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  • 1Minigramtica

    Tupi or not tupi, thats the question. - Oswald de Andrade (1928)

    http://nilc.icmc.sc.usp.br/minigramatica

  • 2

  • 31. Crditos 112. Introduo 113. A Construo de uma Minigramtica 114. Classes Gramaticais - Tipos 144.1. Substantivo4.2. Adjetivo4.3. Artigo4.3.1. Uso de artigos e determinantes4.4. Pronome4.4.1. Pronome substantivo4.4.2. Pronome reto4.4.3. Pronome oblquo4.4.3.1. Pronome oblquo tono4.4.3.2. Pronome oblquo tnico4.4.4. Pronome reflexivo4.5. Numeral4.5.1. Uso e Grafia de Numerais4.6. Verbo4.6.1. Uso do Particpio4.6.1.1. Uso do Particpio dos Verbos Abundantes4.6.2. Uso do Gerndio4.7. Advrbio4.8. Preposio4.8.1. Uso da Preposio4.8.2. Omisso das preposies4.9. Conjuno4.10. Interjeio5. Identificando particularidades 365.1. Sobre adjetivos5.1.1. Adjetivo x Advrbio5.1.2. Uso dos Adjetivos diante de Particpio5.1.3. A formao do grau e os adjetivos e advrbios anmalos5.2. Sobre advrbios5.2.1. Locuo prepositiva x Locuo adverbial5.3. Sobre determinantes5.3.1. Os determinantes e o ncleo composto5.3.2. Determinante antes do ncleo composto5.3.3. Determinante depois do ncleo composto5.4. Sobre pronomes5.4.1. Uso dos Pronomes

  • 45.4.2. Uso de Onde como Pronome Relativo5.5. Sobre substantivos5.5.1. Substantivo de gnero vacilante5.6. Sobre verbos5.6.1. Modo subjuntivo5.6.2. Verbos com pronome se5.7. Anlise sinttica5.7.1. Frase5.7.2. Orao5.7.3. Perodo5.7.4. Termos da orao Tipos5.7.4.1. Termos essncias da orao5.7.4.1.1. Sujeito5.7.4.1.2. Predicado5.7.4.2. Termos integrantes da orao5.7.4.2.1. Complemento Nominal5.7.4.2.2. Complementos Verbais5.7.4.2.2.1. Objeto Direto5.7.4.2.2.2. Objeto Indireto5.7.4.2.2.3. Predicativo do Objeto5.7.4.2.2.4. Agente da Passiva5.7.4.3. Termos acessrios da orao5.7.4.3.1. Adjunto Adnominal5.7.4.3.2. Adjunto Adverbial5.7.4.3.3. Aposto5.7.4.3.4. Vocativo6. Identificando particularidades 736.1. Sobre sujeito6.1.1. Sujeito posposto6.2. Sobre predicativos6.2.1. Predicativo do sujeito6.3. Sobre complementos6.3.1. Complemento nominal x Adjunto adnominal6.4. Sobre adjuntos6.4.1. Adjunto adverbial de lugar7. Determinantes 788. Nome 789. Modificadores 7910. Sintagma 7911. Ncleo 80

  • 512. Concordncia: definio 8212.1. Concordncia nominal12.1.1. A concordncia e os determinantes12.1.2. A concordncia e os determinantes compostos12.1.3. A concordncia e os modificadores compostos12.1.4. A concordncia e os substantivos genricos12.1.5. A concordncia e as contraes12.1.6. A concordncia e o predicativo do sujeito12.1.7. A concordncia e o predicativo do objeto12.1.8. A concordncia e o predicativo s12.1.9. A concordncia do predicativo e as oraes adjetivas12.1.10. A concordncia e os adjuntos adnominais compostos12.1.11. A concordncia e o particpio12.1.12. A concordncia e o pronome cujo12.1.13. A concordncia e a palavra quite12.1.14. A concordncia e a palavra grama12.1.15. A concordncia e a expresso o mais ... possvel12.1.16. A concordncia e o aposto12.1.17. Concordncia nas locues e expresses adjetivas12.1.18. A concordncia e o predicativo do objeto de alguns verbos12.2. Concordncia verbal12.2.1. A concordncia e o sujeito simples12.2.2. A concordncia e as desinncias12.2.3. A concordncia e o termo determinado12.2.4. A concordncia e os pronomes indefinido e demonstrativo como sujeito12.2.5. A concordncia e o pronome interrogativo como sujeito12.2.6. A concordncia e o pronome reto como predicativo do sujeito12.2.7. A concordncia e as oraes adjetivas12.2.8. A concordncia e o pronome relativo em oraes adjetivas12.2.9. A concordncia e os pronomes reflexivos12.2.10. A concordncia e o pronome que12.2.11. A concordncia e o pronome quem12.2.12. A concordncia e os pronomes o que12.2.13. A concordncia e expresses como necessrio12.2.14. A concordncia e expresses como preciso12.2.15. A concordncia e os verbos indicativos de horas12.2.16. A concordncia e expresses de quantidade12.2.17. A concordncia e os verbos modais12.2.18. A concordncia e o verbo parecer12.2.19. A concordncia e o verbo importar

  • 613. Colocao pronominal: definio 12013.1. Prclise13.1.1. Advrbios e o uso da prclise13.1.2. Palavras negativas e o uso da prclise13.1.3. Palavras interrogativas e o uso da prclise13.1.4. Pronomes indefinidos e o uso da prclise13.1.5. Oraes subordinadas e o uso da prclise13.2. nclise13.2.1. O pronome e o objeto direto13.2.2. O pronome e o verbo no infinitivo13.2.3. O pronome em incio de sentenas13.2.4. O pronome e as oraes reduzidas de infinitivo14. Crase: definio 12614.1. A crase e os pronomes relativos14.2. A crase e os nomes no plural14.3. A crase e as palavras repetidas14.4. A crase e as locues prepositivas14.5. A crase e as locues adverbiais14.6. A crase e as locues conjuncionais14.7. A crase e o objeto indireto14.8. A crase e os numerais14.9. A crase e as preposies14.10. A crase e os artigos14.11. A crase e os verbos14.12. A crase e os pronomes de tratamento14.13. A crase e os pronomes demonstrativos14.14. A crase e os pronomes indefinidos14.15. A crase e os pronomes pessoais14.16. A crase e a palavra terra14.17. A crase e a palavra casa14.18. A crase e a conjuno caso14.19. A crase e os nomes prprios14.20. A crase e as palavras masculinas14.21. A crase e as palavras no plural15. Regncia 15015.1. Regncia Nominal15.2. Regncia Verbal15.2.1. A regncia e o verbo assistir15.2.2. A regncia e o verbo preferir15.2.3. A regncia e o verbo visar

  • 715.2.4. A regncia e o verbo aspirar15.2.5. A regncia e os verbos pronominais15.2.6. A regncia e as oraes subordinadas15.2.7. A regncia e o uso de preposies15.2.8. A regncia e o verbo proceder16. As funes do se 16016.1. se (ndice de indeterminao do sujeito) e a concordncia16.2. se (partcula apassivadora) e a concordncia16.3. se (partcula apassivadora) e o sujeito oracional16.4. se em incio de sentena17. Acentuao grfica 16617.1. Palavras Oxtonas17.2. Palavras Paroxtonas17.3. Palavras Proparoxtonas17.4. Ditongos Abertos17.5. Hiatos17.6. Monosslabos17.7. Acento Diferencial17.8. Grupos gu e qu17.9. Acento Grave18. Uso de Siglas e Abreviaturas 16918.1. Uso de Abreviaturas18.1.1. Uso de Abreviaturas de Logradouros, Ttulos Honorficos e NomesPrprios18.1.2. Uso de Abreviaturas de Tempo18.1.3. Uso de Abreviatura de Unidade de Medida18.1.4. Uso de Abreviatura de Distncia18.1.5. Uso de Abreviatura de nomes de santos18.2. Uso de Siglas19. Vrgula 17419.1. Palavras e expresses entre vrgulas19.2. A vrgula e as conjunes19.3. A vrgula e as palavras partitivas19.4. A vrgula, o sujeito e o verbo19.5. A vrgula, o determinante e a palavra determinada20. Hfen 18220.1. Partio de palavras quando h mudana de linha20.2. Separao de slabas-20.3. Unio de pronomes tonos a verbos20.4. O hfen e os prefixos (I)

  • 820.5. O hfen e os prefixos (II)21. Uso de Letras Maisculas e Minsculas 18821.1. Uso de Iniciais Maisculas21.2. Palavras compostas com hfen21.3. Palavras compostas sem hfen21.4. Uso de Iniciais Minsculas22. Uso de porqu, porque, por que e por qu 19222.1. Uso do Por que22.2. Uso do Por qu22.3. Uso do Porque22.4. Uso do Porqu23. Inadequao Lexical 19523.1. A palavra capaz24. Pleonasmo 19624.1. Pleonasmo vicioso em verbos e substantivos24.1.1. Pleonasmo vicioso24.1.2. Pleonasmo vicioso em verbos e substantivos25. Identificando problemas 20125.1. Sobre adjetivos25.1.1. Formas analticas dos adjetivos anmalos25.2. Sobre adjuntos25.2.1. Os adjuntos adnominais e o ncleo composto25.2.2. O adjunto adnominal antes do ncleo composto25.2.3. O adjunto adnominal depois de ncleo composto25.2.4. O adjunto adnominal e expresses como bancas de jornal25.2.5. O adjunto adnominal e expresses como caixa de fsforos25.3. Sobre advrbios25.3.1. Onde x Aonde25.3.2. Meio x Meia25.3.3. Mau x Mal25.3.4. O grau dos advrbios e os adjetivos particpios25.4. Sobre conjunes25.4.1. Uso das locues conjuncionais25.5. Sobre preposies25.5.1. A preposio e o objeto direto25.5.2. A preposio e o objeto indireto25.5.3. A preposio e o complemento nominal25.5.4. Uso das locues prepositivas25.6. Sobre pronomes25.6.1. Formas especiais do pronome oblquo

  • 925.6.2. Saiba mais sobre as formas especiais do pronome oblquo25.6.3. Os pronomes pessoais e algumas preposies25.7. Sobre sujeito25.7.1. O sujeito e as contraes25.7.2. O sujeito posposto em oraes com verbos unipessoais25.7.3. O sujeito posposto em oraes reduzidas25.8. Sobre verbos25.8.1. Tempo verbal e o emprego de pronomes25.8.2. O subjuntivo e as oraes subordinadas25.8.3. O subjuntivo e os verbos modais25.8.4. Os auxiliares e certos verbos abundantes25.8.5. a x h: a noo de tempo25.8.6. O verbo haver e a flexo25.8.7. O verbo fazer e a flexo25.8.8. O particpio e a expresso haja vista25.8.9. As preposies e formas verbais como foi25.8.10. As locues verbais e o uso das preposies26. Uso de Parnimos 23527. Uso do Clich 23628. Uso de Arcasmos 23729. Uso de Estrangeirismos 237

  • 10

  • 111. Crditos

    Esse hiperdocumento foi projetado e construdo pela equipe abaixo-relacionada do NILC Ncleo Interinstitucional de Lingstica Computacional,USP- So Carlos, em parceria com a Itautec-Philco S/A, e parte integrante dosoftware Redao Lngua Portuguesa, da Itautec-Philco S/A. A equipe agradeceaos demais analistas, pesquisadores, professores, lingistas e alunos queajudaram na construo desse material.

    Equipe Tcnica:Gisele Montilha, Andria Gentil Bonfante, Paula Cristina Bullio, Ronaldo TeixeiraMartins, Ricardo Hasegawa, Maria das Graas Volpe Nunes.

    2. Introduo

    Que bom que voc tambm tem interesse especial pela lnguaportuguesa! Agora o universo das letras vai fascin-lo ainda mais.

    verdade: o mundo das palavras um campo vasto, mas pode serfacilmente trilhado por aqueles estimulados pela curiosidade e pela vontadede conhecer sua prpria lngua. O nosso objetivo oferecer a voc algunsatalhos para conquistar este mundo. Para isso, a Minigramtica apresentauma srie de normas cultas do bem escrever e do bem falar.

    Atravs da Minigramtica voc poder conhecer as ClassesGramaticais, os Termos da Orao, e alguns fenmenos da linguagem, como aConcordncia, a Regncia Verbal, a Colocao Pronominal, entre muitos outros.Alm disso, voc tambm poder encontrar os Problemas Freqentes, que sotpicos gramaticais em que a incidncia de desvios norma culta bastantealta. Voc poder saber mais sobre este nosso trabalho se visitar A construode uma minigramtica.

    Esperamos contar com o seu entusiasmo sempre maior pela lnguaportuguesa.

    3. A Construo de uma Minigramtica

    A partir de agora voc est convidado a percorrer o vasto mundo dagramtica da lngua portuguesa!

    Trata-se de um conjunto de normas postuladas no decorrer da histriada lngua portuguesa do Brasil. Inmeros gramticos contriburam, ao longodos anos, para consagrar as formas e construes que hoje compem as regras

  • 12da norma culta da lngua portuguesa. Os princpios estipulados em umagramtica visam, em primeiro lugar, a garantir uma boa utilizao dos recursosda lngua, em especial a lngua escrita e, em segundo lugar, ser um material dereferncia para a explicao dos fenmenos lingsticos. Portanto, para a boaconstruo em linguagem verbal, no basta o dicionrio; tambm importanteo conhecimento da estrutura de cada lngua, objeto da gramtica.

    Este material que estamos lhe apresentando denomina-seminigramtica. Ele mini por dois motivos fundamentais. O primeiro que oconjunto de informaes contido aqui ainda no cobre todos os fenmenosda nossa lngua portuguesa. O segundo motivo que tivemos como meta aapresentao de textos objetivos e sucintos.

    A minigramtica est em sua segunda verso. Na primeira fase,optamos pelo tratamento das inadequaes gramaticais mais freqentes, ouseja, momentos em que as normas gramaticais cultas so violadas com maiorfreqncia. Nessa segunda etapa de trabalho, ocupamo-nos de elaborar ummaterial metalingstico, isto , uma fonte de informaes definitrias de vrioscomponentes da estrutura da lngua: as classes gramaticais, as unidadesmenores do texto e os termos da orao.

    Com a preocupao de lhe responder, em detalhes, sobre asinadequaes cometidas sobre um texto escrito, criamos uma minigramticaespecialmente voltada ao fornecimento de explicaes dos fenmenos da lnguaportuguesa, apresentando, inclusive e na forma de exemplos, as construesaceitveis e inaceitveis referentes a cada tpico gramatical. Voc conhecer,por exemplo, as especificidades do fenmeno da concordncia, da crase e daregncia de alguns verbos. Poder esclarecer dvidas sobre o empregoadequado da vrgula, do hfen e de alguns pronomes; ter acesso sparticularidades do uso de vrias locues e de palavras como se e capaz,por exemplo. uma oportunidade de pesquisar sobre o porqu da expressoentre mim e ti, em vez de entre eu e voc, do uso de em nvel de, em vezde a nvel de e da construo Responda-me assim que puder, em vez deMe responda assim que puder.

    Na maioria das vezes procuramos selecionar alguns tpicosrelacionados ao tema de pesquisa (Tpicos Relacionados) que podemacrescentar informaes sobre o tema que voc estar acessando. A presenade vrios links (destaque sublinhado nos textos) ir permitir que voc alcanceinformaes complementares de forma rpida e interativa. Ainda nesse sentido,procuramos evidenciar as informaes mais relevantes de cada verbete atravsdos destaques em negrito. Isso permite que voc faa a distino dos vriosusos dos recursos lingsticos e guarde deles as suas particularidades.

  • 13Nosso esforo em fornecer a voc um material alternativo, de fcil

    acesso e manipulao, alm de srio com respeito s informaes da nossalngua um processo ainda em andamento. Em alguns momentos, contaremoscom o seu conhecimento conceitual referente gramtica, tais como os tiposde oraes, a noo de locuo, contrao, contexto, discurso, etc. Nossaperspectiva, no entanto, atend-lo nessas lacunas com as prximas versesda minigramtica.

    Da maneira como est hoje, este suporte lingstico caminha para oabandono do seu status de mini, dadas as informaes que agora contemplamo plano conceitual da gramtica e os processos que envolvem as estruturas dalngua.

    Mas, contrariando aqueles que advogam a favor da alta complexidadeda lngua portuguesa em relao s demais lnguas do mundo, acreditamos serpossvel assimilar com tranqilidade a estrutura do portugus do Brasil eaplic-la com habilidade. Temos plena certeza, ento, que essa excurso pelomundo da gramtica ser um enorme prazer para voc. Sendo assim, vamos aela...

  • 144. Classes Gramaticais - Tipos

    As classes gramaticais da lngua portuguesa so:

    4.1. Substantivo

    Substantivo a palavra que designa seres em geral:

    1. nomes de pessoas, coisas, lugares, gnero, espcie

    Exemplos:

    Nomes coisas lugares gnero espcieMaria espelho Sergipe [o] visitante jacarandPaulo futebol Canad [a] hspede homemCastro jia sapataria [o] artista hortaliaMaia lago chcara

    2. nomes de estados ou qualidades, aes, sentimentos, noes que se destinama denominao de seres:

    Exemplos:

    estado ou qualidade aes sentimentos nooJuventude nascimento felicidade tamanhoHipocrisia colheita hipocrisiaoriginalidadeMdico [o] pulo medo equilbrio

    Considera-se, ainda, substantivo qualquer palavra que ocupe a funosinttica particular ao substantivo. Nessa perspectiva, a distribuio dosubstantivo bastante ampla, pois pode-se estend-la para a caracterizaode vrios termos e oraes da nossa lngua.

    Dizemos que um termo funciona como substantivo, embora no secaracterize como tal sob outro ponto de vista. Ou seja, apesar de, em princpio,uma palavra pertencer a certa classe gramatical, essa determinao pode mudardependendo do papel que a palavra esteja desempenhando na sentena. Dessaforma, qualquer palavra da lngua suscetvel de vrias categorizaes, pois oque impera so suas funes vinculadas a um contexto especfico.

  • 15Exemplos:

    O no prprio do meu chefe...[no = advrbio]...[no (nesta sentena): ncleo do sujeito = substantivo]...[funo do no: substantivo]

    O fazer parece ser mais importante que o pensar....[fazer/pensar = verbo]...[fazer/pensar (nesta sentena): ncleo do sujeito = substantivo]...[funo do fazer/pensar: substantivo]

    Na esfera da classificao das oraes esse mesmo critrio estpresente. Dizemos, por exemplo, que uma orao substantiva, quando secomporta como um substantivo (em oposio funo de adjetivo ouadvrbio).

    Exemplo:

    O pior que eu no estava mentindo...

    4.2. Adjetivo

    Adjetivo a palavra que qualifica os seres em termos de:

    - expresso de uma qualidade

    Exemplos:

    chocolate quente/gostoso/amargo...[chocolate: substantivo]

    - expresso da aparncia ou aspecto

    Exemplos:

    mesa quadrada/preta/quebrada...[mesa: substantivo]

    - apresentao do estado do ser

  • 16Exemplos:

    ventilador ligado/quebrado/emprestado...[ventilador: substantivo]

    Na perspectiva funcional, considera-se adjetivo o termo que modificaum substantivo (ou qualquer palavra que exera a funo de substantivo) nosentido de lhe atribuir uma caracterstica. Sob esse ponto de vista, qualquerpalavra ou orao que funcione como um modificador deste tipo ter valor deadjetivo. Assim so, por exemplo, os pronomes que indicam propriedade (meu,dele, etc.) ou as oraes subordinadas do tipo:Era ela mesma uma estrela que ofuscava a prpria luz

    H de se considerar, portanto, o contexto em que as palavras estoinseridas para se prosseguir na anlise. As diversas situaes da linguagemrevelam que uma palavra, em princpio considerada adjetivo, pode funcionarcomo um substantivo. Observe:Os parentes vegetarianos nunca tinham vez em casa!...[parentes: substantivo]...[vegetarianos: adjetivo]Os vegetarianos nunca tinham vez em casa!...[vegetarianos: substantivo]

    Em termos sintticos, os adjetivos, assim como qualquer outro termodeterminante, devem estabelecer uma relao de concordncia com osubstantivo ao qual se referem. Desse modo, a grande maioria dos adjetivossofre flexo em gnero (masculino ou feminino) e nmero (singular ou plural)de acordo com o termo ao qual est ligada.

    Exemplos:

    [o] teatro reformado [a] encomenda atrasada

    4.3. Artigo

    Artigo a palavra que determina ou indetermina os seres ao qualest ligado.

    Alm dessa funo de determinao, o artigo exerce outra funomuito importante: a substantivao. A palavra ligada ao artigo, ou seja, aquelacom a qual ele estabelece a concordncia, torna-se um substantivo. Desse

  • 17modo, podemos concluir desde j que o artigo uma palavra extremamentedependente de outras na orao. Seu elo mais forte com o substantivo.

    Exemplos:

    1. Com um nmero na cabea, o rapaz tentava encontrar um lugar deapostas: hoje seria o dia do drago.

    2. Nem parecia que a faxina tinha sido feita: as plantas secas, o jantarainda posto, uma inteno de viagem no ar.

    ...[em negrito: artigos]

    ...[palavras sublinhadas: substantivos]

    Embora o artigo esteja sempre vinculado a um substantivo, a presenadeste nem sempre necessria. o fenmeno chamado zeugma, bastantecomum na nossa lngua.

    Exemplo:

    Havia dias em que eu precisava do colo dele; outros muitos era ele quemprocurava o meu....[o meu: zeugma = elipse do substantivo colo]

    Os artigos so palavras variveis, ou seja, sofrem variao em gnero(masculino ou feminino) e nmero (singular ou plural) em concordncia com osubstantivo que antecedem. Essa caracterstica, alis, bastante importanteem muitos casos. Por exemplo, os artigos so fundamentais para determinar ognero de certos substantivos e, com isso, o seu significado.

    Exemplos:

    a cabea [parte do corpo] o cabea [chefe]a caixa [recipiente] o caixa [responsvel pelo caixa]a grama [relva] o grama [unidade de peso]a moral [conjunto de regras] o moral [brio, nimo]

  • 184.3.1. Uso de artigos e determinantes

    Deve-se evitar o uso do artigo indefinido diante dos pronomesindefinidos por constituir caso de redundncia.

    Exemplo:

    1. Era um belo pr-do-sol, com uma certa cor que o casal jamais haviavisto. [Inadequado]

    Era um belo pr-do-sol, com certa cor que o casal jamais havia visto.[Adequado]

    Deve-se evitar o uso do artigo definido diante de pronomespossessivos nos casos em que o possudo no puder pertencer seno aopossuidor.

    Exemplo:

    1. Lavei as minhas mos. [Inadequado]

    Lavei minhas mos. [Adequado]

    ...[Minhas mos no podem pertencer seno a mim; o artigo torna-se, pois, redundante]

    Os pronomes de tratamento no admitem o artigo. A nica exceo o pronome senhor e suas variaes [senhores, senhora, senhoras].

    Exemplos:

    1. No gosto da Vossa Excelncia. [Inadequado]

    No gosto de Vossa Excelncia. [Adequado]2. A senhora deseja alguma coisa? [Adequado]

    O pronome relativo cujo e suas variaes [cujos, cuja, cujas] noadmitem o uso do artigo.

    Exemplo:

  • 191. O suor descia da cabea, cujos os cabelos lisos e negros estavam

    duros. Andava pela velha vila, to conhecida, por cujas as ruaspasseiam assombraes. [Inadequado]

    O suor descia da cabea, cujos cabelos lisos e negros estavamduros. Andava pela velha vila, to conhecida, por cujas ruaspasseiam assombraes. [Adequado]

    Depois de ambos, ambas, todos e todas, quandodeterminantes, indispensvel o uso do artigo definido.

    Exemplos:

    1. Ou fazia ambas coisas de qualquer maneira ou desistia de uma delas.[Inadequado]

    Ou fazia ambas as coisas de qualquer maneira ou desistia de umadelas. [Adequado]

    2. Seu vasto corao abriga todos alunos. [Inadequado]

    Seu vasto corao abriga todos os alunos. [Adequado]

    4.4. Pronome

    Pronome a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele se refere,ou ainda, que acompanha o nome qualificando-o de alguma forma.

    Exemplos:

    1. A moa era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!

    ...[substituio do nome]2. A moa que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!

    ...[referncia ao nome]3. Essa moa morava nos meus sonhos!

    ...[qualificao do nome]

    Grande parte dos pronomes no possui significado fixo, isto , essaspalavras s adquirem significao dentro de um contexto, o qual nos permite

  • 20recuperar a referncia exata daquilo que est sendo colocado por meio dospronomes no ato da comunicao. Com exceo dos pronomes interrogativose indefinidos, os demais pronomes tm por funo principal apontar para aspessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situao notempo ou no espao. Em virtude dessa caracterstica, os pronomes apresentamuma forma especfica para cada pessoa do discurso.

    Exemplos:

    1. Minha carteira estava vazia, quando eu fui assaltada.

    ...[minha/eu: pronomes de 1 pessoa = aquele que fala]2. Tua carteira estava vazia, quando voc foi assaltada?

    ...[tua/voc: pronomes de 2 pessoa = aquele a quem se fala]3. A carteira dela estava vazia, quando ela foi assaltada.

    ...[dela/ela: pronomes de 3 pessoa = aquele de quem se fala]

    Em termos morfolgicos, os pronomes so palavras variveis emgnero (masculino ou feminino) e em nmero (singular ou plural). Assim, espera-se que a referncia atravs do pronome seja coerente em termos de gnero enmero (fenmeno da concordncia) com o seu objeto, mesmo quando este seapresenta ausente no enunciado.

    Exemplos:

    1. [Fala-se de Roberta]

    2. Ele quer participar do desfile da nossa escola neste ano.

    ...[nossa: pronome que qualifica escola = concordncia adequada]

    ...[neste: pronome que determina ano = concordncia adequada]

    ...[ele: pronome que faz referncia Roberta = concordnciainadequada]

    So muitos os tipos de pronomes e tambm diversos as suas funese empregos.

    Alm disso, alguns pronomes ocupam posies especiais na sentena.Essa caracterstica dos pronomes tratada como colocao pronominal.

  • 214.4.1. Pronome substantivo

    Pronome substantivo aquele que substitui um substantivo na sentena.Como o pronome assume para si as caractersticas do nome ao qual substitui,ele segue, dessa forma, todas as suas caractersticas. So elas:

    gnero - ex: ele

    nmero - ex: eles

    a pessoa do discurso - ex: ele = aquele de quem se fala

    marca de sujeito inanimado - ex: isso

    marca de situao no espao - ex: a

    Para identificar um pronome substantivo, portanto, basta substitu-lo poralgum substantivo.

    Exemplos:1. O carteiro sempre me desafiava!

    Ele sempre me desafiava!2. Os homens e as mulheres da parquia foram convocados.

    Todos foram convocados3. O presente que est perto de voc bastante grande.

    Esse presente a bastante grande.

    4.4.2. Pronome reto

    Pronome pessoal do caso reto aquele que, na sentena, exerce a funode sujeito.

    Sendo um pronome ele carrega consigo as caractersticas prprias a essaclasse gramatical, ou seja, uma palavra que pode:

    substituir um nome;

    qualificar um nome;

  • 22 determinar a pessoa do discurso.

    Os pronomes retos apresentam flexo de nmero, gnero (apenas na 3pessoa) e pessoa, sendo essa ltima a principal flexo porque marca a pessoado discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos assim configurado:

    - 1 pessoa do singular (eu): eu- 2 pessoa do singular (tu): tu- 3 pessoa do singular (ele, ela): ele, ela- 1 pessoa do plural (ns): ns- 2 pessoa do plural (vs): vs- 3 pessoa do plural (eles, elas): eles, elas

    Freqentemente se observa a omisso do pronome reto em LnguaPortuguesa. Isso se d porque as formas verbais marcam, atravs de suasdesinncias, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto (ex.: Dormicedo ontem; Fizemos boa viagem).

    4.4.3. Pronome oblquo

    Pronome pessoal do caso oblquo aquele que, na sentena, exerce afuno de complemento verbal, ou seja, objeto direto ou objeto indireto.

    Sendo um pronome ele carrega consigo as caractersticas prprias aessa classe gramatical, ou seja, uma palavra que pode:

    Substituir um nome

    Qualificar um nome

    Determinar a pessoa do discurso

    Em verdade, o pronome oblquo uma forma variante do pronomepessoal do caso reto. Essa variao na forma do pronome indica to somentea funo diversa que eles desempenham na orao: pronome reto marca osujeito da orao; pronome oblquo marca o complemento verbal da orao.

    Os pronomes oblquos sofrem variao de acordo com a acentuaotnica que possuem.

  • 234.4.3.1. Pronome oblquo tono

    So chamados tonos os pronomes oblquos cuja acentuao tnica fraca.

    Os pronomes oblquos apresentam flexo de nmero, gnero e pessoa,sendo essa ltima a principal flexo porque marca a pessoa do discurso. Dessaforma, o quadro dos pronomes oblquos tonos assim configurado:

    - 1 pessoa do singular (eu): me- 2 pessoa do singular (tu): te- 3 pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe- 1 pessoa do plural (ns): nos- 2 pessoa do plural (vs): vos- 3 pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

    O lhe o nico pronome oblquo tono que j se apresenta na formacontrada, ou seja, houve a unio entre o pronome o ou a e preposio a oupara. Por acompanhar diretamente uma preposio, o pronome lhe exercesempre a funo de objeto indireto na orao. Os demais pronomes tonos emgeral funcionam como objeto direto.

    4.4.3.2. Pronome oblquo tnico

    So chamados tnicos os pronomes oblquos cuja acentuao tnica forte.

    Os pronomes oblquos apresentam flexo de nmero, gnero (apenasna 3 pessoa) e pessoa, sendo essa ltima a principal flexo porque marca apessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes oblquos tnicos assim configurado:

    - 1 pessoa do singular (eu): mim, comigo- 2 pessoa do singular (tu): ti, contigo- 3 pessoa do singular (ele, ela): ele, ela- 1 pessoa do plural (ns): ns, conosco- 2 pessoa do plural (vs): vs, convosco- 3 pessoa do plural (eles, elas): eles, elas

  • 24Os pronomes oblquos tnicos sempre acompanham uma preposio,

    em geral as preposies a, para, de e com. Por esse motivo os pronomestnicos exercem a funo de objeto indireto da orao.

    Observe que as nicas formas prprias do pronome tnico so aprimeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem a forma dopronome pessoal do caso reto.

    A forma contrada dos pronomes tnicos (comigo, contigo, conoscoe convosco) obrigatria na construo dos pronomes de 1 e 2 pessoas dosingular e do plural. As terceiras pessoas do singular e plural, por possuremuma forma iniciada por vogal (ele, por exemplo), se apresentam separadas dapreposio com (com ele, com elas e etc.).

    Os pronomes oblquos tnicos contrados (contigo, por exemplo)freqentemente exercem a funo de adjunto adverbial de companhia (ex.: Elecarregava este nome consigo).

    4.4.4. Pronome reflexivo

    So aqueles que expressam a igualdade entre o sujeito e o objeto daao.

    Os pronomes reflexivos, embora tambm apontem para o sujeito daorao, exercem sempre a funo de complemento verbal (objeto direto ouindireto). Por esse motivo so associados aos pronomes pessoais do casooblquo, herdando as caractersticas desses.

    O quadro dos pronomes reflexivos assim configurado:

    - 1 pessoa do singular (eu): me- 2 pessoa do singular (tu): ti- 3 pessoa do singular (ele, ela): si, consigo- 1 pessoa do plural (ns): nos- 2 pessoa do plural (vs): vos- 3 pessoa do plural (eles, elas): si, consigo

    Com exceo das terceiras pessoas do singular e plural, as demaisformas dos pronomes reflexivos repetem as formas do pronome oblquo tono.Como os pronomes tonos so fracos quanto acentuao, h determinadasformas (ver formas especiais do pronome oblquo tono) e posies (vercolocao pronominal) fixas para eles na orao.

    A forma contrada dos pronomes reflexivo (consigo) obrigatria naconstruo dos pronomes de 3 pessoas do singular e do plural. Essa forma

  • 25contrada freqentemente exerce a funo de adjunto adverbial de companhia(ex.: Ela veio comigo).

    4.5. Numeral

    Numeral a palavra que qualifica os seres em termos numricos, isto, que atribui quantidade aos seres ou os situa em determinada seqncia.

    Exemplos:1. Os quatro ltimos ingressos foram vendidos h pouco.

    [quatro: numeral = atributo numrico de ingresso]2. Eu quero caf duplo, e voc?

    ...[duplo: numeral = atributo numrico de caf]3. A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!

    ...[primeira: numeral = situa o ser pessoa na seqncia de fila]

    Os numerais podem ser: cardinais, ordinais, multiplicativos efracionrios.

    Os numerais cardinais indicam a quantidade exata de seres: um, duas,trezentos, milho.

    Os numerais ordinais indicam a ordem dos seres numa determinadasrie: primeiro, quadragsima.

    Os numerais multiplicativos indicam o aumento proporcional daquantidade: duplo, qudruplo.

    Os numerais fracionrios indicam a diminuio proporcional daquantidade: meio, quarto, dois quinze avos.

    Outras palavras que tambm denotam quantidade, proporo ouordenao tambm podem ser consideradas numerais: dcada, dzia, par,ambos(as), novena, etc.

    4.5.1. Uso e Grafia de Numerais

    No interior do texto, prefira escrever os nmeros de um a dez porextenso; a partir de 11, use algarismos:

    O assassino matou quatro pessoas deve ser prefervel a Oassassino matou 4 pessoas.

    Porm:

  • 26O assassino matou 22 pessoas deve se usado em lugar de O

    assassino matou vinte e duas pessoas.

    Se o nmero estiver determinando uma unidade de medida ou uma grandeza,prefira o algarismo:

    1. So oito horas. [Inadequado]

    So 8 horas. [Adequado]

    No interior do texto, procure no iniciar perodos com algarismos.Vinte e nove pessoas foram aprovados considerado mais adequado

    do que 29 pessoas foram aprovadas.

    No se deve usar ponto nas datas:15 de abril de 2002 e no 15 de abril de 2.002

    No use o algarismo 0 antes de nmeros inteiros a menos que possahaver alguma ambigidade:

    Compramos 018 livros. [Inadequado]Compramos 18 livros. [Adequado]

    O numeral utilizado para designar papas, soberanos, sculos ou partesem que se divide uma obra, deve ser lido como ordinal at o dcimo, e comocardinal de onze em diante: Paulo VI (sexto), Canto VIII (oitavo).

    Na numerao de artigos, leis, decretos, portarias e outros textoslegais, utilizamos o numeral ordinal at nove e o cardinal a partir de dez: Artigo9. (nono), Decreto 12 (doze).

    4.6. Verbo

    Verbo a palavra que expressa processos, ao, estado, mudana deestado, fenmeno da natureza, convenincia, desejo e existncia. Desse modo,enquanto os nomes (substantivo, adjetivo) indicam propriedades estticasdos seres, o verbo denota os seus movimentos, por isso sua caracterstica dedinamicidade.

    Exemplos:

    1. Um homem j escorregou neste cho molhado....[escorregar: verbo = ao que expressa a dinamicidade de homem]

  • 272. Por enquanto as matas continuam indefesas....[continuar: verbo = estado que expressa a dinamicidade de matas]3. Anoitecia rapidamente!...[anoitecer: verbo = fenmeno dinmico da natureza]4. Convm aguardar mais alguns minutos....[convir: verbo = convenincia que expressa a dinamicidade deaguardar...]5. Nossos estudantes anseiam um bom emprego....[ansiar: verbo = desejo que expressa a dinamicidade de nossosestudantes]6. Houve tumulto no momento da votao....[haver: verbo = existncia que expressa a dinamicidade detumulto...]

    Em termos sintticos, os verbos exercem uma funo fundamental:ncleo da predicao nos predicados verbais. Isto , o verbo o constituinteessencial do predicado verbal. Alm disso, os verbos tambm so fundamentaispara a constituio das oraes. Ao contrrio do sujeito, que pode estar ausentena orao, sem verbo no h orao. Alis, classificam-se as oraes conformeo nmero de ncleos verbais existentes.

    Exemplos:

    1. comum, no interior do pas, surpreender crianas com doenasgraves....[: verbo = ncleo do predicado comum]...[surpreender: verbo = ncleo do predicado surpreender crianas...]2. Se voc me esperar1, vou at l2, procuro pelo endereo3 e trago-oaqui4....[nmero de oraes: 4]...[nmero de ncleos verbais: 4]3. Vou entrar por esta porta1 e quero encontrar tudo2 como eu haviadeixado3....[nmero de oraes: 3]...[nmero de ncleos verbais: 3]

    A classe gramatical dos verbos bastante rica em flexes. Trata-se deuma classe que varia em nmero, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz. Essasvariaes se agrupam em conjuntos flexionais chamados de conjugao.

  • 28Os verbos tambm exigem formas especiais de combinao com os outros

    elementos da orao.

    4.6.1. Uso do Particpio

    Com os verbos auxiliares ter e haver, que formam os temposchamados compostos, da voz ativa, o particpio invarivel, devendopermanecer na forma do masculino singular.

    Exemplo:

    1. Havamos pensado em outra soluo para aquele problema comum.[Adequado]2. Elas tinham pensado sobre o assunto, mas acabaram sem opo. [Adequado]

    Com os verbos auxiliares ser e estar, que formam os tempos davoz passiva, o particpio varivel, e deve concordar com o sujeito da orao.

    Exemplo:

    1. J foram tomadas as providncias necessrias para as eleies. [Adequado]2. Todas ns estvamos cercadas pelo fogo. [Adequado]

    4.6.1.1. Uso do Particpio dos Verbos Abundantes

    H verbos - chamados abundantes - que possuem mais de umaforma do particpio: a forma regular, terminada em -ado ou -ido, e a forma reduzida,ou irregular, que no obedece regra geral de formao do particpio. Namaioria dos casos, os verbos auxiliares ter e haver requerem o uso daforma regular; e os auxiliares ser e estar, o uso da forma irregular.

    Exemplo:

    1. Meu irmo tinha pego o dinheiro, mas o perdeu. [Inadequado] Meu irmo tinha pegado o dinheiro, mas o perdeu. [Adequado]2. O aluno foi pegado colando na prova. [Inadequado] O aluno foi pego colando na prova. [Adequado]

  • 294.6.2. Uso do Gerndio

    Em lngua portuguesa, no recomendado o uso do gerndio parareforar a idia de progressividade no futuro. Este uso constitui anglicismo(interferncia da lngua inglesa) e vem sendo condenado pelos gramticoscontemporneos como modismo a ser evitado.

    Exemplo:

    1. Eu vou estar estudando a matria para a prova. [Inadequado] Eu vou estudar a matria para a prova. [Adequado]2. Amanh estaremos indo viajar para Salvador. [Inadequado] Amanh viajaremos para Salvador. [Adequado]

    4.7. Advrbio

    Advrbio a palavra que se emprega como:

    2. modificador do adjetivo ou do prprio advrbio;

    3. determinante do verbo

    Os advrbios so palavras heterogneas, ou seja, podem exercer funesas mais diversas na orao. Por isso, a cada funo exercida, alia-se um valorsignificativo. Como modificador, o advrbio expressa uma propriedade dosseres de modo a acrescentar-lhes um significado diferente, modificado. Issoacontece em relao ao adjetivo, ao prprio advrbio, ou mesmo a uma oraointeira.

    Exemplos:

    1. Ela estava to apressada que esqueceu sua bolsa comigo.

    ...[apressada: adjetivo]

    ...[to: advrbio = modificador do adjetivo]2. Todos passam muito bem, obrigado!

    ...[bem: advrbio]

    ...[muito: advrbio = modificador do advrbio]3. Felizmente no houve feridos no acidente.

  • 30...[no houve feridos no acidente: orao]...[felizmente: advrbio = modificador da orao]

    4. Ningum manda aqui!

    ...[mandar: verbo]

    ...[aqui: advrbio de lugar = determinante do verbo]

    Os advrbios que se relacionam ao verbo so palavras que expressamcircunstncias do processo verbal, por isso consider-los um determinante.Cada uma dessas circunstncias indicadas pelos advrbios justifica os vriostipos de advrbios na nossa lngua (circunstncia de lugar, modo, tempo, etc.).

    Outra caracterstica dos advrbios se refere a sua organizaomorfolgica. Os advrbios so palavras invariveis. Isto , essa classegramatical no apresenta variao em gnero e nmero - tal como os nomes -, nem de pessoa, modo, tempo, aspecto e voz - tal como os verbos. Algunsadvrbios, porm, admitem a variao em grau (ex.: cedo = advrbio de tempoem grau normal; cedssimo = grau superlativo; cedinho = diminutivo com valorde grau superlativo do advrbio).

    4.8. Preposio

    Preposio a palavra que estabelece uma relao entre dois oumais termos da orao. Essa relao do tipo subordinativa, ou seja, entre oselementos ligados pela preposio no h sentido dissociado, separado,individualizado; ao contrrio, o sentido da expresso dependente da uniode todos os elementos que a preposio vincula.

    Exemplos:

    1. Os amigos de Joo estranharam o seu modo de vestir.

    ...[amigos de Joo / modo de vestir: elementos ligados por preposio]

    ...[de: preposio]2. Ela esperou com entusiasmo aquele breve passeio.

    ...[esperou com entusiasmo: elementos ligados por preposio]

    ...[com: preposio]

    Esse tipo de relao considerada uma conexo, em que os conectivoscumprem a funo de ligar elementos. A preposio um desses conectivos e

  • 31se presta a ligar palavras entre si num processo de subordinao denominadoregncia.

    Diz-se regncia devido ao fato de que, na relao estabelecida pelaspreposies, o primeiro elemento chamado antecedente - o termo que rege,que impe um regime; o segundo elemento, por sua vez chamado conseqente o temo regido, aquele que cumpre o regime estabelecido pelo antecedente.

    Exemplos:

    1. A hora das refeies sagrada.

    ...[hora das refeies: elementos ligados por preposio]

    ...[de + as = das: preposio]

    ...[hora: termo antecedente = rege a construo das refeies]

    ...[refeies: termo conseqente = regido pela construo horada]

    2. Algum passou por aqui.

    ...[passou por aqui: elementos ligados por preposio]

    ...[por: preposio]

    ...[passou: termo antecedente = rege a construo por aqui]

    ...[aqui: termo conseqente = regido pela construo passou por]

    As preposies so palavras invariveis, pois no sofrem flexo degnero, nmero ou variao em grau como os nomes, nem de pessoa, nmero,tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No entanto em diversas situaesas preposies se combinam a outras palavras da lngua (fenmeno dacontrao) e, assim, estabelecem uma relao de concordncia em gnero enmero com essas palavras s quais se liga. Mesmo assim, no se trata de umavariao prpria da preposio, mas sim da palavra com a qual ela se funde(ex.: de + o = do; por + a = pela; em + um = num, etc.).

    4.8.1. Uso da Preposio

    Algumas particularidades no uso das preposies:

    1. O sujeito das oraes reduzidas de infinitivo no deve vir contrado com umapreposio.

    Exemplo:

  • 321. A maneira dele estudar no correta. [Inadequado]

    A maneira de ele estudar no correta. [Adequado]A maneira de ns estudarmos no correta. [Adequado]

    2. A preposio a no deve ser utilizada aps a preposio perante.

    Exemplo:

    1. Quando o resultado das provas foi divulgado, ela chorou perante atodos. [Inadequado]

    Quando o resultado das provas foi divulgado, ela chorou perantetodos. [Adequado]

    3. Do mesmo modo, no podemos utilizar a preposio a depois da preposioaps.

    Exemplos:

    1. Todos nos reunimos aps reunio. [Inadequado]

    Todos nos reunimos aps a reunio. [Adequado]2. O retorno dos alunos aps ao intervalo sempre tumultuado.

    [Inadequado]

    O retorno dos alunos aps o intervalo sempre tumultuado. [Adequado]

    4. A preposio desde no admite em sua seqncia a preposio de.

    Exemplo:

    Estamos esperando aqui desde das 12 h. [Inadequado]Estamos esperando aqui desde as 12 h. [Adequado]

    5. Em vez de utilizar a preposio aps antes de verbos no particpio, prefiraa locuo depois de.

    Exemplo:

  • 331. O aluno partiu aps difundida a notcia. [Inadequado]

    O aluno partiu depois de difundida a notcia. [Adequado]

    4.8.2. Omisso das preposies

    Antes de alguns advrbios de tempo, modo e lugar, a preposio podeou no ser omitida.

    Exemplos:

    1. Chegaro domingo. [Adequado]

    Chegaro no domingo. [Adequado]2. O filho, cabea baixa, ouvia a reprimenda. [Adequado]

    O filho, de cabea baixa, ouvia a reprimenda. [Adequado]

    4.9. Conjuno

    Conjuno a palavra que estabelece uma relao: entre dois ou mais termos semelhantes da orao ou entre

    oraes de mesma funo gramatical.

    entre duas oraes.

    No primeiro caso, trata-se de uma relao de coordenao, em que oselementos ligados pela conjuno podem ser isolados um do outro. Esseisolamento, no entanto, no acarreta perda da unidade de sentido que cada umdos elementos possui. J no segundo caso a relao de subordinao, emque cada um dos elementos ligados pela conjuno depende da existncia dooutro.

    Exemplos:

    1. As crianas iam e vinham, demonstrando completo entusiasmo pelabrincadeira.

    ...[iam/vinham: termos semelhantes da orao = verbo]

    ...[e: conjuno]

  • 34...[relao de coordenao]

    2. As propostas pareciam um absurdo1, mas eu concordava inteiramentecom elas2.

    ...[segmentos 1 e 2: oraes independentes]

    ...[mas: conjuno]

    ...[relao de coordenao]3. As preocupaes s terminariam1 quando Armando chegasse2.

    ...[segmentos 1 e 2: oraes dependentes]

    ...[quando: conjuno]

    ...[relao de subordinao]

    Esse tipo de relao considerada uma conexo, em que os conectivoscumprem a funo de ligar elementos. A conjuno um desses conectivos ese presta a ligar palavras ou oraes entre si a fim de concatenar idias eformar, com elas, um texto coeso. O encadeamento de idias num texto(fenmeno da coeso) se deve em grande medida ao bom uso das conjunes,j que elas estabelecem os elos necessrios entre palavras formando a orao,ou entre as oraes formando o perodo.

    Do ponto de vista morfolgico, as conjunes so palavras invariveis,pois no sofrem flexo de gnero, nmero ou grau como os nomes, nem depessoa, nmero, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos.

    4.10. Interjeio

    Interjeio a palavra que expressa emoes, sentimentos oupensamentos sbitos.

    Trata-se de um recurso da linguagem afetiva, em que no h umaidia organizada de maneira lgica, como so as sentenas da lngua, mas sima manifestao de um suspiro, um estado da alma decorrente de uma situaoparticular, um momento ou um contexto especfico.

    Exemplos:

    1. Ah, como eu queria voltar a ser criana!

    ...[ah: expresso de um estado emotivo = interjeio]2. Hum! Esse cuscuz estava maravilhoso!

  • 35...[hum: expresso de um pensamento sbito = interjeio]

    As sentenas da lngua costumam se organizar de forma lgica: h umasintaxe que estrutura seus elementos e os distribui em posies adequadas acada um deles. As interjeies, por outro lado, so uma espcie de palavra-frase, ou seja, h uma idia expressa por uma palavra (ou um conjunto depalavras - locuo interjetiva) que poderia ser colocada em termos de umasentena. Observe:

    1. Bravo! Bravo! Bis!

    ...[bravo e bis: interjeio]

    ...[sentena [sugesto]: Foi muito bom! Repitam!]2. Ai! Ai! Ai! Machuquei meu p...

    ...[ai: interjeio]

    ...[sentena [sugesto]: Isso est doendo! ou Estou com dor!]

    O significado das interjeies est vinculado maneira como elas soproferidas. Desse modo, o tom da fala que dita o sentido que a expresso vaiadquirir em cada contexto de enunciao.

    Exemplos:

    1. Psiu!

    ...[contexto: algum pronunciando essa expresso na rua]

    ...[significado da interjeio [sugesto]: Estou te chamando! Ei,espere!]

    2. Psiu!

    ...[contexto: algum pronunciando essa expresso em um hospital]

    ...[significado da interjeio [sugesto]: Por favor, faa silncio!]3. Puxa! Ganhei o maior prmio do sorteio!

    ...[puxa: interjeio]

    ...[tom da fala: euforia]4. Puxa! Hoje no foi meu dia de sorte!

    ...[puxa: interjeio]

    ...[tom da fala: decepo]

  • 36As interjeies so palavras invariveis, isto , no sofrem variao

    em gnero, nmero e grau como os nomes, nem de nmero, pessoa, tempo,modo, aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso especfico, algumasinterjeies sofrem variao em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que no setrata de um processo natural dessa classe de palavra, mas to s uma variaoque a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravssimo, at loguinho.

    5. Identificando particularidades

    5.1. Sobre adjetivos

    5.1.1. Adjetivo x Advrbio

    Embora os adjetivos e advrbios constituam classes gramaticaisbastante distintas, freqentemente se verifica certa confuso na construo eemprego de algumas palavras que se alternam na funo de adjetivo e advrbio.Trata-se do problema da flexo dessas classes gramaticais: o adjetivo varia emgnero e nmero e o advrbio invarivel.

    A seguir indicamos a flexo e o emprego adequados de algumaspalavras da Lngua Portuguesa que se apresentam ora como advrbios oracomo adjetivos:

    I. Bastantes/bastante

    Exemplos:

    1. Os aniversariantes encomendaram bastantes salgadinhos para a festa.[Adjetivo]

    2. Os salgadinhos estavam bastante frios. [Advrbio]

    Uma regra prtica para empregar corretamente as palavras bastante/bastantes tentar substituir esses termos pela palavra muito. Se a palavramuito flexionar em gnero e nmero, emprega-se bastantes, se a palavra muitono flexionar, emprega-se a palavra bastante.

    II. Longes/longe

    Exemplos:

  • 37

    1. Eles planejavam a conquista de terras longes e objetos antigos. [Adjetivo]

    2. Eles foram longe em busca de objetos antigos. [Advrbio]

    III. Ss/s

    Exemplo:

    1. Meus irmos estavam ss naquela cidade desconhecida. [Adjetivo]

    2. Eles s deixaram meus irmos sarem apresentando passaporte.[Advrbio]

    Uma regra prtica para empregar corretamente as palavras ss/s tentarsubstituir esses termos pelas palavras sozinho e apenas, respectivamente.Onde couber a palavra sozinho, emprega-se s flexionado; onde couber apalavra apenas, emprega-se s (sem flexo = advrbio).

    IV. Meio/meia

    Exemplos:

    1. Ns pedimos apenas meia garrafa de vinho. [Adjetivo]

    2. Ela parecia meio brava hoje. [Advrbio]

    V. Alerta

    Exemplo:

    Os pais estavam alerta para a situao do filho doente. [Advrbio]

    Observe que a palavra alerta s possui uma forma no flexionada.Isso se d porque a palavra alerta sempre advrbio.

  • 385.1.2. Uso dos Adjetivos diante de Particpio

    No devemos utilizar os adjetivos em suas formas comparativa esuperlativa sinttica (melhor, por exemplo) diante de verbos no particpio.Os gramticos recomendam que, nestes casos, o uso dos adjetivos nas formascomparativa e superlativa analtica (mais bem, por exemplo).

    Exemplo:

    1. A professora melhor informada do que imaginei. [Inadequado]

    A professora mais bem informada do que imaginei. [Adequado]

    5.1.3. A formao do grau e os adjetivos e advrbios anmalos

    Uma das propriedades dos advrbios a formao do grau a partir deum processo de derivao que consiste no acrscimo de sufixos ao radical dapalavra (advrbio) ou, ainda, no acrscimo de um advrbio de intensidade(mais, to... como, menos). Em geral, esto sujeitos a esse tipo de comportamentoos advrbios de modo, expressando, assim, uma intensidade maior ou menorem relao a outro(s) ser(es) (grau comparativo) ou uma intensidade maior oumenor em relao totalidade dos seres (grau superlativo).

    Cada um dos graus possui as formas absoluta quando no existeoutro elemento em referncia - e relativa quando se estabelece umacomparao entre os seres. Por sua vez, cada uma das formas indicativas dosgraus pode ser representada sob as formas sinttica quando o grau expressado atravs de sufixos -, e analtica quando ao adjetivo/advrbio acrescentada uma palavra intensificadora.

    Em geral, todos os adjetivos e advrbios se apresentam, na formacomparativa relativa, atravs da estrutura:

    mais + ADJETIVO/ADVRBIO + (do) que (comparativo desuperioridade);

    to + ADJETIVO/ADVRBIO + como (ou quanto) (comparativo deigualdade);

    menos + ADJETIVO/ADVRBIO + (do) que (comparativo deinferioridade).

  • 39J os adjetivos e advrbios que se apresentam na forma superlativa relativa,

    o fazem segundo a seguinte estrutura:

    mais + ADJETIVO/ADVRBIO + de (superlativo de superioridade);

    menos + ADJETIVO/ADVRBIO + de (superlativo de inferioridade).

    Alguns adjetivos e advrbios, porm, possuem formas especiais quandoapresentados nas formas dos graus comparativo sinttico e superlativosinttico. So eles: bom/bem, mau/mal, grande e pequeno, para cujaapresentao, assumem as seguintes formas:

    ADJETIVO ADVRBIO COMPARATIVO/SUPERLATIVO SINTTICObom bem melhormau mal piorgrande maiorpequeno menor

    Essas formas especiais do comparativo e superlativo sinttico soobrigatrias, especialmente porque assumido em uma nica palavra a idiade intensidade do adjetivo e advrbio:

    Exemplos:

    Adjetivo

    1. Ele mais bom como vendedor do que como dentista. [Inadequado]

    Ele melhor como vendedor do que como dentista. [Adequado]

    Advrbio

    1. mais bem andar do que correr. [Inadequado]

    melhor andar do que correr. [Adequado]

    Em geral, esses advrbios na forma sinttica aparecem intensificadospelo acrscimo de outro advrbio de intensidade (muito, bem, bastante e etc.).

  • 40Exemplos:

    1. Eu considerei bem melhor viajar noite do que durante o dia.

    2. Foi muito pior viajar durante o dia!

    5.2. Sobre advrbios

    5.2.1. Locuo prepositiva x Locuo adverbial

    No raro, confunde-se locuo prepositiva e locuo adverbial,devido utilizao de palavras idnticas na formao da expresso.

    Uma locuo prepositiva exerce a funo de preposio, ao passoque uma locuo adverbial exerce a funo de advrbio.

    Uma regra prtica para determinar essa distino em nvel formal procurar pelo ltimo elemento da locuo. Se o ltimo termo for uma preposio,trata-se de uma locuo prepositiva; se esse ltimo termo for um advrbio,estamos diante de uma locuo adverbial.

    Exemplos:

    1. Ele disse que entraria em contato dentro de poucos minutos. [locuoprepositiva]

    ...[dentro: advrbio]

    ...[de: preposio]2. O aspecto da casa era outro por dentro. [locuo adverbial]

    ...[por: preposio]...[dentro: advrbio]

    5.3. Sobre determinantes

    5.3.1. Os determinantes e o ncleo composto

    Os termos determinantes da orao (artigos, adjetivos, numerais epronomes) sempre acompanham o nome, em geral, um substantivo.

    Em cada expresso em que ocorra a unio entre o determinante e osubstantivo, obrigatria a concordncia em gnero e nmero entre eles.

  • 41Dessa forma, se a expresso contm mais de um elemento (ncleo composto) importante verificar a concordncia.

    H duas maneiras de se realizar a concordncia entre um ncleocomposto e os determinantes: concordncia com o substantivo mais prximo,e concordncia com o gnero e nmero comum. Para isso preciso observara posio ocupada pelo determinante.

    5.3.2. Determinante antes do ncleo composto

    A posio dos determinantes muito importante para se determinaro gnero e o nmero que eles devem assumir na orao. Como os determinantessempre acompanham um nome, em geral um substantivo, a concordncia entreos dois elementos obrigatria.

    A concordncia se dar de acordo com o gnero e o nmero dosubstantivo mais prximo se:

    determinante estiver ligado a um ncleo composto (mais de umelemento)

    determinante estiver antes do ncleo composto

    Exemplos:

    1. Algum atletas e treinadores se retiraram da competio. [Inadequado]

    Alguns atletas e treinadores se retiraram da competio. [Adequado]2. Fantsticos fogueira e bales sero premiados na festa. [Inadequado]

    Fantstica fogueira e bales sero premiados na festa. [Adequado]

    Dentre os determinantes, o artigo a nica classe gramatical queocupa sempre posio anterior ao substantivo (ex: a casa ao invs de casa a;um sof ao invs de sof um). Entre o artigo e o substantivo pode-se incluiroutras palavras, em geral um adjetivo. Mesmo distante, a concordncia entreo artigo e o substantivo deve ser realizada.

    aconselhvel, ainda, a repetio do determinante para cada um doselementos do ncleo composto quando eles forem de gnero ou nmerodiferentes (ex.: um caderno e umas canetas ao invs de uns caderno e canetas).

  • 425.3.3. Determinante depois do ncleo composto

    A posio dos determinantes muito importante para se determinaro gnero e o nmero que eles devem assumir na orao. Como os determinantessempre acompanham um nome, em geral um substantivo, a concordncia entreos dois elementos obrigatria.

    Se o determinante estiver ligado a um ncleo composto (mais de umelemento) e vier depois desse ncleo, h duas maneiras de se realizar aconcordncia:

    1. Com o substantivo mais prximo:

    Exemplos:

    1. As esperanas e o carinho minhas sero dedicadas aos pobres.[Inadequado]

    As esperanas e o carinho meu sero dedicadas aos pobres.[Adequado]

    2. Os psteres e a revista masculinas foram vendidos. [Inadequado]

    Os psteres e a revista masculina foram vendidos. [Adequado]

    2. Com o gnero e nmero comum:

    Exemplos:

    1. As esperanas e o carinho minhas sero dedicadas aos pobres.[Inadequado]

    As esperanas e o carinho meus sero dedicadas aos pobres.[Adequado]

    2. Os psteres e a revista masculinas foram vendidos. [Inadequado]

    Os psteres e a revista masculinos foram vendidos. [Adequado]

    Observe, portanto, que quando a concordncia se d pelo gnero enmero comum, o nmero ser sempre plural. O gnero, por sua vez, vai serdeterminado pelos substantivos que compem o ncleo. O determinante sser feminino plural se os substantivos do ncleo composto tambm forem

  • 43femininos; do contrrio, o gnero do determinante ligado a um ncleo compostoser masculino (ex.: fbrica e escritrio fechados; luz e lanterna acesas).

    aconselhvel a repetio do determinante para cada um doselementos do ncleo composto quando eles forem de gnero ou nmerodiferentes (ex.: o velho perdido e as crianas [tambm] perdidas ao invs de ovelho e as crianas perdidos).

    5.4. Sobre pronomes

    5.4.1. Uso dos Pronomes

    Os pronomes pessoais do caso reto eu e tu no podem exercer afuno de complemento das preposies do portugus. Neste caso, devemser usadas as formas pessoais oblquas tnicas mim e ti.

    Exemplo:

    1. Entre eu e ti existe apenas amizade. [Inadequado]

    Entre mim e ti existe apenas amizade. [Adequado]

    O pronome pessoal eu no deve ser empregado depois dapreposio para, exceto quando seguido de verbo no infinitivo, ou seja,quando sujeito da orao subordinada adverbial final.

    Exemplo:

    1. Disseram para mim escrever uma carta. [Inadequado]

    Disseram para eu escrever uma carta. [Adequado]

    O pronome pessoal do caso reto no pode funcionar como sujeito daorao subordinada substantiva reduzida de infinitivo. Neste caso, so usadosos pronomes tonos do caso oblquo (me, te, o, etc.).

    Exemplo:

    1. Deixa eu sair. [Inadequado]

  • 44Deixa-me sair. [Adequado]

    Os pronomes reflexivos e os pronomes recprocos devem concordarcom a pessoa a que se referem.

    Exemplos:

    1. Ele vestiu-se rapidamente, pois estava atrasado.

    2. Eu me feri com uma faca.

    3. Carlos e eu nos abraamos.

    4. Jos e Antnio no se cumprimentam.

    O pronome indefinido ambos j contm a idia de dois, sendodispensvel o numeral.

    Exemplo:

    1. Ambos os dois partiram ontem. [Inadequado]

    Ambos partiram ontem. [Adequado]

    O pronome indefinido cada repele a forma um, por isso, utilizeapenas os numerais correspondentes a mais de uma unidade:

    Exemplo:

    1. O relgio soava a cada uma hora. [Inadequado]

    O relgio soava a cada hora. [Adequado]O relgio soava a cada duas horas. [Adequado]

    O pronome indefinido cada no pode ser utilizado comodeterminante de formas do plural, a menos que venha modificando o numeral.

    Exemplo:

    1. A cada frias tudo se repetia. [Inadequado]

  • 45Em todas as frias, tudo se repetia. [Adequado]A cada duas frias tudo se repetia. [Adequado]

    5.4.2. Uso de Onde como Pronome Relativo

    A palavra onde, como pronome relativo, somente pode ser utilizadapara substituir um substantivo que exprima a idia de lugar. Para a substituiode outros substantivos, utilize as formas em que, na qual ou no qual emvez de onde.

    Exemplos:

    1. Na rua onde ele mora no h muito movimento. [Adequado]

    2. Na orao onde o fiel pedia perdo a Deus no havia sinceridade.[Inadequado]

    Na orao em que o fiel pedia perdo a Deus no havia sinceridade.[Adequado]

    5.5. Sobre substantivos

    5.5.1. Substantivo de gnero vascilante

    Na lngua portuguesa, alguns substantivos so palavras variveis.Eles podem variar em gnero (masculino ou feminino) e nmero (singular ouplural).

    Alguns substantivos, porm, tm gnero fixo. Nesse caso, eles soreconhecidos somente por esse gnero que est fixado, isto , no h formasespeciais para a apresentao do gnero oposto. Por conseqncia, osdeterminantes que se relacionam com esse substantivo devem respeitar ognero do substantivo. A fixao de um gnero e no outro para essesubstantivo apenas um capricho da lngua, mas torna-se problema delinguagem o emprego inadequado de suas formas.

    Exemplos:

    1. Vamos pedir uma champanhe para comemorar a vitria? [Inadequado]

    Vamos pedir um champanhe para comemorar a vitria? [Adequado]

  • 462. Elas participavam de uma cl muito fechada. [Inadequado]

    Elas participavam de um cl muito fechado. [Adequado]

    A seguir, os substantivos de gnero fixo mais freqentementeutilizados na nossa lngua e os seus gneros:

    MASCULINO FEMININOo agravante a usucapioo soprano a sentinelao diabete(s) a omoplata

    5.6. Sobre verbos

    5.6.1. Modo subjuntivo

    Subjuntivo o modo verbal que expressa uma ao incerta, inacabada,uma ao que est para se realizar e, ainda, um fato imaginado. Nesse sentido,o subjuntivo ope-se completamente ao indicativo que o modo da certeza,do fato real.

    Outra caracterstica desse modo verbal advm da sua extremadependncia com outro verbo. Assim, o modo subjuntivo est sempre presentenos verbos de oraes subordinadas.

    A utilizao do modo subjuntivo est ligada ao sentido que sepretende dar ao verbal. Em geral, verificamos a sua presena em verbosque exprimem:

    dvida (ex.: Talvez voc possa me esclarecer isso.)

    hiptese/condio (ex.: Se todos chegassem mais cedo, faramos areunio)

    ordem/pedido (ex.: Pediria a todos que se dirigissem recepo.)

    desejo (ex.: Espero que confiem na minha palavra.)

    importante que se conheam as conjugaes dos verbos no modosubjuntivo, pois o emprego adequado dessas formas implica a construocorreta da concordncia verbal. Alm disso, outras particularidades dessemodo verbal podem ser verificadas:

  • 47 O subjuntivo e as oraes subordinadas

    O subjuntivo e os verbos modais

    5.6.2. Verbos com pronome se

    Certos verbos da Lngua Portuguesa expressam, na sua forma infinitiva,a idia de ao reflexiva. Para indicar que o objeto da ao a mesma pessoaque o sujeito que a pratica, obrigatria a concordncia em pessoa entre opronome reflexivo e a pessoa qual se refere.

    O pronome se torna-se, portanto, parte integrante dos verbosreflexivos. So esses os verbos indicativos de sentimentos ou mudana deestado, tais como preocupar-se, queixar-se, indignar-se, admirar-se, comportar-se, congelar-se, derreter-se e etc.

    Os pronomes reflexivos (me, te, se, nos e etc.) possuem uma formaespecial para cada pessoa verbal, com exceo da terceira pessoa, que possuiuma nica forma tanto para o singular quanto para o plural: se, si e consigo.

    Exemplos:

    1. Ns se atrevemos a ler seus manuscritos. [Inadequado]

    Ns nos atrevemos a ler seus manuscritos. [Adequado]2. Eu teimava em suicidar-se em tempo breve. [Inadequado]

    Eu teimava em suicidar-me em tempo breve. [Adequado]

    5.7. Anlise sinttica

    Definio - Anlise sinttica uma tcnica empregada no estudo daestrutura sinttica de uma lngua. Ela til quando se pretende:

    1. descrever as estruturas sintticas possveis ou aceitveis da lngua;ou

    2. decompor o texto em unidades sintticas a fim de compreender a maneirapela qual os elementos sintticos so organizados na sentena.

  • 48A compreenso dos vrios mecanismos inerentes em uma lngua

    facilitada pelo procedimento analtico, atravs do qual buscam-se nas unidadesmenores (por exemplo, a sentena) as razes para certos fenmenos detectadosnas unidades maiores (por exemplo, o texto). Dessa forma, a GramticaNormativa (aquela que prescreve as normas da lngua culta) sempre se ocupouem decompor algumas unidades estruturais da lngua para tornar didtica acompreenso de certos fenmenos. No mbito da fonologia, tem-se a anlisefonolgica, em que a estrutura sonora das palavras decomposta em unidadesmnimas do som (os fonemas); em morfologia, tem-se a anlise morfolgica, daqual se depreendem das palavras as suas unidades mnimas dotadas designificado (os morfemas).

    A anlise sinttica ocupa um lugar de destaque em muitas gramticasda lngua portuguesa, porque grande parte das normas do bem dizer e do bemescrever recaem sobre a estrutura sinttica, isto , sobre a organizao daspalavras na sentena. Para compreender o uso dos pronomes relativos, acolocao pronominal, as vrias relaes de concordncia, por exemplo, importante, antes, promover uma anlise adequada da sintaxe apresentadapela sentena em questo. Nenhuma regra de conduta da lngua culta temsentido sem uma anlise sinttica da sentena que se estuda. Por isso, antesque se aplique qualquer norma gramatical preciso compreender de que formaos elementos sintticos esto dispostos naquela sentena especial. Isso se dporque os elementos sintticos tambm no so fixos na lngua. Por exemplo:uma palavra pode funcionar como sujeito em uma sentena e, em outra,funcionar como agente da passiva. Somente a anlise sinttica poderdeterminar esse comportamento especfico das palavras no contexto dasentena.

    Sendo a anlise sinttica uma aplicao estritamente voltada para asentena, parte-se dessa unidade maior para alcanar os seus constituintes -os sintagmas que, por sua vez, so rotulados atravs das categorias sintticas.Como se v, um exerccio de decomposio da sentena. Vejamos um exemplode anlise sinttica:

    1. Teu pai quer que voc estuda antes de brincar.

    ...[h trs oraes]

    ...[1 orao: teu pai quer = orao principal]

    ...[na 1 orao: sintagma nominal = teu pai; sintagma verbal = quer]

    ...[sintagma verbal da 1 orao: formado por um verbo modal]

    ...[2 orao: que voc estuda = orao subordinada objetiva direta]

    ...[na 2 orao: sintagma nominal = voc; sintagma verbal = estuda]

  • 49...[2 orao: introduzida pelo pronome relativo que]...[3 orao: antes de brincar = orao subordinada adverbial reduzida

    de infinitivo]...[sintagma adverbial: locuo adverbial de tempo: antes de]...[sintagma verbal: brincar]

    Atravs da anlise que desenvolvemos pudemos depreender as vriasunidades menores do perodo, isto , as trs oraes (ou sentenas), e, almdisso, identificamos as funes dos elementos sintticos presentes em cadaorao (tipo de verbo, qualidade do pronome, tipos de sintagmas, tipo deadvrbio). A partir desses resultados possvel verificar um problema deconcordncia verbal existente na segunda orao. Trata-se da norma gramaticalque nos informa o seguinte: se houver uma orao subordinada objetivadireta introduzida pelo pronome que e, se essa orao complementa um verbomodal, ento o verbo dessa orao subordinada deve estar no modosubjuntivo. Pela anlise sinttica vemos que esse o caso do nosso perodo.Assim, conseguimos compreender a necessidade de alterao da forma verbal,derivando a sentena abaixo.

    1. Teu pai quer que voc estude antes de brincar.

    Para promovermos essa anlise, enfim, foi exigido que conhecssemosalguns elementos fundamentais da sintaxe: o perodo, a frase, a orao, ostermos das oraes.

    A anlise sinttica, assim como as outras referentes lngua, umexerccio muito prximo da matemtica, pois envolve um raciocnio lgico dotipo: se voc encontrar tal elemento, ento admita que esse elemento umobjeto tal. Promover esse tipo de raciocnio no estudo das sentenas desenvolver uma anlise formal, porque as categorias sintticas so formasque no dependem do contedo que expressam. Em outros nveis de anlise -a anlise semntica, a anlise discursiva e anlise estilstica - esse tipo deraciocnio lgico bastante complicado, porque envolve elementos cujarepresentao e estrutura no so fixas. Em todo caso, grande parte dascorrees gramaticais se aplica ao nvel de adequao sinttica do texto, porisso a chamada reviso gramatical.

  • 505.7.1. Frase

    Frase a menor unidade da comunicao lingstica. Tem como caractersticasbsicas:

    1. a apresentao de um sentido ou significado completo

    2. ser acompanhada por uma entonao

    Durante o uso cotidiano da lngua, os falantes costumam produzirseus textos articulando enunciados. Esses enunciados, quando transmitemuma idia acabada, isto , um sentido comunicativo completo, se constituemna chamada frase. No h um padro definido de frase; contudo, podemosidentific-la em trs tipos distintos de construo:

    a. quando se compe de apenas uma palavra.

    Exemplos:

    1. Perigo!2. Coragem!

    b. quando se compe de mais de uma palavra, dentre as quais no severifica a presena de verbo.

    Exemplos:

    1. Que tempestade!2. Quanta ingenuidade!

    c. quando se compe de mais de uma palavra, dentre as quais, um verboou locuo verbal.

    Exemplos:

    1. Infelizmente, precisamos seguir viagem! [presena de verbo]2. A concorrncia deve determinar a reduo dos nossos preos.

    [presena de locuo verbal]

  • 51A identificao de uma frase na situao de comunicao tambm se

    deve ao fato de que ela um produto da entonao, ou seja, da melodiaproduzida na lngua oral. Dessa forma, quando um falante constri uma frase,ela s se realiza se houver marcas meldicas de incio e fim do enunciado. Emgeral, na fala essas pausas so expressadas atravs do silncio; j no registroescrito as marcas de incio so as iniciais maisculas das palavras e as marcasfinais, os sinais de pontuao.

    Exemplos:

    1. Jonas!

    2. Que vexame!

    3. Acordei hoje com fortes dores de cabea.

    Observe-se que nos exemplos (1) e (2) os segmentos no apresentamverbos. No entanto, dada a entonao frasal, podemos extrair dessasconstrues um sentido comunicativo completo. O contexto da comunicaoe a melodia empregada pelos falantes na produo do exemplo (1) sofundamentais para distingui-lo de uma simples palavra sem funo comunicativa.Basta imaginarmos para isso um contexto em que algum est chamando poruma pessoa cujo nome Jonas. Nesse caso, a frase (1) poderia expressaralguma coisa como Ei, Jonas, estou lhe chamando.

    5.7.2. Orao

    Orao um segmento lingstico caracterizado basicamente:

    1. pela presena obrigatria do verbo (ou locuo verbal), e2. pela propriedade de se tornar, ela mesma, um objeto de anlise sinttica

    A maioria dos gramticos da lngua portuguesa costuma atribuir orao uma qualidade discursiva bastante particular que a de expressar umcontedo informativo na forma de uma construo dotada de verbo.Independentemente de essa construo expressar um sentido acabado nodiscurso oral ou escrito, o verbo torna-se fundamental para caracterizar aorao; por isso, a determinao de que o verbo o ncleo de uma orao.Vejamos alguns exemplos:

  • 521. Gabriel toca sanfona maravilhosamente.

    ...[toca: verbo]

    ...[enunciado em forma de orao com sentido acabado]

    2. portanto, traz felicidade.

    ...[traz: verbo]

    ...[enunciado em forma de orao sem sentido acabado]

    Nesses dois exemplos observamos ora a expresso de um contedocomunicativo completo ora a ausncia desse enunciado significativo. Noentanto, em nenhum dos casos podemos notar a falta do verbo.

    As oraes so, alm disso, construes que, por contarem com umesquema discursivo definido, podem ser analisadas sintaticamente. Isto ,existindo orao pressupe-se tambm a existncia de uma organizao internaentre os seus elementos constituintes os termos da orao que se renemem torno do verbo. A esse tipo de exerccio chamamos anlise sinttica, daqual a gramtica da lngua costuma abstrair as diversas classificaes dasoraes.

    Para os fins de anlise ou, mais modernamente, no uso comum dostermos, costuma-se empregar equivocadamente a palavra sentena em lugarde orao e tambm de frase. Trata-se de uma traduo imperfeita da nooinglesa de perodo: no ingls o termo phrase refere-se em portugus a sintagma;o termo clause, a orao, e sentence, a perodo.

    5.7.3. Perodo

    Perodo a unidade lingstica composta por uma ou mais oraes. Temcomo caractersticas bsicas:

    1. a apresentao de um sentido ou significado completo

    2. encerrar-se por meio de certos smbolos de pontuao.

    Uma das propriedades da lngua expressar enunciados articulados.Essa articulao evidenciada internamente pela verificao de uma qualidadecomunicativa das informaes contidas no perodo. Isto , um perodo bemarticulado quando revela informaes de sentido completo, uma idia acabada.

  • 53Esse atributo pode ser exibido em termos de um perodo constitudo por umanica orao - perodo simples ou constitudo por mais de uma orao perodo composto.

    Exemplos:

    1. Sabrina tinha medo do brinquedo.

    ...[perodo simples]2. Sabrina tinha medo do brinquedo, apesar de lev-lo consigo todo o

    tempo.

    ...[perodo composto]

    No h uma forma definida para a constituio de perodos, pois setrata de uma liberdade do falante de elaborar seu discurso da maneira comoquiser ou como julgar ser compreendido na situao discursiva. Porm a lnguafalada, mais freqentemente, organiza-se em perodos simples, ao passo que alngua escrita costuma apresentar maior elaborao sinttica, o que faz notarmosa presena maior de perodos compostos. Um dos aspectos mais notveisdessa complexidade sinttica nos perodos compostos o uso dos vriosrecursos de coeso. Isso pode ser visualizado no exerccio de transformaode alguns perodos simples em perodo composto fazendo uso dos chamadosconectivos (elementos lingsticos que marcam a coeso textual).

    Exemplo:

    1. Eu tenho um gatinho muito preguioso. Todo dia ele procura a minhacama para dormir. Minha me no gosta do meu gatinho. Ento, eu oescondo para a minha me no ver que ele est dormindo comigo.

    2. Eu tenho um gatinho muito preguioso, que todo dia procura a minhacama para dormir. Como a minha me no gosta dele, eu o escondo e,assim, ela no v que o gatinho est dormindo comigo.

    Notem que no exemplo (1) temos um pargrafo formado por quatroperodos. J no exemplo (2) o pargrafo est organizado em apenas doisperodos. Isso possvel articulando as informaes por meio de alguns

  • 54conectivos (que, como, assim) e eliminando os elementos redundantes (ogatinho, minha me = ele, ela).

    Finalmente, os perodos so definidos materialmente no registroescrito por meio de uma marca da pontuao, das quais se excluem a vrgula eo ponto-e-vrgula. O recurso da pontuao uma forma de reproduzir na escritauma longa pausa percebida na lngua falada.

    5.7.4. Termos da orao Tipos

    Os termos da orao da lngua portuguesa so classificados em trsgrandes nveis:

    5.7.4.1. Termos essncias da orao

    5.7.4.1.1. Sujeito

    Sujeito um dos temos essenciais da orao. Tem por caractersticasbsicas:

    estabelecer concordncia com o ncleo do sintagma verbal

    apresentar-se como elemento determinante em relao ao predicado

    constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo ou, ainda,qualquer palavra substantivada

    O sujeito s considerado no mbito da anlise sinttica, isto ,somente na organizao da sentena que uma palavra (ou um conjunto depalavras) pode constituir aquilo que chamamos sujeito. Nesse sentido, equivocado dizer que o sujeito aquele que pratica uma ao ou aquele (ouaquilo) do qual se diz alguma coisa. Ao fazer tal afirmao estamosconsiderando o aspecto semntico do sujeito (agente de uma ao) ou o seuaspecto estilstico (o tpico da sentena). J que o sujeito depreendido deuma anlise sinttica, vamos restringir a definio apenas ao seu papel sintticona sentena: aquele que estabelece concordncia com o ncleo do predicado.Quando se trata de predicado verbal, o ncleo sempre um verbo; sendo umpredicado nominal, o ncleo sempre um nome.

    Exemplos:

  • 551. A padaria est fechada hoje.

    ...[est fechada hoje: predicado nominal]

    ...[fechada: nome adjetivo = ncleo do predicado]

    ...[fechada: nome feminino singular]

    ...[a padaria: sujeito]...[ncleo do sujeito: nome feminino singular]

    2. Ns mentimos sobre nossa idade para voc.

    ...[mentimos sobre nossa idade para voc: predicado verbal]

    ...[mentimos: verbo = ncleo do predicado]

    ...[mentimos: primeira pessoa do plural]

    ...[ns: sujeito]

    ...[sujeito: primeira pessoa do plural]

    A relao de concordncia , por excelncia, uma relao dedependncia, na qual dois (ou mais) elementos se harmonizam. Um desseselementos chamado determinado (ou principal) e o outro, determinante(subordinado). No interior de uma sentena, o sujeito o termo determinante,ao passo que o predicado o termo determinado. Essa posio de determinantedo sujeito em relao ao predicado adquire sentido com o fato de ser possvel,na lngua portuguesa, uma sentena sem sujeito, mas nunca uma sentenasem predicado.

    Exemplos:

    1. As formigas invadiram minha casa.

    ...[as formigas: sujeito = termo determinante]

    ...[invadiram minha casa: predicado = termo determinado]

    2. H formigas na minha casa.

    ...[h formigas na minha casa: predicado = termo determinado]

    ...[sujeito: inexistente]

    O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma nominal, isto, seu ncleo sempre um nome. Quando esse nome se refere a objetos dasprimeira e segunda pessoas, o sujeito representado por um pronome pessoal

  • 56do caso reto (eu, tu, ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceirapessoa, sua representao pode ser feita atravs de um substantivo, de umpronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras, cujo ncleofuncione, na sentena, como um substantivo.

    Exemplos:

    1. Eu acompanho voc at o guich.

    ...[eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa]

    2. Vocs disseram alguma coisa?

    ...[vocs: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa]

    3. Marcos tem um f-clube no seu bairro.

    ...[Marcos: sujeito = substantivo prprio]

    4. Ningum entra na sala agora.

    ...[ningum: sujeito = pronome substantivo]

    5. O andar deve ser uma atividade diria.

    ...[o andar: sujeito = ncleo: verbo substantivado nessa orao]

    Alm dessas formas, o sujeito tambm pode se constituir de umaorao inteira. Nesse caso, a orao recebe o nome de orao substantivasubjetiva:

    1. difcil optar por esse ou aquele doce...

    ...[ difcil: orao principal] ...[optar por esse ou aquele doce: orao subjetiva = sujeito oracional]

    5.7.4.1.2. Predicado

    Predicado um dos termos essenciais da orao. Tem porcaractersticas bsicas:

  • 57 apresentar-se como elemento determinado em relao ao sujeito

    apontar um atributo ou acrescentar nova informao ao sujeito

    Assim como o sujeito, o predicado um segmento extrado da estruturainterna das oraes ou das frases, sendo, por isso, fruto de uma anlisesinttica. Isso implica dizer que a noo de predicado s importante para acaracterizao das palavras em termos sintticos. Nesse sentido, o predicado sintaticamente o segmento lingstico que estabelece concordncia comoutro termo essencial da orao o sujeito -, sendo este o termo determinante(ou subordinado) e o predicado o termo determinado (ou principal). No setrata, portanto, de definir o predicado como aquilo que se diz do sujeitocomo fazem certas gramticas da lngua portuguesa, mas sim estabelecer aimportncia do fenmeno da concordncia entre esses dois termos essenciaisda orao.

    Exemplos:

    1. Carolina conhece os ndios da Amaznia.

    ...[sujeito: Carolina = termo determinante]

    ...[predicado: conhece os ndios da Amaznia = termo determinado]

    ...[Carolina: 3 pessoa do singular = conhece: 3 pessoa do singular]

    2. Todos ns fazemos parte da quadrilha de So Joo.

    ...[sujeito: todos ns = termo determinante]

    ...[predicado: fazemos parte da quadrilha de So Joo = termodeterminado]

    ...[Todos ns: 1 pessoa do plural = fazemos parte: 1 pessoa do plural]

    Nesses exemplos podemos observar que a concordncia estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos essenciais. Nafrase (1), entre Carolina e conhece; na frase (2), entre ns e fazemos.Isso se d porque a concordncia centrada nas palavras que so ncleos,isto , que so responsveis pela principal informao naquele segmento. Nopredicado o ncleo pode ser de dois tipos: um nome, quase sempre um atributoque se refere ao sujeito da orao, ou um verbo (ou locuo verbal). No primeirocaso, temos um predicado nominal e no segundo um predicado verbal. Quando,num mesmo segmento o nome e o verbo so de igual importncia, ambos

  • 58constituem o ncleo do predicado e resultam no tipo de predicado verbo-nominal.

    Exemplos:

    1. Minha empregada desastrada.

    ...[predicado: desastrada]

    ...[ncleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito]

    ...[tipo de predicado: nominal]

    2. A empreiteira demoliu nosso antigo prdio.

    ...[predicado: demoliu nosso antigo prdio]

    ...[ncleo do predicado: demoliu = nova informao sobre o sujeito]

    ...[tipo de predicado: verbal]

    3. Os manifestantes desciam a rua desesperados.

    ...[predicado: desciam a rua desesperados]

    ...[ncleos do predicado: 1. desciam = nova informao sobre o sujeito;2. desesperados = atributo do sujeito]...[tipo de predicado: verbo-nominal]

    Nos predicados verbais e verbos-nominais o verbo responsveltambm por definir os tipos de elementos que aparecero no segmento. Emalguns casos o verbo sozinho basta para compor o predicado (verbointransitivo). Em outros casos necessrio um complemento que, juntamentecom o verbo, constituem a nova informao sobre o sujeito. De qualquer forma,esses complementos do verbo no interferem na tipologia do predicado. Soelementos que constituem os chamados termos integrantes da orao.

    5.7.4.2. Termos integrantes da orao

    5.7.4.2.1. Complemento Nominal

    D-se o nome de complemento nominal ao termo que complementa osentido de um nome ou um advrbio, conferindo-lhe uma significao completaou, ao menos, mais especfica.

  • 59Como o complemento nominal vem integrar-se ao nome em busca de

    uma significao extensa para nome ao qual se liga, ele compe os chamadostermos integrantes da orao.

    So duas as principais caractersticas do complemento nominal:

    - sempre seguem um nome, em geral abstrato;- ligam-se ao nome por meio de preposio, sempre obrigatria.

    Os complementos nominais podem ser formados por substantivo,pronome, numeral ou orao subordinada completiva nominal.

    Exemplos:

    1. Meus filhos tm loucura por futebol.

    ...[substantivo]

    2. O sonho dele era saltar de pra-quedas.

    ...[pronome]

    3. A vitria de um a conquista de todos.

    ...[numeral]

    4. O medo de que lhe furtassem as jias a mantinha afastada daqui.

    ...[orao subordinada completiva nominal]

    Em geral os nomes que exigem complementos nominais possuemformas correspondentes a verbos transitivos, pois ambos completam o sentidode outro termo. So exemplos dessa correlao:

    - obedecer aos pais % obedincia aos pais- chegar em casa % chegada em casa- entregar a revista amiga % entrega da revista amiga- protestar contra a opresso % protesto contra a opresso

  • 605.7.4.2.2. Complementos Verbais

    5.7.4.2.2.1. Objeto Direto

    Do ponto de vista da sintaxe, objeto direto o termo que completa osentido de um verbo transitivo direto, por isso, complemento verbal, nagrande maioria dos casos, no preposicionado. Do ponto de vista da semntica,o objeto direto :

    - o resultado da ao verbal, ou- o ser ao qual se dirige a ao verbal, ou- o contedo da ao verbal.

    O objeto direto pode ser formado por um substantivo, pronomesubstantivo, ou mesmo qualquer palavra substantivada. Alm disso, o objetodireto pode ser constitudo por uma orao inteira que complemente o verbotransitivo direto da orao dita principal. Nesse caso, a orao recebe o nomede orao subordinada substantiva objetiva direta.

    Exemplos:

    1. O amor de Mariana transformava a minha vida.

    ...[transformava: verbo transitivo direto]

    ...[a minha vida: objeto direto]

    ...[ncleo: vida = substantivo]

    2. Conserve isto na tua memria: vou partir em breve.

    ...[conserve: verbo transitivo direto]

    ...[isso: objeto direto = pronome substantivo]

    3. No prometa mais do que possa cumprir depois.

    ...[prometa: verbo transitivo direto]

    ...[mais do que possa cumprir depois: orao subordinada substantivaobjetiva direta]

    Os objetos diretos so constitudos por nomes como ncleos dosegmento. A noo de ncleo torna-se importante porque, num processo de

  • 61substituio de um nome por um pronome deve-se procurar por um pronomede igual funo gramatical do ncleo. No exemplo (1) acima verificamos umconjunto de palavras formando o objeto direto (a minha vida), dentre as quaisapenas uma ncleo (vida = substantivo). Podemos transformar esse ncleosubstantivo em objeto direto formado por pronome oblquo, que um tipo depronome substantivo. Alm disso, nesse processo de substituio, devemoster claro que o pronome ocupar o lugar de todo o objeto direto e no s doncleo do objeto. Vejamos um exemplo dessa representao:

    O amor de Mariana transformava a minha vida.O amor de Mariana a transformava.

    Os pronomes oblquos tonos (me, te, o, a, se, etc.) funcionamsintaticamente como objetos diretos. Isso implica dizer que somente podemfigurar nessa funo de objeto e no na funo de sujeito, por exemplo . Pormalgumas vezes os pronomes pessoais retos (eu, tu, ele, etc.) ou pronome oblquotnico (mim, ti, ele, etc.) so chamados a constituir o ncleo dos objetos diretos.Nesse caso, o uso da preposio se torna obrigatrio e, por conseqncia,tem-se um objeto direto especial: objeto direto preposicionado.

    Exemplos:

    1. Ame ele que teu irmo. [Inadequado]

    Ame-o que teu irmo. [Adequado]

    2. Voc chamou eu ao teu encontro? [Inadequado]

    Voc me chamou ao teu encontro? [Adequado]...[me: pronome oblquo tono = sem preposio]Voc chamou a mim ao teu encontro? [Adequado]...[a mim: pronome oblquo tnico = com preposio]

    5.7.4.2.2.2. Objeto Indireto

    Do ponto de vista da sintaxe, objeto indireto o termo que completao sentido de um verbo transitivo indireto e vem sempre acompanhado depreposio. Do ponto de vista da semntica, o objeto indireto o ser ao qualse destina a ao verbal.

  • 62O objeto indireto pode ser formado por substantivo, ou pronome

    substantivo, ou numeral, ou ainda, uma orao substantiva objetiva indireta.Em qualquer um desses casos, o trao mais importante e caracterstico doobjeto indireto a presena da preposio.

    Exemplo:

    1. A cigana pedia dinheiro a moa. [Inadequado]

    A cigana pedia dinheiro moa. [Adequado]...[pedia = verbo transitivo direto e indireto]...[dinheiro = objeto direto]...[ moa = destinatrio da ao verbal = objeto indireto]

    O objeto indireto pode ser representado por um pronome. Como oncleo do objeto sempre um nome, possvel substitu-lo por um pronome.Nesse caso, um pronome oblquo, j que se trata de uma posio de complementoverbal e no de sujeito da orao. O nico pronome que representa o objetoindireto o pronome oblquo tono lhe(s) pronome de terceira pessoa. Ospronomes indicativos das demais pessoas verbais so sempre acompanhadosde preposio.

    Exemplos:

    1. Ela contava a seu pai como fora o seu dia na escola.

    2. Ela lhe contava como fora o seu dia na escola.

    3. Todos dariam ao padre a palavra final.

    4. Todos dar-lhe-iam a palavra final.

    5. Responderam a Ftima com delicadeza.

    6. Responderam a mim com delicadeza.

    No difcil confundir objeto indireto e adjunto adverbial, pois ambos ostermos so construdos com preposio. Uma regra prtica para se determinaro objeto indireto e at mesmo o identificar na orao indagar ao verbo se elenecessita de algum complemento preposicionado. Esse complemento ser:

  • 631) Adjunto adverbial, se estiver expressando um significado adicional, comolugar, tempo, companhia, modo e etc.2) Objeto indireto, se estiver apenas completando o sentido do verbo, semacrescentar outra idia orao.

    Exemplos:

    1. Ele sabia a lio de cor. [Adjunto adverbial de modo]

    2. Ele se encarregou do formulrio. [Objeto indireto]

    5.7.4.2.2.3. Predicativo do Objeto

    o termo ou expresso que complementa o objeto direto ou o objetoindireto, conferindo-lhe um atributo.

    O predicativo do objeto apresenta duas caractersticas bsicas:

    acompanha o verbo de ligao implcito;

    pertence ao predicado verbo-nominal.

    A formao do predicativo do objeto feita atravs de um substantivoou um adjetivo.

    Exemplos:

    1. O vilarejo finalmente elegeu Otaviano prefeito.

    ...[objeto: Otaviano]

    ...[predicativo: substantivo]

    2. Os policiais pediam calma absoluta.

    ...[objeto: calma]

    ...[predicativo: adjetivo]

    3. Todos julgavam-no culpado.

    ...[objeto: no]

  • 64...[predicativo: adjetivo]

    Alguns gramticos admitem o predicativo do objeto em oraes comverbos transitivos indiretos tais como crer, estimar, julgar, nomear, eleger. Emgeral, porm, a ocorrncia do predicativo do objeto em objetos indiretos se dsomente com o verbo chamar, com sentido de atribuir um nome a.

    Exemplo:

    1. Chamavam-lhe falsrio, sem notar-lhe suas verdades.

    5.7.4.2.2.4. Agente da Passiva

    o termo da orao que complementa o sentido de um verbo na vozpassiva, indicando-lhe o ser que praticou a ao verbal.

    A caracterstica fundamental do agente da passiva , pois, o fato desomente existir se a orao estiver na voz passiva. H trs vozes verbais nanossa lngua: a voz ativa, na qual a nfase recai na ao verbal praticada pelosujeito; a voz passiva, cuja nfase a ao verbal sofrida pelo sujeito; e a vozreflexiva, em que a ao verbal praticada e sofrida pelo sujeito. Nota-se, comisso, que o papel do sujeito em relao ao verbal est em evidncia.

    Na voz ativa o sujeito exerce a funo de agente da ao e o agente dapassiva no existe. Para completar o sentido do verbo na voz ativa, este verboconta com outro elemento o objeto (direto). Na voz passiva, o sujeito exercea funo de receptor de uma ao praticada pelo agente da passiva. Porconseqncia, este mesmo agente da passiva que complementa o sentido doverbo neste tipo de orao, substituindo o objeto (direto).

    Exemplo:

    1. O barulho acordou toda a vizinhana. [orao na voz ativa]

    ...[o barulho: sujeito]

    ...[acordou: verbo transitivo direto = pede um complemento verbal]

    ...[toda a vizinhana: ser para o qual se dirigiu a ao verbal = objetodireto]

    2. Toda a vizinhana foi acordada pelo barulho. [orao na voz passiva]

  • 65...[toda a vizinhana: sujeito]...[foi: verbo auxiliar / acordada: verbo principal no particpio]...[pelo barulho: ser que praticou a ao = agente da passiva]

    O agente da passiva um complemento exigido somente por verbostransitivos