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MIELOPATIA CERVICAL APÓS IRRADIAÇÃO SIMULANDO TUMOR MEDULAR Rui R. D. CARVALHO*; REYNALDO A. BRANDT**; JERONIMO STECCA*** A mielopatia conseqüente à irradiação de tumores vizinhos à medula espi- nhal cervical constitui um quadro incomum; sendo o tecido nervoso dos mais resistentes às irradiações, os acidentes são raros com as precauções terapêu- ticas habituais, estando as doses de tolerância relativamente bem estabeleci- das 6 . Ahlbom 1 , em 1941, ao estudar os efeitos das irradiações em um grupo de 235 pacientes tratados por tumores do faringe, foi o primeiro a descrever 4 casos de lesões da medula espinhal conseqüentes às irradiações. Stevenson e Ekhardt 31 , em 1945, foram os primeiros a descrever o quadro histopatológico da mielopatia cervical, ao estudarem um paciente de 45 anos que faleceu após ter sido irradiado por um linfoepitelioma do rinofaringe. Boden 7 , em 1948, encontrou 10 casos de mielopatia cervical em um grupo de 161 pacientes irra- diados. Itabashi e col. 16 , ao reverem a literatura em 1957, encontraram 16 casos relatados, aos quais adicionaram outros dois. Alajouanine e col. 2 en- contraram 27 casos publicados até 1961, fazendo o relato clínico e anátomo- patológico de mais outro. Eyster e Wilson 15 , em 1970, descreveram mais 3 casos, procurando estabelecer o diagnóstico diferencial com outras afecções da medula cervical. Palmer 24 , em 1972, estudou mais 7 pacientes com mie- lopatia progressiva após irradiação de territórios vizinhos à medula espinhal. Lampert e Davis 18 distinguem os efeitos das irradiações em precoces e tardios. A reação precoce é caracterizada por uma mielopatia de intensi- dade variável, que se manifesta nas primeiras horas ou dias após a irradiação e geralmente regride sem deixar seqüelas aparentes; ela depende da dose e do tempo de irradiação, pelo que foram estabelecidos experimentalmente os seus limites. A reação tardia pode manifestar-se de maneira abrupta ou insidiosa e ser verificada após um tempo de latência variável entre um e 70 meses 27 ; a maioria, no entanto, manifestou-se em tempo não superior a 22 meses. Caracteriza-se por um comprometimento motor e sensitivo dos 4 membros, freqüentemente associado a distúrbios esfincterianos, conseqüentes Disciplina de Neurocirurgia e Departamento de Patologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo: * Professor de Neurocirurgia; ** Re- sidente de Neurocirurgia; *** Professor-Assistente de Patologia.

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MIELOPATIA CERVICAL APÓS IRRADIAÇÃO SIMULANDO

TUMOR MEDULAR

Rui R. D. C A R V A L H O * ;

R E Y N A L D O A. B R A N D T * * ;

J E R O N I M O S T E C C A * * *

A mielopatia conseqüente à irradiação de tumores vizinhos à medula espi­

nhal cervical constitui um quadro incomum; sendo o tecido nervoso dos mais

resistentes às irradiações, os acidentes são raros com as precauções terapêu­

ticas habituais, estando as doses de tolerância relativamente bem estabeleci­

das 6 .

A h l b o m 1 , em 1941, ao estudar os efeitos das irradiações em um grupo de

235 pacientes tratados por tumores do faringe, foi o primeiro a descrever 4

casos de lesões da medula espinhal conseqüentes às irradiações. Stevenson e

Ekhardt 3 1 , em 1945, foram os primeiros a descrever o quadro histopatológico

da mielopatia cervical, ao estudarem um paciente de 45 anos que faleceu após

ter sido irradiado por um linfoepitelioma do rinofaringe. Boden 7 , em 1948,

encontrou 10 casos de mielopatia cervical em um grupo de 161 pacientes irra­

diados. Itabashi e col . 1 6 , ao reverem a literatura em 1957, encontraram 16

casos relatados, aos quais adicionaram outros dois. Alajouanine e col. 2 en­

contraram 27 casos publicados até 1961, fazendo o relato clínico e anátomo-

patológico de mais outro. Eyster e W i l s o n 1 5 , em 1970, descreveram mais 3

casos, procurando estabelecer o diagnóstico diferencial com outras afecções

da medula cervical. P a l m e r 2 4 , em 1972, estudou mais 7 pacientes com mie­

lopatia progressiva após irradiação de territórios vizinhos à medula espinhal.

Lampert e D a v i s 1 8 distinguem os efeitos das irradiações em precoces e

tardios. A reação precoce é caracterizada por uma mielopatia de intensi­

dade variável, que se manifesta nas primeiras horas ou dias após a irradiação

e geralmente regride sem deixar seqüelas aparentes; ela depende da dose e

do tempo de irradiação, pelo que foram estabelecidos experimentalmente os

seus limites. A reação tardia pode manifestar-se de maneira abrupta ou

insidiosa e ser verificada após um tempo de latência variável entre um e

70 meses 2 7 ; a maioria, no entanto, manifestou-se em tempo não superior a

22 meses. Caracteriza-se por um comprometimento motor e sensitivo dos

4 membros, freqüentemente associado a distúrbios esfincterianos, conseqüentes

Discipl ina de Neuroc i ru rg i a e Depa r t amen to de P a t o l o g i a da Facu ldade de

Ciências Médicas da Santa Casa de São P a u l o : * Professor de Neuroc i ru rg ia ; ** R e ­

sidente de Neuroc i ru rg i a ; *** Professor-Assis tente de Pa to log i a .

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a mielopatia progressiva e que, na maioria dos casos, evolui para um compro­

metimento grave da medula cervical, podendo determinar óbito por paralisia

da musculatura respiratória ou infecção secundária. Dos 10 casos descritos

por Boden 7 , 5 faleceram em conseqüência da lesão, 4 recuperaram-se total­

mente e um estava sendo acompanhado no momento do relato. Dos 18 casos

revistos por Itabashi e col . 1 6 , 13 faleceram em conseqüência da lesão. Pal­

m e r 2 4 ao estudar o quadro clínico e anátomo-patológico de 12 pacientes que

receberam irradiação em territórios vizinhos à medula espinhal, encontrou 7

com sintomas de mielopatia progressiva. Eyster e Wilson 1 5 ao descreverem

3 casos diagnosticados em vida, com seqüelas graves conseqüentes à radiote­

rapia, chamaram a atenção para o diagnóstico diferencial da mielopatia após

irradiação com o dos tumores extra e intramedulares e, mesmo, com as

metastases medulares, apesar de serem excepcionais. Os tumores podem ser

diagnosticados mediante mielografia, chamando os autores a atenção para a

ausência de sinais mielográficas na mielopatia após irradição, nos casos em

que o exame foi realizado. Apenas P a l m e r 2 4 relata bloqueio mielográfico em

um dos pacientes estudados. Tendo em vista que, no nosso paciente, o aspecto

mielográfico era o de processo expansivo intramedular, julgamos oportuno o

presente relato.

O B S E R V A Ç Ã O

A . N . S . , sexo masculino, 25 anos, admitido em 16 de marco de 1971 (Registro 811.181), referindo que há 13 meses apresentara um tumor na região cervical pos­terior direita, do qual foi feita biopsia em outro hospital. Diagnosticada metástase de carcinoma indiferenciado do rinofaringe em gânglio linfático, foi submetido a telecobaltoterapia a partir de junho de 1970, recebendo um total de 6000 r em 6 semanas, além de methotrexate. A lesão do rinofaringe necrosou e desapareceu o infartamento ganglionar cervical. O paciente permaneceu totalmente assintomático até janeiro de 1971, quando surgiu dormência do membro inferior esquerdo e re­tenção urinaria. Vinte dias depois a dormência tomou também o membro inferior direito, com dificuldade à deambulacão. Logo a seguir surgiu dificuldade à movi­mentação do membro superior esquerdo e, uma semana antes da admissão, o déficit tomou o membro superior direito, com dor na região escapular e cervical. Exame neurológico — Paraplegia crural espástica com intensa paresia dos membros supe­riores, pior à esquerda; reflexos patelares e aquileus hiperativos, com clono de pés; reflexos bicipitais e tricipitais vivos; sinal de Babinski bilateralmente; abolição dos reflexos cutâneo-abdomlnais e cremastéricos; anestesia completa abaixo de T4 à direita e T8 à esquerda, sendo que este nivel de sensibilidade subiu a T4 bilate­ralmente em poucos dias. Exames laboratoriais — Hemograma: série vermelha normal; 4800 leucocitos, sendo 22% de eosinófilos. Exames de urina, parasitológico de fezes e glicemia foram normais. Exame do líquido cefalorraqueano: pressão ini­cial de 13 cm de á g u a e final de 7 cm após retirada de 6 ml; liquido límpido e incolor; a prova de Queckenstedt-Stookey mostrou bloqueio parcial do canal; 11 leucocitos por mm 3 ; 70 mg% de proteinas; 693 mg% de cloretos; 60 mg% de glicose; reação de Pandy positiva; reações de Wasserman, V D R L e Weimberg negativas. Mielografia (Fig . 1 - A ) : imagem de processo expansivo intramedular cervical. Após este exame o paciente foi levado à laminectomia cervical mas ocorreu parada car­diaca antes que fosse aberta a dura-mater, não se recuperando.

Exame macroscópico do sistema nervoso central — A medula cervical apresen­tou-se tumefeita, com volume bastante aumentado (Fig . 1 -B) . Após fixação em formol a 10%, aos cortes a sua consistência era mole, tendo aspecto necrótico,

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com áreas friáveis ao lado de outras de aspecto finamente esponjoso e de cor amarelo-palha. A superfície ventral do terço inferior do bulbo tinha o mesmo aspecto. O restante da medula, bem como o encéfalo, não apresentou qualquer alteração de forma e consistência. Exame microscópico — Os cortes histológicos mostraram necrose de coagulacão da medula cervical desde C l até C5. Esta ne­crose comprometia principalmente a substância branca, sem preferência por qual­quer de seus cordões, ocorrendo em focos de tamanhos variáveis (Fig . 1-C); desmie-linizacão em extensas áreas dos cordões medulares (Fig. 1 -D) . Havia algumas áreas de calcificacão e, em raros focos de necrose, hemorragia recente (Fig . 2 - A ) , bem como massas amorfas de substância P A S positiva (Fig . 2 -B) . A substância cinzenta também estava comprometida, principalmente ao nível de C l e C2, com necrose neuronal do tipo isquémico, caracterizada por homogeneização e arredonda­mento do corpo celular e perda do núcleo, o que era mais intenso em um dos lados da medula e atingia tanto os cornos anteriores como os posteriores (Fig . 2-C) . Nos demais níveis o comprometimento da substancia cinzenta era relativamente dis­creto. As arteríolas da leptomeninge bem como as da substancia nervosa apresen­tavam discreto espessamento da parede, estando a túnica média necrosada e hialini-zada, com as células endoteliais bastante tumefeitas. Por vezes havia trombose hialina destas arteríolas. O material necrótico da túnica média corou-se em vermelho

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pelo tricrómico de Masson, sendo P A S positivo, o que sugere tratar-se de necrose fibrinóide (Fig . 2 - D ) . Hav ia reação inflamatoria constituída por macrófagos, lin-fócitos e alguns neutrófilos em torno de pequenos vasos do parênquima nervoso e da leptomeninge. N ã o havia, no entanto, qualquer infiltrado inflamatorio ao redor das arteríolas necróticas. Raizes raqueanas com aspecto normal.

C O M E N T A R I O S

Os efeitos precoces das irradiações sobre o sistema nervoso central são

conhecidos d"?sde 1930, a partir dos trabalhos experimentais de Cairns e

F u l t o n 1 0 que colocaram sementes de platina radioativa no canal raqueano de

gatos e macacos, notando o aparecimento de paraplegia que se instalava nas

primeiras 24 horas e se completava em 3 a 4 dias. P e y t o n 2 6 repetiu esta

experiência em 7 cães notando que a paraplegia se instalava tanto mais rapi­

damente quanto maior a dose de irradiação. O quadro histopatológico da

mielopatia precoce é de necrose medular comprometendo tanto a substância

branca quanto a cinzenta, podendo haver hemorragias, infiltrados inflamato­

rios e reação glial de grau variável 3 6 .

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Os efeitos tardios também foram estudados experimentalmente, havendo

um número maior de trabalhos referentes a lesões encefálicas 3 . 9> 1 2> 1 4> 1 7> 2 2 • 2 5 > 2 8 . Davidoff e c o l . 1 3 irradiaram o cérebro de 8 macacos, o cerebelo e o

bulbo de 5 e a medula de 3, estabelecendo as doses de irradiação que determi­

naram efeitos precoces e tardios. As lesões tardias são favorecidas pelas alte­

rações vasculares, como demonstrou W a r r e n 3 5 ao destacar a sensitibilidade

das células endoteliais às irradiações; as lesões vasculares variam desde o

entumescimento endotelial até as tromboses com oclusão parcial ou total da

luz dos vasos. A estas alterações associam-se as da barreira hêmato-liquó-

rica 1 1 . Scholz e Hsu 2 9 irradiaram a cabeça de 3 esquizofrênicos, sendo que

dois destes faleceram 17,5 e 19 meses depois. E m ambos houve necroses

extensas, de tamanhos e idades diferentes no encéfalo; os neurônios apresen­

taram-se tumefeitos, com cromatolise, núcleos excêntricos e picnóticos; houve

também necrose da substância branca, com pouca ou nenhuma reação tecidual.

A estas lesões recentes se associaram outras, de aspecto sub-agudo, com

focos de desmielinização e edema da bainha, acúmulo de corpúsculos grânulo-

gordurosos e leve proliferação vascular. E m algumas áreas os autores encon­

traram acentuada "fibrose vascular", chamando-lhes a atenção o encontro de

uma substância homogênea, na luz e na parede dos vasos; esta substância

corava-se em castanho amarelado pelo método de van Gieson, laranja aver­

melhado pelo vermelho Congo e vermelho escuro pela técnica de Mallory.

Scholz sugeriu que esta substância representava o substrato de uma reação

antígeno-anticorpo. Estes achados histopatológicos coincidem com os de vários

autores, tanto em estudos clínicos quanto experimentais. Para a l g u n s 3 5 as

lesões do tecido nervoso seriam a conseqüência das alterações vasculares, en­

quanto que outros 3 3 chamam a atenção para o encontro de lesões parenqui-

matosas em territórios maiores do que os esperados pelas alterações vasculares

encontradas. Arnold e col. 4 , estudando o efeito das irradiações sobre o sistema

nervoso central de macacos, notaram o aparecimento de lesões nervosas antes

do aparecimento de alterações vasculares, concluindo por uma ação direta das

irradiações, particularmente sobre a substância branca. Zülch 3 7 destaca tam­

bém o predomínio das lesões da substância branca nas reações tardias após

as irradiações, acreditando serem estas a conseqüência de um processo imuno-

lógico que seria caracterizado pela presença da substância amilóide descrita

por Scholz 2 9 e outros autores 2 1 > 3 2 . Este processo seria conseqüente à trans­

formação da mielina e seus produtos de degradação em antígenos pelas irra­

diações. Lowenberg-Scharemberg e Basse t 1 9 , no entanto, consideram esta

substância amilóide como sendo o produto final de um ciclo de alterações da

astroglia. Bornstein (referido por Lampert e c o l . 1 8 ) observaram a presença

de um agente com capacidade desmielinizante no soro de pacientes que rece­

beram irradiação cerebral, agente este semelhante ao obtido de pacientes com

surtos de exacerbação de esclerose múltipla e ao de animais com encefalomielite

alérgica experimental. Boden 7 > 8 estabeleceu o limite de 3600 r em 17 dias

como dose permitida para a irradiação da medula cervical. Pallis e co l . 3 3 em

1961 recomendaram doses menores, de 3300 r em 42 dias. Atkins e T r e t t e r 5

em 1966 referiram que doses de 4750 r em 36 dias constituíam um risco mínimo

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para a medula. Mc Laurin e col. 2 0 concluíram que a velocidade de adminis­

tração era diretamente responsável pelas lesões medulares, sendo mesmo mais

importante que a dose total considerada.

R E S U M O

Os autores relatam um caso de paciente de 25 anos, masculino, submetido

a radioterapia cervical por carcinoma indiferenciado do rinofaringe com me­

tástases ganglionares. Seis meses depois desenvolveu tetraparesia progressiva

com exames liquórico e mielográfico compatíveis com diagnóstico de tumor

intramedular. O exame histopatológico revelou aspecto característico da mie­

lopatia após irradiação.

S U M M A R Y

Radiation cervical myelopathy simulating spinal cord tumor: a case report

T h e clinical and pathological studies of a post-radiation cervical myelo­

pathy in a 25 year old male are reported. T h e patient had received 6000 r at

the neck region for an undifferentiated carcinoma of the pharynx wi th me­

tastasis to limph nodes. Six months lat ter progressive tetraparesis developed

and myelography suggested intramedullary tumor. Pos t -mor tem examination

showed radiation cervical myelopathy.

R E F E R Ê N C I A S

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Disciplina de Neurocirurgia — Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa

— R. Cesário Motta Junior 112 — 01221 São Paulo, SP — Brasil.