Miranda Jr, Gilberto. Paideia Clássica de Socrates e Platão

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... GILBERTO MIRANDA JUNIOR R.A. 1133837 4º CICLO DE APRENDIZAGEM PORTFÓLIO PAIDEIA CLÁSSICA DE SÓCRATES E PLATÃO APLICAÇÃO FILOSÓFICA AOS FATOS CONTEMPORÂNEOS POLO CARAGUATATUBA Maio/2015 Centro Universitário Claretiano Licenciatura em Filosofia - DGLF1203CRGI Paideia: Tópicos de Filosofia da Educação Prof. Dr. Edson Renato Nardi

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Trabalho sobre Paideia Claretiano

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    GILBERTO MIRANDA JUNIOR

    R.A. 1133837

    4 CICLO DE APRENDIZAGEM

    PORTFLIO

    PAIDEIA CLSSICA DE SCRATES E PLATO

    APLICAO FILOSFICA AOS FATOS CONTEMPORNEOS

    POLO CARAGUATATUBA

    Maio/2015

    Centro Universitrio Claretiano

    Licenciatura em Filosofia - DGLF1203CRGI

    Paideia: Tpicos de Filosofia da Educao

    Prof. Dr. Edson Renato Nardi

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    Objetivos

    Aprofundar as reflexes a respeito da Paideia clssica de Scrates e Plato.

    Estabelecer relaes entre uma proposta filosfica e sua eventual

    aplicabilidade na anlise de fatos contemporneos.

    Exercitar a habilidade de produzir textos coerentes e coesos, devidamente

    fundamentados e com argumentao convincente.

    A Proposta de Scrates e Plato referente Paideia

    importante pontuar que a Paidia grega se d, ao menos sob esse nome, somente

    a partir do sec. V a.c., ou seja, posterior ao projeto homrico e hesidico. O termo

    Paideia s veio a surgir no sec. V a.c. em squilo, em sua obra Os Sete Contra Tebas,

    e designa, to somente, a criao de meninos (FONSECA, 1998). O seu significado

    mais amplo apareceu posteriormente e se deve a muito mais do que aquilo que ela

    designa. A Paideia grega abrange no s o perodo homrico e hesidico, como

    tambm a educao antiga espartana e ateniense, o perodo chamado de sculo de

    Pricles (em que se inicia com a chegada dos Sofistas e tem sua continuidade e

    oposio com Scrates e Plato) e, por fim, o chamado perodo helenstico e sua

    posterior romanizao. Para entender essa abrangncia preciso entender o fio

    condutor da ao educacional grega: a Aret. Ou seja, o fio condutor de todo o

    empreendimento educacional grego, em todas as suas fases (compreendidas pelo

    conceito de Paideia), a busca da Aret, da Virtude: a mxima atualizao das

    potencialidades humanas. Essa busca significa a excelncia do Aristi, o bem

    nascido, aristocrata, de linhagem, que transformava em modelo um certo tipo de

    homem inspirado nos heris do passado, na coragem, bravura, honra e glria, pois

    que seriam descendentes diretos deles.

    Pelos fins da poca arcaica, segundo Fonseca, houve uma ampliao desse fio

    condutor a partir da insero do conceito de Kalos Kai Agathos (Kalokagathia), ou

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    seja, agora a virtude no se resumiria apenas na bravura, na coragem, na honra e na

    glria, mas incorporavam-se tambm as virtudes morais, a bondade e a beleza.

    Procurava-se, assim, atingir a excelncia tanto no plano fsico como no plano moral

    (FONSECA, 1998). Assim propunha-se tambm a ginstica, a msica, a potica em

    volta do objetivo pedaggico de tornar o homem no perfeito domnio de si e,

    principalmente, til cidade e coletividade. Como nos diz Diez:

    Pouco a pouco deixa-se para trs a aristocrtica aret pindrica e se

    substitui por uma paideia que aposta em um duplo objetivo: por um lado,

    fazer membros da sociedade a todos os homens livres e, por outro, torn-los

    aptos a servir ao estado. A cultura torna-se, ento, poltico-pedaggica.

    (Villagra Diez apud in LISBOA, ROMEIRO, et al., 2013, p. 112)

    A mudana de eixo verificada na histria da paideia grega se d em conjunto com a

    criao da democracia como um governo acessvel a todos os considerados cidados,

    o que torna a paideia, agora, voltada muito mais vida na polis e no mais nas

    caractersticas que um guerreiro precisa para enfrentar uma vida de conflitos

    externos. Nessa poca rivalizam-se cosmovises distintas. Por um lado os sofistas,

    que possuem um pensamento ctico, pragmtico e emprico, desenvolvendo uma

    viso de sociedade marcada pelo relativismo (tudo depende das situaes e ngulos

    de viso) e pelo subjetivismo (tudo depende dos critrios subjetivos dos juzos de

    cada indivduo) (LISBOA, ROMEIRO, et al., 2013, p. 114), que por sua vez tem suas

    leis e costumes condicionados pelas relaes factuais de poder, dando origem ao

    direito positivo, ao humanismo e antropologia. Por outro lado a viso platnica e

    socrtica, em que a arte da poltica deveria ser de domnio dos bem nascidos e

    educados para isso (a aristocracia) e no para qualquer cidado, j que muito mais

    do que o pragmatismo e o relativismo dos sofistas, a verdadeira utilidade do cidado

    para a polis consistia em exercitar o que Belo e o que Bom (Kalokagathia). Era

    isso que se propunha, basicamente, a paideia socrtica. Seu mtodo, a dialtica

    exercida pela maiutica e pela ironia, distinguia-se dos sofistas por procurar uma

    verdade acima das aparncias, enquanto os sofistas focavam-se na aparncia. Essa

    verdade era moral, de carter, e no sobre qual melhor tcnica para se convencer

    um pblico. A educao poltica socrtica visava o desenvolvimento das virtudes

    morais humanas, o que em seu entendimento, eram as que mais contribuam para a

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    coletividade. O caminho para a virtude, para Scrates, era atravs do Logos, ou seja,

    da razo que conduzia, quando buscando a verdade, aos valores morais da bondade,

    da beleza e da justia. No havia, portanto, outra paideia que pudesse oferecer

    polis e populao melhores pessoas para tratar dos assuntos pblicos, pois no se

    tratava de uma questo de tcnica (Techin Politik), mas de virtude (Aret Politik).

    Bibliografia

    FONSECA, M. D. J. A PAIDEIA GREGA REVISITADA. Millenium, Viseu - Portugal, n. 9, Janeiro 1998.

    ISSN 1647-662X. http://www.ipv.pt/millenium/esf9_mjf.htm.

    LISBOA, M. J. A. et al. Paideia: Tpicos de Filosofia da Educao. Batatais: Ao Educacional

    Claretiana, 2013.

    Notcias em relao contribuio para a plis

    No dia 28/03/2015 foi noticiado no site do Jornal Zero Hora a notcia de que o Lar

    Vila das Flores, de Santa Maria RS, fora invadido por vndalos que quebraram

    brinquedos, materiais pedaggicos usados pelas crianas e danificaram portas e

    janelas da instituio:

    O diretor da instituio, Alain Machado Maciel foi at o local, e constatou

    que trs salas de aula, alm do salo, que fica nos fundos, foram

    arrombadas e tiveram portas e janelas quebradas. Brinquedos e materiais

    pedaggicos, que eram utilizados pelas crianas, tambm foram danificados.

    As paredes das salas foram pichadas. (GRUPO RBS, 2015)

    No vejo como dar algum outro exemplo claro da falta completa de cidadania e

    comprometimento com a coletividade do que foi feito por essas pessoas que

    arrombaram e invadiram o local. No foi relatado sequer roubo, apenas depredao.

    Por outro lado, no dia 21/04/2015 foi noticiado pelo Jornal VS, um exemplo de

    cidadania em So Leopoldo RS:

    De um dos bairros considerados mais violentos de So Leopoldo surge um

    exemplo de cidadania que depois de dar resultados locais, viajou o mundo e

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    agora est prestes a ganhar um novo e importante captulo.

    (...)

    Da noo bsica de reciclagem e de convivncia aprendidas nas aulas da

    turma surgiu em 2013 a Comisso de Meio Ambiente e Qualidade de Vida, a

    COM-VIDA um espao de convivncia, que abrangeu toda a comunidade

    escolar na discusso e na anlise das demandas do bairro. (STRAPAZZON,

    2015)

    Esse exemplo de cidadania, cooperao mtua, ativismo e autogesto uma

    verdadeira paideia de esprito cvico e poltico, envolvendo jovens do 4 ano da

    Escola Municipal Santa Marta, mas para alm deles, toda a comunidade local.

    Fontes

    GRUPO RBS. Lar Vila das Flores, de Santa Maria, foi arrombado cinco vezes na mesma semana.

    Jornal Zero Hora, 28 Mar 2015. Acesso em 11/05/2015 - Disponvel em

    http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2015/03/lar-vila-das-flores-de-santa-maria-foi-arrombado-cinco-

    vezes-na-mesma-semana-4728621.html.

    STRAPAZZON, R. Exemplo de Cidadania de Santa Marta para o Mundo. Jornal VS, So Leopoldo -

    RS, 21 Abr 2015. Acesso em 11/05/2015 - Disponvel em

    http://www.jornalvs.com.br/_conteudo/2015/04/noticias/regiao/152551-exemplo-de-cidadania-da-

    santa-marta-para-o-mundo.html.