MÍDIA: A FORMAÇÃO DA OPINIÃO - Comunicação e...

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MÍDIA: A FORMAÇÃO DA OPINIÃO PROGRAMA ELEITOR DO FUTURO FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA

A reprodução manuscrita dos textos - única técnicadisponível durante muitos séculos - limitava, porém, oimpacto da escrita. O procedimento era lento e caro, oque transformava os impressos em tesouroscuidadosamente guardados.

A situação foi alterada por uma grande revoluçãoacontecida por volta de 1450, quando JohannesGutenberg usou caracteres móveis para compor textose imprimir em série, com a ajuda de uma prensa. Oimpacto da inovação foi muito rápido. Por volta do ano1500 já haviam sido instaladas impressoras em mais de250 cidades da Europa, e a escassez de textos paraleitura deu lugar a uma abundância que chegou aprovocar reclamações. As pessoas simplesmente nãoestavam habituadas a tantas possibilidades de leitura !

Desde o início, tudofoi comunicação.A vontade e os meios de comunicar existem desde sempre. O grito e o gesto, recursos que compartilhamos comos animais, foram certamente nossa única maneira de transmitir mensagens até um milhão e meio de anos atrás,quando o "macaco-homem" começou a desenvolver um sistema de sons articulados para expressar pensamentos.Foi uma incrível evolução, porque exigiu do cérebro primitivo uma capacidade de processamento de informaçõesquase inimaginável.

Ao longo de nossa longa evolução, a necessidade de transmitir informações e mensagens nos levou a criar canaisou meios que continuamos usando ainda hoje. Não há muita diferença entre a arte dos grafiteiros e a dos homensou mulheres que pintavam as paredes das cavernas 20 mil anos atrás. Os rituais são outra antiqüíssima maneira decomunicar que perdura ainda hoje, assim como o teatro, a escultura e a arquitetura. As pirâmides de Egito, porexemplo, não diferem, em essência, de Brasília como intenção comunicativa. As pirâmides celebravam o poder dosFaraós e a glória do seu regime. A nova capital de nosso país foi construída por um presidente otimista paraanunciar o início de uma era de desenvolvimento e integração nacional.

Um gigantesco avanço para a comunicação foi a invenção da escrita, por volta de 3.500 anos antes de Cristo. Ospovos começaram a partir de então a registrar seus conhecimentos, sua história, sua mitologia, suas crenças. Apossibilidade de se comparar informações e de se aproveitar as contribuições das gerações anteriores está na basedo desenvolvimento de todas as áreas do conhecimento, assim como da literatura e das próprias religiões (todaselas têm como base livros sagrados).

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CentoCentoCentoCentoCento eeeee trinta escolastrinta escolastrinta escolastrinta escolastrinta escolaspúblicaspúblicaspúblicaspúblicaspúblicas de ensino médiodo Ceará realizam uma experiênciainédita de comunicação.Nessas escolas, jovens se organizampara publicar um jornal independente,que circula sem passar por revisão porparte dos professores ou da direção.Os comunicadores estudantis seorganizaram em 2003 comomovimento social (Rede de Integraçãodos Jornais Estudantis do Ceará).O Clube do Jornal tem o objetivode fazer da liberdade de expressãojuvenil um fator de renovação daescola, tornando-a mais democrática eparticipativa.Você acha que a idéia faria sentido nasua escola?

Comunicação e participação políticaA invenção de Gutenberg tornou possível ampliar a disseminação de idéias cuja divulgaçãoestava até então restrita pelo uso dos manuscritos. Desta maneira, a abundância dosimpressos permitiu que mais pessoas participassem nos debates - e embates! - sobre amelhor maneira de se viver em sociedade.

Esse potencial de comunicação foi percebido pelos grupos envolvidos nos conflitospolíticos da época. Livros, jornais e, sobretudo, "panfletos" (folhas soltas de publicaçãoirregular) foram utilizados abundantemente desde 1517 por Martinho Lutero e seus seguidores- que iriam ser conhecidos como Protestantes - no conflito com a Igreja Católica. A tradução da Bíblia feita porLutero, por exemplo, foi publicada em centenas de milhares de exemplares. Similar utilização da tipografiaaconteceria nas lutas e guerras civis dos séculos 16 e 17 na França, Holanda e Inglaterra .

Os impressos foram o instrumento do Iluminismo, um importantíssimo movimento intelectual europeu doséculo 19 que questionou a organização política, social e econômica da época. Pela primeira vez uma corrente deopinião reivindicou e fez uso da Liberdade de Expressão para espalhar sua visão do mundo.

A publicação de jornais e panfletos foi também muito intensadurante a guerra de Independência Americana e na RevoluçãoFrancesa (dois eventos também do século 18, fortementeinfluenciados pelo Iluminismo).

A mídia passou, assim, a ocupar umaposição central na vida política, posiçãoque nunca mais perdeu, embora tenhamudado muitíssimo desde suas origensaté agora (uma mudança fundamentalfoi a sua transformação em

empreendimento econômico, apartir da invenção

da publicidadeno século 19).

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CONFERE?

As principais atividades delazer dos adolescentes são ir acasa de amigos (53%) eassistir televisão (52%). Osadolescentes brasileirospassam, em média, 3h55mindiárias assistindo TV. Naopinião de mais de 70% deles,a programação da televisão é"boa" ou "muito boa". (PesquisaA Voz dos Adolescentes, UNICEF/Fator OM, 2002)

Essa inserção da mídia no mundo dos negócios deu um caráter novo àreivindicação da Liberdade de Expressão. Ela passou a ser também umacondição necessária ao sucesso empresarial, já que o mercado dacomunicação - o espaço de realização dos lucros - só existe se houver apossibilidade de se produzir e distribuir livremente conteúdosinformativos, recreativos, culturais e publicitários.

Assim, a mídia está "amarrada" ao mesmo tempo à defesa da Liberdadede Expressão (princípio ideológico) e aos valores empresarias (princípiomaterial). Mas os nós dessas amarras não estão igualmente apertados.As mensagens com uma visão positiva sobre as regras do mercado serãoespontaneamente mais valorizados e terão mais chances de seremdivulgadas do que as mensagens com críticas ou visões alternativas.O fenômeno é conhecido na teoria como "viés sistêmico".

A formação da opinião públicaNo século XIX inicia-se um novo ciclo na evolução das comunicações,com uma série de invenções de grande importância: o telégrafo, otelefone, a fotografia e o cinema. No século 20 a onda continua com orádio, a televisão, a internet, a telefonia e as redes sem fio e a TV digital,que se anuncia para logo mais.Chegamos a uma situação em que a informação e os meios de transmiti-las estão presentes em cada instante de nossas vidas. Dentro ou fora decasa, o contato é permanente: rádio, TV, jornais, revistas, internet, cinemas,outdoors, panfletos, livros, manuais e grafites, entre outros, fazem parte denosso cotidiano. É necessário refugiar-se em um lugar muito isolado paradeixar de receber as mensagens dos meios de comunicação!A expressão "sociedade da informação" designa essa formidável capacidadede coleta, armazenamento e transmissão de mensagens. Mas qual a qualidadedessas informações que nos bombardeiam? Qual a influência no nossocomportamento como indivíduos e na própria "alma" das sociedades?

Uma resposta para essa questão deve lembrar, de início, que a tendência

NÍQUEL NÁUSEA / Fernando Gonsales

de toda instituição é defendersistema do qual faz parte. Agrande mídia, formada porempreendimentos econômicos,não é nem poderia ser a exceçãoa essa regra.

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Os investimentospublicitários noBrasil em 2005foram de R$ 34,5bilhões.A TV aberta ficoucom a maior fatia:R$ 16,5 bilhões,equivalentes a48% do bolo(pesquisa anualdo AlmanaqueIbope).

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Esse viés constitui uma espécie de "Lei Geral" do funcionamento da mídia em nossas sociedades. O fluxo demensagens em que estamos imersos faz aparecer o modo de funcionamento do capitalismo, seus valores e oscomportamentos que lhe estão associados como uma realidade natural (isto é, não parece ser uma construçãohumana). A consideração de alternativas exige das pessoas um esforço de entendimento para quebrar essaaparente “naturalidade”.

MUDANÇAS A VISTAA bola da vez do marketing e dapropaganda é o público infantil, que éestimulado através dos meios decomunicação a desenvolver expectativasprecoces de consumo. No Brasil, nadaregulamenta esse tipo de assédio, aocontrário do que acontece em boa partedos países europeus. Mas esta situaçãopode ter os dias contados.

Tramita na Câmara de Deputados umprojeto de lei que proibe a publicidadede produtos dirigidos ao públicoinfantil. A proposta tem poucas chancesde ser adotada nesses termos, mas aexpectativa das instituições quepromovem a defesa dos direitos dascrianças é que se avance breve para umaregulamentação mais restritiva.

A necessidade que as empresas de comunicação têm de se tornarrentáveis se integra muito bem, então, à tendência do capital de criarnovas necessidades de consumo para gerar novos negócios. É umaaliança perfeita em termos de mercado, mas, enquanto isso, oscientistas nos alertam que o uso excessivo dos recursos naturais e oaquecimento global - fenômenos ligados ao aumento do consumo -estão colocando em risco a estabilidade ambiental da Terra...

A formação das pessoas pelo desejoOs meios de comunicação são o canal através do qual a publicidade chega ao público. Como sabemos, o recursoé utilizado por empresas e governos para divulgar seus produtos e serviços ou para promover sua imagem. Note-se que a propaganda há bastante tempo entrou nas programações (é o merchandising, que acontece, porexemplo, quando o ator da novela mostra o rótulo do produto que está usando). Além da mídia e dosanunciantes, a publicidade envolve outros setores, como as agências de propaganda e centros que estudam apsicologia e o comportamento dos consumidores.

Pelo viés da publicidade cria-se a demanda para a infinidade de produtos e serviços quesão oferecidos no mercado. Daí a crítica ao papel da mídia na promoção doconsumismo, que é uma característicadominante de nossa sociedade.Consumimos bens e serviços quefreqüentemente não nos pareciamnecessários antes da publicidade e omarketing criar em nós a vontade depossuí-los. Também consumimossimbolicamente; o mito do corpo perfeitoe sempre jovem, por exemplo, é uma idéiainstalada através da mídia. Desta maneira,os desejos e até as aspirações das pessoas- incluindo as crianças - são modeladosfortemente a partir da comunicação.

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O peso da mídia naformação da cultura éimenso. Uma pesquisarealizada pela UNESCOem 1998 mostrou que88% das crianças domundo conheciam o"Exterminador", opersonagem criadopelo ator ArnoldSchwarzenegger.

JABÁA música toca no rádio porque fazsucesso ou faz sucesso porque toca norádio? Espontaneamente, todospensamos na primeira opção, maspodemos estar redondamenteequivocados. Entrevista concedida aojornal Folha de São Paulo em 2003 porAndré Midani, um dos principaisexecutivos da indústria fonográficabrasileira durante quase 40 anos, trouxea público a prática das rádios em cobrardas produtoras para tocar suas músicas.Na TV, vários apresentadores fazem omesmo. Até 70% dos orçamentos depromoção das produtoras é utilizadopara pagar o "jabá" ou "jabaculê", como échamada essa prática! Então a próximavez que você se perguntar porqueaquela música tão ruim toca tanto norádio, já sabe qual é a resposta...

Cultura e política como espetáculoOs meios de comunicação dão acesso a conhecimentos e informações que deoutro modo ficariam inacessíveis para a maioria das pessoas. Eles colocam a cadamomento o mundo inteiro em nossa casa, o que ajuda a construir esse sentimentodifuso do destino comum que é o melhor aspecto da globalização, assim comouma percepção menos preconceituosa das diferenças.

Não obstante, a presença avassaladora da mídia e o papel dominante da imagemtêm levado autores a falar do surgimento da sociedade do espetáculo, onde as coisasdeixam de valer por sua essência, pelo que elas realmente são, para só "existirem"se houver uma apresentação (ou encenação) convincente nos meios de comunicação.

Esse fenômeno chegou aos políticos, que assimilaram a necessidade de se apresentarperante os eleitores nos termos do "espetáculo" para aumentar suas chances desucesso (o discurso tem de ser breve e pouco complicado, a agressividade deve sercontrolada, a apresentação deve ser "limpa" e tranqüilizadora etc).

Daí, também, a criação do marketingeleitoral, que é a adaptação dastécnicas de venda para o mundo dapolítica. Esse processo abriu espaçopara a enorme influência que ospublicitários passaram a ter naassessoria para a formação daimagem de candidatos e partidos.Contratados a peso-de-ouro, esses profissionais consideram quesua área de atuação constitui um mercado como qualquer outro,e não se sentem na obrigação de ter identidade com oscandidatos que defendem.

A mídia se apossa também dos movimentos culturais - umatendência musical por exemplo - e elabora essas apropriaçõesconforme suas necessidades. Muitos protagonistas dessesmovimentos, por sua vez, se adaptam para produzir as imagensque a mídia precisa (o fenômeno é chamado de“pasteurização”, ou padronização de comportamentos). A mídiaacaba assim sendo um pouco o supermercado da cultura; o quenão está nas suas prateleiras não tem visibilidade e o que constacorre o risco de virar apenas mais um produto.

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Na internet estarianascendo um"quinto poder",formado pelosdiários virtuaiseletrônicos (blogs)onde as pessoasexercem de maneiraindependente odireito à comunica-ção. Particularmenteinteressantes são osblogs mantidos porjornalistas profissio-nais - alguns derenome - que assimse libertam daslimitações dasempresas decomunicação.

O quarto poderA expressão "quarto poder" surgiu no século 19 na Inglaterra para designar o papel da imprensa no controle dasações dos poderes constitucionais (Executivo, Legislativo e Judiciário). Essa função é extremamente importante eestá intimamente ligada com a própria idéia da democracia, que não pode ser separada da transparência dos atospúblicos. É provável, por exemplo, que muitas informações relativas à corrupção no financiamento dos partidospolíticos não teriam vindo à público, na crise iniciada em 2005, não fosse a transmissão das diversas CPIs pela TVe a intervenção incisiva dos jornalistas.

Diante desse poder da imprensa, a reação dos governantes autoritários é a censura, quepode ser institucionalizada, como aconteceu durante a ditadura militar (quando todosos jornais deviam ter as suas pautas aprovadas antes da publicação) ou encoberta(acontece, em geral, através do corte da publicidade governamental para os meios decomunicação considerados "opositores").

Quanto mais isenta a imprensa for em relação aos interesses políticos imediatos, maiorsua contribuição para o correto funcionamento da democracia. Porém, acontece demeios valerem-se do poder de que dispõem para promover governos ou políticos comos quais têm afinidade. Outros são vulneráveis às pressões econômicas do poderpúblico. Este tipo de intervenção acontece sobretudo quando não existe concorrênciaentre diversos meios de comunicação, o que faz com que o público não tenha acessoàs informações completas. O fato de muitos políticos serem proprietários de TVs erádios agrava o fenômeno no Brasil (79 deputados e senadores estão nessa situação).

A possibilidade da mídia abusar da liberdade de expressão constata-se também no planoprivado, quando pessoas são expostas à execração pública sem direito de resposta oudevida defesa. Basta sintonizar um programapolicial da TV para saber de queestamos falando: pessoassobre as quais pesa asuspeita de teremcometido um ato ilícitosão apresentadas como

marginais, sem a mínima consideração. Essaintervenção nada respeitosa pode se dar em escalamais ampla; um relatório da Anistia Internacionalpublicado em dezembro de 2005 denuncia, porexemplo, o sensacionalismo com que certa mídiainforma sobre a violência nas favelas, reforçando opreconceito contra seus moradores.

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Democratizar a comunicaçãoA propriedade da mídia está altamente concentrada, seja em nível municipal, estadual, nacional ou internacional.No Brasil, quatro redes de televisão (Globo, SBT, Record e Bandeirantes) têm o controle de 73% das emissoras. Emâmbito mundial, o panorama é similar, com o domínio de sete empresas transnacionais. Das 300 principaisagências de informação, 273 são dos Estados Unidos, da União Européia ou do Japão. Em um municípioqualquer, basta fazer uma pesquisa: quantos jornais existem? Quantas rádios existem? Quantas emissoras de TVaberta existem? A quem elas pertencem? O resultado, com certeza, não será muito diferente.

Muitas organizações e pessoas consideram que a redução da concentração da mídia é a questão-chave para ademocratização da comunicação no Brasil. Essa corrente de opinião advoga para que a legislação estabeleçalimites, como acontece em vários países, para evitar a formação de grandes grupos de comunicação que atuamem todos os segmentos (TV, rádio, jornalismo impresso etc.), adquirindo assim uma posição dominante.

Sem aguardar pelo Estado, a própriasociedade civil se mobiliza parademocratizar a comunicação pela base.

Uma linha de intervenção muitoimportante é a produção de meios decomunicação não-comerciais, chamadosde alternativos, radicais, populares,associativos ou sindicais. Grupos dos maisdiversos tipos e perfis produzem umainfinidade de jornais, vídeos, programas derádio, revistas, fanzines, grafites, murais,sites etc. O setor está crescendo graças àspossibilidades de interação e pesquisaabertas pela internet e ao barateamentodos custos de impressão e de produçãoaudiovisual (tecnologias digitais).

A criação de serviços de suporte (agências alternativas de notícias, por exemplo), assim como a organização deredes e associações, têm aumentado o alcance e potencial da mídia não comercial. As escolas, como se verá maisadiante, também estão aderindo a esta forma de intervenção social.

Uma variante dentro desta linha de intervenção consiste na compra de espaços na mídia comercial, para inserirencartes ou programas com a visão alternativa. Centenas de sindicatos de trabalhadores rurais fazem isso emrádios de todo o país, para manter contato com seus filiados.

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DE OLHO EM VOCÊDE OLHO EM VOCÊDE OLHO EM VOCÊDE OLHO EM VOCÊDE OLHO EM VOCÊEnquanto pesquisas daOrganização Mundial da Saúderevelam que o alcoolismo entreos adolescente está se tornandoum problema cada vez maisgrave, milionárias campanhas depublicidade da indústria doálcool focam nesse público suasestratégias de promoção."A publicidade de bebida batepesado justamente nessapopulação. E a gente sabe que oadolescente é vulnerável a essainfluência", afirma o psiquiatraDartiu Xavier. "Existe uma crençageneralizada de que o álcool éuma substância inócua porque élegal", diz Xavier, que afirma sermuito procurado por paispreocupados com um filho quefuma um cigarro de maconhapor mês enquanto outro filhobebe todos os dias sem que issoprovoque alerta.(www.propagandasembebida.org.br)

Por último, existem estratégias cujo objetivo é influenciar osprofissionais da comunicação para o tratamento de determinadosassuntos ou para uma abordagem ética mais apurada.

Os exemplos mais conhecidos são a Agência Nacional dos Direitosda Infância - ANDI, que promove a abordagem dessa temática namídia impressa, o UNICEF, que realiza uma ação similar dirigida aosradialistas, e o Observatório da Imprensa, que mantém um site eum programa de TV para debatera atuação dos meiosde comunicação.

O monitoramento e controle das programações, particularmente nas TVs abertas, é outra estratégia. Um exemploé a campanha "Quem financia a Baixaria é Contra a Cidadania", da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dosDeputados e diversas ONGs, que procura levar os anunciantes a retirarem o patrocínio dos programas apelativos.Atuando dentro desta perspectiva de monitoramento, o Ministério Público e ONGs de São Paulo obtiveram nofinal de 2005 uma vitória inédita, quando a justiça obrigou a Rede TV! a exibir 30 programas sobre DireitosHumanos, como punição pelas mensagens contra os homossexuais do apresentador João Kleber.

Há também iniciativas direcionadas ao controle das publicidades. Neste momento se destaca a Campanha"Publicidade sem Bebida", promovida por universidades, serviços de saúde, entidades médicas, sindicatos e ONGsde todo o país. A campanha se inspira na vitória obtida em 2002, quando o Ministério da Saúde praticamenteeliminou a promoção do consumo do tabaco nos meios de comunicação.

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TV ADOLESCENTEO que os jovens iriam produzir setivessem uma câmera na mão? Paracomeçar, eles tirariam de cena aviolência e optariam por programas dehumor e de meio ambiente. Asconclusões fazem parte de um estudoque envolveu 424 estudantes - criançase adolescentes - de 12 escolas públicasdo Distrito Federal, de 2000 a 2005.

Os adolescentes propõem relacionar aTV com a escola, articulandoentretenimento e conhecimento. Elesdefendem programas envolventes, queincentivem o estudo e abordem temastrabalhados em sala de aula.

O estudo revela também que osprofessores estão falando mais sobre atelevisão. O número de crianças queafirmaram que pelo menos umaprofessora havia comentado sobrealgum programa de TV passou de54% em 2000, para 94% em 2005.

Fonte: Rio MídiaFonte: Rio MídiaFonte: Rio MídiaFonte: Rio MídiaFonte: Rio Mídia

A escola comunicadoraA escola, assim como a família e a igreja, dividem cada vez mais a formação das crianças e adolescentes com osmeios de comunicação. Esta realidade tem levado educadores do mundo inteiro a considerar que a única alternativaque resta à escola para não perder sua influência nesse fluxo contínuo da comunicação é... mergulhar nele!

É essa a proposta da Educomunicação, prática que une dois campos de saberes: o da Educação e o da Comunicação.Na sua primeira vertente, a Educomunicação promove ações voltadas ao entendimento crítico das mensagens damídia por parte dos alunos e uma reflexão sobre o papel dos meios de comunicação em nossa sociedade.A segunda vertente consiste em estimular crianças, adolescentes e jovens a produzir diferentes tipos de mídia, oque faz com que adquiram novas habilidades e, sobretudo, desenvolvam uma visão mais apurada da cidadania.

Muitas escolas, públicas e particulares, desenvolvem essaabordagem. À publicação de jornais escolares - que é umatradição centenária - somam-se projetos de rádio, vídeo,fotografia e internet (só para citar os mais comuns). Atérecentemente, eram iniciativas isoladas de escolas ou deprofessores voluntariosos, mas já é possível identificar a inclusãode projetos de Educomunicação nas políticas das Secretarias deEducação - muitas vezes em parceria com ONGs - e a criação deredes de meios de comunicação escolares.

É fácil perceber que a Educomunicação, além de ser umapedagogia, constitui uma estratégia para renovar o papel daescola e aumentar seu relacionamento com a sociedade. Existemmais de 200 mil escolas no Brasil e a possibilidade de colocaressa imensa rede a serviço de uma comunicação ética edemocrática faz sonhar muita gente!

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A exclusãodigital é hojeconsiderada umanova forma deanalfabetismo.Em 2002, apenas27% dos adoles-centes brasileirostinham acesso àInternet. Na classeA, esse percentualera de 72,4%; naclasse B 52,3% ;na classe C 20,8%e na classe D12,9%. (Pesquisa "A

Voz dos Adolescen-

tes", UNICEF 2002).

a menos que apele para a censura eletrônica. A falta deprivacidade, questões relativas à propriedade intelectual e àcirculação de vírus eletrônicos são outras fragilidades.

A internet se tornou um grande embaraço para os regimesautoritários ou ditatoriais, que tentam desesperadamentecontrolá-la: China, Coréia do Norte, Arábia Saudita e Cubaestão nessa lista. Mas esses países não são os únicos; no finalde 2005, estourou um escândalo nos Estados Unidos, quandoa imprensa denunciou que o governo estava monitorandocorreios eletrônicos em escala mundial.

Internet e PedofiliaInternet e PedofiliaInternet e PedofiliaInternet e PedofiliaInternet e PedofiliaEspecialistas presentes ao IV FórumIbero-americano de Cyberpoliciais,realizado em Sevilha (Espanha) emoutubro de 2005, alertaram para oaumento dos casos de jovens viciadosem pedofilia na internet. Meninos de 16a 18 anos estão buscando imagens decrianças mais novas e até mesmo debebês. No caso do consumo de pedofiliapor menores de idade, eles começariampor curiosidade e descobrem quegostam, até ficarem viciados.Os policiais especialistas em internettambém afirmaram que os pedófilos seinfiltram nas salas de bate papo deadolescentes, se fazem passar porpessoas de sua idade e conseguem quetirem a roupa em frente às webcams.Depois, eles divulgam essas imagens ouconseguem seus telefones para"consumar um possível estupro".Os especialistas alertam, também, quecada vez mais as fotos são obtidasdentro do ambiente familiar,sobretudo tiradas de filhos, sobrinhose filhos dos vizinhos.

Folha Online 26/10/2005

Tudo aqui e agoraA internet é uma tecnologia que permite conectar em rede todos os computadores do mundo. Seu potencial éenorme, inclusive porque o acesso é cada vez mais barato, o que explica que o número de pessoas conectadastenha passado de 20 milhões em 1995 para 1 bilhão em 2005.

A tecnologia é uma grande contribuição para a democracia, porque abriu a possibilidadedos movimentos sociais, minorias étnicas, religiosas e políticas criarem redes autônomasde comunicação, para divulgar suasinformações e pontos de vista demaneira mais ampla.

Indivíduos também passam a termaior participação; considere-se, porexemplo, o debate espontâneo queocorreu na internet na ocasião doplebiscito sobre a proibição da vendade armas de fogo, em 2005.

Infelizmente, a internet é utilizadatambém para fins criminosos -roubos e fraudes, comunicação entreredes terroristas, pedofilia etc. Nessesentido, ela traz à tona questões dedifícil solução. Um país onde o jogoé proibido, por exemplo, não temcomo impedir que seus cidadãosapostem em sites instalados empaíses onde a legislação os tolera,

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O que diz a LeiA Constituição Federal assegura tanto a liberdade de manifestação do pensamento como o direito de resposta e àindenização por dano material ou moral às pessoas prejudicadas pelos meios de comunicação. Diversas leisdetalham esses princípios gerais.

A concessão do uso dos canais de TV e das freqüências de rádio - que são de propriedade estatal, não dasempresas de comunicação - é regida por leis que estabelecem diversas exigências. O que se verifica na prática,porém, é a falta de um acompanhamento pelos órgãos públicos, sobretudo dos conteúdos veiculados, e arenovação automática das concessões.

Os veículos impressos - como jornais e revistas - não são regulados pornenhum órgão estatal, mas estão submetidos à Lei de Imprensa, que versasobre o direito de imagem, difamação, sigilo da fonte e outras questõesrelativas à atividade jornalística.

O controle público da publicidade é muito fraco, embora haja exceções,como é o caso do tabaco. Avanços nesta área enfrentam grande resistência por parte dossetores de negócios envolvidos, que pretendem ficar na "auto-regulamentação", sem interferência estatal.

Legislações que não são especificas da área de comunicação podem ser utilizadas para o controle social dos meiosde Comunicação. O Código de Defesa do Consumidor, por exemplo, prevê multas e o ressarcimento da pessoavítima de propaganda enganosa. O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso são outros exemplos.

A censura no BrasilEm diversos momentos da história do Brasil a censura foi utilizada pelopoder para controlar a imprensa. O momento mais crítico no períodorepublicano aconteceu durante o regime ditatorial que se seguiu ao golpede estado de 1964. Em 1968, o governo militar determinou que todoveículo de comunicação deveria ter a sua pauta previamente aprovada.

A censura tomou conta não apenas da imprensa, mas também do teatro,do cinema e da música. Curiosamente, em meio a esse clima repressivo,floresceu a imprensa alternativa, cujo carro-chefe foi o jornal O Pasquim,um fenômeno editorial que chegou a publicar 250 mil exemplares semanais.A criatividade para driblar a censura com textos que deviam ser lidos emsuas entrelinhas chegou ao ápice. O refrão da música “Cálice”, compostapor Chico Buarque em 1973, ilustra muito bem esse jogo de gato-e-ratoque praticaram, durante muitos anos, os censores, jornalistas, comunicadorese artistas (Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice /Pai, afasta de mim esse cálice / De vinho tinto de sangue).

O Estatuto da Criançae do Adolescente é uminstrumento que pode e deve serutilizado para defender o direitode expressão das pessoas dessasfaixas etárias

O artigo 16 garante às crianças eadolescentes o direito de opinião,de expressão e de participar davida política.

O artigo 58 estabelece que os pro-cessos educacionais devem garantir,entre outras coisas, a liberdade dacriação e o acesso das crianças eadolescentes às fontes de cultura.

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PARA PARTICIPARCEARÁ

A Encine, apóia jovens para a produção de umprograma de TV (Megafone, TVC) e outro de rádio(Rolimã, Rádio Universitária). Tel. (85) 3262.5356;www.encine.org.brA ONG Alpendre capacita e dá apoio a jovens eadolescentes que realizam um programa de TV(Programa no Ar, TVC). Tel. (85) 3081.0167.A Agência de Notícias Esperança (Anote) facilita oacesso da imprensa aos movimentos populares e vice-versa. Tel. (85) 3272.3100; www.anote.org.brA Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, mantémuma rádio cuja programação é realizada por crianças eadolescentes, entre outras muitas atividades decomunicação. Tel: (88) 3546.1333.A ONG Comunicação e Cultura publica jornaisescolares e estudantis em mais de mil escolas do Ceará,e lidera a criação da Rede Jornal Escola, de âmbitonacional. Tel. (85) 3231.6092; www.comcultura.org.brA ONG Catavento apoia radiadoras escolares ecomunitárias. A Catavento integra também a RedeAndi, Agência de Notícias dos Direitos da Infância. Tel.(85) 3226.7418; [email protected]

BRASIL

O Fórum Nacional Pela Democratização daComunicação congrega entidades da sociedade civil eestá organizado nacionalmente. www.fndc.org.brA Rio Mídia tem como objetivo promover uma redeinternacional com foco na mídia de qualidade paracrianças e adolescentes. www.multirio.rj.gov.br/riomidiaO Movimento Propaganda Sem Bebida tem como metaa aprovação de legislação que limite a publicidade deálcool. www.propagandasembebida.org.br

A comunicação mobilizaa sociedadeEm 2005, diversos eventos sinalizaram umamobilização crescente da sociedade sobre o tematratado neste fascículo.

Em agosto desse ano, o Encontro Nacional de DireitosHumanos emitiu uma declaração que colocou odireito à comunicação em pé de igualdade com osdemais Direitos Humanos, incluindo na sua definiçãoa liberdade de expressão, o direito à informação, ademocratização das possibilidades de produzir mídia ea participação da sociedade na definição das políticaspúblicas desta área.

Em outubro de 2005, sob o mote-provocação "Você éum dos que falam, ou um dos que se calam?",instituições que lidam com o tema da comunicaçãoorganizaram em todo o país a Semana Nacional pelaDemocratização da Comunicação, durante a qual serealizaram atos públicos, debates, seminários, esquetesteatrais, exibições públicas de vídeos, entre outrasatividades. O objetivo da Semana, que acontece todosos anos, é alertar para o fato de que a concentraçãoda propriedade da mídia em poucas mãos é um riscopara a democracia.

Em novembro de 2005, foi lançada em Belo Horizontea Rede Comunicação, Educação e Participação, quereúne entidades e personalidades que se propõem apromover a participação das escolas na sociedade dainformação. Essa articulação vem somar forças com aRede Jornal Escola, que já trabalha junto a mais de1.200 escolas e tem o apoio da União Nacional dosDirigentes da Educação.

A democratização e o controle social da comunicaçãopode vir a ser um dos temas mais importantes dedebate político no país nos próximos anos. Fique atento!

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MÍDIA: A FORMAÇÃO DA OPINIÃO PROGRAMA ELEITOR DO FUTURO FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA

BIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIAUma História Sócial da Mídia, Asa Briggs e Peter Burke. Jorge Zahar Editor, 2004.A Galáxia Internet, Manuel Castells. Jorge Zahar Editor, 2003.Mídia Radical, John Downing. Editora SENAC São Paulo, 2004.Da Coleção Primeiros Passos (Editora Brasiliense)••••• O que é comunicação (Juan Enrique Diaz Bordenave)••••• O que é jornalismo (Clóvis Rossi)••••• O que é marketing (Raimar Richers)••••• O que é marketing político (Rubens Figueiredo)••••• O que é jornalismo operário (Vito Giannotti)••••• O que é propaganda ideológica (Nelson Jahr Garcia)••••• O que é opinião pública (Rubens Figueiredo)

Para cantarTELEVISÃOTitãs (compositição Toni Bellotto - Marcelo Fromer - Arnaldo Antunes)

A televisão me deixou burro, muito burro demaisAgora todas coisas que eu penso me parecem iguaisO sorvete me deixou gripado pelo resto da vidaE agora toda noite quando deito é boa noite, querida.Ô cride, fala pra mãeQue eu nunca li num livro que um espirro fosse um vírus sem curaVê se me entende pelo menas uma vez, criatura!Ô cride, fala pra mãe!A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu nao faço nadaA luz do sol me incomoda, então deixa a cortina fechadaÉ que a televisão me deixou burro, muito burro demaisE agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animaisÔ cride, fala pra mãeQue tudo que a antena captar meu coração capturavê se me entende pelo menos uma vez, criatura!Ô cride, fala pra mãe!A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu não faço nadaA luz do sol me incomoda, então deixa a cortina fechadaÉ que a televisão me deixou burro, muito burro demaisE agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animaisÔ cride, fala pra mãeQue tudo que a antena captar meu coração capturaVê se me entende pelo menos uma vez, criatura!

VOCABULÁRIOVOCABULÁRIOVOCABULÁRIOVOCABULÁRIOVOCABULÁRIO

Mídia é a denominação dada àindústria formada por empresas queproduzem conteúdo de notícias e deentretenimento. Na utilização corrente,mídia e meios de comunicação sãosinônimos.

Veículo de comunicação é o canalatravés da qual a comunicação acontece(um jornal, emissora de TV etc).

Imprensa é a designação coletivados veículos de comunicação queexercem o Jornalismo e outrasfunções de comunicação informativa.

Comunicação de Massa é umsistema onde um ou vários emissoresproduzem mensagens para umgrande número de receptores.

Marketing político designa asatividades que têm como objetivo apromoção de parlamentares, membrosdo poder executivo e partidos políticos.

Publicidade é uma atividadeprofissional dedicada à promoção deprodutos ou serviços através dediversos veículos de comunicação.O termo é usado frequentementecomo sinônimo de propaganda.

Iluminismo. Corrente de pensamentoeuropeu do século XVIII que apostavana racionalidade e no progresso daHumanidade. Os pensadoresIluministas estavam sintonizadoscom o nascimento da burguesia.

Industria Cultural. Numa abordagemteórica (Adorno e Horkheimer, 1947)designa a absorção da cultura pela mídia.No uso corrente designa os negóciosque gravitam em torno da cultura.

Sociedade do Espetáculo.Conceito lançado em 1998 por GuyDebord. Designa a transformação dacultura e da política em espectáculoposto em cena pela mídia.

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Referenciais Metodológicos FA7

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CRITÉRIOS GERAISCRITÉRIOS GERAISCRITÉRIOS GERAISCRITÉRIOS GERAISCRITÉRIOS GERAISEducar significa preparar para o exercício pleno da cidadania, promovendo o acesso a conhecimentos e odesenvolvimento de valores e atitudes socialmente relevantes.

A mídia é um elemento essencial no exercício de um poder: a veiculação e discussão da informação. Devemos,portanto, desenvolver uma prática pedagógica que permita:

11111 O acesso a diferentes formatos e suportes midiáticos (televisão, jornal, rádio, filmes, documentários e outros);

22222 A compreensão da trama e do gênero de determinados textos: informativo, publicitário, narrativo (notícia)presentes na mídia.

33333 A interligação dos saberes (linguagens, códigos, ciências humanas, matemática, ciências da natureza, artes, etc)e a sua integração no cotidiano da informação veiculada pelos meios de informação.

44444 Assumir uma postura crítica perante a informação, estabelecendo um vínculo do que é informado com osinteresses dos atores sociais e com as ideologias e visões de mundo presentes na notícia.

PROPOSTPROPOSTPROPOSTPROPOSTPROPOSTAS DE UTILIZAÇÃO DO MAAS DE UTILIZAÇÃO DO MAAS DE UTILIZAÇÃO DO MAAS DE UTILIZAÇÃO DO MAAS DE UTILIZAÇÃO DO MATERIAL DESTE FTERIAL DESTE FTERIAL DESTE FTERIAL DESTE FTERIAL DESTE FASCÍCULASCÍCULASCÍCULASCÍCULASCÍCULOOOOO

Na tabela abaixo, apresentamos algumas propostas para a utilização das informações deste fascículo. Elas sãoponto de partida e não de chegada n construção do conhecimento acerca dos assuntos apresentados.

Atividade /Projeto

Área doSaber MetodologiaObjetivos AvaliaçãoRecursos

Mídia cidadã

Gráfico dajuventude

LínguaPortuguesa

Matemática

Os alunos deverão procurarem jornais e revistasnotícias que digam respeitoa algum problema social doseu bairro ou comunidade.Obviamente que deverá serfeito um levantamentoprévio destes problemasem grupo

Os alunos deverãofazer cartazestraduzindo os dadosda pesquisa na página4 em gráficos noformato de pizza oucolunas.

Caracterizar osGêneros textuaisinformativos.Desenvolverestratégias de leitura.Fazer uma conexãoentre a informaçãoveiculada e o seucontexto.

Desenvolver acapacidade detranspor dadospercentuais deforma gráficae vice-versa.Realizar entrevistase tabular dadosestatísticos.

Jornais e revistas.Os alunos tambémpoderão fazer o registrode notícias veiculadasem jornais televisivos eradiofônicos e trazerseus relatos para ogrupo de forma escrita.

Material para aconfecção de cartazes.

Depois da leitura ecategorização das notícias osalunos poderão fazer um folderinformativo sobre umdeterminado problema dobairro/comunidade, municiandoo mesmo com dados retiradosdas notícias pesquisadas.

Depois de feitos os cartazesos aprendizes irão realizarentrevistas com colegas ejovens da comunidade/bairro,replicando as perguntas como objetivo de elaborar gráficoscom os resultados da suaprópria realidade acerca dostemas levantados.

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REALIZAÇÃO: FASCÍCULOS:

FICHA TÉCNICA

PROGRAMA ELEITOR DO FUTURO / REALIZAÇÃO: Tribunal Regional Eleitoral - Escola Judiciária Eleitoral (CE), UNICEF e Faculdade 7 de Setembro - FA7

FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA / FASCÍCULOS: Comunicação e Cultura / AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS E CERTIFICAÇÂO: Faculdade 7 de Setembro - FA7

COORDENAÇÃO EDITORIAL E TEXTOS FINAIS: Daniel Raviolo / COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: Fábio Delano, Daniel Raviolo, Rui Aguiar, Humberto Mota e Cecília Lacerda

FASCÍCULO "MÍDIA: A FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA" / COLABORAÇÃO: Inês Vitorino, Naiara Rodrigues, Cícera Andrade / PESQUISA: Erivando Freire /

ESTAGIÁRIOS: Cristiane Sampaio, Robson Braga, Gecíola Fonseca e Guilherme Cavalcante / REVISÃO::::: Ethel de Paula, Rodrigo de Oliveira e Fátima Porto / ILUSTRAÇÕES:

Klévisson Viana e Fernando Gonsales (cortesias) / FOTOGRAFIAS: arquivos do Comunicação e Cultura, Projeto Saúde e Alegria e Qu4tro Comunicação

PROJETO GRÁFICO E DESIGN: Qu4tro Comunicação

FACULDADE 7 DE SETEMBROTRIBUNAL REGIONAL

ELEITORAL DO CEARÁ