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Voz MINI #1 Informativo do CAAP Faculdade de Direito UFMG Ano 1, Fev/2015 bem-vindos! Parabéns CALOUROS e CALOURAS! Nos próximos cinco anos vocês descobrirão que a faculdade é muito mais que a sala de aula e que o Direito está muito além dos muros da faculdade. O diferencial da nossa Universi- dade são as atividades extra-classe, como a participação em entidades estudantis, os grupos de estudo, projetos de extensão, pesquisa e participação de diversas ativi- dades que valorizam o protagonismo estudantil. Vocês decidem o percurso que irão seguir daqui em diante. Es- peramos que vocês saibam aproveitar ao máximo o que a FDCE tem a oferecer. Sejam muito bem-vindos à Facul- dade de Direito e Ciências do Estado da UFMG! Centro Acadêmico Afonso Pena

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Livreto de boas-vindas aos calouros de Direito da UFMG produzido pelo Centro Acadêmico Afonso Pena.

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VozMINI

#1Informativo do CAAP

Faculdade de Direito UFMGAno 1, Fev/2015

bem-vindos!Parabéns CALOUROS e CALOURAS! Nos próximos cinco anos vocês descobrirão que a faculdade é muito mais que a sala de aula e que o Direito está muito além dos muros da faculdade. O diferencial da nossa Universi-dade são as atividades extra-classe, como a participação em entidades estudantis, os grupos de estudo, projetos de extensão, pesquisa e participação de diversas ativi-dades que valorizam o protagonismo estudantil. Vocês decidem o percurso que irão seguir daqui em diante. Es-peramos que vocês saibam aproveitar ao máximo o que a FDCE tem a oferecer. Sejam muito bem-vindos à Facul-dade de Direito e Ciências do Estado da UFMG!

Centro Acadêmico Afonso Pena

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O Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP) tradi-cionalmente publica o jornal Voz Acadêmica, ao longo do ano letivo, com artigos, charges, crôni-cas, resenhas e outros textos do corpo discen-te da Faculdade de Direito. Desta vez, a gestão Todos os Cantos decidiu fazer uma versão re-duzida, especialmente pensada para os calou-ros, com outro tipo de conteúdo, a que demos o nome de MiniVoz.

Abrindo este folheto, Rodrigo Ribeiro, um dos coordenadores do Centro Acadêmico, traz um apanhado dos grandes eventos do nosso meio acadêmico, como os congressos, Calouradas, a Semana Cultural e as festas da Associação Atlética Acadêmica (AAA).

Em seguida, o professor Andityas Matos nos concedeu uma entrevista, onde discorre so-bre os mais variados temas: movimento es-tudantil, reforma curricular, excelência de ensino, interdisciplinaridade, internacional-ização e tensões de passagem do colégio para a universidade.

Fazendo um contraponto ao olhar de quem está há muito tempo na faculdade, colocamos duas entrevistas dos recém-chegados Maria Caroli-na e Raul Blasi, ambos do 2º período. Eles re-viveram suas primeiras impressões, expectati-vas e surpresas ao entrarem no curso.

Há, ainda, um manifesto pela reforma do modo como se ensina o Direito. Quem o escreveu foi outro coordenador da executiva, Igor Viana, que integra também o coletivo de que está construindo o próximo Encontro Nacional dos Estudantes de Direito (ENED), o maior evento de discentes de Direito do país, que será realizado em Belo Horizonte, em meados de 2015. Oportunamente, o tema deste ano será a educação jurídica.

Durante o curso vocês enfrentarão diversos desafios, porém os alunos com dificuldades financeiras precisam de uma ajuda extra para continuarem seus estudos. Por isso, a Diretora de Assistência Júlia Bonifácio e a Diretora de Relações Públicas Bruna Batista trazem para os calouros informações sobre a FUMP, Fundação responsável pela assistência estudantil na UFMG e que ajuda os alunos carentes a se man-terem na universidade.

Para fechar, Vítor Soares, diretor de imprensa, faz uma breve descrição do CAAP e suas ramificações para, então, convidar os calouros a participarem da diretoria com a qual mais se identificarem.

Algo que vem sempre à tona neste jornalzinho, seja nas entrevistas, seja no manifesto ou na apresentação dos órgãos do CAAP, é a ferrenha crítica ao modo como a tríade ensino-pesqui-sa-extensão é efetivada em nossa faculdade. Diversas vozes clamam por sua mudança, mas até que ponto estamos de fato dispostos a re-inventá-la? Desconstruir o que está aí é abrir mão de privilégios que a tradição concede aos professores e, em menor medida, aos alunos. Contudo, não nos esqueçamos, a destruição das velhas práticas abre espaço para o Novo, com toda sua força criativa.

Vocês, calouros, como toda geração que entra nesta Vetusta Casa, recebem o pesado fardo de ser a esperança da transformação. Por isso, não se contentem com os argumentos de au-toridade, insurjam-se contra o senso comum, não se calem diante das opressões, guardem a mente aberta, dialoguem com o diferente, mas saibam que a mudança, se vier, dependerá dos alunos! Sejam bem-vindos a esta luta!

Lucas Reis é aluno do 8º período diurno e diretor de imprensa do CAAP

EDITORIALLucas Reis

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⦁ CalouradaTodo semestre o CAAP pro-move a Calourada Livre de Direito, festa tradicional em BH. A última aconteceu no Território Livre da Facul-dade, com o tema “Praia da Vetusta”. Sempre com um perfil bem construído de festa, conta com grandes atrações, com destaque em 2014 para Chama o Síndico e Alcova Libertina.

⦁ Botecos e VinhadasQuase toda semana rolam os botecos no 3° andar de-pois da aula do diurno ou antes da aula do noturno, com cerveja amiga, catu-aba e muito amor. Além disso, em alguns sábados do ano acontecem as vin-hadas, com vinho liberado a tarde toda!

⦁ Semana CulturalUma vez por ano a Facul-dade de Direito e Ciências do Estado da UFMG é in-

Intervenção durante o Seminário Copa da Exceção

vadida com muita música, arte e cultura. É a Semana Cultural, evento que vem se consagrando como mais uma tradição da Faculdade, realizado pelos próprios alunos, com apoio do CAAP. É quando artistas de to-dos os lugares entram em nossa Vetusta Casa e en-chem-na de vida.

⦁ Welcome to the Jungle, A Macacada e Jogos Jurídicos MineirosA Atlética realiza sua festa de boas vindas semestral-mente, a Welcome To The Jungle. A Macacada ocorre anualmente e é umas das maiores festas universi-tárias da cidade. Os Jogos Jurídicos Mineiros são

Semana Cultural

quatro dias de esportes e festas. As maiores Atléticas de Direito de Minas Gerais competem pelo 1º lugar, e a Vetusta é campeã invicta!

⦁ Congressos e PalestrasContando com diversos Grupos de Estudos, Pesquisa e Extensão, além de inicia-tivas individuais de alunos e professores, a Faculdade é palco de frequentes even-tos acadêmicos de grande porte e excelência. Congres-sos, seminários, colóquios, palestras e outros são importantes para a vida acadêmica e colocam o es-tudante em contato com o que há de melhor e mais novo no mundo jurídico (e fora dele). Em 2014 fica o destaque para o I Congres-so de Diversidade Sexual e Gênero, o Congresso Inter-nacional de Constituição e Filosofia e o Seminário Copa da Exceção.

eventosRodrigo Ribeiro

Rodrigo Ribeiro é aluno do 3º período diurno e

coordenador do CAAP

Calourada Praia da Vetusta

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CAAP: Como você avalia o papel do Centro Acadêmico em nossa faculdade? ANDITYAS: O CAAP tem feito um trabalho interessante no sentido de equalizar tensões históricas entre alunos e corpo docente. Suas ações têm uma reverberação importante, mas é uma força que tem de se legitimar mais, já que a maioria dos discentes nem sabe o que é movimento estudantil. Talvez fosse o caso de se pensar estratégias para aproximá-los do CAAP, que acaba sendo um grupo minoritário, que faz o possível para representar alunos que não querem ser representados.

CAAP: Como você vê o tripé ensino-pesquisa-extensão na faculdade?

entrevistaProfessor Andityas

Andityas Soares de Moura Costa Matos é formado em Di-reito pela UFMG (2002), onde fez seu mestrado em Filosofia do Direito (2004) e doutorado em Direito e Justiça (2009).

É também diretor da “Revista Brasileira de Estudos Políticos”. Andityas é professor adjunto da Faculdade e ministra, dentre outras matérias, Antropologia Jurídica para o 1º período de Direito diurno e noturno.

ANDITYAS: O tripé é absolutamente desigual! De uma forma retrógrada e limitada, vivemos o modelo “coimbrão”, de duzentos anos atrás, em que os professores falam, os alunos escutam, há um espaço final retórico para as perguntas... mas sem nenhuma criação conjunta de conhecimento. O professor é visto como um ente doador de saber e os alunos como esponjas que vão receber aquilo. Eu encontro já no 3º período alunos completamente adestrados com um tipo de ensino que para mim não forma ninguém – deforma. A pesquisa é desvalorizada: contamos com poucos incentivos, a quantidade de bolsas, auxílios e liberações para aperfeiçoamento é insuficiente, seja qualitativa ou quantitativamente. A extensão é o patinho feio dos três.

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Se o ensino tem intensidade, mas é feito de uma forma errônea, se a pesquisa ainda é vista como atividade de segunda classe, a extensão nem se fala! Ela se resume ao DAJ, ao Pólos e a alguns outros programas que são muito ligados a esforços individuais de certos professores. Não há um movimento propriamente institucional de apoio à extensão. Deveríamos buscar equilibrar os três, de modo que a pesquisa alimentasse o ensino e este desembocasse na extensão. Não deveria ser um tripé, mas um ciclo em que cada elemento se ligasse ao outro. Muito dessa desigualdade vem do fato de o ensino sugar o tempo dos professores e não restar nada (ou quase nada) para outras atividades.

CAAP: Recentemente a Folha de São Paulo colocou a Faculdade de Direito da UFMG como a melhor do Brasil. Você concorda com esse ranking?

ANDITYAS: A escolha dos elementos que vão compor o índice é arbitrária. O que determina se uma faculdade é boa ou ruim? Quando se escolhe esses elementos já se está criando, subjetivamente, uma ideia de excelência. Não me parece que sejamos a melhor ou a pior do país. Talvez eu me centre mais nos nossos aspectos negativos porque sou um crítico. O curso não deveria servir para formar profissionais para o mercado, seja ele público ou privado; ao contrário, deveria formar pessoas emancipadas e livres, deveria ter em vista valores democráticos, de equalização social, de reconhecimento

da situação de extrema violência e pobreza do país e do mundo.

CAAP: A reforma curricular é um tema em voga atualmente. Como você a enxerga?

ANDITYAS: É uma oportunidade boa, que vem à tona de tempos em tempos, e não podemos desperdiçá-la. A reforma deveria se focar em novas formas de se pensar o direito. Para isso precisamos de novos espaços, não há aqui um auditório exclusivamente destinado a receber os alunos para terem aulas magnas, com exceção do Auditório Máximo, que é sempre ocupado por eventos. Uma reforma meramente curricular é muito pouco. Precisamos de um projeto de formação de cidadãos responsáveis por seus próprios destinos e pelo do país que, inclusive, sustenta todos nós, professores e alunos, aqui. Temos uma dívida óbvia com o povo brasileiro. A reforma curricular deveria se orientar tendo em vista a reestruturação de um real projeto humanista e radical, crítico diante da brutalidade do sistema econômico-financeiro e da separação total entre o público, o privado e o comum que estamos vivendo. Aliás, não gosto da expressão “Casa de Afonso Pena”; casa é coisa privada, isso aqui é uma universidade pública.

CAAP: Muito se fala em interdiscipli-naridade e diálogo entre cursos, mas qual a real cooperação entre a Facul-dade de Direito e suas contrapartes no campus Pampulha? (ontinua)

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ANDITYAS: A cooperação com outros cursos é praticamente inexistente: nós fingimos que o mundo lá fora não existe e os outros cursos também não querem saber de nós. Ainda que haja uma relação com as humanidades e as ciências sociais aplicadas, sinto nesses lugares uma forte resistência ao direito. Não é para menos, já que a imagem que passamos para quem é de fora é a de um universo cifrado, misterioso, que não tem necessidade de se conectar com outros setores. Isso vem de um aspecto cultural do Direito, que foi o primeiro curso de Humanas surgido no país, em 1827. Por fim, há o afastamento físico que dificulta tudo, já que a geografia altera a percepção do mundo. Nesse sentido, a mudança para o campus não será apenas física, mas também espiritual, e vai gerar choques e embates.

CAAP: Como estamos quanto à internacionalização da faculdade?

ANDITYAS: Ela é muito insipiente e os programas internos, como o Minas Mundi, têm limitações financeiras. É a pós-graduação que tem representado o gancho com outras universidades do mundo. Ainda assim, quase todos os vínculos são pessoais, ao passo que deveriam ser institucionais. Eu e outros professores temos trabalhado para criar essa rede com a Universidade de Barcelona, mas esse tipo de iniciativa enfrenta uma série de burocracias que dificultam o processo. Contudo, o grau de internacionalização de hoje é muito superior ao da minha época de aluno!

CAAP: A Universidade Pública passou por diversas transformações na última década – ENEM, cotas, REUNI etc. Como você percebe essas mudanças?

ANDITYAS: Positivamente! Sinto uma diferença enorme se comparo os meus

alunos de hoje e meus colegas de graduação. Quando estudei, a Faculdade era composta quase que exclusivamente por uma aristocracia econômica orgulhosa de seus privilégios. Os programas citados têm problemas específicos de gestão e implementação prática, mas os princípios que os orientam há muito já deveriam ter sido aplicados às universidades públicas. Essas formas de acesso trazem à universidade inúmeras vivências alternativas e um grande desejo de emancipação.

CAAP: Para fechar, quais os conselhos que você daria ao aluno que está entrando agora, em 2015, na Vetusta Casa de Afonso Pena?

ANDITYAS: Eles vão sofrer, como todos nós sofremos, um choque de vida e de perspectivas. Anteriormente exigia-se deles um servilismo intelectual, uma adaptação ao sistema, devendo, por exemplo, decorar uma série de conteúdos e competir uns com os outros para entrar na Universidade – o que é muito triste. Na verdade você só consegue crescer com um senso de comunidade. O aluno do ensino superior tem autonomia, mas precisa colaborar com o outro. Os alunos dos primeiros períodos serão postos violentamente na posição de sujeitos – talvez pela primeira vez em suas vidas! Essas tensões são importantes e os primeiros períodos são aqueles em que você decide sua vida, se você vai ou não ser feliz aqui. Assim, aconselho que sejam honestos com si mesmos e com a sociedade, lembrem-se que vocês não são células isoladas, tentem entender o outro, que tem tantas esperanças, medos e sonhos quanto vocês. Vivam esse processo de alteridade!

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entrevistaMaria Carolina

Maria Carolina Souza de Lima é graduanda do 2º período diurno

CAAP: Qual foi sua primeira impressão sobre a faculdade?

Maria Carolina: A primeira impressão foi aquela “é Federal, então deve ser muito boa...” Quando entrei, não sabia muito o quê esperar, estava em um estado diferente, em uma cidade que eu nunca tinha ido. Então fiquei meio acanhada, esperava que tivesse gente de vários lugares e que, por isso, não seria tão difícil fazer amizades.

CAAP: Você acha importante os alunos participarem de alguma organização para além da sala de aula? Você participa de alguma?

Maria Carolina: É importante, sim, os alunos participarem de organizações dentro da faculdade, isso conta em vários aspectos: por exemplo, no CAAP e na Atlética, a pessoa tem a oportunidade de conhecer gente nova, realizar projetos que contribuem para a faculdade e para os alunos. Já os grupos de estudo e de extensão são super recomendados por todos, são oportunidades de aproveitar melhor o que os professores têm a oferecer e os recursos disponibilizados pela faculdade. Eu ainda não faço parte de nenhum desses - são tantos que preciso me informar mais a respeito! -, mas vários veteranos já me aconselharam que os primeiros períodos são os melhores para participar desse tipo de iniciativa, porque é quando você tem mais tempo livre e consegue se comprometer mais.

CAAP: A experiência na faculdade te transformou de alguma forma? Correspondeu às suas expectativas?

Maria Carolina: Com certeza! Acho que um semestre já me fez mudar bastante: a faculdade é um ambiente completamente diferente da escola ou do cursinho. Aqui você é o único responsável por si, e isso aumenta suas responsabilidades (o que me assustava muito no começo!), mas também dá mais liberdade. Outro aspecto que me marcou é a convivência com o diferente. Cada pessoa tem uma opinião sobre um assunto, o que te leva a refletir bastante. Então algumas ideias que eu tinha sobre determinados temas já mudaram completamente. Por isso penso que sim, correspondeu às minhas expectativas

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por eu conhecer e conviver com gente de outros meios, com visões diferentes, o que me fez crescer como pessoa, que é o que eu esperava da faculdade.

CAAP: Qual dica você pode dar aos calouros?

Maria Carolina: Eu diria para eles que não deixem de viver a faculdade: tudo

é novo, diferente, mas não fiquem com vergonha, medo ou frescura! Não deixem de ir às festas, tanto as da Faculdade de Direito quanto as festas das outras; apareçam e frequentem o Território Livre, vocês vão ter muito tempo pra jogar sinuca, totó, ping-pong e ficar à toa nos sofás. A última dica é: tenham muita paciência com o Arnaldinho!

entrevistaRaul Blasi

Raul Salvador Blasi Veylé graduando do 2 º período noturno

CAAP: Qual foi sua primeira impressão sobre a FDCEUFMG?

Raul Blasi: Bom, o primeiro contato que tive com a faculdade foi quando tivemos aquela apresentação do CAAP e dos outros órgãos da faculdade. No início achei um tanto diferente. Para começar já me perguntava o porquê de somente o Direito e alguns outros poucos cursos estarem no Centro de Belo Horizonte.

Depois, ao andar pelo prédio da graduação, comecei a observar as intervenções nas paredes e no Território Livre e achei muito interessante! Algumas engraçadas e outras que me faziam refletir sobre diversos assuntos. Como não sou de Belo Horizonte, supunha que o prédio fosse mais novo (principalmente por não entender inicialmente o significado de “vetusta”) a julgar pelas fotos que via pela internet.No geral, minha primeira impressão foi de que a faculdade cumpria bem a tarefa de provocar os estudantes, quer num sentido positivo ou negativo. Vi muita gente diferente do que eu estava acostumado e achei muito bom uma faculdade conseguir colocar todo mundo em um só lugar.

CAAP: Você acha importante os alunos participarem de alguma organização para além da sala de aula? Você participa de alguma?

Raul Blasi: Acho de extrema importância eles fazerem parte de atividades extraclasses, não consigo ver outra maneira do aluno aproveitar a faculdade

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como um todo. Os grupos de estudo, pesquisa, extensão, além das outras organizações da faculdade como o CAAP, ajudam não somente na integração com pessoas de um círculo de amizades além da sua sala, mas também ampliam a sua forma de ver a realidade a sua volta e de sentir o que o ambiente universitário pode te propiciar. Faço parte do GCP e integrei a Chapa Ventura, que concorreu nas últimas eleições do CAAP. Ambas as experiências foram enriquecedoras, conheci pessoas legais e que ajudaram na minha formação, não só universitária mas enquanto pessoa.

CAAP: A experiência na faculdade te transformou de alguma forma? Correspondeu às suas expectativas?

Raul Blasi: A experiência universitária superou minhas expectativas, sem sombra de dúvidas. Achava que fosse

ser como a escola, sabe? Aquela história de sentar e aprender tudo – porém com mais festas. Mas a faculdade, com todos os grupos de ensino, pesquisa, extensão, com os congressos, seminários, rodas de discussão, e, inclusive, com as festas, me fizeram perceber que eu estava enganado. Obviamente, acho que temos que avançar muito com relação ao ensino, mas pensava que as coisas fossem ser mais restritas do que realmente são. Enfim, acho difícil dizer que a experiência universitária não muda as pessoas.

CAAP: Qual dica você pode dar aos calouros?

Raul Blasi: O principal é que aproveitem ao máximo tudo o que a faculdade pode oferecer, ela é muito mais do que as salas de aula!

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A educação jurídica brasileira insiste em reproduzir métodos de ensino e formas de pensar a educação que remetem à época de fundação das primeiras faculdades de Direito. Na prática, em pleno 2015, ainda vivemos no paradigma educacional do século XIX. Na Vetusta Casa de Tico-tico – vulgo apelido dado ao nosso primeiro diretor – não é diferente. E para quem acha um exagero tal comparação, convido a uma rápida análise de nossa grade curricular, extremamente engessada e repleta das mesmas disciplinas dogmáticas de dois séculos atrás.

É mais do que necessário uma revolução na forma de compreensão do projeto pedagógico de uma Faculdade de Direito. Reproduzir o que sempre existiu é praticar uma educação voltada à manutenção do status quo social, acrítica, preocupada simplesmente em atender as necessidades mercadológicas – seja dos escritórios de advocacia ou do serviço público – e cada vez mais invisibilizadora das mazelas sociais.

Lutamos por uma nova educação jurídica, ou seja, por novos modelos de ensino, pesquisa e extensão, conhecido tripé da educação universitária. Reconhecemos a urgente necessidade de valorização da extensão, famoso pé manco, para que mais alunos possam ter a oportunidade de estabelecer contato com as mais distintas realidades sociais e com a vocação de uma Universidade, que é a conexão do conhecimento produzido

REFORMA NA EDUCAÇÃO JURÍDICA JÁ!Por uma educação emancipatória

Igor Viana(aluno do 9º período diurno e coordenador do CAAP)

com as demandas da sociedade. É preciso que o ensino e a pesquisa possam ir além de verdades dadas, de um direito compreendido como ciência fechada em si mesma, porque é no mundo da vida que ele está presente e transforma a realidade, não nas torres de marfim de magistrados e doutrinadores.

Lutamos também por uma educação jurídica extirpada dos discursos sexistas, racistas e homofóbicos, presentes e naturalizados em um Direito que se apresenta como, predominantemente, de homens, de classe média alta e brancos – tente avistar um professor negro na Vetusta Casa de Tico-tico. Defendemos uma disciplina obrigatória e transdisciplinar de Direitos Humanos, que vá muito além de uma retórica dogmática, mas que proponha atividades concretas de discussão de temas relativos à diversidade sexual, às identidades de gênero, ao feminismo e à negritude.

Por fim, lutamos por educação jurídica na qual o aluno seja verdadeiramente o sujeito condutor do seu aprendizado. Dessa forma, propomos a flexibilização da grade curricular, permitindo a cada aluno trilhar o rumo do curso que deseja e não obrigá-lo a se submeter – muitas das vezes sem uma reflexão ou aviso prévio – a um modelo de educação jurídica burguês, privatista e mercadológico que consagra o atual paradigma da originária Faculdade Livre de Direito.

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CONVITE!Se você, calouro, também se identifica com essa luta, venha construir o Encontro Nacional de Estudantes de Direito 2015 que será em BH e terá como temática a Educação Jurídica Emancipatória.Acesse: “Coletivo ENED MG 2015” no Facebook e junte-se à gente!

ASSISTÊNCIA ESTUDANTILJúlia Bonifácio e Bruna Batista*

A FUMP - Fundação Universitária Mendes Pimentel oferece benefícios para estudantes de graduação da UFMG que necessitam de assistência para permanecer na Universidade. Para receber auxílio da Fump, primeiro você precisa efetivar um cadastro no site http://www.fump.ufmg.br/conteudo.aspx?pagina=23 e preencher o questionário socioeconômico.

Após preencher esse questionário, você deverá reunir uma lista de documentos que serão solicitados pela Fundação e entregar esses documentos na sede da Fump do Campus Pampulha (ao lado do Restaurante Setorial II), ou na sede da Avenida Abrahão Caram, 610, Bairro São José. Os documentos serão analisados e será avaliada a necessidade de auxílio estudantil para o requerente. Caso exista alguma dúvida em relação à documentação apresentada, serão solicitados novos documentos ou será marcada uma reunião domiciliar. O resultado da análise é enviado por e-mail ao aluno.

A Fump classifica os alunos em quatro níveis de carência. O nível 1 é o mais carente e tem acesso a bolsas em maior valor para moradia, transporte, material acadêmico e para manutenção do aluno no curso, além de isenção no Restaurante Universitário. Os níveis 2 e 3 t em acesso aos mesmos serviços, porém em menor valor, e pagam R$1,00 pela refeição no RU. O nível 4 tem apenas desconto no RU podendo acessá-lo a R$2,90.

A primeira classificação garante apenas o valor pago nos RU’s, para ter acesso às outras bolsas, como a de Material Acadêmico, por exemplo, o aluno deve acompanhar o site para saber a data em que deve se inscrever para concorrer. Bolsas de transporte e moradia são conquistadas através de entrevista com os Assistentes Sociais, que podem ser marcadas através do telefone: (31) 3409.8400 / 8470 / 3970.

Se houver alguma outra dúvida, acesse o site da Fundação:(www.fump.ufmg.br), ou entre em contato conosco através do e-mail:[email protected].

*Julia Bonifacio é aluna do 3º período noturno e diretora de assistência do CAAP e Bruna Batista é aluna do 3º período diurno e diretora de relações públicas do CAAP

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Vítor Soares (Aluno do 3º período noturno e diretor de imprensa do CAAP)

O Centro Acadêmico Afonso Pena é a entidade de representação dos estudantes de Direito da Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG dentro e fora dos prédios da Vetusta. Ele é composto por uma Coordenadoria, composta por quatro alunos, uma Tesouraria, com dois tesoureiros, e seis diretorias especializadas nos diversos tipos de atividade pelas quais o CAAP é responsável. As diretorias são:

- Relações Públicas: o CAAP inserido no movimento estudantil. A diretoria de RP é a representação externa diante de organizações regionais e nacionais como a CORED-MG, a FENED a UNE. Também se envolve em eventos como o EMED e o ENED.

- Cultura: eventos culturais, festivos e de socialização. A diretoria de Cultura é a responsável pelas calouradas, botecos

Informações Úteis:Página do CAAP:www.facebook.com/caapufmg

CAAP Idiomas:www.facebook.com/caap.idiomas

Repúblicas:

Repúblicas Faculdade de Direito UFMGwww.facebook.com/groups/279653338854904

Repúblicas do Centro de BHwww.facebook.com/groups/362705400460425

APRESENTAÇÃO DO CAAP

e intervenções artísticas na faculdade.- Assistência: auxílio ao estudante, em especial aos fumpistas, de forma a orientá-lo e ajuda-los para que ele possa se manter estudando, ainda que enfrente dificuldades financeiras ou sociais.

- Ensino e Pesquisa: promoção da pesquisa acadêmica, realização de eventos como seminários, congressos e palestras.

- Extensão: diálogo entre a faculdade e a sociedade. É função desta diretoria trabalhar pelo desenvolvimento da atividade mais negligenciada do tripé universitário.

- Imprensa: publicações do CAAP nas mídias digitais e, na faculdade, pelo jornal Voz Acadêmica e pelo lançamento de Urtigas.

E aí, se interessou pelo CAAP?! Qual diretoria é a sua cara? A participação no Centro Acadêmico é aberta a todos, inclusive aos calouros, que sempre desempenham papel importante na gestão. Caso haja interesse, não hesite em procurar um dos membros da diretoria que mais te agrada!

REALIZAÇÃO:

Contatos da Gestão:(telefone/whatsapp/ facebook:)Diretores de Assistência:Júlia Bonifácio – 31 9185 9228Guilherme Morais – 31 9145 9172

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