MetodosProjetiv-AvaliacPsi

592

Transcript of MetodosProjetiv-AvaliacPsi

MTODOSPROJETIVOSEAVALIAOPSICOLGICA: ATUALIZAES,AVANOSEPERSPECTIVAS

Organizadores DeiseMatosdoAmparo ErikaTiemiKatoOkino FlviadeLimaOsrio CarlaLucianoCodaniHisatugo MarceloTavares MTODOSPROJETIVOSEAVALIAOPSICOLGICA: ATUALIZAES,AVANOSEPERSPECTIVAS ASBRo 2012

Ostextoseposicionamentostericoseideolgicoscontidosneste livrodeprogramaeresumossoderesponsabilidadedosrespectivosautores DadosInternacionaisdeCatalogaonaPublicao(CIP) 159.9.072Amparo,DeiseM. Mtodosprojetivoseavaliaopsicolgica:Atualizaes,avanose perspectivas/DeiseMatosdoAmparo,ErikaTiemiKatoOkino,FlviadeLima Osrio,CarlaLucianoCodaniHisatugo,MarceloTavares,Organizadores. C749LCongressodaAssociaoBrasileiradeRorschacheMtodosProjetivos(6: 2012:Braslia,DF) ISBN9788562020018 1.MtodosProjetivosEncontroCientfico 2.Rorschach,Teste 3.AvaliaoPsicolgica.ITtulo

5

SUMRIO PARTE1 NORMATIZAO,PADRONIZAOEVALIDAODOSMTODOS PROJETIVOS:PROPSITOSECONTEXTOS Captulo1:ConvergnciasentreVariveisdoMtododeRorschacheoFatorEstabilidade Emocional:InformaesPreliminares PriscilaMedeirosMargaridaBorges OtliaLoth AnaCristinaResende Captulo2:OmtododeRorschachemadolescentes:Especificidadesdeproduoemfuno dognero RobertaCuryJacquemin SoniaReginaPasian FabianaRegoFreitas Captulo3:OpsicodiagnsticodeRorschachemadolescentesdediferentesorigensescolares RobertaCuryJacquemin NicoleMedeirosGuimares SoniaReginaPasian Captulo4:OtestedasPirmidesColoridasdePfisteremadolescentes:Dadospreliminares JoanaBrasileiroBarroso SoniaReginaPasian Captulo5:Particularidadesdofuncionamentopsquicodeadolescentesedeadultosapartir doRorschach MariaLuisaCasilloJardimMaran SoniaReginaPasian Captulo 6: The Rorschach Performance Assessment System and Advances in the Rorschach Method DonaldViglione GregoryJ.MeyerJoniL.Mihura

RobertErardPhilipErdberg

6

PARTE2 TCNICASPROJETIVAS,PRTICASECONTEXTOSDEINTERVENO Captulo7:AnsiedadesituacionalduranteaaplicaodopsicodiagnosticodoRorschach ArleneKelyAlvesdeAmorim NdiaNbregaBarbosaSanchez lymanPatrciaDaSilva RebeccaPessoaAlmeidaLima AlexandreCoutinhodeMello YordanBezerraGouveia Captulo8:AplicaodoThematicAperceptionTest(T.A.T.)comoinstrumentodeAvaliao daPsicoterapiaBreve RosaMariaLopesAffonso AnnePradodeFaria Captulo9:Avaliaodosartigospublicadosde2001a2011sobreasTcnicasProjetivas Grficas CarlaFernandaFerreiraRodrigues AnnaElisadeVillemorAmaral UteHesse

Captulo 10: Contribuies da Avaliao Psicolgica para o processo de Orientao Profissional/Vocacional:Umestudodecaso NichollasMartinsAreco MilenaShimada LucyLealMeloSilva Captulo11:Daltonismoecaractersticasafetivas:umestudopormeiodoRorschachedo Palogrfico JonathanMelodeOliveira RejaneLuciaVeigaOliveiraJohann Captulo12:DesenhosdecrianasBrasileiraseMexicanas SoniaGrubits HeloisaBrunaGrubitsFreire JosAngelVeraNoriega Captulo13:Diferentesreas,diferentesinteresses?UmestudocomalunosdoEnsinoTcnico NerielenMartinsNetoFracalozzi MilenaShimada LucyLealMeloSilva

7 Captulo14:Inclinaoprofissionalesatisfaonaescolhadocursodepsicologia: contribuiesdoBBTBR RafaelFabregasdeOliveira PauloFranciscodeCastro Captulo15:Oprocedimentodedesenhosestriasnopsicodiagnsticocompreensivoe interventivodeirmosabrigados LeilaSalomodeLaPlataCuryTardivo MariaAparecidaMazzanteColacique Captulo16:Autilizaodoprocedimentodesenhoestriacomtemanodesenvolvimentode pesquisaseminiciaocientfica EdsonDiasdosSantos PamelaCanutoSilva SirleneAparecidaAlvesdeSousa GleicedeSouzaFerreira NataliaAparecidaRamosGalvo RyllenieMunizdeSouza PauloFranciscodeCastro Captulo17:Narraooraledesenhodafamlia:umaintervenocomcrianasadotadas tardiamente CarolinaMartinsPereiraAlves LarissaCristinaSilveiradeAndrade MarthaFrancoDinizHueb Captulo18:AutopercepoemEstudantesdePsicologiaporMeiodoMtododeRorschach: dadospreliminares MasaRobertaP.R.Lopes LucenBezerradosSantos JacquelineOliveiradeSouza AnaCristinaResende Captulo19:Questesdegneronocomportamentovocacional:interessesprofissionaisde estudantesdeNutrio MilenaShimada NerielenMartinsNetoFracalozzi LucyLealMeloSilva Captulo20:Reflexessobreavaliaopsicolgicadeindivduocomdeficinciaintelectual: estudodecaso VanescaBuenoYokota PauloFranciscodeCastro

8 Captulo21:UmensaioacercadotestepsicolgicoFbulasdeDss JulianaLinharesCavalcantideAlencar HannahNassifJaberMagalhes StefaniaFrancielleFerreiradeLima FtimaNayaraPereiradeAndradeMorais Captulo22:AvaliaodosInteressesProfissionais(AIP)emestudantesdoensinomdio pblico MaradeSouzaLeal LucyLealMeloSilva DanielePenna ErikaTiemiKatoOkino

PARTE3 PSICOPATOLOGIA,SADEMENTALEAVALIAOPSICOLGICA Captulo23:Aabordagempsicodinmicacomoestratgiaparaanlisequalitativadas respostasdoRorschach PauloFranciscodeCastro Captulo24:OmtododeRorschachnoenfoqueJunguianoarelaoentreasmanchasdo Rorschacheosarqutipos LdiaRodriguesSchwarz Captulo25:Rorschach,desenhosepsicoterapia:anlisefenmenoestruturaldeumcaso comesquizofrenia AndrsEduardoAguirreAntnez JacquelineSantoantonio MarcosTamaki Captulo26:Estudosobreoscontedosdasrespostasdororschachobservadasempacientes comtranstornodepnico PauloFranciscodeCastro Captulo27:Tabagismoesuarelaocomadepresso lymanPatrciaDaSilva RebeccaPessoaAlmeidaLima NidiaNbregaBarbosaSanchez AlexandreCoutinhoDeMelo YordanBezerraGouveia RayanneMaropoStiro MariaJosMonteiroPereira

9

PARTE4 AVALIAOPSICOLGICAECICLOVITAL Captulo28:Changertoutenrestantlemme:sexualitetnarcissismel'preuvedu vieillissement BenotVerdon Captulo29:RevisodeartigosbrasileirospublicadossobreotestedeZulliger AlexandreCoutinhodeMello ArleneKelyAlvesdeAmorim lymanPatrciaDaSilva RebeccaPessoaAlmeidaLima TaianeReginaPereiraCabral Captulo30:Atcnicaprojetivaludodiagnstica:Avaliaocomparativacomatcnica projetivadedesenhoHTP(casarvorepessoa) RosaMariaLopesAffonso Captulo31:AnlisedasprojeesdeVanGoghluzdoseugrafismo JulianaLinharesCavalcantiDeAlencar HannahNassifJaberMagalhes FtimaNayaraPereiradeAndradedeMorais StefniaFrancielleFerreiradeLima CinthyaPereiradeMorais TainaraGomesdeSouza Captulo 32: Le Rorschach en clinique de l'enfant et de l'adolescent : Une approche psychanalytique PascalRoman

PARTE5 MTODOSPROJETIVOSEESTUDOSSOBREVIOLNCIA Captulo33:Adolescentedeficientefsicavtimademaustratos:umestudodaexpressoda raivapormeiodoSTAXIeRorschach AdrianaStacyTeixeiraBrito AnaCarolinaMeloMendona RejaneLuciaVeigaOliveiraJohann

10 Captulo34:Diferentesperfispsicolgicosdeadolescentesquecometeramhomicdio CarolinaCardosodeSouza AnaCristinaResende Captulo35:Interaofamiliareviolncia:umestudoexploratrio MariadasGraasRodrigues JliaS.N.FerrroBucherMaluschke

PARTE6 MTODOSPROJETIVOSEDEMANDASATUAISEMAVALIAO PSICOLGICA:SADE,JURDICOEPORTEDEARMA Captulo36:Aavaliaopsicolgicanareadeseguranapblicaeemconcursospblicos MiriamSiminovich Captulo37:AfetividadeerelaesinterpessoaisempacientecomDermatiteAtpica:Estudo decaso JoyceFernandaFerrazConstantini PauloFranciscodeCastro Captulo38:Anlisedosrecursoscognitivosdeenfrentamentoobservadosempacientescom EscleroseMltipla EdsonGomesdaSilva PauloFranciscodeCastro Captulo39:Limitesecontribuiesdosinstrumentosprojetivosnasavaliaesforenses SoniaLianeReichertRovinski Captulo40:Aplicaodosinstrumentosprojetivosemavaliaesforenses lvaroPereiraJunior Captulo41:PsicologiaforenseeRorschach:Pesquisaseatuao PauloFranciscodeCastro Captulo42:Autilizaodetcnicasprojetivasnaavaliaopsicolgicaparaportedearma defogo SalvadorJulianoNeto

11

PARTE1 NORMATIZAO,PADRONIZAOEVALIDAODOSMTODOS PROJETIVOS:PROPSITOSECONTEXTOS

12 CONVERGNCIASENTREVARIVEISDOMTODODERORSCHACHEOFATORESTABILIDADE EMOCIONAL:INFORMAESPRELIMINARES PriscilaMedeirosMargaridaBorges OtliaLoth AnaCristinaResendePUCGois/Goinia

INTRODUO Aavaliaopsicolgicapodeserentendidacomoabuscasistemticadeconhecimentoa respeito do funcionamento psicolgico em situaes especficas, que possa ser til para orientar aes e decises futuras (Primi, 2005). um processo que envolve coleta de dados, ondeincluimtodosetcnicaspadronizadasdeinvestigao,dentreelesostestespsicolgicos (Andrade,2008). Temsedestacado,entreostestespsicolgicos,doismodelosdeavaliao:medidasde autorrelato (questionrios, inventrios e escalas) que funcionam a partir do que as pessoas dizem sobre elas mesmas e medidas de desempenho (Rorschach, HTP, TAT)que se fundamentamnaobservaodecomoosexaminandosexecutamastarefasquesodefinidas por eles (Meyer & Kurts, 2006).Qualquer um desses mtodos tem vantagens e desvantagem quandocomparadosentresi. As medidas de autorrelato tm se mostrado bastante favorveis:geralmente,possuem custobaixo,suaaplicaodemandapoucotempo,ousodesteinstrumentotempossibilitado estudos investigativos, que por sua vez, complementam a investigao (Haase, et al., 2004; Yashida, 2008). Considerando os benefcios existentes nas medidas de autorrelato, a melhor maneiradeapreenderalgosobrealgum,normalmente,perguntandoaelaaseurespeito.As respostasconsistememinformaesdiretasedefinitivas,referentesssituaesfamiliarese simplesdocotidianodamaioriadaspessoas.Poroutrolado,essasinformaessolimitadasao

13 que as pessoas esto dispostas e so capazes de dizer sobre si. O que elas esto dispostas a dizersobresidependedocomoforampreparadasparaseexporeserverdadeiras.Oqueelas podemdizerarespeitodelasdependedoquoconscienteelasestodesuascaractersticase comportamentos.SegundoDunnign,HealtheSuls(2004),aspercepesqueaspessoastmde si frequentemente so falhas. A correlao entre o que acham a seu respeito e seus comportamentos objetivos geralmente insuficiente ou modesta, alm do mais, as pessoas tendemaafirmarquetmatributosdesejveisemumgrauquenotm. As medidas de desempenho, segundo Weiner e Greene (2008), apresentam uma metodologia indireta e isso, muitas vezes, pode contornar as limitaes dos instrumentos de autorrelato.Essametodologiaindiretamaispropensadoqueosinstrumentosdeautorrelato pararevelarcaractersticasdepersonalidadequeaspessoasnoreconhecemplenamenteem siouhesitamemadmitirquandoquestionadasdiretamente.Aspessoassubmetidasaessetipo demedidageralmentenoconseguemcaptardeantemooqueseesperadelaspararealizara tarefacomsucesso.Asituaodetestagemaquimaisdesafiadora,poucoestruturadaepode gerar a ansiedade tpica que as pessoas sentem diante de situaes mais complexas e pouco familiares,queexigemmaiorinvestimentoafetivo,cognitivoereflexivo.Emcontrapartida,esse tipo de informao pode gerar, algumas vezes, inferncias mais especulativas do que o questionamentodireto. Diante das relativas vantagens e desvantagens desses dois tipos de instrumentos, muitos autores contemporneos recomendam uma abordagem integrada entre medidas de autorrelato e medidas baseadas no desempenho para se avaliar a personalidade (Beutler & GrothMarnat,2003;Meyeretal.,2002;Weiner,2005). Correlaesentremedidasdedesempenhoemedidasdeautorrelato No que se refere aos testes psicolgicos, constatase a necessidade de pesquisas que indiquem padres de interrelao entre os diversos modelos de avaliao de personalidade existentes, a fim de que se possam apontar pontos de convergncia e divergncia entre os mesmos,avanandodessemodoemquestesconceituais.Casoexistacorrelaoentreosdois tipos diferentes de medidas psicolgicas, acreditase que os achados substanciam ou

14 fortalecemacorrelaoentreosmtodoscomotambmentreteorias.Essaconvergnciaentre eles pode intensificar os aspectos considerados positivos ou os aspectos considerados negativos na personalidade do examinando. Se os dois tipos de medidas indicam a presena dosmesmosaspectossaudveisnapersonalidade,oexaminando,provavelmente,possuiuma boa tolerncia ao estresse e pode funcionar bem, mesmo em situaes pouco familiares e desafiadoras.Seosdoistiposdeinstrumentosapontamapresenadedimensesdisfuncionais semelhantes, intensifica ainda mais a probabilidade de baixa tolerncia ao estresse e dificuldade de lidar adequadamente com as circunstncias mesmo em situaes familiares e simples. Por outro lado, achados divergentes, ou sem qualquer tipo de correlao, identificam caractersticas diversas e podem sugerir concluses contrrias. No entanto, os achados divergentes entre dois tipos de instrumentos metodologicamente diferentes, que avaliam caractersticas de personalidade semelhantes no necessariamente seriam contraditrios. Nestecaso,osdoistiposdedadosrevelariamcomoaspessoasrespondemaosdiferentestipos de situaes. Segundo Weiner e Greene (2008), em pessoas cujos testes de desempenho sugerem distrbios psicolgicos, enquanto seus questionrios de autorrelato no evidenciam isto, tratamse de pessoas que se sentem mais confortveis em situaes mais estruturadas, familiares, em que elas sabem o que esperado delas, do que em situaes muito pouco estruturadas,imprevisveis,ondeseriamuitodifcilidentificaroqueseesperadelas,eporeste motivosedesorganizam. Inversamente, se a pessoa revela um distrbio aparente em

medidasdeautorrelato,masnooevidencianamedidadedesempenho,istopodeidentificar umapessoaquefuncionamaiseficientementeemsituaesrelativamentepoucoestruturadas, mais exigentes e desafiadoras do que em situaes altamente estruturadas. Dessa forma, possveisexplicaesparaachadosdivergentespodemacrescentarinformaesquenoteriam emergidodosinstrumentosemsi.Oimpactodiferencialdecomoumapessoaprovavelmente sesenteesecomportanasduassituaesdetestagempodeserumdosaspectosresponsveis porestasdivergncias(Weiner&Greene,2008). Particularmente, estudos de correlao entre variveis do Rorschach e escores de questionriosdepersonalidadedeautorrelatosocontroversos.Resultadosdepesquisastm

15 mostradoqueavalidadeconvergenteentreoRorschachequestionriosdepersonalidadede autorrelato baixa, especialmente quando o grupo de pessoas avaliadas heterogneo e certasvariveisdosinstrumentosnosocontroladas.Porexemplo,algunsestudosdevalidade convergenteentreoRorschacheo questionrioMinnesota MultiphasicPersonalityInventory (MMPI) apresentam correlaes gerais baixas ou evidenciam medidas de construtos essencialmente diferentes (Borstein, 2001; Archer & Krishnmurthy, 1999), enquanto outros estudos apontam que, quando pacientes demonstram estilos semelhantes de responder aos dois tipos distintos de testes, h uma relao estvel entre algumas escalas do MMPI e os ndicesdoRorschach(Meyer,1999;Lindgreen&Carlsson,2003). Meyer (1996, 1997, 1999) chama a ateno para a questo da atitude do sujeito ao responderaoteste:osmaisinibidos/restritoseosmaisdesinibidos/expansivos.Asatitudesou estilocaractersticoderesponderaosinstrumentospodemvariarporvriosmotivos:apouca conscincia ou a conscincia exagerada para fornecer informaes honestas e completas; a forteoufracatendnciaademonstrardesejabilidadesocial;atendnciainconscienteparano reconhecer tendncias psicopatolgicas ou uma tendncia inconsciente para enfatizar problema. De uma forma geral, as atitudes dos sujeitos ao realizarem os diferentes tipos de testespodemnoserasmesmas. Para verificar essa questo, Meyer (1996, 1997, 1999) selecionou algumas escalas do RorschachedoMMPIeobservouquenoexistiacorrelaoquandoaatitudedosujeitono era considerada (mean r= 0,03), que existia uma correlao positiva (mean r= 0,58) quando somente os sujeitos com atitudes semelhantes para realizar ambos os testes eram considerados,equehaviaumacorrelaonegativa(meanr=0,55)quandoaanliseerafeita com pacientes que tinham atitudes opostas em cada um dos mtodos. O pesquisador pressupsqueafaltadecorrelaoentremedidasconvencionaisdeautorrelatoevariveisdo Rorschachumartefatodevidofalhanocontroledaatitudedosujeitoaorealizaroteste. Petot (2005) realizou um estudo para verificar se as relaes entre o NEO PIR (questionrio de autorrelato baseado no Modelo dos Cinco Fatores de Personalidade) e as variveis do Rorschach no que tange ao Fator Abertura Experincia dependiam ou no da atitudedopacienteaorealizarostestes.OautorobservouqueemrelaoaoFatorpropostoa

16 correlao entre os instrumentos no existia. Por outro lado, as concluses sobre a relao entre o Fator Neuroticismo e variveis do Rorschach traziam algum suporte parcial para a hiptesedaatitudeemrealizaroteste. Conforme descrito acima, o problema da relao entre medidas de personalidade de autorrelato e as variveis do Rorschach particularmente complexa e intrigante. Alguns pesquisadores questionam a validade do Rorschach argumentando que sua correlao com medidas de personalidade de autorrelato geralmente pobre. No entanto, para uma boa avaliaodepersonalidade,necessrioincluir,dentreoutrostestes,pelomenos,doistiposde testes de personalidade: questionrios de autorrelato e medidas de desempenho. Isso indica queessesdoismtodosfornecemtiposdeinformaesdiferentes e,provavelmente,medem coisasdistintas,oquejustificariaacorrelaobaixaentreosdoisinstrumentos(Petot,2005). Diante do que foi exposto, o objetivo deste estudo foi verificar a correlao entre as variveisdoMtododeRorschacheoFatorEstabilidadeEmocionaldoscincograndesfatores de personalidade. Muito pouco se procurou saber sobre as relaes entre as variveis do Rorschach e o Modelo dos Cinco Fatores de Personalidade no Brasil, de modo queseria interessantepesquisarsealgumascorrelaesrealmenteexistementreessesdoisinstrumentos debasesmetodolgicasbastantediferenteseigualmenteconsagradospelaliteraturacientfica comovlidosparaavaliarapersonalidade,esesim,quaissoelas. Problema Existecorrelaoentreessesdoistiposdeinstrumentosdeavaliaodapersonalidade noquedizrespeitoaoFatorEstabilidadeEmocional? Objetivogeral Verificar se existe correlao entre as variveis do Rorschach e o Fator Estabilidade EmocionaldoICFPR

17 Objetivosespecficos Verificar se existem correlaes estatisticamente significativas entre as variveis dos RorschacheoFatorEstabilidadeEmocional. Discutir as baixas e altas correlaes encontradas entre o Fator Cordialidade e as variveisdoRorschach. MTODO Participantes Participaramdesseestudo51estudantesdePsicologia,42dosexofeminino(82,4%)e9 dosexomasculino(17,6%),provenientesdeduasuniversidadesdeGoinia,sendoumaprivada e outra pblica. A idade dos estudantes variou de 19 a 49 anos, sendo a mdia 24 anos (DP 6,27).Amaioriatinhaoestadocvelsolteiro(n=45,88%)esomentecincocasadoseummorava junto (n=6, 12%). Os estudantes em sua maioria cursava o 8 perodo (54,9%), os demais estavamentreoquintoeostimoperododocurso,eamaiorpartenotrabalhava(60,8%)na pocaemfoirealizadaacoletadedados. Instrumentos Questionrio sociodemogrfico: utilizado na coleta de dados complementares, com informaesgeraistaiscomo:sexo, idade,estadocivil,perododocurso,setrabalha, seest em psicoterapia, se faz uso controlado de alguma medicao e se tem a inteno de atuar profissionalmentecomopsiclogo. MtododeRorschachnoSistemaCompreensivo:foielaboradoporHermannRorschach em1921,naSua.OMtododeRorschachnoSistemaCompreensivotratasedeumamedida comportamental baseada no desempenho que avalia uma ampla gama de caractersticas de personalidade. composta por dez cartes, cincodeles so monocromticos (preto), dois so bicoloreseoutrostrssopolicromticos,osquaisservemdeestmulospoucoorganizadosque levamoindivduoemavaliaoaexpressarcontedosassociativoperceptivosrepresentativos

18 de seu mundo interno. administrado individualmente e exige que os examinandos identifiquem o que os borres de tinta construdos parecem em resposta pergunta "O que issopoderiaser?"(Exner2003).Cadaresposta,ousoluoparaatarefa,codificadadeacordo com orientaes padronizadas atravs de um nmero de dimenses e os cdigos so ento resumidos em escores, posteriormente interpretados no Sistema Compreensivo. Ao contrrio dasmedidasbaseadasementrevistaouinventriosdeautorrelato,oRorschachnorequerque oexaminandodescrevaasimesmo,masoobrigaafornecerumailustraoaovivodecomo eleestproduzindoumaamostradecomportamentosnasrespostasgeradasparacadacarto (Exner,2003). Inventrio Reduzido dos Cinco Fatores de Personalidade ICFPR (Pasquali, Arajo& Trccoli, 1999): instrumento composto por 116 sentenas que permitem que o indivduo se autodescreva em cada um dos cinco grandes traos ou fatores bsicos da personalidade: estabilidade emocional (19 itens; = 0,89), conscienciosidade (20 itens; = 0,88), abertura experincia(ouintelecto17itens;=0,82),cordialidade(ousociabilidade13itens;=0,82)e extroverso (12 itens; = 0,83). Cada sentena autodescritiva acompanhada de uma escala likertde6pontos:1=nadaavercomigo;2=quasenadaavercomigo;3=poucoavercomigo; 4 = tem a ver comigo 5 = muito a ver comigo; 6 = tudo a ver comigo. O estudo em questo considerou apenas o Fator Estabilidade Emocional, mas os estudantes preencheram todo o inventrio. O Fator Estabilidade Emocional/Neuroticismo engloba caractersticas de personalidade envolvendo afeto positivo e negativo. Altos escores sugerem indivduos com estabilidade emocional, calmos, satisfeitos, que inicia e conclui tarefas importantes. J os escores baixosesto relacionados ao neroticismo, instabilidade emocional, baixa auto estima, irritabilidade,tenso, depresso e ansiedade, tratamse de pessoasmais propensas a sofrimentospsicolgicos(Hutz&cols.,1998;Nunes&Hutz,2007;Andrade,2008). Procedimentos Este estudo tratase de um recorte de um projeto de pesquisa previamente aprovado pelocomitdeticadaPUCGois.Os participantesforamconvidadosaparticipardoestudo por meio de cartazes, por intermdio de avisos de outros estudantes de psicologia que

19 participavam da pesquisa quer seja como pesquisador ou sujeito e mediante avisos de professoresdo curso.Todososparticipantesforam esclarecidosquanto aosigilode qualquer informaoquepoderiaidentificarindividualmentequalquerumdeles.Outrosesclarecimentos foram: quanto aos direitos dos participantes, quanto metodologia utilizada e quanto aos objetivos do estudo, conforme descrito no termo de consentimento livre e esclarecido, que cada um assinou antes de integrar o grupo de participantes. Aps assinar esse termo de consentimentolivreeesclarecido,oparticipantepreenchiaoQuestionrioSociodemogrfico. Posteriormente, os participantes foram submetidos ao ICFPR e ao Mtodo de Rorschach, em aplicao individual, de acordo com as normas padronizadas de cada um dos instrumentos, em dias e horrios conforme a disponibilidade do participante, em sesses de aproximadamente100minutos.Osexaminadoresforamquatroalunosdocursodepsicologia, que j haviam cursado a disciplina Tcnica Projetiva Rorschach (com 120 crditos, sendo 80 tericos e 40 prticos), referente ao oitavo perodo do curso. Todos os examinadores eram monitores oficiais da disciplina (voluntrios ou remunerados) e, em funo da pesquisa, tambm receberam um treinamento intensivo especfico para realizar a coleta de dados nos participantesdesteestudo.Assalasparaaaplicaodosinstrumentosforamosconsultriosda Clnica Escola de Psicologia de uma das universidades, todos adaptados para sesses de testagenspsicolgicas. Os protocolos de Rorschach foram classificados s cegas e separadamente por dois juzesexpertsnoSCe,emseguida,fezseaanlisedeconcordnciaentreosclassificadores,por meiodoKappadeCohen,considerandotodososprotocolosdeRorschach,umavezquetodos elesforamconsideradosteisparaainterpretao(comnmeromnimode14respostasesem rejeiodecartes).Posteriormente,foiavaliadoseexistiamdiferenassignificativasentreos protocoloscoletadospelosquatroexaminadores,queadministraramentre11e14protocolos cadaumdeles,pormeiodaANOVAoneway.Todososdadossociodemogrficos,osdadosdo Rorschach e do ICFPR foram lanados no banco de dados e a anlise dos resultados foi realizadamedianteestatsticadescritivaeestudodecorrelaoentreasvariveisdoRorschach eoFatorEstabilidadeEmocional/NeuroticismopormeiodaCorrelaodeSpearman.Aanlise

20 de correlao foi realizada considerando todas as variveis do Rorschach e os resultados do FatorEstabilidadeEmocional/Neuroticismo. RESULTADOSEDISCUSSO Osresultadosseroapresentadospormeiodetabelas,ondeserodiscutidosaolongo destetpico.ATabela1apresentaonveldeconcordnciaatingidoentreosjuzesemcadaum dos segmentos de codificao do Rorschach.Os resultados observados em cada um dos segmentosdecodificaoindicamquehouveumaconcordnciaaltaentreosjuzes(>0,82)e queacorreodomtododeRorschachparaesseestudofoiconsideradaconfivel. Tabela 1.: Correlao entre juzes em segmentos de codificao do Rorschach (n= 51 protocolos,nmeroderespostas=1.229) SegmentosdeCodificao TodaResposta LocalizaoeEspao(2variveis) DQ(+,o,v/+,v) Determinantes(11variveis) FQ(None,+,o,u,) Pares Contedos(27variveis) P ZScore CdigosEspeciais(14variveis) %Agree 0.80 0.98 0.96 0.90 0.94 0.92 0.89 0.97 0.95 0.93 Kappa 0.77 0,96 0,91 0,85 0,90 0,83 0,83 0,91 0,92 0,89

21 ATabela2mostraosresultadosdaANOVAparaascincovariveisutilizadasparaavaliar as diferenas entre os examinadores.Os dados revelaram que no foram encontradas diferenassignificativasentreosexaminadoresemqualquerumadessasvariveis. Tabela2.:Resultadosdasdiferenasentreosquatroexaminadores, queadministraramentre 1114protocolos(N=51),pormeiodaANOVAoneway. Variveis R Zf WSum6 X% Fpuro% O Quadro abaixo mostra alguns itens do ICFPR referentes ao fator Estabilidade Emocional,afimdeseterumaideiageraldositensqueosparticipantesresponderamparase autoavaliarememrelaoaessefator. Quadro1.:AlgunsitensdoFatorEstabilidadeEmocionaldoICFPR. NodoitemnoICFPR 35 40 Descriodoitem Permanececalmoemsituaestensas. emocionalmenteestvel,nosealtera facilmente. Controlasuasemoes. relaxado,lidabemcomoestresse. Superafacilmenteosinfrtuneos. df 7 7 7 7 7 F 0.38 0.64 2.00 1.02 0.54 Sig. 0.91 0.72 0.07 0.42 0.80 Etasquared 0.014 0.023 0.068 0.036 0.019

42 44 51

22 05* 07 09 10 21 Irritasefacilmente. Agesemplanejar. Desesperase. Temhumorinstvel. Inventaproblemasparasiprprio.

*EmnegritoositensequivalenteaoitemNeuroticismo. A Tabela 3 demostra o coeficiente de Spearman para cada uma das variveis de RorschachqueapresentaramalgumacorrelaocomFatorEstabilidadeEmocional Tabela3.:CorrelaoentreasvariveisdoRorschacheoFatorEstabilidadeEmocional Variveis CoeficientedeCorrelao(Sig.2 tailed) 0.023* 0.037*

FC` (controle cognitivo das emoes disfricas,taiscomo:desnimo,tristeza). () C`F (pouco controle das emoes disfricasquesointernalizadas) () FAB2 (deslize cognitivo grave, aponta paraumdistrbiodopensamento) () ndice de Isolamento (Tendncia ao isolamentoeaoretraimento) () Xu%>0,29 (tendncia individualista ou desconsiderao pelos comportamentos convencionais) ()(H)+(A)+(Hd)+(Ad)>3*Correlaosignificativap0,29,ndicedeIsolamentoe(H)+(A)+(Hd)+(Ad)>3 tambm se destacaram por uma correlao significativa, porm negativas. Ou seja, quanto maioroescorenoFatorEmocionalmenoreramosescoresouasfrequnciasdessasvariveis, de outro modo, quanto maior a instabilidade emocional e o neuroticismo, maior eram as frequnciaseosescoresdasvariveisacima.Todaselassocondizentescomcaractersticasde personalidade que indicam pouca maturidade em vrios aspectos psicolgicos, ou pouca capacidadedeadministrarumasriedequestesafetivas,cognitivaserelacionaisnodiaadia, oquedefatopodeestarpresenteempessoascompoucaestabilidadeemocional. OCF,diferentementedoFC,indicapoucocontroledasemoesdisfricas,ouseja,os sentimentosdemedo,culpaeangstiaestomaisvulnerveisefrgeisemfunodocontrole cognitivo precrio. O Xu% indicadesconsiderao por comportamentos mais convencionais, tendncia a pensamentos e comportamentos mais idiogrficos, excntricos, alheios e descentradosdocoletivo.OndicedeIsolamentomaiselevandorevelaatendnciaasermenos ativo nas interaes sociais, aponta para o retraimento, pois a pessoa considera as relaes interpessoais relativamente vazias de gratificao. Finalmente, a varivel(H)+(A)+(Hd)+(Ad)> 3 tendeasermaisfrequenteempessoasqueinterpretammaloseumeioambienteeaspessoas, oquetpicodepessoasafetivamenteimaturas.

24 CONSIDERAESFINAIS importante conhecer os mltiplos fatores metodolgicos e tericos que podem ter influncia na interrelao dos instrumentos. por meio desse conhecimento que se pode compreender melhor s resultados convergentes e discrepantes obtidos por instrumentos fundamentados em diferentes princpios metodolgicos e epistemolgicos como os instrumentosdeautorrelatoeosdedesempenho.Enquanto para o pesquisador uma

correlao baixa pode ser motivo de preocupao ou de dvida sobre a validade dos instrumentos individuais, devese ressaltar que, na prtica clnica, este fato justifica uma abordagem de mtodos mltiplos para avaliar a personalidade, porque o uso de diferentes instrumentos produz um nmero grande de informaes diferentes de um caso particular, e taisinformaessointegradasporumprocessodejulgamentoclnico(Petot&Joi,2005). EsteestudopropsestudaraspossveiscorrelaesentreasvariveisdoRorschacheo Fator Estabilidade Emocional do ICFPR. Foram poucas as variveis do Rorschach que se correlacionaramcomofator.De163variveis,apenas6revelaramalgumacorrelaoentreos dois instrumentos psicolgicos. Alm de poucas correlaes, elas ainda foram consideradas baixas. Deumaformageral,osresultadossugeremqueosinstrumentospodemmediraspectos diferentes da personalidade, por isso mostram uma correlao baixa entre si. Nesse sentido, presumemseentoqueasrealidadespsicolgicasavaliadaspeloRorschachdiferemdaquelas conceituadaspeloModelodosCincoFatoresdePersonalidade,nosporseucontedo,mas tambmpelasuaestruturaemetodologiadeabordarofenmenopsicolgico; Embora no tenha sido foco investigao deste estudo, entendese que essas correlaespodemserinfluenciadaspelaformacomoossujeitosrespondemesuaatitudepara fazeroteste,ouseja,dependemdoquoaspessoasestodispostas(preparadasparaseexpor eserverdadeira),bemcomodependemdaconscinciaquecadaumtemdesimesmo. Esteestudoaindaestemandamentoeosresultadoscorroboramestudossemelhantes queinvestigaramcorrelaesentreoMtododeRorschacheinstrumentosdeautorrelato,tais

25 como: MMPI, NEOPI, EPQ e o prprio ICFPR (Jocic, 2005; Petot, 2005; Pilar, 2005;Resende, Loth,Souza,Lopes&Martins,2011). REFERNCIAS Andrade, J.M. (2008). Evidncias de Validade do Inventrio dos Cinco Grandes Fatores de PersonalidadeparaoBrasil.TesedeDoutorado,UniversidadedeBraslia,Braslia. Bastos, A.G. & Vaz C.E. (2009). Estudo correlacional entre neuroimagem e a tcnica de RorschachemcrianascomSndromedeTourette.AvaliaoPsicolgica,8,229244. Beutler,L.E.,&GrothMarnat,G.(2003).Integrativeassessmentofadultpersonality(2ed.).New York:Guilford. Cardoso,L.M.&Capito,C.G.(2006).EstudoCorrelacionalentreoTestedePfistereoDesenho daFiguraHumana.PsicoUSF,11,157166. Costa Jr., P. T. & McCrae, R. R. (2005). A FiveFactor Theory Perspective on the Rorschach. Rorschachiana,27,80100. Dunning, D., Health, C., &Suls, J. M. (2004). Flawed selfassessment implications for health, education,andtheworkplace.PsychologicalScienceinthePublicInterest,5,69106. Exner,J.E.,Jr.(2003).TheRorschach:Acomprehensivesystem.Vol.1:Basicfoundationsand principles of interpretation. Hoboken, NJ: Wiley.Exner, J. E. (1999). Manual de classificaodoRorschachparaosistemacompreensivo.SoPaulo:CasadoPsiclogo. Exner,J.,Jr.(2003).TheRorschach:Acomprehensivesystem.NewYork:JohnWiley&Sons. Haase, V.G. et al. (2004). Avaliao do Funcionamento Psicossocial na Esclerose Mltipla. ArquivosdeNeuroPsiquiatria,62,282291. Hutz C.S., Nunes, C.H., Silveira, A.D., Serra, J., Anton, M., Wieczorek L.S.(1998). O desenvolvimentodemarcadoresparaaavaliaodapersonalidadenomodelodoscinco grandesfatores.Psicologia:ReflexoeCrtica,11,395411. Jocic, D. D. (2005). Correlation of the Rorschach Method and NEO PIR Questionnarie. Rorschachiana,27,1129.

26 Meyer,G.J.(1997).Ontheintegrationofpersonalityassessmentmethods:TheRorschachand MMPI2.JournalofPersonalityAssessment,68,297330. Meyer,G.J.,Bates,M.,&Gacono,C.(1999).TheRorschachRatingScale:Itemadequacy,scale development,andrelationswiththeBigFiveModelofpersonality.JournalofPersonality Assessment,73,199244. Meyer,G.J.,Finn,S.E.,Eyde,L.,Kay,G.G.,Moreland,K.L.,Dies,R.R.,Eisman,E.J.,Kubiszyn,T. W., & Reed, G. M. (2002). Amplifying issues related to psychological testing and assessment.AmericanPsychologist,57,140141. Meyer, G. J., &Kurtz, J. E. (2006).Guidelines Editorial Advancing personality assessment terminology: Time to retire "objective" and "projective" as personality test descriptors.JournalofPersonalityAssessment,87,223225. Nunes,C.H.S.S.&HutzC.S.(2007).ConstruoeValidaodaescalafatorialdeSocializaono modelo dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade. Psicologia: Reflexo e Crtica, 20, 2025. Pasquali,L.,Arajo,R.M.&Trccoli,B.T.(1999).InventrioFatorialdePersonalidadeVerso Reduzida.Braslia:LabPAM. Petot, J. M. (2005). Are the Relationships Between NEO PIR and Rorschach Markers of OpennesstoExperienceDependentonthePatient'sTestTakingAttitude?Rorschachiana, 27,pp.3050. Petot, J.M., &Joi, D. D. (2005). Discrepancies between the Rorschach Inkblot Method and selfreport measures of personality: Methodological and Theoretical Reflexion. Rorschachiana,27,pp.101116. Petrelli, R. (1991). Curso de Especializao em Rorschach. Apostila mimeografada. Goinia: Dasein. Pianowski,G&VillemorAmaral,A.E.(2010).LocalizaoequalidadeformaldoRorschachSCno Brasil:validadecomnopacientes.PsicoUSF,15,333343. Pilar, G.E.H. (2005). Extraversion in Differential Psychology and Experience Balance in the Rorschach.Rorschachiana,27,5162 Primi,R.(2005).TemasemAvaliaoPsicolgica.SoPaulo:CasadoPsiclogo.

27 Resende,A.C.&GarciaSantos,S.C.(2008).APolmicadousodosTestesPsicolgicos.EmM.N. Strey; D. C. Tatim (Orgs.), Sobre ETs e Dinossauros: Construindo Ensaios Temticos (pp. 142162).PassoFundo:UPFEditora. Resende, A. C., Loth, O., Souza, J. O., Lopes, M. R. P., & Martins, L. D. (2011). Convergncias entre variveis do mtodo de Rorschach e o Fator Cordialidade: Informaes preliminares. Em Actas do VIII Congresso Iberoamericano de Avaliao/Evaluacin Psicolgica.XVConfernciaInternacionalAvaliaoPsicolgica:FormaseContextos(pp. 910922).Braga:PsiquilibriosEdies. Schelini,P.W.(2007).Algunsdomniosdaavaliaopsicolgica.Campinas:Alnea. Weiner,I.B.(2005).Integrativepersonalityassessmentwithselfreportandperformancebased measures.InS.Strack(Ed.),Personalityandpsychopathology(pp.317331).Hoboken,NJ: Wiley. Weiner,I.B.,&Greene,R.L.(2008).Handbookofpersonalityassessment.NewYork:Wiley. Yoshida, E. M. P (2008). Significncia clnica de mudana em processo de psicoterapia psicodinmicabreve.Paidia,18,305316.

28 OMTODODERORSCHACHEMADOLESCENTES:ESPECIFICIDADESDEPRODUOEM FUNODOGNERO RobertaCuryJacquemin SoniaReginaPasian FabianaRegoFreitas FFCLRPUSP INTRODUO Aavaliaopsicolgicadosindivduosconstituisecomoprocessopermeadodevariados procedimentosteiserelevantesparainvestigaescientficasemPsicologiaereasafins.Em especial,osmtodosprojetivosdeavaliaopsicolgicapodemserconsideradosrespeitveis instrumentos de exame tanto da personalidade, quanto de elementos facilitadores da compreenso de vivncias individuais, como dinmica familiar e relaes interpessoais (Fensterseifer&Werlang,2008). Em meio aos instrumentos projetivos de avaliao psicolgica empregados no Brasil e no panorama mundial, encontrase o Psicodiagnstico de Rorschach, publicado em 1921, elaboradopelopsiquiatrasuoHermannRorschach(18841922).Estatcnicadeinvestigao da personalidade tem apontado eficincia e sensibilidade na compreenso da dinmica do psiquismohumanoemumalinguagemuniversal(Weiner,1993;Anastasi&Urbina,2000).Este instrumento tem o desgnio de compreender aspectos da estrutura e da dinmica da personalidade (Werlang, VillemorAmaral & Nascimento, 2010; Weiner, 2000), por meio da anlise de processos perceptivos envolvidos na produo de respostas (Werlang, Villemor Amaral&Nascimento,2010,p.89).OmtododeinvestigaodapersonalidadedeRorschach podeseraplicadoapessoasprocedentesdequalquerraaoucultura,emborahajadiferenas emformasdereaoaelenosimplesmenteemaspectosindividuais,mastambmemfatores sociaiseculturais(Nascimento,2010).

29 Pesquisadores de todo o mundo (Resende, Rezende, & Martins, 2006; Andronikof, Chudzik, & Gillaizeau, 2008; Matsumoto, Morita, Suzuki, Tsuboi, Hatagaki, & Shirai, 2008; Nascimento, Brunoni, Sasaki, Bueno & Parsons, 2008; Nascimento, Batistuzzo, Sato, Brunoni, Bueno&Marques,2009)tmelaboradopadresnormativosparaoRorschachereafirmam,a partir da sistematizao de seus resultados, a importncia de que mais estudos com este propsito sejam realizados em grupos populacionais de diversos pases, para que se tenham dados representativos dos indivduos que se busca avaliar. Nesta direo, pesquisas em avaliao psicolgica com adolescentes de diversos pases tm utilizado o Mtodo de Rorschach, realidade tambm existente em nosso pas e que se tentar brevemente ilustrar comalgunsrelevantestrabalhosrealizados. NoBrasil,Japur(1982)buscoucaracterizaraafetividadedoadolescentenoRorschach, tendo investigado 180 estudantes de Ribeiro Preto (SP) na faixa entre 11 a 13 anos, com escolaridadecorrespondenteidadeedenvelintelectualesocioeconmicomdiooumdio superior.Aautorabuscoucaracterizaraafetividadenestafasedodesenvolvimentoutilizandoo Psicodiagnstico de Rorschach, focalizando a anlise das frmulas vivenciais, dos ndices de conflitos e dos ndices dos mecanismos de controle e adaptao intelectual e afetiva. A aplicao do Rorschach foi individual e os casos foram avaliados de acordo com a Escola Francesa. Este estudo preliminar de padronizao foi desenvolvido, segundo Japur, com o intuito de suprir a ausncia de dados normativos nacionais para a referida faixa etria. Os resultados mostraram a predominncia da extratensividade aos 11 e 13 anos e da coartao aos12anos,bemcomoapresenamarcadadeconflitosatuaisededesenvolvimentoemtodo o perodo, de modo que os indivduos examinados apresentaram dificuldade no controle racional dos afetos, com superficial adaptao sciointelectual. Os achados tambm sinalizaram instabilidade emocional e imaturidade afetiva, mas com capacidade de expresso socializadadosafetos,apesardacrescentedificuldadedeidentificaocomafigurahumana, assimcomoindicadoresdedificuldadenosrelacionamentosinterpessoais,caracterizandoesta etapadodesenvolvimentoadolescente. DentreosestudosdeinvestigaoclnicacomoMtododeRorschach,encontraseode Aguirre (1995) que avaliou 40 gestantes adolescentes de 12 a 16 anos de idade, que

30 freqentaram o servio de assistncia prnatal de trs hospitais pblicos da cidade de So Paulo(SP),natentativadeinvestigarpossveismotivaesinconscienteseosrecursosinternos paralidarcoma situaode gravideznaadolescncia.Osmtodosdeinvestigaoutilizados foramoMtododeRorschach,soboreferencialpsicanaltico,eentrevistassemidirigidas.Os resultadosindicaramqueagrandemaioriadoscasostevegestaonointencional(cercade 90%),comsinaisdeintensaangstiaepoderososbloqueiosafetivosporpartedasgestantes, sugerindoreduzidadisponibilidadeebaixamaturidadepsquicaparaoestabelecimentodebom vnculo com o beb. A partir de seus achados, a autora apontou a necessidade de acompanhamentopsicolgicodasadolescentesnesseperododegrandesmudanascorporais e de papis, de modo a favorecer o enfrentamento das sobrecargas internas e externas, advindasdagestaonestaetapadodesenvolvimento. Santoantonio(2001),emsuatesededoutorado,utilizouoMtododeRorschachpara examinarcaractersticasdepersonalidadede30adolescentesdentrodafaixaetriade12a17 anos, todas do gnero feminino, pacientes diagnosticadas com lpus eritematoso sistmico. Houve tambm um grupo controle com 32 adolescentes no pacientes, as quais foram pareadas segundo idade e nvel scioeconmico. A partir dos achados, identificouse importante disparidade quanto ao nvel de escolaridade das voluntrias, relacionada a maior ausnciadaspacientessaulasemvirtudedadoena.Emambososgruposfoipossvelcaptar indicadores de tendncia a utilizar os processos de pensamento na soluo de problemas. Apesar de no haver diferenas estatisticamente significativas entre os grupos, as pacientes apresentaram sinais sugestivos de maior dificuldade no manejo do estresse, tanto habitual quantosituacional,elevadainteriorizaodosafetoseindicadoresdebaixaautoestimaeauto percepo. As pacientes tambm demonstraram menor habilidade em resolver questes da vida cotidiana, embora o dficit relacional estivesse presente nos dois grupos. A concluso a que se chegou nesse trabalho foi que, quanto maior o grau de atividade da doena, maior a constrioafetivadaspacientes,justificandoseainvestigaodeseufuncionamentopsquico paratambmtentarfavorecersuarecuperaodesadegeralefavoreceroamadurecimento psquico.

31 Aindanalinhadeinvestigaodosprocessosdeformaodapersonalidadedurantea adolescncia,Campagna(2003)pesquisouaorganizaodaidentidadefemininanoinciodeste perodo da vida por meio do Psicodiagnstico de Rorschach, Desenhos da Figura Humana e entrevistas.Participaramdesteestudo20meninasde12anosdeidadedacidadedeSoPaulo, procedentes da classe mdia e alta. Foi possvel identificar que as adolescentes sinalizaram autoestima mais negativa que positiva, identificandose de maneira mais fantasiosa que real com seus pais, familiares, colegas, ou outros dolos dos meios de comunicao. Alm disso, produziram indicadores sugestivos de elevado nvel de egocentrismo, tendendo a relaes afetivas bastante restritas. A autora aponta para o fato de que o incio da adolescncia para essasjovensumperodomarcadoporfortespressesinternaseexternas,sugerindovivncia de vulnerabilidade egica. As evidncias advindas deste trabalho apontaram a riqueza deste instrumento projetivo quando se pretende acessar aspectos do funcionamento psquico de adolescentes, destacandose a importncia de se conhecer melhor as peculiaridades de desenvolvimentomentaldestemomentodavida. Especificamenteemrelaoaognero,poucoseconhecesobreseuseventuaisefeitos na produo do Rorschach da faixa etria adolescente. No Brasil, alguns estudos normativos deste mtodo projetivo de avaliao psicolgica foram identificados por Pasian (2002) como dirigidos para adolescentes, entre eles os trabalhos de Ginsberg (1950), Adrados (1976) e Adrados (1985). Os dois ltimos consideraram as variveis idade e gnero nas anlises da produo no Mtodo de Rorschach. Adrados (1976) investigou as caractersticas de personalidade de 450 adolescentes de 14 a 18 anos de Guanabara (RJ) e a mesma pesquisadora,umpoucomaistarde(Adrados,1985),focalizouodesenvolvimentoafetivosocial ecognitivodafaixaetriade7a14anos.JotrabalhodeGinsberg(1950)englobouamostra de100baianosde10a16anosdeidade,examinandoeventuaisefeitosdasvariveisgnero, idadeeacordepeledosparticipantes(brancosXnegros). Posterioresaestadata,poucoseconsegueidentificaremtermosdeestudosnormativos doRorschachrealizadosnoBrasilcomafaixaetriaadolescente,excetuandoseainvestigao de Japur (1982), anteriormente citada e brevemente descrita. Apesar disso, diversas investigaes cientficas foram e so desenvolvidas sobre a adolescncia, nem sempre

32 focalizando instrumentos de avaliao psicolgica ou o Mtodo de Rorschach, sugerindo a relevnciaeacomplexidadedestaetapadodesenvolvimento,exigindodiferentesperspectivas metodolgicas para a busca de compreenso de seus marcadores e variveis relevantes, de modo a promover intervenes de servios de sade que sejam eficazes e adequadas. Nesse contexto das intervenes prticas com adolescentes, bastante comum a suposio da intervenincia de questes de gnero sobre o desenvolvimento e o equilbrio psquico da personalidade nesta faixa etria, porm pouco demonstrada empiricamente na realidade nacional. Diante do contexto exposto, o objetivo do presente trabalho foi investigar, em adolescentescomsinaisdedesenvolvimentotpico,eventualefeitodogneronosindicadores dofuncionamentoedaestruturaodepersonalidadeapartirdoMtododeRorschach.Trata se,portanto,detrabalhodenaturezaexploratriacomametadeoferecerreferenciaistcnicos atualizadosdoRorschachparasubsidiarprocessosanalticointerpretativosdesteinstrumento projetivo com adolescentes, levando em considerao a realidade sociocultural contempornea. OBJETIVO Opresentetrabalhoobjetivaexaminarpossveisdiferenasnospadresderespostade adolescentesaoMtododeRorschach(EscolaFrancesa)emfunodognero.Tratasedeum recorte de estudo mais amplo que almejou elaborar referenciais normativos deste mtodo projetivodeavaliaopsicolgicaparaafaixaetriaemquesto,sendoque,noatualtrabalho, focalizase a varivel gnero e seu eventual efeito sobre as principais variveis da Escola FrancesadoRorschach,vinculadasaofuncionamentolgicoeafetivosocialdeadolescentes.

33 MTODO Participantes Foram examinados 174 adolescentes de 12 a 14 anos, oriundos de escolas pblicas e particularesdoensinofundamentaldecidadedointeriordoEstadodeSoPaulo(SP),sendo89 estudantes do grupo feminino e 85 do masculino, devidamente autorizados por seus pais ou responsveisparaapesquisa.Foramexcludosdaamostravoluntriosquerelataramhistrico detratamentopsiquitricoe/oupsicolgicoe/ouusodemedicaopsicotrpicanoltimoano devida(informaesobtidascompais/responsveisapartirdopreenchimentodequestionrio especfico da pesquisa), bem como aqueles com desempenho cognitivo inferior mdia (avaliadopormeiodetesteintelectualespecfico).Porfim,aindaforameliminadosdoestudo aquelescasoscujosprotocolosdoRorschachapresentaramquatrooumaisrecusas,sugestivos deacentuadarestrionoprocessoassociativo,poucorepresentativadoefetivopotencialdos estudantes demonstrado pelos demais critrios de seleo utilizados. Compsse, portanto, amostra quantitativamente suficiente para embasar dados substanciais, embora de convenincia e no aleatria, subsidiando a implementao de estratgias analticas que permitamoalcancedosobjetivosdelineadosnoestudo. Instrumentos Foramutilizados,nestetrabalho,trsinstrumentosdeavaliaopsicolgica,asaber:

a) Questionrio Informativo sobre histrico pessoal: respondido por pais ou responsveis, focalizouinformaesrelativasaodesenvolvimentopessoaleescolardoestudante,demodoa permitir identificar voluntrios com dificuldades acadmicas ou de desenvolvimento, que seriam eliminados do estudo, tendo em vista os objetivos de composio de amostra normativa. b)TestedeIntelignciaNoVerbal(INV)formaC(Weil&Nick,1971):destinaseavaliao do desenvolvimento intelectual. Em sua Forma C, o teste conta com 60 itens e mais quatro exemplos iniciais. Consiste num caderno de aplicao, a folha de rosto com os exemplos e o crivo.Emcadaumadascincopginasdocadernodeaplicao,somamse12respostasmenos

34 oserroscometidosafimdeseapurarototaldeacertos.Suaaplicao,naFormaC,abrange todasasidadesapartirdosextoanodevida.Foiaquiutilizadocomopropsitodeseconhecer opotencialcognitivodosparticipantesdotrabalho.Foraminclusos,nesteestudonormativo,os adolescentes que atingiram desempenho igual ou superior ao percentil 25 nesta tcnica de investigaointelectual,sinalizandopotencialmdioousuperiornessarea. c) Psicodiagnstico de Rorschach: O Psicodiagnstico de Rorschach uma prova de avaliao psicolgica composta por um conjunto de dez pranchas com manchas de tinta, padronizadas (Rorschach, 1921), constituindose no material especfico desta investigao normativa e permitindoavaliaodecaractersticasdapersonalidade.Aaplicaoindividualeoscartes soapresentadosumaum,sendosolicitadoaorespondentequefaaassociaesedigaoque podemparecerosestmulosapresentados.Frentesrespostasobtidas,possveldesenharum quadro amplo do funcionamento psicolgico dos indivduos, seguindose especficos sistemas avaliativos. Alm das pranchas, este instrumento utiliza folhas para registro dos dados, folha padronizada de localizao das respostas, folha para codificao das respostas e um cronmetro tambm se faz necessrio para sua aplicao para registrar o ritmo do trabalho associativoeinterpretativodorespondente.FoiaquiutilizadaaEscolaFrancesadeRoschach, conforme diretrizes tcnicas presentes em Anzieu (1986) e Rausch de Traubenberg (1998) e, maisrecentemente,emAzoulay,Emmanuelli,RauschdeTraubenberg,Corroyer,Rozencwajg,& Savina(2007)eIkiz,Zabci,Dusgor,Atak,Yavuz,Purisa,&Catagy(2010). Procedimentos Oprocessodecoletadedadosfoiefetivadonocontextoescolarpelaprimeiraautorae seus colaboradores, em aplicao individual em sala apropriada no prprio ambienteescolar, aps a entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos pais e/ou responsveis e tambm do Questionrio Informativo devidamente preenchido. Seguiuse a seguinte ordem de atividades para a presente avaliao psicolgica: rapport, retomada dos objetivos da pesquisa, aplicao do teste INV forma C (Weil & Nick, 1971) e do Psicodiagnstico de Rorschach, seguindose o sistema da Escola Francesa (Rausch de Traubenberg,1998;Azoulayetal.,2007).

35 A anlise dos resultados foi pautada em duas etapas. De incio, foi avaliado o desempenhocognitivodaamostraobtidoapartirdoINVformaC,segundoseusreferenciais tcnicos, recorrendose aos padres analticos desenvolvidos por Weil e Nick (1971). Numa segunda etapa, o processo de codificao da produo no Psicodiagnstico do Rorschach seguiu o referencial tcnicocientfico proposto pela Escola Francesa, nomeadamente Anzieu (1986)eRauschdeTraubenberg(1998),examinandosepossvelinflunciadavarivelgnero nosresultados. Cada protocolo do Rorschach foi classificado por trs avaliadores, em atividades independentes, para posterior anlise de sua preciso, na perspectiva da Escola Francesa do Rorschach.Aprecisodosjuzesfoiverificadaposteriormenteporclculodondicedepreciso entre examinadores, seguindose orientao de Weiner (1991) e Fensterseifer e Werlang (2008). Aps a codificao final de cada protocolo do Rorschach, estes dados foram sistematizadospormeiodeplanilhasdoMicrosoftOfficeExcel2010,servindodebaseparao devido tratamento estatstico dos resultados. Das variveis da Escola Francesa do Rorschach analisadas, seis eram relacionadas produtividade e ao ritmo, a saber: Nmero de respostas (R), nmero de respostas adicionais (RA), nmero de recusas (Rec), nmero de denegaes (Den),TempodeLatnciamdio(TLm)eTempodeReaomdio(TRm).Asdemais,variveis doRorschachaquiexaminadasforamasseguintes:G,D,Dd,Dbl,Do(modosdeapreenso);F+, F+/,F,F,K,kan,kp,kob,k,FC,CF,C,FE,EF,E,FClob,ClobF,Clob(determinantes);A,(A),Ad, (Ad),A,H,(H),Hd,(Hd),H,Anat,,Sex,Sg,Bot,Geo,Nat,Pais,Obj,Arq,Art,Simb,Abst,Elem, Frag (contedos); Ban (banalidades). Deste modo, foram analisadas 56 variveis da Escola FrancesadoMtododeRorschach. Posteriormente, estas variveis, registradas no banco de dados mencionado, foram transpostas para planilhas especficas do software computacional Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para Windows, verso 16.0, bem como foram desenvolvidas planilhas destesdadoscompatveisaosaplicativosdaanliseestatsticaPROCNLMIXEDePROCLOGISTIC dosoftwareStatisticalAnalysisSystem(SAS),verso9.1,possibilitandoarealizaodasanlises

36 descritivaseinferenciaisdosresultados,adotandosecomonveldesignificnciaovalordep 0,05. RESULTADOS De forma geral, os adolescentes apresentaram adequado nmero mdio de respostas (R=21,3),pois,segundoVaz(1997),oprotocolodoRorschachdeumadolescentenormaldeve apresentar em torno de 15 a 24 respostas. Ao examinar a quantidade mdia de respostas juntamente aos tempos de latncia mdio (TLm=17,6 segundos) e tempos mdios de reao (TRm=29,6segundos),observouseindicadoresdeboacapacidadeassociativointerpretativae agilidade nos processos de reao e de elaborao das respostas aos cartes. As respostas adicionais (RA = 0,7), recusas (Rec = 0,4) e denegaes (Den = 0,2), em valores mdios, ocorreram em frequncia pouco expressiva, favorecendo seus processos associativos e interpretativosdiantedestatcnicaprojetiva,dadoque cumpre aexpectativa porteremsido previamenteselecionadosadolescentescomsinaisdedesenvolvimentotpico. Com o intuito de efetuar a anlise comparativa dos resultados no Rorschach de adolescentesdogrupofemininoedomasculinoutilizouseomodeloderegressolinearpara as variveis do Rorschach associadas produtividade e ao ritmo (nmero total de respostas, nmero derespostas adicionais, nmero de denegaes, nmero de recusas, tempos mdios delatnciaedereao).ParaasdemaisvariveisexaminadasdaEscolaFrancesadoRorschach, omodelodedistribuiobinomialdosresultadosfoioescolhido,sempresecomparandodados mdios dos subgrupos de adolescentes. Os dados referentes a essa anlise estatstica em funodogneronasprincipaisvariveisdeclassificaodasrespostasdaEscolaFrancesado RorschachencontramsedescritosnaTabela1(variveisassociadasprodutividadeeaoritmo) e na Tabela 2 (demais variveis). As variveis que apresentaram diferenas estatisticamente significativasforamdestacadasemnegrito.

37 Tabela 1: Anlise estatstica inferencial dos resultados mdios dos adolescentes nas variveis relacionadas produtividade e ao ritmo da Escola Francesa do Rorschach, em funo do gnero. Varivel R RA Rec Den TLm TRm Gnero* F M F M F M F M F M F M Mdia 22,4 20,2 0,8 0,5 0,4 0,4 0,2 0,1 16,5 18,8 28,1 31,1 DP 10,3 9,3 1,2 1,0 0,8 0,8 0,7 0,4 12,7 18,1 16 22,8 pvalor 0,143 0,092 0,823 0,298 0,317 0,320 pvalorajustado 0,144 0,089 0,795 0,313 0,293 0,310

R=Respostas;RA=Respostasadicionais;RecRecusasaoscartes;Den=Denegaes;TLm=Tempo deLatnciamdio;TRm=TempodeReaomdio;F=grupofeminino;M=grupomasculino.

Tabela 2: Anlise estatstica inferencial dos resultados mdios dos adolescentes nas demais variveisdaEscolaFrancesadoRorschach,emfunodognero Varivel G D Dd Dbl Do F+ F+ F F Gnero* F M F M F M F M F M F M F M F M F M Proporo 485 /1991 469 /1715 909 /1991 785 /1715 574 /1991 437 /1715 23 /1991 24 /1715 602 /1991 540 /1715 2 /1715 274 /1991 255 /1715 876 /1991 797 /1715 % 24,4 27,4 45,7 45,8 28,8 25,5 1,2 1,4 30,2 31,5 0,1 13,8 14,9 44,0 46,5 pvalor 0,038 0,943 0,023 0,508 0,411 0,940 0,337 0,131 pvalorajustado 0,036 0,978 0,022 0,436 0,486 0,940 0,349 0,168

38 F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M 602 541 1299 1128 132 103 303 235 9 22 51 31 363 288 182 172 170 154 11 9 132 120 119 72 3 2 1 750 639 66 58 227 205 22 25 1065 927 188 143 /876 /797 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1991 68,72 67,88 65,2 65,8 6,6 6,0 15,2 13,7 0,5 1,3 2,6 1,8 18,2 16,8 9,1 10,0 8,5 9,0 0,6 0,5 6,6 7,0 6,0 4,2 0,2 0,0 0,1 37,7 37,3 3,3 3,4 11,4 12,0 1,1 1,5 53,5 54,1 9,4 8,3

F+% F+ext% K kan kob Kp k FC CF C FE EF E FClob ClobF Clob A (A) Ad (Ad) A H

0,712 0,736 0,437 0,192 0,008 0,122 0,251 0,359 0,636 0,909 0,658 0,015 0,955 0,945 0,961 0,797 0,910 0,602 0,340 0,732 0,240

0,729 0,787 0,470 0,179 0,009 0,106 0,226 0,355 0,571 0,862 0,627 0,022 0,942 0,919 0,936 0,783 0,968 0,696 0,371 0,840 0,235

/1991 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715

39 F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F M 78 65 174 131 41 20 481 359 62 41 4 4 4 148 161 19 7 30 23 34 26 4 9 66 51 33 44 5 11 8 10 2 8 26 34 286 261 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 /1991 /1715 3,9 3,8 8,7 7,6 2,1 1,2 24,2 20,9 3,1 2,4 0,2 0,2 0,2 7,4 9,4 1,0 0,4 1,5 1,3 1,7 1,5 0,2 0,5 3,3 3,0 1,7 2,6 0,3 0,6 0,4 0,6 0,1 0,5 1,3 2,0 14,4 15,2

(H) Hd (Hd) H Anat Sg Sex Obj Art Arq Simb Abs Bot Geo Nat Pais Elem Frag Ban

0,841 0,224 0,036 0,019 0,183 0,833 0,949 0,032 0,054 0,672 0,645 0,109 0,554 0,055 0,081 0,431 0,052 0,106 0,465

0,761 0,202 0,040 0,016 0,245 0,788 0,936 0,026 0,053 0,714 0,799 0,107 0,627 0,056 0,092 0,419 0,060 0,115 0,438

*F=feminino(n=89);M=masculino(n=85)

A comparao estatstica dos resultados mdios destas 56 variveis do Rorschach em funodognerodosadolescentespossibilitouaidentificaodediferenassignificativasem

40 apenasoitodelas,asaber:localizaoglobal(G),pequenodetalhe(Dd),movimentodeobjeto (kob), sombreado com m qualidade formal (EF), parte de contedo humano desvitalizado [(Hd)],somatriadecontedoshumanos(H),Objetos(Obj)eArte(Art).Notase,naTabela1, aausnciadediferenasestatisticamentesignificativasentreogrupofemininoemasculinode adolescentesnosndicesdeprodutividadedaEscolaFrancesadoRorschach. Em se tratando de modos de apreenso dos estmulos, foram observadas diferenas estatisticamentesignificativasemduas(GeDd)dascincovariveisanalisadas(G,D,Dd,Dble Do).Ogrupomasculinoapresentoumaiorfrequnciaderespostasglobaisemrelaoaogrupo feminino,que,porsuavez,produziumaiorproporoderespostasdepequenodetalhe.Esses resultadossugeremindicadoresdequeosadolescentesdogneromasculinodafaixade12a 14anosseativeramaosaspectosgeraisdosestmulos,enquantoqueofemininotendeuafocar numaanliseminuciosadosfatosesituaes,alusivodeumaabordagemmaisdetalhista. ConcernenteaogrupodosdeterminantesdasrespostasaoRorschach,emcomparao com o grupo feminino, os adolescentes do grupo masculino produziram maior frequncia de contedos de movimento de objeto, sendo sugestivo de vivncia psquica mais marcada pela impulsividadedenaturezaagressiva.Porsuavez,ogrupofemininosinalizoumaiorquantidade de respostas determinadas pelo sombreado de m qualidade formal (EF), sugerindo maior intensidadedevivnciadeangstiapoucocoordenadaracionalmente. J em relao aos contedos das respostas, o grupo feminino foi o que produziu, significativamente, maior nmero de respostas de contedo humano [H e (Hd)] e arte (Art), sinalizandomaiorinteressepelocontatohumano[He(Hd)],assimcomomaiorsensibilidadee canalizao das emoes para vias abstratas (Art). J os adolescentes do grupo masculino apresentarammaiorproduoderespostasdecontedoobjeto,sugerindomaispragmatismo nainterpretaodarealidade. Novamente h que ressaltar que estas diferenas devem ser cuidadosamente ponderadas frente proporo geral do conjunto dos dados, uma vez que, em algumas variveis (a saber: kob, EF, (Hd) e Obj), as respostas foram pouco frequentes, conferindo a estas peculiaridades encontradas na produo um carter de possvel aleatoriedade e pouca relevnciadopontodevistaclniconosresultados.

41 Diante do que foi mostrado, considerandose o conjunto das 56 variveis da Escola Francesa do Rorschach aqui analisadas, podese apreciar que o padro de respostas dos adolescentes de ambos os grupos foi bastante semelhante, diferindo apenas em algumas particularidades produtivas, muitas das quais se mostraram como pouco expressivas. Estes dados podem auxiliar as anlises interpretativas e clnicas por parte dos profissionais que vieremafazerusodomaterialparaosadolescentesde12a14anosdeidadeemregiescom caractersticassciodemogrficaseculturaissimilaresasdopresentetrabalho. DISCUSSO A varivel gnero sabidamente tem sido reconhecida por uma multiplicidade de abordagenstericasemetodolgicasnainvestigaocientficadaPsicologia.Especificamente no tocante avaliao da personalidade por meio de mtodos projetivos, em especial o Psicodiagnstico de Rorschach, esta varivel tem sido pouco explorada de modo sistemtico, sobretudoquandosefocalizaodesenvolvimentotpicodosindivduos.Dessemodo,procurou se,nopresentetrabalho,examinar,demodoespecfico,apossvelinflunciadognerosobreo padro de respostas ao Mtodo de Rorschach, enquanto estratgia de investigao da estrutura edo funcionamento da personalidade de adolescentes nopacientes. Desse modo, os atuais achados sero contrapostos a outros colhidos com metodologia semelhante e na mesma regio fonte de estudo, embora com grupos de indivduos de diferentes idades, de modoaseexplorarestaquestodemodomaisespecficonestemtodoprojetivo,comdados empricosrecentes. NaavaliaodasrespostasspranchasdoRorschachdosadolescentesde15a17anos de JardimMaran (2011), em relao ao gnero, foi encontrada apenas uma diferena estatisticamente significativa, na varivel relacionada s recusas aos cartes. Nesse recente trabalho normativo do Rorschach (Escola Francesa), os adolescentes do grupo masculino apresentaram maior nmero mdio de recusas do que o grupo feminino, ainda que a proporo de recusas tenha sido mnima no conjunto dos adolescentes. Em comum com os

42 achados dessa pesquisadora, o presente trabalho revelou diferenas estatisticamente significativasemduasvariveisnosmodosdeapreensodosestmulosdoRorschach(GeDd), sendoqueogrupomasculinoapresentoumaiorfrequnciaderespostasglobais(G),enquanto queogrupofemininoproduziumaiornmeroderespostaspequenodetalhe(Dd). Poroutrolado,emrelaoaosdeterminantesdasrespostasaoRorschach,enquantoos dadosdeJardimMaran(2011)revelamqueogrupomasculinoapresentoumaiorfrequnciade aspectos formais em sua interpretao dos cartes (F), assim como maior proporo de F+, nossos dados apontam para maior frequncia de contedos de movimento de objeto neste grupo. Apesar destas peculiaridades, podese afirmar que, em sntese, a pesquisadora demonstrouque,comopassardosanosdaadolescncia,comparativamenteaosatuaisdados, o possvel efeito do gnero se mostrou irrelevante no conjunto das respostas ao Mtodo de Rorschach. Desse modo, confirmase a tendncia atual de poucas evidncias de significativo impactodogneronaconstituiodepadresespecficosderespostaaestemtodoprojetivo deavaliaodapersonalidadecomindivduosadolescentes. Na perspectiva de contrapor estas evidncias dos adolescentes de 12 a 14 anos deste trabalho com outros correlatos, embora envolvendo crianas, foram comparados os atuais achados aqueles encontrados por Fernandes (2010), com crianas de 6 a 8 anos, e por Raspantini(2010),comcrianasde9a11anos.Nestasduasinvestigaesdecartertambm normativo do Rorschach (Escola Francesa), as pesquisadoras encontraram que as crianas do gnerofemininotiveramtempodelatnciamaiorqueogrupomasculino,isto,oTLmdelas foimaior,podendosugerirqueelaselaborammelhorasrespostasenquantoqueosmeninosse mostram mais espontneos. No atual estudo, no foi encontrada diferena estatisticamente significativaemrelaoaotempoderesposta,pormpossvelperceberqueasadolescentes (grupo feminino) j so mais rpidas para responder (TLm = 16,5 segundos) que o grupo masculino(TLm=18,8segundos). OmododeapreensoapresentadopelosmeninosanalisadosporFernandes(2010)foi semelhante ao dos adolescentes do grupo masculino do presente estudo, j que para esse grupohouvemaiorfrequnciaderespostasglobais.Emrelaoaoscontedosdasrespostasao Rorschach, foram encontradas semelhanas nos grupos femininos dos dados de Fernandes

43 (2010)eRaspantini(2010)comosdadosdopresentetrabalho,aoidentificarqueasmeninase asadolescentesmanifestaramocontedohumano[H]commaiorfrequncia. De acordo com os objetivos propostos para a presente investigao, possvel considerar que o exame de possveis diferenas nos padres de resposta de adolescentes ao Mtodo de Rorschach (Escola Francesa) em funo do gnero foram atingidos. Os atuais achadospodemauxiliarasanlisesclnicaseinterpretativasdosprofissionaisdareaqueacaso venhamutilizaroPsicodiagnsticodeRorschachemadolescentesde12a14anosdeidadeem regies com aspectos sciodemogrficos e culturais similares aos do presente estudo. No obstante, fazse imperativo salientar que os referenciais normativos do Rorschach aqui expostos devem ser avaliados com todo o cuidado devido, visando, sempre, interpretaes adequadaseconsistentes,orientadasparaoconjuntodaproduoenoapenasemvariveis isoladas. Desse modo, confirmase a tendncia atual de poucas evidncias de significativo impacto do gnero na constituio de padres de resposta a este mtodo projetivo de avaliao da personalidade com indivduos adolescentes. Apesar desta tendncia geral, tambm se conseguiu demonstrar, dentro grupo especfico de adolescentes com sinais de desenvolvimentotpico,quequestesdegneropermeiamalgunsmodosdereaoperanteo Mtodo de Rorschach, merecendo a devida ateno do avaliador e do psiclogo clnico, por refletirem sua forma de encarar o mundo que os cerca, bem como a constituio da prpria personalidade. No se justifica, no entanto, a elaborao de tabelas normativas da Escola FrancesadoRorschachnopresentemomento,pelasevidnciasencontradascomadolescentes. REFERNCIAS Adrados,I.(1976).Rorschachnaadolescncianormalepatolgica.RiodeJaneiro:Vozes. Adrados, I. (1985). A Tcnica do Rorschach em crianas: perfil psicolgico da criana dos sete aosquatorzeanos.Petrpolis:Vozes.

44 Aguirre,A.M.B.(1995).Aspectospsicodinmicosdeadolescentesgrvidas:entrevistasclnicas e Rorschach no contexto hospitalar. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia, UniversidadedeSoPaulo,SoPaulo,Brasil. Anastasi,A.&Urbina,S.(2000).Testagempsicolgica.(7ed.)(M.A.V.Veronese,Trad.).Porto Alegre:Artmed. Andronikof,A.,Chudzik,L.&Gillaizeau,I.(2008).CaractristiquesdesRorschachdadolescents. In International Congress of Rorschach and Projective Methods, 19 (p. 176). Leuven, Belgium:IRS. Campagna, V. N. (2003). Aspectos da organizao da identidade feminina no incio da adolescncia.DissertaodeMestrado,InstitutodePsicologia,UniversidadedeSoPaulo, SoPaulo,Brasil. Fensterseifer,L.&Werlang,B.S.G.(2008).Apontamentossobreostatuscientficodastcnicas projetivas. In VillemorAmaral, A. E. & Werlang, B. G. (Org.). Atualizaes em mtodos projetivosparaavaliaopsicolgica.(1ed.).SoPaulo:CasadoPsiclogo,pp.1533. Fernandes, S. (2010). Normas do Rorschach em crianas de 6 a 8 anos. Dissertao de Mestrado.FaculdadedeFilosofia,CinciaseLetrasdeRibeiroPreto,UniversidadedeSo Paulo,RibeiroPreto.Brasil. Ginsberg, A. M. (1950) Um estudo de 100 jovens baianos com o teste de Rorschach. Neurobiologia,13(1),p.150. Ikiz, T.T., Zabci, N., Dusgor, B.P., Atak, I.E., Yavuz, E., Purisa, S., & Catagy, P. (2010). tude normative du Rorschach de la population adolescente turque. Psychologie Clinique et Projective,16,p.209232. Japur, M. (1982). O Psicodiagnstico de Rorschach: um estudo da afetividade em pr adolescentes.DissertaodeMestrado.InstitutodePsicologia,UniversidadedeSoPaulo, SoPaulo,Brasil. JardimMaran, M. L. C. (2011) O Psicodiagnstico de Rorschach em adolescentes: Normas e evidncias de validade. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia Cincias e Letras de RibeiroPreto,UniversidadedeSoPaulo,RibeiroPreto,SP,Brasil.

45 Matsumoto,M.,Morita,M.,Suzuki,N.,Tsuboi,H.,Hatagaki,C.&Shirai,H.(2008).Application of Rorschach for Japonese children: what the Rorschach means for Japonese children. In InternationalCongressofRorschachandProjectiveMethods,19(p.315).Leuven,Belgium: IRS. Nascimento,R.S.G.F.(2010).SistemaCompreensivodoRorschach:teoria,pesquisaenormas paraapopulaobrasileira.SoPaulo:CasadoPsiclogo. Nascimento,R.S.G.F.,Batistuzzo,M.C.,Sato,T.M.,Brunoni,G.,Bueno,R.R.&Marques,T. (2009).AutopercepoemadolescentespormeiodoRorschach(SC):resultadosdeestudo normativo em So Paulo. In: Congresso Brasileiro de Avaliao Psicolgica Instituto Brasileiro de Avaliao Psicolgica, 4; Conferncia Internacional de Avaliao Psicolgica: formas e contextos, 14 e Congresso da Associao Brasileira de Rorschach e Mtodos Projetivos,,Campinas,CDROM. Nascimento, R. S. G. F., Brunoni, G. R., Sasaki, T. N. D., Bueno R. R. & Parsons, T. G. (2008). Resultados preliminares de um estudo normativo com o sistema compreensivo do Rorschach em uma amostrar de adolescentes nopacientes brasileiros. In Encontro da AssociaoBrasileiradeRorschacheMtodosProjetivos,5.RibeiroPreto,SP. Pasian, S. R. (2002). Atualizaes sobre o psicodiagnstico de Rorschach no Brasil: breve panoramahistrico.PsicoUSF,7(1),p.4352. Raspantini,R.L.(2010).OPsicodiagnsticodeRorschachemcrianasde9a11anos:umestudo normativo.DissertaodeMestrado,Faculdade deFilosofia, Cincias eLetras deRibeiro Preto,UniversidadedeSoPaulo,RibeiroPreto,SP/Brasil. Resende, A. C., Rezende, T. C. & Martins, L. D. (2006). Estudo normativo do Rorschach para crianasgoianienses:dadospreliminares.InCongressoNacionaldaAssociaoBrasileirade RorschacheMtodosProjetivos,4,(pp.124135).Braslia:Vetor. Santoantonio,J.(2001).Estudodecaractersticasdepersonalidadedeadolescentescomlpus eritematoso sistmico por meio do mtodo de Rorschach. Tese de Doutorado, Curso de Psiquiatria,PsicologiaeSadeMental,EscolaPaulistadeMedicina,SoPaulo. Weiner, I. B. (1991). Editors note: interscorer agreement in Rorschach research. Journal of PersonalityAssessment,56,p.1.

46 Weiner,I.B.(1993).SpeakingRorschach:atowerofbabelnolonger.Rorschariana,18,16. Weiner,I.B.(2000).PrincpiosdaInterpretaodoRorschach.TraduoM.CecliaVilhenaM. Silva.SoPaulo:CasadoPsiclogo. Werlang,B.S.G.,VillemorAmaral,A.E.&Nascimento,R.S.G.F.(2010).Avaliaopsicolgica, testes e possibilidades de uso. In Avaliao Psicolgica: diretrizes na regulamentao da profisso.ConselhoFederaldePsicologia.Braslia:CFP.

47 OPSICODIAGNSTICODERORSCHACHEMADOLESCENTESDEDIFERENTESORIGENS ESCOLARES RobertaCuryJacquemin NicoleMedeirosGuimares SoniaReginaPasian FFCLRPUSP INTRODUO Dentrodadiversidadeexistentedemtodosdetrabalhodisponveisaospsiclogos,no mbitodaavaliaopsicolgica,humaexpressivavariabilidadedetcnicasedeinstrumentos, empregados para atender a necessidade de investigao de diversas variveis e processos psicolgicos. Em cada instrumento utilizado podese encontrar atributos positivos, mas tambmlimitaestcnicas,cabendoaopsiclogoanalislosparadecidirporsuaincluso(ou no)emumprocessoavaliativoeemsuaprticaprofissional(Fensterseifer&Werlang,2008). Entretanto, para que estas tcnicas se constituam como instrumentos vlidos, capazes de oferecer informaes relevantes e adequadas sobre os indivduos, devem, de fato, ser constitudos com adequada base psicomtrica e cientfica, representando de forma clara os construtosemanlise. Em acordo com uma tendncia mundial de aprimoramento das tcnicas de avaliao psicolgica, podemse observar, no contexto brasileiro, esforos de diversos pesquisadores nestadireo,buscandoqualidadeeadequadousodosinstrumentospsicolgicosdisponveis (Noronha,PrimieAlchieri,2005).Essalinhadeinvestigaescientficasenfatizaanecessidade derevisometodolgicadosinstrumentospsicolgicosemusonoBrasil,comoapontam,entre outros,Oliveira,Noronha,DantaseSantarem(2005)eNoronhaeVendramini(2003). Acompanhando este cenrio, o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2003) publicou umaresoluo(Resoluo002/2003)queregulamentaouso,aelaboraoeacomercializao

48 de testes psicolgicos no Brasil, tendo em vista a preocupao tanto com as questes ticas envolvidasnosprocessosdeavaliaopsicolgica,assimcomocomaqualidademetodolgica dos instrumentos utilizados. Essa resoluo aponta para a necessidade de serem tomadas medidas que objetivam garantir intervenes profissionais de adequada qualidade tcnica e tica populao brasileira usuria dos servios de avaliao psicolgica, estimulando pesquisas cientficas na rea. Alm disso, destaca a importncia de se construir um sistema contnuo de avaliao dos instrumentos psicolgicos, adequado dinmica da comunidade cientfica e profissional. A busca do aprimoramento tcnicoterico dos processos psicodiagnsticosreafirmasecomoevidenteebsicanecessidade. Para que um instrumento avaliativo possa ser considerado cientfico de essencial importnciaqueapresenteadequadosndicespsicomtricos,emespecialvalidadeepreciso.A fidedignidade dos mtodos projetivos, segundo Fensterseifer e Werlang (2008), pode ser alcanada, por exemplo, pela concordncia entre juzes independentes ao corrigirem e interpretarem,scegas,osmesmosprotocolos. Adicionalmente, a elaborao e a atualizao de referenciais normativos tornamse igualmente indispensveis. Japur (1982) assinala a necessidade de se apontar o grupo de refernciadoavaliandoaosedescreveraestruturadesuapersonalidade,aomesmotempoem quesedestacamascaractersticasqueoconvertememumindivduoespecfico.Seguindoesse pensamento, Cunha (2000) e Anastasi e Urbina (2000) apontam para a importncia vital dos estudosnormativosparaoprocessodeavaliaopsicolgica. No mbito da diversidade de instrumentos de avaliao disponveis aos psiclogos, os mtodos projetivos tem sido alvo de debate importante, recuperando, por evidncias empricas, seu status cientfico, como apontam Fensterseifer e Werlang (2008). Permitem o acessoaindicadoresdapersonalidade,bemcomodeseusdinamismos,emespecialsituaes de interao interpessoal, agregando contribuies importantes para a compreenso dos indivduos. Os instrumentos projetivos de avaliao psicolgica so caracterizados pelo aspecto dbio de seus estmulos, apresentados de forma a no revelar seu verdadeiro intento, desfavorecendo um controle consciente e objetivo da atividade proposta (Cunha, 2000). Isso

49 propicia liberdade de interpretao, valorizando aquilo que surge espontaneamente conscinciadoavaliando,quepode,dessaforma,imprimirsuasubjetividadeperanteatarefa propostaapartirdedeterminadosestmulos.OMtododeRorschachumdosinstrumentos de avaliao psicolgica que atende a estes requisitos, tendo sido publicado em 1921, pelo psiquiatra suo Hermann Rorschach (Nascimento, 2010). No obstante o reconhecimento internacionalemdiversasreasdeaplicao,esteinstrumentoacumulaevidnciasdevalidade emvrioscontextossocioculturais,oquerefora,demaneiraindiscutvel,suapossibilidadede contribuio cientfica para a compreenso da estrutura e do funcionamento psquico dos indivduos(Nascimento,2002;Pasian,2000). OmtododeinvestigaodapersonalidadedeRorschachpodeseraplicadoapessoas procedentes de qualquer raa ou cultura, embora haja diferenas no simplesmente em aspectos individuais, mas tambm em fatores sociais e culturais (Nascimento, 2010). Para Weiner(2000),umnicoconjuntodenormasrepresentativasnogarantequeumtestepossa serinterpretadodamesmamaneira,adespeitodaidade,sexoeformaoculturaldosujeito (p. 48), pois a generalizao exacerbada pode mascarar as diferenas existentes entre os grupos.Porestemotivo,diversosestudosforamrealizadosduranteosculoXXparaseabordar as questes relativas s divergncias e similaridades entre os diferentes grupos culturais (Nascimento,2010). Na perspectiva de rastrear investigaes cientficas voltadas elaborao de padres normativosdomtododeRorschachdesenvolvidasnosltimoscincoanos(perodode2006a 2011), caracterizando, sobretudo, a faixa etria estudada, buscouse inicialmente realizar levantamento bibliogrfico em bases de dados cientficas internacionais, como Medline e PsycInfo.Pormeiodestasestratgias,identificaramsepesquisasnormativascomoRorschach queenvolveramindivduosdediferentescaractersticasecontextossocioculturais,bemcomo de diversas faixas etrias, o que sinaliza relevante interesse internacional em investigaes sobreospadresderespostaaoRorschach.Istorealaaimportnciadestetipodeinvestigao cientfica para fundamentar uma adequada prtica clnica. Contudo, dentre estes trabalhos identificados,poucosabarcamafasedaadolescncia(Lis,Salcuni,&Parolin,2007;Matsumoto

50 et al., 2007; Van Patten et al., 2007), com maior frequncia de pesquisas com adultos e com crianas. Ainda com o intuito de mapear o desenvolvimento de estudos normativos contemporneos do Psicodiagnstico de Rorschach, foi realizado um levantamento bibliogrficonoslivrosdeResumosedeanaisdosltimoscongressosnacionaiseinternacionais de Avaliao Psicolgica realizados a partir de 2006, bem como em bases de dados que englobam produes nacionais. Esse mapeamento dos estudos normativos do Rorschach, em desenvolvimentonosltimoscincoanos,permitereconheceroempenhodevrioscentrosde investigao cientfica na busca de qualificao do uso desta tcnica projetiva no Brasil, acompanhandoasexignciaseasorientaesdoConselhoFederaldePsicologia.Dessaforma, dentreoscongressosinternacionaispesquisados,destacamseoXIXCongressoInternacionalde Rorschach e Mtodos Projetivos, evento cientfico realizado pela International Society of Rorschach(ISR)emJulhode2008naBlgica,eoVIIICongressoIberoamericanodeAvaliao Psicolgica, ocorrido em 2011 em Portugal. J no panorama nacional, foram consultados os seguintes eventos: IV Congresso Nacional da Associao Brasileira de Rorschach e Mtodos Projetivos (2006), III Congresso Brasileiro de Avaliao Psicolgica e XII Conferncia Internacional de Avaliao Psicolgica: Formas e Contextos (2007), V Encontro da Associao Brasileira de Rorschach e Mtodos Projetivos (2008), IV Congresso Brasileiro de Avaliao Psicolgica, XIV Conferncia Internacional de Avaliao Psicolgica: Formas e Contextos e V Congresso Brasileiro de Rorschach e Mtodos Projetivos (2009); XIV Congresso Latino AmericanodeRorschacheTcnicasProjetivas(2009),e,tambm,oVCongressoBrasileirode Avaliao Psicolgica (2011). Em meio aos trabalhos encontrados, a Tabela 1 mostra aqueles quefocaramafaixaetriacorrespondenteadolescncia. Tabela 1: Estudos normativos do Rorschach com adolescentes apresentados nos eventos cientficosnareadeAvaliaoPsicolgicarealizadosnosltimoscincoanos(2006a2011) Autores Nascimentoetal. Ano 2009 Pais Brasil Participantes 108 Idade Adolescentes Sistema Compreensivo

51 Andronikofetal. Matsumotoetal. Nascimentoetal. Resendeetal. Foipossvelverificarque,combasenolevantamentorealizado,emtermosdepesquisas de parmetros normativos para o Psicodiagnstico de Rorschach no Brasil, as vivncias do perodo da adolescncia exigem ateno especial, pois, at o momento, mostrase pouco sistematizada. Alm disso, os ltimos trabalhos realizados com adolescentes, como pode ser percebido,seguiramoSistemaCompreensivodoRorschach,deixandomargemparaestudode outrasperspectivastambmutilizadasnaprticanacional,comoaEscolaFrancesa. Nestecontexto,umapropostadeelaboraodereferenciaisnormativosdoRorschach paraadolescentesnocontextobrasileirosejustificapelapossibilidadedecontemplao,mais especficaeatualizadasocioculturalmente,dodesenvolvimentoafetivoemocional dareferida faixa etria, sobretudo considerandose diferentes realidades vivenciadas pelos indivduos. neste panorama que se insere o presente trabalho que, embora com objetivos mais amplos, neste momento recorta a questo do estudodo possvel efeito da procedncia escolar sobre padres de resposta de adolescentes de 12 a 14 anos de idade no Mtodo de Rorschach, segundoperspectivatericametodolgicadaEscolaFrancesa. OBJETIVOS O atual estudo objetiva examinar eventual influncia da origem escolar (pblica ou particular)sobreaproduonoMtododeRorschach(EscolaFrancesa)deadolescentesde12 a 14 anos. Pretendese, desse modo, apresentar evidncias empricas relativas ao possvel efeito de variveis socioculturais (aqui representadas pela procedncia acadmica) em 2008 Frana 2008 2008 2006 Japo Brasil Brasil 121 352 30 336 14a17 8a14 14a17 3a14 Compreensivo Compreensivo Compreensivo Compreensivo

52 estudantes com desenvolvimento tpico, a partir das principais variveis deste mtodo projetivodeavaliaopsicolgica. MTODO A amostra foi composta por 174 estudantes, de 12 a 14 anos de idade, distribudos equitativamente em funo da idade, do gnero e da origem escolar (escolas pblicas e particulares), voluntrios de uma cidade do interior do Estado de So Paulo. Esta amostra correspondeaaproximadamente0,7%dapopulaodeestudantesdeensinofundamentalda faixa etria em questo na cidade estudada, o que sugere um bom ndice de representatividade. OprojetodepesquisafoiexaminadoeaprovadopeloComitdeticaemPesquisada FaculdadedeFilosofia,CinciaseLetrasdeRibeiroPretodaUniversidadedeSoPaulo.Todos os participantes foram voluntrios e devidamente autorizados por seus pais ou responsveis, medianteaformalizaodeconsentimentolivreeesclarecido. Os participantes foram selecionados de maneira a apresentarem indicadores de

desenvolvimentotpicoparasuafaixaetria.Foram,ento,excludosaquelescomtratamento psiquitricoe/oupsicolgicoe/ouusodemedicaopsicotrpicanoltimoanodevida,bem como os estudantes com eventual atraso acadmico. Essas informaes foram coletadas a partir de seu histrico pessoal, informado por seus pais ou responsveis em questionrio especfico.Aindanaseleodaamostra,levouseemcontaonveldeinteligncia,conformeos resultadosobtidosnoTestedeIntelignciaINVFormaC(Weil&Nick,1971),incluindoapenas aquelescomresultadomdioousuperior,ouseja,semdificuldadescognitivas.Podese,desta forma,considerarqueosparticipantesdesseestudo,almdevoluntriosedisponveisparaa atividade,possuamindicadoresbsicosdedesenvolvimentotpicoparasuaidade,oferecendo suporteparaumestudonormativodoMtododoRorschach,comoaquiproposto. A opo escolhida como referencial tcnicocientfico foi o sistema de Ombredane e Canivet do Rorschach, conhecido como a Escola Francesa, conforme proposio apresentada porRauschdeTraubenberg(1998)eAnzieu(1986)e,maisrecentemente,Azoulay,Emmanuelli, Rausch de Traubenberg, Corroyer, Rozencwajg e Savina (2007). Seguindo referidos padres

53 tericotcnicos, o Rorschach foi aplicado no total dos adolescentes avaliados, bem como codificadoeinterpretadopara,assim,comporobancodedadosnoqualsebaseiaopresente estudo. O processo de coleta de dados foi efetivado no contexto escolar pela prpria pesquisadora (primeira autora) ou seus colaboradores, em aplicao individual, em local apropriado para a realizao da avaliao psicolgica. Cada protocolo do Rorschach foi classificado por trs avaliadores, em atividades independentes, para posterior anlise de sua preciso, na perspectiva da Escola Francesa do Rorschach. Esses juzes eram psiclogos que possuamexperinciaprviacomoPsicodiagnsticodeRorschachpropriamentedito,masque, ainda sim, receberam orientao especfica para a realizao das codificaes do material coletado,eestavamcegosparaaidentidadedosadolescentes. Foi calculado o ndice de preciso entre os juzes independentes para as categorias avaliativas:localizao,determinantes,contedosebanalidades.Recorreusesorientaesde Weiner(1991)eFernterseifereWerlang(2008)paraoclculodondicedeconcordnciaentre examinadores. Para esta anlise, foram selecionados, aleatoriamente, 35 protocolos (aproximadamente20%dototaldaamostraatual).Apartirdasanlisesrealizadas,osvalores de acordo entre examinadores (independentes e s cegas) obtidos nas quatro principais categorias de respostas da Escola Francesa do Rorschach foram: (a) Localizaes = 97%; (b) Determinantes=90%;(c)Contedos=95%;(d)Banalidades=90%.Segundoarecomendao deWeiner(1991),ondicefinaldeconcordnciadevetervalorsuperiora80%,logo,osvalores aqui encontrados podem ser considerados como satisfatrias demonstraes empricas de preciso da Escola Francesa do Mtodo de Rorschach, oferecendo confiana adicional aos prpriosdados. OsresultadosforamsistematizadosemplanilhasdoMicrosoftOfficeExcel2010apartir daclassificaofinaldecadacaso(apartirdoconsensoentreexaminadores),organizandose, inicialmente, as 56 variveis da Escola Francesa do Rorschach em termos descritivos (mdia, desviopadro, mediana, valores mnimo, mximo). Posteriormente, foram realizadas anlises estatsticas inferenciais, utilizandose do mtodo de regresso linear para as variveis relacionadas produtividadee aoritmo[Resposta (R),Resposta Adicional (RA), Recusa (Rec),

54 Denegao (Den), Tempo de Latncia mdio (TLm) e Tempo de Reao mdio (TRm)] e da anlisededistribuiobinomialparaasdemaisvariveisanalisadas[G,D,Dd,Dbl,Do(modos de apreenso); F+, F+/, F, F, K, kan, kp, kob, k, FC, CF, C, FE, EF, E, FClob, ClobF, Clob (determinantes);A,(A),Ad,(Ad),A,H,(H),Hd,(Hd),H,Anat,,Sex,Sg,Bot,Geo,Nat,Pais,Obj, Arq, Art, Simb, Abst, Elem, Frag (contedos); Ban (banalidades)], a fim de verificar possvel influnciadaorigemescolarsobreestemtodo projetivo deavaliao psicolgica.Paraestas anlisesinferenciaisutilizouseonveldesignificnciap=0,05. Os recursos computacionais para registro e para anlise de dados utilizados foram as planilhas do Microsoft Excel 2010, o editor de texto do Microsoft Word 2010, o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para Windows, verso 16.0, os programas estatsticos computacionais PROC NLMIXED e PROC LOGISTIC do software Statistical Analysis System(SAS),verso9.1,eAdobeFireworksCS4. RESULTADOSEDISCUSSO Diante das evidncias da literatura cientfica sobre o Mtodo de Rorschach relativas possibilidadedeinflunciadaculturanaestruturaoenodesenvolvimentodapersonalidade dos indivduos, procurouse focalizar uma investigao deste tipo de varivel no presente estudo. Dentro da faixa etria aqui focalizada, considerouse que uma representao vivel destecontextosocioculturalseriamasexperinciasacadmicasefetivadaspelosadolescentes, tendoemvistaaheterogeneidadedeestmulossocioculturaisnocontextodasescolaspblicas eparticularesnoBrasil.Dessemodo,foramrealizadosprocedimentosparaexamedeeventual efeitodaprocednciaescolarsobreasvariveisdoRorschach,comodelineadonosobjetivos. Este tipo de enfoque mostrouse til e adequado tambm nas anlises realizadas por Raspantini(2010),Fernandes(2010)eJardimMaran(2011). Foramestatisticamentecomparadososresultadosmdiosnas56variveisdoRorschach dosadolescentesoriundosdaredeparticular(n=86)epblicadeensino(n=88).Osdadosdessa anliseestatsticainferencialencontramsesistematizadosnaTabela2,focalizandoasvariveis

55 relacionadas produtividade e ao ritmo de trabalho no Rorschach. As diferenas estatisticamentesignificativasforamgrafadasemnegrito. Tabela 2: Comparao estatstica dos resultados mdios dos adolescentes nas variveis de produtividadeeritmonoRorschach,emfunodaorigemescolar. VarivelRorschach Origem Escolar* Part R Publ Part RA Publ Part Rec Publ Part Den Publ Part TLm Publ Part TRm Publ 0,1 17,8 17,4 28,9 30,2 0,4 14,1 17,1 18,7 20,6 0,673 0,697 0,849 0,818 0,6 0,2 0,9 0,7 0,244 0,254 0,8 0,3 1,1 0,6 0,004 0,004 19,0 0,6 9,3 1,1 0,345 0,324 23,6 10,0 0,002 0,002 Mdia DP pvalor pvalorajustado

*Part=escolaparticular(n=8);Publ=escolapblica(n=88) Dentre as seis variveis relacionadas produtividade e ao ritmo de produo no Rorschach,osresultadosmdiosapontaramparadiferenasestatisticamentesignificativasem duas delas em funo da origem escolar dos adolescentes: nmero de respostas (R) e quantidadederecusas(Rec).Emboraaquantidadederecusastenhavalorpoucoexpressivona produo total dos protocolos, o nmero de respostas um dado bastante significativo, requerendoatenoespecialaesteachado.JardimMaran(2011),analisandoadolescentesde

56 15a17anos,tambmconstatoudiferenasignificativanonmeroderespostas,pormafavor dos estudantes do ensino pblico, isto , estes obtiveram maior nmero de respostas, comparadosaosalunosdeescolaparticular. Outravertenteinteressanteaserdesenvolvidaaquiacomparaodosatuaisachados dos adolescentes frente produo de crianas no Rorschach. Em estudos realizados com metodologiaelocalsimilaraopresentetrabalho,Raspantini(2010)analisoucrianasde9a11 anos,noencontrandodiferenassignificativasnasvariveisrelacionadasprodutividadeeao ritmodeproduonoRorschachentreosalunosdeescolapblicaeparticular.Jcomcrianas maisnovas,de6a8anos,Fernandes(2010)identificouumadiferenasignificativanonmero de respostas dos estudantes de diferentes origens escolares. Assim como os adolescentes do atual estudo, as crianas do estudo de Fernandes (2010) provenientes do ensino particular emitiram mais respostas que os de ensino pblico. Alm disso, Fernandes (2010) tambm identificou uma diferena significativa no Tempo de Resposta mdio (TRm), de modo que as crianas advindas da escola particular foram mais rpidas em seus processos interpretativos queasdemais. Cabe,agora,examinaroconjuntodasdemaisvariveisdaEscolaFrancesadoRorschach nosadolescentesde12a14anosdeidade.EstesdadosestosistematizadosnaTabela3. Tabela3:Comparaoestatsticadosresultadosmdiosdosadolescentesnasdemaisvariveis noRorschach,emfunodaorigemescolar.Varivel Origemescolar Proporo Part 519/2031 Publ G 435/1675 D Part Publ Part Publ Part Publ 921/2031 773/1675 562/2031 449/1675 29/2031 18/1675 % 25,6 26,0

pvalor pvalorajustado 0,773 0,772

45,4 46,2

0,626

0,574

Dd Dbl

27,7 26,8

0,557 0,341

0,506 0,313

1,4 1,1

57Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ Part Publ 672/2031 470/1675 2/2031 288/2031 241/1675 962/2031 711/1675 673/962 470/711 1354/2031 1073/1675 123/2031 112/1675 256/2031 282/1675 19/2031 12/1675 46/2031 36/1675 321/2031 330/1675 210/2031 144/1675 170/2031 154/1675 9/2031 11/1675 139/2031 113/1675 94/2031 97/1675 33,1 28,1

Do F+

0,001

0,001

F+

0,1

0,946

0,943

F F F+%

14,2 14,4

0,857 0,003 0,094

0,860 0,003 0,091

47,4 42,5

70,0 66,1 66,7 64,1

F+ext%

0,097

0,094

K kan kob kp k FC CF

6,1 6,7

0,433