MILHO Lagarta-do-cartucho .. o bioinseticida...

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MILHO Lagarta -do-cartucho . ~". «: " .. o bioinseticida controla A principal praga da cultura do milho, a lagarta- do-cartucho, já é controlada, com inegável sucesso, pelo método biológico através da pulverização do Baculovírus nas lavouras infestadas com a praga. Fernando H. Valicente* Ivan Cruz* 'Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo-cNPMs, da EMBRAPA. CONTROLE BIOLÓGICO LAgarta-do-cartucho: quanto mais desenvolvida, maior éa destruição da área {oliar. O controle tem que ser feito com a lagarta amda jovem L agarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). Esta é a praga que mais causa prejuízos ao plantador de milho que, para combatê-Ia, comumen- te utiliza agrotóxicos. Agora, esta praga também pode ser controlada através de um inseticida biológico - o Baculovírus. o bioinseticida Baculovírus mostrou também, nos testes realizados pelo CNPMS, ser um dos métodos mais baratos de controle da lagarta-do-cartucho, cujo ataque reduz a produtividade das lavouras de milho em 20% em média, podendo chegar até 34%. Na safra 90/91, por exemplo, o País produziu 23 milhões de toneladas de milho. Se não houvesse esta praga, a produção seria de, no mínimo, 27 milhões de toneladas. Este é sem dúvida, um dos métodos mais seguros, tanto para o aplicador quan- to para a natureza pois, além de inofensivo ao ser humano, não é poluente e mantém o equilíbrio do ecossistema, preservando os inimigos naturais da praga. A praga ocorre durante todo o estágio de desenvolvimento da cultura. No entan- 31

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A principal praga da culturado milho, a lagarta-do-cartucho, já é controlada,com inegável sucesso, pelométodo biológico atravésda pulverização do Baculovírusnas lavouras infestadascom a praga.

Fernando H. Valicente*Ivan Cruz*

'Pesquisadores do Centro Nacional dePesquisa de Milho e Sorgo-cNPMs, da EMBRAPA.

CONTROLE BIOLÓGICO

LAgarta-do-cartucho: quanto maisdesenvolvida, maior

éa destruição da área {oliar. O controletem que ser feito com a

lagarta amda jovem

Lagarta-do-cartucho (Spodopterafrugiperda). Esta é a praga quemais causa prejuízos ao plantador

de milho que, para combatê-Ia, comumen-te utiliza agrotóxicos. Agora, esta pragatambém pode ser controlada através deum inseticida biológico - o Baculovírus.

o bioinseticida Baculovírus mostroutambém, nos testes realizados peloCNPMS, ser um dos métodos mais baratosde controle da lagarta-do-cartucho, cujoataque reduz a produtividade das lavourasde milho em 20% em média, podendochegar até 34%. Na safra 90/91, porexemplo, o País produziu 23 milhões detoneladas de milho. Se não houvesse estapraga, a produção seria de, no mínimo, 27milhões de toneladas.

Este é sem dúvida, um dos métodosmais seguros, tanto para o aplicador quan-to para a natureza pois, além de inofensivoao ser humano, não é poluente e mantém oequilíbrio do ecossistema, preservando osinimigos naturais da praga.

A praga ocorre durante todo o estágiode desenvolvimento da cultura. No entan-

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Técnico prepara a dieta artificial para a criação massaldo Baculovfrus, constitufda de feijão, germe de trigo,levedo de cerveja, vitaminas, inibidores de fungos ebactérias, que substituem a folha da planta do milho.

to, a planta do milho é mais sensível aoataque quando a infestação inicia-se aos

45 dias após o plantio. As lagartas peque-nas não conseguem perfurar a folha e fa-zem uma raspagem superficial, atingindosomente a parte verde. Quanto mais de-senvolvida for a lagarta, maior será a áreafoliar destruída. Portanto, a melhor épocapara se fazer o controle é quando a plantaapresenta o sintoma de "raspadura"

Como atua o baculovírus

o bioinseticida produzido pelo CNPMSé específico, isto é, só tem ação sobre a la-garta-do-cartucho e não serve ao combatede outras pragas.

A larva é a fase do inseto mais suscetívelà infecção pelo vírus. Em condições natu-rais, a praga pode ser contaminada atravésdos ovos, dos orifícios de respiração do cor-po (espíráculos), através de insetos parasi-tóides contendo o vírus ou, maiscomumente, pela via oral, ingerindo o vírusjuntamente com o alimento (no caso, as fo-lhas da planta do milho). Uma vez ingerido,o vírus começa a se multiplicar, espalhando-se por todo corpo do inseto e provocandosua morte, que ocorre geralmente de 6 a 8dias após a ingestão. O tempo para o apare-

cimento dos primeiros sintomas da doen-ça, bem como para a morte do inseto in-fectado, é influenciado por diferentesfatores, como a espécie do inseto, a idadeem que ocorreu a infecção, a quantidadeingerida, a virulência e as condições cli-máticas durante o período em que o insetoficou infectado. Como conseqüência, es-ses fatores têm efeitos marcantes sobre arapidez da ação do vírus, quando ele éaplicado no campo. Além disso, outros fa-tores também influenciam a eficiência e aestabilidade do vírus, antes de ser ingeridopela praga. Entre eles, a irradiação solar, atemperatura, a umidade, o hábito da pra-ga, os equipamentos e a tecnologia para asua aplicação. Todos esses fatores devemser pesquisados antes de se recomendarcom segurança o uso de vírus para o con-trole de tUna praga.

No entanto, o efeito mais lento do Baclllo-vírus em efetivar a morte da praga, que podeocorrer, não deve preocupar o agricultor, jáque o consumo de folhas pelas lagartas infec-tadas sofre uma redução considerável de maisde 93% em relação às lagartas sadias. Portan-to, uma vez contaminada, a praga não maiscausará danos significativos à lavoura.

Como preparar o bioinseticidaO inseticida biológico para o controle da lagarta-do-cartucho

já pode ser encontrado formulado em pó molhável, devendo seraplicado nas lavouras de milho através de pulverizações. Nocaso de o agricultor preferir" fabricar" o inseticida na proprie-dade, é preciso seguir as recomendações abaixo:

As lagartas mortas infectadas são armazenadas no [reezer, Na hora da aplicaçãosão maceradas, coadas e dilufdas em água para a pulverização

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nar em um freezer ou congelador (a dose recomendada é de100 lagartas grandes - maiores que 2,5 centímetros - parapreparar a pulverização de um hectare);

2 - Na época da aplicação do bioinseticida (40.a 45 dias após oplantio), apanhar as lagartas congeladas, amassá-Ias, filtrar o lí-quido viscoso das lagartas através de duas camadas de gase emisturar esse líquido -r------------==---,filtrado com água. ~Aí o bioinseticida .::i.cr,está pronto para a ~pulverização na Ia- Vi"voura. ~

O3 - O bioinseticidaobtido por este pro-cesso deve ser diluí-do em cerca de 300litros de água porhectare.

1 - Recolher as lagartas mortas pelo bioinseticida e armaze-

A lagarta macerada também pode ser misturada comcauiin. Depois de seco, o inseticida biol6gico édilufdo em água e pulverizado na lavoura de milho

O Baculovírus formulado em pó misturável em água deveser armazenado em baixa temperatura (geladeira). Se o pe-ríodo de armazenamento for longo (de uma safra para outra),o produto terá de ser congelado, utilizando um freezer oucongelador.

CONTROLE BIOLÓGICO

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o inseticida biol6gico "8aculov(rus" na versãop6 molhável: mais prático,

mentos utilizados para aplicação de ou-tros produtos servem também para aplicaro bioinseticida. Os técnicos recomendamo uso do bico tipo leque 8004 ou 6504,Quanto mais uniforme for o plantio, maiseficiente se toma o Baculovirus, Isto éparticularmente importante quando a apli-cação é tratorizada.

Dicas para o uso

Como a praga atacadas de controledisponíveis nãosão eficientesnem econômicas.

Se o plantio não for uniforme, ouseja, o espaçamento entre as linhas va-riar muito, o produto pode ser jogadofora do alvo (a lagarta), que está naplanta do milho, mais precisamente nocartucho. Quando a aplicação é em pe-quena área e pode ser realizada com oaparelho rnanual-costal, a desuni for-mização é menos imponante.

4 - Hora de aplicação. Considerandoque o bioinseticida é sensível aos raiosultravioletas do sol (que diminuem asua eficiência), a pulverização deve serfeita à tarde ou no início da noite,

O período lar-vai varia com atemperatura. Emtemperaturascomo as que nor-malmente ocor-rem durante ocultivo do milho(25 a 27'!.C), a la-garta completa oseu desenvolvi- Úlgarta-do-cartucho, a principal praga do milho: preiutzos ao agricultormento em cercade 15 a 20 dias, sai do cartucho daplanta e dirige-se para o solo, onde setransforma numa fase denominadapupa, a alguns centímetros abaixo dasuperfície, próximo às raízes do milho.A fase de pupa dura em torno de 11dias, quando nascem os adultos, sendoque o macho apresenta manchas bran-

1 - Época de aplicação. 40 a 45dias após o plantio. É neste períodoque há maior ocorrência da lagarta-do-cartucho. No entanto, dependendodo nível de infestação, o controle podeser feito mais cedo. O agricultor deveaplicar o bioinseticida quando obser-var o sistema de folhas raspadas, queindica o início de ataque e, ponanto,as lagartas estão ainda pequenas emais vulneráveis à ação do vírus.

2 - Tamanho da lagarta. Todos os da-dos de pesquisa mostram que à medi-da que a lagarta se desenvolve ela ficamais resistente ao bioinseticida. Por-tanto, quanto menor for o inseto (la-gartas mais novas), maior eficiênciapode-se esperar do inseticida biológi-co. Os maiores índices de mortalidadesão obtidos com lagartas de, no máxi-mo, 12 milímetros de comprimento,

3 - Pulverização. Os mesmos equipa-

À noite, a mariposa deposita naplanta cerca de 1.000 ovos, dos quais,num período de 3 a 5 dias, nascem maisde 900 lagartas. Temperaturas maiselevadas podem antecipar a emergên-cia das lagartas, que começam a se ali-mentar das folhas raspando-as, semperfurá-Ias. Elas vão crescendo e, poruma teia que produzem, migram-separa outras plantas, através do vento oumesmo movimentando-se. Em média,uma postura é suficiente para infestarcinco plantas. À medida que as lagartascrescem, dirigem-se para o cartucho daplanta, ou seja, a região de origem dasfolhas. É comum encontrá-Ias entre asfolhas enroladas. Lagartas grandes(acima de 2 em de comprimento) po-dem destruir todo o cartucho e as medi-

A lagarta-do-cartucho do milho(Spodopterafrugiperda), é a principalpraga dessa cultura em condições decampo no Brasil, podendo reduzir aprodutividade em até 34%.

cas nas asas anteriores. Cerca de 3 a 4dias após o nascimento dos adultosocorre o acasalamento e as fêrneasini-ciam novamente outro ciclo de vida. Écomum ser observada dentro do cartu-cho do milho a presença da mariposafêmea, medindo de 2 a 3 em de compri-mento, em posição de repouso.

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