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Ministério da CulturaUniversidade Federal do ParáPró-Reitoria de ExtensãoDiretoria de Apoio Cultural

PresidenteDilma Vana Rousseff

Ministro da CulturaJuca Ferreira

UFPA - ReitorCarlos Edilson de Almeida Maneschy

UFPA - Vice-ReitorHorácio Schneider

UFPA - Pró-Reitor de ExtensãoFernando Arthur Freitas Neves

UFPA - Diretor de Apoio CulturalLeonardo José Araujo Coelho de Souza

UFPA - Assessor de Educação a DistânciaJosé Miguel Martins Veloso

UFPA - Coordenadora do Laboratório de Pesquisa e Experimentação em MultimídiaMaria Ataide Malcher

UFPA- Coordenador do Laboratório de Desenvolvimento de SistemasMarcos César da Rocha Seruffo

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Cultura? Culturas!

Nosso imaginário tende a vincular, quase que imediatamente, a cultura a

um determinado local, como se cultura tivesse certidão de nascimento. Essa

visão, no entanto, é responsável por encurralá-la em uma lógica cartesiana que

nos leva a encarar a cultura como lista de elementos, como coleção. Pensamos,

muitas vezes, que a cultura é apenas o artesanato ou a obra de arte guardada

em museus e galerias ou o repertório de alguns homens e mulheres. Cultura,

porém, não é isso.Ou melhor, cultura também é isso. Cultura é vida. Cultura somos nós.

Culturas no plural. Só somos em função das culturas. E só somos na

comunicação.

Animais simbólicos

Segundo o autor Stuart Hall (2013), a cultura não é uma questão de ser, mas

de se tornar: não é algo que possamos tomar por acabado, porque está em

constante processo de formação. Esse caráter movente da cultura é

proporcionado pela comunicação, processo de troca cultural que só é possível

graças à capacidade do ser humano de produzir e interpretar sentidos. A

cultura, afinal, dá sentido para os seres humanos; dispõe, portanto, de uma

natureza comunicativa (MARTÍN-BARBERO, 2001) junto às pessoas. Melhor dizendo: determinadas práticas culturais fazem sentido para

algumas pessoas. E é a partir desse ponto de vista que podemos falar, por

exemplo, em cultura paraense, cultura amazônica, cultura baiana, cultura

carioca, cultura brasileira, cultura norte-americana, cultura europeia. Esse

mesmo ponto de vista nos permite afirmar que o açaí é uma fruta típica da

Aula 10: Papel da Comunicação na Gestão CulturalProfessora: Dra. Maria Ataide Malcher

COMUNICAÇÃO E CULTURA

Antonio Carlos Fausto da Silva Jr.Maria Ataide Malcher

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cultura paraense, assim como o brega e o carimbó são manifestações culturais

típicas do Pará, apesar de tanto o açaí quanto o brega e o carimbó serem,

atualmente, consumidos em outras cidades, outros estados e até mesmo em

outros países. Sim, a cultura pode ser considerada um bem de consumo.

Deixemos, porém, para tratar disso um pouquinho mais à frente. O açaí, o brega e o carimbó estão relacionados a práticas culturais que

fazem sentido para a maioria dos paraenses. E quem são os paraenses, senão

homens e mulheres que, mais do que terem nascido no mesmo território

geográfico, costumam ter em comum as mesmas experiências de vida, ou seja,

partilham das mesmas práticas, configurando determinada cultura? Homens e

mulheres que dividem muito mais do que uma terra: dividem as mesmas

práticas culturais, identificando-se com elas e por meio delas. Homens e

mulheres, portanto, cujas histórias de vida encontram-se e confundem-se

graças à cultura e à comunicação.

Figura 1 - Carimbó, gênero musical considerado uma expressãogenuína da cultura paraense (Foto: Everaldo Nascimento/G1).

A cultura vai muito além das discussões acerca de gosto (bom gosto versus

mau gosto) que nos remetem à maniqueísta – e já ultrapassada – polarização

entre alta cultura e baixa cultura. Uma segregação superada com o advento dos

Estudos Culturais, campo de estudos surgido na virada da década de 1950 para

1960. Entre as principais contribuições, estão as do jamaicano Stuart Hall, um

dos maiores expoentes mundiais dos estudos sobre a cultura, falecido em 2014.

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Voltemos, porém, aos consumos distintos a que são submetidos o açaí, o

carimbó e o brega. No Pará, o açaí é quase sinônimo de preguiça. Daqueles

alimentos que a gente ingere já na expectativa de que vá afetar a nossa

disposição para o trabalho e outras atividades; já em estados das regiões Sul e

Sudeste do Brasil, a exemplo do Rio de Janeiro, o açaí é consumido como

energético, estando imbuído de uma representação completamente diferente

da representação emprestada pelo paraense. Notamos, então, como o açaí é capaz de ensejar a produção de diferentes

sentidos para diferentes pessoas. Isso é possível graças à natureza comunicativa

do açaí como prática cultural, o que faz dessa palmeira muito mais do que uma

planta. Uma planta enredada em teias de sentidos e de significados, tecidas

pelos animais simbólicos que são os homens e as mulheres, conforme o filósofo

alemão Ernst Cassirer (1994) definiu o ser humano.

Figura 2 Os cestos de açaí(Foto: Ascom Emater).

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Figura 3 Mulher na coletada fruta na palmeira(Foto: Sidney Oliveira,Agência Pará).

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O mesmo ocorre com o brega e com o carimbó. Gênero musical

relacionado, no Estado do Pará, ao ato de festejar e de celebrar, o brega é

sinônimo de cafonice e de mau gosto em outros estados brasileiros,

particularmente os do Sul e do Sudeste. Representação, aliás, perceptível

mesmo entre alguns paraenses, que caracterizam o brega como música de mau

gosto, insistindo em um debate de cultura já superado e desrespeitando as

práticas culturais dos homens e mulheres responsáveis pela produção e pela

circulação desse gênero musical. Pessoas que se identificam com essa música. Afinal, o caráter simbólico do açaí, do brega e do carimbó se realiza na

linguagem, matéria-prima da comunicação (BAKHTIN, 1995), na qual

projetamos as nossas experiências de vida (RODRIGUES, 1994). O carimbó é

um bom exemplo para demonstrarmos como a cultura está em constante

mutação – e não evolução, termo que dá a ideia de algo que antes era primitivo e

se tornou sofisticado, progredindo. Segundo o historiador paraense Tony Leão da Costa (2011), a história desse

gênero musical é caracterizada por dois momentos: o isolamento simbólico de

um carimbó eminentemente acústico, produzido nos interiores paraenses e no

subúrbio belenense e conhecido como “pau e corda”, e o posterior surgimento

de um carimbó “moderno”, assimilado pela indústria cultural e, por isso, de

maior circulação. Na passagem da modalidade “pau e corda” para a modalidade

moderna, vários elementos se agregaram ao carimbó, dentre eles,

instrumentos elétricos como a guitarra, além das sonoridades de música

caribenha. Vejamos, por exemplo, o vídeo com o trailer do documentário “Mestres

praianos do carimbó de Maiandeua”, no qual um dos mestres entrevistados

afirma, aos dois minutos de vídeo, aproximadamente: “onde tem metal não é

carimbó”. “Pinduca não é carimbó”, emenda ele, em referência ao artista

paraense considerado por alguns, paraenses ou não, como o maior

representante desse gênero musical. Segundo Costa (2010), Pinduca foi o

primeiro a incorporar ao carimbó as sonoridades de guitarra, baixo e bateria,

sendo, por isso, acusado de deturpar o gênero. Isso na década de 1970.

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Figura 4 - Pinduca na capa deum dos discos lançados pelo artista (Foto: afropop.org).

Contraditoriamente, para os demais estados brasileiros, Pinduca é o exímio

representante do carimbó. Inclusive, recebeu das mãos da presidenta Dilma

Rousseff, em novembro de 2014, a Ordem do Mérito Cultural, na classe

Comendador da Cultura Nacional, pelo conjunto de sua obra. Há, portanto, um deslocamento das identificações culturais nessa

passagem do carimbó “pau e corda” para o carimbó “moderno”, processo

eminentemente comunicacional no qual o carimbó deixa de ser reconhecido

por determinado grupo de pessoas para poder ser consumido por outras– neste

caso, especificamente, ele sai do litoral paraense para ser consumido,

sobretudo, no Sul e Sudeste brasileiros. Trazendo esses exemplos relacionados à música, manifestação cultural

capaz de ensejar a produção e interpretação de sentidos nos indivíduos,

chegamos a um assunto estratégico para compreendermos a relação entre

comunicação e cultura: a questão das identidades culturais. Vamos trabalhá-la

também sob o ponto de vista do jamaicano Stuart Hall.

Figura 5 - Stuart Hall, um dos maioresexpoentes mundiais dosestudos sobre a cultura´(foto: The Guardian).

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Quem somos nós?

Já vimos que, sem comunicação, as culturas morrem. E nós também

morreríamos. Afinal, só somos em função do outro. Somos pais diante dos

nossos filhos. Somos alunos diante de nossos professores ou professores diante

de nossos alunos. Somos fiéis – ou, ainda, ateus – diante do padre e diante de

Deus. Enfim, só podemos ser em nossas relações com o outro. Nesse sentido,

não podemos não ser, pois estamos sempre interagindo com alguém, estamos

sempre estabelecendo processos comunicacionais: estamos sempre

comunicando – ou, pelo menos, tentando. Isso porque, de acordo com a pesquisadora Vera França (2001), a

comunicação consiste na produção e interpretação recíprocas de sentidos. É

um processo que se dá a partir do nosso repertório cultural. Por isso, o filósofo

russo Mikhail Bakhtin afirma: “compreender um signo consiste em aproximar o

signo já apreendido de outros signos já conhecidos; em outros termos: a

compreensão é uma resposta a um signo por meio de signos” (BAKHTIN, 1995,

p. 33-34). Também por isso, o educador Paulo Freire escreveu que a leitura do

mundo precede a leitura da palavra. Os seres humanos são seres interpretativos, instituidores de sentido. A

ação social é significativa tanto para aqueles que a praticam quanto para os que

a observam: não em si mesma, mas em razão dos muitos e variados sistemas de

significados utilizados pelas pessoas para definir o que significam as coisas e

também para codificar, organizar e regular as condutas sociais, umas em

relação às outras. Esses sistemas ou códigos de significados dão sentido às nossas ações. Eles

também nos permitem interpretar significativamente as ações alheias.

Tomados em conjunto, esses sistemas de significados constituem as nossas

culturas: constituem as teias em que o ser humano, animal simbólico por

excelência, está enredado. Contribuem para assegurar que toda ação social é

cultural, todas as práticas sociais expressam ou comunicam um significado,

sendo, por isso, práticas de significação ou práticas culturais. Em outras

palavras: tais práticas dispõem de natureza comunicativa. Voltemos ao açaí e às formas diversas de consumir esse alimento. No Pará,

consumi-lo simultaneamente à ingestão de outras frutas é considerado quase

um ato de suicídio. Já em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, é comum a

ingestão do açaí concomitante à de outras frutas, como banana, além de ser

temperado com granola e mel. Mais do que caracterizarem práticas culturais,

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essas práticas sociais dizem muito sobre os grupos de homens e mulheres que

delas partilham. São capazes de indicar, por exemplo, quem é e quem não é

paraense; quem é e quem não é carioca ou paulista ou sudestino; quais são os

grupos de homens e mulheres, afinal, que, mais do que partilharem essas

práticas, identificam-se com elas.

Figura 6 - O açaí comoconsumido em Belém(Foto: Fernando Araújo,O Liberal).

Figura 7 - O consumoda fruta nos estadossudestisnos(Foto: sitebrasil.com.br).

Desembocamos, então, na questão das identidades culturais, ou seja, dos

aspectos de nossas identidades surgidos do nosso pertencimento a culturas

étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais (HALL, 2011).

Incluam-se aí também os aspectos de nossas identidades derivados do nosso

pertencimento a culturas regionais, que têm ganhado cada vez mais

visibilidade mundial na contemporaneidade, considerada por alguns

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Figura 8 - O Boi Pavulagem (foto: Instituto Arraial do Pavulagem/divulgação).

Trata-se de um cortejo dominical que inicia no Rio Guamá, outro elemento

de forte apelo identitário junto aos paraenses, por onde navegam, dentro de

um barco, o boi Pavulagem e o mastro de São João, antes de desembarcarem e

subirem a Avenida Presidente Vargas, em direção à Praça da República. Tudo

isso ao som de carimbó, siriá, lundu e xote marajoara, gêneros musicais

considerados como tipicamente paraenses, como o é a banda Arraial do

Pavulagem, que ao longo de três décadas passou a realizar mais um cortejo

anual, o Arrastão do Círio, no mês de outubro. Às vésperas, portanto, desta que

é considerada uma das maiores festas religiosas do mundo.

estudiosos como o momento da pós-modernidade. O paraense configura-ser

se, então, como uma identidade cultural. Essa identidade é expressa em signos e atitudes dotados de sentido dentro

do que se convenciona chamar de cultura paraense e que são capazes de definir,

pelo menos momentaneamente, quem é o sujeito (LOURO, 2004). Isso explica,

por exemplo, o motivo de a banda paraense Arraial do Pavulagem adotar uma

iconografia baseada principalmente nas cores vermelha e azul, em alusão à

bandeira do Pará, e na figura do boi-bumbá, uma das manifestações culturais

mais presentes no Estado, sugerindo, assim, um sentimento de pertença.

Pertença, aliás, partilhada pelo público da banda, que participa fielmente do

arrastão junino promovido pelo Arraial no centro de Belém há quase 30 anos.

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Figura 9 - O predomínio do azul e do vermelho no espetáculo visualdo Arraial do Pavulagem (foto: arraialdopavulagem.org).

Nessa época, Belém recebe um grande número de turistas, como pode ser

visto na procissão do Círio de Nazaré, em grande medida motivados pela

cobertura midiática. Os meios de comunicação, afinal, alargaram a experiência

de vida dos sujeitos (RODRIGUES, 1994), possibilitando, por exemplo, que

cariocas, paulistas e até mesmo europeus tomem conhecimento do Círio sem

nunca ter vindo a Belém do Pará. Ou, em sentido contrário, possibilitando que

paraenses desfrutem do réveillon de Copacabana sem nunca ter passado a

virada do ano no Rio de Janeiro. Porém, ao mesmo tempo em que converteu o

outro em uma onipresença, desestabilizando identidades culturais antes

consideradas fixas, a mídia tende a valorizar as identidades regionais.Esse fenômeno de valorização simbólica das identidades regionais é

chamado por Stuart Hall (2011) de mercantilização de alteridades, ou seja,

mercantilização da diferença, do outro. Hall (2011) diz ainda que esse outro, na

pós-modernidade, tende a ser constituído pelas regiões da periferia do planeta,

dentre elas a Amazônia, encaradas pelo mercado simbólico global como

regiões puras e intocadas – a despeito das hibridações culturais que as

caracterizam. A visibilidade midiática de que usufrui a cantora Gaby Amarantos na

atualidade pode ser considerada um exemplo dessa mercantilização.

Amarantos apareceu para os brasileiros de outros estados e regiões como a

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Figura 10 - A presença de plantas, de animais silvestres e do rio denotam o apelo amazônico no trabalhode Gaby Amarantos (Foto: Divulgação)

Figura 11 - O cenário amazônicotambém compõe o trabalho dede divulgação de Lia Sophia(Foto: Divulgação)

Beyoncé do Pará há aproximadamente cinco anos; surgiu para a mídia nacional

como uma artista autenticamente paraense. Mais do que isso: autenticamente

amazônica. Na esteira de Gaby Amarantos, vários outros cantores e compositores

nascidos no Pará ganharam visibilidade nacional explorando essa identidade

cultural paraense e amazônica: caso de Felipe Cordeiro, Juliana Sinimbú,

Natália Matos e Aíla. Há ainda o caso de uma artista que, mesmo não tendo

nascido no Pará, alardeia-se nacionalmente como cantora e compositora

egressa do Estado: Lia Sophia. Nascida em Macapá, Lia se estabeleceu como

cantora em Belém (PA); daí anunciar-se para os demais estados brasileiros

como cantora paraense. Identidade cultural que resolveu assumir diante da

valorização de diferenças em vigência na pós-modernidade.

Recorremos, mais uma vez, à música para que essa manifestação

cultural nos ajude a responder à pergunta introdutora deste tópico: quem

somos nós? Não chegaremos, claro, a uma única – e objetiva – resposta, pois

tudo que é da ordem do humano também é da ordem do imponderável. E

com a comunicação – processo eminentemente simbólico (e, por isso

mesmo, eminentemente humano) – não seria diferente. Conforme já

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As sociedades multiculturais não são

algo novo. Bem antes da expansão europeia (a partir do século XV) – e com crescente intensidade desde então – a migração e os deslocamentos dos povos têm constituído mais a regra que a exceção, produzindo sociedades étnicas ou culturalmente ‘mistas’ (HALL, 2013, p. 60)

anunciamos, só somos diante do outro e em função do outro. Só somos,

portanto, em nossas interações sociais com as outras pessoas. E, de acordo com

o professor José Luiz Braga (2012), são nessas interações sociais que ocorre a

comunicação.Se diante dos filhos somos mães ou pais; se diante do professor somos

alunos; diante de um mercado global ávido por consumir regionalismos, somos

paraenses. Ou amazônidas. Somos, portanto, na comunicação. E graças à

comunicação. Somos muitos, somos vários diariamente; assumimos, a cada

instante, uma persona determinada, em detrimento de várias outras. Tudo

depende do contexto comunicacional. E, se o contexto comunicacional pede

diferenças regionais, sejamos, então, paraenses. Chegamos, assim, a dois tópicos estratégicos para a compreensão da nossa

discussão: a circulação das manifestações culturais e a cultura como produto de

consumo.

Cultura com mercado

O material didático disponibilizado para o

Curso de Extensão e Aperfeiçoamento em

Gestão Cultural trabalha com a ideia de cultura

com mercado em vez de cultura de mercado,

sugerindo que a cultura cria um mercado

próprio – e não que o mercado cria a cultura.

Entendimento que se afasta da concepção de

cultura apenas como objeto de consumo e de

entretenimento. Cultura também assegura a

cidadania, assim como a comunicação. Para discutir este tópico, temos que voltar

alguns séculos na história. Tomemos como

referência as Grandes Navegações Europeias, no século XV, que culminaram

com a chegada dos portugueses ao nosso país, resultando na miscigenação

cultural considerada hoje como uma das principais marcas do povo brasileiro. Para Stuart Hall (2013), essa expansão europeia só fez intensificar um

processo já existente há muito tempo (desde que o homem se tornou um

animal simbólico, diferenciando-se dos demais animais): o hibridismo cultural.

Ou, nas palavras de Néstor García-Canclini (2011), hibridação cultural.

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Hibridação que é fruto da migração e dos deslocamentos dos povos (HALL,

2011). Mas não somente: na contemporaneidade, a mídia expandiu a

experiência dos seres humanos, sem que homens e mulheres precisem

deslocar-se no espaço para identificarem-se com outros costumes e outros

modos de viver e de testemunhar o mundo. Alguns de nós conseguimos, por exemplo, descrever em detalhes a Torre

Eiffel sem nunca ter ido a Paris. Somos capazes também de descrever a Estátua

da Liberdade sem nunca termos viajado aos Estados Unidos. Mesmo o Cristo

Redentor habita o imaginário dos que nunca foram ao Rio de Janeiro. Isso

graças ao cinema e às novelas e, mais recentemente, à Internet.

Figura 12 - O Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (Foto: UOL)

Figura 13 - Torre Eiffel, em Paris: a mídia alargoua experiência do homem

As formas de produção, circulação e troca cultural, em particular, têm se

expandido por meio das tecnologias e da revolução da informação. Uma

proporção ainda maior de recursos humanos, materiais e tecnológicos no

mundo inteiro são direcionados diretamente para tais setores.

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Ao mesmo tempo, indiretamente, as indústrias culturais têm se tornado

elementos mediadores em muitos processos. Martín-Barbero (1995) afirma

algo muito interessante a respeito disso: a indústria cultural fabrica saberes. Por

isso, podemos falar com certa propriedade sobre culturas e lugares nunca antes

visitados, mas vistos na tela do cinema, da TV ou do computador. A velha distinção que o marxismo clássico fazia entre a base econômica e a

superestrutura ideológica (onde Karl Marx situa a cultura) é de difícil

sustentação nas atuais circunstâncias em que a mídia é, ao mesmo tempo, uma

parte crítica na infraestrutura material das sociedades modernas (ou seja, na

base econômica dessas sociedades) e, também, um dos principais meios de

circulação de ideias e imagens vigentes na contemporaneidade. Por isso,

autores como José Luiz Braga (2012) afirmam que vivemos em uma sociedade

midiatizada. Afinal, a mídia sustenta os circuitos globais de trocas econômicas e

culturais, dos quais depende todo o movimento mundial de informação,

conhecimento, capital, investimento, produção de bens, comércio de matéria-

prima e marketing de produtos e ideias. É sobretudo na mídia que se dá o

trabalho simbólico de valorização de identidades regionais oriundas da

periferia do globo terrestre. Lembremo-nos da novela “Amor Eterno Amor”, exibida pela Rede Globo

em 2012, no horário das 18h, cujo enredo continha trama paralela desenvolvida

no Arquipélago do Marajó e em outras localidades do Estado do Pará. Novela,

inclusive, da qual Lia Sophia participou, cantando e tocando a música “Ai

menina”, carimbó escrito pela própria cantora. Na contemporaneidade, a mídia

se tornou a principal roda de fiar a teia de sentidos em que homens e mulheres

se veem enredados, conforme afirma Thompson (1998) a partir de Geertz

(2008), potencializando a circulação das culturas.

Figura 14 - Cena da novela "AmorEterno Amor” no Marajó - PA(Foto: G1)

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A cultura global necessita da diferença para prosperar, mesmo que apenas

para convertê-la em (mais um) produto cultural para o mercado mundial.

Ilustram esse processo não só os usos e apropriações a que a música produzida

no Pará tem sido submetida globalmente, mas também a culinária

denominada “paraense”. Falamos, na introdução deste texto, das diversas

maneiras de se consumir o açaí e de como essas diferentes práticas dizem muito

sobre o grupo social que com elas se identificam: paraenses, cariocas, gaúchos,

entre outros. Quem não conhece um paraense que deixou o Estado para residir em outra

localidade, mas volta e meia compartilha no Facebook postagens sobre o açaí, a

maniçoba, o tacacá e o pato no tucupi, tentando apaziguar a distância

anunciando reiteradamente a própria origem? E mais ainda: que condena a

maneira como outras naturalidades consomem esses pratos considerados

como autenticamente paraenses? Essa cozinha regional, afinal, é convertida

em produto simbólico pelo próprio mercado global, o mesmo que concede

visibilidade simbólica à música das periferias. E aí, carimbó e brega produzidos no Pará passam pelo mesmo processo de

desterritorialização pelos quais passaram o samba, o funk, o hip hop,

manifestações culturais que se desterritorializaram para (re)territorializarem-

se. Nesse processo de desterritorialização, são deslocadas as identificações

culturais refletidas nas manifestações culturais, que incorporam outros

códigos, outras práticas e outros símbolos para começarem a produzir sentido

junto a um público global – enfim, para se comunicarem com um público mais

amplo. Processo de mediação cultural e comunicacional viabilizado,

principalmente, pela indústria cultural. Temos, então, um exemplo de diálogo entre cultura e mercado – e não de

cultura de mercado. Nesse contexto, surgem as políticas culturais como (mais)

uma estratégia de trazer a cultura para o centro do desenvolvimento, fonte de

renda e de cidadania para as pessoas. Governos municipais, estaduais e federais

passam a investir em cadeias produtivas relacionadas às expressões culturais,

trabalhando-as como vetores econômicos dentro de um conceito de economia

criativa e de desenvolvimento econômico justo e sustentável. Diferente,

portanto, da perversa lógica desenvolvimentista que imperou na Amazônia nos

anos 1980, na época da Ditadura Militar, dizimando diversas formas de vida.Exemplo disso é o , conjunto de princípios, Plano Nacional de Cultura (PNC)

objetivos, diretrizes, estratégias e metas que devem orientar o poder público na

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formulação de políticas culturais. Elaborado há dez

anos, em 2005, e instituído por lei em 2010, o PNC,

como é conhecido, foi criado com o objetivo de

auxiliar os governos municipais e estaduais

brasileiros a gerirem a cultura. Para tanto, trabalha

com três dimensões complementares de cultura:

como expressão simbólica, como direito de

cidadania e como potencial para o desenvolvimento

econômico. As mesmas dimensões com que

trabalhamos ao longo deste material. Dentro do PNC, serão desenvolvidas metas para fortalecer a relação entre a

cultura e várias outras áreas, dentre elas a comunicação social e o turismo. O

PNC prevê, por exemplo, a valorização do turismo cultural para proporcionar um

maior desenvolvimento econômico às localidades que se propuserem a atrair e

abrigar turistas de maneira sustentável. Pensemos no caso do município de Quatipuru, no nordeste paraense, onde

ocorrem a Festa da Gó, a Festa do Caranguejo e a Marujada de São Benedito.

Três festejos populares realizados graças aos recursos oferecidos pela natureza:

a gó, peixe bastante apreciado na região; e o caranguejo, animal retirado do

mangue, ecossistema característico da localidade. Já a Marujada é embalada

pela música que emana de tambores e cuícas, instrumentos feitos de couros de

animais silvestres¹ . A diversão, assim, está assegurada pela natureza: a questão

é preservá-la. Chegamos então a mais uma relação cujo fortalecimento está

previsto no PNC: o relacionamento entre cultura e meio ambiente.

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O Ministério da Cultura (MinC) é o

coordenador executivo do Plano

Nacional de Cultura, responsável pelo

monitoramento das ações necessárias

para sua realização.

Figura 15 - Quatipuru: trabalhono mangue (Foto: Ascom Sema).

1 Quatipuru e esses festejos foram tema de pesquisa na área de turismo desenvolvida pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e transformada em reportagem na edição de julho de 2013 do jornal Destaque Amazônia. Para conferir, basta acessar http://issuu.com/museu-goeldi/docs/destaque_amazonia_julho_2013_final/3?e=0/4699688 e conferir a matéria intitulada “Turismo, instrumento de conservação ambiental e cultural”, publicada nas páginas 4 e 5.

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A tradição do boi, com que o Arraial do Pavulagem anima paraenses e

turistas nos arrastões dominicais, reaparece em outra festa popular, que fez do

município de São Caetano de Odivelas, no nordeste paraense, destino certo

para alguns turistas no mês de fevereiro: o Boi Tinga. Trata-se de um arrastão de

iconografia rica em cores e que, por isso, acaba se tornando um verdadeiro

espetáculo visual, com muitas fitas coloridas, bonecos “cabeçudos” e

mascarados que lembram os pierrôs, personagens criados na comédia italiana,

dos quais o teatro francês depois se apropriou. Essa apropriação, que no caso do Boi Tinga se caracteriza mais como um

diálogo com expressões culturais europeias, é característica da hibridação

cultural existente desde que o mundo é mundo, intensificada com a expansão

colonial e potencializada com o advento dos meios de comunicação. O cantor,

compositor e poeta baiano, Gilberto Gil, referia-se a esse processo quando

escreveu, em 1992, “antes mundo era pequeno / porque terra era grande / hoje

mundo é muito grande / porque terra é pequena”. São os primeiros versos da

música . “Parabolicamará”Gil se utiliza da alegoria da antena parabólica para nos mostrar, antes

mesmo da popularização da internet, que a tecnologia altera a nossa percepção

de mundo, alargando a nossa experiência de vida e nos dando a impressão de

que o mundo aumentou. De que o nosso mundo aumentou, deixando tudo e

todos um pouco mais perto da gente. Uma tecnologia do simbólico, portanto,

que, em vez de transformar o mundo, transforma a representação que fazemos

dele: eis o que caracteriza os meios de comunicação, na visão de Luiz Martino

(2014).

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Figura 16 - Em Quatipuru, Festada Marujada de São Beneditotambém ilustra a relação entrecomunicação e cultura(Foto: Blog Livro Caminho).

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Aldeias glocais

Longe de habitarmos uma aldeia global tendente à homogeneização

cultural, vivemos em um mundo constituído por práticas culturais muito

distintas, que se atenuam cada vez mais com a compressão espaço-tempo

característica da globalização (HALL, 2011). É, portanto, mais provável que essa

dinâmica cultural da contemporaneidade, marcada por contatos e hibridações,

produza novas formas de identificações, tanto globais quanto locais, do que

uma cultura global uniforme e homogênea. São várias as aldeias, todas glocais.

Todas híbridas. A mídia encurta a velocidade com que as imagens viajam, as distâncias para

reunir bens, a taxa de realização de lucros e até mesmo os intervalos entre os

tempos de abertura das diferentes Bolsas de Valores ao redor do mundo,

espaços de minutos em que milhões de dólares podem ser ganhos ou perdidos.

Constitui-se em um novo sistema nervoso, responsável por enredar em uma só

teia sociedades com histórias e modos de vida distintos, em diferentes estágios

de desenvolvimento e que vivem sob fusos horários diferentes. É especialmente aqui que as revoluções da cultura causam impactos

globais sobre os modos de viver, sobre o sentido que as pessoas dão à vida,

sobre as aspirações delas para o futuro. E assim, midiatizando a vida de bilhões

de pessoas, a mídia (ou o global) atua no local. O contato, porém, entre essas

formas de vida mais globais e outras de feição mais local implica tensões de

ordem comunicacional que acabam refletidas nas manifestações culturais e na

natureza comunicativa delas. Exemplificam isso as duas modalidades de carimbó das quais falamos no

decorrer desta apostila. Alguns paraenses identificam-se tanto com a

modalidade “pau e corda” desse gênero musical que chegam a rejeitar as

Figura 17 - O Boi Tinga rodeado pelos mascarados (Foto: Geraldo Ramos).

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mudanças as quais o carimbó foi submetido quando apropriado pela indústria

cultural. Percebemos, assim, que a cultura é um espaço de disputa simbólica, e

talvez o principal na pós-modernidade. Por bem ou por mal, a cultura é um dos elementos mais dinâmicos e mais

imprevisíveis da mudança histórica no novo milênio. Não deve surpreender,

então, que as lutas pelo poder sejam, crescentemente, simbólicas e discursivas,

ao invés de tomar uma forma física e compulsiva, e que as próprias políticas

assumam, cada vez mais, a feição de uma política cultural (HALL, 2011).

Comunicação e cultura

Se o sentido atribuído por nós à vida é sempre negociado, então podemos

pensar, a partir das indicações de Martín-Barbero (2001):• A comunicação é questão de cultura, culturas, e não só de ideologias;• A comunicação é questão de sujeitos, atores, e não só de aparatos e

estruturas;• A comunicação é questão de produção (de sentidos, por exemplo), e não só de

reprodução, dentro de uma lógica transmissiva. Comunicação é troca,

compartilhamento, inclusive de experiências culturais e de vidas. • A comunicação também é espaço de disputa simbólica. Assim como a cultura.

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Aula 10: Papel da Comunicação na Gestão CulturalProfessora: Dra. Maria Ataide Malcher

Questão para o fórum de debates

“Papel da Comunicação na Gestão Cultural” é o tema que vai nortear o nosso

encontro. Em sua opinião, qual é a relação entre cultura e comunicação? E qual

deve ser o papel da comunicação na gestão cultural?

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Aula 10: Papel da Comunicação na Gestão CulturalProfessora: Dra. Maria Ataide Malcher

Tarefa para o Curso de Extensãoe Aperfeiçomento em Gestão Cultural

Boi Tinga, Boi Faceiro, Marujada de São Benedito, Sairé, Arraial do

Pavulagem, Círio de Nazaré... Poderíamos enumerar um sem-fim de

manifestações culturais praticadas em nosso Estado; algumas mais conhecidas

(como as que citamos na introdução deste tópico), outras menos conhecidas.

Que tal nos voltarmos, em nossa tarefa, para essas manifestações ainda não tão

conhecidas? O desafio é o seguinte: você escolhe uma manifestação do seu município ou

da sub-região onde vive e a descreve em detalhes, contando a origem desse

festejo (e aí precisaremos recorrer também à história), a trajetória e as

mudanças dele ao longo do tempo, registrando também a sua percepção sobre

as pessoas que dele participam: sejam organizadores ou participantes – nativos

e turistas. Como essas pessoas interagem com a festa? Seria um registro

interessante, não? Além disso, que tal ilustrar o seu trabalho com fotos e, se possível, vídeos e

músicas dessas manifestações? A ideia é que o leitor possa se aproximar o

máximo possível do seu universo, das suas práticas culturais, do seu mundo. Em

outras palavras, a ideia é potencializar a possibilidade do seu trabalho

comunicar. Partilhar o seu mundo. Vamos lá? Elaboramos uma sugestão de

passo a passo para ajudar você a elaborar a sua tarefa, confira:

1. A primeira etapa é a seleção de uma manifestação cultural do seu

município ou sub-região, de preferência uma que não ainda não seja tão

conhecida, para descrevê-la em detalhes, contando a história dela e das

pessoas que dão sentido a ela.

2. Depois, que tal voltar ao seu texto e perceber os melhores trechos para

ilustrar com uma imagem e/ou até mesmo com um vídeo? Para essa

atividade, tente colocar-se no lugar de quem nunca ouviu falar na

manifestação cultural que você escolheu e pense no que essa pessoa

gostaria de visualizar, de experimentar por meio da imagem.

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3. Comunicação também é sedução. Lembre-se disso quando for

finalizar o seu trabalho e procure deixar o seu texto bem apresentável, com

os parágrafos e as imagens formando um conjunto visual bem coeso e

organizado. Afinal, ele pode ser o responsável por fazer, do seu leitor, um

futuro turista, não é?

Podemos considerar essa tarefa como uma breve cartografia – ou seja, o

processo de elaboração de um mapa – das manifestações culturais das sub-

regiões paraenses Guamá, Rio Caeté e Rio Capim. O esforço de inventariar

algumas práticas culturais, que também são práticas sociais e que dão sentido

às vidas de muitas pessoas, para torná-las conhecidas de outras pessoas. Um

processo de comunicação em potencial. Portanto, mãos à obra!

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Sobre os autores

ANTONIO CARLOS FAUSTO DA SILVA JR.

É mestre em Ciências da Comunicação pelo Programa de

Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia

(PPGCOM) da Universidade Federal do Pará (UFPA), por

onde também se graduou em Comunicação Social -

Jornalismo. Hoje atua no Laboratório de Pesquisa e

Experimentação em Multimídia, projeto da Assessoria de

Educação a Distância (AEDi/UFPA). Para falar com o Fausto,

é só enviar um e-mail para [email protected] ou

então acessar https://www.facebook.com/antoniofausto.

MARIA ATAIDE MALCHER

Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de

São Paulo (USP). Professora do Programa de Pós-

Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia, da

Universidade Federal do Pará (UFPA). Coordena o

Laboratório de Pesquisa e Experimentação em Multimídia

da Assessoria de Educação a Distância (AEDi/UFPA). Quer

falar com a professora Maria Ataide? Basta enviar uma

mensagem para [email protected].

Diagramação

WEVERTON RAIOL GOMES DE SOUZA

Mestrando em Ciências da Comunicação pelo Programa

de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia da

Universidade Federal do Pará (UFPA). Hoje atua no

Laboratório de Pesquisa e Experimentação em

Multimídia, projeto da Assessoria de Educação a

Distância (AEDi/UFPA). Para falar com o Weverton, é só

enviar um e-mail para [email protected].

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