Mídia Mediaçao Visualidade-2

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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação www.compos.org.br 1 A Visualidade como Paradigma da Comunicação enquanto Ciência Moderna e PósModerna 1 Lucrécia D´Alessio Ferrara 2 Resumo: Tomando como eixo de reflexão e análise os conceitos de sociedade do espetáculo e simulação, respectivamente de Debord e de Baudrillard a fim de estudar as mediações que ocorrem através dos apelos da visualidade, investiga- se a diferença entre a imagem característica da sociedade moderna e suas práticas comunicativas e a imagem técnica estudada por Flusser, onde se detalham as diferenças epistemológicas que se estabelecem entre a imagem tradicional, entendida como linear, e a própria imagem técnica, entendida como de superfície. Este ensaio confronta as epistemologias e metodologias da comunicação inerentes à imagem adotada pelo consumo modernista e a imagem digital que, exageradamente técnica, é mais do que imagem porque pela ausência de iconicidade atinge características de visualidade que apresentam desafios perceptivos e cognitivos e a transformam em imagem pós-moderna. Confrontam- se, portanto, as epistemologias da imagem e da visualidade, a ciência moderna e a pósmoderna. Palavras-chave: epistemologia, comunicação, imagem, visualidade 1. A comunicação entre o moderno e a modernidade A ciência, como a cultura, sofre as consequências das transformações sociais que decorrem dos processos econômicos, políticos e tecnológicos de produção da sobrevivência: a passagem do moderno para a pósmodernidade é cenário das profundas mudanças do nosso tempo. Na evidência dessa mudança, Boaventura de Sousa Santos propõe a emergência de 1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho “Epistemologia da Comunicação”, do XVIII Encontro da Compós, na PUC-MG, Belo Horizonte, MG, em junho de 2009. 2 Professor doutor do Programa de PósGraduação em Comunicação e Semiótica/Pucsp [email protected]

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    A Visualidade como Paradigma da Comunicao enquanto Cincia Moderna e PsModerna1

    Lucrcia DAlessio Ferrara 2

    Resumo: Tomando como eixo de reflexo e anlise os conceitos de sociedade do espetculo e simulao, respectivamente de Debord e de Baudrillard a fim de estudar as mediaes que ocorrem atravs dos apelos da visualidade, investiga-se a diferena entre a imagem caracterstica da sociedade moderna e suas prticas comunicativas e a imagem tcnica estudada por Flusser, onde se detalham as diferenas epistemolgicas que se estabelecem entre a imagem tradicional, entendida como linear, e a prpria imagem tcnica, entendida como de superfcie. Este ensaio confronta as epistemologias e metodologias da comunicao inerentes imagem adotada pelo consumo modernista e a imagem digital que, exageradamente tcnica, mais do que imagem porque pela ausncia de iconicidade atinge caractersticas de visualidade que apresentam desafios perceptivos e cognitivos e a transformam em imagem ps-moderna. Confrontam-se, portanto, as epistemologias da imagem e da visualidade, a cincia moderna e a psmoderna. Palavras-chave: epistemologia, comunicao, imagem, visualidade

    1. A comunicao entre o moderno e a modernidade

    A cincia, como a cultura, sofre as consequncias das transformaes sociais que decorrem

    dos processos econmicos, polticos e tecnolgicos de produo da sobrevivncia: a

    passagem do moderno para a psmodernidade cenrio das profundas mudanas do nosso

    tempo. Na evidncia dessa mudana, Boaventura de Sousa Santos prope a emergncia de 1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Epistemologia da Comunicao, do XVIII Encontro da Comps, na PUC-MG, Belo Horizonte, MG, em junho de 2009. 2 Professor doutor do Programa de PsGraduao em Comunicao e Semitica/Pucsp [email protected]

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    uma dupla ruptura epistemolgica que, secundando uma primeira virada epistemolgica,

    garantiria cincia, a possibilidade que poderia apontar para para uma cincia psmoderna

    voltada para o reencontro do senso comum em uma espcie de reedio da revoluo

    copernicana que garantiria:

    um trabalho de transformao tanto do senso comum como da cincia. Enquanto a primeira ruptura imprescindvel para constituir a cincia, mas deixa o senso comum tal

    como estava entes dela, a segunda ruptura transforma o senso comum com base na

    cincia constituda e, no mesmo processo, transforma a cincia. Com essa dupla

    transformao pretende-se um senso comum esclarecido e uma cincia prudente, ou

    melhor, uma nova configurao do saber que se aproxima da phronesis aristotlica, ou

    seja, um saber prtico que d sentido e orientao existncia e cria o hbito de decidir

    bem. ( Sousa Santos, 1989:33)

    Ressuscita-se, portanto, a phronesis aristotlica que prope uma possvel conexo entre a

    cincia e o senso comum, entre a prtica e a conhecimento, mantendo contudo as

    distines e as diferenas entre a realidade e a reflexo ou entre o conhecimento e aquela

    realidade que se faz visvel e se concretiza pela palavra e a linguagem.

    Essa relao que nos remete ao sculo IV A.C. fortssima porque sobre ela se concentram

    as bases da retrica, da mediao entre interlocutores e, no limite, da comunicao. Com a

    autoridade de estudioso da cultura grega, Jean Pierre Vernant traa o percurso dessa troca

    como sucednea da razo e, com ela, de construo das bases fundamentais da cultura:

    A razo grega no se formou tanto no comrcio humano com as coisas quanto nas

    relaes dos homens entre si. Desenvolveu-se menos com as tcnicas que operam no

    mundo que por aquelas que do meios para domnio de outrem e cujo instrumento

    comum a linguagem: a arte do poltico, do reitor, do professor. A razo grega a que

    de maneira positiva, refletida, metdica, permite agir sobre os homens, no transformar a

    natureza. Dentro de seus limites como em suas inovaes. filha da cidade (Vernant,

    2008: 143)

    Na retrica encontra-se, portanto, o incio oficioso da comunicao e na phronesis, a

    possibilidade da sua epistemologia. Retrica e phronesis seriam, portanto, bases oficiosas

    da comunicao e da sua cincia. Nas relaes de trocas que percorrem todos os planos do

    trabalho da produo ao consumo, se estrutura a vida coletiva onde os homens aparecem,

    simultneamente, como produtores, como sujeitos e como objetos, como emissores e como

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    receptores. Na dinmica dessas trocas surge a causa e o efeito da vida coletiva e nela, a

    verso oficiosa das mediaes que sero mais tarde, no sculo XIX, oficialmente

    recuperadas pela comunicao como domnio cientfico especfico de estudo das relaes

    sociais atravs de mediaes. Na construo daquela razo retrica, encontrava-se a

    capacidade de argumentar, de expressar, de comunicar com destreza e habilidade;

    manifestava-se o antigo conceito de techn que, quela altura, nada tinha em comum com a

    manipulao de suportes tcnicos da comunicao. Com a retrica encontra-se a base da

    comunicao e o incio de um nome que faz da construo do estar em comum, a raz de

    um modo de ser social e individual que encontra na plis seu lugar de exposio e

    construo que se quer pblica, coletiva, social, enfim.

    Roland Barthes em artigo clebre ( 1970) de indispensvel leitura, no hesita em classificar

    a retrica como metalinguagem onde se coordenam uma prtica social que inaugura a

    propriedade da palavra que desenvolve uma proto-cinciae coloca em atividade prticas

    bsicas como observao e classificao dos fenmenos para distinguir homogeneidades e

    diferenas. Sobre a eficincia dessa metalinguagem, se projeta a tcnica argumentativa que

    permite convencer, persuadir e se intensificar atravs do aparato instrumental que congrega

    as capacidades de reproduo e de multiplicao capazes de transformar a realidade

    sujeitanto-a, no mais ao jgo da seduo argumentativa, mas eficincia de um verbal

    passvel de ser modelizado de modo cada vez mais direcionado, medida em que o apelo

    visual surge como recurso sensvel cada vez mais afeito a previsibilidades e interesses

    comunicativos.

    Da relao face a face ao vnculo comunicativo, recrudesce a dimenso programada de

    uma comunicao como instrumento para atingir um efeito. Sem equvoco, possvel

    afirmar que da comunicao face a face quela vinculativa/veculativa caminha-se da

    retrica tecnologia, da comunicao argumentativa, quela reiterativa e redundante, da

    prtica social e coletiva de produzir consensos, sociedade da comunicao que esquece

    sua base oficiosa para restringir-se a um aparato tecnolgico e instrumental que faz da

    comunicao um tautismo social como quer Lucien Sfez (1994) ao apontar, entre

    sociedade e tecnologia da comunicao, tal dependncia que reduz a primeira segunda, a

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    fim de gerar uma totalidade explicativa, capaz de simplificar o fenmeno comunicativo, os

    desvios da sua prtica e suas perspectivas epistemolgicas.

    Essa simplificao explicativa acaba por valorizar o fenmeno comunicativo como

    realidade social de vinculao entre os homens, marca-se o nascimento oficial da

    comunicao como tcnica que emerge no final do sculo XIX ao lado dos dispositivos

    decorrentes da primeira revoluo industrial mecnica e das suas consequncias sociais que

    levaram os homens concentrao populacional em cidades e a outras maneiras de

    produzir, ganhar a vida e estabelecer relacionamentos.

    Estamos no final do sculo XIX com o aparecimento dos primeiros instrumentos tcnicos

    de comunicao, com os sistemas de transporte fluvial, martimo e terrestre e sua

    decorrentes facilidades e rapidez de contatos, ao lado do correio e do desenvolvimento da

    imprensa e, como consequncia, do jornal e da democratizao da informao a expandir-

    se, com rapidez e eficincia, na massa social que evolui para a rede e substitui a romntica

    multido do incio do sculo XIX e dos albores modernistas.

    Aderindo ideologia de um progresso inalienvel, certeiro e inquestionvel como meta a

    ser atingida, a comunicao se perfila, sem hesitao, necessidade de planejar, divulgar e

    disseminar estratgicamente as diretrizes de uma sociedade cada vez mais articulada e

    organizada em um plano de objetivos centralizados que devem ser propagadas,

    comunicados. Com a eficincia desse programa, necessrio convir que a comunicao

    uma cincia moderna. Porm, se esse incio histrico constitui marca da comunicao

    como cincia social, tambm e paradoxalmente, seu estigma.

    Ao lado dessa marca histrica, a comunicao enfrentou, de um lado, o confronto entre o

    moderno e a modernidade ou psmodernidade entendidas como contradies socias e

    humanas e, de outro lado, o difcil dilogo entre compromisso histrico da comunicao e

    sua teoria que procura a phronesis entre a prtica e a reflexo.

    O confronto entre o moderno e a modernidade como conceitos histricos e sociais est no

    cerne do desenvolvimento de uma Teoria de Comunicao e enfrentar esse desafio supe

    entender o que significam aqueles conceitos e, sobretudo, as relaes que propem que

    eles se articulem a fim de produzir uma teoria crtica da comunicao. Essa crtica

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    possibilitaria entender a comunicao atravs de caminhos que esto muito alm de um

    aparato tcnico e tecnolgico ou de sua manipulao estratgica como instrumento linear

    de uma adequao social programada. A abertura desse horizonte crtico obriga o

    desenvolvimento de uma anlise que, inventariando as consequncias da comunicao

    como cincia moderna, leva a enfrentar suas caractersticas como cincia psmoderna.

    Ignorante das suas internas contradies, o moderno coeso na edificao de uma ordem

    planejada na reflexo e na ao e defendida atravs da comunicao. Entre inteno e ao,

    se consolida a defesa moderna da ordem e essa atmosfera embala o bero da comunicao

    como cincia social situada no mago de aporia entre o moderno e o psmoderno, entre a

    ordem e sua ambivalncia.

    Nesse ambiente unnime uma pressuposio tcita: ser e escolher o que se deve ser. Na

    proposio, veiculao e conservao dessa ordem, se situa a gnese da comunicao como

    cincia social que se coloca como instrumento do Estado e, como consequncia, que ensina

    a ver aquilo que se deve ser, ou que se deve ver.

    Surgindo nesse contexto, a comunicao como cincia moderna assume, sem

    constrangimento, sua pretenso de levar o pblico a adotar crenas e comportamentos

    adequados ordem. Uma clara postura administrada do legislador apontado por Bauman,

    embora travestida de cincia empiricamente conduzida, que no desdenha um efeito

    objetivo a ser atingido junto ao pblico. Esse o cenrio em que a Histria da

    Comunicao situa os empiricismos cientficos que deram origem quilo que se chamou

    comunicao de massa.

    Entre seu efeito e seu objeto cientfico, a comunicao contaminada pela natureza

    pragmtica que a faz, ao mesmo tempo, instrumento da ordem moderna, mas em trnsito

    ambivalente para a psmodernidade. O objetivo desse trabalho o estudo dessa natureza

    cientfica que confunde objetivos com objeto cientfico e admite que os efeitos de um

    instrumento possam ser a base argumentativa de uma cincia.

    Enquanto cincia social, a comunicao assume a estranha ambiguidade que a leva, de um

    lado, a assumir a funo administrativa da veiculao da ordem atuando, portanto, como

    intermediria entre o coletivo e o intersse do Estado e desenhando-se como infra-cincia

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    social. De outro lado, no desconhece a capacidade que, inerente aos meios tcnicos, pode

    leva-la a aderir mediao, troca que superaria a passividade de um receptor

    unidimensional, como o nomeou Marcuse em sua obra.

    Mas o homem no unidimensional e comunicao no cabe reduzir-se quela funo

    administrativa e instrumental: aqui o mago da dimenso social da comunicao surge de

    modo definitivo. Em uma complexa relao social que se intensifica de meados para o fim

    do seculo XX, as relaes comunicativas surgem como foras sociais, coletivas, produtivas

    e reprodutivas:

    Estamos ento no mago da questo, ou seja, preciso considerar o mundo da comunicao como lugar no qual as grandes foras sociais do saber e da comunicao se

    colocam como as nicas foras produtivas. O trabalho coletivo da humanidade toma

    consistncia na comunicao e o paradigma comunicacional se identifica pouco a pouco,

    mas com uma evidncia cada vez maior, com o do trabalho social, com o da

    produtividade social. A comunicao se torna a forma pela qual se organiza o mundo da

    vida com toda a sua riqueza...... O trabalho humano de produo de uma nova

    subjetividade ganha toda a sua consistncia no horizonte virtual aberto cada vez mais

    pelas tecnologias da comunicao. (Negri, 1993: 174 e 175)

    Esse o inabalvel caminho da comunicao que evolui, de uma cincia moderna

    transparente norteada por uma coordenao centralizadora que submete aos seus apelos o

    homem, a sociedade e a realidade, para uma outra que procura ser agente da sua prpria

    histria social, no progressiva e linear, mas evolutiva pois se apresenta na trilha de

    caminhos no rotineiros ou administrados:

    Antes de mais a impossibilidade de pensar a histria como um curso unitrio,

    impossibilidade que, segundo a tese aqui sustentada, d lugar ao fim da modernidade,

    no surge apenas da crise do colonialismo e do imperialismo europeu: tambem e talvez

    mais, o resultado do nascimento dos meios de comunicao de massa. Estes meios

    jornais, rdio, televiso, em geral o que se chama hoje em dia telemtica foram

    determinates no processo de dissoluo de pontos de vista centrais, daqueles que um

    filsofo francs, Jean Franois Lyotard, designa como as grandes narrativas ( Vattimo,

    1992: 10 e 11)

    A emergncia definitiva de uma sociedade da comunicao abre quela cincia, o

    complexo horizonte social, no mais transparente e moderno, mas ambiguo e psmoderno:

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    A tese que pretendo propor que, na sociedade dos media, em vez de um ideal de

    emancipao modelado pela auto-conscincia completamente definida, conforme o

    perfeito conhecimento de quem sabe como esto as coisas( seja ele o Esprito Absoluto

    de Hegel ou o homem mais escravo da ideologia como o pensa Marx) abre caminho a um

    ideal de emancipao que tem antes na sua base a oscilao, a pluralidade, e por fim, o

    desgaste do prprio princpio de realidade ( Vattimo, 1992: 13)

    Distanciando-se de uma transparncia instrumental manipuladora e alienada, surge a

    comunicao como cincia psmoderna, s voltas com o desafio de definir a

    fenomenologia dos meios que a fazem comunicante e, sobretudo, definitivamente social.

    Superando qualquer tendncia de periofizao scio-hisstrica, essa posmodernidade

    entendida como estado de desconforto epistemolgico do pesquisador ante a necessidade

    de definio de um campo cientfico:

    A ambivalncia, possibilidade de conferir a um objeto ou evento mais de uma

    categorioa, uma desordem especfica da linguagem, uma falha da funoo nomeadora

    (segregadora) que a linguagem deve desempenhar. O principal sintoma de desordem o

    agudo desconforto que sentimos quando somos incapazes de ler adequadamente a

    situao e optar entre aes alternativas ( Bauman:1999:09)

    2.Comunicao: meio e mediao

    Da antiga raiz social que emerge na gora grega atravs de argumentaes e mediaes

    procura da construo do bem coletivo, a cincia da comunicao no conservou ntida

    lembrana. Ao contrrio, entre os sculos XIX e XX, aturdida com a emergncia e

    expanso social e territorial das novas tecnologias que deram origem aos veculos de massa

    como os jornais, o rdio e, mais tarde, a televiso; a nascente cincia social da

    comunicao adere, sobretudo, eficincia transmissiva daqueles veculos e parece se

    confundir com as prprias tecnologias que os caracteriza. Portanto, ao passar de um

    instrumento linear de transmisso para a dimenso que a faz partcipe de uma sociedade

    mais complexa porque menos transparente, a cincia da comunicao encontra na

    definio de meio comunicativo seu primeiro obstculo.

    Embora os meios no se confundam com a tecnologia dos suportes, h necessidade de

    serem delimitados, porm no como objeto, mas como aes que se desenvolvem

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    motivadas pelas tecnologias dos suportes. Aquelas aes se ampliam e se expandem pelo

    processo interativo que faz implodir repertrios, valores culturais, tenses sociais e

    polticas que, sediadas nos contextos exclusivos de realidades particulares de recepo,

    assumem caractersticas distintas, mas sempre desconcertantes e imprevisveis. Desse

    modo, se de um lado, imprescindvel a discriminao evolutiva das caractersticas

    tecnolgicas dos suportes, de outro lado, necessrio e urgente estudar o modo como

    aquelas caractersticas so recebidas e, sobretudo, como interferem e so interferidas pelos

    processos culturais e polticos contextualizados em distintos territrios ou grupos sociais.

    Esse processo de dupla mo que caracteriza os meios os transforma em processos

    agenciadores da dinmica comunicativa e, por isso mesmo, em desafio epistemolgico

    insubmisso a teorias explicativas ou a mtodos que, mecnicamente, procuram reduzir

    aquela dinmica.

    Na histria circular dos meios enquanto agenciadores de espacialidades comunicativas,

    observa-se que a imagem tem sido apontada como elemento que, explorada pelos meios de

    massa e, notadamente pela televiso, desenvolve a atuao manipulativa do imaginrio

    receptivo, massageado pelos interesses polticos ou mercantis daquela comunicao

    entendida como instrumento passivo a servio daqueles interesses.

    Mas no contexto dessa habitual interpretao, possvel perceber que a imagem no um

    produto de comunicao programada, mas decorrncia de um meio que, na consecuo do

    seu ambiente interativo, patrocinado pela visualidade e no apenas pelo seu produto. Ou

    seja, entende-se que a visualidade mais ampla e complexa do que a imagem que,

    estudada como instrumento comunicativo, est claramente marcada como manifestao de

    transparncia e ordem exigida por uma cincia moderna.

    3. A comunicao como imagem

    No h como negar que a visualidade o meio central da sociedade que se expande de

    meados do sculo XIX aos anos 80 do sculo XX onde se assinala o fim da metanarrativa

    moderna para dar lugar sua transformao que se vem nomeando sociedade psmoderna.

    Entretanto se, na sociedade moderna, a visualidade se manifesta como imagem e articula

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    uma lgica da comunicao de massa; depois dos anos 80, essa lgica desmontada por

    uma avalanche comunicativa que invade e constri os ambientes vitais e se manifesta

    prpriamente como uma visualidade hbrida e sinestsica que se oferece, mas no se impe

    percepo e ateno.

    O american way of life, baseado na racionalidade industrial e no valor de troca

    comercial expandido pela publicidade e pelo consumismo, reduziu a visualidade como

    meio comunicativo imagem que, consumida sem cessar, sintetiza e revela a dinmica

    social e cultural que chamou a ateno da cincia, desencantada com a insuficincia

    pragmtica do marxismo e com a sociedade definitivamente rendida seduo do valor de

    troca e da sua imagem.

    No parmetro dessa seduo, Dbord e Baudrillard, pelo menos na primeira fase das

    respectivas produes tericas, criam, respectivamente, os conceitos chaves para a

    compreenso da dinmica mediativa dos meios de massa ou da indstria cultural:

    sociedade do espetculo e simulao. Nos dois conceitos, enfrenta-se a dimenso da

    imagem como produto de uma razo comunicativa voltada para a culturalizao

    instrumental das sociedades e dos comportamentos. Nos dois tericos encontram-se

    snteses reveladoras dessa instrumentalizao:

    O esperculo no um conjunto de imagens, mas uma relao social entre pessoas,

    mediada por imagens( Dbord, 1997: 14)

    Em Baudrillard, encontra-se o desenvolvimento de uma idia similar:

    Dissimular fingir no ter o que se tem. Simular fingir ter o que no se tem. O

    primeiro refere-se a uma presena, o segundo a uma ausncia( Baudrillard,1991: 14)

    Nos dois casos, prevalece a comunicao mediada pelos seus efeitos de natureza simblica

    que eficientemente mediada pelo valor de troca e pelo faz-de-conta da publicidade e

    substitui a realidade pela imagem que a comercializa. A sociedade do espetculo, conceito

    chave da obra clssica de Dbord, reduz a vida social e suas relaes comunicativas ao

    consumo de imagens entendidas como produto inexorvel do modo de produo capitalista

    onde a comunicao aparece no cerne de uma sociologia marxista que concebe o capital na

    gesto totalitria das relaes sociais:

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    O espetculo o discurso ininterrupto que a ordem atual faz a respeito de si mesma,

    seu monlogo laudatrio. o auto-retrato do poder na poca de sua gesto totalitria das

    condies de existncia...... Se o espetculo, tomado sob o aspecto restrito dos meios de

    comunicao de massa, que so sua manisfeatao superficial mais esmagadora, d a

    impresso de invadir a sociedade como simples instrumentao, tal instrumentao nada

    tem de neutra: ela convm ao automovimento total da sociedade. ( Dbord, 1997: 20 e

    21)

    Intensamente planificada para atender razo operatria do consumo, a imagem a

    dimenso de uma visualidade que reduz sua capacidade interativa ao consumo a servio da

    totalidade comercial do capital: portanto, essa imagem produto expandido do capital.

    Baudrillard em O Sistema de Objetos (1968), Para uma Crtica da Economia Poltica do

    Signo(1972) e Simulacros e Simulao(1981), desenvolve aquela teoria social da

    comunicao situando-a em um outro patamar ao dimensionar, atravs do objeto, o

    consumo no domnio da vida privada e das relaes sociais familiares: o consumo do

    objeto j se impunha como a melhor forma de assumir valores simplesmente simulados:

    A passagem dos signos que dissimulam alguma coisa aos signos que dissimulam que

    no h nada, marca a viragem decisiva. Os primeiros referem-se a uma teologia da

    verdade e do segredo ( de que faz ainda parte a ideologia). Os segundos inauguram a era

    dos simulacros e da simulao, onde j no existe Deus para reconhecer os seus, onde j

    no existe Juzo Final para separar o falso do verdadeiro, o real da sua ressureioa

    artificial, pois tudo est j antecipadamente morto e ressuscitado. ( Baudrillard,

    1981:14)

    Expandindo o espetculo desencantado de Dbord, a simulao de Baudrillard reduz, mais

    uma vez, a visualidade dimenso produtiva da imagem e a copacidade do meio ao efeito

    social de uma comunicao instrumental. Nos dois casos, temos uma teoria social da

    comunicao e no uma teoria dos meios comunicativos; temos uma teoria dos efeitos da

    imagem e no uma teoria da visualidade como meio comunicativo, temos uma cincia da

    contingncia social que fica aqum das contradies modernas finalmente reveladas pela

    psmodernidade.

    Enquanto efeito, a imagem est a servio de uma causa que a agencia e subordina, fazendo-

    a simulao do real e do social, fazendo-a simulao de uma comunicao realmente

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    interativa. Enquanto efeito, a imagem se circunscreve lgica linear que patrocina relaes

    de causa e consequncia e banalizam o processo comunicativo, na medida em que o reduz

    ao simples efeito hegemnico de uma imagem redundante do prprio consumo ou da

    crena no poder do capital.

    4. A comunicao como visualidade

    Enquanto meio comunicativo, a visualidade vai muito alm da imagem e, como

    consequncia, no apenas visual, mas polissensvel e hbrida, pois convoca a energia de

    todos os sentidos que, em dilogo, orientam-se para a mediao, para a troca que no

    linear porque, no planejada, pode encontrar paradoxos que assinalam incomunicao ou

    sua estril realidade:

    Nunca antes na histria, a comunicao foi to boa e funcionou de forma to extensiva

    como hoje. O que as pessoas pensam na dificuldade de produzir dilogos efetivos, isto

    de trocar informaes com o objetivo de adquirir novas informaes. E essa dificuldade

    deve ser conduzida diretamente ao funcionalmento hoje em dia to perfeito da

    comunicao, a saber, deve ser dirigida para a onipresena dos discursos predominantes,

    que tornam todo dilogo impossvel e ao mesmo tempo desnecessrio ( Flusser, 2007:

    98)

    Por essa citao, virifica-se que Flusser ilustra com clareza os impasses da visualidade

    como meio comunicativo. Entretanto, necessrio percorrer detalhes do desenvolvimento

    do seu pensamento para perceber que sua diferena fundamental, no considerar a

    imagem um produto comunicativo como ocorre com os dois autores anteriores, ao

    contrrio, parece-nos que Flusser procura em textos amplamente conhecidos do meio

    acadmico nacional como Ensaio sobre a Fotografia(1998), Filosofia da Caixa Preta(2002),

    O Mundo Codificado( 2007) O Universo das Imagens Tcnicas ( 2008), uma teoria da

    visualidade enquanto meio que gera um ambiente que envolve relaes sociais, trocas

    simblicas, comportamentos e valores porm na desintegrao espontnea da linearidade:

    Os fios condutores que ordenam o universo em processos e os conceitos em juzos

    estariam se desintegrando espontaneamente e no por terem sido cortados. Estariam se

    desintegrando precisamente por termos nos agarrado a eles e por termos permitido a eles

    que nos guiem. Ao termos seguido tais fios at o ncleo de universo, teramos descoberto

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    que, nesse ncleo, os processos ( causais e outros) se desintegram e os colares se

    desfazem em partculas soltas. ( Flusser, 2008: 23)

    Enquanto teoria da visualidade que se plasma na dificuldade perceptiva de uma

    espacialidade circular que se ope facilidade de percepes imediatas e lineares,

    possivel identificar as razes da imagem tradicional e da imagem tcnica oriunda do

    desenvolvimento dos suportes tecnolgicos da informao e da comunicao. Nos dois

    casos, a visualidade no simples produto planejado para atingir um efeito, ao contrrio,

    registra, marca, assinala a espacialidade comunicativa embora, com distintas matrizes

    construtivas. O registro da imagem tradicional se faz pela analogia e sua capacidade de,

    com o recurso do imaginrio, multiplicar imagens ou produzir imagens de imagens; o

    registro da imagem tcnica se faz pela possibilidade de reproduzir o referente. Porm, nos

    dois casos, trata-se de visualidade que registra uma possibilidade da expanso

    comunicativa, embora inusitada e imprevisvel no seu ritmo, fora e consequncia.

    Assinala-se, portanto, a diferena entre a imagem como efeito programado e aquela que

    decorre da visualidade como meio comunicativo flexvel e mvel:

    Com toda imagem nova o universo imaginrio da sociedade transformado, e o poder

    da imaginao faz com que a rigidez da circunstncia, anterior produo de imagens,

    seja substituda pela fluidez e maleabilidade ( Flusser, 2008: 21)

    Entretanto, enquanto visualidade, a imagem tradicional se ope imagem tcnica: se a

    primeira sobretudo registro adaptado contemplao ou exponibilidade em muitos

    casos ritual e mtica( Belting, 2004:42 e 189), a segunda sobretudo, operativa como

    artefato de uma espacilaidade cognitiva que registra uma nova maneira no s de ver, mas

    sobretudo de estar no mundo:

    ....tal imaginao produtora de imagens tradicionais diametralmente oposta

    imaginao produtora de tecno-imagens. De fato, a oposio de tal ordem que parece

    fonte de confuso chamar as duas pelo mesmo termo. Talvez devamos inventar termo

    novo para designar essa nova capacidade que est nascendo, emergindo da conscincia

    histrica e modificando nosso estar-no-mundo ( Flusser, 2008: 22)

    Como se observa, Flusser desenvolve uma outra matriz para compreender a visualidade,

    trata-se de uma dimenso cognitiva que se distancia da contemplao ou do consumo.

    Porm, para compreendermos essa diferena, necessrio distanciarmos esse modo de ver

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    daquele que caracteriza a imagem que se consome. Mais do que uma teoria da imagem,

    Flusser desenvolve uma teoria da visualidade que no se confunde com a espetacularidade

    anterior ou seu efeito social como anestsico perceptivo. Diferem a imagem e a

    visualidade, mas ambas, caracterizam epistemologias distintas da comunicao:

    transformamos uma cincia moderna em outra, psmoderna.

    5. A visualidade como cincia psmoderna

    A extenso dessa visualidade vai da imagem tradicional para aquela tcnica que supera a

    linearidade para desenvolver-se em superfcie e indo alm da sua adequao mimtica em

    relao ao mundo:

    No se trata mais apenas do problema da adequao do pensamento coisa, mas do

    pensamento expresso em superfcies coisa, de um lado, e do pensamento expresso em

    linha do outro ( Flusser, 2007: 104)

    O homem ente que, desde que estendeu a sua mo contra o mundo, procura preservar

    informaes herdadas e adquiridas, e ainda criar informaes novas. Esta a sua resposta

    `a morte trmica, ou, mais exataemnte, morte. Informar a resposta que o homem

    lana contra a morte ( Flusser, 2008: 26)

    Da linha superfcie ou da imagem simblica visualidade em processo de semiose,

    temos uma mudana no modo de conhecer; uma transformao epistemolgica que coloca

    para a comunicao um novo caminho, pois desafia o modo como se pode comunicar:

    Imagens tcnicas so pois produtos de aparelhos que foram inventados com o propsito

    de informarem, mas que acabam produzindo situaes previsveis, provveis.

    Precisamente, tal contradio inerente s imagens tcnicas desafia os produtores das

    imagens. O seu desafio o de fazer imagens que sejam pouco provveis do ponto de

    vista do programa dos aparelhos. O seu desafio o de agir contra o programa dos

    aparelhos no interior do prprio programa. (Flusser, 23008: 28)

    Esta desprogramao no ocorre apenas no nvel tcnico, mas se desenvolve na percepo

    que, em juzo cognitivo, exige que se passe do reconhecimento de um efeito para a

    cognio de distinta visualidade dos meios, quando ultrapassam a tecnologia da

    comunicao de massa para aquela digital com lgicas totalmente distintas que no nos

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    permitem confundir comunicao de massa e a possibilidade apenas possvel da

    comunicao atravs dos meios digitais:

    Decifrar imagens tcnicas implica revelar o programa do qual e contra o qual surgiram,

    decifrar imagens tradicionais impleica revelar a viso do produtor, sua

    ideologia....Neste ponto do argumento preciso abandonarmos o modelo da histria da

    cultura que serviu at aqui para localizarmos a posio das imagens tcnicas na cultura, e

    tentarmos captar, fenomenologicamente a maneira pela qual estamos atualmente no

    mundo. preciso tentar captar como nos movimentamos atualmente no mundo, para

    podermos compreender como tomamos conscincia do mundo e de ns mesmos (

    Flusser, 2008: 29/30)

    Na fenomenologia dessa mudana, sugere-se outras epistemolgia e metodolgia do modo

    de conhecer porque os dois nveis se embaralham: se h mudana no objeto do

    conhecimento que se desenvolve entre o concreto e o abstrato, entre o visvel e o invisvel,

    exige-se que esse estranho objeto em quase dissoluo, seja enfrentado atravs de outros

    cuidados metodolgicos. Essa mudana nos leva a ultrapassar o simples ver contemplativo

    da imagem para enxergar a mudana e a ela reagir, favorvel ou desfavorvelmente. Passa-

    se da visualidade para a visibilidade. ( Ferrara, 2002: 94)

    Superando a ambiguidade que as duas palavras apresentam em portugus, esta diferena

    est contida no conceito de superficialidade:

    Em suma: a definio de imaginar foi formulada para articular a revoluo

    epistemolgica, tico-poltica e esttica pela qual estamos passando. Para articular a nova

    sensao vital emergente.

    A definio faz o elogio da superficialidade ( Flusser, 2008: 45)

    Essa traduo do objeto cientfico em superficialidade aderente superfcie de uma

    cognio dispersa, transforma a produo do conhecimento em aventura heurstica e livre

    de certezas tericas ou empricas. Surge uma nova metodologia: trata-se do tatear que,

    curiosamente, expande a visualidade para o ttil e vem confirmar a dimenso sinestsica e

    hbrida da visualidade quando passa do efeito ideolgico da mensagem para revelar o meio

    movente e em expanso comunicativa. Esse tatear supe tecer a inferncia cognitiva,

    enredando o visvel e o invisvel, o epistemolgico e o metodolgico.

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    Sobretudo se considerarmos a comunicao que decorre do digital, esse tatear supe um

    estranho questionamento histrico, porque os objetos a tatear no chegam jamais a ser

    tateados, visto que, sem lugar e sem referentes, so hiper-reais, conforme quer

    Baudrillard, e oferecem-se ao conhecimento revelia da histria que poderia localiz-los

    ou lugariz-los:

    O homem histrico, informado por textos e com conscincia estruturada linearmente

    por textos, vive em universo que exige ser lido: natura libellum. O universo se

    apresenta, ao homem histrico, enquanto sries de sinais codificados que precisam ser

    decifrados ( explicados, interpretados)....Depois da decomposio do universo em

    elementos pontuais ( e depois da decomposio da conscincia em bits de informao)

    essa postura histrica se tornou inoperante: como os fios ordenadores dos sinais em

    cdigos se desintegraram, o universo perdeu o seu carter de texto, tornou-se ilegvel.

    Nada h a explicar e a interpretar em mundo que consiste de partculas soltas. ( Flusser,

    2008: 50)

    Porm, esse objeto digital, tateado na sua contra-referencialidade imaginada e imaginria,

    se situa em um panorama vazio de cognio, porque no reproduz qualquer conhecimento

    anterior, surge sempre como novo e intocado e se apresenta como uma metfora, um

    devaneio visual muito distante daquela dimenso espetacular da imagem-consumo. Ante

    os bits digitais, tudo mnimo, transitrio e sem ambio de sobrevivncia, embora

    altamente participativo como estmulo cognitivo ou acmulo de experincias. Essa

    estranha epistemologia de situaes imprevistas, carregadas de estmulos afetivos exige o

    mtodo do tatear ou um mtodo deriva, conforme Guy Dbord ( 1956) o batizou e

    atravs do qual pretendia, no s explorar epistemologicamente a cidade como meio

    comunicativo, mas sobretudo exorcizar, poltica e socialmente a sociedade do

    espetculo. Assim v-se que o psmoderno est dentro do moderno ou a imagem, dentro

    da visualidade, como o novo no velho.

    6. Referncias bibliogrficas

    Barbero, Jesus Martin- Dos Meios s Mediaes. Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, 2006 (4 ed)

    Barthes, Roland- LAncienne Rhtorique em Communications, 16. Paris, Seuil, 1970

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    Bauman, Zygmunt. Modernidade e Ambivalncia. Rio de Janeiro, Zahar, 1999

    Belting, Hans. Pour une anthropologie des images. Paris: Gallimard, 2004

    Bourdieu, Pierre. Por uma Sociologia da Cincia. Lisboa, Ed. 70, 2004

    Dbord, Guy. A Sociedade do Espetculo.Rio de Janeiro: Contraponto, 1997

    Dbord, Guy. Teoria da Deriva ( 1956) em Apologia da Deriva Escritos Situacionistas

    sobre a Cidade (Paola Berenstein Jacques, org). Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003

    Ferrara. Lucrcia dAlessio. Design em Espaos. So Paulo: Rosari, 2002

    Flusser, Vilm. O Mundo Codificado. So Paulo: Cosac Naify, 2007

    Flusser, Vilm. O Universo das Imagens Tcnicas. So Paulo: Annablume, 2008

    Negri, Antonio. Infinitude da Comunicao/Finitude do Desejo em Imagem Mquina

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    Santos, Boaventura de Sousa. Introduo a uma Cincia Ps-Moderna. Porto,

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    Sfez, Lucien. Crtica da Comunicao. So Paulo, Loyola, 1994

    Vattimo, Gianni. A Sociedade Transparente. Lisboa, Relgio dAgua, 1992

    Vernant, Jean Pierre. As Origens do Pensamento Grego- Rio de Janeiro, Difel, 2008 (17

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