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METODOS DE TRATAMENTO TOPICO DE BOVINOS COM WARFARINA TECNICA EM PASTA A 2% PARA CONTROlE DE MORCEGOS HEMATOFAGOS Desmodus rotundus BOVINES TOPICAL TREATMENT METHODS BY TECHNICAL WARFARIN 2% FOR CONTROLLING VAMPIRE BAT Oesmodus rotundus Rogerio Serrao Piccinini} Adriano L,icio Peracchi l Jose Carlos Pereira de Souzcr Antonio Marclls Tannure 1 Sansiio Luis Davi Raimllndo l Silo Tenorio de Albuqllerque l Lenir Lemos Furtado l RESUMO - Foram testados dois metodos de tratamenlo topico de ferimentos provocados por morcegos hematMagos em bovinos, usando warfarina tecnica a 2%. 0 metodo de !ratamento repetitivo resullou na reduyao de 100% dos ferimentos 7 dias apos, e 0 metoda de tratamento unico. em 83,4% apos 13 dias. Os morcegos Desmodlls rotundus reutiii zaram 48% e lOO% os ferimcntos tratadas, em cada wn dos metodos. 0 metodo de tratamenlo lopico unico foi conveniente para uso em bovinos criados ex- tensi vamente, podendo ser aplicado durante as temporadas de vacinavao e em anima is estabulados. 0 metodo de tra- tamento topico repetitivo indica melhores possibilidades de uso em animais estabulados. Ambos os 1116todos sao indi- cados para 0 controle de morcegos hemat6fagos em bovi- nos e outros anima is, atraves do tratamento to pi co dos seus ferimentos, a despeito da sua localizavao. Esles melodos podem ser utilizados pelos criadores e durante 0 dia. PALAVRAS-CHAVE - Morcego hematMago, Desmodus rotundus, tratamento topica, warfarina, bovino, ABSTRACT -It was tested different methods for treating topical vampire bat bites in bovines using the thecnical watfarin 2%. The repetitive treatment method achieved a reduction of 100% in the wound numbers 7 days after the fir st day treatment , and the single treatment method achieved 83.4% reduction 13 days after the firs t day of treatment, Desmodus rotundus used treated wounds with an allack rate of 48% and 100% for each method The single treatment method was considered useful to beef callie raised extensively and iI can be applied during vaccination time and in stabled animals al s o. Dairy callie can also be treated at the stable. The repetitive treatment method shows beller results when used in dairy callie. Both methods are indicated for controling vampire bat that allocks bovines or other animals by treating their bites in s pite of their locations. 177ese methods can be carried out by the farmers themselves at day time. KEY WORDS - Vampire bat, Desnzodus rotundus, topical treatment, warfarin, callIe. INTRODUc;:Ao o contr ale dos mo rcegos he llla tOf agos, p ri ncipalmente os da es- pecie Desmodus ro tundus (E. Geo ffroy, 1810) lem sido realizado moderna- mente atraves de tn!s principais dcs: captura e tratamento de mar e- gos com pasta ta p ica a ba se de difcnadiona (Mitchell & Bums. 19 4) au de warfarina (Flores Crespo&: Ruiz. 1975 ; Moreira et al. 1980), tratamen- to injetavel intra-ruminal em bovinos COIll difenadiona em s li spe n sao & Burns , 19 74; Linhard , 1975) ou injelclvel intramuscular em bovinos (F lor es Crespo & Said Fornillldez, 1977; Flores Cres po ot a l. 1976; Piccinini el al. 1985). de Tecnologia do Parana (TECPAR) uma partida experimental da pasta vampiricida para usa tapiee em ani- mais domesticos, com base nos estu- dos desenvolvidos par Piccinini et al. (1985) e que foi denominada "Tecvam- picid Pasta 2%". as testes realizados visam ava- liar 0 des empenho da formulayao do prod uta sob condi<;Oes de laboratario, frente a dois distintos metodos de tra- o Ministeiro da Agr i cultura, at raves da Secretaria de Defesa Sani - l::i. ri a Animal encomclldou ao Instituto I Professor da Uniwrsi dack Fed.nI 00 R10 de.Jznriro (CFRRJ). BR 465. kill 7, 23851·970. S.: rop':dica, RJ. ! M':dico Vct..!rinario, F.ed.:raI de A.gricu.Itura.. Ax . Rodrigu<!S Alves. 129, 200 81 .250, Ri o de Janeiro, RJ. R, bras. Mcd. Vet. , v.20, 11 .2, 1998 69

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METODOS DE TRATAMENTO TOPICO DE BOVINOS COM WARFARINA TECNICA EM PASTA A 2% PARA CONTROlE

DE MORCEGOS HEMATOFAGOS Desmodus rotundus

BOVINES TOPICAL TREATMENT METHODS BY TECHNICAL WARFARIN 2% FOR CONTROLLING VAMPIRE BAT Oesmodus rotundus

Rogerio Serrao Piccinini} Adriano L,icio Peracchi l

Jose Carlos Pereira de Souzcr Antonio Marclls Tannure 1

Sansiio Luis Davi Raimllndo l

Silo Tenorio de Albuqllerque l

Lenir Lemos Furtado l

RESUMO - Foram testados dois metodos de tratamenlo topico de ferimentos provocados por morcegos hematMagos em bovinos, usando warfarina tecnica a 2%. 0 metodo de !ratamento repetitivo resullou na reduyao de 100% dos ferimentos 7 dias apos, e 0 metoda de tratamento unico. em 83,4% apos 13 dias. Os morcegos Desmodlls rotundus reutiiizaram 48% e lOO% os ferimcntos tratadas, em cada wn dos metodos. 0 metodo de tratamenlo lopico unico foi consid~rado conveniente para uso em bovinos criados ex­tensi vamente, podendo ser aplicado durante as temporadas de vacinavao e em anima is estabulados. 0 metodo de tra­tamento topico repeti tivo indica melhores possibilidades de uso em animais estabulados. Ambos os 1116todos sao indi­cados para 0 controle de morcegos hemat6fagos em bovi­nos e outros anima is, atraves do tratamento to pi co dos seus ferimentos, a despeito da sua localizavao. Esles melodos podem ser utilizados pelos criadores e durante 0 dia.

PALAVRAS-CHAVE - Morcego hematMago, Desmodus rotundus, tratamento topica, warfarina, bovino,

ABSTRACT -It was tested different methods for treating topical vampire bat bites in bovines using the thecnical watfarin 2%. The repetitive treatment method achieved a reduction of 100% in the wound numbers 7 days after the first day treatment, and the single treatment method achieved 83.4% reduction 13 days after the first day of treatment, Desmodus rotundus used treated wounds with an allack rate of 48% and 100% for each method The single treatment method was considered useful to beef callie raised extensively and iI can be applied during vaccination time and in stabled animals also. Dairy callie can also be treated at the stable. The repetitive treatment method shows beller results when used in dairy callie. Both methods are indicated for controling vampire bat that allocks bovines or other animals by treating their bites in spite of their locations. 177ese methods can be carried out by the farmers themselves at day time.

KEY WORDS - Vampire bat, Desnzodus rotundus, topical treatment, warfarin, callIe.

INTRODUc;:Ao

o contrale dos mo rcegos hellla tOfagos, principalmente os da es­pecie Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810) lem sido realizado moderna­mente atraves de tn!s principais nH~lo­

dcs: captura e tratamento de mar e­gos com pasta ta p ica a base de difcnadiona (Mitchell & Bums. 19 4) au de warfarina (Flores Crespo&: Ruiz.

1975; Moreira et al. 1980), tratamen­to injetavel intra-ruminal em bovinos COIll difenadiona em s li spe nsao (Mit~hel & Burns, 1974; Linhard, 1975) ou injelclvel intramuscular em bovinos (Flores Crespo & Said Fornillldez, 1977; Flores Crespo ot al. 1976 ; Piccinini el al. 1985).

de Tecnologia do Parana (TECPAR) uma partida experimental da pasta vampiricida para usa tapiee em ani­mais domesticos, com base nos estu­dos desenvolvidos par Piccinini et al. (1985) e que foi denominada "Tecvam­picid Pasta 2%".

as testes realizados visam ava­liar 0 desempenho da formulayao do prod uta sob condi<;Oes de laboratario, frente a dois distintos metodos de tra-

o Ministeiro da Agricultura, at raves da Secretaria de Defesa Sani ­l::i. ria Animal encomclldou ao Instituto

I Professor da Uniwrsidack Fed.nI 00 R10 de.Jznriro (CFRRJ). BR 465. kill 7, 23851·970. S.:rop':dica, RJ. ! M':dico Vct..!rinario, Dd~gacia F.ed.:raI de A.gricu.Itura.. ~fA.. Ax. Rodrigu<!S Alves. 129, 20081 .250, Rio de Janeiro, RJ.

R, bras. Mcd. Vet. , v.20, 11 .2, 1998 69

tamento. Os resultados obtidos proporcionam op<;5es de uso do varnpiricida a 20/0, nao sO aos servi<;os oficiais de controle da raiva, como taml>em aos pecua­ristas que tern problemas com os morcegos hematMagos . E tambem objetivo desta publica­<;lio fomecer subsidios para a produ<;ao industrial deste varnpiricida, podendo a indUs­tria nacional utiliza-Io integral­mente, desde que sejam segui­das as forrnula<;oes apresenta­das por Piccinini et al. (1 985), dispensando novos testes.

MATERIAL E METODOS

o produto uti l izado oeste experimento foi formula­do no Brasil (piccinini et a1., 1985), con base nos estudos de Flores Crespo et a1. (1976), pro­duzido no TECPAR sob 0 nome comercia l de "Tecvam-picid Pasta - Para Uso T6pico em Animais lt e cedido peJa Seefe­taria de Defesa Sanitaria Ani­mal do Ministerio da Agricul­tura. Estava acondicionado em potes plaslicos de 60g. A for­mula<;iio indicava no r6tulo: Warfarina Tecnica [3-(alfa­acetonil-benzil) - 4-hidroxicumarinaJ, 2 ml ; Veicu-10 q.s.p 100m.l.

Foram utilizados tn~s morcegarios medindo 3x3x3 metros, com condic;:5es para manutenc;:ao de morcegos hemat6fagos e bezerros. Pro­piciaram-se locais para obser­var;30 e fixac;ao da colonia de morcegos, evitando assim alle­rac;Oes no seu comportamento. o ambiente possuia tempenJtu­ra, umidade relaliva e venti Ia­C;ao compativeis com as moree­gos.

o delineamento experi­mental constituiu-se de tres gmpos, como segue:

Gmpo 1- Colonia com 16 morcegos Desmodl1s rotundus procedentes de Passa Tres, Pirai, RJ, todos de ullla mesma colonia original: um bezeno mestiyo holando-zebu, macho, pesando 93kg, com dez meses de idade, pelagem pre­ta-e-branca.

70

Gmpo 2- Colonia com 10 morcegosD. rotundus procedentes de Ipiaba, Barra do Pirai, RJ, lodos de uma mesrna colonia origi­nal; 2 bezerros mesti<;os holando-zebu, ma­chos, pesand6 90kg e 155kg, com oito e nove meses de idade, pelagens castanha-e-branca e preta-e-branca.

Gmpo 3- ColOnia corn 2 morcegos D. rotundus, procedentes da Casa de Bomba, UFRRJ, Itaguai, RJ; um bezerro rnesti<;o holando-zebu, macho, pesando 139kg, com oito meses de idade, pelagem castanha escu-ra.

as 4 bezerros, todos vacinados contra a raiva, serviram de fonte alimentar para os morcegos e apresentavam-se em condi<;6es nonnais de saude, estando aptos para os ex­perimentos.

a grupo 1 serviu para os testes com 0

tratamento repetitivo, 0 grupo 2 para 0 trata­mento unico e 0 grupo 3 como controle.

Os bezerros eram sempre colocados no morcegario ao entardecer e retirados ao amanhe­ccr. Os ferimentos eram exarninados e anotados em fichas ind ividuais e diarias, contendo desenho das faces direita e esquerda e da regiao posterior de urn bovina. Os desenhos tin ham di visoes cor­porais: cabeya, pescoyo, cernelha , barbel a, mem­bra anterior, regiao toracica , dorsa, flanco, regiao abdom inal, membra posterior, cauda c reg ina perinea l.

Para anotayao dos fe rimcntos, adotou-se urn cOdigo com sinais di stintos que representavam "ferimento novo", "reutilizado", "1130 reutilizado", "Iratada utiliz ada" , "tratado nao ut ilizado" . "Feri mento novo" significava a abertu ra dele na noi te imed iatamente anterior e em area corporal nova~ "ferimento reutilizado" e "ferimento !ralado utilizado" sign ifi c avam a ulili zayil o de um ferimento anteriormente aberto, tratado ou nao, naquela noite considerada e "fe rirnento nao ut ili­zado" e "tratado nao utilizado" s igni ficava m que um ferimento existente anteriormente, tratado ou nao, foi utilizado naquela noite considerada. Cada ferirnenta registrado nos mapas corporai s de cada animal recebia um numero especi fico que pcnna­necia ate 0 tim do experimento.

Tados as dias, pela manha e a tarde, eram fcitas inspeyocs nas colonias para verificayao do numero de marcegos, do seu estado de saude e do seu comportamcnto. Os trabalhos com os tres gru- .

pes iniciaram-se. num ilia 9 de maio e en­cerraram-sc no dia 1- para 0 primeiro gru­po e no dia 22 pant 0 segundo grupo. 0 grupo contrale foi mantido para os dais estudos.

Tratamento repetitivo - Tra­tado com 2g da pasta cada urn dos ferimentos encontrados no bezerro do primeiro gmpo, no dia 09/05, fazen­do-se urn circulo de aproxirnadarnen­te 3cm de di ametro sobre cada ferimento. Do dia 10/05 em diante, este procedimento era aplicado a cad a ferimento novo encontrado, porem os antigos, mesmo que reutilizados, nao mais foram tratados. Portanto, cada ferimento recebeu urn s6 tratamento.

Tratamento imico - Foram tra­tados todos os ferimentos encontrados nos dois bezerros do segundo gmpo, com 2g da pasta em cada um, no dia 09/05 do mesmo modo que para 0 pri­meiro gmpo. Nao mais foram tratados quaisquerferimentos novos ou anligos, ate 0 termino do experimento.

Ao final do periodo de obser­va,ao, os morcegos sobreviventes fo­ram sacrificados. Todos os morcegos dos dois gmpos foram necropsiados para confirma<;ao da morte pe la warfarina e sellS cerebros foram envi­ados para exame laboratorial de raiva, no Laborat6rio de Biologia Animal da Pesagro-Rio, em Niter6i, RJ, resultan­do negalivos. Os morcegos do gmpo controle permaneceram normais ate 0

final dos estudos.

RESULTADOS E D1SCUSSAO

Tratamento rcl'etitivo - No dia 08 /05, 0 bezerro apresentou 9 ferimentos e em 09/05 estava com 16 ferimeotos, dos quais 10 haviam sido utilizados. Estes 10 foram tratados com a pasta. as resultados diarios encon­trados podem ser observados nas Tab. I e 2 e na Fig. I.

Tab.l - Situ3y30 dos ferimentos no bezeno tratado repetitivamente com warfarina tecnica em pasta a 2% em condicoes de cativeiro.

Dias de observayao

Tipo de ferimento 10 20 30 40 SQ 60 70 80 90 100

Novo 09 07 04 03 02 03 02 01 00 00

Reutilizado 03

Tratado 10 04 03 02 03 02 01

Tratada ut il izado 08 04 06 05 03 00 00 00

Tratado na o utilizado 08 16 17 20 25 30 31 31

Nao utilizado 06 (~ )

(a) Os ferimentos nao uti liz,1.dos do primeiro para 0 segundo dia D aO foram tratados.

R. bras. Med. Vet., v.20, n.2, 1998

Tab.2 • Resultados da aplicac;ao topica de warfarina tccnica em pasta a 2% COIll LratamcnLo repetitivo em ferimento de bovino sob prcda<;50 de D. rotllne/us, eIll condic;5es de cativeiro.

Tratamento dos ferimentos Dias de observayao

situa930 dos morcegos 10 20 30 4Q 50 60 70 8Q 90 100

Ferimentos novos 09 07 04 03 02 03 02 01 00 00

Tratamento dos ferim. novos SIT T T T T T T T SIT SIT

Morcegos vivos 16 16 16 16 14 07 04 01 01 00

Morcegos mortos 00 00 00 00 02 07 03 03 00 01

Somat6rio de morcegos mortos 00 00 00 00 02 09 12 15 15 16

srr = Sl!1ll tralmnl!nto, T= tnltaml!nlO

Tnltnmcntu unico - No dia 091 05 os bczerros apresentavam seis fcrimcntos que foram tra­

tados com a pasta. Os resulta­dos di,irios podem ser observa­dos Has Tab. 3 e 4 e Fig. 2.

SIT SIT T T T T T T SIT 7

NUl'nerode 6 morcegos 6 mortos

4

3

2

1 0

LEGENDA 8 9 10

-: MORTALIDADE SIT : SEM TRA TAMENTO T:TRATAMENTO

11

/ ~ \

12 13 16 16 17 malo/84

fig. l - Curva de mortalidad.:: dos lllorc!!gos inloxicados pela warfarina t~tiC;l .::1l1 past.::t" 2°" quando utilizados tralamenlos repel ilivos dos ferimentos enconlr.ldos (em condi!JlX'S de cali vdro).

Tab. 3 - Situac;ao dos ferilllentos encontrados nos bezerros tra tados uma tmica \'ez CO Ill a warfarina tecnica em pasta a 2% em condic;5es de cativeiro.

Oias de observayao

Tipo de ferimento(a) 1'>1 20 3'>1 40 50 60 7~ 80 90 100 11 Q 120 130 140

Novo 06 02 06 06 05 05 02 00 03 02 00 01 00

Tratado 06

Tratadol Utilizado 02 02 06 04 03 05 03 02 01 01 03 03 00

Tratado/ Nao utilizado 04 06 08 16 22 25 29 31 32 35 35 35 39

(a) Niio aparec~m os ferim~lItos reutilizados c niio utilizados P OH [UI! 0 tratamento 51! d.:u no di.:l ~guint.: ao da coloca!Jiio dos Illllrcegos no llIorcegario.

Tab. 4 . Resultados da aplicac;ao lopica da warfarina tecnica em pasta a 2% COIll Ulll tlllica tratmncnto em ferimentos de bovinos sob prcdac;50 de D. rotl/ne/lIs, em condic;5es de cativciro.

Tratamento dos rerimentos Dias de observat;;30

e situa930 dos morcegos 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 11 0 12Q 130 14Q

Ferimentos novos 06 02 06 06 05 05 02 01 00 03 02 00 01 00

Tratamento dos ferim. novos SIT T SIT SIT SIT SIT SIT SIT SIT SIT SIT SIT SIT SIT

Morcegos vivos 10 10 10 10 09 07 04 03 02 02 02 02 02 02

Morcegos mortos 00 00 00 00 01 02 03 01 01 00 00 00 00 00

Somat6rio de more egos mortos 00 00 00 00 01 03 06 07 08 08 08 08 08 08

srr = S<.!"1ll tratamenlo. T= tratam.:nlo

R. bras . Mcd. Vet. , v.20, 0.2, 1998 71

N"de 3 Mon:egos

2,5

2

1,5 T I __ Mor1olldMlel

1

1 0,5

0 8 9 10 11 12 13 14 16 16 17 18 19 20 21 22 MoIoIB4

Fig. 2 - C UNa de mort.alidade dos morcegos intoxicados pda warfarina t':cnica em pasta a 20/.,. quando ut il izado um uilico tratamento dos ferimentos

cncontrados (em condi¥Ocs de cativeiro).

A reducrao no nLamero de fe ­rimcntos recenles e no Illl1llCro de IIIOf­cegos hcmat6fagos no teste repetitivQ

aplicado no grupo 1, nove dias apos, [oi de 100% e no tes te de tra tamcnto

ullico, aplicado no gmpo 2, tceze dias

apos, foi de 83,4% e 80%, Outro re­

su liado foi a repetibilidade dos fe­

rimentos pelos morcegos (Tab. 5 e 6).

Tab. 5 - Ulilizacrao diaria de ferimcnlos c.ausados por D. rolundus em bovinos lralados COIll warfarina tecnica em pasta a 2%. em condicroes de cativciro.

Grupos e Dias e ferimenlos utilizados

bezerros 10 11 12 13 14 15 16 17 18

0 @ O@ 0 @ 0 @ 0 @ 0 @ 0 @ 0 @ 0 @

Cirupo 1 8 2 3 11 4 13 5 14 3 0 2 0 25 0 25

(n' 4688)

Grupo 2 2 2 3 0 2 0 3 0 3 0 3 0 3 0 3

(n' 4732)

Grupo 2 0 3 0 3 2 2 2 2 2 2 0 3

(n' 4713)

0 = li:rill1.::nio tralado uti lizauo; @= fcrirnento tralado nan lLlilizado.

Tab. 6 -indice de reutili zalYao dos fcrimentos tralados.

Total de ferimentos

Grupo tratados

1 25

2 03

3 03

Total 31

o tratamento repetitivQ aplica­do nos fcrimcnlos recentes do bczerro do grupo 1, durante sele dias, alean­~ou 1000/0 de redlJ(;ao no Illllnero de fcrilllcnlos e na popll l a~ao de Illorcc­gas hemat6fagos, com inicio de Illor-

72

Ferimentos tratados in dice de e reutilizados reutiliz3c;ao

12 48

03 100

03 100

18 58

talidade no 4° dia. 0 pique [oi atingi­do no 5' dia (Tab. 2 e Fig. I). Por ou­lro lado, a Tab. I Illostm c1aramcntc a diminuic;ao de fer imcnl os HOVOS e 0 cresccnte aumcnto dos fcrimcll los naa utilizados.

19

0 @

0 3

0 3

Total cu-

20 21 22 mulativo

0 @ 0 @ 0 @ 0 @

23 133

0 3 0 3 0 3 8 31

0 3 2 0 3 7 32

o periodo de mortal ida­de dos morcegos foi de seis dias, apos os quais naD havia sobre­vivcntes. Dos 25 ferimentos tra­lados uma (mica vez, 12 foram reuti-lizados, atingindo um in­dice de reuliliza,ao de 48% (Tab. 6). ESles 12 ferimenlos foram reulilizados 23 vezes, du­rante cinco dias pelos 16 mor­cegos.

o tratamcnto uniea apli­cado nos ferimcntos novas dos anjlllais reduziu seu numero em 83,4% eo de morcegoscm 800/0, COIll inicio da lllortalidade tam­bCIll no quarto dia. conforme a Tab. 4. 0 pique da mortalidade oCorreu no sexlO dia (Fig. 2).

R, bras . Med. Vet., v.20, n,2, 1998

,

A diminuir;ao no n(lI'lIcro dc fcrimcntos novas e a aUllIcnto dos ferimentos nao utilizados, vistos na Tllb. 3, [oi semelhante aquela do gru­po l. A Tab. 4 mostra que 0 periodo de mortalidadc foi de cinco dias, haven­do dois morcegos sobreviventes que nao foram atingidos par quantidadc su­ficiente da pasta para Ihes causar a morte.

A warfarina tecnica na prapor­Cao ere lOmg/ml de veiculo illerte foi aplicada na base de Iml do prodtUo sebre cada ferimento cncontmdo cm bovines. durante tres dias. A partir do quarto dia, os 10 morcegos haviam morrido (Flores Crespo et a!., 1976). Os resultados obtidos foram scmelhan­tes ao tratamento repetitivo aqui reali­zado. A diferenca marcante estcl no fato de Ilao se ter estipulado um numero fixe de aplicar;5es nos mesmos ferimentos durante tees dias. Aqui, tea­tou-se cada ferimcnto uma uHica vez. Dc qualquer modo, comprovou-se que tratar ferimentos repetitivC1lIle:nte eli­mina os Illorcegos.

Dos seis ferimenlos uatados nos animais do grupo 2, todos foram reutilizados, alcanr;ando um indice dc reutiliz.1<;iio de 100% (Tab. 6). Estes seis fcrimcntos foram rcutilizados 15 vezes no periodo de 12 dills pelos dez morccegos (Tab. 5). Apesar da inloxi­caCao dos morcegos, 0 seu comporta­mcnto de reutilizacao do ferime nta quase naa diferiu daquele citado por Piccinini el a!. (1985).

Estes resultados obtidos nos dois gmpos sugerem que, tanto e efi­dente tratar os ferimentos novos en­cOlltrado.1nos animais uma (mica vez, como repetir 0 tratamcnto quantas ve­zes se fizer necessario.

Considcra-se de grande signi­ficado a reducao no numero de fcrime nlos novas nos animais em 83,4% quando se usa a pasta apenas UIlla ',tcz. Este rcsultado, nao obtido par outros antares, VCIl1 faeilitar sobrcma­neira 0 pecuarista, diminuindo 0 ma­nejo dos rebanhos e podendo associar o uso deste produto i'ls vacinat;oes pla­nejadas, tanto no gada de corte como no de leite. Para 0 gado de cO l1e, cria­do extensivamente, que somente e

R, bras , Mell. Vet" v.20, n,2, 1998

manejado Has temporadas de vacina­~ao, mareacao ou castrar;ao, os resul­tados aqui obtidos dao garantia ao cri­ador de que e e,cqiiivel 0 lISO topico da warfarina em pasta a 2% nos sells rebanhos, sabcndo cle que, pelo mc­nos 80% dos morccgos scrJo elilllilla­dos. Para 0 gada de lei te, 0 criador poderia optar par lIIlI dos dois tipos de tratamento. Tratando-sc de gado est;'lbulado, e claro que 0 uso repetitivo resultar{1 em 100% de rcduC{io dos morcegos. Para 0 gada scmi­estabu lado, ou mesIllo as vacas secas e os Hnimais a pasto, pode-se optlr pelo tcatamento unico e repetir temporari­amentc quando houver oportuilidadc de nova reunillo do rcballho em cur­ral.

CONCLUSOES

Lcvando-se em conta as condi­t;oes art ificiais criadas para 0 estudo. co nclui-se que:

1-0 lratamento t6pico (mice em ferimcntos causades por D. rotllndlls em bovines, com warfarin<l tccnica cm pas ta a 2%, red'uziu 0 nlllnere de fcrilllenlos em 83,4% c 0 nlullcro de 1II0rccgos em 80%.

2-0 lra tamento lopico repc­titivo dc fcri lllenlos causados por D: rorundlfs em bovinos com a wa rfarina tccnica em pasta a 2% rcduziu 0 nu­mcro de fcrimcntos c de Illorcegos em 100%.

3-0s morcegos D. rOlundus reutilizaram os ferimentos tratados COill indices de 48% e 100% nos testes de tratamento' repeti tivo c llllico.

4-A wafarina tecn ica cm pasta, como roi formulada e aqui testada, podc scr usada no contrale de lllorce­gos hemat6fagos D. rotundus, direta­mcnte sobre os ferimentos par clcs cau­s<ldos 1105 bovinos, tall to pclo tra t:IlI1CIl­to t6pico repetitivo quanto pclo trata­menta t6pico, unico, CO Ill exceJentes resultados.

AGRA.DECll\ IENTOS

A Secrdaria de Ddesa Salljt:'lria .A.llilllill (80S.-\.) do ~Iinjst':rio da Agricultura, ao SSA da. Delegacia. Federal de Agricultura-RJ. a E~Il3RAPA. a UFRRJ e ao CNPq pelos recursos

hUIll,mos, materi ais e financeiros cedidos; aos

selv idores da lIFRRJ, Ademar Ferreira da Silva e

Olivio Olivei ra, pda. grande ajuda prcstada; as Dms. EIJ..:n C. Contrei ras e Phyllys C. Romijn, da

PESAGRO-RIO, pdos exames laboratoriais de

raiva realizados.

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