MODELO CANVAS APLICADO À GESTÃO ESTRATÉGICA ......Modelo Canvas aplicado à gestão estratégica...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO MESTRADO EM TURISMO Leandro Tavares Bezerra MODELO CANVAS APLICADO À GESTÃO ESTRATÉGICA DE EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS Natal 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO

MESTRADO EM TURISMO

Leandro Tavares Bezerra

MODELO CANVAS APLICADO À GESTÃO ESTRATÉGICA DE

EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS

Natal 2018

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LEANDRO TAVARES BEZERRA

MODELO CANVAS APLICADO À GESTÃO ESTRATÉGICA DE

EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como requisito obrigatório para a obtenção do Título de Mestre em Turismo, na área de Gestão em Turismo. Orientador: Mauro L. Alexandre, D. Sc.

Natal 2018

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LEANDRO TAVARES BEZERRA

MODELO CANVAS APLICADO À GESTÃO ESTRATÉGICA DE

EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como requisito obrigatório para a obtenção do Título de Mestre em Turismo, na área de Gestão em Turismo.

Banca examinadora:

________________________________

Presidente da banca Mauro Lemuel de Oliveira Alexandre, D. Sc.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

______________________________ Examinador interno

Maria Valéria Pereira de Araújo, Dra. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

________________________________ Examinador externo

Walid Abbas El-Aouar, Dr. Universidade Potiguar (UNP)

Natal 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN -

Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Bezerra, Leandro Tavares.

Modelo Canvas aplicado à gestão estratégica de empreendimentos hoteleiros / Leandro

Tavares Bezerra. - 2018.

105f.: il.

Dissertação (Mestrado em Turismo) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Turismo. Natal,

RN, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Mauro Lemuel de Oliveira Alexandre.

1. Empreendimentos Hoteleiros - Dissertação. 2. Modelo Canvas - Dissertação. 3. Gestão

Estratégica - Dissertação. I. Alexandre, Mauro Lemuel de Oliveira. II. Universidade Federal

do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 658.012.2:338.486.2

Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355

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Um caminho traçado por mim, mas desbravado

para vocês; Francisca Matias, Antônio Tavares,

Maria José, Antônio Bezerra, Lenildo Tavares e

Lenilson Tavares.

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“Um dia vazio, mesmo claro e puro como qualquer noite, é escuro”.

Anne M. Frank

“Só você sabe a dificuldade que a vida lhe

impõe, mas Deus sabe tudo aquilo que você

pode suportar”.

L. Thavares

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AGRADECIMENTOS

Cada mérito e realização que alcançamos na vida, devemos agradecer.

Agradecer principalmente as pessoas que nos ajudaram e nos deram forças para

superar todas as barreiras, todos os obstáculos da árdua caminhada. Portanto,

expresso aqui meus agradecimentos a Deus por ter me proporcionado toda base

familiar que como qualquer outra família tem e passa por dificuldades, mas apesar

dos pesares sempre me deram coragem para a continuidade de meus estudos.

Agradeço principalmente aqueles por quem desbravei este caminho repleto

de conhecimento, sabedoria, amadurecimento pessoal e profissional. Sou grato

desde o momento em que eles depositaram em mim a confiança de que eu poderia

me tornar, ser e conseguir o que eu quisesse.

Gostaria de agradecer a vida e aos ciclos que a mesma proporciona,

principalmente aos de amizade, pois eles são essenciais para a sanidade durante os

momentos mais insanos e dolorosos, momentos de negação e de dúvidas a respeito

do meu trabalho, do meu caminhar científico. Gratidão é a palavra que devo usar

para aqueles que me levantaram quando mal conseguia estar de pé, que me fizeram

rir de forma verídica quando me expressava em sorrisos amargos, quando me

distraíram com conversas bobas em noites em claro e quando me fizeram passar no

sereno o que a noite teria para oferecer... A todos vocês devo uma imensa gratidão.

Por fim, gostaria de expressar a tamanha satisfação e prazer que tive ao ser

aluno dessa estimável instituição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

UFRN ou simplesmente UF como gosto de chamá-la. Verdadeiramente uma

segunda mãe. Sou grato pelos momentos vividos dentro de um curso que me

possibilitou enxergar o mundo de uma forma diferente. Agradeço pelos momentos

de reflexão, por fazer de seu entorno minha moradia e pelos grandes mestres.

Professores que a UF me proporcionou durante toda a graduação e o mestrado,

dentre eles o orientador desse estudo ao qual só tenho a agradecer pela paciência,

confiança e aprendizado. E como todo e qualquer ciclo da vida, essa etapa chega ao

fim com a leve sensação que em breve voltarei a ver e a agradecer a todos vocês

novamente.

Obrigado!

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDTD – Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações BMG – Business Model Generation CADASTUR – Sistema de Cadastro de Pessoas Físicas e Jurídicas CAPES – Coordenação de aperfeiçoamento de pessoas de nível superior ITA – Instituto tecnológico de Aeronáutica HVS – Hospitality Valuation Services JLL – Jones Lang LaSalle MTUR – Ministério do Turismo OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OMT – Organização Mundial do Turismo OTA – On-line Travel Agencies PIB – Produto Interno Bruto PN – Plano de Negócio PPGTUR – Programa de Pós-Graduação em Turismo PPGA – Programa de Pós-Graduação em Administração PROPESQ – Pró-Reitoria de Pesquisa PUCMINAS – Pontifícia Universidade Católica de Minas SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e pequenas Empresas TCE – Termo de Consentimento e Esclarecimento UFA – Universidade Federal de Alagoas UFLA – Universidade Federal de Lavras UFPB – Universidade Federal da Paraíba UFPE – Universidade Federal de Pernambuco UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos USP – Universidade de São Paulo

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 - Pesquisas depositadas no BDTD/UFRN e na CAPES 19 QUADRO 02 - Estudos recentes sobre o Modelo Canvas 20 QUADRO 03 - Definições de estratégia no contexto organizacional 26 QUADRO 04 - Autores clássicos e suas percepções da inovação 37 QUADRO 05 - As cinco Fases de Canais 46 QUADRO 06 - Correlação entre objetivos da pesquisa, categorias de análises e procedimentos metodológicos 52 QUADRO 07 - Correlação entre as categorias de análises, as dimensões analisadas e o roteiro de entrevista 57 QUADRO 08 - Mapa da árvore de palavras 67 QUADRO 09 - Mercado hoteleiro, tendências e necessidades 69 QUADRO 10 - Relação das estratégias desenvolvidas nas organizações hoteleiras 81 QUADRO 11 - Dificuldades, restrições e soluções da aplicabilidade do Canvas na hotelaria 90

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01 - Total de hotéis, flats e resorts no Brasil 36 TABELA 02 - Correlação entre tendências, necessidades e o mercado hoteleiro 70

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - Componentes do processo de gestão estratégica 30 FIGURA 02 - Cenário do mercado hoteleiro na América do Sul 34 FIGURA 03 - Diária média, RevPar e ocupação da rede hoteleira 35 FIGURA 04 - Os 4Ps do espaço inovador 39 FIGURA 05 - Business Model Canvas 44 FIGURA 06 - Modelo Canvas de Negócio – SEBRAE 50 FIGURA 07 - Mapa conceitual da dissertação 64 FIGURA 08 - Preocupações da gestão hoteleira 66 FIGURA 09 - Relação entre tendências, mercados e necessidades 71 FIGURA 10 e 11 - Aplicabilidade do Modelo Canvas - Hotel Safari 74 FIGURA 12 - Aplicabilidade do Modelo Canvas - Hotel Bruma 75 FIGURA 13 - Modelo Canvas SEBRAE - On-line 78 FIGURA 14 - Scrapbook 83 FIGURA 15 - Construção do relacionamento com o cliente 84 FIGURA 16 - Divulgação e propagação através das mídias sociais 85

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SUMÁRIO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA EM TURISMO E NEGÓCIO 15

2 TURISMO ESTRATÉGIA E FERRAMENTA DE GESTÃO 24

2.1 Conceitos e definições de estratégia no contexto organizacional 26

2.2 Os componentes da gestão estratégica 29

2.2 EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS: INOVAÇÃO E CONHECIMENTO 32

2.2.1 Panorama do mercado hoteleiro na América do Sul 32

2.2.2 Inovação e conhecimento 37

2.3 MODELO CANVAS COMO FERRAMENTA PRÁTICA DE GESTÃO 41

2.3.1 Pressupostos ontológicos 41

2.3.2 Modelo Canvas de Negócio 43

2.3.3 Os nove componentes do Canvas 44

3 CARACTERIZAÇÃO E ESPECIFICIDADES DA PESQUISA EM TURISMO

E NEGÓCIOS 51

3.1 Caracterização da pesquisa 51

3.2 Universo e campo de estudo 54

3.3 Coleta de dados 54

3.4 Procedimentos utilizados para a análise dos dados 60

3.5 Considerações éticas do estudo 61

4 NECESSIDADE E APLICABILIDADE DO CANVAS NA GESTÃO DE

EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS 66

4.1 TENDÊNCIAS E NECESSIDADES DA GESTÃO ESTRATÉGICA

HOTELEIRA 66

4.2 O MODELO CANVAS EM EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS 72

4.2.1 A forma de aplicabilidade do Modelo Canvas 72

4.2.2 O Canvas como ferramenta de aplicabilidade on-line 76

4.2.3 Contexto e direcionamento das estratégias 80

4.3 A EXPERIÊNCIA DE APLICAÇÃO DO MODELO CANVAS COMO

FERRAMENTA ESTRATÉGICA EM EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS 87

4.3.1 Canvas como ferramenta estratégica: dificuldades, restrições e soluções 89

5 ARREMATES FINAIS E PERSPECTIVAS DA PESQUISA 92

REFERÊNCIAS 94

APÊNDICES 98

ANEXO 103

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Bezerra, Leandro Tavares. (2018). Modelo Canvas aplicado à gestão estratégica

de empreendimentos hoteleiros. Dissertação de Mestrado, p. 105. Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal.

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo analisar a aplicabilidade do Modelo Canvas de Negócio como prática de gestão estratégica em empreendimentos hoteleiros. Tal modelo caracteriza-se como paradigma recente no contexto empresarial referente à modelagem de gestão de negócio. O Canvas é composto por nove componentes que juntos formam a estrutura denominada ideal para o desenvolvimento de um modelo de negócio (Pigneur e Osterwalder, 2011). Em termos metodológicos, este estudo possui caráter exploratório e abordagem qualitativa. A pesquisa envolve uma triangulação de técnicas de coleta de dados através de entrevista semiestruturada, aplicada com dois gestores brasileiros de empreendimentos hoteleiros distintos localizados em Natal/RN, análise documental e pesquisa-ação. Quanto à análise dos dados coletados está pesquisa realizou uma análise de conteúdo com o auxílio do Software Nvivo, utilizando resultados através de nuvem de palavras, mapa da árvore de palavras e correlação de variáveis. Nos resultados obtidos, se observa as preocupações dos gestores hoteleiros mediante um mercado competitivo e com estagnações tarifárias, repleto de tendências e necessidades na prestação dos serviços. Apresenta um mercado on-line em expansão, a necessidade de estratégias que engaje clientes e empresas, além da resistência empresarial na adesão de novos modelos e estratégias empresariais. Resultou que o Canvas demostrou-se uma ferramenta prática capaz de sintetizar a vida empresarial das empresas de forma visual. Mediante estudo de mercado contribui para desenvolver, aplicar e monitorar estratégias tornando os empreendimentos competitivos, agindo como um mapa mental e permitindo ao gestor utilizar o modelo de forma estratégica para desenvolver ações com base nas tendências e necessidades do mercado. A pesquisa conclui que o Canvas se aplica como uma ferramenta prática capaz de alinhar aspectos teórico, empírico e metodológico com a finalidade de aprimorar os diferentes processos organizacionais da rede hoteleira.

Palavras Chave: Modelo Canvas. Gestão Estratégica. Empreendimentos Hoteleiros.

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Bezerra, Leandro Tavares. (2018). Canvas model applied to the strategic management of hotel developments. Masters dissertation, p. 105. Federal Universty of Rio Grande do Norte – UFRN, Natal.

ABSTRACT

This study aims to analyze the applicability of the Business Canvas Model as a

strategic management practice in hotel developments. This model is characterized as

a recent paradigm in the business context regarding business management

modeling. Canvas is composed of nine components that together form the so-called

ideal structure for the development of a business model (Pigneur and Osterwalder,

2011). In methodological terms, this study has an exploratory character and a

qualitative approach. The research involves a triangulation of data collection

techniques through a semi-structured interview, applied with two Brazilian managers

of distinct hotel developments located in Natal / RN, documentary analysis and action

research. As for the analysis of the collected data this research carried out a content

analysis with the help of Software Nvivo, using results through word cloud, word tree

map and correlation of variables. In the obtained results, the hotel managers'

concerns are observed through a competitive market and with tariff stagnations, full

of tendencies and needs in the provision of services. It presents an expanding online

marketplace, the need for strategies that engage clients and companies, and

corporate resistance in the adhesion of new business models and strategies. It

turned out that Canvas has proved to be a practical tool capable of synthesizing the

business life of companies visually. Through market research, it contributes to the

development, application and monitoring of strategies making the enterprises

competitive, acting as a mental map and allowing the manager to use the model

strategically to develop actions based on market trends and needs. The research

concludes that Canvas is applied as a practical tool capable of aligning theoretical,

empirical and methodological aspects with the purpose of improving the different

organizational processes of the hotel network.

Keywords: Model Canvas. Strategic management. Hotel Enterprises.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA EM TURISMO E NEGÓCIO

O estudo inicia uma discussão teórico-empírica relacionando turismo e gestão

estratégica, especificamente em empreendimentos hoteleiros. Trata-se de um tema

desafiador por englobar gestão estratégica e o Modelo Canvas de Negócio ou

Business Model Canvas (BMC)1. O BMC se trata de um Modelo gerencial cujas

estratégias de aplicabilidade permitem ao gestor desenvolver novos modelos de

negócios ou modelar os existentes (Ostewalver & Pigneur, 2011b; Orofino, 2011).

Para Carrasco et al. (2014) o Business Model Canvas é um modelo que sintetiza a

vida empresarial a partir de sugestões permitindo críticas e modificações,

aumentando a possibilidade de sucesso e otimização de um empreendimento.

Entende-se por modelo de negócio a forma como a empresa visa obter lucros

e sustentá-los ao longo do tempo (Stewart & Zhao 2000). São escolhas realizadas

por uma empresa com a finalidade de gerar lucro. Englobam recursos e

competências para criar valor, por meio de produtos operacionalizados pela

empresa, interna ou externamente (Plé, Lecocq & Angot 2008). Trata-se da lógica

de criar, entregar e capturar valor para a organização (Osterwalder & Pigneur, 2011).

É fator de coerência das escolhas estratégicas das empresas, as quais são

possíveis às relações para criar valor tanto no nível operacional, como no tático e no

nível estratégico da organização (Nielsen & Lund, 2012). Independente da

abordagem adotada o comum de todas elas é que o modelo de negócio estrutura-se

na ideia de como criar e captar valor para a organização.

A procura por entender as teorias de criação e captação de valor a partir de

modelos de negócio tem sido estudada por muitos pequisadores das ciências

denominadas sociais aplicadas (Ducker, 1998; Affuah, 1998; Stewart & Zhaa, 2000;

OCD, 2005; Plé, Lecocq & Angot, 2008; Osterwalder & Pigneur, 2010 e 2011;

Bonazzi & Zilber 2014, etc.;). Esses pesquisadores buscam entender não apenas os

embates internos existentes nas organizações, mas também a relação dos fatores

externos que afetam toda e qualquer circustância organizacional. Bonazzi e Zilber

(2014, p. 618), alegam que “estudiosos da administração clássica focaram seus

estudos na gestão interna das organizações, pesquisadores mais contemporâneos

focaram suas análises nas características externas das empresas”. Para os autores

1 O Business Model Canvas (BMC), em tradução livre significa Quadro de Modelo de Negócios é fruto da tese

de doutorado de Alex Osterwalder em 2004, que gerou o Livro Business Model Generation, de A. Osterwalder,

Yves Pigneur, Alan Smith, publicado em 2010.

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essas externalidades influenciavam diretamente a produtividade da empresa

(Bonazzi & Zilber, 2014, p. 618). Segundo Castells (1999) os fatores externos são

resultados de uma sociedade altamente dinâmica, onde pode se observar a

necessidade de mudança constante como fruto da demanda do dia a dia de uma

empresa que busca diferentes metodologias a fim de suprir as necessidades de

seus clientes.

Tais necessidades estão inseridas em um contexto tecnológico que integra

uma sociedade globalizada e dinâmica aonde diversas abordagens teóricas e

práticas vêm sendo desenvolvidas almejando a resolução, minimização e

compreensão dos problemas administrativos, assim como, o entendimento funcional

da empresa. Toro-Jarrín et al. (2016, p. 213) dizem que “em um mundo onde as

mudanças ocorrem tão rápido, um olhar para o futuro não é apenas uma ferramenta

adicional para planejamento estratégico, mas um exercício essencial para cada

empresa”. É evidente a necessidade de adaptação, tal como, a busca por novos

mecanismos administrativos que possam aprimorar o desempenho das

organizações. Gimenez e Gimenez (2010, p. 52) alegam que “o surgimento de

novas tecnologias e suas incorporações de produtos e serviços causam impactos

profundos nas organizações de negócios, ameaçando sua sobrevivencia ou

oferecendo novas oportunidades de crescimento [...]”. Como consequência isso

acarreta no desenvolvimento de novas empresas ou no desenvolvimento de

iniciativas empreendedoras nas empresas existentes (Gimenez & Gimenez, 2010, p.

52).

Com base no contexto abordado e tendo como norte tanto os estudiosos

clássicos quanto contemporâneos, atentando-se para ambas as análises, externas e

internas das organizações. Tanto quanto para a tecnologia e a gestão estratégica

por acreditar que esses fatores podem desenvolver novas alternativas

organizacionais ligadas à inovação empresarial, possibilitando às empresas

aperfeiçoarem seus serviços e desenvolverem seu modelo de negócio vigente ou

em criação, utiliza-se aqui um dos paradigmas mais recentes no contexto

empresarial referente à modelagem de gestão de negócio que é o Business Model

Canvas (BMC), desenvolvido por Osterwalder e Pigneur (2011).

O BMC possui características bastante dinâmicas e passou a ser indicado por

empresas como o SEBRAE para desenvolver e moldar negócios de micro e

pequenas empresas. Juntando este motivo e aderindo a dinamicidade do mesmo, a

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pesquisa engloba o contexto organizacional de um dos setores mais dinâmicos

existentes na economia pós-moderna, o setor do turismo, em particular a rede

hoteleira.

Em suma, o gestor hoteleiro necessita do pensar estratégico em sua gestão

diária. O BMC pode se configurar como uma ferramenta capaz de ajudar no

desenvolvimento e no desempenho organizacional uma vez que o mesmo sintetiza a

vida empresarial. Um setor que conta com tantas mudanças organizacionais devido

a fatores externos, internos, nacionais e internacionais pode ter no Canvas um

modelo inovador de gestão estratégica que auxilia o ato da gestão. Com base no

exposto tem-se a seguinte questão; De que forma o Modelo Canvas se aplica a

gestão estratégia de empreendimentos hoteleiros? Tal questionamento norteia o

destrinchar deste estudo. Trazer à tona essa resposta pode significar o encontro de

uma ferramenta capaz de contribuir construtivamente e diariamente com a gestão

estratégica de empreendimentos hoteleiros que se tratam de empresas dinâmicas e

competitivas de forma global (Valladares & Filho, 2006).

É pertinente esclarecer que no meio desse mercado altamente competitivo de

produtos e serviços é que surge a busca por inovar, justificando a necessidade de

tornar-se competitivo. Frente a essa concepção, a inovação pode ser aplicada não

apenas a produtos e/ou serviços, mas a novos processos, modelos e técnicas o que

caracteriza como inovação organizacional (OCDE, 2005). Um exemplo recente de

modelo na área de modelagem de negócios, como mencionado, é o Business Model

Canvas (BMC) que possui como característica a inovação organizacional ao propor

que os gestores conheçam seus negócios a partir de um quadro ao qual expõe a

estrutura de sua empresa de forma visual e prática, segundo fundadores do modelo

(Ostewalver, Pigneur, 2011). Nessa perspectiva o BMC pode desempenhar um

papel importante em algumas empresas do setor turístico, um setor singular que

necessita de modelos que lhe permita inovar mediante um mercado altamente

competitivo, particularmente no que diz respeito a hotéis de pequeno e médio porte.

Estima-se que atualmente existem aproximadamente 41,3 mil prestadores de

serviços que estão registrados no Cadastur (Cadastro Nacional dos Prestadores de

Serviços Turísticos). Dos prestadores, as agências de viagens, receptivos e a rede

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hoteleira apresentam 95%2 das movimentações financeiras do setor turístico no

Brasil (Mtur, 2016). Desses prestadores de serviços se estima a existência de

10.314 (dez mil, trezentos e quatorze) hotéis no Brasil, segundo dados da JLL

(2017). Tais dados dão suporte para entender a dimensão da atividade quanto ao

número de empreendimentos que tem como base a atividade hoteleira. A hotelaria é

um setor em expansão constante, se torna nítido a necessita de aderir modelos

estratégicos para conseguir, criar, gerir e captar valor e inovação para essas

organizações.

Opta-se por estudar o BMC dentro da rede hoteleira devido a necessidade de

inovação organizacional que possa fazer dessas redes competitivas no cenário de

crise política e econômica ao qual o país vem passando e que afeta diretamente o

setor do turismo e consequentemente a rede hoteleira.

Tendo como intuito complementar a importância dessa temática se fez

necessário entender como ela vem sendo abordada na academia desde a

publicação do Business Model Generation, Livro que deu origem ao BMC. Para isso

foi realizado um levantamento que observou os estudos recentes sobre a temática.

Esse levantamento ocorreu na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foram pesquisados

trabalhos inseridos no Programa de Pós-Graduação em Turismo (PPGTUR) e no

Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA). O PPGA foi escolhido

devido o Canvas está voltado à modelagem de organizações empresariais o que

condiz com a área de estudo da administração. Também foi realizada uma pesquisa

no Banco de Teses e Dissertações da CAPES pelos trabalhos de conclusão de

cursos em nível de mestrado e doutorado a partir de 2011, ano ao qual foi

desenvolvida a tese que deu origem ao Business Model Canvas.

A pesquisa foi realizada com a finalidade de encontrar palavras que

abrangessem a temática, tal como; Canvas, Canvas e turismo, Business Model

Canvas ou até mesmo Business Model Generations. O intuito foi encontra-las como

temática abordada no título das teses e dissertações, em palavras chave ou nos

resumos dos trabalhos publicados até junho de 2018.

2 Dados divulgados pela Associação Brasileira de empresas de eventos – ABEOC - Brasil: Disponível em

<http://www.abeoc.org.br/2015/05/pequenos-negocios-movimentam-95-do-turismo-no-brasil/>. Acesso em 07. Out. 2016

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QUADRO 01: Pesquisas depositadas no BDTD/UFRN e na CAPES

LOCAL

PESQUISADO

PPGTUR

BDTD Mestrado

PPGTUR

BDTD Doutorado

PPGA BDTD

Mestrado

PPGA BDTD

Doutorado

CAPES

TOTAL

PESQUISADO

92

02

210

50

162

TOTAL

ENCONTRADO

00

00

00

01

3

13

TEMÁTICA PESQUISADA

BMC,

Canvas, Canvas e Turismo,

BMG

BMC, Canvas,

Canvas e Turismo, BMG

BMC,

Canvas, Canvas e Turismo,

BMG

BMC,

Canvas, Canvas e Turismo,

BMG

CANVAS4

Fonte: Dados da Pesquisa, 2018.

É possível destacar que as temáticas referentes ao BMC são inexistentes

tanto nas teses e dissertação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), na área de administração quanto na de turismo. A única encontrada não

abrange diretamente o BMC, mas sim uma versão que atua com uma dinâmica

diferente. Discutir sobre Business Model Canvas se trata de um desbravamento

dentro da instituição e também fora dela já que no Banco Digital de Teses e

Dissertações da CAPES, conforme quadro 01, foi possível encontrar apenas 13

trabalhos que possuem abordagem direta ao BMC para entender as complexidades

existentes entre as empresas e os desafios do modelo de negócio. Além disso,

nenhum dos trabalhos estão relacionados ao turismo.

O quadro a seguir mostra às áreas de estudos que atentam para este modelo,

informa nome de autores, o título de seus trabalhos, as áreas às quais tais trabalhos

pertencem e o ano ao qual foi realizada a publicação. É possível ter ideia da

produção acadêmica atual que aborda o BMC como estudo. E se torna perceptível

sua ascensão em diferentes áreas que vão além da administração e do turismo.

3 Life Cycle Canvas (LCC): análise de um modelo de gestão visual para o planejamento de projetos

4 Dentro do banco de dados da Capes foi trabalhado apenas a palavra Canvas pelo fato desta dar condição de

filtragem precisa para com os trabalhos, uma vez que as demais palavras abrangiam muitos trabalhos que não faziam parte do quadro pesquisado. Sendo assim, optou-se pela utilização da mesma, onde mesmo assim, ainda foi possível encontrar trabalhos fora do contexto, os mesmos foram filtrados.

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QUADRO 02: Estudos recentes sobre o Modelo Canvas

AUTORES

TÍTULO

ÁREA

INST. DE ENSINO

ANO

VARGAS, Verónica

Carolina Lima

Uma extensão do design

thinking canvas com foco em Modelos de Negócios para a

indústria de games.

Mestrado em Design

UFPE

2015

LOPES, Tobias da Silveira

Uso da Metodologia Canvas

para o Planejamento e Desenvolvimento de Novos

Negócios

Mestrado

Profissional em Gestão em

Organizações

UFPB

2015

LENS, Andres Jacinto Lopez

Business Model Canvas como suporte ao diagnóstico de

capital intelectual

Mestrado

Profissional em Engenharia

Aeronáutica e Mecânica

ITA

2015

ALMADA, Viviane da Silva

Contribuições do Design

Estratégico para o desenvolvimento de novos Modelos de Negócios no

contexto de empresas startups

Mestrado em Design

UNISINOS

2015

PACHECO, Fabiana Beal

Modelos de Negócio para

produtos/serviços baseados em internet das coisas: o caso

de uma empresa de automação residencial

Mestrado em Administração

UNISINOS

2015

FILHO,

Francisco Barreto Costa

Pimentel

Um estudo da adoção das práticas de Lean Startup, Business Model Canvas e

desenvolvimento de clientes para startups.

Mestrado em Ciências da Computação

UFPE

2014

TEIXEIRA, Lucas de Carvalho

Marinho

Estratégias Competitivas em

Modelos de Negócios de Bancos Públicos Federais

Doutorado em Administração

PUCMINAS

2014

GERMANO, Edson Carlos

Modelos de Negócios

adotados para o uso de dados governamentais abertos: estudo exploratório de

prestadores de serviços na cadeia de valor dos dados governamentais abertos

Mestrado em Administração

USP

2013

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ARAUJO, André Luiz monteiro de

Métodos de Design como instrumento para construção

de Modelos de Negócio

Mestrado em

designer

UFPE

2013

MELIANDE, Luís Otávio vieira

Labamazon: estruturação de

um modelo de negócios inovador para a promoção de

atividades científicas e tecnológicas na Amazônia'

Doutorado em engenharia da

produção

UFRJ

2013

GONÇALVES, Eduardo Jardel

Veiga

Análise e desenvolvimento de modelos de negócio em Spin-offs acadêmicos: um estudo junto a empresas da Inbatec

UFLA

Mestrado em administração

UFLA

2012

TAVARES, Nathália

Vasconcelos

Base da pirâmide econômica e modelos de negócios: estudo

de casos múltiplos no segmento lácteo do sul de

minas gerais

Mestrado em administração

UFA

2012

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Após o levantamento dos dados, esse estudo justifica a necessidade de

contribuir com a evolução do conhecimento na área de modelagem de negócios. É

perceptível que as discussões de teses e dissertações que abrangem essa temática

são incipientes dentro das academias. Sobre as pesquisas que apresentam o BMC

como assunto estudado, observa-se que não existe dentro das fontes pesquisadas

conteúdo do BMC aplicado a rede hoteleira. Como trabalhar esse modelo na

hotelaria é objeto direto dessa dissertação, assim o estudo contribui não apenas

para a produção do conhecimento ajudando a desenvolver e entender pesquisas

nessa temática, mas também ao mercado no que diz respeito ao desenvolvimento e

aplicabilidade de um novo modelo de negócio para entender às organizações e

contribuir com a gestão das empresas hoteleiras.

O referido tema foi escolhido tendo verificado a lacuna teórica mencionada,

sua relevância, sua viabilidade e possibilidade de apresentar transformações

recentes dentro das organizações. Como justificativa pessoal se tem a proximidade

do pesquisador que é atuante na rede hoteleira de forma operacional desde o início

de sua formação. Dessa vivencia, surge a preocupação na busca de novos métodos,

técnicas e modelos que possam ajudar a desenvolver o setor hoteleiro. BMC além

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de estudo acadêmico se torna um fator de interesse pessoal e profissional do

pesquisador.

Para desenvolver a pesquisa estabelece-se como objetivo; Apresentar aos

gestores as formas de aplicabilidade do Modelo Canvas em situações reais da

hotelaria;

Como objetivos intermediários têm-se:

a) Identificar tendências e necessidades da gestão estratégica dos

empreendimentos hoteleiros;

b) Aplicar o Modelo Canvas de Negócio como ferramenta de gestão

estratégica em empreendimentos hoteleiros.

c) Descrever a experiência de aplicação do Modelo Canvas como ferramenta

estratégica em empreendimentos hoteleiros:

Após a contextualização da pesquisa em turismo e negócio que realizou um

panorama sobre gestão estratégica, turismo e modelo de negócio, em particular o

BMC, para alcançar os objetivos propostos, a partir desse ponto, a dissertação está

estruturada em quatro partes, são elas; Turismo, estratégia e ferramenta de gestão,

caracterização e especificidade da pesquisa em turismo e negócio, necessidade e

aplicabilidade do Canvas na gestão de empreendimentos hoteleiros, arremates finais

e perspectivas da pesquisa.

A seção a seguir fundamenta a relação do turismo com a gestão estratégica.

Apresenta alguns dos principais conceitos e definições de estratégia no contexto

organizacional. Da ênfase a gestão dos empreendimentos hoteleiros e mostra um

breve panorama sobre a rede hoteleira na América do Sul. Ressalta a importância

da inovação para o desenvolvimento das organizações existentes nesse mercado.

Para finalizar a seção apresenta o Business Model Canvas e os quadrantes que o

compõe. Nessa parte reserva-se espaço para explicar sua funcionalidade quanto

modelo de negócio e também a concepção ontológica que é tratada como fator

fundamental para entender o desenvolvimento do modelo.

A terceira parte desse estudo apresenta os métodos utilizados para a

construção da pesquisa, sua caracterização, as técnicas utilizadas para a coleta de

dados e os procedimentos utilizados para a análise dos dados. Mostra as relações

presentes entre o objetivo da pesquisa, as categorias de análises e os

procedimentos metodológicos utilizados. O software utilizado para a tabulação de

dados e o roteiro semiestruturado que compõe parte da coleta de dados.

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A quarta parte da pesquisa se trata dos resultados, cujo intuito vai além de

apontar teorias e padrões existentes nas respostas, mas tem como foco apresentar

discussões e reflexões que possam ser levadas em consideração e que ajudem a

pensadores e gestores da gestão hoteleira. A seção está redigida em três partes que

trazem resultados e discussões sobre o processo de aplicação do Modelo Canvas

de Negócio e como ele pode contribuir como ferramenta de gestão estratégica

hoteleira. Além disso, apresenta as dificuldades, restrições e soluções do estudo.

Por fim, os arremates finais e perspectivas da pesquisa apresentam as

contribuições do estudo e ressalta a importância de pesquisas futuras atentarem

para a utilização do Business Model Canvas como prática de gestão de negócios.

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2. TURISMO ESTRATÉGIA E FERRAMENTA DE GESTÃO

O século XXI é caracterizado pelo desenvolvimento da revolução digital, da

globalização e da informação. Vive-se a tão mencionada Sociedade em Rede5 que

apresenta uma relação intrínseca entre a dinâmica econômica e social da nova era

da informação que emerge no último quarto do século XX (Castells, 1996). Tais

características presentes no corrente século afetam de forma direta e indireta

setores econômicos, sociais, culturais e empresariais. Desde esse princípio, alguns

ambientes como o de negócios vêm passando por profundas modificações, assim

como, o turismo que segundo Coelho (2013, p. 9) “é uma atividade interlocutora das

culturas, costumes globais e modelos estratégicos da era contemporânea em função

da sua característica socioeconômica”. Gerir a atividade turística de forma

estratégica torna-se um desafio diante dos embates mercadológicos existentes.

Segundo Cooper (2001) a atividade turística mesmo sendo vista como um

processo que engloba basicamente um ciclo de atividade que inclui transporte,

hospedagem, alimentação e entretenimento deve ser estudada como um setor

econômico em si, com estruturas de transformações em abordagens administrativas,

estratégicas e industriais. Para Petrocchi (2009) esse ciclo de atividades são as

múltiplas atividades que compõe o turismo. O autor enfatiza dizendo que esse

conjunto constitui o ambiente de negócios do turismo e representa um ciclo de

serviços. Com base nas afirmações, faz-se a entender que o ambiente de negócios

não se vincula apenas as questões relacionadas ao planejamento estratégico de

destinos turísticos, mas também as questões empresariais ao qual o turismo está

inserido. Considera-se que a dinâmica empresarial, principalmente, para as

empresas que atuam diretamente com a atividade turística, como no caso dos

hotéis, devem apresentar estratégias para o desenvolvimento competitivo e seu

processo de administração.

Para tanto, entende-se por administração;

[...] o sistema estruturado e intuitivo que consolida um conjunto de princípios, processos e funções para alavancar, harmoniosamente, o processo de planejamento de situações futuras desejadas e seu posterior controle e avaliação de eficiência, eficácia e efetividade, bem como a organização – estruturação – e a direção dos recursos alocados nas áreas funcionais das empresas, orientadas para os

5 Sociedade em Rede, primeiro volume da trilogia A Era da Informação: Economia, sociedade e cultura que foi

editado em língua inglesa em 1997 e, em Português, em 1999, escrito por Manuel Castells.

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resultados esperados, com a minimização dos conflitos interpessoais (Oliveira 2009 p. 08).

Quando se agrega à administração o adjetivo estratégia refere-se a algo mais

complexo a ser estudado e analisado. Wright, Kroll e Parnell (2000, p. 24) dizem que

“estratégia refere-se aos planos da alta administração para alcançar resultados

consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização”. Administração

voltada à forma estratégica é um termo mais amplo que abrange os ambientes

internos e externos da organização. Para Porter (1989), o conceito de estratégia

aplicado às organizações liga algumas questões práticas e teóricas que têm como

antecedente a estratégia derivada da versão militar presente nos períodos que

remetem ao tempo de Júlio César e Alexandre Magno, isso porque a palavra

estratégia em seu precedente etimológico vem do grego “stratègós”, sendo stratos

referente a exército e ago referente a liderança. Seu significado original seria a arte

do general, isso porque o mesmo era quem implantava estratégias voltadas ao

combate.

A estratégia na atualidade segundo Mañas (2001, p. 43), “[...] se caracteriza

pela composição de planos e objetivos traçados com uma finalidade predeterminada

para que a organização atinja os resultados convencionados, comunicados e

formalizados”. Onde outrora se atuava um general, hoje se atua um líder, um gestor

com a finalidade de criar, desenvolver e aplicar estratégias voltadas à organização.

Para Tavares (2008, p. 70), “a gestão estratégica abrange o processo de formulação

e implementação de estratégias e a concepção e adoção de um modelo

organizacional adequado à implementação da estratégia delineada”. O autor

menciona que a gestão estratégica implica na definição do escopo de negócio e a

análise do nível do ambiente externo da organização, das forças macroeconômicas,

dos relacionamentos e do ambiente competitivo. De acordo com as definições

mencionadas, gestão estratégica pode ser entendida como um conjunto de decisões

que determinam o desempenho e o futuro da organização.

A estratégia caracteriza-se como prática necessária para o desenvolvimento

da organização, isso mediante os conceitos apresentados. Pensar nas organizações

turísticas de forma estratégica requer pensar em variáveis externas e internas que

podem afetar de forma positiva ou negativa a gestão de uma empresa, para isso, é

necessário entender os seus conceitos, componentes e definições dentro de um

contexto organizacional. Tais conceitos servem como base para o entendimento do

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que é a gestão estratégica e como a mesma se desenvolveu ao longo do tempo, só

a partir desses entendimentos é que se pode ter uma ação estratégica no contexto

organizacional.

2.1. Conceitos e definições de estratégia no contexto organizacional

Para Mainardes, Ferreira e Raposa (2011, p. 281), “A estratégia tem uma

amplitude e abrangência, englobando o conceito de eficácia operacional citada por

Porter (1996) e não pode ser confundida com suas táticas”. Tavares (2008) alega

que várias foram as abordagens6 e contextos que serviram como base para o

desenvolvimento dos estudos e sistematizações chegarem ao que hoje se chama de

gestão estratégica. Como forma de entender esse processo de criação de conceitos,

a seguir são apresentadas as definições de estratégia utilizadas por diferentes

autores ao longo do tempo, dando ênfase de fato, ao contexto organizacional.

QUADRO 03 – Definições de estratégia no contexto organizacional

AUTORES

DEFINIÇÕES

Barnard (1938)

Estratégia é o que importa para a eficácia da organização, seja do ponto de vista externo. Em que salienta a pertinência dos objetivos face ao meio envolvente, ou do ponto de vista interno, no qual salienta o equilíbrio da comunicação dos membros da organização e a vontade de contribuir para a ação e para a realização de objetivos comuns.

Von Neumann e Morgenstern

(1947)

Estratégia é uma série de ações realizadas por uma empresa conforme uma situação em particular.

Drucker (1962)

Estratégia é a análise de situação atual e de mudanças se necessárias. Incorpora-se a esta análise os recursos disponíveis e os que precisam ser adquiridos.

Chandler

(1962)

Estratégia é a fixação de objetivos básicos de longo prazo de uma empresa e a adoção de ações adequadas e recursos para atingir esses objetivos.

Ansoff (1965)

Estratégia é um conjunto de decisões determinadas pelo mercado do produto a comercializar, crescimento objetivado, vantagens competitivas da organização e sinergia organizacional.

Mintzberg

Estratégia é a soma das decisões tomadas por uma organização em todos os aspectos, tanto comerciais quanto estruturais, sendo que a estratégia evolui de

6 Alfred D. Chandler Jr. (1961). Analisando as mudanças estruturais ocorridas nas organizações.

Alfred P. Sloan Jr. (1963) com a publicação de um livro relatando o conceito organizacional, “Meus anos com o General Motors” considerado por Peter Ducker (1975) o melhor livro de administração já publicado. Andrews (1971) ministrou na década de 60 o curso pioneiro de política de empresas na Havard Business School. Glick (1981), com a estabilização das fases do planejamento financeiro; planejamento estratégico; planejamento a longo prazo; e administração ou gestão estratégica.

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(1967) acordo com o processo de aprendizado do gestor da firma.

Cannon (1968)

Estratégia são as decisões voltadas à realização de ações direcionadas, que são requeridas para que a empresa seja competitiva e alcance os seus objetivos.

Learned, Christensen, Andrews e Guth (1969)

Estratégia é o conjunto de objetivos, propostas, macro diretrizes e planos para alcançar estes objetivos, que declara em qual caminho a empresa deve seguir, ou qual é o tipo de negócio da empresa, ou ainda o que a empresa quer ser.

Newman e

Logan (1971)

Estratégias são planos que veem o futuro e antecipam mudanças. Oferecem ações que levam a vantagens competitivas para aproveitar uma ou mais oportunidades, e são integradas na missão da organização.

Schendel e

Hatten (1972)

Estratégia é definida com os objetivos básicos da organização, as diretrizes para orientar as ações e atingir estes objetivos, e a alocação de recursos para a organização se relacionar com seu ambiente.

Uyterhoeven, Ackerman e Rosenblun

(1973)

Estratégia e prover direção e coesão na empresa, e é composta por diversos passos: identificar os vários perfis estratégicos, realizar uma previsão estratégica, auditar os recursos disponíveis, avaliar as alternativas de possíveis estratégias, testar a consistência de estratégias potenciais, realizar a escolha da estratégia a seguir.

Ackoff (1974)

Estratégia é ligada aos objetivos de longo prazo e os caminhos para conquista-los, e que afetam toda a organização.

Paine e Naumes (1975)

Estratégias são macroações ou padrões de ações para atingimento dos objetivos da empresa.

McCarthy,

Minichello e Curran (1975)

Estratégia é uma análise do ambiente onde está a organização, e seleção de alternativas que irão orientar os recursos e objetivos da organização, conforme o risco e possibilidades de lucros, e viabilidade que cada alternativa oferece.

Glueck (1976)

Estratégia é um plano de unificação, compreensão e integração da empresa, desenhado para assegurar que os objetivos da organização serão alcançados.

Michel (1976)

Estratégia é a decisão sobre quais recursos devem ser adquiridos e usados para que se possam tirar proveitos das oportunidades e minimizar fatores que ameaçam a consecução dos resultados desejados.

McNichols

(1977)

Estratégia está inserida em uma formulação de políticas: ela contém uma série de decisões que refletem os objetivos básicos do negócio da organização, e como utilizar as capacidades e recursos internos para atingir estes objetivos

Steiner e

Miner (1977)

Estratégia é a formulação das missões, propósitos e objetivos organizacionais básicos; políticas e programas para atingi-los; e métodos necessários para assegurar que as estratégias serão implementadas para se conseguir atingir os objetivos organizacionais.

Ansoff (1979)

Estratégia é um conjunto de regras de tomada de decisão em condições de desconhecimento parcial. As decisões estratégicas dizem respeito à relação da empresa com seu ecossistema.

Mintzberg

(1979)

Estratégia é uma mediação de forças entre a organização e seu ambiente: estabelece padrões consistentes de decisões organizacionais conforme o ambiente vivenciado.

Schendel e

Estratégia provê sugestões de direções para a organização que permite a empresa alcançar seus objetivos, e responder as oportunidades e ameaças do

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Hofer (1979) ambiente externo.

Bracker (1980)

Estratégia tem duas características: uma análise situacional ou ambiental que determina a posição da empresa no mercado; o uso apropriado dos recursos da empresa para alcançar os seus objetivos.

Hambrick

(1980)

Estratégia é o padrão de decisões que orientam a organização em seu relacionamento com o ambiente, afetam os processos e as estruturas internas, assim como influencia no desempenho da organização.

Porter (1981)

Estratégia é a escolha da firma de variáveis de decisão-chave, como preço, promoção, quantidade e qualidade. A empresa, para ter bom desempenho, deve se posicionar corretamente na indústria.

Mintzberg e McHugh (1985)

Estratégia é um padrão em uma corrente de ações ou decisões. Desconsidera possibilidades de diferentes estratégias para condições ambientais diversas.

Porter (1985)

Estratégia é o conjunto de ações ofensivas ou defensivas para criar uma posição defensável numa indústria, para enfrentar com sucesso as forças competitivas e, assim, obter um retorno maior sobre o investimento.

Fahey (1989)

Estratégia explicita como a empresa utilizará os seus recursos e capacidade para construir e sustentar as vantagens competitivas que influenciarão de forma favorável às decisões de compra dos clientes.

Henderson

(1989)

Estratégia é, sob o enfoque emergente, o uso da imaginação e da lógica para responder ao meio ambiente de tal forma que se gere como resultado uma vantagem competitiva para a empresa.

Ansoff e McDonell

(1990)

Estratégia é um conjunto de regras de tomada de decisão para orientação do comportamento de uma organização. Há quantos tipos distintos de regras: padrões pelos quais o desempenho presente e futuro da empresa é medido (objetivos, metas); regras para o desenvolvimento da relação com seu ambiente externo (estratégia de produto e mercado, ou estratégia empresarial); regras para o estabelecimento das relações e dos processos internos na organização (conceitos organizacionais); regras pelas quais a empresa conduzirá suas atividades do dia-a-dia (políticas operacionais).

Andrews (1991)

Estratégia é o padrão de decisão em uma empresa que determina e releva seus objetivos, propósitos ou metas, produz as principais políticas e planos para a obtenção dessas metas e definir a escala de negócios que a empresa deve se envolver, o tipo de organização econômica e humana que pretende ser, assim como a natureza da contribuição econômica e não econômica que pretende proporcionar a seus acionistas, funcionários e comunidades.

Henderson

(1991)

Estratégia é a busca deliberada por um plano de ação para desenvolver e ajustar a vantagem competitiva de uma empresa. As diferenças entre a organização e seus competidores são à base de sua vantagem competitiva.

Mintzberg e Quinn (1991)

Estratégia é um modelo ou plano que integra os objetivos, as políticas e as ações sequenciais de uma organização, em um todo coeso.

Rumelt, Schendel e

Teece (1994)

Estratégia é a definição da direção das organizações. Isso inclui assuntos de preocupação primária para o gestor, ou qualquer pessoa que busque razões para o sucesso e fracasso entre as organizações.

Thompson Jr. E Strickland III

(1995)

Estratégia é um conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que os gestores executam para atingir o melhor desempenho da empresa. É o planejamento do jogo de gerência para reforçar a posição da organização no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos de

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desempenho.

Miller e Dess

(1996)

Estratégia é um conjunto de planos feitos ou decisões tomadas num esforço para ajudar as organizações a atingirem seus objetivos

Porter (1996)

Estratégia significa desempenhar atividades diferentes das exercidas pelos rivais ou desempenhar as mesmas atividades de maneira diferente.

Wright, Kroll e Pamell (1997)

Estratégia é um conjunto de planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização.

Mintzberg, Ahlstrand e

Lampel (1998)

Estratégia é força mediadora entre organização e o seu meio envolvente, centrando-se nas decisões e ações que surgem naturalmente. A formação de estratégia não se limita aos processos intencionais. Mas pode ocorrer como um padrão de ações formalizadas ou não.

Barney (2001)

Estratégia é a teoria da firma de como competir com sucesso. Considera também o desempenho como um fator influenciado pela estratégia, já que pode considerar que competir com sucesso significa ter um desempenho satisfatório.

Fonte: Mainardes, Ferreira e Raposa (2011).

É perceptível que não existe uma definição única sobre estratégia. Todas as

definições são importantes para entender que estratégia parte do pressuposto da

antecipação de cenários, planos e ações futuras (Schnaars 1991). Para Nicolau

(2001, p. 03), “todas as definições de estratégia assentam na inseparabilidade entre

organização e o meio envolvente que, se por um lado representa uma condicionante

à sua atividade, por outro, lhe oferece oportunidades que importa aproveitar”.

Diante de tantas definições é possível entender que a estratégia é cercada

por variáveis que influenciam o desenvolvimento e a aplicabilidade dos cenários,

planos e ações (Von Neumann & Morgenstern (1947), Schendel & Hatten (1972),

Paine & Naumes (1975), Poter (1985), Miller & Dess (1996)). Essas variáveis são

componentes fundamentais para entender a dinâmica organizacional.

Consequentemente, a seguir reserva-se a necessidade de explanar sobre os

componentes presentes na gestão estratégica.

2.2 Os componentes da gestão estratégica

A gestão estratégica constitui um processo complexo em busca de melhorias

atuais e futuras da organização. Ela surge como uma parte do planejamento e agora

é tido como um dos seus principais instrumentos. No planejamento estratégico os

objetivos e os programas de ações são aplicados baseando-os nas questões

internas e externas. A gestão estratégica acrescentou o processo nas observações,

ações e correções acompanhando os passos do planejamento e controlando as

variáveis que possam interferir, uniu-se em um mesmo processo o planejamento e a

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gestão (Poter, 1989). Para entender a gestão estratégica é necessário o

entendimento do mundo externo à organização como menciona Tavares (2008).

A figura 01 criada por Tavares (2008) idealiza os componentes da gestão

estratégica em sua totalidade, ou seja, levando em consideração os fatores internos

e externos.

FIGURA 01: Componentes do processo de gestão estratégica

Fonte: Tavares (2008).

Todas as questões que englobam a ilustração são necessárias para a

implantação de processos estratégicos. Esse tipo de gestão engloba desde as

questões do macroambiente do negócio até as relações culturais e sociais

existentes na empresa.

As implantações de modelos estratégicos e tomadas de decisões para serem

levados em conta requerem análises dos componentes da gestão estratégica. Para

Corson, Raimundini, Granado e Muniz (2014), no processo de tomada de decisão

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diferentes perspectivas têm que serem consideradas, entre elas, as etapas de

processos decisórios e as metodologias para a interpretação do ambiente com vista

à elaboração de cenários futuros (ver estudos respectivos de Russo e Schoemaker

(1993) e Hammond, Keeney e Raiffa (1999), Godet (1993) e Lesca (2003)).

Granada e Muniz (2014) alegam que esses autores utilizavam dos estudos de Simon

(1972) que diz que o processo estratégico envolve três etapas; (I) coleta de dados

para análise do ambiente e a identificação das oportunidades e ameaças; (II) a

criação, compreendida pelo desenvolvimento e análise dos possíveis cursos de

ação, ou simplesmente a estrutura da decisão; (III) a escolha de uma determinada

ação entre as disponíveis (Corson, Raimundini, Granado e Muniz, 2014). Analisando

essas etapas é possível diagnosticar que a função da gestão estratégica pode ser

entendida a partir daquela defendida por Tavares (2008). Para o autor as funções da

gestão estratégicas são;

Proporcionar maior interação da organização com o seu meio ambiente

em uma perspectiva sistêmica e propositada do futuro;

Estabelecer foco e significado na busca da visão, missão, competências

essenciais e distintivas, cultivo e prática de valores;

Determinar instâncias no processo decisório tornando mais ágil e

coerente;

Definir um escopo competitivo, delineamento de estratégias e

estabelecimentos dos objetivos, metas, permitindo o desenvolvimento de

planos de ações mais oportunos e adequados;

Viabilizar desenvolvimento de modelos organizacionais que se adequem

as demandas ambientais, com a integração de pessoas, habilidade e

recursos;

Estabelecimento de mecanismos de avaliação e controle que se voltem

para a eficácia, a eficiência e a efetividade da organização.

A gestão estratégica requer etapas para que assim possa alcançar a eficácia.

A sua função é desempenhar o papel necessário para a organização. Dentro da

perspectiva trabalhada nota-se sua complexidade e aplicá-la a empreendimentos

sejam estes voltados ao comercio ou ao serviço é antes de tudo um desafio.

Principalmente quando se trata da rede hoteleira que por sua vez apresenta-se

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como uma organização dinâmica devido à dinamicidade daquilo que conduz a

organização, a atividade turística.

Nesse ponto há necessidade de gerir tais empreendimentos de forma

inovadora atentando para os fatores externos e internos já que eles são

fundamentais para o desenvolvimento de uma gestão estratégica de excelência.

2.2 EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS: INOVAÇÃO E CONHECIMENTO

2.2.1 Panorama do mercado hoteleiro na América do Sul

Algumas das cidades brasileiras iniciaram a transformação do seu tecido

urbano com foco no setor hoteleiro a cerca de cinco anos. Inicialmente para a copa

do Mundo de 2014 e depois o foco nas Olímpiadas do Rio de Janeiro em 2016

(Bertão, 2017). Esses eventos despertaram investimentos de redes empresariais

que viram no turismo e na hotelaria oportunidade de crescimento financeiro.

Antes mesmo desses megaeventos a rede hoteleira já se encontrava

estabilizada no país. Bertão (2017) alega que nos últimos anos foram inaugurados

aproximadamente 525 novos empreendimentos hoteleiros. A construção de um hotel

leva em torno de três anos até chegar a sua fase de funcionamento, assim é

perceptível que esses empreendimentos requereram de atenção e organização.

Tantos empreendimentos hoteleiros causaram problemas ao setor e por fim tais

problemas foram definidos como crise. Bertão (2017) diz que outros fatores também

explicam a atual crise que a hotelaria vem passando, esses fatores são

consequências enfrentadas em todo o globo como reservas on-line em plataformas

como Airbnb. Em tese, a autora alega que;

Lugares turísticos sofrem a concorrência de plataformas de estada, como o Airbnb que oferece quartos desocupados para quem vai se hospedar por curta temporada. Em 2016, o número de hospedagens do site cresceu 140%. A situação do mercado hoteleiro está difícil em todo o Brasil, mas há regiões que sofrem muito mais. Quem apostou na ascensão do mercado de óleo e gás perdeu dinheiro com o sumiço da demanda. Cidades como Santos, no litoral de São Paulo, e Macaé, no Rio, têm hotéis vazios. Um hotel da rede francesa Accor, instalado na região do Valongo, em Santos, nunca teve mais de 10% de ocupação. Está cravado ao lado dos escritórios da Petrobras na cidade. A expectativa em torno do desenvolvimento do Pré-sal fez com que a cidade triplicasse a capacidade hoteleira desde 2012, para 4.860 quartos. Mais 858 quartos serão entregues

até 2019. (Bertão, 2017).

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O mercado hoteleiro é afetado diretamente por cenários críticos dos fatores

econômicos e políticos que se estendem no território brasileiro. Gerir

empreendimentos hoteleiros no Brasil tem se tornado cada vez mais desafiador

devido à crise política e econômica que o país vem passando (HVS, 2016), (JLL,

2016). Dados da HVS (2016) colocam esses fatores como responsáveis pelo

desempenho da rede hoteleira no ano de 2015, mas também novas ofertas de

mercado como o mencionado Airbnb. A consequência disso é que o mercado Sul-

americano apresentou queda em médias de diárias e ocupação, em especial por

causa do Brasil, exatamente por causa das crises que se estende no país gerando

consequências a sua instabilidade.

Dados da JLL7 (2016 p. 02), alegam que “pela primeira vez em mais de 10

anos houve uma queda no RevPar8 dos hotéis”.

O impacto da queda de quase 4% do PIB brasileiro no desempenho dos hotéis foi significativo. A taxa de ocupação dos hotéis seguiu a tendência de queda dos últimos anos, porém em 2015 atingiu aproximadamente um nível de 8%, levando a média de ocupação para abaixo de 60%, o que não acontecia desde 2006 (JLL, 2016, p. 04).

Os índices mostram que o ano de 2016 passou por turbulências empresárias

na área da hotelaria por consequência de forças externas e internas ao mercado no

ano de 2015. Em 2015 a JLL (2016) já alegava que o ano de 2016 não seria um ano

diferente e possivelmente o RevPar seria igual ou cairia ainda mais quando

comparado ao de 2015, e a probabilidade era que se perpetuasse nos anos de 2017

e 2018, sendo poucas as chances de ascensão. De fato, a crise se estendeu na

rede hoteleira nos anos mencionados acarretando em maiores complicações para o

mercado e na possibilidade de novos entrantes.

Com a necessidade de analisar e comparar com demais países explana-se a

seguir a figura do cenário atual do mercado hoteleiro na América do Sul. Nas

análises realizadas é possível observar que o Brasil teve queda em todos os

sentidos, desde a média de ocupação até o RevPar, sem sequer apresentar

perspectiva de estabilidade, tornando-se o único país da América do Sul a sofre

impactos negativos em todos os índices analisados entre o ano de 2015 a 2016.

7 Multinacional que oferece para empresas e investidores um panorama sobre a situação imobiliária brasileira.

8 Revenue per Available Room (Receita por quartos disponíveis). É o índice utilizado para realizar a avalição de

comparação das receitas hoteleiras.

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FIGURA 02 – Cenário do mercado hoteleiro na América do Sul

Fonte: HVS (2016).

Já em 2016 as performances dos hotéis brasileiros sofreram impactos

negativos pelo segundo ano consecutivo. Dados da JLL (2017) informou que se

tratava da pior e mais longa recessão econômica do país.

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A taxa de ocupação dos hotéis urbanos (hotéis + flats) apresentou em 2016 uma queda de mais de 7,0% em relação a 2015, atingindo uma média de 55% no ano. Assim como em 2015, podemos observar que a queda da taxa de ocupação dos hotéis é significativamente superior à queda do PIB do país. Em relação à diária média dos hotéis urbanos, a queda em 2016 foi de somente 1,6% em relação à 2015. Dois fatores explicam essa pequena queda da diária frente a uma queda tão significativa da taxa de ocupação: a primeira foi o impacto das altas diárias dos hotéis do Rio de Janeiro, conseguidas nos períodos pré e durante os Jogos Olímpicos; o segundo foi a desvalorização do real, que impacta positivamente os hotéis que captam um grande segmento de hóspedes estrangeiros (JLL, 2017).

Os dados a seguir mostram o destrinchar das diárias medias e do RevPar,

assim como, dados da ocupação da rede hoteleira durante 2016.

FIGURA 03: Diária Média, RevPar e ocupação da rede hoteleira

Fonte: JLL (2017)

Conforme o gráfico é possível perceber uma estagnação da ocupação da

rede hoteleira desde 2012 com queda significativa partindo de 2014. É perceptível

também a queda constante que se inicia em meados de 2014 tanto na média de

diárias quanto no RevPar. Tem-se então um cenário preocupante quando se

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compara ao número de hotéis existentes no país. A queda frequente de ocupação,

médias de diárias e RevPar são fatores condicionantes à crise hoteleira e que

afetam diretamente mais de 10.314 hotéis em todo o país. A JLL (2017) informa que

esse número representa 537.474 quartos conforme figura abaixo.

TABELA 01: Total de hotéis, flats e resorts no Brasil

Fonte: JLL (2017)

Vale salientar que esses números se tornam maiores se contabilizar

estabelecimentos que não são vinculados às redes hoteleiras e que a JLL não

mensurou.

Nota-se uma crise na rede hoteleira, em particular, na hotelaria brasileira que

apresenta índices abaixo do esperado tornando-se um ponto de discrepância na

economia Sul-Americana. Contudo, mesmo diante de um cenário em crise um dos

fatos exposto pela HVS (2016) é que a crise permite ao mercado brasileiro novos

entrantes devido à desvalorização do real e a queda dos preços dos ativos fazendo

com que desperte o interesse de investidores internacional, podendo acarretar em

um mercado mais abrangente e competitivo.

Nesse cenário nacional não só se dar caminhos para a possibilidade de novos

entrantes, investidores, mas também abre oportunidades para o processo de

inovação da gestão hoteleira. A fase que o país passou no decorrer dos anos

mencionados caracteriza-se como um importante momento para a utilização de

novas ideias, novos modelos organizacionais e novas frentes de negócios. Podendo

ser o momento ideal para a busca de conhecimento e inovação da organização já

que se trata de um cenário ao qual o gestor tem que agir, pensar e agregar valor à

sua organização transformando a mesma de acordo com suas necessidades e as

necessidades impostas pelo mercado.

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2.2.2 Inovação e conhecimento

Um dos fatores responsáveis pelas transformações empresariais é a

globalização, no que diz respeito ao mundo empresarial induz a necessidade de

gerenciar de forma adequada as empresas, tornando assim, o conhecimento como

forma de inovação e competitividade. Chibás, Pantaleon e Rocha (2013) alegam

que:

O conhecimento baseado na inovação prova cada vez mais suas virtudes de verificação e de descoberta em relação a todos os outros modos de conhecimento. Devido a essas mudanças, empresas de variados portes e segmentos estão sendo obrigadas a buscar novas alternativas de gestão devido a fatores exógenos como a globalização, necessidade de administrar adequando o conhecimento para gerar inovação e competitividade, e a formação de redes empresariais. (Chibás, Pantaleon & Rocha, 2013, p. 15).

A inovação apresenta-se como fator de competitividade para as empresas,

mas antes de discorrer sobre o processo da inovação dentro das empresas é

necessário entender o conceito de inovação voltado ao panorama empresarial, para

isso, o Guia Valor Econômico de Inovação nas Empresas (2003), apresenta os

principais autores clássicos e seus conceitos sobre a inovação.

QUADRO 04: Autores clássicos e suas percepções da inovação

AUTORES

DEFINIÇÃO

Martin Bell e Keith Pavitt (Universidade de Sussex)

A inovação pode ser vista como um processo de aprendizagem organizacional

C. K. Prahalad (Universidade de Michigan)

Inovação é adotar novas tecnologias que permitem aumentar a competitividade da companhia.

Ernest Gundling (3m) Inovação é uma nova ideia implementada com sucesso, que produz resultados econômicos.

Fritjof Capra (Universidade de Berkeley)

As organizações inovadoras são aquelas que se aproximam do limite do caos

Giovanni Dosi (Universidade de Pisa)

Inovação é a busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, novos processos e novas técnicas organizacionais.

Gary Hamel (Strategos) A inovação caracteriza-se pela abertura de um novo mercado.

Guilherme Ary Plonski (Instituto de Pesquisas

Tenológicas)

Inovação pode ter vários significados e a sua compreensão depende do contexto em que ela for aplicada. Pode ser ao mesmo tempo resultado e processo ou ser associada à tecnologia ou marketing

Peter Drucker Inovação é o ato de atribuir novas capacidades aos recursos (pessoas e processos) existentes na empresa para gerar riqueza.

Price Pritchett (Consultoria Prince

Pritchertt)

Inovação é como nós nos mantemos à frente do nosso ambiente. As inovações fora da nossa organização vão acontecer “quando elas quiserem”, estejamos prontos ou não.

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Ronald Jonash e Tom Sommerlatte (Consultores)

Inovação é um processo de alavancar a criatividade para criar valor de novas maneiras, através de novos produtos, novos serviços e novos negócios.

Tom Kelley (Ideo)

Inovação é o resultado de um esforço de time.

Fonte: Guia Valor Econômico de Inovação nas Empresas (2003)

O Manual de Oslo (OCDE, 2005, p.55) conceitua o termo inovação como “a

implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente

melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método

organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas

relações externas. “Embora haja inúmeras formas de definir inovação, é fundamental

perceber que uma ideia, melhoria ou mudança não são por si só, inovações”, Dra et

al (2014, p. 16). Na concepção dos referidos autores inovações são capazes de

gerarem valores para o negócio, para o empreendimento, para a organização, sejam

valores de forma econômica, de forma estratégica ou de outra natureza que seja

importante para a firma, caso contrário não se trata de inovação.

Estudiosos da temática (Li, 2001; Tsai & Li, 2007; Tidd & Bessat, 2015; Cai et

al, 2017; Rangos & Slavec, 2017) reconheceram que a estratégia de inovação de

uma empresa, o grau em que uma nova empresa desenvolve e introduz novos

produtos no mercado pode melhorar a produtividade e a rentabilidade do novo

empreendimento e, finalmente, o sucesso. Nesse caso, a inovação desempenha um

papel vital na vantagem competitiva da empresa, podendo afetar o desempenho da

organização (Rangos & Slavec 2017, p. 197). Nowacki e Bachnik (2016) alegam

que;

Hoje em dia é crucial que as empresas sejam inovadoras. Considerando os desafios que enfrentam na economia do conhecimento, as organizações estão esforçando-se constantemente para capturar e proteger sua vantagem competitiva. As empresas estão equilibrando entre formular e implementar o crescimento e estratégias e, ao mesmo tempo, iniciando atividades inovadoras e de alto risco. Competição severa, mudanças nas preferências dos consumidores, perturbadoras tecnologias e novos modelos de negócios moldam seu ambiente e forçando-se a repensar seus processos e práticas, incluindo aqueles relacionados ao gerenciamento do conhecimento, (Nowacki e Bachnik, 2016, p. 1577).

Estratégia voltada à inovação pode ser entendida como o grau em que uma

nova organização desenvolve e introduz novos processos, modelos e serviços

dentro do mercado (Li, 2001; Tsai & Li 2007). Nowacki e Bachnik (2016, p. 1578)

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dizem que, “no entanto, existem inúmeros fatores externos e internos que podem

afetar a estratégia de inovação Incluindo pressão competitiva, incerteza da

demanda, tecnologia e cultura organizacional”. Como forma de minimizar os valores

internos e externos que podem vir a afetar a organização.

Tidd e Bessant (2005) enformam que é necessário à busca da análise do

cenário das ameaças e suas oportunidades existentes, na seleção de decisão, na

implantação de ideias iniciais, em algo novo a ser lançado no mercado interno ou

externo e captura de valor por meio da inovação. Esses cenários são fontes

constantes de mudanças e quando se refere a mudanças, tal processo, pode

assumir diversas formas principalmente no que diz respeito ao processo de

inovação.

A inovação assume diversas formas dentro de um contexto empresarial, mas

podemos resumi-la em quatro diferentes dimensões onde se podem acarretar

mudanças dentro da empresa. Dentre essas diversas formas Tidd e Bessant (2005)

apresentam quatro categorias consideradas mais abrangentes e por isso são

nomeadas como os 4Ps da inovação. A figura 4Ps da inovação fornece a estrutura

para um mapa do espaço de inovação disponível para qualquer empresa (Tidd e

Bessant, 2005).

FIGURA 04 – Os 4Ps do espaço inovador

INOVAÇÃO

Paradigma (Modelo Mental)

Produto (Serviço)

Posição

Processo

Incremental Radical

Incr

emen

tal

Rad

ical

Incr

emen

tal

Rad

ical

Incremental Radical

Inovação

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Fonte: Tidd e Bessant (2005).

É necessário levar em consideração a inovação do produto/serviço, no que

diz respeito ao processo de como esses produtos/serviços são criados. A mudança

no contexto em que eles são introduzidos ao mercado que faz jus ao

posicionamento e por fim, a mudança nos modelos mentais subjacentes que

orientam o que a empresa faz. Um exemplo é a criação ou a inserção de modelo de

negócio para gerir o desenvolvimento, o desempenho e a organização da empresa.

A definição dos 4Ps dada pela OCDE (2005) consiste em;

a) Inovação de Produto: Introdução de um produto novo ou melhorado, no

que se refere a suas características ou uso. Estão inclusas melhorias em

especificações técnicas, materiais, softwares incorporados, facilidade na utilização

ou em outras características funcionais;

b) Inovação de Processo: Implementação de método de produção

diferenciado, ou novo, ou melhorado. Estão inclusas alterações em técnicas,

equipamentos e/ou software;

c) Inovação de Marketing: Aplicação de um método de marketing novo com

alterações na concepção do produto, embalagem, posicionamento no mercado,

promoção ou fixação de preços;

d) Inovação Organizacional: Introdução de novo método organizacional nas

práticas gerenciais da empresa, na organização do local de trabalho ou mesmo nas

relações externas e internas da firma. Nesse caso, podem ser aspectos tangíveis e

intangíveis.

Devido a proposta desse estudo, o mesmo atenta à inovação organizacional.

Tendo como proposta explorar o Modelo de Negócio Canvas como prática gerencial

dentro dos empreendimentos hoteleiros, introduzindo uma nova ferramenta de

gestão na empresa e, consequentemente, buscando melhorias para o desempenho

organizacional. Isso não quer dizer que as demais formas não estarão inseridas no

estudo, mas sim que o objetivo maior é trabalhar a dimensão prática da inovação

organizacional dos empreendimentos hoteleiros.

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2.3 MODELO CANVAS COMO FERRAMENTA PRÁTICA DE GESTÃO

2.3.1 Pressupostos ontológicos

Os pressupostos ontológicos tratados nas últimas décadas dão suporte à

produção do conhecimento desenvolvido na área de Administração ocasionando

maior destaque em estudos empresariais (Lincoln, Lynham & Guba, 2001; Alexander

Osterwalder, 2004; Dra et al., 2016;). A necessidade de entender os fenômenos a

partir dos processos ontológicos surge para desenvolver o conhecimento científico

das ciências consideradas sociais.

Historicamente o termo ontologia tem origem no grego ‘ontos’, ser, e ‘logos’, palavra. O termo original é a palavra aristotélica ‘categoria’, que pode ser usada para classificar alguma coisa. Aristóteles apresenta categorias que servem de base para classificar qualquer entidade e introduz ainda o termo ‘differentia’ para propriedades que distinguem diferentes espécies do mesmo gênero. A conhecida técnica de herança é o processo de mesclar differentias definindo categorias por gênero. Em seu sentido filosófico, trata-se de um termo relativamente novo, introduzido com o objetivo de distinguir o estudo do ser como tal (Almeida e Bax, 2003, p. 08).

A ontologia é entendida como o ramo da filosofia que busca a compreensão

das diferentes percepções existentes de uma mesma realidade, autores como

Lincoln, Lynham e Guba, (2001); Creswell e Clark (2007) alegam que o processo de

entender a ontologia pode ser definido como uma ferramenta capaz de ajudar na

descrição e criação de processos. É a descrição de um mundo específico,

abrangente, mas que dá suporte a entender o fenômeno pesquisado. Em outras

palavras, é o processo de especificação explicita de uma conceituação. Definições

que associam determinadas entidades, objetos no universo do discurso, ou seja, as

classes de tal objeto, suas relações, funções etc (Gruber, 1996). Ainda segundo o

autor (Gruber, 1996, p 03) seria “um corpo de conhecimento formalmente

representado, baseia-se em uma conceituação: os objetos, os conceitos e as outras

entidades que se supõe que existem em alguma área de interesse e as relações que

se mantêm entre elas”. Schiessl (2007, p. 175), diz que;

As ontologias são planejadas e construídas pelo homem para atender suas necessidades de informação em relação à organização, à estruturação e à recuperação. Dessa forma, elas são parte integrante de um sistema formal que de alguma maneira necessita de uma forma de representação.

Sendo a mesma essa especificação explícita da conceituação de determinado

objeto estudado que busca ter uma representação da realidade, logo, “entende-se

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que a ontologia seja uma forma de representação do conhecimento, pois traduz a

realidade para um modelo bem delimitado e específico daquilo que se pretende

representar” (Schiessl, 2007, p. 175).

Ontologicamente, o Business Model Canvas é tratado como uma ferramenta

capaz de introduzir diferentes percepções de uma mesma realidade para ajudar na

criação e no desenvolvimento de processos organizacionais, tendo em seu

desenvolvimento pressupostos ontológicos desde sua origem dentro da Tese de

Doutorado chamada The Business Model Ontology: A proposition in a design

Science approach, escrito por Alexander Osterwalder (2004). Após a escrita da tese

foi desenvolvido o livro Business Model Generation (2011) que deu a origem ao

BMC.

É nesse processo ontológico, na busca da essência dos fenômenos

pesquisados e seus valores, na busca de modelos delimitados que as ciências

avançam e rompem paradigmas. Como mencionado por Kuhn (2003), as ciências

normais, aquelas que têm seus paradigmas estabelecidos, aceitos e compartilhados

só pode obter um processo de revolução científica quando o paradigma dominante

sofre processos de revolução devido o desenvolvimento teórico de um novo

paradigma. Nesse caso, dar-se o conflito de teorias. Uma vez que um paradigma

substitui o dominante à ciência é classificada como pós-paradigmática (Kuhn, 2003).

Entretanto, não necessariamente o novo paradigma dominante excluiu a existência

do anterior, porém, o novo passa a ser entendido como o meio ao qual se estuda ou

busca entender determinado fenômeno que está ascensão.

O Canvas caracteriza-se como um dos paradigmas vigente no contexto

empresarial referente à modelagem de gestão de negócios, mesmos sabendo que

segundo Orofino (2011), o termo de modelo de negócios é recente. O que diz a

autora é que esse vocábulo ganha evidencia a partir da década de 90 pelo fato do

advento da internet e o surgimento das empresas “ponto com”. Para Osterwalder e

Pigneur (2010, p. 14), “modelo de negócios descreve a lógica de criação, entrega e

captura de valor por parte de uma organização”. Sendo um modelo de negócio um

pressuposto capaz de averiguar e criar diferentes percepções para uma mesma

realidade empresarial através de estudos científicos e empíricos, consequentemente

tornando o mesmo um modelo característico dos processos ontológicos. Lincoln,

Lynham e Guba (2011) alegam que a compreensão ontológica das coisas é capaz

de entender o processo delas.

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Partindo de princípios ontológicos Alexander Osterwalder (2004) foi capaz de

desenvolver um modelo de negócio que atente para estruturar o processo

organizacional das empresas.

2.3.2 Modelo Canvas de Negócio

O Business Model Canvas, Modelo Canvas de Negócio ou simplesmente

conhecido como Canvas, é uma ferramenta que tem como objetivo ajudar a

desenvolver e estruturar negócios (Pigneur & Osterwalder 2011). Composto por

nove partes que juntas fornecem ao empreendedor/gestor uma visão geral da

empresa. Seus fundadores (Yves Pigneur & Alexander Osterwalder) acreditam que

“um Modelo de Negócio pode ser melhor descrito nas nove partes que o Canvas

possui, essas partes são denominadas componentes básicos que mostram a lógica

de como uma organização pode gerar e criar valor, (Pigneur & Osterwalder, 2011, p.

15). Segundo os autores a criação de valor gerada pelo BMC se dá porque o mesmo

consegue o alinhamento de ideias, garantindo melhor compreensão entre todos os

integrantes e todos os canais, meios aos quais a empresa recorre para chegar com

o produto ao seu cliente.

O Canvas permite a perspectiva de cenários atuais e futuros de uma empresa

(Pigneur & Osterwalder, 2011; Orofino, 2011). “É um esquema para a estratégia ser

implementada através das estruturas organizacionais dos processos e sistemas

(Pigneur & Osterwalder, 2011, p. 15)”. Para Dorf, Bob e Blank, Steve (2012);

O denominado “Business Model Canvas (BMC)”, é uma importante ferramenta de gerenciamento estratégico para empreendimentos. O BMC ajuda no desenvolvimento de esboços e versões finais de modelos de negócio, tanto para um novo empreendimento quanto para uma empresa que já está na ativa. Trata-se de um mapa visual que otimiza a visualização e compreensão do modelo de negócio de um empreendimento, dividindo-o em nove importantes blocos para o detalhamento de um negócio. (Dorf, Bob e Blank, Steve, 2012, p. 571).

Segundo Macedo et al (2013, p.12), “a ferramenta Business Model Canvas

surge como uma nova maneira de perceber a empresa e contribui para que

empreendedores criem modelos de negócio de sucesso”. Carrasco et al. (2014 p.

06) alega que “uma grande vantagem da utilização do modelo Canvas é que ele

deverá ser apresentado de modo simples (apenas uma folha), a diversos outros

atores que participarão, direta ou indiretamente, do empreendimento, tais como

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especialistas, clientes em potencial”. Como dito, a ferramenta possui nove

componentes que compõe a sua totalidade e ajudam a entender o processo de

criação de valor das organizações. A partir desse modelo de negócio e sua interação

visual, conforme mencionada por Carrasco et al (2014), surge a possibilita de

compreensão organizacional por intermédio de nove componentes que juntos

compõe o Modelo de Negócios denominado Business Model Canvas.

2.3.3. Os nove componentes do Canvas

São nove os componentes que dão origem ao BMC, tais componentes foram

desenvolvidos para ajudar a compreender o sistema ontológico dos objetos e das

coisas ao qual fazem parte o modelo de negócio implantado. Entender o processo

funcional e sistêmico de cada variável para com a empresa, e segundo Pigneur e

Osterwalder (2011) as nove partes que compõem o modelo são consideradas como

principais partes da modelagem de negócios, são elas; Segmentos de Clientes,

Proposta de Valor, Canais, Relacionamento com Clientes, Fonte de Receitas,

Recursos Principais, Atividades-chave, Parcerias Principais e Estrutura de Custos.

A imagem a seguir apresenta todas as partes que compõe o Canvas e as

relações entre tais partes que serão explicadas posteriormente.

FIGURA 05: Business Model Canvas

Fonte: Business Model Generation, Pigneur e Osterwalder, (2011).

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Conforme é possível visualizar, toda parte tem uma dimensão específica na

imagem e é representada por um desenho ao qual está relacionado à funcionalidade

de seu quadrante. A seguir explica-se cada uma das partes.

1. Segmentos de Clientes: Pigneur e Osterwalder (2011, p. 18), alegam que

“uma organização segue a um ou diversos segmentos”. Trata-se de entender quem

são os clientes que se pretende atingir. Entender se eles possuem um perfil

específico. Como se agrupam e onde estão localizados. Nas palavras dos autores é

a parte em que define os diferentes grupos de pessoas ou organizações que a

empresa busca alcançar.

Entender o segmento de clientes é a primeira parte para desencadear o

modelo de negócio ao qual se pretende iniciar ou remodelar, uma vez que Pigneur e

Osterwalder (2011) definem o cliente como o âmago de qualquer modelo de

negócio. Esse é o primeiro componente que os autores se debruçam a explicar. Ele

que dá sentido e estrutura aos demais componentes por ser tão relevante e está

diretamente relacionado ao objetivo final da empresa que é fazer com que os

clientes adquiram seus produtos e/ou serviços.

2. Proposta de Valor: A proposta de valor trata-se de entender produto ou

serviço a ser entregue ao Segmento de Cliente, com seus diferenciais de mercado.

Para Pigneur e Osterwalder (2011), esse componente descreve o produto e/ou

serviço que cria valor para um determinado nicho. Essa parte é onde se reflete a

respeito do valor de seu produto e serviço na visão do cliente. “A proposta de valor é

o motivo pelo qual os clientes escolhem uma empresa ou outra. Ela resolve um

problema ou satisfaz uma necessidade do consumidor” (Pigneur & Osterwalder,

2011, p. 22). Para os autores nem sempre a proposta de valor deve ser nova ou

inexistente. Algumas podem representar ofertas inovadoras no mercado enquanto

outras podem ser similares às propostas existentes.

A proposta de valor pode partir do princípio da inovação genuína, que seria

aquela à qual se destaca todo o processo e toda a estratégia de maneira diferente

de qualquer uma existente no mercado ou a inovação parcial que está vinculada

com a forma, a releitura ou uma estratégia diferente de venda, ou implantação de

produto ou serviço já existente.

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3. Canais: Os canais podem ser definidos como o meio pelo qual o produto

deve chegar aos clientes. Nas palavras de Pigneur e Osterwalder (2011), é o

componente que descreve como uma determinada empresa irá conduzir seus

segmentos de cliente para entregar sua proposta de valor.

Para melhor entender sobre o caminho ao qual é conduzida a proposta de

valor até os clientes de uma determinada empresa, Pigneur e Osterwalder (2011)

alegam que existem cinco fases distintas que se complementam, para que assim,

possa ser gerado um meio ao qual a empresa atinja os seus clientes.

QUADRO 05: As cinco fases de canais

TIPOS DE CANAIS

FASES DO CANAL

Part

icu

lare

s

Direto

Equipes de venda

1. Conhecimento

2. Avaliação

3. Compra

4. Entrega

5. Pós-Venda

Vendas na Web

Como aumentar o

conhecimento em nossos produtos e serviços?

Como ajudamos os

clientes a avaliarem a proposta de

valor de nossa

organização?

Como permitimos aos clientes comprarem produtos e serviços

específicos?

Como entregamos

uma proposta de

valor aos clientes?

Como fornecemos apoio pós-venda aos clientes?

Parc

eir

os

Indire

to

Lojas

Próprias

Lojas

Parceiras

Atacado

Fonte: Business Model Generation, Pigneur e Osterwalder (2011).

É necessária a mistura certa entre canais para satisfazer os modos como os

clientes querem ser contatados. Sendo que canais particulares podem ser diretos,

vendas de sites ou venda de equipes direta ou simplesmente de forma indireta como

lojas de revenda operadas pela própria organização. Mesmo que canais provindos

de parcerias levem a uma margem de lucro menor, eles permitem a expansão das

vendas da organização expandindo seu alcance para com os clientes (Pigneur &

Osterwalder, 2011). Nesse caso é importante a criação e relação da firma com

empresas parceiras que possam expandir a atividade e direcionar os produtos até os

clientes da empresa.

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4. Relacionamento com Clientes: Trata-se especificamente sobre os pontos

de contato direto com os Clientes. Descobre, portanto, o tipo de relacionamento que

uma empresa estabelece com seu cliente (Pigneur & Osterwalder, 2011). Existem

diversos tipos de relações com o cliente, segundo os autores do BMC podem se

apresentar relações desde pessoais até mesmo às automatizadas. Dentre os tipos

de relacionamentos com os clientes destacam-se;

Assistência pessoal – Baseada na interação humana. Basicamente é

quando o cliente pode se comunicar diretamente com um representante da

organização para tirar dúvidas e auxiliar o mesmo com o produto ou

serviço, por exemplo, Call Center, E-mail, entre outros.

Assistência pessoal dedicada – Baseia-se na disponibilização de um

representante da empresa para um cliente específico. Por exemplo,

gerentes de banco que atendem a clientes que possuem maior renda.

Self-Service – É a relação de clientes aos quais as empresas não

mantêm contato, contudo, coloca à disposição todos os utensílios que o

cliente irá precisar para a aquisição de seu produto e/ou serviço.

Serviço automatizado – Aquele ao qual envolve perfis pessoais on-line

que são reconhecidos através das pesquisas realizadas pelos usuários

entre outros meios que os caracteriza para a oferta de produtos e serviços

on-line.

Cocriação – Trata-se do ato de ir além da tradicional relação cliente-

vendedor. Um exemplo dado pelo próprio Osterwalder (2004) seria a

Amazon que incentiva e convida consumidores a escrever resenhas e

opinar sobre os livros, divulga essas opiniões, e assim, permite uma

relação mais estreita entre empresa e consumidor.

5. Fonte de Receitas: Esse componente determina o preço pago pelos

clientes pelo produto e/ou serviço entregue, descontando o custo do canal e do

relacionamento com clientes. Partindo dessa lógica estabelecida por Pigneur e

Osterwalder, (2011) a fonte de renda pode vim de diferentes modos. Por exemplo,

um hotel tem sua fonte de renda determinada pela taxa de ocupação das UHs

(Unidades Habitacionais) ocupadas, portanto, a fonte de renda de uma organização

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hoteleira é determinada pela taxa de uso dessas unidades, em outras palavras, sua

ocupação diária. Cada noite é equivalente a uma taxa, as mesmas se configuram de

acordo com o número de pessoas e o tipo de acomodação escolhida. Podendo

também ter taxas de sócios da rede ao qual o hotel faz parte e dependendo da

proposta do estabelecimento pode até mesmo está relacionado à locação de

acomodações mensais de seus espaços.

6. Recursos: Essa parte descreve os recursos ao qual faz o modelo de

negócio funcionar. Pigneur e Osterwalder, (2011, p. 34) dizem que “os recursos

podem ser físicos, financeiros, intelectuais ou humanos. Podem ser possuídos ou

alugados pela empresa ou adquiridos de parceiros-chave”, são esses recursos que

permitem que a empresa crie e oferte sua proposta de valor.

Trata-se das ferramentas necessárias para o funcionamento da empresa,

desde um computador ao seu operador. Todos os recursos devem ser englobados

na construção de um modelo de negócio, sejam esses recursos capitais humanos,

intelectuais, físicos, financeiros ou outros.

7. Atividades-chave: Quando Pigneur e Osterwalder (2011) mencionam as

atividades chave necessárias para o desenvolvimento de um modelo de negócio,

eles alegam que essas atividades se diferenciam dependendo do modelo de negócio

ao qual a organização está inserida. Nessa componente a implementação irá

depender da funcionalidade da empresa. Um exemplo mencionado no livro Business

Model Generation (2011) é a Microsoft, as atividades chave da empresa incluem o

desenvolvimento de Software. É valido nesse componente a atividade de produção,

a resolução de problemas, plataformas e redes que dão suporte a desenvolver

produtos e serviços.

Fazendo uma relação à rede hoteleira as atividades chave da Rede Ibis de

Hotel, por exemplo, estão relacionadas à oferta de hospedagem econômica em

quartos simples, porém confortáveis. A hospedagem econômica como atividade

chave fica clara se comparadas a outras redes, tal como, Best Western, Accor,

Choice Hotels International e Marriott International empresas que não evidenciam a

prática de tarifas econômicas.

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8. Parcerias: Quanto aos parceiros principais é a parte onde está descrita a

rede de fornecedores e os parceiros que põem o negócio para funcionar. São as

alianças estratégicas, da competição entre concorrentes por parceiros melhores, a

busca pelo desenvolvimento de novos negócios na descoberta de novos parceiros.

É a relação entre comprador e fornecedor que garante suprimento confiável para o

fornecimento do serviço e/ou produto da empresa (Pigneur & Osterwalder, 2011).

As buscas por parcerias são importantes para o desenvolvimento da

organização levando em consideração que quando bem assegurada em parcerias à

empresa atinge um gral de otimização elevado de seus produtos, a redução de risco,

incertezas e também a aquisição de recursos e atividades que são particulares da

organização.

9. Custos: É a parte onde é descrito todos os gastos que são exigidos para o

desenvolvimento do negócio, seja este um novo modelo ou a reestruturação de um

modelo de negócio existente. Dentro desse componente está incluso os custos fixos,

incluindo salários, aluguéis, despesas com manutenção. Custos variáveis de

comissões e taxas de venda ou distribuição do produto. Por exemplo, quando se tem

um hotel relacionado a um website como a booking.com o hotel paga ao mesmo de

acordo com o número de vendas que são realizadas dentro do site. É necessário

que todos os gastos que possam aparecer no desenvolvimento do modelo de

negócio estejam presentes dentro desse componente.

Além dos nove blocos ao qual o BMC encontra-se dividido, ele analisa canais

de distribuição e das relações, vários outros elementos que compõem a dinâmica

empresarial, tais como, propostas de marketing, variáveis financeiras, valor de

marca, o ciclo de vida de desenvolvimento de estratégias para alcançarem

determinados objetivos, valores econômicos, inovação, excelência entre outros

fatores que podem ser observáveis no desenvolvimento e entendimento de uma

organização. O modelo proposto por Pigneur e Osterwalder (2011), deixa implícito

em cada parte, questionamentos de Como? O que? Para quem? E quanto?

Perguntas reflexivas característica do desenvolvimento de um modelo de negócio

como o Plano de Negócio (PN), modelo que também levanta os seguintes

questionamentos. Apesar de tais questionamentos não aparecerem no modelo

original é nítido as partes ao qual fazem jus. A adaptação apresentada pelo

SEBRAE (2013), que utiliza a ferramenta para a disseminação de propostas de

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modelo de negócios, até mesmo com a criação de um Canvas On-line, deixa essa

ideia clara.

FIGURA 06: Modelo Canvas de Negócio - SEBRAE

Fonte: SEBRAE (2013).

Essa dinamicidade apresentada pelo BMC possibilita sua prática em

diferentes tipos de organizações. Nesse caso, objetiva-se aplicar essa modelo como

prática de gestão estratégica em empreendimentos turísticos, em particular na área

da hotelaria, pois os empreendimentos hoteleiros passam por constantes

transformações no seu dia a dia de diferentes formas, havendo assim, a

necessidade de se reinventar constantemente em um mercado cada vez mais

competitivo a nível global.

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3 CARACTERIZAÇÃO E ESPECIFICIDADES DA PESQUISA EM TURISMO E

NEGÓCIO

Entender como funciona a pesquisa em turismo possibilita o aprimoramento

do fenômeno estudado, seja como atividade social, cultural, antropológica ou como

atividade empresarial no campo da economia ou da administração. O fato é que as

características e as especificidades presentes em uma pesquisa relacionada ao

campo turístico ajudam na produção de conhecimento e de compreensão sobre o

turismo e suas atividades correlatas, assim como, no desenvolvimento de trabalhos

futuros sobre a atividade turística.

Como mencionado por Sakata, (2002, p.14) “a tarefa da pesquisa em turismo

é coletar e analisar dados para auxiliar os administradores do setor a tomar

decisões. A pesquisa em turismo é a construção e condução sistemática e imparcial

de investigações para resolver problemas da área”. Com foco nesse posicionamento

sobre a pesquisa em turismo, o presente estudo traçou as caracterizações e as

especificidades metodológicas da pesquisa em turismo que foram desenvolvidas

durante a construção desse estudo.

A construção metodológica dessa pesquisa apresenta cinco pontos que são

eles; a caracterização da pesquisa, universo e campo de estudo, coleta de dados,

procedimentos utilizados para a análise dos dados e considerações éticas.

3.1 Caracterizações da pesquisa

Trata-se de um estudo de natureza exploratória, uma vez que traz a

discussão de aspectos ainda não abordados especificamente dentro do contexto

organizacional em particular aos empreendimentos hoteleiros, buscando assim,

inserir as características de tal modelo (Canvas) dentro da hotelaria. O estudo

exploratório para Zikmund (2000) são úteis para diagnosticar determinadas

situações que contribuam para explorar alternativas ou descobrir novas ideias. GIL

(2002) alega que a pesquisa exploratória “tem como preocupação central identificar

os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos”;

nesse caso, a análise do Modelo Canvas como ferramenta de gestão estratégica

voltada à hotelaria.

A classificação metodológica desta pesquisa quanto à natureza do seu estudo

é de abordagem qualitativa. Triviños (1987) diz que classificar a pesquisa como

qualitativa é procurar captar não apenas a aparência do fenômeno, mas também

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entender sua essência. Ainda no ponto de vista do autor é desejável que a pesquisa

qualitativa tenha como característica;

[...] uma espécie de representatividade do grupo maior dos sujeitos que participarão no estudo. Porém, não é, em geral, a preocupação dela a quantificação da amostragem. E, ao invés da aleatoriedade, decide intencionalmente, considerando uma série de condições (sujeitos que sejam essenciais, segundo o ponto de vista do investigador, para o esclarecimento do assunto em foco; facilidade para se encontrar com as pessoas; tempo do indivíduo para as entrevistas, etc), (TRIVIÑOS, 1987, p.132).

Minayo (2001) alega que o pesquisador que aborda o método qualitativo

envolvesse subjetivamente com os fatos apresentados durante o trabalho em

campo. Segundo Gehardt e Silveira (2009, p. 31) “a pesquisa qualitativa não se

preocupa com representatividade numérica, mas sim, com o aprofundamento da

compreensão de um grupo social, de uma organização, etc”. Para Hernández

Sampiere et al (2001) a pesquisa qualitativa justifica-se como o estudo dos

fenômenos através das percepções e dos significados que podem ser produzidos a

partir da experiência do participante.

De acordo com os autores, os pesquisadores que utilizam essa abordagem

buscam explicar o porquê das coisas que não podem ser quantificadas objetivando

explicação veemente e plausível, dando lhe a oportunidade de compreender o

universo estudado.

Conforme as características presentes na pesquisa qualitativa e de acordo

com os conceitos estabelecidos pelos autores, identifica-se que a pesquisa

qualitativa tem um caráter mais subjetivo e interativo entre o pesquisador e o campo

de estudo que está sendo pesquisado.

O quadro 06 abaixo representa a correlação entre os objetivos, as categorias

de análises e os procedimentos metodológicos que este estudo compõe.

QUADRO 06: Correlação entre objetivos da pesquisa, categoria de análises e procedimentos

metodológicos.

PROBLEMA

DA PESQUISA

OBJETIVO

DA PESQUISA

OBJETIVO

INTERMEDIÁRIOS

CAT. DE ANÁLISE

TEÓRICOS

METODO

ABORDADO

INST. DE

COLETA DE DADOS

TECNICA

DE ANÁLISA

1.

Tendência principal

Owestervald (2004)

Tavares (2008) Yves Pigneur e

Owestervald

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Fonte: Elaboração própria, 2017.

De que forma o Modelo

Canvas se aplica na gestão e

estratégia de

empreendimentos

hoteleiros?

Apresentar aos

gestores as formas

de aplicabilid

ade do Modelo Canvas

em situações reais da hotelaria;

a) Identificar

as tendências e

necessidades da gestão estratégica

dos Empreendime

ntos Hoteleiros

(2011)

Qualitativo

Entrevista

Pesquisa Documental

Pesquisa ação

Análise de conteúdo

2. Força do mercado

Yves Pigneur e Owestervald

(2011)

Owestervald (2004)

Tidd e Bessant

(2005)

3. Força da indústria

4. Forças

Macroeconômicas

b) Aplicar o Modelo

Canvas de Negócio

como ferramenta de

gestão estratégica

em empreendime

ntos hoteleiros.;

5.

Ambiente de

negócios

Owestervald (2004)

Yves Pigneur e Owestervald

(2011)

6. Missão, visão e valores

Owestervald (2004)

Yves Pigneur e Owestervald

(2011)

7. Segmento de cliente

8. Relação com o cliente

9. Canais

c) Descrever a experiência de aplicação do Modelo

Canvas como ferramenta estratégica

em empreendime

ntos hoteleiros

10. Atividades

chave (desenvolvi

das)

Owestervald

(2004) Yves Pigneur e

Owestervald (2011)

11. Recursos

chave (utilizados)

Owestervald (2004)

Tidd e Bessant (2005)

Yves Pigner eu Owestervald

(2011) Chibás, Pantaleon & Rocha, 2013

12. Fontes de receitas (geradas)

13. Custos (realizados)

14.

Inovação (implantada

)

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3.2 Universo e campo de estudo

O universo da pesquisa engloba a rede hoteleira, em particular o campo ao

qual a pesquisa se insere é a gestão estratégica de empreendimentos hoteleiros.

Para tanto foi utilizado dois hotéis como referência para o desenvolvimento desse

estudo que optou por uma abordagem de amostra não probabilística. As

amostragens não probabilísticas podem ser divididas em quatro tipos principais:

intencionais (ou julgamento), "bola de neve" (snowball), por conveniência (ou

acidental) e por quotas (ou proporcional) (Malhotra , 2001; Mattar, 2001; Aaker,

Kumar & Day 2004).

Deste modo, para efeito deste estudo se utilizou a amostragem não

probabilística por conveniência que de acordo com Dencker (1998, p.179) equivale

aquela “em que os elementos são determinados ou escolhidos de acordo com a

conveniência do pesquisador [...]”. É uma escolha convencional e intencional do

próprio pesquisador pela aproximação com o objeto pesquisado. Portanto, os hotéis

foram escolhidos devido à proximidade do pesquisador com os gestores dos hotéis,

facilitando assim, a coleta de dados empresariais.

3.3 Coleta de dados

A coleta de dados desse estudo parte de uma triangulação de dados.

Denzin e Lincoln (2006) dizem que a triangulação é uma forma ampla, e trata-se da

combinação de metodologias diferentes para realizar a análise do mesmo fenômeno,

de modo que venha a consolidar na construção de teorias sociais. Para Zappellini e

Feuerschütte (2006, p. 08);

A triangulação metodológica pode-se usar duas estratégias diferentes, a triangulação de métodos e a entre métodos, em que se usam escalas diferentes ou formas distintas de obter dados (no primeiro caso) e a combinação de formas de coleta distintas, no segundo (FLICK, 2009a). De acordo com Easterby-Smith, Thorpe e Lowe (1999), a triangulação metodológica tinha sido proposta inicialmente por Todd, em 1979, e consistia na combinação de métodos qualitativos e quantitativos de coleta, como a entrevista e o questionário.

A primeira parte da coleta foi realizada através de entrevistas

semiestruturadas com dois gestores hoteleiros. Segundo Gehardt e Silveira (2009, p.

72) entrevistas semiestruturadas são entrevistas em que “o pesquisador organiza

um conjunto de questões (roteiro) sobre o tema que está sendo estudado, mas

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permite, e às vezes até incentiva, que o entrevistado fale livremente sobre assuntos

que vão surgindo como desdobramentos do tema principal”. As entrevistas

semiestruturadas podem ser definidas como uma lista das informações que se

desejam de cada entrevistado, mas a forma de perguntar (a estrutura da pergunta) e

a ordem em que as questões são feitas irão variar de acordo com as características

de cada entrevistado (Oliveira, 2011. p. 45).

Como forma de avaliação do instrumento de coleta de dado, em particular a

entrevista, foi realizado um teste piloto que teve como intuito verificar a

compreensão, clareza e objetividade das perguntas elaboradas para o roteiro de

entrevista. As perguntas estabelecidas tiveram como base os questionamentos

contidos no livro Business Model Generation. Yin (2005) diz que o teste piloto ajuda

os planos para a coleta de dados. O teste piloto se caracteriza como estratégia

metodológica no auxilio do instrumento de pesquisa desenhado.

O teste ocorreu no dia 30 de julho de 2017, foi aplicado com uma

colaboradora que trabalha a mais de 20 anos no setor hoteleiro tendo passado por

diversos cargos dentre eles o setor de reservas e a gerência. A entrevista do teste

piloto foi gravada em quatro partes, pois durante o teste foram realizadas quatro

interrupções devido a trabalhos internos da entrevistada. Essa entrevista compõe

apenas uma das etapas, das três fases de coleta de dados desse estudo. Para

melhor esclarecimento do acordado entre entrevistador e entrevistado é possível

verificar no apêndice dessa pesquisa os termos de livre esclarecimento e de

autorização de áudio para fins do estudo. O documento original assinado e

carimbado encontra-se na posse do pesquisador como meio de proteger os dados

da organização.

O instrumento de pesquisa inicial possuía 25 perguntas semiestruturadas que

levaram um tempo exato de vinte minutos e trinta e oito segundos (20min38seg)

para serem respondidas. O que acarreta em menos de um minuto para cada

pergunta feita. Durante a aplicação do teste foi possível verificar que a entrevistada

compreendeu as perguntas e não teve problema em respondê-las. Não constatou

dificuldades em relação às perguntas apresentadas, porém teve alguns

esclarecimentos em relação às mesmas, como por exemplo, na pergunta de número

24 quando se falava em infraestrutura pública e foi tratada a princípio como

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infraestrutura privada. Esse fato apontou a importância de readequação do

enunciado para melhor compreensão das pessoas entrevistadas.

Constatou-se que as perguntas de números 05 e 21, do roteiro piloto de

entrevista, abordavam o setor econômico. Essas perguntas apresentaram respostas

repetitivas induzindo o entrevistado a respondê-las com os mesmos argumentos e

da mesma forma. Desse modo, optou-se por eliminar a pergunta de número 5 por

entender que ao falar da fase econômica que o país vem passando o entrevistado

insere sua situação dentro desse panorama. O enunciado da pergunta de número 21

trata-se de algo mais abrangente. Fala do mercado hoteleiro como um todo e sua

situação com a economia atual do país. Portanto, deu-se preferência em deixar esse

pergunta no roteiro final e eliminar a pergunta de número 5 que falava sobre como a

crise econômica afetou diretamente o hotel ao qual o gestor trabalha, nesse caso, o

roteiro de entrevista passou a ser composto por 24 perguntas.

O teste apresentou as possibilidades de identificar palavras chave, essas

respostas são palavras esperadas no discurso de cada pergunta respondida pelos

entrevistados. A partir daí é possível inferir que tais palavras por já serem

aguardadas como respostas chave de cada pergunta possibilitaram ao entrevistador

buscar respostas mais profundas, como a entrevista é baseada em uma construção

semiestruturada possibilita a discussão e aparição de novas respostas, novos

questionamentos e considerações, almejando assim, descobrir respostas não

mencionadas no teste piloto e que daria suporte maior para o resultado final desse

estudo. Todo o roteiro de entrevista com as palavras chave está anexado no final

desse estudo.

O seguinte quadro apresenta a relação de perguntas que foram elaboradas

para a formação do roteiro semiestruturado. É possível averiguar que se encontrar a

categoria de análise e as dimensões de análises ao qual partiu a criação de cada

pergunta. Ambas inseridas a partir do BMC que expõe os fatores externos e internos

como necessários para a criação de roteiros de entrevista, e que dá como base as

categorias e as dimensões necessárias para a estrutura de indagações que são

necessárias em um processo de criação ou desenvolvimento de uma frente de

negócio.

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QUADRO 07: Correlação entre as categorias de análises, as dimensões analisadas e o roteiro de

entrevista

9 As dimensões de analises foram desenvolvidas a partir das categorias de analises levando em consideração

que as mesmas se encontram presentes no livro Business Model Canvas e dão base para formar as perguntas que são tidas como chave para a compreensão inicial do entendimento da empresa, entender seu direcionamento e sua atuação. Sua fase atual.

CATEGORIA DE

ANÁLISE

DIMENSÃO DA

9

ANÁLISE

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Tendência principal

(Meta)

Tendências tecnológicas

1. Quais são as maiores tendências tecnológicas, tanto dentro quanto fora do

seu mercado?

2. Como você se informa sobre as

tendências?

Tendências Regulatórias

3. Quais suas expectativas de mercado e

economia para seu negócio?

Tendências sociais

e culturais

4. Qual o perfil do seu cliente?

Tendências

socioeconômicas

5. A crise econômica que o país vem

passando afeta seu ramo?

Fatores de mercado

6. O que faz os clientes escolherem seu

hotel?

Segmento de mercado

7. Qual o perfil do cliente que frequenta seu

hotel?

8. Onde você vê o maior potencial de

crescimento do hotel?

Necessidade e

9. Qual o maior tipo de reclamação dos

clientes não satisfeitos?

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Força do mercado

(Meso/Meio)

demanda 10. Como pensa em alcançar o público não

atendido?

Custos de mudança

11. O que impedem os clientes de

escolherem outro hotel?

12. Qual a importância da marca dessa

empresa para os clientes?

Atratividade de

receita

13. Pelo que os clientes estão realmente

dispostos a pagar no seu hotel?

Força da indústria

(Meso/Meio)

Concorrentes (incumbentes)

14. Como vê a concorrência no seu setor?

15. Como você se vê diante dos outros

concorrentes do setor?

Novos entrantes (insurgentes)

16. Tem havido ampliação de oferta de hotel

no seu segmento?

Produtos e serviços substitutos

17. Como compara os custos da

hospedagem e serviços do seu hotel em relação aos demais?

18. Que outras formas de hospedagem

podem substituir o que o hotel oferece?

Fornecedores e outros participantes da cadeia de valor

19. Que tipos de fornecedores e parceiros o

hotel utiliza para proporcionar hospedagem e serviços ao cliente?

Público de interesse

20. Que clientes potenciais você vislumbra

conquistar no setor de hospedagem?

Situação do Mercado Global

21. De que forma as mudanças econômicas

afetam o mercado hoteleiro local atualmente?

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Fonte: Elaboração própria, 2017.

Um dos fatores fundamentais na coleta da entrevista é ser um bom ouvinte, é

importante para o entendimento e a interpretação das respostas. Laville e Dionne

(1999) alegam que não se pode deixar enganar-se por ideologias e preconceitos

estabelecidos pelo entrevistado.

A segunda parte da coleta de dados desse estudo se deu através de análise

documental da empresa. A pesquisa documental segundo Gil (2008) é aquela ao

qual se dá através de material ao qual ainda não teve um tratamento analítico ou

que pode ser reelaborado de acordo com o objeto da pesquisa. Os documentos

podem ser escritos ou não, portanto podem ser documentos de entidades públicas e

privadas, gravações, correspondências, fotografias, filmes, mapas, entre outros.

Esse tipo de coleta de dados ajuda a entender as seguintes partes das categorias de

análises; o ambiente de negócios, a missão, visão e valores da empresa. O

segmento de cliente da empresa na atualidade, a relação com o cliente e os canais

usados pela empresa. Essa parte também permitiu entender quais são as atividades

chave da empresa, os recursos utilizados por ela, as fontes de receitas, os custos e

a parte de inovação da empresa.

Por fim, a metodologia da pesquisa-ação que implantada nesse trabalho

objetivou voltar-se aos fatores organizações, no que diz respeito à realização de

ações na busca de soluções reais das organizações. Segundo Thiollent (1974) toda

pesquisa ação tem um caráter participativo e envolve nela o fato de promover ampla

interação entre pesquisadores e os membros da organização investigada.

“a pesquisa ação consiste essencialmente em acoplar pesquisa e ação em um processo no qual os atores implicados

Forças

Macroeconômicas

(Macro)

Mercado de capitais

22. Como vê a disponibilidade de capital

para investir e crescer como empresa no setor?

Commodities e outros recursos

23. Como ver a prática de preço no setor

hoteleiro local atualmente?

Infraestrutura econômica

24. Como vê as condições de infraestrutura

geral e pública para viabilizar o acesso e a mobilidade para o seu hotel?

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participam, junto com os pesquisadores, para chegarem interativamente a elucidar a realidade em que estão inseridos, identificando problemas coletivos, buscando e experimentando soluções em situação real. Simultaneamente, há produção e uso de conhecimento (THIOLLENT, 1974, p. 20)”.

Para Tripp (2005, p. 447), “a pesquisa-ação é uma forma de investigação-

ação que utiliza técnicas de pesquisa consagradas para informar à ação que se

decide tomar para melhorar a prática”. Segundo Baldissera (2001, p. 9) “Na

pesquisa ação existe uma estreita interação/combinação entre a investigação e a

prática, entre o processo de investigação e da ação interativa. Ambas iluminadas

pela teoria e realizadas com a participação dos envolvidos”. Baseado nas

afirmações a pesquisa ação é um processo de identificação de estratégias que são

planejadas e implementadas a seguir, de forma sistemática, que podem ser

submetidas à observação, a mudanças e reflexões.

É importante salientar que o elo trabalhado nessa metodologia de pesquisa-

ação não designa um tipo de investigação psicossociológica no contexto das

organizações, mas sim de caráter estratégico e organizacional das empresas. Fator

de interação e de aplicação de estratégias dentro de uma organização. São

situações estudadas, analisadas, pensadas e implantadas através de respaldo

teórico, prático e metodológico que visam melhorias para as empresas.

O Canvas se caracteriza, portanto, como método de aplicabilidade que tem

como intuito um processo prático de elaboração de estratégias que permite uma

interação e combinação entre pesquisador e objeto de estudo possibilitando

tomadas de decisões que impactam diretamente na realidade empresarial.

3.4 Procedimentos utilizados para a análise dos dados

Após a realização e a coleta dos dados por intermédio da triangulação

metodológica foi realizada uma análise de conteúdo, que é uma técnica de pesquisa

que se caracteriza pela objetividade, sistemática e por inferência dos dados

coletados. Bardin (1977) entende por análise de conteúdo o conjunto de técnicas de

análise das comunicações que tem como objetivo visar à obtenção por intermédio de

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição. Tais descrições são conteúdos

existentes nas mensagens, esses são indicadores que vem a permitir a inferência de

conhecimentos que são totalmente relativos às condições de produção e recepção

das mensagens. Então a análise de conteúdo caracteriza-se como um método de

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tratamento de informações contidas nas mensagens, sejam estas, verbais ou não

verbais como dados documentais da empresa inseridos na pesquisa.

Para as análises e interpretações das informações coletadas através dos

roteiros de entrevistas utilizou-se o Software Nvivo 11 Plus. O Nvivo é uma

ferramenta de análise qualitativa capaz de realizar análises de textos, áudios, vídeos

e transcrições. Para fim desse estudo o software foi utilizado para categorizar

conteúdos textuais que contribuíssem com o objetivo da pesquisa.

No primeiro caso apresentou-se em forma de nuvem de palavras, uma das

técnicas existente no programa que possibilita elencar palavras condizentes com a

temática estudada e que se encontram presentes no discurso dos entrevistados.

Técnica essa capaz de analisar a quantidade de palavras presentes na fala. Para

avaliar o grau de importância de cada uma das palavras existentes na nuvem, foi

possível criar um mapa que apresenta de forma numérica a importância dada a cada

palavra advinda do discurso dos entrevistados, o número é referente a quantidade

de citações das palavras durante a entrevista, isso possibilita ver as preocupações

dos gestores em forma ampla.

Com a ajuda do Nvivo também foi possível criar categorias denominadas pelo

programa de NÓS, esses NÓS possibilitaram desenvolver o estudo das três

categorias que são fundamentais para a conclusão parcial desse estudo. As

categorias criadas e analisadas foram; o mercado hoteleiro, as tendências da

hotelaria e as necessidades hoteleiras. Para criar cada variável coletaram-se frases

e orações do discurso dos gestores. Posteriormente o software também permitiu a

análise correlativa através do Coeficiente de Pearson que traçou o grau de

correlação das categorias analisadas.

Trechos dos discursos não inseridos nas categorias criadas (NÓS) a partir do

Nvivo também foram usados para consolidação da pesquisa.

3.5 Considerações éticas do estudo

A resolução N° 510 de 07 de abril de 2016, estabelecida pelo Conselho

Nacional de Saúde considera a ética uma condição humana, histórica, social e

cultural. A ética na pesquisa deve prezar pelo respeito e pela dignidade humana,

estabelecendo a necessidade da proteção devida para com os pesquisados. Tal

conselho considera que as pesquisas em ciências humanas e sociais devem garantir

respeito e o pleno exercício dos direitos dos participantes.

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62

Diante da situação, os pressupostos éticos que norteiam essa pesquisa estão

estruturados nos elementos pós-textuais deste estudo. Levando em consideração

que “toda pesquisa realizada com seres humanos deveriam atender aos princípios

éticos da humanidade (Melo, 2012)”, sendo esses princípios que a autora fala o

princípio da moral, dos procedimentos e cuidados do pesquisador para com o ser

humano pesquisado. Cabe ao pesquisador conduzir sua pesquisa de forma que não

venha a denegrir o caráter físico, social e/ou moral do ser ao qual está sendo

pesquisado ou da organização ao qual ele faz parte. Apenas dessa forma, tendo em

preocupação a moralidade da pesquisa em seres humanos é que se constitui o

indício de uma transição paradigmática na percepção social das práticas de

pesquisa, porque implica, como norma, a “prestação de contas” aos sujeitos que

forem objetos de pesquisa e à sociedade como um todo (Schramm, 2004 apud Melo,

2010).

Para preservar os valores éticos dessa pesquisa científica foram utilizados

três documentos visando o livre esclarecimento do que é a pesquisa e como os

dados obtidos nela iriam ser utilizados.

Primeiramente tem-se o Apêndice A que é o Termo de Consentimento e Livre

Esclarecimento – TCLE. Nele contém informações a respeito da pesquisa, do que se

trata, qual o objetivo da mesma e o que será necessário para a realização da

pesquisa. O Apêndice B é o Termo de Concessão do pesquisador em relação ao

desenvolvimento da pesquisa. O Apêndice C é um termo de utilização da gravação

do áudio para fins do pesquisador com o seu objeto de estudo.

Todos os termos desenvolvidos para nortear a parte ética desta pesquisa

possuem como base o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, que disponibiliza em seu site

(http://www.cep.propesq.ufrn.br/) modelos para serem utilizados em pesquisas ao

qual se faz necessário o processo de entrevista. Vale salientar que este estudo

apenas toma como base os modelos existentes na PROPESQ (Pró-Reitoria de

Pesquisa da UFRN). Os mesmos não foram submetidos à comissão de pesquisa da

PROPESQ devido demanda de tempo entre a aplicação e a liberação do roteiro de

entrevista, porém os termos são disponibilizados de forma on-line para que os

discentes tornem tais modelos padrões de qualquer tipo de pesquisa desenvolvida

no âmbito acadêmico da instituição.

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63

Por fim, como forma de finalizar os procedimentos metodológicos existentes

nesse estudo, a figura 07 se trata do mapa da dissertação que tem como finalidade

apresentar todas as etapas, procedimentos, técnicas e análises presentes no

estudo.

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64

FIGURA 07: Mapa conceitual da dissertação

O que?

Por quê?

Como?

Para quê?

Procedimentos Metodológicos

Entrevista

Criação de Conhecimento

Resolução de problemas

Organizacionais

Conclusões

Recomendações

Trabalhos Futuros

Modelo de Negócio

Framework ontology

Business Model Canvas

Inovação

Modelo Mental

Métodos e técnicas

Visual

De que forma o Modelo Canvas se aplica na gestão e estratégia de empreendimentos

hoteleiros?

Contextualização de conhecimento

Problemática

Justificativa

Objetivo da pesquisa

Objetivos

intermediários

Apresentar aos gestores as formas de aplicabilidade do Modelo Canvas em situações

reais da hotelaria A) Identificar tendências

e necessidades;

B) Aplicar o Canvas;

C) Descrever experiência:

Pesquisa documental

Pesquisa-ação

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017

Analise de

conteúdo

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66

4 NECESSIDADE E APLICABILIDADE DO CANVAS NA GESTÃO DE

EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS

4.1 Tendências e necessidades da gestão estratégica hoteleira

Existe a necessidade de inovações diante de um mercado em constantes

transformações, como a hotelaria, sejam essas inovações em marketing,

hospedagem, serviços ou uma inovação organizacional, tais fatos são perceptíveis

nos discursos dos gestores. Entender as tendências e necessidade desse mercado

é a chave para manter-se nele. Porque conhecendo os fatores mercadológicos

possibilita a elaboração de estratégias. Exatamente por isso, objetivando traçar e

apresentar as tendências e necessidades existentes nesse mercado apresenta-se

uma nuvem de palavras que foi desenvolvida a partir das entrevistas realizadas com

os gestores que fizeram parte dessa pesquisa, tal resultado é o início da análise que

se segue na figura 08:

FIGURA 08: Preocupações da gestão hoteleira

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Com base na figura tem-se a representação das palavras mais citadas na

fala dos gestores, partindo das menores para as maiores que consequentemente se

destacam com maior grau nas preocupações da gestão hoteleira, dentre essas

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preocupações destaca-se o serviço, o atendimento e os clientes, ou seja, os

hospedes.

Uma análise mais detalhada permitiu relacionar as necessidades e

demandas da gestão hoteleira presente na fala dos gestores entrevistados. O

processo pode identificar e agrupar os fatores que fazem parte da necessidade e

das tendências hoteleira em um contexto relacional. Foi possível agrupar todas as

palavras advindas da nuvem acima em um mapa de palavras. O mapa permite

identificar o total de palavras que foram mencionadas pelos gestores em ordem de

citações numéricas, isso possibilitou agrupar em forma decrescente as

preocupações captadas durante o processo de entrevista. Inferindo assim, as

maiores preocupações.

QUADRO 08: Mapa da árvore de palavras

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

A ilustração mostra o hotel como eixo central e as preocupações dos gestores

quanto à rede hoteleira. Já é de conhecimento que a busca por serviços e novos

MAPA DA ARVORE DE PALAVRAS

3

7

H

O

T

E

L

Serviços

20*

Atendimento

09

Natal

07

Restaurante

06

Hospede

05

Mercado

05

Aconchego

04

Reclamações

04

Argentinos

04

Potencial

04

Público

08

Férias

06

Tarifas

06

Crescimento

03

Café

04

Viajar

04

Clientes

14

Diárias

03

Expectativa

04

Atenção

03

Lazer

07

Hospedagem

06

Crise

05

Estrutura

03

* Todos os números representam a quantidade de vezes que a palavra foi citada durante o processo de

entrevista

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clientes se tratam de preocupações constantes da rede hoteleira. Segundo um dos

gestores “é perceptível à preocupação com o cliente e o atendimento que está

sendo prestado pelo estabelecimento. A preocupação com os serviços passou a ser

a essência de todo estabelecimento hoteleiro, os clientes estão dispostos a pagar

pela questão do atendimento, antes era apenas por uma boa cama. Não existiam

serviços. Hoje é obrigado se ter um bom atendimento, antes não era. Sair da

mesmice, da formalidade, boa tarde senhor, boa noite senhor e conhecer mais o

hospede é essencial”. O cuidado com os serviços e o atendimento ao público são

necessidades constantes de todo e qualquer hotel.

Outro fator que preocupa os gestores é a evolução dos aparatos tecnológicos,

em especial, o potencial da internet um dos principais destaques na grande

necessidade de mudança do mercado já que proporciona dinamicidade as viagens.

As pesquisas apontam as preocupações constantes com o mercado on-line.

Segundo os gestores “as maiores tendências tecnológicas presentes na hotelaria

são os portais de reservas”, tais portais presentes nas OTA’s (On-line Travel

Agencies), ocupam um percentual alto no que diz respeito à realização de reservas,

consequentemente é um ponto positivo. Contudo, as OTA’s direcionam todo o

mercado o que também pode ser futuramente preocupante para o gestor. Para eles

“em termos de tecnologia existe o avanço de muitos portais que surgiram ao longo

dos anos”, trata-se de um mercado on-line que para o gerente da hotelaria tende a

seguir crescendo e que a qualquer momento uma empresa pode se tornar

responsável pelo monopólio dessa forma de reserva.

Também é possível destacar outras tendências e necessidades do mercado

hoteleiro, tais como, as necessidades de prestação de serviços de qualidade, a

busca pelo aconchego e conforto do hospede e a necessidade de atender as

expectativas dos hospedes. Quanto às tendências, a princípio já se mencionou a

internet, mas destaca-se o mercado estrangeiro, em particular da argentina, assim

como, a crescente demanda dos hospedes que buscam estruturas de lazer,

reservas on-line e a busca de meios alternativos de hospedagem vem ganhando

destaque como reservas realizadas no Airbnb e Couchsurfing.

O mercado hoteleiro não se resume apenas a esse contexto e para definir

todas as categorias dentro das tendências e das necessidades, a partir do discurso

dos gestores e com a ajuda do Nvivo a análise a seguir apresenta três dimensões

que foram categorizadas como mercado, tendências e necessidade. Essas

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categorias foram formadas a partir do agrupamento textual, frases e orações

retiradas do discurso dos gestores, visam elencar palavras e frases chave que

possam definir cada uma das variáveis estudadas. Criou-se então estruturas de

NÓS10, de acordo com Oliveira et al. (2016), os nós, que devem ser criados em

conformidade com as questões teóricas e de pesquisa, são utilizados para

codificação do material coletado.

Eles permitiram o agrupamento de sequencias textual que tivessem

informações relacionadas a uma das categorias pesquisadas; mercado, tendências

e necessidades. O quadro resume a relação textual encontrada dentro das

entrevistas.

QUADRO 09: Mercado hoteleiro, tendências e necessidades

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Esses fatores formam o conjunto necessário para o desenvolvimento da

gestão estratégica dentro do ambiente hoteleiro. As necessidades servem como

10

Nós são categorias, temas ou conceitos do projeto que o Nvivo permite formar a partir dos trechos das entrevistas que podem ser selecionados e direcionadas para uma pasta ao qual se atribui um nome e, essa pasta passa a ser denominada pelo programa como Nó.

MERCADO

TENDÊNCIAS

NECECIDADES

Baixas expectativas

Aumento das reservas on-line

Está inserido nos portais de

reservas

Vive-se um mercado de mês a

mês por causa da crise.

A busca de outras formas de

hospedagem (Aibnb,

Couchsurfing, aluguel de

apartamentos etc)

Está inserido nas redes sociais

Melhorias de forma lenta

Atualização do mercado

hoteleiro on-line

Café da manhã de qualidade

Estagnação tarifária

Aumento do público da terceira

idade

Proporcionar bem estar e

aconchego

Práticas mercadológicas

desleais na rede hoteleira

Aumento na busca e na

infraestrutura do Lazer

Possuir área comum destinada

a lazer

Preocupação com monopólio

de operadoras

Aumento de hospedes

Argentinos

Qualidade nos serviços e

atendimento

A crise impede contratação e

obriga cortar despesas

Satisfazer as necessidades e

expectativas dos hospedes

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padrão inicial para se ter no hotel. As tendências podem ser vistas como

direcionamentos dentro do mercado, podendo proporcionar crescimento ao hotel. E

todos os fatores direcionados no mercado ajudam ao gestor a pensar qual estratégia

tomar e como deve se posicionar perante um mercado altamente instável, movido

por estagnações, práticas tarifárias consideradas desleais e em crise.

Movido pela necessidade de entender o rumo ao qual o gestor deve tomar

para direcionar seu negócio, com a ajuda do NVivo foi realizada uma análise de

correlação entre as categorias. A correlação permite entender através de dados

amostrais como as variáveis se relacionam, e consequentemente, os caminhos que

devem ser tomados para a gestão dos empreendimentos. Para identificar a força de

correlação utilizou-se o estudo estabelecido pelos autores Field (2009), Levin e Jack

(2009), que dizem que -1,00 é uma correlação relativa perfeita, -0,60 forte, -030

moderada, -0,10 fraca, 0,00 nenhuma correlação, +0,10 positiva fraca, +0,30 positiva

moderada, +0,60 positiva forte, +1,00 positiva perfeita.

TABELA 02: Correlação entre tendências, necessidades e o mercado hoteleiro

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

O coeficiente de Person apresentado na tabela acima é responsável por

indicar a força de associação entre as categorias estudadas. Nesse caso fica visível

que a relação entre as tendências é mais forte para com o mercado hoteleiro. Essa

relação entre tendência e mercado marca uma relação considerada forte de 0,65.

Isso quer dizer que a hotelaria deve basear-se nas tendências de seu mercado para

manter-se competitiva e atenta às novidades e inovações que surgem.

Existe uma representatividade de correlação moderada de 0,53 entre

necessidades e mercado. As necessidades descritas aqui são os fatores básicos

para manter-se dentro do mercado hoteleiro. Contudo, mesmo que o hotel não

CATEGORIAS

CATEGORIAS

COEF. DE PEARSON

TENDÊNCIAS

MERCADO HOTELEIRO

0,65

NECESSIDADES

MERCADO HOTELEIRO

0,53

TENDÊNCIAS

NECESSIDADES

0,44

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possua uma rede computadorizada, não esteja inserido em todas as redes sociais e

nem possua disponibilidade em todos os portais de reservas existentes, mesmo

assim, é possível permanecer atuante no mercado. São necessidades básicas,

porém não são divisores que interferem na existência total de um empreendimento,

mas caso o empreendimento não atenda tais necessidades com o passar do tempo

dificilmente conseguirá alcançar as tendências desse mercado e será cada vez mais

difícil se tornar competitivo podendo acarretar no fracasso da empresa.

A relação entre tendências e necessidades que corresponde a 0,44 também

se trata de uma relação moderada, porém possuindo o índice mais baixo de

correlação. Isso ocorre pelo fato da variável mercado ser o elo que unifica a relação

entre tendências e necessidades da indústria hoteleira.

A figura 09 se baseia nessa relação e busca explicar de forma simples e

visual tendo o mercado como fator que intermedia as tendências e as necessidades.

Uma vez que para manter-se no mercado é importante ter as necessidades e para

continuar nele é necessário está em constate monitoramento de suas tendências

objetivando alcança-las e só então manter-se competitivo.

Têm-se assim, tendências e necessidades como relações complementares e

que são literalmente voltadas ao mercado. Nesse caso, o mercado hoteleiro é

responsável por ditar as necessidades básicas e também por deliberar novas

tendências que devem ser seguidas pela indústria hoteleira.

FIGURA 09: Relação entre tendências, mercado e necessidades

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

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A partir da relação se observou que as tendências moldam o mercado atual

da hotelaria, tais tendências são responsáveis por apontar padrões, públicos e

serviços importantes, essenciais para a gestão hoteleira. A composição dos

aparatos tecnológicos junto das formas distintas de hospedagem, a busca do lazer,

o turismo da terceira idade e o mercado estrangeiro, em particular o argentino, são

fatores que podem ser a chave para a solução da atual situação do mercado que

parte de estagnações tarifárias em meio a uma crise econômica e política enfrentada

no país desde meados de 2015. As tendências podem apresentar aos gestores

meios para mudar o cenário de baixa expectativa e buscar alternativas para frear o

monopólio das OTA’s, e para rumar além do mercado doméstico investindo em

outros entrantes que dinamizem a hotelaria.

É necessário atentar-se às necessidades básicas, pois só na busca da

prestação de serviço de qualidade, na busca do bem estar e do aconchego, tal

como, está inserido no mercado on-line é que os empreendimentos hoteleiros

conseguirão manter-se no mercado, tem-se ai uma relação mutua entre as

tendências, o mercado e as necessidades, conforme presente no quadro 09.

Todos os fatores são determinantes para a busca de novas estratégias, além

desses fatores também se necessita de ferramentas que ajudem na tomada e no

direcionamento das estratégias. Mediante essa situação o Canvas foi à ferramenta

aplicada para desenvolve e implantar estratégias que possibilitassem alternativas de

forma competitiva para os empreendimentos hoteleiros e seu cenário mercadológico,

suas tendências e suas necessidades.

4.2 O MODELO CANVAS EM EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS

4.2.1 A forma de aplicabilidade do Modelo Canvas

A aplicabilidade do Modelo Canvas na hotelaria é um desafio que foi

percorrido dentro deste estudo. Para a realização dessa etapa o modelo foi utilizado

em dois hotéis distintos. Por se tratarem de empresas que já apresentavam

estruturas de negócios em funcionamento o BMC, nesses casos, foi aplicado

levando em consideração a busca de novas estratégias que pudessem ser

desenvolvidas, aplicadas e monitoradas pelos gestores a fim de contribuir com o

desenvolvimento das organizações.

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Durante a implantação do modelo é importante entender que o mesmo é

dinâmico, possui uma linguagem que busca descrever visualmente, alinhar, criar e

alterar modelos de negócios (Pigneur e Osterwalder, 2011). Esse pensar visual

existente no Canvas não foge das práticas existentes dentro dos sistemas hoteleiros

que separam por cores e em mapa visual o quadro de reservas, por exemplo. Essa

forma sistematicamente visual é utilizada em âmbito diferente dentro da hotelaria,

mas se partir desse princípio o ponto em comum dessas formas é a capacidade de

proporcionar um entendimento seja do quadro de reservas ou do modelo de

negócio, uma visão da organização como um todo, de forma ampla e sistemática.

Essa forma possibilita uma visão dinâmica e panorâmica da empresa permitindo que

o todo interaja com as partes e que as partes formem o todo, isso porque o Canvas

mesmo separado por quadrantes possui como objetivo maior a implantação ou o

monitoramento do negócio e de suas estratégias.

Nesse princípio o modelo aplicado visou dois pontos, o primeiro foi descrever

a partir dos relatos dos gestores e de dados existentes na empresa a situação atual

de cada hotel. O segundo foi desenvolver estratégias que pudessem ser aplicadas

pelos gestores mediante observações e estudos realizados no decorrer da coleta de

dados. Para a realização, utilizou-se como ferramentas um pôster com a imagem do

Canvas e os post-its. É necessário entender que esses marcadores em adesivo são

ferramentas práticas e úteis que promovem uma discussão, entendimento,

criatividade e análise quando inseridos no Canvas (Pigneur e Osterwalder, 2011).

Esses adesivos permitem a utilização de cores diferentes possibilitando o

estabelecimento de conexões estratégicas. O caminho que deve ser tomado, a

forma como será direcionada cada estratégia desenvolvida. Cada cor utilizada pode

estabelecer uma estratégia diferente a ser implantada, estudada e analisada.

Em ambos os hotéis colocou-se um pôster na parede da sala da gerência, a

partir de então traçou o modelo de negócio atuante de cada empresa. Só foi possível

entender esses modelos através dos dados da entrevista, assim como, dos dados

existentes no hotel que permitiram entender a proposta de valor atual de cada

empresa, o público que cada uma delas atendem, seu segmento de mercado, o tipo

de relacionamento que cada empresa está mantendo com seus clientes, tal como,

os canais de distribuição que são usados por elas para direcionarem seus produtos

e suas propostas de valor. Também foi possível entender com a ajuda dos gestores,

os parceiros que cada empresa possui, suas atividades principais, em particular a

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hospedagem por se tratar da hotelaria, porém não só a hospedagem é tida como

atividade nessas empresas, foi possível constatar os serviços de restaurante até

mesmo como fator preocupante das organizações. Discutiram-se também os

recursos de cada uma das empresas e suas estruturas financeiras tanto de custos

como de receitas, porém, se atentando não a fatores numéricos, mas às variáveis

que compõem cada parte.

As imagens 10 e 11, a seguir, correspondem ao modelo Canvas aplicado

dentro de um dos hotéis estudado.

FIGURA 10 e 11: Aplicabilidade do modelo canvas - Hotel Safari

Fonte: Dados da pesquisa, 2017.

A figura 11 se trata do quadro do modelo de negócio atuante onde predomina

os marcadores em adesivos amarelos que foram utilizados para fazerem jus ao

modelo de negócio vigente do hotel. Enquanto a figura 12 apresenta post-its de

corres distintas, é um quadro mais dinâmico onde já se traçam estratégias

diferentes e que dão início a uma nova etapa, então a figura apresenta mais

dinamicidade de corres. É exatamente por isso que o Canvas age como um mapa

visual que permite não apenas entender o destrinchar da atual situação do hotel

dentro de seu mercado, mas também aderir à elaboração de estratégias.

Já a figura 12 representa a aplicabilidade do modelo em um segundo

estabelecimento onde é possível verificar com clareza sua dinamicidade de corres,

consequentemente cada cor marca um tipo de estratégia a ser tomada ou uma

ação que é interpretada ou refletida a partir da situação real do hotel.

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FIGURA 12: Aplicabilidade do modelo canvas - Hotel Bruma

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

A forma de aplicar o modelo através de pôster e post-it é prática, rápida e

dinâmica. Verificou-se que este modelo permitiu ao gestor analisar diariamente

todas as estratégias e desenvolver prontamente aquilo que almeja, ou até mesmo

opta em mudar. Vale lembrar que os marcadores de papel podem ser colocados e

retirados quando necessário, agindo de acordo com as estratégias.

Todas as estratégias tiveram finalidades correlacionadas por isso utilizou-se

corres iguais que interligassem e que facilitassem o processo tanto visual quanto

relacional das estratégias, facilitando a execução do modelo. Um ponto em destaque

e positivo desta forma de aplicabilidade é que permite além do desenvolvimento de

ideias a possibilidade de adicionar perguntas como forma de anotação dentro do

próprio painel, tais perguntas podem ajudar no processo de reflexão de como se

deve agir, aplicar e desenvolver cada parte do modelo de negócio que está sendo

trabalhado.

Essa forma tradicional de pôster e post-it não é a única forma de aderir o

Modelo Canvas, com o auxílio dos aparatos tecnológicos também é possível utilizar

o BMC desenvolvido pelo SEBRAE e realizar todos os processos do modelo através

de uma plataforma on-line.

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4.2.2 O Canvas como ferramenta de aplicabilidade on-line

O pôster e a utilização dos post-its são práticas que englobam toda a

praticidade que o Canvas exige. Ambos possibilitam a interação entre todos os

participantes que compõe o projeto. Mesmo a pesquisa estando voltada ao gestor

hoteleiro é necessário entender que quando se tem uma equipe essa forma

tradicional possibilita toda a interação e reflexão em ocasiões de reunião entre os

integrantes do projeto. Além dessa forma também foi trabalhado nesse estudo o

Canvas On-line, o mesmo foi utilizado apenas para fins do pesquisador, mas não

deixa de ser uma ferramenta importante e outra forma de aplicação que deve ser

estudada e mencionada.

Por ser uma plataforma on-line desenvolvida pelo SEBRAE que permite

montar o canvas de forma prática através do computador, por proporcionar padrões

similares aos meios tradicionais, por permitir o acesso ao modelo em

desenvolvimento fora do ambiente de trabalho, optou-se pela utilização do modelo

na plataforma. Esse serviu como suporte para o acesso fora dos hotéis onde o

modelo estava sendo trabalhado. Conforme mencionado, optou-se pelos meios

tradicionais do Canvas por entender que eles apresentam um grau de interatividade

entre o pesquisador e os agentes que estavam sendo pesquisados. Essa interação

ocorre de forma mais ampla, visual e acessível a todos. Porém, utilizar a ferramenta

de forma on-line permitiu estender os estudos para além das empresas, facilitando a

busca de novas reflexões que pudessem surgir e sua realização em um segundo

momento. A utilização dessa ferramenta também permite ao gestor a praticidade de

trabalhar o Canvas fora de seu ambiente de trabalho, porém, este não foi o caso já

que a ferramenta foi utilizada apenas pelo pesquisador, sendo apresentada ao

gestor apenas como forma de dar continuidade ao trabalho pós a etapa de pesquisa.

O SEBRAE desenvolveu a ferramenta de forma interativa onde se pode

avaliar, comentar e compartilhar as atividades que são desenvolvidas por seus

usuários. Trata-se de um site gratuito que tem como base os princípios originais do

BMC e que é permitido desenvolver a mesma estrutura dos meios tradicionais, até

mesmo a utilização de blocos de notas em cores. A instituição define o canvas como

um mapa que possibilita resumir e esboçar os pontos chaves de um determinado

negócio. Com base nessa lógica que vai ao encontra do que defende os autores do

modelo Pigneur e Osterwalder (2011). Dentro do ambiente ainda é possível ver os

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Canvas mais recentes que são disponibilizados pelos usuários, os mais bem

avaliados e os mais acessados. Tal como montar diversos para poder administrar.

Concomitantemente, essa ferramenta on-line facilita aos gestores de negócios, aos

consultores e ao público em geral que almeja desenvolver atividades e pôr em

prática o modelo em situações reais.

A figura 14 foi construída utilizando a ferramenta Canvas SEBRAE. Vale

salientar como o mesmo é uma forma dinâmica e mutável trabalhada

semanalmente, a figura não expressa na integra todas as partes trabalhadas, isso

porque ao realizar uma etapa, em sua conclusão ou desistência é possível se

desfazer de forma prática e rápida dos post-its que se ligavam a determinada

estratégia, esquecendo-a ou trabalhando em um novo caminho, com um novo ponto

de vista para aprimorar a mesma ou criar outra. Dentro dessas perspectivas, o

Canvas a seguir, mostra uma das estruturas on-line que foram montadas

paralelamente a aplicação do modelo dentro das empresas.

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FIGURA 13: Modelo Canvas SEBRAE – On-line

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

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A partir do modelo fica perceptível como essa ferramenta deu forma as

estratégias desenvolvidas e como toda estratégia se perpetua dentre os nove blocos

que compõe o modelo. Observa-se também que o modelo pode ser utilizado para

estratégias voltadas à parte estrutural da empresa, não apenas ações externas.

Pois, ao observar a necessidade de alinhar os processos burocráticos da empresa,

principalmente na parte da auditoria, movimentos de conferencias de todas as

atividades diárias realizadas no hotel, implantou uma ação voltada a planejar a

inserção de um auditor ou o treinamento de pessoas para realizarem tal função.

Essa ação que se encontra presente no Canvas é mais uma das formas ao qual a

ferramenta é capaz de estruturar.

A forma on-line aparenta ser mais visível, porém perde a dinamicidade e

interatividade uma vez que se trata de algo mais pessoal que está acessível através

do computador e não visualmente a todo o momento como no pôster. Mas não deixa

de ser outro meio que pode ser utilizado para realizar a aplicação do modelo dentro

das organizações hoteleiras. Mesmo não sendo a forma trabalhada nesse estudo

essa ferramenta demostrou-se prontamente capaz de desenvolver todo o processo

moldado pelo BMC.

Quando se trata de uma empresa atuante no mercado o Canvas sempre deve

ser aplicado de início para entender sua situação atual, só então partir para

estratégias através das pesquisas que podem ser feitas para entender e analisar o

mercado ao qual a empresa está inserida, só em seguida possibilita montar

estratégias tanto organizacional quanto de atuação mercadológica em cada

empreendimento. Em alguns pontos os estabelecimentos podem estar relacionados

de maneiras iguais em outros as estratégias podem divergem. Isso ocorre porque

cada empresa mesmo sendo de rede elas podem atuar de formas distintas ou

estarem inseridas em uma busca de mercado diferente e possuírem propostas de

valores totalmente opostas. Por exemplo, caso o BMC fosse aplicado em um hotel

de grande porte o seu público, a sua proposta de valor e o seu tipo de

relacionamento para com o cliente seriam diferentes dos hotéis de pequeno e médio

porte. Tal como os meios utilizados para interligar o público ao hotel.

Independente do porte do hotel e de sua forma de aplicabilidade o modelo por

ser dinâmico requer alguns cuidados em sua estrutura de aplicação. As tomadas de

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decisões devem ser sempre realizadas entre o gestor e sua equipe ou entre o gestor

e o pesquisado/consultor que está aplicando o modelo no empreendimento. Todas

as estratégias devem ser claras e repassadas para os indivíduos responsáveis por

implantá-las. Mesmo que as estratégias sejam trabalhadas com o gerente do

empreendimento, tais estratégias se voltam para serem aplicadas, em muitos casos,

com a equipe. Mediante o exposto, existem cuidados que se devem tomar levando

em consideração que ao aplicar cada etapa que foi desenvolvida com bases teóricas

no BMC em alguns casos não se tem volta. Em casos como esse a solução é

pensar em novas soluções para as decisões que foram tomadas de forma errada.

Por isso é importante sua visualização e a reflexão como um todo para que no final

se opte por tomadas de decisões favoráveis e que possam ir ao encontro com as

propostas estabelecidas e defendidas pelo empreendimento.

4.2.3 Contexto e direcionamento das estratégias

Com base nas análises das tendências principais, da força do mercado, da

força da indústria e da força macroeconômica utilizadas no instrumento de coleta de

dados, possibilitou-se deduzir ideias e estratégias iniciais para serem desenvolvidas

dentro dos hotéis. Isso porque conhecer o ambiente de negócio ajuda o mesmo a se

tornar mais competitivo. As definições do mercado, suas tendências e necessidades

contribuíram para entender o contexto do mercado atual e direcionar estratégias que

atinjam o mercado hoteleiro. Cada estratégia desenvolvida foi deliberadamente

pensada levando em consideração essas análises externa e também as questões

internas objetivando desenvolver estratégias simples, porém eficientes que

pudessem ser condizentes com a pesquisa. Após análises dos fatores supracitados

as estratégias desenvolvidas visaram atentar para as tendências e as necessidades

da gestão hoteleira.

O desenvolvimento das estratégias buscaram direcionamentos voltados para

o cliente, canais de distribuição e tipos de relacionamento. Essas foram às

preocupações apresentadas na nuvem de palavras, no mapa da árvore de palavras

que foram criados a partir das falas dos gestores.

As estratégias foram desenvolvidas dentro dos aspectos emocionais visando

estabelecer competitividade empresarial. Isso não deixa de enaltecer as atividades

principais da organização, assim como, contribuir para a busca de parcerias contidas

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em um aspecto mais operacional das empresas. As estratégias foram elaboradas

visando os seguintes direcionamentos;

Transformar clientes detratores em clientes neutros

Transformar clientes neutros em promotores

Estimular clientes a divulgarem e enaltecerem a marca

Desenvolver novos tipos de relacionamento com o cliente

Inserir-se de forma competitiva no mercado

Para ambos os hotéis o modelo foi aplicado visando esses pontos, primeiro

por condizerem com as preocupações desenvolvidas pelos gestores, tratadas como

necessidades e tendências, e pela interação e a busca da proximidade com o

cliente. Visou também à necessidade de estruturar estratégias que se tornem um

diferencial da empresa atingindo a competitividade almejada no mercado.

O quadro 10 apresenta as estratégias que foram direcionadas nos dois

empreendimentos estudados, em ambos as ações foram aplicadas.

QUADRO 10: Relação das estratégias desenvolvidas nas organizações hoteleiras

HOTEL

Enaltecer clientes e empresa

Interface com

clientes

Gestão e

relacionamento

Competitividade

E

S

T

R

A

T

É

G

I

A

S

Gestão da experiência do

cliente

Mídias

Sociais

Cocriação de valor

Promoções, sorteios

e engajamento.

Criar valor entre cliente e

marca

Gerir e criar canais de

distribuição

Fonte: Dados da pesquisa, 2018

Cada ação e ideia foram transferidas para o Canvas, elaboradas e aplicadas

dentro dos hotéis. A grande preocupação para com o cliente voltou-se na busca de

entender e gerir sua experiência para com a organização. Os gestores alegam que

“os custos da hospedagem e dos serviços do hotel são trocados em forma de

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atenção e atendimento. O hospede paga não apenas para dormir, mas para terem

uma atenção e um bom atendimento”, tal fator contribui para a tomada de decisão

em relação a entender mais sobre as experiências que os hospedes tem dentro da

empresa ao qual ele optou se hospedar. Um dos gestores alegou que “os hospedes

habitué11 voltam pelo atendimento, por se sentirem em casa, se sentirem livres e

relaxados com o ambiente”, com base nessas preocupações de atentar-se para

essa relação entre empresa e cliente optou-se por buscar uma gestão voltada na

experiência do indivíduo para com a organização. Uma experiência que crie valor

entre o cliente e a marca, uma experiência para enaltecer a relação cliente-empresa.

Quando se fala em uma estratégia experiencial, uma estratégia que parta da

experiência do consumidor refere-se a visar maneiras que ampliem a experiência do

indivíduo de maneira a despertar sua memória, de fazer com que o mesmo relacione

aconchego, conforto, atendimento, serviço entre outros quesitos a uma marca, a um

lugar, tal forma contribui construtivamente na relação entre empresa e clientes. Para

isso realizou-se ações que pudessem enaltecer de forma aparentemente simples

mais que apresentassem experiências memoráveis durante o tempo de estadia do

hospede. Essas ações também foram baseadas em custo benefício para as

empresas, só então, aplicadas.

A figura 14 apresenta uma das estratégias desenvolvidas. Como forma de

agradecer aos clientes pela escolha do hotel, um dos empreendimentos

disponibilizou de forma cortes caixas de scrapbook com mensagem de final de ano.

Uma forma aparentemente simples mais que além da busca do engajamento na

relação entre empresa-cliente e suas experiências, a ação realizada enaltece a

marca quando aborda em sua criação elementos que compõe e que lembram a

mesma. Nessa ação foi possível divulgado o novo canal de comunicação da

empresa, não utilizado anteriormente, o instagram. Operações como essas

contribuem com o processo de aproximação, um processo relacional entre cliente e

empresa por intermédio de cortesias do hotel que possibilita a divulgação das mídias

sociais ao qual o estabelecimento iniciara a adesão.

11

Termo em francês designado para tratar clientes que frequentam o estabelecimento hoteleiro

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FIGURA 14: Scrapbook

Fonte: Dados da pesquisa, 2017.

Tal processo contribui para a inserção da empresa nos meios tecnológicos

que são considerados tendências para o desenvolvimento das organizações e que

são constantemente visados pelos gestores, mas foi perceptível que nem sempre

são utilizados.

A falta de inserção no mercado on-line pode acarretar na má distribuição da

proposta de valor para com os clientes. Em um mundo altamente conectado a busca

por canais de distribuição e a utilização mais acirrada dos já utilizados pode

direcionar clientes as empresas e fazer com que as empresas estejam

constantemente sendo vista por novos clientes. Por esse motivo constatou-se a

necessidade da organização buscar ou disponibilizar profissionais que contribuíssem

para o engajamento do hotel nas mídias sociais. Assim, ao mesmo tempo em que se

iniciava uma relação entre empresa e cliente através de suas mídias, iniciava-se a

formalização de novos canais de distribuição ou no mínimo a busca por aprimorar os

canais existentes. Esses canais permitem uma gestão de relacionamento voltado

para a cocriação de valor, como já mencionado, é o envolvimento dos clientes com

experiências positivas que façam com que os mesmos participem do processo de

divulgação e produção dos produtos e serviços da organização. Só é possível

chegar a esse patamar tendo uma interface entre empresa e cliente, e essa

construção se baseia por meio da interação entre ambas as partes, podendo ser

encontradas e realizadas por intermédio das mídias sociais.

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A figura 15, a seguir, é um recorte de imagens do processo de construção da

relação cliente e empresa, uma interface que busca estabelecer e desenvolver o

processo de cocriação de valor através do instagram. Outras ferramentas também

foram utilizadas como o facebook e mensagens via celular, no entendo o instagram

demostrou maior capacidade de interação.

FIGURA 15: Construção do relacionamento com o cliente

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Essas ações desenvolvidas dentro dos hotéis deram suporte não apenas no

relacionamento da empresa com o cliente, com o propósito da proposta de valor do

estabelecimento, mas também apresentou um elo relacional que ultrapassa os

termos contratuais que as empresas geralmente mantêm com seus clientes. A busca

desse vínculo vai além dos relacionamentos automatizados, voltado apenas na

relação formal e contratual. A partir desse ponto, quando já se tem uma relação

próxima com o cliente é possível desenvolver estratégias voltadas a tornar a

empresa competitiva e diferenciada das demais, um exemplo, são estratégias de

sorteios, criação de parcerias entre cliente e empresa e investimento em marketing

digital, essas estratégias podem ser elaborados, estruturados e monitorados dentro

do Canvas.

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Existem diversas maneiras para se tornar uma empresa visível no mercado

on-line. No ramo hoteleiro uma das estratégias mais utilizadas para adentrar nesse

mercado são os sorteios. Objetivando essa inserção a imagem a seguir representa a

estrutura de um sorteio que foi montado pelo Hotel Bruma, um dos hotéis que

participou como agente de pesquisa do estudo.

FIGURA 16: Divulgação e propagação através das mídias sociais

Fonte: Dados da pesquisa, 2018

A figura apresenta alguns pontos importantes, mesmo sendo uma prática em

constante crescimento nas redes sócias, o sorteio foi desenvolvido seguindo os

padrões de planejamento estudados no Canvas. As vantagens para a empresa é

que ao desenvolver sorteios como esse o consumidor é conduzido diretamente à

página do hotel onde é permitido ter acesso a fotos, vídeos e até mesmo ao tarifário

do hotel, caso exposto. Tem-se então o primeiro contato com o hotel através do

instagram configurando-se como um canal direto por permitir e direcionar vendas

provindas da web como apresentado no quadro 05 desse estudo.

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Quando se realiza sorteios é necessário estabelecer parcerias de demais

instagrans que contribuirão para a divulgação e propagação da imagem do hotel,

ajudando o mesmo a divulgar seu trabalho e sua marca. As três páginas que foram

parceiras nesse caso, foram; @pousadas.top @viagem1.0 @lenilson_creative_arts

junto com o @hotelbruma totalizaram um alcance de 262 mil pessoas (Duzentos e

sessenta e duas mil pessoas), sem contar os números de pessoas que a publicação

alcançou no facebook, ferramenta ao qual foi realizada a divulgação, porém, não

houve uma contabilidade do engajamento obtido através do facebook por ser uma

estratégia direcionada inicialmente no instagram e só a posterior ser incrementada

ao facebook, apenas para divulgação, acarretando na falta numérica pontual do

início ao termino da vigência do sorteio.

Com apenas dois meses em prática e após o sorteio o instagram se tornou

um dos canais mais utilizado pelo hotel. Além de realizar todo esse alcance com

apenas uma publicação a postagem teve 2.995 comentários. Esses comentários

ajudam no processo de divulgação da empresa no momento em que o objetivo da

postagem era que um indivíduo marca-se ou indicasse outro para participar do

sorteio. Um processo simples, mas que gera cocriação de valor no momento em que

as pessoas marcam outras, elas estão se inserindo no processo de divulgação do

hotel e participando do mesmo como propulsora e defensora daquele lugar, daquela

marca. Essa inferência parte do princípio de que se indica algo quando se quer fazer

parte dele por se sentir bem, por conhecer ou por ser encantado pelos valores e

práticas defendidas pela organização, tal como, pela imagem já que o ato de marcar

um indivíduo na publicação não está vinculado a nenhuma obrigação contratual.

Outro fator que coincidi para isso é que ao ser marcada a pessoa pode ver e

acompanhar as redes sociais do hotel, analisar o tipo de postagem que é realizada e

como são passados os valores da organização para só então decidir participar.

Lembrando também que a própria rede dá o direito ao seu usuário de retirar sua

marcação caso queira, nesse caso o usuário tem a opção de não fazer parte da

ação por qual motivo seja.

Fica claro que o direcionamento de cada estratégia que pode ser

desenvolvida utilizando o BMC irá depender do contexto de cada empreendimento.

Todo o processo de aplicação só é possível após ter realizado toda análise em

relação ao seu mercado e de ter realizado primordialmente o entendimento atual de

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sua organização. O sucesso de aplicabilidade dependerá também do quão cada

gestor está disposto a realizar para desenvolver as estratégias e alcança-las por

mais simples que sejam. Cada estratégia traz consigo uma série de ações. Cada

etapa a ser desenvolvida dentro do Canvas contribui para o desenvolvimento das

demais. Concomitantemente as experiências que são desenvolvidas durante o

processo de aplicação podem ajudar ao gestor a compreender a importância dessa

ferramenta, e a mesma pode guiar o gestor de maneira prática, rápida e objetiva.

4.3 A EXPERIÊNCIA DE APLICAÇÃO DO MODELO CANVAS COMO

FERRAMENTA ESTRATÉGICA EM EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS

Aplicar o Modelo Canvas mesmo parecendo simples trata-se de uma

ferramenta complexa por possuir suas divisões em nove quadrantes articulados.

Para colocá-los em prática requer além de conhecimento, a necessidade de pensar

de forma estratégica. Sua aplicabilidade expõe diferentes possibilidades de reflexões

e discussões durante o tempo trabalhado na organização.

Em primeiro momento, o Canvas traz consigo uma reflexão dos gestores para

com seus empreendimentos. Ao montar a estrutura atuante do hotel, ver como o

mesmo se posiciona no mercado com os seus clientes permite ao gestor se depara

com seu primeiro contato experimental. Esse contato refere-se a vivencia prática e

visual do seu negócio, do seu empreendimento. Uma experiência de aprendizado

visual, isso porque é a partir desse momento que ele aprende e entende como está

seu negócio, que rumo ele tem e pode tomar. É uma experiência além de funcional e

empresarial, é visual. O primeiro contato permite ao gestor desenvolver a

sensibilidade de enxergar em um quadro toda sua organização a ponto de

possibilitar um pensar estratégico de seu empreendimento.

Consequentemente essa forma visual apresentada através do BMC permite

ao gestor outro tipo de experiência, uma experiência que é desenvolvida através da

mentalidade. O BMC além de projetar toda a estrutura do empreendimento de forma

visual ele configura toda sua estrutura dentro de quadrantes que são interligados

forçando ao gestor e sua equipe a pensar em soluções e estratégias. Esse

panorama pode ser entendido como um mapa mental da organização, assim como

os mapas mentais, o Canvas possibilita ligar informações em torno de um tema

central, ou seja, a proposta de valor. Todos os procedimentos trabalhados dentro do

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modelo têm a finalidade de atender a proposta de valor e as estratégias que são

direcionadas para ela. As conectividades dessas informações possibilitam o

aprendizado do gerente com a sua firma. Dessa forma as informações através dos

post-its com palavras chave exemplificam e sintetizam a estratégia que a

organização tem e que futuramente deseja alcançar.

Esse processo parte da interação e integração do gestor com o BMC e a

experiência mental proporcionada a partir dele. É importante entender que essa

experiência mental não é desenvolvida em seu primeiro contato, diferente da

experiência visual. Para entender a ferramenta como um mapa mental capaz de

ajudar a direcionar a empresa e suas estratégias requer tempo de aprendizado entre

a ferramenta e o gestor. Com base na aplicação do estudo foi possível averiguar que

este desenvolvimento mental só ocorre quando o gestor entende todo o processo de

estrutura dos blocos que compõe o Canvas e quando o gestor exercita a aplicação,

quando ele tem um contato físico e mental. Quando ele aplica e pensa de forma

estratégica é que sua experiência e seu discernimento tornam-se completos.

Tornando o Canvas uma ferramenta prática diferenciada para gerir e estabelecer

estratégias organizacionais.

O contato com o Canvas é nitidamente uma experiência que vai sendo

construída inicialmente de forma visual, e só então abre a possibilidade para

entender e interpretar tal modelo como um mapa mental capaz de auxiliar na tomada

de decisões dentro da empresa. Isso por que o modelo se torna uma ferramenta

estratégica para a organização a partir do momento que possibilita a composição de

planos e objetivos que podem ser traçados com uma finalidade predeterminada,

objetivando que a organização atinja os resultados convencionados, comunicados e

formalizados como mencionado por Mañas (2001). Como alegou Tavares (2008)

para ter uma gestão estratégica é necessário atentar para o processo de formulação

e implementação dela, atentar para a concepção e adoção de um modelo

organizacional adequado à implementação da estratégia. O Canvas se aplica como

o modelo capaz de ajudar a organização em tais processos levando em

consideração que suas partes permitem pensar em cada processo e etapa,

composição, execução e monitoramento.

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O BMC se aplica como modelo capaz de ajudar ao gestor na tomada de

decisões a partir do momento em que sua prática pode traçar os caminhos ou o

caminho ao qual o gerente da empresa pretende seguir estrategicamente, isso por

intermédio da utilização dos post-its. Por mais simples que pareça essa forma de

aplicabilidade permite a versatilidade de visualizar e pensar mentalmente nas

estratégias tomadas de uma forma panorâmica, ampla e visual permitidas pelo

Canvas. Mesmo diante de uma ferramenta que se tem demonstrado eficaz e

aparentemente de fácil acesso e manuseio, existem alguns entraves que foram

considerados durante seu período de inserção nos empreendimentos hoteleiros, tais

fatores podem ser contornados na medida em que o gestor, o pesquisador ou a

equipe responsável por aplicar o modelo adquirem experiência no desenvolvimento

e na forma estrutural de sua aplicabilidade.

4.3.3 Canvas como ferramenta estratégica: dificuldades, restrições e soluções

A aplicabilidade do Canvas apresenta uma série de fatores que devem ser

estudados. Desenvolver o modelo dentro de uma organização é algo complexo e

que apresenta determinadas dificuldades e restrições tanto para o pesquisador,

aquele que está inserindo o trabalho, quanto para o gestor e a equipe que se insira

no contexto da implantação. É importante entender todo o processo, as dificuldades

e restrições do modelo dentro do ambiente hoteleiro onde o Canvas demostrou ser

importante na montagem de estratégia, tanto como, na toma de decisão para

estabelecer cada estratégia desenvolvida e trabalhada de acordo com cada hotel

estudado.

A hotelaria mesmo sendo um setor que ao ponto de vista mercadológico

possui bastantes opções para inovação, ainda se apresenta incipiente quando o

assunto é voltado para processos organizacionais e ferramentas que possam dar

suporte na melhoria e na gestão estratégica. Dentro desse contexto os mais

afetados são os hotéis de pequenos e médios portes que em sua maioria trabalham

com equipes pequenas e tendem a não inovarem em processos organizacionais.

Isso é nitidamente percebido quando se realiza pesquisa ou quando pesquisa-se

sobre o setor. Assim, surge à primeira dificuldade enfrentada na hora de colocar o

BMC em prática dentro do ambiente hoteleiro, a rigidez empresarial na mudança

organizacional.

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Os gestores tendem a trabalhar a cultura organizacional da empresa ao qual

geri sem pensar em novos processos que facilitem e que lhes permitam desenvolver

estratégias para melhorar o desempenho da empresa. Com base no estudo

descobriu-se que as preocupações maiores estão centradas nos clientes, na

satisfação, na estrutura hoteleira para atingir a exigência do mercado e nos aparatos

tecnológicos. São esses fatores que ajudam a inibir as preocupações com os fatores

organizacionais.

Toda e qualquer nova etapa de tomada de decisão ou estratégia nos hotéis

trabalhados seguiam da teoria para a prática sem estabelecer os processos

necessários, sem ter um mapa visual da estratégia e sem estudar toda a estrutura

necessária para a aplicação da ação que se pretendia realizar. Só após apresentar a

importância de todas essas análises, com uma ferramenta como o Canvas, é que os

gestores passaram a dar importância aos processos organizacionais. Mesmo assim,

o processo cultural de implantação de um modelo, a princípio, é tratado com rigidez.

Diante da dificuldade enfrentada na aplicação do modelo, em muitos casos,

estratégias deixam de ser trabalhadas ou são restritas devido à falta de cooperação

para com as ações desenvolvidas. Essas causas fizeram com que as estratégias

trabalhadas fossem as mais acessíveis financeiramente e que pudessem mostrar

retorno mesmo que a priori apenas relacional entre empresa e clientes.

Com bases na aplicabilidade desenvolvida nas duas organizações hoteleiras

durante o período de quatro meses, sendo dois em cada hotel, foi possível com a

ajuda dos gestores e, também, com a experiência desenvolvida durante o decorrer

do processo de aplicação, destacar algumas das restrições e dificuldades de inserir

o modelo dentro da organização.

QUADRO 11: Dificuldades, restrições e soluções da aplicabilidade do Canvas na hotelaria

DIFICULDAES

RESTRIÇÕES

SOLUÇÕES

Resistência de implantação de um modelo de negócio para uma empresa em funcionamento

Restrições a grandes

mudanças organizacionais

Apresentar o Canvas como ferramenta que possibilita

exercitar a inserção de estratégias

Delimitar, seguir e monitorar o

Aplicação semanal com

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período de cada ação, de cada estratégia.

Aplicabilidade diária monitoramento fora do ambiente organizacional com

canvas on-line

Desenvolver ações além da gerência hoteleira

Disponibilidade diária da gestão hoteleira

Apresentar a importância da inserção da equipe do hotel para o desenvolvimento das

estratégias

Trabalhar todos os blocos de forma detalhada

Envolver os parceiros existentes, ter acesso a dados da estrutura de receitas e custos da

empresa.

Buscar ampliar o leque de

parceiros, desenvolver meios alternativos em cada bloco. Não se basear em números,

mas sim no que compõe cada bloco

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Durante a execução do BMC são muitas as dificuldades e restrições que

surgem, possivelmente por se tratar de algo novo e que condiciona a inovação da

estrutura organizacional hoteleira e de sua gestão. Tais circunstâncias acarretam em

dificuldades que podem ser afetadas na aplicação do modelo e na gestão de

negócio. Para contornar situações como essa, cabe encontrar meios alternativos

que apresentem soluções e transpasse as dificuldades e restrições que possam

surgir já que o Canvas nitidamente se demostrou uma prática capaz de contribuir

para o desenvolvimento da gestão estratégica dos empreendimentos hoteleiros.

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5. ARREMATES FINAIS E PERSPECTIVAS DA PESQUISA

A pesquisa realizada demostrou a necessidade do gestor hoteleiro está

permanentemente atento à relação entre turismo e gestão, estruturada nesse estudo

através de um modelo de negócio. O Business Model Canvas apresentou restrições

e dificuldades em seu processo de aplicação, em maior parte devido à rigidez

empresarial na adesão de novos modelos estratégicos, mas se demostra eficaz a

partir do momento que possibilitou estruturar em apenas um painel todo o negócio

da empresa, quando alinha estratégias, aplicações e monitoramento das ações dos

empreendimentos estudados, permitindo as empresas perspectivas de cenários

atuais e futuros.

A prática do Modelo Canvas de Negócio permite estudar de forma analítica o

mercado ao qual a empresa está inserida e rumar a uma nova frente de negócio. Os

campos que estruturam o modelo possibilitam, com a ajuda de adesivos coláveis,

moldar as ações planejadas realizando alterações práticas de acordo com as

tendências e necessidades que possam surgir no mercado. Com o auxílio do BMC o

gestor adquire uma ferramenta capaz de contribuir com tomadas de decisões e

planejar ações a serem realizadas em cada parte da organização e por diferentes

grupos. Portanto, constata-se que a aplicabilidade do Canvas em situações reais

dentro da hotelaria foi capaz de contribuir com a gestão e estratégia hoteleira em

diversos campos, entre eles, na gestão, no marketing, nos processos

organizacionais, na relação com clientes e nas parcerias empresariais realizadas

durante o processo de estudo.

Com sua praticidade e estrutura visual que permitem adicionar, remodelar e

estruturar modelos de negócios, o Canvas apresenta uma dinamicidade necessária

à hotelaria por também se tratar de um setor altamente dinâmico e em constante

mudança necessitando de uma ferramenta capaz de acompanhar seu grau de

dinamicidade. Sua estrutura de quadrantes alcançou todas as partes que compõem

uma organização hoteleira e permitiu de forma visual e acessível ter um panorama

geral do modelo de negócio de cada empresa pesquisada. Possibilitou analisar

mentalmente, estabelecer teorias e praticar o desenvolvimento de estratégias,

objetivando tornar a empresa e o ambiente competitivo.

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Este estudo contribui diretamente com a gestão de empreendimentos

hoteleiros, atentando para a importância de modelos de negócios que estruture toda

e qualquer organização. Para o profissional da rede hoteleira ao entender que toda e

qualquer empresa necessita de um modelo organizacional sólido e que contribua no

desenvolvimento de estratégias para com a empresa. Aos estudos voltados a

turismo, gestão, hotelaria e modelo de negócio, por entender que essa relação é

essencial para o desenvolvimento competitivo e melhor desempenho das empresas.

A pesquisa teve como limitações a aplicação diária do BMC, o envolvimento

de grupos e parceiros existentes, realizar ações que envolvessem todos os

funcionários da empresa. A consequência disso foram limitações das ações a serem

realizadas. O acompanhamento simultâneo das empresas também não foi algo

possível devido a períodos de alta temporada e disponibilidade dos gestores o que

cominou em meios alternativos.

Apesar de todos os entraves existentes é importante atentar-se as pesquisas

futuras que possam contribuir com o campo de estudo do BMC devido à incipiência

da temática, principalmente no turismo. Recomendam-se estudos voltados à

aplicação do modelo em hotéis de grande porte que possibilitem grupos focais com

distintos setores da empresa, trabalhos teóricos e práticos sobre a aplicabilidade do

Canvas em demais empresas que compõe o setor do turismo e o estudo de

empresa que utiliza o modelo como ferramenta de gestão estratégica e

organizacional. Pesquisas desse porte trarão maior amplitude da temática

contribuindo não só para o estudo do Modelo Canvas, mas também possibilitando a

inserção desse modelo e das contribuições do mesmo para as empresas

relacionadas ao turismo, para o mercado e a área acadêmica.

Este estudo é recomendado para os gestores de empreendimentos hoteleiros,

consultores e profissionais do turismo e da hotelaria que buscam aprimorar seus

conhecimentos sobre turismo e gestão estratégica através de modelo de negócio.

Por fim, se deve entender que modelo de negócio é entender o que, o como e

o porquê você faz algo.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO MESTRADO EM TURISMO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar do estudo

intitulado; Modelo Canvas como ferramenta de gestão estratégica em

empreendimento hoteleiro: aplicabilidade e discussão. Trata-se de um trabalho

realizado pelo Discente Leandro Tavares Bezerra, aluno regular do Mestrado em

Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sob orientação

do Professor Mauro Lemuel de Oliveira Alexandre, D. Sc.

Neste estudo pretendemos analisar a aplicabilidade do Modelo Canvas de

Negócio como ferramenta de gestão estratégica em empreendimentos hoteleiros. O

motivo que nos leva a estudar esse assunto é buscar entender como o Canvas pode

ajudar no desenvolvimento da gestão e da estratégia da rede hoteleira.

Para participar deste estudo você precisará primeiramente consentir e

disponibilizar documentos organizacionais, permitir a participação do pesquisador

como observador na empresa, assim como, disponibilidade de tempo para realizar

as entrevistas necessárias para o desenvolvimento do trabalho.

Este estudo não apresenta qualquer risco de caráter pessoal ou material ao

participante e a terceiros e tem como benefício ajudar no desenvolvimento da

empresa ao qual está sendo inserido.

O pesquisador garante que irá tratar a sua identidade e seus dados com

padrões de sigilo. Os resultados da pesquisa estarão a sua disposição quando

finalizada. Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o

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pesquisador responsável por um período de cinco anos, e após esse tempo serão

destruídos. Portanto, caso esteja de acordo com os informes acima mencionados e

queira participar da pesquisa, será necessário seu consentimento por intermédio de

sua assinatura.

Por fim, este termo de consentimento será impresso em duas vias, sendo que uma

cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida a você.

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você

poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN pelo

telefone (84) 3215-3135 entre segunda e sexta-feira das 08h às 12h e das 14h às

18h ou pelo e-mail [email protected]

Natal/RN, 12 de julho de 2017

_____________________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

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APÊNDICE B - TERMO DE CONCESSÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO MESTRADO EM TURISMO

TERMO DE CONCESSÃO

Eu, ________________________________________, gerente responsável pela

empresa intitulada________________________________________, após ter

recebido todos os esclarecimentos sobre os objetivos e procedimentos a serem

seguidos na realização da pesquisa intitulada Modelo Canvas aplicado à gestão

estratégica de empreendimentos hoteleiros, autorizo o manuseio dos

documentos necessários, conforme mencionado no TCLE, para a realização da

pesquisa.

O descumprimento da pesquisa em relação ao caráter ético da mesma me

condiciona e assegura o direito de retirar minha concessão a qualquer momento da

pesquisa.

Natal/RN, 12 de julho de 2017.

_________________________________________________

Assinatura e carimbo do responsável pelo setor

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APÊNDICE C - TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO MESTRADO EM TURISMO

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ

Eu, _________________________________________, depois de entender os

riscos e benefícios que a pesquisa intitulada Modelo Canvas aplicado à gestão

estratégica de empreendimentos hoteleiros, poderá trazer e, entender

especialmente os métodos que serão usados para a coleta de dados, assim como,

estar ciente da necessidade da gravação de minha entrevista. Autorizo, por meio

deste termo, o pesquisador Leandro Tavares Bezerra a realizar a gravação de

minha entrevista sem custos financeiros a nenhuma parte.

Esta AUTORIZAÇÃO foi concedida mediante o compromisso do pesquisador

acima citado em garantir-me os seguintes direitos:

1. Poderei ler a transcrição de minha gravação;

2. Os dados coletados serão usados exclusivamente para gerar informações

para a pesquisa aqui relatada e outras publicações dela decorrentes, quais sejam:

revistas científicas, congressos e jornais;

3. Minha identificação pessoal não será revelada em nenhuma das vias de

publicação das informações geradas;

4. Qualquer outra forma de utilização dessas informações somente poderá ser

feita mediante minha autorização;

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5. Os dados coletados serão guardados por 5 anos, sob a responsabilidade

do(a) pesquisador(a) coordenador(a) da pesquisa Leandro Tavares Bezerra e após

esse período, serão destruídos e;

6. Serei livre para interromper minha participação na pesquisa a qualquer

momento e/ou solicitar a posse da gravação e transcrição de minha entrevista.

Natal/RN, 12 de julho de 2017

___________________________________________________ Assinatura do participante da pesquisa

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ANEXO I – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM PALAVRAS CHAVE DO TESTE PILOTO

13

Palavras chave estruturadas a partir do teste piloto.

CATEGORIA DE

ANÁLISE

DIMENSÃO DA12

ANÁLISE

ROTEIRO PRELIMINAR DE ENTREVISTA

Tendência

principal

(Meta)

Tendências tecnológicas

1. Quais são as maiores tendências tecnológicas, tanto dentro quanto fora do seu mercado?

Sites de reservas, OTA’s13

2. Como você se informa sobre as tendências?

Revistas de Hotelaria e internet.

Tendências Regulatórias

3. Quais suas expectativas de mercado e economia para seu negócio?

Manter o ticket médio.

Tendências

sociais e culturais

4. Qual o perfil do seu cliente?

Hospedes que viajam a negócio e casais em busca de lazer.

Tendências socioeconômicas

5. A crise econômica que o país vem passando afeta seu ramo?

Afeta a área de restauração, em novas contratações e demissão de pessoas.

Força do mercado

(Meso/Meio)

Fatores de mercado

6. O que faz os clientes escolherem seu hotel?

Valores acessíveis, facilidades de pagamento, simpatia no atendimento, serviço.

Segmento de mercado

7. Qual o perfil do cliente que frequenta seu hotel?

Domésticos, Nacional.

8. Onde você vê o maior potencial de

crescimento do hotel?

Na qualidade do serviço, atenção ao cliente.

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Necessidade e demanda

9. Qual o maior tipo de reclamação dos clientes não satisfeitos?

Segurança pública.

10. Como pensa em alcançar o público não

atendido?

Parcerias com empresas e divulgações.

Custos de mudança

11. O que impedem os clientes de escolherem

outro hotel?

Atendimento e acolhimento.

12. Qual a importância da marca dessa empresa

para os clientes?

Valor de marca não identificado

Atratividade de

receita

13. Pelo que os clientes estão realmente

dispostos a pagar no seu hotel?

Qualidade, lazer e custo benefício.

Força da indústria

(Meso/Meio)

Concorrentes (incumbentes)

14. Como vê a concorrência no seu setor?

Acirrada e competitiva.

15. Como você se vê diante dos outros

concorrentes do setor?

Competitivo.

Novos entrantes (insurgentes)

16. Tem havido ampliação de oferta de hotel no

seu segmento?

Não. Apenas concorrências de valores desleais.

Produtos e serviços

substitutos

17. Como compara os custos da hospedagem e

serviços do seu hotel em relação aos demais?

Competitivo e acessível.

18. Que outras formas de hospedagem podem

substituir o que o hotel oferece?

Pousadas, motéis, Airbnb

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Fornecedores e

outros participantes da cadeia de valor

19. Que tipos de fornecedores e parceiros o

hotel utiliza para proporcionar hospedagem e serviços ao cliente?

CVC, Booking, hotel beds Expedia Decolar entre outros.

Público de interesse

20. Que clientes potenciais você vislumbra

conquistar no setor de hospedagem?

Coorporativo e de lazer.

Forças

Macroeconômicas

(Macro)

Situação do Mercado Global

21. De que forma as mudanças econômicas

afetam o mercado hoteleiro local atualmente?

No valor da diária e na ocupação.

Mercado de capitais

22. Como vê a disponibilidade de capital para

investir e crescer como empresa no setor?

Baixo incentivo.

Commodities e outros recursos

23. Como ver a prática de preço no setor hoteleiro local atualmente?

Necessariedade de monitoramento.

Infraestrutura econômica

24. Como vê as condições de infraestrutura

geral e pública para viabilizar o acesso e a mobilidade para o seu hotel?

Precária quanto ao governo; Inovadora quanto a empresas particulares como a UBER, entre outras.