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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO MCTI INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais- CFT DESEMPENHO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS PARA A ANÁLISE ESTRUTURAL DA FLORESTA DE TERRA FIRME NA AMAZÔNIA CENTRAL IOKANAM SALES PEREIRA Manaus, Amazonas Abril 2018

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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO – MCTI

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais- CFT

DESEMPENHO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS PARA A ANÁLISE

ESTRUTURAL DA FLORESTA DE TERRA FIRME NA AMAZÔNIA CENTRAL

IOKANAM SALES PEREIRA

Manaus, Amazonas

Abril 2018

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IOKANAM SALES PEREIRA

DESEMPENHO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS PARA A ANÁLISE

ESTRUTURAL DA FLORESTA DE TERRA FIRME NA AMAZÔNIA CENTRAL

Orientador: Dr. Henrique E. Mendonça do Nascimento

Co-orientador: Dr. Florian Hofhansl

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências de Florestas

Tropicais como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em

Ciências de Florestas Tropicais.

Manaus, Amazonas

Abril 2018

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Sinopse:

Estudou- se o desempenho de aparelhos eletroeletrônicos para a coleta de

variáveis biométricas de uma floresta primária próxima ao município de

Manaus. Além disso, foram analisadas as magnitudes dos erros das

medidas dos aparelhos com medidas de campo.

Palavras chave:

Estrutura florestal, floresta tropical, laser rangefinder, laser escâner

terrestre, variáveis biométricas.

C436d Pereira, Iokanam Sales

Desempenho de dispositivos eletrônicos para a análise estrutural da

floresta de terra firme na Amazônia Central / Iokanam Sales Pereira. -

Manaus: [s. n.], 2018. 43 f.

Dissertação (Mestrado) - INPA, Manaus, 2018.

Orientador: Henrique E. Mendonça do Nascimento.

Coorientador: Florian Hofhansl .

Programa: Ciências de Florestas Tropicais.

1. Estrutura florestal. 2. Floresta de terra firme. 3. Variáveis

biométricas. I. Título

CDD 634.9285

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Maria Helena Sales e João Pereira de Sousa, por tudo!

Aos meus irmãos que mesmo eu estando longe sempre se fizeram presentes.

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI) e ao Programa de Pós-

graduação em Ciências de Florestas Tropicais (CFT) pela oportunidade.

Ao programa “Free-Air CO2 Enhancement Experiment in the Amazon” (AmazonFACE) pela

área de estudo e apoio logístico.

À FAPEAM pela bolsa de pesquisa.

Ao Dr. Carlos Alberto Quesada por acreditar em mim e pela chance dada de trabalhar com

pessoas incríveis.

Ao Dr. Henrique Nascimento por todo o tempo, paciência, competência, conselhos e

conhecimentos compartilhados comigo.

Ao Dr. Florian Hofhansl por toda paciência e dedicação em me orientar com um asunto totalmente

novo e fascinante.

A todos os amigos de laboratório e projeto: Juliane, Nathyele, Sabrina, Takeshi, Luciano,

Alacimar, Sheila, Kartz, Erik, Florian, Oscar, Lucia, Leonardo, Maira, Nathan, Matheus,

Cristhian e Marciel.

Ao pessoal da base do LBA-km 34, França, Eliseu, “Dona Gigi” e “Zézinho” que sempre me

trataram com respeito e consideração.

À minha namorada Jessica Campos que sempre foi uma companheira para todos os momentos

vivenciados durante este mestrado.

E a todos os colegas da turma CFT 2016.

Obrigado!

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“Há quem passe pela floresta e só veja lenha para a fogueira.”

Léon Tolstoi

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RESUMO

Tecnologias que têm o laser como princípio de funcionamento vêm sendo consideradas

promissoras para a obtenção de variáveis dendrométricas de difícil medição em campo. No

entanto, tais tecnologias necessitam ser avaliadas quanto à precisão e acurácia em diferentes

ecossistemas florestais. O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho de duas tecnologias

para obtenção de duas variáveis dendrométricas, o diâmetro medido à altura de 1,30 m do solo

(DAP) e a altura total (Ht), em uma área de floresta de terra-firme na Amazônia central. As

tecnologias analisadas foram um conjunto de dispositivos eletrônicos interligados (suta

eletrônica para o DAP e laser rangefinder para a Ht) e um LiDAR do tipo terrestre (TLS). Um

total de 55 indivíduos arbóreos com DAP ≥ 10 cm foi medido dentro de uma parcela circular

de 30 m de diâmetro. Para o DAP, as medidas das tecnologias foram comparadas com

medidas realizadas com uma fita diamétrica, enquanto que as medidas de Ht foram

comparadas com medidas utilizando fita métrica. As medidas de DAP obtidas com as

diferentes tecnologias foram muito próximas em termos de precisão e acurácia, com as

medidas com a suta eletrônica apresentando uma leve tendência sistemática em subestimar as

medidas da fita diamétrica. Por outro lado, as estimativas da altura usando as diferentes

tecnologias apresentaram uma menor correspondência das alturas medidas pelos aparelhos

com as alturas reais. As medidas advindas do TLS foram ligeiramente melhores do que as

medidas com o laser rangefinder em termos de precisão e acurácia. Foram também

comparadas as medidas Ht advindas das diferentes tecnologias com as estimativas de Ht

advindas de duas equações hipsométricas ajustadas para a Amazônia central (Feldpaush et al.

(2011) e Lima et al. (2012). Embora com precisão satisfatória, a equação de Feldpaush et al.

(2011) apresentou forte tendenciosidade nas estimativas, subestimando sistematicamente as Ht

reais dos indivíduos, quando comparado com as tecnologias analisadas e a equação de Lima et

al. (2011). A equação de Lima et al. (2011), por outro lado, apresentou uma tendência em

subestimar árvores maiores de 20 m de Ht e superestimar árvores menores de 20 m.

Palavras chave: Estrutura florestal, floresta tropical, laser rangefinder, laser escâner terrestre,

variáveis biométricas

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ABSTRACT

Technologies with the laser as operating principle have been considered a promising initiative

to obtain demanding dendrometric variables in the field. However, such technologies need to

be evaluated in terms of precision and accuracy in different forest ecosystems. This study

aimed to evaluate the performance of two technologies in obtaining two dendrometric

variables, the diameter measured at the breast height (DBH) and total height (Ht) in a terra

firme forest in central Amazonia. The two technologies were a set of interconnected electronic

devices (electronic caliper for the DAP and laser rangefinder for the Ht) and a terrestrial

LiDAR (TLS). A total of 55 trees with DBH ≥ 10 cm were measured within a 30-m diameter

circular plot. For the DBH, the measurements of the technologies were compared with

measurements made by a diametric tape, whereas the measurements of Ht were compared

with measurements using a metric tape. The measurements of DBH obtained with the

different technologies were very similar in terms of precision and accuracy, with

measurements with the electronic caliper showing a slight systematic tendency to

underestimate the DBH tape measurements. On the other hand, Ht estimates using the

different technologies presented a lower correspondence of the Ht measured by the metric

tape. Measures from TLS were slightly better than those measured with laser rangefinder in

terms of accuracy and accuracy. Ht measurements from the different technologies were

compared with the estimates of Ht from two hypsometric equations adjusted for central

Amazonia (Feldpaush et al. (2011) and Lima et al. (2012). Although with reasonable

precision, the equation of Feldpaush et al. (2011) presented a strong bias in the estimates,

systematically underestimating the real Ht when compared with the technologies analyzed and

the equation of Lima et al. (2011). The equation of Lima et al. (2011), on the other hand,

showed a tendency to underestimate trees larger than 20 m and to overestimate trees smaller

than 20 m.

Keywords: Forest structure, tropical forest, laser rangefinder, terrestrial laser scanner,

biometric variables

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................... x

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 11

2. OBJETIVOS ................................................................................................................................... 14

2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................................... 14

2.2. Objetivos específicos ..................................................................................................................... 14

3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................... 14

3.1. Área de estudo ............................................................................................................................... 14

3.2. Coleta de dados ............................................................................................................................. 16

3.2.1. Dados observados ........................................................................................................................ 16

3.2.2. Dados estimados ......................................................................................................................... 17

3.3. Análise dos dados .......................................................................................................................... 23

4. RESULTADOS............................................................................................................................... 25

4.1. Magnitude dos erros entre as tecnologias ...................................................................................... 25

4.2. Validação das equações hipsométricas .......................................................................................... 29

5. DISCUSSÃO ................................................................................................................................... 31

6. CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 35

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................................... 35

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Mapa da área de estudo e localização das parcelas do AmazonFACE dentro da Estação

Experimental de Silvicultura Tropical (EEST). A parcela analisada está destacada no mapa inferior

(em branco). .......................................................................................................................................... 15

Figura 2- Dispositivos eletrônicos para medição de variáveis biométricas (a) TLS RIEGL VZ 400, (b)

laser rangefinder Trupulse 360R, (c) suta eletrônica BT MEM e (d) computador portátil Getac T800

com o software Field-Map®. ................................................................................................................. 17

Figura 3- Medida da altura total tomadas com o LR com o auxílio de um alvo refletor posicionado

próximo a árvore (Adaptado de Field-Map Catalog). ........................................................................... 18

Figura 4- Esquema de posicionamento do TLS (círculo preto fechado) dentro da parcela circular

(círculo preto aberto) para o escaneamento múltiplo das árvores (pontos cinzas). .............................. 20

Figura 5- Exemplo de uma nuvem de pontos gerada a partir do escaneamento da parcela e suas

variáveis obtidas com o 3D Forest. À esquerda, temos o exemplo para estimar a altura da nuvem de

pontos (TLS Height = 28,92 m) e o comprimento da nuvem de pontos (TLS length = 29,04 m). À

direita estão as estimativas de DAP através de transformação randomizada de Hough (RHT = 39,57

cm) e da regressão por mínimos quadrados (LSR = 39,6 cm). ............................................................. 23

Figura 6- Gráficos de DAPs observados (eixo x) vs. DAPs estimado (suta eletrônica, TLS-RHT e

TLS-LSR) (eixo y), para duas diferentes classes de tamanho de árvore: 10 ≤ DAP ≤ 30cm (painel

superior) e todas as árvores (painel inferior). Linhas sólidas representam os modelos lineares ajustados

e as linhas tracejadas representam as linhas 1: 1 (Y = X). .................................................................... 26

Figura 7 – Desvio-padrão das diferenças entre as medidas estimadas e observadas para o DAP (A) e

Ht (B) para as três métodos diferentes. .................................................................................................. 27

Figura 8- Gráfico de Ht observada (eixo x) vs. Ht estimado (laser rangefinder, TLS-Height e TLS-

Length) para diferentes classes de tamanho de árvore: 10 ≤ Ht ≤ 20m (painel superior), 20 ≤ Ht ≤ 35m

(painel do meio) e todos os dados ( painel inferior). Linhas sólidas representam os modelos lineares

ajustados e as linhas tracejadas representam as linhas 1: 1 (Y = X). .................................................... 28

Figura 9- Gráficos da Ht observada (eixo x) vs. equações hipsométricas DAP: Ht (eixo y) para a

Amazônia central. Linhas sólidas representam os modelos lineares ajustados e as linhas tracejadas

representam as linhas 1: 1 (Y = X). ....................................................................................................... 30

Figura 10- Desvio padrão das diferenças entre o Ht observado e o estimado com duas equações

hipsométricas DAP: Ht para a Amazônia Central. ................................................................................ 30

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1. INTRODUÇÃO

É notório o papel das florestas tropicais na mitigação das mudanças climáticas através

da absorção do carbono atmosférico e subsequente conversão em biomassa (Phillips et al.

2004; Pan et al. 2011). As estimativas da biomassa viva acima do solo em florestas tropicais

advêm do uso de parcelas permanentes dentro das quais são coletadas variáveis

dendrométricas ao longo do tempo. Protocolos são estabelecidos para a medição de variáveis

estruturais nestas parcelas com o intuito de i) padronizar as medidas possibilitando a

comparação entre diferentes locais e ii) minimizar os erros não amostrais (Condit 1998;

TEAM 2010; Marthews et al. 2014; Anderson-Teixeira et al. 2015; Phillips et al. 2016). As

informações coletadas são então utilizadas em modelos alométricos ajustados para a

estimativa de biomassa no nível de parcela. No entanto, há ainda grandes incertezas

associadas ao uso de modelos alométricos. Tais modelos usam originalmente o diâmetro do

fuste medido à altura de 1,30 m em relação ao solo (DAP) como principal variável preditora

da biomassa individual, mas a inserção de variáveis tais como altura total (Ht) e densidade da

madeira vêm sendo apontadas como promissoras para o aumento da precisão no nível local,

pois estes atributos apresentam variação associada às características ambientais (Chave et al.

2004, 2014; Nogueira et al. 2008; Banin et al. 2012; Siliprandi et al. 2016). Neste sentido, a

inserção e a aferição da Ht nos modelos alométricos pode diminuir substancialmente as

incertezas das estimativas de biomassa, principalmente em áreas onde não ainda se têm

equações alométricas definidas, como é o caso da maioria das florestas da Amazônia.

A medição direta do DAP nas parcelas permanentes, em que se utiliza geralmente fita

diamétrica, caracteriza-se pela rapidez e consequente baixo custo operacional, mas as suas

medidas podem resultar em erros não aleatórios devido a imperfeições localizadas no tronco

(e.g, sapopemas, calos, fissuras, deformidades), posicionamento errôneo da fita na árvore e

erro de leitura da medida ou pelo operador ou anotador. No entanto, tais erros podem ser

significativamente minimizados pela remedição das parcelas com diferentes equipes de

campo (ver Clark e Clark 2000). Por outro lado, a obtenção direta da altura arbórea é

considerada altamente laboriosa e duradoura e, consequentemente, de alto custo de obtenção

em campo. Além disso, pode apresentar uma menor acurácia comparada ao DAP, devido à

maior dificuldade do operador visualizar o topo da árvore. Dada essa dificuldade de obtenção

da Ht em campo, uma forma proposta tem sido o ajuste de relações hipsométricas (relação

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DAP e Ht) em escalas local, regional e pantropical em florestas tropicais (Feldpausch et al.

2011; Lima et al. 2012; Ledo et al. 2016).

Para as variáveis dendrométricas de difícil obtenção de coleta em campo, causado pela

estratificação e presença de material vegetativo (galhos e folhas) nas camadas intermediárias

do dossel, tais como Ht e variáveis relacionadas à copa, tecnologias que utilizam o laser

rangefinder (LR) como princípio de funcionamento, vêm demonstrado resultados satisfatórios

tanto em florestas temperadas (Bragg 2007a, b; Bragg et al. 2011) quanto em florestas

tropicais (Stark et al. 2012; Hunter et al. 2013; Almeida et al. 2016). Laser é um acrônimo de

“amplificação da luz por emissão estimulada de radiação” (do inglês Light Amplification by

Stimulated Emission of Radiation). O LR é capaz de determinar a distância de um dado objeto

de acordo com o tempo de emissão e retorno de um feixe de laser ao dispositivo com precisão

milimétrica (Bosch 2001). Os inventários nacionais na Europa utilizam uma nova proposta

para levantamento de variáveis biométricas em campo, no qual o LR é integrado a outros

dispositivos eletrônicos e computadores portáteis (Kalliovirta et al. 2005). O dispositivo

proposto pelo Instituto de Pesquisa de Ecossistemas Florestais (Institute of Forest Ecosystem

Research, Praga, República Checa) integra o LR (para medir distância e altura), a uma suta

eletrônica para medir diâmetros e a um computador portátil por Bluetooth1, que possui

softwares específicos para auxiliar na coleta, armazenamento, visualização e análise dos

dados em campo (www.fieldmap.cz).

Uma outra tecnologia que também utiliza a tecnologia LR para extrair variáveis

biométricas da vegetação é o LiDAR (do inglês Light Detection and Ranging), em que são

pulsados milhares de feixes de laser ao ambiente e registrado o retorno dos pulsos em

coordenadas tridimensionais no plano x,y,z, podendo ser gerado um mapa tridimensional

conhecido como nuvem de pontos (Riegl Laser Measurement Systems 2014; Newnham et al.

2015). Em florestas temperadas e tropicais a forma mais disseminada que esta tecnologia é

utilizada é o laser escâner aerotransportável, conhecido como ALS (do inglês airborne laser

scanning). Tal tecnologia permite o escaneamento de extensas áreas de forma

economicamente viável (Asner e Mascaro 2014; van Leeuwen e Disney 2018). Outra forma

que o sensor LiDAR pode ser usado é aquela montado ao nível do solo de forma móvel ou

portátil, esse sistema é conhecido como terrestrial laser scanner (TLS). Existem diversos

tipos e modelos de TLS disponíveis no mercado, oferecendo diferenças principalmente quanto

1 Bluetooth

® é uma tecnologia sem fio que permiti o compartilhamento de informações digitais entre dispositivos

sem a necessidade de internet.

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ao nível de resolução, alcance do feixe de laser e acurácia das medidas (Kelbe et al. 2015;

Calders et al. 2017). O tipo de TLS mais comumente empregado à atenção na área florestal é

o do tipo de alta resolução, capaz de registrar milhões de pontos, recriar a forma original de

um objeto (e.g. árvore) no plano digital, além da resposta espectral de um determinado alvo

(Newnham et al. 2015; van Leeuwen and Disney 2018). Tais propriedades técnicas permitem-

se obter as diferentes variáveis dendrométricas, além de índice de área vegetal (IAP, do inglês

plant area index), volume de galhos e folhas, volume do tronco e arquitetura de copa (Dassot

et al. 2011; Calders et al. 2015b; Liang et al. 2016; Wang et al. 2016).

Estudos de variáveis estruturais com o uso do LR e do TLS estão bastante avançados

em florestas temperadas (Yang et al. 2013; Krooks et al. 2014; Raumonen et al. 2015;

Åkerblom et al. 2017). A principal limitação do uso de tecnologias que utilizam o laser como

princípio de funcionamento no ambiente florestal, seja temperada ou tropical, é a oclusão

(obstrução) do feixe de laser pelo material vegetativo presente nas diferentes camadas do

estrato florestal e aumenta conforme o feixe se distancia do TLS (Lovell et al. 2003, 2011;

Strahler et al. 2008; Yao et al. 2011). Nos aparelhos LR portáteis, por sua vez, existem

modelos específicos para uso florestal que possuem configurações para aliviar o problema da

oclusão, em que geralmente são utilizados filtros de folhagem e configurações onde o pulso

do laser é emitido de forma a retornar somente ao atingir um alvo refletor (Laser Technology

Inc. 2009). Para o TLS uma das formas de aliviar os efeitos da oclusão é o múltiplo

escaneamento das árvores de interesse, no qual o TLS é montado em diferentes locais da

parcela, buscando diferentes ângulos de visada da mesma árvore para formar uma nuvem de

pontos mais próxima da forma original (Hopkinson et al. 2004; Tansey et al. 2009; Astrup et

al. 2014; Fournier et al. 2015).

O uso do LR portátil em florestas tropicais pode resultar em diferentes magnitudes de

erros, dependendo do operador e do cálculo utilizado para a obtenção da altura (Larjavaara e

Muller-Landau 2013) e devido às diferenças estruturais das parcelas (Hunter et al. 2013). Em

florestas tropicais, os estudos com dispositivos eletrônicos interligados que utilizam o LR

portátil são ainda escassos. Os dispositivos interligados de LR avaliados nesse estudo foram

utilizados uma única ocasião em uma área de floresta tropical em Brunei, Ásia (Hédl et al.

2009). Nesse estudo, os autores avaliaram somente a funcionalidade do dispositivo em relação

a precisão e acurácia do DAP e mapeamento dos indivíduos arbóreos. Por outro lado, estudos

que utilizam o TLS para análise da estrutura da vegetação em florestas tropicais vêm

aumentando significativamente nos últimos três anos (e.g, Rahman et al. 2015, 2017; Olagoke

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et al. 2016; Palace et al. 2016; Prasada et al. 2016; Tavares et al. 2016; Burt 2017; Momo et

al. 2017; Tanago et al. 2017; Disney et al. 2018).

O uso de tais tecnologias oferece uma oportunidade de se obter diversas variáveis

dendrométricas para grande número de parcelas de forma relativamente rápida e, como

consequência, a inserção dessas variáveis resultará em modelos alométricos de estimativas de

biomassa mais precisos. Embora venham mostrando resultados satisfatórios (Hunter et al.

2013; Calders et al. 2015a; Tanago et al. 2017), é necessário submetê-las às diferentes

situações e ambientes para se possa avaliar a magnitude dos erros associados às estimativas

das variáveis de interesse. O presente estudo teve como objetivo testar o desempenho de duas

tecnologias, LR e TLS, em termos de precisão e acurácia nas medidas do DAP e Ht. Aliado a

isso, o estudo também comparou a precisão e a acurácia de duas relações hipsométricas com

aquelas obtidas com o uso das duas tecnologias.

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Investigar o desempenho de aparelhos eletrônicos para a medida de variáveis

dendrométricas em uma floresta de terra firme na Amazônia central.

2.2. Objetivos específicos

Avaliar os diferentes tipos de erros nas medidas das variáveis biométricas obtidas com

aparelhos eletrônicos interligados e do TLS com medidas convencionais.

Avaliar se relações alométricas entre DAP:Ht propostas para Amazônia central são

adequadas para estimativas de Ht para o local deste estudo.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área de estudo

O estudo foi realizado na Estação Experimental de Silvicultura Tropical (EEST),

administrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), núcleo ZF-2. As

parcelas utilizadas para este estudo estão localizadas no km 34 da estrada vicinal ZF-2 a qual

se inicia no km 50 da rodovia BR-174 (2°36’32,67’’ S; 60°12’33,48 O) (Figura 1). Essas

parcelas fazem parte do programa AmazonFACE (do inglês Free-Air CO2 Enhancement

Experiment in the Amazon ou Experimento de Enriquecimento de CO2 ao Ar Livre na

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Amazônia), que visa analisar as respostas ecofisiológicas de uma floresta tropical madura

frente um cenário de mudanças climáticas, com o aumento da concentração de CO2

atmosférico em 50% acima das concentrações atuais. O referido programa se encontra na sua

fase inicial com a obtenção de informações anteriores à aplicação do CO2, com a avaliação

dos processos ecofisiológicos acima e abaixo do solo em condições naturais para

comparações futuras pós-fertilização (Lapola e Norby 2014; Hofhansl et al. 2016).

Figura 1- Mapa da área de estudo e localização das parcelas do AmazonFACE dentro da Estação

Experimental de Silvicultura Tropical (EEST). A parcela analisada está destacada no mapa inferior

(em branco).

O clima da região é Am segundo a classificação de Köppen-Geiger, o que caracteriza

um clima tropical chuvoso, com temperaturas médias mensais variando de 24 a 27 ºC (Peel et

al. 2007). A precipitação anual é de 2400 mm com um período seco entre os meses julho,

agosto e setembro, onde a precipitação mensal é menor que 100 mm (Araújo et al. 2002; Peel

et al. 2007). Os solos são argilosos do tipo Latossolo Amarelo com alto teor de argila e baixa

fertilidade natural (Luizão et al. 2004).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1992) a vegetação é

caracterizada como floresta ombrófila densa, sendo típica de uma floresta de terra firme. A

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estrutura da vegetação forma um dossel com 30 m de altura, sendo que as árvores emergentes

podem chegar a 45 m, com indivíduos chegando a valores acima de 90 cm de DAP e com área

basal entre 28- 30 m2/ha (Vieira et al. 2004). As famílias mais abundantes são Lecythidaceae,

Sapotaceae, Arecaceae, Euphorbiaceae, Burseraceae e Chrysobalanaceae e as famílias mais

ricas em espécies são Chrysobalanaceae, Sapotaceae e Lauraceae (Carneiro et al. 2005).

3.2. Coleta de dados

3.2.1. Dados observados

O programa AmazonFACE conta com oito parcelas de formato circular com 30 metros

de diâmetro cada (15 metros de raio), compreendendo uma área total de 706 m2 (0.07 ha). As

parcelas estão distribuídas nos 400 metros iniciais de um transecto sentido norte-sul e engloba

apenas áreas mais altas do relevo (platô). Duas parcelas possuem torres que ultrapassam o

dossel superior da floresta e contam com equipamentos para medidas micrometeorológicas

(Lapola e Norby 2014). O presente estudo foi realizado em uma parcela do projeto (Fig. 1).

Os dados considerados como realidade de campo (observados) foram coletados entre

junho e dezembro de 2016. Para o DAP foram consideradas as medidas tomadas com uma fita

diamétrica de 5 m (Forestry Supplies, Mississippi, EUA). As medidas foram tomadas

preferencialmente a 1,30 m do nível do solo, mas no caso de imperfeições ou sapopemas o

ponto de medida foi deslocado para cima até que a forma se normalizasse. Após a coleta de

cada DAP foi realizado a marcação do ponto de medida com tinta (Condit 1998; Marthews et

al. 2014). O limite de inclusão dos indivíduos inventariados foi de DAP ≥ 10 cm. Para a Ht,

os dados observados foram obtidos através de uma fita métrica de 50 m (Irwin Tools,

Carolina do Norte, EUA), sendo levada por um escalador até o ponto mais alto da árvore de

interesse (Clark et al. 2001; Feldpausch et al. 2011). Caso o ponto mais alto não fosse

alcançado, o escalador utilizou uma vara de medida para se alcançar o ponto mais alto da

copa. Um total de 55 árvores tiveram seus DAP e Ht medidas nesta parcela. O DAP variou de

10 a 55,8 cm e a Ht, de 13,2 a 33,3 m.

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Figura 2- Dispositivos eletrônicos para medição de variáveis biométricas (a) TLS RIEGL VZ 400, (b)

laser rangefinder Trupulse 360R, (c) suta eletrônica BT MEM e (d) computador portátil Getac T800

com o software Field-Map®.

3.2.2. Dados estimados

Neste estudo, as medidas com as tecnologias utilizadas são definidas como medidas

estimadas. As medidas estimadas do DAP e Ht foram provenientes do (i) TLS RIEGL VZ400

(Riegl Laser Measurement Systems, Horn, Áustria) (Fig. 2a), (ii) laser rangefinder TruPulse

360R (Laser Technology Inc., Colorado, EUA) (Fig. 2b) e (iii) suta eletrônica BT MEM

(Masser OY, Rovaniemi, Finlândia) (Fig. 2c). Estes dois últimos aparelhos interligados a um

computador portátil Getac T800 (Getac, Hsinchu County, Taiwan) integrado ao software

Field-Map® (Institute of Forest Ecosystem Research Ltd., Praga, República Tcheca), em que

os dados são armazenados de forma instantânea, sem a necessidade de anotações pelo

operador (Fig. 2d).

Para a estimativa do DAP foi utilizada a suta eletrônica (Fig. 2c), onde foi retirada a

média das medidas perpendiculares no tronco, no mesmo local onde foi feita a medida com a

fita diamétrica. A suta eletrônica possui um gatilho o qual deve ser pressionado uma vez para

cada medida no tronco. As medidas são enviadas para o computador portátil e

automaticamente o software Field-Map® calcula a média geométrica entre as medidas e as

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registra. Caso tenha ocorrido algum erro durante a medida é possível através de um toque na

tela do computador portátil refazer a medida.

A Ht foi estimada com o LR utilizando o método tangente proposto por Larjavaara e

Muller-Landau (2013). O técnico responsável pelas medidas procurou um local que era

possível visualizar o ponto mais alto da copa e o tronco da árvore em questão, sem ultrapassar

a inclinação de 45º entre o responsável e o topo da árvore. Ao encontrar o ponto mais alto o

técnico deve seguir dois passos indicados pelo aparelho para estimar a altura. O primeiro

passo é posicionar um bastão topográfico munido de um alvo refletor em frente a árvore de

interesse. O ideal é que esse procedimento seja feito por uma segunda pessoa, em um local

que o técnico consiga visualizar o alvo. Posteriormente, deve-se fazer um disparo com o LR

para o alvo refletor e depois de registrado, de forma automática, o técnico deve fazer um

segundo disparo para o ponto mais alto da copa (Fig. 3). Após os disparos a Ht é mostrada na

tela do computador portátil. Assim como para o DAP, em caso de erro qualquer medida pode

ser refeita com um toque na tela. Os dados de DAP e Ht ficam registrados em uma planilha

digital no computador portátil que podem ser acessados e extraídos via mídias portáteis (e.g.

cartão de memória, disco rígido) e/ou redes sem fio (Bluetooth).

Figura 3- Medida da altura total tomadas com o LR com o auxílio de um alvo refletor posicionado

próximo a árvore (Adaptado de Field-Map Catalog).

Os escaneamentos tridimensionais das árvores foram realizados com o TLS RIEGL

VZ-400 (Fig. 2a). A divergência do feixe de laser é 0,35 mrad operando na faixa do

infravermelho próximo (comprimento de onda 1550 nm), podendo registrar alvos dentro de

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um alcance de até 350 m. O aparelho possui sensores internos que nivelam o aparelho no tripé

de forma automática nos três planos dimensionais (x, y, z) (Riegl Laser Measurement Systems

2014). As configurações foram as mesmas em todas as posições de escaneamento (Fig. 4) e

estão resumidas na Tabela 2. O TLS é capaz de adquirir de forma rápida uma grande

quantidade de dados, pois registra múltiplos retornos dos pulsos de laser (até quatro retornos

por pulso emitido), levando assim a uma melhor amostragem para os alvos mais distantes,

como por exemplo as copas mais altas (Calders et al. 2015a). Os dados de TLS foram

coletados usando o modo de alta velocidade para obter a quantidade máxima de pontos de

retorno de laser por tempo, o que melhora substancialmente a caracterização da estrutura da

floresta. Ao contrário, o modo de longo alcance produz menos pontos de retorno por tempo,

pois ajusta a frequência do laser para produzir menos pulsos, porém mais potentes e que

percorrem distâncias mais longas (Lemmens 2011), uma característica não necessariamente

útil para o objetivo deste estudo.

Tabela 2- Configurações utilizadas nos escaneamentos com o TLS RIEGL VZ 400 na parcela

do AmazonFACE.

Divergência do feixe de laser 0,35 mrad *

Taxa de repetição do feixe de laser 300 kHz

Alcance de leitura vertical 30- 130º

Alcance de leitura horizontal 0-360º

Alcance mínimo 1,5m

* 0,35 mrad corresponde a um aumento de 35 mm de diâmetro do feixe em 100 m de distância.

Foram utilizados de 8 a 10 pontos de escaneamento em um esquema de amostragem

sistemática, com um local de escaneamento central e um local de escaneamento

aproximadamente a 10 m do centro em cada direção cardinal, de tal forma que a distância

média entre escaneamentos não ultrapassou 10 metros (Fig. 4). O RIEGL VZ-400 tem um

alcance de ângulo vertical (Zenith) de 30-130° (Tabela 2). Portanto, um escaneamento

adicional foi adquirido em cada localização de escaneamento com o instrumento inclinado em

90º da vertical para amostrar de forma completa o dossel. O tempo de coleta por posição foi

de aproximadamente 2 minutos para ambas as posições (vertical e inclinada em 90°). Para a

identificação das cenas geradas por cada posição do TLS no múltiplo escaneamento, foram

distribuídos ao longo das parcelas alvos refletores.

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Figura 4- Esquema de posicionamento do TLS (círculo preto fechado) dentro da parcela circular

(círculo preto aberto) para o escaneamento múltiplo das árvores (pontos cinzas).

As cenas geradas por cada escaneamento no passo anterior precisam ser alinhadas em

um sistema comum de coordenadas para formar uma única nuvem de pontos para toda a

parcela. Este processo é definido como registro da nuvem de pontos (Henning e Radtke 2006;

Hosoi e Omasa 2006; Wilkes et al. 2017). O processo foi feito de forma automática no

programa RiSCAN PRO (Riegl Laser Measurement Systems 2014) que identifica os alvos

refletores em cada cena de escaneamento. Para tal, foram distribuídos, em campo, 4 alvos

refletores para cada local de escaneamento, considerado o número mínimo para obter posições

exatas dos pontos nas coordenadas x,y,z, (Calders et al. 2017). Os alvos utilizados foram

feitos a partir de uma fita refletora colada em cilindros de plástico de 5 cm de diâmetro e 10

cm de altura (Wilkes et al. 2017). No entanto, quanto mais alvos refletores puderem ser

detectados pelos escaneamentos melhor será o procedimento de registo automatizado.

Para extrair uma nuvem de pontos para cada árvore individual foi usado o algoritmo

treeseg. proposto por Burt (2017), disponível em https://github.com/apburt/treeseg. O treeseg.

é formado, em parte, por algoritmos de uma biblioteca aberta em linguagem computacional

C++, conhecida como Point Cloud Library (http://pointclouds.org), que auxiliam no

processamento e análise de nuvem de pontos (Rusu e Cousins 2011). A extração

semiautomática de cada árvore na nuvem de pontos gerada pelo múltiplo escaneamento (Fig.

4) ocorre através de quatro passos: (i) identificação dos troncos através da segmentação a

partir do nível do solo e dos valores de reflectância2; (ii) ajuste de uma forma de cilindro nos

2 Reflectância é a proporção entre o fluxo de radiação eletromagnética incidente numa superfície e o fluxo que é

refletido. Para o LiDAR os valores variam dentro de uma escala logarítmica de decibéis, quanto menor o nível

mais forte o sinal, os retornos do TLS deste estudo variam de 0 a 50 dB.

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troncos detectados e aplicação de uma série de filtros que passam em relação à nuvem de

pontos não filtrada no passo anterior, para extrair as árvores individuais; (iii) identificação

sequencial dos aglomerados de pontos, definidos pela densidade de pontos por seções de

altura ao longo do comprimento da árvore, para remover a vegetação e outros artefatos não

relacionadas destas nuvens e (iv) inspeção visual em toda a nuvem de pontos e, se necessário,

remoção manual de vegetação não relacionada de árvores vizinhas (Hopkinson et al. 2004;

Calders et al. 2015a; Burt 2017).

No primeiro passo, foram utilizados dados brutos do TLS dentro dos raios de 15 m das

parcelas e que apresentaram altos valores de refletância. Foi criado um modelo digital do

terreno (MDT) na nuvem de pontos com os retornos mais baixos localizados no eixo z. Após

o MDT tira-se uma seção da nuvem de pontos de 6 m de altura no eixo z; restando apenas

aglomerados de pontos, que são potenciais árvores ou outro material vegetal. No segundo

passo a fatia gerada no passo anterior é submetida ao algoritmo interativo RANSAC (do

inglês Random Sample Consensus), que ajusta um cilindro nos aglomerados de pontos

identificados anteriormente. No terceiro passo os troncos identificados anteriormente são

filtrados junto da sua área circunvizinha e os pontos do chão são removidos. O algoritmo

RANSAC agora é utilizado para identificar a forma do tronco ao longo do eixo z e os pontos

que pertencem a árvore de interesse. O algoritmo começa a análise no nível do solo e vai

aumentando suas seções em 1 m de altura no eixo z, ao passo que as seções vão subindo em

relação ao ápice da árvore, tais seções aumentavam três vezes suas dimensões nas

coordenadas x, y, em comparação com a seção anterior. Buscando identificar a estrutura da

copa da árvore de interesse e consequentemente os pontos que a compõem. Vale ressaltar que

no passo 2 e 3 a nuvem de pontos analisadas tiveram um raio de 50 m, para captar os retornos

das copas que passavam os limites da parcela. No quarto e último passo é feita a visualização

individual da nuvem de pontos de cada árvore e remoção manual dos pontos que não são da

árvore de interesse, possivelmente retornos do TLS advindos da vegetação circunvizinha

(Hopkinson et al. 2004; Calders et al. 2015a). Após a extração de uma nuvem de pontos para

cada árvore analisada, foi gerado um arquivo .txt contendo as coordenadas tridimensionais

x,y,z.

Os arquivos com as coordenadas tridimensionais de cada de árvore, gerados no passo

anterior, foram lidos em um software livre especifico para análise da nuvem de pontos gerado

por LiDAR. O programa permite a extração de variáveis estruturais horizontais e verticais tais

como o DAP, Ht, posição da árvore e a cubagem do tronco, altura do fuste, profundidade de

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copa, área e volume de copa. O software utilizado foi o 3D Forest versão 0.42 proposto por

Trochta et al. (2017) (disponível em www.3dforest.eu). O programa possui como requisitos

computador com processador de arquitetura em 64 bits, no mínimo 4 GB de memória RAM e

sistema operacional de 64 bits (Trochta et al. 2017). A versão disponível está somente

disponível para sistema operacional Windows.

Para a estimativa do DAP da nuvem de pontos o 3D Forest utiliza dois métodos: i)

transformação aleatorizada de Hough (RHT) para o ajuste de um círculo no tronco, sendo

possível ajustar o número de interações (padrão foram 200 interações) e ii) regressão por

mínimos quadrados (LSR) com estimativa algébrica do círculo e redução da distância

quadrática do círculo ajustado (Chernov e Lesort 2005). Os dois métodos utilizam uma parte

da nuvem de pontos, uma seção horizontal de 10 cm de espessura do tronco entre 1,25 e 1,35

metros acima do ponto mais baixo da nuvem de pontos (Trochta et al. 2017, Fig.5). Para a

extração do diâmetro em uma posição diferente da convencional (1,30 m) o comando stem

curve é capaz de determinar o diâmetro em diferentes posições do tronco, do mesmo modo

proposto para quantificar o volume através da cubagem rigorosa. Os diâmetros no comando

stem curve medidos na nuvem de pontos estão localizados, em relação à base da nuvem, a

0,65 m, 1,3 m, 2 m e a cada 1 m até a primeira bifurcação do tronco. O comando stem curve

termina quando o diâmetro estimado é duas vezes maior do que os dois diâmetros anteriores,

o que indica a expansão da copa na nuvem de pontos de cada árvore (Trochta et al. 2017).

Assim como para o DAP o 3D Forest utiliza dois métodos para determinar a altura das

árvores. O primeiro comando define a Ht sendo a diferença entre o ponto mais alto e o mais

baixo na nuvem de pontos no eixo de coordenadas z (TLS Height). Enquanto que o segundo

comando computa a maior distância euclidiana entre um ponto na base da nuvem e o mais

distante em qualquer direção da nuvem (TLS Length). O último método é o mais indicado

para árvores inclinadas (Trochta et al. 2017, Fig.5).

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Figura 5- Exemplo de uma nuvem de pontos gerada a partir do escaneamento da parcela e suas

variáveis obtidas com o 3D Forest. À esquerda, temos o exemplo para estimar a altura da nuvem de

pontos (TLS Height = 28,92 m) e o comprimento da nuvem de pontos (TLS length = 29,04 m). À

direita estão as estimativas de DAP através de transformação randomizada de Hough (RHT = 39,57

cm) e da regressão por mínimos quadrados (LSR = 39,6 cm).

3.3. Análise dos dados

Para o DAP, as análises foram realizadas considerando indivíduos arbóreos com 10 ≤

DAP < 30 cm e todo o conjunto de dados. Para a Ht, as análises consideraram duas classes de

tamanho, 10 ≥ Ht < 20 m e 20 ≥ Ht < 35 m, e todo o conjunto de dados.

Diferentes abordagens analíticas foram realizadas para avaliar a precisão e acurácia

das medidas estimadas obtidas pelas diferentes tecnologias:

1) Regressões lineares foram ajustadas para a relação dos dados observados (medidos com a

fita diamétrica e a fita métrica) com os dados estimados através dos instrumentos. Os

parâmetros dos modelos, intercepto e inclinação, foram usados como medidas de acurácia

e os coeficientes de determinação (R2),

como medidas de precisão.

2) Para cada tecnologia utilizada foram quantificados o erro total, erro sistemático e erro

aleatório. O erro total é obtido através da raiz do erro quadrático médio (RMSE):

( ) √

( )

(1)

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O erro sistemático ou viés (do inglês bias) foi calculado como a média do erro das

medidas (Eq.2) (Walther e Moore 2005). O cálculo é feito da seguinte forma:

( )

( ) (2)

O erro aleatório foi considerado a variação dos erros das medidas e representa a

“variância estatística de uma metodologia de estimação” (West 1999), sendo calculado da

forma:

( ) √

( )

(3)

Devido aos erros aumentarem, em termos absolutos com o DAP e Ht, foi calculado

todos os erros acima citados de forma proporcional. O erro total proporcional, erro sistemático

proporcional e o erro aleatório proporcional foram calculados conforme as equações abaixo:

( ) √

(

)

(4)

(

) (5)

(

)

(6)

Onde xmedido é a medida real (ou observada) e O xestimado são os dados estimados com

os dispositivos eletrônicos para cada árvore individualmente e n é o número de árvores. Alta

precisão está relacionada com baixo erro aleatório; o erro sistemático indica a tendência de

um instrumento em registrar resultados sistematicamente acima ou abaixo do valor real; e a

passo que a acurácia está ligada a combinação do erro sistemático e do erro aleatório, sendo

definida por vários autores como sendo a distância total entre os valores estimados e o valor

real (observado) (Walther and Moore 2005).

3) O desvio padrão das diferenças entre os valores estimados e observados foi calculado e

serve como uma medida de precisão.

As medidas estimadas pelas tecnologias foram comparadas com as estimativas obtidas

através de duas equações hipsométricas entre DAP e Ht desenvolvidas para mesma área deste

estudo por Lima et al. (2012) e Feldpausch et al. (2011) (Tabela 3).

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Tabela 3-Modelos hipsométricos testados para estimativa de Ht a partir do DAP e seus coeficientes

(a,b,c) para a Amazônia Central.

Modelo Modelo

Coeficientes

a b c

Lima et al. 2012 (

)

2.53 0.95 41.4

Feldpausch et al. 2011 ( ) ( ) 1.1562 0.5072 -

4. RESULTADOS

4.1. Magnitude dos erros entre as tecnologias

Independentemente da tecnologia usada, os DAPs estimados foram muito próximos e

centrados em volta da linha 1:1 para a classe 10 ≤ DAP ≤ 30 cm e todos os indivíduos

arbóreos (Fig. 6). No entanto, para ambas as classes de tamanho, o R2 obtido pelas estimativas

da suta eletrônica (0,99 para ambas as classes) foi ligeiramente maior do que as medidas

advindas da nuvem de pontos do TLS através da RHT (R2=0,93 e 0,96 para a classe 10 ≤

DAP ≤ 30 e todos os indivíduos) e da LSR (R2=0,94 e 0,96, respectivamente). Tais diferenças

observadas no R2 entre os métodos são quantificadas nos seus erros aleatórios (Tabela 3). A

suta eletrônica exibiu menor erro aleatório (Erprop=2,2% e 2,3%) quando comparada com o

TLS-RHT (11,6% e 11%) e TLS-LSR (10,4% e 10,1%). Os erros sistemáticos foram menores

em magnitude quando comparados aos erros aleatórios para os três métodos em ambas as

classes de tamanho. O TLS-RHT apresentou um baixo erro sistemático para a classe 10 ≤

DAP < 30 cm (Tabela 3). Tal fato é um artefato matemático, todavia, pois desvios negativos

tendem anular desvios positivos e vice-versa e, como resultado, os erros sistemáticos podem

ser próximos a zero (veja a equação 2) . O coeficiente de inclinação da reta para o TLS-RHT e

TLS-LSR foi de 1,16 e 1,12, e o intercepto foi de -2,60 e -1,56, respectivamente, ao passo que

para a suta o coeficiente de inclinação da reta foi bastante próximo a 1 (0,99) e o intercepto,

próximo a 0, indicando que os dois métodos TLS tendem a superestimar diâmetros maiores e

subestimar diâmetros menores (Fig. 6). Além disso, o desvio padrão das diferenças entre o

observado e o estimado pela suta foi 3-5 vezes menor do que aqueles estimados por ambos os

métodos TLS para ambas as classes de tamanho (Fig. 7A). De fato, em termos de erros totais,

que também mede a acurácia das medidas, a suta eletrônica apresentou menores erros tanto

para a classe de 10 a 30 cm de DAP quanto para todos os indivíduos arbóreos (Tabela 3).

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Figura 6- Gráficos de DAPs observados (eixo x) vs. DAPs estimado (suta eletrônica, TLS-RHT e

TLS-LSR) (eixo y), para duas diferentes classes de tamanho de árvore: 10 ≤ DAP ≤ 30cm (painel

superior) e todas as árvores (painel inferior). Linhas sólidas representam os modelos lineares ajustados

e as linhas tracejadas representam as linhas 1: 1 (Y = X).

Tabela 3- Resumo dos erros nos DAPs medidos para diferentes métodos de medição em relação aos

DAPs observados (reais) em duas classes de tamanho de árvore. Os erros são mostrados em termos

absolutos e proporcionais.

10 ≥ DAP < 30 cm (n=46)

Metodologia

Erro total Erro sistemático Erro aleatório

Et

(cm)

Etprop

(%)

Es

(cm)

Esprop

(%)

Er

(cm)

Erprop

(%)

Suta eletrônica 0,5 3,0 -0,3 -2,1 0,4 2,2

RHT 1,8 11,5 0,02 -1,2 1,8 11,6

LSR 1,6 10,5 0,5 2,2 1,2 10,4

Todas árvores (n=55)

Metodologia

Erro total Erro sistemático Erro aleatório

Et

(cm)

Etprop

(%)

Es

(cm)

Esprop

(%)

Er

(cm)

Erprop

(%)

Suta eletrônica 0,9 3,2 -0,55 -2,3 0,7 2,3

RHT 2,4 11,1 -0,37 -1,8 2,4 11,0

LSR 2,3 10,2 0,21 1,6 2,0 10,1

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Figura 7 – Desvio-padrão das diferenças entre as medidas estimadas e observadas para o DAP (A) e

Ht (B) para as três métodos diferentes.

Ao contrário do DAP, as estimativas da altura usando as diferentes tecnologias

apresentaram uma menor correspondência das alturas estimadas com as alturas reais. Para as

árvores com 10 ≤ Ht ≤ 20m, as alturas obtidas através do LR apresentaram menor precisão

(R2=0,62 e Erprop=12%) quando comparado com o TLS-Height (R

2=0,77 e Erprop=9,1%) e

TLS-Lenght (R2=0,75 e Erprop=8,9%). As estimativas dos três métodos foram mais similares

em termos de precisão tanto para a classe de 20 ≤ Ht ≤ 35m quanto para todos os indivíduos

arbóreos, com uma diminuição na precisão para o TLS-Height e TLS-Lenght na classe de 20

≤ Ht ≤ 35m e uma melhora significativa na precisão quando se considera todos os indivíduos

arbóreos (Fig. 8, Tabela 4). Este ganho na precisão advém da esperada relação positiva entre o

tamanho amostral e precisão das estimativas, devido à espera diminuição do valor residual.

Por outro lado, pode-se observar que o desvio-padrão das diferenças foi maior para tanto para

a classe de 20 ≤ Ht ≤ 35m quanto para todos os indivíduos arbóreos quando comparado às

árvores com 10 ≤ Ht ≤ 20m para os três métodos (Fig. 7B).

Em termos de acurácia, é clara a tendência à superestimativa das maiores alturas de

ambos os métodos advindos do TLS para a classe de 10 ≤ Ht ≤ 20m. O LR, por sua vez, tende

a sub e superestimar as menores e maiores alturas, respectivamente (Fig. 8). No entanto, as

diferenças com respeito aos erros sistemáticos e totais são pequenas entre os três métodos

(Tabela 4). Para a classe de 20 ≤ Ht ≤ 35m, há uma tendência de superestimativa dos três

métodos, com o LR tendendo a superestimar árvores no final do intervalo (coeficiente de

inclinação > 1) e ambos os métodos TLS tendendo a superestimar a altura de árvores no início

do intervalo (coeficiente de inclinação < 1). Para os dados totais, o LR continua apresentando

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tendência a superestimar as alturas maiores e há uma maior correspondência entre as alturas

estimadas e reais pelos métodos TLS com os coeficientes de inclinação próximos a 1 e

interceptos mais próximos a 0.

Figura 8- Gráfico de Ht observada (eixo x) vs. Ht estimado (laser rangefinder, TLS-Height e TLS-

Length) para diferentes classes de tamanho de árvore: 10 ≤ Ht ≤ 20m (painel superior), 20 ≤ Ht ≤ 35m

(painel do meio) e todos os dados ( painel inferior). Linhas sólidas representam os modelos lineares

ajustados e as linhas tracejadas representam as linhas 1: 1 (Y = X).

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Tabela 4 - Métricas de erro entre as metodologias de estimativa da altura total (Ht) para árvores com Ht

entre 10 e 20 m (n = 26), Ht entre 20 e 35 m (n = 29) e para todas as árvores (n = 55). Os erros são

mostrados em termos absolutos e proporcionais para metodologias de LR (Rangefinder), altura da

nuvem de pontos (TLS Height) e comprimento da nuvem de pontos (TLS Length).

10 ≥ Ht < 20 m (n= 26)

Metodologia

Erro total Erro sistemático Erro aleatório

Et

(m)

Etprop

(%)

Es

(m)

Esprop

(%)

Er

(m)

Erprop

(%)

Rangefinder 1,9 11,9 -0,3 -2,0 1,9 12,0

TLS Height 1,8 10,2 0,9 4,9 1,2 9,1

TLS Length 1,9 10,5 1,0 5,8 1,6 8,9

20 ≥ Ht < 35 m (n= 29)

Metodologia

Erro total Erro sistemático Erro aleatório

Et

(m)

Etprop

(%)

Es

(m)

Esprop

(%)

Er

(m)

Erprop

(%)

Rangefinder 3,1 11,5 1,0 3,9 2,9 11,0

TLS Height 2,4 9,8 0,5 2,5 2,2 9,6

TLS Length 2,4 9,7 0,7 3,2 2,3 9,3

Todas árvores (n=55)

Metodologia

Erro total Erro sistemático Erro aleatório

Et

(m)

Etprop

(%)

Es

(m)

Esprop

(%)

Er

(m)

Erprop

(%)

Rangefinder 2,6 11,7 0,4 1,1 2,6 11,8

TLS Height 2,2 10,0 0,7 3,6 1,8 9,3

TLS Length 2,2 10,1 0,9 4,5 2,0 9,1

4.2. Validação das equações hipsométricas

As equações hipsométricas para estimativa de Ht a partir do DAP demonstraram

diferenças entre si e desempenho inferior às tecnologias analisadas neste estudo. O modelo de

Feldpausch et al. (2011) apresentou valores distantes da reta 1:1, o qual subestimou

substancialmente as Ht reais dos indivíduos, quando comparado com as tecnologias analisadas

e com a equação de Lima et al. (2012) (Fig. 9), apresentando elevado erro sistemático e erro

total (Tabela 5) e baixo coeficiente de inclinação (0,6). Ao contrário, a equação de Lima et al.

(2012) apresentou inclinação da reta mais próximo de 1, porém, com uma tendência em

subestimar árvores maiores de 20 m de altura e superestimar árvores menores de 20 m (Fig.

9). A precisão de ambos os modelos, no entanto, foi muito similar àquelas encontradas para os

instrumentos conforme valores do erro aleatório (Tabelas 4 e 5) e o desvio-padrão das

diferenças (Figura 10).

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Figura 9- Gráficos da Ht observada (eixo x) vs. equações hipsométricas DAP: Ht (eixo y) para a

Amazônia central. Linhas sólidas representam os modelos lineares ajustados e as linhas tracejadas

representam as linhas 1: 1 (Y = X).

Tabela 5- Métricas de erro entre as estimativas de Ht advindas de equações hipsométricas DAP: Ht

ajustadas para a Amazônia central.

Metodologia

Erro total Erro sistemático Erro aleatório

Et

(m)

Etprop

(%)

Es

(m)

Esprop

(%)

Er

(m)

Erprop

(%)

Lima et al. 2012 2.9 13.5 -0.4 -0.3 2.9 13.7

Feldpausch et al. 2011 7.1 31.8 -6.4 -30.2 3.0 10.0

Figura 10- Desvio padrão das diferenças entre o Ht observado e o estimado com duas equações

hipsométricas DAP: Ht para a Amazônia Central.

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31

5. DISCUSSÃO

Os resultados desse estudo mostram que as estimativas de DAP obtidas pelas

diferentes tecnologias foram muito próximas das medidas observadas, com alta precisão e

acurácia. O DAP é a variável mais coletada em estudos que analisam as características

estruturais da floresta (UNFCCC 2015). Isso se deve principalmente à sua facilidade de

obtenção, baixo custo de coleta e, o mais importante, sua alta correlação com diferentes

atributos estruturais, tais como volume e biomassa (Bastitella 2001; Paul et al. 2017).

Particularmente, as medidas de DAP com a suta eletrônica foram mais fáceis de serem

assimiladas pelo técnico e caracterizam-se por rápida coleta de dados de campo, tempo muito

similar às medidas realizadas com a fita diamétrica. Outros estudos, no entanto, registraram

subestimativas da suta perante à fita diamétrica em florestas temperadas (Behre 1926;

McArdle 1928; Binot et al. 1995) e tropicais (Clark et al. 2000). A fita diamétrica baseia-se

na medição do perímetro de um círculo e qualquer desvio da forma circular verdadeira

aumentará a razão circunferência/área de acordo com a magnitude do desvio da forma

circular. Por este motivo, as árvores de forma irregular, caso medidas com a fita, terão

diâmetros maiores do que seriam obtidas pela média de diâmetros com a suta (McArdle 1928;

Clark et al. 2000). A não circularidade dos troncos nas árvores analisadas neste estudo é

observada de forma mais pronunciada nos indivíduos no final do intervalo analisado,

resultado que corrobora com McArdle (1928), que mostrou que as diferenças entre medidas

de fita e medidas da suta aumentam com o tamanho das árvores.

As estimativas de DAP provenientes da nuvem de pontos seguiram a mesma

tendência da suta eletrônica para árvores próximas ao limite máximo de inclusão. Os métodos

disponíveis no 3D Forest, RHT e LSR, subestimaram o DAP devido em grande parte ao

encaixe do círculo no aglomerado de pontos não ser de forma ideal e ser realizada do lado

interno da nuvem de pontos. Outra fonte de erro para as estimativas do DAP está relacionada

ao efeito da oclusão do feixe do TLS pela vegetação presente na zona de escaneamento. A

oclusão pode influenciar na distribuição e na densidade de pontos no local de medida do

DAP, dificultando a formação ideal do tronco na nuvem de pontos e consequentemente

influenciando o ajuste correto do círculo na nuvem de pontos (Strahler et al. 2008; Lovell et

al. 2011; Yang et al. 2013; Calders et al. 2015a; Rahman et al. 2017). Tansey et al. (2009)

obtiveram RMSE de 2,3 e 1,9 cm utilizando TLS-RHT e TLS-LSR, respectivamente, em uma

floresta temperada com alta densidade de indivíduos (>1.000/ha). Hopkinson et al. (2004)

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usando ajuste de um cilindro por mínimos quadrados (LSR) na nuvem de pontos em espécies

temperadas obtiveram um coeficiente de determinação de 0,85 e inclinação da reta de 1,08,

métricas ligeiramente diferentes do que encontrado neste estudo. Olofsson et al. (2014)

testando o algoritmo RANSAC para detecção e medidas de árvores na nuvem de pontos,

obtiveram diferentes magnitudes de RMSE de acordo com a distância do TLS para as árvores

de interesse. Árvores com distância de até 5 m e com distância de até 20 m do TLS, o erro

aleatório foi de 3,3 e 5,9 cm, respectivamente. Kato et al. (2014), utilizando da mesma técnica

de Tansey et al. (2009) para extração do DAP com um TLS de baixo custo, obtiveram RMSE

de 3,61 cm e R2= 0,81 para espécies tropicais. Em florestas de mangue no sudeste brasileiro,

Tavares et al. (2016) testando diferentes formas geométricas e número de leituras para

estimativa do DAP na nuvem de pontos, encontrou que a forma elíptica com 6 leituras da

mesma árvore, apresentou menores valores de RMSE do que o círculo e o spline. Em florestas

tropicais da Malásia, Rahman et al. (2015) demonstraram que a forma que melhor se ajustou

ao tronco foi o cilindro quando comparado com esfera e elipse, apresentando um erro

aleatório de 2,8 cm. No mesmo ambiente na Malásia, Prassada et al.. (2016) e Rahman et al..

(2017), obtiveram valores de RMSE diferentes utilizando o mesmo método de levantamento.

Enquanto o RMSE médio entre as parcelas de Prassada et al.. (2016) foi de 2,7 cm, Rahman

et al.. (2017) registrou um valor de 0,062 cm.

As estimativas de Ht obtidas por este estudo sugerem que as tecnologias avaliadas, que

possuem o laser como princípio de funcionamento, são promissoras de utilização para as

medidas de Ht em parcelas permanentes alocadas em áreas de florestas tropicais (Bragg

2007b; Hunter et al. 2013; Larjavaara e Muller-Landau 2013; Calders et al. 2015a). As

medidas do TLS apresentaram melhor ajuste quando comparadas com princípios de

trigonometria com o uso do LR, conforme mostrado também por Calders et al. (2015a). Os

valores da Ht medidos através da nuvem de pontos mostraram resultados mais próximos da

reta 1:1, enquanto que as medidas com o LR tenderam a superestimar as medidas reais.

Estudos que comparam as medidas de alturas reais com aquelas estimadas com o TLS são

mais comuns para florestas temperadas. Kankare et al. (2013) compararam as medidas de

altura da nuvem de pontos com medidas de árvores derrubadas, encontrando RMSE entre as

medidas de 1,5 m. Olofsson et al. (2014), testando as estimativas de Ht de acordo com

diferentes distâncias da árvore de interesse, 0-10 e 0-20 m, obtiveram erros totais (RMSE) de

4,3 e 4,9 m, respectivamente, com erro sistemático -0,1 m. Liu et al. (2017) testando um

método de escaneamento múltiplo sem o uso de alvos artificiais, encontrou valores de RMSE

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variando de 2,5 a 5 m e um erro sistemático em subestimar de -3,22 a -7,90 m. Uma análise

mais minuciosa realizada em plantios de eucaliptos por Calders et al. (2015a), comparando as

medidas do TLS e do LR com medidas das alturas das mesmas árvores derrubadas após o

escaneamento, mostraram que as medidas a partir do TLS foram mais acuradas e o RMSE

para o TLS e para o LR foram de 0,55 e 1,28 m, respectivamente. Para as florestas tropicais,

no entanto, os estudos já realizados para avaliar as estimativas da Ht obtidas pelo TLS são

comparados principalmente com estimativas obtidas pelo LR com técnicas trigonométricas,

ou seja, não foram medidas as Ht reais com fita métrica, o que limitam comparações com este

estudo (Kato et al. 2014; Palace et al. 2016; Prasada et al. 2016; Rahman et al. 2017).

Diferentes autores (Marthews et al. 2014; Sullivan et al. 2018) sugerem o uso de

equações hipsométricas desenvolvidas em escala local para estimativas de Ht. No entanto, este

estudo mostrou que as tecnologias utilizadas obtiveram estimativas mais precisas e acuradas

do que as Ht estimadas através de duas equações alométricas ajustadas para a Amazônia

central. A equação de Feldpausch et al. (2011) foi ajustada com árvores de diferentes locais

da Amazônia central, diferentemente da equação proposta por Lima et al. (2012), para a qual

os dados foram provenientes de árvores do mesmo local deste estudo. Portanto, estes

resultados revelam a limitação do uso de equações hipsométricas desenvolvidas mesmo

dentro de escala local e, o mais importante, sugerem cautela no uso de tais equações ajustadas

em escala regional ou pantropical.

Os resultados desse estudo demonstram o potencial de ambas as tecnologias, conjunto

de dispositivos e TLS, na coleta de variáveis biométricas em ambiente de alta complexidade

estrutural. As principais diferenças técnicas entre as tecnologias estão ligadas a atributos

específicos de cada aparelho. Nos dispositivos interligados, os dados coletados com a suta

eletrônica e com o LR são gerenciados no próprio campo pelo software Field- Map®, sem a

necessidade de cálculos posteriores para a extração das variáveis DAP e Ht. Os dados após

coletados são extraídos em formas de planilhas digitais para posteriores análises de interesse

do usuário. Os dados brutos coletados em campo provenientes do escaneamento do TLS, por

outro lado, necessitam de uma série de passos para o processamento e análise. Tais passos

envolvem rotinas de programação e linguagem computacional de alto conhecimento técnico.

O treinamento de campo do LR foi orientado por uma pessoa com larga experiência com o

manuseio do equipamento e cerca de 4-5 horas foram necessárias para o técnico entender o

funcionamento dos equipamentos. A maior dificuldade encontrada pelo operador foi o tempo

gasto para encontrar um local suficientemente aberto para que haja uma boa visualização do

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topo da árvore de interesse. As medidas com o TLS em campo também são relativa fácil

execução, porém exigem certa experiência com o equipamento, principalmente quando o

objetivo é determinar um novo posicionamento para o escaneamento.

O conjunto de dispositivos acoplados ao LR, incluindo o software que auxilia na coleta e

armazenagem dos dados, custa cerca de U$8.000,00. No entanto, os dispositivos que

compõem o conjunto funcionam independentemente. Para suta eletrônica e o LR utilizados

neste estudo, existem aplicativos para smartphones que armazenam automaticamente as

medidas sem a necessidade de um anotador em campo. Há também a possibilidade de se

utilizar uma suta comum com a mesma precisão deste estudo. O LR possui uma série de

modelos no mercado com configurações especificas para o uso florestal, com valores entre de

U$300,00 e U$ 1.700,00 (modelo utilizado neste estudo). No entanto, o modelo de TLS usado

neste estudo tem custo muito alto, aproximadamente £70-100 mil (Disney et al. 2018). O alto

custo destes aparelhos se deve em parte aos seus múltiplos usos nas áreas de mineração,

construção civil e arqueologia. Para o uso florestal, diferentes pesquisadores vêm

demonstrando o potencial de modelos de TLS com baixo custo para ser utilizado,

apresentando erros relativamente baixos (Kato et al. 2014; Kelbe et al. 2015).

Os dispositivos interligados representam uma realidade cada dia mais constante em

estudos ecológicos e florestais, inclusive para coleta de variáveis com protocolos já

consolidados como o DAP. Em razão de um investimento relativamente alto, para justificar a

aquisição de tais tecnologias duas questões devem ser levantadas. A primeira delas é se as

variáveis que estes instrumentos coletam são de fato necessárias. Apenas o DAP não

fundamentaria a aquisição, pois a medição do DAP com o uso de fita diamétrica é uma

atividade relativamente rápida e de baixo custo. No entanto, ao considerar a Ht ou outras

variáveis dendrométricas de difícil e dispendiosa coleta em campo, o uso de tecnologias é

atraente. Variáveis relacionadas à copa, não analisadas neste estudo, vêm sendo consideradas

de suma importância para estimativas de biomassa acima do solo (Ploton et al. 2016), fluxo

de energia no dossel (Wang et al. 2016) e competição de copas vizinhas (Trochta et al. 2017).

A segunda questão está relacionada com o quão precisas e acuradas são as medidas obtidas

por estes instrumentos. Este estudo demonstrou uma forte relação entre as medidas

observadas e estimadas com uso das tecnologias. Particularmente, as estimativas da Ht foram

mais precisas e acuradas do que aquelas estimativas obtidas com o uso de relações

hipsométricas. Considerando esse aspecto, fundamenta o uso de tecnologias.

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6. CONCLUSÃO

Foi validado o desempenho satisfatório de duas metodologias, conjunto de

dispositivos eletrônicos interconectados e o TLS, para levantamento de variáveis biométricas

estruturais básicas da vegetação. O conjunto de dispositivos e o TLS apresentaram diferenças

sutis na estimativa das variáveis biométricas com as medidas consideradas como realidade de

campo. Para o DBH as estimativas realizadas com o conjunto de dispositivos apresentou

menor erro total e aleatório, entretanto, um maior erro sistemático devido principalmente a

uma ligeira subestimativa da suta eletrônica nas medidas, porém, as diferenças entre as

medidas tomadas com a fita diamétrica foram subestimadas em apenas 2,3%, apresentando

uma forte relação (R2= 0,99) entre as medidas. As estimativas geradas a partir da nuvem de

pontos com o 3D Forest apresentaram o maior RMSE e erro aleatório, devido a ter uma maior

diferença com as medidas tomadas com a fita diamétrica, o método RHT e LSR, obtiveram

erros totais (RMSE), 11,1 e 10,2 % em relação à fita, respectivamente, próximo ao limite de

erro aceito em inventários florestais, sem apresentar tendências em subestimativas ou

superestimativa às medidas com a fita.

Para a Ht os resultados obtidos com o LR não apresentaram viés nas medidas nas

diferentes classes analisadas, com um RMSE médio de 2,6 m e uma relação razoável (R2=

0,86) com as medidas com técnicas de escalada. Já as medidas extraídas da nuvem de pontos

com o 3D Forest tiveram medidas ligeiramente mais consistentes com as medidas tomadas de

forma direta com técnicas de escalada, com R2

de 0,86 e 0,87, para cada comando do

programa e com uma precisão maior que o LR (Tabela 4). Ambos as tecnologias testadas

tiveram resultados superiores do que equações alométricas DAP:Ht , regionais e locais, para

estimativa de altura. Sendo que as equações regionais apresentaram um alto RMSE, 7,1 m, e

um alto erro sistemático em subestimar as medidas reais, diferente da equação local que não

apresentou viés nas estimativas e valores de RMSE e precisão próxima a tecnologias testadas

neste estudo (Tabela 5).

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