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1 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO CECÍLIA MARIA CAVALCANTE DE CASTRO OLIVEIRA ELIZADORA FONTES DA COSTA EMANUELA MONTIZUMA DE ARAUJO MODARTESANAL: A utilização do artesanato na moda do Ceará FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

CECÍLIA MARIA CAVALCANTE DE CASTRO OLIVEIRA

ELIZADORA FONTES DA COSTA

EMANUELA MONTIZUMA DE ARAUJO

MODARTESANAL:

A utilização do artesanato na moda do Ceará

FORTALEZA

2013

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CECÍLIA MARIA CAVALCANTE DE CASTRO OLIVEIRA

ELIZADORA FONTES DA COSTA

EMANUELA MONTIZUMA DE ARAUJO

MODARTESANAL:

A utilização do artesanato na moda do Ceará

Projeto de pesquisa submetido à aprovação da

Coordenação do Curso de Jornalismo do

Centro Superior do Ceará como requisito

parcial para a obtenção do grau de Graduação

sob a orientação do professor Ms. Henrique

Pereira Rocha.

FORTALEZA

2013

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que me iluminou durante este caminho e é minha

fortaleza e refúgio.

A Nossa Senhora mãe de Jesus, com o título de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que por

muitas vezes pedi e peço sua intercessão.

Agradeço também ao meu esposo (Fernando Oliveira) que me apoiou nos momentos de

dificuldade, me dando força para continuar. Agradeço aos meus pais (Rosa e Expedito), pois,

me deram o dom da vida e de maneira especial intercedem por mim.

Agradeço também a todos os professores e em particular ao Prof.. Ms. Henrique Pereira

Rocha e Prof. Ms. Luana Amorim responsáveis pela realização deste trabalho.

Cecília Maria Cavalcante de Castro Oliveira

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AGRADECIMENTOS

Não existiriam pessoas melhores para agradecer minha Graduação em Jornalismo do que

meus pais Eliézio Costa e Doralice Fontes.

Pais estes, que conseguiram com seu trabalho e dedicação o sonho de me ver formada, sonho

que eles não tiveram a oportunidade de realizar. Ás vezes me perguntava o porquê de eu ter

me formado e vejo que o principal motivo era de tornar o sonho dos meus pais em realidade.

Como foi difícil. Para uma família de classe baixa pagar uma faculdade particular era quase

impossível e ainda é. Talvez um dia eu consiga retribuir todo o esforço e boa vontade deles

dois.

Agradeço também ao meu amado Saraiva Júnior, que viu todo o começo da minha formação,

crescimento profissional e pessoal. Estava comigo nos momentos de alegria e dificuldade.

Uma pessoa como ele, vale à pena mencionar que faz parte da minha vida.

Elizadora Fontes da Costa

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer, em primeiro lugar, a Deus, pela força e coragem durante toda esta longa

jornada.

Ao Professor e Orientador Henrique Pereira Rocha pelo incentivo e confiança. Tão como à

sua disposição, quando solicitado para ajudar na construção deste Trabalho de Conclusão de

Curso.

Como também à todos os professores que me acompanharam durante a graduação, em

especial às professoras Mara Cristina e Lenha Diógenes por aceitarem o convite de

participarem da minha banca de avaliação.

Dedico esta, bem como todas as minhas demais conquistas, a minha mãe Auricélia

Montizuma que é a base, suporte e foça da minha vida. Agradeço também à minha principal

incentivadora, minha avó que não está entre nós, mas sempre esteve presente no meu coração

e ao meu namorado Igor Madureira.

Um agradecimento especial aos meus queridos amigos que sempre me apoiaram Ludmila

Paulino, Júnior Holanda, Lara Mota e Jamile Ribeiro.

Meus amigos da graduação, pela ajuda nas atividades, pela diversão, pela convivência que nos

proporcionou, aprendizagem, amadurecimento e amizade. Amigos esses que se tornaram

minha segunda família durante a vida acadêmica.

“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar.

As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito” (Chico

Xavier).

Emanuela Montizuma de Araújo

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"A mente que se abre a uma nova ideia

jamais voltará ao seu tamanho original."

(Albert Einstein)

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo a

elaboração de uma revista de moda voltada para o artesanato

cearense. A revista se chama Modartesanal, e foi elaborada

com o intuito de levar os leitores a conhecerem melhor esses

dois mundos, o do artesanato e da moda. A escolha da realização de uma

publicação impressa possibilitou colocarmos em prática os conhecimentos

adquiridos no decorrer do curso. A proposta editorial da revista é

voltada para o mercado de trabalho, já que o artesanato faz parte

da economia do Estado. Não houve dificuldades na escolha dos

temas das pautas, pois o tema é muito vasto e o embasamento

teórico muito acessível. Desta forma, procuramos conjugar a produção textual dos gêneros

jornalísticos com a produção fotográfica. E por fim, um projeto gráfico adequado ao tema.

Palavra – Chave: Revista, Moda, Artesanato, Ceará

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ABSTRACT

This work completion course aims to preparation of a fashion magazine geared for crafts

Ceará. The magazine is called Modartesanal, and was prepared in order to lead readers to

know better these two worlds, crafts and fashion. The choice of carrying out a printed

publication possible put into practice the knowledge acquired during the course. The purpose

of the journal is focused on the labor market, since the craft is part the state's economy. There

was no difficulty in choosing themes the staves, because the theme is too vast and basement

theoretical very affordable. Thus, we combine the textual production of journalistic genres

with photographic production. Finally, a graphic design suited to the theme.

Word - Key: Magazine, Fashion, Crafts, Ceará

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10

2. O SURGIMENTO DAS REVISTAS ............................................................................... 11

2.1 A evolução das revistas no Brasil ...................................................................................... 12

2.2 A diferença da revista para os outros meios de comunicação ........................................... 15

2.3 A revista como comunicação de massa, mas nem tanto .................................................... 17

3. O ARTESANATO E A MODA REVESTIDOS COMO BEM CULTURAL E BEM

DE CONSUMO ...................................................................................................................... 20

3.1 Transformações no mundo do trabalho e suas implicações sobre a produção do

artesanato................................................................................................................................. 22

3.2 Definição do conceito de artesanato: o fazer tradicional ................................................... 23

3.3 Algumas observações sobre a mercantilização do artesanato ........................................... 25

3.4 O envolvimento do design de moda .................................................................................. 26

4. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO: REVISTA MODARTESANAL ................. 29

4.1 Projeto gráfico da revista Modartesanal ............................................................................ 31

4.1.1 Editorial.......................................................................................................................... 31

4.1.2 Artigo de opinião............................................................................................................ 31

4.2 Construção da revista como produto editorial................................................................... 32

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 33

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 34

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1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho iremos elaborar uma revista que relaciona a moda com a cultura,

assim, abordaremos em três capítulos a serem discutidos nas pautas seguintes. Esse projeto

tem como principal objetivo mostrar a importância da utilização do artesanato na moda do

Ceará. Cada vez mais pessoas estão utilizando o artesanato como meio de trabalho, terapia, e

qualidade de vida. Além disso, tem a questão da sustentabilidade utilizando de produtos

recicláveis para a fabricação dos artesanatos e também matérias prima extraídas da natureza.

O artesanato está presente em todo contexto da moda dando uma valorização nas

peças fabricadas tornando-as exclusivas e sofisticadas, assim, dando valor e significado ao

produto criado. A criação da Revista Modartesanal tem um segmento para um público em

geral, onde pretendemos mostrar a união do artesanato cearense com a moda. Nosso objetivo

é atingir não só os admiradores da arte e da cultura, mas a população em um todo, mostrando

os benefícios e a valorização destes profissionais que envolvem o artesanato e a moda.

A escolha do tema Modartesanal, primeiramente, foi em relação à nossa identificação

com a moda, pois, além de gostarmos, nós sempre estamos em eventos de moda e isso só

aumentou a nossa vontade de fazer algo que envolvesse o assunto. Resolvemos acrescentar

algo que fosse interessante e ao mesmo tempo de relevância ao nosso estado para agregar ao

nosso tema, foi então que em nossas conversas, surgiu a ideia de introduzir o artesanato com a

moda do Ceará.

Pretendemos divulgar o trabalho dos artesãos, como também dos estilistas, dando

destaque no fator cultural, sustentabilidade, economia e reciclagem e desta forma, deixar o

público em geral bem informado sobre nossa pretensão.

Daremos início falando um pouco sobre o surgimento da revista e sua história como

um meio de comunicação de massa. No segundo tópico trataremos do tema que será abordado

que é o artesanato na moda e o referindo como um bem cultural, bem de consumo e objeto de

estudo. Para finalizar, mostraremos as etapas para o desenvolvimento da Revista

Modartesanal, considerando elementos gráficos e sua construção como um produto editorial.

O tradicional artesanato que antes passava de mãe para filha, hoje já não é mais

apenas uma tradição e sim, um novo empreendimento nos dias atuais. Pois, além de ser um

instrumento de trabalho, o artesanato é utilizado como terapia e um produto com uma grande

bagagem cultural.

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2- O SURGIMENTO DAS REVISTAS

Para falar de revista, queremos, defini-la segundo Scalzo “revista é um veículo de

comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma

mistura de jornalismo e entretenimento.” (SCALZO, 2011, p. 11).

De acordo com Scalzo (2011), no livro Jornalismo de Revista, a primeira revista

surgiu em 1663 na Europa, na cidade da Alemanha, com o nome de “ErbaulicheMonaths-

Unterredungen” que traduzindo em português significa "Edificantes Discussões Mensais" que

foram publicadas até 1668. A revista teve uma grande influência dos livros que foram

publicados no ano de 1663 por trazerem vários artigos de um mesmo assunto que era a

teologia e voltada para um público específico. Na Alemanha tinha um artesão chamado

Johannes Gutemberg que por suas habilidades desenvolveu a impressão com tipos móveis

muito utilizados até o século XX para imprimir jornais, livros e revistas.

No início de sua publicação, a revista abordava assuntos específicos como textos

com caráter puramente didático. Já no século XIX as revistas começaram a ganhar um novo

formato com títulos e reportagens que agradariam o público em geral e abordando a questão

da vida familiar. No mesmo período a revista sai da Europa e chega ao Brasil. A primeira

revista feita no Brasil, “As Variedades ou Ensaios de Literatura” foi criada em 1812 em

Salvador. Essa publicação tinha mais cara de livro do que mesmo de revista, pois abordava

temas eruditos.

No século XX, com o aprimoramento das técnicas de impressão, o barateamento do

papel e a ampliação do uso da publicidade como forma de bancar os custos de produção, as

revistas explodiram no mundo todo, com títulos cada vez mais segmentados, destinados a

públicos com interesses específicos. Não deixa de ser uma espécie de volta às origens. Para

Scalzo, a revista ganhou espaço, virou e editou moda:

Com o avanço técnico das gráficas, as revistas se tornaram o meio ideal,

reunindo vários assuntos em um único lugar e trazendo belas imagens para

ilustrá-los. Era uma forma de fazer circular diferentes informações

concentradas sobre os novos tempos, a nova ciência e as possibilidades que

se abriram para a população que começava a ter acesso ao saber. A revista

ocupou, assim, um espaço entre o livro (objeto sacralizado) e o jornal (que

só trazia o noticiário ligeiro). (SCALZO, 2011, p.20)

O mercado de revista é dividido no mundo inteiro em dois tipos de vendas: as

revistas mais populares, com preços acessíveis voltadas para o grande público sendo vendidas

em bancas e as especializadas, que são consumidas por assinantes mensais que chegam aos

seus leitores no conforto de suas residências através de entregadores ou pelos correios. A

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revista veio a somar com a população em geral na questão de despertar nas pessoas o interesse

pela leitura, não só da elite, mas, do povo menos favorecido em relação à educação, do acesso

à escola e aos livros. A revista se tornou um meio ideal para despertar a leitura e assim

diminuindo o índice de analfabetos não só no Brasil, mas também na Europa e Estados

Unidos. Segundo Scalzo (2011), além de possibilitar a melhoria na qualidade dos impressos,

os avanços técnicos na indústria gráfica permitiram o aumento das tiragens, o que por sua vez,

atraiu os anunciantes, dispostos a levar a mensagem sobre seus produtos para um público cada

vez mais amplo.

A mais vendida era o Luzeiros, de Assis Chateaubriand lançada em 1828 antes

mesmo que o modelo das semanais ilustradas tivesse sido reinventado por Life em 1936, nos

Estados Unidos.

2.1 A evolução das revistas no Brasil

As revistas chegaram ao Brasil em 1808, junto com a corte portuguesa que vinha

fugindo da guerra e de Napoleão. A primeira revista lançada em 1812 foi “As Variedades ou

Ensaios de Literatura” produzida em Salvador. As publicações tinham o interesse de abordar

assuntos sobre discursos, costumes, virtudes morais e sociais. A revista “As Variedades ou

Ensaios de Literatura” tinha mais cara e jeito de livro do que mesmo de revista, assim como

todas as outras revistas de sua época.

Já em 1813, surge no Rio de Janeiro a segunda revista publicada no Brasil com o

nome de “O Patriota”. Essa revista e seu conteúdo foram realizados por alguns colaboradores

da elite carioca que deram destaque a autores e temas da terra. Em 1820 essa elite começou a

ampliar seu foco de interesse e assim mostrou na revista “Anais Fluminenses de Ciência, Arte

e Literatura” lançada em 1822, na cidade do Rio de Janeiro.

Não só o beletrismo e os interesses dos bacharéis de Direito ganham espaço

nas publicações. Recém-independente, os países precisam de engenheiros,

cientista, médicos, militares. Anais Fluminenses de Ciências, Arte e

Literatura, lançada em 1822, no Rio de Janeiro, mostram os sinais dessa

mudança refletidos na pauta que abarcava vários campos do conhecimento

humano. (SCALZO, 2011, p.28)

No ano de 1827, acontece a primeira edição por tema “O Propagador das Ciências

Médicas”, uma revista exclusiva, dedicada aos médicos atuantes no Brasil. No mesmo ano é

publicada a pioneira entre as revistas femininas nacionais “Espelho Diamantino”. A

publicação continha pautas e reportagens onde abordam temas específicos para a mulher,

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como literatura, belas artes, teatro e moda dedicada às senhoras brasileiras, com o objetivo de

deixar a mulher à altura da sociedade moderna.

Essas publicações produzidas tiveram pouco tempo de tiragem, algumas saíram uma

ou duas vezes, outras duas ou três vezes, no máximo duraram dois anos, tudo isso foi

ocasionado pela falta de assinantes e recursos financeiros. Essa situação veio a se modificar a

partir do lançamento da revista Museu Universal no ano de 1837. A publicação foi feita para

uma população recém-alfabetizada oferecendo cultura e entretenimento. Além das inovações,

a revista trazia ilustrações e textos mais acessíveis, leves, feito exclusivamente para o público

de grande massa. Com a publicação dessa edição o jornalismo em revista brasileira encontra

um caminho para atingir mais leitores e desta forma consegue manter-se.

A era das revistas de variedades deu início no ano de 1849 com lançamento de “A

Marmota na Corte”. Essa edição tinha todo um diferencial, pois, abusava das ilustrações, do

texto curto e do humor. O autor Henrique Fleuiss foi responsável pela publicação das

primeiras fotos nas revistas brasileiras.

No início do século XX, na chamada Belle, ocorre uma série de

transformações científicas e tecnológicas que vão refletir a vida cotidiana e a

remodelação das cidades. As revistas acompanham essa euforia - centenas de

títulos são lançados e com as inovações na indústria gráfica, apresentam um

nível de requinte visual antes inimaginável. (SCALZO, 2011, p.29)

A conquista da liderança da primeira revista iniciou a era das grandes mensais no

Brasil que foi a revista “Manequim”, em 1959, inspirada na revista alemã “Burda Moden”. A

conhecida revista de modelos nasceu na Alemanha com diversas publicações espalhadas pelo

mundo. A edição do mês de abril mostrava desenhos e fotos de moda, compradas em agências

europeias, e vinha com um encarte que eram as folhas avulsas, com os modelos para fazer as

roupas mostradas na “Burda Moden”, exatamente como fazia a concorrente “Cigana” que

fecharia alguns anos depois. Já a outra revista concorrente “Vecchi” da editora Abril tinha um

figurino moderno, nasceu em 1956 e fechou em 1959. Mesmo com todos esses

acontecimentos a “Vecchi” continuava sendo publicada. No mesmo período lançou-se a

revista “Quatro Rodas”. Num país sem indústria e sem público que levasse essa revista ao

sucesso.

Victor Civita pensou o óbvio: ainda não tem indústria, ainda não tem

indústria, ainda não tem estrada, ouvia sempre. Mas terá, pensava ele. E é

claro que teria. A revista foi para as bancas com algumas características

desconhecidas do público leitor brasileiro: um mapa destacável mostrando os

407 quilômetros da Via Dutra, indicando todos os detalhes de serviços

necessários: onde parar para abastecer, para dormir, para comer,

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borracharias, mecânicas e hospitais, postos policiais, quilômetro por

quilômetro. (MARTINS A. E LUCA T., 2008, p.211)

O jornalismo de revista foi visto no início como um jornalismo de segunda categoria,

esquecendo quem era dessa opinião, que se tratava de uma maneira eficiente de servir e de

fidelizar o leitor, dando-lhe informações úteis para sua vida pessoal. Com as variedades de

jornais e revistas de todos os tipos, inclusive as semanais de notícias consideravam “servir o

leitor”, uma parte muito importante de sua missão editorial. Já dizia Faro, publicado na revista

Brasileira das Ciências da Comunicação – Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) que:

Há um crescente número de publicações especializadas em diversas áreas,

grande parte delas aborda aspectos culturais, outras tantas se voltam para a

história, a literatura, a psicanálise. Essa crescente evolução do número de

revistas no mercado editorial, de certo modo contraria a versão mais comum

de que esse segmento mercadológico esteja em declínio. No entanto, nem

sempre o maior número de veículos de comunicação significa uma maior

democratização da informação e do acesso à mesma por parte da população

(FARO, 2012, p. 113).

As matérias sobre saúde, finanças pessoais e temas como religião e ciências

passaram a ser assuntos frequentes de capa na imprensa mensal, deixando lugar para as

notícias que tratavam de temas relevantes nacionais e internacionais. Já em 1961 o jornalismo

de serviço seria o mantra da revista feminina de interesse geral que a Editora Abril lançaria,

pois sua única concorrente no mercado era a revista “Jóia”, lançada em 1957 pela Editora

Bloch1. Como o formato de pautas direcionava a moda, beleza, culinária, trabalhos manuais e

um pouco de matérias de interesse geral, a editora Bloch teve a idéia de reformular “Jóia”,

transformando-a em desfile em 1969, com uma cara mais semelhante a da “Revista Cláudia”,

mas sem perder sua essência e posição de líder.

A “Revista Cláudia” surgiu com a mesma fórmula feminina tradicional, logo,

percebeu que para servir à leitora, tinha que modificar o modelo de publicação de fotos

estrangeiras, onde mostravam produtos que não estavam à venda nas lojas brasileiras. Deu-se

início a uma nova “Cláudia”, que pela primeira vez no Brasil, mostravam fotos de ambientes

decorados com móveis nacionais, servindo de fontes de inspiração e informação de vendas,

daí os móveis poderiam ser encontrados nas lojas de São Paulo e Rio de Janeiro.

1 Bloch Editores é um extinto conglomerado de comunicação brasileiro. Foi por décadas um dos mais

importantes conglomerados da imprensa no Brasil. O grupo Bloch começou a ser erguido pelo imigrante

ucraniano Adolpho Bloch em 1952, e na sua melhor fase era composto por duas gráficas, uma fábrica de tinhas,

editora e distribuidora de livros didáticos e revista, um teatro, 16 emissoras de rádio e cinco de TV, que

compunham a Rede Manchete. Retirado do site: http://desmanipulador.blogspot.com.br/2012/04/antiga-

instalacaao-da-editora-bloch.html dia 16/04/2013 as 19:43h.

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2.2 A diferença da revista para os outros meios de comunicação

Existem vários meios de comunicação de massa como o jornal, rádio, televisão,

internet, etc. A revista entra também como um meio de comunicação, mas com alguns

diferenciais que a torna exclusiva em sua estrutura. Para Collaro 2008:

Os dois principais grupos de periódicos são as revistas e os jornais. O

principal fator diferenciador desses dois formatos é a encadernação, já que

os jornais costumam ser simplesmente dobrados e as revistas têm suas folhas

fixadas em uma das laterais por meio de grampos, cola ou costura.

(COLLARO, 2008, p.31)

As revistas perseguem um visual cada vez mais sofisticado, empregando os mais

avançados recursos tecnológicos das artes gráficas “(...) mas, recursos gráficos não bastam

para tornar uma revista um bom produto gráfico.” (COLLARO, 2008). As revistas estão a

cada dia, mais dependentes de critérios editoriais, assim, tornando-as com um design

diferenciado e direcionado a um público diferente e admirador tanto do conteúdo, como do

editorial voltado exclusivamente à revista.

Tentaremos abordar em nossa revista matérias que utilizam o artesanato de maneira

simples e que faça com que as pessoas compreendam e entendam o diferencial da nossa

revista em relação aos outros meios de comunicação. Falar de revista é falar de fotografias,

diagramação, layout, reportagens, estética gráfica, publicidades, estilos, cores, formatação,

etc. Segundo Ribeiro (2007) a capa, é o cartão de visitas e a apresentação da revista: nas

bancas, oferece-se ao público o primeiro elemento de atração e de julgamento. Muitas pessoas

são levadas a adquirir o semanal exatamente porque os gostos destas revelam-se na escolha da

capa. (Ribeiro M., 2007, p. 442) expõe ainda que:

Ao se projetar uma revista, deve-se ter em mente que o valor de uma obra

gráfica, tal como em qualquer obra artística, está em sua originalidade. Quer

seja o trabalho clássico, conservador ou moderno, há normas constantes e

universais que servem de base. À margem da fidelidade há todo um campo

livre para a originalidade e criação. Cada página da revista deve atrair a

atenção do leitor não apenas pelo teor do assunto, mas também pela clareza

dos tipos em que o texto for impresso e pela harmonia do conjunto gráfico.

(RIBEIRO M., 2007, p.442)

Podemos perceber que os elementos gráficos são um dos grandes diferenciais que

fazem com que a revista tenha um visual próprio. Estilo e versatilidade são componentes para

uma boa diagramação exclusiva, para um tipo de revista que tenha um público-alvo. Moderna

ou clássica, as revistas tendem a chamar a atenção das pessoas pelo seu visual encantador.

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Quem é amante da diagramação, layout, design e cores, tem a revista como um grande

referencial. Para a seleção de cores de uma revista, Ribeiro M. (2007) mostra em seu livro a

fase de impressão:

A fase redacional da revista é ultimada. Começa então a fase de impressão.

Textos, fotos e paginação entregues às oficinas gráficas. Das perfeitas

produções depende de uma operação importantíssima: a seleção de cores.

Para imprimir-se uma foto colorida precisa-se decompô-la em quatro cores

fundamentais, a fim de que nas combinações consigam-se todas as outras: o

amarelo, o magneta, o cian e o preto. Este processo é feito em um

equipamento chamado “scanner que digitaliza as imagens para a tela do

computador.” (RIBEIRO M., 2007, p.446-447)

Outro fator que diferencia a revista de outros meios diagramados são as colunas. E

essas são elementos essenciais de uma revista. Segundo Collaro (2008), em seu livro

“Produção Gráfica” a divisão das revistas por colunas nasceu da necessidade de tornar o custo

do espaço publicitário mais atraente, pois uma página da revista de grande circulação pode

atingir preços muito altos.

Assim, podemos dizer que o diferencial de uma revista dos outros meios, é a

capacidade que ela tem de entreter o leitor através de sua diagramação, seu projeto gráfico,

design, imagens e conteúdos diferenciados. Quando pensamos em revista também vem outra coisa

em mente: – Design. A linha editorial de uma revista faz uma grande referência com a estética

que é produzida através do design onde cada revista tem o seu. Mas, para falar de design

temos que conceituá-lo segundo o autor Bertomeu (2010) em seu livro “Criação visual e

multimídia”:

A própria palavra DESIGN parece ser associada de forma frequente e

inadequada a “DESENHO”, já localizando de maneira confusa a

interpretação da atividade. É importante apontar que design significa uma

ação projetual, processual, um projeto que trata inicialmente de objetos

predominados que buscarão sua construção. Por sua vez, “desenho” pode ser

definido como a representação figurativa de formas sobre sua superfície, por

meio de linhas, pontos, cores, texturas etc. – recurso este que o design

gráfico utiliza como parte do processo, mas não no todo de sua atividade.

(BERTOMEU, 2010, p.74-75)

O design faz referência com revista porque está também dentro dos meios de

comunicação. Ele gera um produto comunicacional em seus objetivos. Atualmente,

disciplinas de comunicação estão sendo incorporadas às grades dos cursos de graduação de

designer gráfico.

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De acordo com Collaro (2008), o logo (nome da revista) é um aspecto importante

para a elaboração de uma boa capa. Os fatores que mais pesam no projeto de um logo é a

tipologia e a legibilidade. E é aí que o design também entra, na criação do nome da revista,

onde se pode ter aí uma criação que pode ficar pra sempre na memória das pessoas.

O que também pode diferenciar a revista dos outros meios é o fato dela ser pouco

viável por causa de sua periodicidade. A revista não pode utilizar da instantaneidade, pois não

tem capacidade de transmitir os fatos em tempo real como o rádio e a TV. A elaboração deve

estar suficientemente sincronizada para absorver um volume que varia de 64 a 128 páginas.

Os prazos a serem cumpridos fazem com que a equipe que produzirá a revista seja a mais

homogênea possível.

Contudo, podemos dizer que revista é algo que enche os olhos, se diferencia dos

outros meios de comunicação, sim! Pois tem toda uma elaboração que os outros meios não

são aptos a exercer. Segundo Faro (2006) “a revista é especializada em várias áreas abordando

vários assuntos comparados aos outros meios”. Já para Melo (2003, 2006a e 2006b p. 114)

“em uma só revista pode conter vários conceitos de gêneros jornalísticos como opinativo,

informativo, interpretativo, divercional e de serviços”.

2.3 A revista como comunicação de massa, mas nem tanto

Quando falamos que a revista é uma comunicação de massa, mas não tanto, nos

referimos aos outros meios de comunicação que muitas vezes são mais destacados no

mercado do que a revista. Scalzo (2011) faz referência desse tema com a revista norte-

americana Life que foi capaz de chegar a uma triagem gigantesca de oito milhões de

exemplares semanais e parou de circular:

A explicação pode ser paradoxal, mas está ligada exatamente ao sucesso

editorial da publicação. Para os anunciantes, veicular publicidade em uma

revista com circulação tão grande era, sem dúvida, um bom negócio. O

problema é que o custo de impressão da revista – não só por conta das

edições recheadas de fotos, mas justamente por causa da tiragem

astronômica – acabou tornando os anúncios cada vez mais caros, quase tão

caros quanto a publicidade veiculada na TV (e, em termos de comunicação

de massa, a TV leva sempre vantagem). (SCALZO, 2011, p.16)

Ainda, para Scalzo (2011), os momentos ruins das tiragens de grandes revistas que

vieram a fechar ensinaram muitas lições, a principal delas é que revista é comunicação de

massa, mas não muito. Quando atingem públicos enormes e difíceis de distinguir, as revistas

começam a correr perigo. Sobre a periodicidade das revistas Collaro (2000) afirma que:

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As revistas tem periodicidade semanal, e por isso exige de seus produtores

uma coordenação cronométrica, pois têm data certa para estar nos pontos de

venda e nas mãos de seus assinantes. Cada qual na sua função para o bom

desempenho de toda equipe, que é composta por diagramadores, operantes,

operadores de DTP, ilustradores, arte-finalistas e pessoal da coordenação.

(COLLARO, 2000, p.92)

Para falar de revista como meio de comunicação de massa, temos que abordar

também o que a “Era da internet” trouxe para o âmbito das revistas brasileiras. Assinatura de

revistas não é mais algo tão excepcional como era antigamente.

Atualmente, as notícias estão mais soltas e acessíveis a qualquer um que tenha

interesse em uma leitura dinâmica e complexa. Todos os assuntos que envolvem o conteúdo

de uma revista podem ser acessados através da internet. Sendo assim, não só as revistas, mas

também os jornais se propuseram a disponibilizar seus materiais pela web, fazendo com que

os antigos e novos leitores não deixassem de ler seus conteúdos. O que não quer dizer que as

revistas impressas deixarão de existir por causa da internet.

Mesmo com a tecnologia e disposição dos conteúdos de jornais e das revista na web

o jornalista de jornal sempre dirige seu conteúdo a um público em geral, já o conteúdo da

revista o jornalista tem um público definido, isso quer dizer que cada revista é feita para um

público específico. No mercado há revistas voltadas para culinária, decoração, mães de

primeira viagem, concursos, dentre outras. Segundo Scalzo (2011) desde a década de 1990, os

jornais fizeram um nítido esforço para se tornarem cada vez mais parecidos com as revistas –

seja nos temas, na linguagem ou na divisão em cadernos.

Outro ponto que diferencia a revista do jornal é que o leitor da revista faz parte

diretamente com a edição do exemplar, através de cartas, e-mails, opiniões, dicas,

reclamações. Nos dias atuais os leitores é quem praticamente mandam nas redações, pois as

revistas são desenvolvidas a partir de opiniões das manifestações, dos desejos e das

necessidades dos leitores. Segundo Martins A. e Luca T.:

Posteriormente, as pesquisas de leitura e de leitor vieram a confirmar o que

as revistas já intuíam sobre quem seria seu consumidor primário. E ele, esse

leitor alvo, passou a mandar nas reuniões de pauta, na realização das

matérias. Isso era inédito no Brasil. (MARTINS A. e LUCA T., 2008, p.226)

A revista além da finalidade de entretenimento, conta também com o benefício de

educar, pois através do seu conteúdo e imagens desperta o interesse do público em ler e

adquirir conhecimento pelo qual ele se identifica, como por exemplo, uma dona de casa que

precisa de uma receita pode consultar uma revista de culinária e a partir daí desenvolver seus

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conhecimentos não só no ramo de cozinha, mas, em outros contextos como dicas de modas,

artesanatos, etc.

Ana Maria Mauad em sua participação no livro “Comunicação e História – interfaces

e novas abordagens” faz uma análise sobre o tema fotografia e produção do acontecimento

histórico na imprensa ilustrada dos anos 1950:

As revistas ilustradas eram publicadas por empresas que objetivavam o lucro

pela venda de produtos veiculados nas suas páginas, abrindo espaço cada vez

maior para a publicidade. Inclusive, as publicidades aos poucos,

abandonaram a ilustração feita por desenhos em prol da fidelidade da

imagem fotográfica em relação ao objeto a ser vendido. (MAUAD, 2008,

p.163)

A revista hoje não é um produto fútil, mas sim, a representação de uma época, de

uma história, de cultura, pois, cada leitor se identifica com conteúdo contido nas publicações

da sua revista preferida como as dicas de moda, os hábitos de cultura, os personagens, os

autores alí expostos, os assuntos abordados. Tudo isso implica na ligação de leitor e revista,

daí acontece os sucessos de muitas revistas que se mantém na mídia até hoje.

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3. O ARTESANATO E A MODA REVESTIDOS COMO BEM

CULTURAL E BEM DE CONSUMO

Falar de artesanato é fazer valer o trabalho dos artesãos cearenses. Trabalho este,

feito com delicadeza, precisão, amor, dedicação e também muito estudo. Não é difícil andar

pelos pontos turísticos de Fortaleza e Ceará e encontrar algum artesão mostrando seu dom e

esbanjando simpatia, dando a entender, que fazem aquilo por amor. Neste tópico iremos

abordar o conceito de artesanato e o fazer tradicional, a mercantilização, suas transformações

no mundo do trabalho e o envolvimento do design de moda.

O Ceará é o retrato do nosso sertão, é uma terra onde tem solos duros e escabrosos. O

sol é exclusivo e absoluto, acompanha o nordestino o ano todo, ele é o senhor do Nordeste. O

sertão também é praia, pois, é beijado por um mar verde-esmeralda que encantam nativos e

turistas. Neste mesmo solo que castiga sua gente é retirado matéria-prima para o sustento de

artistas que transformam essa matéria em lindas peças artesanais. Barroso R. (2008) declara

que:

No chão, se estende a caatinga, com suas coroas de cactos e seus rosários de

mandacarus e xique-xiques. A fauna e a flora mostram seus espinhos. Num

sumário de garranchos e pedras, o solo disfarça seus líquidos e a terra

descansa sob o areal ardente. (BARROSO R., 2008, p.14)

Neste mesmo solo pedregoso o artesão com mãos habilidosas molda o barro, trançam

palhas de cipó, transformam pedaços de madeiras em esculturas de artes, dos poucos frutos

consumidos suas sementes são reaproveitadas para confecções de colares, brincos e

aplicações, já das plantas são retirados os fios de algodão, as palhas, as fibras. Barroso R.

(2008) diz ainda que: o Ceará do vaqueiro audaz é do hábito artesão, do afoito jangadeiro e da

delicada rendeira, reino de cantadores expirados, moleques astutos e faceiros. Nação de

morenas dengosas e cegos sanfoneiros.

A rede cearense é símbolo de descanso, de repouso, é o berço da criança, o balanço da

infância, esteja ela armada ou desarmada, na praia ou no sertão, no casebre ou na mansão,

onde estiver um cearense haverá uma rede com ou sem varanda, bordada ou só tece lada,

quem gosta pode deitar de banda, com o corpo estirado, reto e relaxado, mas a rede estará

sempre presente. Barroso R. (2008, p.60) afirma que: Em todo o caso, a rede tem muitas

vantagens: fácil de transportar, é bem mais fresca que uma cama e serve para balançar adulto

ou criança. Não existe jeito melhor de calar menino chorão.

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O bordado em tecido é um dos itens que é feito por artesões do Ceará, Barroso R.

(2008) relata que:

Embora se concentre, principalmente, em Maranguape, Itapajé, Trairi,

Croatá, Irauçuba, Itatira e Viçosa do Ceará. Mistura-se com outros

artesanatos femininos, que resultam de trançados em fio e artes em tecido.

Muitos deles são tidos como prendas domésticas, isto é, habilidades

femininas que qualificam as moças para o casamento (ou, pelo menos,

qualificavam). Entre tais quefazeres estão o crochê e o tricô. (BARROSO R.,

2008, p. 60).

Hoje em dia o artesanato não é só habilidade feminina e nem preparação para moça

prendada confeccionar o seu enxoval de casamento, ou seja, é um trabalho como outro

qualquer. Percebemos que o artesanato vai muito além da arte e da tradição, o artesanato é um

trabalho, é um meio de sustento para quem produz e nos dia atuais, o artesão não fica apenas

sentado na frente de sua casa produzindo, ele está sendo empregado em lojas, feiras, ateliês,

grandes confecções, o trabalho do artesão de casa para o mundo da moda do Ceará.

A almofada de pano, os 2bilros, os fios e alfinetes são materiais que para muitos são

esquisitos, mas são instrumentos que fabricam lindas variedades de rendas artesanais, pois, a

partir da fabricação dessa renda é que são desenvolvidas as peças artesanais, para cada tipo de

renda o artesão prepara a almofada, ele marca o contorno e prende a almofada, pois cada

renda tem uma forma diferente de manusear os bilros. Barroso R. (2008) descreve os tipos de

renda:

Há rendas de vários tipos: propriamente dita (conhecida como entremeio), o

bico (com uma só auréola reta e outra recurvada), o galão (não tem auréolas,

mas um cordão reforçado ao centro), o trutru (renda muito estreita) e o

matame (renda sinuosa). Para fabricá-las, a artesã prepara a almofada, risca o

desenho no pique, marca perfurando seu contorno e o prende a almofada.

(BARROSO R., 2008, p.78)

Com o passar dos anos a tecnologia vai ficando cada vez mais evoluída, o computador

e os aparelhos industriais permitem novas criações, mas nada se assemelha a criação e o

desenvolvimento do artesanato, nada se compara ao trabalho feito à mão.

Neste trabalho, queremos mostrar às pessoas, as formas como o artesanato é visto por

curiosos de fora do estado, como também pelos próprios cearenses.

2 A renda de bilros é feita sobre uma almofada com enchimento de crina, serragem ou algodão; tal amofada é em

geral recoberta de tecido cujas cores não agridam a vista. A almofada pode ser presa num suporte de madeira,

mas há rendeiras que simplesmente a apoiam numa cadeira ou banquinho. Retirado do site:

http://www.acasa.org.br/arquivo.php?pchave=Renda+de+bilros. Em 26/06/2013 às 17:03h.

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3.1 Transformações no mundo do trabalho e suas implicações sobre a

produção do artesanato

Com a estreia das máquinas e suas revoluções econômicas e sociais, o artesanato e sua

sabedoria milenar transmitida de século em século, quase levaram a crer no desaparecimento

definitivo do artesanato. Para Françoise (1989) as atividades industriais manuais não foram

definitivamente condenadas pela mecanização cada vez maior da era pós-industrial. Até pelo

contrário: surge na nova sociedade uma assimilação inovadora entre as tecnologias de ponta e

os conhecimentos artesanais.

No espaço onde se tem a indústria e o trabalho manual se combinam laçadas e pontos

e um novo modo de viver, mesmo com a industrialização, o artesanato pode contribuir para

deixar as peças mais atraentes para o público jovem, pois a mistura de peças com o tricô vem

encantando esse público desde sempre. Françoise (1989) relata ainda que:

Tricotar é entrecruzar um ou vários fios, seguindo um princípio que pode ser

repetido até formar uma peça a um tecido. Com a ligeira diferença de que o

cruzamento não retilíneo nem se reduz a simples imbricações; é curvilíneo e

pode se tornar mais complicado quando o fio se retorce sobre si mesmo.

(FRANÇOISE, 1989, p.193)

A forma de fazer artesanato já passou do tempo que se fazia apenas à mão. Com as

novas tecnologias, a mão de obra está sendo substituída por máquinas e facilitando o trabalho

de algumas empresas. Para falar disso, a autora Vera Lima (2008) cita no livro “O ciclo da

moda” que:

O aspecto do artesanal, daquilo que é ou parece ser feito à mão, um a um,

ainda persiste com um forte apelo junto ao consumidor. O produto que

recebe maior atenção, que tem etapas de produção “personalizadas”, que é

criado de uma forma distinta tem, por extensão, um novo preço. Esse

produto não deve ser comparado ou confundido com o artesanato feito à

mão, individualmente. (LIMA, 2008, p. 101)

As máquinas acabam tirando a originalidade do produto feito à mão, aquele que foi

criado muitas vezes por horas, dias, até meses. Mas, cada empresa busca o que acha melhor

para o seu produto. Há quem prefira originalidade, outros preferem o trabalho mais fácil.

Segundo Farjaro, Calage e Joppert (2002, p.7) no livro “Fios e fibras”: “[...] historicamente, o

artesanato é uma tradição, uma linhagem de conhecimento que vai passando de pai para filho,

de mestre para discípulo [...]” Sobre o consumo do artesanato os autores destacam que:

Atualmente, num mundo cada vez mais mecanizado, a produção industrial se

guia por padrões internacionais, repetitivos. Assim, as prateleiras de lojas e

supermercados de todo o planeta exibem produtos praticamente iguais.

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Nesse cenário, o artesanato se destaca pela originalidade, porque expressa a

cultura de um lugar. (BELKIN et al., 2002, p.7)

3.2 Definição do conceito de artesanato: o fazer tradicional

O fazer tradicional é não deixar apagar o histórico do artesanato e nem fugir dessa

cultura nordestina que é o que mais encanta. Para continuar falando de artesanato, queremos

defini-lo segundo o Doutor em Antropologia Lima R. (2010, p.73) no livro “Artesanías” onde

diz que o artesanato no Brasil, trata-se da produção de objetos que, tanto pela origem, pelos

locais de onde provém, quanto pelo perfil daqueles que os produzem e pelas matérias primas e

técnicas com que são produzidos, é extremamente diversificada.

Já Lima G. (2004, p.24) no livro “Antropologia das coisas do povo” define artesanato

como um produto visto como atividade espontânea, desenvolvida na zona rural ou na periferia

das cidades. Atividade bastante explorada, que favorece principalmente aos atravessadores.

Tendo como base as duas definições, podemos perceber que o artesanato é realmente

uma área bem diversificada, como também não podemos esconder o fato da exploração de

alguns na mão de obra dos artesãos e a atividade artesanal como geradora de rendimento.

O artesanato indígena também não conseguiu atrair muito o interesse dos turistas

estrangeiros, embora ouçamos que “os estrangeiros se interessam mais pelo artesanato

indígena do que os próprios brasileiros”. Kohlherpp G. e Martins C. (2005, p.171) ressaltam

que: “[...] para os turistas, há problemas sérios de levar o artesanato na bagagem, tanto pelo

eventual peso e tamanho quanto pelas restrições de importação em muitos países.”

A sustentabilidade ambiental é outro fator para ser pensado e estudado para que, além

do serviço prestado aos consumidores, o meio ambiente não sofra com a falta de sua matéria

prima. Carlos Alberto Ricardo (2000) no livro “Povos indígenas no Brasil” aborda a forma de

conciliar a preservação cultural com a conservação ambiental:

Na perspectiva de assessorar os índios na busca de alternativas para a geração

de renda, o ISA², através de um projeto voltado especificamente para a

prospecção de soluções neste sentido, identificou na produção de objetos da

cultura material um potencial promissor. O “artesanato do Xingu”, como já é

conhecido e difundido, se ajustado a procedimentos mais adequados de

produção e comercialização em relação ao que vem sendo feito hoje, permite

conciliar preservação cultural com conservação ambiental, uso sustentável da

biodiversidade, benefício econômico, autonomia social e organização

política. (RICARDO, 2000, p. 649)

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São esses pressupostos que têm fundamentado o trabalho de apoio à estruturação,

organização e comercialização de artesanato dos povos Kaiabi, Yudjá (Atix), com a

perspectiva de estender a experiência a outros povos do Parque que mostrem interesse.

Quanto ao impacto sociocultural do turismo que manifesta através de um gama

enorme de aspectos, desde as artes e o artesanato até o comportamento fundamental de

indivíduos e grupos, os autores separam em dois impactos:

Os impactos podem ser positivos, como nos casos em que o turismo preserva

ou mesmo resgata as habilidades artesanais da comunidade, ou incentiva o

intercâmbio cultural entre duas populações diferentes. Os impactos também

podem ser negativos, como a comercialização e a degeneração das artes e do

artesanato e a comercialização de cerimonios e rituais dos grupos locais. Os

impactos podem prejudicar também o intercâmbio cultural, apresentando

uma visão limitada e distorcida das populações visitadas. (BELKIN et al.,

2007, p. 238).

Para Farjado C., Mathias e Freitas (2002, p.7): “Artesanato é a técnica, a experiência e

a arte do artesão, aquele que exerce um ofício manual, ou seja, usa as mãos como principal

instrumento de trabalho. Em geral, é uma atividade econômica, fruto de inúmeras

colaborações.” Através dessa definição, podemos concluir que, o artesanato faz parte da arte

popular, que é toda a produção plástica, musical, teatral, poética, de dança etc. Feita

espontaneamente por uma população, e que expressa claramente a cultura e as tradições do

grupo humano que a produziu, seja indígena ou não.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, buscando

fomentar o artesanato de forma integrada, promove ações que incentivam o artesanato

brasileiro por meio de projetos que capacitam artistas empreendedores e fomentam este

mercado. 3A artesã Aline Alves falou sobre sua experiência junto ao Sebrae, “depois da

participação dos cursos relacionados ao artesanato, tive a oportunidade de entrar na CEART

como instrutora artesã e até hoje trabalho nessa área”. Para a artesã: “o trabalho com

artesanato não é um hobby, é um trabalho como outro qualquer. É um comércio, não é só uma

arte, é a junção da arte com o comércio e a partir daí poder formar seu trabalho”.

O Centro de Artesanato do Ceará – CEART comercializa produtos de artesãos que

fazem parte do Programa de Desenvolvimento do Artesanato Cearense. Conduzido pela

Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social - STDS, do Governo do Estado do Ceará, o

programa apoia essa atividade que é a principal fonte de sustento de cerca de 5.000 famílias

cearenses.

3 Em uma entrevista concedida à nossa equipe no dia 14 de abril de 2013.

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Não podemos deixar de falar do artesanato indígena, que segundo a história brasileira,

foi onde começou tudo. Amorim A. (1999), conta em seu livro “Santarém: uma síntese

histórica” sobre uma das histórias do artesanato indígena, tendo como referência, os índios

Tapajós:

O artesanato é considerado umas das mais antigas atividades artísticas

desenvolvidas pelos índios do Tapajós. As primeiras referências a respeito

dessa arte indígena foram registradas por ocasião da passagem de Pedro

Teixeira pela região em 1926, antes mesmo da ocupação definitiva pelos

portugueses em 1661. A partir daí, o artesanato dos tapajós recebeu muitos

elogios tanto por parte de cientistas como de turistas, que, em visita à região,

encontravam-se com as belas redes bordadas, as mantas e os tecidos de

algodão sempre muito coloridos, pintados com muito gosto pelas índias

tapaiús com tintas produzidas de cascas de várias árvores da região, como “o

curi, o anil e o urucu”. (AMORIM A A, 1999, p.101)

3.3 Algumas observações sobre a mercantilização do artesanato

Existem vários questionamentos sobre a mercantilização do artesanato, tais como,

importação e exportação, valor econômico, impacto sociocultural e sustentabilidade

ambiental. Segundo Kohlhepp G. e Martins C. (2005) no livro Amazônia Sustentável: “o

mercado para o artesanato indígena no Brasil é limitado e facilmente saturado. Precisa de

propaganda profissional para ser mais divulgado (geralmente, a propaganda da Artíndia é

tímida e pouco percebida).” Quanto à comercialização do artesanato, Kohlherpp G. e Martins

C. (2005) destacam ainda que:

A produção de comercialização de artesanato muitas vezes são consideradas

as atividades ideais para projetos econômicos com populações indígenas. A

série de problemas gerais com a comercialização de produtos indígenas, no

entanto, nos mostrou que isto é uma ilusão. A produção e comercialização

do artesanato só é mais vantajosa ou “competitiva” sobdeterminadas

condições (soluções dos problemas de armazenar, transportar e oferecer a

mercadoria e de descobrir o mercado e os cliente).(KOHLHERPP G. e

Martins C.; 2005, p.171, tradução nossa)

De acordo com Silva (2010, p.48) “mesmo sob imprecisões teóricas a respeito de sua

aplicabilidade como meio de promover o desenvolvimento do artesanato, podemos perceber

que essas políticas públicas de intervenção na produção artesanal vêm sendo fortemente

disseminada na contemporaneidade”. No entanto, a autora constata que, segundo uma

pesquisa feita pelo SEBRAE com 210 cooperativas e associações de artesãos espalhadas pelo

país, foi estimado que este setor movimenta recursos correspondentes à metade do

faturamento dos supermercados e se aproxima da indústria automobilística. Neste sentido,

onde se fala da economia do Ceará, o antropólogo Greilson José de Lima (2004) afirma que:

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Não é uma tarefa fácil encontrar estudos sobre artesanato que não tenham

como principal foco de análise os aspectos econômicos ou o enfoque

direcionado para uma visão romântica que destaca principalmente

características como “originalidade”, “pureza” e “tradição”. Essas duas

abordagens mais frequentemente encontradas nos estudos sobre o artesanato

lançam um olhar muito mais para o produto artesanal do que para os agentes

envolvidos nas atividades. (LIMA, 2004, p.21-22)

Existem vários conceitos para artesanato, cada autor tem uma maneira de defini-lo,

seja por pesquisa, ou até mesmo pelo convívio antropológico que os fizeram ver o real

conceito para essa chamada “cultura artesanal”. Quem convive com artesãos, percebe o

quanto é imaginário esse mundo do artesanato, e como há várias possibilidades de criar e

inovar em cada peça. Para Farjado E. (2010) no livro “Consumo Consciente”, o artesanato

brasileiro busca se adequar ao mercado sem perder as características originais. Uma missão

impossível? Não, uma vez que as impossibilidades sejam superadas.

O que podemos perceber, é que realmente os artesãos têm procurado se adequar a esse

mercado que a cada estação se renova, surge novas modas, novas tendências, mas apesar de

tudo, não perdendo a originalidade em suas peças. Ainda, para Farjaro (2010, p.75), [...] “a

tradição se une à contemporaneidade e, assim, se reforça o casamento entre o artesanato, o

design e a moda [...]”

3.4 O envolvimento do design de moda

O design de moda tem uma relação social no envolvimento com a moda, seus produtos

tem valor de mercado como bem de consumo, tudo isso se reflete num trabalho bem

desenvolvido, criativo, que desperte desejo e tenha significado no mundo da moda, além do

valor cultural, social que o produto produzido pelo design carrega. O design de moda tem se

permitido ser assunto falado por todos, devido seu aperfeiçoamento e experimentações nos

últimos anos. Castilho (2005, p. 28) relata que: esta área pode ser considerada, principalmente

no Brasil, de natureza exploratória, por esbarrar numa problemática em torno de seus

pressupostos teóricos, ainda não satisfatoriamente claros, ou não bem definidos.

A moda tanto absorve como descarta com a mesma intensidade, isso acontece de

acordo com a época ou a coleção, pois a moda se renova sempre, se transforma mais rápido

em relações as tendências, isso acontece pela necessidade de sempre ter algo novo, um

produto novo para oferecer o mercado. CASTILHO (2005) afirma que:

A moda concretiza desejos e necessidades de uma época, circunscrevendo os

sujeitos num determinado espaço de significação. Do erudito à cultura de

massa, podem ser recuperadas, por meio da moda, as identidades do sujeito,

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uma vez que a moda se constitua como um dos extensores do próprio ser

humano, filiando-o a determinados discursos sociais que veiculam sua visão

de mundo. (CASTILHO, 2005, p. 28)

Renda, bilro, couro, lã, linhas, crochê, etc. Através desses materiais e muitos outros é

que os artesãos trabalham para deixar o vestir daqueles que admiram esse trabalho muito mais

bonito. O artesanato faz referência com o design de interiores e a sustentabilidade fazendo de

seus materiais um meio de contribuir para um mundo melhor. A moda também faz parceria

com o artesanato tornando-os um bem cultural e um bem de consumo. Cultural porque o

artesanato faz parte da cultura cearense e um bem de consumo porque a moda de certo modo

contribui para a criação de coleções e fazendo assim, com que as vendas cresçam em cada

estação. Silva (2011) fala em seu livro “Quando a cultura entra na moda” que:

A complexidade que envolve os estudos sobre o artesanato decorre do fato

de que este, na qualidade de elemento componente do patrimônio cultural,

incorpora-se ao conjunto de monumentos, documentos e objetos que

constituem a memória coletiva de um povo e, portanto, deve ser considerado

do ponto de vista social e cultural. Por outro lado, o artesanato também

possui características que atendem aos interesses da sociedade de consumo,

como o valor estético e o simbólico; dessa forma, seu potencial econômico é

crucial para o acirramento das discussões. (SILVA, 2011, p.47)

O design de moda dá muita visibilidade às peças, pois agrega uma marca e a partir daí

o produto tem uma identidade, isso torna diferenciado na visão de mercado, pois o design se

preocupa com a criação, catálogo, ponto de venda, embalagem, publicidade, vitrine, internet,

tudo que está vinculado ao seu trabalho. O design de moda além dessas possiblidades de

mercado tem um diálogo aberto e direto com o consumidor, despertando desejos mais que a

necessidade é dessa maneira, que o design promove experiências com textura, cor, novos

materiais, caracterizando uma construção de linguagem de moda em seu trabalho.

De frente a uma organização social onde as pessoas sentem a necessidade de estarem

na moda, onde a sociedade apresenta uma cobrança para que as pessoas se vistam com roupas

que tem um nome, uma marca conhecida e famosa, pois assim elas não se sentem excluídas

no meio em que vive, tornando-se visíveis e cobiçadas. Segundo CASTILHO (2005):

Nos mundos ilusórios criados pela moda, o sujeito entra em conjunção com

determinados produtos aos quais são agregados valores subjetivos. São

esses, por sua vez, que promovem a satisfação do sujeito em relação à sua

identidade construída. (CASTILHO, 2005, p. 31).

A região nordeste, concentra boa parte das atividades artesanais desenvolvidas no país

e a moda cresce junto com ela, já que uma está ligada a outra. 4Segundo Camila, “essa junção

4 A estilista Camila Farias concedeu uma entrevista à nossa equipe no dia 30 de março de 2013 e falou sobre a

junção do artesanato com a moda.

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é muito enriquecedora, mostra que cada vez mais as pessoas estão querendo peças

personalizadas e foi através do artesanato e dos trabalhos artesanais que a moda conseguiu

agregar mais valor e fazer essa personalização”.

Sobre a perceptiva diferença nos valores das peças, a estilista destaca que “o trabalho

do artesão é tão enriquecedor quanto do estilista, o que vai diferenciar é que muitas vezes o

estilista acaba criando uma marca, um nome que na sociedade já está bem marcado e isso faz

com que o preço fique um pouco mais elevado do que o do artesão”.

Podemos perceber, a partir das palavras da estilista Camila Farias que existe uma

diferença econômica no faturamento das peças produzidas por artesão e estilista. O que não há

dúvida, é que o trabalho dos dois é muito rico, o que os tornam bem vistos, dentro e fora do

país. Usar uma peça artesanal é como, usar um artigo de luxo, que destaca, dá visibilidade,

algo que foi detalhadamente produzido por um artesão e recebeu o design de um estilista.

O corpo é o suporte material e sensível para que o design de moda desenvolva seus

projetos. O corpo constrói significadas manifestações textuais, onde o design pode criar uma

identidade ao vestir e promover uma boa aparência. O corpo para o design é a base de seu

trabalho e a roupa para o corpo é uma segunda pele e serve para embelezá-la.

Segundo Castilho (2005), a definição de moda é: do latim modus (maneira, medida), o

termo moda designa maneira e, depois, jeito (façon, em francês, que evoluiu para o termo em

inglês fashion). O que faz a diferença em nosso é corpo é justamente a maneira como nos

vestimos, numa sociedade contemporânea que tanto privilegia a imagem, a maneira de se

expor, os trajes, como uma maneira de se interpretar, fazendo com que as roupas no corpo se

tornem importante.

A proposta do design de moda é de tirar do nada uma peça qualquer e transformá-la

em discurso no meio da moda, dando uma maneira de ser as qualidades e problemáticas de

cada tempo dando ao usuário da peça a possibilidade de integrar-se ao mundo de valores

instalados.

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4. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO GRÁFICO

A capa da revista Modartesanal foi pensada na fácil identificação da temática da

publicação. Traz uma foto onde a modelo está vestida com uma roupa feita com material

artesanal, incluindo o nome da revista que já procura explicitar o que queremos mostrar e

abordar o artesanato e a moda do Ceará. A fonte usada para o nome da revista na capa é Arno

Pro, onde imediatamente o leitor pode fazer essa identificação e ter uma ideia inicial do

conteúdo.

Idealizou-se um diferencial na diagramação da revista Modartesanal. O layout busca

prender mais a atenção do leitor utilizando formatação em duas colunas para que a fonte do

texto seja maior e a leitura seja facilitada, como comenta Collaro (2006, p. 52) “se usadas

duas a duas, tem-se um diagrama extremamente versátil e dinâmico, que dará uma opção

maior de recursos para a beleza da página.”. O índice, ao invés de ter um formato de lista em

uma única página, terá distribuição em coluna, pois acreditamos que é um formato mais

atrativo e convidativo à leitura e é diferenciado das demais publicações existentes que trazem

o sumário em uma única página.

A fonte Kozuka Gothic Pr6N EL foi usada nos títulos das matérias. Ela é atrativa ao

leitor, de fácil compreensão e dá uma leveza às páginas. A fonte do corpo do texto é Times

New Roman, tamanho 12. Uma fonte serifada, criada em 1932 para o uso do jornal inglês The

Times of London. Hoje é considerada um dos tipos mais conhecidos, utilizado ao redor do

mundo, afinal, ela é a fonte padrão de diversos processadores de textos, e foi adaptado de tal

forma que possui excelente legibilidade, misturando curvas clássicas e serifas, que o permite

ser usada tanto em livros, revistas, textos publicitários e até mesmo em relatórios de

empresas. Portanto, é uma fonte que facilita a leitura e a torna mais rápida, para que o leitor

não fique cansado e assim não interrompa sua leitura.

As fotos utilizadas são na sua maioria da própria equipe de realização do projeto da

revista Modartesanal, com a colaboração dos fotógrafos Nilton Silva e Vitor Alexandre.

Todas as páginas trazem a identificação por cores, com uma cor de borda diferente

identificando as matérias. A cor principal utilizada em toda revista será o rosa, uma cor

emocionalmente descontraída, que influi nos sentimentos convertendo-os em amáveis, suaves

e profunda. Nosso público alvo são pessoas de todas as idades, adultos, jovens e idosos que se

identifiquem com o tema, que gostam, procuram e consomem moda e artesanato. A revista

Modartesanal terá o tamanho A4 com medidas de 29,7 x 21,0 cm, usada em diversas

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publicações, contendo 48 páginas. O miolo será impresso em papel couchê 40 kg. E a capa

com o mesmo papel, com 80 kg, comumente utilizado em folders, catálogos, flyers e revistas.

Revista MODARTESANAL

EXPEDIENTE:

Equipe:

Elizadora Fontes, Emanuela Montizuma e Cecília Oliveira

Projeto Gráfico/Diagramação:

Johanna Joplin

Fotografia:

Nilton Silva e Vitor Alexandre

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4.1 Projeto gráfico

As revistas perseguem um visual cada vez mais sofisticado empregando os mais

avançados recursos tecnológicos das artes gráficas. A capa é o cartão de visita e a

apresentação da revista, ela é o primeiro contato visual que o leitor tem e seus elementos

gráficos são um dos grandes diferencial que fazem com que a revista tenha uma aparência

própria, deixando-a estilosa e bonita, seja ela moderna ou clássica. A revista Modartesanal

trabalhou seu editorial em cima do tema do artesanato introduzido na moda cearense.

4.1.1 Editorial

É um texto que expressa a opinião do veículo e tem o objetivo de argumentar sobre

determinado tema. Conforme Marques de Melo (2006), o editorial é uma texto argumentativo

no qual o veículo mostra sua opinião sobre algum acontecimento da atualidade (Melo, 2006,

p. 185).

A revista Modartesanal tem uma proposta diferente pois vem mostrar aos cearenses e

seus visitantes a cultura e a moda através da habilidade das mãos dos artesãos cearenses. O

Ceará é conhecido pelo clima quente durante o ano todo, por suas belas praias, culinária e o

artesanato.

Nossa revista tem a finalidade de destacar o artesanato cearense e fazer valer o

trabalho dos artesãos, mostrando como é feito o artesanato desde a matéria prima até a sua

finalização, iremos também abordar o conceito de artesanato e suas transformações no mundo

do trabalho e o envolvimento na moda.

A Revista Modartesanal trabalhou seu editorial sobre o retrato do nosso artesanato, e

tendo como foco a questão da utilização dessa arte no mundo da moda, mostrando assim esses

dois mundos que parece ser tão distando, mas na realidade são bem próximos, pois um

complementa o trabalho do ouro.

4.1.2 Artigo de opinião

O artigo é um texto dissertativo que apresenta argumentos sobre o assunto abordado

e é de total responsabilidade do autor, traz interpretações e opiniões de pessoas que não

precisam ser necessariamente jornalistas, e por isso deve ser assinado no final do texto.

Na revista Modartesanal, optamos por convidar a Professora Dra. do Curso de

Design de Moda da Universidade Federal do Ceará – UFC, Francisca R. N. Mendes para dar

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sua opinião a respeito do nosso tema. Collaro (2008) diz que: a divisão das revistas por

colunas nasceu da necessidade de tornar o custo do espaço publicitário mais atraente. Por essa

razão a coluna também está presente em nossa revista, pois nosso objetivo é ter esse espaço

para outras pessoas dar sua opinião.

4.2 Construção da revista como produto editorial

Primeiramente, fizemos visitas em feiras e exposições artesanais. Nossa primeira

visita foi no Shopping Benfica numa feira do Sebrae, lá conhecemos diversos artesãos, onde

percebemos o quanto cada um tem gosto e prazer em criar peças diferentes e criativas.

Fizemos reuniões em nossas casas, na FAC, na UFC, fazendo pesquisas em livros, revistas e

internet, onde buscávamos o máximo de conhecimentos e conteúdos em artesanato e moda

para o nosso trabalho. Participamos de eventos de moda como Luxo de Festa, Dragão

Fashion, Feiras de Artesanatos, visitas ao Mercado Central, Feirinha da Beira Mar, Ceart,

entre outros.

Acompanhamos os fotógrafos em todos os eventos, onde optamos e demos ideias de

como queríamos as fotos tendo uma diversidade de opções. No final, fazíamos a escolha das

fotos entre a equipe da revista. Houve momentos de muitas discussões entre nós, por cada

uma querer de um jeito diferente, ou simplesmente pelo cansaço e estresse por essa

importante jornada, onde muitas vezes achávamos que estava correto, mas ao entregar os

textos aos professores, voltavam muitas coisas e percebíamos que não tínhamos maturidade o

suficiente e isso foi nos fazendo crescer a cada dia para que pudéssemos concluir esse projeto

acadêmico. Esses ensinamentos nos fizeram ter mais vontade de querer continuar. Também

queremos destacar que houveram momentos de diversão, pois aproveitamos ao máximo tudo

que vivemos nesse período. Um ano de pesquisas, trabalhos em campo, novos conhecimentos

e a esperança de um futuro melhor.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Escolhermos o tema sobre o artesanato introduzido na moda em nosso trabalho de

conclusão de curso, foi algo grandioso e trabalhoso. Cada lugar que visitamos e cada pessoa

que conhecemos nos fizeram acreditar que o nosso objetivo estava mais próximo da nossa

realização em fazer a nossa revista. A Modartesanal foi criada como um instrumento que tem

o objetivo de mostrar o artesanato cearense e sua utilização na moda de uma forma mais

próxima da realidade, principalmente a relação do estilista com o artesão.

A ideia é mostrar o quanto esse trabalho de parceria entre esses dois profissionais

tem dado certo, e tem crescido no mercado cearense, pois, o design de moda usa em suas

produções o artesanato como o crochê, a renda e aplicações feitas por mãos tão habilidosas e

essas coisas valorizam suas peças e assim ficam com sua marca mais conhecida e atraída pelo

público em geral.

Em meio a essa busca de conhecimentos pelo trabalho dos artesãos ficamos

encantadas com tanta beleza e dedicação que eles tem em fazer um trabalho manual. Ao

mesmo tempo pudemos perceber o quanto a sua criação que é tão bela e que enriquece a nossa

cultura não são valorizadas como deveria, pois, passam muitas horas do dia para fazer

criações de peças para vender por um valor tão insignificante em relação a um trabalho tão

grandioso.

Por isso, cada pauta escolhida para a Revista Modartesanal foi pensada

cuidadosamente e criteriosamente, para poder mostrar a realidade dos artesãos do Ceará, e

assim, fazer com o que o leitor tenha o desejo de consumir e principalmente de valorizar o

verdadeiro artesanato feito à mão.

Desejamos, com o final desse trabalho que tanto nós cearenses como visitantes

valorizem cada vez mais a nossa cultura e o trabalho dessas pessoas que muitas vezes passam

despercebidas, mas na verdade são verdadeiros artistas, pois com agulhas, fios de algodão, lã,

madeiras e sementes naturais nas mãos transformam esse material em belas artes.

É necessário que o artesanato cearense seja valorizado, pois além de ser uma obra de

arte, é um instrumento de trabalho e terapia para muitos, além de fazer parte da economia da

nossa cidade, e atraindo turistas e visitantes para o Ceará, gerando assim, mais empregos,

visibilidade para o estado.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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