Planilha Analítica de Estimativa de Custos e Formação de ...
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Instituto de Ciências exatas e Aplicadas – ICEA Departamento de Engenharia de Produção – DEENP
Campus João Monlevade
CUSTEIO POR ABSORÇÃO APLICADO EM UMA COOPERATIVA DE COSTURA
Caio Márcio Bemfica Alves
Orientador: Professor Me. Paganini Barcellos de Oliveira
João Monlevade, agosto de 2017.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Instituto de Ciências exatas e Aplicadas – ICEA Departamento de Engenharia de Produção – DEENP
Campus João Monlevade
CUSTEIO POR ABSORÇÃO APLICADO EM UMA COOPERATIVA DE COSTURA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de
Engenharia de Produção da
Universidade Federal de Ouro
Preto como parte dos requisitos
para a obtenção de Grau em
Engenharia de Produção.
Orientador: Professor Me. Paganini Barcellos de Oliveira
João Monlevade
ICEA – UFOP
Agosto de 2017
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Instituto de Ciências exatas e Aplicadas – ICEA Departamento de Engenharia de Produção – DEENP
Campus João Monlevade
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Instituto de Ciências exatas e Aplicadas – ICEA Departamento de Engenharia de Produção – DEENP
Campus João Monlevade
TERMO DE RESPONSABILIDADE
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Instituto de Ciências exatas e Aplicadas – ICEA Departamento de Engenharia de Produção – DEENP
Campus João Monlevade
RESUMO
O presente estudo possui como objetivo principal mapear e identificar os custos
inerentes à fabricação dos produtos oferecidos por uma cooperativa de costura,
localizada na cidade de João Monlevade, por meio do método de custeio por
absorção. O portfólio de produtos da empresa contempla, em sua maioria, roupas de
uniformes (calças, camisas, jaquetas, etc.) para empresas e organizações da região.
Tendo em vista que nenhum trabalho acerca dos custos associados ao seu
funcionamento foi realizado antes na cooperativa, ele se torna essencial para
compreensão dos fatores que influenciam diretamente nos ganhos da organização,
justificando assim o desenvolvimento do trabalho. A pesquisa visa compreender e
estimar, com o auxílio do método de custeio por absorção, as despesas e custos
envolvidos na produção de cada produto. Essa estimativa deverá ser feita através da
identificação dos custos diretos (aqueles que são dados por elementos que o
produto de fato consumiu) e custos indiretos (que são os custos que não estão
apropriados no produto final e por isso são divididos através de um critério de
rateio), classificados em custos fixos e variáveis, para utilização no método de
custeio por absorção. Por fim, tem-se como objetivo obter resultados concretos
sobre os custos envolvidos na produção de cada tipo de peça e elaborar também
uma ferramenta que possa, de forma simples e acessível, auxiliar as cooperadas na
compreensão desses custos, e através deles verificar se o preço cobrado por cada
produto cobre os seus custos.
Palavras Chave: custeio por absorção; custos diretos; custos indiretos; cooperativa
de costura.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Instituto de Ciências exatas e Aplicadas – ICEA Departamento de Engenharia de Produção – DEENP
Campus João Monlevade
ABSTRACT
This study aims to map and identify the costs inherent in the manufacture of the
products offered by a sewing cooperative, located in João Monlevade, through the
absorption costing method. The company's product portfolio includes mostly uniforms
(pants, shirts, jackets, etc.) for companies and organizations in the region. Since no
real study of the cooperative’s production costs has been made until then, this work
allows identify the factors that directly influence the organization’s earnings, which
justifies its realization. Therefore the research aims understand and estimate the
costs and expenses involved in the production of each product, with the aid of the
absorption cost method. Direct and indirect cost, or costs actually consumed and
cost that are not directly appropriated to the final product, and which are still divided
by apportionment criteria, respectively, are estimated and classified as fixed and
variable costs, for use in absorption cost method. Finally, it is expected to achieve
concrete results on the production costs of each type of product and also to develop
a tool that should be simple and accessible, that helps the cooperative in
understanding these costs, and through them to verify if the product prices cover
their costs.
Keywords: Absorption costing; Direct costs; indirect cost; Sewing cooperative.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1
1.1. OBJETIVOS ............................................................................................. 2
1.1.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................. 2
1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................... 2
1.2. JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 2
1.3. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ................................................................... 3
2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................... 4
2.1. CONCEITO DE COOPERATIVA ............................................................. 4
2.1.1. CARACTERÍSTICAS DAS COOPERATIVAS ......................................... 6
2.1.2. PRINCÍPIOS DAS COOPERATIVAS ....................................................... 7
2.1.3. GESTÃO DAS COOPERATIVAS ............................................................ 8
2.2. CONTABILIDADE DE CUSTOS .............................................................. 9
2.2.1. CONCEITOS BÁSICOS DE CUSTOS ................................................... 11
2.2.2. CUSTEIO POR ABSORÇÃO ................................................................. 12
3. METODOLOGIA .................................................................................... 14
4. DESENVOLVIMENTO ........................................................................... 16
4.1. HISTÓRICO DA EMPRESA ................................................................... 16
4.2. MAPEAMENTO DAS ATIVIDADES ...................................................... 17
4.3. DISTRIBUIÇÃO DOS CUSTOS ............................................................. 26
4.4. APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS ........................................... 27
4.5. APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS ........................................ 29
4.6. APLICAÇÃO DO CUSTEIO POR ABSORÇÃO .................................... 33
4.7. APLICAÇÃO DA PLANILHA ................................................................. 34
5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES .............................................................. 36
6. REFERÊNCIAS ...................................................................................... 37
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Órgãos do modelo autogestionário.............................................................09
Figura 2: Modelo Básico do Custeio por Absorção ...................................................13
Figura 3 – Maquinário.................................................................................................16
Figura 4 – Mesa de Corte...........................................................................................17
Figura 5 – Fluxo das Macro Atividades......................................................................18
Figura 6 – Fluxograma de Chegada do Pedido.........................................................19
Figura 7: Fluxograma de Orçamento com Fornecedor..............................................20
Figura 8: Fluxograma de Confirmação de Pedidos....................................................21
Figura 9: Molde para riscagem 1................................................................................23
Figura 10: Molde para riscagem 2..............................................................................23
Figura 11 - Fluxograma da Confecção (Macacão).....................................................24
Figura 12: Fluxograma de Entrega............................................................................25
Figura 13: Interface inicial da planilha.......................................................................35
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Custos da Cooperativa.............................................................................26
Tabela 2: Separação dos custos................................................................................28
Tabela 3: Distribuição de custos para tecidos..........................................................30
Tabela 4: Custo de Mão de Obra Direta.....................................................................31
Tabela 5: Custos de Mão de Obra Direta Total..........................................................31
Tabela 6: Proporção para Absorção..........................................................................32
Tabela 7: Custos Indiretos de Fabricação................................................................ 32
Tabela 8 – Estimativa de Custo Unitário....................................................................34
1
1. INTRODUÇÃO
Todo tipo de empresa, seja ela voltada para a produção de bens ou serviços,
encontra-se em um ambiente competitivo no qual estão constantemente expostas a
fatores que ameaçam a sua existência e manutenção no mercado. Porter (2004)
aponta cinco fatores que devem ser estudados para se entender as forças
competitivas em uma companhia, são elas: a rivalidade entre concorrentes, a
ameaça de novos entrantes, poder de barganha dos clientes, o poder de barganha
dos fornecedores e a ameaça de produtos substitutos.
Ao pensar em competitividade de mercado, há uma tendência a associá-la às
grandes indústrias e empresas que são de alguma forma, ligadas ao mercado
global. Porém, as pequenas organizações são também fortemente influenciadas por
esses aspectos, o que não descarta a necessidade de estratégias para vencer seus
concorrentes.
As forças competitivas afetam ainda mais aquelas organizações que não
possuem um setor formalizado, responsável em identificá-las, e que sejam
suficientes para elaborar um plano estratégico, que auxilie no desenvolvimento e
sobrevivência da empresa. A falta desse tipo de estudo leva a uma adaptação
emergencial ao mercado, deixando-a vulnerável às mudanças que ocorrem
enquanto a empresa encontra-se ativa.
O fato de uma empresa possuir uma boa gestão estratégica pode garantir
segurança em sua atuação, redução dos custos relacionados às incertezas e
consequentemente a possibilidade de melhores preços. O preço, para o tipo de
mercado abordado nesse trabalho, é uma das características mais importantes para
que o consumidor consolide sua compra, por isso, o estudo de custos referentes às
operações de uma empresa é um passo importante para dimensionar seus preços,
podendo resultar em um aumento na sua competitividade. Neste contexto, o
presente trabalho objetiva contribuir com a identificação e separação entre custos e
despesas, de forma correta, em uma cooperativa de costura, localizada na cidade de
João Monlevade – MG, de acordo com as características e recursos necessários
para a produção de cada produto. Essas informações são convertidas em uma
tabela editável elaborada no software Microsoft Excel Starter para que as próprias
2
cooperadas possam manter as informações atualizadas e utilizem-na a seu favor
para obter vantagens competitivas.
1.1. OBJETIVOS
1.1.1. OBJETIVO GERAL
Propor uma metodologia de custeio que se adeque às necessidades e
particularidades da cooperativa Uni Labor, localizada em João Monlevade/MG, tendo
como base o método de custeio por absorção.
1.1.2. Objetivos Específicos
Identificar os custos fixos e variáveis da organização;
Mapear os fluxos de produção da organização;
Adaptar a metodologia de custeio por absorção à realidade da
cooperativa;
Analisar o impacto do custeio na distribuição dos custos da empresa;
Elaborar uma ferramenta simples e acessível para que as cooperadas
possam manter seus custos sob controle.
1.2. Justificativa
O conhecimento real acerca dos custos de produção da cooperativa se torna
essencial, uma vez que, ainda não houve nenhum estudo direcionado a isso na
organização. Atualmente, a precificação se dá instintivamente em função do
conhecimento acumulado pelas cooperadas ao longo dos anos de operação e sendo
consolidada com o passar dos anos na cooperativa, ou seja, não se sabe quanto
custa cada produto. Além disso, espera-se que com a realização deste estudo será
possível um melhor dimensionamento dos custos, tornando-o mais assertivo ao
contrário do que já é praticado. Assim, será possível a identificação dos fatores que
3
influenciam na produção e consequentemente no custo médio unitário das diferentes
peças produzidas na cooperativa.
O método de custeio por absorção foi escolhido nesse estudo por poder
proporcionar resultados que poderão ser utilizados para fins contábeis e ajudar a
cooperativa a obter uma melhor descrição e controle de seus custos e estoque.
Espera-se que este trabalho possibilite obter ganhos estratégicos para a
cooperativa, tanto no que tange ao seu possível uso contábil quanto para gerar
conhecimento sobre os custos operacionais totais.
Portanto, o trabalho é justificável por sua natureza prática, em um ambiente
real e que carece de maiores informações e conhecimento sobre seu negócio, no
qual se aspira alcançar um maior controle sobre seus custos através do método de
custeio por absorção.
1.3. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
O texto está organizado da seguinte forma: no capítulo 2 é apresentada a
revisão de literatura que visa elucidar o tema bem como seus principais conceitos,
como a definição sobre o que é uma cooperativa e suas particularidades. Estão
também presente os principais conceitos utilizados para o desenvolvimento do
trabalho, como a definição de custeio por absorção, descrição dos principais termos
utilizados na contabilidade em geral. No capítulo 3 é mostrada a metodologia
utilizada para coleta, armazenamento e análise dos dados específicos da
cooperativa. No capítulo 4 são discutidas todas as etapas de desenvolvimento do
trabalho em si, que foi dividido em sete subtópicos para facilitar o entendimento e
cumprir de forma mais clara os objetivos propostos, são eles: (1) histórico da
empresa; (2) mapeamento das atividades; (3) distribuição dos custos; (4)
apropriação dos custos diretos; (5) apropriação dos custos indiretos; (6) aplicação do
método de custeio por absorção; (7) a interface da ferramenta criada para controle
dos custos. Por fim, no capítulo 6, a conclusão e análise geral do trabalho são
apresentadas.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Conceito de cooperativa
Segundo Reisdorfer (2014), o sistema cooperativo encontra-se em grande
parte dos países o que leva à disseminação e pequenas variações em seu
significado e conceito. Um desses conceitos é então o cooperativismo que é um
movimento, filosofia de vida e modelo socioeconômico, capaz de unir
desenvolvimento econômico e bem-estar social. Seus referenciais fundamentais
são: participação democrática, solidariedade, independência e autonomia.
O cooperativismo teve origem na Inglaterra no período da Revolução Industrial,
quando 28 tecelões de Rochdale na cidade de Manchester, desempregados e/ou
recebendo baixíssimos salários reuniram-se para que pudessem comprar produtos
de primeira necessidade (SEBRAE, 2014). Eles criaram então a Associação dos
Probos Pioneiros de Rochdale, esses tecelões, sistematizaram as regras
fundamentais a respeito do funcionamento de cooperativas e sua experiência
difundiu-se em outros países como França e Alemanha. Ainda de acordo com
SEBRAE (2014), no Brasil, as cooperativas são reconhecidas legalmente como uma
das formas de organização de empreendimentos coletivos as quais na primeira
metade do século XX, eram em sua maioria ligadas à agricultura, o que está
mudando atualmente com o crescimento das cooperativas urbanas. O termo
“cooperativa” possui várias definições que podem variar de acordo com a época e as
normas as quais foram elaboradas, pode-se então citar a definição legal. Com base
na lei n°5764/71, no seu artigo 4°diz:
“As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e
natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a
falência, constituídas para prestar serviços aos associados,
distinguindo-se das demais sociedades...”. (BRASIL. Lei 5.764,
1971, art. 4).
A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), define cooperativa como:
“Uma sociedade de, pessoas físicas, unidas pela cooperação e
ajuda mútuas, gerida de forma democrática e participativa, com
objetivos econômicos e sociais comuns, cujos aspectos legais
5
e doutrinários são distintos das outras sociedades”. (X
Congresso Brasileiro de Cooperativismo – Brasília, 1988).
A cooperativa se trata então, de um meio para grupos de pessoas alcançarem
objetivos específicos em comum por meio de acordo voluntário que prega a
cooperação recíproca (finalidade), atuando no mercado por meio do
desenvolvimento de atividades de consumo, produção, crédito, prestação de
serviços e comercialização para seus cooperados (SEBRAE, 2014).
Crúzio (2002) aponta as cooperativas como a união de trabalhadores ou
pessoas diversas que se associam por iniciativa própria, sendo livre o ingresso de
pessoas, desde que os interesses individuais em produzir, comercializar ou prestar
um serviço não sejam conflitantes com os objetivos gerais da cooperativa. Segundo
ele, as cooperativas podem ser tipificadas da seguinte forma:
Cooperativas de serviços comunitários;
Cooperativas de consumo;
Cooperativas agropecuárias e agroindustriais;
Cooperativas de mineração;
Cooperativas habitacionais;
Cooperativas de produção;
Cooperativas educacionais;
Cooperativas de crédito;
Cooperativas especiais.
O autor também as classifica sob quatro diferentes abordagens:
Cooperativas singulares: que são criadas para prestar serviços diretamente
aos associados e atender a um único objetivo econômico, político ou social;
Cooperativas centrais e federações: que são criadas para organizar, em
comum e em maior escala diversos serviços de no mínimo três cooperativas
singulares filiadas, orientando suas atividades;
Cooperativas confederações: que são criadas para organizar serviços de no
mínimo três cooperativas centrais ou federações;
Cooperativas mistas: que são criadas para prestar serviços diretamente aos
associados e atender a mais de um objetivo econômico, político ou social.
6
2.1.1. Características das cooperativas
As cooperativas diferem das organizações convencionais desde a sua
formação até premissas de funcionamento nas quais são embasadas. Nesse tipo de
organização, todos os sócios possuem a mesma parcela do capital e, por
decorrência, o mesmo direito de voto em todas as decisões. Sendo assim, uma
definição acerca das cooperativas é a autogestão, onde o princípio é de que
ninguém manda em ninguém, diretores são eleitos por todos e as decisões são
discutidas em assembleia na qual não há votos de diferentes pesos (SINGER,
2002).
Outro fator importante é o princípio da economia solidária que rebate o
sistema capitalista, onde os ganhadores acumulam vantagens e os perdedores
acumulam desvantagens nas competições futuras (SINGER, 2002). Sendo assim, as
cooperativas se baseiam na solidariedade e tentam organizar-se de forma igualitária
tendo em vista esse novo modo de produção que é a economia solidária, onde os
princípios básicos são a propriedade coletiva ou associada do capital, e o direito à
liberdade individual.
(BRASIL. Lei 10.406, 2002, art. 1094) elenca algumas características
consideradas principais em cooperativas, são elas:
Variabilidade ou dispensa do capital social;
Concurso de sócios em número mínimo necessário para compor a
administração da sociedade, sem limitação de número máximo;
Limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá
tomar;
Instransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade,
ainda que por herança;
Quorum, para a Assembleia geral funcionar e deliberar, baseado no número
de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado;
Direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital na
sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação;
Distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações
efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao
capital realizado;
7
Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de
dissolução da sociedade.
2.1.2. Princípios das cooperativas
SEBRAE (2014) cita que a ACI (Aliança Cooperativa Internacional)
estabeleceu, em Manchester no ano de 1995, os princípios que regem o
funcionamento de toda e qualquer cooperativa no mundo, reafirmando a base de
seus valores na ajuda mútua, autorresponsabilidade, democracia, igualdade,
equidade e solidariedade. Não obstante, reiterou a importância de valores éticos da
honestidade, mecanismos democráticos de informação dos associados,
responsabilidade social e da associação voluntária de pessoas para se
entreajudarem economicamente. Como destacam Meinen e Port. (2014) esses
princípios podem ser consentidos da seguinte forma:
Adesão voluntária e livre – As cooperativas são abertas a todas as
pessoas com potencial para utilizar seus serviços e assumir as
responsabilidades como membros sem nenhum tipo de discriminação;
Gestão democrática – As cooperativas são controladas pelos seus
membros que participam ativamente na formulação de suas políticas
e tomadas de decisões;
Participação econômica dos membros – Todos contribuem igualmente
para a formação do capital da cooperativa. Na existência de “sobras”
(receitas maiores que as despesas), serão divididas entre os sócios
até o valor da movimentação de cada um, ou para fortalecimento da
cooperativa, sempre decidido em assembleia;
Autonomia e independência – As cooperativas são autônomas, de
ajuda mútua, controlada pelos seus membros. Caso firmem
compromisso com outras organizações, seja ela de qualquer
natureza, devem ser feitos de maneira a manter a autonomia da
cooperativa e seu controle democrático pelos membros;
Educação, formação e informação - As cooperativas promovem a
educação e formação de seus membros e representantes eleitos para
que possam contribuir eficazmente com seu desenvolvimento;
8
Intercooperação – As cooperativas servem seus membros e dão mais
força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, atuando
nas redes locais, regionais, nacionais e até internacionais;
Interesse pela comunidade – As cooperativas trabalham para o
desenvolvimento das suas comunidades.
2.1.3. Gestão das cooperativas
As cooperativas possuem uma visão diferenciada também em relação a sua
gestão, trazendo consigo o princípio da autogestão que segundo SEBRAE (2014) é
uma modalidade de gestão multidimensional (social, econômica, política, técnica)
permitindo que os parceiros de trabalho se organizem com o objetivo de alcançar
resultados, implicando a discussão do poder de decisão entre seus membros que
assumem integralmente a responsabilidade pelo direcionamento do futuro da
cooperativa e suas decisões estratégicas, táticas e operacionais. A lei n°5.764/71
em seu artigo 47 diz: “A sociedade será administrada por uma Diretoria ou Conselho
de Administração, composto exclusivamente de associados eleitos pela Assembleia
Geral, com mandato nunca superior a 4 (quatro) anos, sendo obrigatória a
renovação de, no mínimo, 1/3 (um terço) do Conselho de Administração” (BRASIL.
Lei 5.764, 1971, art. 47).
O modelo autogestionário, segundo SEBRAE (2014) é dividido em três órgãos
principais, e outros cargos que podem ser criados via estatuto, como mostra a
Figura 1, que são descritos a seguir:
Assembleia Geral de Cooperados: que é o órgão mais importante da
sociedade o qual é formado exclusivamente por seus cooperados e
soberano, dentro dos limites legais, no que diz respeito aos destinos
da cooperativa e seus posicionamentos no mercado. As decisões são
tomadas idealmente quando todos os integrantes entram em
consenso, quando isso não ocorre são realizadas votações para que
possam chegara alguma conclusão.
O Conselho de Administração: órgão subordinado à Assembleia
Geral, também formado por cooperados eleitos em assembleia e
responsável pela administração diária da cooperativa.
9
Conselho Fiscal: órgão responsável pela fiscalização de toda a
administração da cooperativa e pode convocar assembleias sempre
que necessário. Fiscaliza a parte financeira e administrativa, assegura
o cumprimento do que foi firmado em assembleia. Normalmente
composto por três membros efetivos e três suplentes.
Figura 1: Órgãos do modelo autogestionário.
Fonte: SEBRAE
Além disso, as cooperativas precisam ainda possuir documentações e
condições próprias que são: livros de matrícula; atas das Assembleias Gerais;
Órgãos de Administração; Conselho Fiscal; presença dos Associados nas
Assembleias Gerais; e outros elementos fiscais e contábeis obrigatórios, para a
manutenção da organização.
2.2. Contabilidade de custos
Segundo Martins (2003), no início, o papel da contabilidade de custos estava
voltado principalmente para a avaliação dos estoques e mensuração de impactos
financeiros advindos de decisões gerenciais. Com o passar do tempo a
contabilidade de custos resultou em uma diminuição na gestão de custos com
objetivos voltados à assessoria interna para tomadas de decisão de cunho gerencial.
Assembleia Geral
Conselho Fiscal
Conselho de Administração
ou Diretoria
Outros cargos criados
pelo Estatuto
10
A contabilidade de custos foi, portanto, criada com a finalidade básica de avaliação
dos estoques e não para levantamento de dados aos gestores (MARTINS, 2003).
Com o advento da globalização e aumento significativo da competitividade
surgiu então a necessidade do uso da contabilidade de custos para que os
empresários e donos de negócios se posicionassem melhor no mercado,
conhecendo de fato seus custos operacionais, para utilizar essa informação de
forma a auxiliar as tomadas de boas decisões.
De acordo com Megliorini (2012), todos os gastos realizados por uma
organização são classificados como custos. Então, a matéria-prima, mão de obra,
energia, depreciação e qualquer outro tipo de suprimento ou gasto constituem os
custos. Uma regra básica para diferenciação dos custos entre diretos e indiretos é a
tentativa de identificação da quantidade do elemento de custo que foi aplicada no
produto, se isso for possível, o nomeamos então de custo direto; no entanto, se não
for possível à identificação dessa quantidade no elemento, chamamos de custo
indireto. O cálculo dos custos de fabricação de produtos consiste, em geral, na
divisão dos custos associados a cada processo produtivo pelo número de unidades
produzidas, usando para isso sua divisão entre as classificações de custos diretos e
custos indiretos.
Segundo Megliorini (2012), os métodos de custeio determinam o modo de
valoração dos objetos de custeio e existem diferentes metodologias selecionadas de
acordo com os objetivos estabelecidos pela organização. Para os métodos
tradicionais, que são aqueles que têm como foco a apuração do custo dos produtos
e consideram que estes sejam geradores de custos, existe uma melhor
aplicabilidade em ambientes de produção que predominam os custos diretos. Entre
os métodos tradicionais estão o custeio por absorção, custeio pleno e o custeio
variável. Todos os métodos que os custos variam de acordo com a quantidade
fabricada, ou seja, são baseados em volume. Megliorini (2012) cita também o
custeio ABC, um método importante de custeio, ao qual classifica como um método
contemporâneo, já que surgiu pelas necessidades de adequação a um ambiente
competitivo mais intenso, devido à realidade atual de globalização. O custeio ABC
tem como objetivo identificar atividades que agregam e não agregam valor para o
cliente, ou seja, atividades que realmente são necessárias e outras que são
opcionais.
11
2.2.1. Conceitos básicos de custos
Segundo Santos (2006) os sistemas de custeio são compostos por um
princípio geral que se relaciona à definição das informações mais coerentes às
necessidades de cada organização, e, geralmente trata da orientação da análise de
custos diretos e indiretos a serem considerados.
Para melhor compreensão dos fatores a serem estudados durante a
mensuração dos custos é importante conhecer algumas terminologias básicas
utilizadas. Segundo Martins (2003), é plausível que para um melhor nível de
entendimento, haja a definição bem explanada de alguns termos a serem utilizados
que são:
Gasto: Compra de um produto ou serviço, em que a entidade precisa
desembolsar um valor, valor esse representado por entrega ou promessa de
entrega de ativos;
Desembolso: Pagamento de um produto ou serviço pode ocorrer antes,
durante ou depois ou até mesmo após a entrega;
Investimento: Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios
atribuíveis;
Custo: Gasto com um bem ou serviço na produção de outros bens ou
serviços;
Despesa: Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para conseguir
receitas;
Perda: Bem ou serviço consumido de forma anormal ou inesperada.
O custo se encaixa como uma forma de gasto já que toda organização
necessita utilizar de seus recursos monetários1 e não monetários2 para realizar a
sua atividade e entregar o serviço/produto.
Seguindo ainda a linha de pensamento de Martins (2003), a apropriação de
determinados custos pode ser de forma direta aos produtos, tendo em vista seu
consumo, sendo esses os custos diretos aos produtos. Já os custos indiretos não
oferecem medidas objetivas o que força a utilização de estimativas arbitrárias.
1 Recursos monetários são aqueles representados por dinheiro ou por direitos a serem recebidos e
obrigações a serem liquidadas em dinheiro. 2 Recursos não monetários são aqueles representados por ativos e passivos que não serão recebidos
ou liquidados em dinheiro
12
Portanto essa classificação utilizada como direta ou indireta é relacionada ao
produto ou serviço prestado, e não a produção como um todo.
2.2.2. Custeio por absorção
Segundo Santos (2006), o custeio por absorção leva em consideração todos os
custos indiretos de fabricação, sendo eles fixos ou variáveis, os quais são incluídos
no custo do produto. Nesse sistema o lucro bruto, também denominado margem
bruta, consiste na diferença entre o preço final e o custo final de fabricação. O custo
de absorção deve englobar todas as despesas da empresa e contribuir para a
formação do lucro e sofre influência direta do volume produzido.
Megliorini (2012) refere-se ao custeio por absorção pela sua característica em
apropriar os custos fixos e variáveis aos produtos e separa alguns passos para a
apuração dos custos. O primeiro seria separar os gastos em três classes: despesas,
custos e investimentos. Após isso, é necessário separar os custos entre: diretos, que
serão apropriados ao produto conforme medição de consumo, e indiretos, que serão
apropriados por meio de rateios.
Martins (2003) ainda classifica o custeio por absorção como uma metodologia
que não é um princípio contábil propriamente dito, mas é decorrente dele e que é
ainda adotado pela contabilidade financeira sendo, portanto, válido para fins de
Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados, Balanço e Lucro Fiscais.
Portanto o custeio por absorção é uma metodologia de avaliação de custos que é
adotada pela auditoria externa como básica e obrigatória para fins de avaliação de
estoques.
De forma geral, a fundamentação para o método de custeio por absorção fica
bem representada pelo modelo básico de seu funcionamento descrito por Santos
(2006) conforme ilustrado na Figura 2.
A Figura 2 demonstra o esquema básico do custeio por Absorção (SANTOS,
2006) no qual seu passo inicial é a separação entre custos e despesas. Os custos
incorridos no período definido só serão adicionados integralmente no lucro bruto
caso toda a produção desse período seja vendida, inexistindo os estoques finais. As
despesas, no entanto, são sempre debitadas do lucro bruto do período incorrido.
13
Figura 2: Modelo Básico do Custeio por Absorção
Fonte: Introdução à contabilidade de custos segundo Santos(2006).
Nos custos há então sua classificação entre direto e indireto, os custos diretos
serão divididos de acordo com cada produto já que são utilizados em sua confecção,
já os indiretos serão acrescentados ao custeio pelo método do rateio simples. O
próximo passo do esquema então é estimar o custo de estoque para apurar o custo
dos produtos vendidos e só assim obter o lucro bruto como resultado.
Custos Despesas
Indiretos Diretos
Rateio
Produto A
Produto B
Estoque
Custo Produtos
Vendidos
Lucro Bruto
Vendas
14
3. METODOLOGIA
Considerando a estrutura de classificação das pesquisas em Engenharia de
Produção, proposta por Turrioni e Mello (2011), pode-se dizer que este estudo
apresenta natureza aplicada já que possui interesse prático onde seus resultados
poderão ser aplicados imediatamente para a resolução de problemas reais da
organização. Quanto aos seus objetivos é uma pesquisa explicativa, pois o interesse
principal é a identificação dos fatores que irão interferir no fenômeno de custo e
consequentemente na precificação dos produtos da cooperativa. Trata-se também
de uma pesquisa quantitativa já que o método de custeio por absorção utiliza de
dados numéricos coletados durante um período de tempo para fornecer resultados
que auxiliarão na solução do problema proposto no trabalho. Finalmente, os
objetivos e procedimentos técnicos utilizados na pesquisa são de cunho teórico-
empírico, pois é utilizado um método já conhecido, custeio por absorção, em uma
cooperativa de costura voltada para fabricação de uniformes industriais, tendo uma
abordagem prática quanto a sua finalidade.
Em se tratando dos procedimentos metodológicos para a realização deste
trabalho, a primeira etapa consiste em identificar os fatores que influenciam nos
custos de operação da cooperativa. O segundo passo consiste em um levantamento
de dados, juntamente à organização, de todos os custos ligados ao seu
funcionamento, como por exemplo, parcelamento de dívidas, matéria-prima e mão
de obra. A partir dos valores identificados durante a pesquisa, que serão focados no
intervalo de um mês no qual foi identificado grande volume de pedidos, é possível
estimar os custos fixos e variáveis de operação. Posteriormente, são feitas as
análises para identificar o melhor método de custeio a ser aplicado na empresa. A
partir dessa definição, foi estabelecido o método de custeio a ser aplicado na
cooperativa. Em uma etapa final do trabalho, são realizadas análises de mercado
que permitam ajudar na melhoria da competitividade da cooperativa.
Os dados analisados e estudados abrangem o espaço de tempo entre maio a
julho de 2017, embora o mês foco para estudo tenha sido considerado somente
junho. Essa restrição no mês ao qual os dados foram trabalhados foi devida à
grande dificuldade em conseguir reunir dados concretos sobre a produção da
cooperativa bem como os passivos e ativos relacionados a ela e isso ocorreu pois
não há uma formalização adequada desses dados de forma concisa, o que
15
demandou grande quantidade de tempo e esforço para reunir os documentos
necessários para o desenvolvimento do trabalho de forma que a estimativa aqui
obtida, fosse a mais próxima da realidade o possível. A identificação deste problema
dentro da cooperativa se deu a partir de um consenso entre as cooperadas e alunos
que atuaram na cooperativa durante a participação no projeto extensionista INCOP
(Incubadora de Empreendimentos Sociais e Solidários da UFOP).
A coleta de dados foi realizada através de entrevistas e visitas periódicas para
análise dos fatores de custos e acompanhamento das despesas. Devido à natureza
minimalista da produção, alguns custos foram incorporados ao produto pelo método
de rateio simples, proporcionando uma análise mais simplificada, mas que não
compromete o estudo e sua aplicabilidade.
Após a realização das análises, foram definidos os custos, para cada produto
produzido, de acordo com a demanda e despesas no período de tempo analisado.
Com os dados obtidos e tendo em vista as peculiaridades da cooperativa foi
elaborada uma planilha que servirá como ferramenta para que as cooperadas
possam se manter atualizada quanto aos seus custos, podendo fazer reajustes, por
exemplo, nos preços de matéria-prima e despesas sempre que necessário.
16
4. DESENVOLVIMENTO
4.1. Histórico da empresa
A Unilabor é uma cooperativa de costura que atua na cidade de João
Monlevade/MG, e que possui como atividade principal a costura industrial, cujos
produtos finais são uniformes feitos sob encomenda por diversas empresas da
região. A cooperativa surgiu a partir de um clube de mães que tinham um hábito em
comum, a costura. Antes essa atividade se tratava de um hobby, mas que se tornou
um negócio potencial com o passar do tempo. A partir disso, Joana Doorlamen uma
holandesa participante do grupo, fundou a cooperativa oficialmente em 1970, e que
desde então se encontra em operação. Já se chegou a ter em 1996 o número
máximo de 23 cooperadas atuando em conjunto, mas com o passar dos anos, com a
diminuição da demanda, dificuldades financeiras e também dificuldades de cunho
profissional como, por exemplo, a falta de especialização de possíveis candidatas a
se juntarem à cooperativa, foi diminuindo progressivamente.
A Unilabor atualmente é composta por três cooperadas que dividem o espaço
mostrado nas Figuras 3 e 4, e as tarefas entre as máquinas disponíveis para a
confecção de seus produtos.
Figura 3 – Maquinário
Fonte: Dados de Pesquisa
17
Figura 4 – Mesa de Corte
Fonte: Dados de Pesquisa
4.2. Mapeamento das atividades
A etapa inicial para qualquer tipo de metodologia para análise de custo se dá
através de observações da organização para que sejam definidas as atividades
realizadas durante a operação da empresa, que incluem desde a chegada do pedido
até sua entrega ao cliente final. Esse procedimento permite mapear todas as macro
e micro atividades realizadas na cooperativa.
Os serviços e/ou produtos de uma organização passam por uma série de
etapas e atividades durante sua constituição, que variam quanto ao seu nível de
complexidade, indo das mais simples às mais complexas. Foram elaborados,
portanto, um conjunto de fluxogramas responsáveis por representar o fluxo das
atividades na organização. Para uma melhor compreensão e análise sobre as
etapas de produção da cooperativa. As atividades da cooperativa foram divididas em
dois grupos: as macro atividades e micro atividades. A Figura 5 representa as macro
atividades da cooperativa e que são comuns a todos os produtos disponíveis para
confecção.
18
Figura 5 – Fluxo das Macro Atividades
Fonte: Elaborado pelo Autor
As fases descritas na Figura 5 correspondem a: Chegada do pedido, que
engloba todas as atividades relativas à comunicação com o cliente sobre os detalhes
de seu pedido; Orçamento (Fornecedor) que diz respeito à parametrização de
questões relacionadas ao tecido que será necessário para se atender ao pedido
inicial do cliente; Confirmação dos pedidos, que são as atividades referentes ao
contato posterior com o cliente com os preços e datas de entrega definidas, bem
como a definição do pagamento da parcela de entrada; Confecção, que é o
desenvolvimento da atividade produtiva em si e compreende todas as etapas e
processos pelos quais o produto passa até a sua finalização; e, finalmente, a etapa
de Entrega, que corresponde às ultimas tarefas a serem realizadas para dispor os
produtos aos clientes garantindo sua satisfação bem como o recebimento do
restante do valor combinado.
As micro atividades da cooperativa variam de acordo com o produto
selecionado, principalmente na fase de confecção, pois cada tipo de peça possui um
fluxo diferente de etapas e máquinas pelas quais passam até estarem prontas para
a entrega. Sendo assim, cada etapa descrita na Figura 5 pode ser estratificada para
que haja melhor compreensão de cada processo.
Pela Figura 6, primeiramente, há a chegada do pedido para a cooperativa, que
basicamente ocorre de duas formas: por telefone ou visita presencial do cliente.
Esse pedido dá início a todo o processo produtivo na organização, pois, são
definidas as quantidades de peças a serem confeccionadas, quais tipos (camisa,
calça, etc.), os materiais e os recursos mínimos necessários para a produção, e a
partir daí é combinado breve intervalo de tempo para que possam retornar o contato
com o orçamento final para o pedido e seu prazo de entrega.
19
Figura 6 – Fluxograma de Chegada do Pedido
Fonte: Elaborado pelo autor
Com o pedido definido na etapa de “Chegada do Pedido” inicia-se a segunda
atividade do fluxograma, o “Orçamento com o Fornecedor”. Com todos os detalhes
do pedido em mãos, a presidente da cooperativa efetua os cálculos para determinar
a quantidade de tecido a ser pedido, que, dependendo do tipo de tecido, será
comprado em metros quadrados ou quilos. Após os cálculos, é efetuado o contato
com o fornecedor para verificar a disponibilidade do tecido, e, caso não esteja
disponível para pronta-entrega, o pedido poderá ficar em espera até a previsão de
chegada ao estoque que é informada pelo fornecedor imediatamente juntamente
com o orçamento dos preços totais. Nesse momento há então a definição do preço
de venda do produto que será confeccionado na cooperativa, esse preço é
20
estipulado empiricamente levando em consideração somente alterações ocorridas
no custo da matéria-prima verificado anteriormente com o fornecedor. Esse processo
é ilustrado na Figura 7.
Figura 7: Fluxograma de Orçamento com Fornecedor
Fonte: Elaborado pelo autor
21
Após a estimativa do preço de venda do produto final com base no custo da
matéria-prima, há então novamente o contato com o cliente para informá-lo sobre o
preço que irá lhe custar, que pode culminar na confirmação ou não do pedido. Caso
a resposta seja positiva, a presidente aguarda o pagamento da parcela de entrada
referente a 50% do preço total estipulado, o qual é utilizado para a compra da
matéria-prima. A partir desse recebimento, faz-se o contato novamente com o
fornecedor para fechar o pedido e combinar a data de entrega dos tecidos, que
normalmente é de um dia útil, já que ele se encontra em Belo Horizonte, conforme
mostrado na Figura 8.
Figura 8: Fluxograma de Confirmação de Pedidos
Fonte: Elaborado pelo autor
22
A quarta e penúltima macro atividade é a confecção da peça em si, ela possui
algumas etapas em comum para todos os tipos de produtos, são elas:
A riscagem: que se trata do processo de desenhar, conforme o molde
disponível, no tecido que é esticado sobre a mesa (Figuras 9 e 10);
A dobra: que é o processo posterior ao de riscar e visa literalmente dobrar
o tecido de forma que várias camadas possam ser cortadas de uma só
vez, tornando o processo mais rápido;
O corte: é o processo que se utiliza da máquina de corte para moldar o
tecido cortando-o de acordo com os riscos feitos no primeiro passo dando
a forma inicial a ser costurada posteriormente;
Arremate: é a fase em que a peça já está pronta, porém com sobras de
linhas e tecidos. O arremate tem o objetivo de retirar esses excessos
dando acabamento à roupa;
Passar: penúltima fase antes de embalar, visa deixar a peça lisa e
uniforme tornando-a apresentável esteticamente aos clientes finais;
Embalar: última fase antes da entrega, as peças são dobradas e
separadas em pacotes plásticos e esses por sua vez são colocados em
sacolas para serem entregues ao cliente final.
Embora haja etapas em comum para as peças, cada uma possui sua
particularidade e uma sequência diferente de máquinas e processos pelos quais
passam até ficarem prontas. Como a cooperativa possui diferentes tipos de produtos
em seu catálogo, para fins didáticos foi escolhido somente um produto para
exemplificar como é esse sequenciamento de atividades. A peça escolhida foi o
Macacão, por possuir maior complexidade em sua confecção e ser uma das peças
que mais demanda tempo para ser feita. O fluxograma exibido na Figura 11 ilustra
todas as etapas de confecção do macacão tendo em vista seu sequenciamento de
máquinas pelas quais é processado, lembrando que, as etapas compreendidas entre
o “Início” e “Corte” bem como a etapa de “Passar”, são de cunho geral, sendo assim
operações pelas quais todos os tipos de produtos devem passar obrigatoriamente.
Como última macro atividade tem-se a entrega do pedido ao cliente. Após o
final de sua confecção, os produtos são então embalados em sacos plásticos e
armazenados em sacolas, a presidente entra em contato com o cliente para
comunicar que seu pedido já se encontra pronto para ser retirado. O cliente então
23
vai até a cooperativa, efetua o restante do pagamento conforme o que foi
combinado, confere o seu pedido e efetua a retirada, conforme ilustrado no
fluxograma da Figura 12.
Figura 9: Molde para riscagem 1
Fonte: Dados de pesquisa
Figura 10: Molde para riscagem 2
Fonte: Dados de pesquisa
26
4.3. Distribuição dos custos
A distribuição dos custos tem como principal objetivo a identificação do uso de
recursos nas diversas áreas e atividades da organização da melhor forma possível.
Essa identificação, para que ocorra de forma mais próxima à realidade, foi dividida
entre os custos diretos e indiretos em função do método de custeio utilizado.
O controle financeiro de uma organização depende da sua capacidade em
gerenciar seu fluxo de caixa, identificando as entradas, que é tudo o que está
relacionado à receita proveniente da venda de seus produtos e prestação do serviço,
e também a identificação das saídas, que é tudo relacionado às saídas, gastos,
contas a pagar e/ou despesas.
Sendo assim, foram levantados quais eram os principais custos fixos e
variáveis médios mensais em valores percentuais conforme mostrado na Tabela 1.
Tabela 1 – Custos da Cooperativa
Custos
Descrição % em relação ao total de custos
Pró-labore 18,044%
Aviamentos 3,978%
IPTU 0,318%
Parcelamento Receita 6,656%
PIS 0,693%
COFINS 3,197%
CSLL 0,387%
IRPJ 0,644%
Luz 2,806%
Telefone 0,172%
Contabilidade 4,880%
ICMS 19,181%
Embalagem 0,601%
Motoboy 1,718%
Manutenção interna 1,297%
Manutenção Sistema de NF 2,045%
Passagem 3,437%
Matéria-Prima(Tecido) 28,398%
Frete Tecido(Compra) 1,547%
Fonte: Elaborado pelo autor
27
Pela Tabela 1 é perceptível que as maiores despesas da cooperativa estão
relacionadas ao pró-labore, o ICMS e a compra de tecidos para a confecção das
peças, que juntos totalizam um valor correspondente a 62,89% da despesa total
mensal na cooperativa.
O pró-labore no caso da cooperativa é o valor que foi estipulado em
assembleia para retirada mensal das cooperadas, então ele pode ser considerado
na verdade como um “salário”, embora a prática realizada em cooperativas seja a
divisão das “sobras”, não havendo um valor fixo como usualmente é praticado nas
empresas. No período estudado o valor representa aproximadamente 19,3% das
despesas da cooperativa.
Outros custos significativos e que representam grande impacto nas despesas
da cooperativa estão relacionados com o pagamento do imposto sobre circulação de
mercadorias e serviços (ICMS) e matéria-prima, os quais representam 45,6% das
despesas no período estudado.
A partir da identificação dos custos e despesas foram evidenciados os custos
diretos e indiretos conforme apresentado na Tabela 2. Os custos diretos são aqueles
que possuem relação direta com a produção, ou seja, o pró-labore que será
considerado como mão de obra direta e a matéria-prima que é material direto da
confecção das roupas. Os custos indiretos são todos aqueles relacionados a todos
as outras etapas que vão desde o gasto com aviamentos até a manutenção interna
e de sistemas para emissão de notas.
4.4. Apropriação dos custos diretos
A apropriação dos custos diretos acontece para os identificados como tal, no
caso da cooperativa são identificados como sendo aqueles relacionados ao Pró-
Labore e custos com matéria-prima. Sendo assim, a apropriação ocorrerá em duas
fases distintas, primeiramente abordando a matéria-prima e depois sobre a mão de
obra direta (Pró-labore).
28
Tabela 2: Separação dos custos
Fonte: Elaborado pelo autor
O período estudado teve uma produção de 455 peças diversas, conforme
mostra a Tabela 3. Os tecidos descritos na Tabela 3 possuem diferentes tipos de
medidas relacionadas ao preço de venda, como por exemplo, os tecidos, Malha e
Piquet, são vendidos por quilo, enquanto os outros, Jeans, Brim e Tricoline, são
vendidos de acordo com sua medida em metros quadrados (colunas 4 e 5 da Tabela
3).
Os preços para esses tecidos normalmente são tabelados no mercado,
embora haja a possibilidade de haver diminuições em função do alto volume do
pedido. Os cálculos para a apropriação do custo direto relacionado à matéria-prima
foram efetuados considerando-se os valores normalmente praticados no mercado
para cada tecido, já que isso possibilita o seu custeio em situações normais do
cotidiano. A distribuição dos custos dos tecidos para o mês de junho de 2017 são
apresentados na última coluna da Tabela 3.
Com relação à mão de obra direta utilizada na confecção das peças, essa foi
alocada de acordo com o tempo médio de produção de cada peça da seguinte
Custos Diretos Custos Indiretos
Pró-Labore Aviamentos
Matéria-Prima IPTU
Parcelamento da Receita
PIS
COFINS
ICMS
CSLL
IRPJ
Luz
Telefone
Contabilidade
Embalagens
Motoboy
Manutenção Interna
Manutenção do Sistema de NF
Passagem
29
forma: a retirada mensal de cada cooperada foi dividida pelas horas trabalhadas no
mês e posteriormente transformada em minutos, ou:
( )
onde:
= R$/Minuto;
= Retirada Mensal;
= Dias trabalhados;
= Horas por dia;
= Horas extras mensais.
O período de trabalho analisado teve grande demanda e alguns pedidos
urgentes, o que resultou na realização de horas extras, no caso da cooperativa isso
não significa necessariamente o aumento do valor retirado no mês para cada
cooperada acarretando então na diminuição do custo da mão de obra direta por
unidade produzida. O cálculo foi feito de forma a obter-se uma estimativa de custo
por minuto trabalhado (R$/Min) conforme mostra a Tabela 4.
A partir disso, o custo por minuto foi multiplicado pelo tempo médio de
produção para cada tipo de peça e por sua quantidade no mês, o que resultou assim
no custo médio da mão de obra direta para cada produto como explicitado na Tabela
5.
Uma vez finalizada a estratificação dos custos diretos envolvidos no processo
são avaliados os custos indiretos para que possam ser incluídos no método do
custeio por absorção.
4.5. Apropriação dos custos indiretos
Os custos indiretos de produção são aqueles que não fazem parte diretamente
do produto, mas que de alguma forma contribuem para que, no caso da cooperativa,
a peça seja confeccionada. Embora todas as peças possuam seus fluxos
específicos de confecção há também pontos em comum relacionados às macro
atividades, as quais utilizam recursos compartilhados, o método de custeio por
30
absorção preconiza o rateio desses elementos de acordo com critérios
preestabelecidos.
Tabela
3:
Dis
trib
uiç
ão d
e c
usto
s p
ara
tecid
os
Cu
sto
de M
P
R
$ 4
37,3
3
R$ 9
22,5
0
R$ 7
24,3
3
R$ 1
09,3
3
R$ 2
0,5
0
R$ 4
69,2
9
R$ 2
13,3
1
R$ 2
55,9
7
R$ 2
86,2
7
R$ 4
49,8
6
R$ 1
24,9
6
R$ 2
74,9
1
R$ 1
99,9
4
R$ 1
64,6
1
R$ 6
1,0
8
R$ 1
27,9
9
R$ 2
34,6
4
R$ 4
0,4
1
R$ 3
2,0
0
R$ 2
32,7
0
Fonte
: E
lab
ora
do
pe
lo a
uto
r
Tecid
o T
ota
l(m
²)
112,6
4
237,6
186,5
6
30,7
2
5,7
6
38,7
2
17,6
21,1
2
20,1
6
31,6
8
8,8
19,3
6
14,0
8
11,5
92
5,0
4
10,5
6
19,3
6
3,5
2
3,5
2
19,2
Qu
an
t. (
Tecid
o/P
ç)
1,7
6 m
²
1,7
6 m
²
1,7
6 m
²
1,9
2 m
²
1,9
2 m
²
1,7
6 m
²
1,7
6 m
²
1,9
2 m
²
1,6
8 m
²
1,7
6 m
²
1,7
6 m
²
1,7
6 m
²
1,7
6 m
²
1,9
3 m
²
1,6
8 m
²
1,7
6 m
²
1,7
6 m
²
1,7
6 m
²
1,7
6 m
²
4,8
0 m
²
Pre
ço
(Kg
) R
$ 2
0,5
0
R$ 2
0,5
0
R$ 2
0,5
0
R$ 2
0,5
0
R$ 2
0,5
0
- - - - - - - - - - - - -
R$ 3
2,0
0
-
Pre
ço
(R
$/m
²)
- - - - -
R$ 1
2,1
2
R$ 1
2,1
2
R$ 1
2,1
2
R$ 1
4,2
0
R$ 1
4,2
0
R$ 1
4,2
0
R$ 1
4,2
0
R$ 1
4,2
0
R$ 1
4,2
0
R$ 1
2,1
2
R$ 1
2,1
2
R$ 1
2,1
2
R$ 1
1,4
8
-
R$ 1
2,1
2
Qu
an
t.
(Pçs)
64
135
106
16
3
22
10
11
12
18
5
11
8
6
3
6
11
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2
4
Tecid
o
Malh
a
Malh
a
Malh
a
Malh
a
Malh
a
Brim
Brim
Brim
Jeans
Jeans
Jeans
Jeans
Jeans
Jeans
Brim
Brim
Brim
Tricolin
e
Piq
uet
Brim
Desc
riç
ão
Cam
isa
2 (
P)
Cam
isa
3 (
M)
Cam
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4 (
G)
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GG
)
Cam
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G)
Cam
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3 (
M)
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G)
Cam
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GG
)
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a 3
8 (
P)
Calç
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0 (
M)
Calç
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M)
Calç
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M)
Calç
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G)
Calç
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Calç
a 3
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P)
Calç
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0 (
M)
Calç
a 4
6 (
G)
Cam
isa
3 (
M)
Cam
isa
3 (
M)
Macacão (
M)
31
Tabela 4: Custo de Mão de Obra Direta
Cooperadas Retirada Mensal R$/Dia Custo/Hora Custo/Min Hora Extra R$/Minuto
Três R$ 2.100,00 R$ 95,45 R$ 11,93 R$ 0,199 84 R$ 0,135
Fonte: Elaborado pelo autor
Tabela 5: Custos de Mão de Obra Direta Total
Tipo de Peça Quantidade Tempo/Peça(Min) R$(MOD)/Peça R$(MOD) Total
Camisa 2 (P) 64 30 R$ 4,038 R$ 258,46 Camisa 3 (M) 135 30 R$ 4,038 R$ 545,20 Camisa 4 (G) 106 30 R$ 4,038 R$ 428,10 Camisa 5 (GG) 16 30 R$ 4,038 R$ 64,620 Camisa 6 (XGG) 3 30 R$ 4,038 R$ 12,120 Camisa 3 (M) 22 30 R$ 4,038 R$ 88,850 Camisa 4 (G) 10 30 R$ 4,038 R$ 40,390 Camisa 5 (GG) 11 30 R$ 4,038 R$ 44,420 Calça 38 (P) 12 51 R$ 6,865 R$ 82,390 Calça 40 (M) 18 51 R$ 6,865 R$ 123,58 Calça 44 (M) 5 51 R$ 6,865 R$ 34,330 Calça 42 (M) 11 51 R$ 6,865 R$ 75,520 Calça 48 (G) 8 51 R$ 6,865 R$ 54,920 Calça 52 (GG) 6 51 R$ 6,865 R$ 41,190 Calça 38 (P) 3 51 R$ 6,865 R$ 20,600 Calça 40 (M) 6 51 R$ 6,865 R$ 41,190 Calça 46 (G) 11 51 R$ 6,865 R$ 20,600 Camisa 3 (M) 2 38 R$ 5,115 R$ 41,200 Camisa 3 (M) 2 41 R$ 5,519 R$ 75,520 Macacão 4 80 R$ 10,769 R$ 10,230
Fonte: Elaborado pelo autor
Para a cooperativa, os custos indiretos terão como o critério para rateio o
número de peças produzidas no período, ou seja, o que foi produzido em maior
escala irá absorver maior parte dos custos indiretos e vice-versa, de forma
proporcional para cada tipo de peça. Essa proporção foi calculada conforme a
quantidade de cada uma em relação ao total produzido no mês de junho conforme
mostra a Tabela 6.
É possível perceber que o critério de absorção funcionará de forma que quanto
maior a quantidade produzida de certa peça, maior será então sua absorção em
relação aos custos indiretos que serão distribuídos por rateio.
Sendo assim, o total de custos indiretos relacionados à cooperativa no período
analisado será multiplicado pelo “peso” em porcentagem (Tabela 6), resultando nas
informações disponíveis na Tabela 7.
32
Tabela 6: Proporção para Absorção Tipo de Peça Quantidade Proporção de
Absorção
Camisa 2 (P) 64 14,066% Camisa 3 (M) 135 29,970% Camisa 4 (G) 106 23,297% Camisa 5 (GG) 16 3,516% Camisa 6 (XGG) 3 0,659% Camisa 3 (M) 22 4,835% Camisa 4 (G) 10 2,198% Camisa 5 (GG) 11 2,418% Calça 38 (P) 12 2,637% Calça 40 (M) 18 3,956% Calça 44 (M) 5 1,099% Calça 42 (M) 11 2,418% Calça 48 (G) 8 1,758% Calça 52 (GG) 6 1,319% Calça 38 (P) 3 0,659% Calça 40 (M) 6 1,319% Calça 46 (G) 11 2,418% Camisa 3 (M) 2 0,440% Camisa 3 (M) 2 0,440% Macacão 4 0,879%
Fonte: Elaborado pelo autor
Tabela 7: Custos Indiretos de Fabricação Tipo de Peça Proporção de Absorção Custo Indireto de
Fabricação
Camisa 2 (P) 14,066% R$ 876,76 Camisa 3 (M) 29,970% R$ 1.849,42 Camisa 4 (G) 23,297% R$ 1.452,14 Camisa 5 (GG) 3,516% R$ 219,19 Camisa 6 (XGG) 0,659% R$ 41,10 Camisa 3 (M) 4,835% R$ 301,39 Camisa 4 (G) 2,198% R$ 136,99 Camisa 5 (GG) 2,418% R$ 150,69 Calça 38 (P) 2,637% R$ 164,39 Calça 40 (M) 3,956% R$ 246,59 Calça 44 (M) 1,099% R$ 68,50 Calça 42 (M) 2,418% R$ 150,69 Calça 48 (G) 1,758% R$ 109,60 Calça 52 (GG) 1,319% R$ 82,20 Calça 38 (P) 0,659% R$ 41,10 Calça 40 (M) 1,319% R$ 82,20 Calça 46 (G) 2,418% R$ 150,69 Camisa 3 (M) 0,440% R$ 27,40 Camisa 3 (M) 0,440% R$ 27,40 Macacão 0,879% R$ 54,80
Fonte: Elaborado pelo autor
33
4.6. Aplicação do custeio por absorção
De acordo com Nascimento (2001) o método de custeio por absorção é uma
das técnicas utilizadas para determinar o custo de produção de um bem e serviço se
agregando os custos indiretos e fixos de produção. A Tabela 8 mostra a apropriação
dos custos à produção da cooperativa de costura durante o período correspondente
ao mês de Junho de 2017.
Durante a aplicação do método de custeio por absorção, foram definidos
alguns parâmetros para que os custos e despesas pudessem ser isolados ao
período observado, um exemplo pode ser percebido ao considerar que todos os
pagamentos anteriores a junho já foram pagos.
A partir da aplicação do método de custeio por absorção foi possível chegar
aos custos médios de produção para cada unidade produzida. Os custos trazem
informações interessantes sobre o processo, o qual é perceptível que o fator mais
relevante para o custo de cada peça é o tipo de tecido utilizado. O tamanho da peça,
no entanto não representa grandes alterações quanto ao custo.
Outro aspecto relevante a ser discutido é sobre o preço praticado pela
cooperativa na venda de seus respectivos produtos. Embora os resultados do
método de custeio por absorção sofram influência direta do volume produzido
podendo gerar distorções na distribuição dos custos, é possível se ter uma boa
estimativa da realidade vivida pela organização. Os resultados obtidos deixam
evidente que em condições usuais de produção, onde o volume do pedido não
interfere no preço da compra de matéria-prima, alguns tipos de peças estão
representando “prejuízo” para a cooperativa, onde o seu preço de venda não
consegue nem cobrir seus custos de produção. Um exemplo disso é o produto
“Calça 40 Jeans” que é vendida por R$45,00 a unidade sendo que seu custo unitário
de fabricação é de R$45,56 representando uma diferença de R$0,56 centavos por
unidade. A ideia base para a formação de preços é que ele deve cobrir os custos
operacionais diretos e indiretos, e ainda assim, deve incluir em sua composição uma
margem de lucro atribuída pela organização, então seria de suma importância a
revisão desses preços com base em um controle mais assíduo sobre os custos de
fabricação identificados na cooperativa.
34
Tabela
8 –
Estim
ativa
de C
usto
Un
itári
o
Pre
ço
Pra
ticad
o
R$ 2
1,0
0
R$ 2
0,0
0
R$ 2
0,0
0
R$ 2
1,0
0
R$ 2
2,0
0
R$ 4
2,0
0
R$ 4
2,0
0
R$ 4
5,0
0
R$ 4
5,0
0
R$ 4
5,0
0
R$ 4
5,0
0
R$ 4
5,0
0
R$ 4
5,0
0
R$ 4
5,0
0
R$ 4
2,0
0
R$ 4
2,0
0
R$ 4
2,0
0
R$ 5
6,0
0
R$ 3
7,0
0
R$ 8
5,0
0
Fonte
: E
lab
ora
do
pe
lo a
uto
r
Cu
sto
To
tal
Un
itári
o
R$24,5
7
R$24,5
7
R$24,5
7
R$24,5
7
R$24,5
7
R$39,0
7
R$39,0
7
R$41,0
1
R$44,4
2
R$45,5
6
R$45,5
6
R$45,5
6
R$45,5
6
R$48,0
0
R$40,9
3
R$41,9
0
R$41,9
0
R$39,0
2
R$35,2
2
R$82,6
4
Cu
sto
To
tal
R$1.5
72,5
6
R$3.3
17,1
1
R$2.6
04,5
5
R$ 3
93,1
4
R$ 7
3,7
1
R$ 8
59,5
2
R$ 3
90,6
9
R$ 4
51,0
9
R$ 5
33,0
5
R$ 8
20,0
2
R$ 2
27,7
8
R$ 5
01,1
2
R$ 3
64,4
5
R$ 2
88,0
0
R$ 1
22,7
8
R$ 2
51,3
8
R$ 4
60,8
6
R$ 7
8,0
4
R$ 7
0,4
4
R$ 3
30,5
8
Cu
sto
MP
R$43
7,3
3
R$92
2,5
0
R$72
4,3
3
R$10
9,3
3
R$ 2
0,5
0
R$46
9,2
9
R$21
3,3
1
R$25
5,9
7
R$28
6,2
7
R$44
9,8
6
R$12
4,9
6
R$27
4,9
1
R$19
9,9
4
R$16
4,6
1
R$ 6
1,0
8
R$12
7,9
9
R$23
4,6
4
R$ 4
0,4
1
R$ 3
2,0
0
R$ 3
2,7
0
Cu
sto
s
Ind
ireto
s
R$ 8
76,7
6
R$1.8
49,4
2
R$1.4
52,1
4
R$ 2
19,1
9
R$ 4
1,1
0
R$ 3
01,3
9
R$ 1
36,9
9
R$ 1
50,6
9
R$ 1
64,3
9
R$ 2
46,5
9
R$ 6
8,5
0
R$ 1
50,6
9
R$ 1
09,6
0
R$ 8
2,2
0
R$ 4
1,1
0
R$ 8
2,2
0
R$ 1
50,6
9
R$ 2
7,4
0
R$ 2
7,4
0
R$ 5
4,8
0
Cu
sto
de
M.O
.D
R$25
8,4
6
R$54
5,1
9
R$42
8,0
8
R$ 6
4,6
2
R$ 1
2,1
2
R$ 8
8,8
5
R$ 4
0,3
8
R$ 4
4,4
2
R$ 8
2,3
8
R$12
3,5
8
R$ 3
4,3
3
R$ 7
5,5
2
R$ 5
4,9
2
R$ 4
1,1
9
R$ 2
0,6
0
R$ 4
1,1
9
R$ 7
5,5
2
R$ 1
0,2
3
R$ 1
1,0
4
R$ 4
3,0
8
Qu
an
tid
ad
e
64
135
106
16
3
22
10
11
12
18
5
11
8
6
3
6
11
2
2
4
Desc
riç
ão
Cam
isa
2 (
P)
Cam
isa
3 (
M)
Cam
isa
4 (
G)
Cam
isa
5 (
GG
)
Cam
isa
6 (
XG
G)
Cam
isa
3 (
M)
Cam
isa
4 (
G)
Cam
isa
5 (
GG
)
Calç
a 3
8 (
P)
Calç
a 4
0 (
M)
Calç
a 4
4 (
M)
Calç
a 4
2 (
M)
Calç
a 4
8 (
G)
Calç
a 5
2 (
GG
)
Calç
a 3
8 (
P)
Calç
a 4
0 (
M)
Calç
a 4
6 (
G)
Cam
isa
3 (
M)
Cam
isa
3 (
M)
Macacão (
M)
4.7. Aplicação da planilha
A implementação do controle de custos através do método de absorção na
cooperativa foi proposto como uma planilha simples (Figura 13), que fosse de fácil
entendimento para que qualquer uma das cooperadas pudesse operá-la e obter os
35
respectivos resultados esperados. A construção da planilha se deu em função das
seguintes ideias:
Objetivo: Permite armazenar e calcular os custos referentes a um período de
um mês de operação;
Praticidade: Permite agilizar os cálculos para distribuição dos custos, inclusive
os cálculos sobre as proporções de absorção para cada produto de forma
automática;
Usabilidade: Adaptação e simplificação dos comandos com inclusão da tabela
final contendo as informações completas sobre cada tipo de custo e também
uma sugestão de preço de venda de acordo com uma margem de lucro que
também pode ser modificado.
Figura 13: Interface inicial da planilha
Fonte: Elaborado pelo autor
36
5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES
O estudo foi realizado com o objetivo de aplicar o método de custeio por
absorção na cooperativa Unilabor em João Monlevade/MG. A ideia era identificar a
situação dos custos de produção da cooperativa por meio de um processo de
mapeamento e alocação dos custos diretos e indiretos aos produtos. Os resultados
mostraram que a cooperativa deve ser mais cautelosa em relação ao preço de
venda de seus produtos para evitar interpretações equivocadas, resultando em
possíveis prejuízos.
O método de custeio por absorção possibilitou a estratificação de cada custo
direto e indireto que afetam a atividade fim da cooperativa na confecção de
uniformes, bem como entender melhor como se dá suas macro e micro atividades,
permitindo uma visão ampla que permite visualizar o desempenho da organização.
A aplicação do custeio por absorção permitiu identificar que no cenário atual a
cooperativa não pratica, na maioria de seus pedidos, o preço mínimo para cobrir
seus custos de operação, o que reflete diretamente na capacidade de pagar seus
débitos e também na quantidade de sobras ao final de cada mês, que nem sempre
são suficientes para que as cooperadas façam a retirada no valor combinado.
Sugere-se como trabalho futuro, a identificação de fatores que possam
contribuir para a redução dos custos relacionados principalmente à compra e
consumo de matéria-prima, para que não haja compras de pequenas quantidades
de tecidos para um mesmo pedido, que representam maior custo de aquisição.
Outro fator importante seria em relação ao aproveitamento de toda a extensão da
mesa de corte, pois com sua utilização por completo é possível aproveitar melhor o
tecido na atividade de corte, resultando em uma redução nos custos relacionados à
matéria-prima, e até mesmo, diminuindo o gasto de tempo na operação.
Outra alternativa que se enquadraria bem devido à natureza da atividade da
cooperativa seria talvez a aplicação do Lean Manufacturing para identificar os
pontos cabíveis de melhoria no processo, aumentando o tempo priorizado às
atividades que agregam valor ao produto final.
37
6. REFERÊNCIAS
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BRASIL. Código Civil, Lei 10.406 de 10 de Janeiro de 2002. 1a edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
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CRÚZIO, H, O. Como organizar e administrar uma cooperativa. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002.
DO NASCIMENTO, Fernando Rios. Cooperativismo como Alternativa de Mudança. RJ: Forense, 2000.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9ª Edição. São Paulo: Atlas, 2003.
MEGLIORINI, Evandir. Custos: análise e gestão. 3ª Edição. São Paulo: Pearson, 2012.
MEINEN, Ênio; PORT, Márcio. Cooperativismo Financeiro Percurso Histórico, Perspectivas e Desafios. São Paulo: Editora Confebras, 2014.
PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva - Técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro, Campus, 2004.
REISDORFER, Vitor Kochhann. Introdução ao Cooperativismo. Santa Maria: Universidade Federal
de Santa Maria, Colégio Politécnico, Rede e-Tec Brasil, 2014.
SANTOS, José Luis dos; et al. Fundamentos de Contabilidade de Custos. 22ª Edição. São Paulo:
Editora Atlas, 2006.
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Cooperativa, série empreendimentos coletivos. Brasília, 2014.
SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.
TURRIONI, João Batista; MELLO, Carlos Henrique Pereira. Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção. Itajubá: Universidade Federal de Itajubá, 2011.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ, Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção.
Itajubá, 2011.