Missão artística francesa apostila

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Missão Artística Francesa É denominada Missão Artística Francesa ao conjunto de artistas e artífices que, deslocando-se para o Brasil no início do século XIX, revolucionou o panorama das Belas-Artes no país. A partir de 1815, diante da queda definitiva de Napoleão Bonaparte, a França conheceu grandes mudanças políticas, abrindo-se o período conhecido como Restauração. No ano seguinte, em condições não plenamente esclarecidas pela historiografia, chegou ao Brasil um grupo de artistas e artífices ligados aquele estadista, que introduziu o estilo neoclássico no país. O grupo, que viria a ser chamado Colônia Lebreton, revolucionaria as artes na corte tropical do Rio de Janeiro. A Missão introduziu um sistema de ensino de arte em academia, inexistente na própria metrópole portuguesa, que se desenvolvia na Europa desde o século XVII mas não penetrara em Portugal. Foram escoltados até o Brasil por navios ingleses. Como líder do grupo, assumiu as negociações Joachim Lebreton (1760-1819), secretário recém-destituído do Institut de France, responsável pela organização do projeto. A partir das informações de Humboldt, que visitara a região amazônica em 1810, Lebreton planejou criar uma escola de formação de artistas no continente sul- americano.

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Missão Artística Francesa

É denominada Missão Artística Francesa ao conjunto de artistas e artífices que, deslocando-se para o Brasil no início do século XIX, revolucionou o panorama das Belas-Artes no país.

A partir de 1815, diante da queda definitiva de Napoleão Bonaparte, a França conheceu grandes mudanças políticas, abrindo-se o período conhecido como Restauração. No ano seguinte, em condições não plenamente esclarecidas pela historiografia, chegou ao Brasil um grupo de artistas e artífices ligados aquele estadista, que introduziu o estilo neoclássico no país.

O grupo, que viria a ser chamado Colônia Lebreton, revolucionaria as artes na corte tropical do Rio de Janeiro. A Missão introduziu um sistema de ensino de arte em academia, inexistente na própria metrópole portuguesa, que se desenvolvia na Europa desde o século XVII mas não penetrara em Portugal. Foram escoltados até o Brasil por navios ingleses.

Como líder do grupo, assumiu as negociações Joachim Lebreton (1760-1819), secretário recém-destituído do Institut de France, responsável pela organização do projeto. A partir das informações de Humboldt, que visitara a região amazônica em 1810, Lebreton planejou criar uma escola de formação de artistas no continente sul-americano.

O grupo aportou ao Rio de Janeiro, então capital, a 26 de março de 1816. D. João VI (1816-1826), desejoso de impulsionar as Artes e os Ofícios no Brasil, onde se encontrava a Família Real e parte expressiva da nobreza portuguesa em torno da Corte, assinou o Decreto para a criação da Escola Real das Ciências e Ofícios (antigo nome da atual Escola de Belas Artes, hoje unidade da universidade Federal do Rio de Janeiro) , a 12 de agosto desse mesmo ano. Este nome vigeu desde a fundação da escola por um decreto de D. João VI, até o fim do período colonial brasileiro, com a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, quando a escola passou a ser conhecida como Academia Imperial de Belas Artes.Esteve instalada na Travessa das Belas-Artes até 5 de

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novembro de 1826, quando se transferiu para novo imóvel, à altura da Travessa do Sacramento (atual Avenida Passos).

O objetivo da escola era a implantação do ensino das artes no Brasil segundo o paradigma acadêmico, o neoclassicismo francês, vigente na Europa até o advento do Impressionismo e da Arte Moderna

Integraram a missão, os nomes de:

Joachim Lebreton - líder e responsável; Jean Batiptista Debret (1768-1848) - pintor histórico; Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830) – pintor de paisagens e de

batalhas; Auguste Henri Victor Grandjen de Montagny (1776-1850) –

arquiteto; Charles de Lavasseur – arquiteto; Louis Uier – arquiteto; August Marie-Taunay (1768-1824) – escultor; François Bonrepos – escultor; Charles-Simon Pradier (1783-1847) – gravador; François Ovide – mecânico; Jean Batiste Leve – ferreiro; Nicolas Magliori Enout – serralheiro; Pelite – peleteiro; Fabre – peleteiro; Louis Jean Roy – carpinteiro; Hypolite Roy – carpinteiro.

Seis meses mais tarde, uniram-se ao grupo;

Marc Ferrez – escultor; Zéphyrin Ferrez – gravador de medalhas.

Debret

Debret realizou no Brasil uma imensa obra. Fez vários retratos da família real, aquarelas e desenhos sobre o cotidiano da cidade, retratando as atividades dos escravos, dos grupos indígenas e, também, sobre os fatos da vida da Corte. Pintou cenários para o

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Teatro São João (atual João Caetano) e realizou trabalhos de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro, para festas públicas e oficiais, como a aclamação do rei D. João VI. Além disso, foi professor de pintura histórica na Academia de Belas-Artes criada por D. João, tendo permanecido no Brasil durante quinze anos. Um de seus trabalhos mais conhecidos é o livro " Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil," publicado em três volumes. Nele Debret assim retrata o mulato brasileiro:

"É o mulato no Rio de Janeiro, o homem cuja organização pode ser considerada mais robusta: esse indígena, semi-africano, dono de um temperamento em harmonia com o clima, resiste ao grande calor. Ele tem mais energia que o negro e a parcela de inteligência que lhe vem da raça branca serve-lhe para orientar mais racionalmente as vantagens físicas e morais que o colocam acima do negro. É naturalmente presunçoso e libidinoso, e também é irascível e rancoroso, oprimido, por causa da cor, pela raça branca que o despreza e pela negra que detesta a superioridade de que ele se prevalece."

Grandjen de Montagny

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No campo da arquitetura, a Missão Francesa desenvolveu aqui o estilo neoclássico,abandonando os princípios barrocos. O principal responsável por essa mudança foi o arquiteto Grandjean de Montigny, autor do projeto do prédio da Academia de Belas-Artes, construído em 1826, da Casa da Moeda (atual Casa França - Brasil) e do Solar da Baronesa, situado onde é hoje o campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, entre outros.

Taunay

É considerado uma das figuras mais importantes da Missão Artística Francesa. Na Europa, participou de várias exposições e na corte de Napoleão Bonaparte foi muito requisitado para pintar cenas de batalha. No Brasil, as pinturas de paisagens foram suas criações mais famosas. Durante os cinco anos que permaneceu aqui, produziu cerca de trinta paisagens do Rio de Janeiro e regiões próximas. Entre elas está Morro de Santo Antonio, em 1816.

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Lebreton

Começou suas atividades como professor de retórica no Collége de Tulle. Sobre o Diretório, foi nomeado administrador das Belas Artes do Ministério do Interior. Participou do golpe de estado de brumário, tornando-se, no ano VIII, membro do Tribunat, e, no ano XI, membro do Institute de France; desde o ano XII, era ainda membro da Légion d'honneur. Com a Restauração, porém, foi afastado de seus cargos e obrigado a se exilar, vindo a conseguir refúgio no Brasil, sob a proteção da família real portuguesa, aqui instalada desde 1808. Lebreton aportou no Rio de Janeiro em 1816, como encarregado de chefiar a Missão Artística Francesa.

Joachim Lebreton, secretário perpétuo da seção de Belas-Artes do Institut, formulou um julgamento aprofundado e engajado nas discussões artísticas de seu tempo. Morreu poucos anos depois de sua chegada ao Brasil, sem que seus projetos de aqui implementar um ensino artístico sistematizado tivessem sido de todo materializados.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki( Com adaptaçoes)