Metrofor, Um Transporte Moderno Para Fortaleza. Benites & Picanço, 1998.

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O Estado do Ceará tem experimentado, nos últimos anos, vigoroso crescimento econômico verificado sobretudo nos setores industrial e de serviços, com a grande maioria das atividades concentradas na Região Metropolitana de Fortaleza. Constituída por nove municípios, esta abrange uma área de 3.550 km 2 e tem uma população estimada atualmente em cerca de 2,6 milhões de habitantes. O Município de Fortaleza concentra a maioria das atividades econô- micas, fabris, do comércio e da prestação de serviços. Como pólo concentrador da oferta de serviços, exerce uma forte atração sobre os demais municípios, principalmente, em direção ao centro da cidade. 7 Metrofor, um transporte moderno para Fortaleza Paulo Assis Benites e-mail: pabenit @ ibm.net Mário Antonio Garcia Picanço Consultores METRÔ 2 O ANOS NP A Fortaleza Caucaia Maracanaú Maranguape Pacatuba Guaiúba Aquiraz Euzébio Itaitinga N Oceano Atlântico Região Metropolitana de Fortaleza Nos municípios de Maracanaú e Caucaia localizam-se os grandes conjuntos habitacionais e grande parte das industrias. O sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana de Fortale- za movimenta, diariamente, cerca de 1,2 milhão de passageiros. O sistema é servido por cerca de 300 linhas de ônibus, operadas por mais de trinta concessionárias, e duas linhas de trens urbanos, ope- rados pela CBTU. O sistema ferroviário operado pela iniciativa privada no transporte de carga compartilha linhas e instalações com a CBTU. É composto de duas linhas, a linha Tronco Norte, que se estende a oeste da cidade e se dirige para o norte do Estado e a linha Tronco Sul que segue para a região sul da cidade e do Estado, e do ramal de Mucuripe, utilizado somente para cargas e que serve o porto de Mucuripe, localizado na área urbana de Fortaleza. A linha Tronco Norte de passageiros, com 21 km e oito estações, atende ao transporte entre as estações João Felipe e Caucaia; a linha Tronco Sul, com 25 km e 14 estações, entre as estações João Felipe e Vila das Flores, estende sua atuação aos municípios de Pacatuba, Guaiúba e Acarape. Apesar de sua posição estratégica, com sua área de influência atingindo uma região densamente povoada e com importantes ati- vidades industriais e comerciais, estes corredores ferroviários têm pequena participação no transporte de passageiros, devido à re- duzida freqüência de trens oferecida, às baixas velocidades e às características inadequadas dos equipamentos e frota, com capa- cidade limitada para atender a demanda de transporte em sua área de influência. Como solução para tal situação de graves conseqüências para o deslocamento da população e de acordo com o programa de es- tadualização dos transportes sobre trilhos, o Governo Federal transferiu ao Governo do Estado do Ceará o sistema de trens ur- banos, um programa que contempla investimentos para a moder- nização e eletrificação das linhas Sul e Oeste e conta com finan- ciamento do Eximbank do Japão, da ordem de US$ 268 milhões, para a implantação da linha Sul, primeiro estágio do metrô de For- taleza, o Metrofor. Os estudos realizados a partir da pesquisa origem/destino de 1996 mostram uma demanda de viagens diárias interzonais de 2.360 mil viagens, com uma característica fortemente pendular, dos quais 15% na hora do pico e com os dois principais fluxos diários Cau- caia-Centro e Maracanaú-Centro. Revista dos Transportes Públicos - ANTP - Ano 20 - 1998 - 1º trimestre 8

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Artigo sobre o Metrô de FOrtaleza

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O Estado do Ceará tem experimentado, nos últimos anos, vigorosocrescimento econômico verificado sobretudo nos setores industrial ede serviços, com a grande maioria das atividades concentradas naRegião Metropolitana de Fortaleza. Constituída por nove municípios,esta abrange uma área de 3.550 km2 e tem uma população estimadaatualmente em cerca de 2,6 milhões de habitantes.

O Município de Fortaleza concentra a maioria das atividades econô-micas, fabris, do comércio e da prestação de serviços. Como póloconcentrador da oferta de serviços, exerce uma forte atração sobre osdemais municípios, principalmente, em direção ao centro da cidade.

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Metrofor, um transporte moderno para Fortaleza

Paulo Assis Benitese-mail: [email protected]ário Antonio Garcia PicançoConsultores

METRÔ

2OANOSN PA

FortalezaCaucaia

Maracanaú

Maranguape

Pacatuba

Guaiúba

Aquiraz

Euzébio

Itaitinga

N

Oceano Atlântico

Região Metropolitana de Fortaleza

Nos municípios de Maracanaú e Caucaia localizam-se os grandesconjuntos habitacionais e grande parte das industrias.

O sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana de Fortale-za movimenta, diariamente, cerca de 1,2 milhão de passageiros. Osistema é servido por cerca de 300 linhas de ônibus, operadas pormais de trinta concessionárias, e duas linhas de trens urbanos, ope-rados pela CBTU.

O sistema ferroviário operado pela iniciativa privada no transporte decarga compartilha linhas e instalações com a CBTU. É composto deduas linhas, a linha Tronco Norte, que se estende a oeste da cidade ese dirige para o norte do Estado e a linha Tronco Sul que segue paraa região sul da cidade e do Estado, e do ramal de Mucuripe, utilizadosomente para cargas e que serve o porto de Mucuripe, localizado naárea urbana de Fortaleza.

A linha Tronco Norte de passageiros, com 21 km e oito estações,atende ao transporte entre as estações João Felipe e Caucaia; a linhaTronco Sul, com 25 km e 14 estações, entre as estações João Felipee Vila das Flores, estende sua atuação aos municípios de Pacatuba,Guaiúba e Acarape.

Apesar de sua posição estratégica, com sua área de influênciaatingindo uma região densamente povoada e com importantes ati-vidades industriais e comerciais, estes corredores ferroviários têmpequena participação no transporte de passageiros, devido à re-duzida freqüência de trens oferecida, às baixas velocidades e àscaracterísticas inadequadas dos equipamentos e frota, com capa-cidade limitada para atender a demanda de transporte em suaárea de influência.

Como solução para tal situação de graves conseqüências para odeslocamento da população e de acordo com o programa de es-tadualização dos transportes sobre trilhos, o Governo Federaltransferiu ao Governo do Estado do Ceará o sistema de trens ur-banos, um programa que contempla investimentos para a moder-nização e eletrificação das linhas Sul e Oeste e conta com finan-ciamento do Eximbank do Japão, da ordem de US$ 268 milhões,para a implantação da linha Sul, primeiro estágio do metrô de For-taleza, o Metrofor.

Os estudos realizados a partir da pesquisa origem/destino de 1996mostram uma demanda de viagens diárias interzonais de 2.360 milviagens, com uma característica fortemente pendular, dos quais15% na hora do pico e com os dois principais fluxos diários Cau-caia-Centro e Maracanaú-Centro.

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A maior atração por viagens é exercida pela zona que engloba o cen-tro da cidade de Fortaleza, com 61.200 viagens, na hora de pico, con-tra 24.300 viagens atraídas pelos empregos e serviços de Maracanaú,a segunda cidade da área metropolitana. Destaca-se, também, o índi-ce de atração das zonas que compõem o bairro da Aldeota, totalizan-do nada menos que 37.000 viagens por hora, levando a considerar apossibilidade de dotá-la de um sistema de acesso de alta capacida-de, especialmente por ser a área da cidade de Fortaleza que mais ra-pidamente vem se adensando.

O PROJETO METROFOR

O Projeto Metrofor é um metrô de alta capacidade, com tecnologiamoderna, concebido para assegurar um sistema de transporte metro-politano integrado que se articula com a rede estrutural de transpor-tes coletivos, visando-se assim a melhoria das condições de acessi-bilidade de grande parte da população da Região Metropolitana deFortaleza, além da redução dos impactos ambientais negativos refe-rentes à qualidade do ar e à poluição sonora, causados pelos veícu-los rodoviários. Na sua configuração final, considera a implantação detrês linhas, a saber:

– a linha Sul, a ser implantada ao longo da linha Tronco Sul, desde Viladas Flores até João Felipe. Já dispõe de recursos financeiros asse-gurados, provenientes principalmente de empréstimo da União jun-to ao The Export-Import Bank of Japan - Eximbank. Contempla tam-bém, a construção de linha ferroviária necessária para que ocorra aseparação entre os sistemas de passageiros e cargas;

– a linha Oeste, a ser implantada ao longo da linha Tronco Norte daRFFSA, desde Caucaia até João Felipe. Os recursos necessários parasua implantação estão em fase de negociação, tendo sido asseguradosUS$ 84 milhões por parte da União no convênio de estadualização;

– a linha Leste, prevista como continuidade da linha Oeste a partir daestação João Felipe, passando pela praça da Sé e se desenvolven-do ao longo do eixo da av. Santos Dumont até o Papicú.

O Projeto Metrofor considera também a separação física das linhasque atendem ao transporte de cargas, através da construção de umaterceira linha paralela às linhas metroviárias, no trecho compreendidoentre Vila das Flores e Parangaba, a construção de um novo pátio decargas nas proximidades do Distrito Industrial, denominado pátio ex-terno de cargas e a construção de uma nova variante ligando o pátioexterno a Caucaia. Contempla, enfim, a reativação do ramal de Ma-ranguape, a partir da futura estação Jereissati, para operação de trensurbanos com tração diesel.

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Metrofor, um transporte moderno para Fortaleza

O projeto aproveitará ao máximo as obras de infra-estrutura de viasexistentes, reduzindo, conseqüentemente, os custos de implantação.Será mantida a bitola métrica do sistema ferroviário e algumas estaçõese terminais existentes serão adequados ao conceito de um metrô mo-derno. Serão compatibilizados os planos viários já existentes para a Re-gião Metropolitana de Fortaleza e serão construídas novas estações emfunção de indicações decorrentes dos estudos de demanda. Além dis-so, propõe uma nova alternativa de travessia da região central de For-taleza, com a construção de uma variante em subterrâneo, seguindo oeixo das avenidas Carapinima e Tristão Gonçalves, incluindo a constru-ção de duas estações subterrâneas.

O projeto será desenvolvido em três estágios:

O primeiro estágio, com prazo de execução de 30 meses, compreenderá:

– duplicação, eletrificação e sinalização da linha Sul;

– construção de pontes, viadutos e passarelas para pedestres;

– construção, reforma e ampliação de estações;

– aquisição da frota de material rodante necessária à operação comoferta de trens a cada 6 minutos, no trecho compreendido entre asestações Esperança e João Felipe e de 12 minutos, no trecho com-preendido entre as estações Vila das Flores e Esperança;

– construção dos centros de manutenção, administrativo, de controleoperacional;

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total de passageiros2.500

A pé

Total

Individual

Coletivo

700

1.220

2.0001.5001.0005000

440

2.360

Distribuição das viagens interzonais diárias - 1996 (mil pass)

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– segregação do sistema de transporte ferroviário de cargas do siste-ma de passageiros, através de uma via singela independente.

O segundo estágio compreenderá as seguintes realizações:

– duplicação, eletrificação e sinalização da linha Oeste;

– construção de pontes, viadutos e passarelas para pedestres;

– construção, reforma e ampliação de estações;

– aquisição da frota de material rodante necessária à operação comoferta de trens a cada 6 minutos no trecho entre as estações An-tônio Bezerra, na linha Oeste, e Esperança, na linha Sul e de 12 mi-

Metrofor, um transporte moderno para Fortaleza

João Felipe

PapicúCaucaia

Pátio Externode Cargas

Maracanaú

Vila das Flores

Jereissati

Maranguape

Novo Maracanaú

Pajuçara

Alto Alegre

Aracapé

Conj. Esperança

Mondubim

Manoel Sátiro

Vila Pery

Parangaba

Montese

Couto FernandesPorangabassu

Padre Cicero

Domingos Olimpio

LagoinhaSé

Colégio Militar

TirolFrancisco SáÁlvaro Weyne

FlorestaPadre Andrade

Antonio Bezerra

SãoMiguelParque

Soledade

NovaMetrópole

AraturiJurema

Conj. Ceará

ParqueAlbano

Br. StudartDes. Moreira

Oceano Atlântico

Linha carga existente Linha carga a implantarLinha Oeste Linha LesteLinha Sul

Rede Estrutural de Alta Capacidade de Fortaleza

nutos nos trechos compreendidos entre as estações Antônio Be-zerra e Caucaia, na linha Oeste, e Vila da Flores e Esperança, na li-nha Sul.

O terceiro estágio compreenderá:

– aquisição da frota de material rodante necessária à operação comoferta de trens a cada 4 minutos, no trecho entre as estações Es-perança, na linha Sul, e Antônio Bezerra, na linha Oeste e de 8 mi-nutos, nos trechos compreendidos entre as estações Antônio Be-zerra e Caucaia, na linha Oeste e Vila da Flores e Esperança, nalinha Sul;

– implantação de novas estações e complementação dos sistemas dealimentação elétrica, sinalização e telecomunicações das linhas Sule Oeste para atender à oferta prevista;

– reativação do ramal Maranguape, com implantação de linha singelaa ser operada por trens diesel.

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Características gerais do sistema

Linhas Linha Sul: 24,1 km

Linha Oeste: 20,0 km

Linha Leste: 6,6 km

Ramal Maranguape: 7,3 km

Bitola Métrica

Quantidade de estações Linha Sul: 19

Linha Oeste: 15

Linha Leste: 6

Ramal de Maranguape: 1

Comprimento da plataforma da estação 110 m

Velocidade máxima 80 km/h

Automação do tráfego Proteção automática - ATP

Eletrificação 3.000 Vcc, rede aérea

(Ramal de Maranguape: diesel)

Subestações elétricas Linha Sul: 3

Linha Oeste: 2

Linha Leste: 1

Controle de tráfego e energia Centralizado a partir do CCO

Centro de Manutenção Vila das Flores

Linha da carga a construir 33,0 km

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CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS E OPERACIONAIS DAS LINHASSUL E OESTE

O projeto contempla a modernização, reforma e ampliação de algu-mas estações existentes de modo a atender a demanda prevista e suaadequação a um sistema de alta capacidade, além da construção denovas estações.

Estão previstas 33 estações de passageiros para as linhas Sul eOeste. Destas, 11 não existem atualmente devendo portanto serconstruídas. Uma das estações existentes, a Otávio Bonfim, serádesativada.

As novas estações que serão implantadas no primeiro estágio são:Jereissati, Porangabussu, Domingos Olímpio e Lagoinha; as duas úl-timas serão subterrâneas por se localizarem no trecho central.

Para acesso dos usuários às áreas de mezanino e plataformas serãoutilizadas, em geral, escadas fixas e elevadores ou rampas de acesso,sendo adotadas escadas rolantes apenas em alguns casos particula-res. No projeto das estações será garantido o acesso e a facilidade demovimentação a portadores de deficiência física através de rampasou elevadores.

O projeto prevê a operação em via dupla eletrificada, em toda a ex-tensão das linhas Sul e Oeste e a construção de linha singela para otráfego de trens de carga, permitindo que a operação se faça sem in-tervir no tráfego de trens de passageiros. A linha deverá passar emsubterrâneo para atingir o centro de Fortaleza, o que permitirá um me-lhor atendimento à área central da cidade.

A construção de um centro de manutenção e de um centro de con-trole operacional para atender a todas as necessidades operacionaisdo sistema, além de um centro administrativo, fazem parte do proje-to. No centro único de manutenção, locallizado próximo à estaçãoVila das Flores, serão executados os serviços referentes ao materialrodante, via permanente e sistemas.

Um pátio de estacionamento de trens será localizado próximo à esta-ção Vila das Flores, e três outros próximos às estações Esperança,Antônio Bezerra e Caucaia.

Devido às características particulares da demanda das linhas Sul eOeste, a estratégia operacional propiciará uma oferta diferente em de-terminados segmentos das linhas. Assim, o trecho mais próximo docentro terá um intervalo menor entre composições e nas extremida-des um intervalo maior, na proporção de dois para um.

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Metrofor, um transporte moderno para Fortaleza

O projeto prevê, com a implantação de seus três estágios, um inter-valo entre composições de 4 minutos entre Esperança e Antônio Be-zerra e 8 minutos nas extremidades.

Com o crescimento da demanda, após a implantação desses está-gios, o metrô poderá ainda evoluir para operar com headway de 3 mi-nutos na hora do pico e permitirá também, mediante investimentoscomplementares, a redução do headway para 2 minutos.

O projeto Metrofor prevê a utilização de trens elétricos compostos porquatro carros, sendo dois motores e dois reboques, podendo no futu-ro ser utilizada a composição de cinco carros.

Os carros serão de aço inoxidável e projetados com climatizaçãopor ar condicionado, com uma concepção de acordo com a maisatual tecnologia metroviária com adequados níveis de desempenhoe capacidade.

A lotação nominal será de 940 passageiros/trem, com oferta mínimade 20 lugares sentados. A captação de energia será feita através depantógrafos localizados nos carros motores, na tensão de 3.000 Vcc.Os motores de tração serão em corrente alternada, do tipo induçãocom controle através de inversor.

O sistema de freios será elétrico, regenerativo/reostático, com com-plementação por freio de atrito do tipo pneumático “inteligente”.

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Esquema operacional

Esquema de manobras

1º estágioMaterial rodante:10 trens

2º estágioMaterial rodante:18 trens

3º estágioMaterial rodante:27 trens

Vila das Flores

Linha Sul

headway 12 min 6 min 20 minpass/h/sent. 4.700 9.400

Linha Oeste

Trem Diesel

Esperança J. Felipe Ant. Bezerra Caucaia

headway 12 min 6 min 12 minpass/h/sent. 4.700 9.400 4.700

headway 8 min 4 min 8 minpass/h/sent. 7.050 14.100 7.050

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Serão previstos os seguintes modos de operação para o trem:

– através do sistema de controle automático dos trens - ATC, com ve-locidade máxima de circulação controlada automaticamente;

– condução manual pelo operador do trem, com limitação de velo-cidade.

O sistema de energia prevê cinco subestações retificadoras, de 3.000 kW,alimentadas na tensão de 69 kV pela concessionária local. As esta-ções serão alimentadas diretamente da rede pública através de pe-quenas subestações auxiliares no local. O sistema de supervisão, co-mando, controle e proteção terá uma concepção integrada, utilizandoa tecnologia digital. O sistema de energia terá operação totalmenteautomática, ficando portanto as suas instalações fixas desatendidasde pessoal operacional em condições normais de funcionamento.

O sistema de sinalização será implantado para permitir a operaçãocom headway de 3 minutos nas linhas Sul e Oeste. Terá supervisãode velocidade com frenagem automática em caso de ultrapassa-gem de limites de velocidade. O controle de tráfego dos trens serácentralizado.

O projeto Metrofor terá uma operação totalmente centralizada, com ocomando operacional do sistema de transporte no Centro de Contro-le Operacional - CCO, localizado próximo à estação João Felipe. Neleserão instalados a sala de comando operacional e os setores adminis-trativos da empresa.

A arquitetura do sistema de controle centralizado proporcionará amais alta disponibilidade de funções para os vários sistemas, comuma rede de work stations e banco de dados relacional.

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Intervenção urbana do projeto Metrofor do centro de Fortaleza.

O sistema de telecomunicações possibilitará o atendimento das co-municações operacionais, de manutenção e administração. Incluirá ossubsistemas de transmissão, de telefonia, de rádio, de sonorizaçãodas estações, de cronometria e de gravação de voz.

O sistema de bilhetagem será compatível com a política tarifária e deintegração estabelecida em conjunto com os diferentes órgãos res-ponsáveis pelo gerenciamento do transporte na Região Metropolitanade Fortaleza.

CONCLUSÃO

O projeto Metrofor constitui-se num dos empreendimentos de cunhosocial e econômico da maior importância para o desenvolvimento doEstado do Ceará e para o bem-estar da população de Fortaleza.

O projeto foi incluído dentro de uma proposta de rede básica detransportes consistente para a Região Metropolitana de Fortaleza,contemplando os vários modos de transporte, com uma visão sistê-mica e integrada.

No desenvolvimento da sua concepção e do seu projeto básico, fo-ram considerados com especial cuidado os aspectos urbanísticos doprojeto e os impactos causados ao tecido urbano da área central deFortaleza. Quanto às tecnologias escolhidas, optou-se pelo que há demais moderno no mundo, mas sempre levando em conta os limites derecursos para a implantação do sistema e a premissa do menor cus-to operacional possível.

A desativação de áreas hoje utilizadas nas operações ferroviárias decargas e passageiros no centro de Fortaleza, aliada à construção denovo traçado para a região central em subterrâneo, permitem que osistema seja usado como elemento promotor de uma requalificaçãoda região central, auxiliando a reversão de um processo de degra-dação, que já atingiu o centro de outras grandes cidades brasileirase que poderia também se aprofundar na cidade de Fortaleza.

Foi em decorrência dos compromissos assumidos no programa deestadualização, que o Governo do Estado de Ceará criou a nova em-presa operadora estadual, denominada Companhia Cearense deTransportes Metropolitanos - Metrofor, com a finalidade de recebero atual sistema de trens urbanos operados pela CBTU e implantar eoperar o mais novo sistema metroviário brasileiro. A nova empresaestá sendo estruturada para que já inicie a operação do sistemadentro de uma nova concepção organizacional e empresarial, comvistas à futura privatização de suas operações.

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