MINIESTAQUIA, ENXERTIA E ALPORQUIA DE Khaya anthotheca - … · alporquia reduzindo o tamanho das...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL Progama de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais MINIESTAQUIA, ENXERTIA E ALPORQUIA DE Khaya anthotheca JOAMIR BARBOSA FILHO CUIABÁ - MT 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL

Progama de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais

MINIESTAQUIA, ENXERTIA E ALPORQUIA DE

Khaya anthotheca

JOAMIR BARBOSA FILHO

CUIABÁ - MT

2015

JOAMIR BARBOSA FILHO

MINIESTAQUIA, ENXERTIA E ALPORQUIA DE

Khaya anthotheca

Orientador: Prof. Dr. Gilvano Ebling Brondani

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências do Curso de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais, para a obtenção do título de mestre.

CUIABÁ - MT

2015

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Dedico esse trabalho:

Aos meus pais, Joamir Barbosa e Maria Cristina;

Aos meus Irmãos Rafael e Thiago;

Aos meus avós Arlindo Cardoso, Lourdes Marin Cardoso,

Valdemar Barbosa e Maria Delzira.

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AGRADECIMENTO

Inicio meus agradecimentos à DEUS e a NOSSA SENHORA, por nos

momentos mais difíceis me darem forças para poder transpassar as dificuldades

ao longo destes dois anos de mestrado.

Aos meus pais e irmãos pela ajuda direta, pelo carinho e compreensão

à concretização deste trabalho.

Aos familiares, pelo incentivo e amor, em especial a minha tia Lurdinha

que ao longo desta minha trajetória, infelizmente se foi, mas a sua vida serviu de

exemplo para seus filhos e sobrinhos, superou todas as dificuldades e foi uma

vitoriosa.

À Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), por proporcionar

condições para o meu desenvolvimento intelectual.

Aos professores e servidores da secretaria da Pós-Graduação em

Ciências Florestais e Ambientais, pela disponibilidade e apoio.

A CAPES pela concessão da bolsa de estudos, com a qual pude

adquirir materiais e montar a estrutura física necessária para o desenvolvimento

de meu estudo.

Ao Professor Dr. Gilvano Ebling Brondani, pela orientação,

disponibilidde, compreensão e paciência.

À Professora Dra. Édila Cristina Souza, Dr. Leandro Silva de Oliveira e

a M.Sc. Karen Janones da Rocha pelo auxílio e amizade.

Às estagiárias Sofia Luciano de Oliveira e a Maria Angélica Di Carvalho

pelo compromisso e dedicação.

Aos componentes da Banca Examinadora pela contribuição na minha

formação com os seus conhecimentos.

As demais pessoas que me ajudaram de maneira direta ou indireta

para a realização deste trabalho.

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SUMÁRIO

RESUMO ..................................................................................................... xi

ABSTRACT ............................................................................................... xiii

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1

2 HIPÓTESES ............................................................................................... 3

3 OBJETIVOS ............................................................................................... 3

3.1 GERAL .................................................................................................... 3

3.2 ESPECÍFICOS ........................................................................................ 3

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 4

4.1 O GÊNERO Khaya .................................................................................. 4

4.2 DESCRIÇÃO GERAL DA Khaya anthotheca ........................................... 5

4.2.1 Descrição botânica ............................................................................... 6

4.2.2 Aspectos ecológicos ............................................................................. 7

4.3 MINIESTAQUIA....................................................................................... 8

4.4 ENXERTIA ............................................................................................ 10

4.5 ALPORQUIA ......................................................................................... 10

4.6 NUTRIÇÃO MINERAL ........................................................................... 11

4.7 AUXINAS .............................................................................................. 12

5. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................... 14

5.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EXPERIMENTO ............................... 14

5.2 MATERIAL VEGETAL ........................................................................... 14

5.2.1 Origem e obtenção das mudas ........................................................... 14

5.3 EXPERIMENTO 1: EFEITO DE DIFERENTES SOLUÇÕES NUTRITIVAS NA PRODUÇÃO DE MINIESTACAS EM MINIJARDIM SEMINAL .................... 15

5.3.1 Constituição do minijardim seminal .................................................... 15

5.3.2 Solução nutritiva ................................................................................. 18

5.3.3 Produção de miniestacas do minijardim seminal ................................ 19

5.3.4 Variáveis respostas ............................................................................ 19

5.3.5 Delineamento experimental ................................................................ 20

5.4 EXPERIMENTO 2: EFEITO DO AIB ASSOCIADO ÀS CONCENTRAÇÕES DE SOLUÇÃO NUTRITIVA NO ENRAIZAMENTO DE MINIESTACAS ............. 20

5.4.1 Coleta das miniestacas ...................................................................... 20

5.4.2 Coleta dos propágulos de padronização das miniestacas .................. 21

5.4.3 Aplicação de regulador de crescimento .............................................. 22

5.4.4 Substrato e recipiente de enraizamento ............................................. 23

5.4.5 Condições de enraizamento ............................................................... 23

5.4.6 Variáveis respostas ............................................................................ 24

5.4.7 Delineamento experimental ................................................................ 25

5.5 EXPERIMENTO 3: AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE ENXERTIA ............ 25

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5.5.1 Material vegetal .................................................................................. 26

5.5.2 Procedimento de enxertia ................................................................... 26

5.5.3 Tratamentos ....................................................................................... 28

5.5.4 Variáveis respostas ............................................................................ 30

5.5.5 Delineamento experimental ................................................................ 30

5.6 EXPERIMENTO 4: AVALIAÇÃO DA ALPORQUIA EM RELAÇÃO A CONCENTRAÇÕES DE AIB E SOLUÇÃO NUTRITIVA .............................. 31

5.6.1 Material experimental ......................................................................... 31

5.6.2 Procedimento da alporquia ................................................................. 32

5.6.3 Variáveis respostas ............................................................................ 33

5.6.4 Delineamento experimental ................................................................ 33

5.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ................................................. 33

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 36

6.1 EXPERIMENTO 1: EFEITO DE DIFERENTES SOLUÇÕES NUTRITIVAS NA PRODUÇÃO DE MINIESTACAS EM MINIJARDIM SEMINAL .................... 36

6.1.1 Sobrevivência de minicepas ............................................................... 36

6.1.2 Produção de miniestacas do minijardim seminal ................................ 37

6.2 EXPERIMENTO 2: EFEITO DO AIB ASSOCIADO ÀS CONCENTRAÇÕES DE SOLUÇÃO NUTRITIVA NO ENRAIZAMENTO DE MINIESTACAS ............. 39

6.2.1 Análise histológica da miniestaca ....................................................... 44

6.3 DISCUSSÃO ......................................................................................... 45

6.4 EXPERIMENTO 3: AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE ENXERTIA ............ 49

6.4.1 Análise histológica do enxerto ............................................................ 52

6.5 DISCUSSÃO ......................................................................................... 54

6.6 EXPERIMENTO 4: AVALIAÇÃO DA ALPORQUIA EM RELAÇÃO A CONCENTRAÇÕES DE AIB E SOLUÇÃO NUTRITIVA .............................. 55

6.7 DISCUSSÃO ......................................................................................... 58

7 CONCLUSÕES ........................................................................................ 60

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ................................ 61

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 62

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. COMPOSIÇÃO DA SOLUÇÃO NUTRITIVA BÁSICA PARA A FERTIRRIGAÇÃO DO MINIJARDIM SEMINAL DE Khaya anthotheca. ......................... 18 TABELA 2. RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA A PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DE MINICEPAS (SOB) DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS E COLETAS DE PROPÁGULOS, CUIABÁ, 2014. ..................................................................................... 36 TABELA 3. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DE MINICEPAS DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS COLETAS DE PROPÁGULOS E CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS, CUIABÁ, 2014. ......................... 37 TABELA 4. RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) DA PRODUÇÃO DE MINIESTACAS M-² ANO-1 (NMMA) DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DE SOLUÇÕES NUTRITIVAS E COLETAS DE PROPÁGULOS, CUIABÁ, 2014. ......................................................................................................................... 38 TABELA 5. VALORES MÉDIOS DA PRODUÇÃO DE MINIESTACA M-² ANO-1 DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS E COLETAS DE PROPÁGULOS, CUIABÁ, 2014. ................................................................. 38 TABELA 6. RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA A SOBREVIVÊNCIA DE MINIESTACAS DE Khaya anthotheca NA SAÍDA DA CASA DE VEGETAÇÃO (SCV), SAÍDA DA CASA DE SOMBRA (SCS), ENRAIZAMENTO A PLENO SOL (EAPS) E DA PORCENTAGEM DE CALO (CAL) EM RELAÇÃO A COLETA DE PROPÁGULOS, SOLUÇÃO NUTRITIVA E REGULADOR DE CRESCIMENTO, CUIABÁ, 2014. .......................................................................................... 39 TABELA 7. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DE MINIESTACAS DE Khaya anthotheca NA SAÍDA DA CASA DE VEGETAÇÃO (SCV) EM RELAÇÃO AOS TRATAMENTOS AVALIADOS, CUIABÁ, 2014. ............................. 41 TABELA 8. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DE MINIESTACAS DE Khaya anthotheca NA SAÍDA DA CASA DE SOMBRA (SCS) EM RELAÇÃO AOS TRATAMENTOS AVALIADOS, CUIABÁ, 2014. .................................... 41 TABELA 9. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE ENRAIZAMENTO DE MINIESTACAS DE Khaya anthotheca EM ÁREA DE PLENO SOL (EAPS) EM RELAÇÃO AOS TRATAMENTOS AVALIADOS, CUIABÁ, 2014. .................................... 43 TABELA 10. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE CALO (CAL) DE MINIESTACAS DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO AOS TRATAMENTOS AVALIADOS, CUIABÁ, 2014. ................................................................................................. 43 TABELA 11. RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA A PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA (SB45 - 45 DIAS) E DE PEGAMENTO (SB200 - 200 DIAS) DO ENXERTO INTER E INTRAESPECÍFICO DE Khaya anthotheca E Swietenia macrophylla, CUIABÁ, 2014. ............................................................................... 50

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TABELA 12. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DAS MUDAS DO ENXERTO INTER E INTRAESPECÍFICO DE Khaya anthotheca E Swietenia macrophylla, APÓS 45 DIAS (SB45), CUIABÁ, 2014. ...................................... 50 TABELA 13. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE PEGAMENTO DAS MUDAS ENXERTADAS INTER E INTRAESPECÍFICAS DE Khaya anthotheca E Swietenia macrophylla, APÓS 200 DIAS (SB200), CUIABÁ, 2014. ..................................................... 51 TABELA 14. RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA A PORCENTAGEM DE ENRAIZAMENTO E INDUÇÃO DE CALO EM ALPORQUES DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO A SOLUÇÃO NUTRITIVA E APLICAÇÃO DE AIB, CUIABÁ, 2014. ......................................................................................................................... 55 TABELA 15. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE ENRAIZAMENTO DE ALPORQUES DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS, CUIABÁ, 2014. ........................................................................ 56 TABELA 16. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE ENRAIZAMENTO DE ALPORQUES DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO (AIB), CUIABÁ, 2014. .............................................................................. 56 TABELA 17. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE CALO EM ALPORQUES DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS, CUIABÁ, 2014. ................................................................................................ 57 TABELA 18. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE CALO EM ALPORQUES DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO (AIB), CUIABÁ, 2014. .............................................................................................................. 57

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.DETALHE DAS SEMENTES DE Khaya anthotheca ADQUIRIDAS PARA A OBTENÇÃO DAS MUDAS VISANDO A INSTALAÇÃO DOS EXPERIMENTOS. (A) DETALHE DA EMBALAGEM METÁLICA DE CONDICIONAMENTO DAS SEMENTES; (B) DETALHE DAS SEMENTES BENEFICIADAS. ..................................... 15

FIGURA 2. MINIJARDIM SEMINAL DE Khaya anthotheca. (A) MUDAS TRANSPLANTADAS PARA VASOS DE POLIETILENO. (B) REALIZAÇÃO DA ALPORQUIA REDUZINDO O TAMANHO DAS MINICEPAS E INDUÇÃO DE BROTAÇÕES. (C) ANELAMENTO DAS MUDAS COM A RETIRADA DE UM ANEL DE CASCA DE 3,0 cm. (D) APLICAÇÃO DE AIB NA REGIÃO DO ANELAMENTO. (E) RECOBRIMENTO DO ALPORQUE COM ESFAGNO AO REDOR DA REGIÃO DO ANELAMENTO. (F) BROTAÇÕES LATERAIS INDUZIDAS NAS MUDAS AOS 30 DIAS APÓS A REALIZAÇÃO DA ALPORQUIA. (G) CRESCIMENTO DAS BROTAÇÕES LATERAIS AOS 45 DIAS APÓS REALIZADA A ALPORQUIA. (H) MINICEPAS APÓS A REALIZAÇÃO DA DECEPA DOS ALPORQUES. (I) BROTAÇÕES LATERAIS INDUZIDAS APÓS A DECEPA DO ALPORQUE. BARRA = 0,5 cm. ........... 17

FIGURA 3. MINIJARDIM SEMINAL DE Khaya anthotheca. (A) DETALHE DO MINIJARDIM ANTES DA COLETA DE PROPÁGULOS (BROTOS). (B) DETALHE DO MINIJARDIM APÓS A COLETA DE PROPÁGULOS. ................................. 19

FIGURA 4. DETALHE DA MINESTAQUIA DE Khaya anthotheca. (A) MINIESTACA PADRÃO COM 8,0 cm DE COMPRIMENTO. (B) ACONDICIONAMENTO DAS MINIESTACAS EM RECIPIENTE CONTENDO ÁGUA. (C) REDUÇÃO DA ÁREA FOLIAR EM 50% E CORTE DA REGIÃO BASAL EM FORMA DE BISEL. (D) EMISSÃO DE BROTAÇÕES AXILARES NA MINICEPA APÓS 15 DIAS DE REALIZAÇÃO DA PRIMEIRA COLETA DE PROPÁGULOS. ................................................... 22

FIGURA 5. DETALHE DA CASA DE VEGETAÇÃO UTILIZADA PARA O EXPERIMENTO DE MINIESTAQUIA DE Khaya anthotheca. (A) VISTA EXTERNA DA CASA DE VEGETAÇÃO. (B) ACONDICIONAMENTO DAS MINIESTACAS NO INTERIOR DA CASA DE VEGETAÇÃO E DETALHE DO SISTEMA DE MICROASPERSÃO ACIONADO. ................................................................ 24

FIGURA 6. DETALHE DO PROCESSO DE ENXERTIA DE Swietenia macrophylla E Khaya anthotheca. (A) DETALHE DO FORMATO DO CORTE E DO PONTO DE INSERÇÃO DO ENXERTO NO PORTA-ENXERTO. (B) PROTEÇÃO DA ÁREA DE INSERÇÃO COM FITILHO BIODEGRADÁVEL. (C) FINALIZAÇÃO DA ENXERTIA E ACONDICIONAMENTO DAS MUDAS EM CASA DE VEGETAÇÃO. (D) EMISSÃO DE BROTOS AXILARES NO PORTA-ENXERTO APÓS 15 DIAS DA ENXERTIA. 28

FIGURA 7. PROCESSO DE ENXERTIA INTERESPECÍFICA E INTRAESPECÍFICA ENTRE AS ESPÉCIES Khaya anthotheca E Swietenia macrophylla. (A) ENXERTIA ENTRE K. anthotheca + S. macrophylla E S. macrophylla + K. anthotheca. (B) ENXERTIA DE K. anthotheca + K. anthotheca. (C) ENXERTIA DE S. macrophylla + S. macrophylla. ................................................................................................ 29

FIGURA 8. CORTE TRANSVERSAL DO CAULE DE MINIESTACA DE Khaya anthotheca. (A) INÍCIO DO CRESCIMENTO SECUNDÁRIO. (B) DETALHE DA REGIÃO

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CAMBIAL DA MINIESTACA. CO - CÓRTEX; F1º - FLOEMA PRIMÁRIO; F2º - FLOEMA SECUNDÁRIO; X1º- XILEMA PRIMÁRIO; X2º - XILEMA SECUNDÁRIO; CV - CÂMBIO VASCULAR; MP - MEDULA; XI - XILEMA; FL - FLOEMA. BARRA = 10 µm.44

FIGURA 9.DESENVOLVIMENTO DAS MUDAS ENXERTADAS DE Khaya anthotheca + Swietenia macrophylla (TKS); K. anthotheca + K. anthotheca (TKK); S. macrophylla + K. anthotheca (TKS) E S. macrophylla + S. macrophylla (TSS), AOS 180 DIAS APÓS A REALIZAÇÃO DA ENXERTIA. MA - MOGNO AFRICANO (K. anthotheca); MB - MOGNO BRASILEIRO (S. macrophylla). COMBINAÇÃO DE PORTA-ENXERTO / ENXERTO. .................................................................................................. 52

FIGURA 10.CORTE A MÃO-LIVRE DO CAULE EM CRESCIMENTO SECUNDÁRIO NA REGIÃO DE ENXERTIA DE Swietenia macrophylla (PORTA-ENXERTO) E Khaya anthotheca (ENXERTO) (TSK). (A) DETALHE DO CORTE TRANSVERSAL EVIDENCIANDO OS TECIDOS DO ENXERTO E DO PORTA-ENXERTO. CC - CASCA, PE - PORTA-ENXERTO, EN - ENXERTO. BARRA = 0,1 cm. (B) DETALHE DO CORTE TRANSVERSAL DA REGIÃO DE ENXERTIA. BARRA = 10 µm. (C) DETALHE DA COMPATIBILIDADE DOS TECIDOS DO ENXERTO COM OS TECIDOS DO PORTA-ENXERTO (SETAS AMARELAS). BARRA = 10 µm. (D) DETALHE DA REGIÃO DE CONEXÃO, DESTACANDO O EMPARELHAMENTO DOS RAIOS PAREQUIMÁTICOS DO PORTA-ENXERTO E DO ENXERTO (SETAS VERMELHAS). BARRA = 10 µm. 53

FIGURA 11.DETALHE DA ALPORQUIA EM Khaya anthotheca. (A) DESMAME DO ALPORQUE. (B) ALPORQUE REFERENTE AO TRATAMENTO COM SOLUÇÃO NUTRITIVA S100 ASSOCIADA A AUSÊNCIA DO AIB. (C) ALPORQUE REFERENTE AO TRATAMENTO DA SOLUÇÃO NUTRITIVA S100 ASSOCIADA A APLICAÇÃO DE 3 g.L-1 DE AIB. (D) ALPORQUE REFERENTE AO TRATAMENTO DA SOLUÇÃO NUTRITIVA S100 ASSOCIADA A APLICAÇÃO DE 8 g.L-1 DE AIB. S100 - SOLUÇÃO NUTRITIVA CONTENDO 100% DA CONCENTRAÇÃO DE MACRO E MICRONUTRIENTES (TABELA 1). BARRAS = 4 cm.............. ...................................................... 58

xi

RESUMO

BARBOSA FILHO, Joamir. Miniestaquia, enxertia e alporquia de Khaya anthotheca. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais e Ambientais) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT. Orientador: Prof. Dr. Gilvano Ebling Brondani. A Khaya anthotheca A. Juss. (Welw.) é uma espécie de mogno africano que desponta no cenário brasileiro como alternativa promissora para o florestamento visando a produção de madeira nobre. Contudo, o elevado custo de suas sementes aliado ao curto período de viabilidade são alguns fatores que dificultam a oferta de mudas no mercado a preços acessíveis. O objetivo da presente pesquisa foi avaliar a eficiência das técnicas de miniestaquia, enxertia e alporquia visando estabelecer protocolos de propagação clonal de genótipos de Khaya anthotheca. Na primeira etapa do experimento de miniestaquia, as minicepas foram submetidas às seguintes soluções de fertirrigação: S100 - 100% da concentração dos sais da solução nutritiva básica (testemunha), S50 - 50% da concentração dos sais da solução nutritiva básica e S25 - 25% da concentração dos sais da solução nutritiva básica. O delineamento experimental foi em blocos completos ao acaso em arranjo fatorial (3x5) com parcelas subdivididas no tempo, sendo os fatores constituídos por 3 soluções de fertirrigação (S100, S50 e S25) e 5 coletas de propágulos, sendo avaliadas a sobrevivência e a produção de miniestacas. Na segunda etapa do experimento de miniestaquia, foram confeccionadas miniestacas a partir dos propágulos obtidos de minicepas, as quais foram submetidas a diferentes soluções nutritivas (S100, S50 e S25). Parte das miniestacas foram tratadas com ácido indolbutírico (AIB), na concentração de 2 g.L-1 e a outra parte não foi tratada com AIB (testemunha). O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado no arranjo fatorial (3x5x2) com parcelas subdivididas no tempo, sendo os fatores constituídos por 3 soluções de fertirrigação (S100, S50 e S25), 5 coletas de propágulos e duas concentrações de AIB (A0 - ausência de AIB, testemunha e A2 - 2 g.L-1 de AIB), sendo avaliada a sobrevivência de miniestacas na saída da casa de vegetação (SCV); sobrevência na saída da casa de sombra (SCS); enraizamento em pleno sol (EAPS) e presença de calo (CAL). Em um terceiro experimento referente às combinações entre enxertos de Khaya anthotheca e Swietenia macrophylla King., foram testadas combinações de porta-enxerto + enxerto, as quais foram: TSK - Swietenia macrophylla + Khaya anthotheca; TKS - Khaya anthotheca + Swietenia macrophylla; TSS - Swietenia macrophylla + Swietenia macrophylla; TKK - Khaya anthotheca + Khaya anthotheca. O experimento foi conduzido no delineamento em blocos ao acaso, sendo os tratamentos constituídos pela combinação dos materiais enxertados onde foi avaliado o pegamento aos 45 e aos 200 dias após a realização do enxerto, seguido da análise histológica. No quarto experimento foi realizada a alporquia nas mudas de Khaya anthotheca que estavam sendo fertirrigadas com as soluções S100, S50 e S25 e, após 45 dias, foi realizada a alporquia com três concentrações de AIB (A0 - ausência de AIB, testemunha; A3 - 3 g.L-1 de AIB e A8 - 8 g.L-1 de AIB). O experimento foi conduzido no delineamento em blocos completos ao acaso, em arranjo fatorial (3x3), sendo os fatores constituídos por 3 soluções de fertirrigação e 3 concentrações de AIB. A

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sobrevivência de minicepas não variou significativamente ao longo das coletas de brotações e não dependeu da solução nutritiva. A produção de miniestacas por metro quadrado ao ano dependeu da solução nutritiva, onde a S100 (100% da concentração de macro e micronutrientes) resultou nos maiores valores para a maioria das coletas de brotações. Houve elevada sobrevivência de miniestacas na saída da casa de vegetação, independente das coletas de propágulos, solução nutritiva e aplicação de AIB. A porcentagem de sobrevivência de miniestacas na saída da casa de sombra e o enraizamento em área de pleno sol foram maiores quando as minicepas receberam as soluções de fertirrigação S100 e S50 associada a presença de AIB na concentração de 2 g.L-1. Os menores índices de enraizamento e os maiores de calos ocorreram nas miniestacas advindas de minicepas tratadas com a solução S25 na ausência da aplicação de AIB. Na enxertia, o melhor tratamento em relação à sobrevivência dos enxertos, tanto aos 45, quanto aos 200 dias foi a combinação de TKK (92%), seguido pela combinação TSK (52%), TSS (48%). Não houve pegamento nos enxertos de TKS, demonstrando incompatibilidade entre as espécies ao usar esse tipo de enxertia. Para a alporquia, as mudas tratadas com solução S100 e S50, seguidas de aplicação de AIB (3 g.L-1 ou 8 g.L-1) apresentaram os maiores percentuais de enraizamento. No tratamento com a solução S25 sem aplicação de AIB ocorreu maior formação de calos e menor de enraizamento. No geral, as três técnicas de propagação (miniestaquia, enxertia e alporquia) foram adequadas para a multiplicação de Khaya anthotheca, demostrando viabilidade para a produção de mudas. Palavras-chave: Clonagem, mogno africano, reprodução assexuada, enraizamento adventício, cicatrização de enxertos.

xiii

ABSTRACT BARBOSA FILHO, Joamir. Minicutting technique, grafting and air layering of Khaya anthotheca. 2015. Dissertation (Master in Forestry and Environmental Sciences) – Federal University of Mato Grosso, Cuiabá-MT. Supervisor: Prof. Dr. Gilvano Ebling Brondani. Khaya anthotheca A. Juss. (Welw.) is a species of african mahogany that rises in brazilian scene as a promising alternative for forestation with species of hardwood. However, the high cost of its seeds and its short period of viability are some factors that hinder the provision seedlings in the market at affordable prices. The aim this research was to evaluate the efficiency of minicutting technique, grafting and air layering to establish an clonal propagation method for Khaya anthotheca. In the first experiment of minicutting, ministumps were treated with the following fertigation solutions: S100 - 100% of nutrient concentration (control solution), S50 - 50% of nutrient concentration and S25 - 25% of nutrient concentration. The experimental design was randomized complete block in a factorial arrangement (3x5) with split-plot in the time. The factors consisted of 3 fertirrigation solutions (S100, S50 and S25) and 5 propagules collection. Ministump survival and minicutting production were evaluated. In the second stage of the experiment, minicuttings were submitted to different nutrient solutions and part of them been treated with Indol-3-butyric acid - IBA (2 g.L-1) and other part was not treated with IBA (control). The experimental design was completely randomized in a factorial arrangement (3x5x2) with split-plot in time. The factors consisting of 3 fertirrigation solutions (S100, S50 and S25), 5 propagules collection and two IBA concentrations (A0 - without AIB, A2 - 2 g.L-1 IBA). Minicutting survival in greenhouse (SCV); minicutting survival in shade-house (SCS), adventitious rooting in full sun area (EAPS) and presence of callus (CAL) were evaluated. In the grafting, combinations of Khaya anthotheca and Swietenia macrophylla King. were tested (rootstock + graft): TSK - Swietenia macrophylla + Khaya anthotheca; TKS - Khaya anthotheca + Swietenia macrophylla; TSS - Swietenia macrophylla + Swietenia macrophylla; TKK - Khaya anthotheca + Khaya anthotheca. The experimental design was randomized complete block, with the treatments constituted by 4 grafting combination. The survival was evaluated at 45 and 200 days after the grafting, followed by histological analysis. The fourth experiment was performed air layering in seedlings of Khaya anthotheca. Seedlings were fertigated with solutions of S100, S50 and S25, and after 45 days, was performed air layering with application of three IBA concentrations (A0 - without IBA, control; A3 - 3 g.L-1 IBA and A8 - 8 g.L-1 AIB). The experimental design was randomized complete block in a factorial arrangement (3x3). The factors consist of 3 fertigation solutions and 3 IBA concentrations. Survival of ministumps did not vary significantly, regardless of shoots collection and nutrient solution. The S100 solution resulted in higher values of minicuttings production per square meter per year. The minicutting survival in the greenhouse was high, regardless of the shoots collection, nutrient solution and IBA application. The minicuttings survival in shade house and rooting in full sun area were

xiv

higher when treated with S100 and S50 solutions and application of 2 g.L-1 de IBA. The S25 solution in the IBA absence resulted in low rooting index and greater callogenesis index. In grafting, the best survival (45 and 200 days) was the TKK combination (92%), followed by the TSK (52%) and TSS (48%). There wasn’t survival in grafting of TKS, indicating incompatibility. For air layering, the seedlings treated with S100 and S50 solutions and AIB application (3 g.L-1 and 8 g.L-1) showed the highest adventitious rooting percentage. The S25 solution without IBA application increased the callus formation and low adventitious rooting. The three propagation techniques (i.e., minicutting, grafting and air layering) were suitable for multiplication of Khaya anthotheca, demonstrating feasibility for the clone production. Key words: Cloning, african mahogany, asexual reproduction, adventitious rooting, cicatrization of grafting.

1

1 INTRODUÇÃO

O mercado de madeiras nobres está em franco crescimento.

Segundo dados da FAO, em 2010, estudos de mercado apontaram que a

procura por madeira para uso industrial superou 1,6 bilhões de metros

cúbicos e mesmo com o aumento da área plantada, houve um déficit de

500 milhões de metros cúbicos.

Grande parte da madeira considerada nobre e que é

comercializada no mundo, provém da exploração de florestas naturais,

onde na maioria das vezes é considerada predatória ou advêm de áreas

desmatadas. O interesse de plantios comerciais com espécies nobres têm

aumentado nos últimos anos a fim de atender esta demanda. O uso de

espécies madeireiras nobres nativas apresenta implicações ambientais e

comerciais, tais como do mogno brasileiro (Swietenia macrophylla King.) e

outras espécies da família Meliaceae, em que o plantio comercial tornou-

se inviável até o presente momento devido ao ataque da broca-das-

meliáceas (Hypsipyla grandella) (PINHEIRO, 2011).

Nesse sentido, espécies exóticas de elevado valor comercial,

tais como mognos africanos (Khaya spp.), apresentam-se como

alternativas promissoras para a composição de plantios comerciais. Além

desses aspectos, as espécies de mognos africanos são normalmente

resistentes à praga a broca-das-meliáceas, considerando que a madeira

apresenta excelente aceitação no mercado.

Contudo, alguns fatores dificultam a difusão do mogno africano

entre os florestadores no Brasil, como a dificuldade de aquisição de

mudas, pois a produção seminal não atende a demanda exigida pelo

mercado na atualidade. As sementes apresentam elevado valor (um quilo

de sementes de mogno africano pode chegar até três mil reais). Outro

aspecto refere-se a ausência de programas de melhoramento para as

espécies de mogno africano, principalmente em relação a inexistência de

pomares. As sementes comercializadas são coletadas de indivíduos sem

uma prévia seleção, não tendo quaisquer garantias quanto à qualidade

das mudas produzidas. Além disso, não há abastecimento contínuo do

mercado, coniderando ainda que as sementes de mogno africano são

2

recalcitrantes, as quais perdem a viabilidade após quatro semanas depois

de colhidas (PINHEIRO, 2011).

A Khaya anthotheca é uma espécie de rápido crescimento e

seu valor econômico é muito atrativo, podendo chegar a R$ 2.000,00 o

metro cúbico (PINHEIRO, 2011). Contudo, segundo Pinheiro (2011), a

comercialização de mudas e sementes é praticamente inexistente no

Brasil, pois é recente o interesse pelo florestamento desta espécie. Outro

aspecto diz respeito à inexistência de conhecimento quanto às técnicas

de propagação aplicadas a Khaya anthotheca como a miniestaquia,

enxertia e alporquia, o que dificulta os avanços na área de melhoramento

florestal.

A clonagem pode subsidiar a disponibilidade de mudas de

Khaya anthotheca com qualidade genética, suprindo a demanda do

mercado florestal em um futuro próximo, sem a necessidade constante de

obtenção de sementes.

Portanto, há a necessidade do desenvolvimento de estudos

relacionados ao emprego de técnicas de propagação avaliando os

principais fatores que interferem no enraizamento dos propágulos, o vigor

das mudas, o estado nutricional (minicepa e miniestacas), o uso de

reguladores de crescimento para a indução do enraizamento, bem como,

estudos relacionados à enxertia e alporquia.

Essas pesquisas são importantes do ponto de vista estratégico

da engenharia florestal, pois poderão gerar informações adicionais para a

recomendação de práticas confiáveis em relação à produção de mudas

da espécie, servindo de base para programas de melhoramento que

visam a implantação de plantios clonais ou, até mesmo, o resgate e

rejuvenescimento de material adulto selecionado.

3

2 HIPÓTESES

(i) A fertirrigação aplicada à 100% da concentração dos macro

e micronutrientes proporciona uma nutrição mais adequada para as

minicepas, resultando em aumento da produtividade de brotos;

(ii) Miniestacas oriundas da solução nutritiva correspondente a

100% da concentração dos macro e micronutrientes e tratadas com ácido

indolbutírico (AIB) apresentam maior indução da rizogênese;

(iii) Há compatibilidade entre mudas enxertadas de Khaya

anthotheca com Swietenia macrophylla;

(iv) Mudas fertirrigadas com 100% da concentração dos macro

e micronutrientes associada com a aplicação de AIB proporciona maior

enraizamento dos alporques.

3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

O objetivo desse estudo baseou-se em avaliar a eficiência das

técnicas de miniestaquia, enxertia e alporquia, visando estabelecer

protocolos de propagação de Khaya anthotheca A. Juss. (Welw.).

3.2 ESPECÍFICOS

(i) Avaliar o efeito de diferentes concentrações de solução

nutritiva na produção de miniestacas em minijardim seminal;

(ii) Avaliar o enraizamento de miniestacas de acordo com

diferentes concentrações de AIB e diferentes concentrações de solução

nutritiva;

(iii) Avaliar a compatibilidade entre enxerto e porta-enxerto de

Swietenia macrophylla e Khaya anthotheca;

(iv) Avaliar o enraizamento de alporques em relação a

diferentes concentrações de AIB associada a composições de solução

nutritiva.

4

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 O GÊNERO Khaya

A intensa exploração ao longo de décadas das florestas nativas

do Brasil resultaram em redução das reservas de madeiras nobres,

havendo a necessidade da busca do conhecimento para o cultivo de

outras espécies florestais de elevado valor agregado (PINHEIRO et al.,

2003).

Diante deste cenário surge como alternativa promissora o

cultivo de espécies de mogno africano, tais como a Khaya ivorensis,

Khaya grandifoliola, Khaya anthotheca e Khaya senegalensis. Estas são

as principais espécies exploradas e plantadas comercialmente nos países

africanos onde ocorrem naturalmente. As espécies não apresentam

diferenças morfológicas nítidas com os mognos americanos (Swietenia

mahogany, Swietenia macrophylla e Swietenia humilis) (SOUZA, 1966).

Segundo Gasparetto (2002), a descrição botânica do gênero

Khaya retrata árvores de grande porte, folhas paripenadas, folíolos

inteiros. Flores monóicas, mas com desenvolvidos vestígios do sexo

oposto e com pequena diferença externa entre os sexos, em panículas

grandes, muito ramificadas. Cálice lobado quase até a base, lóbulos

quatro ou cinco, suborbiculares, imbricados. Pétalas de quatro a cinco,

livres, muito mais compridas do que o cálice no gomo, contorcidas. Tubo

estaminal urceolado, glabro por dentro e por fora, anteras oito ou dez,

inclusas, ou anteródios no ápice, terminando por oito ou dez apendículos,

marginados ou irregularmente lobados, alternando-se com as anteras ou

os anteródios.

De acordo com a descrição botânica do gênero Khaya por

Terezo (2002), apresenta disco em coussinete, ligado à base do ovário,

mas livre do tubo estaminal. Ovário tetra ou pentalocular, cada lóculo com

doze a dezesseis óvulos pêndulos em duas séries; estilete curto, parte

superior discóide, ocupando quase totalmente a entrada do tubo

5

estaminal, margem crenulada, superfície superior com papila central

minúsculo, cristas estigmáticas quatro ou cinco, radiadas.

As espécies pertencentes ao gênero Khaya são indicadas para

o plantio no Brasil, principalmente por apresentarem rápido crescimento,

podendo até superar o mogno brasileiro (Swietenia macrophylla),

dependendo das condições edafoclimáticas (PINHEIRO et al., 2011).

Outra característica importante refere-se ao fato de, não ter

sido relatado o ataque da Hypsipyla grandella nas espécies de Khaya, até

o presente momento. A madeira destas espécies apresenta grande

aceitação no mercado internacional, sendo a comercialização garantida a

elevados valores. Dessa forma, a comercialização de madeiras nobres

oriundas de espécies de Khaya é uma alternativa promissora, tanto a

médio quanto a longo prazos, o que é estimado entre e 12 a 20 anos para

o setor florestal brasileiro (GASPARETTO, 2002; TEREZO, 2002).

Dentre as espécies madeireiras de mogno africano,

consideradas de adequada valorização econômica, e que merecem

destaque, estão a Khaya anthotheca (OPUNI-FRIMPONG, 2008).

4.2 DESCRIÇÃO GERAL DA Khaya anthotheca

A Khaya anthotheca A. Juss. (Welw) [sinonímia: Khaya nyasica

Stapf ex Baker f. (1911)] é uma espécie que pode ser encontrada

naturalmente desde o Leste da Guiné Bissau até os países da Uganda e

Tanzânia e, ao sul de Angola, Zâmbia, Zimbábue e Moçambique, sendo

muito cultivada em plantios comerciais nos próprios países de origem,

mas também na África do Sul, Ásia Tropical e América Tropical (FAO,

1993). A espécie apresenta várias denominações vulgares, tais como:

smooth-barked mahogany, white mahogany, uganda mahogany (na

Inglaterra e em países de língua inglesa); acajou blanc, acajou à peau

lisse (França); a kibaba de mussengue (Portugal); mkangazi, mwovu,

nyalulasi, linjo (Swazilândia - Situada na porção sul da África). No Brasil

esta espécie é conhecida como mogno africano ou mogno branco

(MAROYI, 2008).

6

Em seu habitat de ocorrência natural a Khaya anthotheca

apresenta-se como uma árvore de grande porte podendo atingir altura

variável entre 40 e 65 m e diâmetro acima do peito (DAP) de 210 cm;

base com grandes sapopemas que se elevam cerca de 4 a 6 m,

sobretudo nas árvores mais velhas. Algumas vezes as raízes apresentam

superfície proeminente (LAMPRECHET, 1990).

4.2.1 Descrição botânica

De acordo com a descrição botânica do gênero Khaya por

Barroso (1987) a casca é cinza e lisa, mas esfoliando-se em escamas

pequenas e circulares, deixando a superfície marcada com cavidades

salpicadas de cinza marrom-amarelada. A casca interna é caracterizada

pela coloração rosa a avermelhada. As folhas apresentam arranjo

espiralado, mas agrupadas próximas as extremidades dos ramos;

alternas, compostas, paripenadas, com pecíolos de 3,5 a 7,0 cm de

comprimento, sem estípulas, com 2 a 5 pares (raramente se encontram

em número de 7), de folíolos glabros, brilhantes, opostos, de ovado-

oblongos a elípticos, de 5 a 20 cm de comprimento por 2 a 10 cm de

largura, de cuneados a obtusos e ligeiramente assimétricos na base, de

obtusos a curto-acuminados, no ápice.

A descrição botânica do gênero Khaya, por Maroyi (2008),

indica que as árvores mais novas possuem mais pares de folíolos (cerca

de 20 pares). As flores são reunidas em inflorescências tipo panícula

axilares, entre 30 e 40 cm de comprimento. Flores unissexuais, as

masculinas e femininas são muito semelhantes em sua aparência,

regulares, esbranquiçadas, de odor adocicado; pedicelo de 1,5 a 3,0 mm

de comprimento, cálice lobado até quase a base, com lobos

arredondados, de 1,0 a 1,5 mm de comprimento, pétalas livres, elípticas,

com cerca de 4,0 a 6,0 mm de comprimento por 2,0 a 4,0 mm de largura,

meio encurvados; estames fundidos em um tubo, sob forma de urna com

cerca de 3,0 a 5,0 mm de comprimento, com 8 a 10 anteras incluídas

próximas ao ápice, alternando-se com lobos arredondados.

7

A germinação é hipógea e os cotilédones permanecem presos

ao tegumento da semente, sendo que o epicótilo apresenta-se com 5 a 8

cm de comprimento. As primeiras duas folhas opostas são simples. As

sementes perdem rapidamente seu poder germinativo (característica de

sementes recalcitrantes). Os galhos são roliços, grossos e glabros de

coloração acinzentada. A copa é arredondada, de grande envergadura.

Densifoliada, com folhagem de cor verde escura e dividida em pequenos

tufos espessos (MAROYI, 2008).

4.2.2 Aspectos ecológicos

Segundo dados da FAO (1993), a Khaya anthotheca é uma

espécie que ocorre naturalmente em média à baixa altitude nas florestas

densas e florestas marginais ribeirinhas com precipitações anuais

variando entre 600 a 1.600 mm. Na Tanzânia pode ser facilmente

encontrada na base das montanhas, em solos com boa drenagem ou até

mesmo em áreas pantanosas. Na África do Sul, Cuba e Porto Rico a

espécie é cultivada em plantios comercias apresentando excelente

desenvolvimento.

A espécie apresenta taxa de crescimento próximo ao da Khaya

ivorensis, em torno de 9,4 m de altura aos 4 anos de idade, sendo assim

uma promissora opção para o estabelecimento de plantios comerciais na

América tropical, levando em consideração que nessa região, por

enquanto não se têm constatado o ataque da Hypsipyla grandella

(PINHEIRO et al., 2011).

A Khaya anthotheca se encontra na Lista Vermelha da IUCN

de 2002 (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos

Recursos Naturais), onde é classificada como espécie vulnerável,

principalmente devido a exploração predatória nos países de origem e ao

desmatamento. Existe uma carência de informações sobre a espécie em

relação a sua regeneração, extensão dos plantios comerciais e ao

manejo, bem como quanto às técnicas de multiplicação clonal (MAROYI,

2008).

8

A regeneração natural da Khaya anthotheca é afetada

consideravelmente após a exploração florestal, pois justamente as

árvores adultas (indivíduos que produzem sementes e que apresentam os

melhores fenótipos) são marcadas para o corte (a produção de sementes

é limitada aos indivíduos de maior porte). Além desse aspecto, a espécie

apresenta baixa capacidade de dispersão de sementes (FAO, 1993).

Em seu ambiente natural, a Khaya anthotheca ainda sofre o

ataque constante da Hypsipyla robusta. Contudo, a seleção de progênies

que apresentam resistência genética ao ataque dessa praga, associada

às práticas silviculturais adequadas, podem resultar efeitos positivos no

manejo florestal, favorecendo a produção de madeira com elevado

potencial comercial (MAROYI, 2008). Portanto, o desenvolvimento de

metodologias de clonagem para a Khaya anthotheca poderão subsidiar a

propagação dos genótipos selecionados.

A produção de mudas da espécie se limita basicamente aos 3

meses seguintes após a coleta das sementes, pois o índice de

germinação, mesmo em sementes recém coletadas, varia de 75 a 80%

(PINHEIRO et al., 2011).

O índice de germinação reduz rapidamente quando as

sementes são expostas em condições naturais de armazenamento, pois

são recalcitrantes e frequentemente sofrem ataques de insetos, mesmo

quando estão se desenvolvendo nos frutos. Esses problemas resultam na

redução da obtenção de mudas com qualidade adequada, além de

dificultar a sua obtenção contínua no viveiro e em larga escala (MAROYI,

2008).

4.3 MINIESTAQUIA

A reprodução assexuada ou também conhecida como

propagação visa reproduzir uma planta geneticamente idêntica à planta-

mãe, utilizando-se de qualquer parte vegetativa da árvore selecionada,

visto que as células apresentam totipotência celular, ou seja, capacidade

de regeneração de tecidos pelo processo de mitose (ELDRIDGE et al.,

1994; HARTMANN et al., 2011; SANTOS et al., 2014).

9

A produção de mudas de espécies florestais, por processos de

propagação, possibilita ganhos genéticos maiores em comparação aos

observados na reprodução por sementes (KARNOSKY, 1981; WYK,

1985; XAVIER et al., 2013), principalmente ao considerar os ganhos

fenotípicos que são herdados e a redução da variabilidade genética,

proporcionando maior homogeneidade de produção de matéria-prima

(ALFENAS et al., 2009), o que maximiza a produtividade, a qualidade e a

uniformidade dos plantios florestais (POHIO et al., 2005).

No Brasil a miniestaquia é considerada uma técnica inovadora

que foi difundida no final de 1970. Essa técnica advém do aprimoramento

da estaquia convencional, sendo comumente empregada pelas grandes

empresas do setor florestal para a propagação de Eucalyptus spp.

(CAMPINHOS e IKEMORI, 1983; XAVIER e WENDLING, 1998;

WENDLING et al., 2000). A miniestaquia consiste em promover a

brotação secundária a partir de uma minicepa, que dará origem as

miniestacas que serão enraizadas (HIGASHI et al., 2000).

A instalação do minijardim em área reduzida gerou menores

custos com o transporte e coleta de propágulos, proporcionou a

otimização das atividades de manejo (irrigação, fertirrigação, limpeza,

podas, controle de pragas e doenças), maior qualidade, rapidez e maior

enraizamento em comparação com a técnica de estaquia convencional

(XAVIER et al., 2003).

As miniestacas são confeccionadas contendo comprimento de

4 a 8 cm e apresentam um ou dois pares de folhas reduzidas a um terço

de sua área foliar. O processo de miniestaquia pode ser dividido em sete

etapas, as quais se iniciam com a produção e coleta de brotos do

minijardim, seguido do estímulo ao enraizamento em casa de vegetação

sob microaspersão constante, temperatura média de 35ºC, aclimatação

em casa de sombra, e finalizando o processo com o crescimento e

rustificação em área de pleno sol (ALFENAS et al., 2004).

A propagação por miniestaquia pode ser indicada para

espécies que apresentam sementes recalcitrantes, o qual configura em

fator limitante para a produção de mudas (SANTOS, 2002). Essa

característica é observada nas sementes de Khaya anthotheca, sendo

10

estratégido o desenvolvimento de estudos ligados a técnica de

miniestaquia.

Dentre os fatores mais importantes que interferem o processo

de propagação citam-se: o rejuvenescimento do material adulto, a idade

da planta matriz, o grau de juvenilidade, condições nutricionais e hídricas

das minicepas, fitossanidade e o uso de reguladores de crescimento

(ALFENAS et al., 2009; XAVIER et al., 2009; DIAS et al., 2012; SANTOS

et al., 2014; WENDLING et al., 2014; BACCARIN et al., 2015).

4.4 ENXERTIA

A enxertia é uma técnica de reprodução assexuada importante

no âmbito da formação de pomares de sementes e de resgate de material

genético de elevado interesse (planta-matriz selecionada com base nas

características fenotípicas). A enxertia se apresenta como uma das

formas de propagar plantas isentas de pragas e doenças (XAVIER et al.,

2013).

A técnica é baseada na união de duas porções do tecido

vegetal de procedências diferentes, de tal forma que se desenvolvam e

originam uma nova planta (HARTMANN et al., 2011).

O processo de enxertia pode ser resumido em três etapas

básicas: adesão entre as partes enxertadas; cicatrização e proliferação

celular e a junção das duas partes a partir da diferenciação vascular

(HARTMANN et al., 2011).

O grau de parentesco entre as plantas, semelhança fisiológica,

vigor vegetativo, tipo de técnica de enxertia aplicada, condições

ambientais pós-enxerto, são fatores preponderantes para que se tenha

sucesso na enxertia (GOMES,1987; PAIVA e GOMES, 2005).

4.5 ALPORQUIA

A técnica de alporquia, também conhecida como mergulhia

aérea, visa promover o enraizamento de parte de um galho, ainda

conectado com à planta-matriz, por meio do anelamento do ramo, o que

11

estimula o processo rizogênico com a aplicação de reguladores de

crescimento e pelo cobrimento da região anelada com substrato

adequado (HARTMANN et al., 2011).

Na alporquia, o enraizamento pode ser acelerado pela

aplicação de auxinas após o anelamento do ramo, o qual impede que

substâncias sintetizadas na parte área (tais como carboidratos e

hormônios endógenos) sejam transportadas para outras partes da planta,

não afetando o fornecimento de água e elementos minerais ao ramo que

futuramente será destacado da planta (SIQUEIRA, 1998).

O baixo custo para a execução da técnica, o elevado

percentual de enraizamento, a não necessidade de uma infraestrutura

complexa para a sua realização são as principais vantagens da alporquia

em relação aos demais métodos de propagação (CASTRO e SILVEIRA,

2003).

A alporquia é comumente aplicada em plantas herbáceas ou

naquelas que apresentam dificuldades de multiplicação a partir de outras

técnicas de propagação. Em frutíferas, a alporquia demonstra ser um

método vantajoso que proporciona resultados satisfatórios (CALDERON,

1993). No entanto, poucos estudos têm sido divulgados em relação ao

uso desta técnica aplicada em espécies florestais para a produção de

biomassa, tornando-se indispensável a sua investigação científica visando

a propagação do mogno africano.

4.6 NUTRIÇÃO MINERAL

Os nutrientes classificados como essenciais para o crescimento

e desenvolvimento da planta (ou seja, macro e micronutrientes) estão

diretamente envolvidos no metabolismo celular, sobretudo no que diz

respeito aos processos relacionados à diferenciação e formação das

raízes adventícias (MALAVASI, 1994; XAVIER et al., 2009; HARTMANN

et al., 2011; TAIZ e ZEIGER, 2009), pois o desenvolvimento da planta

está relacionado com associação de divisão celular e expansão celular

(MACARTHUR et al., 2009; PAPP et al., 2011; SMET et al., 2009). Dessa

forma, o estabelecimento das proporções mais adequadas de macro e

12

micronutrientes para a formulação da solução de fertirrigação é de

fundamental importância para o sucesso da miniestaquia (ALFENAS et

al., 2009).

Apesar da nutrição interferir no enraizamento de propágulos e

atuar no vigor da minicepa que refletirá no status nutricional das

miniestacas coletadas (CUNHA et al., 2009), poucos estudos da sua

influência têm sido divulgados, em relação a propagação de Khaya

anthotheca.

4.7 AUXINAS

As auxinas são hormônios que estimulam o enraizamento em

propágulos (como folha e caule), destacando-se o ácido indolbutírico

(AIB), o qual é frequentemente utilizado para promover o enraizamento

em estacas e miniestacas de Eucalyptus (ALFENAS et al., 2009;

ALMEIDA et al., 2007; BRONDANI et al., 2010; WENDLING e XAVIER,

2005), sendo também amplamente empregado em espécies lenhosas de

difícil enraizamento (DIAS, 2012).

Além de atuar na formação de raízes, as auxinas são

substâncias envolvidas no processo de ativação das células cambiais e

inibição de brotações laterais (GOULART et al., 2008). O grupo das

auxinas também estão relacionados a muitos aspectos do crescimento,

desenvolvimento e respostas das plantas a eventos ambientais (MORI et

al., 2005; WOODWARD e BARTEL, 2005).

O AIB é considerado uma auxina endógena nas plantas

(LUDWING-MULLER, 2000; LI et al., 2009) que para promover o

enraizamento deve atender certos níveis de atividade nas células das

plantas (XAVIER et al., 2013). Esse regulador de crescimento é muito

empregado comercialmente, pois apresenta maior estabilidade química e

maior efeito funcional na promoção de raízes (WOODWARD e BARTEL,

2005). As concentrações aplicadas, dentre outros fatores, dependerão do

grau de juvenilidade das minicepas das quais as miniestacas serão

coletadas, da espécie que se pretende enraizar (RODRIGUES, 2004),

13

origem da miniestaca, nível de maturação dos tecidos e condições

ambientais (XAVIER et al., 2013).

Na literatura há diversos trabalhos que reportam o uso do AIB

com o objetivo de promover o enraizamento de propágulos, como no

enraizamento de estacas e miniestacas de Eucalyptus (ALFENAS et al.,

2004; ALMEIDA et al., 2007; BRONDANI et al., 2010a; CORRÊA et al.,

2005; SCHWAMBACH et al., 2008; STAPE et. al., 2001; TITON et al.,

2003; WENDLING et al., 2000), espécies nativas como a Trichilia catigua

(VALMORBIDA et al., 2008), Luehea divaracata (NAZARO et al., 2007),

Cariniana estrellensis e Piptadenia gonoacantha (CASTRO, 2011) e

Khaya anthotheca e Khaya ivorensis (OPUNI-FRIMPONG et al., 2008).

As vantagens de aplicações exógenas das auxinas estão

relacionadas à qualidade, velocidade, uniformidade e maior percentagem

de enraizamento (HACKETT, 1987), sendo que, em níveis adequados,

desempenham atividade de crescimento radicial, mas em concentrações

elevadas pode ter efeito tóxico (ALVARENGA e CARVALHO, 1983).

14

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EXPERIMENTO

O experimento foi instalado no Viveiro N’tacua, localizado em

Cuiabá-MT. De acordo com a classificação de Köppen (1931), o município

de Cuiabá, pertence à Mesorregião Geográfica Centro-Sul Mato-

Grossense e a Microrregião Geográfica de Cuiabá. As coordenadas

geográficas são: latitude 15º35’56’’ Sul e longitude: 56º06’05’’ W-GR; a

altitude média é 165 m acima do nível do mar; o clima é do tipo AWh:

clima tropical quente sub-úmido, de verões quentes e tendência de

concentração das chuvas nos meses de verão, cujas principais médias

anuais correspondem a temperatura dos meses mais quentes superior a

43ºC e dos meses mais frios inferior a 14ºC e a precipitação média anual

situa-se em torno de 1.200 mm. A cobertura florestal natural está inserida

nas regiões fitogeográficas do Cerrado e Floresta Amazônica (IBGE,

2014).

As análises histológicas foram realizadas no laboratório de

Cultura de Tecidos Vegetais da Faculdade de Engenharia Florestal

(FENF) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

5.2 MATERIAL VEGETAL

5.2.1 Origem e obtenção das mudas

As mudas de Khaya anthotheca foram produzidas a partir de

sementes provenientes de Gana (país do Norte Africano), sendo

importadas pela empresa Biosementes sob RENASEM (Registro Nacional

de Sementes) código: BA-0104/2011 e acompanhadas de N/F-e (FIGURA

1). Todas as mudas de Khaya anthotheca que serviram de matrizes para

a instalação dos experimentos foram de procedência seminal.

15

FIGURA 1. DETALHE DAS SEMENTES DE Khaya anthotheca ADQUIRIDAS PARA A OBTENÇÃO DAS MUDAS VISANDO A INSTALAÇÃO DOS EXPERIMENTOS. (A) DETALHE DA EMBALAGEM METÁLICA DE CONDICIONAMENTO DAS SEMENTES; (B) DETALHE DAS SEMENTES BENEFICIADAS.

As mudas foram produzidas em sacos de polietileno de

dimensões 12 x 25 cm contendo substrato composto pela mistura de 50%

de terra preta proveniente do horizonte A e 50% de esterco bovino curtido

(1:1 v/v). Após a semeadura, as embalagens foram mantidas em local

sombreado, coberto com sombrite de 50% até completarem o seu

desenvolvimento final.

5.3 EXPERIMENTO 1: EFEITO DE DIFERENTES SOLUÇÕES

NUTRITIVAS NA PRODUÇÃO DE MINIESTACAS EM MINIJARDIM

SEMINAL

5.3.1 Constituição do minijardim seminal

O minijardim foi constituído por mudas de Khaya anthotheca

transplantadas em embalagens de polietileno rígido com capacidade de

4,5 L (FIGURA 2A). O substrato utilizado foi composto por areia lavada de

granulometria média (0,10 mm < diâmetro de partícula < 0,25 mm) e no

fundo dos recipientes foi acrescentada uma camada de 3 cm de brita,

16

para facilitar a drenagem. Previamente ao transplante das mudas para os

vasos, o seu sistema radicular foi podado e o excesso do substrato

também foi removido. A área foliar das mudas foi reduzida em 50% com

objetivo de minimizar os efeitos da desidratação após o transplantio.

Após transplantadas para os vasos, as mudas permaneceram

em área coberta com sombrite 50%, sendo irrigadas semanalmente.

Decorridos 10 dias após o transplantio, foi realizada a alporquia nas

mudas à 15 cm da porção basal (FIGURA 2B-G), com a finalidade de

promover a indução de brotações laterais pela quebra da dominância

apical, além de possibilitar o aproveitamento do alporque enraizado como

muda. A escolha desse método visou reduzir o estresse da muda em

caso de realização do corte da gema apical para a indução de brotações

axilares (FIGURA 2H-I). Após 30 dias de instalado o minijardim seminal

no pátio do viveiro, fez-se a substituição das mudas que morreram.

Decorridos 60 dias, realizou-se o desmame dos alporques e iniciaram-se

as fertirrigações semanais.

O minijardim seminal de Khaya anthotheca foi disposto em uma

área de 15 m², recoberto com uma camada de 10 cm de brita e protegida

com sombrite de 50% (FIGURA 2H). A fertirrigação do minijardim foi

realizada entre às 7:00 e 8:00 horas da manhã, com a aplicação de 100

mL de solução nutritiva por minicepa. O volume de solução nutritiva foi

aferido em copo graduado. O manejo da fertirrigação foi realizado,

tomando-se o cuidado de molhar apenas o substrato de maneira

uniforme, ao final da qual se irrigava as mudas para facilitar a infiltração

de toda a solução nutritiva pelo substrato. Para suprir a perda de água por

evapotranspiração e reduzir o excesso de salinização, o qual é

ocasionado pelas adubações frequentes, foram realizadas irrigações

semanais com água, sem a presença de sais.

17

FIGURA 2. MINIJARDIM SEMINAL DE Khaya anthotheca. (A) MUDAS TRANSPLANTADAS PARA VASOS DE POLIETILENO. (B) REALIZAÇÃO DA ALPORQUIA REDUZINDO O TAMANHO DAS MINICEPAS E INDUÇÃO DE BROTAÇÕES. (C) ANELAMENTO DAS MUDAS COM A RETIRADA DE UM ANEL DE CASCA DE 3,0 cm. (D) APLICAÇÃO DE AIB NA REGIÃO DO ANELAMENTO. (E) RECOBRIMENTO DO ALPORQUE COM ESFAGNO AO REDOR DA REGIÃO DO ANELAMENTO. (F) BROTAÇÕES LATERAIS INDUZIDAS NAS MUDAS AOS 30 DIAS APÓS A REALIZAÇÃO DA ALPORQUIA. (G) CRESCIMENTO DAS BROTAÇÕES LATERAIS AOS 45 DIAS APÓS REALIZADA A ALPORQUIA. (H) MINICEPAS APÓS A REALIZAÇÃO DA DECEPA DOS ALPORQUES. (I) BROTAÇÕES LATERAIS INDUZIDAS APÓS A DECEPA DO ALPORQUE. BARRA = 0,5 cm.

18

5.3.2 Solução nutritiva

A solução nutritiva utilizada por Brondani (2012) em trabalho

com Eucalyptus benthamii foi modificada e adotada como solução básica

para a condução do experimento (TABELA 1).

TABELA 1. COMPOSIÇÃO DA SOLUÇÃO NUTRITIVA BÁSICA PARA A FERTIRRIGAÇÃO DO MINIJARDIM SEMINAL DE Khaya anthotheca.

Nutriente

Solução Nutritiva*

( mg L-1

)

N-NO3- 60,00

N-NH4+ 30,00

P 12,00 Ca 40,00 K 80,00 S 14,85 Mg 12,00 Cu 0,10 Fe 2,00 Mo 0,05 Mn 1,60 Zn 1,00 B 1,00

Fonte de macro e micronutriente Porcentagem ( mg L-1

)

Monoamônio fosfato 11% NH4 / 60% P2O5 38,53 Sulfato de magnésio 9% Mg / 12% SO4 133,33 Nitrato de potássio 13% NO3 / 2% P2O5 / 44% K2O 219,03 Sulfato de amônio 21% NH4 / 22% SO4 122,67 Cloreto de cálcio 27% Ca 8,78 Nitrato de cálcio 15,5% NO3 / 18,5% Ca 203,40 Ácido bórico 17% B 5,88 Sulfato de manganês 30% Mn / 17% SO4 5,33 Molibdato de sódio 39% Mo 0,05 Sulfato de zinco 20% Zn / 10% SO4 5,00 Libfer - ferro 6% Fe 33,33 Sulfato de cobre 25% Cu / 12% SO4 0,40

* O pH foi ajustado para 5,8 a 25°C com ácido clorídrico (HCl) ou hidróxido de sódio (NaOH), ambos a 1M. Fonte: Brondani (2012), modificado.

O fator solução nutritiva consistiu de diferentes concentrações

de macro e micronutrientes, as quais foram compostas por:

S100 – solução nutritiva contendo 100% da concentração de

macro e micronutrientes (TABELA 1);

S50 – solução nutritiva contendo 50% da concentração de

macro e micronutrientes (TABELA 1);

S25 – solução nutritiva contendo 25% da concentração de

macro e micronutrientes (TABELA 1).

As minicepas foram fertirrigadas no intervalo de 4 dias, com

aplicação de 100 mL de solução nutritiva por minicepa.

19

5.3.3 Produção de miniestacas do minijardim seminal

A primeira coleta de brotos para a confecção de miniestacas foi

realizada após 120 dias do início da fertirrigação do minijardim com a

solução nutritiva (FIGURAS 3A-B). As coletas das brotações e confecções

das miniestacas foram realizadas entre 8:00 e 10:00 horas da manhã,

para que as miniestacas não se desidratassem com o calor excessivo. O

experimento foi conduzido durante 12 meses totalizando 5 coletas de

propágulos (brotos), onde a 1º coleta foi realizada em janeiro; a 2º coleta

em abril; a 3º coleta em junho; a 4º coleta em agosto e a 5º coleta em

novembro de 2014.

FIGURA 3. MINIJARDIM SEMINAL DE Khaya anthotheca. (A) DETALHE DO MINIJARDIM ANTES DA COLETA DE PROPÁGULOS (BROTOS). (B) DETALHE DO MINIJARDIM APÓS A COLETA DE PROPÁGULOS.

A partir do espaçamento estabelecido no momento da

instalação do experimento, 10 cm entre linhas e 30 cm entre linhas,

realizou-se os cálculos de produtividade de miniestaca.

5.3.4 Variáveis respostas

No decorrer do experimento foi avaliada a sobrevivência das

minicepas e o número de miniestacas coletadas por minicepa. Os

resultados de produção de miniestacas permitiram estimar a produção por

metro quadrado ao ano do minijardim. O cálculo da produção de

miniestacas foi realizado a partir da seguinte fórmula (BRONDANI, 2012):

20

AEIC

DANMI NM

Onde:

NM = número de miniestaca por metro quadrado ao ano

(miniestaca. m-2. ano-1);

NMI = número de miniestaca por minicepa;

DA = total de dias do ano (foram considerados 365 dias);

IC = intervalo em dias entre cada coleta de brotações (variável

de acordo com a produtividade);

AE = área efetiva de cada minicepa (10 x 30 cm).

5.3.5 Delineamento experimental

O experimento foi conduzido no delineamento em blocos

completos ao acaso em arranjo fatorial (3x5) com parcelas subdivididas

no tempo, sendo os fatores constituídos por 3 soluções de fertirrigação

(S100, S50 e S25) e 5 coletas de propágulos. Para tanto, foi utilizado 4

blocos contendo 15 minicepas em cada parcela.

5.4 EXPERIMENTO 2: EFEITO DO AIB ASSOCIADO ÀS

CONCENTRAÇÕES DE SOLUÇÃO NUTRITIVA NO ENRAIZAMENTO

DE MINIESTACAS

5.4.1 Coleta das miniestacas

As miniestacas foram provenientes do minijardim seminal

fertirrigado com três diferentes concentrações de solução nutritiva (S100,

S50 e S25). As miniestacas coletadas foram divididas em dois lotes (duas

partes iguais), sendo que as miniestacas de um lote tiveram a sua base

mergulhada em solução de AIB (2 g.L-1), enquanto as miniestacas do

outro lote foram estaqueadas sem aplicação do regulador de crescimento.

21

5.4.2 Coleta dos propágulos de padronização das miniestacas

A coleta de propágulos foi realizada das 8:00 às 10:00 horas.

As brotações que apresentaram tamanho inferior que 5 cm, foram

mantidas para as coletas subsequentes (FIGURA 4A).

No momento da coleta, os propágulos foram acondicionados

em um recipiente contendo água a temperatura ambiente, a fim de manter

a turgidez dos tecidos após a abscisão (FIGURA 4B). As miniestacas

foram preparadas com um corte na região basal em forma de bisel, com o

intuito de facilitar a inserção no substrato de enraizamento.

No presente experimento, as miniestacas apicais contendo um

par de gema axilares foram confeccionadas com cerca de 6 cm (± 3 cm)

de comprimento. As miniestacas tiveram sua área foliar reduzida à 50%

(FIGURA 4C). O manejo do minijardim seminal foi realizado adotando-se

a poda com a retirada das miniestacas sempre acima (0,5 cm) de uma

folha, onde havia uma gema dormente no intuito de favorecer a emissão

de novas brotações axilares (FIGURA 4D).

22

FIGURA 4. DETALHE DA MINESTAQUIA DE Khaya anthotheca. (A) MINIESTACA PADRÃO COM 8,0 cm DE COMPRIMENTO. (B) ACONDICIONAMENTO DAS MINIESTACAS EM RECIPIENTE CONTENDO ÁGUA. (C) REDUÇÃO DA ÁREA FOLIAR EM 50% E CORTE DA REGIÃO BASAL EM FORMA DE BISEL. (D) EMISSÃO DE BROTAÇÕES AXILARES NA MINICEPA APÓS 15 DIAS DE REALIZAÇÃO DA PRIMEIRA COLETA DE PROPÁGULOS.

5.4.3 Aplicação de regulador de crescimento

Após o preparo das miniestacas, a região basal foi mergulhada

durante 10 segundos em solução hidroalcoólica (1:1, água: álcool, v/v)

contendo AIB nas concentrações de 0 (A0) ou 2 g.L-1 (A2).

23

5.4.4 Substrato e recipiente de enraizamento

As miniestacas foram inseridas à 2 cm de profundidade em

substrato comercial, composto por casca de pinus decomposta, fibra de

coco, vermiculita, turfa fibrosa, adubação inicial com NPK (4-14-8) e

micronutrientes. As miniestacas permaneceram entre 30 a 45 dias em

casa de vegetação para o enraizamento.

Os recipientes utilizados para o enraizamento foram do tipo

tubetes de polietileno em formato quadrangular (100 cmᵌ), os quais foram

desinfestados pela imersão em solução de hipoclorito de sódio à 0,25%

de cloro ativo por 24 horas.

5.4.5 Condições de enraizamento

Após o estaqueamento, as mudas foram acondicionadas em

casa de vegetação de 24 m², coberta com plástico leitoso de polietileno

de baixa densidade (PEBD), aditivado com antiultravioleta de 200 µm,

coberta com sombrite de 50% (FIGURA 5A). A estufa dispunha de um

sistema de irrigação via aspersão, o qual era acionado automaticamente

quando a temperatura atingia 36ºC e desligava-se em temperaturas

inferiores a 33ºC (FIGURA 5B). A umidade relativa do ar foi mantida, no

mínimo, a 80%. Os recipientes foram dispostos sobre uma mesa de 1,5 m

de altura, confeccionada a partir de tela galvanizada com capacidade para

600 tubetes.

24

FIGURA 5. DETALHE DA CASA DE VEGETAÇÃO UTILIZADA PARA O EXPERIMENTO DE MINIESTAQUIA DE Khaya anthotheca. (A) VISTA EXTERNA DA CASA DE VEGETAÇÃO. (B) ACONDICIONAMENTO DAS MINIESTACAS NO INTERIOR DA CASA DE VEGETAÇÃO E DETALHE DO SISTEMA DE MICROASPERSÃO ACIONADO.

5.4.6 Variáveis respostas

A sobrevivência das miniestacas foi avaliada na saída da casa

de vegetação (SCV) e na saída da casa de sombra (SCS). Em área de

pleno sol (EAPS) foi avaliado o enraizamento das miniestacas e o número

25

de miniestacas que apresentaram indução de calos (CAL). As miniestacas

consideradas vivas corresponderam aquelas que apresetaram a emissão

de novas folhas, onde se observou a presença de raízes adventícias na

porção inferior do tubete.

Análises histólógicas das miniestacas de Khaya anthotheca

foram realizadas a partir da coleta de três amostras da porção mediana

da miniestaca, a fim de caracterizá-las histologicamente. As amostras

foram fixadas em uma solução de formaldeído e glutaraldeído

(KARNOVSKY, 1965 - modificado) e submetidas a três séries de vácuo (-

600 mmHg) por 15 minutos para a remoção do ar. Em seguida as

amostras foram desidratadas por meio de série alcoólico-etílica em

concentrações crescentes (10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100%, v/v),

permanecendo em cada solução por 10 minutos. Em seguida, as

amostras foram emblocadas em resina de hidroxietil metacrilato (Leica®).

Os blocos contendo as amostras foram seccionados longitudinalmente a

10 μm de espessura utilizando-se de um micrótomo da Thermo Scientific

rotativo automático acoplado com navalha do tipo SEC 35p. Os cortes

obtidos foram corados com azul de toluidina (0,005%) em tampão fosfato

e ácido cítrico (SAKAI, 1973) e montados em lâminas histológicas com

resina sintética (Entellan®). As lâminas histológicas foram analisadas e

fotomicrografadas em microscópio de luz em escala micrométrica, sendo

as imagens capturadas com câmera digital.

5.4.7 Delineamento experimental

O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente

casualizado em arranjo fatorial (3x5x2) com parcelas subdivididas no

tempo, sendo os fatores constituídos por 3 soluções de fertirrigação (S100,

S50 e S25), 5 coletas de propágulos e 2 concentrações de AIB (0 e 2 g.L-1).

Para tanto, foram utilizadas 4 repetições, contendo de 15 miniestacas por

repetição.

5.5 EXPERIMENTO 3: AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE ENXERTIA

26

5.5.1 Material vegetal

As mudas de mogno brasileiro (Swietenia macrophylla) foram

produzidas a partir de sementes coletadas aleatoriamente, em julho de

2012, a partir de árvores plantadas no Campus da Universidade Federal

de Mato Grosso - UFMT, Cuiabá - MT. As mudas de Khaya anthotheca

foram produzidas a partir de sementes importadas de Gana (Empresa

Biosementes®).

As mudas das duas espécies foram produzidas em sacos de

polietileno de 300 cmᵌ, contendo substrato composto por terra preta e

esterco bovino curtido (1:1, v/v). Após a germinação, as mudas foram

acondicionadas em área coberta com sombrite 50%, sendo irrigadas

diariamente. As mudas foram fertirigadas em intervalos de 60 dias com 10

g.L-1 de NPK (4-14-8).

5.5.2 Procedimento de enxertia

A enxertia foi realizada pelo método de garfagem tipo fenda

completa em formato de ômega. Este método de enxertia foi escolhido

pela facilidade de execução e por possibilitar maior contato das regiões

cambiais (FIGURA 6A). A enxertia foi realizada pela união de propágulos

apicais de Khaya anthotheca em mudas de Swietenia macrophylla e vice

versa.

Após a poda do cavalo, com o uso de um alicate de enxertia foi

feito um corte perpendicular no sentido do diâmetro, seguido de corte

longitudinal no centro do caule, com profundidade de 1 a 2 cm, para a

inserção do enxerto. O alicate de enxertia foi desinfestado com solução

de hipoclorito de sódio à 25%, por imersão durante 5 segundos.

As mudas de Khaya anthotheca utilizadas como enxerto foram

preparadas, selecionando-se aquelas com diâmetro semelhante do porta-

enxerto de Swietenia macrophylla. A enxertia foi realizada seguido ao

preparo do enxerto e do porta-enxerto finalizando com a justaposição na

fenda.

27

O ponto de inserção entre o porta-enxerto e o enxerto foi

realizado a 15 cm da porção basal do porta-enxerto. Na execução da

união entre enxerto e porta-enxerto, a base de inserção do enxerto foi

umedecida com água para manter a turgescência celular. O enxerto foi

padronizado na região basal, feito um corte em formato de cunha, com

comprimento médio de 15 cm, seguido da retirada de todas as folhas para

reduzir a perda de água por evapotranspiração. Após a união das regiões

cambiais, o ponto de contato entre os tecidos foi envolvido com um fitilho

biodegradável específico para a enxertia (FIGURA 6B).

Em seguida, o enxerto foi envolvido com um saco de papel

pardo (chapéu de enxertia) (5 x 25 cm), o qual serviu como protetor contra

a luz solar (FIGURA 6C). O chapéu de enxertia foi fixado a 3 cm abaixo

da região enxertada. Durante a realização de todo o procedimento foi

usada uma luva, afim de não entrar em contato com os tecidos expostos,

evitando possíveis contaminações.

As mudas enxertadas foram mantidas nos primeiros 45 dias no

interior da casa de vegetação (FIGURA 6C).

Os brotos emitidos na posição inferior da região enxertada

foram removidos, a fim de se manter todo o fluxo de nutrientes e energia

direcionado ao enxerto, favorecendo a ativação dos feixes vasculares

(FIGURA 6D).

Decorrido o período de permanência na casa de vegetação (45

dias), as mudas foram mantidas em local coberto com sombrite 50% e

irrigadas semanalmente em intervalos pré-estabelecidos conforme a

necessidade de umidade.

28

FIGURA 6. DETALHE DO PROCESSO DE ENXERTIA DE Swietenia macrophylla E Khaya anthotheca. (A) DETALHE DO FORMATO DO CORTE E DO PONTO DE INSERÇÃO DO ENXERTO NO PORTA-ENXERTO. (B) PROTEÇÃO DA ÁREA DE INSERÇÃO COM FITILHO BIODEGRADÁVEL. (C) FINALIZAÇÃO DA ENXERTIA E ACONDICIONAMENTO DAS MUDAS EM CASA DE VEGETAÇÃO. (D) EMISSÃO DE BROTOS AXILARES NO PORTA-ENXERTO APÓS 15 DIAS DA ENXERTIA.

5.5.3 Tratamentos

Na realização da enxertia avaliaram-se as seguintes

combinações de união de porta-enxerto + enxerto:

TSK = Swietenia macrophylla + Khaya anthotheca;

TKS = Khaya anthotheca + Swietenia macrophylla;

TSS = Swietenia macrophylla + Swietenia macrophylla;

TKK = Khaya anthotheca + Khaya anthotheca.

29

Foi realizada a troca do broto utilizado como enxerto na

combinação interespecífica, ou seja, a parte superior da muda de

Swietenia macrophylla foi utilizada como enxerto no porta-enxerto de

Khaya anthotheca e a parte superior da muda de Khaya anthotheca foi o

material enxertado no porta-enxerto de Swietenia macrophylla (FIGURA

7).

FIGURA 7. PROCESSO DE ENXERTIA INTERESPECÍFICA E INTRAESPECÍFICA ENTRE AS ESPÉCIES Khaya anthotheca E Swietenia macrophylla. (A) ENXERTIA ENTRE K. anthotheca + S. macrophylla E S. macrophylla + K. anthotheca. (B) ENXERTIA DE K. anthotheca + K. anthotheca. (C) ENXERTIA DE S. macrophylla + S. macrophylla.

30

5.5.4 Variáveis respostas

Após 45 dias da realização da enxertia, fez a retirada do

“chapéu” de enxertia para a avaliação de sobrevivência do enxerto (SB45).

Após 200 dias da enxertia foi realizada uma segunda avaliação da

sobrevivência do enxerto das mudas (SB200).

Análises histólógicas da região de união entre o enxerto de

Khaya anthotheca e do porta-enxerto de Swietenia macrophylla foram

realizadas. Para tanto, foram coletadas três amostras da região de

cicatrização, a fim de analisar a adesão entre os tecidos vasculares,

proliferação de calos e diferenciação cambial. As amostras foram fixadas

em uma solução de formaldeído e glutaraldeído (KARNOVSKY, 1965 -

modificado) e submetidas a três séries de vácuo (-600 mmHg) por 15

minutos para remoção do ar. Em seguida as amostras foram desidratadas

por meio de série alcoólico-etílica em concentrações crescentes (10, 20,

30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100%, v/v), permanecendo em cada solução

por 10 minutos. Em seguida, as amostras foram emblocadas em resina de

hidroxietil metacrilato (Leica®). Os blocos contendo as amostras foram

seccionados longitudinalmente a 15 μm de espessura utilizando-se de um

micrótomo rotativo automático acoplado Thermo Scientific rotativo

automático acoplado com navalha do tipo SEC 35p. Os cortes obtidos

foram corados com azul de toluidina (0,005%) em tampão fosfato e ácido

cítrico (SAKAI, 1973) que foram montados em lâminas histológicas com

resina sintética (Entellan®). As lâminas histológicas foram analisadas e

fotomicrografadas com microscópio de luz em escala micrométrica sendo

as imagens capturadas com câmera digital.

5.5.5 Delineamento experimental

O experimento foi conduzido no delineamento em blocos

completos ao acaso contendo 4 tratamentos (TSK, TKS, TSS e TKK) e 5

blocos, cada qual com 5 enxertos por parcela.

31

5.6 EXPERIMENTO 4: AVALIAÇÃO DA ALPORQUIA EM RELAÇÃO A

CONCENTRAÇÕES DE AIB E SOLUÇÃO NUTRITIVA

5.6.1 Material experimental

As mudas foram produzidas em sacos de polietileno de

dimensões 12 x 25 cm, contendo substrato composto pela mistura de

terra preta proveniente do horizonte A e esterco bovino curtido (1:1, v/v).

Estas foram mantidas em local sombreado e coberto com sombrite de

50% até o transplante final.

Decorridos 15 meses, as mudas, com a altura de 40 cm, foram

transplantadas para embalagens de polietileno rígido com capacidade de

3,8 L. O substrato utilizado foi composto por areia lavada de

granulometria média (0,10 mm < diâmetro de partícula < 0,25 mm) e no

fundo dos recipientes foi acrescentada uma camada de 3 cm de brita,

para facilitar a drenagem.

Previamente o transplante das mudas para os vasos, o sistema

radicular foi podado, sendo removido o excesso do substrato. A área foliar

foi reduzida em 50% com objetivo de minimizar os efeitos da desidratação

por evaportranspiração.

Após o transplantio para os vasos, as mudas permaneceram

em área coberta com sombrite 50%, sendo irrigadas semanalmente. Após

20 dias do transplantio para o recipiente definitivo, as mudas foram

dispostas sobre área protegida com sombrite de 50% e realizou-se

aplicação dos tratamentos de fertirrigação (S100, S50 e S25 - TABELA 1).

A fertirrigação foi realizada entre as 7:00 e 8:00 horas da

manhã, sendo que, cada muda foi fertirrigada com 100 mL de solução

nutritiva, com o uso de um copo dosador graduado. Previniu-se para que

apenas o substrato fosse molhado uniformemente. Em seguida,

providenciou-se a irrigação das mudas para que a solução nutritiva

pudesse se espalhar por completo no substrato. Após a primeira

adubação, preparou-se o próximo tratamento com o copo dosador que foi

lavado por 3 vezes.

32

A solução nutritiva adotada por Brondani (2012) utilizada no

experimento de miniestaquia foi modificada e a mesma adotada como

solução básica para a condução do experimento (TABELA 1).

5.6.2 Procedimento da alporquia

Transcorridos 60 dias após o início do tratamento com

fertirrigação nas mudas de Khaya anthotheca, foi realizado anelamento do

caule à 15 cm da porção basal, com auxilio de um canivete afiado e

esterelizado com álcool 70%. Para realizar com perfeição o anelamento

iniciou-se o proceso com um corte no sentido longitudinal com 2 cm de

comprimento, em sequência, com movimento de torção se realizou os

cortes paralelos ao primeiro corte realizado. Procedeu-se à retira a casca

que facilmente se destacou do caule, aproveitando a própria umidade do

tecido interno do caule exposto para a aplicação do regulador de

crescimento AIB na forma de talco, com o auxilio de um pincel. As

concentrações de AIB utilizadas foram A0 - ausência de AIB (testemunha),

A3 - 3 g.L-1 de AIB e A8 - 8 g.L-1 de AIB.

O alporque foi recoberto com uma porção de esfagno. Este

material foi colocado sobre a região em que se realizou o anelamento.

Posteriormente envolveu-se a porção de esfagno com o filme plástico de

PVC, o qual foi amarrado com um barbante nas extremidades. Antes de

realizar cada alporquia teve-se o cuidado de esterelizar o canivete

mergulhando a sua lâmina em uma solução de hipoclorito à 2% de cloro

ativo.

Os alporques foram umidecidos com auxílio de uma seringa

descartável, onde foi injetado 5 mL de água a cada duas semanas

durante o período de um mês. Após 60 dias, foi realizado o processo de

“desmame” dos alporques, ou seja, destacar da planta-mãe a parte

superior que possui o propágulo enraizado, utilizando-se de uma tesoura

de poda.

33

5.6.3 Variáveis respostas

As avaliações foram referentes à presença de raízes e/ou calos

nos alporques, ambos representados em porcentagem.

5.6.4 Delineamento experimental

O experimento foi conduzido no delineamento em blocos

completos ao acaso em arranjo fatorial (3 x 3), sendo os tratamentos

constituídos por 3 soluções de fertirrigação (S100, S50 e S25) e 3

concentrações de AIB (A0, A3, A8). Para tanto, foram utilizados 3 blocos,

contendo 4 mudas por parcela.

5.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS

Os dados coletados foram submetidos ao teste de Hartley

(P<0,05) para verificar a homogeneidade de variância entre os

tratamentos e, ao teste de Lilliefors (P<0,05) para verificar a distribuição

normal. Os dados foram transformados conforme a necessidade por meio

do teste Box-Cox (P<0,05). Em seguida, os dados foram submetidos a

análise de variância (ANOVA, P<0,05). De acordo com a significância da

ANOVA, os dados foram comparados pelo teste Tukey ou Duncan

(P<0,05). Os pacotes SOC (EMBRAPA, 1990) e R (R Development Core

Team, 2012) foram utilizados para a análise estatística dos dados.

34

FLUXOGRAMA DAS ATIVIDADES

Aquisição das sementes de Khaya anthotheca e coleta no campus da UFMT, das sementes de Swietenia macrophylla.

Produção das mudas de Khaya anthotheca e Swietenia macrophylla em sacos de polietileno 12 x 25 cm.

Transplante das mudas de Khaya anthotheca que formaram o minjardim seminal para as embalagens definitivas de 4,5 L.

Realização da alporquia nas mudas que formaram o minijardim seminal.

Realização do “desmame” dos alporques. Iniciou-se as fertirrigações do minijardim seminal de Khaya anthotheca em intervalos de 4 dias.

Aos 120 dias após iniciar as fertirrigações foi realizada a 1ª coleta de propágulos.

Realização das enxertias inter e intraespecíficas de Khaya anthotheca e Swietenia macrophylla.

Saída da casa de vegetação do 1ª lote para a casa de sombra; realização da 2ª coleta de propágulos; transplante em embalagens difinitivas das mudas do experimento da alporquia.

Saída da casa de sombra do 1ª lote para a área de pleno sol; Saída da casa de vegetação do 2ª lote para a casa de sombra; realização da 3ª coleta de propágulos.

DEZ/2012 JAN/2013

MAI/2013 JUN/2013

AG0/20143 DEZ/2014 A JAN/2015

MAR/201444

ABR/2014

MAI /2014 JUN /2014

Iniciou-se a fertirrigação das mudas do experimento da alporquia; avaliação do pegamento dos enxertos (SB45).

35

Onde:

SB45 – Sobrevivência aos 45 dias após realizada a enxertia;

SB200 – Sobrevivência aos 200 dias após realizada a enxertia.

Saída da casa de sombra do 2ª lote para a área de pleno sol; Saída da casa de vegetação do 3ª lote para a casa de sombra; realização da 4ª coleta de propágulos; realização das alporquias (exp. alporquia).

Saída da casa de sombra do 3ª lote para a área de pleno sol. Saída da casa de vegetação do 4ª lote para a casa de sombra. Realização da 5ª coleta de propágulos; 2ª avaliação de sobrevivência das mudas enxertadas (SB200).

Saída da casa de sombra do 4ª lote para a área de pleno sol. Realização dos “desmames” dos alporques e avaliação. Saída da casa de vegetação do 5ª lote para a casa de sombra.

CONTINUAÇÃO

AGO/2014

Saída da casa de sombra do 5ª lote para área de pleno sol. Realização das análises histológicas.

OUT/2014 NOV/2014

DEZ/2014

Análise dos dados. Realização das análises histológicas.

JAN/2015

36

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 EXPERIMENTO 1: EFEITO DE DIFERENTES SOLUÇÕES

NUTRITIVAS NA PRODUÇÃO DE MINIESTACAS EM MINIJARDIM

SEMINAL

6.1.1 Sobrevivência de minicepas

De acordo com a análise de variância houve efeito significativo

das cinco coletas de miniestacas apenas para o bloco. As cinco coletas

de miniestacas e as concentrações de soluções nutritivas não interferiram

na sobrevivência das minicepas (SOB) em 365 dias de experimento

(TABELA 2).

TABELA 2. RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA A PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DE MINICEPAS (SOB) DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS E COLETAS DE PROPÁGULOS, CUIABÁ, 2014.

Fonte de

Variação

GL

Quadrado Médio

SOB(1)

(%)

Bloco 4 0,3796*

Coleta 4 0,0063ns

Resíduo-Coleta 16 0,0063ns

Parcela 24 -

Solução 2 0,0328ns

Coleta×Solução 8 0,0044ns

Resíduo 940 0,0495

Subparcela 974 -

Média - 97,9

CVexp.(%) - 14,4

* Valor significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro, pelo teste F. ns

Valor não significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste F.

(1) Dados

transformados por [Arco seno (n/1000,5

)] onde n=dado amostrado. GL = graus de liberdade; CVexp.(%) = coeficiente de variação experimental.

37

Os tratamentos avaliados isoladamente ou associados não

interferiram na sobrevivência das minicepas. Os valores médios

referentes à sobrevivência das minicepas (superior a 96%), conforme

Tabela 3, denotam adequada longevidade durante o tempo destinado

para a avaliação do experimento, não sendo necessário a substituição por

uma nova muda.

TABELA 3. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DE MINICEPAS DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS COLETAS DE PROPÁGULOS E CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS, CUIABÁ, 2014.

COLETA SOLUÇÃO NUTRITIVA

S25 S50 S100

1ª 98,5±1,5 98,5±1,5 98,5±1,5

2ª 98,5±1,5 96,9±2,2 96,9±2,2

3ª 98,5±1,5 96,9±2,2 98,5±1,5

4ª 98,5±1,5 96,9±2,2 98,5±1,5

5ª 98,5±1,5 96,9±2,2 98,5±1,5

S100 - solução nutritiva contendo 100% da concentração de macro e micronutrientes; S50 - solução nutritiva contendo 50% da concentração de macro e micronutrientes; S25 - solução nutritiva contendo 25% da concentração de macro e micronutrientes (TABELA 1). Dados apresentados como: média ± erro padrão.

6.1.2 Produção de miniestacas do minijardim seminal

Com relação a produção de miniestacas no minijardim seminal

de Khaya anthotheca constatou-se interação entre as coletas das

miniestacas e as concentrações de soluções nutritivas (TABELA 4).

Ao longo das 5 coletas houve aumento da capacidade do

minijardim em produzir novas brotações (TABELA 5), pois ao longo do

experimento as minicepas foram habituando-se aos tratamentos

submetidos (solução nutritiva), além de induzir novas gemas devido o

sistema de poda. A produção de novas brotações ocorreu pelo

desenvolvimento das gemas axilares do último par de folhas localizado

abaixo da região de corte das brotações apicais para a confecção das

miniestacas (TABELA 5).

O número de miniestacas produzidas por metro quadrado ao

ano do minijardim não variou na 1ª coleta em relação às soluções

38

nutritivas utilizadas na fertirrigação. Durante a 2ª coleta, as soluções S50 e

S100, não diferiram significativamente, resultado em maior produção de

miniestacas. Porém, a partir da 3ª, 4ª e 5ª coleta os melhores resultados

foram obtidos com a solução S100. Comparando as soluções nutritivas, a

S100 apresentou os maiores valores de produção de miniestacas, estes

superiores a 100 miniestacas m-2 ano-1 a partir da 3ª coleta (TABELA 5).

TABELA 4. RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) DA PRODUÇÃO DE MINIESTACAS M-² ANO-1 (NMMA) DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DE SOLUÇÕES NUTRITIVAS E COLETAS DE PROPÁGULOS, CUIABÁ, 2014.

Fonte de

Variação

GL

Quadrado Médio

NMMA(1)

(miniestaca m-2

ano-1

)

Bloco

Coleta

4

4

18,7344*

619,2924*

Bloco-Coleta 16 2,56ns

Parcela 24 -

Solução 2 130,2773*

Coleta×Solução 8 10,1563*

Resíduo 890 4,8803

Subparcela 924 -

Média - 85,6

CVexp.(%) - 25,04

* Valor significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro, pelo teste F. ns

Valor não significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste F.

(1) Dados

transformados por log10 (y), onde n=dado amostrado. GL = graus de liberdade, CVexp.(%) = coeficiente de variação experimental.

TABELA 5. VALORES MÉDIOS DA PRODUÇÃO DE MINIESTACA M-² ANO-1 DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS E COLETAS DE PROPÁGULOS, CUIABÁ, 2014.

COLETA SOLUÇÃO NUTRITIVA

S25 S50 S100

1ª 32,2±1,9 aB 32,4±1,9 aB 35,1±1,9 aC

2ª 80,1±5,6 bA 93,1±5,4 aA 94,3±4,6 aB

3ª 92,9±7,4 bA 98,7±6,4 bA 124,7±7,2 aA

4ª 82,5±6,1 cA 102,9±5,6 bA 125,5±7,3 aA

5ª 82,7±5,2 bA 91,4±5,6 bA 116,1±6,6 aA

Nas linhas, médias seguidas por mesma letra minúscula e nas colunas, médias seguidas por mesma letra maiúscula, não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível

39

de 5% de probabilidade de erro. S100 - solução nutritiva contendo 100% da concentração de macro e micronutrientes; S50 - solução nutritiva contendo 50% da concentração de macro e micronutrientes; S25 - solução nutritiva contendo 25% da concentração de macro e micronutrientes (TABELA 1). Dados apresentados como: média ± erro padrão.

6.2 EXPERIMENTO 2: EFEITO DO AIB ASSOCIADO ÀS

CONCENTRAÇÕES DE SOLUÇÃO NUTRITIVA NO ENRAIZAMENTO

DE MINIESTACAS

De acordo com a análise de variância houve interação entre a

coleta de brotações, concentrações de soluções nutritivas e o regulador

de crescimento (AIB) para a sobrevivência das miniestacas na saída da

casa de vegetação (SCV), sobrevivência das miniestacas na saída da

casa de sombra (SCS), enraizamento das miniestacas em área de pleno

sol (EAPS) e na indução de calos na região basal das miniestcas (CAL)

de Khaya anthotheca (TABELA 6).

TABELA 6. RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA A SOBREVIVÊNCIA DE MINIESTACAS DE Khaya anthotheca NA SAÍDA DA CASA DE VEGETAÇÃO (SCV), SAÍDA DA CASA DE SOMBRA (SCS), ENRAIZAMENTO A PLENO SOL (EAPS) E DA PORCENTAGEM DE CALO (CAL) EM RELAÇÃO A COLETA DE PROPÁGULOS, SOLUÇÃO NUTRITIVA E REGULADOR DE CRESCIMENTO, CUIABÁ, 2014.

Fonte de Variação

GL

Quadrado Médio

SCV(1)

(%)

SCS(2)

(%)

EAPS(2)

(%)

CAL(3)

(%)

Coleta 4 1,0594*

1,6677* 0,3705* 0,4794*

Resíduo-Coleta 20 0,0106ns

0,0079ns

0,0067ns

0,0064ns

Parcela 24 - - - -

Solução 2 0,3529* 0,0074ns

0,1147* 0,0438*

Regulador 1 0,1022* 0,1985* 0,2175* 0,0439ns

Coleta×Solução 8 0,1614* 0,1002*

0,0679* 0,0552*

Coleta×Regulador 4 0,0629* 0,0695* 0,1492* 0,0179ns

Solução×Regulador 2 0,0581*

0,0626*

0,0205ns

0,0404*

Coleta×Solução×Regulador 8 0,0291*

0,0100* 0,0329* 0,0155*

Resíduo 100 0,0069 0,0074 0,0062 0,0059

Subparcela 149 - - - -

Média - 90,5 66,2 59,2 20,3

CVexp.(%) - 6,2 8,8 8,9 17,1

* Valor significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro, pelo teste F. ns

Valor não significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste F.

(1), (2)

e (3)

Dados

40

transformados por [Arco seno (n/1000,5

)]; log(n + 0,5) e [(1/n+0,5)], respectivamente onde n = dado amostrado. GL = graus de liberdade, CVexp.(%) = coeficiente de variação experimental.

A sobreviência das miniestacas na saída da casa de vegetação

(SCV) não apresentou diferença significativa em relação às

concentrações de soluções nutritivas e regulador de crescimento durante

a 3ª e 4ª coleta de propágulos (TABELA 7). As maiores diferenças da

SCV foram constatadas na 1ª e 2ª coleta de propágulos, porém ocorrendo

uma estabilização nas coletas subsequentes (3ª, 4ª e 5ª). Na 5ª coleta

houve difereça significativa da S25 com aplicação de 2 g.L-1 de AIB, porém

mantendo valor superior a 84% (TABELA 7).

Os valores da porcentagem de sobrevivência de miniestacas

na saída da casa de sombra (SCS) apresentaram oscilação em relação

às concentrações de soluções nutritivas e aplicação do ácido indolbutírico

(AIB) (TABELA 8).

A SCS apenas não variou durante a 4ª coleta de propágulos,

época em que não se constatou diferenças signifcativas em relação a

solução nutritiva e aplicação de AIB (TABELA 8). Porém, houve efeito

diferenciado em relação as demais coletas, as quais também foram

associadas a aplicação ou ausência de AIB.

Em termos gerais, durante a 1ª e 2ª coleta de propágulos, a

aplicação de AIB resultou em maiores índices de SCS, independente da

solução nutritiva avaliada. Na 3ª e 4ª coleta de propágulos, não houve

diferença significativa em relação a aplicalão de AIB. Entretanto, na 5ª

coleta, houve diferença significativa da SCS quando se utilizou a S25,

onde a presença de AIB resultou em menor valor da variável avaliada

(TABELA 8).

De maneira geral, as soluções nutritivas S50 e S100 associadas

com a aplicação de AIB na região basal das miniestacas resultaram nos

melhores índices para a SCS (TABELA 8).

41

TABELA 7. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DE MINIESTACAS DE Khaya anthotheca NA SAÍDA DA CASA DE VEGETAÇÃO (SCV) EM RELAÇÃO AOS TRATAMENTOS AVALIADOS, CUIABÁ, 2014.

Solução

1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta 5ª Coleta

A0 A2 A0 A2 A0 A2 A0 A2 A0 A2

S100 74,2±1,8 aB 75,7±4,9 aB 69,8±2,4 aC 67,6±1,8 aA 92,7±1,2 aA 93,7±0,9 aA 98,9±1,0 aA 97,8±1,3 aA 95,0±0,0 aA 97,0±1,2 aA

S50 100,0±0,0 aA 100,0±0,0 aA 88,8±0,0 aA 70,3±1,1 bA 91,6±1,2 aA 94,3±2,6 aA 100,0±0,0 aA 100,0±0,0 aA 97,4±1,5 aA 94,9±1,2 aA

S25 100,0±0,0 aA 100,0±0,0 aA 82,2±4,2 aB 59,4±0,5 bB 95,7±1,7 aA 95,6±1,7 aA 100,0±0,0 aA 100,0±0,0 aA 98,6±1,3 aA 84,2±3,4 bB

Nas linhas, médias seguidas por mesma letra minúscula e, nas colunas, médias seguidas por mesma letra maiúscula, não diferem significativamente pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro. A0 - ausência de AIB; A2 - 2 g.L

-1 de AIB; S100 - solução

nutritiva contendo 100% da concentração de macro e micronutrientes; S50 - solução nutritiva contendo 50% da concentração de macro e micronutrientes; S25 - solução nutritiva contendo 25% da concentração de macro e micronutrientes (TABELA 1). Dados apresentados como: média ± erro padrão.

TABELA 8. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DE MINIESTACAS DE Khaya anthotheca NA SAÍDA DA CASA DE SOMBRA (SCS) EM RELAÇÃO AOS TRATAMENTOS AVALIADOS, CUIABÁ, 2014.

Solução

1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta 5ª Coleta

A0 A2 A0 A2 A0 A2 A0 A2 A0 A2

S100 17,0±2,0 bB 43,9±3,7 aB 51,1±4,9 bA 73,5±1,3 aA 47,0±3,9 aB 52,1±1,7 aB 92,3±1,2 aA 95,6±2,0 aA 84,0±2,9 aA 89,0±1,0 aA

S50 54,1±1,8 aA 62,3±4,1 aA 48,8±2,7 bA 59,3±1,1 aB 56,4±6,6 aA 63,1±4,9 aA 92,5±1,2 aA 87,5±1,9 aA 78,5±3,1 aA 79,5±3,0 aB

S25 48,3±1,6 bA 60,9±3,5 aA 37,6±4,7 bB 58,0±1,3 aB 58,5±2,6 aA 53,4±4,3 aB 93,9±1,5 aA 90,9±2,7 aA 83,0±1,8 aA 74,2±3,6 bB

Nas linhas, médias seguidas por mesma letra minúscula e, nas colunas, médias seguidas por mesma letra maiúscula, não diferem significativamente pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro. A0 - ausência de AIB; A2 - 2 g.L

-1 de AIB; S100 - solução

nutritiva contendo 100% da concentração de macro e micronutrientes; S50 - solução nutritiva contendo 50% da concentração de macro e micronutrientes; S25 - solução nutritiva contendo 25% da concentração de macro e micronutrientes (TABELA 1). Dados apresentados como: média ± erro padrão.

42

As avaliações do enraizamento das miniestacas a pleno sol

(EAPS) apresentaram resultados semelhantes para as concentrações de

soluções nutritivas em relação a aplicação de AIB, em que a presença

desse regulador de crescimento foi associado aos maiores índices de

EAPS, sobretudo na 1ª, 2ª e 3ª coletas de propágulos (TABELA 9).

Nas demais avaliações do enraizamento das miniestacas a

pleno sol (EAPS) constatou-se oscilações das respostas em relação às

concentrações de soluções nutritivas e AIB, em que a S25 resultou nos

menores índices de EAPS, independente da presença ou ausência de

regulador de crescimento (TABELA 9).

Em termos gerais, as soluções S50 e S100 associadas a

aplicação de AIB na concentração de 2 g.L-1 resultaram nos melhores

valores médios para o enraizamento de miniestacas ao longo das

sucessivas coletas de propágulos (TABELA 9).

A indução de calos (CAL) na região basal das miniestacas

apresentou comportamento semelhante nas três concentrações de

soluções nutritivas testadas, tanto na presença, quanto na ausência de

AIB (TABELA 10).

Em termos gerais, pode-se constatar que a maior indução de

calo na região basal das miniestacas de Khaya anthotheca ocorreu na

ausência de ácido indolbutírico, para todas as coletas de propágulos e

aplicação de solução nutritiva em diferentes concentrações (S100, S50 e

S25) (TABELA 10).

43

TABELA 9. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE ENRAIZAMENTO DE MINIESTACAS DE Khaya anthotheca EM ÁREA DE PLENO SOL (EAPS) EM RELAÇÃO AOS TRATAMENTOS AVALIADOS, CUIABÁ, 2014.

Solução

1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta 5ª Coleta

A0 A2 A0 A2 A0 A2 A0 A2 A0 A2

S100 17,5±2,0 bB 43,6±2,7 aB 48,9±1,7 bA 73,4±4,1 aA 47,0±3,9 aB 52,1±1,7 aB 62,7±3,9 aA 69,2±1,5 aB 65,0±1,6 aA 36,0±1,8 bB

S50 54,1±1,8 aA 62,3±4,2 aA 48,9±6,2 bA 59,4±2,1 aB 56,4±6,6 aA 63,1±4,9 aA 62,5±2,7 bA 81,3±1,9 aA 58,2±4,2 aA 57,1±2,7 aA

S25 46,0±4,8 bA 61,1±1,7 aA 37,6±4,7 bB 58,1±1,3 aB 58,5±2,6 aA 53,4±4,3 aB 59,1±2,9 bA 69,7±2,5 aB 60,6±3,6 aA 42,8±3,9 bB

Nas linhas, médias seguidas por mesma letra minúscula e, nas colunas, médias seguidas por mesma letra maiúscula, não diferem significativamente pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro. A0 - ausência de AIB; A2 - 2 g.L

-1 de AIB; S100 - solução

nutritiva contendo 100% da concentração de macro e micronutrientes; S50 - solução nutritiva contendo 50% da concentração de macro e micronutrientes; S25 - solução nutritiva contendo 25% da concentração de macro e micronutrientes (TABELA 1). Dados apresentados como: média ± erro padrão.

TABELA 10. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE CALO (CAL) DE MINIESTACAS DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO AOS TRATAMENTOS AVALIADOS, CUIABÁ, 2014.

Solução

1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta 5ª Coleta

A0 A2 A0 A2 A0 A2 A0 A2 A0 A2

S100 27,5±2,0 aB 20,7±2,7 aB 24,4±1,7 aA 23,2±4,1 aAB 40,5±2,8 aA 27,1±3,2 bA 7,7±1,4 aA 3,3±1,3 aB 12,0±1,2 aB 8,0±1,2 aB

S50 37,6±1,8 aA 32,7±4,2 aA 24,4±6,2 aA 29,7±2,1 aA 15,5±4,6 bB 24,0±1,4 aAB 8,7±1,5 aA 13,7±1,2 aA 22,6±4,2 aA 16,4±2,4 aA

S25 41,7±4,8 aA 28,9±1,7 bA 27,1±4,7 aA 20,3±1,3 aB 14,7±6,3 aB 17,2±1,7 aB 6,0±1,5 aA 10,5±1,7 aAB 15,5±2,7 aAB 8,6±1,4 aB

Nas linhas, médias seguidas por mesma letra minúscula e, nas colunas, médias seguidas por mesma letra maiúscula, não diferem significativamente pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro. A0 - ausência de AIB; A2 - 2 g.L

-1 de AIB; S100 - solução

nutritiva contendo 100% da concentração de macro e micronutrientes; S50 - solução nutritiva contendo 50% da concentração de macro e micronutrientes; S25 - solução nutritiva contendo 25% da concentração de macro e micronutrientes (TABELA 1). Dados apresentados como: média ± erro padrão.

44

6.2.1 Análise histológica da miniestaca

As miniestacas de Khaya anthotheca demonstratam adequada

capacidade de enraizamento. A resposta positiva à rizogênese

possivelmente deve-se ao fato de se tratar de material juvenil (minicepas

oriundas de material seminal). Os cortes histológicos do caule das

miniestacas demonstram claramente que estes propágulos são juvenis, o

que pode ser constatado pela fase de transição para o crescimento

secundário (FIGURA 8A-B). Observa-se, nos cortes histológicos, a

transição da fase juvenil para a adulta pela presença dos feixes

vasculares em um pradrão de desenvolvimento primário ao mesmo

tempo, onde também se verifica o estabelecimento do crescimento

secundário, o que é evidenciado pela reorganização do sistema vascular

(FIGURA 8A-B).

FIGURA 8. CORTE TRANSVERSAL DO CAULE DE MINIESTACA DE Khaya anthotheca. (A) INÍCIO DO CRESCIMENTO SECUNDÁRIO. (B) DETALHE DA REGIÃO CAMBIAL DA MINIESTACA. CO - CÓRTEX; F1º - FLOEMA PRIMÁRIO; F2º - FLOEMA SECUNDÁRIO; X1º- XILEMA PRIMÁRIO; X2º - XILEMA SECUNDÁRIO; CV - CÂMBIO VASCULAR; MP - MEDULA; XI - XILEMA; FL - FLOEMA. BARRA = 10 µm.

MP

X1º

F2ºCO

CV

A BF1º

X2º

CO

MP

CV

XI

FL

45

6.3 DISCUSSÃO

A sobrevivência das minicepas de Khaya anthotheca não foi

afetada pelas cinco coletas sucessivas de propágulos e aplicação de

diferentes soluções nutritivas, uma vez que, não foi registrada mortalidade

significativa desde a realização da primeira coleta de miniestacas. Esse

resultado demonstra adequação desta espécie para o manejo em sistema

de minijardim em vasos, onde as minicepas responderam positivamente

como fonte produtora de brotações.

O manejo empregado para a condução do minijardim, como a

poda em minicepas, nutrição mineral balanceada, luminosidade e

irrigação em níveis adequados foi responsável por proporcionar elevada

taxa de sobrevivência das minicepas e indução de brotações. Este fato

corrobora ao relatado por Blazich (1987) e Hartmann et al. (2011) em que

ao considerar os diversos fatores que interferem para o sucesso da

propagação, a nutritição mineral e a irrigação merecem destaque na

manutenção do vigor da planta doadora de brotações, implicando na

produção e na qualidade das brotações emitidas, bem como, na

capacidade de recuperação da planta-mãe ao sistema de poda.

Demais trabalhos com outras espécies relataram elevadas

porcentagens de sobevivência de minicepas, sendo os valores superiores

a 90%. Xavier et al. (2003) observaram elevada porcentagem de

sobrevivência (100%) de minicepas de Cedrela fissilis, as quais foram

conduzidas em sistema de minijardim clonal durante 150 dias de

sucessivas coletas de brotações no intervalo regular de 30 dias (4

coletas), constatando adaptabilidade e longevidade das minicepas como

fonte fornecedora de propágulos.

Ao considerar a produtividade de miniestacas de K.

anthotheca, independentemente da concentração da solução nutritiva

avaliada, a produtividade média foi superior a 80 miniestacas por metro

quadrado ao ano (em torno de 1,8 miniestaca por minicepa). Esse

resultado foi superior ao encontrado por Santos (2002) e Xavier et al.

(2003), na miniestaquia de Cedrela fissilis, cuja produtividade média foi de

1,3 miniestacas por minicepa, realizando coletas regulares em períodos

46

de 30 dias. Cunha et al. (2008) observaram produtividade média de 1,3

miniestaca por minicepa de Erytrina falcata e, Santos (2002), na

miniestaquia de Swietenia macrophylla, verificaram produtividade média

de 1,1 miniestaca por minicepa. Estes resultados são semelhantes aos

relatados para Eucalyptus por Wendling et al. (2000), o qual foi de 1,7

miniestaca por minicepa em cada coleta. Contudo, na miniestaquia de

Eucalyptus, geralmente a coleta de propágulos ocorre em intervalos de 7

a 21 dias (ALFENAS et al., 2004), diferindo em relação a Khaya

anthotheca no presente estudo, o qual superou a 30 dias.

A menor produtividade de miniestacas por metro quadrado ao

ano na primeira coleta de brotos foi decorrente do fato das minicepas

estarem habituando-se ao processo de manejo e ainda não se

encontrarem com um arranjo de copa ideal (perda da dominância apical,

maior número de gemas laterais com possibilidade de produzir brotos).

Em trabalho desenvolvido por Wendling et al. (2000) com

Eucalyptus e, Xavier et al. (2003) com Cedrela fissilis, a menor

produtividade de brotos também ocorreu na primeira coleta, pois a

minicepa não apresentava boa formação de copa, com reduzido número

de gemas, as quais foram aumentando com as coletas sucessivas de

brotos. Segundo Wendling e Souza (2003), após a primeira coleta de

brotos, a forma de crescimento da copa na minicepa passa por uma

adaptação do crescimento ortotrópico para o plagiotrópico, estimulando o

desenvolvimento das gemas laterais dormentes que se tornaram ativas,

as quais conferem características importantes para a formação do

minijardim.

Os melhores resultados quanto à produtividade das minicepas,

em termos gerais, foi encontrado quando se utilizou a fertirrigação

composta pela solução nutritiva na concentração de 100% de macro e

micronutrientes (S100). Segundo Hartmann et al. (2011) e Cunha et al.

(2009), o nível nutricional próximo ao ótimo da planta doadora de

propágulos para o enraizamento é um dos fatores preponderantes para o

sucesso da propagação, sendo de fundamental importância a adoção de

soluções nutritivas balanceadas que condizem com cada espécie a ser

multiplicada no sistema de minijardim. Contudo, as concentrações ideais

47

de nutrientes para a minicepa de Khaya anthotheca não estão

estabelecidas, sendo necessários ajustes em relação as condições do

manejo e do genótipo de interesse, dentre outros fatores.

Alfenas et al. (2004) relataram que os fatores ambientais e

fisiológicos podem interferir no processo rizogênico, limitando o potencial

da propagação vegetativa de espécies lenhosas. A época do ano, a

temperatura, a umidade, as condições de manejo, a idade das plantas

doadoras de brotações, a espécie a ser propagada, o status hídrico e o

nível nutricional das minicepas são outros fatores que podem ter

interferido no enraizamento dos propágulos de Khaya anthotheca

(CORRÊA et al., 2005; CUNHA et al., 2009).

Os protocolos de propagação de genótipos selecionados

devem garantir condições de cultivo que favoreçam os processos

rizogênicos, os quais devem ser condizentes às características do

material de interesse (ASSIS e MAFIA, 2007). No presente estudo, a

sobrevivência das miniestacas de Khaya anthotheca na saída da casa de

vegetação variou de acordo com a concentração de AIB e concentração

da solução nutritiva e apresentaram variação de 59 a 100% (TABELA 7).

Apesar de existir o efeito da variabilidade genética (mudas seminais),

essa variação pode ser considerada adequada para miniestaquia, tendo

em vista que a partir da 3ª coleta de propágulos, os valores foram

superiores a 84%.

O elevado índice de sobrevivência das miniestacas em casa de

vegetação pode ser explicado devido às condições de temperatura,

luminosidade e umidade serem controlados em níves próximos ao

adequado, sendo fatores que induzem o enraizamento dos propágulos

(WENDLING e XAVIER, 2005).

Trabalhos realizados com miniestacas de Eucalyptus reportam

índices de sobrevivências geralmente superiores a 80% durante a saída

da casa de vegetação, tais como os observados para Eucalyptus grandis

× Eucalyptus urophylla (GOULART e XAVIER, 2008; GOULART et al.,

2008; GOULART et al., 2010) e Eucalyptus cloeziana (ALMEIDA et al.,

2007). Xavier et al. (2003) avaliando miniestacas de Cedrela fissilis,

também verificaram índices elevados de sobrevivência na saída da casa

48

de vegetação. Porém, esse fato não implica, necessariamente, em um

elevado índice de enraizamento, pois as miniestacas podem permanecer

vivas na casa de vegetação sem a presença de raízes devido as

condições ambientais serem favoráveis. Dessa forma, os índices de

mortalidade são maiores durante a transferência para a casa de sombra

(aclimatação), onde as condições ambientais são alteradas, tais como a

redução da umidade e temperatura (BRONDANI et al., 2012 b).

Com relação à sobrevivêcia das miniestacas de Khaya

anthotheca na saída da casa de sombra (SCS - fase de aclimatação),

observou-se variação de 17 a 95% (TABELA 8). Wendling et al. (2005)

relataram mortalidade em torno de 85% de miniestacas de Eucalyptus

grandis durante a fase de aclimatação em casa de sombra, onde esses

também podem estar associados ao efeito da sazonalidade.

A porcentagem de enraizamento de miniestacas de Khaya

anthotheca variou de 17 a 81%. De maneira geral, nos tratamentos com a

aplicação do regulador de crescimento (2 g.L-1 de AIB) associado às

concentrações de macro e micronutrientes à 100% e 50% (S100 e S50,

respectivamente) foi constatado os melhores índices de enraizamento. A

presença de calos foi observada em maior frequência nos tratamentos

sem a aplicação de AIB, independentemente da concentração de solução

nutritiva avaliada.

Os resultados observados estão de acordo com os relatos de

Opuni Frimpong et al. (2008) e Ky Dembele et al. (2011) em experimentos

com miniestacas de Khaya anthotheca e Khaya senegalensis,

respectivamente. Esses autores constataram que o regulador de

crescimento afetou o número de raízes por miniestaca e o comprimento

das raízes, mas a sobrevivência das miniestacas não foi afetada. Essa

constatação foi semelhante ao observado na pesquisa de Xavier et al.

(2003) em experimentos com Cedrela fissilis.

Ensaios realizados na Indonésia indicaram que a propagação

de Khaya anthotheca por meio de estacas apresentou resultados

positivos, alcançando taxas de enraizamento médio de 75%, quando

aplicados reguladores de enraizamento (PINHEIRO et al., 2011).

49

De acordo com Opuni Frimpong et al. (2008) a concentração

de AIB considerada ótima para promover o enraizamento de estacas de

Khaya anthotheca foi de 8 g.L-1. Para o enraizamento de miniestacas de

Milicia excelsa a melhor concentração de AIB estava situada entre 2 g.L-1

e 4 g.L-1 (OFORI et al., 1996), enquanto que a concentração de 4 g.L-1 de

AIB foi reportada como a melhor para o enraizamento de propágulos de

Triplochiton scleroxylon (LEAKEY et al.,1982).

Segundo Hartmann et al. (2011) as auxinas proporcionam

maior percentual de enraizamento com qualidade e rapidez, sendo que as

concentrações variam de acordo com a espécie, nível de maturidade,

condições ambientais e a forma de ministrar a aplicação dos reguladores.

Assim, o enraizamento em miniestacas de Khaya anthotheca, sem um

suplemento exógeno de AIB, pode ser atribuído a concentração endógena

de auxina (LEAKEY, 1990).

Os efeitos do AIB no enraizamento das miniestacas, também

podem estar associados aos aspectos nutricionais que as minicepas

foram submetidas por meio da fertirrigação, regulando a indução para a

formação de raízes e/ou formação de calo (BALTIERRA et al., 2004).

Brondani et al. (2012b) observaram os melhores índices de

enraizamento em miniestacas de Eucalyptus benthamii quando essas

foram oriundas de minicepas que receberam solução nutritiva de 1 a 2

mg.L-1 de Zn e B, sendo assim, a nutrição mineral pode ter estimulado a

síntese de auxinas endógenas para promover o enraizamento.

Em termos gerais, o enraizamento de miniestacas juvenis de

Khaya anthotheca foi associado com a aplicação de AIB e solução

nutritiva (concentração de macro e micronutriente), sendo que novos

estudos deverão ser conduzidos para o desenvolvimento de um protocolo

mais eficiente quanto aos índices de enraizamento.

6.4 EXPERIMENTO 3: AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE ENXERTIA

De acordo com a análise de variância houve efeito significativo

da combinação de enxerto e porta-enxerto para a sobrevivência (SB45) e

pegamento (SB200) dos enxertos (TABELA 11).

50

TABELA 11. RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA A PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA (SB45 - 45 DIAS) E DE PEGAMENTO (SB200 - 200 DIAS) DO ENXERTO INTER E INTRAESPECÍFICO DE Khaya anthotheca E Swietenia macrophylla, CUIABÁ, 2014.

Fonte de Variação

GL

Quadrado Médio

SB45(1)

(%) SB200

(1)

(%)

Bloco 4 1.600,00ns

4,34ns

Combinação 3 13.433,33*

155,99*

Resíduo 92 2.078,26

18,08 Média - 61,0 5,8 CVexp.(%) - 74,7 72,9

* Valor significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste F. ns

Valor não significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste F.

(1) Dados

transformados por [Arco seno√n)/100], onde n = dado amostrado. GL = graus de liberdade, CVexp.(%) = coeficiente de variação experimental.

Os melhores resultados para a sobrevivência das mudas aos

45 dias após a realização da enxertia foram obtidos nas combinações

intraespecíficas de K. anthotheca + K. anthotheca (TKK) e S. macrophylla

+ S. macrophylla (TSS), representando 92% e 60%, respectivamente

(TABELA 12). Os menores valores da porcentagem de SB45 dos enxertos

foram verificados nas enxertias interespecíficas, ou seja, TSK (56%) e TKS

(36%) (TABELA 12).

TABELA 12. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DAS MUDAS DO ENXERTO INTER E INTRAESPECÍFICO DE Khaya anthotheca E Swietenia macrophylla, APÓS 45 DIAS (SB45), CUIABÁ, 2014.

Combinação Sobrevivência (%)

K. anthotheca + K. anthotheca (TKK) 92,0±5,5 A

S. macrophylla + K. anthotheca (TSK) 56,0±10,1 B

K. anthotheca + S. macrophylla (TKS) 36,0±9,8 B

S. macrophylla + S. macrophylla (TSS) 60,0±10,0 AB

Médias seguidas por mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. Onde a primeira espécie refere-se ao porta-enxerto e a segunda espécie refere-se ao enxerto. Dados apresentados como: média ± erro padrão.

A enxertia intraespecífica de TKK manteve 92% de pegamento

aos 200 dias após de realizada a enxertia (SB200), diferindo

significativamente em relação aos demais tratamentos (TABELA 13).

51

A ausência de pegamento (0% de SB200) observada na enxertia

do tipo TKS, denota uma provável incompatibilidade entre as duas

espécies quando se usa a K. anthotheca como porta-enxerto, a qual foi

caracterizada pela perda de vigor da brotação apical, além do

murchamento e a queda repentina das folhas (TABELA 13). O tipo de

enxertia TSK (52%) e TSS (48%) apresentaram valores intermediários de

SB200, diferindo significativamente dos demais tratamentos (TABELA 13).

TABELA 13. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE PEGAMENTO DAS MUDAS ENXERTADAS INTER E INTRAESPECÍFICAS DE Khaya anthotheca E Swietenia macrophylla, APÓS 200 DIAS (SB200), CUIABÁ, 2014.

Combinação Sobrevivência (%)

K. anthotheca + K. anthotheca (TKK) 92,0±5,5 A

S. macrophylla + K. anthotheca (TSK) 52,0±10,2 B

K. anthotheca + S. macrophylla (TKS) 0,0±0,0 C

S. macrophylla + S. macrophylla (TSS) 48,0±10,2 B

Médias seguidas por mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. Onde a primeira espécie refere-se ao porta-enxerto e a segunda espécie refere-se ao enxerto. Dados apresentados como: média ± erro padrão.

Visualmente, também pode-se observar ao vigor das mudas

enxertadas com as diferentes combinações das espécies utilizadas como

porta-enxerto ou enxerto (TKK, TKS, TSK e TSS) aos 180 dias após a

enxertia (FIGURA 9). Destáca-se que a combinação de TKS apresentava

apenas uma muda nessa época (aos 180 dias), sendo que aos 200 dias

(SB200) houve a mortalidade.

52

FIGURA 9. DESENVOLVIMENTO DAS MUDAS ENXERTADAS DE Khaya anthotheca + Swietenia macrophylla (TKS); K. anthotheca + K. anthotheca (TKK); S. macrophylla + K. anthotheca (TKS) E S. macrophylla + S. macrophylla (TSS), AOS 180 DIAS APÓS A REALIZAÇÃO DA ENXERTIA. MA - MOGNO AFRICANO (K. anthotheca); MB - MOGNO BRASILEIRO (S. macrophylla). COMBINAÇÃO DE PORTA-ENXERTO / ENXERTO.

6.4.1 Análise histológica do enxerto

A enxertia realizada intra e interespecífica entre Khaya

anthotheca e Swietenia macrophylla demonstrou viabilidade do uso da

técnica na propagação quando se utiliza a S. macrophylla como porta-

enxerto. O pegamento do enxerto (SB200) foi evidenciado pelos cortes

histológicos da região de união entre o enxerto e o porta-enxerto

(FIGURA 10A). Nos cortes histológicos observou-se o emparelhamento

dos raios do enxerto com o porta-enxerto, o que demonstra que

inicialmente estabeleceu-se uma conexão vascular entre os propágulos

(FIGURAS 10B-D). A presença do câmbio vascular, uma medula e córtex

intactos evidenciam que os tecidos encontraram-se em início o

crescimento secundário. Esses resultados demonstraram que outros

fatores podem ter influenciado a diferença de respostas quando se

realizou a enxertia com propágulos da mesma espécie ou das duas

53

espécies de mogno. A ausência de compatibilidade na enxertia

interespecífica entre Khaya anthotheca (porta-enxerto) e Swietenia

macrophylla (enxerto) (TKS) possivelmente deve-se às diferenças entre o

crescimento das duas espécies, relacionado ao diâmetro dos vasos

condutores, à produção de compostos fenólicos ou outras substâncias

que podem ter influenciado as respostas (HARTMANN et al., 2011).

PE

EN

EN

CCPE

EN

PE

EN

PE

A C

B

D

FIGURA 10. CORTE A MÃO-LIVRE DO CAULE EM CRESCIMENTO SECUNDÁRIO NA REGIÃO DE ENXERTIA DE Swietenia macrophylla (PORTA-ENXERTO) E Khaya anthotheca (ENXERTO) (TSK). (A) DETALHE DO CORTE TRANSVERSAL EVIDENCIANDO OS TECIDOS DO ENXERTO E DO PORTA-ENXERTO. CC - CASCA, PE - PORTA-ENXERTO, EN - ENXERTO. BARRA = 0,1 cm. (B) DETALHE DO CORTE TRANSVERSAL DA REGIÃO DE ENXERTIA. BARRA = 10 µm. (C) DETALHE DA COMPATIBILIDADE DOS TECIDOS DO ENXERTO COM OS TECIDOS DO PORTA-ENXERTO (SETAS AMARELAS). BARRA = 10 µm. (D) DETALHE DA REGIÃO DE CONEXÃO, DESTACANDO O EMPARELHAMENTO DOS RAIOS PAREQUIMÁTICOS DO PORTA-ENXERTO E DO ENXERTO (SETAS VERMELHAS). BARRA = 10 µm.

54

6.5 DISCUSSÃO

Com relação a aplicabilidade da técnica de enxertia a partir dos

resultados das avaliações (SB45 e SB200) pôde-se constatar que a enxertia

intraespecífica, tanto para Khaya anthotheca quanto para Swietenia

macrophylla, apresentou os melhores resultados (TABELA 13).

A enxertia interespecífica apresentou queda expressiva da

primeira avaliação (SB45) para a segunda avaliação (SB200), indicando a

incompatibilidade entre as duas espécies quando se utilizou a Khaya

anthotheca como porta-enxerto e a Swietenia macrophylla como enxerto

(TKS). A região de inserção do enxerto aparentemente havia cicatrizado

em TKS aos 45 dias, apresentando um crescimento inicial do enxerto

(Swietenia macrophylla). Contudo, repentinamente as folhas murcharam

ou quebraram-se facilmente na região de inserção do enxerto, resultando

em mortalidade aos 200 dias.

Segundo Garner (1995), quando ocorre a quebra em algum

ponto de união do enxerto, depois de um tempo de sobrevivência da

planta, constata-se a indicação de incompatibilidade na combinação.

Kalil et al. (2000) em experimento com enxertos de mesma

modalidade intra e inter específicos de mogno brasileiro (Swietenia

macrophylla) e cedro australiano (Toona ciliata) verificaram que a

combinação entre mogno / toona apresentaram os menores índices de

sobrevivência, onde de 100 plantas desta espécie, apenas restaram 29

após 5 meses. Segundo os autores, depois de alguns dias, 100%

morreram, ou seja, denotando a presença da incompatibilidade.

Pinheiro et al. (2000) trabalhando com enxertia de mogno

brasileiro em mogno africano (Khaya ivorensis) observaram que 100%

dos enxertos não sobreviveram.

As causas da incompatibilidade não são totalmente entendidas,

mas podem estar relacionadas à falta de algum elemento mineral

essencial, diferenças do crecimento dos tecidos do enxerto com o porta-

enxerto ou a presença de tecido parenquimático ou tecido da casca na

região de justaposição (HARTMANN et al., 2011). Fatores relacionados a

endogamia genética também podem ter afetado o resultados.

55

Os resultados deste experimento demonstraram que a espécie

Khaya anthotheca apresenta características positivas relacionadas a

técnica de enxertia quando se usa a combinação de S. macrophylla

(porta-enxerto) + K. anthotheca (enxerto) (TSK), podendo ser aplicada com

o objetivo de resgatar materias enxertados e promover o

rejuvenescimento de plantas adultas a partir da enxertia seriada.

O desenvolvimento de novos estudos relacionados a enxertia

dessa espécie é necessário, principalmente em relação às combinações

interespecíficas que visem promover à transmissão de resistência do

mogno africano (Khaya anthotheca) com o mogno brasileiro (Swietenia

macrophylla) visando evitar o ataque de Hypsipyla grandella.

6.6 EXPERIMENTO 4: AVALIAÇÃO DA ALPORQUIA EM RELAÇÃO A

CONCENTRAÇÕES DE AIB E SOLUÇÃO NUTRITIVA

De acordo com a análise de variância foi constatado efeito

significativo da concentração das soluções nutritivas para a porcentagem

de enraizamento e calo em alporques de Khaya anthotheca (TABELA 14).

Efeito semelhante também ocorreu para o efeito do AIB em relação ao

enraizamento e calogênese, onde houveram variações das respostas dos

alporques (TABELA 14).

TABELA 14. RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA A PORCENTAGEM DE ENRAIZAMENTO E INDUÇÃO DE CALO EM ALPORQUES DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO A SOLUÇÃO NUTRITIVA E APLICAÇÃO DE AIB, CUIABÁ, 2014.

Fontes de Variação

GL

Quadrado Médio

Enraizamento(1)

(%)

Calo (%)

Bloco 2 0,89ns

0,36ns

Solução 2 0,89* 0,98* Regulador (AIB) 2 16,72* 15,51* Solução×AIB 4 0,24

ns 0,50

ns

Resíduo 97 0,22

0,20 Média - 66,7 29,6 CVexp.(%) - 30,3 46,8

* Valor significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste F.ns

Valor não significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste F.

(1) Dados

transformados por [Arco seno(n)/1000,5

)], onde n = dado amostrado. GL = graus de liberdade, CVexp.(%) = coeficiente de variação experimental.

56

Os melhores resultados para o enraizamento dos alporques de

Khaya anthotheca foram verificados nas concentrações de soluções

nutritivas S100 e S50, as quais apresentaram cerca de 75 e 69%,

respectivamente. A solução nutritiva S25 resultou no menor valor para o

enraizamento, com cerca de 55% (TABELA 15).

TABELA 15. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE ENRAIZAMENTO DE ALPORQUES DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS, CUIABÁ, 2014.

Solução Enraizamento (%)

S100 75,0±7,3 A

S50 69,4±7,8 AB

S25 55,5±8,4 B

Médias seguidas por mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. S100 - solução nutritiva contendo 100% da concentração de macro e micronutrientes; S50 - solução nutritiva contendo 50% da concentração de macro e micronutrientes; S25 - solução nutritiva contendo 25% da concentração de macro e micronutrientes (TABELA 1). Dados apresentados como: média ± erro padrão.

Os melhores resultados para o enraizamento dos alporques de

Khaya anthotheca foram observados nos tratamentos com aplicação de

AIB, tanto em A3 (cerca de 94%), quanto em A8 (cerca de 88%) (TABELA

16). Na ausência de AIB (A0) houve cerca de 16% de enraizamento dos

alporques, denotando a necessidade de aplicação desse regulador para

promover a indução da rizogênese (TABELA 16).

TABELA 16. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE ENRAIZAMENTO DE ALPORQUES DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO (AIB), CUIABÁ, 2014.

AIB Enraizamento (%)

A0 16,7±6,3 B

A3 94,4±3,8 A

A8 88,9±5,3 A

Médias seguidas por mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. A0 - ausência de AIB, A3 - 3 g.L

-1 de AIB, A8 - 8

g.L-1

de AIB. Dados apresentados como: média ± erro padrão.

57

Os maiores valores correspondentes a indução de calos nos

alporques de Khaya anthotheca foram observados na aplicação da

solução nutritiva S25 (TABELA 17), a qual resultou em torno de 41% de

calo. As concentrações de solução nutritiva S100 (cerca de 22%) e S50

(cerca de 25%) apresentaram os menores valores médios de indução de

calo, não diferindo significativamente (TABELA 17).

TABELA 17. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE CALO EM ALPORQUES DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DAS SOLUÇÕES NUTRITIVAS, CUIABÁ, 2014.

Solução Calo (%)

S100 22,2±7,0 B

S50 25,0±7,3 B

S25 41,7±8,3 A

Médias seguidas por mesma letra minúscula não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. S100 - solução nutritiva contendo 100% da concentração de macro e micronutrientes; S50 - solução nutritiva contendo 50% da concentração de macro e micronutrientes; S25 - solução nutritiva contendo 25% da concentração de macro e micronutrientes (TABELA 1). Dados apresentados como média ± erro padrão.

A indução de calos nos alporques foi mais intensa quando não

houve a aplição de AIB (A0), representando cerca de 78% de calo

(TABELA 18). A aplicação do AIB reduziu a indução de calos, tanto em A3

(cerca de 3% de calo), quanto em A8 (cerca de 8% de calo),

provavelmente pelo favorecimento do enraizamento dos alporques de

Khaya anthotheca (TABELA 18).

TABELA 18. VALORES MÉDIOS DA PORCENTAGEM DE CALO EM ALPORQUES DE Khaya anthotheca EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO (AIB), CUIABÁ, 2014.

AIB Calo (%)

A0 77,8±7,1 A

A3 2,8±2,8 B

A8 8,3±4,7 B

Médias seguidas por mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. A0 - ausência de AIB, A3 - 3 g.L

-1 de AIB, A8 - 8

g.L-1

de AIB. Dados apresentados como: média ± erro padrão.

58

Em termos gerais, a aplicação de AIB (3 g.L-1 e 8 g.L-1)

associada às soluções nutritivas S100 e S50 apresentaram os melhores

índices de enraizamento nos alporques, sendo que o método promoveu

resultados satisfatórios (FIGURA 11A-D).

FIGURA 11. DETALHE DA ALPORQUIA EM Khaya anthotheca. (A) DESMAME DO ALPORQUE. (B) ALPORQUE REFERENTE AO TRATAMENTO COM SOLUÇÃO NUTRITIVA S100 ASSOCIADA A AUSÊNCIA DO AIB. (C) ALPORQUE REFERENTE AO TRATAMENTO DA SOLUÇÃO NUTRITIVA S100 ASSOCIADA A APLICAÇÃO DE 3 g.L-1 DE AIB. (D) ALPORQUE REFERENTE AO TRATAMENTO DA SOLUÇÃO NUTRITIVA S100 ASSOCIADA A APLICAÇÃO DE 8 g.L-1 DE AIB. S100 - SOLUÇÃO NUTRITIVA CONTENDO 100% DA CONCENTRAÇÃO DE MACRO E MICRONUTRIENTES (TABELA 1). BARRAS = 4 cm.

6.7 DISCUSSÃO

Ao considerar a aplicabilidade da técnica da alporquia em

genótipos de Khaya anthotheca, os resultados demonstraram níveis

elevados de enraizamento de acordo com os tratamentos de fertirrigação

59

e aplicação de AIB, sobretudo em relação às com as soluções nutritivas

S100 e S50. No tratamento com solução nutritiva S25 na ausência de AIB,

observou-se elevada porcentagem de calos.

A utilização de AIB para o enraizamento de alporques foi

relatada nos trabalhos de Mantovani et al. (2010) durante o enraizamento

de alporques de Bixa orellana, Martins e Antunes (2000) para o

enraizamento de alporques de Sizigyum jambos, e de Bitencourt et al.

(2007) ao estudarem Ginko biloba.

Castro e Silveira (2003) observaram elevados índices de

enraizamento utilizando 3 g L-1 de AIB para o enraizamento de alporques

de Prunus persica, semelhante ao constatado no presente estudo para

alporques de Khaya anthotheca.

Pôde-se observar que alguns alporques tratados com AIB

apresentaram a formação de raízes sem a constatação visual da

presença de calos (A3 e A8) (TABELA 18). Contudo, os alporques onde

não se aplicou AIB (A0) constatou-se cerca de 78% de indução de calo

(TABELA 18).

O mesmo comportamento foi relatado por Pacheco et al. (1998)

em alporques de Vitis rotundifolia e por Mantovani et al. (2010) em

alporques de Bixa orellana, considerando ainda que em algumas espécies

as raízes adventícias podem se originar a partir do calo (AROEIRA,

1958). Contudo, os processos de calogênese e rizogênese são eventos

distintos, sendo que os elevados índices de indução de calo podem

prejudicar a formação das raízes (HARTMANN et al., 2011).

O experimento comprovou a possibilidade de aplicação da

técnica de alporquia em genótipos Khaya anthotheca, apresentando

elevados índices de enraizamento quando se faz o uso do regulador de

crescimento AIB associado a concetrações de solução nutritiva S100 e S50.

60

7 CONCLUSÕES

A sobrevivência das minicepas não variou em relação às

soluções nutritivas e as coletas de brotações, apresentando valores

superiores a 96%, após 365 dias.

A produção de miniestacas por metro quadrado ao ano

(miniestaca m-2 ano-1) diferiu em relação à solução nutritiva, onde a S100

(100% da concentração de macro e micronutrientes) favoreceu a maior

miniestaca m-2 ano-1 para a maioria das coletas de brotações.

Houve elevada sobrevivência de miniestacas na saída da casa

de vegetação, independente das coletas de propágulos, solução nutritiva

e aplicação de AIB.

Tanto a sobrevivência de miniestacas na saída da casa de

sombra, quanto o enraizamento em área de pleno sol foram influenciadas

pela concentração da solução nutritiva e AIB. As soluções S100 e S50

associadas à aplicação do AIB à 2 g.L-1 proporcionaram nos melhores

resultados de enraizamento ao longo das coletas de propágulos.

O pegamento dos enxertos dependeu das combinações entre

as espécies, sendo que as combinações intraespecíficas apresentaram os

melhores resultados. Na combinação interespecífica, o melhor resultado

foi obtido na combinação de Swietenia macrophylla + Khaya anthotheca

(porta-enxerto + enxerto). O pior resultado para a enxertia ocorreu na

combinação entre Khaya anthotheca + Swietenia macrophylla (porta-

enxerto + enxerto).

O enraizamento de alporques de Khaya anthotheca foi

favorecido com a utilização das soluções nutritivas S100 e S50 associadas

a aplicação de AIB (tanto a 3 g.L-1, quanto a 8 g.L-1). A solução S25 na

ausência de AIB promoveu maior indução de calo.

61

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Estudos relacionados a idade das minicepas, área foliar das

miniestacas são outros fatores que podem interferir no enraizamento de

propágulos, podendo até mesmo não haver a necessidade do emprego

de reguladores de crescimento.

No presente estudo, verificou-se que a técnica de enxertia

pode ser aplicada à espécie Khaya anthotheca, mas contudo, novos

experimentos envolvendo outros tipos de enxertia podem resultar

melhores compatibilidades, sobretudo quando se trata de enxertia

interespecífica. Dessa forma, é fundamental realizar pesquisas

relacionadas à possível transferência de resistência ao ataque da

Hypsipyla grandella que ocorre em Khaya anthotheca para mudas de

Swietenia macrophylla por meio da técnica de enxertia.

Estudos relacionados a outras formulações de soluções

nutritivas e concentrações de macro e micronutrientes podem aumentar a

produtividade de brotos das minicepas e viabilizar o enraizamento das

miniestacas de Khaya anthotheca sem o emprego de reguladores de

crescimento ou em concentrações reduzidas.

Outros parâmetros como tipo de substrato e de embalagens

utilizadas para o plantio de propágulos visando o enraizamento também

devem ser objetos de novos estudos.

62

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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