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Padrões e Processos em Dinâmica de Uso e Cobertura da Terra Prof. Dra. Maria Isabel Escada Exercício FRAGSTATS Taise Farias Pinheiro Figura 1 Representação de duas paisagens fragmentadas em diferentes níveis. A) paisagem 5; B) paisagem 6 (área verde vegetação; área bege desmatamento) A fragmentação de florestas tem efeitos diversos sobre a fauna e flora. A conseqüência imediata é o isolamento, em diferentes graus, com prejuízos aos processos ecológicos e genéticos para as populações existentes. Este grau de isolamento depende da distância entre os fragmentos remanescentes, da matriz de habitat e da espécie em estudo. Os fragmentos cercados por florestas secundárias são menos vulneráveis às mudanças micro-climáticas do que naqueles cercados por pastagens. Além disso, as espécies que evitam a matriz estão mais sujeitas a declinar ou desaparecer dos fragmentos do que aquelas que a usam. Os estudos também revelaram o aparecimento do chamado “efeito de borda”. A mudança abrupta entre matriz e mancha modifica as condições microclimáticas das bordas dos fragmentos, tais como intensidade da energia solar, temperatura, ventos, acarretando alta

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Figura 1 – Representação de duas paisagens fragmentadas em diferentes níveis. A) paisagem 5;

B) paisagem 6 (área verde – vegetação; área bege – desmatamento)

A fragmentação de florestas tem efeitos diversos sobre a fauna e flora. A conseqüência

imediata é o isolamento, em diferentes graus, com prejuízos aos processos ecológicos e

genéticos para as populações existentes. Este grau de isolamento depende da distância entre

os fragmentos remanescentes, da matriz de habitat e da espécie em estudo. Os fragmentos

cercados por florestas secundárias são menos vulneráveis às mudanças micro-climáticas do

que naqueles cercados por pastagens. Além disso, as espécies que evitam a matriz estão mais

sujeitas a declinar ou desaparecer dos fragmentos do que aquelas que a usam.

Os estudos também revelaram o aparecimento do chamado “efeito de borda”. A mudança

abrupta entre matriz e mancha modifica as condições microclimáticas das bordas dos

fragmentos, tais como intensidade da energia solar, temperatura, ventos, acarretando alta

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taxa de mortalidade e, conseqüentemente o colapso do fragmento florestal. A extensão do

efeito da borda no interior do fragmento é variável, e alguns estudos indicam que pode

alcançar dezenas de metros. A forma do fragmento também influencia a extensão do efeito de

borda, pois fragmentos mais recortados teriam mais bordas que um fragmento mais regular e

simétrico. Assim, as espécies que evitam as bordas podem ser particularmente mais

vulneráveis à fragmentação florestal.

De acordo como o explicitado, as variáveis mais importantes para avaliar o efeito da

fragmentação seriam: tamanho do fragmento, distância entre fragmentos e forma do

fragmento. Assim, as métricas escolhidas para analisar as duas paisagens foram relacionadas a

estes parâmetros.

A tabela 1, 2, 3 e 4 exibem os resultados para as métricas de classe e fragmentos para as

paisagens 5 e 6. Analisando as métricas de área e o número de fragmentos de ambas as

paisagens, percebe-se que a paisagem 5 é menos fragmentada, além de possuir mais área de

floresta, aproximadamente 5.514 hectares (Tabela 1 e 3). Apenas considerando estas duas

métricas, a paisagem 6 seria, potencialmente, mais danosa para as espécies da flora e fauna,

pois uma paisagem com pequena cobertura vegetal contínua tenderia a reduzir a

biodiversidade por diversos mecanismos, alguns deles mencionados anteriormente.

A métrica de forma Shape indica o quão irregular são os fragmentos florestais remanescentes

na paisagem, tendo como referência um quadrado. De forma geral, os valores da métrica para

os fragmentos em ambas as paisagens tendem a se aproximar de 1, o que indica que as

manchas tendem a ser mais compactas e mais simétricas. Como descrito na contextualização,

fragmentos menos recortados são menos propícios ao efeito de borda. Neste caso, o estado

dos fragmentos frente o efeito de borda será definido pela informação de área, que será por

sua vez, fundamental para determinar a área Core do fragmento, ou seja, a área funcional em

termos ecológicos.

A primeira vista, a paisagem 6, por possuir uma paisagem mais fragmentada, expõe mais os

fragmentos ao efeito de borda, pois mais faces estão expostas à matriz de habitat.

Adicionando a informação das métricas de área e de núcleo, conclui-se que a paisagem 5

encontra-se em melhor status de conservação, uma vez que todos os seus fragmentos são

maiores que aqueles encontrados na paisagem 6, assim como sua área núcleo (Tabela 2 e 4).

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O último diagnóstico sobre as paisagens em estudo está relacionado ao grau de isolamento

dos fragmentos. A métrica Distância Euclidiana ao vizinho mais próximo é a métrica mais

simples para informar o grau de isolamento dos fragmentos. Na paisagem 6, a distância média

entre os fragmentos é de 1098 metros (684 – 1749 metros), enquanto que na paisagem 5 é de

325 metros (216 - 699 metros) (Tabela 1, 2, 3 e 4). Teoricamente, isto significa que na

paisagem 6 as espécies mais vulneráveis da fauna teriam maior dificuldade para se deslocar

entre fragmentos. A menor mobilidade da fauna pode acarretar efeitos diversos sobre a flora,

incluindo menor taxa de polinização para as espécies zoocóricas, afetando, assim, a taxa de

reprodução das espécies.

Tabela 1: Métricas de classe para paisagem 5 (CA=área da classe (ha), ENN=Distância

Euclidiana ao vizinho mais próximo)

CLASSE AREA ENN

desmatamento 5910,12 -

floresta 5514,12 352,26

Tabela 2: Métricas de fragmentos para paisagem 5 (AREA= área do fragmento (ha), SHAPE=

índice de forma, CORE= área núcleo)

CLASSE AREA SHAPE CORE ENN

floresta 168,84 1,06 136,44 593,96

floresta 276,84 1,60 213,48 216,33

floresta 435,60 1,15 379,08 360,00

floresta 673,92 3,21 474,12 189,73

floresta 858,24 1,14 779,40 189,73

floresta 1351,44 1,28 1240,20 699,71

floresta 1749,24 1,43 1606,32 216,33

desmatamento 5910,12 5,25 4933,08 -

Tabela 3: Métricas de classe para paisagem 6 (CA=área da classe (ha), ENN=Distância

Euclidiana ao vizinho mais próximo)

CLASSE AREA ENN

desmatamento 10420,20 -

floresta 1004,04 1098,69

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Tabela 4: Métricas de fragmentos para paisagem 6 (AREA= área do fragmento (ha), SHAPE=

índice de forma, CORE= área núcleo)

CLASSE AREA SHAPE CORE ENN

floresta 9,72 1,00 3,24 1405,84

floresta 16,20 1,21 5,76 1422,39

floresta 18,00 1,26 6,12 1080,00

floresta 20,16 1,06 10,08 891,96

floresta 37,44 1,14 21,60 1749,28

floresta 38,88 1,09 23,76 1405,84

floresta 40,68 2,45 5,04 891,96

floresta 43,20 1,04 28,08 1025,28

floresta 82,08 1,09 59,40 684,10

floresta 87,48 2,68 29,16 1236,93

floresta 95,76 1,15 69,84 833,54

floresta 106,20 1,20 77,40 1141,57

floresta 118,08 1,05 91,44 1021,76

floresta 134,28 2,51 67,32 684,10

floresta 155,88 1,16 122,04 1005,78

desmatamento 10420,20 2,79 9713,16 -