Métodos de Estudos Bíblicos-Aula33

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    MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS

    MÉTODOS DE

    ESTUDOS

    BÍBLICOS 

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    MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS

    MÉTODOSDE

    ESTUDOS

    BÍBLICOS

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    MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS

    CONTEÚDO

    CAPÍTULO 01 .................................................................................................................... 6 

    INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 6 

    A.  INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 6 

    CAPÍTULO 02 .................................................................................................................. 12 

    O MÉTODO DE ESTUDO DAS ESCRITURAS .............................................................. 12 

    A. 

    O MÉTODO DE ESTUDO DAS ESCRITURAS................................................................ 12 

    B. 

    MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO ..................................................................................... 13 

    C. 

    ESTUDANDO DE FORMA CORRETA ............................................................................. 14 

    CAPÍTULO 03 .................................................................................................................. 18 

    ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (1) ............................................................................ 18 

    A. 

    O PROPÓSITO DE UM MÉTODO DE ESTUDO ............................................................. 18 

    CAPÍTULO 04 .................................................................................................................. 24 

    ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (2) ............................................................................ 24 

    ESTUDO CRÍTICO-HISTÓRICO-LITERÁRIO DAS ESCRITURAS .............................. 24 

    A.  O ESTUDO DO TEXO ...................................................................................................... 24 

    B.  O ENTENDIMENTO ORIGINAL DO TEXTO .................................................................... 27 

    CAPÍTULO 05 .................................................................................................................. 30 

    ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (3) ............................................................................ 30 

    MENTIRAS TRANSFORMADAS EM VERDADES ....................................................... 30 

    A. 

    OS DISCURSOS E IMPOSIÇÕES QUE MUDAM A MENTIRA EM VERDADE ............. 30 

    B. 

    ESTUDANDO A BÍBLIA DE FORMA CORRETA ............................................................. 33 

    CAPÍTULO 06 .................................................................................................................. 36 

    ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (4) ............................................................................ 36 

    AS TRADUÇÕES ......................................................................................................... 36 

    A. 

    A IMPORTÂNCIA DE UMA TRADUÇÃO ......................................................................... 36 

    B. 

    FERRAMENTAS DE APOIO ............................................................................................. 48 

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    CAPÍTULO 07 .................................................................................................................. 52 

    ESTUDANDO O CONTEXTO ......................................................................................... 52 

    O CONTEXTO ............................................................................................................. 52 

    A. 

    DA ESTRUTURA DO TEXTO À ANÁLISE DO CONTEXTO ........................................... 52 

    B.  A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO .................................................................................. 53 

    CAPÍTULO 08 .................................................................................................................. 66 

    PARAFRASEANDO O TEXTO ....................................................................................... 66 

    A.  A PARÁFRASE ................................................................................................................. 66 

    B.  A IMPORTÂNCIA DA PARÁFRASE ................................................................................. 67 

    CAPÍTULO 09 .................................................................................................................. 74 

    A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS? .............................................................................. 74 

    A.  A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS? ................................................................................ 74 

    B.  HISTÓRIA E GEOGRAFIA................................................................................................ 74 

    C.  CIÊNCIA ............................................................................................................................ 76 

    D. 

    COMENTÁRIOS SOBRE VERSÕES ............................................................................... 78 

    E. 

    ALGUMAS PROVAS ARQUEOLÓGICAS ........................................................................ 85 

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    CAPÍTULO 01

    INTRODUÇÃO

     A. INTRODUÇÃO

    Poucas observações bastariam para ressaltar nosso dever como

    estudantes de teologia do estudo diário das Escrituras. Note que é um

    dever e não uma opção, considerando que este era o proceder de

    Jesus, da igreja primitiva e dos próprios escritores bíblicos. O que

    conhecemos da Revelação de Deus está na forma de um Livro que

    necessita ser estudado para poder obter dele uma plena, absoluta esegura compreensão dessa revelação. Este estudo pressupõe, ou

    parte do pressuposto que o futuro pastor (ou líder de Comunidade

    Evangélica) é e será um estudioso das Escrituras. Por essa razão este

    estudo dará uma orientação metodológica para que esse estudo seja

    eficaz.

    Todos os que se aproximam das Escrituras, utilizam-se de um métodode estudo da mesma, consciente ou inconscientemente. Não há

    problema em ter um método de estudo das Escrituras, desde que esse

    método seja válido e nos conduza a resultados verdadeiros. É

    necessário verificar se o método que utilizamos para estudar as

    Escrituras é bom. Mesmo aqueles grupos que afirmam não estudar a

    Bíblia, têm seu modo especial de basear nela os seus pensamentos.Outros, mas conscientes da necessidade de estudo, utilizam-se de

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    Comentários, Dicionários Bíblicos, livros de estudo dirigido e outras

    obras, para obter compreensão do texto bíblico. Ouvir palestras, aulas,

    “garimpar” estudos na Internet, comprar muitos livros e assistir a

    pregações é para a maior parte das pessoas o único método deestudar as Escrituras que conhecem.

    Uma pergunta aqui é oportuna: Por que devo estudar as Escrituras

    com um método específico? Uma infinidade de pessoas já não fez

    estudos que estão em bons livros, enciclopédias e dicionários bíblicos?

    Qual é a razão de tentar estudar de novo? Como resposta

    apresentamos quatro boas razões:

    1. NÃO PODEMOS ABSORVER A “ TEOLOGIA” DOS QUE NOS

    RODEIAM

    Uma leitura atenta nas Escrituras comprova que esta sempre foi a

    causa principal do desvio da fé do povo de Israel, ele absorveu os

    conceitos e costumes dos povos vizinhos, apesar das claras

    advertências que lhe foram dadas. “Modismos” criam teologias e

    tendências doutrinárias que, por se tornarem populares, agradam a

    multidões de pessoas despreocupadas com o estudo sério e a

    comprovação acurada da verdade. O que chamamos de “modas”

    teológicas não é necessariamente sinônimo de sucesso espiritual

    correto, pois, esse sucesso na maioria das vezes está

    fundamentado numa mentira.

    Vejamos como exemplo: as multidões seguiram aqueles homens

    que se revelaram contra Moisés no deserto, o bezerro de ouro teve

    sucesso como atrativo visível para uma nova fé, nesse momento o

    povo de Deus criou uma nova “teologia”. Era a moda do momento

    cantar e dançar em volta do novo ídolo que brilhava sob os raios do

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    sol matinal. Era contagiante a alegria desse povo, eles pareciam tão

    felizes. Josué pensou até que eram gritos de batalha.

    Porém, não havia nada de verdade, era a alegria e o entusiasmo

    momentâneo de uma falsidade religiosa nova e atraente, uma

    falsidade cheia de dança e euforia. Condenável condição do povo;

    Triste desvio da fé; Tudo era vão e ilusório (Leia atentamente:

    Êxodo 32:4-7 e versos 17-19). Na sua misericórdia, porém, O Eterno

    corrigiu o povo, com severidade, é certo, mas deveriam aprender

    uma dura lição, uma amarga experiência que ficaria marcada para

    gerações futuras. Examinemos a fé à luz da razão e da revelaçãoque foi dada. Examinemos pelas próprias Escrituras toda nova

    tendência, todo modismo e teologia nova. Sejamos, especialmente

    como futuros líderes, de uma fé madura suficiente para poder

    discernir o certo do errado. Com certeza o Pai Celestial se agrada

    de “verdadeiros adoradores”. João 4:23.

    2. PARA TERMOS UM MÉTODO CORRETO DE ESTUDO DA

    BÍBLIA

    Evitar a má exegese encontrada na literatura “cristã” sobre a Bíblia.

    Se um teólogo preparar seus comentários sobre as Escrituras

    Sagradas fundamentado na consulta de alguns comentários bíblicos

    suspeitos de heresias como, por exemplo: de Testemunhas de

    Jeová, Ciência Cristã, Reverendo Moon, etc, ou até comentários e

    dicionários bíblicos editados pelo cristianismo, porém de autores

    cuja opinião não se ajusta com a Bíblia, vai acabar ensinando

    mentiras em nome da fé. O teólogo deve aprender que o único

    critério de verdade das Escrituras Sagradas é a própria Escritura

    Sagrada.

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    O ponto fundamental é que não podemos ensinar opinião humana

    incorreta, porém, ao mesmo tempo devemos ser honestos em

    reconhecer que entre toda a palha há comentários que se ajustam

    com a verdade, a esses comentários corretos, dentro do padrão daverdade, daremos o maior valor. Aqui convêm citar o critério bíblico:

    “examinai tudo e reter o bem” (I Tessalonicenses 5:21). Devemos

    aprender a ter uma perfeita noção de discernimento para distinguir o

    trigo da palha, o ouro da escória. Esperamos que neste curso o

    futuro teólogo aprenda a ter esse discernimento.

    Entendemos em primeiro lugar que Deus deseja ser buscado paraser conhecido, portanto, se Deus ama suas criaturas, cuida delas e

    anela traze-las de volta à Sua comunhão, então, com certeza a

    revelação é possível e necessária. Necessária porque as opiniões

    humanas são pessoais, e, portanto, não são guias seguras e nem

    suficientes nas questões como a vida, a fé e o destino eterno. As

    opiniões humanas são variadas e sempre contraditórias.

    Isto nos leva a compreender a necessidade de Deus se revelar

    mediante Sua Palavra, de maneira escrita, clara, objetiva, simples e

    compreensível. Se o Eterno falasse com cada homem em segredo,

    o homem poderia dizer em público o que achasse ser mais de

    acordo com seu próprio proveito, enquanto outro homem diria

     justamente o contrário do primeiro, resultando daí a confusão.

    3. O TEÓLOGO NÃO TEM UM “ INTERPRETE OFICIAL” DA BÍBLIA

    Como por exemplo, acreditam os católicos que seja o papa o único

    a determinar o que é certo ou errado em questões de doutrina, ou

    como os Russelitas (Testemunhas de Jeová) que afirmam que o

    único interprete correto da Bíblia é o chamado “corpo governante”.

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    O teólogo deverá aprender a estudar de forma correta para

    determinar com exatidão  o que a Escritura está dizendo. Se não

    fizermos isto, estaremos de alguma forma endossando uma espécie

    de “credo oral” que substitui as Escrituras como critério de verdade.Deve perceber que inúmeras vezes o “credo oral” passou a ser

    “credo escrito” (Exemplo: credo de Nicéia). E se estabeleceu

    definitivamente na igreja como doutrina. Não é assim que um

    verdadeiro teólogo deve agir, se ele é e continuará a ser um

    estudante espiritual da Palavra ele mesmo deverá aprender de Deus

    a encontrar o sentido correto das palavras bíblicas que encontra emseu estudo.

    Deverá ser estabelecido como verdade unicamente o que as

    Escrituras realmente ensinam e nunca uma tradição, por mais anos

    ou séculos que ela tenha. Há nos Evangelhos evidente condenação

    por manter tradições que não são verdades. (Mateus 15:6).

    4. RECONHECIMENTO DA AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

    Com toda certeza Deus deveria dar à humanidade perdida uma

    revelação por escrito, para revelar-se desde o início e dando assim,

    a conhecer o Plano de Salvação.

    Deveria ser uma Revelação com autoridade suficiente para não serquestionada, e para que a mensagem divina pudesse ser

    preservada para todas as gerações. Deveria ser ao mesmo tempo

    uma Revelação escrita, para evitar que a mensagem seja

    esquecida, alterada ou distorcida.

    Deveria ser inspirada e conclusiva, para impedir que seja substituída

    por outra de opiniões humanas, variadas e contraditórias.Finalmente, deveria a Revelação ser compreensível, objetiva e

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    clara, ao alcance de todos, para que todo aquele que deseje

    alcançar a salvação prometida, encontre na simplicidade da

    Revelação esse Caminho. Em resumo acreditamos que Deus nos

    deu uma revelação com autoridade, por escrito, inspirada ecompreensível.

    O Eterno quer que o teólogo se aproxime o máximo possível de sua

    Vontade. As Escrituras é o registro dessa Vontade divina. Logo, é

    essencial que estudemos a Palavra de Deus e procuremos

    compreendê-la. Um dos conselhos mais repetidos nas Escrituras,

    direta ou indiretamente é justamente para que procuremos entendera Revelação.

    Deus é sábio. Se Ele, na Sua sabedoria deixou Sua Vontade

    revelada em um livro, então temos a certeza de que é possível

    compreender a vontade de Deus pelo estudo das Escrituras. Se não

    o fizermos ou desistirmos da tarefa, estaremos desconsiderando a

    sabedoria divina.

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    determinada disciplina e sua aplicação. (Dicionário Aurélio, Século

    XXI, Editora Nova Fronteira, 2001).

    B. MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO

    O método para o estudo que prepara um pastor é conhecido como

    método histórico-crítico. O que chamamos de histórico-crítico é o

    método de estudo e pesquisa bíblica que procura levar em

    consideração o contexto histórico que envolve o texto, fazendo uma

    análise e avaliação profunda, acurada (crítica) de todas as relações

    desta informação com o sentido original do texto. É importante notar a

    frase: “sentido original”, pois uma ênfase quanto ao sentido gramatical

    e histórico da narrativa bíblica é a meta ou alvo deste método. Realiza-

    se com o texto bíblico a tarefa de um pesquisador, o mesmo trabalho

    de um historiador que avalia um documento antigo com o propósito de

    compreendê-lo, pois acreditamos que essa é a única maneira de

    encontrar o significado original do texto.

    Deve-se, antes de tudo, ao estudar um texto levar em conta a época e

    a situação original em que o texto foi escrito. Considere: A Escrituras

    Sagradas é a palavra do Eterno dada através de pessoas históricas:

    •  Ele “falou pelos profetas” (Hb 1:1-2), portanto, o trabalho de

    compreender as Escrituras é o trabalho de um historiador, e ahistória é uma ferramenta de trabalho. O próprio texto bíblico, em

    geral, contém elementos históricos suficientes para nós dar uma

    ideia da situação original. Neste ponto dois elementos precisam ser

    levados em consideração quando tratamos das Escrituras Sagradas:

    1. PRIMEIRO ELEMENTO

    Sua particularidade histórica contrabalançada por sua validade

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    eterna. O que isto significa? A particularidade histórica diz respeito

    ao que estava acontecendo na situação original, porém a relevância

    eterna leva em conta que mesmo em uma situação diferente, a

    mensagem original tem importância para cada geração posterior.

    2. SEGUNDO ELEMENTO

    Nosso método é um método crítico porque requer o uso de nossas

    faculdades mentais em raciocínios, julgamentos, estudos, pesquisa,

    esforços. Lembremos que a Eterna Inteligência e Bom Censo de

    Deus estão refletidos em Sua Palavra. É necessário que usemos a

    inteligência que ele nós deu para compreendê-la. A palavra: “crítico”

    tem geralmente um sentido negativo, não queremos usa-la nesse

    sentido. O método é crítico porque pretende avaliar os resultados

    obtidos e em construir um pensamento correto, portanto, é uma

    crítica construtiva e nunca contra as Escrituras.

    Sendo assim, a tarefa de um teólogo na sua aproximação da Bíblia

    é dupla;

    a. Primeiro, um teólogo deve descobrir o que o texto significa

    originalmente, esta tarefa tem um nome científico, é chamada de

    exegese.

    b. Em segundo lugar, devemos aprender a discernir o mesmosignificado na multiplicidade de contextos novos ou diferentes dos

    nossos próprios dias, esta é a tarefa da hermenêutica. Em

    definições clássicas você poderá encontrar que a hermenêutica

    abrange ambas as tarefas, mas em tratados mais recentes a

    tendência tem sido separar as duas.

    C. ESTUDANDO DE FORMA CORRETA

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    Para um estudo correto, na forma e no método de estudo de um

    teólogo, exegese é ler e explicar os textos sagrados em empatia com

    os escritores bíblicos. O teólogo é primeiramente, no estudo exegético,

    um historiador que analisa os documentos. Todavia, o teólogo deve iralém da análise puramente interpessoal, ele deve assumir a fé que o

    escritor possuía para entender seus escritos e sua forma de pensar.

    Exegese no método de um teólogo é um trabalho: científico, crítico,

    histórico, literário e espiritual, sendo que, a ordem destes fatores

    poderá ser primeiramente espiritual, sem deixar de usar o resto das

    ferramentas. A seguir, devemos acrescentar que a hermenêutica énecessária para a exegese.

    1. EXEGESE

    Exegese é uma palavra que vem da língua grega, sendo composta

    da preposição EK (de) e da forma substantiva do verbo HEGEOMAI

    (ir, guiar, conduzir) e significa “conduzir para fora” o sentido original

    de um texto. Na exegese nos procuramos entrar no texto (EIS), e

    ficar nele (EM), para então sairmos dele (EK) tirando lições para

    nós. A hermenêutica é a síntese dos resultados da exegese,

    tornando-a relevante para o leitor, ou auditório. O trabalho de

    estudar as Escrituras Sagradas é um grande projeto, mas também

    um grande desafio. Deve ser conduzido com todo cuidado e

    perseverança. Excelência e compenetração são o mínimo que se

    pode almejar no estudo do Livro.

    O trabalho de um teólogo deve ser caracterizado pela alta

    qualidade. Na exposição e no ensino dos preceitos e conceitos

    bíblicos, esta alta qualidade só é atingida com empenho e

    dedicação. No prefácio de sua edição Manual do Novo Testamento

    Grego, edição de 1735, J. A. Bengel escreveu: “aplica-te totalmente

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    ao texto: aplica-o totalmente a ti”.

    2. DESVIOS DA VERDADE

    A maior parte dos desvios da verdade está na confusão entre a

    palavra dos homens e a Palavra do Deus. Pelo estudo acurado e

    cuidadoso da palavra Divina devemos nos assegurar de transmitir a

    mais pura vontade divina, e não apenas nossa opinião sobre ela. A

    Escritura não pode falhar (João 10:35), este é um dos pressupostos

    de Jesus, devemos aprender a pensar e acreditar dessa maneira

    também.

     A inescrutabil idade – O que isso significa? (Deuteronômio 29:29)

    Existem coisas que nunca saberemos agora, deste lado da

    eternidade. Diante disso devemos ter especial cuidado ao lidar com

    o que não foi claramente revelado nas Escrituras, não estamos

    autorizados a fazer conjeturas ou construir suposições sobre

    assuntos obscuros, pois muitas coisas foram guardadas sob o

    conhecimento apenas de Deus. (Atos 1:7, é um exemplo disto).

    3. O QUE SE EXIGE DE UM TEÓLOGO

    O que se requer de um teólogo é um trabalho em três etapas:

    •  Estudar (exaustivamente o texto),

    •  Compreender  (o texto no seu contexto histórico) e

    •  Explicar  (com exatidão e correção).

    Exemplo: Em Atos 8, podemos notar estes três  elementos. A

    Escritura estava sendo lida (pelo etíope – verso 28), mas não estava

    sendo compreendida (versos 30-31). Filipe, quando entrou em

    contato com o etíope, já compreendia o texto (porque tinha estudado

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    em profundidade), e, portanto, explicou corretamente a passagem

    (versos 32-36). O etíope não entendia o texto apesar de fazer a

    pergunta correta: “a quem se refere o profeta?” (verso 34). Faltava-

    lhe informações históricas e textuais; de fato; faltava-lhe uma visãomaior do plano de Deus, ou seja, do significado das promessas

    messiânicas no livro de Isaías.

    4. UM GRANDE PERIGO

    O grande perigo que existe em esboçar uma metodologia é levar

    alguém a pensar que cada item é independente dos outros. Na

    verdade todos os itens do método proposto são interdependentes e

    formam um conjunto inseparável. Quatro palavras-chaves resumem

    o método: texto – contexto – palavras – ideias. Estas são as

    ferramentas empregadas na busca de informações fundamentais

    para a compreensão das Escrituras.

    No próximo capítulo iniciaremos as considerações sobre estas

    quatro palavras-chaves da metodologia para o estudo das

    Escrituras. Esta ordem deve ser mantida em toda aproximação da

    Palavra do Eterno.

    “Quem estuda somente os homens, adquire o corpo do

    conhecimento sem a alma; e quem estuda somente os livros, a almasem o corpo. Quem adiciona observação àquilo que vê, e reflexão

    àquilo que lê, está no caminho certo do conhecimento, com a

    certeza que ao sondar os corações dos outros, não negligencie o

    seu próprio.” Caleb Colton.

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    CAPÍTULO 03

    ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (1)

     A. O PROPÓSITO DE UM MÉTODO DE ESTUDO

    O propósito de ter um método de estudo é a total transformação da

    pessoa. O método visa a substituição de velhos e destruidores hábitos

    de pensamento por novos hábitos vivificadores. Em parte alguma este

    propósito é visto mais claramente do que na forma em que um teólogo

    se aproxima do texto.

    1. O TEXTO

    É texto é a primeira palavra-chave que define o método (veja de

    novo estudos anteriores). É no texto que devemos aplicar toda

    nossa energia mental, pois o primeiro passo no estudo das

    Escrituras, seguindo o método histórico-crítico, é estabelecer o

    texto.

    É preciso ler com cuidado a passagem, notando qualquer

    dificuldade textual, palavras desconhecidas e estruturas gramaticais.

    Também é necessário observar o gênero literário (se é epístola,

    narrativa, poesia, alegoria, parábola, etc.), e se dedicar ao estudo do

    texto.

    O teólogo é um homem transformado pela Palavra de Deus. Como

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    se processa isto? Em Romanos 12:2 lemos que a transformação é

    mediante a renovação da mente. A mente é renovada quando

    colocamos nela as coisas que a transformarão: “tudo o que é

    verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que

    é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja

    isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4:8). Você notou

    a virtude que encabeça a lista? “Tudo o que é verdadeiro”, isto é

    significativo, pois indica a prioridade a ser buscada no estudo.

    O estudo é o veículo básico que nos leva a ocupar o pensamento,

    quando estamos concentrados no estudo, o pensamento não estápor conta de seus próprios inventos. (mente desocupada, oficina do

    diabo – Já ouviu este velho provérbio?). Estudo é um tipo específico

    de experiência em que, mediante cuidadosa observação de

    estruturas objetivas, levamos os processos do pensamento a

    moverem-se numa determinada direção. As Escrituras Hebraicas

    instruem no sentido de as leis serem escritas nas portas e nosumbrais das casas, e atadas aos punhos, de sorte que “estejam por

    frontal entre os vossos olhos” (Deuteronômio 11:18). A finalidade

    desta instrução era dirigir a mente de forma repetida e regular a

    certos modos de pensamentos referentes a Deus e suas

    ordenanças e às relações humanas. O que estudamos determina

    que tipos de hábitos devam ser formados.O processo que ocorre no estudo deve distinguir-se da meditação. A

    meditação é um processo mais devocional; o estudo é analítico.

    A meditação saboreará o texto; o estudo deve explicar o texto.

    Embora a meditação e o estudo muitas vezes se superponham e

    funcionem concorrentemente, constituem dois processos diferentes.

    Acreditamos que o estudo do texto deve vir primeiro, poisproporciona ao texto uma determinada estrutura, objetiva, e dentro

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    da qual a meditação pode funcionar com êxito, o estudo estará a

    serviço da meditação, precedendo-a.

    O método histórico-crítico aplicado: O primeiro passo no estudo de

    um texto é a:

    a. Repetição

    A repetição é uma forma de canalizar a mente de modo regular,

    numa direção específica, firmando assim hábitos de

    pensamentos. A repetição desfruta hoje de certa má fama.

    Contudo, é importante reconhecer que a pura repetição, mesmo

    sem entender o que está sendo repetido, em realidade, afeta a

    mente interior. Hábitos arraigados de pensamentos podem ser

    formados apenas pela repetição, mudando assim o

    comportamento. Esse é o princípio lógico central da psicologia,

    que treina a pessoa para repetir certas afirmações regularmente

    (por exemplo, para quem tem problema de autoafirmação ou

    problema de autoimagem negativa, deve repetir a frase,

    acreditando na verdade nela contida: amo a mim mesmo

    incondicionalmente).

    Nem mesmo é importante que a pessoa esteja consciente do

    processo mental que está desenvolvendo; basta que a afirmação

    seja repetida. A mente interior é assim treinada, e afinal

    responderá modificando o comportamento para conformar-se à

    afirmação. Naturalmente, este princípio tem sido conhecido

    durante séculos, mas só em anos mais recentes recebeu

    confirmação científica. É por isso que a programação de televisão

    tem tanta importância, os anunciantes sabem disso e fazem da

    repetição uma forma de fixar na mente do tele espectador um

    determinado produto. O mesmo processo é aplicado na música,

    pela repetição constante de uma letra musical, a verdade nela

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    contida se fixa também mentalmente.

    b. Concentração

    A concentração é o segundo elemento prático no estudo. Se além

    de conduzir a mente repetidas vezes ao assunto em questão a

    pessoa concentrar-se no que está sendo estudado, a

    aprendizagem aumenta sobremaneira. A concentração centraliza

    a mente. Ela prende a atenção em detalhes específicos. A mente

    humana tem a capacidade incrível de concentrar-se. Ela está a

    todo instante recebendo milhares de estímulos, cada um dos

    quais capaz de armazenar-se em seus bancos de memória

    enquanto se concentra nuns poucos apenas. Esta capacidade

    natural do cérebro aumenta quando, com unidade de propósito,

    concentramos nossa atenção num desejado objeto de estudo.

    Quando não apenas de maneira repetida canalizamos a mente

    num determinado sentido, concentrando nossa atenção no

    assunto, mas entendemos o que estamos estudando, então

    atingimos um novo nível.

    c. Compreensão

    A compreensão nos leva ao discernimento da verdade contida no

    texto e provê uma base sólida na percepção dessa verdade, de

    maneira que se torna clara para nós e para ser explicada. Oestudo das Escrituras, como feita por um teólogo, começa com as

    Escrituras e com a mente aberta para ela. O Texto é a passagem

    ou trecho das Escrituras que vai ser estudado envolvendo os três

    itens acima: Repetição, concentração e compreensão, na

    verdade três passos que não podem deixar de ser levados em

    conta na hora do estudo.

    Voltamos nossa atenção para os estudos anteriores, onde

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    definimos as palavras-chaves da metodologia de estudo das

    Escrituras, a primeira palavra-chave é: Texto. Um resumo do que

    temos considerado até aqui.

    “O vocábulo texto deriva do latim texere, que significa tecer, e que

    figurativamente quer dizer reunir, construir, compor e expressar o

    pensamento em contínuo discurso ou escrita. O substantivo

    textus indica então o produto do ato de tecer, o tecido, a trama, e,

    assim, no uso literário, a trama do pensamento de alguém, uma

    composição contínua” J. A. Broadus, O Sermão e o seu Preparo 

     – Casa Publicadora Batista, 1967, Segunda edição, Rio deJaneiro, pág. 15.

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    CAPÍTULO 04

    ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (2)

    ESTUDO CRÍTICO-HISTÓRICO-LITERÁRIO DAS

    ESCRITURAS

     A. O ESTUDO DO TEXO

    1. A DECLARAÇÃO DE JERÔNIMO

    Considere com atenção esta declaração de Jerônimo a propósito da

    Vulgata:

    “De velha obra me obrigais a fazer obra nova... Qual de fato, o sábio

    e mesmo o ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar

    (novo, ou da Vulgata), depois de o haver percorrido apenas uma

    vez, vendo que se acha em desacordo com o que está habituado a

    ler, não se ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrílego,

    um falsário, porque terei a audácia de acrescentar, substituir, corrigir  

    alguma coisa nos antigos livros? Um duplo motivo me consola desta

    acusação. O primeiro é que vós, que sois o soberano pontífice, me

    ordenou que o fizesse, o segundo é que a verdade não poderia

    existir em coisas que divergem...” Enciclopédia Barsa – Serviço de

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    Pesquisa, No  1.976 – Carta de S. Jerônimo ao papa Damaso, a

    propósito da Vulgata. Extraído de: Introdução à Bíblia (I – Introdução

    Geral) de Caetano M. Perella, O. M. e Luigi Vagaggini, O. M. Edição

    da Editora Vozes. (parêntese e destaque são nossos).

    Todo estudante de Teologia tem a obrigação de examinar com

    atenção a declaração de Jerônimo em que ele reconhece ter feito

    mudanças, acréscimos e alterações na Bíblia. Outra conceituada

    obra de consulta, a Enciclopédia Delta-Larousse nos informa que

    por outras obras de Jerônimo sobre as Escrituras e por causa,

    especialmente, de sua tradução para o latim (Vulgata), Jerônimotornou-se o fundador “da exegese católica” Delta-Laroussse, Vol. VI

    pág 3.131. Surge assim uma interpretação muito apropriada aos

    interesses da Igreja que se configurava através de Concílios, pois

    sabemos que exegese é uma interpretação da Bíblia, que se for

    moldada nos padrões católicos resulta numa teologia católica.

    2. REFUTANDO A VULGATA

    O professor presbiteriano B. P. Bittencourt que é Doctoris

    Philosophian Pela Boston University, USA, e com pós-graduação na

    Rüprecht Kart Univertät, de Heidelgerg, Alemanha, no seu excelente

    livro: O Novo Testamento – Metodologia da Pesquisa Textual,

    Terceira Edição, Revista, Atualizada e Ampliada, Editora JUERP,

    Rio de Janeiro, na página 167, escreve:

    “Sabe-se que a Vulgata é base sumamente fraca para uma tradução

    da Bíblia. Deve-se lembrar de que Figueiredo traduziu a Bíblia no

    século 18, depois de muitas tentativas para a publicação de uma

    edição crítica dos textos originais e da Vulgata, e essas tentativas

    tornaram-se fonte de corrupção textual em vez de melhora. Frederic

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    escreve:

    “Embora Tertuliano faça referência a cartas autênticas em sua

    época, os originais já se haviam perdido e a corrupção textual já

    tivera início”. Pág. 118

    Ainda sobre essa época chamada de “patrística” (relacionada com

    os ‘pais da Igreja’) e sobre a corrupção do texto o Dr. Bittencourt

    acrescenta: “Orígenes... no seu comentário sobre Mateus queixa-se

    de que as diferenças entre os escritos dos Evangelhos se haviam

    tornado grandes, quer através da negligência de alguns copistas,

    quer através da perversidade audaz de outros, que alongam ou

    abreviam o texto”. Pág. 118.

    B. O ENTENDIMENTO ORIGINAL DO TEXTO

    Por favor, leia de novo o documento acima, examine cada frase e

    comprovará que nos primeiros séculos a Bíblia sofreu grande influênciae muita coisa foi mudada, quer seja intencional ou casual. “Diferença

    entre os escritos dos Evangelhos”, isso não lhe diz nada? Não? Não é

    possível que você não veja o alcance desta frase de um erudito. Por

    essa razão, única razão, como teólogo, ou futuros teólogos, devemos

    ter em alta estima  o texto original, na busca do mais autêntico e na

    restauração do sentido original da Palavra.

    1. O SENTIDO SEMÍTICO DO TEXTO

    Como verdadeiros e sinceros estudantes da Palavra de Deus

    voltamos nosso olhar e entendimento para o sentido semítico,  isso

    para o Antigo Testamento, ou seja, o entendimento hebreu das

    Escrituras Hebraicas, posicionando o texto em estudo, se for do

    Antigo Testamento, no seu contexto histórico, que era o mundo

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    semítico, numa cultura hebraica, da época da Palestina; Onde,

    como exemplo muito comum, o ato de rasgar a roupa e encher a

    cabeça de cinza era uma expressão de luto, dor e tristeza.

    2. UMA VISÃO CRÍTICA DO GREGO NEOTESTAMENTÁRIO

    Com relação ao Novo Testamento, cujas obras foram escritas em

    grego, nosso olhar como estudantes da Bíblia e nossa aproximação

    dela deve ser crítico (no sentido científico que essa palavra tem),

    devemos estar examinando cada frase, cada palavra somente à luz

    do que é mais próximo do original. Lembrando que o escritor da

    Bíblia quer sejam profetas, quer seja apóstolo, com raras exceções

    eram semitas, eram hebreus, numa época distante da nossa em que

    muitas palavras por eles usadas têm um sentido e um significado

    próprio para essa cultura e época. Como Teólogos devemos

    sempre confessar nossa fidelidade às Escrituras nos seus textos

    originais.

    3. AS TRADUÇÕES DEFEITUOSAS DA VULGATA LATINA

    A Vulgata Latina, de Jerônimo ganhou valor e prestígio na Igreja de

    Roma, e foi considerada como a rainha das versões, tanto é, que

    até pouco tempo, no mundo inteiro, a missa (liturgia Católica) eraministrada em latim, porém, a Vulgata prevaleceu e prevalece ainda

    até hoje, mesmo que outras vozes se tenham levantado em protesto

    contra ela, como exemplo: pessoas que levantaram seu grito de

    protesto contra a Vulgata podemos citar um documento extraído da

    Enciclopédia Delta-Larousse, Vol. III, pág 1.116.

    Ulrico de Hutlen, defensor do humanista Reuchlin, que iniciara ascontrovérsias religiosas chamando a atenção para as traduções

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    defeituosas da Vulgata.

    Ora! De novo você encontra uma declaração honesta, e se você é

    também honesto em sua fé, acredite que a Bíblia sofreu por causa

    de traduções defeituosas. Estamos considerando a Vulgata Latina

    porque foi ela que formou a base da maioria das traduções das

    Bíblias chamadas de Católicas.

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    CAPÍTULO 05

    ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (3)

    MENTIRAS TRANSFORMADAS EM VERDADES

     A. OS DISCURSOS E IMPOSIÇÕES QUE MUDAM A MENTIRA EM

    VERDADE

    Preste atenção especial nesta declaração de um cônego católico: “O

    católico recebe a Sagrada Escritura como sendo a própria Palavra de

    Deus, recebe a garantia de que todos os livros da Bíblia, com suas

    diversas partes, tais como se apresentam na versão Latina chamada

    Vulgata, são inspiradas, isto é, têm como autor o próprio Deus, e assim

    sendo não podem conter erro algum”.

    Artigo do cônego Gustave Bardy, com imprimatur da Igreja Católica

    Apostólica Romana: Divione, dei XXa, octobris 1935 – Assinado por G.

    Jacquin, v. g. para a Enciclopédia Delta-Larousse, Vol. IV, pág 1.839.

    1. A ATRIBUIÇÃO DE INSPIRAÇÃO DIVINA À VULGATA LATINA

    Esta é uma afirmação, talvez, arrogante demais. Atribuir à Vulgata

    inspiração divina, é um discurso bem preparado para induzir oscatólicos a crer que a Bíblia não contem erros. Se nós já sabemos

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    que o próprio Jerônimo, tradutor da Vulgata confessa que fez

    acréscimos, mudanças e correções nos Livros tradicionais, então é

    obvio que uma afirmação como a de cima é uma declaração

    improcedente.

    2. A IMPOSIÇÃO PAPAL

    Posteriormente, os papas Gregório VII (1073-1085) e Inocêncio III

    (1198-1216), usaram a autoridade da Igreja para conservar

    unicamente essa versão latina, a Vulgata, evitando qualquer outra

    versão ou tradução feita dos originais. O Concílio de Toulousse na

    França, em 1229, decretou que ninguém poderia usar outra versão

    da Bíblia que não fosse a Vulgata Latina, e para impor esse decreto

    a Igreja usou a Inquisição, que durante 400 anos perseguia e

    mandava matar qualquer pessoa que tivesse uma versão diferente

    da Vulgata Latina, como exemplo desses fatos podemos citar vários,

    bastam dois exemplos para uma amostra.

    a. Francisco Enzinas na Espanha foi encarcerado pela inquisição

    católica (1544), por ter traduzido e publicado o Novo Testamento

    em espanhol.

    b. Da mesma maneira lembramo-nos de Miguel Servet, condenado

    à fogueira, sendo queimado lentamente pelo “crime” de discordarde traduções mal feitas.

    Com estas considerações não queremos desfazer da Bíblia, mas

    fazer com que todo estudante de Teologia compreenda que

    devemos ter o máximo de cuidado no estudo da Bíblia para não

    cometer os mesmos erros do passado e ensinar o que não era

    original dos apóstolos e profetas. Quando ensinar um “assim diz oSenhor” que não seja falso, mas firmemente fundamentado no

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    alicerce da Palavra.

    3. CELEBRANDO A VULGATA

    Ainda hoje, em nossos dias, depois de 1965, logo após o Concílio

    Vaticano II, a Igreja de Roma começou as comemorações do dia da

    Bíblia, na semana do dia de 30 de setembro, data do falecimento de

    Jerônimo, que traduziu para o Latim a versão chamada Vulgata,

    versão que foi definitivamente oficializada no Concílio de Trento

    (1545).

    4. A EMENDA É PIOR QUE O SONETO

    Finalmente, para concluir esta parte relacionada com a Vulgata

    citamos de novo o Dr. Bittencourt:

    “A fim de purificar o texto da Vulgata, várias edições foram feitas por

    Alcuino, Teodulfo, Lanfrano e Estevão Harding, durante a Idade

    Media. Cada tentativa de restaurar o trabalho de Jerônimo piorou o

    que existia. Daí resultar que os 8 mil manuscritos da Vulgata hoje

    conhecidos apresentam as mais curiosas contaminações. Chama-se

    Vulgata esta tradução de Jerônimo por ter esta versão grande

    circulação na Igreja Católica desde o sétimo século, e gozar da

    aprovação da Igreja Católica como versão autorizada, o que

    aparece depois na forma explícita na primeira edição do papa Sisto

    V, em 1590, e do papa Clemente II, em 1592, até a Nova Vulgata,

    esta última edição foi feita por iniciativa do papa Paulo VI pela

    constituição apostólica em 25 de abril de 1979, época em que

    começou a circular. Esta nova Vulgata... apresenta inumeráveis

    alterações do texto de Jerônimo em matéria puramente estilística...sendo que a edição de 1590 já havia sofrido mais de 5 mil

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    alterações”. Pág. 95-96.

    Este documento do Dr. Bittencourt nos apresenta a informação de

    que a Vulgata foi tão infiel ao original que em 1590 foram feitas mais

    de cinco mil alterações e mesmo assim não foram suficientes para

    purificar o texto de Jerônimo.

    B. ESTUDANDO A BÍBLIA DE FORMA CORRETA

    Terminando está primeira parte, em que foram examinados fatos e

    conclusões de eruditos sobre a Vulgata, fazemos algumas perguntas:Como um teólogo deve encarar os fatos? Como podemos ter certeza

    de que a Bíblia que temos em mãos não é mais outra “vulgata” com

    seus inúmeros erros? Como foi que a Versão de João Ferreira de

    Almeida chegou até nós? Como estudar a Bíblia?

    A resposta então se torna óbvia: Devemos aprender a estudar a Bíblia

    de maneira correta, para não fazer interpretações erradas que levem aconclusões também erradas. Neste Curso estamos aprendendo uma

    metodologia de estudo da Bíblia que nos levará a conclusões

    verdadeiras sobre a revelação divina.

    1. O CONTEÚDO DA MENSAGEM

    O texto – Considerando o que foi exposto sobre a Vulgata,

    concluímos que o Texto Bíblico em estudo, Deveria representar o

    conteúdo da mensagem que o escritor bíblico quis transmitir.

    Deveria ser a mensagem original, no seu contexto literário histórico.

    Deveria expressar a verdade.

    Quando usamos a palavra “deveria” no condicional, é porque todos

    sabem a dificuldade que qualquer estudante das Escrituras

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    encontra, pois as Bíblias em português são traduções e muitas

    vezes não é a mensagem nas palavras literais dos escritores

    originais. Muitas traduções já são, na verdade, uma interpretação do

    texto, portanto, é o texto original. Por causa disto devemosnãoaprender a conferir a fidelidade da tradução que vamos estudar.

    Está ela de acordo com o sentido original? Expressa corretamente o

    pensamento do autor? Não houve modificação de palavras e frases

    no texto em estudo? Esta disciplina responderá essas questões

    teológicas.

    2. VERSÕES EM PORTUGUÊS

    A maioria dos brasileiros sabe que a Bíblia não foi escrita

    originalmente em português. De alguns anos para cá se tem

    popularizado em especial duas versões bíblicas uma chamada de

    Corrigida e outra chamada de Atualizada. Lembremos que a palavra

    “Versão” indica uma tradução da Bíblia para uma determinada

    língua e indica sua modalidade específica, por isso falamos em

    Versão  Corrigida e Versão Atualizada. Nestas duas versões

    encontramos numa leitura de um mesmo texto diferenças em

    algumas palavras, na sua maior parte são diferenças de estilo

    (estilísticas) e não de conteúdo. Essas diferenças entre Corrigida e

    Atualizada, porém, não tem causado tantas questões como as

    suscitadas por Versões mais recentes que não são baseadas na

    tradução tradicional de João de Ferreira de Almeida, de 1748.

    Se hoje um brasileiro, recém-convertido, entrar numa livraria

    evangélica e perguntar por uma Bíblia para comprar ficará

    consternado e até confuso ao ver tantas Versões. Então surgem

    algumas perguntas que necessariamente devem ser respondidas.

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    Pois na maioria das vezes é o pastor, ou líder de uma Comunidade

    Cristã que deve responder: Por que existem tantas Versões da

    Bíblia? Por que aquela Versão não tem todas as palavras que minha

    Versão tem? E se há palavras diferentes, e até palavras omitidas,qual é a Versão mais certa? Será que mais de uma pode ser

    correta? Se há somente uma certa, porque existem as outras e são

    também “Bíblia” – Palavra de Deus? Como pode uma instituição

    cristã vender aos crentes Versões contraditórias até?

    Você está percebendo que estas perguntas podem surgir na mente

    de qualquer novo convertido e ir com essa pergunta para o pastor?Qualquer pessoa que entra numa livraria evangélica verá uma

    infinidade de Versões.

    Como então tirar proveito do estudo da Bíblia: Lembre que estamos

    até aqui estudando a primeira parte do método, ou seja, o que se

    refere ao texto. Então, é significativo a esta altura ter uma resposta

    correta da pergunta: Por que existem tantas Versões da Bíblia? Se

    nos estamos estudando um texto, como podemos saber se o texto

    em estudo é o correto de acordo com a Versão que tenho em mãos?

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    CAPÍTULO 06

    ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (4)

    AS TRADUÇÕES

     A. A IMPORTÂNCIA DE UMA TRADUÇÃO

    Quando o salmista escreveu que as Escrituras era uma luz no seu

    caminho (Salmo 119:105), com certeza estava se referindo às

    Escrituras Hebraicas que ele conhecia. Mas, para a maioria dos

    brasileiros que não conhecem Hebraico, não seria uma luz, pois, não

    entenderiam nada do que está escrito. A menos que as palavras

    hebraicas fossem traduzidas para o idioma nacional.

    Se a fé vem pelo ouvir a pregação e o ouvir da pregação é da Palavra

    de Cristo (Romanos 10:17). Como então poderíamos ter fé se as

    Palavras de Cristo não fossem traduzidas. Agradecemos a Deus pelas

    traduções, e agradecemos mais ainda pelas traduções que se

    aproximam das fontes originais.

    1. AS VERSÕES E SEUS PROBLEMAS

    Voltemos nossa atenção para a problemática das Versões:imaginemos um professor de Bíblia ensinando sobre a parábola dos

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    dois filhos (Mateus 21:28-32) e não entender porque seus alunos

    insistem em dizer que o primeiro obedeceu a seu pai, enquanto ele

    está lendo claramente em sua Bíblia que o segundo é que

    obedeceu. Se ele tivesse tomado conhecimento dos problemascrítico-textuais envolvido neste texto, não teria sido apanhado de

    surpresa. A resolução deste enigma é que o professor está usando

    a Almeida Revista e Atualizada (ARA) e os alunos estão usando a

    Versão de Almeida Revista e Corrigida (ARC). Uma versão diz que é

    o segundo filho que obedeceu, enquanto que outra diz que foi o

    primeiro. (Nota: O aluno deve guardar as abreviaturas das versõesARA e ARC).

    Um bom modo de procurar estabelecer o texto certo, mesmo

    quando não se tem acesso ou condições de consultar um texto

    original com aparato crítico, é consultar muitas versões do texto

    bíblico em estudo. Ler e comparar várias traduções pode mostrar

    variações devidas a problemas textuais (diferentes manuscritosusados como fonte de tradução), ou mudanças de entendimento na

    tradução do original. É importante lembrar que a maior parte das

    diferenças entre traduções (versões) é devida a este segundo fator.

    Entretanto, há casos em que um estudo minucioso comparando as

    diversas traduções ajuda a ver as diferenças devidas a problemas

    de transmissão do texto.•   Aparato Crítico  são as explicações em pé de página que se

    encontram nas Bíblias em Hebraico e Grego, explicando a razão

    das variantes.

    •  Variantes: são as diferenças de um mesmo versículo que se

    encontra entre vários manuscritos antigos.

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    2. DIVERGÊNCIA DE ORIGEM CRÍTICO-TEXTUAL

    A leitura de Colossenses 3:4 em várias versões mostra que há uma

    possível divergência de origem crítico-textual sobre qual o pronome

    certo que deve ser colocado ali: “nossa” (apoiado por ARA, ARC) ou

    “vossa” (apoiado pela Bíblia de Jerusalém [BJ], Bíblia na Linguagem

    de Hoje [BLH] e pela versão revisada de Almeida [VR]). Neste caso

    a divergência tem pouca importância para o sentido geral do texto

    (como a maior parte das variações textuais da Bíblia), mas é bom

    saber usar as traduções para encontrar estas variações. E, uma vez

    encontradas, elas são uma alerta para prestar maior atenção.

    Antes de continuar, é importante dar uma palavra sobre as versões

    bíblicas. A ARC é geralmente a mais problemática nas questões

    crítico-textuais, por basear-se num texto grego preparado antes do

    desenvolvimento da crítica textual. Ela foi baseada no chamado

    Texto Recebido (Textus Receptus). Versões católicas como BJ e a

    Bíblia editora Ave Maria (BAM) são úteis por usarem textos críticos

    mais modernos.

    Porém, é necessária uma palavra de cuidado: as versões católicas

    são sempre influenciadas pela Vulgata Latina; e, por isso, muitas de

    suas decisões crítico-textuais não são imparciais. Sobre a BJ é

    necessário dizer algo mais: o espírito não ortodoxo de alguns

    comentários textuais aconselha o uso da mesma com reservas. A

    BLH e VR parecem ser as mais atualizadas no que diz respeito às

    variações dos textos, assim mesmo, parece que a BLH tem a

    tendência de emendar muito o texto do Antigo Testamento. A ARA é

    boa, embora não tão atualizada quanto esta última. A Mattos Soares

    (MS) serve para ver o que diz a Vulgata, já que não é uma tradução

    dos originais, mas da famosa versão de Jerônimo. Estas palavrassobre as versões são gerais, havendo necessidade de avaliar, em

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    cada leitura, os méritos de cada uma delas.

    Em Colossenses 2:2 vemos que a BJ segue um texto inferior ao

    seguido por ARC, ARA, BAM, BLH e VR. Como era de se esperar

    MS segue a Vulgata.

    3. A LEITURA DE VERSÕES EXIGE ANÁLISE CUIDADOSA

    Assim cada leitura das versões merece análise cuidadosa. No caso

    de Mateus 21:28-32, o texto da ARC é melhor do que o da ARA e

    VR. Imaginemos uma cena: A Igreja onde foi convidado usava aVersão chamada: NVI Nova Versão Internacional, sabendo disso, e

    como a palestra tratava justamente sobre Versões, para iniciar pedi

    que abrissem a NVI em Atos 8:37, então eu li a passagem na minha

    versão: “Disse Filipe: Você pode, se crê de todo o coração. O

    eunuco respondeu: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” Atos

    8:37.

    Os irmãos ficaram procurando o texto na NVI e para surpresa

    comprovaram que Atos 8 tem o versículo 36 e então pula para o 38,

    omitindo o 37. A NVI não tem o verso 37 de Atos 8. Você estudante

    de teologia pode também fazer essa comprovação em qualquer

    livraria evangélica que venda a NVI. Isso ilustra o que estamos

    tentando ensinar. As Versões apresentam diferenças, e elas devemser consideradas com cuidado a fim de não sair por ai pregando o

    que não é original.

    Uma “Testemunha de Jeová” (errados na doutrina da Trindade) está

    visitando de casa em casa e para tentar provar a malfadada teoria

    antitrinitária faz com que o novo convertido leia 1a  João 5:7-8 e

    apela para o argumento de que esse texto é uma interpolação(acréscimo posterior) e confunde o pobre irmão dizendo que todos

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    os outros textos que falam da Trindade na Bíblia também foram

    acrescentados. O que é falso. Uma afirmação verdadeira, 1a João

    5:7-8 foi de fato um acréscimo posterior, mas é falso afirmar que

    outros textos também são acréscimos. Sobre 1a  João 5:7-8,inserimos a seguir a explicação dada pela Sociedade Bíblica do

    Brasil SBB.

    Estimado irmão,

    Recebemos mensagem eletrônica do irmão arguindo-nos acerca do

    motivo por que algumas palavras de 1João 5.7-8 aparecem entre

    colchetes na tradução de Almeida Revista e Atualizada. Sobre esta

    questão, precisamos compreender o significado dos colchetes na

    RA. Isto nos aprendemos ao ler no artigo "Explicação de Formas

    Gráficas Especiais, Títulos, Referências e Notas", adendo ao

    "Prefácio à 2a. Edição": algumas passagens do Novo Testamento

    aparecem entre colchetes. Estas passagens não se encontram no

    texto grego adotado pela Comissão Revisora, mas haviam sido

    incluídas por Almeida com base no texto grego disponível na época

    (Mt 6.13).

     Almeida traduziu a Bíblia para a Língua Portuguesa no século XVII.

    O Novo Testamento em português ficou pronto em 1681. Almeida

    traduziu-o a partir de um texto grego denominado Textus Receptus

    ("o texto recebido"), que fora compilado pelo famoso humanista

    holandês Erasmo de Roterdã no início do século XVI. A tradução de

     Almeida a partir dos manuscritos que ele possuía em sua época

    cristalizou-se na chamada Edição Revista e Corrigida (RC),

    publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil e adotada por inúmeras

    denominações evangélicas em países de fala portuguesa,

    destacando-se Portugal e Brasil. A RC espelha bem o teor do

    Textus Receptus utilizado por Almeida.

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    Quando a tradução de Almeida já estava concluída, Deus permitiu

    que arqueólogos, historiadores e teólogos verificassem um

    considerável avanço no achado, recuperação e decifração de

    manuscritos bíblicos, alguns dos quais indisponíveis a Almeida na

    época em que traduziu a Bíblia.

     A Edição Revista e Atualizada (RA) surgiu em 1956 em decorrência

    dessas novas descobertas, quando a Comissão Revisora da

    Sociedade Bíblica do Brasil achou por bem confrontar o texto de

     Almeida com os novos manuscritos encontrados.

     A RA passou por uma segunda revisão em 1993, afinando ainda

    mais o texto bíblico aos textos originais em hebraico, aramaico e

    grego, pelo que é uma das mais amadas e adotadas traduções da

    Bíblia Sagrada no Brasil e no exterior.

    Dito isto, fica um pouco mais simples compreender a diferença de

    tratamento dado àquelas palavras de 1João 5.7-8 na RC e na RA.

    Na primeira, que corresponde à tradução mais antiga de Almeida as

    palavras "no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três

    são um. E três são os que testificam na terra" constavam do texto

    original grego utilizado pelo tradutor. Já na RA, confrontando-se a

    tradução de Almeida com os manuscritos encontrados (mais antigo

    e, portanto, mais próximos do tempo em que João escreveu sua

    primeira carta) e desde que as referidas palavras não contradizem

    nem ofendem a mensagem bíblica da salvação em Cristo Jesus,

    estas palavras foram colocadas entre colchetes.

    Com isto, a RA respeitou o trabalho valioso de João Ferreira de

     Almeida, sem, contudo, ter aberto mão da fidelidade ao melhor texto

    original grego a que se tem acesso nos dias atuais. (Nas traduções

    desenvolvidas pela própria Comissão de Tradução da Sociedade

    Bíblica do Brasil, todavia, como é o caso da Bíblia na Linguagem de

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    Hoje, as palavras questionadas de 1Jo 5.7-9 foram eliminadas por

    completo do texto bíblico).

    Por fim, acerca da procedência das palavras questionadas de 1Jo

    5.7-8, convém mencionar a opinião do Dr. Bruce Metzger, uma das

    maiores autoridades atuais sobre os manuscritos gregos do Novo

    Testamento, que coopera com as Sociedades Bíblicas Unidas, a

    fraternidade da qual a Sociedade Bíblica do Brasil faz parte.

    Conforme o Dr. Metzger, todos os manuscritos gregos mais antigos

    do Novo Testamento (datados dos séculos II e III) omitem as

    palavras "no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três

    são um. E três são os que testificam na terra" em 1Jo 5.7-8.

    Estas palavras só começaram a aparecer em comentários e

    sermões sobre o texto de 1João no final do século IV e, muito

    posteriormente, em um manuscrito latino do século XIII. Segundo o

    Dr. Metzger, as palavras aqui em questão podem ter sido o

    comentário que um copista (pessoa encarregada de copiar a Bíblia

    na Idade Média) fez na margem do pergaminho em que trabalhava;

    um copista posterior, ao tomar o manuscrito mencionado como texto

    base para sua cópia, incorporou o comentário marginal do seu outro

    colega ao texto bíblico, erro que mais recentemente foi descoberto

    sem grandes dificuldades pela comparação dos manuscritos mais

    recentes com os mais antigos.

    Sendo isto para o momento, agradecemos muitíssimo sua paciência

    e atenção. A Sociedade Bíblica do Brasil faz votos de que o irmão

    continue sendo um leitor fiel e dedicado da Palavra do Senhor, fonte

    de orientação e consolo eternos.

    Cordialmente em Cristo,

    p/ Comissão de Tradução

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    Sociedade Bíblica do Brasil

    [email protected]

    4. A CONTRIBUIÇÃO DA LEITURA DE VÁRIAS VERSÕES

    A leitura de várias versões contribui como já dissemos, para a

    compreensão do texto apresentando as diferentes maneiras de

    traduzir o original para o português. Geralmente as traduções

    convergem para um mesmo sentido, usando palavras diferentes.Isto já explica muitas coisas para o estudante de teologia.

    Ocasionalmente, haverá divergências de sentido entre elas: nestes

    casos é necessário um estudo mais detalhado.

    O texto de Colossenses 2:15 apresenta uma pequena dificuldade de

    tradução percebida pelos que não podem ler o original, na

    comparação das traduções. ARC diz: “... triunfou em si mesmo”,

    enquanto ARA (e também VR, BJ, BLH, BAM) diz: “... triunfando...

    na cruz”.

    A diferença de sentido não é grande, mas há uma diferença. Neste

    caso as duas traduções são possíveis, mas a última é a melhor, pela

    gramática e pelo contexto. Entretanto, àqueles que não podem ler o

    texto grego resta apenas constatar o problema e aguardar auxílio

    externo para resolver a questão. De qualquer forma, é bom sempre

    antecipar os problemas, ficando atentos às possíveis contribuições

    na sua resolução.

    5. VERSÕES CONTAMINADAS

    É importante não usar versões esquisitas ou contaminadas como a

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    dos autodenominados “Testemunhas de Jeová”. Se tiver uma, veja a

    adulteração flagrante do texto em Colossenses 1:15-20 em favor de

    sua blasfêmia da “criação” de Jesus. Versões desse tipo só

    atrapalham. Além de não terem sido feitas com base nos originais(são traduções de traduções), elas só podem nos fazer incorrer nos

    erros incorporados ao texto dessas “versões”.

    6. VERSÕES COM NOTAS DE RODAPÉ

    Um pouco deste cuidado deve ser usado com respeito a todo tipo de

    Bíblia com notas e auxílios nas margens e rodapés. A Bíblia de

    Scofield é uma destas que não recomendaríamos a quem deseja

    fazer um estudo sério. O sistema de notas empregado direciona o

    intérprete a um sistema teológico completamente estranho ao dos

    escritores inspirados. A Bíblia Vida Nova é menos culpável de

    direcionamento doutrinário do que a de Scofield, mas também se

    deve ter cuidado ao examinar algumas de suas orientações

    doutrinárias. Não deve ser usada como ferramenta inicial de

    trabalho.

    Se o aluno quiser, pode usar a Bíblia Vida Nova no momento que for

    consultar os comentários: neste ponto ela é uma fonte útil de

    informação e esclarecimentos. O mesmo conselho se estende às

    versões católicas com anotações. Com relação à chamada de Bíblia

    Viva, na verdade ela não é uma versão; mas uma paráfrase. É

    quase um comentário, e sendo assim, é melhor utiliza-la mais tarde,

    nos estudos. A consulta de comentários bíblicos encontrados ao pé

    de página de muitas Bíblias comentadas, não deve servir de base

    para a formação doutrinária, mas apenas como fonte de consulta

    crítica e geral. Por quê? Por esses comentários tem o sabor e

    influência de seus autores humanos, da mesma forma como será

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    A divisão em parágrafos já constitui melhor ajuda para o estudante.

    Em Colossenses 4:1 temos o exemplo de uma divisão de capítulos

    infeliz. O problema se agrava em Versões como a ARA que

    transformam 4:1 em um parágrafo novo, destacado de 3:18-25.Devemos compreender que 3:18 até 4:1 é uma estrutura literária

    única e deve ser tratada como tal. É possível dividi-la em

    subparágrafos como fez a BLH, mas mesmo assim, deve ficar claro

    que todos eles formam uma “tábua de conselhos domésticos”.

    9. A NATUREZA DA LITERATURA BÍBLICA

    Os livros bíblicos podem ser encarados como representantes de

    diferentes tipos de literatura. As epístolas são comparadas a cartas,

    enquanto o livro de Apocalipse já pertence a outro gênero literário

    (Apocalíptico-profético). Isaías tem características completamente

    diferentes dos evangelhos. 

    Na medida do possível ler e adquirir o livro: “Entendes o que Lês?”

    de G. D. Fee e D. Stuart – Edições Vida Nova.

    O entendimento do tipo ou natureza de literatura não deve abranger

    apenas o aspecto global do livro, mas também o trecho específico

    que estamos estudando. Os gêneros literários podem variar muito

    dentro de um mesmo documento. Nos Evangelhos (que são umgênero literário incomparável) temos discursos, narrativas,

    parábolas, citações do Antigo Testamento, milagres e sumários.

    No livro de Daniel, metade do livro é composta de narrativas e a

    outra metade de visões e interpretações das mesmas. Devemos

    então especificar a natureza literária do texto que estamos tratando

    em particular. Podemos ter oração a Deus, exortação, discursoprofético, citação do Antigo Testamento, narrativa, alegoria, discurso

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    didático, polêmica, citação de um documento histórico, explicação

    editorial, sumário ou resumo, cântico ou poesia, simbolismo,

    parábola, relato de milagre, etc.

    Uma variedade enorme de gêneros e tipos pode compor um único

    documento. Não devemos ser absolutamente técnicos na

    classificação destes gêneros, mas é preciso aprender a diferencia-

    los e entende-los. Por exemplo: A carta aos Colossenses de Paulo

    tem sido dividida em duas partes: Doutrinária e Parenética (ou

    prática). Embora esta classificação seja primária, é, em geral

    verdadeira. Saber situar um texto em uma ou outra destas partes dacarta está incluído no processo de caracterizar o tipo de texto que

    estamos estudando. Sendo assim, notamos que o texto de 4:7-17 de

    Colossenses pode ser classificado como “ notícias”, notas pessoais,

    recados e saudações. O importante é notar que tem características

    próprias em relação ao resto do livro.

    A observação de partículas como: “portanto”, “porque”, “pois” e “ora”

    é muito importante. Elas mostram o relacionamento de subordinação

    ou coordenação de frases ou de seções inteiras da carta. Em

    Colossenses 3:5 a palavra “pois” liga o que segue com o que foi dito

    anteriormente. Os colossenses deviam “fazer morrer a natureza

    terrena” por participar das coisas do alto (3:1-4). A palavra “pois”

    está ligando os pensamentos. Está marcando a transição da causapara o efeito.

    Observar os recursos literários que o autor empregou em sua obra é

    também parte da boa observação da estrutura do texto.

    Recomendamos que o estudante da Bíblia saiba identificar figuras

    de linguagem no texto (figuras de palavras, de construção, e de

    pensamento). É útil recordar este assunto em uma gramática. Estacompreensão ajuda a não perder a mensagem do escritor por não

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    as pessoas comuns. O que é o “geco” (Provérbios 30:28)? Há bons

    dicionários que não definem este termo, quanto mais os que não

    conhecem este regionalismo. O uso do dicionário português, nestes

    casos, é essencial.

    Neste momento do estudo, procura-se ter uma compreensão inicial do

    que o texto estaria dizendo. Será uma compreensão provisória, mas

    importante como alicerce do trabalho posterior. Não é possível ir até as

    próximas etapas se não conseguirmos ler o que o texto pode estar

    dizendo.

    O dicionário português não será usado apenas para palavras que não

    entendemos, mas para todas as palavras que julgarmos necessário

    estudar. Isto é recomendável, pois a função do bom dicionário é definir

    o sentido das palavras no uso cotidiano. Precisamos saber todas as

    possíveis significações atuais do vocábulo, para buscar,

    posteriormente, a que mais se adapta ao sentido bíblico naquele texto

    e contexto.

    O dicionário, portanto, não está errado em definir “batizar” como “pôr

    nome, alcunha ou epíteto a” entre outras coisas: ele está mostrando

    como as pessoas usam e compreendem este verbo na atualidade. Este

    não é o significado bíblico do termo, mas é como muitos entendem

    erroneamente o texto bíblico. Torna-se então, importante saber como o

    dicionário classifica e ressalta o uso comum de um termo para saber

    explicar o que realmente a palavra de Deus quer dizer com ele.

    Todo cuidado é pouco no uso do dicionário português. Ele se

    assemelha a uma pesquisa de mercado: não emite juízos sobre o certo

    ou o errado, mas apenas diz qual o uso popular do termo. O dicionário

    define palavras pelo uso que se faz delas, logo o dicionário em

    português não basta em nosso estudo. De forma alguma ele deve ser

    considerado um “juiz” para resolver os dilemas de significado.

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    Em boa parte dos casos o dicionário português nos dá sinônimos da

    palavra, o que é muito útil no entendimento e transmissão do seu

    significado a outros. A paráfrase utilizará muitos destes significados

    paralelos ou sinônimos, se forem corretos.

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    CAPÍTULO 07

    ESTUDANDO O CONTEXTO

    O CONTEXTO

     A. DA ESTRUTURA DO TEXTO À ANÁLISE DO CONTEXTO

    Estabelecer o texto certo, assim como estabelecer a estrutura do texto,

    é as primeiras tarefas do estudante da Bíblia (teólogo). A partir de

    então há segurança para uma análise do contexto, a estrutura maior

    onde o nosso texto está inserido. Este trabalho se faz por meio de

    leituras repetidas do texto, inclusive de versões diferentes. O teólogo

    conhece bem o texto antes de fazer seu estudo mais detalhado. Porém

    o texto está rodeado de um contexto, não é uma ilha literária, o texto

    faz parte de um conjunto e será esse conjunto que nos vamos estudar

    agora: O contexto.

    1. O CONTEXTO

    Estudando uma abordagem ao contexto em estudo, vamos definir o

    que é um contexto: É o ambiente da passagem bíblica. Ele é

    composto pelos versículos que rodeiam a passagem estudada: os

    anteriores e posteriores, no livro estudado. É também o mundo que

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    rodeia a passagem, sendo especificamente o mundo do escritor e

    dos receptores dessa mensagem bíblica. O contexto contém,

    portanto, elementos históricos, culturais, literários, linguísticos, além

    de espirituais. Em alguns textos o contexto pode ter vários níveis: ocontexto histórico da narrativa, o contexto literário da narrativa no

    livro que a contém e o contexto do autor e dos leitores, que pode ser

    diferente dos dois primeiros. Sendo o contexto “o todo do qual o

    texto é parte”, ele é a chave para compreender o argumento inteiro.

    Usando a metáfora do teatro, o contexto é principalmente o cenário

    e o “pano de fundo” onde a peça se desenrola; secundariamente étambém o “pano de frente”, isto é, as cortinas, a reação do público,

    etc. Ou seja, tudo o que contribui para a melhor compreensão da

    peça.

    B. A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO

    Não é possível falar demais sobre a importância do estudo do texto no

    seu contexto. Iremos apresentar agora alguns itens para mostrar este

    fato. Os princípios e exemplos citados servem de incentivo a uma boa

    pesquisa do contexto, e já ensinam como trabalhar com ele.

    1. O CONTEXTO AJUDA A NÃO TORCER A PALAVRA DE DEUS

    Os que deturpam ou torcem a Palavra são chamados de ignorantes

    e instáveis (2a Pedro 3:16). Estes termos descrevem não apenas o

    caráter destes “torturadores da Palavra”, mas também seu modo de

    estudar a Bíblia: são despreparados e sem alicerce para o estudo. O

    contexto fornece preparo e alicerce sólido para uma boa exegese.

    Uma frase como “a ressurreição já se realizou” pode ser a afirmação

    de uma verdade, como a ressurreição espiritual que indica o

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    cumprimento da “nova vida em Cristo” (Colossenses 2:12 e 3:1), ou

    a declaração de uma heresia (2a Timóteo 2:17-18); tudo depende do

    contexto em que essa frase é interpretada.

    2. O SENTIDO CORRETO DA BÍBLIA VEM DO CONTEXTO

    Esta é quase uma repetição do que dissemos acima. Pensemos em

    um caso específico como, por exemplo: o que é a blasfêmia contra o

    Espírito Santo? Todo tipo de resposta tem sido dada para esta

    questão. Há quem associe este pecado com a de “mentir ao Espírito

    Santo” de Atos 5:3, 4, 9. Outros gostam de responder citando o

    misterioso “pecado para a morte” de 1a João 5:16-17. Hebreus 6:4-8

    também entra na lista das explicações propostas. Qual destas é a

    melhor explicação?

    O problema mencionado acima seria facilmente resolvido se, antes

    de tudo, tivéssemos buscado o texto que fala da blasfêmia contra oEspírito Santo e estudado o texto no seu contexto. Marcos 3:28-29 é

    um dos trechos que falam deste assunto. Observando o contexto

    notamos que os escribas estavam atribuindo o poder de Jesus sobre

    os demônios ao próprio diabo. Jesus argumentou mostrando que

    isso não era lógico, pois o diabo não iria destruir seu próprio

    domínio.

    A expulsão dos demônios, ao contrário, apontava para o fato de que

    Jesus era mais poderoso de que Satanás. Foi neste momento que

    Jesus falou sobre o pecado contra o Espírito. No último versículo

    deste parágrafo há uma explicação chamada “editorial”, ou seja, do

    autor e não de Jesus. “Isto porque diziam: está possesso de um

    espírito imundo” Marcos 3:30. Grifamos a expressão “isto porque”para mostrar que ela já é uma resposta, mostrando do que se trata a

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    blasfêmia contra o Espírito Santo. Blasfemar contra o Espírito, em

    Marcos, é atribuir ao diabo a obra do Espírito; é a rebeldia de não

    aceitar a maior evidência que Deus pode dar, na atuação de Seu

    Espírito.

    Poderíamos trabalhar mais ainda com o contexto de Marcos e

    ampliar a resposta, mas o que foi feito basta para mostrar a

    importância do contexto e para deixar uma advertência: cuidado

    com as associações de certos textos com outros que nunca foram

    escritos para serem ligados entre si num mesmo contexto.

    3. O SENTIDO CORRETO DAS PALAVRAS VEM DO CONTEXTO

    Isto é normal em qualquer língua do mundo. O verbo “apanhar” pode

    ter sentidos completamente diferentes. Por exemplo: “O menino

    desobediente apanhou do pai” usa o verbo em um sentido diferente

    da frase: “O menino apanhou do chão a carteira do pai”.

    No estudo da Bíblia, e esse é o tema desta disciplina, isto é muito

    importante. Há uma tendência de definir uma palavra de antemão e

    depois tentar impor esse sentido a todos os textos em que ela

    ocorre. A Melhor prática é observar o sentido que a palavra assume

    em função dos vários contextos em que essa palavra é usada, e só

    então definir o conceito geral do texto em questão.Uma comparação entre Tiago 2:24 com Efésios 2:8-9 leva alguns a

    pensarem numa contradição. Quem estaria errado: Paulo ou Tiago?

    Martinho Lutero ficou do lado de Paulo, e considerou o escrito de

    Tiago como algo de pouco valor.

    Não precisamos ir a extremos como estes, basta reconhecermos

    que as palavras “fé” e “obras” estão sendo usadas em sentidosdiferentes em cada um dos textos, pois se trata de épocas diferentes

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    na vida de Abraão. Esta atribuição de significados não é arbitrária: é

    decorrente de uma análise cuidadosa dos contextos.

    4. O CONTEXTO É A GARANTIA DA VERDADE DAS ESCRITURAS

    “Um texto fora do contexto é um pretexto” diz o adágio dos estudos

    de exegese. Qualquer um pode ensinar o que quiser usando a

    Bíblia, se conseguir ignorar o contexto. Até o diabo fez isso, tirou o

    texto do contexto para tentar Jesus. Satanás citou parte do Salmo

    91 (verso 11 em parte e todo o verso 12) fora do contexto. Ele até

    omitiu uma parte de sua citação, a fim de favorecer seu argumento.

    De qualquer forma, o Salmo 91 fala de confiar em Deus e não de

    usar Deus. É Deus quem decide (verso 14), e não há como obrigar

    Deus a fazer de outra maneira. (Lucas 4:10-11).

    Muitos livros de “doutrina” ou de apologética (polêmica religiosa) têm

    essa tendência. No calor da disputa, quase ninguém se lembra de

    perguntar o que o texto significa no seu contexto, mas apenas se ele

    é conveniente para “dizer o que eu quero que ele diga”. O melhor

    modo de estudar as Escrituras é aprender a pensar de acordo com o

    contexto: é aprender a extrair a mensagem inteira de textos longos;

    é também ler como leram os primeiros leitores.

    Lembro-me de uma historia que ouvi, se ela é verdade não possoafirmar, por isso a passo aos alunos da forma como a escutei. Certo

    obreiro foi convidado a participar de um congresso. Ele viu nesse

    convite uma oportunidade de ganhar um dinheiro extra, e mandou

    imprimir mil camisetas com o logotipo e o lema do congresso.

    Arrumou uma mesinha na entrada do local de reuniões e colocou o

    filho como encarregado de vender as camisetas. No último dia dereuniões, foi verificar o resultado se seu negocio e viu com surpresa

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    que só tinha vendido vinte camisetas, horrorizado comprovou que

    estava com um prejuízo de 980 camisetas. Como ele tinha o sermão

    de encerramento, subiu aquela noite no púlpito, e disse:

    “Amados irmãos, hoje eu tenho uma mensagem de Deus para

    vocês”. – Aleluia! Exclamou entusiasmada a plateia que lotava o

    recinto – “Deus falou comigo!” – continuou o pregador – E Ele diz,

    com voz clara e audível que eu deveria seguir a Bíblia e que eu

    deveria obedecer também o que ela diz. Então eu perguntei a Deus.

    O que eu devo fazer Senhor? Eu fiz a mesma pergunta de Paulo no

    Caminho de Damasco. Então o Senhor me respondeu: “Abra aPalavra e leia, leia e obedeça!”.

    “Irmãos, então, tomei a minha Bíblia e abri, a leitura que o Senhor

    me mostrou estava em Marcos 10:21. O Senhor me diz, pela sua

    Palavra: “ Vai, vende tudo...”. “Agora eu tenho que obedecer e vocês

    têm que cumprir essa ordem do Senhor, eu estou com 980

    camisetas ali na entrada, elas são abençoadas pelo Senhor, e Deus

    me diz: Vai vende tudo, por isso eu não posso sair daqui até não ter

    vendido até a última delas. Irmãos... Está escrito, vai e vende tudo,

    eu tenho que obedecer”.

    Não sei se é verdade, mas essa história ou estória ilustra muito bem

    o que estamos querendo passar a nossos alunos, muitos textos das

    Escrituras são usados para afirmar as mais estranhas coisas, e mal

    usados para desculpas suspeitas, sem falar nas inumeráveis

    heresias que são o fruto de um punhado de textos fora do contexto.

    Portanto, se não pesquisarmos bem o contexto de uma passagem

    bíblica, corremos o perigo de ensina-la fora de seu sentido original,

    em interpretações que não passam de tentativas de achar um

    significado para ela.

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    5. O SIGNIFICADO APROPRIADO DA PALAVRA

    No estudo do contexto há um fator importante a ser considerado,

    que é o estudo da palavra em si mesma. As palavras são

    comparadas a tijolos com os quais a comunicação seja ela falada ou

    escrita, é construída. O correto significado das palavras é a chave

    numa comunicação correta. Se você deseja se comunicar e se fazer

    entender, deve consequentemente empregar o correto uso das

    palavras, em especial com um significado apropriado.

    No estudo das Escrituras nada é tão importante como o estudo

    original das palavras. Depois de estudar o texto e seu contexto

    devemos fixar nossa atenção nas palavras. Vamos definir o estudo

    de palavras. É a atividade de descobrir o significado original de uma

    palavra no texto bíblico. Lembremos que as palavras transmitem

    ideias, expressam sentimentos, indicam ações e demonstram

    qualidades. Nosso alvo como teólogos será entender o significado

    que as palavras tinham para o autor bíblico que a empregou, e que

    consequentemente há de ser o significado dos primeiros leitores da

    obra. Devemos nos colocar como leitores na época em que autor

    usou a palavra para expressar suas ideias. Veremos porque um

    estudo cuidadoso é necessário, visto que as línguas se modificam

    de geração para geração, e não desejamos descobrir o que a

    palavra pode significar hoje, mas, sim, o que ela significouoriginalmente.

    Há palavras na Bíblia cujo significado bíblico difere do sentido

    moderno. É o caso da palavra “piedade” como é empregada no

    Novo Testamento. Conforme o uso dos autores do Novo

    Testamento “piedade” significa temor a Deus, respeito e reverência

    em relação a Deus. Ou seja, piedade é o que devemos ter em nossorelacionamento com Deus, um adjetivo derivado explica melhor este

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    sentido: Piedoso.

    O sentido moderno da palavra “piedade” é completamente diferente,

    significando dó, pena, uma demonstração de compaixão. A palavra

    hebraica, empregada no Antigo Testamento também significa dó,

    pena e compaixão. Portanto, estamos também diante de um caso

    em que, pelo menos nas versões, há diferença de sentido das

    palavras de Testamento para Testamento. Se você consulta um

    dicionário verá a explicação dos dois sentidos, porém o mais

    conhecido é o sentido que expressa um sentimento de dó e pena

    por outros. No Novo Testamento não ocorre este uso, mas apenasaquele em que “piedade” é o modo certo de relacionar-se com Deus.

    Este exemplo ilustra a necessidade de fazer um bom estudo de

    palavras na pesquisa e relação entre Texto, Contexto e Palavra.

    O estudo de palavras também é importante pelo fato de nossas

    versões fazerem uso de termos que mudaram de sentido. A palavra

    “caridade” é um bom exemplo. Nas versões antigas (como ARC)

    este termo é o principal para designar o “amor” (ARA). De acordo

    com o dicionário, este último uso é o mais correto. Mas talvez a

    “caridade” seja entendida como amor a Deus em algumas regiões

    do Brasil, porém, em geral, o termo “caridade” é mais associado a

    atos de benevolência (dar esmolas) do que com a dedicação e amor

    a Deus. Os tradutores bíblicos, ao empregar a palavra “caridade”talvez desejassem imprimir um sentido mais nobre e elevado a esta

    palavra grega, pois geralmente se emprega em grego a palavra

    “ágape” em contraste com “fileo”. Portanto, as diferenças de sentido

    das palavras como usadas em versões bíblicas é um forte incentivo

    para o estudo das palavras.

    O estudo de palavras não é, porém, feito apenas