Mildio Da Videira

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Viticultura

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  • Uva

    O mldio a principal doena da videira no Brasil. Causa sri-os prejuzos viticultura em regies comalta precipitao, principalmente no fi-nal da primavera e no vero. tambmconhecida como peronspora, mufa oumofo. Esta doena originria da Am-rica do Norte, onde sempre ocorreu emvideiras selvagens. A introduo do ml-dio no Brasil ocorreu conjuntamentecom a introduo das videiras america-nas em So Paulo. Os maiores danosdiretos esto relacionados com a destrui-o parcial ou total dos frutos, podendotambm produzir efeitos negativos so-bre a futura produo, quando provocaa desfolha e, conseqentemente, o en-fraquecimento da planta. Geralmente asvariedades de uvas europias (Vitis vini-fera L.) so mais suscetveis ao mldioque as americanas (V. labrusca L.) e h-bridas. Isso explica o insucesso dos co-lonos americanos ao introduzirem asvideiras europias nos Estados Unidosda Amrica. O mldio entrou para a his-tria da fitopatologia mundial por seruma das primeiras doenas controladapor um fungicida.

    O agente causal da doena o pseu-dofungo Plasmopara viticola, que para oseu desenvolvimento muito exigenteem relao a umidade e ao calor.

    Sintomas: O mldio afeta todas aspartes verdes e em desenvolvimento davideira: folhas, brotos, galhos, cachos,etc. Os sintomas so:

    Folhas: o primeiro sintoma se ca-racteriza pelo aparecimento da man-

    cha de leo na face superior, de colora-o verde-claro e contornos mal delimi-tados. Em condies de baixa umidade,a mancha de leo pode ficar muito tem-po latente sem frutificao e sem repre-sentar risco de se tornar uma fonte decontaminao. Por outro lado, sob con-dies de alta umidade e calor aparecena face inferior da folha, corresponden-te a mancha, uma eflorescncia brancae brilhante, que nada mais do que osrgos de frutificao do fungo, ou seja,os esporangiforos com esporngios, quesaem atravs dos estmatos. As reas dafolha infectada sofrem dessecamento etornam-se marrons. Freqentemente,toda a folha seca e posteriormente cai .A queda antecipada das folhas priva aplanta de seu rgo de nutrio, inter-rompendo o desenvolvimento dos ca-chos e dos sarmentos.

    Cachos: Todas as partes do cachopodem ser afetadas pela doena. A in-feco nas inflorescncias provoca a de-formao das mesmas, deixando-as comaspecto de gancho. Na florao, o pat-geno provoca o escurecimento e destrui-o das flores afetadas, sintomas muitosemelhantes aos ocasionados pela an-tracnose. Nos estdios da pr-florao eem bagas pequenas, o fungo penetrapelos estmatos, causando escurecimen-to e secamento destes rgos, observan-do-se uma eflorescncia branca que afrutificao do fungo. Quando as bagasatingem mais da metade do seu desen-volvimento o ataque do fungo podeocorrer pelo pedicelo e posteriormente

    coloniz-la. As bagas infectadas nessafase apresentam uma colorao pardo-escura, e so facilmente destacadas docacho, no havendo formao de eflo-rescncia branca caracterstica, sendodenominada peronspora larvada,porque apresenta sintomas semelhan-tes aos causados pelas larvas da mosca-das-frutas. Os ataques na inflorescn-cia e nos cachos so os mais danosos,pois atingem diretamente o produto fi-nal podendo comprometer totalmentea produo.

    Ramos: Os brotos e sarmentos sonormalmente infectados nos estdiosiniciais de crescimento, ou em suas ex-tremidades, antes da lignificao. Osramos doentes apresentam coloraomarrom-escura, com aspecto de escal-dado. Os ns so mais sensveis do queos entrens. Infeces em ramos novoscausam o secamento dos mesmos. Estedano ser observado durante a poda deinverno.

    Etiologia: Plasmopara viticola umparasita obrigatrio. Nos tecidos do hos-pedeiro, o fungo cresce intercelularmen-te atravs de hifas, emitindo haustriosno interior das clulas parasitadas. Areproduo assexual ocorre atravs dosestmatos, com a emisso de esporan-giforos que produzem os esporngios.Cada esporngio contm de 1 a 10 zo-sporos. Estas estruturas, na presenade molhamento foliar, movimentam-see encistam-se prximo ao estmato,onde se dar a infeco. J a fase sexualocorre no interior dos tecidos do hospe-

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    Esta doena causasrios prejuzos viticultura, podendodestruir parcial outotalmente os frutos

    Os maiores danosdiretos esto

    relacionados coma destruio

    parcial ou total dosfrutos, podendo

    tambm produzirefeitos negativos

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  • deiro, principalmente nas folhas, ondeso produzidos os osporos ou ovosde inverno, que so as estruturas de so-brevivncia do fungo no inverno.

    Epidemiologia: A temperatura ti-ma para o desenvolvimento do patge-no de 20C a 25C e a umidade timaacima de 95%. necessrio que ocorracondensao de gua (gua livre) sobreo tecido foliar por um perodo mnimode duas horas para haver novas infec-es.

    Durante o inverno, os osporos per-sistem no solo e no interior de folhasmortas. Na primavera, quando a tem-peratura do solo for superior a 10C etiver havido uma chuva superior a 10mm, os osporos germinam, formandoos macrosporngios que contm os zo-sporos, os quais iro infectar os rgosvegetativos da videira causando as in-feces primrias. Se as condies fo-rem favorveis, estas infeces se insta-lam dentro de uma a duas horas. Emum mm2 de tecido foliar afetado, exis-tem em mdia 250 osporos e, comocada macrosporngio pode produzir at60 zosporos, o potencial de inculo pri-mrio se eleva a 15 mil unidades. Umanova safra de esporngios pode ser

    produzida a cada cinco a dezoito dias,dependendo da temperatura, umidaderelativa e suscetibilidade do hospedeiro.Para que uma mancha de leo formeesporngios, necessrio que as tempe-raturas mdias sejam maiores do que13C e a umidade relativa superior a80%. As folhas ao alcanarem seu com-pleto desenvolvimento, estando portan-to suficientemente amadurecidas, ad-quirem uma aprecivel resistncia aopatgeno. Assim, mesmo na presena deesporngios e condies climticas fa-vorveis para sua germinao, o tubo ger-

    minativo raramente consegue penetrarnos tecidos externos da folha. Quandoocorre a infeco a leso permanece res-trita a reas entre as nervuras.

    As bagas de uva deixam de ser sen-sveis ao fungo quando alcanam maisda metade de seu desenvolvimento, poisnesta fase os estmatos deixam de serfuncionais.

    Controle: Os mtodos mais moder-nos de controle utilizam sistemas depreviso. Estes sistemas baseiam-se nabiologia do fungo, nas condies clim-ticas e no estdio fenolgico da videira.Estes sistemas no s determinam apoca ideal de controle mas tambmestabelece o nmero e a freqncia depulverizaes.

    Algumas medidas preventivas parao manejo da doena consistem em es-colher reas no sujeitas ao encharca-mento e com boa drenagem do solo,reduzir as fontes de inculo, evitar oplantio de cultivares mais suscetveis,adubar equilibradamente, evitando oexcesso de nitrognio, fazer desbrota epoda verde para melhorar a insolao eo arejamento visando diminuir o per-odo de gua livre sobre a planta e po-dar as pontas das brotaes contami-

    nadas, para re-duzir o incu-lo. Nem todasestas medidasso fceis de se-rem executa-das, nem sufi-cientes paracontrolar deforma eficaz adoena emcondies fa-vorveis, sendonecessria autilizao docontrole qu-mico. Uma dasrazes da ne-cessidade do

    uso de fungicidas para o controle domldio a capacidade do fungo em cau-sar grandes danos num curto espaode tempo, tornando os fungicidas omais importante meio de controle dadoena (tabela). O sucesso do controlequmico depende da escolha e da dosedo produto, do momento e do mtododa aplicao, do conhecimento do fun-go e da qualidade da aplicao.

    Segundo o modo de ao, os fungi-cidas registrados para o controle do ml-dio da videira so classificados em trscategorias: Contato tem efeito pre-

    Lucas da R. Garrido eOlavo Roberto Snego,Embrapa Uva e Vinho

    ventivo, a durao da eficcia de setea dez dias e caso ocorra chuva aps aaplicao, necessrio repetir o trata-mento. Nesta categoria encontram-seos seguintes princpios ativos: cpricos(oxicloreto de cobre, hidrxido de co-bre, sulfato de cobre e xido cuproso),captan, dithianon, folpet, mancozeb,clorotalonil e suas misturas); Penetran-te tem efeito at dois dias aps a in-feco, no oferece proteo aos teci-dos que crescem aps a aplicao, sodenominados produtos curativos, cujadurao da proteo de at 10 dias,entretanto deve tambm ser reaplica-do caso ocorra chuva aps a pulveriza-o. Nesta categoria encontram-se amistura de cymoxanil + mancozeb eo dimethomorfo; Sistmico - o pro-duto penetra e circula pelos vasos con-dutores da planta, chegando a partesno atingidas pelo produto durante aaplicao. Tem efeito curativo, agin-do sobre o patgeno at 3 a 4 dias apsa infeco. A durao do efeito prote-tor destes produtos de 10 a 12 dias.Nesta categoria, com registro para avideira no Brasil encontram-se a mis-tura de metalaxil + mancozeb, fose-tyl-Al e azoxystrobin.

    Recomendaes para o controle qumico do mldio da videira.Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonalves. 2000

    Estdiofenolgico

    Princpio ativoconcentrao (%) a

    Dose (i.a.)(g/100 l)b

    Intervalo entreaplicaes(dias)

    Carncia(dias)

    At final daflorao:iniciar ostratamentosno apareci-mento dosprimeirossintomas;repetir quandohouvercondiesfavorveis(umidade etemperatura)

    - Ditianon 75 (C)- Mancozeb 80 (C)- Folpet 50 (C)- Metalaxil 8 (S) + Mancozeb 64 (C)- Cymoxanil 8 (P) + Maneb 64 (C)- Dimethomorfo(P)- Azoxystrobin(S)- Fosetyl-Al(S)- Maneb 10 (C) + Zineb 10 (C) + Oxicloreto 30 (C)

    125,0240,0140,024,0 +192,020,0 +160,045,08 a 12200,030,0 +30,0 +90,0

    7 a 107 a 107 a 108 a 10

    7 a 10

    7 a 107 a 1012 a 157 a 10

    2121121

    7

    771521

    IIIIIIVII

    III

    IIIIVIVIII

    Aps aflorao at acolheita

    - Cobre metlico 25 (C)

    250,0 7 a 10 7 -

    Ps-colheita - Cobre metlico 25 (C)

    250,0 a500,0

    - - -

    aModo de ao dos fungicidas: C= contato, S= sistmico, P= penetrante.bDoses mximas registradas no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.cI= mais txico, IV= menos txico.

    Classetoxicolgicac

    Sintoma de mldio na parte de baixo da folha da videira

    .

    Os mtodos maismodernos decontrole utilizamsistemas depreviso. Estessistemas baseiam-se na biologia dofungo, nascondiesclimticas e noestdio fenolgicoda videira