conjunto de atividades ordenadas que possuem início e fim
determinados. No entanto, o processo possui um caráter muito mais rotineiro, ligado
às atividades diárias que se repetem normalmente na organização em um horizonte
temporal muito mais extenso, sem previsão de extinção. Já o projeto, é constituído
com a finalidade de realizar uma só entrega final, de caráter exclusivo, com prazo
definido.
4.3 Processos Estratégicos
A partir da percepção desta distinção, que se acentuou na medida em que
o paradigma gerencialista passou a se consolidar no setor público mineiro, foi
possível criar um foco voltado exclusivamente para a gestão dos processos. No
entanto, há de se observar que os processos não possuem natureza única,
destacando-se dentro de uma organização, devido à sua importância para o alcance
dos principais objetivos desta, aqueles que são identificados como processos
estratégicos.
Em uma organização existem diversos tipos de processos, com
abrangências diferentes, ligados a setores distintos. Alguns destes são
microprocessos, restritos a atividades muito específicas, de reduzido impacto, que
envolvem poucos atores. Já outros, os macroprocessos, são grandes processos,
marcados principalmente pela transversalidade de suas atividades, que perpassa
diversos setores da organização, de grande abrangência, ligados principalmente à
macro estratégia da organização. A figura 1 demonstra de modo ilustrativo esta
classificação dos processos dentro de uma estrutura organizacional para melhor
compreensão do exposto. Tal ilustração exibe a arquitetura de processos de uma
organização, de forma que são evidenciados diferentes níveis, que se desdobram do
mais estratégico ao operacional.
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Figura 1- Arquitetura de processos. Fonte: Ribeiro (2011, p.46)
Como pode se observar, os macroprocessos ligam-se diretamente aos
objetivos da organização, podendo, por isso, ser destacados dos demais processos,
configurando-se como os processos estratégicos da organização. Estes possuem,
portanto, entregas críticas, com impacto direto no desempenho da organização como
um todo, sendo esta a justificativa para a priorização destes na configuração da
metodologia de gerenciamento de processos. Sobre isto, Ribeiro (2011) assim expõe:
A visão da organização, da forma definida na Figura 9, como um conjunto de processos, facilita portanto, a identificação de processos que merecem maior atenção, aqueles que apresentam maiores problemas ou que podem trazer maior retorno para a organização. A partir dessa identificação, se pode escolher alguns processos considerados estratégicos e que devem ser prioritariamente gerenciados. (p. 46)
Deste modo, os processos estratégicos são aqueles que melhor refletem
as atividades rotineiras que exprimem o objetivo principal de uma dada organização.
Esta determinação é imprescindível para este estudo, já que o monitoramento que a
metodologia desenvolvida pelo executivo do Estado de Minas Gerais se propõe a
realizar, não tem como foco todos os processos que compõem a estrutura do
Estado, pois esta tarefa hercúlea seria impossível. A existência de organizações de
proporções enormes, como é o caso da Administração Pública mineira, exige a
priorização dos processos, estabelecendo-se, dessa forma, os processos
estratégicos para a organização como um todo alcançar seus principais objetivos.
Este é o objeto da metodologia de monitoramento analisado neste trabalho.
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4.4 Gerenciamento de Processos
A existência de processos nas organizações é uma derivação natural do
próprio conceito de processo organizacional, sendo estes realizados ao longo da
história de forma muitas vezes rotineira e intuitiva. Nas palavras de Simao (2011):
“muitas vezes, essas práticas são desenvolvidas de forma intuitiva ou resultantes de
um aprendizado empírico. Além disso, percebe-se que tais práticas nem sempre são
padronizadas entre unidades” (p.6).
Neste sentido, surge o gerenciamento de processos, que, segundo Rados
(1999), configura-se como metodologia empregada para definir, analisar e gerenciar
as melhorias no desempenho dos processos da organização, com a finalidade de
atingir condições ótimas para satisfação dos clientes. A finalidade do gerenciamento
de processos está justamente na necessidade que a integração dos diferentes
processos interdependentes ocorra com maior eficácia e eficiência. Isto ,como o
próprio conceito demonstra, exprime a importância de que sejam estabelecidos
mecanismos de co- responsabilização e avaliação sobre o desempenho global das
diversas unidades e membros envolvidos no mesmo processo, que deve estar bem
estruturado.
Tal entendimento é corroborado por Paim (2002, p.204), que define
gerenciamento de processos como “[...] um conjunto articulado de tarefas
permanentes para projetar e promover o funcionamento e aprendizado sobre
processos.” Dessa forma, observa-se que o gerenciamento de processos surge
como um conceito derivado da própria definição de processo organizacional, que
exige estrutura de coordenação.
Em definição mais atual, o Guia para Melhoria de Processos no Governo
de Minas Gerais, conceitua a gestão de processos como “as atividades que são
necessárias para se ter controle sobre os processos organizacionais, visando à
melhoria constante destes, em consonância com os resultados pretendidos pela
organização.” (Ferreira, 2010, p.13) Este conceito ressalta, portanto, a importância
do alinhamento da rotina com a estratégia da organização.
Neste contexto, a utilização de metodologias qualificadas para
gerenciamento de processos se torna um fator imprescindível para a sobrevivência
das grandes organizações no mundo atual. Isto porque propicia uma utilização mais
eficiente dos recursos disponíveis, reduzindo custos e melhorando a produtividade,
sendo esta a única forma destas organizações responderem adequadamente às
demandas da sociedade, cada vez mais específicas. Assim, o gerenciamento de
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processos tem como objetivos dar maior flexibilidade à organização para adaptação
frente ao ambiente externo, e possibilitar maior integração entre as unidades
organizacionais visando maior eficiência e eficácia (PAIM, 2002).
A partir deste entendimento, é possível compreender a importância da
integração organizacional gerada em torno dos seus principais processos, passando
estes a constituírem o cerne da organização, ligados ao seu objetivo global e,
portanto, estratégico. Assim, justifica-se o fato de se tornar cada vez mais comum
nas organizações ao redor do mundo a ideia de gestão baseada em processos, já
que a estruturação dos processos de negócios de uma empresa passa a ser
fundamental para a execução de sua estratégia. Isto gera a necessidade destes
processos serem geridos e otimizados continuamente, consolidando-se o conceito
de Business Process Management (BPM).
Deste modo, atenta-se para a necessidade de alocação e
responsabilização do gerente de processos, que terá atribuições ligadas à
coordenação das unidades executoras para o funcionamento do processo em
maiores níveis de eficiência. Assim, “os gerentes de processo respondem
diretamente pela performance dos processos e seu objetivo é zelar pelo melhor
desempenho possível para um determinado fluxo de atividades” (Justiça Federal,
2010, p.14). Para isto, estas atribuições funcionais deste gestor devem incluir a
capacidade para intervir na forma de execução do processo, atuando sobre seus
principais problemas, munido de instrumentos para solucioná-los.
4.5 Monitoramento de Processos
A principal ferramenta de controle para viabilização do monitoramento de
processos são os indicadores, ou itens de controle. Este são mecanismos de
mensuração e análise de desempenho voltados para controle das características
fundamentais dos processos, relacionando-os com os objetivos e metas
organizacionais, assim como as expectativas de um público-alvo (CAMPOS, 1994).
Para o Ministério do Planejamento (2009, p.10) os indicadores tratam‐se de “uma
mensuração agregada e ponderada que permitirá a geração de uma medida síntese
do desempenho, uma nota global, que, de certa forma, carrega consigo um
componente avaliativo (do real apurado em relação a um ideal)”.
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Campos (1994) ainda refere-se a uma etapa correlata, qual seja a
“a manutenção dos resultados”, voltada de um lado para o controle funcional do
processo e seus indicadores, e de outro para a melhoria contínua voltada para o
aprimoramento constante dos resultados. Esta ultima se dá com a ininterrupta
readequação de metas para os indicadores estabelecidos.
Assim, é perceptível que o monitoramento de processos está estritamente
relacionado com o controle dos processos, bem como a determinação de metas
ligadas aos objetivos estratégicos da organização a serem alcançados. É justamente
a esta segunda perspectiva que se liga diretamente o monitoramento de processos
estratégicos sob a perspectiva da governança de processos.
O caráter essencialmente estratégico desta perspectiva ainda é
endossado por Maximiano (2006), que define monitoramento como o
“acompanhamento, avaliação e execução da estratégia”. Dessa forma, desde a
elaboração do planejamento estratégico os indicadores a serem monitorados já
devem ser estabelecidos, associando-se, resultados a objetivos (BATEMAN 1998).
Este mesmo autor estrutura tal perspectiva destacando como atividades específicas
deste controle:
O estabelecimento de padrões de desempenho relacionados aos
objetivos de longo prazo;
O monitoramento do desempenho de pessoas e unidades, bem como a
coleta de dados referentes ao seu desempenho;
O fornecimento de feedebacks às pessoas referentes ao progresso e
desempenho destas;
A identificação de problemas em uma perspectiva comparativa entre
desempenho alcançado e padrões estabelecidos;
E a execução das ações corretivas.
Assim, o monitoramento estratégico é altamente seletivo, e busca alinhar
os processos organizacionais internos à macroestratégia organizacional por meio de
indicadores. Sob esta ótica, os indicadores devem ser relevantes para medir o que
realmente importa no contexto estratégico organizacional, em uma perspectiva que
alinhe qualidade de informações e menores custos para obtê-las (MINISTÉRIO DO
PLANEJAMENTO, 2009).
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5 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS NO SETOR PÚBLICO
Conforme aponta o próprio conceito de processo organizacional
delimitado anteriormente, os processos têm um cliente final, que no caso do setor
privado é o consumidor, e no caso do setor público é o cidadão. Ocorre que o limite
entre estes dois clientes vem, recentemente, se tornando cada vez mais tênue e
flexível, sendo importante discorrer sobre o tema, pois este é um importante foco
relativo à nova forma de atuar das principais organizações que se inserem na atual
dinâmica global em consolidação.
Neste sentido, é primordial entender a forma com a qual as organizações
do setor público se inserem neste contexto. Ao buscar ofertar serviços públicos de
qualidade tendo em vista às necessidades do cidadão, esta inserção passa a ser
pautada com base no modelo “consumerism” (PEREIRA, 2002). Este trata o usuário
do serviço público como consumidor deste serviço, realizando um paralelo entre os
binômios serviço público- cidadão, e serviço de mercado-cliente, em um contexto
baseado na produção com qualidade total e foco no cliente. Cria-se, dessa forma,
um paralelismo entre cidadão e cliente.
Neste contexto da consolidação do cidadão-consumidor, percebe-se que
a abordagem da qualidade por meio da gestão dos processos tem se mostrado um
fator importante para as organizações vistas como bem-sucedidas em atender as
necessidades dos seus clientes, sendo este o entendimento de Moura (2002). Isto
nos leva à mesma percepção no que se refere à produção de serviços públicos a
partir de uma qualificada estruturação por processos das organizações públicas,
tendo com foco o cidadão.
Tendo em vista este foco é necessário ainda que a gestão de processos
no setor público seja acompanhada por uma adoção de gestão para resultados, de
forma que assegure a criação de valor público, sempre dentro de um regime
democrático, única garantia de que o valor identificado como desejável seja
realmente público. Assim, contextualiza-se devidamente a gestão de processos
dentro das exigências democráticas e dos valores garantidos por nosso Estado
Democrático de Direito.
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Neste contexto, as políticas públicas da Administração Pública mineira
são configuradas por meio de Programas Estruturadores. Estes programas são um
“[...] conjunto de projetos e processos organizados sob a lógica de temas e
resultados comuns. Se vinculam às redes de governo e contribuem para o alcance
dos seus objetivos estratégicos e resultados finalísticos.” (Minas Gerais, 2011).
Destaca-se neste ponto o surgimento pela primeira vez nos Programas
Estruturadores do termo “processos”, novidade desta atual disposição do PMDI
(Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado), já que nos anteriores os Programas
Estruturadores assumiam uma configuração determinada apenas por Projetos
Estratégicos.
Neste sentido, o PMDI define Projeto Estratégico como “Empreendimento
único, singular, com início e fim determinados, que mobiliza recursos e
competências para realizar entregas específicas com alto poder de transformação.”
(Minas Gerais, 2011) Trata-se, portanto, de definição muito próxima daquela que
pôde ser depreendida a partir da literatura explicitada em capítulo anterior.
Quanto ao termo “Processo Estratégico”, este é definido como:
[...] conjunto de atividades repetidas de maneira recorrente, estruturadas e desenhadas para produzir um output específico para um determinado cliente/usuário. Sua seleção é feita a partir de três critérios: Alta relevância estratégia; Elevado nível de exposição externa; e Alto volume de recursos envolvidos. (Minas Gerais, 2011)
Esta definição é de grande relevância por demonstrar dois aspectos com
referência ao termo em questão para o Governo de Minas Gerais. O primeiro, de
caráter conceitual, mais uma vez aproxima-se dos elementos apresentados em
capítulos precedentes, quais sejam a habitualidade, e a coordenação estruturada
para oferecer um output específico. Representa, deste modo, atividades rotineiras,
com base em um produto final. Já o segundo, diz respeito a aspectos estratégicos
da visão de Governo, que, ao determinar os elementos que definem um processo
como estratégico (relevância, exposição externa, e volume de recursos), aponta a
direção para qual caminha o gerenciamento de processos em Minas Gerais. Isto
porque, ao elencar o que é considerado estratégico, o PMDI também revela o que é
prioritário, e quais são os aspectos mais relevantes para a Administração Pública,
conferindo-lhe valor.
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O PMDI também revela que o Gerenciamento de Processos no Governo
de Minas Gerais não está sendo implementado com o intuito de instituir no estado o
modelo de gestão por processos. Pois, como visto, a gestão de processos deve ser
entendida meramente como uma ferramenta que ajude no alcance de resultados.
Assim, a estrutura de gestão da Administração Pública mineira pode ser
sistematizada pela ilustração da figura 2 da seguinte forma:
Figura 2 - Organização da carteira de programas estruturadores. Fonte: Minas Gerais (2011, p.64)
Esta estrutura evidencia a estratégia governamental instrumentalizada a
partir do desmembramento dos Programas Estruturadores. Deste modo os
resultados finalísticos que refletem os objetivos e estratégias do governo são
estruturados em Programas Estruturadores, Associados ou Especiais. Aqueles se
desmembram em projetos e processos, que são compostos por subprojetos e
subprocessos respectivamente. Evidencia-se ainda o Plano de Melhoria que será
explicitado e analisado em momento oportuno no capítulo referente à metodologia
de monitoramento dos processos estratégicos.
O processo estratégico para o Governo é, deste modo, aquele priorizado
com base na visão de futuro da organização, tendo, por isso, um acompanhamento
mais intensivo. Este acompanhamento é o monitoramento dos processos
estratégicos dos programas estruturadores de Minas Gerais, que terá sua
metodologia inicial apresentada neste trabalho.
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6 ESTUDO DE CASO
Apresenta-se em seguida algumas características da metodologia de
gerenciamento dos processos estratégicos do governo mineiro, demonstrando os
resultados esperados e pontos que são críticos na implementação do modelo.
No que tange á caraterização da metodologia, deve-se verificar,
primeiramente, a característica de ter dois focos claros de monitoramento. O
primeiro deles é no monitoramento da gestão do dia-a-dia dos processos. Tal foco
se embasa em ferramentas não padronizadas de gestão à vista, que visam auxiliar
os gerentes a garantir o bom andamento das atividades necessárias para que as
entregas previstas sejam realizadas. Esse primeiro enfoque tem um viés operacional
e mira a melhor organização das tarefas, divisão do trabalho, melhor comunicação
da equipe envolvida, identificação rápida e solução dos problemas de execução e
também a identificação de oportunidades de melhoria.
Um segundo foco é o monitoramento de planos de melhoria, buscando
ampliar o gerenciamento intensivo de iniciativas planejadas para mudar os
patamares de desempenho dos processos. Esses planos de melhoria se configuram
como pequenos projetos de alteração na forma de execução dos processos
buscando maior eficiência ou melhores resultados. Apresenta-se como ferramenta
para o gerenciamento desses planos de melhoria, bem como dos resultados
estratégicos dos processos, o Sistema de Monitoramento e Gestão da Estratégia
Governamental, uma ferramenta informatizada que integra toda a gestão da
estratégia em uma única plataforma. Além dessa ferramenta, são instrumentos para
garantir o foco estratégico desse monitoramento as reuniões de Status Report e as
Reuniões de Comitê de Resultados, que são reuniões de monitoramento em nível
estratégico setorial e governamental que tratam da solução de restrições
encontradas ao longo da execução.
Uma segunda característica do gerenciamento de processos é a definição
dos atores envolvidos, em especial, os gerentes de processo, as Assessorias de
Gestão Estratégica e Inovação e o Núcleo Central de Gestão Estratégica de Projetos
e do Desempenho Institucional, e os papeis desses atores.
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Em se tratando dos protagonistas, a atuação dos gerentes de processos
pode ser dividida, assim como os enfoques da metodologia, em duas vertentes,
sendo uma a gestão do dia a dia, referente à execução das atividades rotineiras do
órgão, e outra na elaboração e gerenciamento dos planos de melhoria. A
intervenção do gerente no nível da gestão do dia-a-dia refere-se ao controle das
atividades operacionais de rotina do processo sob sua administração, ligada às
perspectivas de melhoria destas, pautada em sua visão de futuro. É focado,
portanto, no rastreamento estratégico de problemas, assim como na priorização e
execução de possíveis soluções.
No que diz respeito à Gestão dos Planos de Melhoria, a atribuição do
gerente se relaciona ao direcionamento, liderança, planejamento e coordenação dos
planos de melhoria, devendo focar sua atenção na analise da exequibilidade das
soluções para as causas raiz identificadas; no apoio na definição e na priorização da
resolução dos problemas identificados; e na estruturação de projetos ou planos de
melhoria, contemplando cronograma, infraestrutura requerida, equipe e treinamentos
necessários.
O papel de escritório central de processos, atuando diretamente na
governança estratégica de processos, é exercido pelo NCGERAES. As atribuições
previstas para a unidade são apresentadas abaixo:
Apoiar os gerentes dos programas na solução dos problemas
existentes;
Promover reuniões, quando necessário, de monitoramento do
programa, visando a superação dos problemas que impeçam o alcance
dos resultados;
Selecionar as informações que serão discutidas nas reuniões e
enviadas aos decisores, facilitando a tomada de decisão sobre os
programas estruturadores e, potencialmente, a revisão da carteira;
Monitorar a execução dos planos de ação dos programas. Lembrando
que o monitoramento dos processos na ponta ficará a cargo das
AGEIs;
Auxiliar no aporte conceitual, metodológico e prático no monitoramento
dos Programas Estruturadores, para os envolvidos, quais sejam
patrocinador, gerentes de programa, projetos e processos e AGEI;
19
Manter “viva” a agenda positiva do governo;
Autorizar os pedidos de liberação de cotas orçamentárias dos Projetos
e Processos estratégicos;
Autorizar os pedidos de mudança nos projetos e nos Planos de
Melhoria de Processos.
Já a AGEI, no papel de escritório setorial, atua fundamentalmente na
integração interna dos órgãos, no apoio direto aos gerentes e no monitoramento dos
processos, tendo atribuições definidas tanto no que diz respeito ao dia-a-dia dos
processos, quanto no que tange aos planos de melhoria, como segue abaixo:
Apoiar o gerente do Plano de Melhoria na resolução de problemas dos
processos estratégicos;
Assessorar as equipes dos Planos de Melhoria quanto aos aspectos
técnicos, de inovação e de comportamento;
Selecionar as informações que serão discutidas nas reuniões e
enviadas aos tomadores de decisão, facilitando a tomada de decisão
sobre os processos estratégicos e Planos de Melhoria;
Organizar as reuniões de monitoramento de cada Plano de Melhoria;
Acompanhar a evolução dos Planos de Melhoria;
Apoiar o gerente do programa na solicitação dos pedidos de cotas e
solicitação de mudanças ao NCGERAES;
Analisar e apoiar pedidos de mudanças nos Planos de Melhoria;
Treinar equipes para desenvolvimento dos Planos de Melhoria no
âmbito local;
Apoio metodológico à gestão do dia a dia dos processos.
Concluindo a caracterização da metodologia de gerenciamento de
processos, cabe apresentar dois pontos inerentes ao contexto de gestão por
resultados já em consolidação no governo mineiro. Apresenta-se abaixo a tratativa
do desempenho dos processos em face ao processo de contratualização existente,
por meio da definição de uma taxa de desempenho para os processos estratégicos.
Em seguida, a forma como essa metodologia se encaixa no fluxo gerencial de
tomada de decisão estratégica do governo, que vai da gestão operacional às
decisões dos comitês de resultados.
A definição da taxa de desempenho dos processos considera o nível de
serviço ofertado (indicadores), as entregas realizadas (produtos), a melhorias
20
implementadas (Planos de Melhoria) e a qualidade do planejamento e da execução
financeira. A partir desses elementos é definida uma forma de aferir o desempenho
do processo numa escala percentual, variando entre 0 e 100%, que serve de base
para a pactuação do bom desempenho dos processos como meta das instituições e
equipes responsáveis pela condução dos mesmos.
Ainda nessa lógica de gestão para resultados, o gerenciamento de
processos se configura também conforme a lógica de monitoramento definida para a
estratégia governamental, na qual há a participação no NCGERAES num nível
estratégico do monitoramento e as AGEIs num nível setorial. Esses atores
conduzem os processos de gerenciamento de forma a induzir soluções de
problemas e a tomada de decisão nos níveis já mencionados.
O funcionamento desse modelo de gerenciamento de processos aponta
para algumas premissas. A primeira destas diz respeito à necessidade de
consolidação da capacidade distribuída de gerenciamento e monitoramento, com o
fortalecimento das AGEIs como facilitadoras do processo decisório e superação de
problemas em conjunto com o gerente de projetos e processos.
Acrescenta-se também a necessidade de atuação em rede, com a criação
de capacidade de gerenciamento de projetos e processos de maneira integrada, de
forma a priorizar o alcance da estratégia. Por fim, destaca-se o fortalecimento do
papel do gerente e a sua maior responsabilização pelo gerenciamento de resultados,
uma vez que a metodologia tem como base a atuação primária desse ator.
Uma vez compreendido o modelo e atendidas as premissas
apresentadas, tem-se como resultado esperado:
O aumento da eficiência, eficácia e efetividade das políticas públicas.
Este resultado se apresenta como requisito intrínseco a qualquer
projeto de monitoramento de processos, já que, como visto, este é um
resultado unanimemente apontado pela literatura de gestão de
processos. Torna-se, portanto, uma expectativa basilar do modelo;
Provocar decisões para superação de problemas que impedem a
execução programada dos programas, projetos e processos. Destaca-
se que esta atuação se dá em nível tático e estratégico;
Disponibilizar informações sintéticas, tempestivas e confiáveis para
tomada de decisão;
21
Aumentar o grau de responsabilização e comprometimento dos
gerentes das equipes em relação à entrega de resultados e ao
cumprimento dos prazos e custos;
Aumentar o grau de integração e cooperação das diferentes equipes
envolvidas.
Há, de toda forma, clareza que problemas que surgirão a partir da própria
implementação da metodologia para o desenvolvimento deste modelo. Percebe-se,
portanto, que ocorrerão ciclos de implementação e aperfeiçoamento constante desta
metodologia, o que torna importante analisar questões que ser apresentam como
críticas no trabalho até então desenvolvido.
Em termos analíticos, a literatura referente à gestão estratégica de
processos ainda possui um viés demasiadamente prescritivo. Isto quer dizer que ela
aponta certas direções se determinar maneiras concretas de alcançá-las. Isso se
deve às peculiaridades estruturais e formais de cada organização. Em cada
contexto, os desafios a serem apresentados para a gestão de processos são
diferentes, demandando com isso, ações diferentes. Registrado esse contexto,
analisa-se abaixo fatores críticos do desenvolvimento da gestão de processos no
Governo Mineiro, apontando os desafios a serem superados, a partir da
caracterização do modelo já apresentada e das percepções dos atores
entrevistados.
A primeira questão crítica apresentada é o alinhamento entre a gestão de
processos e a gestão orçamentária. A seleção dos processos estratégicos
perpassou por priorizar aquelas atividades mais consumidoras de orçamento para o
acompanhamento intensivo, realizado pelo NCGERAES. Com isso, a gestão
orçamentária passa, a partir de um cronograma de desembolso pré-definido,
gerenciar mensalmente a liberação de cotas. Tem-se com isso um maior controle do
orçamento embora, por estar suportando atividades contínuas, o controle
orçamentário nos processos é mais restritivo se comparado ao de projetos. O
monitoramento de processos com controle orçamentário ocorre, portanto, para gerar
melhores resultados, não para viabilizá-lo como no caso de projetos. É fundamental,
nesse sentido, o esforço constante da SEPLAG em conhecer a eficiência do gasto e
captar oportunidades de melhoria que podem modificar os patamares pré-definidos
de custeio para os serviços.
22
Assim como a gestão orçamentária, deve-se atentar também para a
gestão de custos dos processos como motriz da geração de resultados. Num
momento inicial, busca-se uma base de informação melhor sobre isso, para que em
seguida se possa caminhar em direção ao controle de custos. Há um entendimento
que esse controle vem no sentido de melhorar a eficiência do gasto, na medida em
que os resultados de conhecer e atuar sobre os custos podem ser tanto na redução
de custos, mas principalmente na obtenção de ganhos de eficiência e melhoria dos
resultados. Um primeiro apontamento colocado pela metodologia de monitoramento
mineira nesse sentido é a avaliação do planejamento de custos dos processos,
visando aumentar o conhecimento da organização sobre a forma que ocorre o gasto
dentro de cada um dos processos.
Apresenta-se em seguida a temática da definição de indicadores de
desempenho dos processos estratégicos, na qual o principal desafio é a construção
de indicadores que sejam capazes de fazer uma ligação entre rotina e estratégia.
Nesse sentido, a experiência de Minas se inicia com a definição de indicadores com
características diversas, tanto operacionais como estratégicos, tendo como norte os
objetivos traçados no Plano Mineiro de Desenvolvimento integrado (PMDI). Por ser
algo que necessita de uma mudança de visão cultural, o aprimoramento de
indicadores é algo que virá de bases estruturais mais profundas. A ideia, portanto, é
que esta evolução nos modelos de indicadores seja progressiva e o
desenvolvimento seja construído paulatinamente.
Outro desafio enfrentado é a definição do perfil do gestor de projeto e a
alocação de profissionais nessa função. Tal desafio urge da necessidade primária de
desenvolver massa crítica em governança de processos dentro da estrutura do
Poder Executivo mineiro, uma vez que até 2010 então os esforços voltados para o
gerenciamento de processos focou em uma visão tradicional, sem o viés estratégico.
Também, do fato de que a escolha dos Gerentes vem sendo feita de modo
descentralizada, a partir da indicação dos Secretários de Estado. Essa forma de
escolha se justifica na impossibilidade da SEPLAG conhecer profundamente as
estruturas de poder, muitas vezes informais, existentes dentro das demais
Secretarias, o que gera o risco de se escolher um gerente bom tecnicamente, mas
sem a necessária capacidade política para atuar num sentido de integração.
23
A opção adotada para a superação do desafio apresentado acima tem
sido a capacitação dos gestores e o trabalho contínuo no dia a dia junto às equipes
visando maior compreensão e capacitação.
Também se apresenta como questão crítica à gestão de processos a
transversalidade, característica apresentada como inerente aos processos pela
literatura. A transversalidade dos processos é um ponto de conflito especial no
Governo por estamos falando de uma estrutura formal, rígida e burocrática, e
naturalmente avessa a transversalidade. Dentre as soluções apresentadas para a
questão, podemos destacar a seleção de gerentes em maior nível hierárquico para
facilitar a interlocução do processo com a estrutura. Duas outras medidas relevantes
são o envolvimento das AGEIs e da SEPLAG no gerenciamento dos processos,
estruturas essas que tem como finalidade assegurar a concretização das
oportunidades de integração transversais.
No que tange a questão cultural, o desafio se configura na medida em
que a proposição do gerenciamento de processos é mudar a forma de
funcionamento de processos que já estão instaurados há muito tempo, processos,
portanto, antigos, que já vinham sendo executados de uma forma pré-determinada
há anos. Nesse sentido, aponta-se para ações que incluem seminários, palestras, e
cursos que permitam não só a capacitação, mas também o trânsito de boas práticas
voltadas para a contextualização da gestão de processo na cultura já existente
dentro da organização estatal de Minas Gerais, bem como seu consequente
amadurecimento. Torna-se de suma importância criar o sentido da gestão de
processos nas lideranças, e trazer a ideia de que apesar dos resultados em ganhos
de eficiência remeterem a um horizonte temporal mais extenso, alguns impactos
positivos podem ser absorvidos no curto prazo, o que é de suma importância.
A obtenção de resultados de curto prazo com a gestão de processos,
nesse sentido, é uma próxima questão crítica bastante correlacionada com a
necessidade de mudança cultural. Nesse sentido, é importante ter como desfio
constante correlacionar as modificações na forma de gestão e seu impacto na
Administração Pública mineira, tanto em ganhos de qualidade na gestão, quanto na
eficiência em si dos processos. Somente o acompanhamento intensivo dos
processos irá permitir o conhecimento sobre os principais gargalos dos processos
monitorados, possibilitando desta forma, melhor atuação sobre eles. Ressalva-se, no
entanto, que isto não será algo trivial, relevando-se a necessidade do aprendizado
durante a implementação.
24
Cabe por fim, apontar os desafios à equipe responsável pela
consolidação do gerenciamento de processos, o NCGERAES. Em que pese
somente com o aprendizado contínuo a partir da própria rotina, a equipe será capaz
de complementar a maturidade necessária para que adquira expertise em
processos, é necessário destacar a importância do acompanhamento da equipe às
atividades iniciais conduzidas por consultoria especializada de atividades de
capacitação realizadas, bem como as ações de capacitação oferecidas aos
membros do núcleo. Outro ponto crítico para a equipe é a operacionalização do
sistema em implantação, que pode apresentar-se como obstáculo inicial, mas tem
perspectivas de trazer grandes ganhos de eficiência com sua implementação, com
fácil acesso às informações estratégicas dos programas. Como desafio futuro, tem-
se a possibilidade de replanejar as suas atividades em face ao entendimento da
importância estratégica dos principais processos, e ciente da limitação de
estruturada equipe de monitoramento. Uma vez compreendidas as questões criticas
do contexto do estado e as possibilidades de ganho com o gerenciamento de
processos, caberá à unidade focar a sua atuação naqueles pontos com maior
potencial de geração de resultados.
7 CONCLUSÃO
O estudo apresentado buscou desenvolver uma análise voltada para os
principais pontos críticos e desafios que deverão ser superados para que seja
consolidada a implementação da metodologia de monitoramento dos processos
estratégicos do Estado tendo em vista as singularidades da Administração Pública
de Minas Gerais.
São encontradas, de toda forma, restrições para a análise do tema, dada
a relativa incipiência do monitoramento de processos na Administração Pública
mineira, bem como a nova concepção adotada referente à governança de
processos, aliada à metodologia ainda em consolidação. Soma-se a esse contexto
uma literatura especializada essencialmente prescritiva, que esbarra nos limites
impostos pelos elementos configuradores de uma realidade estrutural da
Administração Pública mineira.
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Mesmo diante dessas limitações, o presente trabalho apresentou o
surgimento da necessidade do monitoramento dos processos estratégicos na agenda
da SUGES, e consequentemente do NCGERAES, a partir do amadurecimento da
metodologia de projetos, evidenciada na revisão do PMDI e do PPAG realizada em
2011. Nesta, mostrou-se necessária a adequação dos Programas Estruturadores de
governo não somente em projetos, mas também em processos estratégicos,
redesenhando a carteira estratégica da Administração pública mineira. Demonstrou-
se, inclusive a importância do amadurecimento da metodologia de processos para o
desenvolvimento do Estado em sua gestão estratégica.
Apresentou-se também as perspectivas operacional e estratégica que
podem ser atribuídas ao monitoramento de processos, e a forma como essas duas
vertentes estão se configurando na metodologia de gerenciamento de processos em
implantação no governo mineiro.
A partir destes entendimentos, foi possível levantar os principais pontos
críticos e desafios derivados da implantação desta metodologia ainda em vias de
consolidação. Este trabalho deve ser visto como subsídio para futuros trabalhos
sobre o tema, que procurem aprofundar nas soluções para os desafios
apresentados.
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AUTORIA
Matheus Sales de Albuquerque Cunha – Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão SEPLAG/MG.
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Endereço eletrônico: [email protected] Kamila Pagel de Oliveira – Fundação João Pinheiro – FJP.
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