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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES
Cap MARCOS SOARES DE SOUZA
CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL COM AGREGADO RECICLADO ORIUNDO DA
DEMOLIÇÃO DA AV. PERIMETRAL/RJ
Rio de Janeiro
2015
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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Cap MARCOS SOARES DE SOUZA
CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL COM AGREGADO RECICLADO ORIUNDO DA
DEMOLIÇÃO DA AV. PERIMETRAL/RJ
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de
Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto
Militar de Engenharia, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Ciências em
Engenharia de Transportes.
Orientadores: Prof. Luiz Antonio Vieira Carneiro, D.Sc.
Prof. Marcelo de Miranda Reis, D.Sc.
Rio de Janeiro
2015
2
c1999 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290-270
Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá
incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer
forma de arquivamento.
É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre
bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja
ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que
sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e dos
orientadores.
S243r De Souza, Marcos Soares
Concreto auto adensável com agregado reciclado oriundo da
demolição da Av. Perimetral-RJ / Marcos Soares de Souza. – Rio de
Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2015.
151f. : il., graf., tab.
Dissertação (mestrado) - Instituto Militar de Engenharia,
2015.
1. Engenharia de Transportes, teses, dissertações. 2. Concreto
auto-adensável. 3. Resíduo de Construção e Demolição. 4.
Trabalhabilidade. 5. Resistência à Compressão. 6. Viabilidade. I.
Título. II. Instituto Militar de Engenharia.
CDD 624.1834
3
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Cap MARCOS SOARES DE SOUZA
CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL COM AGREGADO RECICLADO
ORIUNDO DA DEMOLIÇÃO DA AV. PERIMETRAL/RJ
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.
Orientadores: Prof. Luiz Antonio Vieira Carneiro - D.Sc. Prof. Marcelo de Miranda Reis - D.Sc.
Aprovada em 23 de julho de 2015 pela seguinte Banca Examinadora:
__________________________________________________ Prof. Luiz Antonio Vieira Carneiro - D.Sc. do IME - Presidente
__________________________________________________ Prof. Marcelo de Miranda Reis - D.Sc. do IME
__________________________________________________ Profª Maria Elizabeth da Nóbrega Tavares - D.Sc. da UERJ
__________________________________________________ Profª Cláudia Maria de Oliveira Campos - D.Sc. da UFF
__________________________________________________ Prof. Sergio Luis González Garcia - D.Sc. da UENF
Rio de Janeiro 2015
4
À memória da minha amada mãe, que dedicou a
sua vida para me dar o amor, o carinho e a
educação que me fizeram chegar até aqui.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus por toda a saúde, sabedoria, paciência,
persistência, que me fizeram ter condições necessárias para realizar todas as fases
deste trabalho.
À minha esposa e minha filha, por todo o carinho, incentivo e compreensão que
tiveram durante todo esse tempo e em todos os momentos que necessitei dar
prioridade a este trabalho.
Ao TC Carneiro e ao TC Marcelo Reis, que me orientaram de forma concisa,
objetiva e sempre esclarecedora.
Agradeço aos meus amigos do mestrado que sempre me incentivaram e
vibraram em cada conquista e em cada passo dado, em especial á minha grande
amiga Therezinha, que, além de todo o incentivo, sempre esteve pronta para ajudar-
me nas horas difíceis, sem nunca pestanejar.
Aos amigos laboratoristas de Materiais de Construção e Concreto do IME, Sgt
Gonçalves e Sgt Melo, por toda ajuda nas inúmeras concretagens realizadas
durante este trabalho.
Aos queridos professores e funcionários que, através de seus trabalhos na
Engenharia de Transportes, deram suas preciosas contribuições para o
desenvolvimento deste trabalho.
À toda a equipe da empresa FÁBIO BRUNO CONSTRUÇÕES LTDA, em
especial ao Eng. Renato, que demonstrou total apoio e incentivo na realização desta
pesquisa, ao disponibilizar toda a amostra proveniente do Elevado da Perimetral
para que eu pudesse realizar todas as dosagens necessárias ao programa
experimental.
À Holcim Brasil Ltda por ceder, em cortesia ao IME, o cimento utilizado nos
experimentos realizados, contribuindo para o desenvolvimento das pesquisas
realizadas neste instituto.
6
" Sábio é aquele que conhece os limites da
própria ignorância."
SÓCRATES
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 21
2.1 NORMAS E LEGISLAÇÕES SOBRE RCD E MEIO AMBIENTE .................. 21
2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELOS RCD .................................... 23
2.2.1 O CONSUMO DE RECURSOS NATURAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................ 25
2.2.2 A GERAÇÃO DE RCD E OS IMPACTOS AMBIENTAIS .......................................... 26
2.2.3 IMPACTOS AMBIENTAIS LIGADOS À UTILIZAÇÃO DO RCD COMO
AGREGADO PARA CONCRETOS ......................................................................................... 29
2.3 ASPECTOS GERAIS E ECONÔMICOS SOBRE OS RCD ............................ 35
2.3.1 COMPOSIÇÃO E ÍNDICES DE DESPERDÍCIOS NOS RCD .................................. 37
2.3.1.1 AS PERDAS DE MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ..................................... 37
2.3.1.2 COMPOSIÇÃO DO RCD ............................................................................................ 38
2.3.1.3 AS IMPUREZAS NOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO .......... 42
2.3.2 ASPECTOS ECONÔMICOS ......................................................................................... 46
2.3.3 ANÁLISE ECONÔMICA DA UTILIZAÇÃO DO RCD COMO AGREGADO PARA
CONCRETO ................................................................................................................................ 56
2.3.3.1 CUSTOS DOS AGREGADOS DE ROCHA NATURAL ......................................... 56
2.3.3.2 CUSTOS DOS AGREGADOS DE RCD ................................................................... 57
2.4 AGREGADO RECICLADO DE RCD .............................................................. 59
2.4.1 A COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA DOS AGREGADOS RECICLADOS ...... 59
2.4.2 TEXTURA E FORMATO DAS PARTÍCULAS ............................................................. 61
2.4.3 MASSA ESPECÍFICA ..................................................................................................... 63
2.4.4 ABSORÇÃO DE ÁGUA .................................................................................................. 66
2.4.5 MATÉRIA ORGÂNICA E MATERIAIS PULVERULENTOS ..................................... 70
2.5 CONCRETO COM AGREGADO RECICLADO ............................................. 71
2.5.1 DOSAGEM DE CONCRETOS COM AGREGADOS RECICLADOS ...................... 71
2.5.2 PROPRIEDADES DO CONCRETO RECICLADO ..................................................... 72
2.5.2.1 MASSA ESPECÍFICA .................................................................................................. 72
2.5.2.2 TRABALHABILIDADE ................................................................................................. 73
2.5.2.3 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ............................................................................ 76
2.5.3 USO DE ADITIVOS E ADIÇÕES NO CONCRETO RECICLADO ........................... 80
2.6 CONCRETOS AUTO-ADENSÁVEIS (CAA) .................................................. 82
2.6.1 ENSAIOS DO CAA NO ESTADO FRESCO ............................................................... 83
8
2.6.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A DOSAGEM DO CAA ................................ 88
2.6.3 HISTÓRICO SOBRE DOSAGENS DO CAA .............................................................. 89
3 PROGRAMA EXPERIMENTAL ................................................................ 96
3.1 MATERIAIS .................................................................................................... 96
3.1.1 CIMENTO ......................................................................................................................... 96
3.1.2 AGREGADO MIÚDO ...................................................................................................... 96
3.1.3 AGREGADO GRAÚDO .................................................................................................. 97
3.1.4 FINOS .............................................................................................................................. 101
3.1.5 ADITIVOS ....................................................................................................................... 102
3.2 DOSAGEM DO CAA .................................................................................... 102
3.2.1 DETERMINAÇÃO DO ESQUELETO GRANULAR DOS AGREGADOS ............. 103
3.2.2 DOSAGENS PROPOSTAS PARA O CAA ................................................................ 106
4 RESULTADOS E ANÁLISES .................................................................. 111
4.1 RESULTADOS DO CAA NO ESTADO FRESCO ........................................ 111
4.2 RESULTADOS DO CAA NO ESTADO ENDURECIDO ............................... 113
4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO CAA NO ESTADO FRESCO ................ 116
4.3.1 VISCOSIDADE PLÁSTICA APARENTE SOB FLUXO LIVRE (t500) ...................... 116
4.3.2 ESPALHAMENTO (SLUMP FLOW) ........................................................................... 117
4.3.3 VISCOSIDADE PLÁSTICA APARENTE SOB FLUXO CONFINADO (Funil "V") 118
4.3.4 HABILIDADE PASSANTE SOB FLUXO CONFINADO (CAIXA "L") ..................... 119
4.4 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CAA (FC) ................... 120
5. CONCLUSÕES .......................................................................................... 124
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 126
7. APÊNDICE .................................................................................................. 140
7.1 MEDIDAS OBTIDAS PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE DE FORMA DO
AGREGADO RECICLADO .................................................................................. 140
7.2 RELATÓRIOS DE SAÍDA DO PAVITEST (COMPRESSÃO DOS CP) ........ 146
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 1.1 - Vista superior do Elevado da Perimetral.
FIG. 1.2 - Vista panorâmica do Elevado da Perimetral.
FIG. 1.3 - Estrutura de sustentação da Av. Perimetral.
FIG. 2.1 - Hierarquia da disposição de RCD (PENG et al. 1997).
FIG. 2.2 – Paredões expostos e áreas devastadas. Morro da Colina, São Paulo/SP.
FIG. 2.3 - Detonação em pedreira no Rio de Janeiro, causando poeira, vibrações e
ruídos.
FIG. 2.4 – Beneficiamento e poeira.
FIG. 2.5 - Desmoronamento do talude no topo da cava final de uma pedreira da
RMRJ. (OLIVEIRA, 1996).
FIG. 2.6 - Composição média dos RCD da cidade de Petrolina/PE em 2008.
FIG. 2.7 - Composição do RCD da cidade de Salvador/BA.
FIG. 2.8 - Composição média dos RCD da Cidade de Hong Kong, China.
FIG. 2.9 - Composição média dos RCD da Cidade de Hong Kong, China.
FIG. 2.10 - Deposições irregulares em municípios brasileiros.
FIG. 2.12 Ensaio do cone de Abrams.
FIG. 2.13 - O Cone de Abrams.
FIG. 2.14 - Habilidade passante (método do Anel J).
FIG. 2.15 - Caixa "L" utilizada para determinação da habilidade passante do CAA.
FIG. 2.16 - Medidas do funil V.
FIG. 2.17 - Execução do ensaio no funil V.
FIG. 2.18 - Resistência à compressão de CAA com agregado graúdo reciclado.
FIG. 3.1 - Curva granulométrica do agregado graúdo reciclado.
10
FIG. 3.2 - Segregação de materiais e fase líquida visíveis no CAA de referência
inicial.
FIG. 4.1 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA Ref.
FIG. 4.2 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA 10% de RCD.
FIG. 4.3 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA 20% de RCD.
FIG. 4.4 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA 30% de RCD.
FIG. 4.5 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA 40% de RCD.
FIG. 4.6 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA 50% de RCD.
FIG. 4.7 - Aspecto pós-ruptura do CP-02 do CAA Ref (28 dias).
FIG. 4.8 - Aspecto pós-ruptura do CP-02 do CAA 10% (28 dias).
FIG. 4.9 - Aspecto pós-ruptura do CP-03 do CAA 20% (14 dias).
FIG. 4.10 - Aspecto pós-ruptura do CP-02 do CAA 30% (14 dias).
FIG. 4.11 - Aspecto pós-ruptura do CP-02 do CAA 40% (14 dias).
FIG. 4.12 - Aspecto pós-ruptura do CP-01 do CAA 50% (14 dias).
FIG. 4.13 - Marcação dos pontos para utilização do esclerômetro em cada CP.
FIG. 4.14 - Utilização do esclerômetro na superfície do CAA.
FIG. 4.15 - Resultados do ensaio t500 no CAA fresco, com classificação.
FIG. 4.16 - Resultados do ensaio de espalhamento nos CAA, com classificação.
FIG. 4.17 - Resultados do ensaio do Funil "V" no CAA fresco, com classificação.
FIG. 4.18 - Resultados do ensaio da caixa "L" no CAA fresco, com classificação.
FIG. 4.19 - Gráfico do fc (MPa) dos CAA ensaiados em função da idade (dias).
FIG. 4.20 - Resistência do CAA aos 28 dias para os diversos teores de RCD.
FIG. 4.21 - Custo Unitário para diferentes teores de RCD.
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LISTA DE TABELAS
TAB. 2.1 - Classificação dos RCC.
TAB. 2.2 - Destinação final dos RCC, conforme CONAMA.
TAB. 2.3 - A geração de resíduos em algumas cidades brasileiras.
TAB. 2.4 - Quadro-resumo dos impactos ambientais por etapa de produção.
TAB. 2.5 - Perdas percentuais na construção em algumas cidades.
TAB. 2.6 - Composição dos RCD de diversas cidades brasileiras.
TAB. 2.7 - Componentes do resíduo de construção e suas fontes geradoras.
TAB 2.8 - Composição de RCD de países diversos.
TAB. 2.9 - Municípios com programa de gerenciamento de resíduos
TAB. 2.10 - Custos dos agregados naturais e reciclados em Belém/PA.
TAB. 2.11 - Custos usuais quando não há gerenciamento e reciclagem dos resíduos.
TAB. 2.12 - Custos estimados para reciclagem interna em canteiros de obras.
TAB. 2.13 - Composição do RCD de diversas cidades brasileiras.
TAB. 2.14 - Porcentagem de RCD na massa total de RSU de diversas localidades.
TAB. 2.15 - Composição do RCD para alguns municípios brasileiros.
TAB. 2.16 - Preço médio da brita beneficiada.
TAB. 2.17 - Preço médio por metro cúbico dos agregados no SINAPI.
TAB. 2.18 - Custos de britagem.
TAB. 2.19 - Massa específica de agregados de concreto.
TAB. 2.20 - Massa específica de agregados reciclados.
TAB. 2.21 - Massa unitária de agregados reciclados de composição mista.
TAB. 2.22 - Taxas de absorção de agregados reciclados em função do tipo de
componente e da granulometria.
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TAB. 2.23 - Taxas de absorção de agregados reciclados de concreto em função da
sua granulometria.
TAB. 2.24 - Trabalhabilidade das misturas de concreto medidas pelo abatimento do
tronco de cone.
TAB. 2.25 - Classe de espalhamento no Método do cone de Abrams.
TAB. 2.26 - Classe de viscosidade plástica aparente.
TAB. 2.27 - Classes de habilidade passante no anel J.
TAB. 2.28 - Classes de habilidade passante pelo método da caixa L.
TAB. 2.29 - Classes de viscosidade e aplicações.
TAB. 2.30 - Traços utilizados no fim dos anos 70.
TAB. 2.31 - Composição do CAA utilizado em Chamarande, França.
TAB. 2.32 - Composição do CAA usado em Bretonneau, França.
TAB. 2.33 - Composição do CAA usado em Norrkoping, Suécia.
TAB. 2.34 - Traço do CAA utilizado em Oresund.
TAB. 2.35 - Composição do CAA usado na estrutura "iglu".
TAB. 2.36 - Composição do CAA utilizado na autoestrada A46 em Lyon, França.
TAB. 2.37 - Composição do CAA utilizado em Vierzon, França.
TAB. 2.38 - Composição do CAA utilizado na ponte de Motala, Suécia.
TAB. 2.39 - Composição do CAA utilizado na ponte de Arboga, Suécia.
TAB. 2.40 -Dados compilados das composições de CAA de obras diversas (parte 1).
TAB. 2.41 -Dados compilados das composições de CAA de obras diversas (parte 2).
TAB. 3.1 - Distribuição granulométrica da amostra de RCD do experimento.
TAB. 3.2 - Distribuição granulométrica do agregado graúdo reciclado.
TAB. 3.3 - Ensaios de massa específica e absorção nos agregados graúdos.
TAB. 3.4 - Resultados dos ensaios de resistência ao esmagamento.
TAB. 3.5 - Resultados do ensaio de Abrasão "Los Angeles".
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TAB. 3.6 - Massa específica dos grãos dos agregados.
TAB. 3.7 - Determinação da proporção ótima entre os materiais A e B.
TAB. 3.8 - Determinação da proporção ótima entre a mistura AB e o material C.
TAB. 3.9 - Determinação da proporção ótima entre a mistura ABC e o material D.
TAB. 3.10 - Determinação da proporção ótima entre a mistura ABCD e o material E
TAB. 3.11 - Proporção ótima entre os agregados (esqueleto granular)
TAB. 3.12 - Teores de substituição em peso dos agregados reciclados.
TAB. 3.13 - Massa total de CAA para cada dosagem.
TAB. 3.14 - Composição do CAA de referência inicial por m3 de concreto.
TAB. 3.15 - Quantidades de agregados no CAA de referência inicial, por m3 de CAA.
TAB. 3.16 - Resultados dos ensaios no traço inicial do CAA de referência inicial.
TAB. 3.17 - Dosagem ajustada para a composição do CAA de referência final para
1m3 de concreto.
TAB. 3.18 - Resultados dos ensaios no traço ajustado do CAA de referência.
TAB. 3.19 - Composições dos CAA utilizados no presente trabalho.
TAB. 4.1 - Resultados dos ensaios nos CAA fresco.
TAB. 4.2 - Resultados dos ensaios de compressão axial nos CAA.
TAB. 4.3 - Resistência média à compressão dos CAA por idade de rompimento.
TAB. 4.4 - Custos unitários dos materiais empregados no CAA.
TAB. 4.5 - Custos unitários dos traços de CAA com teor de RCD.
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LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ATT Área de Transbordo e Triagem
BCSJ Bulletin of the Chemical Society of Japan
CAA Concreto Auto Adensável
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CP Corpo de Prova
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
ENBRI European Network of Building Research Institutes
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
IF Índice de Forma
IME Instituto Militar de Engenharia
NAHB National Association of Home Builders
NBR Norma Brasileira
RCC Resíduos da Construção Civil
RCD Resíduo de Construção e Demolição
REF Referência
RSU Resíduo Sólido Urbano
SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
SLU Superintendência de Limpeza Urbana
VMA Viscosity Modifier Additive (Aditivo Modificador de Viscosidade)
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RESUMO
Este trabalho visou o estudo de viabilidade e aplicação, em concretos auto adensáveis (CAA), dos resíduos de demolição provenientes do Elevado da Perimetral, um viaduto localizado na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro/RJ demolido no biênio 2014/2015. Para tal, foram reunidos dados da literatura sobre estudos que tratam do uso de agregados reciclados oriundos de resíduos de construção e demolição (RCD) em várias cidades de diferentes países. Após a análise destes dados e a caracterização dos resíduos de demolição do Elevado da Perimetral, foram realizadas dosagens preliminares para a confecção de um concreto auto-adensável de resistência convencional. Em seguida, elaborou-se um programa experimental para investigar a influência destes agregados reciclados na trabalhabilidade e na resistência à compressão do CAA. O parâmetro variado foi o teor em peso de agregado reciclado em substituição ao agregado de rocha natural (0%, 10%, 20%, 30%, 40% e 50%). Os agregados de RCD não sofreram tipo algum de beneficiamento neste estudo, isto é, lavagem ou saturação, antes da realização da concretagem. Os resultados mostram que a trabalhabilidade do concreto, em termos de viscosidade e habilidade passante, é prejudicada com o aumento do teor em peso de agregado reciclado em substituição ao agregado de rocha natural. O teor ótimo de substituição do agregado de rocha natural foi de 30% para a dosagem de CAA, pois levou ao aumento de resistência em comparação ao concreto sem agregado reciclado. Ao término dos experimentos, concluiu-se que houve viabilidade técnica e econômica no uso do agregado oriundo da demolição da Av. Perimetral, sem beneficiamento, em substituição ao agregado de rocha natural na confecção de CAA.
Palavras-chave: Concreto Auto Adensável; Resíduo de Construção e Demolição; Trabalhabilidade; Resistência à Compressão; Viabilidade
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RESUME
This study aimed at the feasibility study and the implementation, in self compacting concrete (SCC), demolition residue from the Elevado da Perimetral, a viaduct located in the port area of the city of Rio de Janeiro / RJ demolished in the biennium 2014/2015. To do this, were collected literature data about studies dealing with the use of recycled aggregates derived from construction and demolition residue (CDR) in various cities of different countries. After analyzing these data and characterization of residues from demolition of the Elevado da Perimetral, were realized preliminary measurements for making a self-compacting concrete of conventional resistance. Then developed an experimental program to investigate the influence of these recycled aggregates in the workability and compressive strength of SCC. The varied parameter was the content of recycled aggregate weight instead of natural rock aggregate (0%, 10%, 20%, 30%, 40% and 50%). The CDR aggregates did not suffer any kind of improvement in this study, that is, washing or saturation, prior to the concrete. The results show that the workability of the concrete in terms of viscosity and passing ability is impaired with increasing content of recycled aggregate weight of replacing the aggregation of natural rock. The optimum content of replacement of natural rock aggregate was 30% for the SCC dosing therefore led to increased resistance compared to the concrete without recycled added. At the end of the experiments, it was concluded that there were technical and economic feasibility in the use of the aggregate arising from the demolition of Av. Perimetral, unprocessed, replacing the natural rock aggregate in the production of SCC. Keywords: Self compacting concrete; Construction and Demolition Residue; Workability; Compressive Strength; Viability
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1. INTRODUÇÃO
A construção civil é considerada a maior geradora de resíduos sólidos urbanos.
Segundo JOHN (2000), a falta ou ineficiência de políticas adequadas visando o
gerenciamento destes resíduos ocasionam impedimentos em ruas, obstruções de
córregos, afetam o meio ambiente e ocasionam enchentes, proliferam doenças,
entre outros.
Uma grande alternativa que contribui para a preservação do meio ambiente é a
reciclagem de grande parte dos resíduos de construção e demolição (RCD), pois
esta é uma ferramenta importante para o aumento da sustentabilidade da
construção civil, favorecendo a diminuição na extração de matérias primas, e
tornando um ambiente urbano mais saudável, gerando benefícios para toda a
sociedade.
A busca de materiais alternativos visando a redução de custos, agilidade na
execução de obras, aumento da durabilidade de estruturas e melhoria das
características dos produtos finais, aliada à necessidade de redução na extração de
matéria prima natural, levam a indústria da construção civil a empregar cada vez
mais os resíduos de construção e demolição em novos empreendimentos, reduzindo
também os problemas com estocagem de materiais.(PRIGOL, 2010).
Apesar de a reciclagem dos resíduos de construção e demolição favorecer a
redução na extração de recursos minerais, o reaproveitamento da fração mineral dos
RCD ainda é pouco utilizada no Brasil (MIRANDA; ÂNGULO; CARELI, 2009).
Segundo MÜLLER (2003), mesmo na Europa, onde os índices de reciclagem
superam 70% de reaproveitamento, a maior parte dessa fração acaba sendo
lançada em nivelamento de terrenos e sub-bases das estradas, ou seja, raramente
retorna ao mercado como agregados para concretos e argamassas em aplicações
mais nobres. Assim, a reciclagem ainda representa um grande desafio para o Brasil
e para o resto do mundo pois, na prática, não reduz a extração de recursos minerais
e tampouco contribui para a sustentabilidade na construção civil (JOHN, 2007).
No Brasil, há um grande desperdício de materiais que, segundo pesquisas,
geram um volume de entulho que chega ao dobro do volume de resíduos sólidos
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urbanos e representam custos elevados de desperdício de matéria prima, bem como
gastos elevados com remoção e transporte dos RCD.
Segundo MOLIN (2004), a reciclagem dos RCD não ocorre de forma a
proporcionar maiores benefícios, devido ao fato de que ainda não ultrapassa o
âmbito técnico-científico.
Um dos principais limitantes para a reciclagem dos resíduos de construção como
agregados para concreto é o fato de que as suas propriedades não são conhecidas
com exatidão, o que não ocorre com os agregados de rocha natural. Assim, o
concreto dosado com agregados reciclados apresenta variabilidades nas suas
propriedades, o que prejudica a confiabilidade do produto final. (TENÓRIO, 2007).
Várias pesquisas sobre a utilização de RCD têm sido desenvolvidas com
enfoque no comportamento de concretos com agregados de RCD (CAMARGO,
1995; LEVY, 1997; ZORDAN, 1997; NOGUEIRA, 2013; MEDEIROS, 2014).
Sabendo que uma das maiores obras de demolição recentes no Brasil foi a do
Elevado da Perimetral, na zona portuária da Cidade do Rio de Janeiro/RJ, e dentro
do cenário favorável que representa o reaproveitamento desse material RCD, este
trabalho tem por objetivo principal investigar o uso dos materiais provenientes desta
demolição em concreto auto-adensável (CAA) de resistência convencional para uso
estrutural, tendo em vista o elevado montante de resíduos gerado a partir desta
demolição.
A Via Elevada da Perimetral, ou Elevado da Perimetral, foi uma via elevada, em
4 faixas, 5,5 km de extensão, feita de concreto armado e vigas de aço que ligava a
zona sul da Cidade do Rio de Janeiro à Avenida Brasil e ao acesso à Ponte Rio-
Niterói, passando sobre a Avenida Rodrigues Alves, na zona portuária. Esta obra de
arte da engenharia possuía 55 anos de uso, tendo sido iniciada a sua construção em
1950, mas somente no ano de 1960 ocorreu a inauguração e liberação do primeiro
trecho para o tráfego.
19
FIG. 1.1 - Vista superior do Elevado da Perimetral.
FIG. 1.2 - Vista panorâmica do Elevado da Perimetral.
FIG. 1.3 - Estrutura de sustentação da Av. Perimetral.
Os agregados de RCD provenientes desta obra possuem características
peculiares, pois não contêm material cerâmico e outros materiais de baixa qualidade
20
que limitam a reutilização dos resíduos em concretos estruturais. A sua composição
é basicamente de concreto e aço.
Com o intuito de contribuir para esta área de conhecimento e de aumentar os
dados experimentais disponíveis, o presente trabalho apresenta um estudo do
comportamento de um CAA com agregado reciclado de concreto em termos de sua
trabalhabilidade e resistência à compressão. Além disto, foi feita uma análise da
viabilidade técnica-econômica-ambiental do uso deste agregado em CAA.
No presente estudo, foi escolhido o concreto auto-adensável devido à sua
grande utilização na confecção de obras-de-arte destinadas à infraestrutura de
transportes rodoviário e ferroviário.
No capítulo 2 será feita uma revisão bibliográfica dos trabalhos já desenvolvidos
nas áreas de gerenciamento de resíduos de construção e demolição, concretos
auto-adensáveis e concretos reciclados.
O capítulo 3 foi destinado ao programa experimental, contendo a caracterização
dos materiais, as composições dos CAA estudados e as metodologias utilizadas em
todos os ensaios propostos.
No capítulo 4 serão mostrados os resultados dos ensaios, as análises
econômicas e as discussões envolvendo os dados encontrados pela revisão
bibliográfica e os resultados obtidos nos ensaios.
As conclusões serão expostas no capítulo 5.
21
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo destina-se à revisão bibliográfica sobre as normas técnicas
referentes ao manuseio e descarte de RCD, impactos ambientais, características
gerais dos materiais provenientes de demolição de estruturas de concreto, aspectos
econômicos, impactos ambientais, características físicas, concretos com agregados
de RCD e histórico sobre os CAA.
2.1 NORMAS E LEGISLAÇÕES SOBRE RCD E MEIO AMBIENTE
De acordo com as Resoluções nº 307, de 5 de julho de 2002, e nº 448, de 18 de
janeiro de 2012, ambas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),
denominam-se Resíduos da Construção Civil (RCC) aqueles:
"provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha".
Após o beneficiamento dos RCC, que é o ato de submetê-los a "operações e/ou
processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam
utilizados como matéria-prima ou produto", geram-se agregados reciclados. Estes
agregados reciclados devem apresentar características técnicas para serem
aplicados em obras.
Ainda, conforme a resolução CONAMA nº 307 (2002), os Resíduos da
Construção Civil (RCC) são classificados conforme a TAB. 2.1,
22
TAB. 2.1 - Classificação dos RCC.
Classe Descrição Materiais
A Resíduos reutilizáveis ou
recicláveis como agregados
Resíduos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem.
Componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto.
Resíduos de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras.
B Resíduos recicláveis para
outras destinações Plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e gesso.
C
Resíduos que não permitam a reciclagem/recuperação, por
não ser economicamente viável
Produtos não recicláveis sob o ponto de vista técnico e/ou econômico.
D Resíduos perigosos oriundos do processo de construção
Tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde
Res CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, Art 3º.
Os geradores de resíduos, pessoas responsáveis por atividades que geram
resíduos, devem ter por principal objetivo não geração destes rejeitos. Em caso
contrário, os mesmos deverão reduzir ou reutilizar/reciclar tais resíduos. Em caso de
impossibilidade do reaproveitamento, deverá ser dado o tratamento adequado e a
posterior disposição final adequada, conforme as exigências ambientais.
Seguindo essa mesma visão ambiental, é proibida a disposição desses resíduos
nos seguintes locais: em aterros de resíduos sólidos urbanos, em áreas de bota fora,
em encostas, corpos d'água, lotes vagos e em locais protegidos por lei (CONAMA,
2002).
Ainda de acordo com a resolução CONAMA (2002), as deposições dos RCC
devem ser feitas apenas em locais cadastrados, licenciados e aptos para o
recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, tornando
possível a posterior destinação às áreas de beneficiamento.
Conforme a classe do resíduo, o mesmo deverá ser destinado conforme a TAB.
2.2.
23
TAB. 2.2 - Destinação final dos RCC, conforme CONAMA.
Classe Destinação final
A deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encaminhados a aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros
B deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura
C deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas especificas.
D deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.
Res CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002.
As normas ABNT NBR 15112 (2004), ABNT NBR 15113 (2004) e ABNT NBR
15114 (2004) tratam sobre o projeto, implantação, operação e disposição correta no
meio ambiente dos RCC sólidos da construção.
2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELOS RCD
A indústria da construção se utiliza de técnicas e materiais que mudaram ao
longo do tempo. O concreto, ainda que produzido com os mesmos materiais de anos
atrás (água, cimento e agregados) hoje contém diferentes produtos químicos
(aditivo) ou produtos minerais (adições) que podem gerar alguns efeitos nocivos ao
ambiente. A preocupação com o meio ambiente tem levado todas as indústrias a
repensar métodos e técnicas.
Neste contexto, o termo "sustentabilidade" vem para definir as ações realizadas
pelo homem objetivando suprir suas necessidades, garantindo os recursos utilizados
para tal sejam mantidos para as gerações futuras e sem agredir o meio ambiente.
(AGOPYAN e JOHN, 2011)
O uso de materiais reciclados na composição do concreto pode ser uma
excelente opção para a preservação dos recursos naturais envolvidos neste
processo, além de reduzir o lançamento dos RCD em áreas de deposição de
resíduos (GOLDSTEIN, 1995).
A construção tem, a cada dia mais, a necessidade de ser sustentável e atentar
para o conceito de “cadeia de gerenciamento integrada”, considerando assim o ciclo
de vida de um produto, ou material, garantindo que apenas uma pequena
quantidade de matéria-prima venha a ser descartada e garantindo, também, que a
24
reutilização e a reciclagem sejam maximizadas (PIETERSEN et al. 1998). Contudo,
vários estudos já apontam a dificuldade em se concluir satisfatoriamente o ciclo de
vida dos diversos componentes dos RCC.
Segundo KIBERT et al. (2000), isso se deve ao fato de que a grande maioria das
edificações e seus materiais componentes não são projetados para, posteriormente,
serem desmontados. Muitos destes materiais da construção civil apresentam grande
dificuldade de reciclagem, é o caso de madeiras laminadas, perfis plásticos
extrudados, entre outros.
A FIG. 2.1 traz a hierarquia na disposição dos RCD, o que permite avaliar o
grau de impacto ambiental causado pela disposição destes resíduos.
Dentro deste modelo hierárquico, nota-se que a redução, ou não geração,
destes resíduos apresenta-se como a melhor alternativa para redução dos impactos
ambientais., além de ser, do ponto de vista econômico, a melhor alternativa.
A reutilização de materiais, ou seja, a movimentação destes de uma aplicação
para outra, se mostra como um ótimo recurso na redução dos impactos, pois reduz a
quantidade de processamento do material e, consequentemente, gerando menores
gastos de energia.
Na sequência vem a reciclagem dos resíduos em novos produtos.
Como opções menos favoráveis encontram-se a compostagem, que se resume
na transformação da matéria orgânica em adubo de solo, a incineração, que permite
a extração de energia dos materiais e, finalmente, o lançamento em aterros (PENG
et al. 1997).
Como os resíduos gerados nas fases de construção e demolição geram entulhos
que necessitam de algum beneficiamento para serem reaproveitados, uma boa
solução para destino dos RCD acaba sendo a reciclagem, diminuindo assim a
quantidade de resíduos despejados no meio ambiente (RIUL, 2010).
No caso dos resíduos de demolição de concreto, o uso como agregados
reciclados permite a melhor utilização, constituindo a forma mais sustentável e
econômica para fechar ciclo de vida deste tipo de material (BARRA, 1996).
25
FIG. 2.1 - Hierarquia da disposição de RCD (PENG et al. 1997).
2.2.1 O CONSUMO DE RECURSOS NATURAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Alguns dados bastante relevantes foram levantados para dimensionar os
problemas gerados pela atividade da construção civil ao meio ambiente. Este setor
é responsabilizado, por exemplo, por cerca de 14% a 50% de todos os recursos
naturais extraídos todo ano no planeta (SJÖSTRÖM, 2000).
Segundo ANGULO et al. (2002), o consumo destes materiais no Brasil é de
cerca de 380 milhões de toneladas por ano.
Além dos recursos naturais minerados, é preciso mencionar a emissão de poeira
e gases tóxicos, especialmente na produção do cimento (JOHN,1997, PENTALLA,
1997). Apesar deste produto consumir uma menor quantidade de energia se
comparado à produção do aço, ou mesmo do plástico, para a sua produção utiliza-
se o cimento, e a manufatura deste material representa um dos maiores
consumidores de energia. Ainda, de acordo com o autor, são utilizados de 11% a
15% em peso de cimento em uma composição de concreto convencional.
SJÖSTRÖM (2000) mostrou que o setor da construção civil na Comunidade
Européia consome quase 40% do total de energia gerada e, ainda, é responsável
por cerca de 30% do total de emissão de CO2 na atmosfera.
De acordo JOHN (1997), o European Network of Building Research Institutes
(ENBRI) publicou que cerca de 4,5% do consumo total de energia na Europa é gasto
na construção civil e que 84% de todo este consumo ocorre na fase de produção de
materiais. O autor estima ainda que, no Brasil, o setor de construção civil consome
aproximadamente de 210 milhões de toneladas/ano de agregados de rocha natural
para a produção de argamassas e concretos.
26
2.2.2 A GERAÇÃO DE RCD E OS IMPACTOS AMBIENTAIS
Quando se fala em impactos ambientais causados pelo setor da construção civil,
a geração de resíduos sólidos é um ponto de extrema relevância, pois a geração de
RCD pode ser até duas vezes maior que os resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados
(JOHN,1997).
Os números que envolvem a geração de resíduos da construção civil são muito
assustadores e precisam servir de alerta para que sejam tomadas medidas urgentes
para frear o agravamento deste problema. Estão listados, a seguir, alguns índices
internacionais publicados:
• Estima-se que, anualmente, são gerados 2 a 3 bilhões de toneladas de RCD
em todo o mundo (TORRING, 1998; LAURITZEN, 1998).
• A Comunidade Europeia gera 480 milhões de toneladas de resíduos sólidos
inertes por ano e, deste total, cerca de 180 milhões são de resíduos de
construção e demolição com elevado potencial de reaproveitamento. Isso
equivale a aproximadamente 0,5 toneladas/habitante.ano apenas de RCD.
Atualmente, quase 50 milhões de toneladas de RCD são reaproveitados. Este
valor corresponde a 28% do total de RCD gerado. O resíduo restante é
incinerado e lançado em aterros (DORSTHORST e HENDRIKS, 2000).
• Nos Estados Unidos, para cada metro quadrado de área construída, são
gerados cerca de 20kg a 30kg de RCD. A produção anual de RCD é de cerca
de 31,5 milhões de toneladas, equivalente a cerca de 25% de todo RSU
produzido (PENG et al. 1997).
• Em 1991, na Alemanha, os valores de geração de RCD chegaram a 32,6
milhões de toneladas (BOSSINK e BROUWERS, 1996). Apenas na parte leste
da Alemanha, com aproximadamente 2,5 milhões de habitantes, são gerados
por ano 3 milhões de toneladas de RCD (MÜELLER e WINKLER, 1998).
• Na Holanda, em 1996, foram gerados cerca de 15 milhões de toneladas de
RCD, equivalendo a 1 tonelada/habitante/ano (PIETERSEN et al. 1998; LOO,
1998; VAN DER WEGEN e HAVERKORT, 1998; HENDRIKS et al. 1998).
27
• Na França, todo ano, são gerados aproximadamente 25 milhões de toneladas
de resíduo de demolição (QUEBAUD et al. 1996) o que corresponde a 50 % de
todo RSU gerado no país (QUEBAUD e BUYLE-BODIN, 1999).
• Em 1992, no Japão, foram produzidos 86 milhões de toneladas de RCD
(UCHIKAWA e HANEHARA, citados por BAZUCO, 1999). A geração dos
resíduos de concreto passaram de 25 milhões de toneladas, no ano de 1992,
para 71 milhões de toneladas, no ano de 1995 (BANTHIA E CHAN, 2000).
• Somente a cidade de Hong Kong, no ano de 2004, 22 milhões de toneladas de
RCD foram gerados. (POON, 2007).
• Na Finlândia, mais de 0,11 tonelada/habitante de RCD são gerados por ano e
todo este resíduo é depositado em aterros (PENTALLA, 1997).
• Na Suécia, 1,5 milhões de toneladas de resíduos de demolição são gerados
por ano, estes resíduos são constituídos principalmente de concretos e
materiais cerâmicos (KARLSSON, 1998, apud LEITE, 2001).
• A Itália gerou 15 milhões de toneladas de RCD no ano de 1997 (D’AMICO e
GARGANO, 1998).
• No Reino Unido, o setor da construção civil gera aproximadamente 109
milhões de toneladas de RCD a cada ano (DHIR et al., 2004a).
• Na Dinamarca, somente no ano de 1997, foram gerados 2,6 milhões de
toneladas de RCD, conforme a DANISH ENVIRONMENTAL PROTECTION
AGENCY (2000), apud GLAVIND e HAUGAARD (1998).
Os países que mais geram RCD são os desenvolvidos o em desenvolvimento,
pois estão em constante ampliação do seu ambiente construído, por isso tendem a
consumir uma maior quantidade de materiais de construção (JOHN, 1997).
Outra considerável fonte geradora de resíduos sólidos é a ocorrência dos
desastres naturais e das guerras. Em 1995, por exemplo, em Beirute, no Líbano, a
quantidade de resíduos sólidos espalhada por toda a cidade somava
aproximadamente 20 milhões de toneladas. Na Bósnia houve a geração de um
elevado volume de resíduos originados pela guerra. Em 1992, na Flórida, cerca de
100 mil residências foram totalmente destruídas pelo furacão Andrew (LAURITZEN,
1998). A devastadora tsunami, ocorrida em 26 de dezembro de 2004, destruiu quase
28
100.000 casa, gerando aproximadamente 300.000 toneladas de entulho, causando
um prejuízo de cerca de US$ 1,5 bilhões (WOLFE, 2005).
Os índices no Brasil não são menos alarmantes. ÂNGULO et al (2002),
mostraram que a geração de RCD nas cidades brasileiras chega a um total de 68,5
milhões de toneladas por ano. Em estudos apontados por PINTO (1999), para cada
metro quadrado de área construída, cerca de 150 kg de RCD são gerados. O autor
enfatiza, ainda, que o gerenciamento de resíduos no local da obra representa uma
ferramenta importante para que as empresas de construção civil assumam suas
responsabilidades com a destinação dos resíduo gerados no ambiente urbano.
A TAB. 2.3 traz os índices de geração de resíduos de algumas cidades
brasileiras.
TAB. 2.3 - A geração de resíduos em algumas cidades brasileiras.
Cidades População (milhões
de habitantes)
Geração de
Resíduo
(t/dia)
Resíduo/hab.
dia (kg)
São Paulo - SP 10,00 10866 1,08
Porto Alegre - RS 1,20 350 0,29
Salvador - BA 2,23 1700 0,77
Ribeirão Preto - SP 0,46 1043 2,26
São José do Rio Preto - SP 0,32 687 2,14
Jundiaí - SP 0,29 712 2,45
Santo André - SP 0,63 1013 1,60
Belo Horizonte - MG 2,01 1200 0,60
Vitória da Conquista - BA 0,24 310 1,29
São José dos Campos - SP 0,50 700 1,40
Guaratinguetá - SP 0,10 60 0,60
Taubaté - SP 0,23 230 1,00
Ubatuba - SP 0,06 49 0,82
Caçapava - SP 0,07 54 0,77
Pindamonhangaba - SP 0,12 66 0,55
Tremenbé - SP 0,03 9 0,27
Fontes: OLIVEIRA (2002) e LEITE (2001) apud OLIVEIRA; ASSIS; MATTOS (2004).
29
O fato de os RCD serem formados por materiais pesados e de grande volume os
torna foco para depósitos de outros tipos de resíduo, quando depositados
indiscriminadamente, e isto pode gerar contaminações devido à lixiviação ou
solubilização de substâncias nocivas, que vão para o solo, podendo chegar inclusive
nos lençóis freáticos. Além disso, os próprios resíduos de construção contêm, muitas
vezes, materiais de pintura, substâncias de tratamento de superfícies, amianto ou
metais pesados, que podem contaminar o solo (FEDERLE, 1997 apud PENG et al.
1997; TORRING, 1998; DORSTHORST e HENDRIKS, 2000). Por isso, ZORDAN
(2000) ressalta que os RCD podem ser classificados em quaisquer das classes
definidas pela ABNT NBR 10.004 (1997), dependendo da sua origem e dos
materiais constituintes.
2.2.3 IMPACTOS AMBIENTAIS LIGADOS À UTILIZAÇÃO DO RCD COMO
AGREGADO PARA CONCRETOS
A utilização de RCD como agregado para concreto proporciona redução na
utilização de rocha natural e, consequentemente, diminuição da exploração em
pedreiras, atenuando, assim, alguns dos impactos negativos causados por este tipo
de atividade.
Segundo MECHI (1999) as causas dos impactos negativos em áreas urbanas
relacionam-se principalmente a:
• falta de planejamento técnico dos processos de lavra e beneficiamento;
• inexistência de ferramentas (mecanismos) suficientes para o cumprimento da lei;
• escolha de técnica inadequada de mineração;
• fiscalização ineficiente da atividade pelos órgãos públicos;
• falta de conscientização dos mineradores e população.
Os principais impactos negativos relacionados à atividade de mineração são:
a) Poluição visual - A poluição visual é o primeiro efeito perceptível da
mineração ao meio ambiente (FIG. 2.2). Grandes crateras e lagos, paredões
expostos, grandes máquinas, equipamentos e áreas devastadas são produtos
30
da mineração em numerosos casos, impedindo sua posterior utilização. Nas
minas de maior porte, a recuperação da paisagem original é difícil ou
praticamente impossível. Porém, a degradação ambiental pode ser atenuada
ou até eliminada através da condução adequada das operações de lavra e de
um projeto de reabilitação, que leve em conta o destino futuro a ser dado à
área.
FIG. 2.2 – Paredões expostos e áreas devastadas. Morro da Colina, São Paulo/SP.
b) Ruídos e vibrações - O desmonte de material consolidado é geralmente
realizado através de explosivos, resultando, em consequência, ruídos e
vibrações quase sempre prejudiciais à tranquilidade pública. Tal questão é
agravada pela proximidade dos centros urbanos, visando à redução nos
custos de transporte, além do próprio crescimento urbano fazendo com que
as mesmas fossem gradualmente envolvidas pela urbanização. Nestes casos
o deslocamento de ar (air blast) causado por frequentes detonações e a
intensidade da onda de choque, que se propaga por toda a massa rochosa,
como mostra a FIG. 2.3, pode colocar em risco as construções situadas nas
vizinhanças, acrescido em menor escala pelos equipamentos, máquinas e
caminhões em todo o processo.
31
FIG. 2.3 - Detonação em pedreira no Rio de Janeiro, causando poeira, vibrações e
ruídos.
c) Poeira - A poeira tem origem nos trabalhos de perfuração da rocha e se torna
mais intensa nas etapas de desmonte, beneficiamento e transporte da
produção. Essa poeira apresenta uma fração muito fina, que fica muitas horas
em suspensão no ar, espalhando-se por extensas áreas. Esta poeira
suspensa pode causar inúmeros problemas respiratórios à população
atingida, além de alterações ambientais e estéticas. A FIG. 2.4 mostra as
instalações de beneficiamento (britagem, peneiramento, moagem e
embalagem), produtoras de quantidades muito grandes de poeira e de finos.
O despoeiramento das instalações de pedreiras e similares pode ser feito de
diversas maneiras, de acordo com cada caso.
FIG. 2.4 – Beneficiamento e poeira.
d) Erosão - A erosão é um processo que pode ocorrer tanto nas camadas
superficiais como nas mais profundas. Esta consiste na desagregação,
decomposição e transporte de partículas de solo ou rochas (GALETI,1979). A
erosão possui agentes causadores e consequências. Os agentes que
32
provocam o processo erosivo são: a chuva, o vento, o gelo, plantas e animais
(SALOMÃO e IWASA, 1995). Tais agentes podem atuar de forma conjunta ou
separadamente. Independente do agente, a erosão acontece em três fases,
que podem ou não ocorrer ao mesmo tempo. As três fases são:
desagregação, transporte e deposição (GALETI, 1979). A desagregação é
marcada pelo choque, pelo impacto do agente sobre a superfície do solo. No
caso da chuva, o impacto das gotas na superfície do solo causa uma
desagregação das partículas; quanto maior as gotas, mais partículas de solo
serão soltas. Assim como a intensidade da chuva interfere no grau de
desagregação das partículas de solo, o tipo de solo e a cobertura vegetal
também interferem nesse processo (GALETI, 1979). Na segunda fase,
acontece o transporte das partículas soltas. O tamanho da partícula, a
intensidade do agente, a topografia do terreno e a presença de vegetação são
fatores determinantes para a quantidade de material transportado. Com
relação ao tamanho das partículas, a interferência se dá na maneira como
elas são transportadas, isto porque as partículas finas, argila, são
transportadas em solução, enquanto o silte em suspensão. As partículas mais
grossas são empurradas ou roladas; neste movimento é gerado atrito entre as
partículas já desagregadas e a superfície do solo, o que provoca a
desagregação de novas partículas (GALETI, 1979). Por último, ocorre a
deposição ou assentamento, quando o agente perde sua força, o que pode
acontecer pela interrupção da ação do agente, ou pelo surgimento de um
obstáculo ao longo do caminho que o fluxo de transporte de material está
fazendo. São exemplos de obstáculos, áreas menos íngremes ou com mais
vegetação (GALETI, 1979). A erosão causa problemas e prejuízos tanto pela
retirada do material quanto pelo seu depósito. A retirada de material pode
desestabilizar taludes e encostas, como mostra a FIG. 2.5, provocando
desmoronamento trazendo risco à população. E a deposição pode causar
danos significativos ao sistema aquático assoreando os cursos de água
(SALOMÃO e IWASA, 1995).
33
FIG. 2.5 - Desmoronamento do talude no topo da cava final de uma pedreira da RMRJ. (OLIVEIRA, 1996).
e) Poluição das águas - A poluição das águas é causada pela desconstrução do
ambiente, tornando o solo livre, sendo este carregado pela água para os
canais de drenagem e corpos hídricos. Além disso, caso não haja um controle
ambiental adequado, podem ocorrer diversos tipos de poluição provenientes
do processo, como rejeitos sanitários e óleos das máquinas. O controle da
erosão tem que ser feito através de barragens para contenção e
sedimentação destas lamas. As barragens são muitas vezes os investimentos
mais caros em controle ambiental realizado pelas empresas de mineração,
tendo em vista que utilizam estruturas que dependem de obras físicas para
sua execução. Por outro lado, estas barragens servem também para
recirculação de água e podem não se consideradas investimentos exclusivos
de controle ambiental, podendo ser utilizadas, por exemplo, para o
reaproveitamento da água
f) danos estruturais nas residências no entorno da pedreira, no caso de áreas
urbanas, devido à intensa vibração proveniente das operações de desmonte
de rocha.
g) tráfego intenso de veículos pesados, carregados de minerais, causando uma
série de transtornos à comunidade, especialmente às mais próximas da área
de mineração, ocorrendo o aumento da poeira e a emissão de ruídos que
frequentemente deterioram as vias e elevam os níveis de ruído a que a
população está exposta;
34
Os impactos associados às etapas de produção de brita podem ser resumidos
em três momentos: as fases de limpeza do local de exploração, perfuração,
desmonte do maciço rochoso, desmonte secundário das rochas e carregamento dos
furos constituem o primeiro momento, a britagem primária e rebritagem, o segundo
momento, e a classificação final e expedição o terceiro, sendo esses: pesquisa e
lavra, tratamento e transporte. A TAB. 2.4 descreve os principais impactos negativos
e suas origens.
TAB. 2.4 - Quadro-resumo dos impactos ambientais por etapa de produção.
Bem mineral Estágios da Produção
Brita
Pesquisa e Lavra Tratamento Transporte
Vibração gerada pelo
desmonte da rocha
Ruídos, gases e poeiras
Ruídos gerados pelos
britadores e partículas em
suspensão no ar
Desmatamentos causando
erosão do solo
Geração de partículas
em suspensão
Escorregamentos
Aumento da turbidez das
águas e sólidos em
suspensão
Geração de partículas de
suspensão
Desgaste das vias de
acesso (da mina ao
consumidor final)
Assoreamento dos rios
Modificação da paisagem
Desvio e canalização de
drenagens
Destruição de habitats naturais e afugentamento da
fauna
Perda da biodiversidade do ambiente
Fonte: adaptado, MECHI, 1999.
As atividades de mineração são caracterizadas por apresentarem grande
capacidade de conturbar, danificar e, em certos casos, exaurir áreas de grande
extensão quase que por completo.
Neste cenário, a utilização dos resíduos de demolição como uma opção de
substituição da brita de rocha natural, possibilita uma redução importante, por menor
que seja, da exploração de pedreiras e rios, possibilitando, assim, uma redução dos
impactos ambientais negativos provocados por este tipo de empreendimento.
35
Alguns impactos, dentre os já citados, são mais evidentes na operação de uma
pedreira: a degradação da paisagem, a erosão e as poluições hídrica e aérea.
2.3 ASPECTOS GERAIS E ECONÔMICOS SOBRE OS RCD
ZORDAN (1997) definiu o resíduo de construção como sendo o "material
proveniente de atividades da construção civil, devido à construção de edificações,
reformas e reparos de residências individuais, edificações comerciais e outras
estruturas".
Os resíduos, de acordo com suas características físicas e químicas, devem ser
classificados do ponto de vista do risco ambiental, para que possam ter o destino
correto, bem como o seu manuseio adequado. No Brasil, a norma que trata da
classificação dos resíduos sólidos é a ABNT NBR 10004 (1987). Esta norma
classifica os resíduos de construção e demolição como resíduos da classe III –
inertes, tendo em vista o fato de que estes resíduos possuem componentes minerais
não poluentes e são praticamente inertes quimicamente (LEVY, 1997; TORRING,
1998, VAZ FILHO e CORDEIRO, 2000). Contudo, alguns estudos mostraram que
nem sempre isso é verdade absoluta. Em alguns casos, há a presença de materiais
considerados tóxicos e nocivos ao meio ambiente.
Além da destinação dos RCD, deve-se verificar a sua origem. No ciclo da
construção civil, o resíduo pode ter variadas fontes, conforme foram relacionados
por LEVY (1997):
• catástrofes naturais ou artificiais;
• demolição de estruturas ou pavimentos rodoviários de concretos ou de obras
que já atingiram a vida útil e se tornaram obsoletas;
• deficiências nos processos e sistemas construtivos.
Ainda, conforme se pode ver nas recicladoras existentes, a classificação pode
ser feita baseada no teor de impurezas existentes nos resíduos que são levados
para as usinas, ou com base no tipo de componente predominante no resíduo
(LIMA, 1999).
No trabalho feito por LIMA (1999), este propôs uma classificação para o RCD,
onde foram considerados os seguintes fatores: "os tipos diferentes de resíduo
disponíveis para a reciclagem; as especificações para os agregados reciclados em
36
seus usos atuais e potenciais; sistemas de classificação já disponíveis no Brasil e
exterior; condições de operação das centrais de reciclagem; experiências
estrangeiras onde a reciclagem já está implantada a mais tempo; e a necessidade
de consumir quantidades significativas de resíduos". Ainda propôs uma classificação
em seis tipos de resíduos de construção e demolição, descritas a seguir:
• Classe 1: Resíduo de concreto sem impurezas – material composto de
concreto estrutural, simples ou armado, com teores limitados de alvenaria,
argamassa e impurezas;
• Classe 2: Resíduo de alvenaria sem impurezas – material composto de
argamassas, alvenaria e concreto, com presença de outros inertes como areias,
pedras britadas, entre outros, com teores limitados de impurezas;
• Classe 3: Resíduo de alvenaria sem materiais cerâmicos e sem impurezas –
material composto de argamassa, concreto e alvenaria com baixo teor de materiais
cerâmicos, podendo conter outros materiais inertes como areia e pedra britada,
entre outros, com teores limitados de impurezas;
• Classe 4: Resíduo de alvenaria com presença de terra e vegetação – material
composto basicamente pelos mesmos materiais do resíduo classe 2, porém admite
a presença de determinada porcentagem em volume de terra ou terra misturada à
vegetação. Admite maior teor de impurezas;
• Classe 5: Resíduo composto por terra e vegetação – material composto
basicamente por terra e vegetação, com teores acima do admitido no resíduo de
classe 4. Admite presença de argamassa, alvenarias e concretos, e outros materiais
inertes, além de maior teor de impurezas que os anteriores;
• Classe 6: Resíduo com predominância de material asfáltico – material
composto basicamente de material asfáltico, limitando-se a presença de outras
impurezas como argamassas, alvenarias, terra, vegetação, gesso, vidros e outros.
Ressalta-se que em metade destas classes pode-se admitir uma maior ou menor
presença de impurezas, pois a cultura da reciclagem dos resíduos dentro da
indústria da construção ainda é pouco impregnada. Na medida em que a reciclagem
se alavanque e tenha incentivo do setor industrial, talvez se possa ter uma
classificação bem mais restritiva quanto à presença de impurezas.
37
2.3.1 COMPOSIÇÃO E ÍNDICES DE DESPERDÍCIOS NOS RCD
No estudo da composição dos RCD, devem ser considerados: a tipologia da
construção, as técnicas construtivas utilizadas, os materiais disponíveis na região e
os índices de perdas de materiais mais significativos.
2.3.1.1 AS PERDAS DE MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Dentre outros fatores, a ineficiência na gerência dos processos construtivos
causam grande parte das perdas na construção civil, principalmente devido à falta
de coordenação desde a fase inicial de implementação da obra até a fase final, bem
como na manutenção das instalações. Com a falta de padronização dos elementos
construtivos, falta de especificações técnicas, baixa qualidade no detalhamento dos
projetos, falta de gestão na aquisição, transporte, estocagem e manuseio dos
materiais, estes últimos acabam se traduzindo em perdas que geram custos extras e
afetam inclusive o meio ambiente (SOIBELMAN, 1993; FORMOSO et al. 1993;
FORMOSO et al. 1998; GRIGOLI, 2000).
Apesar desses custos extras com desperdícios serem levados em consideração
na fase de projeto, estudos têm demonstrado que os índices reais estão bem acima
dos índices lançados nos custos dos empreendimentos no setor da construção civil,
conforme já demonstrado por SOIBELMAN (1993) e FORMOSO et al. (1993 e
1998).
Outros estudos concluíram que grande parte das perdas relacionadas aos RCD
podem ser previstas com maior exatidão, reduzidas e até mesmo evitadas, caso se
aplique uma política de administração e controle de materiais, de forma que o
manuseio e a estocagem destes possibilitem a identificação e o controle das perdas
durante a construção. (SOIBELMAN, 1993; FORMOSO et al. 1993 e 1998).
Conforme levantado por FORMOSO et al. (1993), esses custos extras
relacionados às perdas são repassados diretamente ao consumidor final. Isto
provoca um acréscimo de cerca de 8% no custo final da obra. Apesar deste valor ser
considerado bastante significante, pode-se verificar que este percentual já foi bem
mais elevado. Em estudo realizado por PINTO (1990), foi verificado que, na década
de 80, os desperdícios de materiais na fase construtiva ficavam entre 50% e 70%.
38
Cabe ressaltar que a distribuição de perdas de materiais na construção civil está
ligada diretamente à geração de resíduos. A composição deste resíduo também
reflete a quantidades dos insumos com os mais elevados índices de desperdício no
setor.
A TAB. 2.5 mostra os índices mais usuais de perdas de materiais em alguns
países nos final dos anos 90. Analisando-se os resultados, nota-se que já naquela
época os índices de perdas de materiais eram bastante diferentes entre diferentes
países, inclusive em diferentes épocas de uma mesma cidade. Segundo CARNEIRO
et al. (2000), a quantidade e a composição dos RCD depende muito das matérias
primas disponíveis, além das técnicas e métodos utilizados no processo construtivo,
da qualificação da mão de obra utilizada, ou das técnicas construtivas empregadas.
TAB. 2.5 - Perdas percentuais na construção em algumas cidades.
Materiais Projeto
FINEP-BR1
Projeto
FINEP-
RS1
Soibelman
RS-BR2
Pinto
SP-BR3
Skoyles
UK3
Hong
Kong4
Perdas
usuais
Areia 44 28 46 39 - 15
Argamassa 116 - 91 101 5 15 15
Cimento 56 77 84 33 - 15
Concreto 9 9,7 13 1 2 11 5
Aço 10 13 19 26 5 - 20
Blocos e
Tijolos 13 25
Bloco: 28
Tijolo: 27 13
8
12 11 10
Tubos 15 46 - - - - -
Placas
Cerâmicas 14 11 - - - - -
Revest.
Têxtil 14 14 - - - - -
Fontes: (1) FORMOSA (1998); (2) SOIBELMAN (1993); (3) PINTO (1997); (4) BOSSINK e BROWERS (1996).
2.3.1.2 COMPOSIÇÃO DO RCD
A composição dos resíduos de construção depende intimamente da sua fonte
geradora, bem como da época na qual foi colhida a amostra analisada. O setor da
construção desenvolve diversas atividades geradoras de resíduos no canteiro de
obras, por isso a composição destes pode ter uma diversidade tão grande de
materiais. Além disso, uma edificação normalmente é composta por uma grande
39
variedade de componentes de materiais diversificados e, quando ocorre a
demolição, estas características ficam evidenciadas na composição do RCD gerado.
Todos estes fatores conferem ao material a ser reciclado uma composição
altamente heterogênea, o que dificulta a sua separação total (LEVY, 1997).
ZORDAN (2000) ressalta, também, que o RCD é um dos resíduos industriais mais
heterogêneos de todos e, ainda, que a composição química destes estará sempre
relacionada aos materiais que o compõem.
Ao analisar a composição do RCD na cidade de Petrolina, em Pernambuco,
SANTOS (2008) verificou a seguinte composição dos resíduos, conforme a FIG. 2.6.
FIG. 2.6 - Composição média dos RCD da cidade de Petrolina/PE em 2008.
Em pesquisa realizada por CABRAL (2007), foram reunidos dados sobre a
composição do RCD de diversas cidades brasileiras, levantados por autores
diversos. Estes dados encontram-se na Tabela 2.6.
TAB. 2.6 - Composição dos RCD de diversas cidades brasileiras.
Constituintes
São
Carlos
/SP
São
Paulo/SP
Porto
Alegre/RS
Ribeirão
Preto/SP Salvador/BA
Campina
Grande/PB Maceió/AL
Argamassa 63,7 % 25,2 % 44,2 % 37,4 % 53,0 %
28,0 % 27,8 %
Concreto 4,4 % 8,2 % 18,3 % 21,1 % 10,0 % 18,7 %
Material
Cerâmico 29,1 % 29,6 % 35,6 % 20,8 % 9,0 % 34,0 % 48,2 %
Cerâmica
polida 0,4 % - 0,1 % 2,5 % 5,0 % 1,0 % 3,1 %
Rochas,
Solos 0,1 % 32,0 % 1,8 % 17,7 % 27,0 % 9,0 % -
Outros 2,3 % 5,0 % - 0,5 % 6,0 % 18,0 % 2,3 %
40
Foi determinado por CARNEIRO et al. (2000) a composição do resíduo de
construção e demolição gerados na cidade de Salvador/BA, e o resultado pode ser
observado na FIG. 2.8. Como se pode verificar, a maior porção no resíduo avaliado
é de concreto e argamassa (53%). Se juntarmos esta porção com os materiais
cerâmicos e as rochas naturais, chega-se a uma parcela de 72% do total da
amostra, ou seja, 72% de todo o RCD desta cidade pode dar origem a agregados
com elevado potencial de reaproveitamento.
FIG. 2.7 - Composição do RCD da cidade de Salvador/BA.
LEVY (1997) pesquisou alguns índices de composição de RCD na cidade de
Hong Kong (China), e os relacionou com as seguintes fontes geradoras: trabalhos
rodoviários, sobras de demolição, escavações, sobras de limpeza e obras diversas.
Os resultados estão expressos na TAB. 2.7.
TAB. 2.7 - Componentes do resíduo de construção e suas fontes geradoras.
Componentes
Presentes
Fontes de Resíduo de Construção (%)
Trabalhos
Rodoviários Escavações
Sobras de
demolição
Obras
diversas
Sobras de
limpeza
Asfalto 23,5 0 1,6 0 0,1
Concreto simples 46,4 3,2 20,0 8,0 9,3
Concreto armado 1,6 3,0 33,1 8,3 8,3
Poeira, solo e lama 16,8 48,9 11,9 16,1 30,5
Pedra britada 7,1 31,1 6,8 7,8 9,7
Cascalho - 1,4 4,6 15,3 14,1
Madeira 0,1 1,1 7,1 18,2 10,5
Blocos de concreto 0 0 1,2 1,1 0,9
Tijolos maciços 0 0,3 6,3 11,9 5,0
Vidros 0 0 0,2 0,4 0,6
Papel e matéria org. 0 0,3 1,3 2,6 3,1
Tubos plásticos 0 0 0,6 0,4 1,1
Areia 4,6 9,6 1,4 3,2 1,7
Árvores 0 0,7 0 0,0 0,1
Metais 0 0,5 3,4 6,1 4,4
41
Os gráficos das FIG. 2.8 e 2.9 foram elaborados a partir da composição dos
resíduos provenientes de construção e demolição mais significativos da TAB. 2.5.
FIG. 2.8 - Composição média dos RCD da Cidade de Hong Kong, China.
FIG. 2.9 - Composição média dos RCD da Cidade de Hong Kong, China.
Observando os gráficos das FIG. 2.8 e FIG. 2.9, verifica-se que o percentual de
concreto nos restos de demolição é elevado, pois trata-se da demolição de
estruturas em concreto armado, enquanto nos resíduos provenientes de construção
esta quantidade é bem menor, pois é oriunda apenas de sobras de materiais em
desperdícios, ou das demolições de alguns pontos isolados de passagem de
conduítes, instalações provisórias, entre outros. Já a madeira, por ser mais utilizada
42
na confecção de formas para execução de vigas e pilares está muito mais presente
na fase de construção.
Tais índices estão intimamente relacionados com o tipo de construção e com as
técnicas e insumos utilizados na obra. No Brasil há um índice muito elevado de
utilização de materiais cerâmicos e argamassas, que não acontece nos índices
mostrados na Cidade de Hong Kong.
Tendo em vista que o número de demolições no Brasil ainda é pequeno, a
composição de RCD resulta na predominância de resíduos provenientes da fase de
construção ao invés da de demolição. Este fato está evidenciado nas quantidades
reduzidas de concreto e alvenaria observadas nas composições do RCD. É possível
observar, ainda, que os insumos com maior índice de perdas (ver TAB. 2.5) são os
dos materiais com elevado percentual na composição dos resíduos, o que denota
uma relação íntima da composição dos resíduos com as perdas de materiais.
Outro aspecto interessante, que pode ser observado nos gráficos das FIG. 2.8 e
FIG. 2.9, é a diferença no percentual de materiais inertes com potencial de
reaproveitamento, sendo cerca de 40% para os resíduos de construção e 70% para
os resíduos de demolição. Tais índices demonstram que os materiais com elevado
valor econômico estão sendo jogados fora todos os dias, em todo o mundo.
Mais dados sobre a composição do RCD de outros países podem ser vistos na
TAB. 2.8.
TAB 2.8 - Composição de RCD de países diversos.
Região % concreto % cerâmica Fonte
Espanha 29,3 44,6 Isabel Martinez, 2010
Alemanha 70 - Coronado, 2011
Japão 81,8 - V.W.Y. Tam, 2009
Holanda 40 - Coronado, 2011
2.3.1.3 AS IMPUREZAS NOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
Quando mencionamos a composição do RCD, deve ser dada especial atenção à
existência de contaminantes ou impurezas, pois estes materiais podem provocar
efeitos negativos na durabilidade e nas propriedades físicas e químicas do concreto
reciclado.
43
Consideram-se como impurezas ou contaminantes todos os materiais não
inertes que venham a prejudicar a qualidade dos concretos e argamassas
produzidos com os resíduos que os contenham (LIMA, 1999).
Dentro deste contexto, são considerados impuros todos os materiais contendo
solos argilosos, plásticos, vidros, resíduos de pavimentos betuminosos, metais,
madeira, gesso, refratários ou substâncias como areias industriais quimicamente
contaminadas, cloretos e álcalis, e estes podem levar a consequências indesejáveis
quando incorporados aos concretos e argamassas reciclados (HANSEN,1992).
Para avaliar os efeitos causados por alguns dos tipos de impurezas encontradas
nos RCD quando aplicados em concretos reciclados, foram desenvolvidos estudos
específicos, especialmente sobre as propriedades mecânicas. A seguir estão
discutidos um pouco mais detalhadamente alguns dos resultados encontrados.
a) MATÉRIA ORGÂNICA OU SOLOS ARGILOSOS
Esse tipo de contaminação pode estar presente tanto no agregado natural
quanto no reciclado, e os concretos com agregados contaminados com estes
materiais podem sofrer redução na resistência mecânica ou, ainda, podem sofrer
instabilidade quando expostos a gelo/degelo ou molhagem/secagem (HANSEN,
1992; LEVY, 1997).
As normas para agregados naturais indicam os limites de teor destes materiais,
e tais índices podem ser aplicados, também, aos agregados reciclados (HANSEN,
1992; LEVY, 1997). A norma ABNT NBR 7211 (1983), especifica os agregados para
concreto, e indica que o material a ser utilizado não deve apresentar solução mais
escura que a solução padrão, quando for submetido ao ensaio colorimétrico
prescrito pela ABNT NBR 7221 (1987).
A presença de solos argilosos no RCD é de difícil remoção, entretanto, pode ser
feita com o uso de sprinklers ou com o uso de peneiramentos sucessivos (HANSEN,
1992) e esta prática é possível devido à baixa densidade deste material (QUEBAUD,
1996). Deve ser dada uma atenção especial ao fato de que a presença deste tipo de
impureza é mais acentuada na parte mais fina do material reciclado. Neste caso, o
ideal é se realizar o descarte da fração fina do RCD.
44
b) PAVIMENTOS BETUMINOSOS
Os agregados com presença de material betuminoso, quando utilizados em
concretos, reduzem significativamente a resistência à compressão (QUEBAUD,
1996; BCSJ, 1992, apud HANSEN, 1992). Estudos mostraram uma redução de 30%
da resistência à compressão de concretos, quando foram adicionados 30% em
volume de asfalto no agregado do concreto (BCSJ, 1992, apud LEVY, 1997;
HANSEN, 1992). Além disso, o uso de agregados com material asfáltico pode
contribuir significativamente para expressiva incorporação de ar ao concreto
(HANSEN, 1992).
c) GESSO
O gesso é extremamente danoso ao concreto e a sua ocorrência nos resíduos
de demolição é bastante frequente. A presença do gesso no concreto provoca fortes
tensões internas que podem fissurar o concreto, estas tensões são provocadas pela
formação de etringita secundária, que tem propriedade fortemente expansiva. Este é
um importante fator que limita o uso de alguns agregados reciclados na produção de
concretos (GALLIAS, 1998; QUEBAUD, 1996; HANSEN, 1992, BANTHIA e CHAN,
2000). Antes do beneficiamento do RCD, o gesso deve ser totalmente eliminado da
composição pois, ao ser britado, este material transforma-se em partículas tão finas
que fica praticamente impossível removê-las dos agregados produzidos,
principalmente nas frações miúdas. Mesmo com a eliminação da fração miúda dos
agregados, ensaios de qualidade devem ser realizados para garantir que não se
tenha nenhum problema devido à existência de gesso na produção de concretos.
d) VIDRO
A presença de vidro pode originar a reação álcali-sílica na produção de
concretos com agregados contendo este tipo de material, mesmo com o uso de
cimentos com baixo teor de álcalis. Podem ocorrer expansão, fissuração e
diminuição da resistência do concreto (QUEBAUD, 1996; HANSEN, 1992).
Entretanto, para que ocorram as reações deletérias citadas são necessárias três
condições, a existência de agregados reativos, a presença de elevadas
concentrações de álcalis e ambiente com umidade superior a 80% (QUEBAUD,
1996).
45
e) METAIS
Os RCD normalmente possuem pequenas quantidades de aço ou pedaços de
arame incorporados, e estes podem causar manchas e alguns danos à superfície
dos concretos, especialmente na presença de cloretos (QUEBAUD, 1996; LEVY,
1997). Metais como zinco e alumínio podem causar desprendimento de íons de
hidrogênio no concreto fresco ou, ainda, a fissuração devido a ocorrência de
expansões no concreto endurecido (HANSEN, 1992). A remoção dos metais
presentes nos resíduos de construção e demolição deve ocorrer antes do
beneficiamento, de forma manual ou mecânica. Além disso, HANSEN (1992)
ressaltou que a característica dúctil dos metais implica na sua dificuldade de
fragmentação e de posterior remoção durante o beneficiamento.
f) CLORETOS
Os cloretos, quando incorporados nos concretos armados com agregados de
RCD, podem provocar problemas graves de corrosão das armaduras (QUEBAUD,
1996; HANSEN, 1992). QUEBAUD (1996) ressalta que agregados de RCD podem
ser contaminados por cloretos basicamente de duas formas, pela penetração de
íons cloreto nas estruturas, especialmente em áreas marinhas, pontes e estruturas
submetidas a sais de degelo, ou pelo uso de agregados provenientes de zonas
marítimas, ou em casos de aditivos aceleradores de pega feitos à base de cloretos.
Alguns cuidados no recebimento do RCD, como por exemplo a investigação de sua
origem, pode auxiliar no controle dos cloretos nos concretos produzidos com
agregados reciclados.
Além das impurezas citadas, são necessários cuidados especiais com o uso de
agregado reciclado de materiais que sofreram reações com álcalis ou sulfatos, bem
como quaisquer outros agentes físicos ou químicos, que possam influenciar
negativamente as propriedades dos concretos. É necessário evitar, também,
materiais contaminados por substâncias radioativas, tóxicas, com odores fortes, com
óleo ou substâncias químicas prejudiquem a pega, a trabalhabilidade ou as
resistências dos concretos (HANSEN, 1992).
A origem do resíduo é extremamente importante, pois determinará os tipos de
contaminantes ou impurezas que estarão incorporados na composição do resíduo.
Conhecer a origem do RCD permitirá avaliar se o material deve ou não ser utilizado
46
na produção de agregados reciclados para novos concreto, ou se deverá ser
descartado.
Do ponto de vista econômico, a retirada manual das impurezas existentes torna
o processo desvantajoso, principalmente quando se fala em grandes quantidades de
resíduos.
VAN DER WEGEN e HAVERKORT (1998) pesquisaram o efeito da prática de
lavagem sobre os agregados miúdos produzidos na Holanda e concluíram que este
processo pode reduzir expressivamente a quantidade de partículas finas de
materiais impuros presentes no agregado reciclado, inclusive promove a redução na
presença de cloretos e sulfatos.
Estudos mais aprofundados sobre o comportamento de agregados reciclados
que com algum tipo de impureza deverão ser considerados. A finalidade destes
estudos deve ser caracterizar e indicar os teores máximos permitidos de
contaminantes ou impurezas. Quando um ou mais tipos de contaminantes são
detectados nos agregados, deverão ser estudadas as propriedades que poderão vir
a ser influenciadas pela presença destes materiais.
2.3.2 ASPECTOS ECONÔMICOS
Os passos para se determinar a viabilidade econômica na reciclagem de RCD,
segundo a National Association of Home Builders (NAHB) apud PENG et al. (1997),
são:
• "identificar os materiais recicláveis";
• "determinar o custo/benefício da reciclagem";
• "desenvolver planos de gerenciamento de resíduos e incluí-los nos
documentos de contrato";
• "implementar o plano de gerenciamento de resíduos e treinar os contratantes e
funcionários";
• "monitorar e incentivar a participação de contratantes e funcionários."
Estes autores relataram, ainda, que o sucesso da reciclagem de RCD
dependerá das técnicas utilizadas no processo, da eficiência dos equipamentos
47
apropriados e, em igual importância, das equipes de trabalho utilizadas no
desenvolvimento das operações de reciclagem.
Outra característica da reciclagem é a difícil aceitação dos produtos reciclados
no mercado. Por este motivo, há a necessidade de incentivos políticos e fiscais para
a utilização de materiais e produtos reciclados (SIMPSON, 1999). Este mesmo autor
levantou alguns dilemas que se relacionam à indústria da construção civil e à
utilização dos agregados reciclados. A falta de especificações em relação ao
material e à sua origem gera resistência ao uso e impossibilita os fornecedores de
realizarem o beneficiamento do produto. Assim, mesmo se houver demanda, sem
beneficiamento o material reciclado não pode ser utilizado.
A análise econômica para a implantação de programas de reciclagem de RCD
deve levar em consideração os custos relacionados a instalação das usinas de
beneficiamento e dos pontos intermediários de coleta destes resíduos, assim como o
gerenciamento destes.
Os custos no processo de instalação de usinas de beneficiamento de RCD
podem ser elevados. O investimento deve ser planejado para longo prazo pois,
conforme relatado por PENG et al. (1997), no período inicial de implantação do
sistema, normalmente a produtividade é baixa, assim como a demanda para os
produtos reciclados ainda estão em desenvolvimento.
Quando se fala na adoção de usinas de reciclagem no setor público, o melhor
caminho para a geração de lucro no investimento pode até ser mais curto, pois na
gestão dos RCD poderá haver a redução ou a eliminação dos custos com limpeza
urbana destes dejetos e com a aquisição de agregados de rocha natural (PINTO,
1997). BRITO FILHO (1999) ressaltou, ainda, que o custo com a instalação de uma
unidade recicladora pode se amortizar em até 2 anos.
A seguir, a TAB. 2.9 relaciona vários municípios brasileiros que possuem
programas expressivos de reciclagem de resíduos.
48
TAB. 2.9 - Municípios com programa de gerenciamento de resíduos.
Município Programa
Belo
Horizonte/MG
Município pioneiro na implantação de política pública para gestão dos resíduos, em processo iniciado em 1993. Existem 23 Pontos de Entrega (URPV - Unidades para o Recebimento de Pequenos Volumes), duas Áreas de Reciclagem, uma área para produção de artefatos para a construção e uma Área de Transbordo e Triagem privada. O processo de educação ambiental é constante.
Curitiba/PR
O Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção esta instituído por Decreto Municipal (Dec 1068/2004).
Diadema/SP
O Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção está instituído e regulamentado (Lei 2336/2004 e Dec 5984/2005). Existem 4 instalações públicas para o recebimento de pequenos volumes (Pontos de Entrega) e uma instalação para reciclagem de madeira proveniente do RCD e dos móveis captados.
49
TAB. 2.9 - Municípios com programa de gerenciamento de resíduos (continuação).
Guarulhos/SP
O Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção está em implantação. Existem 11 instalações públicas para o recebimento de pequenos volumes (Pontos de Entrega), uma Área de Triagem pública, três Áreas de Transbordo e Triagem privadas, uma Área de Reciclagem privada e outra pública, e dois Aterros de resíduos.
Joinvile/SC
O Plano Integrado de Gerenciamento esta instituído por lei (Lei 5159/2004) e o município é atendido por uma Área de Transbordo e Triagem privada.
Rio de
Janeiro/RJ
O município opera com uma rede de EcoPontos (Pontos de Entrega) para recebimento de pequenos volumes e já instituiu, por Resolução Municipal (Res SMAC 387/2005) os procedimentos para apresentação dos Projetos de Gerenciamento de Resíduos, pelos geradores.
50
TAB. 2.9 - Municípios com programa de gerenciamento de resíduos (continuação).
Salvador/BA
Possui Plano de Gestão Diferenciada desde 1998, com 6 Pontos de Entrega para pequenos volumes (PDEs - Postos de Descarga de Entulho) em operação.
São
Bernardo/SP
Conta com Área de Reciclagem privada de grande porte, abastecendo o mercado regional com agregados reciclados.
São José do
Rio Preto/SP
O Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção está instituído e regulamentado (Lei 9393/2004 e Dec 12751/2005). Existem instalações públicas para o recebimento de pequenos volumes (Pontos de Entrega) e uma Central de Processamento de Resíduos, convênio entre a municipalidade e a associação das empresas transportadoras, que opera a triagem de todos os resíduos gerados no município, reciclando os resíduos classe A (concreto, alvenaria e outros) e madeira. A Central de Processamento inclui uma ação de parceria para a recuperação de jovens infratores.
51
TAB. 2.9 - Municípios com programa de gerenciamento de resíduos (continuação).
São Paulo/SP
O Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção esta em implantação. Existe um bom numero de instalações públicas para o recebimento de pequenos volumes (Pontos de Entrega - EcoPontos), uma Área de Reciclagem pública, diversas Áreas de Reciclagem privadas e Aterros, varias Áreas de Transbordo e Triagem privadas, e uma portaria do executivo (Port 6787/2005) que institui a LETP - Licença Especial a Titulo Precário, para a agilização do processo de licenciamento das ATTs privadas, consideradas como essenciais. As planilhas de compra municipais permitem a aquisição de agregados reciclados em obras públicas.
Uberlândia/MG
Conta com uma rede de áreas para o recebimento de pequenos volumes, duas Áreas de Transbordo e Triagem privadas e com um Aterro que opera exclusivamente com resíduos triados.
A reciclagem de RCD representa uma importante fonte de economia na
obtenção de materiais de construção. LIMA (1999) afirmou que o simples descarte
de resíduos é mais oneroso do que a reciclagem.
SOUZA (2010) levantou dados sobre os custos dos agregados graúdos e
miúdos, naturais e reciclados na região de Belém/PA, conforme a TAB. 2.10.
TAB. 2.10 - Custos dos agregados naturais e reciclados em Belém/PA.
Cimento AMN AGN AMR AGR
Custo Unitário (R$/ton) 440,00 17,66 37,23 7,13 16,69
AMN: Agregado Miúdo Natural / AGN: Agregado Graúdo Natural
AMR: Agregado Miúdo Reciclado / AGR: Agregado Graúdo Reciclado
52
Ao computarmos os valores gastos com gerenciamento de resíduos, a baixa
velocidade de esgotamento em aterros sanitários, os baixos gastos com transportes,
e outros, a economia gerada pela reciclagem pode ser ainda maior. Pode haver,
ainda, uma redução dos insumos básicos dos materiais de construção (areia e brita).
VAN ACKER (1998) mostrou que, na Europa, os custos com a britagem e o
beneficiamento dos agregados de RCD são, em valores, bem próximos aos mesmos
custos com os agregados naturais. Entretanto, o autor citou que a vantagem no uso
do RCD está diretamente ligada à redução nos custos com disposição e
gerenciamento dos resíduos.
De acordo com PINTO (1999), o gerenciamento de resíduos apresenta três
grandes vantagens: a melhor distribuição e organização do ambiente de trabalho,
pois o gerenciamento induz um comportamento melhor nos operários; o crescimento
institucional, pois organização e reciclagem são ótimos promotores de venda de
produtos; e uma economia para a empresa, pois reciclar é mais barato que
descartar. Tal comparativo pode ser observando nos valores apresentados nas TAB.
2.11 e 2.12.
TAB. 2.11 - Custos usuais quando não há gerenciamento e reciclagem dos resíduos.
Custos (R$/m3)
Cidades brasileiras
São
Paulo/SP
Belo
Horizonte/MG
Salvador/BA Goiânia/
GO Fração mineral perdida do RCD
(1) (2) 66,87 63,40 72,33 71,40
Remoção de resíduos 16,00 12,00 12,00 9,00
Total 82,87 75,40 84,33 80,40
(1) Composição estimada de 65% de argamassa, 29% de cerâmica, 6% de concreto e outros
(2) Somente o material descartado é considerado Fonte: PINTO (1999).
Observa-se na TAB. 2.11 que o custo estimado de remoção do RCD foi
substituído pelos limites dos custos da reciclagem e, ainda, houve a adição do valor
do resíduo reciclado. PINTO (1999), em sua publicação, afirmou que a reciclagem
interna é, em todas as regiões do país, autossustentável no ponto de vista
econômico. Além das vantagens econômicas, existem também as vantagens
oriundas dos custos reduzidos pela não extração de agregados de rocha natural e
pela economia na remoção de resíduos. Assim, a amortização dos investimentos em
um projeto de reciclagem de resíduos pode ocorrer em um único empreendimento.
53
TAB. 2.12 - Custos estimados para reciclagem interna em canteiros de obras.
Custos (R$/m3)
Cidades brasileiras
São Paulo/SP Belo
Horizonte/MG
Salvador/
BA
Goiânia/
GO
Minério perdido do RCD (1) (2) 66,87 63,40 72,33 71,40
Limites dos custos da reciclagem
interna (3) 1,64 a 6,69 1,45 a 6,06 1,33 a 5,65
1,42 a
5,94
Valor do resíduo reciclado (4)
(crédito) -25,47 -18,10 -26,48 -25,50
Total 43,04 a 48,09 46,75 a 51,36 47,18 a
51,50
47,32 a
51,48
Redução de custos 48 a 42% 38 a 30% 44 a 39% 41 a 35%
(1) Composição estimada de 65% de argamassa, 29% de cerâmica, 6% de concreto e outros
(2) Somente o material descartado é considerado
(3) Baixos custos para britadores de mandíbula e altos custos para moinhos de argamassas
(4) Considerando proporções variadas entre agregados graúdos e miúdos devido ao equipamento adotado
Fonte: PINTO (1999).
Pode-se estimar que a construção civil seja responsável pelo movimento de
mais de 90 bilhões de reais por ano no Brasil, gerando, aproximadamente, 62
empregos indiretos para cada 100 empregos diretos, de acordo com DIAS (2004).
Por meio de dados estatísticos, comprovou-se que a geração de resíduos
sólidos domésticos no Brasil é de 0,7 kg/habitante/dia. Deste total, de 41% a 70%
são oriundos de resíduos da construção civil, conforme JOHN (2000).
Os RCD podem ser constituídos por tijolos, gesso, madeiras, concreto em geral,
argamassa, pisos, entre outros, e são gerados nas atividades que envolvem
construções, reformas ou demolições.
Conforme POON (2001) e ESIN (2007), o percentual dos componentes do RCD
varia em função da época do ano, da região geográfica, do tipo de obra, entre outros
fatores. Dependendo do estágio em que se encontra a obra, a tendência é que haja
maior incidência de fragmentos de concreto, tijolos, aço, compensados, telhas,
vidros, metais, argamassas, materiais cerâmicos ou madeiras em sua composição.
Esses materiais podem apresentar características específicas que interfiram
diretamente nas propriedades mecânicas de concreto, como pode ser visto nos
trabalhos de ZORDAN (1997) e LEVY (1997). Estima-se, por exemplo, que a
cerâmica vermelha, a argamassa e o concreto correspondam a mais de 60% dos
RCD gerados no Brasil. Sobre os resíduos de cerâmica vermelha, os dados
estatísticos da TAB. 2.13 comprovam que, em média, correspondam a mais de 21%
54
do total dos RCD das cidades brasileiras (CABRAL, 2007). Ainda, os resíduos de
demolição de concreto chegam a representar, em média, uma parcela de mais de
39% de todos os RCD gerados no Brasil.
TAB. 2.13 - Composição do RCD de diversas cidades brasileiras.
Material Origem Concreto/
Argamassa
Solo Areia Cerâmica Rochas Outros
São Paulo/SP 33% 32% 30% - 5% Ribeirão Preto/SP 59% - 23% 18% -
Salvador/BA 53% 22% 14% 5% 6% Florianópolis/SC 37% 15% 12% - 36% Passo Fundo/RS 15% 20% 38% - 23%
Recife/PE 44% 23% 19% 3% 2% Uberlândia/MG 38,7%/22% 13% 24,3% - 2%
Rio de Janeiro/RJ 51,2% - 13,7% 29,2% 5,9%
Fonte: adaptado de CARNEIRO (2005) apud KARPINSK (2009).
A seguir, apresenta-se a TAB. 2.14 que traz a porcentagem de RCD em
relação à massa total de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) em alguns municípios
brasileiros e, também, em outros países (PINTO, 1999).
TAB. 2.14 - Porcentagem de RCD na massa total de RSU de diversas localidades.
Localidade % de RCD
Santo André/SP 54
São José do Rio Preto/SP 58
São José dos Campos/SP 67
Ribeirão Preto/SP 70
Jundiaí/SP 62
Vitória da Conquista/BA 61
Belo Horizonte/MG 54
Campinas/SP 64
Salvador/BA 41
Europa Oriental 66
Suíça 45
Alemanha >60
Bélgica >66
Estados Unidos 39
A TAB. 2.15 traz a composição percentual dos RCD para alguns municípios
brasileiros (CARNEIRO, 2005).
55
TAB. 2.15 - Composição do RCD para alguns municípios brasileiros.
Material
Localidade
São Paulo/SP Ribeirão
Preto/SP Salvador/BA Florianópolis/SC
Concreto e
Argamassa 33% 59% 56% 37%
Solo e areia 32% - 22% 15%
Cerâmica 30% 23% 14% 12%
Rochas - 18% 5% -
Outros 5% - 6% 36%
De acordo com a TAB. 2.15, o concreto e a argamassa representam uma maior
participação na composição do RCD. Estima-se que, no Brasil, esta quantidade varie
de 230 kg/hab/ano a 660 kg/hab/ano (PINTO, 1999). Estima-se que em outros
países a quantidade de RCD varie de 130 kg/hab/ano a 3000 kg/hab/ano (JOHN e
AGOPYAN, 2000).
Segundo os itens II à IV, da resolução nº 307 do CONAMA, a responsabilidade
pela disponibilização de áreas para destinação dos RCD é do município, assim
como as ações de fiscalização de deposições irregulares destes resíduos.
Grandes quantidades de entulho são, diariamente, depositadas irregularmente
em locais inapropriados em diversos municípios brasileiros. A FIG. 2.10 mostra a
quantidade total de destinações irregulares de RCD no final dos anos 90, em alguns
municípios brasileiros.
FIG. 2.10 - Deposições irregulares em municípios brasileiros.
56
2.3.3 ANÁLISE ECONÔMICA DA UTILIZAÇÃO DO RCD COMO AGREGADO
PARA CONCRETO
O principal fator que deve ser levado em consideração para a decisão de se
utilizar ou não o resíduo de demolição como agregado para novos concretos é a
relação "Custo x Benefício". Assim, deve-se analisar os gastos no beneficiamento
deste material até a sua utilização final, bem como os custos evitados de mineração,
transporte de agregados de rocha natural e lançamento do RCD em aterros
sanitários ou no meio ambiente.
Tendo em vista que, nos experimentos realizados neste estudo, apenas os
agregados graúdo, miúdo e finos sofreram variações de quantitativos nas dosagens,
verificaram-se apenas os custos relativos ao uso da rocha natural e do RCD para
que se chegue ao teor ótimo de RCD que proporcione o melhor custo x benefício
para a utilização de resíduos no CAA.
Estão descritas, a seguir, as variáveis representativas dos custos do CAA com
teor de RCD, bem como os valores aplicados para serviços e materiais necessários
à sua confecção, segundo o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil (SINAPI).
2.3.3.1 CUSTOS DOS AGREGADOS DE ROCHA NATURAL
Os custos de mineração, beneficiamento e transporte de brita de rocha foram
pesquisados na publicação do Panorama Mineral do Estado do Rio de Janeiro-2012,
divulgado pelo Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2012.
Assim, tivemos que o Preço Médio da tonelada de brita beneficiada no Estado
variou, de 1996 até 2011, conforme a TAB. 2.16.
TAB. 2.16 - Preço médio da brita beneficiada.
Ano Produção
Beneficiada (t) Valor da
Produção (R$) Preço Médio por Tonelada (R$)*
Investimentos (R$)
2001 13.699.089 183.150.535,00 13,37 3.630.321,00 2002 13.224.845 172.987.582,00 13,08 4.879.667,00 2003 11.653.163 148.208.705,00 12,72 15.553.901,00 2004 11.923.682 189.508.484,00 15,89 24.315.398,00 2005 12.369.895 156.543.007,00 12,66 7.867.171,00 2006 15.581.261 208.025.757,00 13,35 7.362.954,00 2007 17.509.416 278.406.873,00 15,90 18.709.677,00 2008 18.637.153 355.173.537,00 19,06 27.199.313,00 2009 17.421.050 361.151.540,00 20,73 33.400.530,00 2010 18.089.422 381.144.121,54 21,07 28.581.844,00
2011 19.703.404 436.430.398,60 22,15 28.581.844,00
Fonte: CAM/DRM, 2011 e AMB/DNPM, 2010.
57
O custo de transporte deste material varia, basicamente, com a distância entre
a usina de beneficiamento e o local da sua aplicação. Este custo deve ser calculado
de forma específica para cada empreendimento, entretanto, utilizou-se neste
trabalho uma estimativa do valor da brita empregada no concreto conforme a TAB.
2.17 para o estado do Rio de Janeiro, a qual considera o valor de venda deste
material próximo aos centros urbanos.
TAB. 2.17 - Preço médio por metro cúbico dos agregados no SINAPI.
Fonte Brita de rocha natural (R$/m3) Areia natural (R$/m3)
Nº 0 Nº 1 Nº 2 Fina Média Grossa
SINAPI-RJ (fev 2015)
R$ 89,14 R$ 89,14 R$ 80,00 R$ 69,90 R$ 69,90 R$ 75,00
Como os custos de transporte do agregado natural e de RCD não dependem
especificamente do tipo do agregado, mas sim da distância de transporte e das
características do maquinário utilizado para tal, estes valores representam o mesmo
preço médio, tanto para a brita graduada natural quanto para os agregados
provenientes do resíduo de demolição.
Verificou-se então o custo final do agregado reciclado para a utilização no CAA,
já considerando que este já tenha passado pelo processo de beneficiamento.
2.3.3.2 CUSTOS DOS AGREGADOS DE RCD
Para determinação do custo dos agregados de RCD após o beneficiamento, foi
levantado o custo da britagem do resíduo no local da obra, ou seja, considerando
que os restos de demolição da estrutura de concreto armado tenham sido levados
diretamente ao local da obra, para posteriormente passar pelo processo de
britagem.
Ressalta-se que o custo da demolição não foi levado em consideração para se
determinar o custo final do agregado reciclado, pois este custo é elevado quando
comparado ao custo da brita de rocha natural, ou seja, não compensa custear a
demolição de uma estrutura apenas com o intuito de reaproveitar o material residual.
A decisão da demolição de uma benfeitoria deve, sim, ser tomada baseada em
aspectos meramente técnicos e econômicos. Caso haja a necessidade de se
58
demolir tal estrutura deve-se, então, verificar a possibilidade de aplicação do RCD
em novos empreendimentos.
A TAB. 2.18 mostra os custos para britagem de material no local da obra,
levando em conta gastos com materiais e mão-de-obra. Tais custos foram retirados
do DNIT - Sistema de Custos Rodoviários, para o estado do Rio de Janeiro,
referente ao mês de novembro de 2014 e publicado em fevereiro de 2015.
TAB. 2.18 - Custos de britagem.
EQUIPAMENTOS Qtd
Utilização Custo operacional Custo horário
CÓD. DESCRIÇÃO Operativa Improd. Operativo Improd.
E010 CARREGADEIRA DE PNEUS - 3,3 m3 (147kW)
1 0,24 0,76 200,41 20,37 63,58
E225 CONJUNTO DE BRITAGEM - 80 M3/H 1 1 0 504,95 20,37 504,95
E504 GRUPO GERADOR 288 KVA 1 1 0 136,35 15,28 136,35
CUSTO HORÁRIO TOTAL DE EQUIPAMENTO DE BRITAGEM : 704,88
MÃO-DE-OBRA BRITAGEM Qtd Salário base horário
T512 ENCARREGADO DE BRITAGEM 1 38,17 38,17
T701 SERVENTE 8 11,40 91,20
ADICIONAL DE MÃO-DE-OBRA - FERRAMENTAS (15,51%) 20,07
CUSTO HORÁRIO TOTAL DE MÃO-DE-OBRA DE BRITAGEM : 149,44
CUSTO HORÁRIO TOTAL DE BRITAGEM : 854,31
PRODUÇÃO DA EQUIPE DE BRITAGEM (m3/h) : 66,0
CUSTO UNITÁRIO DE EXECUÇÃO : 12,94
MATERIAIS PARA BRITAGEM Un. Custo unitário Consumo Total
A963 PEÇAS DE DESGASTE BRITADOR 80M3/H Cj 152,95 0,0152 2,32
CUSTO TOTAL DE MATERIAIS DE BRITAGEM : 2,32
CUSTO UNITÁRIO TOTAL DIRETO DE BRITAGEM (por metro cúbico) : 15,27
MÃO-DE-OBRA PENEIRAMENTO Qtd. Salário base horário
T501 ENCARREGADO DE TURMA 0,5 26,47 13,24
T701 SERVENTE 5 11,40 57,00
ADICIONAL DE MÃO-DE-OBRA - FERRAMENTAS (20,51%) 14,41
BDI (26,7%) 22,60
CUSTO HORÁRIO TOTAL DE PENEIRAMENTO : 107,24
PRODUÇÃO DA EQUIPE DE PENEIRAMENTO (m3/h) : 5,0
CUSTO UNITÁRIO TOTAL DIRETO DE PENEIRAMENTO (por metro cúbico) : 21,45
CUSTO UNITÁRIO TOTAL DO BENEFICIAMENTO DO RCD (por metro cúbico) : 36,72
59
2.4 AGREGADO RECICLADO DE RCD
Algumas características são extremamente importantes de serem estudadas
para utilização de agregados em concretos, são elas a granulometria, a absorção de
água, a forma e a textura, a resistência à compressão, o módulo de elasticidade e a
presença de substâncias não inertes presentes nos materiais (MEHTA e
MONTEIRO, 1994).
Os agregados reciclados de RCD apresentam características específicas que
dependem dos materiais que dão origem a eles e do tipo de beneficiamento
utilizado, como por exemplo, o tipo de britador, os mecanismos para a retirada de
impurezas, entre outros (QUEBAUD e BUYLE-BODIN, 1999).
As principais diferenças entre o agregado reciclado proveniente de concreto e o
agregado de rocha natural estão na maior heterogeneidade, menor resistência do
concreto original, na maior porosidade e na elevada taxa de absorção de água
(BARRA, 1996). Tais características podem ser aplicadas a todos os tipos de
agregados reciclados de RCD disponíveis, tendo em vista que todos os
componentes reutilizáveis do RCD apresentam estas mesmas propriedades, em
maiores ou menores proporções.
HANSEN e NARUD (1983) em estudos realizados em concretos com agregados
reciclados de concretos de baixa, média e alta resistências, concluíram que quanto
maior a resistência do concreto original, menos afetadas são as características
mecânicas e físicas dos agregados reciclados produzidos, se comparados aos
agregados naturais.
Apenas uma caracterização sistemática dos agregados oriundos dos resíduos
de construção e demolição possibilitará uma melhor difusão da sua aplicação em
concretos. Conhecer o comportamento do material reciclado nas misturas de
concreto poderá resultar em produtos de qualidade aceitável e, possivelmente,
romperá as barreiras para o maior reaproveitamento dos RCD.
2.4.1 A COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA DOS AGREGADOS RECICLADOS
Os agregados reciclados costumam ter uma composição granulométrica um
pouco mais grossa que os agregados naturais, assim, possuem índice de forma
60
mais elevado do que os agregados de rocha natural. O tipo e a granulometria do
RCD, assim como o britador utilizado, influenciam a granulometria final dos
agregados reciclados (BAZUCO, 1999; LIMA, 1999, BANTHIA e CHAN, 2000).
O tamanho dos agregados exerce influência direta na trabalhabilidade dos
concretos, além de ser um parâmetro relevante para a dosagem das composições
dos concretos (BARRA, 1996). Conforme a autora, esta característica depende do
processo de produção do agregado.
Nas usinas de reciclagem Brasileiras, com britadores de impacto, cerca de 60%
em massa do agregado produzido é composto de materiais miúdos. Isso se deve,
também, ao tipo do resíduo utilizado (LIMA, 1999).
De acordo com LATTERZA e MACHADO Jr. (1999), foram realizadas diversas
análises no material reciclado oriundo da usina de reciclagem em Ribeirão Preto/SP
e constatou-se que aproximadamente 50% do material beneficiado passou na
peneira de abertura 4,8 mm e 70% do material graúdo ficou compreendido entre as
peneiras de 19 mm e 4,8 mm. ZORDAN (1997) encontrou percentuais parecidos
para amostras coletadas naquela mesma usina, mas em período diferente.
Para concretos produzidos com agregados reciclados de concreto, foi observado
que o tamanho dos grãos exerce uma influência considerável na resistência à
compressão, por conta da quantidade de argamassa que fica aderida na superfície
das partículas. Quanto maior o grão maior a existência de argamassa e,
consequentemente, maior a possibilidade de uma ligação mais frágil (TAVAKOLI e
SOROUSHIAN, 1996).
De acordo com MONTGOMERY (1998), as partículas de RCD menores que
0,150mm apresentaram uma maior probabilidade de ter partículas de cimento não
hidratadas na sua composição. Com base nesta informação, o autor ressalta que a
utilização destas partículas favorece o aumento da quantidade de cimento presente
no concreto produzido com estes agregados, o que pode resultar na redução da
aspereza das misturas, podendo, então, melhorar a trabalhabilidade e o aumentar a
resistência à compressão. Entretanto, não é possível prever na britagem de
argamassas a presença de grãos íntegros de cimento. Além do mais, pode ser
praticamente impossível medir a quantidade destes grãos íntegros na fração fina do
RCD.
61
COLLINS (1998) mencionou que a fração miúda de RCD pode conter um nível
relativamente alto de materiais contaminantes e que seu uso como agregado poderá
prejudicar o desempenho dos concretos produzidos.
Um estudo realizado por LOO (1998) mostrou que os agregados reciclados de
concreto, separados nas frações abaixo de 1,0 mm, ao serem ensaiados para a
determinação do teor de cálcio e silício, mostraram que os valores de Ca e Si
aumentam para as partículas inferiores a 0,150 mm.
VAN DER WEGEN e HAVERKORT (1998) realizaram estudos utilizando
agregado miúdo proveniente de RCD de diferentes origens com o intuito de avaliar a
influência de uma lavagem dos grãos. A adoção da lavagem destes agregados fez o
teor de materiais finos, menores que 0,063 mm, reduzir de 10% para 1,9%, na
composição total do agregado reciclado original.
OGWUDA et al. (1998) realizaram estudos nas composições granulométricas de
60 amostras de agregados reciclados de 3 diferentes plantas de beneficiamento na
Inglaterra e mostraram que o material encontrava-se bem graduado, com formato
bastante semelhante a de agregados naturais e, de forma geral, houveram poucas
variações nos resultados entre os materiais de diferentes origens.
Devem ser tomados diversos cuidados especiais com a composição
granulométrica dos agregados reciclados, de forma a possibilitar a produção de
composições de concreto trabalháveis, com grau de compacidade aceitável e que
permitam melhores desempenhos técnicos, além da redução do custo destes
concretos produzidos com agregado de RCD.
2.4.2 TEXTURA E FORMATO DAS PARTÍCULAS
A forma das partículas exerce influência elevada na produção de concretos,
principalmente sobre a compacidade, trabalhabilidade, quantidade da água de
amassamento necessária à mistura e ângulo de atrito interno (COUTINHO, 1997).
A textura dos agregados de RCD é, normamente, mais porosa e rugosa do que
a dos agregados naturais. De acordo com HAMASSAKI et al. (1996), a superfície
dos agregados de rocha natural pode ser classificada como polida e a dos
agregados reciclados como áspera. Tanto a argamassa aderida às partículas do
material, como o próprio material cerâmico, conferem ao agregado reciclado tal
62
aspereza. A rebritagem do material pode favorecer a redução da porosidade do
mesmo, especialmente no caso do agregado reciclado de concreto, pois este
processo ajuda a diminuir a quantidade da argamassa na superfície (MOREL et al.,
1993). Entretanto, o custo do beneficiamento pode aumentar consideravelmente.
Além da rugosidade, os agregados reciclados de concreto, após britados,
tendem a formas bastante angulares, com superfícies específicas maiores que as
dos agregados naturais. Este fato resulta em uma maior fricção interna dos
agregados reciclados, dificultando a trabalhabilidade do concreto fresco, o que
requer maior quantidade de argamassa para melhorar a trabalhabilidade
(RASHWAN e ABOURIZK, 1997).
HANSEN (1992) concluiu que os materiais finos reciclados são mais grossos e
mais angulares que o necessário para a produção de uma mistura de concreto
satisfatória.
Por outro lado, PIETERSEN e FRAAY (1998) apontaram que o comportamento
hidráulico e a textura rugosa dos agregados reciclados causam boa aderência
existente entre os componentes e a pasta de cimento. Tanto a textura superficial,
como o tamanho da partícula e a forma do agregado são apontados por SAGOE-
CRENTSIL et al. (1998) como fatores importantes que influenciam positivamente na
aderência entre o agregado e a matriz do concreto.
KIKUCHI et al. (1998) estudaram agregados graúdos reciclados obtidos a partir
da britagem de estruturas de concreto com diferentes resistências e evidenciaram
que as partículas dos agregados reciclados destas estruturas eram mais
arredondadas à medida que diminuía a resistência do concreto original.
Todas as características dos agregados reciclados até agora discutidas são
consequência do material de origem e do tipo de britador utilizado no beneficiamento
do material.
LIMA (1999) ressaltou que devem ser tomados alguns cuidados com a forma
dos agregados reciclados na produção de concretos, especialmente com relação ao
teor de partículas com formatos muito irregulares presentes nas amostras de
agregado. Estes cuidados devem ocorrer para que não sejam usados agregados
com alto teor destas partículas e,consequentemente, que os grãos dos agregados
não sejam extremamente grandes e longos.
63
É interessante salientar que o agregado reciclado, ao ser incorporado ao
concreto, torna a mistura bastante coesa e, consequentemente, com reduzida
trabalhabilidade se comparado a um mesmo concreto com agregado natural. Existe
uma grande desvantagem no uso de agregados reciclados, pois seus grãos
necessitam de mais pasta de cimento para se alcançar misturas mais trabalháveis e,
portanto, possuem um custo elevado de cimento.
O material reciclado, por promover melhor absorção da pasta de cimento pela
superfície do agregado, quando comparado à brita natural, pode proporcionar maior
precipitação dos cristais de hidratação nos poros do agregado, o que permite um
melhor fechamento da zona de transição do concreto, tornando a sua matriz,
juntamente com o agregado, um bloco único, melhorando a resistência final do
concreto.
2.4.3 MASSA ESPECÍFICA
Tanto a massa específica quanto a massa unitária dos agregados reciclados
costumam apresentar valores menores que os dos agregados naturais utilizados na
produção de concretos.
BAZUCO (1999) observou que os valores de massa específica dos agregados
reciclados são entre 5% e 10% mais baixos que os dos agregados naturais,
podendo estes números variar um pouco, conforme a origem, o processo de
britagem e a granulometria do material.
Conforme HANSEN (1992), os valores de massa específica de agregados
reciclados de concreto variam entre 2.120 kg/m3 a 2.700 kg/m3. O autor relatou que
os resultados da massa específica da argamassa reciclada de concreto
apresentaram valores que ficaram em torno de 2.000 kg/m3. Assim, o autor concluiu
que a origem do concreto pouco interfere no valor da massa específica do agregado
de RCD e que esta é geralmente mais baixa que a dos agregados naturais, pois a
argamassa deste RCD aderida às partículas do agregado reciclado de concreto
contribui diretamente para a redução da massa específica do concreto produzido.
O agregado graúdo de concreto demolido, utilizado no trabalho desenvolvido por
TOPÇU e GÜNÇAN (1995), apresentou valor de massa específica igual a
2.450kg/m3 para partículas com dimensões variando de 8 mm a 31,5 mm.
64
No trabalho de caracterização dos agregados de reciclados desenvolvido por
CARNEIRO et al. (2000), a massa específica encontrada para os agregados foi
entre 2590 kg/m3 para a fração miúda e 2190 kg/m3 para a fração graúda, enquanto
a massa unitária foi de 1300kg/m3 para o agregado miúdo e 1070 kg/m3 para o
agregado graúdo.
DESSY et al. (1998), ao estudarem os agregados reciclados, encontraram
valores de massa específica que estão apresentados na TAB. 2.19. Os valores
apresentados são menores que os normalmente encontrados para os agregados
naturais de mesma dimensão, correntemente utilizados na produção de concretos.
Conforme os autores, a redução da massa específica para as frações mais finas
acontece devido a maior quantidade de argamassa original existente nesta fração.
Assim, segundo os autores, existe uma tendência internacional em se limitar a
quantidade de pasta de cimento na composição do agregado reciclado, pelo limite
de aceitação deste material, baseado na massa específica encontrada.
TAB. 2.19 - Massa específica de agregados de concreto.
Frações γS (kg/m3) γSSS (kg/m3)
0mm - 4mm 2214 2394
4mm - 7mm 2238 2361
7mm - 16mm 2335 2453
γS - massa específica do material seco
γSSS - massa específica do material saturado superfície seca
Fonte: DESSY et al. (1998)
BARRA (1996) realizou um estudo com agregados reciclados oriundos de
concreto e de material cerâmico, e os valores encontrados de massa específica
estão apresentados na TAB. 2.20. Tais resultados demonstram que, quanto mais
poroso o material, menor será a massa específica.
TAB. 2.20 - Massa específica de agregados reciclados.
Componente reciclado Frações γS (kg/m3) γSSS (kg/m3)
Concreto 12mm - 20mm 2270 2427
6mm - 12mm 2238 2406
Material cerâmico 12mm - 20mm 1870 2141
6mm - 12mm 1866 2135
γS - massa específica do material seco
γSSS - massa específica do material saturado superfície seca Fonte: BARRA (1996)
65
BANTHIA e CHAN (2000) ressaltaram que, devido à menor massa específica
apresentada pelos agregados reciclados, em determinadas situações eles podem
ser usados como agregados semi-leves.
Em trabalho desenvolvido por TOPÇU e GÜNÇAN (1995), os agregados
graúdos reciclados de concreto possuíam massa unitária igual a 1160kg/m3,
enquanto a massa unitária para os agregados naturais permaneceu entre 1300kg/m3
e 1750kg/m3.
ZORDAN (1997), em estudo utilizando agregados reciclados de RCD,
encontrou valores de massa unitária para agregados reciclados e, posteriormente,
ZORDAN et al. (1999) apresentaram as massas específicas do agregado graúdo e
miúdo para estas mesmas amostras coletadas. Os resultados podem ser vistos na
TAB. 2.21.
TAB. 2.21 - Massa unitária de agregados reciclados de composição mista.
Faixa Granulométrica D < 4,8mm 4,8mm < D < 38mm
Amostra γ (kg/m3)(1) δ (kg/m3)(2) γ (kg/m3)(1) δ (kg/m3)(2)
A 2540 1400 2010 1090
B 2500 1370 1940 1000
C 2420 1430 2010 1120
D 2540 1410 2090 1160
D - Diâmetro do agregado
γ - massa específica do agregado reciclado
δ - massa unitária do agregado no estado solto
Fonte: (1) ZORDAN et al. (1999); (2) ZORDAN (1997)
O autor LATTERZA (1998) realizou ensaios de massa específica e massa
unitária dos agregados graúdos reciclados com diâmetro máximo de 9,5 mm no
estado solto e no estado compactado e encontrou os seguintes resultados:
1100kg/m3 para a massa unitária do agregado no estado solto e 1270kg/dm3 para a
massa unitária do agregado no estado compactado e, ainda, 2450kg/dm3 para a
massa específica do agregado graúdo reciclado.
Os valores de massa específica e massa unitária encontrados na bibliografia
são sempre muito variáveis, mesmo em materiais reciclados de composição muito
semelhante. Isto pode ser explicado baseado em dois aspectos: primeiro pela
66
própria composição original do material, o tipo de beneficiamento utilizado e a
granulometria, que tendem a interferir na densidade dos agregados reciclados., e o
segundo é em relação ao método utilizado na caracterização destes materiais.
É necessário conhecer a massa específica e a massa unitária dos agregados
antes de realizar o estudo de dosagem na composição dos concretos. De acordo
com os valores apresentados neste estudo, conclui-se previamente que existe a
necessidade em se realizar uma compensação pela quantidade de material
reciclado utilizado nas misturas de concreto ao se utilizar composições de concretos
convencionais para a confecção de concretos reciclados.
2.4.4 ABSORÇÃO DE ÁGUA
A taxa de absorção de água, para os agregados de rocha natural, não exerce
praticamente nenhum tipo de influência nas composições de concreto, pois os
agregados apresentam quase nenhuma porosidade. Já na utilização dos agregados
reciclados para produção de concretos, a influência da absorção de água se torna
uma relevante preocupação, pois este material apresenta elevada porosidade em
relação aos agregados naturais normalmente utilizados.
A quantidade de água que o agregado reciclado pode absorver varia de acordo
com alguns fatores como a condição umidade inicial do agregado, o tempo de
permanência deste com a água, a ordem com que os materiais são lançados no
momento da mistura do concreto, entre outros (BARRA, 1996).
BARRA (1996) forneceu observações a respeito da absorção de água dos
agregados graúdos reciclados quando estes são adicionados, durante a mistura,
diretamente à pasta de cimento, ou lançados na argamassa. A autora menciona que
a absorção não ocorre de forma uniforme, esta se dará principalmente na zona de
transição entre a pasta e o agregado ou, ainda, entre a argamassa e o agregado,
causando variações na relação água/cimento da mistura de concreto, havendo,
então, um gradiente crescente da superfície do agregado até a pasta, ou
argamassa.
Numa dosagem de concreto, as características do agregado, bem como a
consistência da pasta, são de fundamental importância na definição da quantidade
de água absorvida pelo agregado. Quanto mais poroso, seco e de menor dimensão
67
for o agregado, e quanto maior for a fluidez da pasta, ou argamassa, maior deverá
ser a quantidade de água absorvida. Entretanto, se o agregado seco for
primeiramente misturado à água, ocorrerá maior absorção pelo agregado antes da
mistura do concreto e, consequentemente, diminuirá a probabilidade de o agregado
absorver água da mistura, já que os grãos já estarão praticamente saturados, assim,
poderá ocorrer o fenômeno inverso, que o agregado saturado perder parte da água
absorvida para a matriz do concreto.
MACHADO Jr. e AGNESINI (2000) mostraram que a elevada absorção dos
agregados reciclados promovem o efeito de “cura úmida interna”, e esta é uma das
propriedades dos agregados leves com alto poder de absorção como a argila
expandida (NEVILLE, 1995).
Diversos autores admitem que a taxa de absorção dos agregados reciclados é
elevada e afirmam que este fato se deve à argamassa aderida aos grãos, no caso
do agregado reciclado de concreto (HANSEN, 1992; BARRA, 1996; LEVY, 1997;
ZORDAN, 1997; BAZUCO, 1999, BANTHIA e CHAN, 2000; LIMBACHIYA et al.,
1998). LEVY(1997) também afirmou que quanto maior a presença de materiais
cerâmicos na composição dos agregados reciclados, maior será a absorção de
água.
A Building Contractors Society in Japan (BCSJ, 1992) apud HANSEN (1992)
encontrou valores de absorção entre 3,6 % e 8 %, para os agregados reciclados
graúdos, e entre 8,3 % e 12,1 %, para os agregados reciclados miúdos, sendo
ambos originários de concreto demolido. No estudo realizado por HANSEN e
NARUD (1983), foi encontrada taxa de absorção de 8,7%, para os agregados entre
4 mm e 8 mm, e de 3,7 %, para os agregados entre 16 mm e 32 mm.
Foram encontradas, por QUEBAUD (1996), taxas de absorção de água de
12,2% para agregados miúdos e 5,8% para agregados graúdos, ambos reciclados
obtidos a partir de concretos e argamassas, todos com relação a/c entre 0,4 e 1,2.
Para os agregados reciclados oriundos de concreto, os valores variaram entre 6% e
7%, já para os agregados reciclados de argamassa, estes valores estiveram entre
15% e 17%.
Em trabalho feito por TOPÇU e GÜNÇAN (1995), foram medidas as taxas de
absorção dos agregados graúdos reciclados durante o tempo de 30 minutos, e a
absorção alcançou o índice de 7%.
68
Em estudo realizado por BAZUCO (1999), com agregados reciclados
provenientes de concreto, a taxa de absorção média de água, medida durante 24
horas, foi de 8,5% e verificou-se, ainda, que quase toda água foi absorvida nos
primeiros 30 minutos do contato do agregado reciclado com a água.
BARRA (1996) encontrou, em seu estudo, valores de taxa de absorção para os
agregados reciclados conforme a TAB. 2.22. Pode-se observar que, quanto menor o
diâmetro dos grãos e maior a porosidade do material, maior foi a taxa de absorção
de água.
TAB. 2.22 - Taxas de absorção de agregados reciclados em função do tipo de componente e da granulometria.
Componente reciclado Frações Absorção1 (%)
Concreto 12mm - 20mm 6,9
6mm - 12mm 7,5
Material cerâmico 12mm - 20mm 14,5
6mm - 12mm 14,4
1 - Capacidade de absorção do material calculada em função da massa do material seco em estufa
Fonte: BARRA (1996)
DESSY et al. (1998) encontraram, em seus estudos, valores de taxa de
absorção para os agregados reciclados variando com a granulometria, conforme a
TAB. 2.23. Os resultados comprovam a existência de uma maior quantidade de
pasta de cimento nas frações menores.
TAB. 2.23 - Taxas de absorção de agregados reciclados de concreto em função da
sua granulometria.
Frações Absorção (%)
0mm - 4mm 8,2
4mm - 7mm 5,4
7mm - 16mm 4,7
Fonte: DESSY et al. (1998).
De acordo com os estudos de TAVAKOLI e SOROUSHIAN (1996a), a taxa de
absorção dos agregados de RCD fornece indicativos a respeito da quantidade de
argamassa aderida na superfície do agregado reciclado de concreto.
69
Em estudo com amostras de agregado graúdo reciclado, MACHADO Jr. et al.
(2000) encontraram taxas de absorção variando entre 7,9 % e 9,0 % para os
agregados reciclados com dimensões máximas características de 19,0 mm e
9,5mm, respectivamente. Os autores afirmaram que quanto menor a dimensão do
agregado maior será a absorção do material.
I&T (1999) apud LIMA (1999) concluiu que, após 5 minutos de imersão em
água, as amostras de agregado reciclado atingiram ao menos 95% da absorção
máxima. Assim, 5 minutos foi considerado o tempo de saturação necessário para se
efetuar a pré-umidificação dos agregados antes de misturá-los à pasta.
MAULTZSCH e MELLMANN (1998) analisaram a taxa de absorção de
agregados reciclados de RCD com granulometrias variadas e encontraram taxas
que variaram entre 4% e 10%. Os autores concluíram que após 10 minutos de
imersão dos agregados reciclados em água, a absorção foi de 70% a 95% do total
de água absorvida.
KNIGHTS (1998) concluiu que quase toda água necessária para a mistura do
concreto era absorvida pelos agregados reciclados durante a fase de pré-
umidificação. Assim, o autor sugeriu que somente a absorção do agregado reciclado
referente a 10 minutos de imersão em água é que precisa ser compensada no teor
de água total adicionado nas misturas de concreto reciclado, ao invés da taxa de
absorção relativa ao tempo de 24 horas de imersão. Este, então, foi considerado o
tempo suficiente para reduzir satisfatoriamente a alta absorção dos agregados
reciclados antes de incorporá-los à mistura do concreto.
VAN DER WEGEN e HAVERKORT (1998) utilizaram agregado miúdo reciclado
de variadas origens e avaliaram a influência da lavagem prévia dos grãos na
absorção de água. A adoção deste processo nos agregados britados fez a taxa de
absorção reduzir de 13% para 6%, enquanto a massa específica aumentou.
A taxa de absorção de água dos agregados reciclados é muito relevante
quando são utilizados em concretos, pois esta taxa elevada interfere diretamente na
relação a/c das misturas. Além disso, se não for considerada a absorção, além da
redução da relação a/c, haverá também uma diminuição considerável da
trabalhabilidade do material, deixando o concreto extremamente seco.
Quando se produz concretos com agregados reciclados, existe a necessidade
de se acrescentar mais água à mistura do que seria necessário de fossem utilizados
70
apenas agregados de rocha natural. Uma elevada quantidade de água a ser
incorporada na mistura acarretará no aumento da relação a/c e, consequente, na
redução da resistência mecânica do concreto endurecido. Logo, para manter a
resistência mecânica, haverá a necessidade de aumentar o consumo de cimento, o
que aumentará o custo do concreto produzido. Uma boa alternativa é a de
compensar parcialmente a elevada taxa de absorção dos agregados reciclados com
adição de superplastificantes à mistura, para minimizar os problemas com a
trabalhabilidade e, ao mesmo tempo, reduzir a relação a/c e a consequente
manutenção da resistência mecânica do concreto, entretanto, deve-se atentar para o
custo final do concreto reciclado com a adição deste componente.
2.4.5 MATÉRIA ORGÂNICA E MATERIAIS PULVERULENTOS
A presença de matéria orgânica nos agregados reciclados pode acarretar o
aumento do tempo de início de pega e, também, a diminuição da resistência inicial
do concreto reciclado, que se deve à formação interna de bolhas de ar na mistura.
Os ácidos orgânicos, formados a partir da matéria orgânica, combinam-se com
o hidróxido de cálcio liberado pela hidratação do cimento e diminuem o pH da
solução de contato com estes compostos, retardando e impedindo a posterior
hidratação. Além disso, pode ocorrer a instabilidade dimensional nos concretos
submetidos a ciclos de gelo-degelo, por conta da presença deste tipo de impureza
(DESSY et al., 1998).
O teor de finos presente nas misturas de concreto podem influenciar
drasticamente na quantidade de água necessária, o que pode provocar uma
diminuição da resistência mecânica. Além disso, a presença destas partículas
podem reduzir a resistência do concreto ao desgaste, especialmente por abrasão
(COUTINHO, 1997).
71
2.5 CONCRETO COM AGREGADO RECICLADO
2.5.1 DOSAGEM DE CONCRETOS COM AGREGADOS RECICLADOS
Para a produção do concreto com material reciclado como agregado, misturas
experimentais devem ser realizadas, do mesmo modo que tais misturas são feitas
para concretos convencionais.
Deve ser estabelecida uma quantidade de água suficiente para garantir uma
trabalhabilidade eficiente na mistura, desde que não ocorra excesso de água, fato
que pode comprometer o uso do cimento em quantidade necessária para se
alcançar a resistência desejada a um custo compatível.
Os agregados reciclados possuem uma maior presença de grãos finos, forma
mais lamelar dos grãos, maior rugosidade e elevada porosidade, e tais
características prejudicam consideravelmente a consistência do concreto dosado
com agregados de RCD. (TENÓRIO, 2007)
De acordo com BARRA (1996), existe a necessidade em se utilizar um sistema
de dosagem na produção de concretos com agregados de RCD que permita levar
em consideração a influência das propriedades dos agregados reciclados nas
propriedades do concreto produzido, pois o material reciclado possui uma variedade
de características muito diversas em relação ao material normalmente utilizado nos
concretos.
BANTHIA e CHAN (2000) relataram que pequenos ajustes nas dosagens dos
concretos reciclados podem ser realizados de forma a se obter propriedades
desejáveis para o novo concreto produzido.
Conforme FORSTER (1986), a melhor situação é aquela que conta com a
utilização da fração graúda e da fração miúda do agregado reciclado. Entretanto, o
autor ressaltou que a substituição de 15% a 30% em massa do material fino
reciclado pelo agregado miúdo natural já pode melhorar a trabalhabilidade do
concreto.
HANSEN (1992) e PIETERSEN e FRAAY (1998) concluíram que se até 30% dos
agregados naturais forem substituídos por agregados reciclados, não haverão
mudanças relevantes nas propriedades dos concretos se comparados a concretos
convencionais. Entretanto, BAZUCO (1999) afirmou que um teor de substituição de
72
abaixo de 50% dos agregados naturais por agregados reciclados não é o suficiente
do ponto de vista ambiental.
Desta forma, para produção de concretos com diferentes tipos de agregado
reciclado, é importante que sejam tomadas medidas prévias como a pré-
umidificação dos agregados reciclados, além da utilização de aditivos
superplastificantes que reduzam o transporte interno de água da pasta para o
agregado seco (QUEBAUD et al., 1999; PIETERSEN e FRAAY, 1998; HENDRIKS E
PIERTESEN, 1998).
2.5.2 PROPRIEDADES DO CONCRETO RECICLADO
2.5.2.1 MASSA ESPECÍFICA
A massa específica no concreto reciclado no estado fresco tende a ser menor
que a encontrada no concreto convencional, pois a menor massa específica do
agregado reciclado e a maior quantidade de vazios incorporada aos agregados
tendem a conferir a redução no valor desta massa específica. A influência deste
agregado reciclado na massa específica do concreto confere valores tais que o
concreto fica situado entre o limite de concreto leve e concreto convencional
(LATTERZA e MACHADO Jr., 1999). Segundo BAZUCO (1999), o concreto
reciclado pode ser caracterizado como intermediário, entre o concreto leve e o
concreto convencional.
É importante ressaltar que a diminuição gradual da massa específica do
concreto reciclado ocorre à medida que aumenta o teor de substituição do agregado
natural pelo reciclado. Da mesma forma, a quantidade de ar no concreto aumenta à
medida que o teor de substituição aumenta, contribuindo, então, para uma
diminuição da massa específica (KIKUCHI et al., 1993).
LEVY (1997), em seu trabalho, afirmou que pode ocorrer uma redução de 5% a
10% na massa específica do concreto reciclado quando comparado ao
convencional, devido à quantidade total de ar incorporado em concretos com este
material reciclado.
LATTERZA (1998), analisando misturas de concretos com agregados
reciclados com dimensões máximas de 19 mm e 9,5 mm, encontrou redução na
73
massa específica de concretos com substituição por 100 % de agregados graúdos
reciclados, em relação aos concretos com agregados naturais, de 4 % e 9 %,
respectivamente.
Além disso, cabe lembrar que a composição dos RCD também influencia o
valor encontrado na massa específica, pois quanto mais densos os materiais que
compõem o RCD, maior será a massa específica do concreto produzido com estes
materiais.
2.5.2.2 TRABALHABILIDADE
Dentre as propriedades inerentes ao concreto no estado fresco, a
trabalhabilidade pode ser uma das mais importantes, pois esta exerce grande
influência nas propriedades finais do concreto no estado endurecido.
Existe uma unanimidade em se afirmar que os concretos com agregados
reciclados apresentam um menor índice de consistência em relação aos executados
com agregados naturais, numa mesma composição. Esta afirmação se justifica na
elevada porosidade apresentada pelo agregado reciclado, fato que aumenta a
absorção de água e diminui a quantidade de água livre nas misturas (LEVY, 1997;
TOPÇU e GÜNÇAN, 1995; HENDRIKS E PIETERSEN, 1998).
BAZUCO(1999) indicou que a forma mais angular dos grãos dos agregados
reciclados é um fator que influencia na diminuição da trabalhabilidade dos concretos
produzidos com este material.
A utilização dos agregados miúdos reciclados reduz ainda mais a
trabalhabilidade do concreto. Se apenas o agregado graúdo de concreto é utilizado,
existe somente uma pequena variação entre trabalhabilidade dos concretos
reciclado e convencional (HANSEN, 1992).
A elevada taxa de absorção dos agregados reciclados é um fator
preponderante que resulta na heterogeneidade dos índices de abatimento nos
concretos reciclados (QUEBAUD e BUYLE-BODIN, 1999). Entretanto, estes
mesmos autores afirmaram que uma pré-umidificação dos agregados reciclados na
produção do concreto representa uma boa alternativa para a redução deste
problema. Além do mais, pode-se utilizar aditivos plastificantes ou
superplastificantes, porém o uso destes produtos incidirá no aumento do custo final
74
do concreto reciclado e este fato pode representar uma desvantagem econômica
oferecida por este concreto reciclado.
RASHWAN e ABOURIZK (1997) afirmaram que a trabalhabilidade dos
concretos com agregados graúdos e miúdos reciclados não depende principalmente
da água existente na mistura, como ocorre no concreto convencional, e sim da forma
e da textura dos agregados reciclados utilizados. Estas propriedades proporcionam
um maior travamento nas misturas de concreto, dificultando a movimentação das
partículas, que necessitarão de uma maior quantidade de pasta para atingir a fluidez
necessária.
HANSEN e NARUD (1983) compararam alguns concretos produzidos com
agregados reciclados, oriundos de demolição de concreto, com concretos
convencionais e então concluíram que os com RCD necessitam de 5% a mais de
água para atingir os índices de consistência alcançados pelos concretos
convencionais.
Além disso, os autores observaram que existe uma maior coesão entre as
partículas dos agregados reciclados e, por isso, a perda no ensaio de abatimento
dos concretos reciclados é mais rápida que a dos concretos convencionais.
A forma mais angular das partículas do agregado reciclado, bem como a
superfície mais áspera é um dos motivos da maior necessidade de água livre nas
misturas dos concretos. A maior coesão nestas misturas deriva do atrito entre as
superfícies ásperas dos agregados reciclados e do surgimento de finos observado
durante a mistura dos materiais do concreto, por conta da baixa resistência do
material. A perda mais rápida no abatimento do tronco de cone, observada nos
concretos reciclados, se deve à contínua absorção de água pelos agregados,
mesmo após terminada a mistura.
Em estudo com agregados reciclados oriundos de blocos cerâmicos para
produção de concreto reciclado, MANSUR et al. (1999) analisaram 4 traços de
concreto, com uma substituição total do agregado graúdo natural pelo agregado
reciclado, onde as relações a/c foram 0,3, 0,4, 0,5 e 0,6. Foram realizadas, inclusive,
misturas de referência com o agregado de rocha natural para comparação. Na
produção do concreto, os agregados reciclados foram imersos em água por 24 horas
e, após a secagem da sua superfície, foram utilizados na condição saturada
superfície seca.
75
As trabalhabilidades dos concretos no estado fresco, medida através do
abatimento do tronco de cone, está apresentada na TAB. 2.24.
TAB. 2.24 - Trabalhabilidade das misturas de concreto medidas pelo abatimento do tronco de cone.
Abatimento (mm)
Tipo de
concreto
Relação a/c
0,3 0,4 0,5 0,6
Referência 116 107 91 34
Reciclado 95 82 51 22
Fonte: MANSUR et al. (1999)
Observa-se que, mesmo com a compensação da absorção dos agregados
reciclados cerâmicos, os concretos reciclados apresentaram menores
trabalhabilidades do que os concretos de referência. O efeito da superfície rugosa e
a forma angulosa das partículas dos agregados reciclados devem ter exercido
influência sobre a trabalhabilidade, pois que estas características possuem a
capacidade de provocar um maior travamento, diminuindo assim a mobilidade entre
as partículas nas misturas de concreto.
Conforme DE PAUW et al. (1998), os agregados reciclados possuem a
característica marcante de alta porosidade, isto faz com que estes materiais
absorvam quantidades significativas de água no seu interior, que são retiradas da
mistura de concreto. Assim, os autores sugerem que a água presente no concreto
está subdividida conforme as EQ. 2.1 e 2.2:
Atot = Aagr + Aabs + Alivre (EQ. 2.1)
Aadd = Aabs + Alivre (EQ. 2.2)
Atot = água total da mistura de concreto
Aagr = água inicial presente no agregado
Aadd = água adicionada durante a mistura do concreto
Aabs = água absorvida pelo agregado durante a mistura do concreto
Alivre = água disponível na pasta de cimento durante a mistura do concreto
76
LIMBACHIYA et al. (1998) e DESAI (1998) concluíram que quanto mais
elevado o teor de substituição do agregado natural pelo agregado reciclado, maiores
serão as reduções no abatimento das misturas de concreto, ficando bem mais secas
e menos coesivas. Os autores apontaram, também, que tais problemas podem ser
contornados com a adição de fíler às misturas.
SAGOE-CRENTSIL e BROWN (1998), a partir de estudos feitos na Austrália,
concluíram que uma pré-umidificação dos agregados reciclados ou uma pré-mistura
a seco dos materiais durante a produção do concreto podem melhorar a
trabalhabilidade do mesmo.
Ainda, de acordo com esses autores, a água absorvida nos poros das
partículas do agregado reciclado e a água livre, juntas, correspondem ao teor de
água total da mistura e é esta água que influencia na trabalhabilidade, na retração
por secagem e na resistência dos concretos reciclados.
A trabalhabilidade dos concretos com agregados reciclados é sensível tanto ao
teor de água livre nas misturas quanto à sua relação areia/agregado. Apenas o
conhecimento amplo das características dos agregados reciclados pode vir a ajudar
na produção dos concretos reciclados com uma trabalhabilidade equivalente à
encontrada nos concretos convencionais.
Pelos resultados encontrados na bibliografia, conclui-se que não se conhece
um parâmetro único para orientar na produção dos concretos com agregados
reciclados, nem mesmo para se medir a trabalhabilidade deste material
satisfatoriamente. Assim, a trabalhabilidade do concreto reciclado deve ser alvo de
um estudo mais aprofundado com o objetivo de reduzir estas incertezas.
2.5.2.3 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Os agregados graúdo e miúdo, bem como os materiais finos, são igualmente
importantes na definição das propriedades do concreto nos estados fresco e
endurecido. Sabendo que estes agregados correspondem a cerca de 80% do
volume de toda mistura do concreto, pode-se afirmar que qualquer variação na
quantidade e nas propriedades deste material necessita ser acompanhado de um
estudo mais aprofundado.
77
De acordo com o estudo de COUTINHO (1997), a resistência do concreto
endurecido só não é influenciada pela resistência do agregado graúdo se a
resistência deste for muito superiores à resistência do concreto, como por exemplo
rochas com resistências maiores que 60 a 70 MPa, caso contrário, a resistência à
compressão dos agregados deve influenciar na resistência final dos concretos.
HANSEN (1992) publicou que os valores de resistência à compressão dos
concretos com agregados graúdos de RCD são de 5% a 20% mais baixos que os
encontrados na resistência dos concretos de referência. No Japão, a redução das
resistências de concretos reciclados varia entre 14% e 32% (BAZUCO, 1999).
MACHADO Jr. et al. (1998) mostraram que a absorção do agregado reciclado
pode reduzir o teor de água livre no concreto se o mesmo for utilizado seco, e assim
acarretará no aumento da resistência à compressão.
DOLARA et al. (1998) analisaram a resistência à compressão dos concretos
com 50% e 100% de agregado reciclado em substituição ao agregado natural, e a
influência do tipo de cura utilizado sobre os resultados obtidos. Assim, concluíram
que a cura úmida dos concretos reciclados proporciona um aumento de 10% na
resistência à compressão, quando comparados com os concretos curados ao ar.
A utilização de agregados miúdos reciclados parece afetar mais ainda a
resistência à compressão.
Na analise da resistência à compressão, alguns fatores como as propriedades
dos agregados reciclados, o teor de substituição destes e os valores de resistência
que se deseja alcançar, devem ser levados em consideração. Assim, para níveis
menores de resistência, as diferenças tendem a diminuir (BAZUCO, 1999).
TOPÇU e GÜNÇAN (1995) estudaram concretos com teores de 0%, 30%,
50%, 70% e 100% de substituição agregados naturais por agregados reciclados de
concreto demolido na produção de novos concretos e obtiveram reduções nos
valores de resistência para os concretos com até 80% de agregados de RCD.
Quanto mais baixos os valores de resistência do concreto reciclado, maiores
poderão ser os teores de substituição do agregado.
LIMBACHIYA et al. (1998) concluíram em seu estudo com amostras de
agregados reciclados de concreto que, quanto mais elevado o teor de agregado
reciclado utilizado na composição do concreto reciclado, menor será a resistência
alcançada pela mistura.
78
Para a obtenção de concretos com resistência à compressão maiores do que
as resistências do concreto que deu origem ao agregado reciclado, a baixa
aderência entre a argamassa do concreto antigo e o agregado original pode causar
a redução da resistência à compressão no concreto reciclado se compararmos com
o concreto de referência com uma mesma relação água/cimento.
Quando a resistência do concreto que originou o agregado reciclado for maior
que a do novo concreto, então o desempenho mecânico do concreto reciclado tende
a ser melhor (TAVAKOLI e SOROUSHIAN, 1996). Os autores concluíram ainda que
o aumento da perda por abrasão Los Angeles e da taxa de absorção dos agregados
de RCD podem levar à redução da resistência do concreto reciclado.
Contrariando as conclusões encontradas por TAVAKOLI e SOROUSHIAN
(1996), KIKUCHI et al. (1998) ressaltaram que é possível a produção de concretos
reciclados com maior resistência que a do concreto que originou os agregados
reciclados. É difícil a comparação destes resultados, pois os diferentes resultados
apresentados nestas pesquisas podem ser provenientes de uma falta de
padronização na execução dos concretos.
KASAI e FUJII (1989) relataram que as resistências à compressão de
concretos com agregados reciclados provenientes de concreto depende
especialmente da relação água/cimento, bem como da resistência do concreto
original.
Os agregados reciclados possuem grande porosidade e elevado teor de
absorção, características estas que podem proporcionar uma boa aderência à matriz
do concreto e, consequentemente, um ganho de resistência considerável entre as
primeiras idades e a idade de 28 dias (MACHADO Jr. e AGNESINI, 1999). Os
autores sugeriram ainda que existe um efeito importante de cura interna do concreto,
e esta é uma propriedade dos agregados que possuem alto teor de absorção.
SALEM e BURDETTE (1998) realizaram comparações entre os concretos com
agregado graúdo reciclado e miúdo natural e os concretos com agregados naturais,
e concluíram que a resistência dos concretos com agregado graúdo reciclado era
maior do que a do concreto convencional. Estes autores atribuíram este
comportamento do concreto reciclado ao formato mais angular dos grãos e à textura
áspera do agregado reciclado, que proporciona uma melhor aderência e um maior
travamento entre a pasta e o agregado, quando comparado ao agregado natural.
79
Além disso, uma outra causa apontada para o desempenho mais eficaz do concreto
reciclado foi o fato de que a maior absorção de água do agregado reciclado pode ter
ocasionado a diminuição da relação a/c do concreto.
RANVIDRARAJAH et al. (1987) prepararam composições de concreto com
agregados naturais e reciclados para as relações a/c de 0,3, 0,4, 0,5, 0,6 e 0,7, e
obtiveram a resistência à compressão de cada concreto. Estes autores encontraram
uma redução de 10% nos resultados dos ensaios de resistência à compressão dos
concretos com agregados reciclados e observaram, também, que o uso de agregado
miúdo de RCD, combinado ao agregado graúdo reciclado, causou uma maior queda
na resistência do concreto do que o uso de agregado graúdo reciclado com o miúdo
natural.
DESSY et al. (1998) estudaram concretos com substituição de 100% dos
agregados naturais pelos agregados reciclados, concretos com uma mistura que
substituía somente o agregado graúdo natural pelo reciclado e concretos com uma
mistura de referência, ou seja, sem a substituição dos agregados naturais, e com
relações a/c de 0,77, 0,69 e 0,66, respectivamente. Através dos resultados obtidos,
eles encontraram uma redução de cerca de 23% na resistência à compressão para o
concreto com 100% de agregado reciclado e uma redução de 13% para o concreto
que substituiu apenas o agregado graúdo.
SAGOE-CRENTSIL et al. (1998) encontraram perdas na resistência à
compressão de aproximadamente 13% nos concretos produzidos com agregado
graúdo reciclado e com agregado miúdo natural, e redução de até 32% nos
concretos produzidos apenas com agregados reciclados. Os autores atribuíram a
redução encontrada à maior utilização de água pelo concreto com agregado
reciclado em relação ao concreto convencional.
BARRA (1996) produziu misturas de concretos com agregados graúdos
reciclados de demolição de concreto, agregados graúdos reciclados cerâmicos e
agregados de rocha natura, e foram traçadas curvas de dosagem. Concluiu, então,
que os concretos reciclados obedeceram ao comportamento da Lei de Abrams.
Entretanto, conforme a relação a/c diminuía, o aumento na resistência para os
concretos reciclados era menor em comparação com o observado para o concreto
convencional.
80
DI NIRO et al. (1998) estudaram misturas de concreto com agregado reciclado
com teores de 0%, 30%, 50%, 70% e 100% de substituição do agregado graúdo
natural pelo agregado reciclado e concluíram que, conforme se aumenta o teor de
substituição pelo agregado reciclado, mais baixa fica a resistência à compressão do
concreto reciclado. Para o traço com 100% de substituição de agregado reciclado, a
redução na resistência foi de 20%, já para o concreto com 30% de substituição, a
redução foi de apenas de 4%.
MACHADO Jr et al. (2000) realizaram misturas de concreto reciclado utilizando
agregados graúdos reciclados de dimensões máximas iguais a 19,0 mm e 9,5 mm,
com teores de substituição de 0%, 50% e 100% de RCD. Os resultados obtidos não
apresentaram diferenças significativas em relação aos das duas graduações
testadas. Entretanto, os concretos reciclados apresentaram um aumento de 15% e
19% nos valores de resistência à compressão em relação aos encontrados nos
concretos de referência. Os autores atribuíram esse comportamento à elevada taxa
de absorção dos agregados reciclados, que não foi compensada durante a produção
dos concretos. Neste caso, mencionaram, a possibilidade de “cura úmida interna”
causada pelo agregado reciclado durante o endurecimento do concreto, fenômeno
característico dos agregados leves com alto poder de absorção, conforme descrito
por NEVILLE (1995).
Diante dos variados resultados encontrados e das diversas pesquisas
desenvolvidas, conclui-se que há uma dificuldade em identificar qual dos
comportamentos já observados nos concretos produzidos com agregados reciclados
é o mais correto. Isto pode ser atribuído à dificuldade em se avaliar quais os
parâmetros que foram tomados como constantes nos diferentes estudos, para se
fazer as devidas comparações. Assim, a falta de um procedimento uniforme nas
pesquisas torna difícil a adoção de um ou outro resultado como sendo o parâmetro
balizador para o comportamento do material.
2.5.3 USO DE ADITIVOS E ADIÇÕES NO CONCRETO RECICLADO
A Federal Highway Administration, o Army Corps of Engeneering e algumas das
agências rodoviárias estaduais dos Estados Unidos, citados por DELWAR et al.
(1997) e FORSTER (1986), realizaram vários estudos sobre concretos produzidos
81
com agregados reciclados e concluíram que o uso dos agentes redutores de água
são efetivos para o aumento da resistência dos concretos com agregados
reciclados, desta forma, o uso de agentes incorporadores de ar e finos de cinza
volante podem melhorar a trabalhabilidade e a durabilidade dos concretos
reciclados.
No trabalho realizado por HANSEN e HEDEGARD (1984), estes autores
produziram concretos utilizando aditivos superplastificante, incorporadores de ar,
retardadores de pega e aceleradores de pega. Os concretos produzidos com estes
aditivos foram britados e depois peneirados, sendo então reutilizados como
agregados graúdos para produção de novos concretos. O objetivo era testar o efeito
destes aditivos dos concretos de origem nos novos concretos reciclados. Assim,
concluiu-se que o uso dos superplastificantes, dos incorporadores de ar e dos
aceleradores ou retardadores de pega no concreto de origem produziu muito pouco
ou nenhum efeito sobre o as características do concreto reciclado, respectivamente,
sobre a trabalhabilidade, a incorporação de ar e a influência nos tempos de pega.
FORSTER (1986) fez um levantamento de projetos que utilizaram os concretos
com agregados reciclados nos Estados Unidos e concluiu que os concretos com
agregado reciclado necessitam de menores quantidades de agentes incorporadores
de ar se comparados aos concretos convencionais, para atingir um determinado teor
de ar incorporado.
SALEM e BURDETTE (1998) dosaram misturas de concreto com agregado
graúdo reciclado proveniente de demolição de concreto e com agregados de rocha
natural adicionando às misturas quantidades de cinza volante e de aditivo
incorporador de ar, separadamente. Concluíram, assim, que o uso de elevados
teores de cinza volante acarreta no aumento da resistência ao gelo-degelo na duas
misturas, entretanto com melhor desempenho no concreto convencional, não
chegando a afetar as propriedades físicas. O uso de aditivos incorporadores de ar
aumenta a resistência ao gelo-degelo nos dois tipos de mistura. Porém, causa uma
redução significativa nas propriedades mecânicas dos concretos reciclados e
convencionais.
TOBORI et al. (1999) fizeram um estudo sobre o uso dos superplastificantes à
base de poliestireno sulfonado e de formaldeído naftaleno sulfonado em
composições de concretos com agregados naturais, composições com agregado
82
graúdo reciclado de concreto e agregado miúdo natural e composições com
agregados reciclados.
Esses autores concluíram que, em todos os casos, o abatimento do tronco de
cone aumentava conforme se aumentava o teor de superplastificante, apenas do
incremento diferenciado em relação ao tipo de agregado utilizado em cada mistura.
Assim, o aumento no abatimento foi maior nos concretos convencionais e no
concreto com agregado graúdo reciclado e miúdo natural, o abatimento foi menor
nos concretos com substituição total dos agregados naturais pelos reciclados
Esse mesmo comportamento também foi observado quando se fez a mudança
no tipo de superplastificante utilizado. Os autores atribuíram esta propriedade à
elevada absorção do agregado miúdo. Quando o superplastificante é incorporado à
mistura de concreto reciclado, ao invés de ele atuar nos grãos de cimento, ele pode
vir a ser absorvido, na sua fase líquida, pelo agregado miúdo reciclado, assim, o
aditivo pode funcionar apenas como parte integrante da água de molhagem do
agregado, e, assim, as partículas de cimento aderidas previamente à superfície dos
agregados não estarão disponíveis para uma possível interação com o aditivo, ou
seja, ocorre uma piora no desempenho do aditivo sobre o concreto reciclado.
HANSEN (1992) afirmou também que os efeitos dos superplastificantes não são
deletérios, caso sejam utilizados na produção de concretos reciclados.
2.6 CONCRETOS AUTO-ADENSÁVEIS (CAA)
O concreto auto-adensável (CAA) é aquele utilizado para indicar uma categoria
de concretos que pode ser moldado em fôrmas preenchendo os espaços vazios
através, exclusivamente, da ação do seu peso próprio, não necessitando, portanto,
de nenhum tipo de adensamento mecânico ou manual. O CAA deve oferecer uma
excelente capacidade de preenchimento dos espaços vazios das fôrmas, bem como
o envolvimento da malha de aço e dos demais obstáculos existentes, sem que
ocorra segregação ou exsudação.
A norma ABNT NBR 15823 (2010) trata da classificação e parâmetros
(espalhamento, habilidade passante, viscosidade e resistência à segregação) para a
aceitação do concreto auto-adensável em diversas aplicações.
83
2.6.1 ENSAIOS DO CAA NO ESTADO FRESCO
O Método do cone de Abrams, de acordo com a ABNT NBR 15823 (2010) -
Parte 2 é utilizado para a determinação do espalhamento (Slump-flow) e do tempo
de escoamento (t500) do concreto fresco.
Consiste em se encher um cone de metal com o concreto fresco e, logo em
seguida, retirar o cone e medir o abatimento ocorrido no concreto devido a ação do
seu peso próprio (ver FIG. 2.12). No caso de CAA, espera-se que o espalhamento
seja completo, ou seja, o cone de concreto se adensa formando um círculo de
concreto espalhado uniformemente sobre uma placa (ver FIG. 2.13).
FIG. 2.12 Ensaio do cone de Abrams.
FIG. 2.13 - O Cone de Abrams.
84
O espalhamento SF é a média aritmética entre as duas medidas perpendiculares
do diâmetro no final do espalhamento, medido em milímetros, o que permite
enquadrar o CAA fresco em classes de espalhamento, conforme a TAB. 2.25.
TAB. 2.25 - Classe de espalhamento no Método do cone de Abrams.
Classe de espalhamento Espalhamento mm
SF1 550 a 650
SF2 660 a 750
SF3 760 a 850
Para se medir a viscosidade, mede-se o tempo para que o concreto alcance o
diâmetro de 500 mm, após o qual pode-se classificar o concreto conforme a TAB.
2.26.
TAB. 2.26 - Classe de viscosidade plástica aparente.
Classe de viscosidade plástica aparente
Tempo de escoamento
(t500) (s)
VS1 ≤ 2
VS2 > 2
Para se verificar a capacidade do concreto fresco de ocupar os vazios e cumprir
a sua finalidade, utiliza-se o ensaio do Método do anel J, de acordo com a ABNT
NBR 15823 (2010) - parte 3.
Para a realização desse ensaio, usa-se o escoamento no tronco de cone com o
anel J ao seu redor servindo como obstáculo (ver FIG. 2.14). Após o concreto parar
de fluir através do anel, mede-se o espalhamento alcançado. De posse da medida
do espalhamento feita sem o anel (Método do Cone de Abrams) com a medida feita
com o anel J, calcula-se a diferença entre as duas medidas. Esta diferença
representa a resistência do concreto em ocupar os espaços vazios.
FIG. 2.14 - Habilidade passante (método do Anel J).
85
A TAB 2.27 apresenta as classes de habilidade passante do CAA fresco de
acordo com o valor encontrado no Método do Anel J.
TAB. 2.27 Classes de habilidade passante no anel J. Classe de habilidade passante
Diâmetro do espalhamento
(mm) Aplicação Exemplos
PJ1 250 a 500
Adequado para elementos
estruturais com espaçamentos
de armadura de 80mm a
100mm
Lajes, painéis,
elementos de fundação
PJ2 0 a 250
Adequado para a maioria das
aplicações correntes.
Elementos estruturais com
espaçamentos de armadura de
60mm a 80mm
Vigas, pilares, tirantes,
indústria de pré-
moldados
Outra forma de determinar a capacidade do CAA de fluir sem a necessidade de
adensamento forçado, é por meio do Método da caixa L, descrito na norma ABNT
NBR 15823 (2010) - parte 4.
Este método consiste de uma caixa em forma de "L" (ver FIG. 2.15), onde a
parte vertical é preenchida totalmente com concreto sem adensamento. Após
completar a coluna de concreto, abre-se a comporta para que haja escoamento para
a parte horizontal da caixa. Após cessar o escoamento, medem-se as alturas H1 e
H2 e obtém-se a razão H2/H1, que representa uma das classes de habilidade
passante conforme a TAB. 2.28. O teste deve ser feito com o uso de 2 ou 3 barras
de aço na região de divisa entre as partes vertical e horizontal da caixa em forma de
"L". O método permite, ainda, observar o concreto fluindo como se fosse uma
concretagem real, podendo ser observado se há ou não segregação dos agregados.
86
FIG. 2.15 - Caixa "L" utilizada para determinação da habilidade passante do CAA.
TAB. 2.28 - Classes de habilidade passante pelo método da caixa L.
Classe de
habilidade
passante
H2/H1 Aplicação Exemplos
PL1
≥ 0,80 com
duas barras
de aço
Adequado para elementos
estruturais com espaçamentos
de armadura de 80mm a
100mm
Lajes, painéis, elementos
de fundação
PL2 ≥ 0,80 com
três barras de
aço
Elementos estruturais com
espaçamentos de armadura de
60mm a 80mm
Vigas, pilares, tirantes,
indústria de pré-moldados
Para se determinar a viscosidade do CAA, utiliza-se o Método do funil V, cuja
descrição está inserida na norma ABNT NBR 15823 (2010) - parte 5.
Neste ensaio, mede-se o tempo em que o concreto, com agregado graúdo de
dimensão máxima característica menor ou igual a 20 mm, demora para passar
através de um funil com medidas específicas, conforme a FIG. 2.16.
87
FIG. 2.16 - Medidas do funil V.
A FIG. 2.17 mostra etapas de execução do ensaio de viscosidade pelo Método
do Funil V, onde nela se observa o preenchimento do funil com o CAA fresco e o
posterior escoamento do mesmo.
FIG. 2.17 - Execução do ensaio no funil V.
De acordo com o resultado desse método, pode-se classificar o CAA fresco em
classes de viscosidade e prever a aplicação do CAA em diferentes situações,
conforme listados na TAB. 2.29.
88
TAB. 2.29 - Classes de viscosidade e aplicações.
Classe de viscosidade
Funil V (seg)
Aplicação Exemplos
VF1 ≤ 8
Adequado para elementos estruturais
com alta densidade de armadura e
embutidos, mas exige controle da
exsudação e da segregação
Concretagens realizadas a partir do
ponto mais alto com deslocamento livre
Lajes, paredes-
diafragma, pilares-
parede, indústria
de pré-moldados e
concreto aparente
VF2 9 a 25
Adequado para a maioria das
aplicações correntes. Apresenta efeito
tixotrópico que acarreta menos pressão
sobre as formas e melhor resistência à
segregação.
Efeitos negativos podem ser obtidos
com relação à superfície de
acabamento (ar aprisionado), no
preenchimento de cantos e
suscetibilidade a interrupções ou
demora entre sucessivas camadas
Vigas, pilares e
outros
2.6.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A DOSAGEM DO CAA
Para a elaboração da dosagem do CAA, alguns parâmetros devem ser
observados, dentre eles destacamos:
- a viscosidade do CAA deve garantir que os agregados não segreguem
durante o lançamento;
- a utilização de agregados graúdos com dimensão máxima reduzida, de forma
a reduzir a interação (atrito) entre os grãos e facilitar o escoamento da mistura;
- a viscosidade e a fluidez devem permanecer no mesmo nível por tempo
necessário até que o concreto tenha adensado na forma em que foi lançado;
- a aplicação de quantidade maior de finos, para garantir uma maior retenção
de água na mistura e evitar que haja exsudação e segregação;
- o uso de aditivos superplastificantes para se obter a viscosidade necessária
sem que se eleve muito a relação a/c.
89
O desenvolvimento de um método teórico único e preciso para a dosagem dos
concretos convencionais é difícil de se obter, pois a variabilidade das características
físico-químicas dos materiais utilizados, bem como as diferentes interações que
podem ocorrer entre eles, faz com que os resultados encontrados nas dosagens
sejam bastante diferenciados quando mudamos as características básicas e as
origens dos materiais constituintes do concreto, aliado a isto, vem o fato de que os
critérios de aceitação destes elementos são bastante amplos (AITCIN, 1998).
Quando tratamos do CAA, fica ainda mais difícil desenvolver um método
relativamente eficiente, tendo em vista que neste tipo de concreto temos,
obrigatoriamente, a inclusão de outros tipos de materiais que darão as
características auto-adensáveis, tais como aditivos e componentes finos.
TUTIKIAN (2004) propôs uma metodologia para dosagem do CAA com os
materiais de cada localidade, desde que alguns requisitos básicos sejam cumpridos.
Assim, obedecendo um método detalhado, demonstrou-se que é possível prever a
dosagem do CAA.
Segundo ALBUQUERQUE (2003), uma das premissas básicas para a
confecção de concretos é a de que os agregados graúdo e miúdo devem,
obrigatoriamente, ser inertes e com fck igual ou superior a 15 MPa. Além disso, no
caso dos CAA, os agregados devem ter a menor granulometria possível e,
preferencialmente, com curvas granulométricas contínuas, de forma que a
compacidade seja preservada, contribuindo, assim, para a maior resistência do
concreto.
2.6.3 HISTÓRICO SOBRE DOSAGENS DO CAA
No trabalho publicado por COLLEPARDI, 2001, verificou-se a utilização de
areia fina e areia média em CAA no final dos anos 70, conforme a TAB. 2.30. Nela, a
mistura A foi utilizada em uma doca, em concretagem submersa com volume de
40.000m3, enquanto a mistura B pertence à composição do concreto utilizado na
superestrutura desta mesma obra.
90
TAB. 2.30 - Traços utilizados no fim dos anos 70.
Componente Mistura A Mistura B
Cimento Portland comum 400 kg/m3 300 kg/m3
Cinza Volante - 90 kg/m3
Areia Fina (0,075 - 0,60 mm) 180 kg/m3 -
Areia Média (0 - 5 mm) 990 kg/m3 670 kg/m3
Pedregulho (5 - 15 mm) 630 kg/m3 305 kg/m3
Pedregulho (10 - 20 mm) - 710 kg/m3
Água 190 kg/m3 187 kg/m3
Superplastificante 7 kg/m3 4 kg/m3
Relação a/c 0,47 0,62
Relação a/agl 0,47 0,48
Abatimento 260 mm 220 mm
Fonte: COLLEPARDI (2001)
Em 1998, na Chamarande, França, o CAA foi utilizado na concretagem de
peças compostas por longas paredes, com 2,30 metros de altura e 16 centímetros
de espessura por 30 metros de comprimento. A composição utilizada na época está
descrita na TAB. 2.31 (SODERLIND e CLAESON, 2000; BERNABEU e LABORDE,
2000).
TAB. 2.31 - Composição do CAA utilizado em Chamarande, França.
Cimento 310 kg/m3
Cinza Volante 190 kg/m3
Agregado 4/10 mm 750 kg/m3
Areia 0/4 mm 550 kg/m3
Areia fina 150 kg/m3
Superplastificante Glenium 27 (MBT) 1,30%
(em relação à massa dos aglomerantes)
Modificador de Viscosidade Meyco
MS686
1,50%
(em relação à massa dos aglomerantes)
Água 200 a 210 i/m3
Uma outra composição foi desenvolvida na obra de Bretonneau, na França,
onde o CAA foi melhorado, segundo SODERLIND e CLAESON (2000), cuja
composição é mostrada na TAB. 2.32.
91
TAB. 2.32 - Composição do CAA usado em Bretonneau, França.
Cimento 300 kg/m3
Pedrisco 4/12 mm 713 kg/m3
Areia 0/4 mm 840 kg/m3
SUperplastificante Glenium 5l 3,80 kg/m3
Incorporador de ar 0,67 kg/m3
Água 198 L/m3 Fonte: SODERLIND e CLAESON (2000).
No ano de 1998, na cidade de Norrkoping, Suécia, nos dois andares inferiores
de um edifício de 7 andares foi utilizado o CAA, cuja composição é apresentada na
TAB. 2.33.
TAB. 2.33 - Composição do CAA usado em Norrkoping, Suécia.
Cimento 330 kg/m3
Fíler calcáreo 125 kg/m3
Água 182 kg/m3
Agregado 0/8 mm 1029 kg/m3
Agregado 8/16 mm 686 kg/m3
Supeplastificante Viscocrete 2 (Sika) 1,7% a 1,8% (massa do cimento)
Fibras de aço 0, 10, 30 Fonte: SODERLIND e CLAESON (2000).
Ainda na Suécia, em 1999, o túnel enclausurado Oresund foi concretado
utilizando o CAA, e foi publicada por BERNABEU e LABORDE, 2000 e sua
composição encontra-se na TAB. 2.34.
TAB. 2.34 - Traço do CAA utilizado em Oresund.
Cimento 380 kg/m3
Cinza Volante 70 kg/m3
Sílica ativa 45 kg/m3
Agregado miúdo 0/2 mm 750 kg/m3
Agregado graúdo 2/8 mm 290 kg/m3
Agregado graúdo 8/16 mm 710 kg/m3
Água 143 L/m3
Superplastificante Rheobuild 2000B 14 kg/m3
Modificador de viscosidade Welan Gum 0,150 L/m3
Uma estrutura em forma de "lglu" foi edificada utilizando-se o CAA. Ela tinha
11,70 metros de largura e 22 metros de comprimento, e o volume de concreto
atingiu 200 m3 (BERNABEU e LABOREDE, 2000). Sua composição está resumida
na TAB. 2.35.
92
TAB. 2.35 - Composição do CAA usado na estrutura "iglu".
Cimento 380 kg/m3
Cinza Volante 110 kg/m3
Areia 0/4 mm 601 kg/m3
Areia calcárea 0/8 mm 260 kg/m3
Agregado calcáreo 4/16 mm 820 kg/m3
Superplastificante rheobuild 2000B 1,50% (massa do aglomerante)
Água 210 kg/m3
Na obra da autoestrada A46, em Lyon, França, foi utilizado o CAA, conforme
BERNABEU e LABORDE, 2000, cuja composição utilizada está na TAB. 2.36.
TAB. 2.36 - Composição do CAA utilizado na autoestrada A46 em Lyon, França.
Cimento 410 kg/m3
Cinza Volante 80 kg/m3
Areia 0/5 mm 960 kg/m3
Pedrisco 5/10 mm 640 kg/m3
Água 200 kg/m3
Superplastificante Glenium 27 (MBT) 3 kg/m3
Outra autoestrada a utilizar o CAA foi a A85, em Vierzon, França, no ano de
2000. A composição utilizada encontra-se na TAB. 2.37 (BERNABEU e LABORDE,
2000).
TAB. 2.37 - Composição do CAA utilizado em Vierzon, França. Cimento 480 kg/m3
Sílica ativa 40 kg/m3
Areia 0/3 mm 770 kg/m3
Pedrisco 3/6 mm 700 kg/m3
Água 234 kg/m3
Superplastificante Optima 100 2,80% (da massa dos aglomerantes)
Na ponte de Motala, na Suécia, foi utilizado o volume de cerca de 90m3 de CAA
em um vão de 23 metros (BERNANEU e LABORDE, 2000), e sua composição está
indicada na TAB. 2.38.
TAB. 2.38 - Composição do CAA utilizado na ponte de Motala, Suécia.
Cimento 420 kg/m3
Fíler calcáreo 160 kg/m3
Agregado miúdo 0/8 mm 57%
Agregado graúdo 8/16 mm 43%
Superplastificante Glenium 51 (MBT) 0,8%
Relação a/c 0,38 a 0,40
Incorporador de ar -
93
A ponte Arboga U955, utilizada como passarela de pedestres e bicicletas na
Sécia, foi feita com CAA (BERNABEU e LABORDE, 2000), cuja composição está
apresentada na TAB. 2.39.
TAB. 2.39 - Composição do CAA utilizado na ponte de Arboga, Suécia.
Cimento 400 kg/m3
Fíler 500 170 kg/m3
Agregado miúdo 0/8 mm 865 kg/m3
Agregado graúdo 8/18 mm 678 kg/m3
Água 150 kg/m3
Superplastificante Glenium 51 (MBT) 0,53%
Incorporador de ar 0,05%
Compilando as composições em uma única base de dados (TAB.s 2.40 e 2.41)
pode-se verificar a maior ou menor ocorrência de cada material no CAA.
TAB. 2.40 Dados compilados das composições de CAA de obras diversas (parte 1).
MATERIAL (kg/m3)
TRAÇOS DE AUTORES DIVERSOS
Mistura A, Collepardi
2001
Mistura B, Collepardi
2001
Chamarande, França
Bretonneau, França
Norrkoping, Suécia
Qtd. % em massa
Qtd. % em massa
Qtd. % em massa
Qtd. % em massa
Qtd. % em massa
Cimento Portland 400 16,7 300 13,2 310 14,3 300 14,6 330 14,0
Cinza Volante 0,0 90 4,0 190 8,8 0,0 0,0
Fíler Calcáreo 0,0 0,0 0,0 0,0 125 5,3
Sílica Ativa 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Areia Fina (0,075 - 0,6 mm)
180 7,5 0,0 150 6,9 0,0 0,0
Areia Média (0 - 2 mm) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Areia Média (0 - 5 mm) 990 41,3 670 29,6 550 25,4 840 40,9 1029 43,6
Agregado (2 - 8 mm) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Agregado (5 - 15 mm) 630 26,3 305 13,5 0,0 0,0 0,0
Agregado (8 - 16mm) 0,0 0,0 0,0 0,0 686 29,1
Agregado (10 - 20 mm) 0,0 710 31,3 0,0 0,0 0,0
Agregado (4 - 12 mm) 0,0 0,0 750 34,7 713 34,7 0,0
Água 190 7,9 187 8,3 200 9,2 198 9,6 182 7,7
Superplastificante 7 0,3 4 0,2 6,5 0,3 3,8 0,2 5,6 0,2
Incorporador de ar 0,0 0,0 0,0 0,67 0,0 0,0
VMA 0,0 0,0 7,5 0,3 0,0 0,0
Relação água/cimento 0,48 0,62 0,65 0,66 0,55
Relação água/aglomerante
0,48 0,48 0,40 0,66 0,40
94
TAB. 2.41 Dados compilados das composições de CAA de obras diversas (parte 2).
MATERIAL (kg/m3)
TRAÇOS DE AUTORES DIVERSOS
Oresund estrutura
"iglu" Lyon, França
Vierzon, França
Motala, Suécia
Arboga, Suécia
Qtd % em massa
Qtd. % em massa
Qtd. % em massa
Qtd. % em massa
Qtd. % em massa
Qtd.
% em
massa
Cimento Portland 380 15,8 380 15,9 410 17,9 480 21,4 420 18,6 400 17,6
Cinza Volante 70 2,9 110 4,6 80 3,5 0,0 0,0 0,0
Fíler Calcáreo 0,0 0,0 0,0 0,0 160 7,1 170 7,5
Sílica Ativa 45 1,9 0,0 0,0 40 1,8 0,0 0,0
Areia Fina (0,075 - 0,6 mm)
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Areia Média (0 - 2 mm)
750 31,2 260 10,9 0,0 770 34,4 0,0 0,0
Areia Média (0 - 5 mm)
0,0 601 25,2 960 41,9 0,0 855 37,9 865 38,2
Agregado (2 - 8 mm)
290 12,1 0,0 0,0 700 31,3 0,0 0,0
Agregado (5 - 15 mm)
0,0 0,0 640 27,9 0,0 0,0 0,0
Agregado (8 - 16mm)
710 29,6 0,0 0,0 0,0 645 28,6 678 29,9
Agregado (10 - 20 mm)
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Agregado (4 - 12 mm)
0,0 820 34,3 0,0 0,0 0,0 0,0
Água 143 6,0 210 8,8 200 8,7 234 10,5 170 7,5 150 6,6
Superplastificante 14 0,6 7,35 0,3 3 0,1 14,5 0,6 4,64 0,2 3,02 0,1
Incorporador de ar
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,28 0,0
VMA 0,15 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Relação água/cimento
0,38 0,55 0,49 0,49 0,40 0,38
Relação água/aglomerante
0,29 0,43 0,41 0,45 0,29 0,26
Ao produzir CAA com substituição do agregado graúdo natural por agregado
graúdo reciclado proveniente de demolição de estruturas de concreto, MOREIRA
(2012) encontrou as seguintes resistências à compressão axial para os teores de
substituição dos agregados de 0%, 10%, 20% e 30%, conforme a figura 2.18,
utilizando as relações a/c de 0,35, 0,45 e 0,55.
95
FIG. 2.18 - Resistência à compressão de CAA com agregado graúdo reciclado.
Nota-se, em seu trabalho, que o teor de 20% de substituição dos agregados
graúdos proporcional maiores resistências à compressão.
Com base no que foi exposto neste capítulo e visando contribuir com as
pesquisas existentes sobre concretos reciclados, o próximo capítulo trará o
programa experimental utilizado neste trabalho, onde os RCD provenientes do
Elevado da Perimetral foram utilizados como agregados graúdo, miúdo e finos na
composição de CAA em teores de substituição de 0%, 10%, 20%, 30%, 40% e 50%
ao agregado de rocha natural, verificando, através de ensaios no concreto fresco e
endurecido, os parâmetros relacionados à viscosidade, trabalhabilidade e resistência
à compressão.
96
3 PROGRAMA EXPERIMENTAL
Neste trabalho, foram utilizados agregados graúdo e miúdo de dois tipos
diferentes em um concreto auto-adensável de resistência convencional. Um foi o
agregado convencional, originado a partir da britagem de rocha natural, e o outro foi
o de RCD, proveniente da demolição da estrutura de concreto do Elevado da
Perimetral, no Rio de Janeiro/RJ.
Tendo em vista que foram utilizados agregados graúdo e miúdo de RCD, e que
este tipo de material possui uma taxa de absorção de água elevada, foram feitas as
dosagens do CAA observando a influência deste material na trabalhabilidade e na
resistência à compressão do mesmo. Com isto, pôde ser observado qual é a
influência destes materiais nas características do CAA nos estados fresco e
endurecido.
As dosagens de CAA, com e sem agregados de RCD, os ensaios de
caracterização dos materiais, os ensaios no CAA fresco e os ensaios mecânicos nos
agregados e no CAA endurecido foram todos realizados no Laboratório de Materiais
de Construção e Concreto do IME.
3.1 MATERIAIS
3.1.1 CIMENTO
Como não há restrição estabelecida por norma para o tipo de cimento a ser
utilizado no CAA, foi utilizado o cimento Portland comum (CP II-F 32), por ser um
material de fácil obtenção, tendo em vista a sua ampla comercialização em todo o
território nacional.
3.1.2 AGREGADO MIÚDO
Utilizaram-se areias de dois tipos distintos: uma proveniente de rio, lavada, do
tipo gnaisse e outra proveniente de RCD.
Na realização das dosagens experimentais, foi adotada uma granulometria
específica, ou seja, as quantidades de grãos das peneiras #2,4mm, #1,18mm,
97
#0,6mm, #0,3mm e finos foram medidas uma a uma para que os parâmetros de
todas as dosagens pudessem ser o mais próximo possível uns dos outros.
As faixas granulométricas que foram utilizadas no experimento foram as de
areia média e areia fina, tanto para o agregado miúdo natural quanto para o
agregado miúdo de RCD.
3.1.3 AGREGADO GRAÚDO
Para o agregado graúdo recomenda-se que este possua formato angular,
superfície áspera e índice de forma (IF) próximo de 1. O agregado reciclado utilizado
nos experimentos apresentou IF igual a 2,3.
A forma dos grãos do RCD utilizado apresentou-se bastante irregular para
dimensões maiores ou iguais a 12,5 mm, por este motivo optou-se pela utilização de
grãos de agregado graúdo com dimensão máxima característica de 9,5 mm. Esta
ação visou a redução da influência das dimensões do agregado graúdo na
trabalhabilidade do concreto fresco.
A seguir estão os resultados dos ensaios de caracterização realizados:
a) Granulometria: Após realizada a coleta da amostra do material que compunha os
restos de demolição do elevado, foi feita a divisão por peneiras, tendo sido
encontrada a distribuição granulométrica conforme mostra a TAB. 3.1.
TAB. 3.1 - Distribuição granulométrica da amostra de RCD do experimento.
Distribuição utilizando todo o material passante na #19mm
Peneira
(mm)
Massa
retida (kg) % retida
% retida
acumulada
%
passante Série da peneira
19 0,0 0,00 0,00 100,00 série normal
12,5 85,1 27,60 27,60 72,40 série intermediária
9,5 27,8 9,01 36,62 63,38 série normal
6,3 27,7 8,98 45,59 54,41 série intermediária
4,8 24,5 7,96 53,56 46,44 série normal
FUNDO 143,2 46,44 100,00 0,00
TOTAL 308,3 100,00 --- --- ---
Para se obter a granulometria do agregado graúdo de RCD utilizado na
confecção do CAA, foi descartada toda a massa das peneiras inferiores 4,8
mm, o que gerou a distribuição granulométrica encontrada na TAB. 3.2.
98
TAB. 3.2 - Distribuição granulométrica do agregado graúdo reciclado.
Distribuição granulométrica do material passante na #19mm e retido na
#4,8mm
Peneira
(mm)
Massa
retida
(kg)
% retida % retida
acumulada
%
passante Série da peneira
19 0,0 0,00 0,00 100,00 série normal
12,5 85,1 51,54 51,54 48,46
série
intermediária
9,5 27,8 16,83 68,37 31,63 série normal
6,3 27,7 16,77 85,14 14,86
série
intermediária
4,8 24,5 14,86 100,00 0,00 série normal
2,4 0 0 100,00 0,00 série normal
1,2 0 0 100,00 0,00 série normal
0,6 0 0 100,00 0,00 série normal
0,3 0 0 100,00 0,00 série normal
0,15 0 0 100,00 0,00 série normal
TOTAL 165,1 100,00 --- --- ---
A dimensão máxima característica e o módulo de finura do agregado graúdo
reciclado foram iguais a 19 mm e 6,68, respectivamente.
De acordo com os dados indicados na TAB. 3.2, o agregado de RCD
utilizado encontrou-se próximo à faixa granulométrica relativa à brita 1,
conforme a norma ABNT NBR 7217 (1987).
A FIG. 3.1. mostra a granulometria do agregado de RCD em relação às
faixas estabelecidas pela norma citada.
99
FIG. 3.1 - Curva granulométrica do agregado graúdo reciclado.
b) Massa Específica e Absorção de Água: Para a realização do ensaio de massa
específica e absorção de água, retiraram-se amostras de agregados de
gnaisse e de RCD retidos na peneira #4,8mm. A TAB. 3.3 reúne os resultados
desses ensaios dos agregados utilizados neste trabalho.
TAB. 3.3 - Ensaios de massa específica e absorção nos agregados graúdos.
Ensaios Agregado Graúdo
Gnaisse RCD
Massa Específica (kg/m3) 2.600 2.160
Massa Específica Saturada Superfície Seca (kg/m3) 2.630 2.300
Massa Unitária (kg/m3) 1.510 1.120
Absorção de água (%) 0,7 5,6
Apesar do agregado reciclado de concreto ter apresentado um índice de
absorção de água superior ao de rocha natural, ainda assim apresenta
características que permitem o seu uso nos concretos auto-adensáveis.
100
c) Índice de Forma (IF) do agregado de RCD: Para o agregado graúdo reciclado,
com dimensão máxima característica de 19 mm, foi determinado o índice de
forma pelo método do paquímetro, segundo a norma ABNT NBR 7809 (2005).
Assim, após as medições e cálculos, conforme consta no Apêndice, o índice de
forma encontrado foi de 2,3.
d) Resistência ao esmagamento: Para determinação da resistência ao
esmagamento dos agregados graúdos compreendidos entre as peneiras
#12,5mm e #9,5mm, o ensaio de esmagamento foi realizado conforme a ABNT
NBR 9938 (1987), cujos resultados estão agrupados na TAB. 3.4.
TAB. 3.4 - Resultados dos ensaios de resistência ao esmagamento.
Agregado Graúdo Ensaios de Esmagamento
Amostra 1 Amostra 2 Resultado Médio
Gnaisse 30,49 % 30,81 % 30,65 %
Reciclado 26,45 % 26,19 % 26,32 %
O valor médio de resistência ao esmagamento expressa a percentagem de
agregado graúdo que apresentou dimensão menor que 2,4 mm após o ensaio
de esmagamento. Desta forma, quanto maior o percentual encontrado, mais
fissurada ficou a amostra de agregado graúdo ensaiada.
e) Ensaio de resistência à Abrasão "Los Angeles": Com este ensaio é possível
determinar a resistência à fragmentação causada pelo choque e pelo atrito
procedente do contato entre as partículas do agregado graúdo. Cabe ressaltar
que a norma ABNT NBR 6485 (1984) considera inadequado para uso em
concretos os agregados que apresentam índices de perda por abrasão
superiores a 50 % em massa. A TAB. 3.5 mostra os dados e os resultados do
ensaio de Abrasão "Los Angeles" dos agregados de gnaisse e de RCD.
101
TAB. 3.5 - Resultados do ensaio de Abrasão "Los Angeles".
Agregado
Graúdo
Massa da
amostra seca
Qtd de
esferas
Massa retida
na #1,7mm
Perda por
abrasão
Gnaisse 5,01 kg 11 2,74 kg 45,4 %
Reciclado 5,00 kg 11 2,89 kg 42,2 %
As resistências à abrasão "Los Angeles" e ao esmagamento dos resíduos de
demolição da Av. Perimetral tiveram resultados superiores aos da brita de rocha
natural. Isto pode ser explicado pela origem do agregado de RCD. O Elevado da
Perimetral era composto de estruturas robustas de concreto armado e vigas de aço
que foram projetadas para resistir a elevadas cargas e às intempéries características
da região de orla marítima. Desta forma, utilizou-se concreto de resistência superior
à do concreto deste trabalho, gerando assim resíduos de demolição com excelentes
resistências à compressão e à abrasão.
3.1.4 FINOS
A escolha dos materiais finos obedeceu a um princípio básico de
sustentabilidade, que é o reaproveitamento de resíduos de materiais. No caso, foram
reaproveitados os finos existentes no agregado reciclado oriundo do Elevado da
Perimetral (Rio de Janeiro/RJ), bem como os finos oriundos da amostra de agregado
miúdo de areia lavada (gnaisse).
Durante a separação do material, após o peneiramento do RCD, verificou-se a
presença de uma quantidade muito reduzida de finos passantes na peneira
#0,150mm. Como a utilização de finos no CAA é de fundamental importância, optou-
se neste estudo em utilizar toda a porção de finos passantes na peneira # 0,300mm.
Isso ocorreu pelo fato de que, como os agregados de RCD não passaram pelo
processo de lavagem, as partículas maiores continham grande quantidade de
partículas finas aglutinadas à sua superfície, mesmo após o peneiramento.
102
3.1.5 ADITIVOS
O aditivo necessário ao CAA é o superplastificante, que responde pelo aumento
da fluidez do concreto sem a necessidade de se elevar a relação a/agl. Os mais
aconselháveis para o CAA são os policarboxilatos (PC), pois permitem uma redução
de até 40 % na água da mistura, mantendo a trabalhabilidade necessária
(HARTMANN, 2002).
A caracterização dos agregados de RCD deste estudo mostrou que este
material possui um elevado poder de absorção de água, o que leva a necessidade
de adição de superplastificante à mistura do concreto, o que tornará o seu custo
mais elevado do que o concreto convencional sem aditivos.
No presente estudo, foi escolhido o superplastificante TEC-FLOW 7000, devido
às suas especificações técnicas, que o indicam para utilização em CAA.
3.2 DOSAGEM DO CAA
Para a realização da dosagem do CAA, o parâmetro variado foi o teor de
agregados graúdo e miúdo reciclados em relação ao de agregados graúdo e miúdo
de rocha natural.
As dosagens foram elaboradas de forma a se obter a mesma relação
água/cimento, quantidade de cimento e quantidade de superplastificante em todos
os CAA. Buscou-se, em cada traço realizado, atingir uma resistência média de
compressão de 30 MPa. Para se chegar o mais próximo possível desta resistência,
foi levado em consideração os traços de CAA já realizados por autores diversos e
reunidos na tabela 2.38.
Conforme foi verificada na revisão bibliográfica, a substituição dos agregados
por material reciclado tem boa aceitação quando são inseridos em até 30% em
massa.
Os estudos realizados por diversos autores, em sua maioria, levam em
consideração a utilização do agregado na condição saturado de superfície seca.
Neste trabalho os agregados foram lançados na sua forma natural, ou seja, sem
terem sido previamente lavados para retirada das partículas finas aderidas à
superfície e sem a saturação que normalmente se faz. Isto foi feito no intuito de se
103
verificar o comportamento deste material no CAA quando retirado diretamente da
estrutura demolida.
Conforme foi verificado nos ensaios de resistência à abrasão e resistência ao
esmagamento do agregado reciclado, sua resistência atingiu valores superiores aos
do agregado de rocha natural.
Conforme verificado nos ensaios de caracterização, a taxa de absorção de água
do agregado reciclado foi em média 5,63%, enquanto o agregado de rocha natural,
0,72%. Portanto, o agregado de RCD mostrou uma absorção superior ao da rocha
natural em 781%.
3.2.1 DETERMINAÇÃO DO ESQUELETO GRANULAR DOS AGREGADOS
Para a determinação da proporção ótima entre os diversos diâmetros dos
agregados graúdos e miúdos e finos nas dosagens, foi utilizado o procedimento de
obtenção do esqueleto granular, visando encontrar a melhor interação entre os
grãos, ou seja, a relação que proporcionasse o menor índice de vazios (TUTIKIAN,
2004).
Inicialmente foram determinados os valores de massa específica dos diversos
grãos, separados de acordo com o diâmetro, seguindo o estabelecido por norma. Os
resultados estão descritos na TAB. 3.6.
TAB. 3.6 - Massa específica dos grãos dos agregados.
Material Agregado
Peneira (mm)
Massa Seca (kg)
Volume (m3)
Massa Específica
(kg/m3)
Mat. A 9,50 2,337 9,45 x10-4 2473
Mat. B 6,30 2,005 8,30 x10-4 2416
Mat. C 4,80 2,002 8,35 x10-4 2397
Mat. D 2,40 0,500 2,06 x10-4 2427
Mat. E 1,18 0,500 2,15 x10-4 2326
Mat. F 0,600 0,500 2,20 x10-4 2273
Mat. G 0,300 0,500 2,10 x10-4 2381
Mat. H 0,150 0,500 2,13 x10-4 2347
Mat. I < 0,150 0,500 2,16 x10-4 2315
Primeiramente foi determinada a proporção entre os materiais A e B que tivesse
o menor índice de vazios. Esta relação foi determinada experimentalmente, onde
104
foram utilizadas quantidades de materiais A e B nas diversas proporções da
TAB.3.7, lançadas em um recipiente de volume conhecido (2 L). Dividindo-se a
massa da mistura pelo volume do recipiente foi encontrada a massa unitária
compacta (µuc).
A massa específica da mistura AB foi tomada conforme a EQ. 3.1:
(EQ. 3.1)
Na sequencia, foi encontrado o Índice de Vazios, conforme a EQ. 3.2:
(EQ. 3.2)
TAB. 3.7 - Determinação da proporção ótima entre os materiais A e B.
Mat. A Mat. B Massa da
mistura (kg) Vol. do
recipiente (m3) M. Unitária
(kg/m3) M. Esp. (kg/m3)
Índice de Vazios (%)
100% 0% 2,735 2,0 x10-3 1367,5 2473,86 44,7
90% 10% 2,734 2,0 x10-3 1366,8 2468,08 44,6
80% 20% 2,732 2,0 x10-3 1366,1 2462,29 44,5
70% 30% 2,845 2,0 x10-3 1422,5 2456,51 42,1
60% 40% 2,855 2,0 x10-3 1427,5 2450,73 41,8
50% 50% 2,825 2,0 x10-3 1412,5 2444,94 42,2
40% 60% 2,795 2,0 x10-3 1397,5 2439,16 42,7
Após determinar que a melhor relação entre A e B (60% de A e 40% de B), foi
feita uma mistura entre A e B (mistura AB), nestas proporções, e então foi
encontrada a melhor relação entre a mistura AB e o material C. Assim, foram
encontrados os resultados da TAB. 3.8.
TAB. 3.8 - Determinação da proporção ótima entre a mistura AB e o material C.
Mist. AB
Mat. C Massa da
mistura (kg) Vol. do
recipiente (m3) M. Unitária
(kg/m3) M. Esp. (kg/m3)
Índice de Vazios (%)
100% 0% 2,770 2,00 x10-3 1385,000 2450,73 43,49
90% 10% 2,865 2,00 x10-3 1432,500 2445,38 41,42
80% 20% 2,885 2,00 x10-3 1442,500 2440,03 40,88
70% 30% 2,890 2,00 x10-3 1445,000 2434,69 40,65
60% 40% 2,890 2,00 x10-3 1445,000 2429,34 40,52
50% 50% 2,860 2,00 x10-3 1430,000 2423,99 41,01
40% 60% 2,765 2,00 x10-3 1382,500 2418,65 42,84
Na sequência, foi determinada a melhor proporção entre a mistura ABC (60% de
AB e 40% de C) e o material D.
105
TAB. 3.9 - Determinação da proporção ótima entre a mistura ABC e o material D.
Mist. ABC
Mat. D
Massa da mistura (kg)
Vol. do recipiente (m3)
M. Unitária (kg/m3)
M. Esp. (kg/m3)
Índice de Vazios (%)
100% 0% 2,845 2,00 x10-3 1422,500 2429,00 41,44
90% 10% 2,940 2,00 x10-3 1470,000 2428,82 39,48
80% 20% 2,955 2,00 x10-3 1477,500 2428,64 39,16
70% 30% 2,980 2,00 x10-3 1490,000 2428,46 38,64
60% 40% 2,955 2,00 x10-3 1477,500 2428,27 39,15
50% 50% 2,895 2,00 x10-3 1447,500 2428,09 40,39
Seguindo de forma análoga, os resultados entre a mistura ABCD e o material E,
estão reunidos na TAB. 3.10, cuja proporção ótima foi de 70% de ABCD e 30% de E.
TAB. 3.10 - Determinação da proporção ótima entre a mistura ABCD e o material E
Mat. ABCD
(%)
Mat. E (%)
Massa da mistura (kg)
Vol. do recipiente
(dm3)
Massa Unitária Compacta
(kg/m3)
M. Esp. Mistura (kg/m3)
Índice de Vazios (%)
100% 0% 2,985 2,00 1492,500 2428,00 38,53
90% 10% 3,040 2,00 1520,000 2417,76 37,13
80% 20% 3,055 2,00 1527,500 2407,52 36,55
70% 30% 3,090 2,00 1545,000 2397,27 35,55
60% 40% 3,060 2,00 1530,000 2387,03 35,90
50% 50% 2,985 2,00 1492,500 2376,79 37,21
Por fim, a TAB. 3.11 mostra os percentuais em massa que conduzem a uma
proporção ótima entre os agregados para o CAA deste trabalho.
TAB. 3.11 - Proporção ótima entre os agregados (esqueleto granular)
Material A B C D E F G H
Dimensão (mm) 9,5 6,3 4,8 2,4 1,18 0,6 0,3 0,15
Proporção
ótima 7,90% 5,26% 8,78% 9,41% 13,45% 19,20% 16,00% 20,00%
106
3.2.2 DOSAGENS PROPOSTAS PARA O CAA
Para a análise da influência do agregado reciclado na composição do CAA, a
TAB. 3.12 apresenta os teores de substituição em peso em relação ao peso do
agregado de rocha natural, que foram utilizados nos experimentos deste trabalho.
TAB. 3.12 - Teores de substituição em peso dos agregados reciclados.
CAA Agregado graúdo (%) Agregado miúdo (%) Material fino (%)
RCD Natural RCD Natural RCD Natural
Referência 0 100 0 100 0 100
10% de RCD 10 90 10 90 10 90
20% de RCD 20 80 20 80 20 80
30% de RCD 30 70 30 70 30 70
40% de RCD 40 60 40 60 40 60
50% de RCD 50 50 50 50 50 50
Para se chegar à dosagem de referência foram realizadas composições
preliminares experimentais, onde a quantidade dos materiais da primeira
composição foi baseada no que se encontrou nos CAA estudados por MOURA
(2013), buscando-se uma resistência à compressão de 30 MPa.
Para cada dosagem de CAA, foram moldados 12 corpos de prova (CP)
cilíndricos, nas dimensões de 200 mm de altura e 100 mm de diâmetro, para se
obter a sua resistência à compressão.
Os corpos de prova foram ensaiados nas idades de 4 dias, 7 dias, 14 dias e 28
dias e, para cada idade, ensaiaram-se 3 (três) corpos de prova. As quantidades, em
massa, de CAA confeccionado em cada composição podem ser visualizadas na TAB
3.13, e a composição inicial da dosagem está apresentada na TAB. 3.14.
TAB. 3.13 - Massa total de CAA para cada dosagem.
TRAÇO do
CAA
Massa do CP
(kg)
Nº de CP
por idade
Quantidade
de Idades
Nº total de
CP
Massa total
(kg)
Referência 4 3 4 12 48
10% de RCD 4 3 4 12 48
20% de RCD 4 3 4 12 48
30% de RCD 4 3 4 12 48
40% de RCD 4 3 4 12 48
50% de RCD 4 3 4 12 48
107
TAB. 3.14 - Composição do CAA de referência inicial por m3 de concreto.
Massa em kg dos materiais
Cimento Agreg. graúdo Agreg. miúdo Finos Água Superplast. a/c
361 956 514 220 218 6,73 0,61
Para o cálculo da relação a/c, levou-se em consideração a composição do
superplastificante utilizado (60% de água e 40% de material em suspensão), assim,
a quantidade final de água da mistura ficou em 222 litros, resultando na relação
água/cimento de 0,61.
Utilizando as proporções encontradas para o esqueleto granular (ver TAB. 3.11),
determinaram-se as quantidades de cada material nos agregados graúdo e miúdo.
Assim, a composição inicial foi montada conforme a TAB. 3.15.
TAB. 3.15 - Quantidades de agregados no CAA de referência inicial, por m3 de CAA.
Cimento (kg) Agregado graúdo (kg) Agregado miúdo (kg)
CP-II #9,5mm #6,3mm #4,8mm #2,4mm #1,18mm #0,6mm #0,3mm
361 344 239 373 201 87 123 103
Após feita a betonada do CAA de referência inicial, foram realizados os ensaios
de trabalhabilidade do CAA fresco, e os resultados estão reunidos na TAB. 3.16.
A decisão de se utilizar um teor máximo de 50% para a substituição do agregado
natural pelo agregado reciclado foi baseada no trabalho desenvolvido por MOURA
(2013), que mostraram que a substituição máxima por RCD deve ser de, no máximo,
30%, para que os parâmetros de trabalhabilidade, fluidez e viscosidade não sejam
comprometido.
Em todas as dosagens experimentais das composições de CAA com ou sem
RCD foram substituídos os agregados graúdo, miúdo e finos nas mesmas
proporções (0%, 10%, 20%, 30%, 40% ou 50%), enquanto os quantitativos dos
demais materiais mantiveram-se constantes. Assim, as influências do RCD na
trabalhabilidade e na resistência do concreto puderam ser analisadas com melhor
precisão.
108
TAB. 3.16 - Resultados dos ensaios no traço inicial do CAA de referência inicial.
Ensaios Realizados Parâmetros Resultados
Mínimo Máximo Ensaio Aspecto visual
Viscosidade plástica
aparente sob fluxo
livre: t500
≤ 2s (VS1) > 2s (VS2) 2s Elevada segregação
Espalhamento (mm) 550 (SF1) 850 (SF3) 720
Segregação de agregado graúdo
no centro do círculo e
espalhamento excessivo da parte
líquida da mistura
Viscosidade plástica
aparente sob fluxo
confinado: Funil V (s)
≤ 8 (VF1) 9 a 25 (VF2) 11 Elevada segregação
Habilidade passante
Caixa L (H2/H1) 0,80 1,00 0,94
Segregação de grande parte do
agregado graúdo próximo das
barras e no fundo da caixa, na
região mais afastada da base da
caixa, com visualização de fase
líquida na parte superior do CAA
(ver FIG. 3.2)
FIG. 3.2 - Segregação de materiais e fase líquida visíveis no CAA REF inicial.
Além dos resultados visuais insatisfatórios nos ensaios de trabalhabilidade do
concreto fresco, o CAA confeccionado não teve adensabilidade suficiente para
preencher os corpos de prova cilíndricos, deixando grandes vazios no seu interior.
109
Assim, foram realizados ajustes na composição inicial visando a redução da
relação água/cimento, bem como uma pequena redução na razão entre os
agregados graúdo e miúdo. Também foram feitas correções nas quantidades de
cimento e finos, a fim de melhorar a coesão entre os materiais. Tais alterações
foram feitas, pois os resultados sugeriram a existência de fase líquida e agregado
graúdo em excessos. Desta forma, a composição inicial foi ajustada empiricamente,
chegando-se à composição final do CAA, conforme a TAB. 3.17.
TAB. 3.17 - Dosagem ajustada para a composição do CAA de REF final para 1m3.
Cim.
Agregado
graúdo
Agregado miúdo Adição Aditivo Água a/c
CP-II #9,5 #6,3 #4,8 #2,4 #1,18 #0,6 #0,3 Fino Sup.(L) (L)
Inicial 361 344 239 373 201 87 123 103 220 6,73 218 0,61
Ajuste +52 -33 - -36 +39 +168 +148 +65 +88 +1,57 +9 -0,05
Traço
final
413 311 239 337 240 255 271 168 308 8,30 227 0,56
Após a betonada da composição ajustada final, foram realizados os ensaios no
CAA no estado fresco, cujos resultados podem ser vistos na TAB. 3.18.
TAB. 3.18 - Resultados dos ensaios no traço ajustado do CAA de referência.
ENSAIOS
REALIZADOS
Parâmetros Resultados
Mínimo Máximo Ensaio Aspecto visual
Viscosidade plástica
aparente sob fluxo
livre: t500
≤ 2 s (VS1) > 2 s (VS2) 1,5 s Sem segregação
Espalhamento (mm) 550 (SF1) 850 (SF3) 735 Sem segregação.
Viscosidade plástica
aparente sob fluxo
confinado: Funil V (s)
≤ 8 s (VF1) 9s a 25s (VF2) 8 s Sem segregação
Habilidade passante
Caixa L (H2/H1) 0,80 1,00 0,94
Sem segregação.
Visualização de pequena
fase líquida na parte superior
do CAA na extremidade mais
afastada da base da caixa.
110
Com os resultados satisfatórios obtidos, definiu-se a composição final do CAA
de referência, de acordo com o indicado na TAB. 3.17.
Nas composições das dosagens com teores de substituição de agregados
graúdo e miúdo e finos pelo RCD proveniente da demolição do Elevado da
Perimetral, mantiveram-se constantes as quantidades em massa de cimento,
agregados, de acordo com seu tamanho, relação água/cimento e superplastificante.
A TAB. 3.19 reúne as quantidades dos materiais por m3 do CAA de referência
final e dos CAA com agregados reciclados (RCD) que foram confeccionados neste
trabalho.
TAB. 3.19 - Composições dos CAA utilizados no presente trabalho.
Materiais CAA com diferentes teores de substituição de agregados
Ref. 10%
RCD
20%
RCD
30%
RCD
40%
RCD
50%
RCD
Cimento CP II - F 32 (kg/m3) 413 413 413 413 413 413
Agregado
graúdo
(kg/m3)
9,5 mm Nat. 311 280 249 218 187 156
RCD. - 31 62 93 124 156
6,5 mm Nat. 239 215 191 167 143 120
RCD. - 24 48 72 96 120
4,8 mm Nat. 337 303 270 236 202 169
RCD. - 34 67 101 135 169
Agregado
miúdo
(kg/m3)
2,4 mm Nat. 240 216 192 168 144 120
RCD. - 24 48 72 96 120
1,18 mm Nat. 255 230 204 179 153 128
RCD. - 25 51 76 102 128
0,6 mm Nat. 271 244 217 190 163 136
RCD. - 27 54 81 108 136
0,3 mm Nat. 168 151 134 118 101 84
RCD. - 17 34 50 67 84
Finos (kg/m3) Nat. 308 277 246 216 185 154
RCD. - 31 62 92 123 154
Superpl. (L) 8,30 8,30 8,30 8,30 8,30 8,30
Água (L) 227 227 227 227 227 227
a/c 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56
111
4 RESULTADOS E ANÁLISES
Nos itens a seguir serão mostrados os resultados dos ensaios realizados nos
estados fresco e endurecido do CAA sem e com RCD, juntamente com suas
análises.
Os ensaios do CAA fresco realizados neste trabalho foram os do espalhamento
e do tempo de escoamento, segundo o método do cone de Abrams (ABNT NBR
15823-2, 2010), da habilidade passante com o uso do método da caixa "L" (ABNT
NBR 15823-4, 2010) e da viscosidade por meio do método do funil "V" (ABNT NBR
15823-5, 2010).
No estado endurecido foi realizado o ensaio de compressão uniaxial centrada
para a determinação da resistência do CAA à compressão para as idade de 4 dias, 7
dias, 14 dias e 28 dias.
4.1 RESULTADOS DO CAA NO ESTADO FRESCO
Os resultados dos ensaios de fluidez (SF), viscosidade plástica aparente sob
fluxo livre (VS), viscosidade plástica aparente sob fluxo confinado (VF) e habilidade
passante sob fluxo confinado (PL) dos CAA com ou sem RCD encontram-se na
TAB. 4.1.
TAB. 4.1 - Resultados dos ensaios no CAA fresco
CAA
Dosagem
Viscosidade plástica aparente (fluxo livre) t500 (s)
Espalhamento (mm) Habilidade passante
Caixa "L" (H2/H1)
Viscosidade
plástica aparente
(fluxo confinado)
Funil "V" (s) Ensaio Classif. Ensaio Classif. Ensaio Classif. Result. Classif.
Ref 1,5 VS1 735 SF2 0,94 PL2 8 VF1
10% RCD 2 VS1 700 SF2 0,83 PL2 7 VF1
20% RCD 4 VS2 65,5 SF2 0,82 PL2 8 VF1
30% RCD 7 VS2 64,5 SF1 0,81 PL2 15 VF2
40% RCD 8 VS2 64 SF1 0,60 N.A. * 40 N.A. *
50% RCD 8 VS2 63 SF1 0,55 N.A. * 23 VF2
* Não Atingiu o parâmetro mínimo para concretos auto-adensáveis.
112
FIG. 4.1 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA Ref.
FIG. 4.2 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA 10% de RCD.
FIG. 4.3 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA 20% de RCD.
FIG. 4.4 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA 30% de RCD.
113
FIG. 4.5 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA 40% de RCD.
FIG. 4.6 - Espalhamento, Habilidade passante e Escoamento no CAA 50% de RCD.
4.2 RESULTADOS DO CAA NO ESTADO ENDURECIDO
Realizaram-se ensaios destrutivos de compressão axial centrada de corpos-de-
prova (CP) cilíndricos de 100 mm de diâmetro por 200 mm de comprimento para
todas as dosagens do CAA. Os ensaios foram realizados nas idades de 4 dias, 7
dias, 14 dias e 28 dias.
Os resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos CP para as idades
de 4 dias, 7 dias, 14 dias e 28 dias encontram-se na TAB. 4.2. A TAB. 4.3., e estas
apresentam os valores médios dos três CP rompidos para cada idade.
114
TAB. 4.2 - Resultados dos ensaios de compressão axial nos CAA.
CAA
Compressão axial (MPa) dos CP por idade do CAA
4 dias 7 dias 14 dias 28 dias
CP1 CP2 CP3 CP1 CP2 CP3 CP1 CP2 CP3 CP1 CP2 CP3
Ref. 19,4 20,7 19,7 21,7 21,8 22,0 23,8 22,3 23,1 25,6 23,4 23,6
10%
RCD 18,4 16,4 16,6 21,4 23,6 21,5 26,4 25,4 23,7 28,0 26,4 31,8
20%
RCD 24,4 24,2 23,1 26,0 26,4 23,6 32,4 26,0 29,9 38,8 37,1 36,4
30%
RCD 20,5 20,1 21,0 23,6 19,2 22,9 24,1 29,2 27,3 33,4 36,7 35,6
40%
RCD 24,6 25,2 24,0 26,9 25,0 27,4 30,1 31,7 31,5 36,7 35,2 37,0
50%
RCD 22,0 *(1) *(1) 23,2 23,8 22,2 25,6 26,5 24,2 32,5 30,3 31,5
*(1) Ensaio descartado por problemas na execução do ensaio.
TAB. 4.3 - Resistência média à compressão dos CAA por idade de rompimento.
Dosagem Resistência à Compressão Média (MPa)
4 dias 7 dias 14 dias 28 dias
CAA de Ref. 19,9 21,8 23,1 24,2
CAA 10% RCD 17,1 22,2 25,2 28,7
CAA 20% RCD 23,9 25,3 29,4 37,4
CAA 30% RCD 20,5 21,9 26,9 35,2
CAA 40% RCD 24,6 26,4 31,1 36,3
CAA 50% RCD 22,0 23,1 25,4 31,4
FIG. 4.7 - Aspecto pós-ruptura do CP-02 do CAA Ref (28 dias).
115
FIG. 4.8 - Aspecto pós-ruptura do CP-02 do CAA 10% (28 dias).
FIG. 4.9 - Aspecto pós-ruptura do CP-03 do CAA 20% (14 dias).
FIG. 4.10 - Aspecto pós-ruptura do CP-02 do CAA 30% (14 dias).
116
FIG. 4.11 - Aspecto pós-ruptura do CP-02 do CAA 40% (14 dias).
FIG. 4.12 - Aspecto pós-ruptura do CP-01 do CAA 50% (14 dias).
4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO CAA NO ESTADO FRESCO
4.3.1 VISCOSIDADE PLÁSTICA APARENTE SOB FLUXO LIVRE (t500)
Em função dos resultados de tempo de escoamento (t500) expostos na TAB. 4.1,
pode-se verificar que, em relação ao valor do t500 do CAA Ref, estes valores
aumentaram em até 433% com a adição de agregados de RCD. A FIG. 4.15
apresenta, na forma de gráfico de barras verticais, os valores de t500 para todos os
concretos CAA.
117
FIG. 4.15 - Resultados do ensaio t500 no CAA fresco, com classificação.
As dosagens de Referência e com 10% de RCD apresentaram, segundo a
ABNT NBR 15.823-1, classe de viscosidade plástica aparente sob fluxo livre (t500) na
categoria VS1 e têm aplicação em estruturas com alta densidade de armadura, com
uso de agregado graúdo de pequenas dimensões (<12mm). Já as dosagens com
20%, 30%, 40% e 50% de RCD apresentaram classe de viscosidade VS2, que é
ideal para a maioria das aplicações correntes.
4.3.2 ESPALHAMENTO (SLUMP FLOW)
Da TAB. 4.1, constata-se que os valores de espalhamento dos CAA com
agregados de RCD diminuíram em até 14,3% com relação ao valor de espalhamento
do CAA Ref. Isto mostra que a adição de agregados de RCD leva ao decréscimo da
fluidez do CAA.
Pode-se observar na FIG. 4.16 os resultados de espalhamento de todos os CAA
ensaiados neste trabalho.
118
FIG. 4.16 - Resultados do ensaio de espalhamento nos CAA, com classificação.
Segundo a ABNT NBR 15.823-1, as dosagens de referência, 10% de RCD e
20% de RCD apresentaram classe de espalhamento SF2. Isto indica que podem ser
utilizados na maioria das aplicações correntes. Já os concretos com 30%, 40% e
50% de RCD classificaram-se em SF1, podendo ser aplicados em estruturas não
armadas ou com baixa taxa de armadura e embutidos, cuja concretagem seja
realizada a partir do ponto mais alto com deslocamento livre, curta distância de
espalhamento horizontal e podendo ser bombeados.
4.3.3 VISCOSIDADE PLÁSTICA APARENTE SOB FLUXO CONFINADO (Funil "V")
Conforme os valores da TAB. 4.1, nota-se que houve uma aumento de até 400%
no tempo de escoamento (t30seg) com a adição de agregados de RCD no CAA
estudado, em comparação ao do CAA Ref. Isto expressa que a viscosidade plástica
aparente sob fluxo confinado torna-se mais elevada quando se adiciona agregados
de RCD no CAA.
A FIG. 4.17 reúne os resultados de tempo de escoamento (t30seg) obtidos no
ensaio Funil "V" de todos os CAA no estado fresco.
119
FIG. 4.17 - Resultados do ensaio do Funil "V" no CAA fresco, com classificação.
Os concretos CAA de referência, 10% de RCD e 20% de RCD apresentaram
classe de viscosidade VF1, sendo adequado para elementos estruturais com alta
densidade de armadura e embutidos, mas com controle da exsudação e da
segregação, além da necessidade de serem concretados a partir de um ponto mais
alto com deslocamento livre, conforme indica a norma ABNT NBR 15.823-1 (2010).
O concreto com 30% de RCD foi classificado como VF2 e serve para a maioria das
aplicações correntes. Já os concretos CAA com 40% e 50% de RCD não atingiram o
parâmetro mínimo para serem aplicados como concreto auto-adensável.
4.3.4 HABILIDADE PASSANTE SOB FLUXO CONFINADO (CAIXA "L")
Os valores da razão entre as alturas da superfície do CAA nas extremidades da
câmara horizontal, denominada HP, encontram-se na TAB. 4.1.
Pode-se verificar que, com a adição dos agregados de RCD nos CAA, há a
diminuição da habilidade passante (HP). Para as taxas de 10% de RCD até 50% de
RCD, os valores HP ficaram entre 0,83 e 0,55, ou seja, uma redução de até 41,5%
quando comparado com o resultado no CAA Ref. Isto mostra que a habilidade
passante sob fluxo confinado (caixa "L" com três barras) é prejudicada com a adição
dos agregados de RCD nos CAA.
120
Os resultados de habilidade passante (HP) nos CAA ensaiados neste trabalho
podem ser visualizados no gráfico em barras verticais da FIG. 4.18.
FIG. 4.18 - Resultados do ensaio da caixa "L" no CAA fresco, com classificação.
As composições dos CAA de Referência, 10% de RCD, 20% de RCD e 30% de
RCD apresentaram a classificação PL2, enquanto os CAA com 40% e 50% de RCD
não atingiram o parâmetro mínimo exigido pela norma ABNT NBR 15.823-1 (2010)
para ser classificado como auto-adensável.
4.4 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CAA (fc)
Todos os CAA apresentaram um crescimento de sua resistência à compressão
ao longo das idades de 4 dias, 7 dias, 14 dias e 28 dias, como já era esperado, de
acordo com o que é mostrado na FIG. 4.19.
121
FIG. 4.19 - Gráfico do fc (MPa) dos CAA ensaiados em função da idade (dias).
Na idade de 28 dias, conforme mostra a FIG. 4.20, os CAA com teores de 20%,
30% e 40% de substituição do agregado natural por RCD apresentaram os maiores
valores de resistência à compressão entre os demais. O CAA com 20% de RCD foi o
que apresentou o maior valor de resistência à compressão (fc = 37,4 MPa), ainda
que acima do CAA Ref (fc = 24,2 MPa).
FIG. 4.20 - Resistência do CAA aos 28 dias para os diversos teores de RCD.
Os valores de fc do CAA de referência, ou seja, sem a adição de agregados de
RCD, não foram superiores aos dos concretos com teor de agregado reciclado. A
utilização de agregado de RCD um efeito de cura interna no concreto, pois a sua
122
elevada taxa de absorção (5,6 %) garante uma reserva de água dentro dos
agregados de RCD. Assim, uma parcela da água absorvida inicialmente pelos
agregados de RCD é, posteriormente, liberada para reagir com o cimento e
promover uma cura interna mais eficaz do concreto, gerando maiores resistências
com o passar do tempo.
Observando o gráfico da FIG. 4.20, nota-se uma maior variação entre as
resistências dos CAA com RCD e o CAA de referência com o aumento do tempo.
Isto se deve ao efeito de cura interna promovido pelos agregados de RCD na
composição do CAA. Verifica-se, ainda, que as maiores resistências ocorreram nos
CAA com teores de 20%, 30% e 40% de RCD, indicando que o alto teor de
agregado reciclado na composição de 50% de RCD reduziu a água necessária para
a reação com o cimento, ocasionando uma queda na resistência final do concreto.
4.5 ANÁLISE DE CUSTOS DOS CAA COM AGREGADOS DE RCD
Conforme mencionado no item 2.3.3, os custos unitários apresentados na TAB.
4.4 foram utilizados no cálculo dos custos relacionados ao CAA com e sem
agregados de RCD.
TAB. 4.4 - Custos unitários dos materiais empregados no CAA.
Material R$/m3 Fonte
Agregado Graúdo Natural (nº 0 e 1) R$ 89,14 SINAPI/RJ - jan/2015
Agregado Graúdo RCD R$ 36,72 TAB. 5.3
Agregado Miúdo + Fino Natural R$ 69,90 SINAPI/RJ - jan/2015
Agregado Miúdo + Fino RCD R$ 36,72 TAB. 5.3
Cimento CP II R$ 1.485,00 SINAPI/RJ - jan/2015
Superplastificante R$ 6.950,45 SINAPI/RJ - jan/2015
Com as composições já calculadas para os CAA de referência, 10% de RCD,
20% de RCD, 30% de RCD, 40% de RCD e 50% de RCD, chegou-se aos custos de
materiais para cada CAA, conforme indicado na TAB. 4.5.
123
TAB. 4.5 - Custos unitários dos traços de CAA com teor de RCD.
CAA
Custo de Material em cada traço (R$) Custo Total (R$)
Custo Unitário (R$/m3)
Cimento Agregado Graúdo Agregado Miúdo + Finos Superplast.
CP-II Natural RCD Natural RCD
REF 4,35 0,64 - 0,72 - 1,10 6,81 331,73
10% RCD 4,35 0,58 0,03 0,64 0,04 1,10 6,74 326,25
20% RCD 4,35 0,51 0,06 0,57 0,08 1,10 6,67 320,84
30% RCD 4,35 0,45 0,08 0,50 0,12 1,10 6,61 315,50
40% RCD 4,35 0,39 0,11 0,43 0,16 1,10 6,54 310,24
50% RCD 4,35 0,32 0,14 0,36 0,20 1,10 6,48 305,04
A FIG. 4.21 mostra a variação do custo unitário, em R$/m3, do CAA de acordo
com a variação do teor de RCD na composição. Percebe-se que a adição de
agregados de RCD no CAA, em substituição aos agregados de rocha natural,
promove um diminuição do custo total de até 15,6 % (para um teor de substituição
de 100% de RCD), em relação ao custo total do CAA Ref. Para o CAA com
substituição de 50% do agregado natural por 50% de agregado de RCD, a redução
no custo foi de 8% em relação ao CAA Ref.
FIG. 4.21 - Custo Unitário para diferentes teores de RCD.
124
5. CONCLUSÕES
Para a utilização de agregados reciclados de RCD em concretos deve-se
avaliar, a priori, a possibilidade de utilização de material proveniente de demolição
de estruturas de concreto, e não os que contenham materiais cerâmicos, vidros e
outros, pois estes possuem diversas características que prejudicam a
trabalhabilidade e a resistência final do concreto. O resíduo oriundo da demolição do
Elevado da Perimetral apresentou ótimas resistências à abrasão e ao esmagamento,
além de possuir um teor de absorção de água abaixo do encontrado nos resíduos
cerâmicos.
A decisão por se utilizar os agregados de RCD sem a lavagem mostrou-se uma
opção econômica e sustentável para a reciclagem, pois evitou o desperdício de
grande quantidade de água que seria destinada nesta fase do beneficiamento. Além
do mais, a eliminação da necessidade de lavagem simplificou e agilizou o processo
de utilização do RCD em novos concretos. Cabe ressaltar que os resíduos de
demolição do Elevado da Perimetral não apresentaram, em sua composição,
matéria orgânica. Entretanto, recomenda-se que, para a utilização do RCD de outras
fontes, deve ser verificada a presença ou não deste tipo de material.
Conforme os resultados de trabalhabilidade, fluidez e habilidade passante do
CAA no estado fresco, verificou-se que quanto maior o teor de RCD na dosagem,
menos fluido e mais viscoso tornou-se o concreto. Com os resultados, verificou-se
que substituindo o agregado de rocha natural pelo agregado reciclado até o teor de
30% de RCD, todos os parâmetros analisados atenderam às especificações da
ABNT NBR 15.823-1 (2010). Os CAA com teores de 40% e 50% de RCD não
atingiram os valores mínimos de norma para trabalhabilidade e viscosidade de CAA.
Neste sentido, conclui-se que o teor de substituição de agregados reciclados na
composição do CAA deve estar dentro do limite de 30%.
Foi observado que, após o ciclo de mistura dos materiais do CAA, os agregados
de RCD continuaram absorvendo a água da composição, causando uma redução
significativa na trabalhabilidade do concreto fresco ao longo dos 30 minutos
posteriores à betonada de cada composição de CAA. Isto se deve ao fato de que os
agregados de RCD não foram previamente saturados, como de costume. Sendo
125
assim, a alta porosidade destes materiais provocou uma absorção prolongada de
água na mistura.
A absorção de água dos agregados de RCD provocaram o efeito de cura interna
do concreto, proporcionando um aumento da resistência à compressão do concreto
para os teores de RCD variando de 0% a 20%, e uma manutenção aproximada da
resistência (acima dos 35 MPa) para os teores de 20%, 30% e 40% de RCD.
Devido às características negativas dos RCD, quanto ao formato dos grãos e à
taxa de absorção de água, os CAA com 50% de teor deste material apresentaram
uma queda mais expressiva na resistência à compressão.
Ressalta-se que, apesar dos concretos dosados com 40% e 50% de RCD não
terem atendido aos parâmetros de trabalhabilidade de CAA, estes podem ser
aplicados como concreto estrutural convencional, pois apresentaram resistência à
compressão acima dos 30 MPa, além de possuírem níveis de trabalhabilidade e
viscosidade dentro dos parâmetros dos concretos convencionais.
De acordo com os custos analisados, conclui-se que a utilização do RCD no teor
de 30% da composição do CAA reduziu o custo de materiais em aproximadamente
5% em relação ao concreto de referência.
Assim, o uso do RCD proveniente de estruturas de concreto representou uma
ótima possibilidade de reaproveitamento como agregado reciclado para CAA, tendo
proporcionado diminuição dos impactos ambientais gerados pelos RCD, redução de
custos de materiais e atingindo resistências que possibilitam a sua utilização em
estruturas de concreto.
Como sugestões para trabalhos futuros, a fim de se esclarecer os aspectos
pendentes, citam-se:
- estudo das características do material pulverulento encontrado na superfície
dos agregados de RCD oriundos de demolição de concreto, analisando a sua
influência, ao longo do tempo, nas resistências à compressão e à abrasão do CAA.
- estudo do comportamento dos CAA com agregados de RCD oriundos de
concreto demolido, quando aplicados em vigas e pilares de concreto armado,
analisando as possíveis reações degenerativas nas armaduras de aço.
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Setembro, 17.
140
7. APÊNDICE
7.1 MEDIDAS OBTIDAS PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE DE FORMA DO
AGREGADO RECICLADO
Nº comprimento (cm) espessura (cm) c/e
# 9
,5m
m
1 2,20 0,90 2,44
2 1,30 0,95 1,37
3 1,40 0,75 1,87
4 2,00 0,85 2,35
5 1,85 0,80 2,31
6 1,90 0,95 2,00
7 1,80 0,75 2,40
8 2,20 0,95 2,32
9 2,15 0,70 3,07
10 2,05 0,85 2,41
11 1,80 0,75 2,40
12 2,00 0,55 3,64
13 1,55 0,90 1,72
14 1,80 0,90 2,00
15 1,30 0,85 1,53
16 1,75 0,80 2,19
17 1,40 0,85 1,65
18 2,55 0,95 2,68
19 1,55 0,85 1,82
20 2,10 0,75 2,80
21 2,00 0,60 3,33
22 1,90 0,75 2,53
23 2,15 0,85 2,53
24 1,55 0,65 2,38
25 1,80 0,85 2,12
26 2,25 0,95 2,37
27 1,95 0,70 2,79
28 1,75 0,75 2,33
29 1,80 0,75 2,40
30 2,10 0,80 2,63
31 1,65 0,70 2,36
32 2,00 0,70 2,86
33 1,90 0,70 2,71
141
34 1,45 0,95 1,53
35 1,90 0,80 2,38
36 1,65 0,95 1,74
37 2,10 0,65 3,23
38 1,90 0,95 2,00
39 1,60 0,95 1,68
40 2,05 0,75 2,73
41 1,35 0,70 1,93
42 1,65 0,95 1,74
43 1,50 0,60 2,50
44 1,90 0,75 2,53
45 2,00 0,80 2,50
46 2,30 0,90 2,56
47 1,75 0,80 2,19
48 1,90 0,90 2,11
49 1,90 0,55 3,45
50 2,25 0,70 3,21
# 1
2,5
mm
51 2,90 1,45 2,00
52 4,00 1,05 3,81
53 2,20 1,30 1,69
54 2,10 1,05 2,00
55 3,50 1,05 3,33
56 2,50 1,35 1,85
57 2,25 1,45 1,55
58 2,40 0,70 3,43
59 2,50 1,30 1,92
60 3,30 1,00 3,30
61 2,65 1,30 2,04
62 2,70 1,30 2,08
63 3,55 1,65 2,15
64 2,65 1,50 1,77
65 2,85 1,05 2,71
66 2,70 1,25 2,16
67 2,70 0,80 3,38
68 2,95 1,00 2,95
69 2,25 1,15 1,96
70 2,35 0,90 2,61
71 2,20 1,20 1,83
72 2,35 1,40 1,68
73 2,40 1,15 2,09
74 2,10 1,25 1,68
142
75 3,30 0,95 3,47
76 2,30 1,10 2,09
77 2,05 1,05 1,95
78 2,25 1,35 1,67
79 2,25 1,20 1,88
80 2,50 0,80 3,13
81 2,85 0,70 4,07
82 1,90 1,30 1,46
83 3,25 1,15 2,83
84 2,20 1,10 2,00
85 2,85 1,35 2,11
86 2,50 1,30 1,92
87 2,70 1,25 2,16
88 2,35 1,00 2,35
89 3,20 1,10 2,91
90 2,50 1,30 1,92
91 2,15 0,95 2,26
92 2,20 1,30 1,69
93 2,55 1,50 1,70
94 2,55 0,70 3,64
95 2,30 1,30 1,77
96 2,20 1,20 1,83
97 2,70 1,30 2,08
98 2,40 1,10 2,18
99 2,30 0,75 3,07
100 2,45 1,50 1,63
101 2,15 1,15 1,87
102 1,90 1,00 1,90
103 2,40 1,30 1,85
104 3,15 1,25 2,52
105 2,40 1,20 2,00
106 2,30 0,75 3,07
107 2,80 1,10 2,55
108 2,35 1,00 2,35
109 2,85 1,45 1,97
110 2,50 1,10 2,27
111 3,60 1,30 2,77
112 2,20 1,15 1,91
113 2,50 0,65 3,85
114 2,35 0,65 3,62
115 3,85 1,40 2,75
143
116 2,50 1,50 1,67
117 2,70 1,45 1,86
118 2,30 1,00 2,30
119 2,10 1,20 1,75
120 3,05 1,65 1,85
121 2,10 1,10 1,91
122 2,80 1,60 1,75
123 2,95 1,55 1,90
124 2,85 1,40 2,04
125 2,40 1,05 2,29
126 2,55 0,85 3,00
127 2,80 1,15 2,43
128 4,15 0,95 4,37
129 2,65 0,95 2,79
130 1,85 1,15 1,61
131 2,10 1,50 1,40
132 2,30 1,15 2,00
133 2,60 1,30 2,00
134 1,75 1,25 1,40
135 2,10 1,25 1,68
136 2,60 1,20 2,17
137 2,80 1,30 2,15
138 2,40 1,10 2,18
139 2,50 1,40 1,79
140 1,80 1,30 1,38
141 3,05 1,40 2,18
142 3,40 0,70 4,86
143 2,70 1,50 1,80
144 3,20 1,50 2,13
145 3,00 1,20 2,50
146 3,20 1,00 3,20
147 2,30 1,15 2,00
148 2,30 1,25 1,84
149 2,80 1,60 1,75
150 2,40 1,30 1,85
151 2,05 1,20 1,71
152 2,50 0,80 3,13
153 2,30 0,55 4,18
154 2,55 0,80 3,19
155 2,50 1,00 2,50
156 2,20 0,95 2,32
144
157 2,55 0,80 3,19
158 2,80 0,95 2,95
159 2,60 1,60 1,63
160 2,25 0,80 2,81
161 2,00 0,85 2,35
162 2,40 1,35 1,78
163 1,90 0,85 2,24
164 2,20 1,30 1,69
165 2,10 1,30 1,62
166 2,80 0,85 3,29
167 2,15 1,25 1,72
168 2,95 1,00 2,95
169 2,00 1,40 1,43
170 3,55 1,25 2,84
171 2,90 1,15 2,52
172 2,90 1,30 2,23
173 2,50 1,40 1,79
174 2,95 1,45 2,03
175 2,55 1,10 2,32
176 3,20 1,30 2,46
177 2,15 1,10 1,95
178 2,95 1,40 2,11
179 2,70 0,70 3,86
180 3,00 1,80 1,67
181 3,00 1,15 2,61
182 2,85 1,50 1,90
183 2,25 1,45 1,55
184 2,30 1,30 1,77
185 2,00 1,00 2,00
186 3,15 1,10 2,86
187 2,25 1,30 1,73
188 2,50 1,45 1,72
189 2,40 1,80 1,33
190 2,65 1,60 1,66
191 2,60 1,15 2,26
192 2,20 1,20 1,83
193 2,30 1,35 1,70
194 2,55 1,25 2,04
195 2,40 1,35 1,78
196 2,65 1,15 2,30
197 2,30 1,05 2,19
145
198 3,80 1,15 3,30
199 2,70 1,30 2,08
200 2,65 1,20 2,21
IF = 2,3
146
7.2 RELATÓRIOS DE SAÍDA DO PAVITEST (COMPRESSÃO DOS CP)