MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO Escola de ......etilenodiaminotetracético (EDTA) mostrou-se...

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INFLUÊNCIA DE CÁTIONS Ca 2+ , Mg 2+ E Mn 2+ NA FLOTAÇÃO REVERSA DE MINÉRIO DE FERRO Autora: Deisiane Ferreira Lelis Orientadora: Prof a . Dr a . Rosa Malena Fernandes Lima Área de Concentração: Tratamento de Minério Ouro Preto MG, Brasil. Julho de 2014 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral PPGEM Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Engenharia de Minas, da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Mineral.

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  • INFLUÊNCIA DE CÁTIONS Ca2+

    , Mg2+

    E Mn2+

    NA FLOTAÇÃO

    REVERSA DE MINÉRIO DE FERRO

    Autora: Deisiane Ferreira Lelis

    Orientadora: Profa. Dr

    a. Rosa Malena Fernandes Lima

    Área de Concentração:

    Tratamento de Minério

    Ouro Preto – MG, Brasil.

    Julho de 2014

    MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO

    Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto

    Departamento de Engenharia de Minas

    Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral –

    PPGEM

    Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

    do Departamento de Engenharia de Minas, da Escola de

    Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, como

    parte integrante dos requisitos para obtenção do título de

    Mestre em Engenharia Mineral.

  • Catalogação: [email protected]

    L541i Lelis, Deisiane Ferreira. Influência dos cátions Ca2+, Mg2+ e Mn2+ na flotação catiônica de minério de ferro [manuscrito] : estudos fundamentais / Deisiane Ferreira Lelis – 2014. 88f.: il. color; grafs.; tabs. Orientadora: Profª Drª Rosa Malena Fernandes Lima. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de

    Minas. Departamento de Engenharia de Minas. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral.

    Área de concentração: Tratamento de Minérios.

    1. Minérios de ferro - Teses. 2. Flotação - Teses. 3. Cátions - Teses. I. Lima, Rosa Malena Fernandes. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III.

    Título. CDU: 622.765.063

    mailto:[email protected]

  • Aos meus pais e amigos, eterna gratidão!

  • Agradecimentos

    Agradeço a Deus e Nossa Senhora por permitir mais esta realização em minha vida!

    Aos meus pais, irmãos e amigos que torceram e rezaram por mim.

    À professora Drª Rosa Malena Fernandes Lima, pelos sábios ensinamentos e acima de

    tudo pela paciência.

    Aos meus tios Espedito e Cristina pelo apoio incondicional.

    Aos técnicos dos laboratórios, que contribuíram para realização deste trabalho.

    À Universidade Federal de Ouro Preto e à Fapemig, pela concessão da bolsa de

    mestrado.

  • RESUMO

    Este trabalho teve por objetivo investigar a influência dos cátions Ca2+

    , Mg2+

    e Mn2+

    na

    flotação catiônica de minério de ferro e a possibilidade do uso de complexante desses

    íons metálicos para uma maior seletividade no processo. Em uma primeira fase foram

    efetuados ensaios de microflotação dos minerais quartzo e hematita, usando acetato de

    eteramina com 50% de grau de neutralização (Flotigam EDA) em pH 10,5 nas dosagens

    de 2,5 e 50 mg/L que foram as concentrações de máxima flotabilidade para o quartzo

    (95,5%) e hematita (96,5%), respectivamente. Observou-se que nessas condições o

    amido de milho era pouco eficiente na depressão do quartzo. O inverso foi observado

    para a hematita, onde a dosagem de 10 mg/L foi capaz de quase anular a flotabilidade

    da mesma. Com a adição de CaCl2, MgCl2 e MnCl2, observou-se a depressão tanto do

    quartzo quanto da hematita para todas as dosagens testadas, sendo a máxima depressão

    na concentração de 200 mg/L. O uso do complexante sal dissódico de ácido

    etilenodiaminotetracético (EDTA) mostrou-se eficiente em altas concentrações (400

    mg/L para CaCl2, 600 e 700 mg/L para MnCl2 e MgCl2, respectivamente) para ambos

    minerais. De modo geral, houve diminuição do módulo dos valores de potencial zeta

    negativo em pH 10,5 dos minerais (quartzo e hematita) em relação aos valores de

    potencial zeta dos mesmos na ausência dos sais estudados e da combinação dos

    reagentes (sais/amido, sais/EDTA/amido e sais/ EDTA/ amido/ amina). Verificou-se

    nos espectros infravermelhos dos minerais (hematita e quartzo) usados nos ensaios de

    adsorção a presença comprovada do hidróxido Mg(OH)2 sobre a superfície de ambos

    minerais. No caso dos ensaios efetuados com MnCl2, verificou-se a precipitação do

    próprio sal sobre a superfície dos minerais. Logo, pode-se afirmar que há adsorção dos

    cátions por atração eletrostática dos mesmos com as superfícies dos minerais carregados

    negativamente (potencial zeta) e precipitação do hidróxido Mg(OH)2 presentes na

    solução (espectros infravermelhos).

    Palavra chave: flotação catiônica, minério de ferro, cátions divalentes, EDTA.

  • ABSTRACT

    This study aimed to investigate the influence of cations Ca2+

    , Mg2+

    and Mn2+

    on the

    cationic flotation of iron ore and the possibility of complexing these metallic ions to

    improve the process selectivity. In a first stage microflotation trials were performed

    with the minerals quartz and hematite using etheramine acetate at 50% degree of

    neutralization (Flotigam EDA) at pH 10.5 in concentrations of 2.5 and 50 mg/L at the

    maximum floatability levels were achieved for quartz (95.5%) and hematite (96.5%),

    respectively. It was observed that under these conditions corn starch was ineffective as

    quartz depressant. On the other hand, the dosage of 10 mg/L was able to almost cancel

    the floatability of hematite. With the addition of CaCl2, MgCl2 and MnCl2 it was

    observed depression of quartz as well as of hematite for all tested concentrations with a

    maximum depression achieved at a concentration of 200 mg/L. The use of the

    complexing agent disodium salt of ethylenediamine tetraacetic acid (EDTA) was

    effective at high concentrations (400 mg/L for CaCl2, 600 and 700 mg/L for MnCl2 and

    MgCl2, respectively) for both minerals. Overall, there was a decrease of the modulus of

    the negative zeta potential values at pH 10.5 of the minerals (quartz and hematite) with

    respect to the zeta potential values in the absence of the studied salts and combination

    of reagents (salts/starch, salts/EDTA/salts and starch/EDTA/starch/amine). It was

    observed in the infrared spectra the presence of Mg(OH)2 on the surface of both

    minerals. In the case of experiments carried out with MnCl2, there was precipitation of

    the salt itself on the surface thereof. Therefore, it can be stated that there is adsorption

    of cations by electrostatic onto the surfaces of negatively charged minerals (zeta

    potential) and precipitation of the hydroxide Mg(OH)2 present in solution (infrared

    spectra).

    Keywords: cationic flotation, iron ore, divalent cations, EDTA.

  • Sumário

    1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15

    2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ....................................................................... 17

    3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 19

    3.1 Princípios da Flotação ........................................................................................ 19

    3.1.1 Interface sólido/líquido – Dupla camada elétrica ......................................... 21

    3.2 Flotação catiônica reversa de minério de ferro ................................................... 26

    3.3 Interferência de cátions na flotação de minério de ferro...................................... 29

    3.4 Agentes Complexantes....................................................................................... 34

    4. MATERIAIS E METODOLOGIA ...................................................................... 37

    4.1 Amostras Minerais e Reagentes ......................................................................... 37

    4.1.1 Preparação das amostras minerais ............................................................... 37

    4.1.2 Preparação dos Reagentes ............................................................................... 38

    4.2 Caracterização das Amostras Minerais ............................................................... 40

    4.2.1 Análise mineralógica................................................................................... 40

    4.2.2 Análise química .......................................................................................... 40

    4.2.3 Análise granulométrica ............................................................................... 40

    4.2.4 Determinação de área superficial ................................................................. 41

    4.2.5 Densidade ................................................................................................... 41

    4.3 Ensaios de microflotação ................................................................................... 41

    4.3.1 Procedimento experimental dos ensaios de microflotação em tubo de

    Hallimond modificado ......................................................................................... 42

    4.4 Determinação de potencial zeta .......................................................................... 46

    4.5 Procedimento experimental para os ensaios de adsorção de cátions /

    espectroscopia no infravermelho .............................................................................. 47

    5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 49

    5.1 Caracterização das Amostras Minerais ............................................................... 49

    5.1.1 Hematita compacta...................................................................................... 49

    5.1.1.1 - Difração de raios X ............................................................................ 49

    5.1.1.2 Análise Química ................................................................................... 50

    5.1.1.3 Ánalise granulométrica, densidade e área superficial ............................ 51

  • 5.1.2 Quartzo ....................................................................................................... 52

    5.1.2.1 Análise mineralógica ............................................................................ 52

    5.1.2.2 Análise Química ................................................................................... 54

    5.1.2.3 Análise granulométrica, densidade e área superficial ............................ 54

    5.2 Ensaios de microflotação ................................................................................... 55

    5.2.1 Ensaios de microflotação do quartzo e da hematita com Flotigam EDA ...... 55

    5.2.2 Ensaios de microflotação do quartzo e da hematita com Flotigam EDA e

    amido .................................................................................................................. 57

    5.2.3 Ensaios de microflotação do quartzo e hematita com Flotigam EDA, MgCl2,

    MnCl2 e CaCl2. .................................................................................................... 59

    5.2.4 Ensaios de microflotação do quartzo e hematita com cloretos (MgCl2,

    MnCl2 e CaCl2), amido de milho e Flotigam EDA ............................................... 62

    5.2.5 Ensaios de microflotação do quartzo e hematita MgCl2, MnCl2 e CaCl2,

    EDTA e Flotigam EDA. ...................................................................................... 66

    5.2.6 Ensaios de microflotação do quartzo e hematita com sais ( MgCl2, MnCl2 e

    CaCl2), EDTA, amido e Flotigam EDA. .............................................................. 67

    5.3 Determinações de Potencial Zeta ....................................................................... 69

    5.3.1 Potencial zeta dos minerais quartzo e hematita na ausência e na presença de

    reagentes.............................................................................................................. 69

    5.4 Estudos de Adsorção das Espécies Provenientes da Dissolução dos Sais

    (CaCl2,MgCl2 e MnCl2) ........................................................................................... 77

    6. CONCLUSÕES ................................................................................................... 83

    7. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 85

  • FIGURAS

    Figura 1. Mecanismo de geração de carga na superfície do quartzo (Fuerstenau et al.,

    1985 ). ......................................................................................................................... 21

    Figura 2. Representação esquemática da DCE e da distribuição de potencial. (a) carga

    da superfície (b) Plano de Stern (c) camada difusa (Fuerstenau e Palmer, 1976). ......... 22

    Figura 3. Modelo de Stern da dupla camada elétrica, contemplando adsorção específica

    superequivalente: (a) esquema da DCE; (b) distribuição do potencial eletrostático

    (Parks, 1975). .............................................................................................................. 23

    Figura 4. Modelo da dupla camada elétrica na adsorção não especifíca: (a)

    esquema da DCE; (b) distribuição do potencial eletrostático (Parks, 1975). ................. 24

    Figura 5. Potencial zeta da hematita e quartzo condicionados em água destilada (Lopes

    e Lima, 2009). ............................................................................................................. 25

    Figura 6. Curva esquemática de dissociação para aminas primárias, em função do pH

    Viana (1984) apud Magalhães (2000). ......................................................................... 27

    Figura 7. Adsorção de cálcio na superfície do quartzo, em função de pH para solução de

    100 ppm de Ca2+

    (Fuerstenau e Palmer, 1976). ............................................................ 29

    Figura 8. Diagrama de especiação do cálcio, para 1 x 10-3

    M [Ca+2

    ] (Fuerstenau e

    Palmer, 1976). ............................................................................................................. 30

    Figura 9. Recuperação do quartzo e magnetita em função de pH em ausência (linhas

    sólidas) e presença (linhas tracejadas) de 0,1 mol/ dm3 CaCl2, utilizando coletor diamina

    8C; concentração do coletor: 1 x 10-5

    mol/l; símbolos + e □ são para o quartzo, * e x

    para magnetita (Scott e Smith, 1993). .......................................................................... 31

    Figura 10. Recuperação do quartzo e magnetita com concentração do coletor de 1x10-4

    em função de pH em ausência (linhas sólidas) e presença (linhas tracejadas) de 0,1 mol/

    dm³ CaCl2 utilizando, coletor diamina 8C; concentração do coletor: 1 x 10-4

    mol/L;

    símbolos + e □ são para o quartzo, * e x para magnetita (Scott e Smith, 1993). ............ 31

    Figura 11. Influência da concentração de íons de alumínio na flotabilidade de quartzo

    no pH 7,5 (Araujo, 1982). ............................................................................................ 32

    Figura 12. Influência da concentração de íons de alumínio na flotabilidade do quartzo

    no pH 10,0 (Araujo, 1982). .......................................................................................... 33

    file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745800file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745800file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745800file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745801file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745801file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745802file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745802file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745803file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745803file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745805file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745805file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745806file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745806file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745806file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745806file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745807file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745807file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745807file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745807file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745808file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745808file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745809file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745809

  • Figura 13. Influência da concentração de íons de alumínio na flotabilidade da hematita

    no pH 10,0 (Araujo, 1982). .......................................................................................... 33

    Figura 14. Diagrama da concentração logarítmica do cátion Mn++

    com concentração de

    10 -4

    M. Butler ( 1964) apud Fuertenau et al. ( 1985) ................................................... 34

    Figura 15. Efeito do EDTA na flotação catiônica do quartzo com 2,5 mg/L de amina em

    presença de 650 mg/L de espécies de Al em pH 10 e 100 mg/L de espécie de Al em pH

    7,5 (Araujo e Coelho, 1992). ....................................................................................... 36

    Figura 16. Influência da concentração EDTA na flotabilidade da hematita no pH 10,0 na

    presença de íons de alumínio (Araujo, 1982). .............................................................. 36

    Figura 17. Difratograma de raios-X da amostra de hematita na faixa de -295 +147

    µm............................................................................................................................... 49

    Figura 18.Difratograma de raios-X da amostra de hematita na faixa granulométrica de -

    147 µm. ....................................................................................................................... 50

    Figura 19. Distribuição granulométrica da fração -37 µm da hematita.......................... 52

    Figura 20. Difratograma de raios-X da amostra de quartzo na fração granulométrica de

    -295 +147 µm. ............................................................................................................. 53

    Figura 21. Difratograma de raios-X da amostra de quartzo na fração granulométrica de -

    147 µm. ....................................................................................................................... 53

    Figura 22. Distribuição granulométrica da fração -37 µm do quartzo. .......................... 55

    Figura 23. Flotabilidade do quartzo em função do pH e da concentração do coletor

    Flotigam EDA. ............................................................................................................ 56

    Figura 24. Flotabilidade da hematita em função do pH e da concentração do coletor. . 57

    Figura 25. Flotabilidade do quartzo e da hematita em função da concentração de amido

    a 2,5 mg/L de Flotigam EDA (quartzo) e 50 mg/L (hematita), ambos em pH=10,5 ...... 58

    Figura 26. Flotabilidade do quartzo e hematita, com coletor Flotigam EDA na

    concentração de 2,5 mg/L (quartzo) e 50 mg/L (hematita) em função da dosagem de

    cloreto de magnésio. .................................................................................................... 59

    Figura 27. Diagrama da concentração logarítmica do cátion Mg++

    com concentração de

    10-4

    M (Butler., 1964 apud Fuerstenau et al., 1985). .................................................. 60

    Figura 28. Flotabilidade do quartzo e da hematita, em função da dosagem de MnCl2,

    com coletor Flotigam EDA na concentração de 2,5 mg/L (quartzo) e 50 mg/L

    (hematita) em pH 10,5. ................................................................................................ 61

    file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745810file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745810file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745812file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745812file:///D:/Mestrado/2013/Tese/Parte%209%20-%20Discussão%20e%20Resultados.doc%23_Toc396745812

  • Figura 29. Flotabilidade do quartzo e hematita, com coletor Flotigam EDA na

    concentração de 2,5 mg/L (quartzo) e 50 mg/L (hematita) em função da dosagem de

    CaCl2, em pH 10,5. ...................................................................................................... 62

    Figura 30. Flotabilidade do quartzo em função da concentração de amido de milho, com

    MgCl2 nas concentrações de 10 mg/L e 200 mg/L, 2,5 mg/L de amina, em pH 10,5. . 63

    Figura 31. Flotabilidade da hematita em função da concentração de amido de milho,

    com MgCl2 nas concentrações de 10 mg/L e 200 mg/L, 50,0 mg/L de amina, em pH

    10,5. ............................................................................................................................ 63

    Figura 32.Flotabilidade do quartzo em função da concentração de amido de milho, com

    MnCl2 nas concentrações de 10 mg/L e 200 mg/L, 2,5 mg/L de amina, em pH 10,5. 64

    Figura 33. Flotabilidade da hematita em função da concentração de amido de milho,

    com MnCl2 nas concentrações de 10 mg/L e 200 mg/L, 50,0 mg/L de amina, em pH

    10,5. ............................................................................................................................ 64

    Figura 34. Flotabilidade do quartzo em função da concentração de amido de milho, com

    CaCl2 nas concentrações de 10 mg/L e 200 mg/L, 2,5 mg/L de amina, em pH 10,5. .. 65

    Figura 35. Flotabilidade de hematita em função da concentração de amido de milho,

    com CaCl2 nas concentrações de 10 mg/L e 200 mg/L, 50,0 mg/L de amina, em pH

    10,5. ............................................................................................................................ 65

    Figura 36. Flotabilidade do quartzo, em função da concentração de EDTA, para 200

    mg/L de MgCl2, MnCl2 e CaCl2, 2,5 mg/L de amina, pH 10,5. .................................. 66

    Figura 37. Flotabilidade da hematita, em função da concentração de EDTA, para 200

    mg/L de MgCl2, MnCl2 e CaCl2, 50,0 mg/L de amina, pH 10,5. ................................ 67

    Figura 38. Flotabilidade do quartzo, em 10,5 após complexação dos cátions (Ca+2

    , Mn+2

    e Mg+2

    ) com EDTA, 100 mg/L de amido de milho e 2,5 mg/L de amina...................... 68

    Figura 39. Flotabilidade da hematita, em 10,5 após complexação dos cátions (Ca+2

    ,

    Mn+2

    e Mg+2

    ) com EDTA, 100 mg/L de amido de milho e 50,0 mg/L de amina. .......... 68

    Figura 40. Potencial zeta do mineral quartzo em função do pH, na ausência e

    condicionada com Flotigam EDA e amido. .................................................................. 69

    Figura 41. Potencial zeta da hematita em função do pH, na ausência e condicionada

    com Flotigam EDA e amido. ....................................................................................... 70

    Figura 42. Potencial zeta do quartzo condicionado com 200 mg/L de CaCl2, MgCl2 e

    MnCl2 em função do pH. ............................................................................................ 71

  • Figura 43. Potencial zeta da hematita condicionada com 200 mg/L de CaCl2, MgCl2 e

    MnCl2 em função do pH. ............................................................................................ 71

    Figura 44. Valores de potencial zeta do quartzo, em pH 10,5 para força iônica constante

    (10-4

    M de NaCl) na ausência e após condicionamento em solução com CaCl2 (200

    mg/L); CaCl2/EDTA (200/400 mg/L); CaCl2/EDTA/Amido (200/400/100 mg/L);

    CaCl2/EDTA/amido/amina; (200 /400 /100/ 50 mg/L). ................................................ 72

    Figura 45. Valores de potencial zeta da hematita, em pH 10,5 para força iônica

    constante (10-4

    M de NaCl) na ausência e após condicionamento em solução com CaCl2

    (200 mg/L); CaCl2/EDTA (200/400 mg/L); CaCl2/EDTA/Amido (200/400/100 mg/L);

    CaCl2/EDTA/amido/amina; (200 /400 /100/ 50 mg/L). ................................................ 73

    Figura 46. Valores de potencial zeta do quartzo, em pH 10,5 e 7 para força iônica

    constante (10-4

    M de NaCl) na ausência e após condicionamento em solução com

    MgCl2 (200 mg/L); MgCl2/EDTA (200/700 mg/L); MgCl2/EDTA/Amido (200/700/100

    mg/L); MgCl2/EDTA/amido/amina; (200 /700 /100/ 50 mg/L). ................................... 74

    Figura 47. Valores de potencial zeta da hematita, em pH 10,5 e 7 para força iônica ..... 75

    Figura 48. Valores de potencial zeta do quartzo, em pH 10,5 e 7 para força iônica

    constante (10-4

    M de NaCl) na ausência e após condicionamento em solução com

    MnCl2 (200 mg/L); MnCl2/EDTA (200/600 mg/L); MnCl2/EDTA/Amido (200/600/100

    mg/L); MnCl2/EDTA/amido/amina; (200 /600 /100/ 50 mg/L). ................................... 76

    Figura 49. Valores de potencial zeta da hematita, em pH 10,5 e 7 para força iônica

    constante (10-4

    M de NaCl) na ausência e após condicionamento em solução com

    MnCl2 (200 mg/L); MnCl2/EDTA (200/600 mg/L); MnCl2/EDTA/Amido (200/600/100

    mg/L); MnCl2/EDTA/amido/amina; (200 /600 /100/ 50 mg/L). ................................... 77

    Figura 50. Espectros infravermelhos de referência e das espécies de cálcio adsorvidas na

    superfície da hematita em pH 10,5. .............................................................................. 78

    Figura 51. Espectros infravermelhos das referências e das espécies de magnésio

    adsorvidas sobre a superfície da hematita em pH 10,5. ................................................ 79

    Figura 52. Espectros infravermelhos das referências e das espécies de manganês

    adsorvidas sobre a superfície da hematita em pH 10,5. ................................................ 79

    Figura 53. Espectros infravermelhos das referências e das espécies de cálcio adsorvidas

    sobre a superfície do quartzo em pH 10,5. ................................................................... 80

  • Figura 54 Espectros infravermelhos das referências e das espécies de magnésio

    adsorvidas sobre a superfície do quartzo em pH 10,5. .................................................. 81

    Figura 55. Espectros infravermelhos das referências e das espécies de manganês

    adsorvidas sobre a superfície do quartzo em pH 10,5. .................................................. 81

  • TABELAS

    Tabela 1. Coletores catiônicos, adaptado de Smith e Akhtar (1976). ............................ 26

    Tabela 2. Composição química e PPC das frações granulométrica da hematita, usados

    nos ensaios experimentais............................................................................................ 51

    Tabela 3. Composição química e PPC das frações granulométricas do quartzo, usados

    nos ensaios experimentais............................................................................................ 54

  • 15

    1. INTRODUÇÃO

    O Brasil é o segundo maior produtor de minério de ferro, conforme a Conferência das

    Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), e está inserido em

    um cenário de crescente demanda por essa commodity no mercado. Para atender a esse

    crescente e competitivo mercado, as empresas mineradoras vêm se preparando em busca

    do aumento de produção, seja ela por ampliação de suas plantas industriais ou aplicação

    de capital em novos recursos minerais.

    Os minérios de ferro encontrados na natureza possuem diferentes composições

    mineralógicas, tamanho de grãos, proporções de minerais e texturas, dependendo da sua

    localização. Até em um mesmo depósito, podem ser encontradas variações de tipologias

    de minério. Estes minérios são constituídos de óxidos como: hematita (Fe2O3),

    magnetita (Fe3O4), goethita (FeO-OH), limonita (FeO-OH.nH2O), ganga silicosa

    (quartzo, clorita, talco, etc) e às vezes carbonato (dolomita, calcita, etc.) entre outras.

    Geralmente, os minérios de ferro de altos teores são submetidos somente às etapas de

    cominuição e classificação. No caso de minérios pobres (itabiritos) são necessárias

    etapas de concentração para atender as especificações do mercado. Os principais

    métodos de concentração aplicados industrialmente são: gravíticos, magnéticos e a

    flotação catiônica.

    Com a exaustão dos depósitos de minérios de ferro de altos teores do Quadrilátero

    Ferrífero, as mineradoras estão utilizando minérios de teores mais baixos, contendo

    carbonatos, como a dolomita, minerais de manganês e outros. Na dissolução destes

    minerais são liberados cátions como Ca2+

    , Mg2+

    , Mn2+

    , Al3+

    , etc., que são atraídos

    eletrostaticamente, principalmente, pela superfície do quartzo e desta forma ocasionam

    a depressão do mesmo, levando à diminuição acentuada da seletividade na separação da

    ganga dos minerais de ferro, por flotação catiônica reversa. Logo, fazem-se necessários

    estudos que possibilitem a diminuição e/ou eliminação dos efeitos deletérios causados

    por íons presentes na polpa. A utilização de complexantes pode ser uma alternativa para

    atingir tal objetivo uma vez que o mesmo é capaz de formar complexos com essas

  • 16

    espécies metálicas através de interações eletrostáticas ou coordenações elétricas

    (Araujo, 1982).

  • 17

    2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

    Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), é esperado acréscimo de 28%

    na produção de minério de ferro até 2016, por conta de projetos que entraram em

    operação nos últimos anos. Até o ano de 2020, a China precisará importar do Brasil 400

    milhões de toneladas/ano. Minas Gerais é o mais importante estado minerador do país

    responsável por aproximadamente 53% da produção brasileira de minerais metálicos e

    29% de minérios em geral. No entanto, as mineradoras estão utilizando minérios de

    teores mais baixos. Estas vêm buscando soluções sustentáveis para suas atividades com

    propósito de diminuir o impacto ambiental e ao mesmo tempo aumentar a eficiência de

    seus processos de produção.

    Objetivo Geral:

    Este trabalho teve como objetivo estudar a influência dos cátions Ca2+

    , Mg2+

    e Mn2+

    na

    flotação de minério de ferro e a possibilidade de complexação dos mesmos, usando

    EDTA.

    Os objetivos específicos foram:

    i) Efetuar ensaios de microflotação em tubo Hallimond modificado, utilizando

    amostra de quartzo puro com uma amina comercial variando os valores de pH e

    concentração do reagente.

    ii) Efetuar ensaios de microflotação com amostra de hematita pura na concentração

    de amina que resultou na sua máxima flotabilidade.

    iii) Efetuar estudos da influência da dosagem de íons de Ca2+

    , Mg2+

    , Mn2+

    na

    flotabilidade de ambos minerais na concentração de coletor e valor de pH de

    máxima flotabilidade com e sem a utilização de depressor (amido de milho).

  • 18

    iv) Efetuar ensaios de microflotação, usando o complexante de íons metálicos, ácido

    etilenodiaminotetracético (EDTA), para a dosagem de íons em que foi observada a

    depressão dos minerais estudados com e sem depressor.

    v) Efetuar estudos de adsorção dos íons Ca2+

    , Mg2+

    , Mn2+

    sobre as superfícies do

    quartzo e hematita, utilizando eletroforese e espectroscopia infravermelha a

    transformada de Fourier.

  • 19

    3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

    3.1 Princípios da Flotação

    Flotação é um processo de separação físico-químico de minérios, que utiliza as

    diferenças de propriedades das superfícies dos minerais valiosos e da ganga indesejada.

    Engloba fenômenos que ocorrem nas interfaces sólido/líquido; líquido/gás e sólido/gás

    (Rabockai, 1979).

    A concentração de minerais requer três condições básicas sendo: a liberalidade que é

    obtida através de operações de fragmentação; a diferenciabilidade que é a base da

    seletividade do método e; a separabilidade dinâmica a qual está diretamente ligada aos

    equipamentos empregados (Baltar, 2010).

    A seletividade do processo baseia-se nas características de superfície dos minerais que

    podem apresentar caráter hidrofílico ou hidrofóbico. O conceito de hidrofílico está

    associado à sua afinidade com água, os minerais que são menos ávidas por água são

    considerados hidrofóbicos (Baltar, 2010).

    A maioria dos minerais são hidrofílicos. Portanto, na flotação faz-se necessário

    adicionar à polpa os reagentes de flotação, que dependendo da sua função no processo

    são classificados em coletores, modificadores e espumantes (Wills e Napier, 2006).

    Os coletores são reagentes cujas moléculas são constituídas por uma parte polar

    carregada, que interage com a superfície do mineral, e uma parte apolar, que interage

    com a bolha de ar. Ou seja, os mesmos adsorvem sobre as superfícies de alguns

    minerais, tornando-os hidrofóbicos (ou aerofílicos) e facilitam a fixação do mesmo à

    bolha (parte apolar da molécula) (Baltar, 2010).

    Os reagentes modificadores têm a função de aumentar a seletividade no processo de

    flotação, são eles (Rao, 2004):

  • 20

    i) Depressores - adsorvem-se sobre a superfície de alguns minerais, reforçando o

    caráter hidrofílico dos mesmos, evitando desta forma a adsorção dos coletores.

    Logo, os mesmos devem ser adicionados antes da adição de coletores.

    ii) Ativadores – têm a função de ativar uma determinada espécie mineral para

    facilitar a ação dos coletores.

    iii) Desativadores – têm função inversa dos ativadores.

    iv) Reguladores de pH – reagentes inorgânicos geralmente, ácidos e bases,

    adicionados para o controle de pH da polpa.

    Os espumantes são reagentes tensoativos que atuam na interfase líquido/gás. Pelo fato

    de diminuir a tensão superficial da água, os mesmos ajudam a manter as bolhas

    razoavelmente estáveis, formando a espuma.

    Para que a união partícula-bolha tenha sucesso no processo de flotação, não basta que a

    partícula seja hidrofóbica e a bolha seja estável. É necessário o cumprimento de critério

    cinético. A cinética envolve aspectos físicos (como adesão e destacamento partícula-

    bolha, velocidade dos fluxos de polpa e bolhas, escoamento de líquido através da fase

    espuma, etc.) e químicos (adsorção de reagentes na superfície dos minerais, hidrólise ou

    dissociação dos reagentes, influência do pH e da concentração dos reagentes etc.).

    Quando a barreira energética for vencida, ocorre então à adesão partícula-bolha dentro

    de um intervalo de tempo (Rao, 2004).

    Três critérios subjacentes ao processo de flotação devem ser identificados para facilitar

    o processo de flotação (Rao, 2004):

    i) A partícula deve colidir com a bolha de ar (colisão).

    ii) O filme líquido delgado que separa a partícula mineral e bolha de ar deve ser

    rompido (adesão).

    iii) O agregado partícula-bolha tem de ser suficientemente resistente para resistir à

    força de cisalhamento na célula de flotação (transporte).

  • 21

    3.1.1 Interface sólido/líquido – Dupla camada elétrica

    Partículas sólidas adquirem uma carga elétrica superficial quando postas em contato

    com uma fase aquosa (meio polar). No caso de minerais, essa carga superficial é

    resultante da ruptura das ligações iônicas e covalentes pela moagem e pela subsequente

    adsorção de íons presentes no meio aquoso. Na Figura 1 está apresentado o mecanismo

    de geração de carga superficial do quartzo.

    Figura 1. Mecanismo de geração de carga na superfície do quartzo (Fuerstenau et

    al., 1985 ).

    Outros mecanismos de geração de cargas na superfície de partícula sólidas em meio

    aquoso são através da adsorção e dessorção de íons da rede cristalina, dissolução não

    estequiométrica ou defeitos na rede cristalina. Essa carga superficial adquirida em meio

    aquoso influencia a distribuição no meio polar dos íons próximos a ela, pois atraem uma

    atmosfera iônica de cargas contrárias (contra íons), gerando uma dupla estrutura de

    cargas conhecida como dupla camada elétrica, (DCE), Parks (1975). A Figura 2

    apresenta a DCE e o potencial eletrostáticos de Stern.

  • 22

    Figura 2. Representação esquemática da DCE e da distribuição de potencial. (a)

    carga da superfície (b) Plano de Stern (c) camada difusa (Fuerstenau e Palmer,

    1976).

    Segundo Parks (1975), a DCE pode ser visualizada de duas formas diferentes,

    dependendo da presença de adsorção específica ou não especifica.

    Adsorção específica ocorre devido à predominância de mecanismos que independem da

    atração eletrostática. Essa adsorção é lenta e irreversível, sendo que os íons adsorvidos

    especificamente podem aumentar, reduzir, neutralizar ou reverter a carga elétrica da

    superfície mineral.

    Na presença de adsorção específica, a DCE é dividida em três zonas de cargas: a carga

    da superfície do sólido, a carga correspondente aos íons adsorvidos especificamente (ou

    plano interno de Helmholtz- PIH) e a carga na camada difusa ou de Gouy (Figura 3). Os

    íons especificamente adsorvidos na camada Stern não se apresentam hidratados e

    conseguem aproximar-se mais da superfície que os íons adsorvidos não

  • 23

    especificamente. Pode ocorrer adsorção superequivalente, neste caso, o sinal da carga de

    superfície é revertido pelos íons adsorvidos especificamente, Parks (1975).

    Adsorção não específica - ocorre devido à predominância de forças eletrostáticas entre

    adsorvato e o adsorvente. A maioria dos sólidos em meio aquoso estão carregados

    eletricamente e a atração eletrostática entre íons do adsorvato e íons de adsorvente, com

    carga de natureza contrária, certamente ocorre. Essa adsorção é rápida e reversível, não

    podendo reverter o sinal da carga original da superfície mineral.

    Figura 3. Modelo de Stern da dupla camada elétrica, contemplando adsorção

    específica superequivalente: (a) esquema da DCE; (b) distribuição do potencial

    eletrostático (Parks, 1975).

  • 24

    Neste caso, é possível visualizar na dupla camada elétrica apenas duas zonas de cargas

    distintas (Figura 4): a carga de superfície e a carga da camada difusa ou de Gouy. Os

    íons contrários hidratados se encontram a uma distância de aproximação correspondente

    ao raio de hidratação. O plano que corta o centro desses íons contrários hidratados mais

    próximos da superfície é denominado Plano de Stern. Ele divide os íons da DCE entre

    aqueles da camada de Stern e aqueles da camada de Gouy (Parks, 1975).

    A reversibilidade do comportamento da carga elétrica superficial em um sólido é

    prevista pelos parâmetros de ponto de carga zero (PCZ) e o ponto isoelétrico (PIE). Por

    definição o PCZ é o logaritmo negativo da atividade de um dos IDP (íons determinantes

    Figura 4. Modelo da dupla camada elétrica na adsorção não especifíca:

    (a) esquema da DCE; (b) distribuição do potencial eletrostático (Parks, 1975).

  • 25

    do potencial – aqueles que exercem um controle significativo sobre a carga da

    surperfície) correspondente à carga real de superfície igual a zero (Parks, 1975).

    Depedendo da carga da superfície do sólido, espécies dissolvidas com carga oposta à da

    superfície, migrarão em sua direção e poderão ser adsorvidos pelo sólido. Assim,

    justifica-se a importância de determinação do ponto de carga zero (PCZ) em minerais

    que apresentam a possibilidade de reverter a carga superfical líquida da superfície.

    O ponto isoelétrico de carga (PIE) é o logaritmo negativo da atividade dos íons

    determinadores de potencial, para o qual a carga líquida no plano de cisalhamento é

    nulo. Constitui uma caractéristica especial de um sistema mineral-solução, uma vez que

    a adsorção de surfactante na dupla camada elétrica pode ocorrer no plano de

    cisalhamento, portanto, o sinal e o valor do potencial exerce influência significativa no

    processo de adsorção (Parks, 1975).

    Ambos os parâmetros (PCZ e PIE) têm metodologias muito similares de determinação,

    e em grande parte das situações, os dois se confundem com o valor de pH em que a

    quantidade de íons positivos (cátions) iguala-se à quantidade de íons negativos (ânions).

    Na Figura 5 estão apresentadas as curvas de potencial zeta da hematita e do quartzo em

    água deonizada. Observa-se que o PCZ da hematita é de 6,7 e do quartzo de 1,8, que

    está de acordo com os valores determinados por (Fuerstenau e Palmer, 1976).

    Figura 5. Potencial zeta da hematita e quartzo condicionados em água destilada (Lopes e

    Lima, 2009).

  • 26

    3.2 Flotação catiônica reversa de minério de ferro

    Na flotação catiônica reversa de minério de ferro, efetuada na faixa de pH 9 a 10,5, as

    aminas, representadas na tabela 1, são utilizadas como coletores da ganga silicosa e o

    amido ou dextrina como depressor dos minerais de ferro.

    Tabela 1. Coletores catiônicos, adaptado de Smith e Akhtar (1976).

    COLETOR FÓRMULA

    ESTRUTURAL

    Sal de amina graxa primária RNH3+Cl

    -

    Sal de amina graxa secundária RR'NH2+Cl

    -

    Sal de amina graxa terciária R(R')2NH+Cl

    -

    Diamina graxa R-NH-(CH2)3-NH2

    Éter-diamina R-O-(CH2)3-NH-(CH2)3-NH2

    Éteramina R-O-(CH2)3-NH2

    Sal de Eteramina [R-O(CH2)3-NH+][CH2COO

    -]

    Sal de sulfônico RS(R')2Cl

    Sal de amônio quaternário R(R')3NCl

    R- Cadeia hidrocarbônica com 10 átomos de carbonos.

    R' - Cadeia de alquila curta, usualmente metil.

    As aminas são derivadas de NH3, pela substituição de um, dois, ou três hidrogênios por

    radicais alquila ou arila. Daí a classificação das aminas em primárias, secundárias e

    terciárias, sendo o comprimento da cadeia hidrocarbônica limitada pela solubilidade.

    Devido à baixa solubilidade das aminas em meio aquoso. As beta-aminas e éter-aminas,

    são utilizadas, por serem mais solúveis e menos sensíveis à variação de pH, mais

    tolerantes com respeito a presença de partículas muito finas a um preço de custo bem

    similar ao preço das aminas, que eram usadas inicialmente (Houot, 1987).

    Baltar (2010) considera que a adsorção da amina depende dos sítios negativos

    disponíveis na superfície mineral e, portanto, só poderá ocorrer acima do ponto

    isoelétrico. Em meio muito alcalino, apesar da maior disponibilidade de sítios negativos

    na superfície do quartzo, a relação RNH+3

    / RNH2 diminui progressivamente, resultando

    em baixa recuperação do mesmo.

  • 27

    Conforme pode ser observado pela Figura 6, as aminas primárias, para valores de pH

    abaixo de 8,5, encontram-se na forma de cátions RNH3+

    . A partir de pH 8,5 ambas as

    espécies, iônica e molecular e acima de pH 12 a espécie molecular RNH2.

    As eteraminas apresentam estrutura característica das aminas primárias. Sua estrutura é

    do tipo R-O-(CH2)3-NH2, uma reação de um álcool com uma acrilonitrila e subsequente

    redução.

    Por meio de espectroscopia infravermelha a transformada de Fourier, Lima (1997)

    verificou que o mecanismo de adsorção do acetato de eteramina em pH 10,5 sobre as

    superfícies da hematita e do quartzo ocorre por atração eletrostática específica entre a

    superfície desses minerais, carregadas negativamente, e o cátion eteramônio, além de

    ligações de van der Waals entre as cadeias hidrocarbônicas do íons eteramônio entre si e

    da eteramina molecular.

    A influência de diversos graus de neutralização dos coletores de acetatos de eteraminas

    e acetato de eterdiaminas, sobre o desempenho da flotação de minério de ferro (itabirito)

    foi avaliado por Magalhães (2000). Através dos resultados pôde-se verificar que o grau

    de neutralização dos acetatos de eteramina estudados apresentou pouca influência nos

    Figura 6. Curva esquemática de dissociação para aminas primárias, em função do pH

    Viana (1984) apud Magalhães (2000).

  • 28

    resultados da flotação e a baixa concentração do coletor, tanto das monoaminas e,

    principalmente, das diaminas, piorou desempenho da flotação efetivamente.

    Cassola e Bartalini (2010) avaliaram o efeito da modificação do coletor de minerais de

    sílica na recuperação de ferro, de quatros minas (A, B, C e D). E concluíram que:

    Para mina A, o coletor Flotigam EDA-3 neutralizada a 30% seria uma

    alternativa ao padrão atualmente em uso que é EDA- C neutralizado a 50%.

    Para mina B, o coletor Flotigam EDA neutralizada a 50% pode substituir o

    EDA-C neutralizado a 50%, no entanto gerará um consumo maior, mas com

    uma recuperação metalúrgica melhor.

    Para mina C, o coletor Flotigam EDA-3 neutralizado a 30%, padrão atualmente

    em uso, não deverá ser substituído.

    Para mina D, o coletor Flotigam EDA neutralizado a 50% pode ser substituído

    pelo EDA-C neutralizado a 50% com variações significativas nos teores de sílica

    e na recuperação de ferro e com dosagens menores.

    Os resultados obtidos por Cassola e Bartalini (2010) apontam para a possibilidade de

    aumentar a recuperação metalúrgica, mantendo a qualidade do concentrado, além de

    uma redução das matérias-primas, como por exemplo, o ácido acético utilizado na

    neutralização das eteraminas.

    Estudos realizados mostraram ser possível o reaproveitamento da amina residual do

    rejeito da flotação catiônica reversa de minério de ferro através da recirculação da água,

    desde que a água do rejeito a ser reaproveitada não contenha grande quantidade de

    partículas ultrafinas em suspensão (Batisteli, 2007).

    Costa (2009) avaliou a flotabilidade do quartzo em função do pH e dosagem de coletor

    (amina, oleato de sódio e óleo de babaçu saponificado) sem adição de depressor.

    Verificou-se uma excelente flotabilidade do quartzo, principalmente na faixa de pH 4,5

    a 9,5 na dosagem de 150 g/t de amina, utilizando reguladores de pH HCl/NaOH, tempo

    de condicionameto de 120 seg e vazão de gás de 27 +/-3 mL/seg, para os demais

    coletores nas mesmas condições foi possivel verificar apenas uma discreta flotabilidade.

  • 29

    3.3 Interferência de cátions na flotação de minério de ferro

    Cátions polivalentes adsorvem-se na superfície do quartzo, especialmente quando esses

    cátions formam hidroxi-complexos.

    Fouad et al. (1994), estudaram o efeito dos surfatantes catiônicos e aniônicos na

    superfície do quartzo e cassiterita na presença de cátions polivalentes, e constataram que

    a curva de pH do potencial zeta para ambos os minerais na presença de diferentes sais

    (FeCl3, AlCl3, LaCl3, CeCl3 e ThCl4) modificava fortemente a carga da superfície dos

    óxidos, devido à adsorção dos cátions livres e de seus hidroxocomplexos sobre a

    superfície dos óxidos.

    Na Figura 7 está apresentada a curva de adsorção de íons Ca+2

    sobre a superfície do

    quartzo. Pelo diagrama de distribuição de espécies (Figura 8), observa-se que a máxima

    adsorção de Ca+2

    pelo quartzo, coincide com a região de maior concentração do hidroxi-

    complexo CaOH+, Clark e Cooke (1968) apud Fuerstenau e Palmer (1976).

    Figura 7. Adsorção de cálcio na superfície do quartzo, em função de pH para

    solução de 100 ppm de Ca2+

    (Fuerstenau e Palmer, 1976).

  • 30

    Scott e Smith (1993), estudaram o efeito da presença de cátions de Ca+2

    na flotação de

    quartzo e magnetita, em função de pH com N-alquil 1,3 diaminopropano como coletor

    (com comprimento de cadeia de 8, 12 e 16 C) . Os pesquisadores constataram que para

    concentração de CaCl2 acima de 0,1 mol/L a recuperação de ambos minerais diminuía,

    o efeito foi particularmente marcante para o coletor com 8 carbonos na cadeia

    hidrocarbônica. Segundo os autores, quando a concentração do coletor 8C foi

    aumentada de 1 x10 -5

    para 1 x 10 -4

    mol/dm3 (Figuras 9 e 10), observou-se alguma

    flotação do quartzo em pH 9-10 devido o aumento da concentração do coletor. Porém, a

    presença de CaCl2 novamente deprimiu os dois minerais. Isso pode ser atribuido à

    adsorção de cátions Ca+2

    na dupla camada elétrica das duas espécies minerais.

    Carvalho (2003) efetuou estudos da interferência de Ca2+

    (adição de cal hidratada em

    várias concentrações) na flotação em escala de bancada de minério do ferro. Os

    resultados mostraram que houve aumento do teor de SiO2 no concentrado, que o autor

    atribuiu à ineficiência da etapa de deslamagem em consequência do baixo nível de

    dispersão da polpa devido à ação coagulante da cal hidratada pela atração dos cátions

    Ca2+

    pela superfície dos minerais de ganga silicatada que possuem cargas negativas

    elevadas em valores de pH acima de 10,5 na flotação reversa de minério de ferro.

    Figura 8. Diagrama de especiação do cálcio, para 1 x 10-3

    M [Ca+2

    ] (Fuerstenau

    e Palmer, 1976).

  • 31

    Figura 10. Recuperação do quartzo e magnetita com concentração do coletor de 1x10-4

    em função de

    pH em ausência (linhas sólidas) e presença (linhas tracejadas) de 0,1 mol/ dm³ CaCl2 utilizando,

    coletor diamina 8C; concentração do coletor: 1 x 10-4

    mol/L; símbolos + e □ são para o quartzo, * e x

    para magnetita (Scott e Smith, 1993).

    Figura 9. Recuperação do quartzo e magnetita em função de pH em ausência (linhas sólidas) e

    presença (linhas tracejadas) de 0,1 mol/ dm3 CaCl2, utilizando coletor diamina 8C; concentração

    do coletor: 1 x 10-5

    mol/l; símbolos + e □ são para o quartzo, * e x para magnetita (Scott e Smith,

    1993).

  • 32

    Araujo (1982) estudou o efeito de íons de alumínio na flotação catiônica (com sal de

    amina primária) de quartzo e hematita. De forma genérica, mostrou que no pH 7,5

    ocorreu máxima depressão do quartzo com concentrações variáveis do coletor, a uma

    baixa concentração de íons de alumínio, na ordem de 16 mg/L, foi suficiente para

    promover quase total anulação na flotabilidade do quartzo (Figura 11). De acordo com

    autor, o pH 7,5, onde a carga líquida de superfície do quartzo condicionado com íons de

    alumínio é positiva, a flotabilidade não foi muito alterada com o aumento da

    concentração do coletor. No entanto, no pH 10 (máxima flotabilidade), pode ser

    restabelecidada aumentando-se a concentração do coletor, (Figura 12) uma vez que o

    potencial zeta nesse pH é negativo, mas de menor módulo se comparado ao módulo do

    potencial zeta do quartzo neste pH, na ausência de íons alumínio.

    Araujo (1982), concluiu que concentrações de 40 mg/L de íons de alumínio são

    suficientes para deprimir totalmente a flotação de hematita com amina, em pH 10

    (Figura 13).

    Figura 11. Influência da concentração de íons de alumínio na flotabilidade

    de quartzo no pH 7,5 (Araujo, 1982).

  • 33

    .

    Figura 13. Influência da concentração de íons de alumínio na flotabilidade da

    hematita no pH 10,0 (Araujo, 1982).

    Figura 12. Influência da concentração de íons de alumínio na flotabilidade do

    quartzo no pH 10,0 (Araujo, 1982).

  • 34

    Duarte (2012), concluiu que a presença do cátion metálico divalente Mn++

    reduziu a

    recuperação do quartzo e da rodonita, na dosagem de 100 mg/L, utilizando coletor

    Flotigam EDA-C, em pH 10. Segundo a autora, nessa faixa de pH encontra-se a

    máxima presença do hidroxocomplexo Mn(OH)+, Figura 14, responsável pela redução

    da flotabilidade desses minerais.

    Figura 14. Diagrama da concentração logarítmica do cátion Mn++

    com

    concentração de 10 -4

    M. Butler ( 1964) apud Fuertenau et al. ( 1985)

    3.4 Agentes Complexantes

    Qualquer combinação de cátion com moléculas neutras ou ânion que contêm pares de

    elétrons livres dá um complexo de coordenação. Os ânions ou moléculas com os quais o

    cátion central é coordenado são referidos como ligantes, ou seja, um átomo central e

    vários ligantes intimamente acoplados a ele, através de ligações eletrostática, covalente

    ou uma mistura de ambas. O átomo central é caracterizado pelo número de

    coordenação. Se o complexo contém um ou mais átomos ligantes coordenados com a

    espécie central, ele é referido como um monodentado, bidentado, tridentado, etc. Se o

    agrupamento de átomos ligantes é um multidentado, como por exemplo, etilenodiamina

  • 35

    (um ligante bidentado) ou EDTA (ácido etilenodiaminotetracético ligante hexadentado),

    referimos então como um complexo quelato ou agente quelante (Leja, 1983).

    O ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) tem uma ampla e geral aplicação em análise

    química, por causa de sua poderosa ação complexante e disponibilidade comercial. Em

    condições adequadas de pH, forma complexos solúveis em água, extremamente

    estáveis, com a maioria dos metais alcalino-terrosos. Sua ação complexante é máxima

    em solução fortemente alcalina, quando, então, se encontra na forma da espécie ativa

    Y-4

    . No entanto, com o aumento do pH da solução, acentua-se a tendência para a

    formação de hidróxidos metálicos poucos solúveis. Em geral, é necessário, adicionar à

    solução, uma mistura de tampão a fim de ajustar o pH do meio a um valor conveniente

    para o caso, bem como impedir uma acificação da solução como resultado da liberação

    de íon H+ (Ohlweiler, 1974).

    Araujo e Coelho (1992) avaliaram o efeito do sal dissódico de ácido

    etilenodiaminotetracético (EDTA) na flotação de quartzo e da hematita, com amina na

    presença de espécies de alumínio. Após a adição do EDTA a flotação catiônica de

    quartzo foi reativada, ou seja, minimizou o efeito depressor dos íons de alumínio na

    flotação reversa de minério de ferro. Conforme pode ser observado pela Figura 15 a

    quantidade de agente complexante necessária para reativação do quartzo varia com o pH

    e concentração de Al. Para hematita, Figura 16, a adição do EDTA não reativou a

    flotabilidade com amina na presença de íons Al. Segundo os pesquisadores, os

    complexos entre íons de ferro e EDTA têm maior estabilidade que o complexo formado

    com íons de alumínio.

    A dosagem do EDTA é um controle importante no sistema de flotação. Um estudo

    realizado por Qun e Heiskanen (1989), sobre o efeito do EDTA na flotação de um

    minério rico em fosfato, contendo os minerais de silicatos (P2O5 e SiO2) e minerais de

    óxido de ferro (Fe) na presença de íons Ca+2

    , utizando 1280 g/t de ácido graxos como

    coletor e 2650 g/t de silicato de sódio como depressor, em pH 9, não se obteve sucesso.

    Os autores concluíram que a dosagem utilizada do EDTA de até 200 g/t foi

    insuficiente.

  • 36

    Figura 16. Influência da concentração EDTA na flotabilidade da hematita no pH

    10,0 na presença de íons de alumínio (Araujo, 1982).

    Figura 15. Efeito do EDTA na flotação catiônica do quartzo com 2,5 mg/L de amina em

    presença de 650 mg/L de espécies de Al em pH 10 e 100 mg/L de espécie de Al em pH 7,5

    (Araujo e Coelho, 1992).

  • 37

    4. MATERIAIS E METODOLOGIA

    4.1 Amostras Minerais e Reagentes

    Neste capítulo, serão abordadas as preparações das amostras minerais (quartzo e

    hematita), análise química, difração de raios X, densidade, preparação dos reagentes,

    ensaios de microflotação em tubo de Hallimond modificado, medidas de potencial zeta

    e ensaios/análises de adsorção por espectroscopia infravermelha a transformada de

    Fourier de espécies da dissolução dos sais CaCl2, MgCl2, MnCl2 na superfície da

    hematita e do quartzo.

    4.1.1 Preparação das amostras minerais

    A amostra de hematita foi recebida em blocos da Mina do Galinheiro, localizada na

    Fazenda Cata Branca, Itabirito, MG – Brasil. A mesma foi submetida à britagem em

    britador de mandíbulas. O produto da britagem passou pela moagem através do moinho

    de bolas de ferro. A seguir, foi realizada a separação granulométrica entre as frações

    (-295 +147 µm), (-147 µm) e (-37 µm), por peneiramento a úmido. Posteriormente, as

    mesmas foram secadas em estufa a 100ºC.

    A amostra de quartzo encontrava-se fragmentada na fração de (200 µm) no Laboratório

    de Propriedades Interfaciais (DEMIN-UFOP). A mesma foi moída em moinho de

    porcelana e corpos moedores de seixos de quartzo. A seguir, foi realizada a separação

    granulométrica entre as frações (-295 +147 µm), (-147 +37 µm) e (-37 µm) por

    peneiramento a úmido. Em seguida, as frações granulométricas foram secadas em

    estufa a 100ºC. Posteriormente, foram homogeneizadas, quarteadas e em seguida

    lixiviadas com ácido clorídrico concentrado para remoção dos óxidos de ferro. Após o

    ataque com ácido por cerca de 3 horas as amostras foram lavadas sucessivamente com

    água destilada até que o pH da água ficasse no mesmo valor da água destilada

    (aproximadamente no pH 7,0). As amostras foram então secas em estufa a 100ºC.

    A fração granulométrica das amostras minerais (hematita e quartzo) entre

    (-295 +147 µm) foi utilizada nos ensaios de microflotação. A fração (-37 µm) foi

  • 38

    utilizada para determinação de potencial zeta. Para os ensaios de adsorção foram

    retirados uma alíquota de cerca de 5g da fração granulométrica (-37 µm) que foi

    pulverizada em gral de ágata até a obtenção de área superficial maior que 10 m2/g.

    4.1.2 Preparação dos Reagentes

    O coletor empregado nos ensaios de microflotação e potencial zeta foi uma amina

    Flotigam EDA com grau de neutralização igual a 50% (Flotigam EDA – Clariant S.A).

    Como depressor foi utilizado o amido de milho (Unilever S.A). Para controle de pH

    foram utilizados HCl (Vetec Ltda) e NaOH (Vetec Ltda). Foram utilizados os sais

    CaCl2, MgCl2 e MnCl2 da LabSynth Ltda como fonte de cátions divalentes Ca+2

    , Mg+2

    e

    Mn+2

    . Para os ensaios de determinação de potencial zeta foi utilizado o cloreto de sódio

    (Santa Helena Ltda) que teve como objetivo manter a força iônica constante. O EDTA

    (Labsynth Ltda) foi utilizado como complexante dos cátions em estudo. Os reagentes

    Azul de Bromotimol e Timolftaleína ambos da (Labsynth Ltda) foram utilizados a fim

    de ajustar o pH do meio após uso do EDTA para 7,0 e 10,5.

    Flotigam EDA a 0,05% (p/v)

    I- Pesou-se 0,05 g de acetato de eteramina em um béquer de 50 mL;

    II- Transferiu-se a eteramina com auxílio de uma pisseta contendo água

    destilada para um balão volumétrico de 100 mL, até completar o seu

    volume;

    III- Agitou-se a solução por inversão.

    Amido de milho a 1% (p/v)

    I- Pesou-se 1 g de amido de milho em um béquer de 50 mL;

    II- Adicionou-se 2 mL de água destilada e homogenizou-se com a ajuda de

    um bastão de vidro;

    III- Adicionou-se 5 mL de NaOH a 5% (p/v), agitando manualmente com um

    bastão de vidro até a completa gelatinização do amido;

    IV- Transferiu-se o amido gelatinizado com auxilio de uma pisseta contendo

    água destilada para um balão volumétrico de 100 mL, até completar o

    volume.

  • 39

    Solução a 1% (p/v) de CaCl2 , MgCl2 e MnCl2

    I- Pesou-se 1 g de CaCl2 (anidro) em um béquer de 50 mL;

    II- Transferiu-se o cloreto com auxílio de uma pisseta contendo água

    destilada para um balão volumétrico de 100 mL, até compeltar o volume;

    III- Agitou-se a solução em agitator magnético por 3 minutos.

    No caso das soluções de MgCl2 e MnCl2 no item I foram pesadas 2,130 g de

    MgCl2.6H2O e 1,570 g de MnCl2.4H2O

    Solução a 1% (p/v) de EDTA ( C10H14N2O8Na2.2H2O)

    I- Pesou-se 1,107g de EDTA C10H14N2O8Na2.2H2O em um béquer de 50 mL;

    II- Transferiu-se o reagente com auxílio de uma pisseta contendo água

    destilada para um balão volumétrico de 100 mL, até completar o volume;

    III- Agitou-se a solução em agitator magnético por 3 minutos.

    Solução de NaOH a 1, 5 e 10% (p/v)

    I- Pesou-se 1 g (1% p/v), 5 g (5% p/v) e 10 g (10% p/v) de NaOH em béquer de 50

    mL;

    II- Transferiu-se o hidróxido de sódio com auxílio de uma pisseta contendo água

    destilada para um balão volumétrico de 100 mL, até compeltar o volume;

    III- Agitou-se a solução em agitator magnético por 3 minutos.

    Solução de HCl a 1 e 5 % (p/v)

    I- Pipetou-se 2,70 ( 1% p/v) ou 13,5 (5% p/v) de HCl, com o auxílio de uma pêra;

    II- Tranferiu-se para um balão volumétrico de 100 mL contendo água destilada e

    completou o volume;

    III- Agitou-se a solução por inversão.

    Solução tampão de timolftaleína

    I- Pesou-se 0,1 g de reagente tampão;

    II- Transferiu-se o reagente tampão com auxílio de uma pisseta contendo álcool

    etílico hidratado (54º GL), para um balão volumétrico de 100 mL, até completar o

    volume;

  • 40

    III- Agitou-se a solução em agitator magnético por 3 minutos

    Solução tampão de Azul de bromotimol

    I- Pesou-se 0,1 g de Azul de bromotimol;

    II- Transferiu-se o Azul de bromotimol para um béquer e adicionou-se 20 mL de

    álcool etílico hidratado (54º GL) na temperatura de 80 ºC;

    III- Transferiu-se a solução do item anterior para um balão de 100 mL e completou-

    se o seu volume com água destliada.

    4.2 Caracterização das Amostras Minerais

    4.2.1 Análise mineralógica

    A determinação qualitativa dos minerais constituintes das amostras de quarzto e

    hematita foram efetuadas por difração de raios – X, pelo método do pó total, utilizando-

    se o difratômetro da PANalytical modelo Empyrean equipado com tubo de cobre

    (radiação Cu-Kἀ com λ= ,5405 Å) na condição de varredura em arranjo 2° no intervalo

    de 2° - 70º do Laboratório do Departamento de Geologia (DEGEO/UFOP).

    4.2.2 Análise química

    As análises químicas das amostras minerais (hematita e quartzo) foram realizadas no

    Laboratório de Química Ambiental do DEGEO. Para as amostras de hematita e quartzo

    utilizadas nos ensaios de microflotação, potencial zeta e adsorção foram determinados

    os teores de Fet, FeO e SiO2 através de análises via úmida, Espectroscopia de emissão

    atômica a plasma (SiO2, Al2O3, P, MnO2, CaO, MgO,TiO2, Na2O e K2O) e PPC, que foi

    determinada pelo método gravimétrico.

    4.2.3 Análise granulométrica

  • 41

    As análises granulométricas das amostras de hematita e quartzo na fração de - 37 µm

    foram efetuadas pelo granulómetro a laser CILAS 1064, do Laboratório de Propriedades

    Interfaciais (DEMIN-UFOP) para determinar a proporção de partículas menores que 10

    µm, valor indicado para estudos do potencial zeta.

    4.2.4 Determinação de área superficial

    A determinação da área superficial das amostras de hematita e quartzo foram analisadas

    no equipamento BET Quantachrome – modelo Nova 1200e, do Laboratório de

    Propriedades Interfaciais (DEMIN-UFOP), sob as seguintes condições: (i) preparação

    da amostra – temperatura de desgaseificação de 195 ºC. O tempo de desgaseificação foi

    de 17 horas, (ii) ajuste do software de controle NOVAWin2 – atraso térmico de 180s

    (tempo para se estabilizar a medição antes da captura do primeiro ponto da isoterma de

    adsorção-dessorção). As condições de equilíbrio estiveram entre 60s e 120s, para as

    quais se tem o mínimo e o máximo de tempo, respectivamente, de flutuação da pressão

    relativa antes de sua tomada como ponto da isoterma de adsorção-dessorção.

    4.2.5 Densidade

    A densidade das amostras minerais na faixa granulométrica de -295 +147 µm e -37 µm

    foram analisadas no equipamento Multipcnômetro a hélio da marca Contachrome -

    modelo 1000, do Laboratório de Propriedades Interfaciais (DEMIN-UFOP). As análises

    tiveram os seguintes aspectos: (i) preenchimento de, aproximadamente, 67% do volume

    do porta amostra pequeno (12,8 cm3); (ii) temperatura ambiente ((23°C); (iii) tempo de

    equilíbrio automático; (iv) pressão alvo igual a 17psi; (v) tempo de purga igual a

    4 minutos. Determinou-se a densidade aparente como sendo a média dos valores obtidos

    em 3 medições, em que o desvio padrão foi de 0,005%.

    4.3 Ensaios de microflotação

    Os ensaios de microflotação (triplicata) foram efetuados em tubo de Hallimond

    modificado, no laboratório de Flotação (DEMIN- UFOP).

  • 42

    Em uma primeira fase foram levantadas as curvas de flotabilidade do quartzo e da

    hematita em função da dosagem de amina (Flotigam EDA) e pH. Após a determinação

    da dosagem e pH de máxima flotabilidade para ambos minerais, foram levantadas as

    curvas de flotabilidade dos mesmos em função da dosagem de amido e dos sais dos

    cátions divalentes ( Ca+2

    , Mg+2

    e Mn+2

    ), visando a obtenção da dosagem da completa

    supressão da flotação dos minerais estudados. Finalmente, foram efetuados ensaios de

    microflotação, usando o complexante EDTA, dos minerais previamente condicionados

    com os cátions divalentes, seguido de condicionamento com amido de milho.

    Os testes de microflotação foram feitos em cinco estágios:

    Estudo da flotabilidade do quartzo e da hematita, com coletor Flotigam EDA em

    função do pH;

    Estudo da flotabilidade do quartzo e da hematita, com coletor Flotigam EDA

    (2,5 mg/L para quartzo e 50 mg/L para hematita), em pH 10,5, em função da

    concentração do amido de milho;

    Estudo da flotabilidade do quartzo e da hematita, com coletor Flotigam EDA

    (2,5 mg/L para o quartzo e 50 mg/L para hematita), no pH 10,5, em função da

    concentração dos CaCl2 , MgCl2 e MnCl2 ;

    Estudo da flotabilidade do quartzo e da hematita, com coletor Flotigam EDA

    (2,5 mg/L para o quartzo e 50 mg/L para hematita), no pH 10,5, em função da

    concentração do depressor, fixando a dosagem dos CaCl2 , MgCl2 e MnCl2, em

    200 mg/L;

    Estudo da flotabilidade do quartzo e da hematita, com coletor Flotigam EDA

    (2,5 mg/L para o quartzo e 50 mg/L para hematita), no pH 10,5, para

    concentração de 200 mg/L dos cátons divalentes em função da dosagem do

    EDTA.

    4.3.1 Procedimento experimental dos ensaios de microflotação em tubo de

    Hallimond modificado

    a) Ensaios com coletor amina

  • 43

    1. calibragem do medidor de pH na faixa de trabalho;

    2. transferência da solução de amina a 0,05% p/v, através de uma pipeta, para um

    balão volumétrico de 100 ml e diluição com água destilada, para a obtenção da

    concentração desejada e ajuste de pH, usando NaOH para valores de pH alcalino

    e HCl para valores de pH ácido;

    3. transferência de 1g dos minerais em estudo (hematita e/ou quartzo) para o tubo

    Hallimond e posteriormente a adição da solução de amina na concentração

    desejada;

    4. completou-se o volume do tubo de Hallimond com água destilada com o mesmo

    valor de pH da solução de amina;

    5. ligou-se o agitador magnético. Condicionou-se pelo período de 3 min;

    6. abriu-se a vazão de nitrogênio em 60 mL/min, deixando-se flotar por 1 min;

    7. o agitador magnético foi desligado em sequência fechou-se a vazão de

    nitrogênio ;

    8. coletou-se o material flotado e afundado em béqueres, sendo os mesmos

    filtrados e secados em estufa a 100ºC. Após o resfriamento em temperatura

    ambiente pesaram-se os papéis de filtros contendo o mineral, e os mesmos após

    a remoção das partículas sólidas, sendo que as massas dos minerais foram

    obtidas pela diferença entre os papéis de filtros com as partículas minerais e

    após a remoção das mesmas. Em seguida efetuou-se o balanço de massa.

    b) Ensaios com amido e amina

    1. calibragem do medidor de pH na faixa básica, usando tampões 7 e 10;

    2. transferência da parte da solução de amido através de uma pipeta, para um balão

    volumétrico de 100 mL e diluição com água destilada, para a obtenção da

    concentração desejada e ajuste do pH para 10,5;

    3. transferência de 1g dos minerais em estudo (hematita e/ou quartzo) para o tubo

    de Hallimond;

    4. transferência de 100 mL da solução de amido (item 2), para o tubo Hallimond;

    5. ligou-se o agitador magnético e condicionou-se pelo tempo de 5 minutos;

  • 44

    6. transferência de 1,35 mL (para concentração de 2,5 mg/L), 2,7 mL (para

    concentração de 5,0 mg/L) e 27 mL (para concentração de 50 mg/L) da solução

    amina a (0,05% p/v), através de uma pipeta, para o tubo Hallimond modificado;

    7. condicionou-se pelo tempo de 3 minutos;

    8. completou-se o volume do tubo de Hallimond com água destilada em pH 10,5 e

    deixou sob agitação durante 3 min;

    9. repetiu-se os procedimentos 6 a 8 dos ensaios com amina.

    c. Ensaios com cátions/amina

    1. transferência de parte da solução dos sais CaCl2, MgCl2 ou MnCl2 através de

    uma pipeta, para um balão volumétrico de 100 mL e diluição com água

    destilada, para a obtenção da concentração desejada e ajuste de pH para 10,5;

    2. transferência de 1g dos minerais em estudo (hematita e/ou quartzo) para o tubo

    de Hallimond;

    3. transferência dos 100 mL da solução de sal (CaCl2/MgCl2/MnCl2), para o tubo

    Hallimond condicionando-se por 6 minutos;

    4. transferência da amina, usando uma pipeta, na concentração de máxima

    flotabilidade dos minerais, para o tubo de Hallimond condicionando-se por

    mais 3 minutos;

    5. completou-se o volume do tubo de Hallimond com água destilada em pH 10,5;

    6. abriu-se a vazão de nitrogênio em 60 mL/min, deixando-se flotar por 1 min;

    7. efetuaram-se os mesmos procedimentos dos itens 6 a 8 dos ensaios com amina.

    d. Ensaios com cátions/amido/amina

    1. transferência de 1g dos minerais em estudo (hematita e/ou quartzo) para o tubo

    de Hallimond e posterior adição da solução de 100 mL de sal divalente

    (CaCl2/MgCl2/MnCl2) na concentração desejada;

    2. condicionou-se pelo tempo de 6 minutos;

    3. adicionou-se a solução de amido na concetração desejada;

    4. condicionou-se pelo tempo de 5 minutos;

    5. adicionou-se a solução de amina na concentração desejada, usando uma pipeta;

  • 45

    6. condicionou-se por 3 minutos;

    7. completou-se o volume do tubo de Hallimond com água destilada em pH 10,5;

    8. repetiram-se os procedimentos 6 a 9 do item b.

    e. Ensaios com cátions/complexantes/amina

    1. transferência de 1g dos minerais em estudo (hematita e/ou quartzo) para o tubo

    de Hallimod e posterior adição da solução de cátion divalente;

    2. condicionou-se pelo tempo de 6 minutos;

    3. adicionou-se a solução do complexante (EDTA) na concentração desejada;

    4. condicionou-se pelo tempo de 5 minutos;

    5. adicionou-se a solução tampão de timolfitaléina para elevação do pH para 10,5 e

    condicionou por mais 3 minutos;

    6. adicionou-se a solução de amina na concentração de máxima flotabilidade;

    7. condicionou-se por 3 minutos;

    8. completou-se o volume do tubo de Hallimond com água destilada em pH 10,5;

    9. repetiram-se os procedimentos 6 a 8 dos ensaios com a amina.

    f. Ensaios com cátions/ complexantes /amido/ amina

    1. transferência de 1g dos minerais em estudo (hematita e/ou quartzo) para o tubo

    de Hallimod e posterior adição de solução dos sais em estudo;

    2. condicionou-se pelo tempo de 6 minutos;

    3. adicionou-se a solução do complexante (EDTA) na concentração desejada;

    4. condicionou-se pelo tempo de 5 minutos;

    5. Adicionou-se a solução tampão de timolfitaléina e condicionou por mais 3

    minutos;

    6. adicionou-se a solução de amido na concentração desejada;

    7. condicionou-se pelo tempo de 5 minutos;

    8. adicionou-se a solução de amina (2,5 mg/L e 50 mg/L) para quartzo e hematita

    respectivamente;

    9. condicionou-se por 3 minutos;

    10. completou-se o volume do tubo de Hallimond com água destilada em pH 10,5 ;

    11. repetiu-se os procedimentos de 6 a 8 dos ensaios com amina.

  • 46

    4.4 Determinação de potencial zeta

    Para determinação do potencial zeta das amostras minerais (hematita e quartzo) foi

    utilizado o zetâmetro Malvern Zetasizer Nano Z – ZEN 2600 do Laboratório de

    Propriedades Interfaciais do DEMIN/UFOP. Este equipamento determina

    automaticamente a mobilidade eletroforética das partículas e transforma essa medida em

    potencial zeta (ζ) usando a equação de Smoluchowiski.

    Foram levantadas as curvas de potencial zeta dos minerais, usando 10-4

    M de NaCl para

    manutenção da força iônica constante do meio nas seguintes condições:

    i. Ausência de reagentes para valores de pH variando de 6 a 12;

    ii. condicionados com amina na dosagem de 50 mg/L variando o pH de 6 a 12;

    iii. condicionados com amido na dosagem de 100 mg/L variando o pH de 6 a 12;

    iv. condicionados com as soluções dos sais CaCl2, MgCl2 e MnCl2 na dosagem de

    200 mg/L variando o pH de 6 a 12;

    v. condicionados com as soluções dos sais CaCl2, MgCl2 e MnCl2 na concentração

    de 200 mg/L, seguido da adição de EDTA e tamponamento para pH 7,0 e 10,0;

    vi. nas mesmas condições de v e adição de amido na concentração de 100 mg/L;

    vii. nas mesmas condições de vi e adição de amina na concentração de 50 mg/L.

    O procedimento para determinação das curvas de potencial zeta dos minerais puros

    foram efetuadas conforme descrita abaixo:

    1. Preparação de suspensão de cada amostra mineral pela adição de 0,164 g e/ou

    0,150 g (respectivamente para quartzo e hematita) em uma proveta de 250 mL,

    que então era completado com a solução de reagente na concentração desejada;

    2. Cobriu-se a proveta com um filme plástico, agitando por inversão a dispersão

    contendo o mineral;

    3. Deixou-se a suspensão em repouso durante o tempo de sedimentação das

    partículas de 10 µm; calculado pela fórmula de sedimentação gravitacional- lei

    Stokes:

  • 47

    Eq.: (1)

    Onde: v é a velocidade terminal de sedimentação [m/s]; ρs e ρf são

    respectivamente, os pesos específicos do sólido e fluido [kg/m3]; η é a

    viscosidade do fluido [kg/m.s]; g é a aceleração da gravidade [ m/s2] e d é o

    diâmetro d partícula [m]. Os tempos de sedimentação das partículas de 10 µm

    do quartzo e da hematita foram de 45 minutos e 20 minutos, respectivamente;

    4. Transferiu-se a dispersão anterior (partículas < 10 µm) para béqueres de 50 mL e

    manteve-se a dispersão em suspensão por agitação magnética;

    5. Ajustou-se o pH para o valor desejado;

    6. com auxílio de uma seringa, foram injetadas, individualmente, as disperções na

    cubeta, sendo a mesma inserida no Zetâmetro da Malvern- Instruments-Zetasizer

    Nano Z;

    7. iniciou-se as análises, com três leituras de pH, que foram feitas em réplica para

    cada valor de pH. Os valores de potencia zeta, foram calculados pela média

    aritmética das medidas efetuadas nos dois ensaios ( 4 medidas).

    4.5 Procedimento experimental para os ensaios de adsorção de cátions /

    espectroscopia no infravermelho

    O procedimento experimental para os ensaios de adsorção dos cátions divalentes ( Ca+2

    ,

    Mg+2

    e Mn+2

    ) foram:

    1. preparação de 100 mL de reagente ( CaCl2, MgCl2 ou MnCl2) na concentração

    de 10-1

    M;

    2. calibragem do medidor de pH na faixa de trabalho;

    3. transferência da solução de reagente para um béquer de 250 mL e ajuste de pH

    em 10,5;

    4. adição da amostra mineral em estudo (80 mg) à solução, transferência para o

    balão volumétrico do agitador mecânico Fisatom, modelo 780, e

    condicionamento por 1 h;

  • 48

    5. transferência da suspensão anterior para os tubos de ensaios da centrífuga e

    posterior centrifugação para a separação sólido/líquido;

    6. lavagem dos sólidos com água destilada e filtragem usando papel de filtro

    quantitativo;

    7. transferência do papel de filtro contendo os sólidos para o dessecador e secagem

    à temperatura ambiente.

    Para obtenção dos espectros infravermelhos dos reagentes (CaCl2, MgCl2, MnCl2,

    Ca(OH)2, Mg(OH)2 e Mn(OH)2 e amostras minerais puras e condicionadas com

    soluções de 10-1

    M de CaCl2, MgCl2 e MnCl2 foi utilizado o espectrômetro

    infravermelho da Thermo Nicolet modelo 6700 do Laboratório Infravermelha e Análise

    Termo Diferencial do DEMIN/UFOP.

    A preparação das amostras para as análises de espectrometria no infravermelho pela

    técnica de reflectância difusa, constou de:

    1. Pesou-se 100 mg de KBr;

    2. pesou-se 1 mg da amostra mineral;

    3. misturou-se a amostra sólida com o KBr (mineral ou reagente) em gral de sílex;

    4. transferência da mistura anterior para o porta amostra do acessório de

    reflectância difusa e efetuou a análise.

    Os espectros foram obtidos na resolução (4cm-1

    ) e com número de varreduras

    individuais de 200 vezes com supressão de H2O e CO2. A seguir, os mesmos foram

    manipulados com a utilização do software FTIR- OMNIC do equipamento.

  • 49

    5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

    5.1 Caracterização das Amostras Minerais

    5.1.1 Hematita compacta

    5.1.1.1 - Difração de raios X

    Nos difratogramas de raios-X das frações granulométricas -295 +147 µm e -147 µm

    (Figuras 17 e 18) foi identificada somente a hematita, o que dá indício da pureza das

    amostras utilizadas.

    Figura 17. Difratograma de raios-X da amostra de hematita na faixa de -295

    +147 µm.

  • 50

    Figura 18.Difratograma de raios-X da amostra de hematita na faixa

    granulométrica de -147 µm.

    5.1.1.2 Análise Química

    As composições químicas das frações granulométricas -295 +147 µm e -37 µm estão

    apresentadas na Tabela 2, observa-se que os teores de Ft das amostras analisadas foram

    maiores que 69%. O teor de FeO foi praticamente idêntico para duas frações analisadas

    (0,38 e 0,39 %), o que foi observado também para o P.P.C (0,003 e 0,004%) nas frações

    granulométricas -295 +147 µm e -37 µm, respectivamente.

  • 51

    Os teores de Al2O3, MnO, MgO e TiO foram menores na fração -295 +147 µm. Já CaO

    obteve o teor menor na fração granulométrica -37 µm. Quanto ao teor de P, este

    somente foi identificado na fração granulométrica -37 µm (0,02%).

    Tabela 2. Composição química e PPC das frações granulométricas da hematita,

    usadas nos ensaios experimentais.

    Elemento Químico e/ou

    Composto (%) e PPC

    Faixa granulométrica (µm)

    -295 +147 -37

    Fet 69,32 69,08

    SiO2 - -

    Al2O3 0,39 0,60

    P - 0,020

    MnO 0,020 0,033

    FeO 0,385 0,392

    CaO 0,101 0,068

    MgO 0,011 0,017

    TiO2 0,021 0,026

    P.P.C 0,003 0,004

    5.1.1.3 Ánalise granulométrica, densidade e área superficial

    Na Figura 19 está apresentada a curva de distribuição granulométrica da hematita

    (fração granulométrica -37 µm). Conforme pode ser obsevado 90% destas partículas

    encontravam-se abaixo de 38,54 µm. Apenas 16,74% da amostra estava na fração

    granulométrica inferior a 10 µm.

    As densidades da hematita compacta na fração de -295 +147 µm foram de 5,308 g/cm3

    e - 37µm 5,311 g/cm3, que são praticamente iguais.

  • 52

    A área superficial da amostra de hematita usada nos ensaios de adsorção foi de 19,33

    m2/g.

    Figura 19. Distribuição granulométrica da fração -37 µm da hematita.

    5.1.2 Quartzo

    5.1.2.1 Análise mineralógica

    Nas Figuras 20 e 21 estão apresentados os difratogramas de raios X das frações

    granulométricas - 295 +147 µm e -147 µm da amostra de quartzo, respectivamente.

    Estas amostras são constituídas essencialmente pelo mineral quartzo, pois como podem

    ser observadas pelos difratogramas 20 e 21, as raias do quartzo são muito intensas, e

    não se notam raias atribuíveis a outros minerais.

  • 53

    Figura 20. Difratograma de raios-X da amostra de quartzo na fração

    granulométrica de -295 +147 µm.

    Figura 21. Difratograma de raios-X da amostra de quartzo na fração

    granulométrica de - 147 µm.

  • 54

    5.1.2.2 Análise Química

    Na tabela 3 estão apresentadas os resultados das análises química da amostra de quartzo

    na fração de – 295 + 147 µm e -37 µm .

    Tabela 3. Composição química e PPC das frações granulométricas do quartzo,

    usados nos ensaios experimentais.

    Composto químico e/ou

    elementos e PPC

    Faixa granulométrica (µm)

    - 295 +147

    - 37

    SiO2 % 99,54 98,88

    Al 0,53 1,61

    Ba - 0,02

    Ca 0,18 0,57

    Co 0,26 -

    Cr 0,01 -

    Cu - 0,03

    Fe 0,41 0,10

    K 0,02 0,33

    Mg 0,13 -

    Na 0,10 -

    Ni 0,01 -

    S 0,02 0,02

    Ti 0,23 0,06

    Zn 0,02 0,03

    P.P.C % 0,19 0,25

    Observa-se que o a amostra de quartzo utilizados nos testes possui alto grau de pureza.

    Observa-se também que o P.P.C foi maior na fração granulométrica - 37 µm (0,25%).

    5.1.2.3 Análise granulométrica, densidade e área superficial

    Na Figura 22 observa-se que 90% da amostra de quartzo está na faixa granulométrica de

    47,88 µm. Apenas 15,33% da amostra estavam na fração abaixo a 10 µm.

    (ppm)

  • 55

    Figura 22. Distribuição granulométrica da fração -37 µm do quartzo.

    As densidades das amostras de quartzo nas frações granulométricas de -295 +147 µm e

    37 µm foram respectivamente de 2,653g/cm3 e 2,712 g/cm

    3, que são próximos ao valor

    de densidade teórica do quartzo, (Dana, 1967).

    A área superficial da amostra de quartzo usada nos ensaios de adsorção foi de