Milagres do Espírito Santo

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1 E O spírito  spírito  spírito  spírito  spírito  SANTO Os Milagres e o Espírito Santo Owen D. Olbricht  Owen D. Olbricht  Owen D. Olbricht  Owen D. Olbricht  Owen D. Olbricht  Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialm ente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade (Hebreus 2:3, 4). Os milagres são uma parte importante da obra do Espírito Santo. As Escrituras mostram que o Pai usou o Espírito Santo como o agente pelo qual Ele realizava milagres (Hebreus 2:3, 4 ). Através das atividades miraculosas do Espírito Santo, Deus testificou que os homens que estavam falando eram Seus mensageiros (Marcos 16:20). Sendo assim, através do Espírito, Ele apresen tou, confirmou e preservou Sua Palavra. OS MILAGRES NÃO SE REPETIRÃO O que Deus proporcionou através de um ato miraculoso, Ele não precisa proporcionar novamente repetindo esse milagre. Através da criação Deus apresentou, de um a vez por todas, provas de Sua existência e natureza (Romanos 1:20) e da grandeza de Sua mente criativa, nas mais inumeráveis formas de vida sobre o nosso planeta. Desde os dias da criação, tudo o que se precisa para provar o poder e a natureza de Deus está contido no que Ele criou. Nos primórdios da história da humanidade, religiões politeístas fabricaram muitos deuses, criando uma necessidade de se provar que existe um único Deus e provar quem é Ele. Deus decidiu provar a Si mesmo no Egito, um país cheio de deuses falsos. Num cenário infestado de uma multiplicidade de deuses, o faraó do Egito perguntou: “Quem é o Senhor para que lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel?” (Êxodo 5:2a). Em resposta, Deus demonstrou que somente Ele é Deus, e disse: “…executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor” (Êxodo 12:12).  Jetro, sogro de Moisés, tirou uma conclusão correta diante dos milagres de Deus ao libertar Israel da escravidão egípcia; disse ele: “Agora, sei que o Senhor é maior que todos os deuses, porque livrou este povo de debaixo da mão dos egípcios, quando agiram arrogantemente contra o povo” (Êxodo 18:11). Deus não precisou provar a cada geração sucessora que Ele é o único Deus. Ele disse a Moisés que realizaria sinais no Egito, “para que contes a teus filhos e aos filhos de teus filhos como zombei dos egípcios e quantos prodígios fiz no meio deles, e para que saibais que eu sou o Senhor” (Êxodo 10:2). Deus não repetiria os milagres que realizou no Egito para os filhos de Israel ou seus netos, com o fim de mostrar-lhes que Ele tinha poder sobre os deuses dos egípcios. A geração que viu esses sinais, deveria conta às gerações seguintes para que estes aceitassem

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E O

spírito spírito spírito spírito spírito SANTO

Os Milagres e o Espírito Santo 

Owen D. Olbricht Owen D. Olbricht Owen D. Olbricht Owen D. Olbricht Owen D. Olbricht 

Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sidoanunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dandoDeus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e pordistribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade (Hebreus 2:3, 4).

Os milagres são uma parte importante daobra do Espírito Santo. As Escrituras mostramque o Pai usou o Espírito Santo como o agentepelo qual Ele realizava milagres (Hebreus 2:3, 4).Através das atividades miraculosas do Espírito

Santo, Deus testificou que os homens que estavamfalando eram Seus mensageiros (Marcos 16:20).Sendo assim, através do Espírito, Ele apresentou,confirmou e preservou Sua Palavra.

OS MILAGRES NÃO SE REPETIRÃOO que Deus proporcionou através de um

ato miraculoso, Ele não precisa proporcionarnovamente repetindo esse milagre. Através dacriação Deus apresentou, de uma vez por todas,provas de Sua existência e natureza (Romanos1:20) e da grandeza de Sua mente criativa, nas

mais inumeráveis formas de vida sobre o nossoplaneta. Desde os dias da criação, tudo o que seprecisa para provar o poder e a natureza de Deusestá contido no que Ele criou.

Nos primórdios da história da humanidade,religiões politeístas fabricaram muitos deuses,criando uma necessidade de se provar que existeum único Deus e provar quem é Ele. Deus decidiuprovar a Si mesmo no Egito, um país cheio de

deuses falsos. Num cenário infestado de umamultiplicidade de deuses, o faraó do Egitoperguntou: “Quem é o Senhor para que lhe ouçaeu a voz e deixe ir a Israel?” (Êxodo 5:2a). Emresposta, Deus demonstrou que somente Ele é

Deus, e disse: “…executarei juízo sobre todos osdeuses do Egito. Eu sou o Senhor” (Êxodo 12:12).  Jetro, sogro de Moisés, tirou uma conclusãocorreta diante dos milagres de Deus ao libertarIsrael da escravidão egípcia; disse ele: “Agora,sei que o Senhor é maior que todos os deuses,porque livrou este povo de debaixo da mão dosegípcios, quando agiram arrogantemente contrao povo” (Êxodo 18:11).

Deus não precisou provar a cada geraçãosucessora que Ele é o único Deus. Ele disse aMoisés que realizaria sinais no Egito, “para que

contes a teus filhos e aos filhos de teus filhoscomo zombei dos egípcios e quantos prodígiosfiz no meio deles, e para que saibais que eu souo Senhor” (Êxodo 10:2). Deus não repetiria osmilagres que realizou no Egito para os filhos deIsrael ou seus netos, com o fim de mostrar-lhesque Ele tinha poder sobre os deuses dos egípcios.A geração que viu esses sinais, deveria conta àsgerações seguintes para que estes aceitassem

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Deus como o único e verdadeiro Deus.Anos mais tarde, Gideão indagou: “Se o

Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudoisto? E que é feito de todas as suas maravilhasque nossos pais nos contaram, dizendo: Não nosfez o Senhor subir do Egito?…” (Juízes 6:13). Apergunta de Gideão é uma prova de que 1) mi-

lagres como esses que libertaram Israel do Egitonão são mais realizados e 2) gerações posterioressouberam desses milagres.

Semelhantemente, os que viram Jesus ope-rando milagres os registraram para que geraçõesfuturas pudessem crer (João 20:30, 31). Hoje, nóssomos informados da vida, dos milagres, damorte, do sepultamento e da ressurreição de

  Jesus através da Palavra escrita. Esses aconte-cimentos não se repetirão.

OS MILAGRES TINHAM UMPROPÓSITO ESPECÍFICO

 Jesus às vezes realizava milagres pela com-paixão que tinha das pessoas (Mateus 9:36; 14:14;

15:32; 20:34). Todavia, cada milagre, desde acriação, tinha um mesmo propósito por trás de si.1. O propósito da magnificência da criação

foi provar a existência de Deus (Romanos 1:20).2. Através dos milagres, Deus mostrou que é

o único Deus verdadeiro — um Deus acima dosdeuses egípcios (Êxodo 10:2) e acima dos deusescananeus (1 Reis 18:36–39).

Alguns grupos religiosos continuam à espera de sinais e prodígios hoje por causa desta afirmação:“Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” (Hebreus 13:8). Essa conclusão não pode estarcorreta; pois essa passagem não está se referindo a milagres, e sim ao cuidado providencial e contínuo deDeus pelo Seu povo (Hebreus 13:5, 6). Ademais, a passagem não pode estar ensinando que todos osaspectos da existência ou das atividades de Deus são e sempre serão os mesmos. Jesus não tem sido sempreo mesmo em todos os sentidos; por exemplo, Ele existiu em forma de espírito antes de vir à terra e assumirum corpo humano (João 1:14; Hebreus 10:5c), e depois voltou à Sua natureza original ao subir ao Pai (João17:5). Jesus não está aqui na terra agora, nem virá novamente em pessoa para realizar milagres paracrermos que Ele é o Filho de Deus. Os sinais e prodígios que Jesus realizou enquanto estava na terra tinhamesse propósito e foram registrados para que creiamos (João 20:30, 31). Da mesma forma, Sua morteredentora na cruz não é um ato contínuo, mas foi realizada de uma vez por todas e nunca se repetirá(Hebreus 1:3; 7:27; 9:12, 24–26; 10:12–14).

As atividades de Jesus fora da carne também não foram sempre as mesmas. Ele criou todas as coisas

(João 1:3; Colossenses 1:16) em seis dias (Gênesis 2:2; Êxodo 20:11), um ato acabado que não se repetiu atéonde sabemos. Através do milagre da criação, Jesus provou à humanidade Sua existência e glória(Romanos 1:19, 20; Salmos 19:1; João 1:1–3). Tendo já revelado toda a verdade (João 14:26; 16:13; Judas3) — que não precisa de acréscimos nem de alterações (Gálatas 1:8, 9; Apocalipse 22:18, 19) — Ele não estácontinuamente revelando uma nova verdade.

 Jesus permanece coerente com Sua personalidade e Seu cuidado conosco, mas isto não quer dizer queEle criará novos mundos, morrerá novamente por nossos pecados, será ressuscitado ou andará nas águasnovamente, alimentará multidões com alguns pães e peixes, ou repetirá algum de Seus grandes milagrespara que creiamos nEle. Nossa crença não deve se basear em sinais visíveis. Se não vemos, mas ainda assimcremos no testemunho escrito de Deus, somos abençoados (veja João 20:29b). Seus milagres foramrealizados e registrados para que as gerações sucessoras, incluindo a nossa, cresse que Ele é o Cristo, o Filhode Deus (João 20:30, 31).

No Pentecostes, através de Pedro, Deus deu testemunho de que Ele aprovava Jesus “com milagres,

prodígios e sinais” (Atos 2:22). Aqueles que não crêem em Jesus duvidam do testemunho de Deus a respeitode Jesus: “…Aquele que não dá crédito a Deus o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho” (1 João 5:10; grifo meu). Esse versículo não se refere ao testemunho que Deus “estádando”, como se Ele continuasse dando testemunho, mas diz “testemunho que ele deu” (gr. memartureken ,um verbo no perfeito do indicativo ativo), indicando que a ação foi concluída mas tem resultadoscontínuos. O verbo implica que Deus concluiu o ato de dar Seu testemunho de Jesus, mas que essetestemunho ainda existe para gerar fé. A fé que continua sendo gerada por causa do testemunho passadode Deus, através dos milagres de Jesus, tem resultados contínuos por meio do registro escrito de Suas obras(João 20:30, 31).

JESUS PERMANECE O MESMO

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3. Deus provou que Jesus era Seu Filhoatravés de milagres, maravilhas e prodígios (João20:30, 31; Atos 2:22).

4. Deus identificou certos homens (os apósto-los) como Seus porta-vozes aprovados “porsinais, prodígios e poderes miraculosos” (2 Co-ríntios 12:12).

5. Deus usou Seu divino poder para revelarSua Palavra através do Espírito Santo a homensescolhidos (Efésios 3:3–5; 2 Timóteo 3:16; 1 Pedro1:10–12; 2 Pedro 1:20, 21).

6. A Palavra não só foi concedida miraculo-samente aos porta-vozes de Deus, como tambémfoi confirmada por milagres, maravilhas e pro-dígios (Marcos 16:20; Atos 14:3; Hebreus 2:2–4).

7. Deus confirmou Sua vontade por sinaismiraculosos. Por exemplo, Ele usou um sinalpara confirmar que estava abrindo as portas dasalvação aos gentios (Atos 10:47; 11:17; 15:7–9).Sinais também mostraram a aprovação divinada conversão dos samaritanos (Atos 8:14–19) —um povo normalmente não aceito pelo povo judeu (João 4:9) — e do rebatismo dos convertidosde João Batista (Atos 19:1–6).

HÁ SINAIS FALSOSSENDO REALIZADOS

Falsos mestres podem conseguir realizarsinais e maravilhas convincentes. Moisés (Deute-ronômio 13:1–3), Jesus (Mateus 24:24), Paulo(2 Coríntios 11:13–15; 2 Tessalonicenses 2:8–10) e

  João (Apocalipse 13:13, 14; 16:14), todos elesensinaram essa verdade.

Devemos julgar o que os mestres dizem paraidentificarmos se são mestres verdadeiros deDeus ou não. O fruto de um profeta (Mateus7:15–20), seu ensino, é a base pela qual devemosdiscernir entre um profeta verdadeiro e um falso.Deus instruiu Seu povo:

Quando profeta ou sonhador se levantar nomeio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio,e suceder o tal sinal ou prodígio… e disser:Vamos após outros deuses, que não conheceste,

e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desseprofeta ou sonhador; porquanto o Senhor, vossoDeus, vos prova, para saber se amais o Senhor,vosso Deus, de todo o vosso coração e de todaa vossa alma. Andareis após o Senhor, vossoDeus, e a ele temereis; guardareis os seusmandamentos, ouvireis a sua voz, a ele servireise a ele vos achegareis. Esse profeta ou sonhadorserá morto… (Deuteronômio 13:1–5).

Deus espera que Seu povo teste um mestrepelo que este diz (1 João 4:1, 6). Qualquer um que

não ensine a verdade divina revelada como seencontra na Bíblia é um falso profeta, ainda quepareça realizar sinais e maravilhas.

O faraó foi enganado pelas obras de seusmágicos que “com as suas ciências ocultas”(Êxodo 7:11) repetiram os milagres de Moiséstransformando cajados em cobras, água em

sangue (Êxodo 7:20, 22) e fazendo aparecer rãs(Êxodo 8:6, 7). Essas atividades, por mais miracu-losas que parecessem, não provavam que osmágicos de faraó eram de Deus. Da mesma forma,os feitos semelhantemente incomuns, realizadospelos modernos, e assim chamados, operadoresde milagres, não provam que Deus esteja ope-rando através deles.

Devemos suspeitar da origem de tais práticasenganosas. Não seriam poderes miraculosos falsosde Satanás (2 Tessalonicenses 2:9), obras engano-sas de homens motivados por Satanás (2 Coríntios11:13–15), operações de erro permitidas por Deus(2 Tessalonicenses 2:11, 12), ou sinais realizadospor demônios (Apocalipse 16:14)? Deus permiteque Satanás exerça esse poder hoje? Sabemosque Deus deu permissão a Satanás para afligir Jó(Jó 1:12; 2:6) e que um demônio dava forças a um jovem para quebrar cadeias e grilhões (Marcos5:2–4). Todavia, Satanás jamais foi capaz derealizar algo comparável aos verdadeiros mi-lagres de Deus. Poderes incomuns exercidos porSatanás ou demônios não provam que Satanás e

os demônios têm poderes miraculosos hoje. Oque podemos saber com certeza é que os queescreveram a Bíblia eram de Deus, e através doque eles escreveram podemos identificar overdadeiro e o falso mestre (1 João 4:6).

OS MILAGRESTINHAM UMA ORIGEM DIVINA

Os milagres eram operados pelo poder deDeus e não somente pela força da fé de umapessoa. Jesus, tendo Se esvaziado a si mesmo(Filipenses 2:6, 7), operou Seus milagres pelo

poder do Espírito Santo, com o qual foi ungido(Mateus 12:28; Lucas 4:18; Atos 10:38). Jesusconcedeu alguns poderes miraculosos aos setentadiscípulos (Lucas 10:9, 17), bem como aos apósto-los, durante Seu ministério pessoal (Mateus 10:1),talvez por meio do Espírito Santo que estavacom eles (João 14:17). Mais tarde, quando foram  batizados e ficaram cheios do Espírito Santo(Atos 1:2–5; 2:4), foram dotados de mais poder

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ainda. Parece significativo que só os apóstolossão mencionados como operando milagres,algum tempo depois da vinda do Espírito Santono dia de Pentecostes (Atos 2:43; 4:33; 5:12).Outros cristãos não começaram a operar milagresenquanto os apóstolos não lhes impuseram asmãos, assim como aconteceu a Estêvão e Filipe

(Atos 6:5, 6, 8; 8:6).No começo de seu discipulado — emborativessem recebido o poder para expulsar espí-ritos imundos (Mateus 10:1, 8; Marcos 3:14, 15)e tivessem até expulsado demônios (Marcos6:13) — os apóstolos fracassaram ao tentar curarum endemoninhado. Isso aconteceu não por faltade autoridade deles para expulsar demônios,mas por falta de fé (Mateus 17:20). A falta de fénão foi da parte do pai ou do próprio filhoendemoninhado, mas da parte dos apóstolos.

Para realizarem um milagre, primeiramentetinham de ter recebido poder. Então, era necessá-rio haver fé para se exercer o poder concedido. Jesus deu a Pedro o poder de andar sobre a água,mas Pedro fracassou — não porque não possuísseo poder, mas porque sua fé fracassou (Mateus14:28–31).

Os milagres eram concedidos por Deus (1 Co-ríntios 12:4–6) através do Espírito Santo. Nãoeram obtidos pela vontade do homem nem pelafé somente, mas através do poder do Espírito. ABíblia diz que “um só e o mesmo Espírito realiza

todas estas coisas, distribuindo-as, como lheapraz, a cada um, individualmente” (1 Coríntios12:11; veja também Hebreus 2:4). O tipo de dommiraculoso que era dado a um cristão baseava-sena vontade do Espírito Santo e não no desejo doindivíduo que recebia o dom.

Os apóstolos receberam o poder de transmitiro Espírito a outros através da imposição de mãos,conferindo-lhes dons miraculosos (Atos 19:6; 2 Ti-móteo 1:6). A habilidade de transmitir o Espíritoera um dos sinais do apostolado (2 Coríntios12:12). Não há provas de que os que recebiam

poder através dos apóstolos eram capazes depassar para outros esses dons miraculosos atravésda imposição de suas próprias mãos.

Mesmo com a presença de Filipe, que era capazde operar milagres (Atos 8:6), os apóstolos — Pedroe João — foram necessários em Samaria para a distri-  buição do Espírito Santo (Atos 8:14–19). Deusconcedeu aos apóstolos a habilidade especial deconferir poderes miraculosos a outros cristãos.

 J. W. McGarvey escreveu o seguinte a respeitoda obra de Pedro e João em Samaria:

Quaisquer que sejam os outros propósitos queimpeliram a missão dos dois apóstolos, comoconfirmar a fé dos discípulos, ou ajudar Filipeem seu trabalho, é bastante certo que o propósitoprincipal era a distribuição do Espírito Santo.O que fizeram ao chegar ali certamente fazia

parte do objetivo de sua ida: mas a coisa prin-cipal que fizeram foi conferir o Espírito Santo;portanto, era esse o principal propósito da visitadeles ali. Se, porém, Filipe pudesse conferirtais dons, a missão teria sido desnecessária noque diz respeito ao seu objetivo principal. Istoestabelece uma prova forte de que os donsmiraculosos do Espírito Santo eram concedidospor nenhuma outra mão, senão a dos apóstolos;e essa conclusão é confirmada pela consideraçãode que, no único outro exemplo do tipo registra-do em Atos, o dos doze em Éfeso (19:1–7), osdons foram concedidos pelas mãos de umapóstolo1 .

Na igreja em Corinto não faltava nenhumdom (1 Coríntios 1:7), fato que foi usado paraprovar que Paulo era apóstolo. Paulo escreveu aesses irmãos: “…vós sois o selo do meu aposto-lado no Senhor” (1 Coríntios 9:2). Se tais donsestivessem disponíveis através da fé somente oupor algum outro meio que não a imposição dasmãos dos apóstolos, a igreja em Corinto não teriasido citada por Paulo como prova de seu aposto-lado. Se nenhum outro apóstolo havia ido até lá,Paulo tinha mesmo de ser um apóstolo, pois sóele estivera ali para conceder os dons miraculosos.

Por ser isto a verdade, os dons na igreja emCorinto eram prova de que Paulo era apóstolo.Se os poderes miraculosos fossem dados

diretamente por Deus na ausência de um apósto-lo, os apóstolos Pedro e João não precisariam ira Samaria, e Paulo não precisaria ir a Roma paraconferir um dom espiritual aos cristãos dali (Ro-manos 1:11). Isto poderia ser feito sem a presençade um apóstolo, se Deus agisse dessa maneira. Aúnica exceção a essa regra é a casa de Cornélio2 .

Desde esse tempo (os dias dos apóstolos), osmilagres, as maravilhas e os prodígios cessaram.Nenhum apóstolo está vivo hoje para conferirtais dons. Se os que, hoje, alegam ser operadoresde milagres pudessem andar na água, acalmar

1 J. W. McGarvey, New Commentary on Acts of Apostles(“Novo Comentário de Atos dos Apóstolos”), vol. 1. 1892;reimpressão, Delight, Ark.: Gospel Light Publishing Co.,s.d., p. 142.

2 Veja a exposição sobre Cornélio e sua casa na lição“O Batismo no Espírito Santo”, nesta edição.

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um mar revolto, ressuscitar mortos, multiplicarcomida para alimentar multidões ou operaroutros milagres óbvios, eles poderiam demonstrartais habilidades vez após vez. Entretanto, elessão incapazes de realizar milagres como osdescritos no Novo Testamento.

OS MILAGRES ERAM REALIZADOSPOR CRENTES ESPECÍFICOS

  Jesus afirmou em Marcos 16:17 e 18 que“sinais hão de acompanhar aqueles que crêem:em meu nome, expelirão demônios; falarão no-vas línguas; pegarão em serpentes; e, se algumacoisa mortífera beberem, não lhes fará mal; seimpuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarãocurados”. Essa passagem não responde as se-guintes perguntas: 1) Todos os crentes serãocapazes de expelir demônios, falar novas línguas,pegar em serpentes ou tomar veneno sem sofrer

mal algum e curar enfermos? 2) Esses dons serestringirão a certos crentes? 3) Com base emque os que realizarem esses atos serão capazesde fazê-lo? 4) Por quanto tempo haverá essessinais? 5) Qual é o propósito desses sinais?

Uma declaração de Paulo fornece a evidênciade que nem todos os crentes possuíam dons(1 Coríntios 12:7–11). Ele fez a seguinte perguntaretórica: “Porventura, são todos apóstolos? Ou,todos profetas? São todos mestres? Ou, operado-res de milagres? Têm todos dons de curar? Falamtodos em outras línguas? Interpretam-nas todos?”

(1 Coríntios 12:27–31). Apenas certos crentespossuíam dons miraculosos e cada um possuíaseu próprio dom específico.

Os que possuíam dons miraculosos não ospossuíam somente porque eram crentes, masporque haviam sido capacitados pelo EspíritoSanto (1 Coríntios 12:11). Seus poderes miracu-losos eram resultado da distribuição do EspíritoSanto feita pelos apóstolos através da imposiçãode suas mãos (Atos 8:14–17; 19:6). Por essa razão,os dons miraculosos eram concedidos somente

quando havia apóstolos presentes (observeRomanos 1:11). Tinham como propósito confir-mar as verdades do evangelho (Marcos 16:20;Atos 14:3; Hebreus 2:3, 4), pois o fundamento daigreja estava sendo firmado nos apóstolos eprofetas (Efésios 2:20).

McGarvey fez o seguinte comentário certeiroa respeito de Marcos 16:17 e 18:

A promessa não é que esses sinais os acom-

panhariam por algum tempo específico, nemque deveriam acompanhar todo crente indi-vidual; mas simplesmente que acompanhariame seguiriam “os crentes” que constituíam ocorpo. Acompanhariam os crentes durante aera apostólica — e não cada crente individual,mas todos, ou quase todos, os corpos organi-zados e constituídos por crentes. Era umcumprimento absoluto do que fora prometido.3

OS MILAGRES ERAM REALIZADOSEM NOME DE JESUS

Uma noite antes de Jesus ser crucificado,disse Ele aos apóstolos: “Se me pedirdes algumacoisa em meu nome, eu o farei” (João 14:14). Com base nisto alguns têm concluído que, se pedirmosum milagre em nome de Jesus, ele acontecerá.Todavia, esta afirmação foi feita aos apóstolos,que eram os únicos presentes juntamente com Jesus naquela ocasião (Mateus 26:20; Lucas 22:14).O Livro de Atos relata que homens mandaram

um demônio sair de certa pessoa em nome de Jesus, ao que o demônio respondeu: “Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?”(Atos 19:13–15). Jesus dera o poder a Paulo, masnão aos filhos de Ceva. O demônio entendia issoe não obedeceu aos que não estavam autorizadosa dar-lhe ordens.

 Jesus negará que conhece os ímpios que Lhedisserem: “Senhor, Senhor! Porventura, nãotemos nós profetizado em teu nome, e em teunome não expelimos demônios, e em teu nomenão fizemos muitos milagres?” (Mateus 7:22).

O poder para realizar milagres primeiramentetinha de ser concedido; depois um milagrepoderia ser realizado pela fé, pedindo-se emnome de Jesus. Um exemplo disso encontra-seem Atos 3:1–16. Pedro e João, que receberampoder quando o Espírito veio (Atos 1:8; 2:4),curaram o paralítico em nome de Jesus (v. 6) eatravés da fé que tinham no nome dEle (v. 16). Osmilagres não eram realizados com base na fésomente ou simplesmente pedindo-se em nomede Jesus. O poder tinha de ser concedido e apartir daí o milagre poderia ser operado pela féno nome de Jesus.

OS MILAGRES NÃO ERAMREALIZADOS POR DINHEIRO

Pedro disse ao mendigo paralítico: “Não

3  J. W. McGarvey,   Matthew and Mark (“Mateus eMarcos”), The New Testament Commentary, vol. 1. 1875;reimpressão, Delight, Ark.: Gospel Light Publishing Co.,s.d., p. 375.

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possuo nem prata nem ouro” (Atos 3:6a). Jesushavia instruído os apóstolos: “Curai enfermos,ressuscitai mortos, purificai leprosos, expelidemônios; de graça recebestes, de graça dai”(Mateus 10:8). Paulo escreveu que, muitas vezes,labutara “em fome e sede, em jejuns, muitasvezes; em frio e nudez” (2 Coríntios 11:27). Jesus

disse: “As raposas têm seus covis, e as aves docéu, ninhos; mas o Filho do Homem não temonde reclinar a cabeça” (Lucas 9:58).

Os que possuíam poderes miraculosos nãoos usavam com o fim de receber benefíciosfinanceiros. Jesus afirmou que eles receberamsem custo e deveriam dar sem cobrar. Os assimchamados operadores de milagres de hoje rece- bem quantias enormes de dinheiro e vivem numluxo muito acima das condições dos pobres quedão dinheiro a eles. Nisto não seguem o modelode Jesus, Paulo, Pedro e dos demais cristãosprimitivos, que não eram financeiramente bene-ficiados pelos milagres.

OS MILAGRES NÃO ERAMUMA “CURA DE TUDO”

 Jesus acreditava em médicos, o que implicaque Ele aprovava o uso da medicina. Afirmouele: “Os sãos não precisam de médico, e sim osdoentes” (Mateus 9:12; Marcos 2:17; Lucas 5:31).Lucas era médico. Quando Paulo fez alusão a ele,não afirmou que ele havia sido médico, mas

referiu-se a ele como “Lucas, o médico amado”(Colossenses 4:14), um sinal de que ele continuousendo médico mesmo depois de tornar-se cristão.

Paulo recomendou o uso de remédios aoescrever a Timóteo: “Não continues a bebersomente água; usa um pouco de vinho, por causado teu estômago e das tuas freqüentes enfermi-dades” (1 Timóteo 5:23). Paulo não estavarecomendando o consumo de vinho como uma bebida, mas como um remédio para o estômagode Timóteo e outras enfermidades.

O fato de Paulo não ter curado seus compa-

nheiros é um sinal de que a cura não era apenaspara beneficiar o doente, mas tinha um outropropósito. Paulo escreveu: “Quanto a Trófimo,deixei-o doente em Mileto” (2 Timóteo 4:20b).Paulo não foi curado de seu “espinho na carne”(2 Coríntios 12:7, 8).

Pode-se fazer as seguintes observações com  base nas declarações que acabamos de ver:1) doentes devem utilizar médicos; 2) embora

Paulo tivesse o poder de um apóstolo e curassepessoas (Atos 14:9, 10; 19:11, 12), ele não curouTimóteo nem Trófimo; 3) a medicina foi re-comendada a Timóteo, devendo, portanto, serutilizada hoje para ajudar a curar nossas doenças;4) ou a fé de Paulo não foi forte o bastante paracurar Timóteo e Trófimo, ou a cura não era um

 benefício para todos os doentes. Não duvidaría-mos da fé de Paulo e talvez não deveríamosquestionar a de Timóteo (2 Timóteo 1:5) ouTrófimo. 5) Paulo não recomendou fé e oração aTimóteo para curar-se da doença, mas sim umremédio. Se a fé sozinha pode curar, Paulo deuum conselho errado a Timóteo. 6) Se Paulo podiater curado Timóteo e Trófimo mas não o fez poropção, cometeu grande injustiça contra eles. 7) Acura devia ser feita apenas como um sinal paraatrair descrentes ou confirmar que a mensagemera de Deus. 8) Timóteo e Trófimo sabiam que oensino de Paulo era de Deus, por isso nãoprecisavam de prova desse fato. 9) A Palavraescrita nos fornece a prova de que precisamos(João 20:30, 31), por isso Deus não nos daráoutras provas. Por exemplo, nenhuma provaalém de Moisés e os profetas foi dada ao rico emLucas 16:29–31. 10) Devemos utilizar os meiosque tivermos hoje para a recuperação de doenças.Devemos orar pedindo ajuda, mas não milagres.

CONCLUSÃO

Os sinais e prodígios realizados por meio daobra do Espírito Santo foram importantes paraprovar aos que os testemunhavam que Deus éDeus e que Ele Se revelou a nós através de SuaPalavra. O Espírito Santo não está nos cristãos hojepara operar diretamente neles ou através delesmiraculosamente. Essa obra parou com a morteda última pessoa que havia recebido o dom doEspírito pela imposição das mãos de um apóstolo.

Os mestres devem ser julgados pelo queensinam e não pelos milagres que aparentementeoperam. Devemos testar os espíritos (1 João 4:1),

não por sinais e prodígios que alegam realizar,mas pelo que ensinam. Deus nos deu um padrãopara avaliarmos isso: “Eles procedem do mundo;por essa razão, falam da parte do mundo, e omundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele queconhece a Deus nos ouve; aquele que não é daparte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemoso espírito da verdade e o espírito do erro” (1 João4:5, 6). ■

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