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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO MÔNICA GUEDES RODRIGUES CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: análise de gaps entre a percepção do paciente e a percepção do profissional médico sobre o cuidado prestado em hospitais do Rio de Janeiro RIO DE JANEIRO 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

MÔNICA GUEDES RODRIGUES

CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: análise de gaps entre a

percepção do paciente e a percepção do profissional médico sobre o cuidado

prestado em hospitais do Rio de Janeiro

RIO DE JANEIRO

2019

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MÔNICA GUEDES RODRIGUES

CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: análise de gaps entre a percepção do paciente

e a percepção do profissional médico sobre o cuidado prestado em hospitais do Rio de

Janeiro

Tese de Doutorado apresentada ao Instituto

COPPEAD de Administração, da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de

Doutor em Administração.

Orientador: Profª Dra Claudia Affonso Silva

Araújo

RIO DE JANEIRO

2019

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MÔNICA GUEDES RODRIGUES

CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: análise de gaps entre a percepção do

paciente e a percepção do profissional médico sobre o cuidado prestado em hospitais do

Rio de Janeiro

Tese de Doutorado apresentada ao Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor

em Administração.

Aprovado por:

___________________________________________________________ (Presidente da Banca)

Profª Claudia Affonso Silva Araujo, D.Sc. - Orientadora

(COPPEAD/UFRJ)

_____________________________________________

Prof. Kleber Fossati Figueiredo, Ph.D.

(COPPEAD/UFRJ)

_____________________________________________

Prof. Eduardo Raupp de Vargas, D.Sc.

(COPPEAD/UFRJ)

_____________________________________________

Profª Cecília Lima de Queirós Mattoso, D.Sc.

(UNESA)

_____________________________________________

Profª Teresa Cristina Janes Carneiro

(UFES/ES) Rio de Janeiro

2019

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus pais que me ensinaram a nunca desistir dos meus objetivos e

que as dificuldades são facilmente ultrapassadas quando se sabe onde quer chegar.

Aos meus irmãos que sempre me apoiam de forma incondicional e foram fundamentais para eu

não desistir durante o meu tratamento da minha doença.

Ao meu querido filho, João Pedro, por ser paciente, tolerante, sábio e por ser a minha razão de

persistir e ultrapassar quaisquer obstáculos e incertezas que possam existir, para atingir meus

objetivos e trilhar caminhos tortuosos, porém com chegadas triunfantes.

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“Ninguém escapa do sonho de voar, de

ultrapassar limites do espaço onde nasceu, de

ver novos lugares e novas gentes. Mas saber ver

em cada coisa, em cada pessoa, aquele algo que

a define como especial, um objeto singular, um

amigo é fundamental. Navegar é preciso,

reconhecer o valor das coisas e das Pessoas, é

mais preciso ainda!”

Antoine de Saint-Exupéry

“Eu tentei noventa e nove vezes e falhei, mas na

centésima tentativa eu consegui, nunca desista de seus

objetivos mesmo que estes pareçam impossíveis, a

próxima tentativa pode ser a vitoriosa.”

Albert Einstein, físico alemão, um dos maiores gênios do

século XX – 1879 a 1955.

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AGRADECIMENTOS

Estes três anos foram de muito pensar, pesquisar e elaborar de forma bastante intensa e de árduo

trabalho de forma incessante e persistente com grandes mudanças de paradigmas. Representou

uma árdua jornada de desafios ultrapassados, de construções e desconstruções - com muitos

altos e baixos, desânimos e euforias - e, sobretudo, de amadurecimento.

Grandes empreendimentos são construídos em meio a grandes dificuldades, desde que nunca

desistamos de nossos objetivos a serem alcançados. Não posso esquecer que durante o

doutorado fui surpreendida com um câncer de mama que só serviu para me fortalecer e ter

certeza que nada me faria desistir do meu objetivo.

A realização desta tese de doutorado contou com importantes apoios e incentivos, sem os quais

ela não se teria tornado uma realidade e aos quais estarei eternamente grata.

À professora Doutora Cláudia Araújo agradeço sua incansável orientação, total apoio e

disponibilidade, as opiniões, as críticas, a total colaboração na solução de dúvidas e problemas

que surgiram ao longo de toda pesquisa.

Às secretárias e aos funcionários da COPPEAD/UFRJ, pois sem eles ficaria bastante difícil o

término da pesquisa.

Aos docentes da COPPEAD/UFRJ pelos ensinamentos, participação e colaboração ao longo do

curso de doutorado.

A UERJ/HUPE que me introduziu na área de pesquisa acadêmica e sempre me apoiou com a

sua estrutura voltada ao ensino.

À Camila Calado com a sua preciosa ajuda e sugestões no momento final da tese.

Ao meu grande amigo Marcelo Cruzick que foi incansável, apesar de algumas vezes rabugento

e que teve muita paciência em ler e rever parágrafos e me ajudar a encontrar meios mais

objetivos para expressar meus resultados.

Tenho consciência que nada disso seria possível sem o apoio incondicional da minha família e

principalmente do meu filho, João Pedro Rodrigues Amar, que soube lidar e entender, me

incentivar e me apoiar, além de ter paciência com as minhas inseguranças e irritações ao longo

da pesquisa.

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RESUMO

Rodrigues, Mônica Guedes. Cuidado centrado no paciente: análise de gaps entre a

percepção do paciente e a percepção do profissional médico sobre o cuidado prestado em

hospitais do rio de janeiro. 2019. 102f. Tese (doutorado em Administração) - Instituto

COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.

A pesquisa aborda a percepção do cuidado prestado ao paciente em hospitais públicos e

privados no município do Rio de Janeiro-Brasil e discute a relevância desta percepção na visão

do médico e do paciente, destacando quais itens e dimensões se mostram relevantes para a

qualidade do cuidado prestado. O modelo teórico proposto nesta pesquisa visa abarcar a

percepção do paciente e a do médico quanto à prestação dos cuidados em saúde e compreender

as possíveis discrepâncias entre as percepções.

A relevância teórica da pesquisa fica, assim, explicitada por três fatores: (i) pelo fato de

as organizações de saúde apresentarem divergências entre as percepções de gestores,

profissionais de saúde e pacientes sobre a qualidade em serviços de saúde, tanto no tocante ao

conceito quanto às expectativas sobre o cuidado, (ii) pela importância de compreender a

prestação da qualidade dos serviços de saúde sob a perspectiva dos pacientes e (iii) pela

ausência de estudos desenvolvidos no Brasil sobre o tema.

Os resultados evidenciaram lacunas de qualidade do cuidado em três dimensões

destacadas por médicos e pacientes: acesso, relacionamento e estrutura. Estas lacunas

prejudicam a segurança no atendimento, o cuidado assistencial e a qualidade percebida pelos

pacientes. O resultado na qualidade do cuidado prestado se encontra ligado diretamente às três

dimensões, ressaltando-se, entre médicos, as causas destas lacunas e, entre pacientes, o impacto

sobre a percepção da qualidade do cuidado pelos pacientes.

A implementação de processos organizacionais, visando ao cuidado linear, à

integralidade, à comunicação efetiva, à empatia, à cultura do servir e à agilidade no acesso,

permite dirimir as lacunas encontradas, assegurando a otimização dos resultados do cuidado.

Palavras-chave: Hospitais, Qualidade, Percepção, paciente, cuidado prestado, médicos,

lacunas.

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ABSTRACT

Rodrigues, Mônica Guedes. Patient-centered care: analysis of gaps between the patient's

perception and the medical professional's perception about the care provided in hospitals

in Rio de Janeiro. Rio de janeiro, 2019. 102f. Tese (doutorado em administração) - Instituto

COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.

The research addresses the perception of care provided to patients in public and private hospitals

in the city of Rio de Janeiro, Brazil, and discusses the relevance of this perception in the view

of the physician and the patient, highlighting which items and dimensions are relevant for the

quality of the patient provided care. The theoretical model proposed in this research aims to

cover the patient's and the physician's perception regarding health care delivery and to

understand the possible discrepancies between perceptions.

The theoretical relevance of the research is thus explained by three factors: (i) the fact that

health organizations present divergences between the perceptions of managers, health

professionals and patients about the quality of health services, both with respect to the concept

and the expectations (ii) the importance of understanding the provision of quality of health

services from the perspective of patients and (iii) the lack of studies developed in Brazil on the

subject.

The results evidenced gaps in care quality in three dimensions highlighted by physicians and

patients: access, relationship and structure. These shortcomings hamper care safety, care and

the quality perceived by patients. The result of the quality of care provided is directly linked to

the three dimensions, emphasizing among physicians the causes of these gaps and, among

patients, the impact on the perception of the quality of care.

The implementation of organizational processes, aiming at linear care, integrality, effective

communication, empathy, service culture and agility in access, allows to resolve the gaps found,

ensuring the optimization of care results.

Key words: Hospitals, Quality, Perception, patient, care provided, doctors, gaps.

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LISTA DE GRÁFICO

Gráfico 1- Dimensões mais frequentes - pacientes com diferentes níveis de escolaridade…...46

Gráfico 2 - Dimensões mais frequentes - pacientes com diferentes faixas etárias…………....47

Gráfico 3 - Dimensões mais frequentes – pacientes hospital público e privado.…..……….....50

Gráfico 4 - Dimensões mais frequentes – médicos hospitais públicos e privados....………....54

Gráfico 5- Dimensões de pacientes com diferentes níveis de escolaridade...............................69

Gráfico 6 -Dimensões de pacientes em hospital público e privado...........................................70

Gráfico 7 - Dimensões de pacientes com diferentes faixas etárias............................................70

Gráfico 8 – Dimensões de médicos hospital público e privado.................................................71

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Processo de seleção – protocolo…........................................................................23

Quadro 02: Definição do stakeholders…………………………...….......................................28

Quadro 03: Dimensões da qualidade de serviços e do cuidado ao paciente….........................33

Quadro 04: Gap 1 - Estrutura....................................................................................................64

Quadro 05: Gap 2 - Relacionamento.........................................................................................65

Quadro 06: Gap 3 – Acesso.......................................................................................................66

Quadro 07: Gap 4 – Resultados..................................................................................................66

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Modelo da percepção da qualidade do cuidado em síntese …….........................68

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ANS: Agência Nacional de Saúde

CFM: Conselho Federal de Medicina

CORPUS: Coletânea ou Conjunto de Documentos sobre Determinado Tema

CTI: Centro de Tratamento de Medicina

ISO: Padronização da Organização Internacional

OECD: Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

ONA: Organização Nacional de Acreditação

PROCON: Programa de Proteção e Defesa do Consumidor

QCPP: Qualidade do Cuidado Centrado no Paciente

SERVQUAL: É o instrumento de mensuração da Qualidade Percebida criado por três

pesquisadores norte-americanos de marketing, Parasuraman, Zeithaml e Berry em 1988

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO...........................................................................................................15

1.1 O Problema..............................................................................................................15

1.2 Objetivo da Pesquisa...............................................................................................18

1.3 Delimitação do Estudo.............................................................................................19

1.4 Relevância do Estudo..............................................................................................20

2- REFERÊNCIAL TEÓRICO......................................................................................22

2.1 Delimitação da revisão de literatura.........................................................................22

2.2 Qualidade de serviços e do cuidado de saúde...........................................................25

2.3 A percepção de qualidade do cuidado sob a ótica do paciente.................................29

2.4 Percepção dos pacientes tendo em vista a escolaridade, o gênero e a idade..............35

2.5 Opinião dos médicos quanto à percepção dos pacientes em relação à qualidade do

cuidado..........................................................................................................................36

2.6 Diferença na qualidade do cuidado entre hospitais públicos e privado.....................37

3- MÉTODO DE PESQUISA.........................................................................................39

3.1 Desenho do Estudo..................................................................................................39

3.2 Coleta de dados........................................................................................................39

3.3 Análise de dados......................................................................................................41

3.4 Limitações da pesquisa............................................................................................42

4- RESULTADOS ...........................................................................................................43

4.1 Perfil dos entrevistados............................................................................................43

4.2 Resultados considerando as categorias que emergiram da literatura

revisada.........................................................................................................................44

4.2.1 Percepção do paciente sobre a qualidade do cuidado............................................44

a) Resultados gerais.......................................................................................................44

b) Avaliação da percepção dos pacientes conforme características

demográficas.................................................................................................................45

c) Avaliação da percepção dos pacientes quanto à qualidade do cuidado em hospitais

públicos e privados........................................................................................................48

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4.2.2 Percepção do médico sobre a percepção do paciente quanto à qualidade do

cuidado..........................................................................................................................50

a) Resultados gerais.......................................................................................................50

b) Percepção dos médicos conforme o tipo de hospital..................................................53

4.2.3 Comparativo entre a percepção do paciente e a percepção do médico sobre a

qualidade do cuidado.....................................................................................................55

4.2.3.1 Aspecto técnico......................................................................................56

4.2.3.2 Atenção.................................................................................................57

4.2.3.3 Comunicação.........................................................................................59

4.2.3.4 Cuidado..................................................................................................60

4.3 Resultados considerando as categorias que emergiram do discurso dos entrevistados:

Modelo da Percepção da qualidade do cuidado .............................................................63

a) Estrutura..................................................................................................................63

b) Relacionamento.......................................................................................................64

c) Acesso.......................................................................................................................65

d) Resultado do cuidado prestado..................................................................................66

e) Proposição do modelo da percepção da qualidade do cuidado...................................67

5- CONCLUSÃO.............................................................................................................72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................75

ANEXOS

ANEXO 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido......................................... 88

ANEXO 2 – Perfil dos pacientes entrevistados .............................................................89

ANEXO 3 - Perfil dos médicos entrevistados ..............................................................90

APÊNDICE..............................................................................................................................92

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1. INTRODUÇÃO

1.1 O problema

Há décadas diversos autores vêm analisando a qualidade do serviço em âmbito

corporativo e evidenciando a sua importância e indispensabilidade para o sucesso e a

sobrevivência das organizações em ambientes competitivos (REICHHELD et al., 1990b;

PARASURAMAN, ZEITHAML, &BERRY, 1985, 1988; CRONIN E TAYLOR, 1992, 1994;

PARASURAMAN ET AL., 1991,; ZEITHAML, V., PARASURAMAN, A, & BERRY, 1990;

HESKETT et al., 1994; GRÖNROOS, 1990, 1995; SLACK, 1997; KOTLER, 1998; GILBERT,

2000; LEE et al., 2000; JENKINSON et al., 2002).

No setor de saúde, as organizações também têm se preocupado com a avaliação da

qualidade dos serviços, mas poucos esforços têm sido dedicados ao entendimento da percepção

do paciente quanto à qualidade dos serviços recebidos (BROWN; SWARTZ, 1989;

DONABEDIAN, 1980, 1996; MUNRO, 1991; TOMES, 1995; JHA et al., 2008; CHENG LIN,

2000; ALGHAMDI, 2014). Ao mesmo tempo, é cada vez mais manifesta a insatisfação dos

pacientes com a qualidade dos serviços de saúde, tornando evidente um considerável gap entre

expectativa e percepção, no tocante, por exemplo, à tangibilidade, à comunicação médico-

paciente, ao nível de atenção despendido pelo médico, ao atendimento das solicitações e

dúvidas do paciente (BROWN et al., 1993; JHA et al., 2008; ARAB et al., 2012; ALGHAMDI,

2014).

Donabedian (1980, 1996) propõe que a qualidade dos serviços de saúde, denominada

neste estudo qualidade do cuidado, pode ser avaliada a partir de três dimensões: estrutura,

processo e resultado. A dimensão estrutura envolve informações sobre recursos físicos,

humanos, materiais, formas de organização e funcionamento; os resultados se referem ao efeito

das ações e dos procedimentos sobre a assistência ao paciente; o processo, por sua vez, está

relacionado à atividade realizada pelos provedores assistenciais, apresentando, assim, algumas

complexidades que podem referir-se tanto ao aspecto técnico quanto às relações interpessoais

(DONABEDIAN, 1980).

Entre as interpretações divergentes de qualidade, o consenso foi alcançado com a

definição de qualidade proposta pela Padronização da Organização Internacional - ISO, 1990:

“A totalidade das características de um produto ou serviço que atendem à sua capacidade de

satisfazer necessidades explícitas ou implícitas”. A satisfação do cliente com o serviço e, entre

outras coisas, com as necessidades deles relacionadas ao cuidado de saúde são centrais na

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estrutura teórica dos padrões ISO (OECD GLOSSARY OF STATISTICAL TERMS -

QUALITY - ISO DEFINITION).

Van Campen e colaboradores (1995) consideram a satisfação do paciente como um dos

indicadores de qualidade do cuidado centrado no paciente. Os autores definiram qualidade do

cuidado centrado no paciente (QCPP) como um conjunto individual de julgamentos

relacionados à expectativa dos pacientes quanto aos aspectos dos serviços de saúde

considerados relevantes aos mesmos. Esta definição de cuidado em saúde serviu como base

para a presente pesquisa.

Cuidar significa dar atenção, tratar, respeitar, acolher o ser humano. O cuidado em saúde

é uma dimensão da integralidade em saúde que deve permear as práticas de saúde. Não se trata

apenas de um nível de atenção do sistema de saúde, ou de um procedimento técnico

simplificado, mas de uma ação integral que tem significados e sentidos voltados para a

compreensão da saúde como o direito de ser (DONABEDIAN, 1988a). Trata-se, assim, de

pensar o direito de ser na saúde e de ter cuidado com a diferença dos sujeitos – respeitando as

relações de etnia, gênero e raça – que são portadores não somente de deficiências ou patologias,

mas de necessidades específicas. Trata-se ainda de pensar o direito de ser e de garantir o acesso

às outras práticas terapêuticas, permitindo a participação ativa do usuário na decisão acerca da

melhor tecnologia médica (DONABEDIAN, 1988b; BERWICK, 2009; EPSTEIN, STREET,

2011).

A percepção da qualidade do cuidado sob a ótica do paciente tem impacto na escolha

do plano ou do provedor, na adesão por parte do paciente ao tratamento médico (BARTLETT,

2002; BROWN, 2001; GOLIN, DIMATTEO, GELBERG, 1996), nas reclamações contra os

médicos (HICKSON ET AL., 2002; TAYLOR, WOLFE, CAMERON, 2002) e, o mais

importante, no resultado de saúde (BROWN, 2001; CLEARLY, MCNEIL, 1988; COVINSKY

ET AL., 1998; FREMONT ET AL., 2001; GULDVOG, 1999; KANE, MACIEJEWSKI,

FINCH, 1997; MALY, BOURQUE, ENGELHARDT, 1999; MARSHALL, HAYS, MAZEL,

1996; STEWART ET AL., 2000).

Apesar da importância do tema e dos desafios inerentes à prestação de serviços no

contexto hospitalar, não se encontrou estudo realizado no Brasil que tentasse investigar a

percepção dos pacientes internados e dos médicos sobre o que é qualidade do cuidado em saúde

no contexto de hospitais públicos e privados. Em pesquisa realizada nas bases de dados EBSCO,

EMERALD e PUBMED, aplicando-se os descritores health care quality, healthcare quality,

perceptions, managerial, physicians, patients e clientes, tendo como campo de busca o resumo

dos artigos, foi identificada uma prevalência de artigos sobre o relacionamento entre a

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enfermagem, o paciente e a família (RAZERA; BRAGA, 2011; FERNANDES;

EVANGELISTA, 2013; WAGNER; THOFEHRM; AMESTOY, 2009; FAQUINELLO;

HIGARASHI; MARCON, 2007; ZUCOLO; PAULINO, 2014) e apenas os estudos de Nassar

(2003, 2005) sobre médicos e pacientes. Além disso, foram localizados apenas 13 artigos

realizados na América Latina, todos no Brasil, e todos com foco unicamente na percepção dos

pacientes e/ou familiares sobre a qualidade do cuidado, como os artigos de Kempfer et al.

(2011) e Freitas et al. (2014), a maioria com foco na qualidade do cuidado prestado pela

enfermagem (FREITAS et al., 2014; OLIVEIRA, GUIRARDELLO, 2006; COSTA, ALVES,

LUNARDI, 2006; SCHNEIDER et al., 2008; MEZZAROBA, FREITAS, KOCHLA, 2009;

INABA, SILVA, TELLES, 2005) e alguns com foco em serviços específicos dos hospitais,

como unidades de terapia intensiva e emergências (MOREIRA, CASTRO, 2006; PINA,

LAPCHINSK, PUPULIM, 2008; SEVERO, GIRARDON-PERLINI, 2005).

Assim, diversas perguntas ainda se encontram em aberto na literatura brasileira: Qual é

a percepção do paciente quanto ao cuidado recebido? As variáveis demográficas interferem na

percepção do paciente sobre o cuidado? Qual é a percepção do médico sobre a prestação de

serviços de saúde? Qual é a percepção do médico a respeito do olhar do paciente sobre o

cuidado? A percepção do paciente no tocante ao cuidado difere da percepção do médico? Em

que sentido?

A avaliação da qualidade do cuidado sob a perspectiva do paciente apresenta-se com

alguns problemas: Como definir a qualidade do cuidado sob a perspectiva do paciente? Qual é

o conteúdo da perspectiva do paciente e como isso pode ser mensurado?

O interesse na qualidade dos cuidados de saúde está aumentando a cada dia. Com o

aumento da pressão para medir a qualidade, as avaliações baseadas em cuidados médicos estão

se tornando cada vez mais importantes. Os pacientes oferecem uma perspectiva única para

avaliar os aspectos não técnicos da assistência médica. Na literatura, existem várias definições

de qualidade de saúde. Segundo Donabedian (1988), qualidade de saúde é a aplicação da ciência

médica e da tecnologia de forma a maximizar o seu benefício para a saúde sem aumentar o

risco. Para Ovretveit e Twonsend (1992), é exceder as expectativas do paciente e alcançar o

nível clínico mais alto possível com os recursos disponíveis . Mosadeghrad (2011), por sua vez,

definiu qualidade de saúde como encantar o paciente, fornecendo serviços de saúde eficazes e

eficientes, de acordo com as mais recentes diretrizes e normas clínicas e que atenda as

necessidades do paciente e satisfaça os provedores.

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Tendo em vista a lacuna na literatura no que se refere à compreensão da avaliação dos

pacientes quanto à prestação dos serviços de saúde recebidos em hospitais, assim como a

carência de estudos que investiguem a percepção dos pacientes quanto à prestação dos serviços

oferecidos nos hospitais públicos e privados tanto na visão dos mesmos quanto na dos médicos,

esta tese se propõe a suprir esta lacuna e a desenvolver um modelo de qualidade em serviços de

saúde, que leve em conta tanto a perspectiva dos pacientes, quanto a dos médicos sob o cuidado

prestado ao paciente.

1.2 Objetivos da pesquisa

Tendo em vista a lacuna na literatura no que se refere à compreensão da percepção dos

pacientes quanto à qualidade do cuidado recebido em hospitais, esta tese se propõe a

desenvolver um modelo de qualidade do cuidado prestado em hospitais do Rio de Janeiro, sob

a perspectiva dos pacientes e dos médicos. Destaca-se a importância do médico se colocar no

lugar do paciente e relatar a percepção deste último no cuidado de saúde prestado, ou seja, com

a visão do paciente e não o que ele entende que melhore a percepção do paciente. A percepção

do paciente é fruto e sofre intervenção direta dos serviços entregues e desenhados para o

mesmo.

É fundamental ouvir o paciente e não tentar adivinhar o que o paciente percebe como

qualidade de cuidado prestado em organizações de saúde.

Para alcançar este objetivo geral, foram formulados os seguintes objetivos específicos:

Compreender como os pacientes internados percebem a qualidade do cuidado

prestado pelos hospitais;

Investigar se há diferença de percepção dos pacientes, tendo em vista a

escolaridade, gênero e idade.

Investigar a opinião dos médicos quanto à percepção dos pacientes sobre a

qualidade do cuidado prestado pelos hospitais;

Investigar se há diferença de percepção dos pacientes e dos médicos entre os

hospitais públicos e privados.

Identificar as lacunas da qualidade do cuidado, tendo em vista a perspectiva dos

pacientes e dos médicos. As lacunas poderão surgir a partir de inconsistências de percepções

entre pacientes e médicos.

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1.3 Delimitação do estudo

O estudo inicialmente procurou conceituar e definir o que os autores entendem sobre o

cuidado centrado no paciente. O cuidado centrado no paciente é definido por Redman (2004)

como tratar o paciente como um indivíduo único. Binnie e Tichen (1999) e Shaller (2007)

definem como uma prática com padrões que demonstram o respeito ao paciente como uma

pessoa. O conceito coloca o paciente como figura central do cuidado de saúde e reconhece-o

como uma pessoa por inteiro, com necessidades físicas, psicológicas e sociais (FLAREY, 1995;

PENCE, 1997).

As características fundamentais do cuidado centrado no paciente são a individualização

e o envolvimento do paciente nas práticas de cuidado, através do fornecimento de informação

e da tomada compartilhada de decisão (ROBINSON ET AL., 2008). Um objetivo fundamental

é reconhecer e valorizar a maneira como cada paciente percebe e experimenta o que está

acontecendo com eles.

O conceito confere grande ênfase à individualização das necessidades do paciente,

organizando os profissionais e os serviços em torno das necessidades individuais de cada

enfermo (FLAREY, 1995; JENKINSON, 2002; PONTE et al., 2003; SHALLER, 2007). Tendo

o paciente como centro da prestação do cuidado, as atividades são redirecionadas para que seja

realizado o trabalho certo pela pessoa certa e na hora certa (PENCE, 1997).

O cuidado centrado envolve o paciente em todos os aspectos do cuidado e leva a prática

médica a uma comunicação aberta com o paciente (SHALLER, 2007). O papel do profissional

de saúde é estar ao lado oferecendo suporte pessoal e expertise técnica, ajudando o paciente a

definir o caminho de sua própria escolha (MC CORMACK; MC CANE, 2006).

De modo evidente, o cuidado centrado no paciente promove um cuidado mais holístico;

transfere a ênfase do cuidado do corpo para o cuidado global, pleno; aumenta e promove as

habilidades de comunicação entre provedores do cuidado de saúde, pacientes e seus familiares;

facilita a aproximação de uma equipe, bem como a reflexão, o aprendizado e a partilha das

habilidades entre os profissionais de saúde (ELLIS, 1999). Construir uma cultura centrada no

paciente requer mudanças amplas, incluindo o aprendizado sobre uma comunicação eficaz com

o paciente, sobre como falar e ouvi-lo, adaptando novas formas de prover o cuidado (HOLMES

et al., 2003). Para a definição da qualidade do cuidado prestado ao paciente, esta pesquisa

considerou a definição do cuidado centrado ao paciente.

Num primeiro momento, entrevistaram-se pacientes maiores de 18 anos, com

capacidade cognitiva plena, internados há pelo menos dois dias no hospital. A definição do

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referido período justifica-se pela opção por pacientes que tivessem permanecido pelo menos

uma noite no hospital e, assim, estivessem aptos a fornecer uma melhor análise crítica sobre o

serviço prestado. Não se estabeleceu nenhum critério de exclusão sobre a condição de saúde

dos pacientes, de modo que eles poderiam ser oriundos de patologias clínicas ou cirúrgicas, de

emergência, urgência ou eletivas. A pesquisa restringiu-se à percepção dos pacientes, não

contemplando as vozes de acompanhantes ou familiares.

Num segundo momento, entrevistaram-se médicos dos estabelecimentos de saúde

selecionados. Com o intuito de conseguir extrair informações mais precisas e profundas sobre

os serviços de saúde, definiu-se que os médicos deveriam ser funcionários do hospital há pelo

menos seis meses. Sendo assim, não foram incluídos nas pesquisas os médicos do corpo clínico

aberto dos hospitais.

Selecionaram-se hospitais públicos e privados, localizados na cidade do Rio de Janeiro,

com pelo menos 100 leitos, a fim de contemplar organizações que dispusessem de infraestrutura

e parque tecnológico semelhantes. Restringiu-se a investigar a percepção dos serviços apenas

oferecidos por hospitais, não tendo sido incluídos na investigação a percepção quanto ao

atendimento em clínicas e/ou consultórios médicos. Optou-se por restringir a pacientes

internados, analisar suas percepções e posteriormente ampliar para pacientes externos. Os

entrevistados puderam relatar experiências vividas em outros hospitais em que tiveram

internações recentes e por período superior a dois dias e comparar com a internação atual.

Não foram incluídas na análise questões relativas à qualidade assistencial, qualidade

médica dos procedimentos realizados. A pesquisa também não abarcou outros profissionais de

saúde, como enfermeiros e fisioterapeutas, por exemplo.

1.4 A relevância do estudo

O entendimento da qualidade de serviço sob a visão do paciente é importante para

melhorar o cuidado, tendo como foco central o paciente, e para o fortalecimento de relações em

longo prazo entre este e os profissionais de saúde (MIN LI et al., 2015). O paciente deve ser

visto não apenas como uma patologia a ser resolvida, mas também como um ator participante,

inserido no contexto do cuidado, e um facilitador para a prestação de cuidado adequado

(ANDALEEB, 2001). No entanto, de modo geral, as organizações e serviços de saúde focam

em tecnologia, profissionais qualificados e hotelaria diferenciada, muitas vezes sem procurar

entender se é esta a entrega que o paciente percebe como um diferencial na prestação do seu

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cuidado de saúde (ANDALEEB, 2001; IRISH SOCIETY FOR QUALITY & SAFETY IN

HEALTHCARE, 2010).

Além disso, o conceito de qualidade em saúde tem conotações distintas para as

diferentes partes interessadas, verificando-se inconsistências nas percepções quanto à qualidade

dos serviços entre os diversos stakeholders inseridos no contexto do cuidado de saúde

(NAITHANI et al., 2006; HESSELINK et al., 2013).

Tendo em vista a lacuna na literatura no que se refere à compreensão da avaliação dos

pacientes quanto à prestação dos serviços de saúde recebidos em hospitais, assim como a

carência de estudos que investiguem a percepção dos pacientes, tanto na visão dos mesmos

quanto na dos médicos, quanto à prestação dos serviços em hospitais públicos e privados, esta

tese desenvolveu um modelo de qualidade em serviços de saúde, que levou em conta tanto a

perspectiva dos pacientes quanto a dos médicos sobre o cuidado prestado ao paciente.

Identificou-se que, apesar das dimensões mais prevalentes e relevantes serem comuns a ambos

os atores entrevistados, existem lacunas quanto à forma de visualizar estas dimensões conforme

o entrevistado - o médico ou o paciente.

A relevância teórica da pesquisa fica, assim, explicitada por três fatores: (i) pelo fato de

as organizações de saúde apresentarem divergências entre as percepções de gestores,

profissionais de saúde e pacientes sobre a qualidade em serviços de saúde, tanto no tocante ao

conceito, quanto às expectativas sobre o cuidado (NAITHANI et al. , 2006; HESSELINK et al.,

2013), (ii) pela importância de compreender a prestação da qualidade dos serviços de saúde sob

a perspectiva dos pacientes (ANDALEEB, 2001; MIN LI et al., 2015) e (iii) pela ausência de

estudos desenvolvidos no Brasil sobre o tema.

O estudo se mostra relevante também por descrever, a partir das entrevistas realizadas

com médicos e pacientes, problemas que interferem diretamente na percepção do paciente sobre

a qualidade do cuidado prestado em serviços de saúde, abarcando questões estruturais, técnicas,

comunicacionais, de segurança, relacionais, relativas à disponibilidade de insumos e de

profissionais e ao acesso do paciente à prestação do cuidado. Sendo assim, a pesquisa instiga

uma reanálise quanto à prestação do cuidado por parte do médico, mas também por parte dos

gestores, apontando, assim, para possibilidades de melhora na prestação e entrega do cuidado

de saúde, com possibilidades de tomada de decisão, mudança de processos, protocolos e

desenvolvimento de ferramentas que permitam maior disponibilidade médica para a construção

a longo prazo de uma relação médico-paciente mais segura, confiável e eficiente, possibilitando

melhor desfecho e melhor aderência ao tratamento proposto.

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A pesquisa procurou envolver apenas os médicos e os pacientes, em uma primeira

análise, por entender que é fundamental a construção da relação médico-paciente ao longo do

cuidado prestado para que se possa desenvolver um vínculo de confiança e em um melhor

desfecho clínico. Além disso, por entender que o médico é o ator fundamental para uma melhor

percepção do cuidado prestado por parte do paciente e um melhor desfecho.

É notório que o fornecimento do cuidado de saúde de alta qualidade necessita de

coordenação, de cuidado longitudinal e de envolvimento de múltiplos profissionais de

diferentes contextos institucionais, com destaque especial para os médicos, que são

responsáveis pela prescrição dos cuidados e se relacionam diretamente com os pacientes. A

relevância prática do estudo consiste em auxiliar os gestores e as organizações de saúde a

proverem mudanças que levem em consideração a percepção do paciente quanto ao que é

valorizado em termos de prestação de cuidados de saúde, a melhor administrarem aspectos

críticos para uma melhor percepção dos pacientes internados sobre a prestação de serviço e a

fazerem as modificações necessárias para que haja um ganho real na qualidade do serviço

entregue.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Delimitação da revisão de literatura

A revisão sistemática da literatura foi realizada nas bases de dados EBSCO, EMERALD

e PUBMED a partir da década de oitenta, por este período ter sido de grande valia para o

surgimento, sedimentação e ampliação das dimensões da qualidades de serviço prestado, e por

marcar a produção de grandes autores nesta área com trabalhos emblemáticos para o destaque

e o amadurecimento da prestação de serviço com o olhar do cliente/paciente (BROWN,

SWARTZ, 1989; REICHHELD et al.,1990a; PARASURAMAN, ZEITHAML, BERRY, 1985,

1988; CRONIN, TAYLOR, 1992, 1994; REICHHELD, SASSER 1990a; PARASURAMAN et

al., 1990, 1991; HESKETT et al., 1994; GRÖNROOS, 1990, 1995; JHA et al., 2008;

ALGHAMDI, 2014).

A partir das buscas, foram identificados 231 artigos (62 da base EBSCO, 141 da base

EMERALD e 28 da base PUBMED), que foram integralmente lidos e dos quais foram

selecionados 144 artigos (41 da base EBSCO, 98 da base EMERALD e 5 da base PUBMED).

Foram selecionados apenas artigos acadêmicos, sendo excluídos editoriais e artigos que

apresentavam opiniões de especialistas, bem como projetos descritivos de pesquisa.

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Em um segundo nível de análise, foram mantidos apenas os artigos que apresentassem

a percepção dos pacientes e dos demais atores envolvidos na prestação do cuidado nos serviços

de saúde, restando 85 artigos (18 da base EBSCO, 65 da base EMERALD e 2 da base

PUBMED), os quais foram categorizados em uma matriz composta dos seguintes elementos:

autor, ano de publicação, título, abstract, país em que o estudo foi realizado, periódico, tipo de

pesquisa, objetivos do estudo e resultados encontrados. O critério de exclusão/inclusão dos

artigos está discriminado no Quadro 01 e os 85 artigos selecionados nesta primeira fase da

revisão de literatura podem ser evidenciados no Apêndice.

QUADRO 01 - Processo de seleção – protocolo

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

A segunda etapa de revisão de literatura se deu a partir da análise das referências

bibliográficas dos 85 artigos que constam na Figura 01, iniciando-se uma busca em “bola de

neve”, visando a localização de artigos que trouxessem a perspectiva dos pacientes e/ou

médicos quanto à qualidade dos serviços de saúde. Especificamente em relação ao referencial

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bibliográfico sobre qualidade de serviço em termos gerais, a pesquisa se iniciou com a busca

das publicações mais importantes sobre o tema, como os artigos de Parasuraman, Zeithaml e

Berry (1985, 1988), Cronin e Taylor (1992), Dawkins e Reichheld (1990b); Heskett et al.

(1994); Grönroos (1990, 1995); Slack (1997); Kotler (1998).

A pesquisa teve como base a revisão sistemática realizada, onde foram identificadas

algumas dimensões de qualidade, a partir dos diversos autores inseridos na revisão. A

partir da seleção das dimensões, procurou-se separar frases, pedaços de texto, categorizar os

itens e dimensões e entender o que o paciente percebe como qualidade de serviço de cuidado

prestado e analisar as impressões dos diversos autores selecionados e comparar com os achados

da pesquisa, tentando correlacionar, ratificar ou retificar os achados dos autores selecionados e

os achados da presente pesquisa.

Os parágrafos subsequentes descrevem sobre a qualidade do cuidado de saúde e a

percepção da qualidade do cuidado sob a visão do paciente com as perspectivas e

posicionamentos de diversos autores obtidos a partir da revisão sistemática realizada.

A pesquisa realizada evidenciou dimensões bastantes semelhantes as relatadas pelos

diversos autores descritos na revisão sistemática. Mereceu destaque a comunicação, a empatia,

a construção de relacionamento médico - paciente/ profissionais – paciente, a acessibilidade.

Alguns artigos pontuam inconsistências quanto a expectativa e experiencia dos

pacientes, assim como as diferentes percepções de cuidado de saúde na dependência do ator

envolvido e apenas um pontua as inconsistências entre a percepção do médico e do paciente em

consonância com a pesquisa realizada. O artigo de Brown and Swartz, 1989, relata que as

inconsistências geradas pelas diferenças de expectativas e experiências entre os pacientes e

médicos no cuidado de saúde levam a uma pior performance e uma divulgação negativa do

médico e da organização de saúde.

Quando se comparou os artigos da revisão sistemática quanto a diferenças de percepções

dos pacientes, relacionados a qualidade do cuidado quanto aos dados demográficos, com a

pesquisa da autora observou-se que quanto a idade, alguns artigos, em consonância com o da

autora, demonstram que o idoso demanda por respeito, informação e cortesia ( Paul Alexander,

2004), assim como por empatia, suporte e integração (Danielle, 1996) e na pesquisa realizada,

apesar de não ter relevância quanto a diferença de idade, os idosos destacaram empatia e aspecto

técnico.

Quanto ao gênero, tanto na pesquisa realizada pela autora quanto no artigo de

Johan de Jager,2007, não se demonstrou diferença. Entretanto o artigo de Syed Saad, 2010,

destaca que o sexo feminino exige uma melhor aparência do profissional de saúde, observado

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em algumas falas dos pacientes do sexo feminino da presente pesquisa. A autora Rita Narang,

2011, destaca, quanto ao nível educacional, que os pacientes com menor grau de instrução

tendem a ter um envolvimento menor no seu tratamento o que não foi evidenciado pela autora.

2.2 Qualidade de serviços e do cuidado de saúde

A qualidade dos serviços tem sido amplamente discutida em um número significativo

de artigos, principalmente a partir da década de 80, com a pesquisa de Parasuraman, Zeithaml

e Berry (1985), que deu origem ao instrumento SERVQUAL. A literatura indica que a

qualidade em serviços é um construto multidimensional (BABAKUS, BOLLER, 1992;

CARMAN, 1990; CRONIN, TAYLOR, 1992, 1994; GRÖNROOS 1984; PARASURAMAN,

ZEITHAML, BERRY, 1985, 1988; POLLACK, 2008; TEAS, 1993,1994; ZEITHAML,

BITTNER, 1996), mas não há consenso sobre o número de dimensões da qualidade e tampouco

sobre sua generalização para setores distintos (BABAKUS, BOLLER, 1992; CARMAN, 1990;

CRONIN, TAYLOR, 1992, 1994; TEAS, 1993, 1994).

Na década de 80, os autores Oliver (1980), Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) e

Grönroos (1984) analisaram a qualidade percebida em serviços como a diferença entre as

percepções e as expectativas dos clientes. Quanto às dimensões da qualidade de serviço,

Grönroos (1984) postulou duas: qualidade técnica (o que os clientes recebem do serviço

prestado) e qualidade funcional (a forma como o serviço é entregue). Mais recentemente, o

autor propôs que a qualidade do serviço seja descrita também em termos de profissionalismo e

habilidades, atitudes e comportamentos, acessibilidade e flexibilidade, confiabilidade e

segurança, recuperação do serviço, servicescape, reputação e credibilidade (GRÖNROOS,

2000).

Ainda na década de 80, o instrumento SERVQUAL foi desenvolvido por Parasuraman

e colaboradores (1985, 1988), no intuito de avaliar a percepção do cliente quanto à qualidade

do serviço entregue. O instrumento é composto por 22 itens, agrupados em cinco dimensões:

Empatia, Confiabilidade, Presteza/Capacidade de resposta, Segurança/Garantia e Tangíveis. A

escala SERVQUAL foi originalmente aplicada em cinco configurações de serviços: bancos,

serviços de cartão de crédito, reparo e manutenção de aparelhos eletrodomésticos, serviços de

telefonia de longa distância e corretagem de título. Posteriormente, a escala passou a ser

utilizada para medir qualidade em diferentes ambientes de serviços.

Existem críticas na literatura quanto às cinco dimensões genéricas e quanto às

propriedades psicométricas do instrumento SERVQUAL (EKINCI, RILEY, 1998; BROWN et

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al., 1993, PETER et al., 1993; CARMAN, 1990; TEAS, 1993, 1994; BABAKUS, BOLLER,

1992). A crítica mais comum ao instrumento tem sido direcionada à aplicabilidade do mesmo

em diferentes configurações do serviço. Enquanto Parasuraman e colegas (1988) originalmente

propuseram cinco dimensões “universais”, que seriam aplicáveis em qualquer tipo de serviços,

a maioria dos estudos que utilizaram o instrumento relatou uma série de outras dimensões.

Carman (1990) testou a escala SERVQUAL em quatro configurações de serviços e encontrou

seis a nove dimensões, dependendo da indústria. Brady e Cronin (2001), por sua vez,

propuseram um modelo tridimensional de qualidade de serviço, que consiste na influência

mútua entre qualidade da interação, qualidade do ambiente físico e qualidade da entrega. Como

resultado, o SERVQUAL foi adaptado (LADHARI, 2008; CRONIN, TAYLOR, 1994;

CARMAN, 1990) e expandido para ser utilizado como um método de mensuração da qualidade

em uma variedade de indústrias de serviço, incluindo a área de saúde (CARMAN, 1990;

HEADLEY, MILLER, 1993; SIMON LAM, 1997; KILBOURNE et al., 2004).

Especificamente na saúde, desde a década de 80, Donabedian (1980, 1981) defende que

o paciente tem exigências diferentes, por isso a satisfação não pode ser alcançada com soluções

únicas. O autor propõe que a avaliação dos serviços de saúde leve em consideração três

dimensões: estrutura, processo e resultado. As medidas de estrutura envolvem informações

sobre recursos físicos, humanos, materiais, formas de organização e funcionamento, além de

equipamentos; os resultados se referem ao efeito de ações e de procedimentos sobre a

assistência ao paciente; já a avaliação de qualidade do processo, ou seja, a atividade realizada

pelos provedores assistenciais, apresenta algumas complexidades que podem se referir tanto à

parte técnica como à de relações interpessoais, estas com maiores dificuldades de mensuração.

Além disso, vários outros autores propuseram a ampliação ou modificação das

dimensões da qualidade de serviços para o setor de saúde: Brown et al., (1998), Schröder

(2007), Elleuch (2008), Arasli, Ekiz, Katircioglu (2008), Mercer et al., (2008), Scotto et al.

(2009), Narang (2010), Vinagre, Neves (2010), Camgöz-Akdağ (2010), Anand (2010), Suki,

Lian (2011), Jakobsson, Holmberg (2012), Polsa et al. (2013) e Ramsaran-Fowdar (2013).

Os artigos contidos na revisão sistemática demonstraram as dimensões que impactaram

na percepção do cuidado prestado ao paciente ao longo das entrevistas ou questionários

realizados. A dimensão comunicação se destacou nos artigos de Brown, 1989; Fusilier, 1995;

Wright, 1998; James, 2000; Dennis, 2004, Mahboobeh, 2006, Aller, 2013, ressaltando a

importância da comunicação individualizada de acordo com o nível de entendimento de cada

paciente e a informação sobre a doença, o diagnóstico e o tratamento. A dimensão empatia foi

citada na maior parte dos artigos (Andaleeb, 2006; Al-Shawi, 2005; Chin, 2007; Murphy, 2008;

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Grundling, 2008; Suki,2011; Berndt, 2011, entre outros) onde se destacou a importância da

atenção dispensada ao paciente não só quanto ao tempo, mas também quanto à privacidade e

qualidade do atendimento. A dimensão quanto ao aspecto técnico também se mostrou relevante

para alguns autores (O’ Callagham, 1998; James, 1998; Larsson, 2005; Zineldin, 2006;

Grundling, 2008), onde se destacou a performance de médicos e enfermeiros, o

profissionalismo, a capacitação dos profissionais para uma percepção do cuidado prestado

satisfatório ao paciente. Outra dimensão que se mostrou relevante foi a de relacionamento

médico paciente, a destacar alguns autores Natangelo, 2007; Elleuch, 2008; Larsson, 2009;

Millet, 2010; Holmberg, entre outros), onde a construção de confiança entre médico e paciente

foi evidenciada para um bom resultado da prestação do cuidado sob o ponto de vista do paciente.

As dimensões acima descritas se destacaram ao longo de toda pesquisa realizada pela autora,

onde a última dimensão citada, relacionamento, serviu como base para a criação do modelo de

qualidade do cuidado proposto na pesquisa, juntamente com a dimensão estrutura e acesso pela

relevância e importância das três demonstrada pelos atores envolvidos.

Cada dimensão tem uma relação significativa com a qualidade do serviço do hospital.

Os achados indicam que o estabelecimento de qualidade do cuidado de alto nível irá levar os

pacientes a terem uma percepção de qualidade do cuidado prestado.

Vários artigos também tiveram como base o modelo de qualidade SERVQUAL

proposto por Parasuramam e cols. Os artigos de Clemes, Ozanne, Laurensen (2001), Clark

(2004), Sivabrovornatana (2005), Al- Shawi (2005), Arasli, Ekiz, Katircioglu (2008), Mead,

Bower (2000), Ramsaran-Fowdar (2007) mostraram-se consonantes por destacarem a

importância da comunicação, da eficiência no cuidado, no cuidado individual e humanizado e

nas habilidades interpessoais.

Alguns artigos mereceram destaque como o de Ramsaran-Fowdar (2007) propuseram

uma escala específica para serviços de saúde, denominada PRIVEHEALTHQUAL, que é uma

ampliação do instrumento SERVQUAL. As dimensões que compõem esta escala são: a

empatia/a segurança; a competência médica; o serviço, o profissionalismo, a habilidade e a

competência; a capacidade de resposta/tangibilidade; a tangibilidade/imagem; a imagem/justiça

e o tratamento com equidade; a confiabilidade/justiça; os equipamentos, os registros adequados

e a disseminação da informação.

Mereceu destaque também a dimensão empatia em que os autores Ramsaran-Fowdar

(2007) valorizaram a relação do paciente com os profissionais. Além disso, propuseram seis

dimensões centradas no cuidado do paciente, destacando o respeito às preferências e

necessidades dos pacientes, a coordenação e a integração do cuidado, a informação, a

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comunicação e a educação, o conforto físico, o suporte emocional e o envolvimento da família

e amigos. Sivabrovornvatana et al. (2005), ainda no que se refere a empatia, a seu tempo,

destacaram a importância de um serviço humanizado, com tempo de espera curto, em um

ambiente limpo, com recuperação rápida e em que haja o desejo do profissional em prover

serviço de qualidade. Da mesma Al-Shawi et al. (2005) propuseram dimensões centradas em

habilidades interpessoais: carinho, habilidade de escutar, clareza na explicação, confiança,

elucidar os medos e preocupações dos pacientes, tranquilizar o paciente, levar em conta seu

contexto pessoal ter respeito pelo e preocupar-se com o paciente, despender tempo suficiente

com o paciente e fornecer recomendação ao mesmo.

O artigo de Mead e Bower (2000) permitiu revisar a literatura conceitual e empírica para

desenvolver um modelo, envolvendo vários aspectos do relacionamento médico-paciente

centrado no cuidado. Eles identificaram as seguintes dimensões: perspectiva biopsicossocial,

paciente como um indivíduo, a construção de uma aliança terapêutica e o médico como um

indivíduo. O artigo de Arasli, Ekiz, Katircioglu (2008) também destacou, além da empatia, a

importância do fortalecimento do relacionamento entre profissionais e pacientes.

Os artigos anteriormente descritos demonstraram a importância de informar, dar atenção,

construir uma relação médico-paciente adequada e de confiança, dar suporte emocional e

envolver os familiares no cuidado a ser entregue ao paciente. Pode-se constatar que a maioria

dos artigos destacou o cuidado funcional e não assistencial para melhorar a percepção do

cuidado prestado ao paciente (CLEMES, OZANNE, LAURENSEN, 2001, CLARK, 2004,

SIVABROVORNATANA, 2005, AL-SHAWI, 2005). Outro aspecto importante sobre a

qualidade em serviços de saúde é que se trata de um conceito multifacetado, que conota

diferentes significados para diferentes partes interessadas, como o governo, o prestador de

serviços, os pagadores, a administração hospitalar, o paciente, entre outros (BROWN et al.,

1998; O'CONNOR, SHEWCHUK, CARNEY, 1994; MOSADEGHRAD, 2013). Neste sentido,

o Quadro 02 apresenta as definições dos diversos stakeholders de uma organização de saúde

quanto à percepção do cuidado de saúde prestado, propostas por Mosadeghrad (2013).

Quadro 02 – Definição de qualidade do cuidado de acordo com os atores envolvidos

Grupo Definição

Pacientes Necessidades e expectativas atendidas

Parentes Satisfação e valor ao paciente

Provedores A "coisa certa" a ser feita, de acordo com "diretrizes" e

que leve à "satisfação do paciente"

Gestores Satisfação e eficiência do provedor e do cliente

Decisores políticos Satisfação do provedor e do paciente

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Pagadores Satisfação do paciente e custo - efetividade (valor)

Profissionais de

acreditação

Conformidade aos padrões e à satisfação do paciente

Fornecedores Fazer a coisa certa

Fonte: Adaptado de Mosadeghrad (2013)

Em síntese, estudos realizados com pacientes identificaram diversas dimensões da

qualidade do cuidado sob a ótica dos pacientes, tais como: acesso; comunicação e informação;

cortesia e suporte emocional; qualidade técnica; eficiência/efetividade do cuidado; empatia;

estrutura e instalações (ANDERSON et al., 2001; ATTREE, 2001; CONCATO et al., 1997;

GERTEIS et al., 1993; IRURITA, 1999; JUN et al., 1998; LARRABEE et al., 2001; NGO-

METZGER et al., 2003; RADWIN, 2000; ROSS et al., 1994, STICHLER et al., 2001, ARASLI,

EKIZ, KATIRCIOGLU, 2008).

2.3 A percepção da qualidade do cuidado sob a ótica do paciente

A percepção da qualidade do cuidado sob a ótica do paciente é bastante relevante

influenciar a escolha do plano ou do provedor, as reclamações contra médicos e más práticas

profissionais (HICKSON et al., 1992; HICKSON et al., 2002; TAYLOR et al., 2002) e, o mais

importante, impactar a adesão ao tratamento prescrito pelo médico e o resultado de saúde

(BROWN, 2001; CLEARY et al., 1988; COVINSKY et al., 1998; FREMONT et al., 2001;

GULDVOG, 1999; KANE et al., 1997; MALY et al., 1999; MARSHALL et al., 1996;

STEWART et al., 2000; BARTLETT, 2002; BROWN, 2001; GOLIN et al., 1996).

Alguns estudos realizados a partir de entrevistas e focus group oferecem uma gama

variável de definições de qualidade por parte de pacientes e categorizam em dimensões, tais

como: cuidado centrado no paciente; acesso; comunicação e informação; cortesia e suporte

emocional; qualidade técnica; eficiência do cuidado/ efetividade da organização; a empatia,

priorizar as necessidades dos pacientes, o relacionamento entre profissionais e estrutura e

instalações. (ANDERSON et al., 2001; ATTREE, 2001; CONCATO et al., 1997; GERTEIS et

al., 1993; IRURITA, 1999; JUN et al., 1998; LARRABEE et al., 2001; NGO-METZGER et al.,

2003; RADWIN, 2000; ROSS et al., 1994, STICHLER et al., 2000, ARASLI, EKIZ,

KATIRCIOGLU, 2008). Os autores relatam a necessidade de se preocupar com a entrega do

cuidado de modo que seja feita em consonância com a percepção e as necessidades do paciente.

O paciente necessita de cuidado individualizado, que o médico despenda tempo para ouvir suas

queixas, sanar suas dúvidas, fornecer informação, atenção individual e acolhimento. É

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necessário diminuir a assimetria do poder e promover a autonomia do paciente para que ele seja

um agente ativo no processo de cuidado.

Os resultados empíricos de Stichler, Weiss (2001) e Lytle (1992) indicam que os

pacientes muitas vezes avaliam a qualidade de acordo com o ambiente dos cuidados de saúde

com destaque para o aspecto tangível, onde os primeiros autores destacam a aparência do

profissional médico, além da confiança demonstrada no serviço prestado, a presteza, a

competência, a segurança e a comunicação, tema bastante citado também nos artigos

mencionados anteriormente. Lytle (1992) procurou propor um modelo de qualidade do cuidado

de saúde em um centro de fertilização, cujo objetivo era estudar o cuidado de saúde como uma

função da conformidade dos provedores com as necessidades dos pacientes em três níveis de

benefícios do produto do cuidado, o primeiro o aspecto tangível e os dois últimos

correspondendo ao intangível e o central. Observou que os direcionamentos, a força dos

relacionamentos entre as variáveis de interação com os médicos (benefícios intangíveis), as

variáveis do ambiente físico (benefícios tangíveis) e a percepção dos pacientes da qualidade do

cuidado de saúde foram diferentes entre as pacientes que conseguiram ficar grávidas e as que

não conseguiram (aspecto central). A percepção do serviço prestado, portanto, foi influenciada

pelo sucesso do objetivo do cuidado do paciente.

Os achados de Suki et al. (2011) e Bandeen-Roche et al. (2006) também descrevem

sobre a percepção dos pacientes. O primeiro artigo mostra que as percepções dos pacientes são

aquém das expectativas, que eles se mostram insatisfeitos com o nível de serviço de saúde

prestado, especialmente com o tempo longo de espera para o atendimento de saúde, estes

últimos achados foram consonantes com as entrevistas realizadas pela autora. Bandeen Roche

et al. (2006) propôs o desenvolvimento de uma escala para medir a percepção de qualidade de

pacientes internados e ambulatoriais na Índia. Os autores propuseram o desenvolvimento de

uma escala de 16 itens e identificaram cinco dimensões: disponibilidade de medicamentos,

informação médica, comportamento do médico e infraestrutura do hospital. As dimensões de

maior destaque foram o comportamento do médico e dos demais profissionais de saúde. Na

pesquisa realizada a informação foi bastante relevante.

Narang (2010) analisou a percepção dos pacientes no serviço de saúde em Lucknow,

Índia. A escala utilizada levava em consideração alguns itens, tais como: profissionais e práticas

de saúde e entrega do cuidado de saúde, que se mostraram estatisticamente relevantes no

impacto sobre a percepção do cuidado. Os pacientes se apresentaram um pouco menos positivos

nos itens relacionados ao acesso ao serviço e à adequação dos médicos para mulheres. O artigo

mostra a importância de medir a percepção da qualidade do cuidado dos serviços de saúde e

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evidencia que a melhora do cuidado requer imediata e urgente atenção dos provedores de saúde,

sinalizando ainda a necessidade da opinião dos pacientes para realização de mudanças e

melhorias na qualidade do cuidado.

Na literatura se observou alguns artigos propondo o desenvolvimento de modelos de qualidade

como proposto pela autora para que se tenha uma melhor percepção da qualidade do cuidado

prestado ao paciente:

Zineldin (2011) utilizou uma ferramenta de qualidade e examinou os fatores mais

importantes que afetam a percepção do paciente. Os três itens mais destacados na pesquisa

realizada com os pacientes foram a infraestrutura, a atmosfera do ambiente e a interação com

os profissionais de saúde. Os itens que mereceram atenção dos profissionais de saúde em

relação às necessidades dos pacientes foram a estrutura adequada para o estacionamento de

visitantes, o tempo de espera e a temperatura do alimento. É recomendado melhorar a qualidade

de saúde através da aplicação da gestão de relacionamento e do modelo da qualidade total com

as cinco dimensões: o objeto (qualidade técnica), os processos (qualidade funcional), a

infraestrutura, a interação (troca de informações) e a atmosfera (processo de interação e

relacionamento). Os resultados podem ser utilizados pelos profissionais da instituição para

redesenharem criativamente os processos de gestão e, com isso, contribuir para tornar as

estratégias de qualidade de saúde mais efetivas.

Sally Munro (1991) implantou uma ferramenta de gestão de qualidade e investigou

quais elementos da informação são importantes e são compreendidos durante o relacionamento

com o paciente. A autora demonstrou que o profissional de saúde está interessado na qualidade

e em prover informação adequada, pois o entendimento do paciente é essencial. A qualidade da

informação nos serviços pode ser melhorada e a satisfação dos pacientes melhorada.

Louise e Bell, 1993, desenvolveu uma ferramenta de auditoria onde se demonstrou a

utilidade da auditoria de serviços a partir da perspectiva do paciente para profissionais e

gestores. utiliza a perspectiva do paciente, ajuda na provisão do serviço de saúde. informa

visões do paciente- planejamento de melhorias.

Os artigos de Piligrimiené e Buciunienè (2008, 2011) afirmaram que os pacientes

tendem a definir a qualidade em termos de suas preferências e valores, enfatizando a satisfação

com os cuidados de saúde e os resultados, tais como a recuperação, a mortalidade e o estado

funcional, enquanto os profissionais de saúde tendem a definir em termos de atributos e

resultados do cuidado, definição esta que enfatiza a excelência técnica com que os cuidados

são prestados, assim como as características das interações entre prestador e paciente.

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A revisão sistemática de literatura realizada por Sonis e colaboradores (2018), em um

departamento de emergência, demonstrou forte correlação entre a experiência do paciente, as

inúmeras visitas ao departamento da emergência e os objetivos do hospital. Os temas mais

frequentes incluíram a comunicação profissionais-paciente, o tempo de espera no departamento

de emergência, a empatia e a compaixão do staff da instituição. Entre eles, a comunicação entre

staff e paciente foi ainda o tema mais frequentemente identificado como afetando diretamente

a experiência do paciente. Os pacientes tratados com empatia e com comunicação adequada

pelos provedores mostraram-se menos insatisfeitos do que os outros. Outros fatores, como

competência e experiência dos médicos, foram os menos citados na revisão sistemática

realizada. Por outro lado, na pesquisa realizada pela autora demonstrou-se nas falas dos atores

entrevistados grande preocupação com a empatia, com o aspecto técnico, com a comunicação

e com a infraestrutura.

Os artigos anteriormente descritos destacaram a importância que o paciente confere ao

acolhimento, ao acesso e à relação médico-profissional de saúde. As pesquisas ratificaram a

relevância de uma comunicação customizada e individualizada para um melhor entendimento

do cuidado a ser prestado ao paciente. Não menos importante, destacou-se também o nível de

interação do profissional com o paciente como um item relevante para uma melhor percepção

do cuidado prestado, ratificado pela autora em questão.

Resnick e Griffiths (2011), Andaleeb (2001), Duggirala, (2008), Arnetz e Arnetz (1996),

Mittal e Baldasare (1996) destacam a importância da relação médico-paciente para uma

adequada percepção do paciente sobre o cuidado prestado. Resnick e Griffiths descrevem que,

quando há uma entrega de serviço de saúde consistente e estabelece-se uma empatia entre

profissionais e pacientes, a percepção da qualidade de serviço prestado aumenta. Conforme

demonstrado anteriormente, os artigos destacam, em consonância com a pesquisa atual, alguns

pontos fundamentais para a prestação de serviço de qualidade sob a ótica do paciente, quais

sejam: a empatia, a confiança, o fortalecimento da relação médico-profissional, a qualidade

técnica, os tangíveis, entre outros, aspectos também demonstrados por Andaleeb (2001) e por

Duggirala e colaboradores (2008). Alguns estudos mostram que os pacientes tendem a avaliar

a qualidade do cuidado de acordo com a capacidade de resposta dos prestadores para as suas

necessidades específicas (MUNRO, 1991; CLEMES, OZANNE, LAURENSEN, 2001).

De acordo com Arnetz e Arnetz (1996), a percepção de qualidade dos pacientes depende

principalmente da comunicação e dos aspectos tangíveis dos serviços de saúde. Já para Mittal

e Baldasare (1996), além da comunicação, outros fatores importantes na prestação de serviço

são: a competência do médico, o respeito, o carinho e a continuidade do cuidado. Na mesma

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linha, Curry e Sinclair (2002) constatam que o paciente tem uma melhor percepção sobre o

serviço quando a informação relacionada à sua condição de saúde é entregue de forma clara,

assim como quando há garantia e empatia na assistência prestada. Roter e Hall (2006) reiteram

que os pacientes ficam mais satisfeitos quando recebem mais informações, talvez em razão de

os médicos que informam mais parecerem mais amáveis e mais preocupados com os pacientes.

Além disso, os pacientes podem sentir que têm mais poder e controle quanto às decisões a serem

tomadas sobre o tratamento.

Peltier (1998, p. 22) enfatiza que “a relação entre qualidade do serviço e satisfação é

uma função de múltiplos encontros de serviços em uma ampla variedade de parceiros de

intercâmbio dentro de uma organização de assistência médica”1. O autor identificou que a

performance dos médicos, dos enfermeiros e dos profissionais de suporte, bem como a estrutura

são aspectos críticos para a composição da percepção do paciente. Isto porque os pacientes

necessitam ser informados sobre como as suas ansiedades, suas dúvidas e seus questionamentos

serão conduzidos, em consonância com os artigos descritos acima. Quando o paciente recebe

input adequado da sua doença, o relacionamento entre o paciente e o profissional torna-se

melhor. Este relacionamento é um processo contínuo que necessita ser monitorado e ajustado

regularmente.

O Quadro 03 resume as dimensões da qualidade de serviços em geral e também dos

serviços de saúde (qualidade do cuidado), que emanaram da literatura.

Quadro 03 – Dimensões da qualidade de serviços e do cuidado ao paciente

DIMENSÕES DEFINIÇÃO AUTORES

ASPECTO TÉCNICO

Competência técnica,

habilidade de desenvolver o

serviço esperado de forma

acurada e de confiança,

desfecho, eficácia,

conhecimento, treinamento,

experiência, profissionalismo,

qualificação.

Parasuraman, Zeithaml, Berry (1988);

Carman (2000);

Haywood- Farmer, Stuart (1988);

Swartz, Brown (1989);

Resnick, Griffiths (2011);

Mittal, Baldasare, (1996);

Peltier (1998)

Donabedian, (1980, 1981)

Rose, (2004).

EMPATIA

Cuidado, atenção

individualizada, humanização

do cuidado, acolhimento,

respeito.

Parasuraman, Zeithaml, Berry (1988);

Sonis et al. (2018);

Resnick, Griffiths (2011);

Mittal, Baldasare (1996);

Curry, Sinclair (2002).

1Texto original: “The relashionship between service quality and satisfaction is a function of multiple service

encounters across a wide variety of exchange partners within a health care organization”.

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SEGURANÇA

Segurança, desempenho,

cortesia dos médicos, dos

enfermeiros e do staff,

credibilidade, competência.

Parasuraman, Zeithaml, Berry (1988);

Walters, Jones (2001);

Stichler, Weiss, (2001)

Lytle (1992).

CAPACIDADE DE

RESPOSTA

Disposição ou prontidão dos

funcionários para prover

serviços; velocidade.

Parasuraman, Zeithaml, Berry (1988);

Stichler, Weiss (2001)

Lytle (1992);

Sally Munro (1991)

Clemes, Ozanne, Laurensen (2001).

TANGÍVEIS

Aparência das instalações

físicas, aparência dos

profissionais, aparência dos

outros clientes na instalação do

serviço, aspectos tangíveis do

serviço.

Parasuraman, Zeithaml, Berry (1988);

Stichler, Weiss (2001)

Lytle (1992);

Bandeen-Roche et al, (2006);

Zineldin (2011);

Resnick, Griffiths (2011);

Arnetz, Arnetz (1996);

Peltier (1998);

Donabedian (1980, 1981).

INFRAESTRUTURA

Infraestrutura física,

disponibilidade de

medicamentos, ferramentas e

equipamento para provisão do

serviço, hotelaria e

alimentação.

Parasuraman, Zeithaml, Berry (1988);

Resnick, Griffiths (2011);

Donabedian (1980, 1981).

COMUNICAÇÃO

Comunicação clara; linguagem

acessível; comunicação

interdisciplinar e entre equipes;

comunicação médico-paciente.

Hasin (2001);

Stichler, Weiss (2001)

Lytle, (1992);

Zineldin (2011);

Sonis et al. (2018);

Arnetz, Arnetz (1996);

Mittal, Baldasare (1996);

Curry, Sinclair (2002);

Munro (1991);

Bandeen-Roche et al (2006).

ACESSIBILIDADE

Horário de visita estendido,

facilidade para realizar exames,

horário estendido para família,

facilidade de acesso aos

médicos, tempo de espera.

Gross, Nirel (1998).

Suki et al. (2011);

Narang (2010);

Zineldin (2011);

Sonis et al. (2018).

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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35

2.4 Percepção da qualidade do cuidado pelos pacientes tendo em vista diferenças

culturais e características demográficas.

Além das diferentes perspectivas dos atores do setor quanto ao entendimento do que é

qualidade em serviços de saúde, diferenças demográficas, culturais, étnicas e geográficas

podem influenciar na percepção da qualidade assistencial prestada, como expõem Michael e

colaboradores (2001), Larsson (2005), Mosadeghrad (2013), entre outros.

Larsson (2005) comparou as percepções dos pacientes quanto à qualidade do cuidado

em quatro países e observou diferenças consideráveis relacionadas aos pacientes da Inglaterra,

França, Noruega e Suécia. Uma das explicações da autora para os resultados identificados são

as diferenças culturais das diferentes nações. De acordo com os autores, na Inglaterra e na

França, diferentemente da Noruega e da Suécia, a mensuração da satisfação do paciente não

apenas existe, como é estimulada, provocando os esforços para melhoria contínua, decorrentes

das avaliações frequentes de qualidade.

O estudo de Mosadeghrad (2013), por sua vez, representou um esforço exploratório para

entender a qualidade de saúde dentro do contexto iraniano e demonstrou que os atores iranianos

definiram qualidade de saúde como excelência, valor e conformidade com os padrões,

necessidades e expectativas do paciente. Cada definição de qualidade tem suas forças e

fraquezas: qualidade é excelência, é valor, é estar em conformidade com padrões e guidelines

e é atender as necessidades e as expectativas dos pacientes. Tais achados são baseados em

atores iranianos e não podem ser generalizados pela diferença cultural.

Amira Elleuch (2011) descreve que os japoneses percebem os serviços de saúde através

de um processo de compensação: características relacionadas à qualidade técnica e

comportamento dos profissionais compensam um ao outro na percepção da qualidade do

serviço prestado. Em outro artigo, Amira Elleuch (2008) relata que os japoneses avaliam

qualidade do serviço de saúde utilizando características do processo (interação provedor-

paciente) e atributos físicos (aparência). Em diversos artigos, destaca-se a importância do

fortalecimento da relação médico-paciente, além da qualidade técnica do profissional

(BROWN, 1989; O’CALLAGHAN, 1998; ELLEUCH, 2008, 2011; MOSADEGHRAD,

2013).

Alguns autores relataram diferenças de percepção de qualidade de acordo com o nível

de escolaridade (ROOHAN et al. , 2003; CARLSON et al., 2002; NEKOEI-MOGHADAM et

al. , 2011) e com o gênero (CLEARY et al., 2000; WEISMAN et al., 2001; HALL,

DORNAN`S, 1990; KHAMSE, 2006). Ainda em termos de variáveis demográficas, observou-

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se em alguns estudos que a idade interfere na percepção do paciente quanto à qualidade do

serviço entregue (DI MATTEO, 1980; HAVILAND et al., 2003; CARLSON et al., 2002;

CLEARLY et al., 1992; ROOHAN et al., 2003). Laith Alrubaiee e Feras Alkaa’ida (2011)

identificaram que a idade, o grau de escolaridade, o sexo, o estado civil, a nacionalidade e o

setor do hospital interferem no score de percepção do paciente quanto à qualidade de serviço

prestada. A pesquisa identificou que os pacientes mais idosos, do gênero feminino, com maior

nível educacional e casados tendem a relatar maior percepção quanto a qualidade do cuidado.

2.5 Opinião dos médicos quanto à percepção dos pacientes em relação à qualidade do

cuidado

Poucos estudos foram conduzidos para identificar se há diferenças entre a percepção da

qualidade do cuidado pelos pacientes e pelos médicos. Munro (1991) investigou quais

elementos da informação são importantes e entendidos durante o relacionamento com o

paciente. Os resultados do estudo suportam a hipótese de que há diferenças entre as percepções

dos pacientes e dos profissionais de saúde sobre a disponibilidade de informação. Os resultados

indicam que os pacientes não estão satisfeitos com a qualidade da informação que recebem e

que quase toda a equipe clínica reconhece que os pacientes não recebem informação adequada.

Carson, Carson e Roe (1998), por sua vez, descreveram as diferenças na forma como os

profissionais e os pacientes veem a qualidade. Profissionais percebem a qualidade como “fazer

as coisas direito”, com foco na eficácia do tratamento e adequação, e como “fazer bem as

coisas”, com foco na disponibilidade de tratamento, oportunidade, continuidade, segurança e

eficiência. Pacientes, por sua vez, avaliam a qualidade dos serviços de saúde através da

formação de impressões de carinho, profissionalismo, competência, organização, acesso,

relação interpessoal, aspectos assistenciais do cuidado e sucesso do tratamento.

Lynn e Mc Millen (1999) conduziram um estudo para examinar se as enfermeiras têm

conhecimento sobre o que os pacientes percebem como relevante na assistência de enfermagem.

As enfermeiras destacaram a segurança, a empatia, a competência dos profissionais, a

realização do exame do paciente pela enfermagem e o fornecimento de explicações sobre a

condição do paciente.

Laine e Davidoff, (1996) destacaram que a medicina americana, historicamente centrada

no médico, passava por uma evolução profissional, impulsionada por um redirecionamento da

atenção para o paciente – o cuidado centrado no paciente. Concluíram que tanto médicos quanto

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pacientes valorizavam a habilidade clínica como mais importante, mas não concordavam com

a importância relativa do fornecimento da informação.

Mais recentemente, Jung et al. (2002) compararam avaliações de pacientes e de clínicos

gerais no cuidado de saúde e encontraram diferenças no valor do cuidado. Os médicos se

mostraram mais críticos quanto à qualidade do cuidado e subestimaram a percepção dos

pacientes sobre o cuidado prestado. Por outro lado, tanto médicos quanto pacientes avaliaram

positivamente alguns aspectos, como a construção da relação médico-paciente, o sigilo médico

e a atenção aos pacientes.

2.6 Diferença na qualidade do cuidado entre hospitais públicos e privados

Na revisão de literatura, diversos autores destacaram que a percepção da qualidade de

serviço nos hospitais públicos é inferior à dos hospitais privados. O artigo de Mostafa (2005)

destacou uma entrega melhor dos serviços de saúde no serviço privado, quando comparado ao

serviço público. Neste mesmo sentido, os resultados obtidos por Irfan e Ijaz (2011) indicaram

que os hospitais privados têm profissionais de saúde que se preocupam em prover cuidado de

saúde focado no paciente, em um ambiente agradável e saudável, com atendimento eficiente,

disponibilidade de laboratório e medicamento e com mecanismo eficaz de feedback ao paciente.

O artigo de Arasli, Ekiz, Katircioglu (2008) identificou seis fatores relacionados à

qualidade do serviço, tanto no serviço público quanto no privado: empatia, dar prioridade às

necessidades dos pacientes internados, relacionamentos entre funcionários e pacientes,

profissionalismo do pessoal, alimentação e ambiente físico. Os resultados da pesquisa

revelaram que as expectativas de pacientes internados não foram atendidas nem nos hospitais

públicos nem nos privados. Angelopoulou et al. (1998), por sua vez, observaram que os

pacientes do setor público atribuem maior importância aos recursos de natureza médica e

técnica e não parecem particularmente preocupados com as características contextuais ou

ambientais de um hospital. Já os pacientes de hospitais privados esperam uma abordagem mais

holística do tratamento e anseiam por atenção não apenas clínica, mas também emocional.

Alguns estudos, contudo, não evidenciaram diferenças significativas entre hospitais

públicos e privados: Camilleri e O’Callaghan (1998) não observaram diferenças significativas

quanto ao aspecto técnico e profissional e Rose et al (2004) destacaram a importância do

aspecto técnico e interpessoal para ambos os tipos de hospitais.

Comparando a qualidade do serviço de saúde em hospitais públicos e privados em

Malta, Camilleri e O’Callaghan (1998) identificaram que tanto no serviço público quanto no

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privado há uma expectativa elevada por parte do paciente. Para estes autores, é aparente a noção

de que o gap expectativa-percepção seja maior no setor público do que no privado. Os pacientes

consideram a qualidade dos profissionais de saúde, o cuidado técnico e o grau de atenção

individual dispensada ao paciente (personalização do cuidado) como os aspectos mais

importantes que podem efetivamente melhorar a percepção do paciente na prestação do

cuidado. As áreas cuja percepção diferem entre o serviço público e privado são muito mais

relacionadas à hotelaria do que ao serviço central (médico/clínico), embora o paciente perceba

de forma marginal algumas diferenças profissionais e técnicas entre os dois serviços – sendo o

privado marginalmente melhor.

A partir de seis dimensões previamente identificadas na literatura, Rose et al (2004)

buscaram uma visão holística – dos fenômenos na sua totalidade e globalidade – da qualidade

de serviço de saúde entregue por hospitais. Através de entrevistas com pacientes de hospital

público e privado, expandiram a análise a oito dimensões, subdivididas em duas categorias

distintas: uma que compreendia interpessoal, aspecto técnico, educação do paciente e fatores

prognósticos, e outra que abarcava ambiente e estrutura, acesso/tempo de espera, suporte social

e fatores de custo. Os itens interpessoal e de qualidade técnica apareceram como os mais

importantes em ambas as instituições.

No caso do hospital privado, além do esforço real para acelerar os procedimentos, Rose

et al (2004) identificam que a comunicação deve ser o elo na expansão do limiar de tolerância

e que os pacientes devem ser bem informados sobre o que esperar do cuidado. No caso do

hospital público, além de melhorar as comodidades básicas, importa reduzir os tempos de

espera para consultas por meio de recursos adicionais, o que exigiria maiores fundos. A este

respeito, medidas para reduzir a readmissão do paciente e medidas educativas contribuiriam

para aliviar a dependência do serviço. Os autores reforçam que, para gerenciar a qualidade do

cuidado, é fundamental aprender e compreender amplamente as expectativas, as preferências e

as exigências dos pacientes. Neste sentido, a customização de serviços deveria ser a motivação

– e também o desafio – dos provedores de serviços de saúde.

Jager (2007), por sua vez, focou no elemento de qualidade com referência específica à

satisfação (congruência entre expectativa e percepção) de pacientes e a resposta dos

profissionais do serviço com pacientes do setor público na África do Sul. Para este autor, a

qualidade real só pode ser atingida se todos os pacientes têm acesso e recebem o mesmo nível

de serviço independente do gênero ou da raça.

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39

3. MÉTODO DA PESQUISA

A pesquisa avaliou a percepção de qualidade do cuidado de saúde prestada na visão do

paciente, tanto em hospitais público quanto privados, e adotou o mesmo roteiro de perguntas

nas entrevistas com os médicos, no intuito de observar lacunas e inconsistências existentes entre

a percepção de ambos sobre a qualidade dos serviços entregues.

3.1 Desenho do estudo

Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório, tendo em vista a escassez

de artigos sobre o tema no Brasil (BLEGER, 1980; TRIVIÑOS, 1987, MANZINI, 1990,1991;

DIAS, OMOTE, 1995). A abordagem qualitativa fenomenológica foi escolhida por permitir

compreender experiências, sentimentos e percepções dos entrevistados (HSIEH, SHARNNON,

2005).

3.2. Coleta de dados

Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas em profundidade,

com médicos e pacientes de hospitais públicos e privados, permitindo aos entrevistados levantar

questões inesperadas e fornecer respostas espontâneas. Tal procedimento permite conhecer o

pensamento e levantar a percepção real dos entrevistados sobre o tema investigado (BUGEDA,

1974; BLEGER, 1980; TRIVIÑOS, 1987, MANZINI, 1990,1991; DIAS, OMOTE, 1995;

BRENNER, 1985, DENZIN, LINCOLN, 2000, MAYRING, 2003; TITSCHER et al., 2000).

As entrevistas foram realizadas em quatro unidades hospitalares da rede privada e em

uma unidade hospitalar da rede pública (hospital universitário) do Rio de Janeiro, todas com

mais de 100 leitos, a fim de contemplar organizações que dispusessem de infraestrutura e

parque tecnológico semelhantes. A escolha baseou-se na facilidade de acesso aos hospitais e

aos profissionais de saúde das instituições para a realização da pesquisa. Dos hospitais da rede

privada, três pertencem a grandes redes hospitalares e o quarto, apesar de não pertencer,

corresponde à verticalização de uma grande operadora de saúde. Dois realizam atendimento a

classes sociais mais altas e os outros dois são voltados para classes B e C, onde o público de

maior concentração corresponde a funcionários de empresas de grande porte. Três hospitais da

rede privada são acreditados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Apenas um

hospital privado não passou por acreditação hospitalar, além do hospital universitário. Os

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40

hospitais selecionados têm resultados assistenciais mensurados por indicadores e resultados,

além de apresentarem processos e protocolos bem definidos.

O roteiro de entrevista foi desenvolvido com base na literatura, com perguntas abertas,

permitindo que os entrevistados discursassem livremente sobre as questões propostas

(MALHOTRA, 2011). No total, foram entrevistados 61 médicos e 40 pacientes, entre setembro

e dezembro de 2017. O tempo médio de duração das entrevistas foi de 20 minutos. Todas as

entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas na íntegra. As entrevistas foram

realizadas até atingir o ponto de saturação, caracterizado por falas repetidas, sem agregar

informações adicionais ou categorias (HSIEH, SHARNNON, 2005; MUNHALL, 2007). Numa

técnica de coleta de dados de base qualitativa, o número de sujeitos que virão a compor o quadro

das entrevistas dificilmente pode ser determinado a priori, uma vez que tal definição depende

da qualidade das informações obtidas em cada depoimento, assim como da profundidade e do

grau de recorrência e divergência destas informações. Enquanto surgirem informações originais

ou pistas que possam indicar novas perspectivas para a investigação em curso, as entrevistas

não devem ser interrompidas.

Tanto médicos quanto pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido

no ato da entrevista (Anexo 1), ao mesmo tempo em que receberam explicações da pesquisadora

sobre os propósitos do estudo e a finalidade estritamente acadêmica da apresentação dos dados.

As entrevistas foram realizadas durante a jornada de trabalho dos médicos, pela

facilidade de acesso, e durante a internação dos pacientes, pelo contato diferenciado destes com

os serviços hospitalares e pela disponibilidade para a realização das entrevistas. A descrição e

a delimitação da população base, ou seja, dos sujeitos a serem entrevistados, assim como o seu

grau de representatividade no grupo social em estudo, constituem uma questão importante a ser

definida, já que se trata do solo sobre o qual grande parte do trabalho de campo será assentado

(DUARTE, 2002; TURATO, 2005; GODOY, 1995). A definição dos critérios de seleção dos

sujeitos da pesquisa interfere diretamente na qualidade das informações a serem obtidas, a partir

das quais será possível construir a análise e alcançar uma compreensão mais ampla sobre o

problema delineado.

Os critérios de inclusão dos pacientes entrevistados foram: idade mínima 18 anos,

capacidade cognitiva e período mínimo de dois dias de internação no momento da entrevista.

Os médicos entrevistados, por sua vez, deveriam fazer parte do corpo clínico da instituição há

pelo menos seis meses, independente do setor de alocação, especialidade ou idade. A exigência

do período de permanência no hospital, tanto no caso dos pacientes, quanto no caso dos

médicos, buscou abarcar percepções mais fidedignas sobre a qualidade do cuidado. Partia-se

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41

do pressuposto de que um paciente internado há pelo menos dois dias no hospital já tinha

condições de tecer avaliações sobre o serviço oferecido. Para assegurar o sigilo dos

participantes e das instituições envolvidas neste estudo, os entrevistados foram codificados

mediante as letras M para médicos (M1, M2, M3 etc) e P para pacientes (P1, P2, P3 etc).

As formas de colher, transcrever e interpretar relatos orais têm sido objeto de severas

críticas por parte da sociologia, no que diz respeito à “garantia de confiabilidade” na coleta e

análise dos dados, o que aponta para a relevância de adoção de distanciamento, imparcialidade

e interferência mínima durante a realização das entrevistas, transcrição e leitura analítica dos

dados. Alguns estudos, contudo, vêm mostrando a viabilidade de se estabelecerem critérios

rigorosos para a avaliação da confiabilidade de conclusões que se baseiam nesse procedimento

de investigação (DUARTE, 2002, TURATO, 2005, GODOY, 1995). Ao longo das entrevistas,

buscou-se encontrar a melhor maneira de formular as perguntas e adquirir uma postura

adequada, com controle das expressões corporais, evitando o máximo possível gestos de

aprovação, rejeição, desconfiança, dúvida, entre outros, em linha com Brandão (2000).

3.3. Análise dos dados

Para a análise do material coletado, adotou-se o método denominado Análise de

Conteúdo, que conduz a descrições sistemáticas, qualitativas, que ajudam a interpretar as

mensagens e a obter uma maior compreensão dos seus significados (BARDIN, 2009;

CHIZZOTTI, 2006; BRYMAN, 2004). A análise de conteúdo se propõe a analisar o que é

explícito no texto para obter indicadores que permitam fazer inferências (BARDIN, 2009;

CHIZZOTTI, 2006). Este método permite organizar grandes quantidades de texto em categorias

menores, a partir do procedimento denominado categorização, que consiste no agrupamento

dos dados, considerando a parte comum existente entre eles. Nesta pesquisa, foi aplicada a

análise de conteúdo direcionada, em que os códigos de classificação são definidos antes, a partir

da teoria, e durante a análise (HSIEH, SHARNNON, 2005), permitindo uma categorização

adequada e pertinente, nos termos de Olabuenaga e Ispizua (1989) e Bardin (2009). As

dimensões utilizadas para a categorização constam no Quadro 3 e a categorização procurou

atender aos critérios de validade, exaustividade e homogeneidade, conforme prescrevem

Moraes (1999) e Cavalcante, Calixto e Pinheiro (2014).

A categorização do material coletado nas entrevistas buscou identificar a frequências

dos itens e dimensões que emanaram da literatura na fala dos entrevistados (CURTIS et al.,

2001). Tal análise foi realizada com o auxílio do software Microsoft Excel. A importância

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relativa de cada dimensão foi inferida a partir da quantidade de vezes que cada elemento foi

citado ao longo das entrevistas.

De um modo ou de outro, “o objetivo da análise de conteúdo é compreender criticamente

o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações explícitas ou

ocultas” (CHIZZOTTI, 2006, p. 98). A análise de conteúdo propõe analisar o que é explícito

no texto para obter indicadores que permitam fazer inferências. O material de análise pode ser

oriundo de comunicação verbal ou não verbal (BARDIN, 2009; CHIZZOTTI, 2006).

Para garantir o rigor da pesquisa, foram aplicadas as cinco etapas do processo de análise

de conteúdo prescritas por Bardin (2009): (i) preparação das informações, (ii) transformação do

conteúdo em unidades, (iii) categorização ou classificação das unidades em categorias, (iv)

descrição, e (v) interpretação. Este estudo focou nas características das mensagens

propriamente ditas, em seu valor informacional, nas palavras, nos argumentos e nas ideias

expressas (BARDIN, 2009; HSIEH, SHARNNON, 2005; CHIZZOTTI, 2006).

3.4. Limitações da pesquisa

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, seus resultados não podem ser generalizados.

Além disso, há que se assinalar a subjetividade da fala dos pacientes e dos médicos

entrevistados, assim como a subjetividade da análise realizada pela pesquisadora. Assim, no

tocante à coleta e à interpretação dos dados, tem-se que dar atenção às possíveis limitações e

vieses que possam ocorrer. A fase de realização de entrevistas requer grande habilidade do

entrevistador para a sua condução de modo mais imparcial possível, o que exige grande

experiência do entrevistador (DUARTE, 2002, TURATO, 2005, GODOY, 1995). A

subjetividade do pesquisador pode aparecer no momento de interpretação dos dados, momento

em que a análise pode aparecer impregnada de conceitos prévios do pesquisador, o que está

relacionada à proximidade do observador dos fenômenos observados, como expõem

Cavalcante, Calixto e Pinheiro (2014). Além disso, como destacam Gondim e Bendassolli

(2014), se a categorização prévia dos dados favorece o alinhamento entre os objetivos do estudo

e a interpretação dos dados, por outro lado, pode limitar as possibilidades de análise do corpus.

Quanto ao método de análise, deve-se ter em mente que a análise de conteúdo possui

um aspecto controverso, pois não necessariamente um tema bastante abordado pelos

entrevistados seja importante e um tópico menos frequente seja irrelevante. Pode-se pensar, por

exemplo, no caso de temas de difícil verbalização. A fim de suprir esta limitação, cabe ao

pesquisador, no momento de realização das entrevistas, realizar questionamentos que

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43

contemplem as percepções do entrevistado, independentemente de suas dificuldades de

manifestar sua opinião sobre determinado assunto (CAVALCANTE, CALIXTO, PINHEIRO,

2014). Outro fator discutível em relação à análise de conteúdo, destacam Cavalcante, Calixto e

Pinheiro (2014), são os critérios de definição da amostra, que fogem aos parâmetros

quantitativistas e do método positivista. Isto porque a amostra não é definida a partir de técnicas

estatísticas, mas com base na saturação dos dados, quer dizer na avaliação do pesquisador de

certa repetição nas informações, que tornaria desnecessária a continuação de realização de

entrevistas.

4. RESULTADOS

4.1 Perfil dos entrevistados

Quanto à escolaridade, dos pacientes entrevistados, nove tinham o ensino fundamental

(22,5%), dezesseis tinham o ensino médio (40%), seis o terceiro grau incompleto (15%) e nove

o nível superior completo, sendo um paciente com pós-graduação, (22,5%). Quanto ao tipo de

hospital em que estavam internados, nove pacientes encontravam-se na instituição pública, 30

nas instituições privadas, e um frequentava as duas modalidades. Todos os pacientes que

frequentavam a instituição pública tinham experiências prévias com outras instituições públicas

com internações no último ano, assim como seis pacientes de instituições privadas também já

haviam se internado em instituição públicas no último ano e puderam fazer uma análise

comparativa entre o hospital atual e o hospital público anterior. Também houve casos de

pacientes terem tido experiências em outros hospitais privados, porém com tempo superior a

um ano. As idades dos pacientes variaram de 18 a 73 anos, com média de 49,7 anos. Quanto ao

gênero, 26 eram do sexo feminino (65%) e 14 do sexo masculino (35%). O Anexo 2 demonstra

o perfil dos pacientes entrevistados.

Dos 61 médicos entrevistados, 27 trabalhavam exclusivamente em instituições privadas,

um exclusivamente no setor público, 32 tanto em instituições públicas quanto privadas, e um

médico pertencia a instituição privada e a uma Organização Social. Quanto à faixa etária, foram

entrevistados médicos de 24 a 58 anos (38 médicos com idade entre 25 e 39 anos, e 23 médicos

entre 40 e 58 anos), com média de 37,75 anos. Quanto ao sexo, 35 mulheres (57,38%) e 26

homens (42,62 %). Quando avaliada a capacitação, 58 médicos tinham pós-graduação (95,08%)

e 32 médicos tinham mais de dez anos de formado (52%), com média de 12 anos, variando de

1 a 33 anos. O Anexo 3 demonstra o perfil dos médicos entrevistados.

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44

No momento de análise dos dados, os médicos participantes das entrevistas foram

divididos em duas faixas etárias (25 a 39 anos e 40 a 58 anos) quanto ao gênero (masculino e

feminino) e o tipo de instituição em que trabalham. Os pacientes, por sua vez, foram analisados

de acordo com o nível de escolaridade, a faixa etária (de 18 a 45 anos e de 46 a 73 anos), o

gênero, o nível de escolaridade e o tipo de instituição que tinham acesso (pública ou privada).

As categorias foram analisadas separadamente na tentativa de fazer comparações

conforme o gênero, a idade, o grau de instrução (no caso dos pacientes), e o tipo de instituição,

tanto na percepção dos médicos quanto dos pacientes. Além disso, foram realizadas

comparações entre as dimensões obtidas das entrevistas com médicos de hospitais públicos e

pacientes das mesmas instituições, bem como entre médicos e pacientes do serviço privado.

4.2. Resultados considerando as categorias que emergiram da literatura revisada

4.2.1. Percepção do paciente sobre a qualidade do cuidado

a) Resultados gerais

As entrevistas revelaram a importância da empatia e da comunicação na percepção do

cuidado, destacando-se nas falas o acolhimento, a atenção individual e o cuidado humanizado.

Segundo alguns pacientes, os médicos se mostram distantes, não acolhem de forma adequada,

estão sempre com pressa e desmotivados. Algumas falas ilustram estes achados: “os médicos

medicam, mas não explicam” (P25), “os médicos não ouvem, dão pouca atenção” (P25), “os

médicos falam que voltam e não voltam” (P2), “falta comunicação” (P2), “eu não sei

exatamente quanto tempo vou ficar aqui, ninguém fala” (P1), “os médicos são arrogantes, não

olham, não conversam” (P21), “a enfermagem por vezes não explica, não dá atenção, não cuida

direito” (P27), “muitos médicos se formam e esquecem do juramento” (P10), “médico

ignorante, não trata bem” (P19), “prejuízo no tratamento por falta de empatia” (P4), “médicos

não dão atenção, são grossos” (P20), “o médico deve ouvir para poder entender o paciente”

(P32), “médico não interessado no meu problema” (P25), “os familiares não são acolhidos,

meus parentes não tiveram explicação” (P1), “eu me senti abandonada” (P17), “alguns tratam

o paciente que nem cachorro”( P8), “falta de cuidado e carinho” (P34).

O aspecto técnico também surgiu como elemento importante para os pacientes

entrevistados desde a conformidade da assistência até o exercício eficiente dos cuidados

médicos, reiterando Rose et al. (2004), que destacam que a qualidade técnica é o que o paciente

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45

mais procura no cuidado de saúde, reforçando, com isso, a importância dos médicos para a

entrega do cuidado e de um bom desfecho clínico. Alguns pacientes mencionaram a

administração incorreta do medicamento e/ou com atraso no horário prescrito.

No tocante a infraestrutura, os pacientes destacaram a higiene (“sujeira no banheiro

piora da percepção, impressão de piorar a saúde” - P25), alimentação ruim (“a comida tem

aparência horrível” - P29), mão de obra no hospital público e hotelaria de qualidade

insatisfatória (“não há materiais adequados para limpeza” e “não há roupa de cama adequada”

- P25). A acessibilidade também foi mencionada pelos pacientes entrevistados, com destaque

para os longos tempos de espera e para a dificuldade de acesso aos profissionais e aos exames

complementares.

b) Avaliação da percepção dos pacientes conforme características demográficas

A percepção da qualidade do cuidado variou muito pouco entre os pacientes quanto ao nível de

escolaridade conforme ilustrado no Gráfico 1. Em termos gerais, independentemente do nível

de escolaridade, os pacientes enfatizaram a empatia e o aspecto técnico – necessidade de os

médicos serem atenciosos, informarem de forma que o paciente entenda o que acontecerá ao

longo do tratamento e serem preocupados com o paciente, além dos profissionais terem

capacitação e terem conhecimento, inspirarem confiança. Os pacientes com nível médio

demonstraram uma maior preocupação com a qualificação dos profissionais, relativamente aos

pacientes com menos estudo, ressaltando a necessidade de profissionais qualificados e com

maior capacitação técnica. Quando comparamos com dados da literatura observa-se, de forma

diferente do que evidenciado na pesquisa, que o artigo de Ritu Narang, 2011, destaca que o

paciente com nível educacional baixo tem menor envolvimento no cuidado, menor

envolvimento médico, por outro lado, Vargas et al, 2013, destaca que há um maior nível de

transferência de informação quando o paciente tem maior nível de educação.

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46

Gráfico 1: Dimensões mais frequentes - pacientes com diferentes níveis de

escolaridade

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Quanto à idade, os pacientes foram separados, por faixa etária, em dois grupos: de 18 a

45 anos e de 46 a 73 anos e a pesquisa atual também não observou diferenças relevantes quanto

a idade. Verificou-se que as dimensões mais prevalentes em ambos os grupos foram a empatia,

aspecto técnico, infraestrutura e comunicação, conforme demonstrado no Gráfico 2. Os

pacientes mais jovens demonstraram valorizar a empatia e a comunicação, já os pacientes mais

idosos, por sua vez, destacaram a empatia e o aspecto técnico como muito importantes

semelhante ao resultado observado por Mc Cartan, 1996. Por outro lado, conforme descrito por

Camilleri, 1998, os pacientes mais jovens percebem uma qualidade do cuidado prestado pior.

Alguns dos entrevistados deste grupo mencionaram explicitamente a necessidade de

humanização do cuidado, que compõe a dimensão empatia. Assim, observou-se que os

pacientes, de forma geral, valorizaram a atenção dos profissionais de saúde, destacando o amor,

o cuidado, o carinho, o bom humor e a atenção individual. Alguns relataram ser a atenção

fundamental para entrega de um serviço de forma adequada.

259

135

95 88

4 3 0

5034 23 16 2 0 0

157

7752 60

2 2 0

5224 20 12 0 1 0

0

50

100

150

200

250

300

me

ro a

bso

luto

Dimensões

Dimensões- Pacientes com diferentes níveis de escolaridade

PACIENTES PACIENTES NIVEL SUPERIOR PACIENTES NIVEL MEDIO PACIENTES NIVEL FUNDAMENTAL

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Gráfico 2 - Dimensões mais frequentes - pacientes com diferentes faixas etárias

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

Quando analisamos os resultados conforme o gênero dos pacientes, observou-se que

ambos conferiram grande valor à empatia e ao aspecto técnico, sem diferenças no discurso em

relação ao gênero.

Em síntese, Clemes, Ozanne e Laurensen (2001), Camilleri (1998), observaram que

pacientes com diferenças geográficas, demográficas e de comportamento têm necessidades e

percepções diferentes durante a prestação do serviço de saúde. No estudo atual, diferente dos

autores Clemes, Alrubaiee e Alkaa’ida (2011), os resultados indicaram que, independentemente

de diferenças demográficas, os pacientes têm necessidades semelhantes, com destaque para

alguns itens a depender do gênero, idade e nível de educação. Johan de Jager, da África do Sul,

2007, diferente dos demais e da pesquisa realizada, demonstrou que as mulheres podem se achar

em posição inferior quanto a qualidade da prestação do cuidado.

0

50

100

150

200

250

300259

135

95 88

4 3 0

122

46 44 47

4 0 0

137

89

51 41

0 3 0

me

ro a

bso

luto

Dimensões

Dimensões - pacientes com diferentes faixas etárias

PACIENTES PACIENTES 18 A 45ANOS PACIENTES 46 A 73 ANOS

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c) Avaliação da percepção dos pacientes quanto à qualidade do cuidado em hospitais

públicos e privados

Em relação à percepção dos entrevistados sobre a qualidade do cuidado em hospitais

públicos e privados, os resultados demonstraram que, em termos gerais, os pacientes necessitam

de cuidado integral, em consonância com o artigo de Rose (2004) e de Arasli, Ekiz, Katircioglu

(2008), que demonstraram que os pacientes tanto do serviço público quanto do privado têm

necessidades não atendidas. Neste sentido, mereceram destaque algumas falas dos pacientes,

tais como: “o médico deve dar atenção individual” (P19), “a enfermagem não dá atenção e não

é treinada” (P9). Quanto aos hospitais públicos, os entrevistados mencionaram a importância

do aspecto técnico. As dimensões aspecto técnico, infraestrutura e acessibilidade surgiram

com mais frequência quando se tratava de hospitais públicos. Para Angelopoulou et al. (1998),

os pacientes do setor público atribuem maior importância aos recursos de natureza médica e

técnica, sem grandes preocupações com as características contextuais ou ambientais de um

hospital. No entanto, na presente pesquisa, os pacientes queixaram-se da falta de empatia por

parte dos médicos nos serviços públicos. Queixaram-se por não serem tratados com carinho,

por não terem atenção individual, pela arrogância e grosseria dos profissionais. Alguns

pacientes relataram descaso ao paciente, o que, no entender deles, ficaria evidente no tratamento

desrespeitoso, sem carinho, somado à falta de estrutura física e de tecnológica. Nas entrevistas

realizadas, observou-se, portanto, a grande necessidade do acolhimento, atenção e cuidado para

que o paciente tenha uma boa percepção da qualidade do cuidado, em consonância com

Andaleeb (2001), Coulter (2009) e Min Li (2015).

Os pacientes das instituições públicas também destacam como itens importantes para a

percepção do cuidado adequado o cuidado propriamente dito, o tempo de espera, a

comunicação e a atenção. Especificamente os pacientes P18 e P25 evidenciaram o tempo longo

para o atendimento, para o diagnóstico, a marcação de exames, o tratamento e a longa espera

para a realização de procedimentos cirúrgicos. Outro item bastante evidente nas entrevistas foi

a disponibilidade. A este respeito, P5 menciona “dificuldade de vaga, falta de mão de obra,

falta de leito, falta de medicamento, falta de estrutura”.

Os serviços públicos enfrentam o sucateamento grave de suas unidades não só no

tocante a equipamentos obsoletos e à falta de manutenção, mas também à estrutura física e

técnica das instituições, que interferem no fornecimento de uma assistência de saúde adequada

aos pacientes. O tempo de espera nas entrevistas realizadas foi mais citado em instituições

públicas - este resultado pode estar associado ao fato de não terem sido realizadas entrevista

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com pacientes ambulatoriais. A pesquisa não observou como ponto fraco estes itens nas

instituições privadas entrevistadas, diferentemente dos resultados alcançados por Suki (2011),

que observou que os pacientes do serviço privado reclamavam do longo tempo de espera e com

o nível de saúde da instituição privada.

Alguns pacientes do serviço público demonstraram uma experiência ruim quanto ao

serviço entregue. A percepção é ainda mais negativa quando o acolhimento e a atenção são

aquém do esperado ou quando os profissionais não se mostram preocupados em ajudá-los.

Alguns pacientes queixaram-se de não serem tratados com carinho, de não terem atenção

individual, de os profissionais serem grosseiros e arrogantes, o que prejudica a adesão e a

percepção de um tratamento adequado. Outros pacientes relataram total descaso ao paciente, o

que, no entender deles, ficaria evidente no tratamento desrespeitoso, sem carinho, somado à

falta de estrutura física e tecnológica.

Por outro lado, quando os profissionais acolhem e tratam com carinho e com atenção, a

percepção é modificada, como destacou o paciente P11: “o médico remarcou cinco vezes um

exame, esperou mais de um ano para marcar a cirurgia, mas estou muito satisfeita com o

atendimento e cuidado recebido”. P29 e P21 também destacaram a diferença no tratamento

recebido no hospital público estudado, em comparação com os outros públicos: “diferente do

hospital universitário, em outros públicos tratamento sem respeito com o paciente” (P21),

“acolhimento médico muito bom”, “médico carinhoso”. Os pacientes valorizam a confiança no

serviço prestado por parte dos profissionais de saúde: “construção de relação de confiança com

o profissional, resolver o problema do paciente centrado no cuidado” (P1).

Alguns pacientes entrevistados, que frequentam habitualmente instituições

universitárias, manifestaram percepções bastante diferentes dos pacientes de outras instituições

públicas. Além de relatarem um bom tratamento nos hospitais, explicam que, apesar de não

disporem de estrutura tecnológica e física adequada, há compensação pelo excelente corpo de

profissionais tanto da parte técnica como da parte humana.

Observou-se a insatisfação dos pacientes com a falta de integralidade no cuidado, a

preocupação com o nível de capacitação dos profissionais, bem como com a motivação, o

envolvimento e a agilidade do cuidado, sem longos tempos de espera para o diagnóstico e o

tratamento do paciente. Nas entrevistas realizadas observou-se a grande necessidade do

acolhimento, atenção e cuidado para que o paciente tenha uma boa percepção da qualidade do

cuidado prestado. As instituiçoes de saúde focam em insumos, aspectos tangíveis da prestação

de cuidado, mas muitas vezes não procuram entender as reais necessidades dos pacientes, para,

assim, avaliar se a entrega proposta pela instituiçao é a desejada pelos pacientes, (ANDALEEB,

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50

2001; COULTER, 2009). Para a melhoria da qualidade na prestação do cuidado, Min Li (2015)

ressalta que o foco central deve ser o paciente, bem como o fortalecimento das relações de

longo prazo entre os pacientes e os profissionais de saúde.

Angelopoulou e colaboradores (1998) abordam que os pacientes do setor público

atribuem maior importância aos recursos de natureza médica e técnica, sem grandes

preocupações com as características contextuais ou ambientais de um hospital. Os pacientes

privados também esperam uma abordagem mais holística do tratamento e atenção não apenas

clínica, mas também emocional. No entanto, no corrente estudo, não ficaram evidentes

diferenças no tocante às dimensões mais relevantes relativas tanto ao serviço público quanto ao

privado, porém alguns itens foram mais mencionados em um ou outro serviço, ilustrado no

gráfico 3. Os pacientes entrevistados do serviço público, em suas falas, demonstraram a

importância do tempo de espera para o tratamento adequado, de se construir uma relação

médico-paciente, da disponibilidade, do respeito, e da acessibilidade, enquanto os pacientes do

serviço privado relataram a importância do profissionalismo e do desenvolvimento de

confiança, entre outros itens.

Gráfico 3 – Dimensões mais frequentes - pacientes hospital público e privado

Fonte: Elaborado pela autora, 2018

4.2.2. Percepção do médico sobre a percepção do paciente quanto à qualidade do cuidado

a) Resultados gerais

0

50

100

150

200

250

300

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ATIA

ASP

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INFR

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CA

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259

135

95 88

4 3 0

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214

110

77 76

4 3 0nú

me

ro a

bso

luto

Dimensões

Dimensões- Pacientes hospital público e privado

PACIENTES PACIENTE HOSP PUBLICO PACIENTE HOSPITAL PRIVADO

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51

As dimensões mais prevalentes no grupo de médicos, independentemente de ser

referente ao serviço público ou privado, foram empatia, aspecto técnico, comunicação,

infraestrutura e segurança. Os itens mais prevalentes foram a atenção e o cuidado, com

destaque também para os itens confiança e relação médico-paciente. Foram identificadas

algumas diferenças na análise separada dos itens conforme a modalidade de hospital – público

ou privado. Os itens mais presentes na fala dos médicos de hospitais públicos foram cuidado e

disponibilidade, relacionados à dimensão empatia, e recursos físicos e estrutura de trabalho,

relacionados à dimensão infraestrutura. Já para os médicos dos hospitais privados, surgiram

com maior frequência os itens comunicação clara e atenção individualizada, relacionados,

respectivamente, às dimensões comunicação e empatia.

Para M9, “tanto no público quanto no privado, tem a falta de comunicação, de atenção

para o doente, com a família”. No entendimento de M16, há três pilares que impactam na

percepção do cliente:

um diz respeito exclusivamente ao profissional médico atendendo, o

segundo em relação aos próprios fluxos do atendimento e o terceiro à

própria estrutura. No que diz respeito ao médico, ele pode ser um

médico extremamente acolhedor, humanitário, humano, ter esse

sentimento de compaixão, de acolhimento, mas dentro de um contexto

que às vezes o serviço público se torna uma coisa quase que impossível,

atendendo no corredor, atender sem estrutura mínima, isso

compromete, não só a postura do médico, a insatisfação dele, como

também se reflete na do paciente. O terceiro tem a ver com o fluxo e

gestão também, você pode ter uma megaestrutura, um excelente

médico, mas às vezes a gestão não consegue identificar a melhor forma

dessa relação acontecer.

Em termos gerais, os médicos destacaram a importância de se estabelecer um vínculo

de confiança com o paciente (segurança), informando eventuais problemas que surgirem

durante a internação, esclarecendo dúvidas e conferindo atenção individualizada (empatia).

Algumas falas dos médicos que convém destacar: “oferecer o que o paciente necessita, acolher,

dar atenção”(M10), “criar vínculo de confiança” (M10), “deve-se inserir o paciente como parte

do processo” (M42), “deve-se entender o desejo do paciente” (M40), “importante a construção

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da relação médico-paciente” (M42), “a empatia implica em você conseguir entender a doença

que apesar de orgânica existem outras manifestações, que pode se manifestar em uma situação

familiar frágil” (M40), “o distanciamento do médico ao paciente foi precipitada pelas

ferramentas de gestão” (M12), “o médico deve conseguir se colocar no lugar do paciente,

reforçar a proximidade que você vai ter com o paciente” (M40), “relação médico-paciente, se

você está tratando uma pessoa com gostaria que ela tratasse uma pessoa amada, cuidado

humanizado”(M42).

Alguns médicos destacaram como pontos fracos da relação com o paciente a falta de

tempo no dia a dia, a ausência de uma comunicação transparente, de empatia, do cuidado

devido ao examinar o paciente e de conferir atenção devida às queixas dos pacientes, o que

prejudica o resultado do cuidado e, por conseguinte, a adesão dos pacientes ao tratamento

proposto. M11 expõe: “a gente não é treinado para se comunicar, a gente não é treinado para

lidar com más notícias, a gente não é treinado pra lidar com morte, a gente é excessivo muitas

vezes, a gente assume que nosso lugar é muito mais importante na tomada de decisão do que

do paciente.”

Alguns médicos entrevistados inferiram que o paciente terá uma melhor percepção do

atendimento quando este for realizado de forma eficiente, o que implica agilidade no

atendimento, na realização de exames e no tratamento. “os pacientes esperam velocidade no

atendimento e na solução do problema” (M1); “o paciente quer ser atendido com rapidez sem

importar se vai ter uma finalização do atendimento satisfatória” (M1). De modo semelhante,

como apontado no item anterior, os pacientes destacaram a rapidez como um item importante

para a percepção do cuidado.

Os médicos ressaltaram a importância da construção de uma boa relação entre o médico

e o paciente no dia-a-dia, com o estabelecimento de um vínculo de confiança e de segurança,

com continuidade do cuidado, com fornecimento de informações e esclarecimentos de dúvidas,

tentando solucionar as queixas mais relevantes. “relação médico-paciente se constrói ao longo

do tempo e com confiança” (M21); “o médico deve ter mais tempo para conversar com a família

e a faculdade não ensina manter relação com o paciente e a família” (M49); “os órgãos

reguladores interferem com a relação médico-paciente - defesa do consumidor, Procon, ANS,

CFM” (M12), “os médicos se preocupam mais em fazer assistência do que dar noticiais, dar

esclarecimentos” (M21), “o médico deve dar conforto, ter boa vontade, mostrar que o objetivo

é cuidar”(M30), “o médico tem que ter capacidade de acolhimento”(M31).

Além das dimensões anteriormente mencionadas, nas entrevistas com médicos surgiram

ainda novos itens não destacados pelos pacientes, como a importância da família na participação

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53

no cuidado ao paciente, no processo de todo o plano terapêutico, na divisão das decisões do

cuidado, no fornecimento adequado de informações, na maior presença nas unidades fechadas,

e no estabelecimento de contato com a equipe multiprofissional, na visita multidisciplinar, além

da relação médico-paciente. Neste sentido, destaca-se a fala de M9: “a interação com o doente,

interação com a família, acho que isso é o mais importante; não só você prestar o atendimento

em si, mas você conversar, explicar, passar as coisas para a família e para o doente, isso é o

primordial, não só a parte médica, medicar, prescrever, mas também conversar. A falta de

comunicação é o ponto fraco também, gera muito problema”. O discurso dos médicos

evidencia a inserção ainda bastante embrionária da família e do próprio paciente no contexto

no cuidado.

Os médicos demonstraram preocupação com a relação que se constrói com a família,

pois entendem que este é um elemento muito importante para uma adequada percepção do

cuidado e, por conseguinte, para uma maior adesão ao tratamento proposto, favorecendo a

obtenção de um desfecho adequado. A família tem papel relevante no contexto do cuidado do

paciente, porque pode participar ativamente tanto da rotina de cuidados, quanto das decisões.

A família está inserida na discussão multidisciplinar, em que se apresentam todos os pontos de

fragilidade no cuidado do paciente. Em alguns casos, porém, a família pode ser um oponente

com o qual os profissionais de saúde precisam lidar, em virtude de posições de desconfiança e

insegurança quanto ao tratamento proposto.

Os médicos destacaram também o item profissionalismo, apesar de não ter relevância

estatística, abordando a retenção de profissionais, a importância de se evitar a alta rotatividade

de profissionais para melhorar a entrega do cuidado, de reter profissionais motivados, de

conferir atenção devida aos pacientes, de modo que os profissionais conheçam os seus

pacientes.

b) Percepção dos médicos conforme o tipo de hospital

As dimensões mais prevalentes nas entrevistas com médicos dos hospitais privados

foram a empatia (cuidado, atenção e acolhimento), a comunicação (informar, comunicação

clara), a infraestrutura, a segurança e o aspecto técnico (confiança e profissionalismo), que

leva em conta o cuidado médico e de enfermagem, além do conhecimento, a expertise técnica,

o treinamento e a experiência, além de valorizar a qualidade profissional e a qualidade prestada

ao paciente.

As dimensões mais observadas nas entrevistas com médicos do setor público foram a

empatia (cuidado, atenção e acolhimento), o aspecto técnico (qualificação, profissionalismo e

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comprometimento), a infraestrutura, destacando ainda a disponibilidade, que leva em conta o

aspecto técnico dos médicos, importando a adequação, a eficácia e os benefícios para os

pacientes, conforme destacado no Gráfico 4.

Gráfico 4 – Dimensões mais frequentes – médicos hospital público e privado

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Observou-se maior prevalência dos itens recursos, disponibilidade, estrutura,

expectativa baixa do paciente, além do cuidado. Os médicos do serviço público convivem com

inúmeras dificuldades na prática cotidiana dos cuidados com a saúde de pacientes, dada a

escassez de recursos - com dificuldades de insumos e falta de recursos para compra de materiais,

de medicamentos e de equipamentos necessários ao diagnóstico e tratamento - e consequentes

problemas de estrutura e acessibilidade, além de problemas de hotelaria e equipamentos

adequados para diagnóstico e tratamento na velocidade necessária para o desfecho adequado

do paciente, que procura assistência de qualidade. Diferente do setor privado, esta falta de

recursos, de disponibilidade técnica (disponibilidade de profissionais treinados e capacitados)

e tecnológica (disponibilidade de equipamentos adequados para a situação e necessidade

287

178 176

59

2711 3

3322

824

0 4 0

254

156168

35 277 3

0

50

100

150

200

250

300

350

MER

O A

BSO

LUTO

DIMENSÕES

Dimensões- Médicos hospital público e privado

MÉDICOS MEDICOS HOSP PUBLICO MEDICOS HOSP PRIVADO

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médica) implica em prejuízos na entrega do cuidado prestado ao paciente. Os profissionais

sentem a necessidade de maior eficiência e agilidade não só no diagnóstico como no tratamento,

principalmente nos casos em que é necessário um exame mais elaborado em uma instituição

pública. (“dificuldade de acesso: medicamentos, laboratório, imagem, infraestrutura”). Os

médicos de hospitais públicos do Rio de Janeiro convivem diariamente com a escassez de

medicamentos, materiais e infraestrutura, elementos fundamentais para o tratamento do

paciente.

Os médicos do serviço público colocam como prioridade os recursos necessários - e

muitas vezes escassos ou inexistentes -, uma vez que com grande frequência têm que lidar com

a necessidade de se modificar o tratamento proposto por falta dos referidos recursos. A

consequência é um retardo, muitas vezes, não só no tratamento, mas também no diagnóstico e

na realização de procedimentos essenciais ao resultado assistencial adequado. O item recursos

foi citado apenas no grupo de médicos de hospital público.

Além dos recursos, os médicos do serviço público pontuaram como essenciais a

estrutura não só do ponto de vista tecnológico, mas também técnico que abrange pessoas

capacitadas, treinadas e que sejam fidelizadas à instituição. O resultado vai ao encontro do

trabalho de Angepoulou (1998), que, baseado em entrevistas realizadas na Grécia, demonstrou

que os pacientes do setor público atribuem grande destaque aos recursos de natureza médica e

técnica.

Outro ponto destacado nas entrevistas foi a disponibilidade não só material, mas

também humana, com equipe multiprofissional capacitada e qualificada com retenção de

talentos profissionais. Os médicos relatam a alta rotatividade de profissionais de saúde e, como

consequência, o prejuízo na assistência médica e na entrega do cuidado, por falha na

continuidade, por profissionais inexperientes e sem capacitação adequada. Para M57, “maior

disponibilidade de profissionais leva a um maior impacto na assistência”.

A família foi citada nas entrevistas tanto com médicos do serviço público quanto do

serviço privado, denotando uma preocupação bastante embrionária com a participação ativa dos

familiares no tratamento do paciente e a importância da mesma para o sucesso da terapêutica,

principalmente no caso dos pacientes mais idosos. “A família não aceita posição final do

médico, os familiares questionam, os familiares têm que participar” (M46); “trazer os familiares

para dentro da unidade” (M11).

4.2.3 Comparativo entre a percepção do paciente e a percepção do médico sobre a

qualidade do cuidado

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Nas pesquisas realizadas com médicos e pacientes, tiveram destaque as dimensões que

envolvem o aspecto técnico, a empatia e a comunicação. O resultado das entrevistas baseadas

nas dimensões mais prevalentes ressalta que os profissionais de saúde, em destaque o médico e

a enfermagem, precisam desenvolver uma relação de confiança e empatia com o paciente para

que se melhore a percepção do cuidado, além de terem habilidades técnicas e comportamentais.

É fundamental os profissionais de saúde dispensarem tempo suficiente para ter um cuidado

adequado, terem qualificação e capacitação técnicas, fornecerem atenção e carinho no dia a dia

do cuidado do paciente, ouvirem o paciente com privacidade, estabelecerem uma comunicação

clara do que se espera do cuidado de uma determinada doença, se apropriarem da informação e

disseminarem entre toda a equipe de saúde de forma efetiva, permitindo um desfecho do

cuidado de saúde adequado.

4.2.3.1 Aspecto técnico

Nos vários grupos de médicos e pacientes entrevistados na pesquisa apresentada, o

aspecto técnico se mostrou bastante relevante para a percepção do cuidado prestado, com um

percentual bastante significativo, pois implica um cuidado adequado dos profissionais de

medicina e de enfermagem, um desfecho satisfatório e o fortalecimento da relação médico-

paciente.

Quanto ao item enfermagem, este se mostrou mais prevalente no grupo de pacientes,

demonstrando que o paciente necessita de uma presença maior da equipe de enfermagem na

assistência do dia a dia, da qual esperam melhor acolhimento, maior entendimento do desejo

do paciente, maior qualidade na prestação de serviço, menor erro e maior comprometimento no

cuidado diário. O cuidado de enfermagem é importante para o desfecho do paciente, uma vez

que a enfermagem atua no cuidado do dia a dia, tem uma visão mais clara do que acontece, tem

maior facilidade de contato com o paciente, apresentando normalmente maior envolvimento,

acolhimento e atenção.

Alguns médicos entrevistados reclamaram de a enfermagem ser muito burocrática,

afastando-se do cuidado do paciente, de possuir menor qualificação, maior rotatividade e maior

probabilidade de erro, afetando diretamente a percepção do cuidado recebido por parte do

paciente. Alguns pacientes também reclamaram da falta de capacidade técnica, de atenção e de

cuidado da enfermagem, destacando o despreparo dos profissionais para lidar com adversidades

do dia a dia, muitas vezes associando à falta de vontade e de dedicação para solucionar os

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problemas. Sobretudo, os pacientes reconheceram a importância da enfermagem no cuidado e

manifestaram interesse pelo estabelecimento de uma relação mais próxima.

O médico é também fundamental para uma percepção do cuidado adequada por parte

do paciente. Os pacientes pontuaram alguns fatos que prejudicam esta percepção adequada, tais

como: o fato de serem uma figura centralizadora, por vezes arrogante, se colocarem em situação

de superioridade, não terem treinamento adequado para acolher e dar notícias, terem pouco

tempo para dispensar com o paciente, apresentarem comumente um distanciamento da família

e menor envolvimento com o cuidado.

Alguns itens foram destaques pela importância dispensada nas entrevistas dos médicos,

diferente do observado no grupo de pacientes, como a qualificação do profissional, a

disponibilidade e a importância do multiprofissionalismo no cuidado, além do destaque para a

construção da relação médico-paciente. Os médicos ressaltaram a importância da integralidade

no cuidado com as equipes multiprofissionais focadas no cuidado, e o resultado assistencial,

assim como a disponibilidade dos profissionais de saúde e a importância da qualificação do

profissional que engloba o treinamento e educação continuada. Não se observa o destaque do

multiprofissionalismo no cuidado no grupo de pacientes provavelmente pela incapacidade de

avaliação técnica, exceto no caso dos três pacientes médicos entre os entrevistados em que a

necessidade de equipe multiprofissional integrada foi valorizada.

As entrevistas dos pacientes também enfatizaram a importância, entre os itens, do tempo

de espera e da estrutura. Algumas falas destas dimensões merecem destaque: “demora na

autorização para exames” (P29), “procedimentos demorados” (P29), “estrutura para atender o

que for preciso” (P16), “falta de mão-de-obra” (P16), “falta de estrutura para trabalhar” (P16),

infraestrutura adequada” (P37), “o paciente se sente abandonado” (P3, P6).

Os itens acessibilidade e humanização tiveram frequências semelhantes nos dois grupos

de entrevistados. A dimensão segurança obteve maior destaque no grupo de médicos quando

comparado ao dos pacientes. Quanto à dimensão hotelaria, temos como destaque: “os

profissionais não fazem higiene adequada” (P16), “quarto mais amplo” (P16), “a limpeza é

muito importante” (P16), “a limpeza influencia na percepção do cuidado” (P4), “falta roupa”

(P16).

Os três itens mais prevalentes nas entrevistas com médicos e pacientes foram a atenção,

a comunicação clara e o cuidado. O item comunicação destacou-se especialmente no grupo de

médicos e o item atenção no grupo de pacientes.

4.2.3.2 Atenção

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O item atenção é bastante relevante, pois traduz a preocupação com o paciente do ponto

de vista emocional, mostra o cuidado em ouvir o paciente e implica o carinho dispensado por

parte dos profissionais de saúde. Clark (2004) ressalta a importância do respeito na valorização,

nas preferências e nas necessidades dos pacientes, e de ser dado o suporte emocional ao paciente

e à família. Sivabrovornvatana (2005), por sua vez, salientou a importância de prover um

serviço humanizado.

Os pacientes necessitam de acolhimento pelos profissionais de saúde, inserção como

parte ativa no tratamento proposto, que os profissionais, e principalmente os médicos, tenham

disponibilidade de tempo para maior esclarecimento da doença e do tratamento proposto. Eles

se queixam de muitos profissionais se comportarem de forma arrogante, de não se incomodarem

com a adoção de uma linguagem clara e acessível, a fim de serem compreendidos na abordagem

com o paciente ou com a família.

Nas entrevistas dos pacientes, foi bastante enfatizada a importância de se receber

atenção individual e carinhosa durante a internação em ambiente hospitalar. Muitos pacientes

reclamaram de não receberem atenção individual, de não receberem carinho e cuidado

adequado e de nem serem comunicados sobre os procedimentos e tratamentos que serão

realizados.

Nos termos deles, “os médicos e a enfermagem devem demonstrar carinho” (P27),

“paciente fica meio abandonado, meio jogado” (P18), “os pacientes ficam muito tempo sem

informação, sem saber o que está acontecendo”(P18), “falta muita comunicação”(P2), “os

médicos devem ter tempo para falar com o paciente” (P27), “os médicos fazem visita muito

rápida” (P25), “não sei quem é o meu médico” (P1), “os profissionais devem falar a mesma

língua que o paciente” (P20), “existem profissionais que não são humanos, são arrogantes”

(P3), “a enfermagem deve conversar, tocar o paciente” (P3), “o profissional de enfermagem é

grosseiro, nem sempre explica o que irá fazer” (P19), “a enfermagem não informa a medicação

que irá fazer”(P1, P3). quanto a dimensão hotelaria, temos como destaque: “os profissionais

não fazem higiene adequada” (P16), “quarto mais amplo” (P20), “a limpeza é muito

importante” (P16), “a limpeza influencia na percepção do cuidado” (P4), “falta roupa” (P16).

As entrevistas dos pacientes evidenciaram os itens profissionais médicos e de

enfermagem. Estes itens se destacaram nas entrevistas pela necessidade – e o direito – que os

pacientes têm de entender o que está acontecendo com a sua saúde e indispensabilidade de se

ter atenção dos profissionais médicos e de enfermagem durante a sua internação. Outras falas

de destaque: “funcionários com sorrisos nos olhos” (P35), “os funcionários devem se

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apresentar” (P3), “trabalhar com alegria, “equipe atenciosa” (P6), “equipe deve se colocar no

lugar do paciente” (P7), “funcionários devem saber entender o paciente” (P7).

Observou-se, durante a entrevista com pacientes, que alguns se mostravam bastante

fragilizados e necessitavam de um acolhimento e atenção maiores; uns destacavam a

importância de a equipe multiprofissional apresentar um sorriso no rosto, confirmado pelo item

mais frequente entre os entrevistados – o item atenção.

4.2.3.3 Comunicação

A comunicação é de extrema importância para a prestação do cuidado. Uma boa

comunicação se baseia na adoção de uma linguagem clara e individualizada para cada paciente

e no estabelecimento de uma maior interação e integração entre paciente, a família e

profissionais de saúde. A qualidade da comunicação contribui para um melhor resultado do

cuidado prestado e maior adesão ao tratamento proposto. Sonis e colaboradores (2018)

ressaltaram a importância da comunicação entre profissionais e pacientes para uma melhor

experiência do paciente no serviço prestado, assim como uma maior empatia, compaixão por

parte dos profissionais de saúde e tempo de espera como drivers principais para influenciar a

experiência do paciente.

Muitos pacientes sentem que os médicos não dão atenção adequada, se comunicam mal

e não investem tempo suficiente nas visitas médicas, no fornecimento de informações, no

esclarecimento de suas dúvidas e no atendimento de suas necessidades. Peltier (1998)

demonstrou que os pacientes necessitam ser informados sobre como as suas preocupações serão

conduzidas. Os presentes achados também demonstraram a importância de serem dados ao

paciente informações sobre a sua doença. Os pacientes reclamam da falta de informação durante

a internação hospitalar. O paciente necessita participar ativamente do cuidado, necessitam

entender o que será realizado ou programado. Quando o paciente recebe input adequado sobre

sua doença, o relacionamento entre o paciente e o profissional passa a ser melhor. Al-Shawi

(2005) propõe dimensões centradas em habilidades interpessoais, tais como: apresentação com

carinho, habilidade de escutar, clareza na explicação, confiança, elucidação de medos dos

pacientes e preocupações, entre outros.

Resnick e Griffiths (2011) abordaram que quando há uma entrega de serviço de saúde

consistente e uma empatia entre profissionais e pacientes a percepção do serviço prestado

melhora. O que se observou, contudo, é que muitos profissionais não percebem o quão

apressados e sem paciência são no dia-a-dia do cuidado do paciente. Os médicos destacaram a

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60

importância da comunicação e da atenção para uma percepção adequada da prestação do

cuidado, mas o discurso de alguns médicos não corresponde à prática do dia-a-dia com o

paciente assistido pelo mesmo profissional.

Outros, todavia, entenderam que se afastam dos pacientes e que não há uma construção

adequada da relação médico-paciente, mas procuraram justificar por conta de alto turn over de

profissionais, alta burocracia imposta no dia-a-dia, no intuito de aumentar a segurança do

paciente, falta de capacitação adequada dos profissionais e por conviverem com a redução de

mão de obra, que culmina em um maior número de pacientes a serem atendidos e em menor

tempo para a assistência. Além disso, nas entrevistas, apareceu o médico como uma figura

centralizadora, o que não proporciona uma integralidade e nem um tratamento multiprofissional

na prestação do cuidado. O artigo de Anand (2010) também destacou a importância da

disponibilidade médica.

A relação médico-paciente apresentou-se como mais importante em entrevistas

realizadas com médicos mais jovens assim como com médicos de hospitais privados. Não se

observa ênfase sobre este item no grupo de pacientes entrevistados, exceto por observar uma

maior menção no grupo de pacientes com ensino médio o que não foi observado nos demais

grupos analisados.

4.2.3.4 Cuidado

O item cuidado se mostrou amplo e abrangente, pois os pacientes necessitam perceber

que há uma integralidade no cuidado, que haverá privacidade na entrega do cuidado, e que

haverá um médico responsável pelo seu tratamento, a quem poderá recorrer, que manifesta

preocupação em solucionar a doença da melhor forma e, ao mesmo tempo, está aberto a dividir

as possibilidades de tratamento com o paciente.

Os pacientes com maior acolhimento por parte dos profissionais têm uma melhor

percepção do cuidado recebido na instituição. Schroeder (2007) observou que os pacientes com

a percepção de que o tempo para o desfecho fora consistente para a sua recuperação tiveram

uma experiência bem superior e com melhor recuperação.

Alguns médicos durante as entrevistas tendem a envolver e destacar também a

importância da família no cuidado e desfecho do paciente. A família no contexto do paciente é

importante para a participação ativa, inserção no diagnóstico e possibilidades de tratamento do

paciente e melhora no desfecho do paciente. Como já mencionado acima, apesar de alguns

médicos terem citado o item família, este ainda não se mostrou relevante.

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61

Na análise comparativa entre médicos e pacientes de hospitais privados e públicos,

destacaram-se as dimensões mais frequentes a empatia, a infraestrutura, a comunicação e o

aspecto técnico. Observou-se que os médicos dos hospitais privados têm uma preocupação

muito grande com o aspecto do cuidado médico e de enfermagem e com o desfecho com muito

mais ênfase do que os médicos do hospital público.

Quando se analisaram as entrevistas dos médicos do serviço público, atrás da dimensão

empatia, o item recursos teve maior destaque, não sendo evidenciado no grupo privado,

ressaltando a sua importância ou sua escassez. O item recursos só foi citado nesse grupo de

entrevistados, assim como a disponibilidade mereceu destaque entre os pacientes entrevistados

A categoria recursos apareceu como item bastante relevante na prestação de cuidado no

serviço público e alvo de grande preocupação dos médicos, pois além de englobar recursos

financeiros, envolve recursos humanos, tais como: disponibilidade de profissionais de saúde,

profissionais qualificados e treinados, mudança ou ajustes em tratamentos propostos por falta

de insumos, métodos diagnósticos, além prejuízo na infraestrutura como um todo. Alguns

destaques: “falta de disponibilidade do médico” (M1, M3, M4, M6, M11), “falta de

disponibilidade de recursos e pessoal” (M11), “falta de disponibilidade de recursos

tecnológicos” (M21).

Mereceram destaque entre os médicos também a comunicação, o cuidado, a atenção e a

confiança. O trabalho destaca, ainda, a preocupação dos médicos, principalmente nas

instituições públicas, com a escassez de profissionais qualificados e capacitados, bem como

com a dificuldade de retenção dos mesmos, o que prejudica a entrega e a continuidade do

cuidado.

De forma geral, tanto entre médicos quanto pacientes, cinco itens mais representativos,

o cuidado, a atenção, o profissionalismo, a comunicação e a hotelaria. Destacando-se o item

recursos para médicos de hospital público e o tempo de espera para os pacientes de hospital

público. Destacaram-se nas entrevistas realizadas com os médicos e os pacientes a preocupação

da prestação do serviço adequado, com profissionais qualificados, centrados no cuidado, com

uma estrutura técnica e tecnológica que suporte o cuidado necessário para o tratamento

adequado ao paciente, além de uma atenção individual ao paciente e a seus familiares, com uma

comunicação clara atendendo a necessidade dos pacientes.

Carson (1998) e Piligrimienè e Buciunienè (2011) descreveram as diferenças na forma

como os profissionais e os pacientes veem a qualidade. Os resultados do estudo parecem

suportar que há uma diferença entre as percepções dos pacientes e dos profissionais de saúde e

que alguns pacientes não estão satisfeitos com a prestação do cuidado. Narang (2010) destacou

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62

a importância da participação ativa dos pacientes no cuidado e de sua maior interação para

provocar mudanças e melhorar a qualidade do serviço de saúde.

Sem dúvida nenhuma, o paciente procura o serviço de saúde para resolver suas doenças,

porém em um mercado competitivo, no qual o provedor oferece um nível adequado de

tratamento e onde a velocidade e a extensão da recuperação não são sempre atribuíveis à

competência do médico ou da qualidade do hospital, os pacientes procuram também pelo

tratamento interpessoal. Não é mais suficiente o profissional de saúde ser apenas tecnicamente

competente, pois os pacientes procuram cada vez mais por habilidades interpessoais, de modo

que os profissionais devem abraçar uma atitude de interesse nos pacientes como pessoas. A

construção de uma percepção positiva do cuidado prestado ao paciente é oriunda de um

relacionamento entre profissionais e pacientes tendo como base a confiança e a certeza de que

tudo será feito visando ao melhor para o paciente, não só do ponto de vista técnico, mas também

do ponto de vista emocional do cuidado (SHETH, 1997).

Vários autores propuseram a ampliação das dimensões já previamente descritas ou a

confecção de um modelo para a prestação de serviço adequado centrado no cuidado do paciente

objetivando a melhora na percepção do cuidado prestado. Todavia, ainda se observam

discrepâncias entre teoria e práticas cotidianas dos profissionais de saúde e a sua relação com

os pacientes, levando, muitas vezes, ao estabelecimento de uma relação sem confiança,

segurança e com pacientes bastante fragilizados.

As entrevistas evidenciaram itens importantes, que não necessariamente se

enquadravam nos itens previamente selecionados para a prestação do cuidado, tais como: a

implementação do multiprofissionalismo e do interprofissionalismo (“os especialistas devem

se comunicar” -M21), da qualificação (“a irregularidade da forma do profissional trabalhar” -

M21) e do profissionalismo da equipe de saúde (“a importância do trabalho em equipe” - M30),

da acessibilidade (“ambulatórios médicos distantes” - M22), do papel da família no cuidado

(“as necessidades e demandas de familiares em relação ao cuidado e diferente” - M20), da

integralidade do cuidado (“falta do cuidado integrado” - M20), da otimização de recursos (“a

carência de recursos” - M12, M51, M53) e da disponibilidade de recursos tanto materiais

quanto humanos (“sem tempo para saber a história do paciente, dificuldade em agendamentos

de exame/ medicamentos” - M17).

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63

4.3 Resultados considerando as categorias que emergiram do discurso dos entrevistados:

Modelo da Percepção da Qualidade do Cuidado

A pesquisa evidencia uma grande preocupação com a integralidade no cuidado, o que

implica, pela perspectiva dos pacientes, a ação integral em saúde, frequentemente associada ao

tratamento respeitoso, digno, com qualidade e acolhimento.

Tanto os médicos quanto os pacientes acreditam que a percepção do cuidado entregue

ao paciente encontra-se prejudicada por falhas na estrutura, no relacionamento e no acesso ao

sistema de saúde, porém com visões diferentes. Nas entrevistas, ficou evidente que os pacientes

se preocupam com a constatação da existência e consequências destas falhas, enquanto os

médicos se preocuparam mais em expor as causas para a dificuldade na construção de uma boa

relação médico-paciente, para a falta de acesso e para a falta de estrutura adequada para atender

os pacientes.

Assim, os resultados apontam a importância de três dimensões da qualidade do cuidado,

sob a perspectiva dos pacientes e dos médicos: estrutura, acesso e relacionamento. Estas

dimensões irão influenciar diretamente o resultado do cuidado que, por sua vez, impacta a

segurança no atendimento e cuidado assistencial adequado. Tanto médicos quanto pacientes

valorizam estas três dimensões e ressaltam a importância de se alcançar a integralidade no

cuidado, comunicação adequada, agilidade no tratamento e diagnóstico, com profissionais

comprometidos e interessados na prestação do cuidado ao paciente, além de, não menos

importante, a construção da relação médico-paciente ao longo da prestação do cuidado. Uma

vez que haja falha nessas dimensões, o resultado do cuidado será inadequado e sem segurança,

com consequente percepção ruim do paciente.

a) Estrutura

Esta dimensão é composta pelos itens recursos técnicos e tecnológicos, além da

integralidade do cuidado. A estrutura surgiu como uma dimensão importante na avaliação dos

pacientes quanto à qualidade do cuidado, tanto em hospitais públicos quanto privados. Os

pacientes destacaram as consequências da falta de estrutura, como a falta de continuidade do

tratamento e a falta de cuidado na sua integralidade. Da mesma forma, os médicos entrevistados

mencionaram a importância da estrutura para o cuidado adequado ao paciente. Diferentemente

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64

dos pacientes, que se mostraram incomodados com as consequências da falta de estrutura, os

médicos apontaram as suas causas como a falta de profissionais capacitados, o excesso de

burocracia, a falta de estrutura física e tecnológica, profissionais sobrecarregados e sem

autonomia para exercer as suas funções, limitando a assistência ao paciente.

Observou-se concordância entre as falas dos médicos e dos pacientes, no que tange aos

impactos da falta de estrutura na continuidade do tratamento e na integralidade no cuidado

proposto. O cuidado, em sua totalidade, é percebido como falho em ambos os grupos. A falha

na estrutura dos hospitais, portanto, caracteriza uma lacuna de qualidade do cuidado,

denominada GAP 1 – Estrutura. O quadro 04 demonstra os motivos relacionados por médicos

e pacientes para a falha na estrutura, comprometendo a qualidade do cuidado prestado ao

paciente.

Quadro 04: Gap 1 – Estrutura

GAP 1 – ESTRUTURA

CAUSA CONSEQUÊNCIA

Falta de profissionais

Turn over de profissionais

Falta de capacitação e treinamento

Falta de enfermagem capacitada e

atenciosa

Médicos ausentes

Descontinuidade no

tratamento

Integralidade no cuidado

ausente

Fonte: elaborado pela autora, 2018.

b) Relacionamento

Esta dimensão é composta pelos itens relacionamento médico-paciente, envolvimento

da família e do paciente no cuidado, comprometimento, motivação confiança e qualificação do

médico, comunicação – interdisciplinar, entre equipes, médico-paciente e com a família.

Ambos os grupos entrevistados destacaram a importância da comunicação e o quanto a falha

de comunicação existente entre os profissionais de saúde e entre o paciente/família e o médico

afeta a percepção da prestação do cuidado e prejudica a continuidade do cuidado.

A comunicação apareceu nas entrevistas de médicos não só no tocante à comunicação

interna, mas também à comunicação interprofissional com os pacientes e com os familiares.

Conforme M13, “a comunicação entre a equipe de saúde e o paciente acho que é fundamental,

primeiro que ela alinha as expectativas dos dois lados, diminui a ansiedade, o medo, a família

sabe o que esperar, sabe o que pode acontecer, ela tem que ser um processo sem pressa, acho

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65

que quando você conversa com o paciente e você demonstra que você tem pouco tempo para

(estar ali), isso quebra o elo da comunicação”. Os médicos mencionaram que há falha na

construção do relacionamento médico-paciente e procuraram explicar as razões: o alto turnover

de profissionais, a exigência de resultados, a falta de entendimento do cuidado na integralidade

do aspecto psicológico e físico do paciente, a insuficiência de médicos, a centralização do

cuidado pelos médicos, o aumento progressivo de trabalho, que os impede de despender um

tempo maior com o paciente, o excesso e o aumento progressivo de burocracia médica, e o não

envolvimento da família no cuidado do paciente. A falha no relacionamento entre médicos e

pacientes, portanto, caracteriza uma lacuna de qualidade, denominada GAP 2 –

Relacionamento. O quadro 05 demonstra as falhas de relacionamento identificadas por

pacientes e médicos.

Quadro 05: Gap 2 - Relacionamento

GAP 2 – RELACIONAMENTO

CAUSA CONSEQUÊNCIA

Turn over de profissionais

Falta de entendimento na integralidade

do problema psicológico e físico do

paciente

Médicos centralizadores

Médicos arrogantes

Burocracia dos profissionais no dia a

dia

Não envolvimento da família no

cuidado do paciente

Comunicação falha

Falha na construção da relação

médico paciente

Falta de atenção

A não disponibilidade

Fonte: elaborado pela autora, 2018.

c) Acesso

O acesso aos serviços e exames também se mostrou bastante relevante para os pacientes

entrevistados. Esta dimensão é composta pelos itens acessibilidade aos serviços médicos,

disponibilidade da equipe e de produtos, tempo de espera. Os pacientes queixaram-se da

dificuldade de acesso, principalmente em relação ao tempo longo de espera e ao retardo para o

diagnóstico e o tratamento correspondente. Os médicos também mencionaram o acesso como

um fator importante sob a perspectiva dos pacientes, mas tentaram justificar a dificuldade de

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acesso alegando a falta dos profissionais, falhas na comunicaçao interna entre profissionais, a

falta de estrutura e a superlotação das instituições de saúde. A falha no acesso aos serviços dos

hospitais, portanto, caracteriza uma lacuna de qualidade, denominada GAP 3 – Acesso, como

pode-se observar no Quadro 06.

Quadro 06: Gap 3 – Acesso

GAP 3 – ACESSO

CAUSA CONSEQUÊNCIA

Falta de profissionais

Turn over alto

Falha na comunicação interna

falta de estrutura

Tempo de espera longo

Retardo no tratamento/

Diagnóstico

Fonte: elaborado pela autora, 2018

d) Resultado do Cuidado Prestado

Lacunas de qualidade existentes nestas três dimensões impactam negativamente a

segurança no atendimento e o cuidado assistencial, com prejuízo direto à qualidade percebida

pelos pacientes. O resultado do cuidado prestado se encontra ligado diretamente às três

dimensões destacadas por médicos e pacientes, impactando a percepção da qualidade do

cuidado pelos pacientes e gerando o GAP 4 – Percepção do Paciente, que é função dos Gaps

1, 2 e 3.

A implementação de processos organizacionais, visando ao cuidado linear, à

integralidade, à comunicação efetiva, à empatia, à cultura do servir e à agilidade no acesso,

permite dirimir os gaps encontrados, assegurando a otimização dos resultados do cuidado. O

quadro 07 relata os motivos relatados por médicos e pacientes para a falha no resultado do

cuidado prestado.

Quadro 07: Gap 4 – Resultado do cuidado prestado

Fonte: elaborado pela autora, 2018

GAP 4 – RESULTADO DO CUIDADO PRESTADO

CAUSA CONSEQUÊNCIA

Falta de segurança no atendimento e na

prática do dia a dia

Falha no cuidado assistencial

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e) Proposição do Modelo da Percepção da Qualidade do Cuidado

Os gaps podem ser os maiores obstáculos para se alcançar uma percepção adequada

sobre o cuidado de saúde prestado ao paciente. A pesquisa reitera Mosadeghrad (2013, p. 215,

tradução da autora): “melhorar a percepção do paciente de forma consistente através da

provisão de serviços de saúde eficazes, efetivos e eficientes, consoantes as mais recentes

diretrizes e padrões clínicos, que atendam às necessidades dos pacientes e satisfaçam os

provedores”.2 A pesquisa evidencia uma grande preocupação com a integralidade no cuidado,

o que implica, pela perspectiva dos usuários, frequentemente associada ao tratamento

respeitoso, digno, com qualidade e acolhimento.

Tanto os médicos quanto os pacientes acreditam que a percepção do cuidado prestado

ao paciente encontra-se prejudicada por falhas na estrutura, no relacionamento e no acesso,

porém com visões diferentes. Nas entrevistas, ficou evidente que os pacientes se preocupam

com as consequências destas falhas, enquanto os médicos se preocuparam mais em expor as

causas, ou melhor, com a falha na construção de uma relação médico paciente, com a falta de

acesso e com a falta de estrutura, enquanto os pacientes tendem a constatar as deficiências sem

justificá-las.

Um dos objetivos do estudo era mostrar a importância da percepção do paciente para

uma melhor prestação do cuidado e para a consequente melhora dos resultados da organização.

A partir daí a pesquisa visava desenvolver um modelo geral que explicasse a percepção dos

serviços de saúde pela perspectiva dos pacientes e dos médicos, concomitantemente,

destacando o que é realmente relevante e interfere no cuidado.

A Figura 1 apresenta graficamente as relações identificadas neste estudo, resumidas no

modelo denominado Modelo da Percepção da Qualidade do Cuidado.

2 Texto original: “consistently delighting the patient by providing efficacious, effective and efficient healthcare

services according to the latest clinical guidelines and standards, which meet patient needs and satisfies providers”.

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Figura 1- Modelo da percepção da qualidade do cuidado em síntese

Fonte: elaborado pela autora, 2018

As dimensões estrutura, acesso e relacionamento irão influenciar diretamente a percepção do

paciente quanto ao cuidado prestado. Tanto médicos quanto pacientes valorizam as dimensões

e ressaltam a importância de se ter uma integralidade no cuidado, uma comunicação adequada,

uma agilidade no tratamento e no diagnóstico, com profissionais comprometidos e interessados

na prestação do cuidado do paciente, além de não menos importante a construção da relação

médico paciente ao longo da prestação do cuidado. Uma vez que haja falha nestas dimensões o

resultado do cuidado será inadequado e sem segurança para o paciente.

Os médicos tem grande participação e de forma ativa na percepção da qualidade do cuidado

prestado, principalmente no que diz respeito ao relacionamento, a empatia e ao aspecto técnico

do profissional médico. O mesmo detém o poder de desenvolver, construir e promover um

melhor relacionamento médico paciente durante a internação, de integrar o paciente no cuidado

prestado, na participação de um melhor desfecho clínico do paciente. O médico não consegue

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modificar a estrutura física/ tecnológica, a disponibilidade de materiais e medicamentos e à

acessibilidade do paciente ao serviço de saúde.

O profissional médico se depara com duas realidades totalmente diferentes: o serviço público

onde há escassez de estrutura física, tecnológica, técnica, além de disponibilidade de recursos,

acesso e de condições para o tratamento e diagnóstico adequados, onde pode intervir muito

pouco para melhoria da assistência, e o serviço privado que dispõe de estrutura, acesso, mas

depende da construção do relacionamento por parte do profissional de saúde para que haja uma

adequada adesão ao tratamento proposto e consequente desfecho clínico com êxito, porém com

uma gama de processos e protocolos a serem seguidos, com uma burocracia muito maior do

que o serviço público favorecendo o afastamento do paciente.

MODELO DA PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DO CUIDADO

RESULTADOS QUANTO AOS PACIENTES ENTREVISTADOS

Gráfico 5- Dimensões de pacientes com diferentes níveis de escolaridade

54

13

31

10

121

15

83

23

77

12

31 34

0

20

40

60

80

100

120

140

PACIENTES PACIENTES NIVELSUPERIOR

PACIENTES NIVEL MEDIO PACIENTES NIVELFUNDAMENTAL

MER

O A

BSO

LUTO

DIMENSÕES

Dimensões - Pacientes com diferentes níveis de

escolaridade

ESTRUTURA RELACIONAMENTO ACESSO

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70

Gráfico 6- Dimensões de pacientes em hospital público e privado

Gráfico 7- Dimensões de pacientes com diferentes faixas etárias

10

29

4744

92

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

ESTRUTURA RELACIONAMENTO ACESSO

MER

O A

BSO

LUTO

DIMENSÕES

Dimensões - pacientes hospital público e privado

PACIENTE HOSP PUBLICO PACIENTE HOSPITAL PRIVADO

12

54

17

42

6760

0

10

20

30

40

50

60

70

80

ESTRUTURA RELACIONAMENTO ACESSO

MER

O A

BSO

LUTO

DIMENSÕES

Dimensões - pacientes com diferentes faixas etárias

PACIENTES 18 A 45ANOS PACIENTES 46 A 73 ANOS

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71

RESULTADO QUANTO AOS MÉDICOS ENTREVISTADOS

Gráfico 8- Dimensões de médicos hospital público e privado

95

4055

271

57

214

85

24

61

0

50

100

150

200

250

300

MÉDICOS MEDICOS HOSP PUBLICO MEDICOS HOSP PRIVADO

Dimensões- Médicos hospital público e privado

ESTRUTURA RELACIONAMENTO ACESSO

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5 CONCLUSÃO

Sabe-se que, nas organizações de saúde, a percepção de qualidade dos serviços

prestados diverge entre gestores, as diversas categorias profissionais de saúde e os pacientes,

tanto no tocante ao próprio conceito de qualidade quanto nas expectativas sobre o cuidado. Em

um mercado cada vez mais competitivo, e com valorização crescente da importância da

segurança e da qualidade dos cuidados em saúde, torna-se indispensável compreender a

qualidade percebida dos serviços de saúde na perspectiva dos pacientes. Sem estudos

desenvolvidos no Brasil sobre o tema, o objetivo desta pesquisa foi desenvolver um modelo

conceitual de percepção da qualidade do cuidado em saúde prestado pelos hospitais, a partir da

perspectiva dos pacientes e dos médicos de hospitais públicos e privados do Rio de Janeiro.

Ao longo da pesquisa, pôde-se observar que a percepção dos pacientes e dos médicos

quanto ao cuidado prestado é um constructo multidimensional. Os resultados indicaram que há

lacunas em três dimensões de qualidade do cuidado: estrutura, acesso e relacionamento. Tanto

os médicos quanto os pacientes entrevistados destacaram a importância do relacionamento –

relação médico-paciente e comunicação adequada –, do acesso – a recursos, exames e

medicamentos – e da estrutura – infraestrutura adequada para prestar o serviço de saúde – para

a prestação de um cuidado humanizado e efetivo que permita um desfecho satisfatório ao

paciente.

Apesar de ter sido observado ao longo das entrevistas que os médicos se preocupam

com a percepção do paciente quanto à qualidade do cuidado recebido, na prática do dia-a-dia

não se observa desta forma, pois não conseguem se comunicar, informar e acolher de maneira

que o paciente se sinta acolhido, confiante e inserido no contexto de sua doença. Não se

observaram discursos divergentes entre os atores envolvidos.

O fortalecimento do relacionamento entre profissionais e pacientes foi pontuado durante

as entrevistas como um dado que pode interferir na percepção do cuidado por parte do paciente

e até mesmo na adesão e continuidade do tratamento, assim como no desfecho. A comunicação

entre profissionais de saúde e pacientes se mostrou bastante relevante e, ao mesmo tempo,

bastante falha para uma percepção positiva quanto à prestação do cuidado ao paciente. Apesar

de médicos e pacientes apontarem falhas de relacionamento nos hospitais públicos e privados,

o discurso dos médicos tem como foco a parte técnica do processo, destacando os fatores que

causam – ou ajudam a explicar – um relacionamento ruim com os pacientes; os pacientes, por

sua vez, tem como foco as consequências do mau relacionamento, em especial a fragilidade da

relação médico-paciente, que deve ser construída e fortalecida entre ambos os atores.

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Para a melhoria do cuidado prestado, é necessário que haja (i) adequação da fala dos

profissionais de forma customizada ao paciente, (ii) investimento de tempo suficiente para que

o paciente e a família entendam toda a terapêutica, sanem todas as dúvidas e angústias, (iii)

estabelecimento de uma melhor comunicação entre profissionais, (iv) alcance de um menor

tempo de espera, (v) atendimento médico com maior aproximação do paciente para entender as

suas demandas, não cabendo mais a figura do médico arrogante e centralizador do processo de

decisão terapêutica e nos métodos diagnósticos a serem instituídos aos pacientes. É fundamental

o estabelecimento de uma relação médico-paciente forte e de confiança, que proporcione

segurança no cuidado prestado ao paciente. Há uma distância entre o que se preconiza e o que

se faz em instituições hospitalares quanto à prestação do serviço de saúde ao paciente. O médico

apresenta um discurso sobre conferir acolhimento ao paciente, mas este comumente difere da

percepção do enfermo sobre o que lhe é entregue.

Destacaram-se também as falhas de estrutura da saúde, levando ao prejuízo no cuidado

prestado ao paciente, tais como a falta de profissionais em números absolutos, além de não

terem capacitação e treinamento adequados destes profissionais. A falta de estrutura prejudica

a integralidade do cuidado, assim como facilita e proporciona a descontinuidade do tratamento

proposto. Mais uma vez, os médicos tentaram justificar o porquê da falta de estrutura adequada

para tratar os pacientes, enquanto os pacientes estavam focados na consequência, que é a falta

de integralidade do cuidado.

Outra lacuna da qualidade do cuidado identificada, o acesso, revelou problemas de falta

de comunicação clara e linguagem acessível, além da disponibilidade de recursos e exames,

bem como do longo tempo de espera, prejudicando a entrega do cuidado ao paciente,

prolongando o tempo para se chegar a um diagnóstico e ao tratamento adequados. Para os

médicos, a falta de acesso se deve, em grande medida, a falhas de comunicação entre os

membros da equipe; para os pacientes, a falta de acesso gera longos tempos de espera.

Nos resultados encontrados, não foram observadas diferenças significativas intra grupos

de pacientes e médicos estratificados por gênero, idade e escolaridade e em relação ao tipo de

hospital público ou privado.

As diferenças, ou gaps, observadas na percepção de qualidade do cuidado prestado,

entre grupos de pacientes e médicos de serviços público e privado em uma capital brasileira,

permitem, com caráter inédito na literatura nacional, criar um modelo teórico, proposto como

forma de minimizar as divergências nas três dimensões mais frequentemente observadas em

nosso meio, de forma a atender as necessidades de usuários e profissionais de maneira

customizada à sociedade brasileira.

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A implementação de processos organizacionais e o investimento em infraestrutura e

recursos, visando ao cuidado linear, à integralidade, à comunicação efetiva, à empatia, à cultura

do servir e à agilidade no acesso, pode permitir dirimir os gaps encontrados, assegurando a

otimização dos resultados do cuidado para os gestores de instituições hospitalares.

Apesar da relevância dos achados desta pesquisa, algumas limitações não podem deixar

de ser mencionadas. Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, os achados não permitem a

generalização, necessitando ampliação da pesquisa para diferentes ambientes hospitalares e

para os diversos atores envolvidos na prestação do cuidado, para que se possa propor um

modelo de qualidade, que abarque as lacunas do cuidado de saúde envolvendo os diversos

atores.

A pesquisa foi restrita a hospitais privados, a maioria acreditado, e um hospital

universitário, assim para que os resultados possam ser generalizados, o estudo deverá ser

ampliado para outros tipos de hospitais – com diferenças de infraestrutura, complexidade e

número de leitos – e também para outros centros urbanos.

Tendo em vista que a pesquisa se concentrou na visão de médicos e pacientes, pesquisas

futuras poderiam adotar uma abordagem qualitativa mais abrangente, contemplando também

gestores, enfermeiros, outros profissionais de saúde e familiares dos pacientes, com vistas a

ampliar e ajustar o modelo proposto.

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87

Zeithaml, V., Parasuraman, A, & Berry, L. L. Delivering Quality Service. New York: Free

Press, 1990.

Zeithaml, Valerie A.& Bittner, Mary J. (1996). “The Behavioral consequences of service

quality”. Journal of Marketing, 60(2), 31-46.

Zucolo, F., Paulino, C.P. & Whitaker, M.C. (2014). A percepção do enfermeiro sobre cuidados

a pacientes oncológicos. Rev Uniara, 17(1), 51-7.

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88

ANEXO 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Título do Projeto:

CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: ANÁLISE DE GAPS ENTRE A

PERCEPÇÃO DO PACIENTE E A PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL MÉDICO

SOBRE O CUIDADO PRESTADO EM HOSPITAIS DO RIO DE JANEIRO

Termo de Esclarecimento

Considerando sua condição de paciente, você está sendo convidado (a) a participar do estudo

sobre a percepção do paciente quanto à qualidade do cuidado de saúde prestada. Com isso você poderá

contribuir com os avanços na área da saúde, já que tais avanços só podem dar-se por meio de estudos

como este, por isso a sua participação é importante. Este estudo tem como propósito avaliar a

percepção do paciente ao cuidado prestado no cuidado de saúde e caso você participe, será

necessário responder ao questionário que será apresentado.

O objetivo é proporcionar a melhora dos serviços para os próximos pacientes e permitir a

correção de problemas.

Você poderá obter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar

seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua participação no

estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro. Seu nome não aparecerá em qualquer momento

do estudo, pois você será identificado com um número.

A pesquisa é confidencial e não será divulgada a identidade do paciente respondente.

Termo De Consentimento Livre, após Esclarecimento

Eu, , li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi o

propósito e a relevância deste estudo e o(s) procedimento(s) a(os) que(ais) serei submetido. As

explicações que recebi esclarecem os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que tenho liberdade para

interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não me

trará nenhum prejuízo. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei

dinheiro por participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo.

Rio de Janeiro, ............./ ................../................

__________________________________ _______________________________

Assinatura do voluntário/responsável legal Documento de identidade

______________________________ _______________________________

Assinatura do orientador responsável Assinatura do aluno (a) pesquisador

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89

ANEXO 2 - PERFIL DOS PACIENTES ENTREVISTADOS

Fonte: elaborada pela autora, 2018

NOME IDADE SEXO ESCOLARIDADE PROFISSÃO PÚBLICO/ PRIVADO

P1 31 F Nível superior Fisioterapia privado

P2 36 F Segundo grau Operadora de caixa privado

P3 20 F Segundo grau Operadora de telemarketing privado

P4 58 F Pós-graduação Médica privado

P5 52 F Segundo grau Do lar público

P6 40 F Segundo grau Educação infantil/ do lar privado

P7 29 M Segundo grau Do lar público

P8 65 F Primeiro grau Empregada doméstica público

P9 64 F Primeiro grau Do lar privado

P10 53 F Nível superior incompleto Revisora de texto privado

P11 71 F Primeiro grau Faxineira Público

P12 65 F Primeiro grau Comerciaria Privado

P13 68 M Nível superior Economista Privado

P14 54 M Nível superior Advogado Privado

P15 65 M Nível superior Médico Privado

P16 58 F Primeiro grau Salgados Privado

P17 54 F Segundo grau Vendedora Privado

P18 54 M Segundo grau Operadora de elevatória Privado

P19 40 M Segundo grau Caldeireiro Privado

P20 30 F Nível superior incompleto Técnica de laboratório Privado

P21 66 M Primeiro grau Motorista Público

P22 66 F Primeiro grau Do lar Público

P23 36 F Primeiro grau Doméstica Público

P24 57 F Primeiro grau Camareira Público

P25 31 F Segundo grau Técnica de enfermagem público e privado

P26 29 M Segundo grau Marítimo Privado

P27 41 F Nível superior incompleto Técnica de enfermagem Privado

P28 64 F Nível superior Médica Privado

P29 50 M Segundo grau Eletricista de rede aérea Privado

P30 24 F Segundo grau Auxiliar de cozinha Privado

P31 45 F Nível superior incompleto Do lar Privado

P32 34 F Segundo grau Representante comercial Privado

P33 64 M Segundo grau Eletricista Privado

P34 46 F Nível superior incompleto Comerciante Privado

P35 18 F Nível superior incompleto Estudante de psicologia Privado

P36 73 M Segundo grau Comerciante Privado

P37 69 M Nível superior Comerciante Privado

P38 53 M Nível superior Dentista Privado

P39 71 F Nível superior Professora Privado

P40 47 M Segundo grau Cartazista Privado

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ANEXO 3 - PERFIL DOS MÉDICOS ENTREVISTADOS

IDADE SEXO ESCOLARIDADE ESPECIALIDADE PÚBLICO/

PRIVADO

M1 36 F Pós-graduação Cardiologia ambos

M2 35 F Pós-graduação Clínica médica ambos

M3 28 M Pós-graduação Anestesia ambos

M4 30 M Pós-graduação Ortopedia ambos

M5 54 M Pós-graduação Terapia intensiva ambos

M6 34 F Pós-graduação Anestesia ambos

M7 33 M Pós-graduação Cardiologia privado

M8 27 F Pós-graduação Cardiologia ambos

M9 45 F Pós-graduação Clínica médica privado

M10 35 F Pós-graduação Clínica médica privado

M11 39 F Pós-graduação Terapia intensiva ambos

M12 48 M Pós-graduação Terapia intensiva privado/OS

M13 42 F Pós-graduação Clínica médica privado

M14 31 F Pós-graduação Hepatologia ambos

M15 37 F Pós-graduação Cardiologia privado

M17 57 M Pós-graduação Cardiologia privado

M18 33 F Pós-graduação Cardiologia privado

M19 27 F Pós-graduação Clínica médica privado

M20 43 M Pós-graduação Reumatologia ambos

M21 37 M Pós-graduação Terapia intensiva ambos

M22 25 M Pós-graduação Neurologia privado

M23 29 F Pós-graduação Cardiologia ambos

M24 30 M Pós-graduação Terceiro grau privado

M25 31 F Pós-graduação Clínica médica privado

M26 38 F Pós-graduação Geriatria privado

M27 27 F Pós-graduação Pneumologia ambos

M28 40 M Pós-graduação Terapia intensiva ambos

M29 46 F Pós-graduação Clínica médica ambos

M30 32 F Pós-graduação Cardiologia ambos

M31 41 M Pós-graduação Clínica médica ambos

M32 48 F Pós-graduação Cardiologia ambos

M33 43 F Pós-graduação Terapia intensiva privado

M34 27 F Pós-graduação Terceiro grau privado

M35 32 M Pós-graduação Clínica médica privado

M36 35 M Pós-graduação Nefrologia ambos

M37 28 F Pós-graduação Terapia intensiva privado

M38 50 F Pós-graduação Terapia intensiva/

cardiologia ambos

M39 35 M Pós-graduação Clínica médica/

cardiologia ambos

M40 25 F Pós-graduação em

curso

Clínica médica em

curso ambos

M41 46 F Pós-graduação Cardiologia privado

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91

M42 50 F Pós-graduação Clínica

médica/pneumologia privado

M43 45 F Pós-graduação Terapia intensiva/

pneumologia ambos

M44 32 F Pós-graduação Terapia intensiva privado

M45 40 M Pós-graduação Terapia intensiva/

pneumologia ambos

M46 51 M Pós-graduação Terapia

intensiva/pneumologia ambos

M47 56 F Pós-graduação Terapia intensiva privado

M48 34 M Pós-graduação Cardiologia privado

M49 39 M Pós-graduação Terapia intensiva/

neurologia ambos

M50 39 M Pós-graduação Terapia intensiva ambos

M51 58 M Pós-graduação Terapia intensiva público

M52 47 M Pós-graduação Terapia

intensiva/anestesia ambos

M53 38 M Pós-graduação Terapia

intensiva/nutrologia ambos

M54 26 M Residência médica Clínica médica ambos

M55 25 F Graduação em

conclusão ---- privado

M56 35 F Pós-graduação Terapia intensiva privado

M57 34 M Pós-graduação Cardiologia/terapia

intensiva ambos

M58 38 F Pós-graduação Terapia intensiva privado

M59 45 F Pós-graduação Cardiologia/ clínica

médica privado

M60 41 F Pós-graduação Cardiologia/ clínica

médica ambos

M61 30 F Pós-graduação Terapia intensiva privado

Fonte: elaborada pela autora, 2018.

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APÊNDICE – Artigos revisados

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Autor Ano País Periódico Título do artigo Foco da pesquisa Método Local da pesquisa

Stephen W. Brown &

Teresa A. Starts 1989 EUA Journal of Marketing

A Gap Analysis of

Professional

Service Quality

GAP 1 - entre pacientes e

médicos Quantitativo Cuidado primário

Sally Munro 1991 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Information: The Key to

Health Service Quality

Avaliação de qualidade-

ambulatório de reumatologia quantitativo

Ambulatório de

reumatologia

Lytle, Richard S.;

Mokwa, Michael P 1992 EUA

Journal of Health Care

Marketing

Evaluating Health Care

Quality: The

Moderating Role of

Outcomes.

Dimensões da qualidade -

mulheres grávidas Quantitativo

Centro de fertilidade,

cuidado primário

Louise Bell, Barbara

Morris and Reva

Berman Brown

1993 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Devising a Multidisciplinary

Audit Tool

Instrumento de auditoria de

qualidade

Qualitativo/Quantitat

ivo Hospital

Anne E. Tomes

Stephen Chee Peng Ng 1995 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Service quality in hospital

care: the development of an

in-patient questionnaire

Instrumento para medir

qualidade Quantitativo Hospital

Louise Bell Reva

Berman Brown Barbara

Morris

1995 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Involving patients in the

provision of community care:

a change in philosophy

Instrumento de auditoria de

qualidade Quantitativo Hospital

Marcelline R. Fusilier

and Penny M. Simpson

1995 EUA Journal of Health Care

Marketing

AIDS Patients' Perceptions of

Nursing Care Quality.

Compassion and ethics aside,

satisfying this unique patient

segment will have a bottom-

line impact as well

Dimensões da qualidade -

pacientes com Aids Qualitativo Ambulatório/ Hospital

Fayek N. Youssef

Robert Jones and Agnes

Hunt, Deon Nel, Tony

Bovaird

1996 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Health care quality in NHS

hospitals

Avaliar a qualidade - Aplicação

do SERVQUAL Quantitativo Hospital

Anderson EA, Zwelling

LA. 1996 EUA

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Measuring service quality at

the University of Texas

M.D.Anderson Cancer Center

Avaliar a qualidade - Aplicação

do SERVQUAL Quantitativo Hospital Universitário

Danielle McCartan-

Quinn Eddie McAleer

Inam Naqvi

1996 Irlanda

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Service quality: a satisfaction

survey of the elderly Avaliar qualidade - idosos

Qualitativo/Quantitat

ivo

Serviços públicos de

saúde

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94

Sophie D. Fosså

Marianne J. Hjermstad

Inger Helene Mørk Per

Hjortdahl

1996 Noruega

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Does the service at a large

oncologic out-patient clinic

satisfy the patients’ perceived

need?

Avaliar qualidade - pacientes

oncológicos Quantitativo Ambulatório oncológico

Eileen Evason, Dorothy

Whittington 1997 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Patients’ perceptions of

quality in a Northern Ireland

hospital trust: a focus group

study

Avaliar qualidade - pacientes

oncológicos qualitativo Hospital

Mike Hart 1997 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Monitoring quality in the

British health service - a case

study and a theoretical

critique

Avaliar qualidade Qualitativo Hospital (ambulatório)

Sheth, Jagdish N.;

Mittal, Banwari 1997 EUA

Marketing Health

Services.

The Health of the Health

Care Industry: A

Report Card from American

Consumers.

Avaliar qualidade Qualitativo/quantitat

ivo Hospital

David Camilleri Mark

O’Callaghan 1998

República de

Malta

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Comparing public and private

hospital care service quality

Avaliar qualidade - comparar

hospital público e privado Quantitativo Hospital

Penelope Angelopoulou

Peter Kangis George

Babis

1998 Grécia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Private and public medicine:

a comparison of quality

perceptions

GAP 1 - entre pacientes e

médicos Quantitativo Hospital

Sue Proctor Gill Wright 1998 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Consumer responses to health

care: women and maternity

services

Avaliar qualidade - mulheres

grávidas Quantitativo Maternidade

Peltier, James W.;

Boyt, Thomas;

Schibrowsky, John A.

1998 EUA Marketing

Health Services

Obstetrical Care and Patient

Loyalty

Avaliar qualidade - mulheres

grávidas

Qualitativo/quantitat

ivo

Clínica - obstetric

caregiving performance.

Susan Y. McGorry 1999 EUA International Journal of

Health Care Assurance

An investigation of

expectations and perceptions

of health-care services with a

Latino population

Avaliar qualidade - população

latina (SERVQUAL) quantitativo

Clínica obstétrica/

ginecológica

Puay Cheng Lim

Nelson K.H. Tang 2000 Singapura

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

A study of patients’

expectations and satisfaction

in Singapore hospitals

Avaliar a qualidade - Aplicação

do SERVQUAL Quantitativo Hospital

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95

Peltier, James W.;

Schibrowski, John A.;

Westfall, John.

2000 EUA Marketing

Health Services.

Exploring the Role Nurses

Play at Different

Stages of the Birthing

Process.

Avaliar qualidade - mulheres

grávidas Quantitativo Serviços obstétricos

Sandra S. Liu

Alan J. Dubinsky 2000 Hong Kong

Health Marketing

Quarterly,

Consumers’ Perceptions of

Health Care: The Case of

Hong Kong

Avaliar qualidade - Hong Kong Quantitativo Hospital

Michael D. Clemes, MS

Lucie K. Ozanne, PhD

Walter L. Laurensen

2001 Nova

Zelândia

Health Marketing

Quartely

Patients’ Perceptions of

Service Quality Dimensions:

An Empirical Examination of

Health Care in New Zealand

Avaliar qualidade Quantitativo Hospital

Joseph C.H. Wong 2002 Austrália

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Service quality measurement

in a medical imaging

department

Avaliar qualidade - pacientes

ambulatoriais Quantitativo

Ambulatório de

densitometria óssea

(universidade)

Adrienne Curry Emma

Sinclair 2002 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Assessing the quality of

physiotherapy services using

SERVQUAL

Avaliar qualidade - pacientes

ambulatoriais Quantitativo

Serviço de fisioterapia

ambulatorial

Marie Hanson 2003 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Evaluating user experience of

an NHS mental health service Avaliar qualidade - mental health Quantitativo

Ambulatorial - saúde

mental

Suzanne C.

ToughAlexandra J.

FaberChristine V.

Newburn-CookDeborah

E. WhiteNonie J.

Fraser-LeeCorine Frick

2004 Canadá

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

The relationship between

self-reported emotional

health, demographics, and

perceived satisfaction with

prenatal care

Avaliar qualidade - mulheres

grávidas Quantitativo Hospital

Paul Alexander Clark

Dennis O. Kaldenberg

Maxwell Drain Robert

J. Wolosin

2004 EUA

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Elderly inpatients' priorities

for acute care service quality

Avaliar qualidade - pacientes

idosos Quantitativo Hospital

Raduan Che Rose Jegak

Uli Mohani Abdul Kim

Looi Ng

2004 Malásia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Hospital service quality: a

managerial challenge

Avaliar qualidade - impact of

social support and patient

education on overall service

quality perception

Quantitativo Hospital

Angela V. Hausman,

Deanna Mader 2004 EUA

Health Marketing

Quartely

Measuring Social Aspects in

the Physician/Patient

Relationship

Instrumento para medir

qualidade - relação

médico/paciente

Quantitativo Clínica

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96

Reva Berman Brown

Louise Bell 2005 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Patient-centered quality

improvement audit

Instrumento de auditoria de

qualidade

qualitativo/quantitati

vo hospital

Nilubon

Sivabrovornvatana

Sununta Siengthai

Donyaprueth Krairit

Himangshu Paul

2005 Tailândia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Technology usage, quality

management system, and

service quality in Thailand

Avaliar a qualidade- explorar a

relação entre a gestão de

qualidade e a tecnologia

qualitativo Hospital

Mohamed M. Mostafa 2005 Egito

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

An empirical study of

patients' expectations and

satisfactions in Egyptian

hospitals

Avaliar qualidade em hospitais

públicos e privados no Egito Quantitativo Hospital

A.K. Al-Shawi A.G.

MacEachern M.J.

Greco

2005 Reino Unido Clinical Governance:

An International Journal

Patient assessment of

surgeons' interpersonal skills:

A tool for appraisal and

revalidation

Avaliar habilidade de

comunicação dos cirurgiões-

ferramenta para avaliação e

reavaliação

Quantitativo Departamento de

ortopedia (hospital geral)

Masoumeh Simbar

Mahboobeh Ahmadi

Golnoosh Ahmadi

Hamid Reza Alavi

Majd

2006 Irã

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Quality assessment of family

planning services in urban

health centers of Shahid

Beheshti Medical Science

University

Avaliação de qualidade-

planejamento de serviço de

qualidade em serviço urbano no

Ira

Quantitativo

Centros de saúde

universitários - Amily

planning services

Bodil Wilde Larsson

Gerry Larsson Marie

Wickman Chantereau

Karin Staël von

Holstein

2005

Inglaterra,

França,

Noruega, e

Suécia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

International comparisons of

patients’ views on quality of

care

Avaliação de qualidade-

planejamento de serviço de

qualidade em serviço urbano no

Ira

Quantitativo Hospital

Mosad Zineldin 2006 Egito e

Jordânia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

The quality of health care and

patient satisfaction: An

exploratory investigation of

the 5Qs model at some

Egyptian and Jordanian

medical clinics

Avaliar os maiores fatores que

afetam a percepção do paciente -

Avaliar se e diferente a

percepção do paciente do Egito e

da Jordânia- diferentes culturas

Quantitativo Hospital

R. Rohini, B.

Mahadevappa 2006 Índia

Journal of Services

Research

Service Quality in Bangalore

Hospitals –

an Empirical Study

GAP 1 - entre pacientes e

gestores Quantitativo Hospital

Agneta Schröder Bodil

Wilde Larsson Gerd

Ahlström

2007 Suécia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Quality in psychiatric care: an

instrument evaluating

patients’ expectations and

experiences

Instrumento para mensurar

qualidade em pacientes

psiquiátricos internados

Quantitativo Hospital psiquiátrico

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97

Roberto Natangelo 2007 Itália Clinical Governance:

An International Journal

Clinicians' and managers'

responses to patients'

complaints: A survey in

hospitals of the Milan area

Avaliar como as queixas de

pacientes por cartas são tratadas

pelos médicos e conselho de

saúde

qualitativo Hospital

Syed Saad Andaleeb

Nazlee Siddiqui

Shahjahan Khandakar

2006 Bangladesh

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Doctors' service orientation in

public, private, and foreign

hospitals

Propor uma escala de serviço de

orientação medica- comparar o

serviço recebido de serviço

público, privado e hospitais

estrangeiros sob a perspectiva do

paciente

Qualitativo/Quantitat

ivo Hospital

Rooma Roshnee

Ramsaran-Fowdar 2008 -

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

The relative importance of

service dimensions in a

healthcare setting

propor um instrumento para

medição de qualidade em

serviço- percepção e expectativa

de pacientes privados

Quantitativo Serviço médico (GP)

Angela M. Wicks

Wynne W. Chin 2007 EUA

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Measuring the three process

segments of a customer's

service experience for an

outpatient surgery center

Satisfação elemento central do

modelo - paciente ambulatorial Quantitativo Ambulatório

Eleuch Amira and

Fujimoto Hisao 2007 Japão

Journal of Global

Business &

Technology

How Japanese Perceive

Health Care Services

Quality?

percepção dos pacientes

japoneses- diferentes culturas Quantitativo Pacientes ambulatoriais

Johan de Jager

Jan Grundling 2007 África do Sul

Journal of African

Business

Managerial Challenges

Toward Unequal

Gender Treatment in South

Africa

elemento de qualidade da gestão

do serviço- dimensão relacionada

a satisfação do paciente- resposta

dos profissionais aos pacientes

de hospital público na África do

Sul

Quantitativo Hospital/ ambulatório

Amira Elleuch 2008 Japão

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Patient Satisfaction in Japan Avaliação de qualidade no

Japão- diferença de cultura Quantitativo Clínicas

Coskun Bakar H. Seval

Akgün A.F. Al Assaf 2008 Turquia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

The role of expectations in

patient assessments of

hospital care: An example

from a university hospital

network, Turkey

Aplicação do SERVQUAL-

pacientes mais jovens e mais

educados maior gap de

expectativa

Quantitativo Hospital Universitário

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98

Huseyin Arasli Erdogan

Haktan Ekiz Salih

Turan Katirciog

2008 Chipre

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Gearing service quality into

public and private hospitals in

small islands: Empirical

evidence from Cyprus

Avaliação de qualidade-

determinantes de qualidade em

hospitais públicos e privados

Quantitativo Hospitais

S.W. Mercer D.J.

Murphy 2008 Reino Unido

Clinical Governance:

An International Journal

Validity and reliability of the

CARE Measure in secondary

care

Validade da Medida CARE em

cuidado secundário Quantitativo Ambulatório

Francesco Scotto

Antonella De Ceglie

Vito Guerra Giovanni

Misciagna Antonio

Pellecchia

2008 Itália Clinical Governance:

An International Journal

Determinants of patient

satisfaction survey in a

gastrointestinal endoscopy

service

Acessar determinantes da

satisfação dos pacientes em

serviço de endoscopia

Quantitativo Serviço de endoscopia

Bodil Wilde-Larsson

Gerry Larsson 2009 Suécia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Patients' views on quality of

care and attitudes towards re-

visiting providers

Percepção da qualidade de

serviço por parte do paciente-

perspectivas associadas a recente

internação

Quantitativo Centros de cuidado

primário

Syed Saad Andaleeb

Ido Millet 2010 Bangladesh

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Service experiences in

hospitals in Bangladesh: are

there gender inequities?

Avaliação de qualidade-

percepção do serviço recebido

entre homens e mulheres de

Bangladesh em hospitais

públicos e privados

Quantitativo Hospitais

Ritu Narang 2010 Índia International Journal of

Health Care Assurance

Measuring perceived quality

of health care services in

India

Avaliação de qualidade-

percepção do paciente Lucknow

com escala de 20 itens

Quantitativo

Hospital/ universidade

médica do estado e

hospital missionário

Helena Vinagre José

Neves 2010 Portugal

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Emotional predictors of

consumer's satisfaction with

healthcare public services

acessar determinantes da

satisfação - determinar fatores

que afetam a percepção do

paciente

Quantitativo Hospital

Hatice Camgöz-Akdağ

Mosad Zineldin 2010 Turquia

Clinical Governance:

An International Journal

Quality of health care and

patient satisfaction an

exploratory investigation of

the 5Qs model at Turkey

fatores que afetam a percepção

do paciente quanto a satisfação-

avaliar se a percepção de

qualidade do paciente é diferente

ou similar nos países do

Cazaquistão, Jordânia e Egito-

diferenças culturais

Quantitativo Hospital

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99

Sandip Anand R.K.

Sinha 2010 Índia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Quality differentials and

reproductive health service

utilization determinants in

India

Avalição da percepção de

qualidade- instalações pública e

privada- dimensões de qualidade-

doctor availability, waiting time,

cleanliness, privacy and

affordability at private health

facilities

quantitativo

Universidade Johns

Hopkins e International

Institute for populations

sciences/ serviço de

reprodução

Julia Lynch,

Sarah E. Gollust 2010 EUA

Journal of Health

Politics, Policy and Law

Playing Fair: Fairness Beliefs

and Health

Policy Preferences in the

United States

Avaliação da qualidade-

desigualdade em acesso ao

cuidado de saúde

quantitativo Ambiente externo

Sheilagh M. Resnick

and Mark D. Griffiths

Nottingham Trent

2011 Reino Unido

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Service quality in alcohol

treatment

A research note

Avaliar a qualidade- Aplicação

do SERVQUAL - clínica de

tratamento do álcool

Quantitativo Clínica de tratamento de

alcoolismo

Norazah Mohd Suki

Jennifer Chiam Chwee

Lian Norbayah Mohd

Suki

2011 Malásia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Do patients' perceptions

exceed their expectations in

private healthcare settings?

Dimensões de qualidade-

Aplicação SERVQUAL- em

sistema de saúde privado -

Malásia- diferença cultural

Quantitativo Serviço de saúde

Mahmood Nekoei-

Moghadam

Mohammadreza

Amiresmaili

2011 Irã

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Hospital services quality

assessment: Hospitals of

Kerman University of

Medical Sciences, as a

tangible example of a

developing country

Medição do gap utilizando o

SERVQUAL- todas dimensões

com Gap

Quantitativo Hospital Universitário

Mosad Zineldin Hatice

Camgöz-Akdağ

Valiantsina Vasicheva

2011 Cazaquistão

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Measuring, evaluating and

improving hospital quality

parameters/dimensions – an

integrated healthcare quality

approach

fatores que afetam a percepção

do paciente quanto a satisfação-

avaliar se a percepção de

qualidade do paciente é diferente

ou similar nos países do

Cazaquistão, Jordânia e Egito-

diferenças culturais

Quantitativo Hospital

Magriet Holder Adele

Berndt 2011 África do Sul

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

The effect of changes in

servicescape and service

quality perceptions in a

maternity unit

Percepção de qualidade -

maternidade em hospitais

privados

quantitativo Hospital (Maternidade)

Page 101: MÔNICA GUEDES RODRIGUES · 2020-07-17 · MÔNICA GUEDES RODRIGUES CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: análise de gaps entre a percepção do paciente e a percepção do profissional

100

Ann-Kristin Sandin-

Bojö Linda J. Kvist

Marie Berg Bodil

Wilde Larsson

2011 Suécia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

What is, could be better:

Swedish women's perceptions

of their intrapartal care during

planned vaginal birth

percepção de qualidade -

pacientes gestantes na Suécia-

diferenças culturais

Quantitativo Hospital (maternidade)

Ritu Narang 2011 Índia Clinical Governance:

An International Journal

Determining quality of public

health care services in rural

India

percepção de qualidade- em

centros rurais públicos na Índia-

escala com 23 itens

Quantitativo Centros rurais

Amira ep Koubaa

Eleuch 2011 Japão

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Healthcare service quality

perception in Japan

percepção de qualidade -

japoneses- diferença cultural quantitativo Pacientes ambulatoriais

Caroline Hollins Martin

Valerie Fleming 2011 EUA

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

The birth satisfaction scale

Desenvolver escala - percepção

das mulheres quanto ao parto- "a

Birth Satisfaction Scale"

quantitativo centros obstétricos

Jakobsson Leif

Holmberg 2011 Suécia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Individual personal relations:

effects on service quality

Liselotte

Avaliar atitudes/ percepção do

paciente- relação paciente-

enfermagem

qualitativo Pacientes

ambulatoriais

Subir K.

Bandyopadhyayand

Manoj Pardasani

2011 EUA

International Journal of

Nonprofit and

Voluntary Sector

Marketing

Do quality perceptions of

health and social services

vary for different ethnic

groups? An

empirical investigation

Percepção de qualidade e serviço

social- variam com diferentes

grupos étnicos? - diferenças

culturais

Quantitativo Ambulatório

Michael Guiry; David,

G. Vequist 2011 EUA The Milbank Quarterly

Traveling Abroad for

Medical Care: U.S. Medical

Tourists’ Expectations and

Perceptions of Service

Quality

Avaliação de qualidade-

aplicação do SERVQUAL-

turismo medico USA

quantitativo Hospital

Hardeep Chahal Madhu

Bala 2012 Índia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Significant components of

service brand equity in

healthcare sector

valor da marca- qualidade

percebida do serviço, imagem da

marca e lealdade da marca

quantitativo Setor de saúde/ Hospital

Liselotte Jakobsson

Leif Holmberg 2012 Suécia

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Quality from the patient’s

perspective: a one-year trial

Percepção de qualidade -

mudança da rotina de informação

pode influenciar a percepção de

qualidade

quantitativo Hospital

Mohammad Nurunnabi

Syed Kamrul Islam 2012 Bangladesh

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Accountability in the

Bangladeshi privatized

healthcare sector

Percepção do setor de saúde

privado quanto ao gap de

responsabilidade

Qualitativo/quantitat

ivo Hospital

Page 102: MÔNICA GUEDES RODRIGUES · 2020-07-17 · MÔNICA GUEDES RODRIGUES CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: análise de gaps entre a percepção do paciente e a percepção do profissional

101

Jean Christophe Fotso

and Carol Mukiira 2012 Kenya

Health Policy and

Planning

Perceived quality of and

access to care among poor

urban women in Kenya and

their utilization of delivery

care: harnessing the potential

of private clinics?

Qualidade percebida- acesso ao

cuidado em mulheres pobres

urbanas do Kenya - diferenças

culturais

quantitativo Hospitais/ clinicas

Caroline Jehu-

Appiah,Genevieve

Aryeetey,Irene

Agyepong, Ernst Spaan

and

Rob Baltussen

2012 Gana Health Policy and

Planning

Household perceptions and

their implications

for enrolment in the National

Health

Insurance Scheme in Ghana

Percepção das mulheres em

termos de acesso e qualidade do

cuidado de saúde

quantitativo Famílias

Pia Polsa Wei Fuxiang

Maria Sääksjärvi Pei

Shuyuan

2013 China

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Cultural values and health

service quality in China

Percepção de qualidade- varia

com a diferença cultural- China -

diferenças culturais

Quantitativo Hospital

Ali Mohammad

Mosadeghrad 2013 Irã

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Healthcare service quality:

towards a broad definition

Avaliação de qualidade-

Definição de qualidade de saúde

variável de acordo com o ator

envolvido

qualitativo Hospital

Hussein M. Al-Borie

Amal M. Sheikh

Damanhouri

2013 Arábia

Saudita

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Patients' satisfaction of

service quality in Saudi

hospitals: a SERVQUAL

analysis

Avaliação de qualidade-

satisfação dos pacientes - em

hospitais públicos e privados

Quantitativo Hospital

Rooma Roshnee

Ramsaran-Fowdar 2013 Austrália

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Assessing the influence of

switching barriers on patients'

expectations and tolerance

zone

influência da troca de barreira na

expectativa do paciente e na zona

de tolerância

qualitativo Clínica

Aaron A. Abuosi Roger

A. Atinga 2013 Gana

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Service quality in healthcare

institutions: establishing the

gaps for policy action

Percepção de qualidade -

Aplicação do SERVQUAL- gap

de satisfação

Quantitativo Hospital

Vigdis Abrahamsen

Grøndahl Marie Louise

Hall-Lord Ingela

Karlsson Jari

Appelgren Bodil

Wilde-Larsson

2013 Noruega

International Journal of

Health Care Quality

Assurance

Exploring patient satisfaction

predictors in relation to a

theoretical model

Percepção de qualidade e

satisfação - explorar preditores

potenciais da satisfação do

paciente

quantitativo Hospital

Page 103: MÔNICA GUEDES RODRIGUES · 2020-07-17 · MÔNICA GUEDES RODRIGUES CUIDADO CENTRADO NO PACIENTE: análise de gaps entre a percepção do paciente e a percepção do profissional

102

Muslim Amin Siti

Zahora Nasharuddin 2013 Malásia

Clinical Governance:

An International Journal

Hospital service quality and

its effects on patient

satisfaction and behavioral

intention

Avaliação de qualidade do

hospital- seu efeito na satisfação

do paciente e no comportamento

quantitativo Hospital

Jaime R.S. Fonseca 2013 Portugal Clinical Governance:

An International Journal

How satisfied are Portuguese

citizens with public hospitals'

service?

Percepção da qualidade -

medição de satisfação do

paciente- emergência

Qualitativo/Quantitat

ivo Emergência

Marta-Beatriz Aller

Josep Maria Colomé,

Sina Waibel, Ingrid

Vargas and Maraí

Luisa Vázquez

2013 Espanha Int. J. Environ. Res.

Public Health

A First Approach to

Differences in Continuity of

Care Perceived by

Immigrants and Natives in

the Catalan Public Healthcare

System

Percepção da continuidade do

cuidado por Nativos e povo

Catalão- serviço publico

quantitativo Ambulatório/ hospital

Marta-Beatriz Aller,

Ingrid Vargas, Sina

Waibel1, Jordi

Coderch, Inma

Sánchez-Pérez, Lluís

Colomés, Josep Ramon

Llopart, Manel Ferran

and M. Luisavázquez

2013 Espanha International Journal for

Quality in Health Care

A comprehensive analysis of

patients’ perceptions of

continuity of care and their

associated factors

Percepção da continuidade do

cuidado entre cuidado primário e

secundário- fatores individuais

que interferem com a percepção

do cuidado

quantitativo

Sistema de saúde de

serviço primário e

secundário

Heidi Allen, Bill J.

Wright; Kristin Harding

and Lauren Broffman

2014 EUA The Milbank Quarterly

The Role of Stigma in Access

to Health Care

for the Poor

Avaliação do cuidado- percepção

do cuidado para o pobre

qualitativo/quantitati

vo Hospital