Modelos de Dados Álvaro Vinícius de Souza Coêlho [email protected].
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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES
LÍGIA AZEVEDO BERBERT
AVALIAÇÃO DOS COEFICIENTES DE ADENSAMENTO VERTICAL E
HORIZONTAL DE UM DEPÓSITO DE SOLO MOLE PARA A PREVISÃO DE
RECALQUES EM OBRAS DE INFRAESTRUTURA
Rio de Janeiro
2016
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
LÍGIA AZEVEDO BERBERT
AVALIAÇÃO DOS COEFICIENTES DE ADENSAMENTO VERTICAL E
HORIZONTAL DE UM DEPÓSITO DE SOLO MOLE PARA A
PREVISÃO DE RECALQUES EM OBRAS DE INFRAESTRUTURA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de
Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto
Militar de Engenharia, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia
de Transportes.
Orientadora: Profa. Maria Esther Soares Marques – D.Sc.
Rio de Janeiro
2016
2
c 2016
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro – RJ CEP: 22.290-270
Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em
base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de
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É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas
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fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e
que seja feita a referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s)
orientador(es).
629.04 Berbert, Lígia Azevedo
B484a Avaliação dos Coeficientes de Adensamento Vertical e Horizontal de um Depósito de Solo Mole
para a Previsão de Recalques em Obras de Infraestrutura / Lígia Azevedo Berbert; orientada por
Maria Esther Soares Marques – Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2016.
182p.: il.
Dissertação (mestrado) – Instituto Militar de Engenharia – Rio de Janeiro, 2016.
1. Curso de Engenharia de Transportes – teses e dissertações. 2. Solos moles. 3. Engenharia civil. 4.
Mecânica dos solos. I. Marques, Maria Esther Soares. II. Título. III. Instituto Militar de Engenharia.
4
Dedico este trabalho às minhas avós Ignezita e Elcy (in
memoriam).
5
AGRADECIMENTOS
A Deus e à espiritualidade amiga, por me guiarem em todos os instantes, permitindo
transpor os mais difíceis obstáculos com alegria e paz.
Aos meus pais Sandra e Durval, pelo amor e por estarem sempre presentes. Agradeço
também pela educação e o incentivo aos estudos.
Ao Euler, meu grande amor, pelo carinho e apoio imprescindível que me deu em todos os
momentos durante o mestrado. Obrigada pela paciência e pelas palavras de injeção de ânimo.
À professora Esther, pela dedicação e carinho com que sempre me orientou. Obrigada
pelos ensinamentos e pelo entusiasmo com o que os faz.
A todos meus familiares e amigos, pelos momentos de descontração e pelas mensagens de
apoio, tornando o caminho mais fácil de trilhar. Em especial, Tia Léia, Danyelle Grillo, Camila
Oliveira, Jussara Angelo, Thiago Araújo e Cida Gomes.
Aos colegas e amigos da Prodec, em especial Márcio Gomes, Alvaro Falcão, Fabrício
Cassaro e Mônica Vital, pelo companheirismo e por compreenderem minha ausência, que por
vezes se fez necessária.
Ao engenheiro Hugo Guida, quem eu muito admiro pelo exemplo de profissional e caráter.
Agradeço pelo apoio na realização do mestrado e pelos ensinamentos diários.
Ao amigo e geólogo Francisco Danciger, que soube, sabiamente, transmitir palavras de
conforto nos momentos difíceis, como se adivinhasse minhas aflições. Agradeço também pelas
valiosas referências e dicas.
Aos colegas do IME, especialmente Cassia e Rômulo, pelos adoráveis momentos ao longo
do curso e pelas dúvidas compartilhadas.
Aos colegas da Planave, em especial Leandro Vaz, pelo incentivo a iniciar o mestrado.
À CRO/1, pelo apoio prestado, essencial para realização desta dissertação.
À empresa IQS e aos colaboradores William Braga, Lorena, Wilson, Nilo e Francisco, pela
atenção com que me receberam no campo e no laboratório e pela experiência compartilhada.
À banca examinadora, pelos comentários e contribuição a este trabalho.
À Prodec Consultoria, hoje minha segunda casa, por me permitir realizar o mestrado e por
incentivar o aprendizado contínuo.
Ao Instituto Militar de Engenharia e a todos os professores que contribuíram para meu
aprendizado.
6
“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim:
esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois
desinquieta. O que ela quer da gente é coragem...”
GUIMARÃES ROSA
7
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................... 10
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 13
LISTA DE SÍMBOLOS ........................................................................................................... 14
LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................. 16
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19
1.1 Considerações Iniciais ........................................................................................... 19
1.2 Objetivos ............................................................................................................... 20
1.3 Justificativa e Motivação ....................................................................................... 21
1.4 Organização da Dissertação .................................................................................. 22
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 24
2.1 Aceleração de Recalques com Drenos Verticais ................................................... 24
2.1.1. Adensamento Unidimensional com Fluxo Tridimensional ................................... 25
2.1.2 Adensamento com Drenagem Puramente Radial .................................................. 27
2.1.3 Considerações Sobre o Amolgamento no Desempenho dos Drenos .................... 30
2.1.4 Efeito da Resistência Hidráulica dos Drenos Verticais ......................................... 32
2.2 Métodos de Obtenção do Coeficiente de Adensamento Horizontal ...................... 33
2.2.1 Ensaios de Campo ................................................................................................. 34
2.2.2 Ensaios de Laboratório .......................................................................................... 36
2.2.3 Análises de Monitoramento de Campo ................................................................. 40
2.3 Considerações Parciais .......................................................................................... 41
3 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................ 42
3.1 Área de Estudo ...................................................................................................... 42
3.2 Descrição do Meio Físico ...................................................................................... 44
3.2.1 Origem e Formação dos Sedimentos Quaternários ............................................... 46
3.3 Investigações Geotécnicas ..................................................................................... 47
8
4 ENSAIOS DE CAMPO E COLETA DE AMOSTRAS INDEFORMADAS . 49
4.1 Sondagens à Percussão .......................................................................................... 49
4.2 Ensaios de Palheta ................................................................................................. 52
4.2.1 Descrição dos Ensaios ........................................................................................... 55
4.2.2 Resultados dos Ensaios de Palheta ........................................................................ 57
4.3 Coleta de Amostras Indeformadas ........................................................................ 59
4.3.1 Coletas Realizadas ................................................................................................. 61
4.3.2 Tubos Amostradores Utilizados ............................................................................ 62
5 ENSAIOS DE LABORATÓRIO ....................................................................... 65
5.1 Ensaios de Caracterização ..................................................................................... 65
5.1.1 Análise Granulométrica ......................................................................................... 65
5.1.2 Limites de Atterberg .............................................................................................. 67
5.1.3 Massa Específica dos Grãos .................................................................................. 67
5.1.4 Teor de Matéria Orgânica...................................................................................... 68
5.1.5 Resultados dos Ensaios de Caracterização ............................................................ 68
5.2 Ensaios de Adensamento ....................................................................................... 73
5.2.1 Determinação dos Parâmetros de Compressibilidade ........................................... 74
5.2.2 Determinação dos Coeficientes de Adensamento ................................................. 78
5.2.3 Qualidade das Amostras ........................................................................................ 80
5.2.4 Descrição dos Ensaios ........................................................................................... 83
5.2.5 Resultados ............................................................................................................. 88
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................ 93
6.1 Resistência ao Cisalhamento Não Drenada ........................................................... 94
6.2 Qualidade das Amostras Indeformadas ................................................................. 95
6.3 Parâmetros de Compressibilidade ......................................................................... 98
6.4 História de Tensões do Depósito ......................................................................... 100
6.5 Coeficientes de Adensamento ............................................................................. 102
6.6 Permeabilidade .................................................................................................... 120
6.7 Análise da Evolução de Recalques a Partir de Diferentes Relações Entre os
Coeficientes de Adensamento Horizontal e Vertical .......................................... 123
9
7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .............. 125
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 129
9 ANEXOS ............................................................................................................ 137
9.1 Anexo 1: Gráficos de Torque x Rrotação Obtidos dos Ensaios de Palheta ........ 138
9.2 Anexo 2: Curvas de Compressibilidade dos Ensaios Oedométricos ................... 138
9.3 Anexo 3: Curvas de Adensamento ...................................................................... 163
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 2.1 Representação da região intacta e amolgada ao redor de um dreno e dos parâmetros
geométricos de, ds e dw .......................................................................................... 31
FIG. 2.2 Esquema da célula unitária do adensamento radial e da variação do coeficiente de
permeabilidade ao redor do dreno: à esquerda a célula unitária equivalente e à
direita a célula unitária idealizada (modificado de ABUEL-NAGA et al., 2012) 32
FIG. 2.3 Ensaio de adensamento com drenagem radial interna na célula de SHIELDS E
ROWE (1965) (Adapatado de COÊLHO, 1997) ................................................... 37
FIG. 3.1 Localização da área em estudo .............................................................................. 42
FIG. 3.2 Delimitação da área de estudo: Zona 1 e Zona 2 .................................................. 43
FIG. 3.3 Mapa Geoambiental do Rio de Janeiro e marcação das Zonas 1 e 2 (Fonte: CPRM,
2000) ...................................................................................................................... 45
FIG. 3.4 Sub-bacia do Rio Piracão (6) e demarcação da área em estudo (Fonte: IPP, 2004) 46
FIG. 3.5 Ilhas de investigação e exemplo de arranjo de uma ilha ....................................... 48
FIG. 4.1 Execução da sondagem à percussão Z1-SP-62. .................................................... 50
FIG. 4.2 Mapa de isoespessuras das Zonas 1 e 2 ................................................................. 51
FIG. 4.3 Perfil geológico-geotécnico de uma seção da Zona 1 ........................................... 51
FIG. 4.4 Perfis de umidade natural: à esquerda dados da Zona 1 e à direita dados da Zona 2
............................................................................................................................... 52
FIG. 4.5 Execução do ensaio de palheta: colocação do conjunto haste- palheta no furo (a) e
aplicação manual do torque (b). ............................................................................ 56
FIG. 4.6 Dificuldade na mobilização entre furos: veículo atolado ...................................... 56
FIG. 4.7 Perfil de Su natural: (a) resultados da Zona 1 e (b) resultados da Zona 2 ............. 58
FIG. 4.8 Curvas torque x rotação: Z2-EP-14-2,0m ............................................................. 58
FIG. 4.9 Curvas torque x rotação: Z1-EP-27-3,0m ............................................................. 59
FIG. 4.10 Tubo de PVC utilizado nas retiradas de amostras: a) detalhe do bisel na
extremidade externa e b) tubo com amostras, lacrados e identificados ................ 63
FIG. 5.1 Curva granulométrica da amostra Z1-AI-27-7,0m. ............................................... 66
FIG. 5.2 Perfil dos parâmetros de caracterização do solo ................................................... 71
FIG. 5.3 Gráfico de Plasticidade de Casagrande ................................................................. 72
FIG. 5.4 Gráfico e x log σ`v: curva de compressibilidade e identificação dos parâmetros . 75
11
FIG. 5.5 Linha de fim do secundário para OCR=2 e variação do índice de vazios
correspondente ao adensamento secundário (Δesec). ............................................. 77
FIG. 5.6 Interpretação da curva de adensamento pelo método de Casagrande (a) e pelo
método de Taylor (b). ............................................................................................ 79
FIG. 5.7 Efeito do amolgamento nas curvas de compressibilidade e de adensamento
(FERREIRA e COUTINHO, 1988; COUTINHO et al. 1998; adaptado por
ALMEIDA e MARQUES, 2003) .......................................................................... 81
FIG. 5.8 Esquema de moldagem dos corpos de prova na direção horizontal e vertical ...... 84
FIG. 5.9 Armazenamento das amostras. .............................................................................. 85
FIG. 5.10 Marcação dos segmentos de um tubo a serem cortados. ....................................... 85
FIG. 5.11 Procedimentos de moldagem dos corpos de prova: a) redução do atrito entre a
amostra e a parede do tubo; b) retirada da amostra com auxílio de um peso; c)
cravação do anel com a amostra na posição natural; d) retirada do excesso de
material ao redor do anel; e e) acerto final da base e do topo do corpo de prova. 86
FIG. 5.12 Moldagem de um CP vertical: a) corte em meia cana da amostra e b) cravação do
anel na amostra rotacionada 90º de sua posição original ...................................... 87
FIG. 5.13 Acessórios da célula de adensamento (a) e célula montada (b) ............................ 87
FIG. 5.14 Prensa utilizada nos ensaios de adensamento oedométrico. .................................. 88
FIG. 5.15 Comparação dos resultados de cv (ou ch) obtidos pelos métodos de Taylor e de
Casagrande ............................................................................................................ 92
FIG. 6.1 Resultados dos ensaios de palheta: Su da argila indeformada e amolgada da Zona 1
(a) e da Zona 2 (b) e sensibilidade das Zonas 1 e 2 (c) ......................................... 94
FIG. 6.2 Curva de compressibilidade (e x log σ`v) de uma amostra amolgada (Z1-AI-04). 97
FIG. 6.3 Correlação estatística entre o índice de compressão (Cc) e a umidade natural (wn):
argilas da área de estudo (Zonas 1 e 2); argilas do BRT; argilas de Santa Cruz
(CAMPOS, 2006); argilas da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes
(NASCIMENTO, 2009); argilas brasileiras (SILVA, 2013). ............................... 98
FIG. 6.4 Comparação entre OCR estimado pelo ensaio de palheta e pelo ensaio oedométrico
............................................................................................................................. 101
FIG. 6.5 Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-18-1,5m. .................... 106
FIG. 6.6 Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-18-3,5m. .................... 107
12
FIG. 6.7 Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-29-2,0m. .................... 108
FIG. 6.8 Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-29-6,0m. .................... 109
FIG. 6.9 Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-27-3,0m. .................... 110
FIG. 6.10 Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-27-5,0m. .................... 111
FIG. 6.11 Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-27-7,0m. .................... 112
FIG. 6.12 Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-36-3,0m. .................... 113
FIG. 6.13 Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-36-7,0m. .................... 114
FIG. 6.14 Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-60-4,0m. .................... 115
FIG. 6.15 Variação com a profundidade dos coeficientes de adensamento horizontal e
vertical, a partir dos ensaios oedométricos .......................................................... 117
FIG. 6.16 Razão ch /cv versus índices de vazios dos solos. .................................................. 119
FIG. 6.17 Relações entre o índice de vazios e o logaritmo da permeabilidade vertical ...... 122
FIG. 6.18 Evolução dos recalques com o tempo ................................................................. 124
13
LISTA DE TABELAS
TAB. 4.1 Classificação das argilas quanto à sensibilidade ................................................... 54
TAB. 4.2 Verticais, profundidades e resultados dos ensaios de palheta ............................... 57
TAB. 4.3 Verticais e profundidades de amostragem ............................................................. 62
TAB. 5.1 Resultados dos ensaios de caracterização ............................................................. 69
TAB. 5.2 Critérios para classificação da qualidade da amostra ............................................ 82
TAB. 5.3 Critério de Coutinho (2007) modificado (Andrade, 2009) .................................... 82
TAB. 5.4 Ensaios de adensamento realizados ....................................................................... 84
TAB. 5.5 Resumo dos parâmetros de compressibilidade dos CPs moldados na horizontal . 89
TAB. 5.6 Coeficientes de adensamento dos CPs moldados na horizontal (cv), para o domínio
normalmente adensado (σ`v = 100 kPa) ................................................................ 91
TAB. 6.1 Avaliação da qualidade das amostras, a partir de ensaios oedométricos .............. 96
TAB. 6.2 Coeficientes de adensamento considerando a mesma tensão efetiva vertical ..... 103
TAB. 6.3 Coeficientes de adensamento considerando o mesmo índice de vazios .............. 116
TAB. 6.4 Valores típicos de coeficiente de permeabilidade k, em m/s .............................. 122
14
LISTA DE SÍMBOLOS
av ‒ módulo de compressibilidade vertical
C ‒ coeficiente de forma
Ca ‒ índice de área
Cc ‒ índice de compressão
ch ‒ coeficiente de adensamento horizontal
Ci ‒ relação de folga interna
Cr ‒ índice de recompressão
Cs ‒ índice de expansão
cv ‒ coeficiente de adensamento vertical
D ‒ diâmetro das partículas do solo
de ‒ diâmetro de influência de um dreno
De ‒ diâmetro máximo externo do tubo
Di ‒ diâmetro interno do tubo amostrador
Dib ‒ diâmetro interno do bisel de corte
dm ‒ diâmetro equivalente do mandril de cravação
ds ‒ diâmetro da área afetada pelo amolgamento
dw ‒ diâmetro equivalente do dreno
e ‒ índice de vazios
e0 ‒ índice de vazios inicial do corpo de prova
ev0 ‒ índice de vazios correspondente à tensão vertical efetiva de campo
F(n) ‒ função da densidade de drenos
fs ‒ resistência lateral do cone
G ‒ módulo de cisalhamento do solo
Gs ‒ densidade relativa
Hd ‒ distância de drenagem
IP ‒ índice de plasticidade
Ir ‒ índice de rigidez do solo
k ‒ coeficiente de permeabilidade
k`h ‒ coeficiente de permeabilidade na região amolgada
kh ‒ coeficiente de permeabilidade horizontal
15
kv ‒ coeficiente de permeabilidade vertical
L ‒ comprimento característico do dreno
𝑙 ‒ distância entre drenos
mv ‒ coeficiente de variação volumétrica
qc ‒ resistência de ponta medida no ensaio de cone
qw ‒ capacidade de descarga do dreno submetido a um gradiente unitário
r ‒ coordenada de posição radial de um ponto genérico, representando sua distância
ao centro de drenagem.
R ‒ raio do piezocone
St ‒ sensibilidade da argila
Su ‒ resistência ao cisalhamento não drenada
Sua ‒ resistência do solo amolgado
t ‒ tempo
T ‒ fator tempo correspondente à porcentagem de adensamento
U ‒ porcentagem de dissipação da poropressão, grau de adensamento
u ‒ poropressão
Uh ‒ grau de adensamento devido à drenagem radial
wL ‒ limite de liquidez
wn ‒ teor de umidade natural do solo
wP ‒ limite de plasticidade
z ‒ profundidade do ponto considerado
α ‒ fator que relaciona OCR, resistência não drenada e tensão efetiva vertical in situ
γw ‒ peso específico da água
Δesec ‒ variação do índice de vazios correspondente ao adensamento secundário
εsec ‒ deformação secundária
εv ‒ deformação vertical específica
σ`h ‒ tensão horizontal efetiva
σ`v ‒ tensão vertical efetiva
σ`vm ‒ tensão efetiva de sobreadensamento
σ`vo ‒ tensão vertical efetiva in situ
σh ‒ tensão horizontal
σv ‒ tensão vertical
µ ‒ viscosidade do fluido
16
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AP antes do presente
BRT Bus Rapid Transit
CP corpo de prova
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CPTu ensaio de piezocone
CR razão de compressão
CRS ensaio de adensamento com velocidade de deformação constante
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EP ensaio de palheta
GIS unidade gleissolo salino indiscriminado
IA índice de atividade
JMJ Jornada Mundial da Juventude
LC limite de contração
MO matéria orgânica
NA nível d`água
NBR norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
OCR razão de sobreadensamento
PUC Rio Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
PVC Polyvinyl chloride
RR índice de recompressão
RSA razão de sobreadensamento
SPT Standard Penetration Test
SUCS Sistema Unificado de Classificação dos Solos
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UTM Universal Transversa de Mercator
17
RESUMO
Conhecer bem os parâmetros que regem o processo do adensamento é de fundamental
importância para o dimensionamento de drenos verticais e para a previsão de como os recalques
dos aterros construídos sobre solos moles ocorrerão com o tempo. Nesta dissertação foi
utilizada uma técnica alternativa para medição do coeficiente de adensamento horizontal por
meio dos ensaios oedométricos. Em sequência, buscou-se verificar a razão entre os coeficientes
de adensamento horizontal e vertical (ch/cv) para um depósito de solo mole localizado na região
de Guaratiba, Rio de Janeiro. Visando a caracterização geomecânica do depósito e a
comparação e verificação da coerência dos parâmetros obtidos por diferentes ensaios, foram
programadas 15 ilhas de investigação, incluindo sondagens à percussão, 60 ensaios de palheta e
30 coletas de amostras indeformadas. No laboratório foram realizados ensaios de
caracterização completa, com determinação do teor de matéria orgânica, e 40 ensaios de
adensamento oedométrico, dos quais 30 procederam conforme o método tradicional e 10
seguiram o procedimento proposto para avaliar o coeficiente de adensamento horizontal. Os
resultados obtidos foram confrontados com aqueles existentes de áreas próximas, como a
Avenida Dom João VI, onde foi executado o corredor de ônibus BRT, outras áreas de
Guaratiba, Santa Cruz, Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca. No geral, as características
e propriedades do solo analisado se mostraram coerentes entre si e com os registros na literatura
para as argilas moles da Baixada de Sepetiba, localizada na Zona Oeste da cidade do Rio de
Janeiro.
18
ABSTRACT
The parameters that govern the process of consolidation are very important for the design
of vertical drains and to predict how the settlements of embankments built on soft soils will
occur with the time, thus the studies to obtain reliable parameters are very important. In this
dissertation it was used an alternative technique for measuring horizontal coefficient of
consolidation from oedometer tests. In sequence, it was evaluated the ratio of the horizontal and
vertical coefficient of consolidation (ch/cv) for a soft soil deposit located in the region of
Guaratiba, Rio de Janeiro. For proper geotechnical site characterization, field and laboratory
tests were carried out in 15 clusters, in order to obtain the integrated visualization and analysis
of all results. The program of investigation included standard penetration tests, 60 vane tests
and 30 collet of undisturbed soil samples. In the laboratory, complete characterization tests
were carried out with determination of organic matter content, and 40 oedometer consolidation
tests, 30 of which by the traditional method and 10 followed the proposed procedure to obtain
the horizontal coefficient of consolidation. The results were compared against existing
geotechnical data from nearby areas, like Avenida Dom João VI, where the bus system BRT
lane was implemented, other areas of Guaratiba, Santa Cruz, Recreio and Barra da Tijuca.
Overall, the soil characteristics and properties analyzed proved to be consistent with each other
and with the literature about the soft clays of Baixada de Sepetiba, located at West of Rio de
Janeiro city.
19
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No Brasil, a construção de aterros sobre solos moles torna-se muitas vezes inevitável, seja
pela sua extensa faixa litorânea, seja pela ampla rede hidrográfica distribuída em todo o seu
território. O litoral, que possui relação direta com o processo histórico de ocupação do país e
possibilita, por exemplo, a implantação de portos, frequentemente apresenta depósitos de
argilas flúvio-marinhas de elevadas espessuras e de consistência muito mole a mole. Da mesma
forma, o interior do continente, caracterizado pela expansão urbana e pela necessidade de obras
de infraestrutura, é marcado pela ocorrência de planícies aluviais onde também existem
depósitos de sedimentos compressíveis e de grandes espessuras.
Os depósitos de solos moles são indesejáveis para implantação de obras civis por
apresentarem baixa resistência ao cisalhamento e baixa capacidade de suporte, e por serem
altamente compressíveis. As obras executadas sobre estes depósitos, se não tomados os devidos
cuidados, podem apresentar problemas de recalques excessivos ou a ruptura de aterros,
gerando, além de prejuízos financeiros, atrasos na entrega da obra.
Para enfrentar a necessidade de transpor as áreas de depósitos de solos moles, existem hoje
diversas alternativas de projeto. Os métodos mais usuais na construção de aterros rodoviários
são a remoção e substituição do solo mole, utilização de drenos verticais associados a
sobrecargas, aterros leves, constituídos por isopor ou outro material, e aterros estruturados
sobre estacas com plataforma flexível ou rígida. A escolha da solução dependerá de diversos
fatores e para auxiliar nesta tomada de decisão é imprescindível ter o conhecimento da
estratigrafia e das características e propriedades geotécnicas do solo compressível de fundação.
Dentre as técnicas acima citadas, destaca-se o emprego de drenos verticais, os quais
propiciam um aumento na velocidade de adensamento primário através da criação de uma
drenagem radial em adição à drenagem vertical existente, diminuindo o caminho de percolação,
além de aproveitar o fato de a permeabilidade horizontal do solo ser geralmente maior do que a
vertical.
Quanto mais rápido ocorre a dissipação de poropressão, mais rapidamente se tem o ganho
20
de resistência do solo de fundação e o aumento da estabilidade do aterro, diminuindo,
consequentemente, o tempo de construção.
Os primeiros estudos de drenos verticais datam dos anos de 1920. Apesar da teoria e
emprego abrangerem muitas décadas, há ainda grande dificuldade na determinação do
coeficiente de adensamento horizontal e do efeito da cravação dos drenos neste parâmetro.
As argilas de Sarapuí e da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, foram extensivamente
estudadas por pesquisadores, incluindo numerosos ensaios de campo e de laboratório, e análises
do comportamento dos drenos verticais, contribuindo para uma boa base de dados geotécnicos
referentes a estas regiões. COUTINHO (1976), ao estudar as características de adensamento
com drenagem radial de Sarapuí, obteve valores para a razão entre o coeficiente de
adensamento horizontal e o coeficiente de adensamento vertical na faixa de 1,5 a 2,5 (ch/cv).
Esta correlação, associada a outros parâmetros do solo, é fundamental para o dimensionamento
dos drenos verticais.
Neste contexto, a falta de valores da razão entre os coeficientes de adensamento horizontal
e vertical obtidos em laboratório, ou razão de permeabilidade, para a região oeste da cidade do
Rio de Janeiro, faz com que os projetistas adotem valores obtidos em outros depósitos
argilosos, como o de Sarapuí.
A expansão crescente de Guaratiba, região de estudo da presente dissertação,
principalmente após a construção do túnel da Grota Funda, implica na execução de novas vias e
terminais, a exemplo dos corredores expressos BRTs. Sendo assim, é inevitável a construção de
aterros sobre solos moles, de ocorrência generalizada nesta área. Visando a aplicação de drenos
verticais em fundações deste tipo, a adoção de parâmetros de outros depósitos, como a razão de
permeabilidade, pode acarretar em previsões equivocadas da evolução dos recalques na obra.
Isto porque depósitos diferentes provavelmente diferem na estratigrafia, na mineralogia e na
história de tensões, e, consequentemente, as características e propriedades geomecânicas não
são iguais.
1.2 OBJETIVOS
O principal objetivo do trabalho é avaliar a relação entre os coeficientes de adensamento
horizontal e vertical de um depósito de argila mole, utilizada no dimensionamento de drenos
21
verticais e na previsão da evolução de recalques de aterros sobre solos moles no país.
Neste trabalho de pesquisa foi utilizada uma metodologia de ensaio não usual para
medição do coeficiente de adensamento horizontal em laboratório por meio de carregamento
oedométrico.
Buscou-se verificar também a influência das características e propriedades geotécnicas nos
valores dos coeficientes de adensamento obtidos, como a granulometria, o índice de vazios e o
nível de tensões.
Como objetivo secundário, foi realizada uma pesquisa sobre a história geológica dos solos
da região em estudo, obtendo-se conhecimento sobre a formação dos mesmos e,
consequentemente, os comportamentos geotécnicos esperados. Além disto, foi feito um
levantamento de dados das características dos solos moles de regiões próximas, apresentados
em outros trabalhos, contribuindo para a formação de uma base de dados e para as comparações
com os resultados dos ensaios do depósito em estudo.
Ainda como parte do objetivo secundário, foi realizada a caracterização do depósito
quanto à resistência ao cisalhamento não drenada, estudo sobre a qualidade das amostras,
avaliação da relação entre o índice de compressão e o teor de umidade natural, verificação da
razão de sobreadensamento e ajuste na equação que correlaciona a história de tensões com a
resistência obtida no ensaio de palheta.
Para o cumprimento desses objetivos foram desenvolvidas análises baseadas nos
resultados dos ensaios de campo e de laboratório realizados. As investigações de campo
consistiram na realização de sondagens à percussão, ensaios de palheta e coleta de amostras
indeformadas de solo. A partir das amostras indeformadas foram executados os ensaios
oedométricos e de caracterização completa, incluindo determinação do teor de matéria
orgânica.
1.3 JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO
A necessidade de se construir sobre depósitos de argilas moles é um problema recorrente
nos projetos de aeroportos, portos, rodovias e ferrovias. Existem diversas soluções para
enfrentar este problema e a escolha dependerá de fatores como: profundidade da camada de
baixa resistência; finalidade da obra, ou seja, se é possível conviver ou não com o recalque;
22
prazos; custos; materiais disponíveis, entre outros.
Os drenos verticais têm tido grande aplicabilidade nas obras de aterros rodoviários,
portuários, aeroportuários e demais empreendimentos da construção civil. Seu uso tem como
finalidade acelerar o processo de adensamento primário, reduzindo os prazos das obras. A
determinação destes prazos, no entanto, depende do conhecimento das particularidades de cada
solo de fundação, principalmente no que diz respeito à relação entre o coeficiente de
permeabilidade horizontal e vertical do solo. Na falta deste dado, é comum adotar parâmetros
de trabalhos realizados em outros depósitos, que podem não ser representativos do local em
questão, acarretando em comportamentos de recalque diferentes do esperado.
Conhecer como o recalque se desenvolverá com o tempo permite um melhor planejamento
das obras, ao possibilitar a definição do momento adequado para alteamento dos aterros, se este
processo deverá ser em etapas e o quanto de sobrecarga será necessário. A ruptura de aterros e
danos à estrutura do pavimento são exemplos do que ocorre quando não se respeita este
planejamento.
Com a ocupação crescente da região de Guaratiba, onde há ocorrência de depósitos de
solos moles de espessuras da ordem de até 13,5m, é necessário o melhor conhecimento do
comportamento geotécnico destes depósitos, fornecendo subsídios para os futuros projetos de
infraestrutura que se desenvolverão na região.
Como motivação, a realização deste trabalho contribuirá para o aprendizado sobre o tema
solos moles, aplicando-o na prática de projetos de infraestrutura de transportes.
1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação está dividida em sete capítulos, incluindo o atual.
No segundo capítulo é feita uma revisão da literatura sobre a utilização de drenos verticais
visando a aceleração de recalques, discute-se brevemente sobre os métodos de obtenção dos
coeficientes de adensamento horizontal e por fim são apresentadas as conclusões parciais.
No terceiro capítulo é apresentado o depósito em estudo, incluindo sua localização e
características físicas e geológicas. Fala-se, resumidamente, sobre as ilhas de investigação
programadas.
No quarto capítulo são descritos os ensaios de campo e a coleta de amostras indeformadas.
23
Os resultados dos ensaios também são apresentados neste capítulo.
No quinto capítulo são detalhados os ensaios de laboratório e seus respectivos resultados
são apresentados.
No sexto capítulo são feitas as análises dos resultados e são apresentados, oportunamente,
os dados geotécnicos de outros depósitos de solos moles localizadas em Guaratiba, Santa Cruz,
Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca, para fins de comparação.
No sétimo capítulo, que é o último, apresentam-se as conclusões da presente pesquisa e
sugestões para trabalhos futuros.
24
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 ACELERAÇÃO DE RECALQUES COM DRENOS VERTICAIS
A proposta de utilização de drenos verticais para aceleração de recalques surgiu nos anos
de 1920 e o seu processo de funcionamento foi patenteado em 1926 por Daniel E. Moran,
quando em busca de um meio de melhorar as características dos solos compressíveis sob aterros
rodoviários (MORAN et al., 1958). Moran sugeriu pela primeira vez a utilização de drenos
verticais, constituídos por areia, na estabilização de um depósito de solo mole sob o acesso de
uma ponte na Califórnia, Estados Unidos. Embora não levada a diante, a sugestão levou a
Califórnia Division of Highways a conduzir uma série de ensaios de campo e de laboratório
entre 1933 e 1934 a fim de verificar o comportamento dos drenos verticais. Constatou-se que as
amostras com drenos adensavam 20 a 25 vezes mais rápido do que as amostras sem drenos. Em
1934 a experiência foi finalmente aplicada na prática e descrita por PORTER (1936).
Desde então vários estudos foram desenvolvidos sobre os drenos verticais, buscando-se o
conhecimento sobre as teorias de adensamento que regem o fenômeno (RENDULIC, 1935;
CARRILLO, 1942; BARRON, 1948), a melhoria nas técnicas de instalação dos drenos, a
consideração do amolgamento do solo ao redor dos dispositivos (efeito smear) e o
aprimoramento dos materiais empregados.
A partir dos anos 1970 começaram a ser utilizados os drenos pré-fabricados (ALMEIDA E
MARQUES, 2010), que foram evoluindo até os modelos atuais, conhecidos como geodrenos
ou drenos fibroquímicos, basicamente formados por um núcleo de PVC ranhurado envolto por
material filtrante feito de geossintético não tecido. Algumas vantagens dos geodrenos em
relação aos drenos de areia são: maior produtividade na instalação, maior capacidade drenante,
maior controle de qualidade e uniformidade na fabricação industrializada e a alta resistência
mecânica aos esforços que são submetidos durante a cravação no terreno e durante o processo
de adensamento do solo mole.
Independente do tipo de dreno vertical, se de areia ou fibroquímico, o princípio de
funcionamento é o mesmo. A instalação dos dispositivos, adequadamente espaçados entre si e
com comprimento de forma a atravessar a camada de argila, propicia um aumento na
25
velocidade de adensamento primário através da criação de uma drenagem radial em adição à
drenagem vertical existente, o que diminui drasticamente o caminho de percolação. Soma-se
ainda o fato de a drenagem radial ser usualmente mais rápida do que a vertical devido à
anisotropia da permeabilidade inerente ao solo (JAMIOLKOWSKI et al., 1983).
Consequentemente, a dissipação de poropressão ocorre em tempo muito menor e mais
rapidamente se tem um ganho na resistência do solo de fundação e na estabilidade do aterro.
Ressalta-se, no entanto, que os drenos verticais promovem apenas a aceleração dos recalques,
não interferindo na sua magnitude total.
Os drenos verticais pré-fabricados são instalados no terreno com o auxílio de um mandril
(tubo de aço) e possuem uma sapata de cravação que permite sua ancoragem quando da
remoção do mandril. Na parte superior do terreno executa-se um colchão drenante, de forma a
conduzir a água captada pelos geodrenos para a atmosfera. Detalhes sobre a captação da água,
de forma a garantir a eficiência do sistema de drenos, são descritos por SANDRONI (2006b).
Exemplos de utilização de drenos verticais em obras são relatados em HANSBO et al.
(1981), ALMEIDA et al. (2005), BEDESCHI (2004), INDRARATNA et al. (2005) e
CASCONE e BIONDI (2013).
A utilização da técnica de drenos verticais geralmente é associada à execução de
sobrecarga temporária, permitindo uma maior eficiência no aceleramento dos recalques. No
entanto, o enfoque é dado apenas aos drenos, por estarem associados ao objeto de interesse
desta dissertação.
O item a seguir aborda as teorias de adensamento que levam em consideração a drenagem
radial propiciada pelos drenos verticais. Mostra-se a importância do conhecimento dos
coeficientes de adensamento vertical e horizontal, este último principalmente, para a boa
estimativa da evolução dos recalques com o tempo.
2.1.1. Adensamento unidimensional com fluxo tridimensional
O processo de adensamento unidimensional onde o fluxo ocorre segundo uma direção com
componentes horizontais e verticais (x, y e z) pode ser representado pela Equação 2.1 a seguir
(TERZAGHI, 1943):
𝜕𝑢
𝜕𝑡= 𝑐𝑣 (
𝜕2𝑢
𝜕𝑥2+
𝜕2𝑢
𝜕𝑦2+
𝜕2𝑢
𝜕𝑧2) 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏
26
Admitindo-se o efeito de anisotropia e que, consequentemente, as permeabilidades
horizontal e vertical são diferentes, tem-se a Equação 2.2:
𝜕𝑢
𝜕𝑡= 𝑐ℎ (
𝜕2𝑢
𝜕𝑥2+
𝜕2𝑢
𝜕𝑦2) + 𝑐𝑣 (
𝜕2𝑢
𝜕𝑧2) 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟐
onde ch e cv são, respectivamente, os coeficientes de adensamento horizontal e vertical, x e y
são as duas direções horizontais e z a direção vertical.
Considerando que nas direções x e y a permeabilidade é a mesma, o valor do coeficiente de
adensamento horizontal é dado pela Equação 2.3:
𝑐ℎ =𝑘ℎ(1 + 𝑒)
𝑎𝑣𝛾𝑤=
𝑘ℎ
𝑚𝑣𝛾𝑤 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟑
onde:
kh – coeficiente de permeabilidade horizontal;
e – índice de vazios;
av – módulo de compressibilidade vertical;
γw – peso específico da água; e
mv – coeficiente de variação volumétrica.
O valor do coeficiente de adensamento vertical é dado pela Equação 2.4, semelhante à
equação utilizada para obtenção do coeficiente de adensamento horizontal:
𝑐𝑣 =𝑘𝑣(1 + 𝑒)
𝑎𝑣𝛾𝑤=
𝑘𝑣
𝑚𝑣𝛾𝑤 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟒
onde kv é o coeficiente de permeabilidade vertical.
Sendo o processo de adensamento simétrico em relação a um eixo, torna-se mais
conveniente representar a Equação 2.2 em termos de coordenadas cilíndricas, obtendo-se a
Equação 2.5:
𝜕𝑢
𝜕𝑡= 𝑐ℎ (
𝜕2𝑢
𝜕𝑟2+
1
𝑟
𝜕𝑢
𝜕𝑟) + 𝑐𝑣
𝜕2𝑢
𝜕𝑟2 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟓
onde r é a coordenada de posição radial de um ponto genérico, representando sua distância ao
27
centro de drenagem.
A Equação 2.5 considera, portanto, um fluxo combinado vertical e horizontal, o que
ocorre, por exemplo, nas bordas de um aterro sem drenos ou quando da utilização de drenos em
camadas argilosas de espessuras relativamente pequenas, menores do que 10,0m (ALMEIDA e
MARQUES, 2010).
CARRILLO (1942) demonstrou que o processo de adensamento com fluxo tridimensional
pode ser decomposto em um fluxo radial plano e um fluxo linear vertical, possibilitando
solucionar vários tipos de problemas de fluxo bidimensional ou tridimensional. Se Uh é o grau
de adensamento médio de uma camada de argila devido a uma drenagem radial em um dado
instante t e Uv é o grau de adensamento médio decorrente da drenagem vertical no mesmo
instante, o grau de adensamento médio Uv,h devido a uma drenagem combinada é dado pela
Equação 2.6, apresentada por CARRILLO (1942):
(1 − 𝑈𝑣,ℎ) = (1 − 𝑈𝑣) 𝑥 (1 − 𝑈ℎ ) 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟔
O cálculo de Uv é feito por meio da expressão da teoria de adensamento de TERZAGHI e
FRÖLICH (1936), representada por TAYLOR (1948) pelas seguintes equações simplificadas:
𝑇𝑣 = 𝜋
4𝑥 𝑈𝑣
2, para Uv < 60% 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟕
𝑇𝑣 = 0,9332𝑥 log(1 − 𝑈𝑣) − 0,0851, para Uv > 60% 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟖
onde Tv é o fator tempo e depende do coeficiente de adensamento vertical (cv) e da distância de
drenagem (Hd), para um tempo t, conforme a expressão a seguir:
𝑇𝑣 = 𝑐𝑣 . 𝑡
𝐻𝑑2 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟗
Para a obtenção de Uh pode-se utilizar as equações descritas a seguir.
2.1.2 Adensamento com drenagem puramente radial
Segundo COÊLHO (1997), foi no período entre 1940 e 1942 que Barron, baseado na teoria
28
de adensamento de TERZAGHI e FRÖLICH (1936), começou a desenvolver procedimentos de
projeto que culminaram no seu trabalho clássico de uma teoria de adensamento com drenos
verticais de areia (BARRON, 1948). Até então, os projetos e as instalações dos drenos eram
feitos em bases empíricas.
No desenvolvimento de sua teoria, BARRON (1948) considerou duas condições extremas
que podem ocorrer em uma camada de solo: deformações verticais livres (free vertical strains),
resultantes de uma distribuição uniforme de carregamento na superfície, e deformações
verticais iguais (equal vertical strains), resultantes da imposição de mesma deformação vertical
em todos os pontos da superfície.
Retornando a Equação 2.5, caso seja desprezada a drenagem vertical, tem-se a Equação
2.10 a seguir, que representa o adensamento considerando apenas a drenagem radial.
𝜕𝑢
𝜕𝑡= 𝑐ℎ (
𝜕2𝑢
𝜕𝑟2+
1
𝑟
𝜕𝑢
𝜕𝑟) 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏𝟎
A partir da Equação 2.10, assumindo a condição de deformações verticais iguais,
BARRON (1948) obteve a expressão para o cálculo do grau de adensamento médio da camada
Uh, conforme segue (Equação 2.11):
𝑈ℎ = 1 − 𝑒−[8𝑇ℎ/𝐹(𝑛)] 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏𝟏
sendo definido:
𝑇ℎ = 𝑐ℎ. 𝑡
𝑑𝑒2
𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏𝟐
𝐹(𝑛) = 𝑛2
𝑛 − 1ln(𝑛) −
3𝑛2 − 1
4𝑛2 ≅ ln(𝑛) − 0,75 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏𝟑
𝑛 = 𝑑𝑒
𝑑𝑤 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏𝟒
onde:
Uh – grau de adensamento médio devido ao fluxo radial;
Th – fator tempo horizontal;
29
F(n) - função da densidade de drenos;
de – diâmetro de influência de um dreno; e
dw – diâmetro equivalente.
O diâmetro de influência dos drenos, de, está relacionado ao espaçamento entre eles e a sua
distribuição, se em malha quadrada ou triangular.
Se os drenos forem dispostos em malha quadrada de lado 𝑙, a área do quadrado formado é
igual à área do círculo equivalente, conforme segue:
𝑙2 = 𝜋𝑑𝑒
2
4 ∴ 𝑑𝑒 = 1,13𝑙 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏𝟓
Caso a disposição seja em malha triangular, iguala-se a área do hexágono formado à área
do círculo equivalente, obtendo-se:
𝑙2√3
2=
𝜋𝑑𝑒2
4 ∴ 𝑑𝑒 = 1,05𝑙 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏𝟔
Para determinação do diâmetro equivalente, dw, HANSBO (1979) propõe que o perímetro
do dreno equivalente (seção circular) seja o mesmo do dreno real. Como os drenos
pré-fabricados em geral possuem formato retangular, de dimensões a e b, tem-se:
𝜋𝑑𝑤 = 2(𝑎 + 𝑏) ∴ 𝑑𝑤 =2(𝑎 + 𝑏)
𝜋 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏𝟕
Para a condição de deformações verticais livres, o grau de adensamento médio é expresso
em termos de funções de Bessel. A solução analítica para este caso pode ser visualizada em
BARRON (1948) e RICHART (1959). De acordo com RICHART (1959), a diferença entre as
duas soluções, considerando deformações livres ou iguais, torna-se pouco relevante para
valores de n maiores do que 10. No caso dos geodrenos, cujo valor de n é maior do que 5, a
diferença é maior apenas no início do adensamento, sendo praticamente inexistente para
U>50%. ALMEIDA e MARQUES (2010) também comentam que as duas soluções são muito
próximas, tornando-se mais conveniente utilizar a equação de deformações verticais iguais,
devido a sua simplicidade.
30
2.1.3 Considerações sobre o amolgamento no desempenho dos drenos
O trabalho de BARRON (1948) foi um dos primeiros a apresentar soluções para o
adensamento considerando ainda o amolgamento (efeito de smear) do solo na periferia dos
drenos e a resistência do próprio dreno ao fluxo.
Durante o processo de cravação dos drenos são causadas perturbações no solo nas
adjacências da região trabalhada. Os efeitos podem ser mais ou menos intensos a depender da
sensibilidade da argila, do método e do tipo de mandril utilizados na instalação dos drenos
(SCHMIDT, 1992). Como consequência do amolgamento, a permeabilidade do solo é
reduzida, diminuindo a velocidade de adensamento, além de a magnitude do recalque poder ser
maior (SAYE, 2001).
Ao se especificar o espaçamento entre os drenos deve ser considerado, então, que se os
mesmos forem locados muito próximos, há uma perda significativa de sua eficiência. Desta
forma, SAYE (2001) indicou uma maneira de se limitar o espaçamento entre os drenos baseada
na razão entre os coeficientes de adensamento horizontal e vertical do depósito, ch/cv.
Definindo a razão de espaçamento modificada, n`, como a razão entre o diâmetro de influência
do geodreno e o diâmetro equivalente do conjunto sapata-mandril, o autor sugeriu que para
ch/cv = 1,0, o espaçamento entre drenos fosse associado ao valor de n`=7 e que, para ch/cv da
ordem de 4, ao valor de n`=10.
O amolgamento da argila ao redor do dreno ocasiona uma condição de fronteira entre a
região não perturbada e a amolgada, não considerada na Equação 2.13, conforme
esquematizado na Figura 2.1. Tendo em vista a redução do coeficiente de permeabilidade na
região onde ocorre o rearranjo do solo, HANSBO (1981) propõe que se deve somar ao valor de
F(n) daquela equação o valor de F(s):
𝐹𝑠 = (𝑘ℎ
𝑘`ℎ− 1) . ln (
𝑑𝑠
𝑑𝑤) 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏𝟖
onde:
kh – coeficiente de permeabilidade na região intacta;
k`h – coeficiente de permeabilidade na região amolgada;
ds – diâmetro da área afetada pelo amolgamento e igual a 2dm, sendo dm o diâmetro equivalente
do mandril de cravação retangular de dimensões w e l, dado por:
31
𝑑𝑚 = √4
𝜋𝑤. 𝑙 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟏𝟗
FIG. 2.1 – Representação da região intacta e amolgada ao redor de um dreno e dos parâmetros
geométricos de, ds e dw
Os valores de k`h raramente são obtidos por ensaios e a razão kh/k`h pode ser estimada por
meio da seguinte relação com a anisotropia da permeabilidade (HANSBO, 1981):
𝑘ℎ
𝑘`ℎ=
𝑘ℎ
𝑘𝑣 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟐𝟎
Ou seja, a anisotropia de permeabilidade kh/kv é uma relação importante a ser definida no
projeto de drenos e será discutida ao longo desta dissertação. Como referência, COUTINHO
(1976) encontrou valores de kh/kv variando entre 1,5 e 2,5 para a argila do depósito de Sarapuí,
enquanto INDRARATNA et al. (2005) indicam valores entre 1 e 6, com média de 2,5,
considerando diferentes depósitos pesquisados por outros autores.
Alguns estudos mais recentes (BASU et al. (2006) e ABUEL-NAGA et al. (2012))
recomendam uma alteração na teoria proposta por HANSBO (1981) por julgarem necessária a
consideração de uma zona de transição entre a região amolgada e a intacta, onde o coeficiente
de permeabilidade aumenta gradualmente à medida que se afasta do dreno, como indicado na
Figura 2.2. As equações que consideram este aspecto podem ser consultadas em
ABUEL-NAGA et al.(2012). Modelos mais complexos, no entanto, por vezes não se
32
justificam, haja vista que as incertezas de certos valores, como os de ch adotados no
dimensionamento dos drenos, podem ser muito mais significativas do que a influência das
variações da permeabilidade ao redor do dreno (RIXNER et al., 1986).
FIG. 2.2 – Esquema da célula unitária do adensamento radial e da variação do coeficiente de
permeabilidade ao redor do dreno: à esquerda a célula unitária equivalente e à direita a célula
unitária idealizada (modificado de ABUEL-NAGA et al., 2012)
2.1.4 Efeito da resistência hidráulica dos drenos verticais
Na dedução da Equação 2.11, BARRON (1948) considerou a condição ideal de
permeabilidade infinita dos drenos. No entanto, durante o adensamento da camada de argila
mole, podem ocorrer dobramentos e colmatação dos drenos, contribuindo para a redução de sua
capacidade de descarga.
Para avaliar a resistência hidráulica dos drenos, ORLEACH (1983) propôs, a partir das
equações de HANSBO (1981), a seguinte equação:
𝑊𝑞 = 2𝜋𝑘ℎ
𝑞𝑤 𝐿2 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟐𝟏
onde qw é a capacidade de descarga do dreno submetido a um gradiente unitário e L é o
comprimento característico do dreno. Quando a drenagem ocorre somente por uma
extremidade do dreno, o comprimento característico é igual ao próprio comprimento do dreno
33
e, quando a drenagem ocorre nas duas extremidades, o comprimento característico é igual à
metade do dreno.
Para valores de Wq menores do que 0,1, a resistência hidráulica pode ser desprezada. Caso
contrário, deve-se acrescentar ao valor de F(n), na Equação 2.13, o valor de Fq a seguir
(HANSBO, 1981):
𝐹𝑞 = 𝜋𝑧(𝐿 − 𝑧)𝑘ℎ
𝑞𝑤 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟐𝟐
onde z é a profundidade do ponto considerado.
Como Fq é função de z, tem-se que Uh = f(z). De acordo com ALMEIDA (1992), adota-se,
então, um valor médio de Uh.
2.2 MÉTODOS DE OBTENÇÃO DO COEFICIENTE DE ADENSAMENTO
HORIZONTAL
O coeficiente de adensamento é o parâmetro do solo que controla a evolução dos recalques
ao longo do tempo. Como visto no item anterior, a determinação do coeficiente de adensamento
horizontal (ou radial) e a relação entre a permeabilidade horizontal e vertical são de suma
importância para o dimensionamento dos drenos verticais. O coeficiente de adensamento, tanto
horizontal quanto vertical, está diretamente relacionado ao coeficiente de permeabilidade k do
solo e é inversamente proporcional ao coeficiente de variação volumétrica mv (Equações 2.3 e
2.4).
Em relação à permeabilidade do solo, TAYLOR (1948) propôs a seguinte equação:
𝑘 = 𝐷2 𝛾𝑤
𝜇
𝑒3
1 + 𝑒 𝐶 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟐𝟑
A Equação 2.23 indica que a permeabilidade é influenciada pelo diâmetro das partículas do
solo (D), pelo peso específico do fluido que percola o solo (γw), pela viscosidade do fluido (µ),
pelo índice de vazios (e) e pelo coeficiente de forma (C).
34
Dentre os fatores que influenciam a permeabilidade dos solos, mostrando que, a rigor, este
parâmetro não é propriamente uma característica do mesmo, destaca-se a viscosidade do fluido
a ser drenado. Quanto menor a viscosidade, maior será a condutividade hidráulica do solo,
sendo que a viscosidade varia inversamente com a temperatura do meio. Os efeitos da
temperatura na viscosidade e consequentemente, nas características de adensamento do solo,
são abordados por MARQUES (1996).
Outros fatores que influenciam a permeabilidade do solo, destacados por PINTO (2006)
são: o grau de saturação do solo, uma vez que as bolhas de ar de um solo não saturado
constituem obstáculos ao fluxo d`água; e a estrutura e anisotropia do solo, sendo que as
partículas de solos sedimentares tendem a ter as maiores dimensões orientadas na posição
horizontal, o que contribui para a permeabilidade horizontal ser maior do que a vertical.
A avaliação do coeficiente de adensamento é uma das tarefas mais difíceis da engenharia
geotécnica, dada a grande variabilidade que este parâmetro costuma apresentar e as diversas
considerações que devem ser feitas na interpretação dos resultados conforme o ensaio utilizado
para sua obtenção.
São consideradas três maneiras básicas de se obter o coeficiente de adensamento
horizontal: por meio de ensaios de campo, como a medida de dissipação de poropressão ou
ensaio de permeabilidade in situ; por meio de ensaios de laboratório, como ensaio oedométrico
ou ensaio triaxial; e por meio de retroanálises ao instrumentar os recalques em campo quando
da construção dos aterros. A seguir é feita uma breve abordagem sobre cada método e, em
seguida, discute-se as vantagens e desvantagens de cada um. Cabe ressaltar que o objetivo
principal do presente trabalho será cumprido através de ensaios de laboratório.
2.2.1 Ensaios de campo
Uma das maneiras de se obter o coeficiente de adensamento horizontal é a partir de ensaios
de dissipação de poropressão durante a cravação do piezocone (CPTu). Nas profundidades
especificadas, a cravação do piezocone é interrompida e monitora-se a dissipação do excesso de
poropressão gerada no entorno do transdutor de pressão. O tempo de ensaio é variável e
depende das características do solo, sendo que, em geral, especifica-se a duração equivalente a,
pelo menos, 50% da dissipação do excesso de poropressão.
Através do desenvolvimento matemático baseado na teoria de expansão da cavidade
cilíndrica e calibrações em campo, é possível relacionar o tempo (t) e a forma da curva de
35
dissipação com o coeficiente de adensamento horizontal do solo. O procedimento para se
determinar o tempo (t) correspondente à dissipação desejada, a partir da curva de dissipação, é
discutido por SCHNAID et al. (1997) e o método mais utilizado atualmente para a
determinação do ch é o proposto por HOULSBY e TEH (1988).
Os valores de ch obtidos dessa forma, no entanto, correspondem a propriedades de solo na
faixa pré-adensada, uma vez que durante a penetração do cone o solo ao seu redor é submetido
a elevados níveis de deformação e comporta-se como um solo em recompressão (BALIGH e
LEVADOUX, 1986). Uma maneira de se estimar o valor de ch no domínio de comportamento
normalmente adensado (NA) é apresentada por JAMIOLKOWSKI et al. (1985), a saber:
𝑐ℎ (𝑁𝐴) =𝑅𝑅
𝐶𝑅 𝑐ℎ (𝑝𝑖𝑒𝑧𝑜𝑐𝑜𝑛𝑒) 𝐄𝐐. 𝟐. 𝟐𝟒
onde RR/CR é a relação entre o índice de recompressão e compressão virgem. A título de
exemplo, LACERDA e ALMEIDA (1995) apresentaram o valor de 0,10 para a relação RR/CR,
e BALDEZ (2013) encontrou valores variando entre 0,07 e 0,14, ambos considerando ensaios
realizados nas argilas da Barra da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro.
Além da variação de RR/CR, uma das limitações do método acima para se obter o ch é a
dificuldade na definição das condições de contorno e do nível de tensões a que o solo está
submetido, sendo que o coeficiente de adensamento pode variar significativamente com o nível
de tensões.
ATKINSON e ELDRED (1981) sugeriram que a melhor maneira de calcular ch e cv seria
combinar os resultados de compressibilidade (mv) do ensaio de adensamento convencional com
os de permeabilidade (kh e kv) determinada in situ.
Determinações diretas da permeabilidade in situ em solos de baixa permeabilidade (k <
10-6
m/s) podem ser feitas com piezômetros do tipo Casagrande, que também são uma
alternativa para acompanhar as variações do coeficiente de permeabilidade dos solos durante o
período de construção. Este piezômetro consiste basicamente em um tubo vertical, de
extremidade perfurada, que permite o fluxo de água entre o solo e o tubo até a equalização da
pressão hidrostática. O tempo necessário para essa equalização é chamado tempo de retardo
(time lag) e é inversamente proporcional à permeabilidade do solo e varia com as características
geométricas do tubo (TEIXEIRA, 2012). A partir dos registros da velocidade com que ocorre a
equalização do nível d`água, o coeficiente de permeabilidade pode ser obtido pelas equações
36
diferenciais de HVORSLEV (1949), que são apresentadas por TEIXEIRA (2012).
TEIXEIRA (2012) ressalta que uma das possíveis fontes de erros a ser considerada na
interpretação dos ensaios é o amolgamento do solo adjacente ao piezômetro durante a sua
instalação.
2.2.2 Ensaios de laboratório
Vários autores realizaram ensaios de laboratório visando simular o adensamento com a
presença de drenos verticais ou simplesmente a obtenção do coeficiente de adensamento
horizontal, citando-se como exemplo o trabalho de SILVEIRA (1950), BARROS (1951),
MCKINLAY (1961), SHIELDS e ROWE (1965), COUTINHO (1976), COÊLHO (1997) e
TEIXEIRA (2012).
SILVEIRA (1950) apud COÊLHO (1997) realizou ensaios de adensamento com
drenagem radial interna em amostras de argila mole da Baixada Fluminense, Estado do Rio de
Janeiro, utilizando-se de equipamentos convencionais. No centro dos corpos de prova era
inserido um dreno constituído de alteração de rocha areno-micácea. O problema deste ensaio
era a eventual diferença entre as compressibilidades do corpo de prova e do dreno.
Segundo CÔELHO (1997), na tentativa de eliminar este problema, BARROS (1951) foi
um dos primeiros a realizar ensaios com drenagem radial externa, executando um dreno de
areia externo ao corpo de prova. No entanto, surgia outro problema a ser considerado, o atrito
entre o corpo de prova e o dreno.
MCKINLAY (1961) realizou ensaios com drenagem radial externa usando um anel de aço
poroso, de permeabilidade relativamente alta. Porém, no decorrer dos ensaios, a
permeabilidade do anel diminuía, prejudicando os resultados. O autor também executou alguns
ensaios no oedômetro convencional com corpos de prova obtidos a partir de uma rotação de 90º
da sua posição natural. Os valores do coeficiente de adensamento obtidos nesses últimos
ensaios foram intermediários entre aqueles obtidos nos ensaios convencionais e os ensaios com
drenagem radial, sendo mais próximos destes.
ESCARIO e URIEL (1961) executaram ensaios de adensamento no equipamento triaxial,
permitindo apenas a drenagem radial. O procedimento consistiu em deixar uma camada de
5mm de areia micácea ao redor da amostra e discos plásticos entre a amostra e as pedras porosas
de topo e base, de forma a impedir a drenagem vertical. Nestes ensaios houve a preocupação em
usar um material drenante que apresentasse uma compressibilidade um pouco maior que a da
37
argila. Para tanto, foi feita uma mistura adequada entre areia e mica. Os autores também
desenvolveram uma solução do problema do adensamento com fluxo radial externo para a
condição de deformações verticais iguais (equal strain) e um procedimento para obtenção do
coeficiente de adensamento horizontal.
Segundo SHIELDS e ROWE (1965) o ensaio no equipamento triaxial apresentava maiores
dificuldades de manuseio. SHIELDS e ROWE (1965) desenvolveram então uma sofisticada
célula de adensamento, hoje conhecida como célula de Rowe, para realizar ensaios com
drenagem radial (Figura 2.3). Um disco rígido era apoiado no topo da amostra, sobre o qual
existia um diafragma de borracha onde se aplicava a tensão vertical por meio de pressão
hidráulica. O disco rígido permitia simular a condição de equal strain e, caso fosse removido,
simulava-se a condição de free strain. A drenagem radial ocorria internamente com a instalação
de um dreno de areia no centro da amostra. O equipamento possibilitava o controle da
drenagem e a medida de poropressão, porém o problema da influência da compressibilidade do
dreno persistia. Para o cálculo do coeficiente de adensamento horizontal, os autores usaram um
método de ajuste similar ao de Taylor (1948).
FIG. 2.3 – Ensaio de adensamento com drenagem radial interna na célula de SHIELDS e
ROWE (1965) (Adapatado de COÊLHO, 1997)
COUTINHO (1976) realizou ensaios permitindo apenas drenagem radial, interna e
externa, e também fez ensaios com apenas drenagem vertical, o que permitiu obter relações
entre as permeabilidades horizontal e vertical (kh/kv). Nos ensaios de drenagem interna, foram
utilizados os equipamentos triaxial e edométrico, enquanto que nos de drenagem externa,
38
apenas o edométrico foi utilizado. A argila estudada foi a do depósito de Sarapuí, na Baixada
Fluminense.
Para a drenagem radial interna foi instalado um dreno central na amostra constituído pela
mistura de areia e mica em uma proporção tal que sua compressibilidade fosse
aproximadamente igual a da argila estudada. Os drenos foram instalados por três métodos
distintos com o objetivo de se analisar a influência do método de instalação no valor de ch. Nos
ensaios de drenagem radial externa, foi feita uma adaptação do equipamento edométrico e
deixou-se uma pedra porosa circundando externamente o corpo de prova. Porém, o próprio
autor cita que a adaptação da célula neste caso pode acarretar em erros grosseiros nos
coeficientes determinados. Ao avaliar os dois tipos de ensaio, COUTINHO (1976) notou que os
valores de ch diferiam entre si e supôs que a diferença seria devido ao atrito lateral existente
entre o anel de pedra porosa e o corpo de prova de solo e por causa de uma drenagem
indesejada, chamada parasita, que ocorre nos ensaios com drenagem radial interna. A
interpretação dos ensaios com drenagem interna foi baseada nas equações de BARRON (1948)
e a dos ensaios com drenagem externa, nas equações propostas por ESCARIO e URIEL (1961).
Os valores do coeficiente de adensamento horizontal foram obtidos pelos métodos de
Casagrande (logaritmo do tempo) e de Taylor (raiz quadrada do tempo).
DAVIES e HUMPHESON (1981), em busca de determinar as propriedades geotécnicas de
um depósito de solo mole para subsidiar o projeto de uma rodovia de ligação em Belfast,
Irlanda do Norte, realizaram aterros experimentais com dois tipos de drenos verticais e
monitoraram a dissipação de poropressão. Também foram realizados ensaios de adensamento
com corpos de prova moldados na posição perpendicular ao eixo do tubo amostrador. O
coeficiente de adensamento horizontal foi determinado por meio da retroanálise das curvas de
dissipação de poropressão, pelos ensaios de adensamento e pela combinação da permeabilidade
horizontal kh de campo com o mv de laboratório. Nos três casos foi observada uma variação não
linear semelhante de ch com a tensão efetiva. Os resultados mostraram uma boa concordância
entre os dados de laboratório e de campo.
COÊLHO (1997) realizou ensaios de adensamento com drenagem radial interna em
equipamento oedométrico. A drenagem era promovida por uma malha hexagonal de drenos de
areia no corpo de prova, sendo os furos originados pela cravação de canudos plásticos, do tipo
de refrigerante, no solo. A drenagem vertical era impedida. Foram ensaiados corpos de prova
com 7, 19 e 37 drenos, possibilitando diferentes valores da razão n. Ensaios de adensamento
convencionais também foram conduzidos para que se pudesse comparar as curvas de
39
compressão (εv x σ`v) obtidas com as dos ensaios em que foram usados drenos, visando avaliar
a influência da rigidez relativa entre os drenos e o solo. COÊLHO (1997) também realizou
ensaios com toda a drenagem, radial e vertical, impedida, no intuito de verificar a existência de
uma drenagem parasita nos ensaios de drenagem radial. A autora concluiu que, ao se utilizar
uma malha de 37 drenos de 6,3mm de diâmetro, existe o problema da contribuição dos drenos
no suporte do carregamento vertical; que o efeito da drenagem parasita é tão maior quanto
maior for o valor da relação diferença entre os diâmetros da amostra e do dreno / altura da
amostra; e, finalmente, que, devido à influência da drenagem parasita, quando se aumenta o
número de drenos nos ensaios, os valores de ch decrescem.
SANTA MARIA et al. (2002) apresentaram uma solução teórica, empregando a Teoria da
Viscosidade Linear, para quantificar a rigidez relativa dos drenos em ensaios de adensamento
com drenagem radial interna e propuseram uma metodologia para o cálculo dos valores de ch
livres do efeito da rigidez dos drenos e também da drenagem parasita. Para tentar reduzir o
efeito da drenagem parasita, alguns experimentos foram feitos com a altura do corpo de prova
aumentada. Todos os ensaios foram conduzidos no equipamento edométrico e utilizaram-se
malhas de 19 e 37 drenos, de diferentes rigidezes (areia, areia+mica, mica, barbante e
papel-filtro). Primeiramente foi calculado o coeficiente de adensamento a partir das curvas
deformação x log t e da solução de Barron, para condição equal strain, denominado chc, e
posteriormente calculou-se o denominado coeficiente de adensamento horizontal verdadeiro do
solo, chv, para o qual são descontados os fatores de influência da rigidez relativa dreno-argila e
da drenagem parasita. Alguns ensaios, no entanto, conduziram à desigualdade chc < chv, o que
não era esperado e foi atribuído a anomalias associadas à variação do diâmetro dos drenos com
a deformação da amostra.
TEIXEIRA (2012) conduziu ensaios nos solos de um depósito compressível, localizado na
Barra da Tijuca, no sentido de avaliar a anisotropia da permeabilidade. Foram realizados
ensaios oedométricos com corpos de provas obtidos pela rotação de 90º da amostra e com
corpos de prova da mesma amostra na sua posição original, pretendendo-se obter,
respectivamente, o coeficiente de adensamento horizontal e vertical do solo. Contudo, um
aspecto que deve ser considerado na análise desses resultados é o fato de que no campo os
carregamentos ocorrem principalmente na direção vertical e, portanto, ortogonais ao provável
alinhamento das partículas do solo. No laboratório, o corpo de prova rotacionado está sujeito a
carregamentos paralelos ao suposto alinhamento das partículas e, assim sendo, a compressão
pode alterar a estrutura do solo, influenciando os resultados obtidos. Apesar dessas
40
considerações, os ensaios assim realizados permitiram, com as devidas ponderações, avaliar a
anisotropia da permeabilidade resultante da orientação preferencial das partículas. A vantagem
desde procedimento é que o mesmo não exige equipamentos especiais, podendo ser facilmente
incorporado aos ensaios corriqueiros.
Definido o tipo de ensaio para obtenção da curva recalque versus tempo, segue-se o
cálculo propriamente dito do coeficiente de adensamento horizontal.
2.2.3 Análises de monitoramento de campo
Os coeficientes de adensamento horizontal e vertical do solo também podem ser obtidos
por meio da retroanálise do comportamento real do aterro construído.
Devido às incertezas inerentes a obtenção dos parâmetros pelos ensaios de campo e de
laboratório, torna-se necessário confirmar as premissas de projeto durante a obra,
verificando-se a necessidade ou não de alteração no cronograma. A programação do alteamento
dos aterros, da remoção de sobrecargas e da execução da estrutura de um pavimento, por
exemplo, devem estar de acordo com a evolução real dos recalques com o tempo.
Um método simples de retroanálise foi proposto por ASAOKA (1978), permitindo
determinar os coeficientes de adensamento e o recalque final do aterro com base nas medidas de
recalques com o tempo. Para medir os deslocamentos verticais, os aterros podem ser
instrumentados durante a sua construção com placas de recalque, por exemplo.
No entanto, nos casos em que o adensamento secundário é significativo e ocorre em
paralelo ao adensamento primário, os coeficientes de adensamento obtidos pelo método de
ASAOKA (1978) tendem a ser maiores do que os obtidos por outros métodos e por vezes, não
são satisfatórios (SCHMIDT, 1992). Esta diferença é mais significativa no caso dos
coeficientes de adensamento vertical, pois nos casos de drenagem preferencialmente radial,
como em geral ocorre com a utilização dos drenos verticais, o adensamento secundário paralelo
ao primário é relativamente pequeno durante o período de aceleração dos recalques, resultando
em valores de ch mais consistentes (ALMEIDA e MARQUES, 2010).
Aplicações e limitações do método de ASAOKA (1978) podem ser encontradas
detalhadamente em SCHMIDT (1992), BEDESCHI (2004) e TEIXEIRA (2012).
A desvantagem da obtenção dos coeficientes de adensamento por meio de retroanálise, em
relação aos obtidos pelos ensaios de campo e de laboratório é que, a não ser que se construam
aterros experimentais, só é possível, obviamente, obter os valores no transcorrer da obra ou
41
após sua finalização.
2.3 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
A determinação dos coeficientes de adensamento vertical e horizontal é de suma
importância para o dimensionamento de drenos verticais e para a previsão da evolução dos
recalques com tempo.
Conforme visto, não existe ainda um método ideal estabelecido para a obtenção dos
coeficientes de adensamento horizontal. Cada método possui suas vantagens e desvantagens,
podendo ser complementares.
Não raro, os valores apresentados pelos diferentes métodos possuem ordens de grandeza
diferentes. COUTINHO e BELLO (2014), por exemplo, registraram valores médios de ch
obtidos dos ensaios oedométricos (usando a relação ch=1,5.cv) igual a 4,94 x 10-8
m²/s e, para os
valores obtidos nos ensaios de piezocone, 4,03 x 10-7
m²/s.
As diferenças nos valores dos coeficientes de adensamento entre os diversos métodos
podem ser decorrentes dos seguintes fatores (ALMEIDA e MARQUES, 2010):
i) Em laboratório a análise é unidimensional e em campo as condições de contorno são
diferentes. Nos aterros de menor largura, como os rodoviários, onde as deformações
laterais são maiores, esta condição se afasta mais da realidade;
ii) Ocorrência de lentes de areia no campo, reduzindo os tempos de recalque, não
reproduzidas nos ensaios de laboratório;
iii) O adensamento secundário em campo, não considerado nas análises.
Nesta pesquisa, para estimativa dos coeficientes de adensamento, e, consequentemente, a
relação ch/cv, foram realizados ensaios oedométricos, de forma a se obter a curva recalque
versus tempo, e o ajuste das curvas obtidas procedeu conforme os métodos de Taylor e de
Casagrande. Em seguida, prosseguiu-se o cálculo do coeficiente de adensamento através da
equação que o relaciona com o tempo necessário para ocorrer um certo recalque e o fator tempo
correspondente à respectiva porcentagem de recalque. Os procedimentos adotados estão
detalhados no Capítulo 5.
42
3 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
3.1 ÁREA DE ESTUDO
A área objeto do presente estudo está localizada na região de Guaratiba, próxima à
extremidade leste da Baía de Sepetiba, no município do Rio de Janeiro, e compreende as
denominadas Zonas 1 e 2, as quais são divididas pela Avenida Dom João VI, conforme
apresentado nas Figuras 3.1 e 3.2. A Zona 1 inclui uma área de cerca de 1,48km² e a Zona 2,
0,3km². A localização central aproximada das duas áreas, em coordenadas UTM, é
E=646.110 m e N=7.455.694 m, fuso 23K.
FIG. 3.1 – Localização da área em estudo
O bairro de Guaratiba se encontra em crescimento urbano, principalmente após a
construção do túnel da Grota Funda ligando-o aos bairros Recreio dos Bandeirantes e Barra da
43
Tijuca. O acesso facilitado, onde se destaca, além do túnel, a implantação do corredor exclusivo
para os ônibus do sistema BRT (Bus Rapid Transit), contribui para a expansão da região, o que
significa novos empreendimentos e obras de infraestrutura.
No entanto, a região Oeste da cidade do Rio de Janeiro, que compreende os bairros
mencionados e se estende até Santa Cruz, encontra-se inserida, em boa parte, em área de
deposição de sedimentos argilosos, formando terrenos altamente compressíveis, o que dificulta
sua utilização nas obras de engenharia.
FIG. 3.2 – Delimitação da área de estudo: Zona 1 e Zona 2.
As investigações geotécnicas realizadas na área de estudo identificaram, em linhas gerais,
camadas de solos moles a muito moles de até 13,5m de espessura e o nível d`água próximo ou,
muita vezes, coincidente com a superfície do terreno.
Dois fatos que ocorreram na região de Guaratiba, talvez por consequência da má avaliação
das características e propriedades geotécnicas do solo de fundação, são dignos de menção. O
primeiro se refere aos problemas constatados no pavimento do corredor do BRT logo após a sua
inauguração. Destacam-se os afundamentos excessivos do pavimento, provavelmente
associados à acomodação do subleito, e a falta de um sistema de drenagem condizente com a
condição de lençol freático próximo à superfície. O segundo fato diz respeito aos problemas
apresentados no Campo da Fé, próximo da área de estudo, onde aconteceria a missa do Papa
Francisco I durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) do ano 2013. O local, porém, foi
interditado devido aos alagamentos após um período de chuva, ocasionados pela drenagem
44
deficiente da obra e do solo de fundação, que possui baixa permeabilidade. Nesses casos o
aterro deve atingir no mínimo a cota de inundação e a cota necessária para o projeto de
drenagem da área.
3.2 DESCRIÇÃO DO MEIO FÍSICO
A área em estudo está inserida na planície de Guaratiba, que é caracterizada pela transição
entre os ambientes marinho e terrestre. Do local em estudo até o Oceano Atlântico,
RONCARATI e BARROCAS (1978) dividiram a planície em três subambientes segundo
critérios morfológicos e fitológicos: zona alga, zona caranguejo e zona mangue, no sentido
continente - oceano. DIAS-BRITO et al. (1982), baseados nessa classificação, denominaram
planície de maré superior aquela formada pelas fácies alga e caranguejo, que é onde se encontra
a região de interesse e, planície de maré inferior, a que engloba a fácies mangue. A planície de
maré superior não recebe mais regularmente as águas das marés normais, sendo alcançada
apenas pelas marés de sizígia (altas). Consequentemente, as exposições frequentes dos terrenos
à alta incidência de raios solares contribuem para a formação de finas crostas de sal
(DIAS-BRITO et al.,1982).
Na Figura 3.3 é apresentado o mapa geoambiental obtido no site da Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). De acordo com esse levantamento, a maior parte da
área em estudo encontra-se na unidade de planície flúvio-marinha (1) e o restante na planície
flúvio-lagunar (2b1). Ambas as unidades são constituídas por sedimentos quaternários, e suas
descrições indicam predominância de solos argilosos, ricos em matéria orgânica e com
elevados teores de sais e enxofres. Os terrenos são inundáveis, com lençol freático subaflorante
e possuem baixa capacidade de carga (CPRM, 2000).
A leste e ao norte da área de estudo destaca-se a formação do maciço costeiro granito
gnáissico da Pedra Branca (15a2), do período Pré-Cambriano, de gradiente elevado e altitude
superior a 300m. Esta unidade apresenta, em geral, solos pouco espessos e alta suscetibilidade a
processos de erosão e de movimentos de massa (CPRM, 2000). Estas características, somadas
aos processos de denudação dos morros, contribuem para a distribuição errática dos sedimentos
na baixada de Guaratiba.
45
FIG. 3.3 – Mapa Geoambiental do Rio de Janeiro e marcação das Zonas 1 e 2 (Fonte: CPRM,
2000)
Segundo SANTOS (2004) a posição geográfica da baixada, que de um lado é limitada por
maciços litorâneos e de outro, pelo oceano, proporciona uma certa fragibilidade ambiental
devido às alterações relativamente rápidas dos complexos sistemas oceânicos, climáticos e
continentais que aí se interagem.
Com relação à ocupação humana, PELLEGRINI (2000) destaca a atuação dos jesuítas, no
século XVII, que procuraram retificar os canais de maré para evitar as enchentes nas lavouras e
nas regiões de criação de gado. Consequentemente, as áreas atingidas pelas marés e irrigadas
pelas águas doces diminuíram consideravelmente, contribuindo para o acúmulo de sais e a
formação das planícies hipersalinas (apicuns) de Guaratiba (Figura 3.2).
A hidrografia da região pode ser observada na Figura 3.4, onde foi marcada a área em
estudo, que está inserida na sub-bacia do Rio Piracão, a qual, por sua vez, faz parte da
macrobacia Baía de Sepetiba. O Rio Piracão, principal curso d`água da sub-bacia, é responsável
pela drenagem de aproximadamente 22 km², possui cerca de 8,3 km e, por vezes, é considerado
canal de maré devido à sua gênese (PELLEGRINI, 2000).
Com relação à pedologia, SANTOS (2004) aborda os solos da região como gleissolos,
baseado no levantamento feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA). Trata-se de solos minerais hidromórficos, os quais são desenvolvidos em
condições de excessos de umidade, favoráveis à transformação do ferro férrico em ferroso
(redução). Os compostos reduzidos são os responsáveis pelo aspecto acinzentado, esverdeado
ou azulado dos solos.
46
FIG. 3.4 – Sub-bacia do Rio Piracão (6) e demarcação da área em estudo (Fonte: IPP, 2004)
Dentre as diferentes unidades de gleissolos mapeadas, a área de estudo está inserida na
unidade gleissolo salino indiscriminado (GIS). Os solos desta unidade apresentam textura
argilosa e muito argilosa, são mal a muito mal drenados e estão sujeitos à influência das marés,
sendo comum a concentração de conchas a partir de 50 cm de profundidade (EMBRAPA, 1980
apud Santos 2004). Apesar de o levantamento geoambiental citar a alta concentração de
enxofre no local de estudo, a presença de conchas marinhas eleva o valor do carbonato de cálcio
(CaCO3), reduzindo a porcentagem de compostos de enxofre, a qual é considerada baixa em
relação a outros depósitos (<0,75%). Ainda segundo a descrição da EMBRAPA, a unidade em
análise possui altos teores de condutividade elétrica ao longo do perfil estratigráfico, altos
valores de sais solúveis e pH até 8,2.
3.2.1 Origem e formação dos sedimentos quaternários
O conhecimento da formação geológica dos depósitos sedimentares contribui para o
entendimento das ocorrências e dos comportamentos do subsolo.
A formação dos depósitos muito moles a moles na região de Guaratiba, assim como na
maior parte do litoral brasileiro, ocorreu no período Quaternário e está intimamente relacionada
às variações relativas do nível do mar.
SUGUIO et al.(1985) descreveram como a dinâmica da sedimentação e a geomorfologia
são influenciadas pelas flutuações de níveis marinhos pretéritos. Segundo os autores, as curvas
47
de flutuações do nível relativo do mar são locais ou regionais, pois resultam das variações do
nível do continente, devido ao tectonismo e à isostasia, e das variações do nível marítimo,
ocasionadas pela tectono-eustasia, glacioeustasia e pelas deformações da superfície do geoide.
No trabalho desses autores, por meio de processos de datações, os períodos mais recentes de
regressão (recuo) e transgressão (avanço) do mar no estado do Rio de Janeiro foram
identificados. Existem indicações de que o nível do mar teria alcançado cerca de 4,8m acima
do atual ao redor de 5200 anos antes do presente (AP). Vários ciclos regressivos e
transgressivos se sucederam até os dias atuais, explicando a progradação dos sedimentos em
direção à baía de Sepetiba e a formação da restinga de Marambaia. Registros mostram que após
2500 anos (AP) o mar entrou no último grande ciclo regressivo e sofreu um abaixamento
relativo até atingir a posição atual.
Para MASSAD (2009), estes eventos, que favorecem a erosão e consequente remoção de
cargas, explicam a condição de leve sobreadensamento das argilas das baixadas litorâneas
brasileiras.
3.3 INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS
A necessidade de uma extensa campanha de investigações geotécnicas de qualidade na
região de Guaratiba adveio de um projeto do Exército Brasileiro que será materializado, em
parte, nas áreas das Zonas 1 e 2, o que possibilitou o desenvolvimento desta dissertação. O
projeto em questão se refere ao Polo de Ciência e Tecnologia do Exército em Guaratiba
(PCTEG), o qual será um complexo de base científica-tecnológica que agregará empresas cuja
produção se baseia em pesquisas científicas e tecnológicas, centros de pesquisas científicas e
empresas incubadas.
Uma investigação preliminar foi realizada através de 80 sondagens à percussão na Zona 1 e
18 sondagens na Zona 2. Na segunda fase, com base na estratigrafia e no perfil das umidades,
foram programadas 15 ilhas de investigação, cada uma incluindo, além da sondagem à
percussão, ensaios de palheta (Vane Test), piezocone (CPTu) com medida de dissipação de
poropressão e coletas de amostras indeformadas tipo Shelby. As verticais dos ensaios e da
coleta de uma mesma ilha foram espaçadas entre si de 2,0 a 4,0m. Sempre que possível,
programou-se a medida de dissipação de poropressões, o ensaio de palheta e a coleta alinhados
48
na mesma profundidade. Este procedimento possibilita a complementação dos resultados dos
diferentes ensaios, atestar a coerência dos mesmos e estabelecer correlações entre os
parâmetros geotécnicos do depósito em estudo. Na Figura 3.5 é possível visualizar as ilhas de
investigação nas Zonas 1 e 2.
Os ensaios de piezocone, no entanto, não serão apresentados, pois os mesmos tiveram que
ser refeitos e os resultados não ficaram prontos a tempo de serem aproveitados nesta
dissertação.
FIG. 3.5 – Ilhas de investigação e exemplo de arranjo de uma ilha
De posse das amostras indeformadas, foram realizados os ensaios de adensamento
edométrico, de caracterização completa e de teor de matéria orgânica.
49
4 ENSAIOS DE CAMPO E COLETA DE AMOSTRAS INDEFORMADAS
Este capítulo tem como objetivo apresentar a campanha de ensaios de campo e de retirada
de amostras indeformadas programada para as Zonas 1 e 2. É feita uma breve abordagem sobre
cada ensaio e sua importância, seguida da descrição dos procedimentos realizados e da
apresentação dos resultados obtidos. As análises interpretativas dos resultados serão feitas no
capítulo 6.
Os ensaios de campo e a coleta de amostras indeformadas foram executados pela empresa
IQS Engenharia Ltda e acompanhados pela autora da presente dissertação. As investigações de
campo consistiram na realização de sondagens à percussão, ensaios de piezocone (CPTu) com
medida de dissipação de poropressão e ensaios de palheta. No entanto, os ensaios de piezocone
indicaram falhas, provavelmente, na calibração do equipamento e foram refeitos, porém não
ficaram prontos a tempo de serem apresentados nesta dissertação.
4.1 SONDAGENS À PERCUSSÃO
A sondagem de simples reconhecimento com medida de número de golpes (ensaio SPT) é
uma das ferramentas de investigação geotécnica mais antigas e populares na maioria dos países.
Suas finalidades, em linhas gerais, são: permitir a identificação táctil-visual das diferentes
camadas do subsolo a partir do material recolhido no amostrador-padrão; identificar a posição
do nível d`água; medir os índices de resistência à penetração (NSPT); e inferir o perfil
estratigráfico.
O SPT – Standard Penetration Test – é normalizado pela ABNT NBR 6484. O
procedimento de ensaio consiste na cravação do amostrador no fundo de uma escavação, por
meio da queda de peso de 65kg de uma altura de 75cm. O valor de NSPT é o número de golpes
necessários para fazer o amostrador penetrar 30cm, após uma cravação de 15cm. O ensaio é
realizado a cada metro, depois do primeiro metro.
Valores de NSPT entre 0 e 5, que é o caso de solos moles, não têm significado de uso
prático, mas são importantes justamente por identificar esses materiais, uma vez que valores
50
muito baixos de NSPT são indicativos de solos compressíveis e pouco resistentes à compressão.
As sondagens à percussão foram realizadas na área de estudo em duas campanhas distintas,
totalizando 210 verticais. Apenas a primeira campanha será abordada nesta dissertação, pois foi
a que norteou a programação das investigações posteriores (ensaios de palheta, de piezocone e
de laboratório).
A primeira campanha consistiu de 80 sondagens na Zona 1 e 18 sondagens na Zona 2. A
realização de uma das sondagens está ilustrada na Figura 4.1. Para maior clareza, os ensaios
referidos como Z1 indicam que foram executados na Zona 1, enquanto Z2 indica que foram
executados na Zona 2.
FIG. 4.1 – Execução da sondagem à percussão Z1-SP-62.
Devido às suas limitações, as sondagens à percussão se prestaram apenas para
identificação preliminar da estratigrafia do subsolo e para a medida da umidade a cada metro de
profundidade em algumas verticais. Estes dados foram essenciais para a escolha do local das
ilhas de investigação e para a determinação das profundidades dos ensaios de dissipação de
poropressão, de palheta e da coleta de amostra indeformada.
A partir dos valores de SPT foram identificadas camadas de solos muito moles (NSPT < 2)
de até 13,5m de espessura. As maiores espessuras ocorrem nas proximidades da Av. Dom João
VI, conforme observado no mapa de isoespessuras (Figura 4.2). Um perfil
geológico-geotécnico foi elaborado com base nas sondagens da linha de frente da Zona 1, ou
seja, próximas à avenida, e pode ser observado na Figura 4.3.
51
FIG. 4.2 – Mapa de isoespessuras das Zonas 1 e 2
FIG. 4.3 – Perfil geológico-geotécnico de uma seção da Zona 1
O teor de umidade natural wn, ainda que medido a partir das amostras das sondagens à
percussão, permitiram uma estimativa de alguns parâmetros do solo, como a compressibilidade
e o teor de matéria orgânica. Na Figura 4.4 são apresentados os perfis de umidade das Zonas 1 e
2, obtidos a partir das sondagens das ilhas de investigação.
Observa-se que os valores de umidade das camadas de solo mole estão praticamente entre
50% e 150%, com média de 91%. Este intervalo é semelhante ao dos ensaios realizados para a
implantação do BRT (55%-139%), cuja média foi de 99% (BRT, 2011). CAMPOS (2006)
estudou um depósito de Santa Cruz em que a média de wn foi de 102% e ARAGÃO (1975)
52
obteve valores médios de 112% e 130% também no mesmo bairro. Nas argilas da Barra da
Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, os valores médios e máximos de wn costumam ser bem
maiores, sendo que há registros de umidade natural acima de 400% (CRESPO NETO, 2004;
BARONI, 2010; TASSI, 2015). Os valores mais altos de wn estão associados a camadas
turfosas, com alto teor de matéria orgânica. Além disso, maiores umidades naturais indicam
índice de compressão maior. Em uma análise preliminar, pode-se dizer que é esperado que as
argilas de Guaratiba apresentem uma compressibilidade menor do que as da baixada de
Jacarepaguá.
FIG. 4.4 – Perfis de umidade natural: à esquerda dados da Zona 1 e à direita dados da Zona 2
4.2 ENSAIOS DE PALHETA
O ensaio de palheta (Vane Test) é o mais utilizado para a determinação da resistência não
drenada, Su, de depósitos de argila mole. Este parâmetro é fundamental para as análises de
estabilidade de aterros construídos sobre solos moles, onde, sob condições críticas e análise por
tensões totais, o ângulo de atrito ϕ é considerado igual a zero, resultando na expressão de
0
2
4
6
8
10
12
14
0 50 100 150 200
Pro
fun
did
ad
e (m
)
wn (%)
Z1-SP-04
Z1-SP-14
Z1-SP-29
Z1-SP-33
Z1-SP-18
Z1-SP-27
Z1-SP-36
Z1-SP-20
Z1-SP-60
Z1-SP-50
Z1-SP-66
Z1-SP-76
ZONA 1
0
2
4
6
8
10
12
14
0 50 100 150
Pro
fun
did
ad
e (m
)
wn (%)
Z2-SP-06
Z2-SP-09
Z2-SP-14
ZONA 2
53
resistência ao cisalhamento τ = Su.
De acordo com COLLET (1978), as primeiras experiências no sentido de se obter a
resistência não drenada in situ datam do final dos anos 1920, experiências estas efetuadas na
Suécia e Alemanha. No Brasil, o ensaio foi introduzido em 1949 pelo Instituto de Pesquisa
Tecnológica de São Paulo (IPT) e pela Geotécnica S.A., do Rio de Janeiro, porém os primeiros
estudos sistemáticos sobre o assunto foram desenvolvidos nas décadas de 1970 e 1980
(SCHNAID E ODEBRECHT, 2012). Atualmente o ensaio é normalizado pela ABNT NBR
10905/89.
O ensaio consiste, basicamente, na cravação vertical no terreno de uma haste com palheta
cruciforme na extremidade e na sua rotação a velocidade constante de 6º por minuto, em
profundidades predefinidas. O torque T aplicado é calculado e a resistência não drenada é
obtida a partir do torque máximo, Tmáx. Além de se medir a resistência não drenada Su do solo
natural (“indeformado”), mede-se a resistência do solo amolgado, Sua, visando definir a
sensibilidade da argila. Para tanto, imediatamente após a aplicação do torque máximo,
aplicam-se dez revoluções completas à palheta e refaz-se o ensaio até se obter a máxima
resistência amolgada.
A norma prevê dois tipos básicos de equipamentos: tipo A, sem perfuração prévia no
terreno, cujos ensaios apresentam resultados de melhor qualidade; e tipo B, realizados no
interior de uma perfuração prévia. Os equipamentos com células de carga acopladas ao sistema
de aquisição de dados e que permitem a medida de torque próximo à palheta são preferidos aos
de sistema com medida em mesa de torque na superfície do terreno. Esta última configuração
pode contabilizar o efeito dos atritos, da torção elástica do conjunto de hastes, principalmente
em profundidades maiores, e da eventual rotação nas conexões entre as hastes durante a
aplicação do torque.
O atrito mecânico, a característica da palheta, a velocidade de rotação da palheta, a
plasticidade da argila, o amolgamento, a heterogeneidade e anisotropia da argila e a hipótese de
ruptura adotada no cálculo de Su, são fatores que irão influenciar no resultado de ensaio
(CHANDLER, 1988). A influência dos fatores de relevância comprovada pode ser consultada
em SOUZA (2014), o qual descreve os principais estudos no sentido de analisar o efeito de cada
fator no valor final de Su.
A resistência não drenada Su pode ser relacionada ao diâmetro da palheta (D) e ao torque
máximo aplicado (M) pela Equação 4.1:
54
𝑆𝑢 = 6
7
𝑀
𝜋 𝐷3 𝐄𝐐. 𝟒. 𝟏
Cumpre observar que a expressão 4.1 é deduzida assumindo as seguintes hipóteses:
i) A superfície de ruptura em torno da palheta é cilíndrica e a altura da palheta é igual
ao dobro do diâmetro;
ii) A distribuição de tensões ao longo das superfícies de ruptura horizontal e vertical é
uniforme;
iii) O solo é isotrópico com relação à resistência não drenada.
Expressões que consideram relações entre a altura e o diâmetro da palheta diferente de dois
e outras formas de distribuição de tensões em torno do cilindro cisalhado pela palheta podem
ser consultadas em SCHNAID e ODEBRECHT (2012).
Para o cálculo da resistência amolgada da argila, Sua, também é utilizada a Equação 4.1.
Procede-se, então, ao cálculo da sensibilidade da argila St, conforme a Equação 4.2:
𝑆𝑡 = 𝑆𝑢
𝑆𝑢𝑎 𝐄𝐐. 𝟒. 𝟐
Critérios de classificação das argilas quanto à sua sensibilidade foram propostos por
SKEMPTON e NORTHEY (1952) e por ROSENQVIST (1953), citado por MITCHELL
(1976). Na Tabela 4.1 são mostrados os critérios de SKEMPTON e NORTHEY (1952), que são
os mais adotados na prática geotécnica.
TAB. 4.1– Classificação das argilas quanto à sensibilidade
Fonte: Adaptado de Skempton e Northey (1952).
Sensibilidade (St) Classificação
1 argilas insensíveis
1 a 2 argilas de baixa sensibilidade
2 a 4 argilas de média sensibilidade
4 a 8 argilas sensíveis
> 8 argilas com extra sensibilidade
> 16 argilas com excepcional sensibilidade (quick-clays )
55
Os ensaios de palheta também se prestam para estimar valores da razão de
sobreadensamento (OCR) com a profundidade, embora o grau de confiabilidade seja menor do
que o parâmetro obtido pelo ensaio de adensamento. MAYNE e MITCHELL (1988)
propuseram a seguinte equação:
𝑂𝐶𝑅 = 𝛼 𝑆𝑢
𝜎`𝑣𝑜 𝐄𝐐. 𝟒. 𝟑
onde σ`vo é a tensão vertical efetiva in situ e α é determinado pela seguinte correlação com o
índice de plasticidade (IP):
𝛼 = 22 . (𝐼𝑃)−0,48 𝐄𝐐. 𝟒. 𝟒
4.2.1 Descrição dos ensaios
Foram executados 60 ensaios de palheta em 12 verticais da Zona 1 e 14 ensaios em 3
verticais da Zona 2, sendo as verticais correspondentes às ilhas de investigação. O número de
ensaios por vertical foi variável e de acordo com a espessura da camada de solo mole. Na
Tabela 4.2 estão reunidos os ensaios executados e as respectivas profundidades e vertical.
Embora houvesse a recomendação de se utilizar o equipamento tipo A, que consiste na
cravação estática da palheta protegida por uma sapata, a partir do nível do terreno, o
equipamento utilizado nos ensaios foi o do tipo B, para o qual é necessária a perfuração prévia
até 0,5m acima da cota de ensaio. Outra recomendação do termo de referência foi com relação à
aplicação do torque, que deveria ser por acionamento elétrico em vez do manual, que foi o
utilizado. Como os serviços contratados não foram específicos para a presente dissertação, não
houve como contornar essas questões. Ainda assim, acredita-se que os resultados gerados são
válidos para complementar a caracterização do depósito em estudo.
Para execução dos ensaios foi utilizado equipamento da marca Solotest Série 410 e as
calibrações foram efetuadas no laboratório também da Solotest. A aparelhagem constituía-se
de:
a) Palheta de aço formada por quatro aletas, com diâmetro de 65 mm, altura de 130 mm e
espessura 2 mm;
56
b) Haste fina de aço com diâmetro de 13 mm;
c) Hastes de extensão com comprimento de 1m, incluindo segmentos acopláveis,
d) Mesa de torque com manivela acoplada para acionamento manual do torque; e
e) Cronômetro e extensômetro marca Mitutoyo – LTQ 859.
Os procedimentos de ensaio seguiram o prescrito na norma NBR 10905 para ensaios tipo
B. Na Figura 4.5 pode ser observado o equipamento utilizado. A título de curiosidade, devido às
características do terreno, era comum o veículo de transporte da aparelhagem ficar atolado,
dificultando a mobilização entre os furos, como mostra a Figura 4.6.
FIG. 4.5 – Execução do ensaio de palheta: colocação do conjunto haste- palheta no furo (a) e
aplicação manual do torque (b).
FIG. 4.6 – Dificuldade na mobilização entre furos: veículo atolado
57
4.2.2 Resultados dos ensaios de palheta
Os resultados dos ensaios estão apresentados na Tabela 4.2. A designação Z1 e Z2,
corresponde aos ensaios da Zona 1 e da Zona 2, respectivamente. A sigla EP significa ensaio de
palheta e o número subsequente representa a ilha de investigação correspondente, cuja
nomeação segue a da sondagem à percussão mais próxima.
TAB. 4.2 – Verticais, profundidades e resultados dos ensaios de palheta
Os valores elevados de sensibilidade (St) verificados na camada superior podem ser devido
à presença de gravetos e fibras e a um ressecamento superficial, aumentando o Su intacto.
Na Figura 4.7 é apresentado o perfil da resistência não drenada para o solo no seu estado
natural. No Capítulo 6, item 6.1, será apresentado também os perfis da resistência do solo
amolgado e da sensibilidade, assim como uma análise da variação dos valores.
Vertical Profundidade
de ensaio (m)
Su (kPa)
natural
Su (kPa)
amolgadaSensibilidade Vertical
Profundidade
de ensaio (m)
Su (kPa)
natural
Su (kPa)
amolgadaSensibilidade
1,0 11,26 6,10 1,8 1,0 24,24 12,46 1,9
2,0 11,31 3,75 3,0 2,0 13,71 11,42 1,2
3,0 11,94 11,42 1,0 3,0 14,49 10,48 1,4
4,0 11,10 3,70 3,0 4,0 15,12 6,83 2,2
5,0 12,51 7,25 1,7 5,0 14,34 9,38 1,5
6,0 13,55 3,75 3,6 6,0 15,17 5,94 2,6
1,0 11,21 1,77 6,3 7,0 12,09 8,86 1,4
2,0 13,82 13,14 1,1 8,0 20,64 4,90 4,2
4,0 11,16 5,00 2,2 1,0 26,64 2,61 10,2
6,0 12,20 12,09 1,0 2,0 13,40 11,73 1,1
8,0 15,07 10,53 1,4 3,0 12,82 8,08 1,6
1,5 27,63 4,80 5,8 1,0 31,38 3,13 10,0
2,5 13,61 9,44 1,4 2,0 13,76 7,92 1,7
3,5 12,25 9,80 1,3 3,0 14,54 10,58 1,4
1,0 23,67 1,82 13,0 4,0 14,13 9,64 1,5
2,0 36,81 2,71 13,6 1,0 49,73 11,00 4,5
3,0 13,82 9,80 1,4 2,0 18,25 2,14 8,5
4,0 13,76 12,46 1,1 3,0 14,34 12,04 1,2
1,0 24,97 3,70 6,7 4,0 13,29 9,91 1,3
3,0 14,86 7,40 2,0 2,0 12,67 10,06 1,3
5,0 14,49 7,87 1,8 3,0 17,46 9,93 1,8
7,0 16,42 3,39 4,8 4,0 14,60 2,03 7,2
1,0 14,60 8,18 1,8 1,0 11,78 6,26 1,9
2,0 13,76 12,62 1,1 3,0 9,49 4,17 2,3
3,0 14,75 13,29 1,1 5,0 11,47 3,70 3,1
4,0 15,12 13,66 1,1 7,0 11,31 6,62 1,7
5,0 18,35 13,09 1,4 9,0 10,95 4,90 2,2
6,0 20,23 9,38 2,2 11,0 12,62 6,05 2,1
7,0 19,50 10,01 1,9 1,0 13,66 2,50 5,5
8,0 16,53 11,52 1,4 3,0 12,82 10,37 1,2
9,0 17,05 12,46 1,4 5,0 11,31 4,38 2,6
10,0 20,38 8,76 2,3 8,0 11,47 7,19 1,6
11,0 22,26 7,19 3,1 1,0 12,25 1,30 9,4
1,0 23,87 1,88 12,7 2,0 11,83 5,06 2,3
2,0 16,06 14,86 1,1 3,0 12,15 3,75 3,2
3,0 13,87 11,31 1,2 4,0 17,00 0,78 21,8
4,0 14,39 8,81 1,6
5,0 26,07 23,56 1,1
Z1-EP-29
Z2-EP-14
Z1-EP-60
Z1-EP-66
Z1-EP-76
Z2-EP-06
Z2-EP-09
Z1-EP-36
Z1-EP-50
Z1-EP-33
Z1-EP-04
Z1-EP-14
Z1-EP-18
Z1-EP-20
Z1-EP-27
58
FIG. 4.7 – Perfil de Su natural: (a) resultados da Zona 1 e (b) resultados da Zona 2
Nas Figuras 4.8 e 4.9 são apresentadas duas curvas típicas de torque versus rotação obtidas
dos ensaios, sem considerar o atrito, onde se observa dois comportamentos distintos. As demais
curvas estão apresentadas no Anexo 1.
FIG. 4.8 – Curvas torque x rotação: Z2-EP-14-2,0m
0
2
4
6
8
10
12
0 10 20 30 40 50P
rofu
nd
ida
de
(m)
Su (kPa) - indeformado
Z1-EP-04
Z1-EP-14
Z1-EP-18
Z1-EP-20
Z1-EP-27
Z1-EP-29
Z1-EP-33
Z1-EP-36
Z1-EP-50
Z1-EP-60
Z1-EP-66
Z1-EP-76
a)
0
2
4
6
8
10
12
0 10 20 30
Pro
fun
did
ad
e (m
)
Su (kPa) - indeformado
Z2-EP-06
Z2-EP-09
Z2-EP-14
b)
0
2
4
6
8
10
12
14
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z2-EP-14-2,0 m
CONDIÇÃO NATURAL
CONDIÇÃO AMOLGADA
59
FIG. 4.9 – Curvas torque x rotação: Z1-EP-27-3,0m
BARONI (2010) discutiu sobre o ângulo de rotação correspondente ao pico de resistência
do solo e sua relação com a qualidade do ensaio. Para os ensaios em geral, com exceção
daqueles realizados com a presença de conchas ou na camada turfosa, o autor encontrou
ângulos de rotação variando entre 5º e 25º para o valor do torque máximo. O depósito estudado
na ocasião se localiza na Barra da Tijuca. BARONI (2010) concluiu que essa faixa de valores
correspondia então ao dos ensaios de boa qualidade.
Na curva apresentada na Figura 4.8, do ensaio Z2-EP-14-2,0m, tem-se que o valor máximo
do torque ocorre para a rotação de 12º, valor este dentro da faixa de valores encontrada por
BARONI (2010) para os ensaios de boa qualidade. Já o ensaio Z1-EP-27-3,0m (Figura 4.9)
alcançou o torque máximo com a rotação de 38º da palheta. Além disso, a curva apresentada
mostra uma descontinuidade na variação da relação entre o torque e a rotação. Este
comportamento foi apresentado em vários outros ensaios. Uma possível causa para essas
anomalias é a interferência de conchas. Durante a lavagem dos furos era comum a observação
de conchas em todas as profundidades. SCHNAID e ODEBRECHT (2012) observam ainda que
solos com maior resistência e ensaios realizados a profundidades maiores podem apresentar
rotações maiores para o pico de resistência, sem comprometer a qualidade do ensaio. De fato, as
argilas de Guaratiba apresentam, em geral, uma resistência maior do que as da Barra da Tijuca.
4.3 COLETA DE AMOSTRAS INDEFORMADAS
A coleta de amostras indeformadas de boa qualidade se faz necessária para a execução dos
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-27-3,0 m
CONDIÇÃO NATURAL
CONDIÇÃO AMOLGADA
60
ensaios de laboratório. A norma brasileira que prescreve as condições exigíveis para a retirada
de amostras indeformadas em solos moles é a ABNT NBR 9820/1997.
O procedimento de coleta deve ser realizado com o maior cuidado possível, de forma a
minimizar o amolgamento, que já é inevitável quando da extração do material de sua posição
natural. A partir do momento que é feito o furo para coleta da amostra, há uma consequente
redução da tensão vertical e a sua retirada ocasiona a transformação do estado anisotrópico de
tensões (σ`v diferente de σ`h) no campo para o estado isotrópico (LADD e DEGROOT, 2003).
Há de se considerar ainda outras fontes mais significativas para o amolgamento da amostra:
perturbações mecânicas por ocasião da penetração do tubo amostrador; o transporte e o
armazenamento do tubo; e a extração da amostra do tubo. O amolgamento nestas etapas
somado aquele ocasionado pela moldagem do corpo de prova, influenciarão diretamente na
qualidade dos resultados de laboratório, conforme será discutido no Capítulo 6.
Algumas recomendações para reduzir o amolgamento durante a fase de coleta são
apresentadas por LADD e DEGROOT (2003), destacando-se o uso de lama para preencher o
interior do furo de sondagem, de maneira a compensar o alívio de tensão. Esta técnica tem sido
bastante utilizada nos trabalhos recentes. SANDRONI (2006a) comenta ser um procedimento
simples de ser adotado na prática geotécnica e que tem contribuído para os bons resultados, no
que se refere à qualidade, dos ensaios.
Outras práticas a serem adotadas durante a perfuração, visando garantir a qualidade das
amostras, são (DEGROOT e LADD, 2012):
a) Manutenção da lama no topo do furo;
b) Utilização de tubos de revestimento com o maior diâmetro possível para reduzir a
variação do nível da lama quando da retirada das hastes de perfuração para a introdução das
hastes com o amostrador; e
c) Redução da velocidade de perfuração ao se aproximar da profundidade de
amostragem.
Com relação à cravação do amostrador, este procedimento provoca tensões cisalhantes
entre a amostra e a parede do tubo, causando uma distorção no solo. A área atingida pela
distorção é influenciada pela espessura da parede e o ângulo do bisel formado na extremidade
do tubo. Dessa forma, as regiões mais próximas ao centro do tubo são as menos afetadas e por
isso, o amostrador com dimensões maiores favorece a obtenção de corpos de prova não
61
afetados pela cravação (SILVA E MARTINS, 2014). A influência do diâmetro do amostrador
na qualidade do corpo de prova foi discutida em LEROUEIL (1994), o qual observou as
consequências nos parâmetros de compressibilidade do solo.
4.3.1 Coletas realizadas
Foram programadas 12 verticais de coletas indeformadas na Zona 1, e 3 verticais na Zona
2. A escolha das profundidades nas quais seriam coletadas as amostras em uma vertical foi
baseada no perfil de umidade obtido da sondagem à percussão da mesma ilha de investigação
da vertical de coleta. De acordo com o valor das umidades naturais apresentadas, a camada de
argila mole foi dividida em subcamadas, sendo a coleta programada no centro destas
subcamadas. Na Tabela 4.3 estão apresentados os pontos de coleta de amostra indeformada. Na
vertical Z1-AI-20 foi programada coleta a 4,5m, mas o material era muito arenoso e a coleta
não foi realizada.
A sequência das atividades na retirada das amostras indeformadas de solo foi:
a) Montagem da torre com roldana, para auxílio nas manobras com as hastes e o trépano
de lavagem;
b) Abertura inicial com trado e colocação no terreno do tubo de PVC auxiliar, com
diâmetro de 150 mm e saída lateral;
c) Lavagem do furo com trépano até 30cm antes da profundidade programada de coleta;
d) Retirada do trépano e descida da composição tubo amostrador e hastes até o fundo do
furo. O tipo de amostrador utilizado foi o aberto, feito com tubo de PVC e adaptado do
Shelby convencional;
e) Cravação estática do tubo e pausa entre 15 e 30 minutos, de forma que o solo aderisse à
parede interna do amostrador;
f) Rotação da composição para destacar a amostra do terreno e alçamento cuidadoso do
conjunto;
g) Lacragem das extremidades do tubo com parafina e papel filme de PVC;
h) Identificação das amostras com etiquetas;
i) Transporte para o laboratório em caixas térmicas, com serragem úmida, mantendo-se
as amostras sempre na vertical.
62
TAB. 4.3 – Verticais e profundidades de amostragem
Cabe relatar que nas primeiras coletas houve dificuldades na obtenção das amostras, mas a
cada ensaio a equipe foi ganhando prática e adequando a técnica de recuperação. Algumas
amostras, por exemplo, se desprendiam do amostrador durante a sua retirada do furo e o
processo de obtenção era refeito. Passou-se a lavar com mais rigor o furo, até que a água saísse
limpa, indicando não ter mais material solto; a revestir o furo; e aguardar um intervalo de tempo
maior entre a cravação do tubo e a sua alçada.
As coletas iniciaram no mês de junho de 2015 e as amostras foram todas utilizadas até o
final de novembro do mesmo ano.
4.3.2 Tubos amostradores utilizados
Uma das preocupações com relação à qualidade das amostras era a utilização de tubos tipo
Shelby de PVC, material este não previsto em norma. Os tubos utilizados possuem diâmetro
interno de 101,4 mm, comprimento de 600 mm e parede com espessura de 2,5 mm, propostos
pela empresa de coleta (Figura 4.10). Apesar de o PVC não ser previsto em norma, o material
foi aceito pela fiscalização, desde que as amostras tivessem boa qualidade, ou pelo menos a
maioria.
Cumpre salientar que a dificuldade em se obter amostras de qualidade nas argilas moles da
Vertical Profundidades das coletas (m)
Z1-AI-04 3,0 - 5,0
Z1-AI-14 2,0 - 6,0 - 10,0
Z1-AI-29 2,0 - 6,0 - 10,0
Z1-AI-33 2,0 - 5,0
Z1-AI-18 1,5 - 3,5
Z1-AI-27 3,0 - 5,0 - 7,0
Z1-AI-36 3,0 - 7,0
Z1-AI-20 3,0
Z1-AI-60 4,0
Z1-AI-50 2,0
Z1-AI-66 3,0
Z1-AI-76 3,0 - 5,0
Z2-AI-06 4,0 - 7,0 - 10,0
Z2-AI-09 5,0 - 7,0
Z2-AI-14 2,0 - 4,0
63
região oeste da cidade do Rio de Janeiro é reconhecida. Como exemplo, apesar de serem
tomados todos os cuidados indicados na norma e por LADD e DEGROOT (2003) na
amostragem e na moldagem dos corpos de prova, BARONI (2010) obteve, para um depósito
localizado na Barra da Tijuca, em torno de apenas 60% das amostras com qualidade boa a
regular segundo o critério de LUNNE et al. (1997). MARQUES et al. (2010) avaliaram a
qualidade de 33 amostras coletadas em 12 locais distintos da Barra da Tijuca e Recreio dos
Bandeirantes. Destas amostras, apenas 24% apresentaram qualidade boa a excelente segundo o
critério de LUNNE et al. (1997). Portanto, embora os solos da região de Guaratiba se
apresentem menos compressíveis e com menor umidade natural em relação aos solos da Barra e
do Recreio, as dificuldades na retirada de amostras e na obtenção da maioria com qualidade
satisfatória são esperadas.
FIG. 4.10 – Tubo de PVC utilizado nas retiradas de amostras: a) detalhe do bisel na
extremidade externa e b) tubo com amostras, lacrados e identificados
Com relação às medidas do tubo prescritas em norma, têm-se os seguintes critérios:
a) Índice de área, Ca, inferior a 10%, determinado pela seguinte fórmula:
𝐶𝑎 =𝐷𝑒
2 − 𝐷𝑖𝑏2
𝐷𝑖𝑏2 𝐄𝐐. 𝟒. 𝟓
onde De é o diâmetro máximo externo do tubo e Dib é o diâmetro interno do bisel de corte.
64
b) Relação de folga interna, Ci, entre 0,5% e 1%, obtida pela seguinte fórmula:
𝐶𝑖 =𝐷𝑖 − 𝐷𝑖𝑏
𝐷𝑖𝑏 𝐄𝐐. 𝟒. 𝟔
onde Di é o diâmetro interno do tubo amostrador.
O tubo utilizado não foi biselado internamente, ou seja Di=Dib, resultando na folga interna
igual a zero. O bisel foi feito apenas na extremidade externa do tubo e manualmente com
auxílio de um torno de furadeira, não existindo, portanto, um padrão nas medidas do ângulo do
bisel. O fato da parte interna do tubo ser reta pode ter contribuído para as dificuldades na
recuperação da amostra. Por outro lado, a folga interna causa a expansão do solo no interior do
tubo, sendo uma das causas do amolgamento.
O índice de área calculado, considerando-se o diâmetro interno na ausência de um
diâmetro biselado, é igual a 5%, inferior ao limite máximo estabelecido pela norma.
Quanto à espessura da parede do tubo igual a 2,5 mm, este valor é recomendado, de acordo
com a norma, apenas para tubos com diâmetro externo igual ou superior a 120 mm e folga
interna de 0,5%. Diâmetros menores devem ter espessura de parede menor. Considerando o
diâmetro externo do tubo utilizado, que é igual a 103,9 mm, a espessura da parede deveria ser
de, aproximadamente, no máximo 2,17 mm, mas para folga interna de 0,5%. Como não existe
folga interna, apesar de a norma não prever esta situação, a espessura igual a 2,5 mm se torna
razoável.
Como o fator “tipo de tubo” é apenas uma das variáveis responsáveis pelo amolgamento
do solo, não se pode concluir que, caso uma amostra não atenda os critérios de qualidade, a
causa determinante seja este fator, a não ser que a maioria das amostras apresente o mesmo
comportamento. Isto posto e considerando ainda o fato de que, por mais que sejam seguidos
todos os procedimentos para minimizar o amolgamento, dificilmente uma campanha resulta em
100% de amostras de qualidade satisfatória, prosseguiu-se com os ensaios de laboratório,
embora os tubos utilizados não fossem prescritos em norma. Para atingir o objetivo principal da
dissertação, no entanto, trabalhou-se apenas com os dados das amostras (mais precisamente,
corpos de prova) que apresentaram qualidade boa a excelente, conforme os critérios que serão
discutidos no Capítulo 5, item 5.2.3.
65
5 ENSAIOS DE LABORATÓRIO
Os ensaios de laboratório foram de responsabilidade da empresa IQS Engenharia Ltda.,
sendo acompanhados pela autora da presente dissertação.
A fase de laboratório incluiu os ensaios de caracterização completa, com determinação do
teor de matéria orgânica, e os ensaios de adensamento oedométrico.
5.1 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO
Os ensaios de caracterização permitem o conhecimento das propriedades índices do solo e
a sua classificação, possibilitando prever o seu comportamento com relação à
compressibilidade, ainda que qualitativamente, os argilominerais presentes, com base na
atividade, e obter fatores de correlação e correção para estimativa de parâmetros do solo a partir
de ensaios de campo (ex.: OCR e Su em função, além de outras variáveis, do índice de
plasticidade, IP).
Os ensaios foram realizados a partir do material das amostras indeformadas, englobando:
granulometria por peneiramento e por sedimentação, limites de Atterberg, massa específica dos
grãos, peso específico natural, umidade natural e teor de matéria orgânica.
A determinação do peso específico natural (γnat) e da umidade natural (wn) foi feita durante
a preparação dos corpos de prova para o ensaio de adensamento oedométrico. Já os outros
ensaios foram realizados com o material da parte inferior dos tubos Shelby, igual a 20 cm,
separada exclusivamente com esta finalidade, uma vez que corresponde ao segmento de solo
mais amolgado e, portanto, inadequado para os ensaios de adensamento.
As amostras utilizadas nos ensaios de caracterização foram preparadas de acordo com a
norma NBR 6457/1986.
5.1.1 Análise Granulométrica
A análise granulométrica possibilita determinar os tamanhos dos grãos do solo e sua
66
distribuição percentual entre limites determinados. Com base na curva granulométrica obtida,
podem ser identificadas as características de uniformidade e graduação do solo.
Os ensaios de granulometria seguiram os procedimentos da norma NBR 7181/1984 e
consistiram no peneiramento da amostra preparada e na sedimentação das frações silte e argila.
Em cada ensaio, após passar o material por uma série de peneiras, anotando-se a
porcentagem retida em cada uma, separava-se a parcela passante na peneira #200, equivalente
aos grãos de diâmetros inferiores a 0,075 mm, para proceder aos ensaios de sedimentação. A
técnica da sedimentação se baseia na Lei de Stokes, em que a velocidade de queda dos grãos é
proporcional ao quadrado do diâmetro equivalente dos grãos, não cabendo aqui ser detalhada.
Dessa forma, é possível identificar as partículas de dimensões menores e separar a porção silte
da porção argila. A interpretação dos resultados é feita mediante a comparação com escalas
granulométricas padrões e as denominações específicas para cada faixa de tamanho de grãos
podem seguir as estabelecidas na norma ABNT NBR 6502/1995.
Na Figura 5.1 é apresentada a curva granulométrica da amostra Z1-AI-27-7,0m, a qual
apresentou, aproximadamente, 42% de argila, 49% de silte e 9% de areia. Os resultados das
demais amostras estão reunidos na Tabela 5.1, no item Resultados dos Ensaios.
FIG. 5.1 – Curva granulométrica da amostra Z1-AI-27-7,0m.
Observa-se que os termos utilizados para designar as frações em certa faixa de tamanhos
(argila, silte, areia e pedregulho) são os mesmos empregados para nomear os solos. Porém a
67
designação de um solo é baseada no seu comportamento predominante devido à atuação das
partículas. As argilas, por exemplo, em geral exercem maior influência, proporcionalmente, no
comportamento do solo e por isso é comum um solo que contenha mais silte e areia ser
classificado como argila. Para melhor caracterização do solo, portanto, há necessidade de se
conduzir os ensaios de limites físicos.
5.1.2 Limites de Atterberg
Os limites de consistência do solo, definidos pelos teores de umidade correspondente às
mudanças de estado físico, são: limite de liquidez (wL), limite de plasticidade (wP) e limite de
contração (LC). Apenas os dois primeiros, cuja conceituação é atribuída ao cientista Atterberg,
foram determinados.
Como dito anteriormente, apenas a análise granulométrica não é suficiente para a
caracterização do comportamento do solo. A determinação dos limites de Atterberg auxilia a
identificar o grau de influência das partículas finas no seu comportamento, que também
depende dos argilominerais constituintes dessas partículas.
Os ensaios de wL e de wP realizados, seguiram, respectivamente, o preconizado nas normas
ABNT NBR 6459/1984 e ABNT NBR 7180/1984 e estão apresentados na Tabela 5.1.
A partir dos valores de wL e wP obtidos, determinou-se o índice de plasticidade (IP), que é
dado pela diferença wL - wL. O IP assume um significado mais representativo do solo do que o
wP e é utilizado na determinação da atividade da argila, na construção do gráfico de Casagrande
e consequente classificação SUCS (Sistema Unificado de Classificação dos Solos) do material,
conforme apresentado no item referente aos resultados.
A atividade é um parâmetro que permite medir a influência do tipo e da quantidade do
argilomineral nas características do solo. SKEMPTON (1953) definiu este índice (IA) como a
razão entre o índice de plasticidade (IP) e a porcentagem da fração argila. Segundo a
classificação proposta por SKEMPTON (1953), para valores de IA abaixo de 0,75 o solo é
considerado inativo, entre 0,75 e 1,25, o solo é normal e, acima de 1,25 o solo é considerado
ativo.
5.1.3 Massa específica dos grãos
A massa específica dos grãos é definida como a razão entre a massa e o volume dos
68
sólidos, expressa geralmente em g/cm³. Sua determinação permite obter, juntamente com
outras características do solo, o índice de vazios do mesmo. É usual, no entanto, para fins
práticos, apresentar esta grandeza em termos de densidade relativa Gs, relacionando-a com a
massa específica da água a 4 ºC. O valor de Gs, portanto, é adimensional.
Os ensaios realizados para determinação da massa específica seguiram os procedimentos
da norma ABNT NBR 6508/1984 e os resultados, em termos de Gs, constam na Tabela 5.1.
5.1.4 Teor de matéria orgânica
Determinar a porcentagem de matéria orgânica no solo permite compreender certos
comportamentos do solo, tanto nos aspectos mecânicos como nos aspectos físicos, químicos e
biológicos.
Os ensaios para determinação do teor de matéria orgânica foram realizados conforme a
norma ABNT NBR 13600/1996, a qual prescreve a queima do material em mufla à temperatura
de (440 ± 5) ºC até apresentar constância de massa, o que leva cerca de 12 horas.
As amostras da Zona 2 foram ensaiadas no Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ e as
amostras da Zona 1 foram ensaiadas no Laboratório de Geotecnia e Meio Ambiente da
PUC-Rio.
Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 5.1.
5.1.5 Resultados dos ensaios de caracterização
Na Tabela 5.1 estão reunidos os resultados dos ensaios de caracterização. O índice de
vazios inicial (e0) e o grau de saturação (S) foram obtidos a partir de relações existentes entre os
índices físicos e que constam na literatura da Mecânica dos Solos.
Os valores do teor de umidade, obtidos a partir das amostras indeformadas, variaram de
40% a 147%, com média de 110%. O valor mais baixo é referente à amostra Z1-AI-04-5,0m, a
qual, embora a princípio não esperado, apresenta uma porcentagem relativamente alta de finos
e distribuição granulométrica semelhante à das outras amostras. Em contrapartida, esta amostra
também apresenta o menor teor de matéria orgânica (MO) obtido no depósito, fato este mais
condizente com o esperado, haja vista o baixo teor de umidade. É comum existir uma relação,
mesmo que apenas indicativa, entre o teor de matéria orgânica e a umidade natural. Camadas
turfosas, ricas em matéria orgânica, em geral são as responsáveis pelos altíssimos valores de
69
teor de umidade recorrentes em alguns depósitos. Como exemplo, ao ensaiar amostras de um
depósito localizado na Barra da Tijuca, TASSI (2015) obteve wn entre 229% e 277% e teores de
matéria orgânica entre 30% e 39% para a camada de turfa, que prosseguiu até 4,20m de
profundidade. Nas profundidades inferiores, correspondentes à argila mole, o autor obteve
valores de wn entre 113% e 132%, ou seja, bem menores, assim como o teor de matéria
orgânica, que variou entre 6,3 e 6,8%. No depósito em estudo não foi constatada camadas de
turfa, o que é corroborado pelos valores relativamente baixos de wn e de teor de matéria
orgânica. Os valores de MO variaram de 1,74% a 13,3%.
Os valores de wL e wP tiveram pouca variação, estando compreendidos, respectivamente,
entre 78 e 95% e entre 41 e 55%. O índice de plasticidade variou entre 29 e 48% e teve o valor
médio de 40%. Na grande maioria das amostras o valor de wn encontra-se acima do wL, o que
caracterizaria o material no estado líquido, conforme definição proposta por Atterberg.
Em relação à distribuição granulométrica, houve predominância da fração silte na maioria
das amostras, com porcentagem média de 49,8%, seguida de 35,9% de argila e 14,3% de areia.
A atividade variou de 0,9 a 1,6, com média de 1,2. Valores acima de 1,25 indicam a
provável existência de argilominerais mais ativos, como a esmectita. Observa-se que não houve
nenhum valor abaixo de 0,75, designado a uma argila inativa e, tomando-se como base a média,
o depósito pode ser classificado como normal em termos de atividade. Como referência,
SANTOS (2004), ao realizar a identificação mineralógica através da análise de difração de
raios-X da argila de uma área localizada nas proximidades do depósito em estudo, obteve 41%
de caulinita, 23% de ilita e 36% de esmectita. Esta mesma argila apresentou atividade de 1,23.
O peso específico natural do solo (γnat) variou entre 13 e 17,6 kN/m³, com média de
13,9 kN/m³. Ressalta-se que o valor de 17,6 kN/m³ é bastante disperso dos demais e
corresponde ao ensaio da amostra Z1-AI-04-5,0m, citada no parágrafo que versa sobre o teor de
umidade. O valor alto do peso específico está associado ao baixo índice de vazios, o qual
também está relacionado à baixa umidade natural.
O valor médio da densidade relativa foi igual a 2,596. Não foi observado algum tipo de
relação entre os valores de Gs e outras características do solo apresentadas.
A fim de se verificar a variação dos parâmetros de caracterização do solo com a
profundidade, foram montados os perfis que se encontram na Figura 5.2. Os pontos em
destaque são referentes à amostra Z1-AI-04-5,0m, cujas características se distanciaram das
demais amostras. Apesar de esperada, não foi constatada nenhuma tendência bem definida dos
parâmetros apresentados na Figura 5.2 com a profundidade.
70
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G
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Gs
72
A partir dos limites de Atterberg foi construído o gráfico de plasticidade de Casagrande,
conforme apresentado na Figura 5.3. A linha A é formada pela função IP = 0,73.(wL-20) e a
linha B é traçada na vertical wL=50%. Acima da linha A situam-se as argilas inorgânicas (C) e
abaixo estão as argilas orgânicas (O) e os siltes (M). À esquerda da linha B estão os solos de
baixa compressibilidade (L) e à direita, os de compressibilidade alta (H).
Todas as amostras ensaiadas ficaram próximas e abaixo da linha A e à direita da linha B,
podendo ser classificadas como argila orgânica de alta compressibilidade (OH). A
diferenciação entre OH e MH decorre do aspecto visual do solo, sendo que os orgânicos
apresentam coloração escura típica, como cinza escuro, que foi a cor característica das
amostras.
Para fins de comparação, os resultados dos ensaios do BRT, que se localiza próximo à área
de estudo, também foram incluídos na Figura 5.3. Neste caso, os solos foram classificados
como argila de alta compressibilidade (CH), porém inorgânica. O índice de plasticidade mais
elevado dessas amostras (IP médio de 85%) contribuiu para que os pontos fossem plotados
acima da linha A. Esta diferença entre os valores dos limites físicos do BRT e os do solo em
estudo pode ser atribuída à falta de repetibilidade inerente aos ensaios e a influência de quem o
executa. Por outro lado, o valor de IP igual a 40% é inferior ao usual para as argilas da região.
FIG. 5.3 – Gráfico de Plasticidade de Casagrande
0
20
40
60
80
100
120
0 20 40 60 80 100 120 140 160
I P (
%)
wL (%)
Gráfico de Plasticidade de Casagrande
Dados ensaios Z1 e Z2Dados BRT
Lin
ha
B
CL
CH
MH ou OH
ML ou OL
73
5.2 ENSAIOS DE ADENSAMENTO
O recalque de um aterro construído sobre um depósito de solo mole, no que concerne a sua
velocidade e magnitude, é estimado comumente por meio de parâmetros obtidos em
laboratório, no ensaio de adensamento oedométrico, também conhecido como ensaio de
compressão oedométrica.
No ensaio de adensamento, à exceção de ensaios especiais, o corpo de prova é confinado
lateralmente por um anel metálico rígido, restringindo as deformações e o fluxo d`água à
direção vertical enquanto a amostra é submetida a carregamentos verticais crescentes. Durante
o ensaio são efetuadas leituras dos deslocamentos verticais do solo versus o tempo transcorrido
e a tensão atuante. Os principais parâmetros do solo assim quantificados são: tensão de
sobreadensamento, índices de compressão e de recompressão, compressão secundária e
coeficiente de adensamento.
O ensaio de adensamento tradicionalmente realizado é o de incremento de tensões a cada
24 horas, denominado ensaio convencional (IL24
). Neste ensaio, para avaliar a compressão
secundária, também é usual a inclusão de ciclos de descarregamento. Apesar do inconveniente
de o ensaio incremental durar cerca de duas semanas, o mesmo é considerado relativamente
simples e, na maioria das situações, gera resultados satisfatórios. Ainda assim, cumpre
mencionar outras desvantagens deste tipo de ensaio, conforme observado por LEROUEIL et al.
(1983): no gráfico índice de vazios versus tensão efetiva vertical, os pontos obtidos são muito
espaçados entre si, dificultando o traçado da curva de compressibilidade e a estimativa da
tensão de sobreadensamento; e a deformação devido ao adensamento secundário varia para
cada incremento de carga e amostra de solo.
Visando contornar estes problemas, é comum a adoção de diferentes técnicas no ensaio
convencional ou mesmo o emprego de outros tipos de ensaio de adensamento oedométrico.
Dentre os ensaios alternativos ao convencional, destaca-se o de adensamento com velocidade
de deformação constante (CRS), proposto por HAMILTON e CRAWFORD (1959). As
medições das tensões aplicadas e das deformações são contínuas, assim como das poropressões
na base do corpo de prova. Neste ensaio, o prazo para obtenção dos parâmetros é bem menor do
que no ensaio incremental, com duração média de dois dias. Contudo, no ensaio CRS, o efeito
da velocidade de deformação na compressibilidade da argila tem importantes implicações nos
resultados obtidos, principalmente na tensão de sobreadensamento. LEROUEIL (1996),
74
baseado em ensaios realizados em diferentes depósitos, incluindo trabalhos de outros autores,
mostra que a tensão de sobreadensamento obtida no ensaio CRS, para velocidades de
deformação de 1 a 4x10-6
s-1
, é cerca de 25% maior do que a deduzida do ensaio convencional e
sugere, portanto, a correção dos resultados daquele ensaio, uma vez que a prática geotécnica é
baseada nos resultados deste último.
De acordo com ALMEIDA e MARQUES (2010) o ensaio CRS ainda é pouco utilizado na
prática brasileira. A realização deste tipo de ensaio é mais frequente nos trabalhos acadêmicos,
sendo comum, em uma mesma pesquisa, a execução de mais de um tipo (e.g.,
SPANNENBERG (2003), TEIXEIRA (2012) e BARAN (2014)).
Nesta pesquisa, no entanto, os ensaios conduzidos foram apenas os convencionais (IL24
),
os quais cumprem satisfatoriamente os principais objetivos do trabalho.
5.2.1 Determinação dos parâmetros de compressibilidade
Uma das maneiras de se representar os resultados do ensaio de adensamento oedométrico é
através do gráfico de índice de vazios versus o logaritmo da tensão vertical efetiva. Na Figura
5.4 é apresentado um gráfico típico, onde são identificados a curva de compressão e os
parâmetros de compressibilidade.
A tensão de sobreadensamento, σ`vm, é definida, conceitualmente, como a máxima tensão
já experimentada pelo solo em campo. Na curva de compressibilidade obtida no ensaio de
adensamento, σ`vm corresponde ao valor que separa os trechos de recompressão e compressão
virgem, identificados pela mudança acentuada no gradiente da curva, conforme apresentado na
Figura 5.4. Isto significa que para tensões atuantes acima da tensão de sobreadensamento, as
deformações do solo serão bem maiores se comparadas às deformações devido às tensões
inferiores a σ`vm. Quando submetido a tensões superiores a σ`vm, outra alteração significativa no
comportamento do solo diz respeito ao coeficiente de adensamento, que é reduzido
consideravelmente.
Para o trecho anterior à σ`vm, diz-se também que a amostra se encontra sobreadensada e,
para o trecho posterior à σ`vm, o solo se encontra na condição normalmente adensada.
A comparação entre a tensão de sobreadensamento e a tensão vertical efetiva atual sobre o
solo no ponto onde a amostra foi extraída (σ`v0) permite avaliar a evolução desse solo e a
condição em que o mesmo se encontra, se normalmente adensado ou sobreadensado. Diante
dessa necessidade de conhecer a história de tensões do depósito, CASAGRANDE (1936)
75
definiu o parâmetro razão de sobreadensamento, cujo valor é igual à razão entre σ`vm e σ`v0.
Alguns autores o denotam como RSA, mas a nomenclatura conhecida internacionalmente e
adotada neste trabalho é OCR (do inglês, overconsolidation ratio).
Existem vários métodos empíricos para a obtenção de σ`vm a partir da curva de
compressibilidade e os mais empregados no Brasil são o método de Casagrande (1936) e o
método de Pacheco Silva (1970) (PINTO, 2006).
FIG. 5.4 – Gráfico e x log σ`v: curva de compressibilidade e identificação dos parâmetros
O índice de compressão (Cc) representa a variação do índice de vazios com o aumento da
tensão vertical efetiva no trecho normalmente adensado e é expresso pela inclinação da reta
ajustada aos pontos plotados na curva “virgem”, conforme visualizado na Figura 5.4. Caso este
trecho se apresente retilíneo, há grandes indícios de a amostra estar amolgada, conforme
demonstrado por COUTINHO (1976), VILELA (1976) e FERREIRA (1982). No item 5.2.3, o
qual versa sobre qualidade das amostras, esta questão é melhor discutida.
Os valores de Cc obtidos no ensaio de adensamento são, empiricamente, relacionados ao
teor de umidade natural do solo (wn). SILVA (2013), por exemplo, com base em uma série de
1,40
1,90
2,40
2,90
3,40
3,90
1 10 100 1000
Índic
e de
Vaz
ios,
e
Tensão Vertical Efetiva, σ`v (kPa)
1 Cr
1
Cc
1 Cs
Trecho "virgem", normalmente adensado
Trecho sobreadensado
σ`vm
σ`vm
76
resultados de estudos de diferentes argilas brasileiras, propôs a seguinte correlação (expressão
5.1):
𝐶𝑐 = 0,0115 . 𝑤𝑛 + 0,800 𝐄𝐐. 𝟓. 𝟏
Mais adiante, no Capítulo 6, será apresentada a relação entre Cc e wn encontrada para o
depósito em estudo, comparando-a com a proposição de SILVA (2013) e de outros depósitos
específicos da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. A relação entre Cc e wn, no entanto, é
meramente para fins de previsão de magnitude de recalques numa fase de anteprojeto, quando
se não se dispõe de ensaios de laboratório.
A compressibilidade das argilas plásticas é influenciada por fatores físico-químicos, tais
como a composição mineralógica, a capacidade de troca de cátions, a área específica da
superfície das partículas e as características do fluido dos poros (BOLT, 1956; MITCHELL e
SOGA, 2005). Tendo isto em vista, também é comum encontrar na literatura relações entre Cc e
o limite de liquidez (wL) e entre Cc e o índice de plasticidade (IP) (FERREIRA, 1982; TIWARI
e AJMERA, 2012). Contudo, na prática geotécnica a comparação entre Cc e wn é mais
interessante, devido à facilidade de obtenção deste último parâmetro, e permite, por exemplo, o
mapeamento com furos de sondagem.
O índice de recompressão (Cr) corresponde à inclinação da reta ajustada no trecho
sobreadensado da curva de compressibilidade, quando o solo está em processo de
recompressão, como já indica o nome. O índice está representado na Figura 5.4. PINTO (2006)
cita que o valor de Cr costuma ser da ordem de 10 a 20% do valor de Cc, a depender do tipo de
solo.
O índice de expansão (Cs) corresponde à inclinação da reta de descarregamento e também
pode ser observado na Figura 5.4. Na realidade, a não ser que amostra esteja amolgada, os
valores de Cr e Cs são bem próximos, uma vez que estes índices correspondem à faixa em que o
solo apresenta comportamento praticamente elástico.
Em relação à compressão secundária, apesar de sua análise não fazer parte do escopo do
presente trabalho e, como cita SANDRONI (2006a), os ensaios de adensamento convencionais
não serem os mais indicados para estimativa dos recalques por compressão secundária, foi feita
uma avaliação desta grandeza para fins de caracterização do depósito, com razoável
confiabilidade.
A ocorrência do adensamento secundário é notória no monitoramento dos recalques e
77
estudada há várias décadas, mas ainda hoje há divergências na literatura sobre o seu mecanismo
e até mesmo quanto à sua definição. Sem enveredar nestas questões e buscando uma definição
para seu entendimento, pode-se dizer que a compressão secundária corresponde às deformações
lentas que ocorrem após o desenvolvimento dos recalques previstos na teoria do adensamento,
ou seja, quando as poropressões praticamente já se dissiparam. LAMBE e WHITMAN (1969)
atribuem o recalque secundário a uma provável reorientação contínua das partículas,
influenciada pela expulsão da água adsorvida, que é aquela fortemente aderida à partícula por
forças eletroquímicas.
Segundo LAMBE e WHITMAN (1969), a compressão secundária pode ser extremamente
grande, principalmente nos solos altamente plásticos e orgânicos, nos quais sua magnitude pode
exceder a dos recalques primários.
FEIJÓ e MARTINS (1993) indicaram, para a argila do depósito de Sarapuí, que na faixa de
valores de OCR entre 2 e 6 não há compressão ou expansão secundária. MARTINS (2008),
citado por DOMINGOS (2008), faz a observação de que o OCR para a linha de fim de
compressão secundária é de 1,5 a 1,6 em relação à curva obtida em FEIJÓ e MARTINS (1993),
pois neste trabalho a curva apresentada teve influência de uma parcela de compressão
secundária.
Para a estimativa da deformação secundária (εsec), considerou-se a linha de fim do
adensamento secundário obtida no ensaio ao ser promovido um descarregamento equivalente a
OCR igual a 2, conforme esquematizado na Figura 5.5. Nos cálculos da εsec, estimou-se uma
tensão vertical efetiva final de 100 kPa.
FIG. 5.5 – Linha de fim do secundário para OCR=2 e variação do índice de vazios
correspondente ao adensamento secundário (Δesec).
1,40
1,90
2,40
2,90
3,40
3,90
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão Vertical Efetiva, σ`v (kPa)
linha de fim do
secundário
(OCR 2,0)
Δesec
linha de fim do
primário
σ`vf 2 σ`vf
78
5.2.2 Determinação dos coeficientes de adensamento
Outro parâmetro do solo obtido do ensaio de adensamento oedométrico é o coeficiente de
adensamento vertical, cv. No caso particular desta pesquisa, pretendeu-se obter também o
coeficiente de adensamento horizontal, ch, ao rotacionar a amostra 90º de sua posição original,
conforme apresentado no item 5.2.4. A determinação do coeficiente de adensamento, como
discutido no Capítulo 2, assume fundamental importância nos projetos de aterros sobre solos
moles, pois permite prever a velocidade na qual os recalques ocorrerão.
O controle da variação da altura dos corpos de prova durante o intervalo de tempo entre
dois incrementos de carga consecutivos, nos tempos pré-determinados, permite obter os
gráficos de adensamento. Para a obtenção do coeficiente de adensamento a partir dos gráficos,
no entanto, devem ser feitos ajustes nos dados experimentais. Os dois métodos mais utilizados
para os ajustes são: o proposto por CASAGRANDE e FADUM (1944), conhecido como
método de Casagrande ou logaritmo do tempo, o qual trabalha com os dados do tempo plotados
em logaritmo na abscissa, e o proposto por TAYLOR (1948), conhecido como raiz do tempo,
no qual os dados do tempo são inseridos em raiz quadrada na abscissa.
Os ajustes se devem ao fato de a curva obtida no ensaio não ser exatamente igual à curva
teórica do adensamento. No início do ensaio existe uma pequena deformação imediata devida à
possível compressão de bolhas de ar que a amostra possa ter e à conformação nas interfaces do
corpo de prova com as pedras porosas. Segue o adensamento primário, conforme trata a teoria
e, antes que este tenha terminado, inicia-se a deformação lenta residual, correspondente ao
adensamento secundário (PINTO, 2006). Faz-se necessário, portanto, recorrer aos métodos que
possibilitam identificar o início e o fim do adensamento primário e interpretar a curva recalque
versus tempo em termos do grau de adensamento.
Nesta dissertação, os coeficientes de adensamento foram calculados pelos dois métodos
citados. No método de Casagrande, o cálculo é feito para o grau de adensamento igual a 50%,
enquanto que, no método de Taylor, trabalha-se com o grau de adensamento igual a 90%. Em
ambos os métodos, o cálculo do cv, ou ch, é efetuado a partir da Equação 5.2 a seguir:
cv , ch = T × Hd
2
t 𝐄𝐐. 𝟓. 𝟐
onde:
T - fator tempo correspondente à porcentagem de adensamento. No método de Casagrande,
79
T=0,197 (U=50%) e, no de Taylor, T=0,848 (U=90%);
Hd – distância de drenagem. Como as duas faces do corpo de prova são drenantes, Hd é a metade
da altura média do corpo de prova durante o estágio de carga em análise;
t – tempo necessário para ocorrer 50% do recalque, no método de Casagrande, ou 90% no caso
de se utilizar o método de Taylor.
Na Figura 5.6 são mostrados, graficamente, os procedimentos para obtenção do tempo
para que ocorra a porcentagem de adensamento requerida pelo método utilizado.
FIG. 5.6 – Interpretação da curva de adensamento pelo método de Casagrande (a) e pelo
método de Taylor (b).
1,30
1,35
1,40
1,45
1,50
0,1 1,0 10,0 100,0 1000,0
Alt
ura
do c
orp
o d
e pro
va
(cm
)
Tempo (min)
h100
1,528
d
d
1,335
1,431h50
h0
t 4t
t50
17,0
a)
1,30
1,35
1,40
1,45
1,50
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do c
orp
o d
e pro
va
(cm
)
Raiz de Tempo (√min)
h90
h0
7,7
t90 = 59,3
x 0,15x
b)
80
O valor de cv encontrado pelo método de Taylor é, em geral, maior do que o obtido pelo
método de Casagrande (LAMBE e WITHMAN,1969; LADD, 1971 e TAVENAS et al., 1983).
Nos resultados dos ensaios da argila de Sarapuí, depósito localizado na Baixada Fluminense,
Estado do Rio de Janeiro, SAYÃO (1980) encontrou a relação cv Taylor/cv Casagrande igual a 1,8.
SPANNENBERG (2003), ao caracterizar um depósito argiloso também na Baixada
Fluminense, obteve a relação na ordem de 1,9.
Segundo TAVENAS et al. (1983) esta diferença se deve ao fato de que no método de
Taylor a interpretação é baseada principalmente na primeira parte da curva recalque versus
tempo, quando a permeabilidade, e, consequentemente, o coeficiente de adensamento, são
maiores. Os autores encontraram para a argila de Louiseville a relação cv Taylor/cv Casagrande
aproximada de 1,2.
PINTO (2006) observa que algumas vezes não é possível definir claramente o trecho
retilíneo do processo de Taylor e que, nos solos em que o adensamento secundário é acentuado,
a aplicação do método de Casagrande torna-se difícil.
5.2.3 Qualidade das amostras
Inferir a qualidade das amostras permite avaliar a confiabilidade dos resultados obtidos nos
ensaios de adensamento oedométrico. Amostras de boa qualidade são fundamentais para o
sucesso das análises. Ressalta-se que o termo qualidade das amostras é consagrado na
comunidade geotécnica, mas é evidente que também está incluído neste conceito a qualidade
dos corpos de prova, uma vez que as causas do amolgamento do solo podem ter origem tanto na
obtenção da amostra como na moldagem do corpo de prova.
Os efeitos do amolgamento das amostras sobre a curva de compressibilidade foram
descritos primeiramente por RUTLEDGE (1944), o qual observou que o amolgamento
deslocava a curva e x log σ`v para baixo, reduzia sua inclinação e dificultava a identificação da
tensão de sobreadensamento. COUTINHO (1976), ao estudar a argila do depósito de Sarapuí,
percebeu que a conformação retilínea do trecho virgem era devida à má qualidade das amostras,
sendo que, até então, acreditava-se que o índice de compressão (Cc) era constante, como
proposto por LADD (1973). VILELA (1976) observou o mesmo comportamento relatado por
COUTINHO (1976) nas curvas de compressão da argila da Estação Uruguaiana do Metrô-Rio,
assim como FERREIRA (1982) percebeu nas curvas de uma argila de Recife. Outras
consequências do amolgamento, conforme as observações de laboratório, são: índice de vazios
81
menor para qualquer tensão efetiva, redução da tensão de sobreadensamento, aumento da
compressibilidade no trecho de recompressão e decréscimo da compressibilidade no trecho de
compressão virgem.
COUTINHO (1976) também observou que o amolgamento da amostra decresce o valor do
coeficiente de adensamento. No entanto, a importância relativa deste efeito é geralmente bem
menor quando a tensão aplicada é relativamente grande.
Na Figura 5.7 são apresentadas curvas de compressibilidade e de adensamento referentes a
amostras de boa e má qualidade e amostras amolgadas em laboratório, exemplificando o efeito
do amolgamento nos parâmetros do solo.
FIG. 5.7 – Efeito do amolgamento nas curvas de compressibilidade e de adensamento
(FERREIRA e COUTINHO, 1988; COUTINHO et al. 1998; adaptado por ALMEIDA e
MARQUES, 2003)
Visando classificar as amostras quanto a sua qualidade de maneira objetiva, LUNNE et al.
82
(1997) propuseram um critério baseado na diferença relativa entre o índice de vazios inicial do
corpo de prova (e0) e o índice de vazios correspondente à tensão vertical efetiva de campo (ev0),
conforme a expressão 5.3. O critério considera ainda o valor de OCR, como pode ser observado
na Tabela 5.2.
Δe
e0 =
e0 − ev0
e0 𝐄𝐐. 𝟓. 𝟑
COUTINHO (2007) recomendou um critério semelhante ao de LUNNE et al. (1997),
diferindo apenas nos valores limites das categorias de classificação, os quais são mais
condizentes com as argilas brasileiras. Este critério também pode ser visualizado na Tabela 5.2.
TAB. 5.2 – Critérios para classificação da qualidade da amostra
Observa-se na Tabela 5.2 que a nomenclatura do limite superior de uma categoria não
coincide com a nomenclatura do limite inferior da categoria de melhor qualidade subsequente.
Se um corpo de prova apresentar Δe/e0 = 0,08, por exemplo, pelo critério de COUTINHO
(2007) pode ser classificado como de qualidade ruim, ao mesmo tempo em que está no limite
inferior da categoria boa a regular. Para evitar dúvidas na avaliação, ANDRADE (2009)
sugeriu uma modificação do critério de COUTINHO (2007) criando categorias intermediárias,
como mostra a Tabela 5.3.
TAB. 5.3 – Critério de Coutinho (2007) modificado (Andrade, 2009)
1-2 < 0,04 0,04-0,07 0,07-0,14 > 0,14
2-4 < 0,03 0,03-0,05 0,05-0,10 > 0,10
1-2,5 < 0,05 0,05-0,08 0,08-0,14 > 0,14
OCR
Critério de Lunne et al. (1997)
Critério de Coutinho (2007)
Δe/e0
Muito boa a
excelenteBoa a regular Ruim Muito ruim
1-2,5 < 0,05 0,05-0,065 0,065-0,08 0,08 - 0,11 0,11 - 0,14 > 0,14
Pobre a
muito pobreMuito pobre
Δe/e0
OCR Muito boa a
excelente
Muito boa
a boaBoa a regular
Regular a
pobre
83
5.2.4 Descrição dos ensaios
Os primeiros ensaios, correspondentes aos da Zona 2, foram executados no Laboratório de
Geotecnia Prof. Jacques de Medina da COPPE/UFRJ. Porém, devido aos resultados
apresentados, típicos de amostras amolgadas, condizentes com as dificuldades durante as
primeiras coletas, todos os ensaios da Zona 2 foram refeitos após uma nova coleta, com exceção
da vertical 14, nas profundidades de 2,0 e 4,0 m, que gerou bons resultados. Ainda assim, os
resultados dos ensaios da Zona 2 apresentados nesta dissertação serão aqueles executados na
primeira vez, mostrando-se a influência do amolgamento nos valores de alguns parâmetros
geotécnicos. Os ensaios refeitos não ficaram prontos a tempo de serem analisados nesta
dissertação. Os demais ensaios, correspondentes aos da Zona 1, foram executados no
laboratório da empresa IQS Engenharia Ltda.
Ao todo foram realizados 40 ensaios de adensamento oedométrico, sendo 30 com corpos
de prova moldados à maneira convencional, doravante denominados CP horizontal, e 10
ensaios com corpos de prova obtidos pela rotação de 90º da amostra, conforme esquematizado
na Figura 5.8, doravante mencionados como CP vertical. Dessa forma, a partir do CP
horizontal, estimou-se o valor cv e, a partir do CP vertical, estimou-se o valor de ch. Na Tabela
5.4 estão relacionados os ensaios executados, suas respectivas profundidades e verticais de
coleta.
Primeiramente foram executados os ensaios com os CPs horizontais e verificou-se a
qualidade das amostras pelos critérios de classificação de LUNNE et al. (1997) e COUTINHO
(2007), conforme descrito no item 5.2.3. Selecionaram-se, então, as amostras com qualidade
entre “boa a regular” e “muito boa a excelente” que serviriam para moldagem dos CPs verticais.
A moldagem do corpo de prova na posição vertical tem como objetivo a obtenção da
anistropia da permeabilidade e o coeficiente de adensamento horizontal do solo, uma vez que o
fluxo d`água no ensaio se dará preferencialmente na direção vertical, correspondente ao fluxo
horizontal in situ. A Figura 5.8 ilustra o procedimento adotado e a suposta orientação das
partículas do solo, que é um dos principais fatores que contribuem para a permeabilidade
horizontal ser maior do que a vertical.
84
FIG. 5.8 - Esquema de moldagem dos corpos de prova na direção horizontal e vertical
TAB. 5.4 – Ensaios de adensamento realizados
CP horizontal CP vertical
3,0 x
5,0 x
2,0 x
6,0 x
8,0 x
1,5 x x
3,5 x x
Z1-AI-20 3,0 x
3,0 x x
5,0 x x
7,0 x x
2,0 x x
6,0 x x
10,0 x
2,0 x
5,0 x
3,0 x x
7,0 x x
Z1-AI-50 2,0 x
Z1-AI-60 4,0 x x
Z1-AI-66 3,0 x
3,0 x
5,0 x
4,0 x
7,0 x
10,0 x
5,0 x
7,0 x
2,0 x
4,0 x
30 10
Z1-AI-18
Z1-AI-27
TOTAL DE ENSAIOS
Vertical de
coleta
Profundidade
da amostra (m)
Ensaios de adensamento
Z1-AI-36
Z1-AI-76
Z2-AI-06
Z2-AI-09
Z2-AI-14
Z1-AI-04
Z1-AI-14
Z1-AI-29
Z1-AI-33
85
Antes de iniciar a descrição sobre os procedimentos de ensaio, cabe dizer que as amostras
foram acondicionadas em caixa térmica com serragem até o momento de sua utilização,
verificando-se sempre a umidade, como mostra a Figura 5.9.
FIG. 5.9 – Armazenamento das amostras.
Os tubos amostradores tinham aproximadamente 60 cm e foram cortados em segmentos
cuidadosamente com uma serra fina. A parte inferior dos tubos, cerca de 20 cm, foi utilizada
para os ensaios de caracterização. Segmentos subsequentes de 10 cm foram usados para
moldagem dos corpos de prova na horizontal e na vertical. Na Figura 5.10 é exemplificada a
divisão de um tubo amostrador.
FIG. 5.10 – Marcação dos segmentos de um tubo a serem cortados.
Na Figura 5.11 estão ilustrados os procedimentos adotados na moldagem dos corpos de
prova. Para a extração de cada amostra, foi passado um fio de aço (corda de violão) entre o solo
86
e a parede do tubo diversas vezes, de forma a desprender um do outro e a minimizar o
amolgamento nesta fase, conforme indicação de LADD e DEGROOT (2003). Após a redução
do atrito, a amostra era lentamente empurrada para fora do tubo com o auxílio de um peso
metálico de diâmetro pouco inferior ao do amostrador (Figura 5.11 b). Neste caso foi utilizado o
próprio cabeçote da célula de adensamento.
A moldagem de um corpo de prova consistiu na cravação do anel metálico, de extremidade
cortante, centralizado na amostra já extraída do tubo. À medida que o anel penetrava no solo,
retirava-se cuidadosamente o excesso de material ao redor e na parte superior do anel,
facilitando a sua penetração. O excesso era retirado também com o auxílio de um fio de aço. A
presença de conchas às vezes dificultava a moldagem e seguia-se com o deslocamento do anel
até não se ter mais a interferência das mesmas. Por fim, uma régua metálica era utilizada para o
acerto final das superfícies do topo e da base do corpo de prova. Os corpos de prova foram
moldados com diâmetro de 61,7 mm e altura de 20,0 mm.
FIG. 5.11 – Procedimentos de moldagem dos corpos de prova: a) redução do atrito entre a
amostra e a parede do tubo; b) retirada da amostra com auxílio de um peso; c) cravação do anel
com a amostra na posição natural; d) retirada do excesso de material ao redor do anel; e e)
acerto final da base e do topo do corpo de prova.
A diferença na moldagem do CP horizontal para o vertical é que, para este último,
cortavam-se dois arcos diametralmente opostos da amostra, obtendo-se duas superfícies planas,
87
uma para permitir, ao tombar a amostra, apoiá-la na placa de vidro e a outra para facilitar a
cravação do anel (Figura 5.12).
FIG. 5.12 – Moldagem de um CP vertical: a) corte em meia cana da amostra e b) cravação do
anel na amostra rotacionada 90º de sua posição original
As sobras das amostras eram imediatamente utilizadas para determinação do teor de
umidade inicial, de acordo com a norma ABNT NBR 6457 (MB 27).
Na Figura 5.13 são apresentados os acessórios da célula de adensamento e uma célula
pronta para ser ensaiada.
FIG. 5.13 - Acessórios da célula de adensamento (a) e célula montada (b)
Para execução dos ensaios foram utilizadas prensas de adensamento edométrico tipo
Bishop, de fabricação da Viatest, modelo VS 910, a qual oferece as relações de 20:1 e 24:2
entre a carga aplicada e a carga transmitida para o corpo de prova (Figura 5.14). A relação
utilizada foi a de 24:1.
Os ensaios realizados foram os de carregamento incremental (adensamento convencional),
com tensão vertical inicial de 3,0 kPa e estágios com incrementos de tensão na razão Δσv/σv=1.
Programou-se o descarregamento nas tensões de 200 e 400 kPa. Os estágios de carregamento
88
seguiram, assim, a ordem: 3 - 6 - 12,5 - 25 - 50 - 100 - 200 - 100 - 200 - 400 - 200 -100 kPa.
FIG. 5.14 – Prensa utilizada nos ensaios de adensamento oedométrico.
5.2.5 Resultados
A medida da variação da altura dos corpos de prova para cada estágio de carregamento
permitiu a montagem dos gráficos índice de vazios versus tensão efetiva vertical, obtendo-se a
curva de compressibilidade. As curvas de compressão de todos os ensaios estão apresentadas no
Anexo 2.
A Tabela 5.5 reúne os parâmetros de compressibilidade obtidos para todos os corpos de
prova moldados na direção horizontal, ou seja, seguindo os procedimentos convencionais, os
quais, por ora, são os de interesse para caracterizar o depósito. Algumas características
percebidas nas curvas de compressão dos corpos de prova moldados na vertical serão discutidas
no Capítulo 6, no qual também será feita uma abordagem mais detalhada sobre os parâmetros,
procurando-se verificar a sua variação com a profundidade, a exclusão dos valores de amostras
amolgadas e comparação com dados de outros depósitos.
A tensão de sobreadensamento foi determinada pelo método de Casagrande. A tensão
vertical efetiva in situ (σ`vo) foi calculada considerando-se o nível d`água, determinado durante
as sondagens à percussão, e o peso específico de cada subcamada, conforme os resultados dos
ensaios das amostras em diferentes profundidades de uma mesma vertical.
89
TAB. 5.5 – Resumo dos parâmetros de compressibilidade dos CPs moldados na horizontal
Sem escoimar os valores obtidos de amostras amolgadas, como será discutido no Capítulo
seguinte, os valores de Cc variaram entre 0,23 e 2,19, com média de 1,46, e os valores de Cr
variaram entre 0,07 e 0,33, com média de 0,13. A relação média Cc/Cr , a priori, foi de 0,09. O
índice de vazios variou entre 1,04 e 3,87, apresentando média de 2,88. O valor da razão de
compressão, CR, variou entre 0,11 e 0,51, com valor médio de 0,37.
Os valores da razão de sobreadensamento, OCR, variaram entre 0,31 e 3,34, com média de
1,5. No entanto, os valores abaixo de 1 não são coerentes, como será melhor explicado no
3,00 0,66 17,67 43,0 2,43 2,890 2,800 0,15 1,51 0,39 11,0%
5,00 0,66 28,91 NP NP 1,040 0,930 NP 0,23 0,11 3,2%
2,00 0,58 12,88 32,0 2,48 3,020 2,950 0,12 1,60 0,40 11,0%
6,00 0,58 27,14 50,0 1,84 3,340 3,210 0,15 2,19 0,51 14,3%
8,00 0,58 34,11 48,0 1,41 3,440 3,300 0,11 2,06 0,46 13,0%
1,50 1,00 18,42 50,0 2,72 1,920 1,870 0,08 0,85 0,29 8,1%
3,50 1,00 23,62 45,0 1,91 3,187 3,080 0,09 1,76 0,42 11,8%
Z1-AI-20 3,00 0,94 21,25 6,5 0,31 2,910 2,450 0,33 0,96 0,25 6,8%
3,00 0,80 20,24 42,0 2,08 2,975 2,880 0,14 1,63 0,41 11,4%
5,00 0,80 28,01 30,0 1,07 3,292 3,080 0,17 1,64 0,38 10,6%
7,00 0,80 35,05 43,0 1,23 3,457 3,300 0,10 1,83 0,41 11,5%
2,00 0,51 16,76 38,0 2,27 1,830 1,740 0,13 0,78 0,28 7,8%
6,00 0,51 29,96 31,0 1,03 3,870 3,640 0,17 2,16 0,44 12,4%
10,00 0,51 43,06 33,0 0,77 3,740 3,280 0,14 1,99 0,42 11,8%
2,00 1,00 20,98 23,0 1,10 1,920 1,780 0,10 0,78 0,27 7,5%
5,00 1,00 34,72 30,0 0,86 3,230 2,900 0,16 1,56 0,37 10,1%
3,00 0,00 10,77 36,0 3,34 3,488 3,430 0,11 1,93 0,43 12,0%
7,00 0,00 25,13 35,0 1,39 3,470 3,290 0,11 1,96 0,44 12,3%
Z1-AI-50 2,00 0,73 17,14 34,0 1,98 2,130 2,030 0,12 0,95 0,30 8,5%
Z1-AI-60 4,00 1,00 25,16 45,0 1,79 3,088 2,980 0,07 1,56 0,38 10,5%
Z1-AI-66 3,00 1,20 26,94 40,0 1,48 1,990 1,870 0,09 0,93 0,31 8,7%
3,00 1,10 22,34 NP NP 3,230 2,780 NP 0,89 0,21 5,6%
5,00 1,10 31,45 49,0 1,56 1,980 1,850 0,12 0,90 0,30 8,4%
4,00 0,61 18,38 7,0 0,38 3,711 NP NP NP NP NP
7,00 0,61 28,13 22,0 0,78 2,978 2,530 0,13 1,76 0,44 12,3%
10,00 0,61 38,33 32,0 0,83 2,786 2,420 0,09 1,61 0,43 12,1%
5,00 1,27 31,20 28,0 0,90 2,873 2,460 0,20 1,53 0,40 10,3%
7,00 1,27 38,55 38,0 0,99 2,685 2,430 0,11 1,57 0,43 11,9%
2,00 0,81 14,40 27,0 1,88 3,085 2,960 0,10 1,76 0,43 12,2%
4,00 0,81 21,32 25,0 1,17 2,838 2,650 0,13 1,50 0,39 10,7%
Obs.: NP - não foi possível determinar
Z2-AI-09
Z2-AI-14
Z1-AI-27
Z1-AI-29
Z1-AI-33
Z1-AI-36
Z1-AI-76
Z2-AI-06
Z1-AI-04
Z1-AI-14
Z1-AI-18
CR =
Cc/(1+e0)εsece0 ev0 Cr CcAmostra Prof. (m) N.A. (m)
σ`vo
(kPa)
σ`vm
(kPa)OCR
90
Capítulo seguinte, no item 6.2.
A deformação secundária estimada, εsec, variou na faixa de 3,2 a 14,3%, com média de
10,2%. Salienta-se que estes valores foram obtidos considerando-se a linha fim do secundário
para OCR=2 a partir do fim do primário. Caso fosse gerado um OCR de 1,5, o valor médio de
εsec seria de 6%. Como referência, CAMPOS (2006) considerou OCR de 1,95 para as argilas de
Santa Cruz e obteve εsec de 11%. TASSI (2015) realizou ensaios para identificar a posição da
linha de fim do secundário para um depósito localizado na Barra da Tijuca e chegou a valores
de OCR correspondente acima de 2.
Os valores dos coeficientes de adensamento variam de acordo com o nível de tensões a que
o solo está submetido. Na Tabela 5.6 estão reunidos os resultados obtidos pelos métodos de
TAYLOR (1948) e de CASAGRANDE (1944), sendo que para este último apenas os valores
das amostras ensaiadas com CP na horizontal e na vertical foram calculados. Os valores de cv
apresentados correspondem ao nível de tensão de 100 kPa dos corpos de prova moldados na
horizontal. Este nível de tensão condiz com o esperado caso seja construído um aterro na área
de estudo, uma vez que a cota acabada mínima para o aterro deverá ser da ordem de 3,0 m,
conforme estipulado pela Fundação Rio Águas, e há de se considerar ainda o aterro de
sobrecarga.
Considerando os resultados pelo método de Taylor constantes na Tabela 5.6, inclusive os
das amostras amolgadas, os valores de cv variaram entre 1,2 e 69,4 x 10-8
m²/s, com média de
4,53 x 10-8
m²/s. O valor extremo de 69,4 x 10-8
m²/s corresponde à amostra Z1-AI-04-5,0m,
comentada no item 5.1.5 por apresentar dados não representativos do depósito. Uma discussão
mais detalhada sobre este valor será feita no Capítulo 6.
Os dados dos corpos de prova moldados na vertical serão discutidos no próximo Capítulo.
Por ora, os resultados são apresentados na Figura 5.15, a qual reúne graficamente os valores dos
coeficientes de adensamento apenas dos corpos de prova moldados tanto na horizontal quanto
na vertical, obtidos pelo método de Taylor e de Casagrande, considerando-se as tensões de 100
e 200 kPa. Observa-se que os valores obtidos pelo método de Taylor em geral são maiores. A
relação média encontrada foi cv Taylor/cv Casagrande igual a 1,4.
As curvas de adensamento obtidas nos ensaios estão apresentadas no Anexo 3. No
Capítulo 6 serão analisadas algumas curvas, comparando-se aquelas dos corpos de prova
moldados na vertical com as dos corpos de prova na horizontal, retirados da mesma amostra.
91
TAB. 5.6 – Coeficientes de adensamento dos CPs moldados na horizontal (cv), para o domínio
normalmente adensado (σ`v = 100 kPa)
3,00 2,90 NC
5,00 69,40 NC
2,00 2,85 NC
6,00 1,17 NC
8,00 1,22 NC
1,50 8,39 NP
3,50 2,66 1,38
Z1-AI-20 3,00 2,47 NC
3,00 1,90 1,35
5,00 1,28 1,10
7,00 3,02 1,68
2,00 2,86 2,10
6,00 1,55 1,51
10,00 1,76 NC
2,00 3,11 NC
5,00 1,33 NC
3,00 1,44 1,15
7,00 1,92 1,47
Z1-AI-50 2,00 4,11 NC
Z1-AI-60 4,00 4,72 2,49
Z1-AI-66 3,00 2,14 NC
3,00 1,37 NC
5,00 1,76 NC
4,00 1,32 NC
7,00 1,40 NC
10,00 1,90 NC
5,00 1,40 NC
7,00 1,90 NC
2,00 1,30 NC
4,00 1,40 NC
Obs.: NC - não calculado; NP - não foi possível determinar
Z2-AI-09
Z2-AI-14
Z1-AI-27
Z1-AI-29
Z1-AI-33
Z1-AI-36
Z1-AI-76
Z2-AI-06
cv (Taylor)
(10-8
x m²/s)
cv (Casagrande)
(10-8
x m²/s)
Z1-AI-04
Z1-AI-14
Z1-AI-18
Amostra Prof. (m)
92
FIG. 5.15 – Comparação dos resultados de cv (ou ch) obtidos pelos métodos de Taylor e de
Casagrande
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00
Pro
fund
idad
e (m
)
Coeficiente de adensamento (10-8 x m²/s)
cv Taylor
cv Casagrande
ch Taylor
ch Casagrande
93
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Uma avaliação mais precisa dos parâmetros constitutivos do solo está intimamente
relacionada à extensão e à qualidade do programa de investigações de campo e dos ensaios de
laboratório.
Para obtenção de cada característica e parâmetro do solo existe, geralmente, um tipo de
ensaio mais adequado. Os ensaios de palheta, por exemplo, são os mais indicados para
determinação da resistência ao cisalhamento não drenada, Su. Porém, muitas vezes correlações
existentes na literatura são úteis para se obter um mesmo parâmetro a partir de diferentes
ensaios, ainda que com precisão de segunda ordem. Neste sentido, tem-se que estimativas de Su,
por exemplo, também podem ser obtidas a partir dos resultados dos ensaios de piezocone, com
sucesso de previsão alto a moderado, conforme indicado por SCHNAID e ODEBRECHT
(2012).
Tendo em vista as dificuldades associadas às investigações dos depósitos de solos moles e
o fato de que equipes diferentes executam os ensaios, e que os caminhos de tensões não são os
mesmos e nem as condições de contorno, há a necessidade de maximizar e complementar os
dados dos ensaios de campo e de laboratório.
As correlações e comparações entre os resultados de campo e de laboratório permitem não
só melhor prever o comportamento geomecânico do solo, como também verificar, de uma
forma qualitativa, a qualidade e a consistência da campanha realizada.
Neste Capítulo busca-se correlacionar e comparar os resultados obtidos de diferentes
ensaios e apresentar dados geotécnicos de outras áreas localizadas em Guaratiba, Santa Cruz,
Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca.
O interesse em comparar os dados de Guaratiba com aqueles de Santa Cruz está no fato de
que os dois bairros fazem parte da mesma grande baixada, a Baixada de Sepetiba e, portanto, o
processo de formação dos seus depósitos argilosos é semelhante. Espera-se, então, que os
parâmetros geotécnicos sejam próximos. Por outro lado, dados da Barra da Tijuca e do Recreio
dos Bandeirantes, que fazem parte da Baixada de Jacarepaguá e são separados de Guaratiba
pelo maciço da Pedra Branca, serão comparados com os da região em estudo a fim de se
verificar as diferenças decorrentes de processos de formação provavelmente diferentes.
94
6.1 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO NÃO DRENADA
No geral, quanto maior a perda da resistência ao cisalhamento após a desestruturação do
solo, maior a sua sensibilidade (SKEMPTON e NORTHEY, 1952; MITCHELL, 1976). A
sensibilidade (St) da argila é dada pela razão entre a resistência ao cisalhamento não drenada
indeformada e a resistência amolgada, conforme apresentado no Capítulo 4, Equação 4.2, aqui
reescrita:
𝑆𝑡 = 𝑆𝑢
𝑆𝑢𝑎 𝐄𝐐. 𝟔. 𝟏
A Figura 6.1 a seguir apresenta os resultados dos ensaios de palheta para resistência
indeformada e deformada e a sensibilidade versus a profundidade. Foram executados 60
ensaios em 12 verticais da Zona 1 e 14 ensaios em 3 verticais da Zona 2.
FIG. 6.1 – Resultados dos ensaios de palheta: Su da argila indeformada e amolgada da Zona 1
(a) e da Zona 2 (b) e sensibilidade das Zonas 1 e 2 (c)
Os valores de Su da argila indeformada variou entre 9,5 e 49,7 kPa, com valor médio de
16,2 kPa. O valor médio da sensibilidade foi de 3,3, o que caracteriza argila de média
sensibilidade, de acordo com a classificação de SKEMPTON e NORTHEY (1952). Valores
maiores da sensibilidade ocorreram nas camadas superiores, como consequência da diferença
maior entre a resistência indeformada e a amolgada. Este fato possivelmente está relacionado à
0
2
4
6
8
10
12
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Pro
fun
did
ad
e (m
)
Su (kPa) - Zona 1
indeformada
deformada
Z1-EP-66
a)
0
2
4
6
8
10
12
0 5 10 15 20
Su (kPa) - Zona 2
indeformada
deformada
b)
0 5 10 15 20 25
St
Zona 1
Zona 2
Z2-EP-14
c)
95
presença de materiais orgânicos, como gravetos e fibras, e ao ressecamento do solo superficial,
que lhe conferem maior resistência ao cisalhamento quando intacto.
Os pontos destacados na Figura 6.1 se referem aos resultados que mais se distanciaram da
média. O ensaio Z1-EP-66-1,0m possuiu a maior resistência não drenada, igual a 49,7 kPa,
valor bem acima do esperado para o depósito em estudo. Na mesma ilha de investigação,
obteve-se em laboratório a umidade da amostra Z1-AI-66-3,0m, que foi igual a 68%, a segunda
mais baixa entre as amostras ensaiadas. Para a mesma amostra, observou-se que a porcentagem
de areia ficou um pouco acima da média (18%). O valor do N.A detectado na sondagem
Z1-SP-66 foi de 1,20m. A pequena profundidade, a indicação de umidade natural baixa, a
distribuição granulométrica diferenciada e um possível ressecamento do solo superficial são as
possíveis causas para o valor discrepante apresentado no ensaio Z1-EP-66-1,0m.
Em relação ao ensaio Z2-EP-14-4,0m, o qual apresentou o maior valor de sensibilidade
(21,8), não foi observada nenhuma correspondência entre este resultado atípico com os outros
resultados de ensaios próximos a esta vertical. Observou-se apenas que o índice de atividade foi
igual a 1,47, um pouco acima da média, mas nada significativo a ponto de relacioná-lo com o
valor alto de sensibilidade.
SANTOS (2004), ao estudar os gleissolos da Baixada de Guaratiba, comparou os
resultados dos solos das unidades salinas com os resultados das unidades não salinas e concluiu
que os primeiros apresentaram resistência indeformada menor e sensibilidade maior em relação
aos segundos. Para a unidade salina GIS, na qual está inserida as Zonas 1 e 2, SANTOS (2004)
obteve valores de Su indeformado entre 11,4 e 17,6 kPa e a sensibilidade entre 4,0 e 9,4. Estes
ensaios foram realizados em profundidades de até 3,0m.
LIMA e CAMPOS (2014) caracterizaram um depósito de argila mole em Guaratiba, o qual
compreende o empreendimento Vila Mar e a Fazenda SAGAP (Mato Alto), e obtiveram valores
médios de Su indeformado igual a 15,4 kPa e sensibilidade variando entre 2 e 4. Percebe-se que
estes resultados são semelhantes aos encontrados para o depósito em estudo, conforme
esperado, haja vista a proximidade entre as duas áreas.
6.2 QUALIDADE DAS AMOSTRAS INDEFORMADAS
A análise da qualidade das amostras é uma ferramenta de extrema importância, pois
permite julgar a confiabilidade dos parâmetros geotécnicos obtidos pelos ensaios de
96
adensamento. Nesta dissertação, a avaliação da qualidade também foi útil para a programação
dos ensaios com corpos de prova moldados na vertical, no intuito de se obter o coeficiente de
adensamento horizontal.
Na Tabela 6.1 estão apresentadas as classificações dos corpos de prova ensaiados segundo
os critérios de LUNNE et al. (1997) e COUTINHO (2007). Dos 30 ensaios realizados, pelo
critério de LUNNE et al. (1997), 19 apresentaram qualidade entre boa a regular e muito boa a
excelente, enquanto que, pelo critério de COUTINHO (2007), 20 corpos de prova estiveram
neste intervalo. Observa-se, ainda, que muitas amostras classificadas como boa a regular no
critério de LUNNE et al. (1997) foram classificadas como muito boa a excelente no segundo
critério. Isto mostra, como foi dito anteriormente, que o critério de COUTINHO (2007) é mais
apropriado para as argilas brasileiras, pois foi adaptado considerando as suas características.
TAB. 6.1 – Avaliação da qualidade das amostras, a partir de ensaios oedométricos
Lunne et al. (1997) Coutinho (2007)
3,00 2,43 2,890 2,800 0,031 0,10 Boa a Regular Muito Boa a Excelente
5,00 NP 1,040 0,930 0,106 NP Muito Ruim NP
2,00 2,48 3,020 2,950 0,023 0,08 Muito Boa a Excelente Muito Boa a Excelente
6,00 1,84 3,340 3,210 0,039 0,07 Muito Boa a Excelente Muito Boa a Excelente
8,00 1,41 3,440 3,300 0,041 0,05 Boa a Regular Muito Boa a Excelente
1,50* 2,72 1,920 1,870 0,026 0,09 Muito Boa a Excelente Não se aplica (OCR >2,5)
3,50* 1,91 3,187 3,080 0,034 0,05 Muito Boa a Excelente Muito Boa a Excelente
Z1-AI-20 3,00 0,31 2,910 2,450 0,158 0,34 Muito Ruim Muito Ruim
3,00* 2,08 2,975 2,880 0,032 0,09 Boa a Regular Muito Boa a Excelente
5,00* 1,07 3,292 3,080 0,064 0,10 Boa a Regular Boa a Regular
7,00* 1,23 3,457 3,300 0,045 0,05 Boa a Regular Muito Boa a Excelente
2,00* 2,27 1,830 1,740 0,049 0,17 Boa a Regular Muito Boa a Excelente
6,00* 1,03 3,870 3,640 0,059 0,08 Boa a Regular Boa a Regular
10,00 0,77 3,740 3,280 0,123 0,07 Ruim Ruim
2,00 1,10 1,920 1,780 0,073 0,12 Ruim Boa a Regular
5,00 0,86 3,230 2,900 0,102 0,10 Ruim Ruim
3,00* 3,34 3,488 3,430 0,017 0,06 Muito Boa a Excelente Não se aplica (OCR >2,5)
7,00* 1,39 3,470 3,290 0,052 0,06 Boa a Regular Boa a Regular
Z1-AI-50 2,00 1,98 2,130 2,030 0,047 0,13 Boa a Regular Muito Boa a Excelente
Z1-AI-60 4,00* 1,79 3,088 2,980 0,035 0,04 Muito Boa a Excelente Muito Boa a Excelente
Z1-AI-66 3,00 1,48 1,990 1,870 0,060 0,09 Boa a Regular Boa a Regular
3,00 NP 3,230 2,780 0,139 NP Muito Ruim Muito Ruim
5,00 1,56 1,980 1,850 0,066 0,13 Boa a Regular Boa a Regular
4,00 0,38 3,711 NP NP NP Muito Ruim Muito Ruim
7,00 0,78 2,978 2,530 0,150 0,07 Muito Ruim Muito Ruim
10,00 0,83 2,786 2,420 0,131 0,06 Ruim Ruim
5,00 0,90 2,873 2,460 0,144 0,13 Muito Ruim Muito Ruim
7,00 0,99 2,685 2,430 0,095 0,07 Ruim Ruim
2,00 1,88 3,085 2,960 0,041 0,06 Boa a Regular Muito Boa a Excelente
4,00 1,17 2,838 2,650 0,066 0,09 Boa a Regular Boa a Regular
Obs.: NP - não foi possível determinar; *CP moldado na horizontal e na vertical.
Cr / CcAmostra
Z2-AI-09
Z2-AI-14
Z1-AI-36
Δe / e0
Z1-AI-14
Z2-AI-06
Critério de Classificação da QualidadeProf. (m) OCR e0 ev0
Z1-AI-27
Z1-AI-18
Z1-AI-29
Z1-AI-33
Z1-AI-76
Z1-AI-04
97
Algumas amostras estavam tão amolgadas que não foi possível definir a transição entre o
trecho sobreadensado e o trecho normalmente adensado na curva de compressibilidade,
impossibilitando a determinação da tensão de sobreadensamento e, consequentemente, a razão
de sobreadensamento (OCR), como mostra a Figura 6.2.
As amostras classificadas com qualidade ruim ou muito ruim, foram justamente as únicas
que tiveram OCR menor do que 1. Esta relação só é coerente se o solo estiver em processo de
adensamento, o que se acredita não ser o caso, dada a história geológica de formação do
depósito em estudo e a inexistência de um aterro construído recentemente. Neste caso, OCR
menor do que 1 é reflexo do próprio amolgamento da amostra.
FIG. 6.2 – Curva de compressibilidade (e x log σ`v) de uma amostra amolgada (Z1-AI-04).
Há de se notar o valor do índice de vazios extremamente pequeno (1,04) da amostra
apresentada na Figura 6.2. Trata-se de mais uma característica típica de amostras amolgadas.
Igualmente estranho, é o valor do índice de compressão, Cc, apresentado na Tabela 5.5, igual a
0,23, corroborando a observação de RUTLEDGE (1944) e demais autores quanto ao
decréscimo da compressibilidade no trecho virgem como consequência do amolgamento do
solo. Em relação ao coeficiente de adensamento, uma das consequências do amolgamento
citadas por COUTINHO (1976) é a redução desse parâmetro. No entanto, ao contrário do
esperado, a amostra Z1-AI-04-5,0m foi a que apresentou o maior valor de cv. Tendo em vista o
limite de liquidez e o índice de plasticidade dessa amostra, que são próximos aos valores
médios do depósito, uma possível causa para o valor alto de cv seria uma porcentagem
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
1,05
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zio
s, e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Curva de compressibilidade
Z1-AI-04
PROF.: 5,0 m
98
considerável de areia na amostra, o que pode dificultar a amostragem e contribuir para o
amolgamento observado, mas a distribuição granulométrica também foi semelhante a das
demais amostras. Já o teor de matéria orgânica da amostra em análise foi o menor entre os
resultados obtidos, indicando uma relação inversa com o valor de cv.
6.3 PARÂMETROS DE COMPRESSIBILIDADE
Valores preliminares de Cc podem ser obtidos através de correlações com o teor de
umidade natural, possibilitando, com razoável precisão, estimar a magnitude dos recalques que
ocorrerão com a execução dos aterros. Na Figura 6.3 é apresentada a correlação encontrada para
as argilas da área de estudo (Zonas 1 e 2), comparando-a com aquelas obtidas de regiões
próximas. Os pares de valores do depósito em estudo apresentados foram apenas aqueles
correspondentes às amostras classificadas como de qualidade boa a regular ou muito boa a
excelente.
FIG. 6.3 – Correlação estatística entre o índice de compressão (Cc) e a umidade natural (wn):
argilas da área de estudo (Zonas 1 e 2); argilas do BRT; argilas de Santa Cruz (CAMPOS,
2006); argilas da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes (NASCIMENTO, 2009);
argilas brasileiras (SILVA, 2013).
Cc = 0,0142wn
R² = 0,93(Zonas 1 e 2)
Cc = 0,0154wn
R² = 0,90(BRT)
Cc = 0,0152wn
R² = 0,99(Santa Cruz)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 50 100 150 200 250 300
Cc
wn (%)
Zonas 1 e 2
BRT
Santa Cruz
Cc = 0,012wn
(Barra e Recreio)
Cc = 0,0115wn +0,8(Silva (2013))
99
Para a argila da área de estudo, obteve-se a equação Cc = 0,0142 x wn (%) e um coeficiente
de correlação (R²) de 0,93. A inclinação da reta é um pouco menor do que a apresentada pelo
solo do corredor BRT (Cc = 0,0154 x wn (%)). Como se trata de áreas próximas, esperavam-se
correlações mais semelhantes entre esses locais. No entanto, destaca-se que os pontos do
“BRT” apresentaram maior dispersão e, consequentemente, um coeficiente de correlação (R²)
menor (0,9006). Ao trabalhar os dados apresentados por CAMPOS (2006), referentes à Zona
Industrial de Santa Cruz, obteve-se a equação Cc = 0,0152 x wn (%), enquanto que para a Barra
da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, NASCIMENTO (2009) reuniu dados de diversos
trabalhos publicados e encontrou Cc = 0,0120 x wn (%). Percebe-se, assim, que a correlação
média entre Cc e wn da região de Guaratiba (BRT e Zonas 1 e 2) apresenta uma semelhança
maior com os valores de Santa Cruz do que com aqueles apresentados para Barra da Tijuca e
Recreio dos Bandeirantes. Quanto à proposição de SILVA (2013), a mesma ficou um pouco
afastada das demais correlações, mas razoável, visto que é baseada em diferentes depósitos do
país.
Ao excluir os valores das amostras com qualidade não satisfatória, obteve-se um valor
médio de Cc igual a 1,51 e razão de compressão média, CR, igual a 0,38. Este valor se enquadra
dentro da faixa indicada por BARONI (2015) - 0,25 a 0,55 – ao reunir dados dos depósitos de
solos moles situados na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes. Para um depósito
argiloso situado em Santa Cruz, ARAGÃO (1975) obteve CR de 0,32, enquanto CAMPOS
(2006), também para uma argila mole de Santa Cruz, encontrou CR de médio de 0,44.
A relação média entre Cr e Cc foi de 0,09. LIMA e CAMPOS (2014) encontraram para
Cs/Cc o valor médio de 0,15 para o depósito localizado também em Guaratiba. Acredita-se que
o Cs adotado no referido trabalho seja relativo ao índice de expansão. Cumpre dizer, no entanto,
que alguns autores denominam como Cs a inclinação inicial da curva de compressão, sendo que
no presente trabalho este índice foi chamado de Cr. Como estes índices podem apresentar
diferenças, ainda que pequenas, consequentemente a comparação entre um trabalho e outro
pode não ser justa. CAMPOS (2006), por exemplo, obteve para a argila de Santa Cruz a relação
Cr/Cc média de 0,10, enquanto que para Cs/Cc a média encontrada foi de 0,15. Valores altos de
Cr/Cc, ou seja, acima de 0,2, podem ser indicativos de amostras amolgadas, uma vez que nesta
situação o valor de Cr tende a aumentar e o valor de Cc tende a diminuir.
100
6.4 HISTÓRIA DE TENSÕES DO DEPÓSITO
A história de tensões do solo é uma informação essencial à análise do comportamento de
depósitos argilosos quando submetidos a um carregamento e pode ser identificada pelo perfil de
OCR.
A razão de sobreadensamento é tradicionalmente determinada pelos ensaios de
adensamento oedométrico. Uma vez que os valores de σ`vm costumam sofrer influência do
amolgamento das amostras, torna-se interessante comparar os valores de OCR assim obtidos
com os estimados por meio dos ensaios de campo, como piezocone e palheta. Neste trabalho
procedeu-se a estimativa de OCR apenas pelos ensaios de adensamento oedométrico e pelos
ensaios de palheta, vista que não foi possível apresentar os ensaios de piezocone. Proposições
correlacionando dados de ensaios de piezocone com OCR podem ser consultadas em
SCHNAID e ODEBRECHT (2012).
Dentre as correlações existentes para estimativa de OCR a partir dos dados dos ensaios de
palheta, adotou-se a de MAYNE e MITCHELL (1988), apresentada no Capítulo 4 e aqui
reescrita:
𝑂𝐶𝑅 = 𝛼 𝑆𝑢
𝜎`𝑣𝑜 𝐄𝐐. 𝟔. 𝟐
Os valores de OCR estimados com base na Equação 6.2 estão apresentados na Figura 6.4,
assim como os valores de OCR obtidos pelos ensaios oedométricos das amostras de qualidade
satisfatória.
Observa-se que os valores de OCR a partir dos ensaios de palheta foram, no geral, maiores
do que aqueles obtidos nos ensaios de adensamento, mas ambos apresentaram uma tendência
semelhante com a profundidade: ligeira redução até os 7,0 metros e, em seguida um ligeiro
aumento. Embora não apresentados, na crosta superficial obtiveram-se valores extremos de
OCR iguais a 27 e 12 pela estimativa com ensaio de palheta. Sabendo-se que estes resultados
não são representativos, optou-se por limitar as abscissas até 10, para melhor visualização do
gráfico. Os altos valores de OCR, principalmente no primeiro metro, são devidos à resistência
ao cisalhamento elevada por conta do ressecamento da camada superior, incluindo a presença
de materiais orgânicos, como citado anteriormente.
101
FIG. 6.4 – Comparação entre OCR estimado pelo ensaio de palheta e pelo ensaio oedométrico
Considerando-se todas as profundidades, o valor médio do OCR obtido pelos ensaios
oedométricos foi de 1,81, enquanto as correlações utilizando os dados de palheta, excluindo-se
os valores do primeiro metro, resultaram no valor médio de OCR igual a 2,51. Os valores
encontrados para o depósito em estudo estão próximos aos apresentados por CAMPOS (2006)
para um depósito situado em Santa Cruz, cujo OCR médio foi de 1,95, a partir dos ensaios de
adensamento oedométrico.
Diante da comparação obtida, pode-se propor um ajuste na correlação de MAYNE e
MITCHELL (1988), para o depósito em estudo, multiplicando-se a Equação 6.2 por um fator
igual a 0,72. Logo, a equação ajustada para se obter o OCR a partir do ensaio de palheta é
expressa da seguinte maneira:
𝑂𝐶𝑅 = 16. (𝐼𝑃)−0,48 𝑆𝑢
𝜎`𝑣𝑜 𝐄𝐐. 𝟔. 𝟑
A Equação 6.3, no entanto, deve ser utilizada com cautela, lembrando que foi baseada nos
valores de Su obtidos a partir do equipamento de palheta do tipo B, o qual, em geral, devido ao
atrito, conduz a valores maiores de Su.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pro
fun
did
ad
e (
m)
OCR
OCR_oedométrico
OCR_palheta
102
6.5 COEFICIENTES DE ADENSAMENTO
Os coeficientes de adensamento foram obtidos a partir dos ensaios de adensamento
oedométrico, utilizando-se os métodos de Taylor e de Casagrande, conforme explicado no
Capítulo 5, no item 5.2.2. A análise dos dados, no entanto, será feita considerando apenas os
valores obtidos pelo método de Taylor, pois a autora acredita que as operações envolvidas neste
método são menos subjetivas. Seguindo o método de Casagrande, em algumas curvas de
adensamento o trecho linear e o trecho de compressão secundária não estavam bem definidos,
dificultando a interpretação da altura do corpo de prova correspondente ao final do
adensamento primário. A partir de 39 medições, realizadas para as tensões de 100 e 200 kPa das
10 amostras com CP vertical e horizontal, a relação média encontrada entre os resultados
obtidos pelos dois métodos foi cv Taylor/cv Casagrande igual a 1,4. A medição correspondente ao CP
horizontal da amostra Z1-AI-18-1,5m e tensão vertical efetiva de 100 kPa não foi considerada,
por apresentar valor discrepante aos demais, como consequência da curva de adensamento de
difícil interpretação.
Com o objetivo de avaliar a relação entre os coeficientes de adensamento horizontal e
vertical do depósito (ch/cv), na Tabela 6.2 são apresentados os valores calculados para os corpos
de prova provenientes da mesma amostra, um moldado na posição horizontal e o outro na
posição vertical em relação ao eixo do tubo amostrador. Foram apresentados apenas os valores
para os estágios de tensão entre 25 e 200 kPa.
Para níveis de tensão inferiores a 25 kPa, ou mesmo 50 kPa, foi observada a influência da
transição do estado sobreadensado para o estado de compressão virgem no comportamento da
argila, dificultando inferir algum tipo de conclusão a respeito da relação entre os coeficientes de
adensamento horizontal e vertical. O mesmo ocorreu entre o recarregamento de 200 kPa e o
carregamento de 400 kPa, pois o corpo de prova estava sob influência da recompressão à
200 kPa.
Cumpre, no entanto, fazer duas considerações importantes para a interpretação do
coeficiente de adensamento horizontal e obtenção da relação entre ch e cv. A primeira delas é
que, no campo, o carregamento ocasionado pelo alteamento de um aterro é dado na direção
vertical, ou seja, perpendicular ao suposto alinhamento das partículas e ao fluxo horizontal.
Este carregamento gera tensões verticais e horizontais, sendo que a variação da tensão efetiva
horizontal, σ`h, ocorre em função do K (σh/σv), o qual é menor nos bordos do aterro. No
experimento realizado em laboratório, visando obter o ch, o carregamento se deu na direção
103
paralela ao provável alinhamento das partículas (direção horizontal de campo) e na mesma
direção do fluxo d`água. Uma consequência possível neste caso é a reestruturação do solo sob a
atuação do carregamento. No ensaio de adensamento oedométrico a deformação lateral é
impedida, condição que se assemelha mais a porção central do aterro.
TAB. 6.2 – Coeficientes de adensamento considerando a mesma tensão efetiva vertical
CP vertical CP horizontal
ch Taylor
(10-8
x m²/s)
cv Taylor
(10-8
x m²/s)
25 68,10 135,34 0,50
50 7,87 39,26 0,20
100 2,28 1,90 1,20
200 1,39 1,26 1,11
25 65,97 23,92 2,76
50 4,73 5,36 0,88
100 2,06 1,28 1,61
200 1,16 1,27 0,91
25 76,30 94,50 0,81
50 5,65 66,23 0,09
100 2,34 3,02 0,77
200 2,04 2,74 0,74
25 59,16 94,80 0,62
50 29,80 51,82 0,57
100 4,42 8,39 0,53
200 3,25 2,51 1,30
25 24,77 42,03 0,59
50 12,83 40,01 0,32
100 3,64 2,66 1,37
200 2,54 2,03 1,25
25 45,22 72,11 0,63
50 3,75 17,61 0,21
100 2,59 2,86 0,90
200 1,75 2,55 0,68
25 39,02 41,45 0,94
50 3,09 19,41 0,16
100 2,30 1,55 1,48
200 1,86 2,07 0,90
25 27,31 33,79 0,81
50 6,83 11,49 0,59
100 2,30 1,44 1,60
200 1,93 1,20 1,61
25 40,17 39,12 1,03
50 3,38 22,11 0,15
100 2,11 1,92 1,10
200 2,26 1,42 1,59
25 122,34 60,30 2,03
50 70,39 78,10 0,90
100 7,18 4,72 1,52
200 2,57 2,64 0,97
6,0
3,0
7,0
4,0
Z1-AI-29
Z1-AI-36
Z1-AI-60
Razão ch/cv
3,0
5,0
7,0
1,5
3,5
2,0
VerticalTensão
(kPa)Prof. (m)
Z1-AI-27
Z1-AI-18
104
A segunda consideração a ser feita é que alguns corpos de prova moldados da mesma
amostra apresentaram índice de vazios iniciais um pouco diferentes. Supõe-se que esta
diferença seja devido a um possível amolgamento e/ou devido à posição relativa dos corpos de
prova no tubo amostrador e a heterogeneidade natural destas amostras. Mesmo os corpos de
prova com índice de vazios iniciais iguais, a deformação específica entre os estágios de
carregamento nem sempre foi a mesma, resultando em índices de vazios diferentes entre os
corpos de prova para o mesmo nível de tensão. Neste caso, atenta-se para o fato de que os solos
com compressibilidade alta, como a da argila em estudo (CR=0,40), a variação do índice de
vazios implica em uma considerável variação no coeficiente de adensamento.
Diante das duas considerações feitas, procurou-se comparar a deformação vertical
específica (εv) dos dois corpos de prova moldados da mesma amostra e propôs-se comparar os
coeficientes de adensamento horizontal e vertical a partir do mesmo valor de índice de vazios.
Para tanto, apresentou-se nos mesmos gráficos e x σ`v, εv x σ`v e coeficiente de
adensamento x σ`v os resultados dos CPs vertical e horizontal, conforme mostrado nas Figuras
6.5 a 6.14.
Para obter a relação ch/cv, procedeu-se, assim, da seguinte maneira: na curva de
compressibilidade, a partir de um nível de tensão do CP horizontal (25, 50,100 ou 200 kPa),
tomou-se o índice de vazios relacionado a esta tensão; determinou-se a tensão do CP vertical
correspondente àquele índice de vazios; na curva de variação do coeficiente de adensamento do
CP vertical identificou-se, para a tensão determinada na etapa anterior, o coeficiente de
adensamento horizontal, ch; por fim, comparou-se este coeficiente com o do CP na horizontal
(cv) correspondente ao nível de tensão escolhido no início do procedimento. Na Tabela 6.3 são
apresentados os valores obtidos em cada etapa e a nova relação ch/cv, baseada na comparação
dos coeficientes para o mesmo índice de vazios.
De forma a ilustrar, para a amostra Z1-AI-18-Prof. 1,5 m (Figura 6.5), considerando-se
apenas o nível de tensão 100 kPa, para o qual ch = 4,42 x 10-8
m²/s e o cv = 8,39 x 10-8
m²/s, a
relação entre os dois coeficientes é de 0,53. Considerando-se, porém, que para o nível de tensão
100 kPa o CP vertical encontra-se com o índice de vazios bem menor do que o CP horizontal, e
que por isso seu coeficiente de adensamento tende a ser menor, avaliou-se então o coeficiente
de adensamento do CP vertical para um mesmo índice de vazios (e=1,60), o que corresponde a
uma tensão de 80 kPa. Na curva ch x σ`v do CP vertical, observa-se que para a tensão de 80 kPa
o ch é maior e, aproximadamente, igual a 7,8 x 10-8
m²/s, resultando na relação ch/cv igual a
0,93. A comparação entre os coeficientes seguindo este procedimento parece mais razoável,
105
visto que no campo o índice de vazios será o mesmo, apesar da diferença no arranjo das
partículas conforme a direção do CP em análise.
Observa-se, ainda na Tabela 6.3, que, na maioria dos casos, a diferença das tensões
correspondentes ao mesmo índice de vazios é pequena, não ultrapassando 20 kPa, o que
favorece as análises comparativas.
Na Figura 6.15 é apresentado o perfil do coeficiente de adensamento vertical e do
coeficiente de adensamento horizontal corrigido, para as tensões correspondentes ao trecho
normalmente adensado, como consta na Tabela 6.3. Constata-se uma ligeira redução nos
valores dos coeficientes de adensamento até o terceiro metro. Entre 3,0 e 5,0 m nada se pode
afirmar sobre a tendência dos valores. Aparentemente, a partir dos 5,0 m os valores sofreram
uma pequena variação positiva. No entanto, da superfície até uma determinada profundidade, é
esperada uma redução nos valores do coeficiente de adensamento atrelada à redução do índice
de vazios, tendo em vista o processo de deposição dos sedimentos.
Observa-se, na Figura 6.15, que o valor de cv = 8,39 x 10-8
m²/s, na profundidade de 1,5 m,
destaca-se em relação aos demais. Este resultado é referente à amostra Z1-AI-18, a qual
apresentou também outros parâmetros distantes da média observada para o depósito, como
OCR de 2,72, um dos mais altos, mas justificado pela pequena profundidade, e Cc de 0,85 e CR
de 0,29, bem abaixo da média. Contradizendo o esperado, o índice de vazios dessa amostra é
considerado pequeno (1,92) quando comparado com os resultados de outras amostras.
Ressalta-se que, apesar dessas diferenças, a amostra foi considerada de qualidade muito boa a
excelente pelo critério de LUNNE et al. (1997).
Outro valor discrepante foi o de ch = 15,0 x 10-8
m²/s, na profundidade de 4,0m,
correspondente à amostra Z1-AI-60. No entanto, este valor foi obtido de forma indireta,
conforme já exemplificado, e se refere à tensão de 80 kPa. Para o CP desta amostra ensaiado na
horizontal obteve-se σ`vm igual a 45 kPa. Portanto, o valor relativamente alto do coeficiente de
adensamento pode ser devido à proximidade ao trecho de transição do estado sobreadensado
para o normalmente adensado.
106
FIG. 6.5 – Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-18-1,5m.
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zio
s, e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Curva de compressibilidade
Z1-AI-18PROF.: 1,5 m
a)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
1 10 100 1000
Def
orm
açã
o E
spec
ífic
a, ε v
( %
)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-18
PROF.: 1,5 m
b)
1
10
100
1 10 100 1000
Co
efic
ien
te d
e a
den
sam
ento
(1
0-8
x m
²/s)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-18PROF.: 1,5 m
c)
107
FIG. 6.6 – Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-18-3,5m.
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zios,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Curva de compressibilidade
Z1-AI-18PROF.: 3,5 m
a)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
1 10 100 1000D
efo
rma
ção
Esp
ecíf
ica
, ε v
( %
)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
b)
Z1-AI-18
PROF.: 3,5 m
1,00
10,00
1 10 100 1000
Co
efic
ien
te d
e a
den
sam
ento
(1
0-8
x m
²/s)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-18
PROF.: 3,5 m
c)
108
FIG. 6.7 – Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-29-2,0m.
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zio
s, e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Curva de compressibilidade
Z1-AI-29PROF.: 2,0 m
a)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
1 10 100 1000D
efo
rma
ção
Esp
ecíf
ica
, ε v
( %
)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-29
PROF.: 2,0 m
b)
1,00
10,00
1 10 100 1000
Coef
icie
nte
de
ad
ensa
men
to (
10
-8x m
²/s)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-29PROF.: 2,0 m
c)
109
FIG. 6.8 – Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-29-6,0m.
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
3,60
3,80
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zios,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Curva de compressibilidade
Z1-AI-29PROF.: 6,0 m
a)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
1 10 100 1000
Def
orm
açã
o E
spec
ífic
a (
% )
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-29
PROF.: 6,0 m
b)
1,00
10,00
1 10 100 1000
Coef
icie
nte
de
ad
ensa
men
to (
10
-8x m
²/s)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
c)
Z1-AI-29PROF.: 6,0 m
110
FIG. 6.9 – Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-27-3,0m.
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zio
s, e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Curva de compressibilidade
Z1-AI-27PROF.: 3,0 m
a)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
1 10 100 1000D
eform
açã
o E
spec
ífic
a,
ε v(
% )
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-27PROF.: 3,0 m
b)
1,00
10,00
1 10 100 1000
Co
efic
ien
te d
e a
den
sam
ento
(1
0-8
x m
²/s)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-27PROF.: 3,0 m
c)
111
FIG. 6.10 – Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-27-5,0m.
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zio
s, e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Curva de compressibilidade
Z1-AI-27PROF.: 5,0 m
a)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
1 10 100 1000D
eform
açã
o E
spec
ífic
a, ε v
( %
)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-27
PROF.: 5,0 m
b)
1,00
10,00
1 10 100 1000
Co
efic
ien
te d
e a
den
sam
ento
(1
0-8
x m
²/s)
Tensão vertical efetiva (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-27PROF.: 5,0 m
c)
112
FIG. 6.11 – Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-27-7,0m.
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zio
s, e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Curva de compressibilidade
Z1-AI-27PROF.: 7,0 m
a)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
1 10 100 1000D
eform
açã
o E
spec
ífic
a, ε v
( %
)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
b)
Z1-AI-27
PROF.: 7,0 m
1,00
10,00
100,00
1 10 100 1000
Co
efic
ien
te d
e a
den
sam
ento
(1
0-8
x m
²/s)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-27PROF.: 7,0 m
c)
113
FIG. 6.12 – Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-36-3,0m.
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
3,60
3,80
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zios,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Curva de compressibilidade
Z1-AI-36PROF.: 3,0 m
a)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
1 10 100 1000D
efo
rma
ção
Esp
ecíf
ica
, ε v
( %
)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
b)
Z1-AI-36PROF.: 3,0 m
1,00
10,00
1 10 100 1000
Co
efic
ien
te d
e a
den
sam
ento
(1
0-8
x m
²/s)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-36PROF.: 3,0 m
c)
114
FIG. 6.13 – Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-36-7,0m.
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
3,60
3,80
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zio
s, e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Curva de compressibilidade
Z1-AI-36PROF.: 7,0 m
a)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
1 10 100 1000D
efo
rma
ção
Esp
ecíf
ica
, ε v
( %
)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
b)
Z1-AI-36PROF.: 7,0 m
1,00
10,00
1 10 100 1000
Co
efic
ien
te d
e a
den
sam
ento
(1
0-8
x m
²/s)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-36PROF.: 7,0 m
c)
115
FIG. 6.14 – Curvas de compressibilidade, de deformação específica e de variação dos
coeficientes de adensamento dos CPs da amostra Z1-AI-60-4,0m.
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
1 10 100 1000
Índ
ice
de
va
zio
s, e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Curva de compressibilidade
Z1-AI-60PROF.: 4,0 m
a)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
1 10 100 1000D
efo
rma
ção
Esp
ecíf
ica
, ε v
( %
)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
b)
Z1-AI-60PROF.: 4,0 m
1,00
10,00
100,00
1 10 100 1000
Co
efic
ien
te d
e a
den
sam
ento
(1
0-8
x m
²/s)
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
CP VERTICAL
CP HORIZONTAL
Z1-AI-60PROF.: 4,0 m
c)
116
TAB. 6.3 – Coeficientes de adensamento considerando o mesmo índice de vazios
CP vertical
Tensão
(kPa)
cv
(10-8
x m²/s)
ev
correspondente
ch corrigido
(10-8
x m²/s)
25 135,34 2,86 NP NP NP
50 39,26 2,68 23,0 72,00 1,83
100 1,90 2,16 100,0 2,28 1,20
200 1,26 1,70 210,0 1,35 1,07
25 23,92 3,11 10,5 NP NP
50 5,36 2,76 42,0 8,20 1,53
100 1,28 2,20 100,0 2,06 1,61
200 1,27 1,75 200,0 1,16 0,91
25 94,50 3,35 6,5 NP NP
50 66,23 3,20 20,0 NP NP
100 3,02 2,63 64,0 3,50 1,16
200 2,74 2,09 140,0 2,10 0,77
25 94,80 1,85 25,0 59,16 0,62
50 51,82 1,80 35,0 44,00 0,85
100 8,39 1,60 80,0 7,80 0,93
200 2,51 1,30 190,0 3,30 1,32
25 42,03 3,09 30,1 20,10 0,48
50 40,01 2,95 43,0 15,50 0,39
100 2,66 2,36 110,0 3,40 1,28
200 2,03 1,88 240,0 NP NP
25 72,11 1,70 38,0 10,00 0,14
50 17,61 1,60 52,0 3,50 0,20
100 2,86 1,37 100,0 2,59 0,90
200 2,55 1,12 200,0 1,75 0,68
25 41,45 3,71 24,0 40,00 0,97
50 19,41 3,31 40,0 6,00 0,31
100 1,55 2,49 95,0 2,35 1,51
200 2,07 1,98 195,0 1,95 0,94
25 33,79 3,36 12,0 NP NP
50 11,49 3,10 40,0 11,50 1,00
100 1,44 2,44 95,0 2,32 1,61
200 1,20 1,94 200,0 1,93 1,61
25 39,12 3,32 5,0 NP NP
50 22,11 3,00 33,0 17,00 0,77
100 1,92 2,30 95,0 2,12 1,11
200 1,42 1,78 195,0 2,25 1,58
25 60,30 3,00 3,0 NP NP
50 78,10 2,92 13,0 NP NP
100 4,72 2,56 80,0 15,00 3,18
200 2,64 2,04 201,0 2,57 0,97
Obs.: NP - não foi possível determinar
Z1-AI-36
3,0
7,0
Z1-AI-60 4,0
Z1-AI-18
1,5
3,5
Z1-AI-29
2,0
6,0
Z1-AI-27
3,0
5,0
7,0
VerticalProf.
(m)
CP horizontal σ`v do CP
vertical para ev
(kPa)
Razão ch/cv
(mesmo e)
117
FIG. 6.15 – Variação com a profundidade dos coeficientes de adensamento horizontal e
vertical, a partir dos ensaios oedométricos
Observam-se, nas curvas de compressibilidade apresentadas, alguns comportamentos que
se repetem para diferentes amostras, conforme discutido a seguir.
Para algumas amostras, o índice de vazios inicial do CP vertical e horizontal foi bem
diferente, mas, a partir de certa tensão vertical, em geral 100 kPa, os índices de vazios se
igualaram, assim como o índice de compressibilidade (Cc). Como exemplo, citam-se as
amostras Z1-AI-27-5,0m e Z1-AI-29-2,0m. Nesta última amostra, o CP vertical iniciou o
ensaio com um índice de vazios maior, mas apresentou tensão de sobreadensamento menor do
que a do CP horizontal, o que permitiu que as curvas se aproximassem. Segundo LADD (1973),
amostras amolgadas têm como um dos efeitos a redução de σ`vm, mas parece não ser o caso do
CP vertical da AI-29-2,0m, o qual apresentou curvas com características de amostra de boa
qualidade. Um aspecto a considerar é que, com a rotação da amostra, a tensão de
sobreadensamento representa a máxima tensão horizontal experimentada pelo solo. Acredita-se
assim que, para as amostras com o mesmo índice de vazios inicial, a relação entre σ`vm do CP
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1,E-08 1,E-07 1,E-06
Pro
fund
idad
e (m
)
Coeficiente de adensamento (m²/s)
ch
cv
118
vertical (σ`vm horizontal) e σ`vm do CP horizontal (σ`vm vertical) pode ser indicativa do
coeficiente de empuxo no repouso, K0. Por outro lado, ao se considerar o fato de que as relações
Suh e Suv das argilas brasileiras são próximas a 1 (ALMEIDA E MARQUES, 2003), espera-se,
consequentemente, que a relação entre σ`vm horizontal e σ`vm vertical também seja próxima de
1.
O fato de os corpos de prova de uma mesma amostra apresentarem os respectivos valores
de Cc e Cs semelhantes a partir de níveis de tensão mais elevados, embora as curvas de
compressibilidade sejam diferentes até as proximidades da tensão de sobreadensamento, leva a
crer que os parâmetros de amostras amolgadas não sofrem tanta influência para os níveis de
tensão maiores. Embora não se possa inferir sobre a qualidade dos CPs verticais em relação aos
CPs horizontais, cita-se como exemplo de comportamento semelhante a partir de 100 kPa as
amostras Z1-AI-36-3,0m, Z1-AI-36-7,0m, Z1-AI-60-4,0m e, a partir de 200 kPa, as amostras
Z1-AI-18-1,5m, Z1-AI-18-3,0m , Z1-AI-27-3,0m.
Outro aspecto observado foi que, para a maioria das amostras, o módulo de
compressibilidade vertical (av) do CP horizontal foi maior do que o CP vertical no intervalo de
tensões 50 -100 kPa. Para tensões maiores, como já mencionado, tenderam a se igualar, e para
tensões menores, a análise torna-se mais complexa devido à proximidade da tensão de
sobreadensamento.
Na Figura 6.16 são mostradas as variações da relação ch/cv de acordo com o índice de
vazios e por intervalos de carregamento. Agrupou-se os valores de 25 e 50 kPa, pois para estas
tensões os solos se encontram na faixa de transição entre o trecho sobreadensado e
normalmente adensado e observou-se uma mesma tendência de ch/cv < 1, enquanto que para as
tensões de 100 e 200 kPa, obteve-se a relação média ch/cv > 1 e as amostras já não estão mais
sob influência da transição entre os trechos sobreadensado e normalmente adensado.
Para os níveis de tensão 25 e 50 kPa, sem realizar o tratamento estatístico, o valor médio de
ch/cv foi de 0,76, com mínimo de 0,14 e máximo de 1,83. Para os níveis de tensão 100 e 200
kPa, o valor médio de ch /cv foi de 1,28, com mínimo de 0,68 e máximo de 3,18. No entanto, ao
desconsiderar os valores extremos indicados na Figura 6.15, a partir do cálculo do desvio
padrão, obteve-se ch /cv médio de 0,67 para as tensões de 25 e 50 kPa e ch/cv médio de 1,21 para
as tensões de 100 e 200 kPa. O desvio padrão para o segundo grupo de tensões foi de 0,3,
resultando na faixa de valores para a relação entre ch e cv de 0,9 a 1,5.
119
FIG. 6.16 - Razão ch /cv versus índices de vazios dos solos.
Não foi observada, para o mesmo grupo de tensões, alguma tendência entre as razões dos
coeficientes de adensamento e o índice de vazios.
A princípio, o fato de o coeficiente de adensamento horizontal ser menor do que o vertical
para níveis de tensões menores (25-50 kPa) causa uma certa estranheza, visto que é esperado
justamente o contrário. Salienta-se, porém, que a análise para este intervalo de tensões é
prejudicada pela influência da transição do solo do estado sobreadensado para o normalmente
adensado. Além disso, de acordo com COUTINHO (1976), as observações de laboratório
permitem constatar que o amolgamento da amostra decresce o valor do coeficiente de
adensamento. No entanto, segundo o mesmo autor, a importância relativa deste efeito é
geralmente bem menor quando a tensão aplicada é relativamente grande, ou seja, encontra-se
dentro do trecho normalmente adensado. Considerando que a maioria das amostras
apresentaram tensão de sobreadensamento acima de 25 kPa e algumas próximas a 50 kPa, e
supondo a existência de algum tipo de amolgamento, são priorizadas as conclusões sobre a
razão ch/cv a partir da análise do segundo grupo de tensões, ou seja, no intervalo de 100 e 200
kPa.
A razão ch/cv igual a 1,2 se enquadra na faixa de valores típica para argilas moles
brasileiras, a qual está entre 1 e 2 (ALMEIDA e MARQUES, 2003). COUTINHO (1976), ao
realizar ensaios oedométricos com drenagem nas direções radial externa e vertical na argila de
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
c h/c
v
Índice de Vazios, e
e x ch/cv (100 - 200 kPa)
e x ch/cv (25 - 50 kPa)
Z1-AI-60-4,0m(100 kPa)
Z1-AI-27-5,0m(50 kPa)
120
Sarapuí, observou que, na região de recompressão, os valores de ch e cv foram muito próximos,
ou seja, relação ch/cv praticamente igual a 1. Na região de compressão virgem, o autor
encontrou sempre valores de ch maiores do que os de cv, de modo que a razão ch/cv variou entre
1,5 e 2,5, com média igual a 2. Outra informação que merece destaque, é que, para os corpos de
prova com maior diâmetro (8,7 cm), COUTINHO (1976) obteve valores de ch sempre maiores
do que os de menores diâmetro (5,05cm), sendo que a diferença era reduzida com o aumento da
tensão aplicada.
Argilas altamente estratificadas podem apresentar razão de permeabilidade horizontal e
vertical igual a 15 (RIXNER et al., 1986). O valor encontrado na presente pesquisa para a
relação ch/cv, próximo a unidade, é indicativo de que o depósito praticamente não apresenta
anisotropia.
6.6 PERMEABILIDADE
Como já mencionado no Capítulo 2, o coeficiente de adensamento é diretamente
proporcional ao coeficiente de permeabilidade k do solo. Dessa forma, o valor de k pode ser
obtido indiretamente pelo rearranjo da Equação 2.4, resultando na Equação 6.3 a seguir:
𝑘𝑣 = 𝑐𝑣 𝑥 𝑚𝑣 𝑥 𝛾𝑤 𝐄𝐐. 𝟔. 𝟑
sendo mv o coeficiente de variação volumétrica e cv o coeficiente de adensamento vertical,
ambos obtidos no ensaio de adensamento oedométrico, e γw o peso específico da água.
A permeabilidade também pode ser obtida diretamente no laboratório por meio de ensaio
de carga variável entre os estágios de carga do ensaio oedométrico, aplicando-se a Lei de
Darcy. TAVENAS et al. (1983) consideram este método mais apropriado para determinação de
k, pois relatam que, nos métodos indiretos, algumas hipóteses assumidas na teoria de
adensamento de Terzaghi podem induzir a erros consideráveis no valor de k.
Apesar da recomendação de TAVENAS et al. (1983), nesta pesquisa não foram realizados
ensaios de permeabilidade em laboratório, portanto, a estimativa de k procedeu conforme a
Equação 6.3, permitindo a avaliação da ordem de grandeza de k e da sua variação com o índice
de vazios. Nos cálculos realizados consideraram-se os resultados dos corpos de prova moldados
121
na horizontal e na vertical, obtendo-se, respectivamente, a permeabilidade vertical e a
permeabilidade horizontal.
Para as tensões de 25 e 50 kPa, a permeabilidade vertical média encontrada foi de
6,3x10-9
m/s e, para as tensões de 100 e 200 kPa, a permeabilidade vertical média foi de
5,5x10-10
m/s. Em relação aos corpos de prova moldados na vertical, obteve-se a
permeabilidade horizontal média igual a 7,1 x10-9
m/s para as tensões de 25 e 50 kPa, e igual a
5,3x10-10
m/s para as tensões de 100 e 200 kPa.
Esta redução no valor de k com o aumento da tensão efetiva era esperada, uma vez que
para as tensões maiores o índice de vazios diminui significativamente.
A relação simples entre os valores da permeabilidade horizontal e vertical (kh/kv), neste
caso, não leva em consideração a diferença entre os índices de vazios dos corpos de prova
moldados na horizontal e na vertical. Seria necessário realizar o mesmo procedimento feito para
obter a razão entre os coeficientes de adensamento. Além disso, como os valores de
permeabilidade foram obtidos de maneira indireta, podendo acarretar em erros nas medidas,
conforme já mencionado, a relação kh/kv não foi aqui apresentada.
Na Figura 6.17 encontram-se as relações obtidas entre o índice de vazios e o logaritmo da
permeabilidade para os corpos de prova moldados na horizontal. Os valores da permeabilidade
considerados correspondem aos níveis de tensão 25, 50, 100 e 200 kPa. Observa-se que há duas
tendências entre e x log k distintas para o depósito, gerando a necessidade de se agrupar os
resultados das amostras de acordo com suas profundidades. A reta superior do gráfico engloba
as amostras coletadas nas profundidades entre 3,0 e 7,0m, enquanto a reta inferior engloba as
amostras entre 1,5 e 2,0m, especificamente Z1-AI-18-1,5m e Z1-AI-29-2,0m.
Não se pode afirmar que a diferença na correlação e x log k das amostras Z1-AI-18-1,5m e
Z1-AI-29-2,0m se deve propriamente a profundidade em que foram retiradas, pois estas
amostras apresentaram características particulares em relação às demais amostras, como OCR
mais altos e índice de vazios menores. No que concerne à granulometria, a amostra
Z1-AI-18-1,5m possui uma das porcentagens de argila mais baixas (25,4%) e porcentagem de
areia relativamente alta (18,1%). Talvez isto explique o porquê desta amostra apresentar uma
permeabilidade maior quando comparada a outras amostras de mesmo índice de vazios,
conforme observado na Figura 6.17. Mostra-se, portanto, como discutido no Capítulo 2, que a
permeabilidade, além da forte dependência com o índice de vazios, também é influenciada por
outros fatores, destacando-se a granulometria e a composição mineralógica, de modo que
amostras com mesmo índice de vazios possam apresentar permeabilidades diferentes.
122
FIG. 6.17 ‒ Relações entre o índice de vazios e o logaritmo da permeabilidade vertical
Os valores dos coeficientes de permeabilidade vertical e horizontal obtidos variaram entre
1,9x10-10
m/s e 2,0x10-8
m/s, os quais se enquadram dentro da faixa de valores de referência
para argilas sedimentares e siltes, conforme apresentado na Tabela 6.4. Ressalta-se que, muitas
vezes, a grande dificuldade nas medidas destes parâmetros é justamente a grande faixa de
valores que estes materiais se inserem. Logo, uma variação pequena na fração granulométrica
pode influenciar estes valores.
TAB. 6.4 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade k, em m/s
Fonte: MARQUES (2014)
y = 0,3982ln(x) + 10,71R² = 0,8588
y = 0,1661ln(x) + 4,8968R² = 0,8449
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
1,0E-10 1,0E-09 1,0E-08 1,0E-07
Índ
ice
de
vaz
ios,
e
Coeficiente de permeabilidade vertical, kv (m/s)
kv - 3,0m a 7,0m
kv - 1,5m e 2,0m
Z1-AI-18-1,5m
Tipo de solo/material k (m/s)
Rochas maciças 10-11
- 10-12
Argilas sedimentares 10-9
- 10-10
Solos compactados - k vertical 10-9
Siltes 10-8
Solos compactados - k horizontal 10-6
- 10-8
Areias finas 10-5
Areias médias 10-4
Areias grossas 10-4
- 5x10-4
Pedregulhos 10-3
Brita 10-2
- 10-3
Fraturas rochosas (1mm) 7x10-1
123
6.7 ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE RECALQUES A PARTIR DE DIFERENTES
RELAÇÕES ENTRE OS COEFICIENTES DE ADENSAMENTO HORIZONTAL E
VERTICAL
Este item tem como objetivo ilustrar a importância em se obter boas estimativas para a
relação entre os coeficientes de adensamento horizontal e vertical para uma melhor previsão da
velocidade dos recalques quando são projetados drenos verticais.
Como a intenção é demonstrar a influência de diferentes relações ch/cv, os cálculos foram
simplificados, não sendo considerado o efeito do amolgamento causado pela instalação dos
drenos e nem a rigidez hidráulica dos drenos.
Para o problema hipotético, considerou-se a construção de um aterro rodoviário de 3,0m de
altura sobre um terreno com uma camada de argila mole de 10,0m de espessura. Para o solo de
fundação, foram adotados os parâmetros geotécnicos médios obtidos no presente trabalho e,
para o aterro, considerou-se o peso específico de 18 kN/m³. Em relação aos geodrenos,
considerou-se a disposição em malha triangular, com espaçamento entre eles de 1,5m.
Para os cálculos do tempo de adensamento, foi considerada apenas drenagem radial e
adotou-se a distância de drenagem Hd igual à metade da camada de argila. Os cálculos
procederam, então, por meio das equações apresentadas no Capítulo 2.
Na Figura 6.18 são apresentadas as curvas recalques versus tempo para cinco situações
analisadas. A primeira situação supõe a construção do aterro sem a utilização de drenos e as
outras situações representam diferentes relações ch/cv, permitindo a conversão do cv obtido nos
ensaios de adensamento oedométrico em ch, quando não se dispõem de ensaios específicos para
determinação de ch. O cv médio considerado nas análises foi de 2,6 x 10-8
m²/s. Assim, tem-se:
1) Sem drenos
2) ch = 1,0 x cv
3) ch = 1,2 x cv (relação média encontrada no presente trabalho)
4) ch = 1,5 x cv
5) ch = 2,0 x cv
124
FIG. 6.18 ‒ Evolução dos recalques com o tempo
O recalque primário total, de acordo com as premissas adotadas, foi calculado em 1,3 m.
Para a estabilização de 90% dos recalques sem a utilização de drenos, seriam necessários 314
meses ou 26 anos. Considerando-se ch/cv=1, seriam necessários 25,5 meses; se ch/cv=1,2,
seriam necessários 21 meses; se ch/cv=1,5, seriam necessários 17 meses; e se ch/cv=2,0, seriam
necessários 13 meses.
Ao supor ch/cv =1,5, por exemplo, e a relação mais representativa do depósito na verdade
for ch/cv =1,0, quando se achar que ocorreram 90% do recalque previsto, apenas 78% terão
ocorrido. Ou seja, em vez de 17 meses, seriam necessários 25,5 meses para esta fase de obra
correspondente à construção do aterro.
Diante deste fato, e considerando-se que tanto a utilização da relação ch/cv =1,5 como
ch/cv =1,0 são válidas para o depósito em estudo, evidencia-se a importância do monitoramento
dos recalques em obra de forma a se verificar as premissas de projeto e estabelecer eventuais
ajustes no cronograma.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45R
ecalq
ue
(%)
Tempo (meses)
Sem drenos
Drenos --> ch = 1,0 x cv
Drenos --> ch = 1,2 x cv
Drenos --> ch = 1,5 x cv
Drenos --> ch = 2,0 x cv
Estabilização de 90% do recalque primáriopara cota final do aterro +3,0m = 1,17m
125
7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
A determinação do coeficiente de adensamento de um solo compressível tem se mostrado
um grande desafio na prática de projetos de obras de infraestrutura. No laboratório, diversos são
os fatores que podem influenciar nos valores de cv ou ch obtidos, como o amolgamento das
amostras, a dimensão do corpo de prova, a razão do incremento de carga, o nível de tensão e a
temperatura ambiente. No campo, tem-se que dificilmente as condições de contorno serão as
mesmas de laboratório, o aterro pode ser alteado com velocidades e incrementos de carga
diferentes do carregamento em laboratório, as tensões geradas variam com a profundidade e a
possível existência de lentes de areias, não detectadas nas investigações geotécnicas, contribui
para o aumento significativo da permeabilidade do depósito.
Ainda que o ensaio de laboratório representasse fielmente as condições de campo,
deparar-se-ia com a interpretação dos resultados, uma vez que as hipóteses simplificadoras da
teoria de adensamento de Terzaghi resultam em pequenas diferenças entre a curva teórica de
recalque versus tempo e a curva obtida nos ensaios. O método de Casagrande (log de t) e o
método de Taylor (raiz de t), utilizados na interpretação das curvas de adensamento, resultam
em valores de coeficiente de adensamento que podem diferir entre si da ordem de 40%,
variação esta encontrada para o depósito em estudo.
Apesar do conhecimento das dificuldades inerentes à determinação do parâmetro cv ou ch
que represente o depósito, o presente trabalho procurou avaliar a relação entre estes parâmetros
e outras características da argila em estudo e, particularmente, a razão ch/cv por meio de ensaios
de adensamento oedométrico.
Acredita-se que a comparação entre ch e cv, obtidos a partir do mesmo método de
interpretação da curva de adensamento, é lícita, uma vez que a diferença entre os valores reais e
estimados será semelhante para os dois parâmetros, ou seja, considerando-se um mesmo fator
campo-laboratório para ch e cv, a razão entre eles será a mesma. A razão obtida contribuirá para
o dimensionamento dos drenos verticais, passíveis de serem utilizados na região de estudo, e
para uma melhor previsão da evolução dos recalques com o tempo.
Para obtenção do ch, um método não usual foi proposto ao rotacionar a amostra 90o de sua
posição natural. Ao todo, foram realizados 30 ensaios de adensamento oedométrico com corpos
de prova na posição natural de campo, permitindo a obtenção do cv, e 10 ensaios com os corpos
126
de prova rotacionados, para estimativa de ch.
De forma a complementar a caracterização geomecânica do depósito e atestar a coerência
entre os resultados obtidos por meio de diferentes ensaios, também foram realizados ensaios de
palheta, piezocone (embora não apresentados), caracterização completa e teor de matéria
orgânica.
As principais conclusões do trabalho são apresentadas a seguir.
- Razão ch/cv entre os coeficientes de adensamento horizontal e vertical:
O depósito em estudo, localizado na região de Guaratiba, na Zona Oeste da cidade do Rio
de Janeiro, apresentou uma relação média de ch/cv de 1,2 para o domínio normalmente
adensado, porém com desvio padrão igual a 0,3, o qual é relativamente alto. Como valores para
esta relação abaixo de 1 não fazem muito sentido, haja vista o processo de deposição dos
sedimentos e a orientação preferencial das partículas do solo na horizontal, julga-se mais
sensato estabelecer a faixa de valores entre 1,0 e 1,5 como representativa da anisotropia da
permeabilidade do depósito analisado.
Ressalta-se que o valor de 1,5 é frequentemente adotado pelos projetistas no
dimensionamento de drenos verticais quando não se dispõem de ensaios específicos, tendo-se
como principal referência a relação encontrada para a argila do depósito de Sarapuí no trabalho
do COUTINHO (1976). Conclui-se, diante da faixa de valores encontrada na presente pesquisa,
que a eventual adoção do valor de ch/cv igual a 1,5 para o presente depósito é válida, embora a
evolução dos recalques possa diferir consideravelmente caso a relação mais representativa do
depósito seja ch/cv =1,0, por exemplo. É evidente, portanto, a importância do monitoramento
dos recalques em obra, de forma a se verificar as premissas de projeto.
- Caracterização da argila mole da área de estudo
Os resultados dos ensaios de caracterização permitiram classificar o solo como argila
orgânica de alta compressibilidade, em concordância com os valores da razão de
compressibilidade, CR, que variaram entre 0,27 e 0,51 para as amostras de qualidade
satisfatória. O teor de umidade wn médio do depósito foi de 110% e variou entre 40 e 147%. A
correlação obtida entre o índice de compressão Cc e wn se mostrou satisfatória e próxima às
correlações obtidas para outros depósitos da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
127
Os valores de wL e wP tiveram pouca variação e o IP médio foi de 40%, valor este
relativamente baixo quando comparado com depósitos de regiões próximas. O teor de matéria
orgânica variou entre 1,74 e 13,3%, valores bem abaixo dos característicos de camadas
turfosas, para as quais o teor de matéria orgânica pode ultrapassar os 40%, indicando, assim, a
ausência de turfas. O índice de vazios, das amostras com qualidade satisfatória, variou entre 1,8
e 3,8, com valor médio de 2,9, condizente com demais características do depósito.
Ao comparar estas características do solo em estudo com as apresentadas pelas argilas da
Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, percebe-se que, de maneira geral, as argilas de
Guaratiba apresentam características um pouco menos desfavoráveis, em termos geotécnicos,
como valores médios de wL, wn, eo, IP, teor de matéria orgânica e CR menores.
O valor médio do coeficiente de adensamento vertical foi de 2,6 x 10-8
m²/s,
considerando-se apenas os resultados das amostras de qualidade boa a excelente e o nível de
tensão de 100 kPa.
A permeabilidade vertical característica do depósito, obtida indiretamente e representativa
do solo no estado normalmente adensado, foi de 5,5 x 10-10
m/s. Já a permeabilidade horizontal,
sob as mesmas condições, teve o valor médio igual a 5,3 x 10-10
m/s. Estes valores
apresentam-se coerentes com o material em análise e com as referências.
Em relação à história de tensões do depósito, compararam-se os valores de OCR obtidos
nos ensaios de adensamento oedométrico com aqueles estimados a partir dos ensaios de
palheta, conforme a proposta de MAYNE e MITCHELL (1988). Os valores do OCR calculados
pelo ensaio oedométrico foram, em geral, menores do que os obtidos pelo ensaio de palheta, de
maneira que o valor médio obtido pelo primeiro método foi de 1,81 e o valor médio pelo último
ensaio foi de 2,5. Esta diferença conduziu a um ajuste na equação de correlação utilizada,
visando uma melhor estimativa de OCR pelo ensaio de palheta para o depósito em estudo.
A resistência ao cisalhamento não drenada, Su, variou entre 9,5 e 49,7 kPa, com média
igual a 16,2 kPa, considerada baixa, mas compatível com o solo em análise e com os valores de
referência. A sensibilidade calculada, igual a 3,3, indica se tratar de uma argila de média
sensibilidade.
- Qualidade das amostras e tubos amostradores utilizados
Apesar da preocupação ao serem utilizados tubos de PVC para a retirada de amostras
indeformadas, material este não previsto em norma, 67% das amostras apresentaram qualidade
128
entre boa a regular e muito boa a excelente, de acordo com o critério de classificação proposto
por COUTINHO (2007). Tendo em vista as dificuldades inerentes à amostragem da argila
mole, especialmente na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, a porcentagem obtida é
considerada satisfatória.
Nas curvas de compressibilidade das amostras amolgadas, foram observadas as
características marcantes deste tipo de amostra, conforme descrito na literatura, como redução
da tensão de sobreadensamento, aumento do índice de recompressão, redução do índice de
compressão e ausência da curva ligeiramente côncava no trecho normalmente adensado.
Para pesquisas futuras visando contribuição ao estudo dos solos moles da região de
Guaratiba, são feitas as seguintes sugestões, relacionadas ou não à razão de permeabilidade:
1) Medição em laboratório, durante o ensaio de adensamento oedométrico, da
permeabilidade por meio do ensaio de carga variável, comparando-se os resultados
assim obtidos com os estimados de forma indireta;
2) Avaliação do coeficiente de adensamento horizontal através dos resultados dos ensaios
de dissipação de poropressão e aplicação do método proposto por Houlsby e Teh
(1988), verificando-se as diferenças com o ch obtido no ensaio de adensamento;
3) Realização de ensaios de permeabilidade in situ por meio de piezômetros e cálculo do ch
a partir do k de campo e do coeficiente de variação volumétrica mv obtido no ensaio de
adensamento oedométrico;
4) Comparação da resistência de cone, obtida no ensaio de piezocone, com a resistência
não drenada do ensaio de palheta, de forma a obter o fator de cone Nkt representativo do
depósito;
5) Análises mais completas visando a possibilidade do uso do tubo de PVC na coleta de
amostras indeformadas, verificando-se a influência das características geométricas do
tubo no amolgamento da amostra;
6) Complementação da caracterização do depósito, identificando-se a composição
mineralógica da argila por meio de ensaios de difração de raio-x e quantificando-se o
teor de sais solúveis; e
7) Programação de ensaios de forma a estudar o adensamento secundário e verificar o
OCR correspondente à linha de fim de compressão secundária.
129
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137
9 ANEXOS
138
9.1 ANEXO 1: GRÁFICOS DE TORQUE X ROTAÇÃO OBTIDOS DOS ENSAIOS DE
PALHETA
FIG. A1.1 – Curva torque x rotação: Z1-EP-04-1,0m
FIG. A1.2 – Curva torque x rotação: Z1-EP-04-2,0m
FIG. A1.3 – Curva torque x rotação: Z1-EP-04-3,0m
0
2
4
6
8
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-04-1,0 m
CONDIÇÃO NATURAL
CONDIÇÃO AMOLGADA
0
2
4
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-04-2,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-04-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
139
FIG. A1.4 – Curva torque x rotação: Z1-EP-04-4,0m
FIG. A1.5 – Curva torque x rotação: Z1-EP-04-5,0m
FIG. A1.6 – Curva torque x rotação: Z1-EP-04-6,0m
0
2
4
6
8
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-04-4,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-04-5,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
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14
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-04-6,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
140
FIG. A1.7 – Curva torque x rotação: Z1-EP-14-1,0m
FIG. A1.8 – Curva torque x rotação: Z1-EP-14-2,0m
FIG. A1.9 – Curva torque x rotação: Z1-EP-14-4,0m
-2
0
2
4
6
8
10
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
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e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-14-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-14-2,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-14-4,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
141
FIG. A1.10 – Curva torque x rotação: Z1-EP-14-6,0m
FIG. A1.11 – Curva torque x rotação: Z1-EP-14-8,0m
FIG. A1.12 – Curva torque x rotação: Z1-EP-18-1,5m
0
2
4
6
8
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
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.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-14-6,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
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e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-14-8,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
5
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20
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-18-1,5 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
142
FIG. A1.13 – Curva torque x rotação: Z1-EP-18-2,5m
FIG. A1.14 – Curva torque x rotação: Z1-EP-18-3,5m
FIG. A1.15 – Curva torque x rotação: Z1-EP-20-1,0m
0
2
4
6
8
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12
14
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
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(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-18-2,5 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
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(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-18-3,5 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
5
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
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e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-20-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
143
FIG. A1.16 – Curva torque x rotação: Z1-EP-20-2,0m
FIG. A1.17 – Curva torque x rotação: Z1-EP-20-3,0m
FIG. A1.18 – Curva torque x rotação: Z1-EP-20-4,0m
0
5
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20
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
Torq
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(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-20-2,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
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)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-20-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
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e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-20-4,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
144
FIG. A1.19 – Curva torque x rotação: Z1-EP-27-1,0m
FIG. A1.20 – Curva torque x rotação: Z1-EP-27-3,0m
FIG. A1.21 – Curva torque x rotação: Z1-EP-27-5,0m
0
5
10
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20
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30
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
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)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-27-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
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0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
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.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-27-3,0 m
CONDIÇÃO NATURAL
CONDIÇÃO AMOLGADA
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
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(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-27-5,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
145
FIG. A1.22 – Curva torque x rotação: Z1-EP-27-7,0m
FIG. A1.23 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-1,0m
FIG. A1.24 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-2,0m
0
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Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-27-7,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
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2
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
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.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
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(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-2,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
146
FIG. A1.25 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-3,0m
FIG. A1.26 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-4,0m
FIG. A1.27 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-5,0m
0
2
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
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Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-4,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
To
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e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-5,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
147
FIG. A1.28 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-6,0m
FIG. A1.29 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-7,0m
FIG. A1.30 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-8,0m
0
5
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
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.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-6,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
5
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15
20
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
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e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-7,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
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12
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
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e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-8,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
148
FIG. A1.31 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-9,0m
FIG. A1.32 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-10,0m
FIG. A1.33 – Curva torque x rotação: Z1-EP-29-11,0m
0
2
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6
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
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e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-9,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
5
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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
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.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-10,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
5
10
15
20
25
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-29-11,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
149
FIG. A1.34 – Curva torque x rotação: Z1-EP-33-1,0m
FIG. A1.35 – Curva torque x rotação: Z1-EP-33-2,0m
FIG. A1.36 – Curva torque x rotação: Z1-EP-33-3,0m
0
5
10
15
20
25
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-33-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-33-2,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-33-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
150
FIG. A1.37 – Curva torque x rotação: Z1-EP-33-4,0m
FIG. A1.38 – Curva torque x rotação: Z1-EP-33-5,0m
FIG. A1.39 – Curva torque x rotação: Z1-EP-36-1,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-33-4,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
5
10
15
20
25
30
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-33-5,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
5
10
15
20
25
30
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-36-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
151
FIG. A1.40 – Curva torque x rotação: Z1-EP-36-2,0m
FIG. A1.41 – Curva torque x rotação: Z1-EP-36-3,0m
FIG. A1.42 – Curva torque x rotação: Z1-EP-36-4,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-36-2,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-36-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-36-4,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
152
FIG. A1.43 – Curva torque x rotação: Z1-EP-36-5,0m
FIG. A1.44 – Curva torque x rotação: Z1-EP-36-6,0m
FIG. A1.45 – Curva torque x rotação: Z1-EP-36-7,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-36-5,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-36-6,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-36-7,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
153
FIG. A1.46 – Curva torque x rotação: Z1-EP-36-8,0m
FIG. A1.47 – Curva torque x rotação: Z1-EP-50-1,0m
FIG. A1.48 – Curva torque x rotação: Z1-EP-50-2,0m
0
5
10
15
20
25
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-36-8,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
5
10
15
20
25
30
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-50-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-50-2,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
154
FIG. A1.49 – Curva torque x rotação: Z1-EP-50-3,0m
FIG. A1.50 – Curva torque x rotação: Z1-EP-60-1,0m
FIG. A1.51 – Curva torque x rotação: Z1-EP-60-2,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-50-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
5
10
15
20
25
30
35
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-60-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-60-2,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
155
FIG. A1.52 – Curva torque x rotação: Z1-EP-60-3,0m
FIG. A1.53 – Curva torque x rotação: Z1-EP-60-4,0m
FIG. A1.54 – Curva torque x rotação: Z1-EP-66-1,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-60-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-60-4,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
10
20
30
40
50
60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-66-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
156
FIG. A1.55 – Curva torque x rotação: Z1-EP-66-2,0m
FIG. A1.56 – Curva torque x rotação: Z1-EP-66-3,0m
FIG. A1.57 – Curva torque x rotação: Z1-EP-66-4,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-66-2,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-66-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-66-4,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
157
FIG. A1.58 – Curva torque x rotação: Z1-EP-76-2,0m
FIG. A1.59 – Curva torque x rotação: Z1-EP-76-3,0m
FIG. A1.60 – Curva torque x rotação: Z1-EP-76-4,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-76-2,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-76-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z1-EP-76-4,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
158
FIG. A1.61 – Curva torque x rotação: Z2-EP-06-1,0m
FIG. A1.62 – Curva torque x rotação: Z2-EP-06-3,0m
FIG. A1.63 – Curva torque x rotação: Z2-EP-06-5,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z2-EP-06-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z2-EP-06-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z2-EP-06-5,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
159
FIG. A1.64 – Curva torque x rotação: Z2-EP-06-7,0m
FIG. A1.65 – Curva torque x rotação: Z2-EP-06-9,0m
FIG. A1.66 – Curva torque x rotação: Z2-EP-06-11,0m
0
2
4
6
8
10
12
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z2-EP-06-7,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z2-EP-06-9,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Torq
ue
(N.m
)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z2-EP-06-11,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
160
FIG. A1.67 – Curva torque x rotação: Z2-EP-09-1,0m
FIG. A1.68 – Curva torque x rotação: Z2-EP-09-3,0m
FIG. A1.69 – Curva torque x rotação: Z2-EP-09-5,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curva Torque x Rotação - Z2-EP-09-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curva Torque x Rotação - Z2-EP-09-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curva Torque x Rotação - Z2-EP-09-5,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
161
FIG. A1.70 – Curva torque x rotação: Z2-EP-09-8,0m
FIG. A1.71 – Curva torque x rotação: Z2-EP-14-1,0m
FIG. A1.72 – Curva torque x rotação: Z2-EP-14-2,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curva Torque x Rotação - Z2-EP-09-8,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curva Torque x Rotação - Z2-EP-14-1,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curvas Torque x Rotação - Z2-EP-14-2,0 m
CONDIÇÃO NATURAL
CONDIÇÃO AMOLGADA
162
FIG. A1.73 – Curva torque x rotação: Z2-EP-14-3,0m
FIG. A1.74 – Curva torque x rotação: Z2-EP-14-4,0m
0
2
4
6
8
10
12
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curva Torque x Rotação - Z2-EP-14-3,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
To
rqu
e (N
.m)
Rotação (°)
Curva Torque x Rotação - Z2-EP-14-4,0 m
AMOSTRA NÃO AMOLGADA
AMOSTRA AMOLGADA
163
9.2 ANEXO 2: CURVAS DE COMPRESSIBILIDADE DOS ENSAIOS OEDOMÉTRICOS
FIG. A2.1 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-04-3,0m
FIG. A2.2 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-14-2,0m
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Z1-AI-04PROF.: 3,0 m
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Dados iniciais
w = 111,6 %
e = 3,02
S = 97,0 %
Z1-AI-14PROF.: 2,0 m
164
FIG. A2.3 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-14-6,0m
FIG. A2.4 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-14-8,0m
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
3,0
3,2
3,4
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Dados iniciais
w = 130,0 %
e = 3,34
S = 100,0 %
Z1-AI-14PROF.: 6,0 m
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
3,60
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Z1-AI-14PROF.: 8,0 m
165
FIG. A2.5 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-29-10,0m
FIG. A2.6 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-33-2,0m
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Z1-AI-29PROF.: 10,0 m
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Z1-AI-33PROF.: 2,00 m
166
FIG. A2.7 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-33-5,0m
FIG. A2.8 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-20-3,0m
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Z1-AI-33PROF.: 5,0 m
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Z1-AI-20PROF.: 3,0 m
167
FIG. A2.9 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-50-2,0m
FIG. A2.10 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-66-3,0m
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Z1-AI-50PROF.: 2,0 m
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Va
zio
s, e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Z1-AI-66PROF.: 3,0 m
168
FIG. A2.11 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-76-3,0m
FIG. A2.12 – Curva e x log σ`v: Z1-AI-76-5,0m
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Z1-AI-76PROF.: 3,0 m
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
1 10 100 1000
Índ
ice
de
Vazi
os,
e
Tensão vertical efetiva, σ `v (kPa)
Z1-AI-76PROF.: 5,0 m
169
FIG. A2.13 – Curva e x log σ`v: Z2-AI-06-4,0m
FIG. A2.14 – Curva e x log σ`v: Z2-AI-06-7,0m
170
FIG. A2.15 – Curva e x log σ`v: Z2-AI-06-10,0m
FIG. A2.16 – Curva e x log σ`v: Z2-AI-09-5,0m
171
FIG. A2.17 – Curva e x log σ`v: Z2-AI-09-7,0m
FIG. A2.18 – Curva e x log σ`v: Z2-AI-14-2,0m
172
FIG. A2.19 – Curva e x log σ`v: Z2-AI-14-4,0m
173
9.3 ANEXO 3: CURVAS DE ADENSAMENTO
FIG. A3.1 – Curvas de adensamento (método de Taylor): Z1-AI-36-3,0m – CP horizontal – σ`v
de 25, 50, 100 e 200 kPa
1,94
1,96
1,98
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 36PROFUND.: 3 mCP horizontal
4o Estágio - 25 kPa
1,82
1,87
1,92
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 36PROFUND.: 3 mCP horizontal
5o. Estágio - 50 kPa
1,52
1,57
1,62
1,67
1,72
1,77
1,82
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 36PROFUND.: 3 m
CP horizontal
6o Estágio - 100 kPa
1,30
1,35
1,40
1,45
1,50
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 36PROFUND.: 3 m
CP horizontal
7o. Estágio - 200 kPa
174
FIG. A3.2 – Curvas de adensamento (método de Taylor): Z1-AI-36-7,0m – CP horizontal – σ`v
de 25, 50, 100 e 200 kPa
1,93
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 36PROFUND.: 7 m
CP horizontal
4o Estágio - 25 kPa
1,78
1,83
1,88
1,93
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 36PROFUND.: 7 m
CP horizontal
5o. Estágio - 50 kPa
1,47
1,52
1,57
1,62
1,67
1,72
1,77
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 36PROFUND.: 7 mCP horizontal
6o Estágio - 100 kPa
1,25
1,30
1,35
1,40
1,45
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 36PROFUND.: 7 mCP horizontal
7o. Estágio - 200 kPa
175
FIG. A3.3 – Curvas de adensamento (método de Taylor): Z1-AI-27-3,0m – CP horizontal – σ`v
de 25, 50, 100 e 200 kPa
1,94
1,96
1,98
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 3 m
CP horizontal
4o Estágio - 25 kPa
1,85
1,90
1,95
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 3 m
CP horizontal
5o. Estágio - 50 kPa
1,58
1,63
1,68
1,73
1,78
1,83
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 3 mCP horizontal
6o Estágio - 100 kPa
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 3 mCP horizontal
7o. Estágio - 200 kPa
176
FIG. A3.4 – Curvas de adensamento (método de Taylor): Z1-AI-27-5,0m – CP horizontal – σ`v
de 25, 50, 100 e 200 kPa
1,91
1,96
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 5 m
CP horizontal
4o Estágio - 25 kPa
1,74
1,79
1,84
1,89
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 5 m
CP horizontal
5o. Estágio - 50 kPa
1,48
1,53
1,58
1,63
1,68
1,73
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 5 m
CP horizontal
6o Estágio - 100 kPa
1,25
1,30
1,35
1,40
1,45
1,50
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 5 mCP horizontal
7o. Estágio - 200 kPa
177
FIG. A3.5 – Curvas de adensamento (método de Taylor): Z1-AI-27-7,0m – CP horizontal – σ`v
de 25, 50, 100 e 200 kPa
1,95
1,97
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 7 m
CP horizontal
4o Estágio - 25 kPa
1,88
1,93
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 7 m
CP horizontal
5o. Estágio - 50 kPa
1,62
1,67
1,72
1,77
1,82
1,87
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 7 mCP horizontal
6o Estágio - 100 kPa
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 27PROFUND.: 7 m
CP horizontal
7o. Estágio - 200 kPa
178
FIG. A3.6 – Curvas de adensamento (método de Taylor): Z1-AI-18-1,5m – CP horizontal – σ`v
de 25, 50, 100 e 200 kPa
1,95
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 18PROFUND.: 1,5 m
CP horizontal
4o Estágio - 25 kPa
1,92
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 18PROFUND.: 1,5 m
CP horizontal
5o. Estágio - 50 kPa
1,75
1,80
1,85
1,90
1,95
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 18PROFUND.: 1,5 m
CP horizontal
6o Estágio - 100 kPa
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 18PROFUND.: 1,5 m
CP horizontal
7o. Estágio - 200 kPa
179
FIG. A3.7 – Curvas de adensamento (método de Taylor): Z1-AI-18-3,5m – CP horizontal – σ`v
de 25, 50, 100 e 200 kPa
1,94
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 18PROFUND.: 3,5 m
CP horizontal
4o Estágio - 25 kPa
1,88
1,93
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 18PROFUND.: 3,5 m
CP horizontal
5o. Estágio - 50 kPa
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 18PROFUND.: 3,5 m
CP horizontal
6o Estágio - 100 kPa
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 18PROFUND.: 3,5 m
CP horizontal
7o. Estágio - 200 kPa
180
FIG. A3.8 – Curvas de adensamento (método de Taylor): Z1-AI-60-4,0m – CP horizontal – σ`v
de 25, 50, 100 e 200 kPa
1,95
1,97
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 60PROFUND.: 4 mCP horizontal
4o Estágio - 25 kPa
1,91
1,96
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 60PROFUND.: 4 m
CP horizontal
5o. Estágio - 50 kPa
1,73
1,78
1,83
1,88
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 60PROFUND.: 4 m
CP horizontal
6o Estágio - 100 kPa
1,48
1,53
1,58
1,63
1,68
1,73
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 60PROFUND.: 4 mCP horizontal
7o. Estágio - 200 kPa
181
FIG. A3.9 – Curvas de adensamento (método de Taylor): Z1-AI-29-2,0m – CP horizontal – σ`v
de 25, 50, 100 e 200 kPa
1,91
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 29PROFUND.: 2 mCP horizontal
4o Estágio - 25 kPa
1,83
1,88
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 29PROFUND.: 2 m
CP horizontal
5o. Estágio - 50 kPa
1,67
1,72
1,77
1,82
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 29PROFUND.: 2 mCP horizontal
6o Estágio - 100 kPa
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 29PROFUND.: 2 mCP horizontal
7o. Estágio - 200 kPa
182
FIG. A3.10 – Curvas de adensamento (método de Taylor): Z1-AI-29-6,0m – CP horizontal –
σ`v de 25, 50, 100 e 200 kPa
1,93
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 29PROFUND.: 6 m
CP horizontal
4o Estágio - 25 kPa
1,77
1,82
1,87
1,92
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 29PROFUND.: 6 m
CP horizontal
5o. Estágio - 50 kPa
1,43
1,48
1,53
1,58
1,63
1,68
1,73
1,78
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 29PROFUND.: 6 m
CP horizontal
6o Estágio - 100 kPa
1,20
1,25
1,30
1,35
1,40
1,45
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Alt
ura
do
co
rpo
de
pro
va (
cm)
Raiz de t (√min)
ZONA 1 - SP 29PROFUND.: 6 mCP horizontal
7o. Estágio - 200 kPa