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FACULDADE IETEC Wesley Costa Silva MODELO DE ARQUITETURA CORPORATIVA PARA A INDÚSTRIA 4.0: ANÁLISES EM BUSCA DO ALINHAMENTO ESTRATÉGICO DA TI COM OS NEGÓCIOS Belo Horizonte 2018

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FACULDADE IETEC

Wesley Costa Silva

MODELO DE ARQUITETURA CORPORATIVA PARA A INDÚSTRIA 4.0:

ANÁLISES EM BUSCA DO ALINHAMENTO ESTRATÉGICO DA TI COM OS

NEGÓCIOS

Belo Horizonte

2018

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Wesley Costa Silva

MODELO DE ARQUITETURA CORPORATIVA PARA A INDÚSTRIA 4.0:

ANÁLISES EM BUSCA DO ALINHAMENTO ESTRATÉGICO DA TI COM OS

NEGÓCIOS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado da Faculdade Ietec, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia e Gestão de Processos e Sistemas. Área de concentração: Engenharia e Gestão de Processos e Sistemas Linha de pesquisa: Gestão de Processos, Sistemas e Projetos

Orientador: Prof. Dr. Fernando Hadad Zaidan Faculdade Ietec

Belo Horizonte

Faculdade Ietec

2018

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Silva, Wesley Costa.

S586m Modelo de arquitetura corporativa para a Indústria 4.0:

análises em busca do alinhamento estratégico da TI com os

negócios / Wesley Costa Silva. - Belo Horizonte, 2018.

87 f., enc.

Orientador: Fernando Hadad Zaidan.

Dissertação (mestrado) – Faculdade Ietec.

Bibliografia: f. 72-74

1. Indústria 4.0. 2. Arquitetura corporativa. 3.

Alinhamento estratégico - Tecnologia da Informação (TI) -

Negócio. I. Zaidan, Fernando Hadad. II. Faculdade Ietec.

Mestrado em Engenharia e Gestão de Processos e Sistemas.

III. Título.

CDU: 658.011.56

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Wesley Costa Silva. Modelo de Arquitetura Corporativa para a Indústria 4.0: análises em

busca do alinhamento estratégico da TI com os negócios

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Engenharia e Gestão de

Processos e Sistemas da Faculdade Ietec,

como requisito parcial à obtenção do título de

Mestre em Engenharia e Gestão de

Processos e Sistemas.

Área de concentração: Engenharia e

Gestão de Processos e Sistemas

Linha de Pesquisa: Gestão de Processos,

Sistemas e Projetos.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Hadad

Zaidan

Faculdade Ietec

Aprovada pela banca examinadora constituída pelos professores:

Belo Horizonte, 27 de Junho de 2018.

Faculdade Ietec Rua Tomé de Souza, 1065 - Belo Horizonte, MG - 30140-131 - Brasil - tel.: (031) 3116-1000 - fax (031)

Programa de Pós-Graduação

em Engenharia e Gestão de

Processos e Sistemas

Faculdade Ietec

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Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus avós, Maria (in memoriam), Gininha (in memoriam) e

Manoel (in memoriam) que foram base fundamental na construção do caráter e

princípios da minha família e mesmo não estando mais conosco, deixaram este

importante legado.

Dedico ainda a meus pais, Arnaldo e Geralda, que sempre exigiram e incentivaram

meu comprometimento com os estudos.

A minha irmã, Poliana, que carinhosamente sempre me apoiou em todas as decisões

e especialmente a minha querida esposa Emília pelo companheirismo e apoio

incondicional nos últimos 13 anos de nossa união e especialmente durante os

desafios do mestrado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar ao nosso bom Deus que em sua benevolência nos

propicia saúde, capacidade e a oportunidade de conhecer e conviver com pessoas

que tanto nos auxiliam a conquistar nossos objetivos.

Ao Prof. Dr. Fernando Haddad Zaidan pelo profissionalismo, competência,

habilidade, parceria, maestria com a qual conduziu todo processo de orientação

desde o primeiro momento. Sua participação neste trabalho vai além de uma simples

orientação, cada contribuição foi fundamental para construção desta pesquisa e sua

mentoria me permitiu expandir o horizonte dos meus conhecimentos e me apaixonar

pela ciência da pesquisa.

A cada executivo que gentilmente disponibilizou seu tempo e sua experiência para

compor o resultado deste trabalho.

A todo time do IETEC, professores e demais funcionários. Aos meus colegas do

curso de mestrado que me ajudaram em diversos momentos a fortalecer a convicção

de continuar focado para conclusão do mestrado.

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Epígrafe

“O todo é maior do que a simples soma das suas partes.”

Aristóteles

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RESUMO

As transformações decorrentes das revoluções industrias causaram grande impacto

na sociedade, nas organizações e na vida das pessoas. A quarta revolução industrial

ou Indústria 4.0 se destaca por unificar velocidade, amplitude e profundidade às

transformações causadas pela aplicação das novas tecnologias. Estas

transformações, pautadas na inovação e potencial das tecnologias, geram

oportunidades e desafios para os negócios ampliando a necessidade do alinhamento

estratégico entre a TI e os negócios. Existem vários modelos de alinhamento entre a

TI e o Negócio, contudo, não foram encontrados modelos que subsidiem o

alinhamento entre as estratégias de TI e negócios no contexto da Indústria 4.0. Nesta

perspectiva, recomenda-se a utilização de uma arquitetura corporativa (EA) que

propicie a identificação das necessidades do negócio e a aplicação das tecnologias

adequadas a estas necessidades. Este trabalho visa propor um modelo motivacional

de arquitetura corporativa (EA) que represente a visão dos executivos de TI e supra

as demandas do negócio potencializando o papel de protagonista da TI nas

organizações face aos desafios inerentes a transformação digital causada pela

Indústria 4.0. A metodologia Design Science (DS) foi utilizada nesta pesquisa com a

aplicação do método Design Science Research (DSR) por combinar o rigor científico

com aplicação prática para gerar resultados reais para as organizações. Efetuou-se

uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) e a escolha metodológica foi

complementada com o caráter qualitativo sendo que foram entrevistados quinze

executivos de TI de empresas nacionais e multinacionais no Brasil e exterior

aplicando-se o critério de saturação para delimitação da amostra. Como resultado, foi

proposto um modelo motivacional de EA inicial (AS-IS) representando os principais

fatores identificados nas referências bibliográficas levantadas na RSL. O modelo foi

validado e ajustado de acordo com a visão dos entrevistados gerando-se então sua

versão final (TO-BE), principal contribuição desta pesquisa por possibilitar o

alinhamento estratégico da TI com os negócios atendendo as necessidades das

organizações face a atual revolução industrial (Indústria 4.0).

Palavra-chave: Indústria 4.0. Arquitetura corporativa. Alinhamento estratégico -

Tecnologia da Informação (TI) - Negócio.

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ABSTRACT

The transformations arising from industrial revolutions have had a great impact on

society, on organizations and on people's lives. The fourth industrial revolution or

Industry 4.0 stands out for unifying speed, breadth and depth to the transformations

caused by the application of new technologies. These transformations, based on the

innovation and potential of technologies, generate opportunities and challenges for

the business, increasing the need for strategic alignment between IT and business.

There are several models of alignment between IT and Business, however, no

models have been found to support the alignment between IT and business strategies

in the context of Industry 4.0. It is recommended to use a corporate architecture (EA)

that allows the identification of the needs of the business and the application of right

technologies to these needs. This work aims to propose a motivational model of

corporate architecture (EA) that represents the vision of IT executives and supra the

business demands, enhancing the role of IT protagonist in organizations in face of the

challenges inherent to digital transformation caused by Industry 4.0. The Design

Science (DS) methodology was used in this research with the application of the

Design Science Research (DSR) method by combining scientific rigor with practical

application to generate real results for organizations. A Systematic Review of

Literature (RSL) was carried out and the methodological choice was complemented

with the qualitative character, and fifteen IT executives from national and

multinational companies were interviewed in Brazil and abroad, applying the

saturation criterion for the delimitation of the sample. As a result, an EA initial

motivational model (AS-IS) was proposed, representing the main factors identified in

the bibliographic references raised in the RSL. The model was validated and adjusted

according to the view of the interviewees, generating its final version (TO-BE), the

main contribution of this research because enabling the strategic alignment of IT with

business, meeting the needs of organizations in the face of the current industrial

revolution (Industry 4.0).

Keywords: Industry 4.0. Enterprise Architecture. IT Business Strategical Alignment.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Revoluções Industriais ............................................................................. 20

Figura 2 - Modelo de Alinhamento Estratégico de Luftman, Lyytinen e Zvi ............... 26

Figura 3 - Impulsionadores da produtividade de colaboração ................................... 29

Figura 4 – Macro Fluxo do Processo ........................................................................ 36

Figura 5 - Processo executado na RSL .................................................................... 37

Figura 6 - Framework de Pesquisa Aplicada com DS ............................................... 42

Figura 7 - Modelo de EA Proposto (AS-IS) ............................................................... 47

Figura 8 - Modelo de EA Motivacional para o Alinhamento Estratégico (TO-BE) ...... 64

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Posição dos Executivos Entrevistados.................................................... 52

Gráfico 2 - Número aproximado de colaboradores da empresa ................................ 53

Gráfico 3 - Faixa Etária dos Entrevistados ............................................................... 53

Gráfico 4 - Grau de Escolaridade dos Entrevistados ................................................ 54

Gráfico 5 - Grau de aderência do Modelo AS-IS....................................................... 62

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Resumo das atividades de validação...................................................... 28

Quadro 2 - Quantidade de documentos por Base e Palavra Chave.......................... 38

Quadro 3 - Quantidade de documentos selecionados por assunto ........................... 38

Quadro 4 - Apresentação do Número de documentos encontrados por tipo e ano ... 39

Quadro 5 - Apresentação do Número de artigos com qualis por ano ........................ 39

Quadro 6 - Lista de Artigos publicados em periódicos Qualis ................................... 40

Quadro 7 - Lista de Trabalhos Correlatos ................................................................. 40

Quadro 8 - Diretrizes Estratégicas do Modelo AS-IS ................................................ 49

Quadro 9 - Dificultadores ao alinhamento no Modelo AS-IS ..................................... 50

Quadro 10 - Gráficos e Discussão das questões relacionadas aos Dificultadores .... 55

Quadro 11 - Gráficos relacionados ao Turnover - Retenção de Talentos ................. 58

Quadro 12 - Discussão das Questões relacionadas ao Executivo de TI, Cliente,

Segurança e Inovação ............................................................................................. 59

Quadro 13 - Sugestões dos Executivos ................................................................... 62

Quadro 14 - Adaptações do Modelo AS-IS para geração do TO-BE ........................ 63

Quadro 15 - Metas do Modelo TO-BE ...................................................................... 66

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 15

2 OBJETIVOS .............................................................................................. 18

2.1 Objetivo geral ............................................................................................ 18

2.2 Objetivos específicos ................................................................................. 18

3 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................... 19

3.1 Industria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial ............................................. 19

3.2 Alinhamento Estratégico entre TI e Negócio .............................................. 21

3.3 Arquitetura Corporativa (Enterprise Architecture – EA) .............................. 23

3.4 Síntese dos trabalhos relevantes ............................................................... 25

3.4.1 Enhancing the measurement of information technology (IT) business

alignment and its influence on company .................................................... 26

3.4.2 An enterprise architecture framework for multi-attribute information systems

analysis ..................................................................................................... 27

3.4.3 Collaboration Mechanisms to increase Productivity in the Context of

Industrie 4.0 ............................................................................................... 28

3.4.4 A Quarta Revolução Industrial ................................................................... 30

3.4.5 A Segunda Era das Máquinas ................................................................... 32

4 METODOLOGIA ....................................................................................... 34

4.1 Percurso Metodológico .............................................................................. 34

4.2 Revisão Sistemática da Literatura (RSL) ................................................... 36

4.3 Design Science Research (DSR) ............................................................... 41

4.4 Caráter da Pesquisa, Critério de Validação e Confiabilidade da Amostra .. 43

4.5 Desenvolvimento do Questionário de Pesquisa ......................................... 45

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 46

5.1 Modelo Motivacional utilizando a linguagem Archimate - AS-IS ................. 46

5.2 Entrevistas – Visão dos Executivos ........................................................... 51

5.2.1 Planejamento das Entrevistas. .................................................................. 51

5.2.2 Classificação dos Entrevistados e suas organizações ............................... 52

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5.2.3 Análise das Respostas dos Executivos...................................................... 54

5.2.3.1 Questões relacionadas as Diretrizes e aos Dificultadores .......................... 55

5.2.3.2 Questões Relacionadas ao Executivo de TI, ao Cliente, a Segurança Digital

e a Inovação .............................................................................................. 59

5.2.3.3 Questão 15 – Aderência do Modelo AS-IS ................................................. 61

5.3 Modelo Motivacional utilizando a linguagem Archimate - TO-BE................ 63

5.3.1 Camada Stakeholders ............................................................................... 64

5.3.2 Camada Diretrizes ..................................................................................... 65

5.3.3 Camada Dificultadores ao Alinhamento Estratégico entre TI e Negócio ..... 65

5.3.4 Nova Camada Metas ................................................................................. 65

5.3.5 Princípio Revolucionar a Experiência do Cliente ........................................ 66

6 CONCLUSÕES ......................................................................................... 67

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 71

APÊNDICE A – Abordagem metodológica DSR com rigor e relevância ...... 74

APÊNDICE B – Questões de Pesquisa e sua Fundamentação Teórica ..... 77

APÊNDICE C - Lista das Questões versus os objetos do modelo .............. 84

ANEXO A - Critérios específicos de validade em pesquisas qualitativas .... 86

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1 INTRODUÇÃO

Vive-se atualmente1 a chamada Indústria 4.02 ou quarta evolução industrial, pautada

em velozes transformações, de grande alcance e com significantes impactos nas

organizações e na sociedade. Tais transformações advêm de um conjunto de

tecnologias que alteram profundamente a maneira como o ser humano vive, trabalha

e se relaciona (ZIMMERMANN et al., 2015; SCHWAB, 2016; COELHO, 2016).

De acordo com Schuh et al. (2014), Dombrowski e Wagner (2014) e Schwab (2016),

esta quarta revolução se caracteriza por combinar a economia de escala com a

economia de escopo além de implementar uma fascinante colaboração entre seres

humanos e máquinas. Para Lasi et al. (2014) e Posada et al. (2015), as mudanças

advindas destas tecnologias da Indústria 4.0 permitem organizações e seres

humanos se posicionarem mais estrategicamente frente as necessidades atuais do

mercado.

Para potencializar o posicionamento estratégico diante das necessidades das

organizações, o alinhamento estratégico entre a TI e o negócio passa a ter cada vez

mais importância. Este alinhamento vem sendo discutido há décadas acompanhando

a própria evolução da tecnologia. Henderson e Venkatraman (1993) definem quatro

elementos estáticos necessários ao alinhamento entre a TI e o negócio: (1)

estratégia de negócio, (2) estratégia de TI, (3) infraestrutura organizacional e (4)

infraestrutura de TI. Tais elementos estão completamente relacionados ao contexto

atual da transformação digital decorrente das tecnologias que fundamentam a

indústria 4.0.

Para Luftman, Lyytinen e Zvi (2017), a maioria dos modelos e fundamentos atuais do

alinhamento estratégico entre TI e negócio ancoram-se no modelo conceitual seminal

de Henderson e Venkatraman (1993). De acordo com Posada et al. (2015), novos

serviços e até mesmo novos negócios surgem advindos desta nova revolução

1 Dissertação desenvolvida no 1º semestre de 2018 2 Ainda é comum o entendimento do termo Indústria 4.0 como sendo itens tecnológicos relacionados as

transformações no setor industrial causadas pelas novas tecnologias, entretanto vale ressaltar que este termo deve

ser entendido como toda a revolução digital vivida em toda a sociedade que afeta todos os setores, como por

exemplo serviços, manufatura, educação e toda a sociedade.

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industrial, fatores estes que ampliam a necessidade de métodos e processos que

facilitem o alinhamento entre a TI e o negócio.

Para Dyer (2009), Lankhorst et al. (2012), Zaidan (2015) e The Open Group (2016), a

Arquitetura Corporativa – Enterprise Architecture (EA) subsidia o alinhamento entre a

TI e o negócio tornando a organização mais eficaz através da interrelação das

tecnologias, métodos, modelos, sistemas de informação (SI), infraestrutura de TI e

processos de negócio por diretrizes que regem sua evolução no tempo.

Diante deste contexto, a EA vem se tornando um diferencial competitivo para as

organizações, pois possibilita a identificação e modelagem de cenários para tomada

de decisão por meio de meta-modelos que permitem a melhor tomada de decisão de

aplicação das tecnologias adequadas para as necessidades do negócio (NARMAN;

BUSCHLE; EKSTEDT, 2014).

Portanto, para subsidiar a tomada de decisão, de acordo com Zaidan (2015), um dos

modelos de grande importância na EA é o modelo motivacional que permite

estabelecer um guia para se refletir e planejar uma visão clara sobre como se realiza

o alinhamento de expectativas e requisitos dos stakeholders. Neste trabalho foi

adotada a metodologia Design Science (DS) com o método Design Science

Research (DSR), pois unifica o rigor científico com a aplicação prática, aplicado e

explicado por Zaidan (2015) na implementação e validação do modelo motivacional

de EA.

Recentemente, existem significativos avanços nas pesquisas relacionadas a estes

temas, incluindo o modelo proposto por Costa Silva et al. (2018) que sugere a

aplicação da EA para o melhor alinhamento da TI com os negócios. Entretanto,

também existem muitos desafios na aplicação de um modelo de EA pela variedade

de possíveis abordagens, diversas características e modelos de aplicação

específicos (WINTER et al., 2010). Existem ainda grandes desafios na obtenção de

resultados tangíveis advindos do impacto positivo dos modelos de alinhamento

estratégico como constataram Luftman, Lyytinen e Zvi (2017) em pesquisa realizada

com executivos como Diretores de Informática - Chief Information Officer (CIOs),

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Diretores Executivos - Chief Executive Officer (CEOs), Gerentes Funcionais e

Gerentes de TI. Tais desafios são amplificados com a disseminação das tecnologias

da Indústria 4.0 maximizando as lacunas existentes no campo da pesquisa científica

e consequente impacto nas organizações.

Com o presente trabalho pretende-se fortalecer o alinhamento estratégico entre a TI

e o negócio por meio de um modelo motivacional de EA que atenda as expectativas

e anseios dos executivos face a atual revolução industrial (Indústria 4.0) tornando a

TI mais aderente a estratégia do negócio. A partir destas informações, faz-se

necessária a seguinte reflexão: Qual modelo de EA adequado para potencializar o

alinhamento estratégico entre a TI e o negócio na visão dos executivos diante dos

desafios decorrentes da Indústria 4.0?

A presente pesquisa justifica-se por, a partir do estado da arte, propiciar o avanço

acadêmico científico aumentando o conhecimento na área. Com a construção de um

modelo de EA com base na visão dos executivos, pretende-se representar as

características necessárias para o alinhamento estratégico da TI com o negócio no

contexto da quarta revolução industrial em resposta aos desafios mapeados por

Winter et al. (2010) e Luftman, Lyytinen e Zvi (2017).

Além desta introdução, a presente dissertação está organizada em mais cinco

capítulos. No segundo capítulo apresenta-se os objetivos geral e específicos deste

trabalho. O terceiro capítulo contempla a conceituação base deste trabalho onde o

leitor poderá conhecer a literatura que subsidia a construção desta pesquisa por meio

da sintetização não apenas dos conceitos, mas também dos principais artigos e livros

utilizados como referências.

O capítulo quatro demonstra o percurso metodológico, a aplicação do método DSR,

a RSL e o questionário que foi aplicado aos executivos para validação do modelo. A

construção do modelo AS-IS, a análise dos resultados das entrevistas, bem como a

construção do modelo final proposto TO-BE compõem o quinto capítulo. A conclusão

é feita no sexto capítulo juntamente com as limitações do trabalho e as

recomendações de trabalhos futuros. Por fim estão as referências bibliográficas e os

anexos.

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2 OBJETIVOS

Neste capítulo serão apresentados os principais objetivos deste trabalho. A primeira

sessão apresenta o objetivo geral desta dissertação e em seguida, na segunda

sessão, são abordados os objetivos específicos.

2.1 Objetivo geral

O objetivo principal deste trabalho é propor um modelo motivacional de EA que

possa ser aplicado de forma genérica nas organizações com base na visão dos

executivos de TI. O modelo representará a aplicação de soluções que reforcem a TI

como fator decisório no sucesso do negócio diante dos desafios da Indústria 4.0.

2.2 Objetivos específicos

A presente pesquisa pretende atingir os seguintes objetivos específicos:

a) apresentar as potencialidades de contribuição da EA no alinhamento

estratégico entre a TI e o negócio no contexto da Indústria 4.0;

b) identificar a visão dos executivos, por meio de questionário de pesquisa, em

relação a aplicação da EA para alinhamento estratégico da TI com o negócio

face aos desafios da quarta revolução industrial;

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3 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo o leitor é convidado a entender a conceituação base deste trabalho.

Apresenta-se a literatura que subsidia a construção desta pesquisa por meio da

sintetização não apenas dos conceitos, mas também dos principais artigos e livros

utilizados como referências.

3.1 Industria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial

O termo Indústria 4.0 ou quarta revolução industrial surgiu a partir de um projeto

estratégico no governo alemão e foi apresentado pela primeira vez em 2012 no

Fórum Econômico Mundial com um conjunto de recomendações para combinação de

tecnologias na indústria. Tecnologias como: aprendizado de máquina ou inteligência

artificial, sistemas cyber-físicos, internet das coisas (IoT), computação na nuvem, big

data, fábricas e indústrias com sensores inteligentes (DOMBROWSKI; WAGNER,

2014; SCHUH et al., 2014; LASI et al., 2014; POSADA et al., 2015; ZIMMERMANN

et al., 2015; SCHWAB, 2016).

Kagermann et al. (2013) afirma que a Indústria 4.0 possibilita a países, empresas e

organizações a chance de fortalecer sua posição como local de fabricação, fornecer

equipamentos de fabricação e soluções de negócios de TI altamente diferenciados e

inovadores. Tal afirmação corrobora com a visão de vários autores que afirmam que

esta revolução é algo diferente de tudo que já foi experimentado pela raça humana

em virtude da escala, velocidade, escopo e complexidade.

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Figura 1 - Revoluções Industriais

Fonte: POSADA et al., 2015; DOMBROWSKI; WAGNER, 2014. (Adaptada pelo autor).

A Figura 1 visa demonstrar na linha do tempo as mudanças que conceberam a

transposição de uma revolução para outra apresentando o momento e fator principal.

Para Lasi et al. (2014), tecnologias como a digitalização avançada dentro das

fábricas e a combinação da internet com máquinas com capacidade de aprendizado

parecem resultar em uma mudança de paradigma fundamental na indústria trazendo

uma nova visão de futuro, o que confirma a existência de uma nova revolução

industrial e não simplesmente de um avanço da terceira revolução industrial.

Segundo Posada et al. (2015), vive-se uma nova revolução industrial pela aplicação

de tecnologias que permitem: a personalização em massa através da TI de produtos

que se adaptem as necessidades individuais; adaptação automática e flexível da

cadeia de produção à mudança de requisitos; melhoria da interação homem máquina

incluindo a coexistência com robôs ou formas radicalmente novas de interagir e

operar em fábricas; otimização da produção devido à Internet das coisas (IoT) que

permitiram a comunicação inteligente das fábricas; e novos modelos de serviços e

negócios que contribuem para mudanças nas formas de interação dentro da cadeia

de valor.

Schwab (2016) se baseia em três fatores para afirmar a existência da quarta

revolução industrial:

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a) velocidade: as tecnologias se atualizam em uma velocidade exponencial;

b) amplitude e profundidade: transformação digital que modifica não somente o

que é feito e como é feito, mas também o próprio ser humano;

c) impacto sistêmico: engloba transformações em países, empresas, indústrias e

toda a sociedade propiciada pelo avanço da tecnologia.

A partir desta revolução industrial, mais do que nunca o alinhamento estratégico

entre TI e negócio se torna imperativo para fábricas, indústrias, organizações, países

e para a própria sociedade.

3.2 Alinhamento Estratégico entre TI e Negócio

O argumento central que fundamenta a importância do alinhamento estratégico entre

TI e negócio está pautado na afirmação que as organizações irão atingir melhores

resultados quando os principais recursos de TI, sejam componentes físicos, de

sistemas, habilidades gerenciais de TI ou ativos de conhecimento em TI estejam

alinhados com as estratégias das empresas (COLTMAN et al., 2015).

As pesquisas de Henderson e Venkatraman (1993) já apontavam naquela época

significantes mudanças nas organizações em virtude da tecnologia e reforçava a

necessidade de desenvolvimento de um modelo para o alinhamento estratégico. O

modelo desenvolvido por Henderson e Venkatraman (1993) tinha como princípio

básico a integração funcional entre TI e negócio. Integração esta que deve ser

articulada nos domínios externo, que relaciona a estratégia de negócio com a

estratégia de TI; e interno, que combina a infraestrutura e processos de negócio com

a infraestrutura e processos de TI.

A partir do modelo de Henderson e Venkatraman (1993), vários estudos e modelos

foram elaborados no intuito de potencializar o alinhamento estratégico entre TI e

negócio. Tais estudos buscaram ampliar e aperfeiçoar o modelo seminal de

Henderson e Venkatraman (1993) evoluindo em paralelo a progressão constante da

tecnologia.

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Pessoa (2009) apresenta um aprofundado estudo sobre os impactos da falta de

alinhamento estratégico entre a TI e o Negócio nas tomadas de decisão nas

organizações, especialmente ao que tange investimentos inadequados feitos por

aquisições de recursos de tecnologia da informação que não atendem a necessidade

das empresas.

Cui et al. (2015) abordaram o alinhamento estratégico da TI com o negócio sob um

novo prisma, relacionando tal alinhamento com a dependência das organizações em

relação a inovação e como a TI afeta a performance e capacidade de inovação no

negócio. Ao analisar dados de 225 empresas, o estudo apontou que o alinhamento

entre flexibilidade, profundidade e amplitude de TI afetam positivamente as

organizações melhorando o volume de inovação que no caso das empresas estudas

gerou impacto direto no desempenho organizacional em termos do crescimento das

vendas.

Contudo, para Luftman, Lyytinen e Zvi (2017), mesmo após tantos anos de pesquisa

e apesar de todo avanço científico neste contexto, o alinhamento estratégico entre TI

e negócio no âmbito empresarial ainda permanecia um problema generalizado. Este

problema seria ocasionado pelo fato de a maioria dos modelos de alinhamento

abordarem o alinhamento como uma relação estática, não sendo fundamentados por

fortes bases teóricas e não orientando o modo como as organizações podem

melhorar o alinhamento entre a TI e o negócio.

Luftman, Lyytinen e Zvi (2017) propõe então um novo modelo que reformula e

operacionaliza uma construção formativa enraizada na teoria das capacidades

dinâmicas e define o alcance e a natureza das atividades que contribuem para o

alinhamento. Este modelo identifica seis dimensões que promovem o alinhamento:

(1) Comunicações empresariais de TI; (2) Uso da Análise de Valor; (3) Abordagens

para Governança Colaborativa; (4) Natureza da afiliação / parceria; (5) Escopo das

iniciativas de TI; E (6) desenvolvimento de habilidades de TI. Estas dimensões

contribuem significativamente para o aumento do nível de alinhamento demonstrando

um impacto estatisticamente significativo no desempenho da empresa.

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23

Todos os autores aqui mencionados apontam em suas pesquisas a importância do

alinhamento estratégico da TI com o negócio como fator determinante no sucesso

das organizações. Mesmo considerando a época de cada estudo, todos abordam a

dificuldade em integrar processos e sistemas alinhados a estratégia corporativa, fator

que reitera a necessidade de mecanismos que facilitem o alinhamento da TI com o

negócio.

3.3 Arquitetura Corporativa (Enterprise Architecture – EA)

Para Narman, Buschle e Ekstedt (2014), o uso da tecnologia tem impacto

significativo nos negócios e é imperativo o gerenciamento adequado do alinhamento

da TI com os negócios. Neste contexto, a EA é uma importante disciplina para este

fim por utilizar meta-modelos capazes de facilitar a comunicação e a compreensão de

sistemas que incluem múltiplos negócios, aplicativos e componentes de infraestrutura

de TI.

Tais meta-modelos auxiliam o entendimento e aplicação das tecnologias para maior

alinhamento da TI com o negócio sendo fundamental destacar o impacto direto no

resultado do negócio. Conforme pôde ser observado nos trabalhos de Henderson e

Venkatraman (1993), Cui et al. (2015) e Luftman, Lyytinen e Zvi (2017), o impacto no

resultado do negócio confirma a potencialidade da aplicação dos modelos propostos

com utilização da EA para o alinhamento estratégico da TI com o negócio.

Os modelos de EA auxiliam a governança e transformação de organizações através

da especificação, comunicação e análise de estratégia, metas, processos,

informações, juntamente com a aplicação subjacente e a infraestrutura tecnológica.

Uma das linguagens de modelagem atualmente utilizada na construção de modelos

de Arquitetura Corporativa é o Archimate. Esta linguagem descreve as relações entre

serviços empresariais, processos e as aplicações subjacentes e infraestrutura

tecnológica separando-os em três camadas: negócios, aplicação e infraestrutura

(CAETANO et al., 2017).

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24

Narman, Buschle e Ekstedt (2014), utilizando a linguagem de modelagem Archimate,

desenvolveram quatro meta-modelos como evolução de trabalhos anteriores, sendo

eles:

a) Utilização da Aplicação – A principal questão apresentada é que fatores levam

um indivíduo a adotar voluntariamente uma solução de tecnologia na

organização e se opor a outra solução;

b) Disponibilidade do Serviço – Preocupa-se em determinar a disponibilidade

dos serviços de TI aos usuários do negócio considerando tanto as aplicações

como a infraestrutura;

c) Tempo de Resposta do Serviço – Leva em consideração aspectos relevantes

para entregar tempos de resposta aceitáveis aos diversos Stakeholders da

organização;

d) Precisão de Dados – Os Stakeholders são responsáveis pela qualidade dos

dados inseridos nos sistemas de informação, entretanto também desejam

conhecer a qualidade dos dados que utilizam em suas atividades diárias.

Zaidan (2015) propõe, utilizando a linguagem de modelagem Archimate, a criação de

um Modelo de Arquitetura Corporativa aplicado a Gestão de Conteúdo Corporativo,

mais especificamente por meio de um Modelo Motivacional na Gestão Arquivística de

Documentos de uma grande concessionária de energia elétrica. Questões

importantes sobre a utilização de Modelos Motivacionais como ferramenta de apoio

ao alinhamento estratégico na organização são discutidas e solucionadas.

Segundo Zaidan (2015), o modelo motivacional é uma das camadas de modelos

conceituais de EA que tem como missão estabelecer uma visão clara sobre como

realiza-se o alinhamento entre os requisitos do negócio e os sistemas que

materializam tais requisitos e atendem as expectativas dos Stakeholders. O modelo

motivacional é fortemente recomendado pois propicia revelar e apresentar de

maneira clara os objetivos estratégicos da organização. Seu trabalho elucida e

aprimora a aplicação da Arquitetura Corporativa ampliando a integração entre a

Tecnologia da Informação e o negócio por meio de um modelo motivacional.

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25

Para Lankhorst et al. (2012), o modelo motivacional auxilia a identificação e

apresentação das razões que estão subjacentes ao design ou mudança de alguma

arquitetura corporativa e influenciam, orientam e restringem o desenho do modelo.

Em sua tese, Zaidan (2015) explica que um elemento motivador provê o contexto ou

o motivo que está por trás da arquitetura da organização e indica os principais

elementos motivadores, essenciais para a construção do modelo:

a) Partes Interessadas (stakeholder): o papel de um indivíduo, uma equipe ou

uma organização e seus interesses;

b) Diretiva (driver): algo que cria, motiva ou estimula a mudança em uma

organização;

c) Avaliação (assessment): resultado de alguma análise;

d) Meta (goal): objetivo final que uma parte interessada pretende alcançar;

e) Requisito (requirement): necessidade que deve ser realizada por um sistema;

f) Restrição (constraint): uma limitação;

g) Princípio (principle): propriedade normativa dos sistemas num dado contexto;

h) Relacionamento de influência (influenced by): identifica quais elementos

possuem influência sobre outros elementos.

Nesta sessão foi possível observar a capacidade da EA como mecanismo que

potencializa, por meio do modelo motivacional, o alinhamento estratégico entra a TI e

o negócio. Na próxima sessão será feita uma síntese dos principais trabalhos

correlatos selecionados nesta pesquisa, tais trabalhos serão apresentados visando

imergir o leitor nos aspectos principais desta pesquisa.

3.4 Síntese dos trabalhos relevantes

Durante a revisão da literatura identificou-se quarenta e seis trabalhos que poderiam

subsidiar esta pesquisa, dos quais destacaram-se como mais relevantes três artigos

científicos com classificação qualis entre B2 e A1 e dois livros. Cada artigo subsidia

um dos três principais temas deste trabalho: Indústria 4.0, Alinhamento Estratégico e

Arquitetura Corporativa. Os dois livros auxiliam no melhor entendimento da quarta

revolução industrial servindo como complemento do artigo selecionado.

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26

A seguir apresenta-se cada um destes trabalhos com o intuito de exemplificar os

conceitos aqui apresentados e subsidiar o leitor para melhor entendimento das partes

seguintes deste documento.

3.4.1 Enhancing the measurement of information technology (IT) business alignment

and its influence on company

Neste instigante artigo, Luftman, Lyytinen e Zvi (2017) analisam os últimos trinta

anos de publicações relacionadas ao alinhamento estratégico da TI com o negócio.

Identificam avanços significativos mas apontam problemas importantes a serem

endereçados.

Destacam-se os seguintes problemas na maioria dos modelos de alinhamento

estratégico encontrados: 1 - relação estática em contraste com a análise do escopo e

variância de atividades através das quais o alinhamento é (ou pode ser) alcançado; 2

- a maioria dos modelos de alinhamento não se baseia em fortes bases teóricas; e 3 -

esses modelos não orientam o modo como as organizações podem melhorar o

alinhamento.

Figura 2 - Modelo de Alinhamento Estratégico de Luftman, Lyytinen e

Zvi

Fonte: Luftman, Lyytinen e Zvi, 2017. (Adaptada pelo autor)

A Figura 2 representa o modelo de seis dimensões proposto pelos autores

baseando-se na teoria das capacidades dinâmicas contendo: 1 – Comunicações, 2 –

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Análise de Valor, 3 – Governança de TI, 4 – Parceira entre o Negócio e a TI, 5 –

Escopo Dinâmico de TI e 6 – Desenvolvimento de Habilidades de Negócio e TI.

Para validar as seis dimensões apresentadas, os autores utilizaram como base

entrevistas feitas com mais de três mil executivos e consultores do negócio e da TI

de aproximadamente quatrocentas organizações que representam dezesseis

diferentes indústrias.

Os autores concluíram que todas as seis dimensões do modelo orientam e

contribuem significativamente para o nível de alinhamento demonstrando um impacto

estatisticamente significativo no desempenho da empresa.

A escolha deste trabalho teve como base sua atualidade, o rigor adotado pelos

autores na revisão da literatura e validação do artefato, a qualidade do modelo

apresentado e o fato dos autores não terem abordado as características da Indústria

4.0 no desenvolvimento do modelo para alinhamento estratégico da TI com o

negócio, sendo esta uma importante limitação a ser explorada.

3.4.2 An enterprise architecture framework for multi-attribute information systems

analysis

Nesta pesquisa, Narman, Buschle e Ekstedt (2014), apresentam a EA como uma

disciplina capaz de potencializar o gerenciamento das ações de TI em prol dos

negócios.

Utilizando a linguagem Archimate, os autores propõem um meta-modelo que unifica

quatro visões: Uso de Aplicações, Disponibilidade do Sistema, Tempo de Resposta

do Serviço e Precisão de Dados.

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28

Quadro 1 - Resumo das atividades de validação

Visão Método de PesquisaN.º de

RespondentesResultados

Uso de Aplicações Questionário Online 55 respondentes

O modelo foi capaz de explicar

variações no comportamento do

usuário.

Disponibilidade do

Sistema

Entrevista / Estudo de

Caso5 organizações

As previsões de disponibilidade

foram próximas aos tempos reais

medidos anualmente.

Tempo de Resposta

do Serviço

Entrevista / Estudo de

Caso1 organização

4 das 5 medições ficaram dentro do

esperado.

Precisão de DadosEntrevista / Estudo de

Caso1 organização

A precisão prevista ficou 0,1%

próxima da real.

Fonte: NARMAN; BUSCHLE; EKSTEDT, 2014. (Adaptada pelo autor)

O Quadro 1 apresenta o método de pesquisa / validação utilizado pelos autores para

cada uma das quatro visões mapeadas. Para atingir estes resultados, os autores

utilizaram a Design Science (DS) incluindo oito componentes estruturais: Objetivo e

escopo, Construções, Princípios de forma e função, Mutabilidade de artefatos,

Propostas testáveis, Conhecimento justificativo, Princípios de implementação e

Exposição da Instância.

Nos testes feitos pelos autores, o modelo construído pôde ser utilizado para ampliar

a integração estratégica entre a TI e o Negócio subsidiando a tomada de decisão à

partir da comparação entre o cenário atual identificado e o cenário futuro proposto.

Este artigo foi selecionado por sintetizar com forte fundamentação teórica como

aplicar de maneira prática os princípios da EA para gerar resultados tangíveis para a

organização reforçando o papel de protagonismo da TI junto ao negócio.

3.4.3 Collaboration Mechanisms to increase Productivity in the Context of Industrie

4.0

Schuh et al. (2014) afirmam que todas as revoluções industriais anteriores trouxeram

consigo um aumento significativo da produtividade e levantam uma questão

importante: Quais os mecanismos contribuem para aumentar a produtividade nesta

quarta revolução industrial?

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29

Os autores apontam que a Indústria em si deve identificar meios de gerar lucro com

as mudanças sociais e tecnologias advindas da Indústria 4.0 e para tal, neste artigo

apresentam pré-condições ou facilitadores para o aumento da produtividade nos

sistemas produtivos.

Figura 3 - Impulsionadores da produtividade de colaboração

Fonte: SCHU et al., 2014. (Adaptada pelo autor)

A Figura 3 demonstra as quatro principais pré-condições ou facilitadores apontadas

por Schu et al. (2014): Fonte única de verdade, Globalização de TI, Cooperação e

Automação. Apontam ainda dois níveis, o primeiro relacionado a alocação onde

indicam os ambientes cibernéticos e físicos, ou seja, o mundo real e no segundo

nível relacionados a distinção entre sistemas - Software e componentes físicos –

Hardware.

O trabalho apresenta a realização desses facilitadores como base tecnológica e

organizacional para eventualmente realizar um aumento significativo da produtividade

na Indústria 4.0. A compreensão da colaboração neste trabalho envolve a atuação

conjunta entre humanos-humanos, máquina-humanos e máquinas-máquinas

utilizando-se das potencialidades inerentes a quarta revolução industrial para

geração de valor tangível para as organizações por meio da TI.

Para medir o resultado tangível do sistema criado com estes facilitadores, os autores

apresentam dois indicadores que subsidiam o entendimento das correlações entre as

duas áreas principais de uma empresa produtora - a produção e a engenharia,

sendo: Retorno na produção e retorno na engenharia. Tais indicadores propiciam a

medição da performance e evidenciam o aumento da produtividade utilizando-se

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como base a redução do custo por peça produzida à partir da aplicação dos

facilitadores acima mencionados.

Os autores concluem o artigo dando a visão de que uma das principais

características da Indústria 4.0 é um aumento na produtividade por meio das

tecnologias de colaboração. Indicam ainda que os indicadores apresentados

sugerem mecanismos concretos para aumentar a produtividade e sugerem para

trabalhos futuros a validação empírica dos indicadores de desempenho chave

apresentados.

Para Luftman, Lyytinen e Zvi (2017), o aumento da produtividade e do desempenho

financeiro de uma organização são componentes fundamentais para o resultado da

empresa. O modelo de Narman, Buschle e Ekstedt (2014) tem impacto direto no

aumento da performance e produtividade da organização por utilizar aspectos chave

da TI em prol do negócio. Neste contexto, este artigo foi escolhido por consolidar no

contexto da Indústria 4.0 as características necessárias para complementar os três

pontos chave deste trabalho: Alinhamento Estratégico da TI com o Negócio,

Arquitetura Corporativa e Indústria 4.0.

3.4.4 A Quarta Revolução Industrial

Uma importante referência desta pesquisa é o trabalho do autor que cunhou o termo

Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial, o senhor Klaus Schwab fundador e

presidente executivo do Fórum Econômico Mundial. Neste livro, Schwab (2016)

contextualiza e explica claramente os aspectos chave que tornam o conjunto de

transformações atualmente vividas em uma nova revolução industrial.

O livro apresenta os impulsionadores desta revolução nas categorias física, digital e

biológica. Destacando-se na categoria física exemplos de componentes e

dispositivos das megatendências tecnológicas como por exemplo os veículos

autônomos, impressoras 3D e robótica avançada. Na categoria digital a Internet das

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Coisas e o blockchain3 e na categoria biológica destaca a biologia sintética que

oferece a capacidade de criar organismos personalizados, escrevendo o DNA deles.

Schwab (2016) analisa os impactos já percebidos e esperados na economia onde

destaca-se o crescimento e as mudanças na natureza do trabalho, os impactos nos

negócios por meio das inovações e da digitalização dos negócios. Apresenta ainda

os impactos no governo dando uma visão regional e global, reforça as mudanças na

sociedade e o impacto direto no indivíduo, especialmente o que tange os aspectos

da ética, moralidade e a necessidade da gestão das informações pessoais públicas e

privadas.

O autor sugere como enfrentar os desafios desta nova revolução industrial, como

aproveitar o potencial das rupturas advindas da Indústria 4.0 e indica como caminho

a seguir com a aplicação de quatro tipos diferentes de inteligência:

a) a contextual (a mente) – destaca a maneira como o indivíduo compreende e

aplica o conhecimento;

b) a emocional (o coração) – a maneira como processamos e integramos nossos

pensamentos e sentimentos e a forma como nos relacionamos com os outros;

c) a inspirada (a alma) – a forma como cada pessoa utiliza o sentimento de

individualidade e de propósito compartilhado e outras virtudes como a

confiança para efetuar as mudanças agindo para o bem comum;

d) a física (o corpo) – aborda o aspecto do cuidado com a saúde e com o corpo

para conseguir aplicar a energia necessária para a transformação individual e

dos sistemas.

Para concluir, o livro apresenta as mudanças tecnológicas mais profundas com

exemplos reais atuais, estimativas para o futuro a médio prazo (até 2025) e destaca

os impactos positivos, negativos e aqueles que podem ser entendidos como positivos

ou negativos dependendo da situação. Das vinte e três mudanças apresentadas por

Schwab (2016), pode-se destacar: as neurotecnologias, os seres projetados por meio

3 Blockchain – Protocolo seguro no qual uma rede de computadores verifica de forma coletiva uma transação

antes de registrá-la e aprová-la, funciona como um livro contábil seguro, compartilhado, criptografado e portanto

confiável.

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das modificações no genoma humano, as potencialidades da impressão 3D e o

blockchain.

A escolha deste livro se baseia no fato dele reunir uma sólida e completa visão da

Quarta Revolução Industrial. Os pontos apresentados por Schwab (2016) subsidiam

as organizações para o melhor entendimento da transformação digital permitindo a TI

se preparar para melhor atender as necessidades do negócio. O livro auxilia ainda a

organização na identificação dos pontos chave para composição de uma arquitetura

corporativa que sirva como base para o correto alinhamento estratégico da TI com o

negócio no contexto da Indústria 4.0.

3.4.5 A Segunda Era das Máquinas

Neste livro os autores definem a quarta revolução industrial como uma segunda era

das máquinas abordando os aspectos da transformação digital atualmente vivida por

meio de tecnologias brilhantes e seus impactos no trabalho, no progresso e na

prosperidade.

O livro aborda diversas tecnologias e seus resultados com exemplos reais como os

carros autônomos da Google e o supercomputador Watson da IBM. Brynjolfsson e

McAfee (2015) buscaram na pesquisa de campo vivenciando várias das tecnologias

da Indústria 4.0 as bases para a construção deste livro. Por exemplo, fizeram um

passeio no carro autônomo da Google onde puderam observar o quão precisa é a

tecnologia e o conforto por ela gerado.

Brynjolfsson e McAfee (2015) revelam o conjunto de forças que promovem a

transformação atual na sociedade e na economia. Destacam as três principais

características do avanço tecnológico atual e que está por vir: exponencial, digital e

combinatório.

O aspecto exponencial indica uma duplicação constante das potencialidades das

tecnologias, por exemplo, da capacidade de armazenamento e velocidade de acesso

e processamento de dados que cresce constante e drasticamente.

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Em relação ao digital, os autores abordam uma série de soluções que ao serem

digitalizadas trouxeram ganhos inimagináveis para indivíduos e organizações como

GPS no Smartphone. Apresentam ainda as características e vantagens dos negócios

digitais e como o crescimento exponencial possibilita a digitalização de quase tudo.

No âmbito combinatório os autores debatem a importância da inovação para o

crescimento e a prosperidade. Apresentam ainda o poder da combinação e

recombinação de ideias e aplicações diferentes para ideias antigas com recursos

digitais capazes de transcender o anteriormente imaginável e gerar resultados para

os negócios e para toda a sociedade. O livro analisa o impacto no mercado de

trabalho e apresenta os riscos e as oportunidades decorrentes desta segunda era

das máquinas para os trabalhadores.

Para os autores, nunca houve momento melhor para ser um profissional com as

habilidades adequadas para usufruir destas tecnologias. Por outro lado, alertam que

não houve também momento pior para ser um profissional comum visto que os

computadores e as tecnologias digitais já superam estes profissionais com uma

velocidade extraordinária.

Brynjolfsson e McAfee (2015) listam um conjunto de recomendações de políticas

onde pode-se destacar o investimento na educação e nas Startups4. Apontam

recomendações para os indivíduos, governos e organizações para longo prazo e

sugerem riscos futuros decorrentes das características da segunda era das

máquinas.

A escolha deste livro baseia-se no fato dele concentrar um conjunto importante de

exemplos reais e destacar pontos chave relacionados a economia, fatores que são

fundamentais para o resultado dos negócios e consequentemente devem estar na

lista de prioridades da TI para que esteja alinhada ao negócio.

4 Startup pode ser definido como um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável,

trabalhando em condições de extrema incerteza (Moreira, 2018).

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34

4 METODOLOGIA

Neste capítulo serão apresentados os preceitos metodológicos que subsidiaram esta

pesquisa. A Seção 4.1 aborda o percurso metodológico com o macro fluxo executado

durante este estudo. Na Seção 4.2 destacam-se os critérios adotados na revisão

sistemática da literatura.

A metodologia Design Science (DS) e o método Design Science Research (DSR) são

detalhados na Seção 4.3. O caráter, critérios de validação e os rigorosos princípios

científicos seguidos durante o estudo são demonstrados na Seção 4.4. Por fim, na

Seção 4.5 os critérios utilizados para o desenvolvimento do questionário de pesquisa

são explicitados.

4.1 Percurso Metodológico

Face ao desafio do problema a ser investigado, optou-se por identificar na literatura,

por meio de uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), de maneira metódica e

semiestruturada os trabalhos que melhor representassem o estado da arte diante dos

assuntos diretamente abordados no estudo: Indústria 4.0, Arquitetura Corporativa,

Alinhamento Estratégico entre a TI e o Negócio, Ciência de Projetos e Linguagem

Archimate.

A partir de uma análise cuidadosa de cada um dos trabalhos selecionados durante a

RSL, percebeu-se uma forte intercessão entre os aspectos científicos ligados a

questões do conhecimento e questões práticas do mundo corporativo. O pesquisador

buscou então métodos capazes de unir todo rigor científico com aplicação prática na

vida real e escolheu o Design Science Research (DSR) como método para esta

pesquisa.

Em meio a execução do DSR observou-se o surgimento da necessidade de

entendimento claro da visão dos executivos relacionada tanto as questões do

conhecimento quanto as questões práticas. Para tal, escolheu-se utilizar o caráter

qualitativo para melhor entendimento não apenas dos resultados, mas do processo

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35

como um todo permitindo assim a elaboração de um modelo que melhor represente a

visão dos entrevistados.

O DSR é um método que pertence a metodologia Design Science (DS). A escolha

desta metodologia se baseia no seu principal ponto forte: a combinação do rigor

científico com a aplicação prática no mundo real. O método reforça a importância do

desenvolvimento de artefatos e teorias por meio de critérios de aceitação da

pesquisa por sua relevância. O rigor na investigação de bases de conhecimento que

subsidiem a elaboração dos constructos que elucidem a validação da solução efetiva

do problema inicialmente identificado é dos princípios base do método.

Para aplicação da metodologia foram identificadas lacunas nos modelos e pesquisas

atuais, foi construído um modelo motivacional de arquitetura corporativa (AS-IS).

Este modelo foi apresentado aos executivos de TI de empresas no âmbito nacional e

internacional a fim de identificar melhorias no modelo visando representar a visão

dos executivos.

Com base nas respostas dos executivos foi proposto um modelo motivacional de EA

(TO-BE) que visa solucionar estes gaps no âmbito da Indústria 4.0 potencializando a

integração estratégica entre TI e negócio. O desenvolvimento do modelo foi feito por

meio da utilização da linguagem de modelagem preconizada pelo The Open Group, a

linguagem Archimate.

Esta linguagem possui funcionalidades que permitem a modelagem de uma

organização com seus requisitos em três níveis: negócio, aplicações e infraestrutura

(LANKHORST et al., 2012; ZAIDAN, 2015; THE OPEN GROUP, 2016).

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36

Figura 4 – Macro Fluxo do Processo

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

A Figura 4 demonstra o macroprocesso executado durante a pesquisa. A construção

do Modelo AS-IS será detalhada no capítulo 5, sessão 5.1. Com intuito de melhor

compreensão da visão de cada executivo, adotou-se como estratégia de pesquisa a

entrevista semiestruturada feita exclusivamente pelo pesquisador, no qual cada

executivo foi ouvido individualmente.

O questionário e o embasamento para cada questão feita aos executivos foram

descritos em detalhes na sessão 4.5. O resultado das entrevistas e como foram

efetuadas são abordados no capítulo 5, sessão 5.2 e o modelo final (TO-BE) é

definido na sessão 5.3. Cada item sintetizado nesta seção será detalhado nas

sessões e capítulos seguintes.

4.2 Revisão Sistemática da Literatura (RSL)

A Revisão Sistemática da Literatura (RSL) é um processo metódico, explícito e

passível de reprodução que tem como principal objetivo sintetizar as evidências

disponíveis na literatura sobre determinado tema. Este tipo de estudo é utilizado para

nortear o desenvolvimento de projetos, indicando novos rumos para futuras

investigações e identificando quais métodos de pesquisa foram utilizados em uma

área (SAMPAIO; MANCINI, 2006).

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37

Figura 5 - Processo executado na RSL

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

A Figura 5 demonstra os passos executados nesta revisão sistemática da literatura.

Buscou-se a apresentação de uma pergunta científica clara e objetiva, a definição

estratégica de busca, o estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão dos

artigos, livros, pesquisas de mercado, dissertações, teses e, acima de tudo, uma

análise criteriosa da qualidade da literatura selecionada conforme sugerem Sampaio

e Mancini (2006).

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Quadro 2 - Quantidade de documentos por Base e Palavra Chave

Bases / Palavras Chave Industry 4.0Enterprise

Architecture

IT Business

Strategical

Alignment

Archimate Design Science

Capes 231.793 161.648 199 171 6.705.359

Scielo 541 50 2 0 1.376

Google Acadêmico 1.200.000 2.970.000 22.400 3.210 6.420.000

Springer Link 236.087 78.863 163 477 2.693.329

IEEE Explore 770 7.802 188 1 221.792

Elsevier 40 169 1 1 2.187

Total 1.669.231 3.218.532 22.953 3.860 16.044.043

Bases / Palavras Chave Indústria 4.0Arquitetura

Corporativa

Alinhamento

Estratégico entre a

TI e o Negócio

Linguagem

Archimate

Ciência de

Projetos

Capes 2.865 284 149 0 13.508

Scielo 423 4 5 0 552

Google Acadêmico 43.700 32.900 23.100 73 472.000

Springer Link 227 3 0 0 175

IEEE Explore 0 1 0 0 1.042

Elsevier 18 0 0 0 3

Total 47.233 33.192 23.254 73 487.280

Total Geral 1.716.464 3.251.724 46.207 3.933 16.531.323

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Durante a preparação deste projeto de pesquisa foram identificados mais de

dezesseis mil possíveis trabalhos correlatos dos quais, executando a RSL, chegou-

se a quarenta e seis documentos que subsidiaram este trabalho. O Quadro 2

apresenta a quantidade de documentos inicialmente encontrados em cada base de

dados.

Quadro 3 - Quantidade de documentos selecionados por assunto

Assunto Qtde de Documentos

Archimate 1

Design Science 2

Arquitetura Corporativa 18

Arquitetura Corporativa/Indústria 4.0 1

Indústria 4.0 17

Alinhamento Estratégico TI e Negócio 7

Total Geral 46

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

O Quadro 3 apresenta a quantidade de documentos selecionados por assunto.

Foram analisados criteriosamente cada um dos quarenta e seis documentos

nacionais e internacionais entre artigos científicos, dissertações, teses, livros,

pesquisas de mercado e relatórios.

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Quadro 4 - Apresentação do Número de documentos encontrados por tipo e ano

Tipo 1993 1999 2004 2005 2007 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Total

Artigo 1 1 1 1 1 1 3 2 2 2 8 8 4 35

Dissertação 1 1

Livro 1 2 1 1 5

Pesquisa de Mercado 1 2 3

Relatório 1 1

Tese 1 1

Total Geral 1 1 1 1 1 2 3 2 2 3 10 10 7 46

Número de documentos por tipo / ano

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

O Quadro 4 demonstra que este projeto é baseado em grande parte em artigos

científicos, visto que 81% dos documentos pesquisados se enquadram neste tipo.

Foram encontrados ainda 9% de livros e os 10% restantes estão distribuídos

igualmente entre Teses, Dissertações, Relatórios e Pesquisas de Mercado.

Quadro 5 - Apresentação do Número de artigos com qualis por

ano

Qualis 2004 2009 2010 2011 2012 2014 2015 2016 Total

A1 1 3 4

A2 1 1 2

B1 1 1 1 3

B2 1 1 2

B3 1 1

B4 1 4 1 6

B5 1 1 1 3

Total Geral 1 1 2 2 2 6 5 2 21

Quantidade de Artigos Qualis por ano

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

O Quadro 5 apresenta a atualidade e qualidade da pesquisa para elaboração deste

projeto. No aspecto da qualidade, pode-se observar que aproximadamente 60% dos

artigos pesquisados concentram-se em periódicos qualificados pela Qualis entre B2 e

A1. Já no contexto da atualidade, percebe-se que 62% dos artigos foram publicados

a partir de 2014.

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Quadro 6 - Lista de Artigos publicados em periódicos Qualis

Ano Assunto TítuloAutor

PrincipalQualis

2015 Alinhamento Estratégico Information technology and open innovation - A strategic alignment Cui A1

2015 Alinhamento Estratégico Strategic IT alignment twenty-five years on Coltman A1

2017 Alinhamento EstratégicoEnhancing the measurement of informationtechnology (IT) business alignment and

itsinfluence on company performanceLuftman A1

2014 Arquitetura CorporativaAn enterprise architecture framework for multi-attribute information systems

analysisNärman B2

2015 Arquitetura CorporativaQuão Estratégica Pode Ser a Gestão Arquivística de Documentos? Aportes da

Arquitetura CorporativaZaidan B4

2004 Arquitetura Corporativa CONCEPTS FOR MODELING ENTERPRISE ARCHITECTURES Jonkers B5

2011 Arquitetura CorporativaEnterprise architecture, IT effectiveness and the mediating role of IT alignment in US

hospitalsBradley A2

2012 Arquitetura Corporativa From enterprise architecture to business models and back Iacob B1

2010 Arquitetura CorporativaArchitecture analysis of enterprise systems modifiability models, analysis, and

validationLagerström A2

2010 Arquitetura Corporativa An-ontology-based-Enterprise-Architecture_2010_Expert-Systems-with-Applications Kang A1

2011 Arquitetura CorporativaEnterprise-architecture-patterns-for-business-process-support-

analysis_2011_Journal-of-Systems-and-SoftwareSasa B2

2012 Arquitetura Corporativa A Flexible Approach to Realize an Enterprise Architecture Giachetti B4

2009 Design Science Design science as nested problem solving Wieringa B5

2014 Industria 4.0 Collaboration Mechanisms to increase Productivity in the Context of Industrie 4.0 Schuh B4

2014 Industria 4.0 Mental strain as field of action in the 4th industrial revolution Dombroswki B4

2014 Industria 4.0 Industry 4.0 Lasi B3

2015 Industria 4.0Visual Computing as a Key enabling technology for industrie 4.0 and Industrial

InternetPosada B1

2014 Indústria 4.0 Towards an Understanding of Cyber-Physical Systems Mikusz B4

2014 Indústria 4.0 Service innovation and smart analytics for Industry 4.0 and big data environment Lee B4

2016 Indústria 4.0Generic Procedure Model to Introduce Industrie 4.0 in Small and Medium-sized

EnterprisesWang B5

2016 Linguagem ArchimateRepresentation and analysis of enterprise models with semantic techniques: an

application to ArchiMate, e3value and business model canvas Caetano B1

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

O Quadro 6 apresenta o conjunto de artigos atuais publicados em periódicos bem

qualificados pela Capes. Tais pesquisas demonstram de maneira objetiva,

consistente e com o rigor e relevância necessária cada um dos conceitos que

subsidiam a fundamentação teórica deste projeto.

Quadro 7 - Lista de Trabalhos Correlatos

Ano Assunto TítuloAutor

PrincipalQualis

2017 Alinhamento EstratégicoEnhancing the measurement of informationtechnology (IT) business alignment and

itsinfluence on company performanceLuftman A1

2014 Arquitetura CorporativaAn enterprise architecture framework for multi-attribute information systems

analysisNärman B2

2014 Industria 4.0 Collaboration Mechanisms to increase Productivity in the Context of Industrie 4.0 Schuh B4

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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Visa-se apresentar no Quadro 7 os três artigos científicos selecionados como

trabalhos correlatos base para esta pesquisa em virtude de representarem o estado

da arte em cada um dos assuntos abordados neste estudo.

4.3 Design Science Research (DSR)

Com a análise cuidadosa de cada um dos trabalhos selecionados durante a RSL,

identificando forte relação entre os aspectos científicos ligados a questões do

conhecimento e questões práticas, optou-se pelo Design Science Research (DSR)

como método para esta pesquisa. O DSR é um método inerente a metodologia

Design Science (DS)

Existem duas propostas de aplicação do DSR, uma feita por Wieringa (2009) e outra

feita por Hevner et al. (2004). Ambas as abordagens consideram tanto as questões

relativas ao conhecimento científico quanto as questões relacionadas aos problemas

da vida real. A DSR orienta a construção do conhecimento através de artefatos

projetados enfatizando a conexão entre o desenvolvimento científico e a solução de

problemas práticos (WIERINGA, 2009).

Tal conexão é apresentada por Wieringa (2009) por meio de um ciclo regulador que

parte da investigação e identificação do problema, a definição de um projeto de

soluções para o problema prático, a validação da solução desenhada, sua

implementação e a avaliação da efetividade da implementação. Wieringa (2009)

propõe a utilização de uma estrutura aninhada do problema que que visa decompor

as questões do conhecimento (K) das questões de cunho prático (P).

Para Zaidan (2015), o processo aplicado na DS proporciona a geração de

conhecimento científico e ainda contribui para solução de problemas reais. Hevner et

al. (2004) sugere uma estrutura onde o problema seja observado num ambiente onde

o pesquisador tenha a possibilidade de identificar os aspectos inerentes ao interesse

do estudo. Em seguida os artefatos produzidos são avaliados e sua importância

justificada considerando o rigor e relevância preconizados na DS.

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Sete critérios ou diretrizes relacionados ao rigor e relevância são propostos por

Hevner et al. (2004) como abordagem metodológica e visam garantir a correta

aplicação do DSR no projeto de pesquisa.

Dentre as abordagens disponíveis, optou-se por utilizar os critérios propostos por

Hevner et al. (2004) conforme demonstra o apêndice A. Segundo Zaidan (2015), tais

critérios permitem conduzir a pesquisa com rigor, relevância e qualidade utilizando a

DSR.

Figura 6 - Framework de Pesquisa Aplicada com DS

Fonte: HEVNER et al., 2004. (Adaptada pelo autor)

A Figura 6 apresenta o framework conceitual proposto por Hevner et al. (2004) para

entendimento, execução e avaliação combinando os paradigmas do ambiente e dia a

dia das organizações com as questões do conhecimento. Cada camada do

framework foi considerada na construção do modelo de EA proposto na sessão 5.1

(AS-IS) e concluído na sessão 5.3 (TO-BE) neste trabalho conforme descrito a

seguir.

A camada do ambiente define a abrangência do problema de pesquisa, bem como

pessoas, organizações e tecnologias. No modelo aqui proposto é representada nas

camadas de Stakeholders e Diretrizes. Os dificultadores ao alinhamento estratégico

da TI com o negócio identificados nos artigos científicos selecionados na RSL

remetem a base de conhecimento com forte fundamentação teórica e metodológica.

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As necessidades do negócio foram identificadas nas pesquisas de mercado

apresentadas neste trabalho bem como o conhecimento aplicado pôde ser validado

com os executivos unindo teoria e prática com a solução das questões do

conhecimento e de aplicação no dia a dia.

Como pôde-se observar, a DSR é plenamente executada ao aplicar os sete critérios

e o framework propostos por Hevner et al. (2004). Em sinergia com a DSR, o

pesquisador buscou adotar um caráter de pesquisa que permitisse capturar fielmente

a visão dos executivos dando a correta relevância a cada observação feita pelos

executivos com rigor e qualidade conforme descrito na próxima sessão.

4.4 Caráter da Pesquisa, Critério de Validação e Confiabilidade da Amostra

Diante do desafio de entender a visão dos executivos durante a execução do ciclo

regulador da DSR optou-se por realizar uma pesquisa de caráter qualitativo. Esta

escolha baseou-se no fato da pesquisa qualitativa propiciar o melhor entendimento

da visão do entrevistado, pois busca compreender o fenômeno estudado segundo a

perspectiva do sujeito inserido no contexto da pesquisa (GODOY, 1995).

Para Godoy (1995), o pesquisador qualitativo tenta entender os fenômenos

estudados a partir da perspectiva dos participantes considerando todos os pontos de

vista como importantes. Ullrich et al. (2012) aponta como uma importante forma de

pesquisa a captura do ponto de vista individual a partir do detalhamento de

entrevistas e reconhecimento da perspectiva do ponto de vista do entrevistado.

A identificação do ponto de vista do entrevistado é uma característica importante na

escolha da pesquisa qualitativa por estar totalmente alinhada aos objetivos deste

trabalho. Para Godoy (1995) e Ullrich et al. (2012) a pesquisa qualitativa é descritiva

e desempenha papel importante tanto na obtenção dos dados quanto na divulgação

dos resultados. Ambos os autores afirmam que o estudo qualitativo é o mais indicado

quando se busca o entendimento do fenômeno como um todo em sua complexidade.

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Entretanto, existem preocupações quanto a validade das pesquisas qualitativas, a

representatividade das amostras e suas formas de aferição (OLLAIK; ZILLER, 2012;

SANTOS, 2014). Neste sentido, buscou-se neste trabalho atuar com muito rigor na

aplicação do DSR e principalmente aplicou-se um cuidado especial na validação do

processo metodológico relacionado a pesquisa qualitativa.

Whittemore, Chase e Mandle (2001) apresentam um conjunto de técnicas para

demonstrar a validade das pesquisas qualitativas. O anexo A apresenta uma destas

técnicas e foi utilizado durante o desenvolvimento desta pesquisa para garantir a

credibilidade dos resultados obtidos.

Reiterada a confiabilidade e validade da pesquisa, adotou-se como método de coleta

de dados a criação de um formulário estruturado com questões que atendem o rigor

imposto pela DSR e os critérios indicados por Whittemore, Chase e Mandle (2001).

Esperava-se conseguir participação de 10 (dez) executivos nesta pesquisa,

entretanto foram entrevistados 15 (quinze) executivos e a busca por novos

participantes foi interrompida utilizando-se como base no princípio da saturação.

Para Kaufmann (1996), Guerra (2006) e Santos (2014), o princípio da saturação é

um mecanismo que subsidia a definição de quantas pessoas devem ser

entrevistadas para garantia da validade dos discursos e a representatividade da

amostra. Utilizando este princípio, o pesquisador pode, ao identificar que o assunto

está saturado, interromper o processo de coleta de dados e partir então para sua

análise podendo afirmar a viabilidade de generalizar os resultados obtidos desde que

defina claramente as limitações da pesquisa.

Ao chegar na 15ª entrevista, o pesquisador compilou os dados e identificou que para

todas as questões fechadas, pelo menos 80% dos entrevistados estavam de acordo

com o item proposto no modelo AS-IS e com os possíveis itens a virem a compor o

modelo TO-BE.

Analisando a gravação de cada entrevista foi possível mapear os itens sugeridos

pelos executivos e observou-se o esgotamento do assunto visto que os comentários

se repetiam consistentemente, em alguns casos em questões diferentes, mas com

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mesmo resultado. Na sessão 5.3 será apresentado o novo modelo vinculando cada

item adicionado ou ajustado com as sugestões, respostas e comentários dos

executivos que subsidiam a saturação do tema aqui mencionada.

Aplicados os critérios e métodos acima descritos, acredita-se fundamentar e legitimar

o processo metodológico adotado. Apresenta-se na próxima seção o

desenvolvimento do questionário de pesquisa identificando para cada questão

referências consistentes que subsidiam sua necessidade e importância neste estudo.

4.5 Desenvolvimento do Questionário de Pesquisa

Por meio deste questionário pretendeu-se avaliar o modelo motivacional de

arquitetura corporativa verificando na visão dos executivos entrevistados quais

oportunidades de ajuste com o objetivo de potencializar o alinhamento estratégico da

TI com o negócio diante dos desafios inerentes a quarta revolução industrial.

O Apêndice B apresenta as questões que foram feitas aos entrevistados bem como a

fundamentação que subsidiou cada questão. O questionário foi dividido em dois

blocos. O primeiro com questões relacionadas ao modelo AS-IS e o segundo com

questões relacionadas a itens que poderiam vir a compor o modelo.

Para cada questão o entrevistado foi convidado a indicar na escala Likert5 se

concordava ou não com a questão apresentada dentre as seguintes opções:

Concordo Totalmente, Parcialmente, Neutro, Discordo Totalmente e Parcialmente.

Ao final do questionário foi disponibilizado um campo para que o entrevistado

pudesse tecer comentários, observações e orientações sobre o modelo apresentado.

No próximo capítulo apresenta-se a construção do Modelo Motivacional de EA (AS-

IS), o conteúdo das entrevistas quantificando as respostas objetivas e classificando

os termos oriundos dos comentários dos entrevistados. Discute-se os resultados

obtidos para geração do modelo final (TO-BE) que representa a visão dos executivos

entrevistados.

5 Likert – Instrumento de mensuração de fenômenos sociais com a finalidade de medir as atitudes por meio das

opiniões de forma objetiva (LIKERT, 1932).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas próximas sessões apresentam-se os resultados obtidos durante toda a

pesquisa. A sessão 5.1 aborda a criação do modelo proposto (AS-IS) fundamentando

cada componente escolhido. Na sessão 5.2 discute-se o conteúdo das entrevistas e

as analisa na busca da identificação dos pontos chave que serão utilizados na

sessão 5.3 para adaptação do modelo à visão dos executivos (TO-BE).

5.1 Modelo Motivacional utilizando a linguagem Archimate - AS-IS

A construção do modelo AS-IS iniciou-se com a análise profunda dos artigos

científicos utilizados como referência neste trabalho. Partiu-se então para identificar

pesquisas de mercado recentes com CEOs e CIOs para entender quais as diretrizes,

metas, desafios e restrições são prioridades atuais destes executivos.

Para Dyer (2009), a definição do estado atual (AS-IS) na construção de um modelo

de EA é primordial para progredir na busca do objetivo e consequente construção do

modelo final (TO-BE). Neste contexto, a utilização das ferramentas adequadas

contribui para a implementação do modelo adequado ao cenário proposto.

Neste cenário, dentre as ferramentas disponíveis na Linguagem Archimate para

construção do modelo motivacional foram selecionadas três camadas, dentre as

descritas na sessão 3.3, para composição do modelo proposto, sendo: Camada dos

Stakeholders, Camada das Diretrizes e Camada de Avaliação.

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Figura 7 - Modelo de EA Proposto (AS-IS)

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

A Figura 7 apresenta o modelo motivacional proposto (AS-IS) para potencializar o

alinhamento estratégico entre a TI e o Negócio. A seguir detalha-se cada camada

referenciando os trabalhos correlatos que subsidiaram a construção do modelo bem

como descrevendo cada item que compõe o modelo (AS-IS).

A camada dos Stakeholders, conforme afirmam Zaidan (2015) e The Open Group

(2016) é composta pelas partes interessadas – aqueles que afetam ou são afetados

dentro do contexto. Os Stakeholders representam o papel de um indivíduo, uma

equipe ou uma organização e seus interesses. Foram identificadas as seguintes

Partes Interessadas:

a) Acionistas e Executivos de Negócio – Representam a alta gestão do negócio,

quem efetivamente decide os rumos e estratégias do negócio e precisa de

uma TI capaz de suportar esta estratégia e se adaptar as mudanças

necessárias com agilidade e eficácia;

b) CIOs e Diretores de TI – São Responsáveis por determinar as estratégias de

TI para atender as estratégias do negócio. Precisam manter uma TI inovadora

e atualizada que leve soluções de maneira ágil e eficiente para atender as

diretrizes do negócio agindo como agente motivador de mudança em um papel

de protagonista para o sucesso do negócio;

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c) Áreas de Negócio – Precisam executar as estratégias do negócio mantendo

os processos organizacionais em pleno funcionamento para executar a missão

da organização utilizando os recursos disponibilizados pela TI para atingir os

objetivos do negócio;

d) Área de TI e Parceiros de TI Externos – São os agentes transformadores que

precisam seguir as estratégias definidas pelos executivos de TI da

organização estando sempre atualizados com as novas tecnologias bem como

conhecendo os processos organizacionais da empresa e provendo os

recursos tecnológicos necessários para o sucesso do negócio;

e) Sociedade – Afeta e é afetada pela organização e consequentemente pelos

seus processos e sistemas;

f) Clientes – Serão afetados direta e indiretamente pelas tecnologias utilizadas

na empresa. Em muitos casos seu comportamento e necessidades podem

direcionar um conjunto de demandas de negócio e TI que precisam ser

atendidas com agilidade pela organização. Como uma das metas das

organizações no cenário atual está relacionada ao fortalecimento do foco no

cliente, o modelo de arquitetura corporativa da atenção especial a este

importante Stakeholder.

Cada Stakeholder apontado na camada acima se conecta com as principais

diretrizes estratégicas para o alinhamento da TI com o negócio. A seguir detalha-se

cada uma das quatro principais diretrizes identificadas no modelo e as bases

científicas e corporativas que sustentam a escolha de cada diretriz.

Para identificação dos direcionadores estratégicos que compõe a camada das

Diretrizes, foram selecionadas as prioridades estratégicas apontadas pelos CEOs na

pesquisa do KPMG International (2017) e as prioridades apontadas pelos CIOs no

trabalho da Deloitte (2017). Obteve-se ainda uma visão das tendências tecnológicas

na visão dos CEOs de acordo com o Raskino (2016) e os direcionadores para o

sucesso do negócio abordados por Brynjolfsson e McAfee (2015) e Schwab (2016)

chegando-se então nas seguintes diretrizes apresentadas no Quadro 8:

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Quadro 8 - Diretrizes Estratégicas do Modelo AS-IS

Diretriz Discussão

Agilidade no Mercado

Com o avanço tecnológico, ser capaz fazer as mudanças

necessárias com agilidade passa a ser questão de

sobrevivência para as organizações tornando uma das

iniciativas chave para os executivos nos dias atuais. A

capacidade de atender as novas demandas que surgem

cotidianamente no mercado, ampliar a penetração em

mercados existentes e reagir adequadamente as

transformações atuais tornam-se cada vez mais

importantes para as organizações.

Análise de Dados e Tecnologias

Preditivas

Nunca se teve tantos dados como atualmente e

principalmente com a capacidade de processá-los em

tempo real permitindo uma tomada de decisão mais

assertiva, especialmente quando utiliza-se as tecnologias

preditivas para determinar como o mercado, concorrentes,

clientes, entre outros se comportarão dadas determinadas

variáveis. A utilização das grandes massas de dados

aplicando as potencialidades das tecnologias preditivas

propiciam a penetração em novas verticais. A

identificação das características comportamentais dos

clientes, por exemplo, que definem suas experiências

positivas e negativas passa a ter grande importância para

propiciar a penetração em novas verticais e a manutenção

do Market Share.

Inovação Disruptiva

Transformar o mercado com simplicidade, eficiência,

conveniência e acessibilidade traz uma nova gama de

oportunidades para as organizações serem mais ágeis,

efetivas e inovadoras. Este item representa a capacidade

de transformação de produtos, serviços e do modelo de

negócio por meio de inovações incrementais e

revolucionárias. A inovação é um aspecto abordado por

diversos autores como imprescindível para o sucesso das

organizações por propiciar o aumento da produtividade,

crescimento e a prosperidade.

Digitalização do Negócio

O digital já é parte da vida das pessoas e torna-se cada

vez mais comum usufruir das tecnologias para se

beneficiar de produtos e serviços digitais. A velocidade e

amplitude de expansão geográfica dos negócios em novos

mercados por meio da digitalização do negócio ampliam a

representatividade e prioridade dada atualmente pelos

executivos a este tema dentro das suas organizações.

Existem negócios que nascem digitais e outros que

sempre foram estritamente físicos, passam a utilizar a

potencialidade do ambiente digital para gerar novos

modelos de atendimento as necessidades dos clientes

combinando os modelos de negócio do mundo físico com

os modelos de negócio digitais. Utilizar as capacidades

das soluções em Cloud, a interconectividade entre

dispositivos e sistemas, a personalização de serviços e

produtos, bem como a mudança cultural com as compras

de produtos e serviços pela internet amplia a capilaridade

dos negócios abrindo horizontes e potencializando

oportunidades que os executivos desejam capturar para

suas empresas.

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

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O desdobramento dos direcionadores estratégicos em metas e ações para obter os

resultados no mundo real enfrenta limitações e dificuldades. Para relacionar os

dificultadores ao alinhamento estratégico entre a TI e o negócio, buscou-se um

modelo atual de alinhamento estratégico nos artigos selecionados na RSL como

base para identificação das principais críticas ou ineficiências de alinhamento entre

TI e negócio.

A partir da análise dos artigos referência destacou-se o modelo de equações

estruturais de alinhamento estratégico entre a TI e o negócio desenhado por

Luftman, Lyytinen e Zvi (2017). Este modelo foi utilizado como base para criação da

camada das Avaliações aqui denominada Dificultadores ao Alinhamento Estratégico

entre a TI e o Negócio. Esta camada foi composta então pelos seguintes

dificultadores apresentados no Quadro 9.

Quadro 9 - Dificultadores ao alinhamento no Modelo AS-IS

Dificultador Discussão

Comunicação Ineficiente

Refere-se a falta de qualidade e intensidade da exposição

de ideias, conhecimento e informação entre TI e Negócio.

Prejudica o entendimento das estratégias e o

entendimento das prioridades.

Falta de Governança de TI

Caracteriza-se pela autoridade da TI nas decisões

estratégicas, táticas e operacionais para determinar

prioridades, alocação de recursos e controlar atividades.

A falta de Governança tem importante impacto no

desalinhamento entre TI e Negócio pois impede o

reconhecimento do valor da TI, inibe a definição e

visualização de quais regras, procedimentos e critérios a

TI utilizará para atender ao negócio.

Desalinhamento entre TI-Negócio

Estabelece o nível de relacionamento entre a TI e o

negócio onde não se tem clara a definição dos papéis e

responsabilidades da TI na estratégia da organização e

como cada um percebe a contribuição do outro. Tanto o

negócio pode não ter processos claros e maduros para

implementação da tecnologia adequada quanto a TI pode

aplicar tecnologias ótimas, mas inapropriadas aos

objetivos do negócio.

TI Estática e Desatualizada

Compreende uma TI que não se atualiza, geralmente atua

nos problemas do dia a dia do negócio e não tem tempo

para busca de novos conhecimentos e possibilidades.

Mantém uma infraestrutura pouco ou nada flexível e não

adaptável, com altos custos para evolução e incapacidade

de aplicação de tecnologias emergentes para entregar

soluções customizadas as unidades de negócio e seus

parceiros

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Alto Turnover

Ainda que as novas tecnologias a cada dia substituem

mais atividades feitas pelo homem com maior agilidade e

qualidade, a perda de pessoas tanto no negócio quanto

na TI tem impacto significativo no negócio e no

alinhamento da TI com o negócio.

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Como pôde ser visto, o modelo de EA (AS-IS) proposto considera os principais

Stakeholders, as Diretrizes de maior prioridade identificadas nas pesquisas feitas

com executivos em 2016 e 2017 e os Dificultadores ao Alinhamento estratégico da TI

com o Negócio.

Na próxima sessão apresentam-se as entrevistas feitas com os executivos e discute-

se os resultados obtidos. Tais resultados são classificados a fim de propiciar a

atualização do modelo sob a visão dos executivos e geração do modelo final

proposto neste trabalho.

5.2 Entrevistas – Visão dos Executivos

5.2.1 Planejamento das Entrevistas.

Com intuito de melhor compreensão da visão de cada executivo, adotou-se como

estratégia de pesquisa a entrevista semiestruturada feita exclusivamente pelo

pesquisador onde cada executivo foi ouvido individualmente entre fevereiro e março

de 2018.

Tratando-se de uma pesquisa qualitativa onde a percepção do entrevistado foi

considerada como fator de suma importância no processo metodológico adotado, o

pesquisador optou por convidar executivos que atendessem aos seguintes pré-

requisitos:

a) ser executivo de TI (CIO, CEO, Diretor ou Sócio de empresa de tecnologia);

b) estar atuando diretamente com transformação digital dentro de sua

organização ou para seus clientes.

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52

Dos vinte e dois executivos convidados, quinze executivos participaram da

entrevista. Cada executivo foi informado do contexto e objetivo da pesquisa bem

como o tempo necessário para execução. Como opção foi informado aos convidados

que a pesquisa poderia ser presencial ou via vídeo conferência.

Alguns executivos solicitaram responder ao questionário e retornar ao entrevistador

que explicou que a metodologia adotada exigira, para qualidade final do trabalho, a

entrevista. Doze entrevistas foram feitas via vídeo conferência pela internet e três

entrevistas formam feitas em reunião presencial. Todos os entrevistados autorizaram

a gravação do áudio da entrevista para fins de registro.

Na próxima sessão serão apresentadas as características dos entrevistados e de

suas organizações.

5.2.2 Classificação dos Entrevistados e suas organizações

Ao selecionar os convidados houve uma preocupação em identificar profissionais

com larga experiência e protagonismo nas transformações digitais vividas

atualmente. Mais de 93% dos entrevistados são executivos em organizações que

atuam com inovação e tecnologia.

Geograficamente, mais de 87% dos entrevistados atuam em empresas no âmbito

nacional, mesmo que algumas sejam multinacionais. Foi entrevistado um executivo

atuando em uma organização na Inglaterra e outro nos Estados Unidos.

Gráfico 1 - Posição dos Executivos Entrevistados

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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53

O Gráfico 1 demostra a posição, cargo ou profissão dos executivos entrevistados.

Aproximadamente metade dos executivos entrevistados ocupam a principal posição

de comando da companhia como CEO ou Sócio em empresas de tecnologia.

Igualmente, aproximadamente metade dos executivos declararam ocupar posição de

diretoria em empresas de TI e um executivo atua como CIO em uma empresa

siderúrgica.

Gráfico 2 - Número aproximado de colaboradores da

empresa

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Quanto ao tamanho das empresas em número de colaboradores, conforme Gráfico

2, em torno de 70% das organizações detêm até cem empregados, 20% dos

executivos atuam em empresas com até mil funcionários, por volta de 7% dos

entrevistados atuam em empresas de até dez mil colaboradores e aproximadamente

13% afirmaram que suas organizações têm mais de dez mil empregados.

Gráfico 3 - Faixa Etária dos Entrevistados

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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54

Todos os entrevistados estão acima dos trinta anos de idade, conforme Gráfico 3,

sendo que 40% tem até quarenta anos, 33% entre quarenta e um e cinquenta anos e

aproximadamente 27% dos executivos estão com idade superior aos cinquenta anos.

Dentre os executivos convidados, a grande maioria foi do sexo masculino. Somente

duas executivas convidadas eram mulheres, uma na posição de CIO de uma

empresa nacional de manufatura e a outra CEO de uma empresa de inovação e

tecnologia. Entretanto, mesmo com certa insistência do pesquisador, nenhuma das

duas participaram da pesquisa ficando 100% dos participantes do sexo masculino.

Gráfico 4 - Grau de Escolaridade dos Entrevistados

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Em relação ao grau de escolaridade, como pode ser visto no Gráfico 4, nenhum

entrevistado possuía doutorado. Executivos que declararam possuir pós-graduação

latu sensu representaram aproximadamente 47% dos entrevistados. Quase 27% dos

executivos afirmaram terem concluído a graduação sem nenhuma especialização e

um CEO chamou a atenção por declarar ter ensino médio completo e estar a frente

de uma empresa de TI brasileira que acabou de fundir-se com uma multinacional

com sede na Espanha.

5.2.3 Análise das Respostas dos Executivos

Nesta sessão foram analisadas as respostas dos executivos para cada questão feita

durante a entrevista, tanto no âmbito quantitativo da representação da concordância

ou não de cada entrevistado com a questão em si, bem como a avaliação dos

comentários feitos e sua relevância para montagem do modelo TO-BE.

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55

Como pode ser visto no apêndice C, cada questão está relacionada com os objetivos

do modelo proposto AS-IS bem como com possíveis objetivos para o modelo final

TO-BE. A seguir são analisadas cada uma das questões, sintetizadas e destacadas

as respostas dos executivos tanto quantitativa, quanto qualitativamente.

5.2.3.1 Questões relacionadas as Diretrizes e aos Dificultadores

As questões 2, 3, 4 e 6 objetivaram avaliar o grau de importância da comunicação

entre a TI e o Negócio, se a falta de Governança de TI gera impactos prejudiciais a

organização, identificar possíveis causas da falta de parceria ou desalinhamento

entre a TI e o Negócio e questionar o quanto a capacidade de atualização e

aplicação de tecnologias emergentes pela TI tem impacto direto no resultado do

negócio. O Quadro 10 apresenta a discussão de cada uma destas questões.

Quadro 10 - Gráficos e Discussão das questões relacionadas aos Dificultadores

Nº Gráfico Respostas Objetivo Discussão

1

Camada Diretrizes –

Validar os itens desta

camada: Agilidade no

Mercado, Análise de

Dados e Tecnologias

Preditivas, Inovação

Disruptiva e

Digitalização do

Negócio.

Nenhum dos executivos discordou ou

se manteve neutro em relação aos

direcionadores estratégicos

selecionados, sendo que 60%

concordaram totalmente e os demais

40% que concordaram parcialmente

sinalizaram outros itens que poderiam

compor esta camada. Em geral, os

executivos destacaram a importância

de avaliar se a organização está

preparada para a digitalização no

negócio sendo este um ponto de

atenção na visão da maioria dos

entrevistados. Ficou evidente ainda a

importância do apoio do alto escalão

da organização, sendo considerado

fundamental que o CEO incorpore a

visão da digitalização do negócio.

Para os executivos, todas as

empresas passarão a ser digitais, a

agilidade no mercado e a inovação

tornaram-se questão de

sobrevivência. No quesito Análise de

dados e Tecnologias Preditivas, os

entrevistados acreditam que este

ainda é um fator de diferenciação

sendo um importante direcionador

nas estratégias das organizações que

queiram se manter à frente de seus

concorrentes. As respostas

corroboraram a visão de Schwab

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56

(2016) com relação a cada um destes

direcionadores e reafirmaram o

resultado da pesquisa do KPMG

International (2017) quanto as

prioridades estratégicas dos CEOs.

2

Comunicação

Ineficiente - Avaliar o

grau de importância

da comunicação entre

a TI e o Negócio

levando em

consideração o atual

cenário onde pessoas

e organizações tem

acesso a muitos

dados e informações

Para mais de 90% dos executivos

entrevistados, a ineficiência no

compartilhamento e exposição de

ideias, conhecimento e informação

entre TI e Negócio é prejudicial ao

alinhamento estratégico. A visão dos

executivos, em sua maioria corrobora

com o estudo de Luftman, Lyytinen e

Zvi (2017) que aponta a comunicação

como uma das principais dimensões

do alinhamento estratégico entre a TI

e o Negócio.

3, 10 e 11

Falta de Governança -

Os processos

relacionados a

Governança estão

ligados não somente

a manutenção, mas

também propiciam a

transformação da

organização

mantendo a

estabilidade

operacional. Estas

questões visaram

verificar se a falta de

Governança de TI

tinha impactos

prejudiciais a

organização.

93% dos executivos afirmam que a

falta de Governança de TI pode

prejudicar o negócio em decorrência

da incapacidade da TI de tomar as

decisões corretas para planejamento,

implementação das entregas e

manutenção evolutiva para benefício

da organização. A visão dos

executivos está totalmente alinhada

com a pesquisa de Coltman et al.

(2015) que afirma que várias

pesquisas apontam a Governança de

TI como fator importante no

alinhamento estratégico da TI com o

negócio. Entretanto, mais de 80% dos

executivos alertaram para a

importância da Governança não ser

um fator gerador de burocracia. Para

estes CEOs, CIOs e Diretores, existe

uma tendência nas organizações de

burocratizar os processos de TI para

garantia de complience e

governança, diferentemente das

questões levantadas por Coltman et

al. (2015), Cui et al. (2015) e Luftman,

Lyytinen e Zvi (2017) que não

mencionam a burocracia em suas

pesquisas.

4

Desalinhamento TI e

Negócio - Verificar a

visão dos executivos

em relação aos

aspectos causadores

da falta de parceria ou

desalinhamento entre

a TI e o Negócio.

Na visão dos executivos de 100% dos

entrevistados, a falta de parceira é

um importante dificultador ao

alinhamento estratégico da TI com o

negócio. Uma das possíveis causas

da falta de parceria poderia ser a

diferença de propósito e diferentes

níveis de governança, o que reafirma

a visão de Cui et al. (2015) ao indicar

a relevância do trabalho em equipe

entre TI, negócio e demais parceiros

para geração de valor no negócio.

Uma TI que tem dificuldade em correr

riscos terá um propósito divergente

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57

das áreas de negócio que buscam

pela inovação constante. Um negócio

que demanda mudanças muito

rápidas com baixo nível de

governança terá propósitos

divergentes de uma TI que precisa

cumprir rígidos critérios de

governança. Para os executivos

entrevistados, a TI que faz parte do

negócio está sempre alinhada ao

negócio.

6

TI Estática /

Desatualizada - Tem

como objetivo

questionar o quanto a

capacidade de

atualização e

aplicação de

tecnologias

emergentes pela TI

tem impacto direto no

resultado do negócio.

Na visão dos executivos, a TI não

substitui o negócio. Mais de 90% dos

entrevistados concordam com a

importância da TI estar atualizada e

aplicando as novas tecnologias para

resultado do negócio reiterando os

resultados obtidos nas pesquisas de

Raskino (2016), da KPMG

International (2017) e da DELOITTE

(2017). Para mais de 70% dos

executivos, uma TI estática em meio

a era da transformação digital impede

diretamente o desenvolvimento do

negócio. Esta afirmação reitera o que

foi dito pelos próprios executivos na

questão 1 quando enfatizam a

importância da digitalização do

negócio como diretriz estratégica

diante dos desafios da Indústria 4.0.

Vale destacar que um executivo

discordou totalmente da afirmação

que uma TI estática ou dinâmica

impede o desenvolvimento do

negócio sendo um dificultador ao

alinhamento estratégico. Em sua

visão, no contexto atual da quarta

revolução industrial, este tipo de TI

será eliminado pois não há mais

espaço para uma TI que não atua

com protagonismo, dinamismo e

evolução constante.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

As questões 7, 13 e 14 visaram medir o grau de importância do papel, das

habilidades e da concreta participação das pessoas no resultado da organização e o

impacto que o turnover causa no alinhamento estratégico da TI com o Negócio.

Estes questionamentos são muito importantes diante do cenário de crescimento da

aplicação da inteligência artificial e da robotização onde máquinas e sistemas

passam a aprender e executar cada vez mais tarefas que anteriormente eram feitas

exclusivamente por seres humanos.

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58

Quadro 11 - Gráficos relacionados ao Turnover - Retenção de Talentos

Importância da Retenção

de Talentos

Prejuízos do Turnover ao

alinhamento estratégico

Habilidade com novas

tecnologias

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

O Quadro 11 apresenta o grau de concordância dos executivos com as questões

relacionadas as pessoas: Importância da Retenção de Talentos, Prejuízos do

Turnover ao Alinhamento Estratégico e Importância da identificação e retenção das

pessoas com habilidades de extrair o potencial das novas tecnologias. Para 100%

dos executivos, é muito importante reter talentos mesmo considerando o potencial de

aplicação das tecnologias para redução de custos e geração de valor em tarefas

feitas pelas pessoas.

Pode-se então afirmar que, pelo menos por enquanto, os entrevistados não veem

que máquina substituirá 100% das atividades humanas. A transformação digital está

mudando as funções e profissões, o que gera uma demanda por novas habilidades e

profissões. Este cenário valoriza as pessoas com habilidades e capacidade de

adaptação e reforça a importância de a organização ser coparticipava no incentivo a

capacitação constante de seus colaboradores, tanto na TI quanto no negócio, o que

reitera a visão de Luftman, Lyytinen e Zvi (2017).

Aproximadamente 90% dos executivos afirmaram que reter as pessoas que tem

habilidade para extrair o potencial destas tecnologias para gerar valor ao negócio

continuará sendo uma prioridade e um desafio aos executivos de TI. Para mais de

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59

90% dos entrevistados, criar políticas organizacionais que favoreçam a retenção de

talentos é necessário pois o alto turnover prejudica o alinhamento da TI com o

negócio corroborando com Brynjolfsson e McAfee (2015) e Schwab (2016) que

destacam a importância das pessoas com habilidades para extrair o potencial das

novas tecnologias para o resultado dos negócios.

5.2.3.2 Questões Relacionadas ao Executivo de TI, ao Cliente, a Segurança

Digital e a Inovação

O quadro 12 apresenta a discussão das respostas fechadas bem como dos

comentários dos executivos sobre as questões 5, 8, 9 e 12. Tais questões tiveram

como foco verificar o grau de importância do conhecimento do negócio pelo

executivo de TI para a estratégia da TI e da organização. Buscaram ainda medir o

grau de concordância dos executivos com a visão da importância da TI proporcionar

ferramentas capazes de auxiliar a organização a ampliar e fortalecer o Foco no

cliente e da segurança digital no contexto da Indústria 4.0 e suas transformações.

Quadro 12 - Discussão das Questões relacionadas ao Executivo de TI, Cliente,

Segurança e Inovação

N.º Gráfico Respostas Objetivo Discussão

5

Executivo de TI -

Verificar o grau de

importância do

conhecimento do

negócio para a

estratégia da TI que

subsidie as

operações do

negócio e dos

clientes no caso das

empresas de TI.

Existem diferentes tipos de executivos

de TI. Em empresas que não atuam com

TI, o principal executivo de TI é o CIO,

ou executivo responsável pela

informação na organização. Em

empresas de tecnologia, o CEO ocupa o

posto de Head de TI da organização e é

suportado pelo seu grupo de diretores.

Durante toda a entrevista, esta foi a

questão de maior dificuldade para os

executivos e onde eles gastaram maior

tempo avaliando sua resposta e a

justificando. 80% dos executivos

concordaram que o executivo de TI deve

conhecer mais do negócio reafirmando o

resultado obtido pela Deloitte (2016-

2017), onde 44% dos CIOs entrevistados

afirmaram que pretendem mudar seu

padrão de atuação entendendo cada vez

mais do negócio. Para estes

entrevistados, o Executivo de TI é um

"Homem de Negócio", o que está

completamente alinhado a Luftman,

Lyytinen e Zvi (2017) que afirmam que

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60

os executivos de TI precisam entender

do negócio. Para 20% dos entrevistados,

o executivo de TI deve conhecer sempre

mais da TI do que do negócio

contrapondo a visão de Luftman,

Lyytinen e Zvi (2017) e dos executivos

entrevistados pela Deloitte (2016-2017).

Estes executivos entendem que apesar

de necessitar conhecer do negócio, o

Head de TI tem a responsabilidade de

apresentar as opções tecnológicas ao

negócio. A maioria dos entrevistados

relacionou o conhecimento requerido do

Executivo de TI ao nível de alinhamento

da TI com a estratégia do negócio.

8

Engajamento do

Cliente - Conforme

apresentado no

Modelo AS-IS, o

cliente é um dos

principais

stakeholders das

organizações. Esta

questão visou medir

o grau de

concordância dos

executivos com a

visão da importância

da TI proporcionar

ferramentas capazes

de auxiliar a

organização a

ampliar e fortalecer o

Foco no cliente no

contexto da Indústria

4.0.

Para 80% dos executivos, a TI é

responsável por prover tecnologias e

ferramentas que levem a organização a

manter o foco no cliente. Entretanto,

100% dos executivos apontaram a

necessidade de extrapolar o foco no

cliente. Os 20% dos entrevistados que

afirmaram concordar parcialmente,

justificaram que o contexto atual exige

que o foco da organização seja no foco

do cliente e demais executivos entendem

que o foco do cliente é mais importante

no atual cenário. A visão dos executivos

entrevistados reafirma os resultados

obtidos por Narman, Buschle e Ekstedt

(2014), Coltman et al. (2015),

Zimmermann et al. (2015) e Cui et al.

(2015) quanto a importância da TI

proporcionar as ferramentas adequadas

para que a organização proveja serviços

que melhorem a experiência do cliente.

9

Segurança Digital -

Esta questão procura

verificar o grau de

importância que os

executivos

entrevistados dão a

segurança digital

como fator

preponderante ao

alinhamento

estratégico da TI com

o negócio.

A partir do momento no qual decide-se

digitalizar o negócio, o contexto de

segurança passa a ser necessariamente

digital. Os executivos entrevistados

concordaram que a segurança digital é

uma de suas prioridades. Tal visão

corrobora com os resultados obtidos nas

pesquisas de Raskino (2016), da KPMG

International (2017) e da DELOITTE

(2017) que apontaram a segurança

digital como uma das principais

preocupações dos executivos.

12

Inovação - Identificar

o quanto, na visão

dos executivos, a TI

deve ser protagonista

no provimento de

inovações disruptivas

que alavanquem

estratégias de

negócio.

Pouco mais de 13% dos executivos

discordaram parcialmente da visão de

que a TI tem a responsabilidade de

prover inovações revolucionárias ou

disruptivas para alavancar estratégias de

negócio. Eles acreditam que a inovação

é responsabilidade da empresa e não

somente da TI. Para aproximadamente

27% dos entrevistados a TI tem sim esta

responsabilidade, mas deve compartilhá-

la com o negócio, corroborando a visão

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61

dos executivos que discordaram. Na

visão de 40% dos executivos, inovação

deve ser da empresa, do negócio e com

a TI e não apenas da TI. Para 60% dos

executivos, alavancar estratégicas de

negócio no contexto da quarta revolução

industrial depende diretamente da

capacidade da TI de prover as

inovações, o que não está totalmente

alinhado a visão de Schuh et al. (2014),

Brynjolfsson e McAfee (2015), Schwab

(2016), KPMG International (2017) que

destacam a importância da inovação

para a organização, mas não abordam a

importância da TI protagonizar a

inovação. Para a maioria dos executivos,

o tema inovação é de tanta importância,

que sugerem a criação de KPIs de

acompanhamento que representem a

efetividade das inovações. Estes

executivos afirmam que a inovação

disruptiva deve ser medida e traduzida

no resultado do negócio. Os executivos

também orientaram sobre a importância

de se criar oportunidades da

participação de organizações e pessoas

externas à empresa no processo de

inovação aberta. Seja em processos de

inovação aberta ou mesmo nas

iniciativas de inovação internas, os

executivos entendem que quanto maior

for o nível de maturidade da tecnologia,

maior deve ser o protagonismo da TI em

uma implementação. Para tecnologias

mais recentes, que ainda não tiveram

tempo de maturidade, recomendam que

o negócio protagonize a inovação tendo

a TI como apoiadora. Fato é que todos

os executivos concordaram com a

importância da inovação no modelo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

5.2.3.3 Questão 15 – Aderência do Modelo AS-IS

Concluída a avaliação de cada item que compõe o modelo e bem como dos supostos

itens que poderiam vir a compor o modelo TO-BE, foi questionado aos executivos se

o modelo AS-IS contempla as características necessárias para que, ao aplicá-lo nas

organizações, obtenha-se êxito no alinhamento entre a TI e o negócio.

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62

Gráfico 5 - Grau de aderência do Modelo AS-IS

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Como pode-se comprovar no Gráfico 5, para 60% dos executivos o modelo está

muito bem construído, mas precisa de adaptações para aplicação nas organizações.

Já 40% dos executivos concordaram totalmente com a aderência do modelo

proposto ao contexto, entretanto, em seus comentários, todos os executivos mesmo

demonstrando concordar com o modelo, sugeriram alguns ajustes/melhorias que

foram consideradas na elaboração do Modelo final TO-BE e estão descritas no

Quadro 13.

Quadro 13 - Sugestões dos Executivos

N.º Sugestão

1

Criar uma camada de metas para propiciar o desdobramento das diretrizes e ações para

solução ou mitigação dos impactos dos dificultadores ao alinhamento estratégico da TI com o

negócio.

2

Incluir no modelo um objeto que represente o fortalecimento do foco no foco do cliente para

propiciar uma Revolução na Experiência do Cliente. São necessárias ações que levem a

organização a dar total atenção aquilo que é importante para o cliente. Na visão dos

executivos, o cliente deve estar destacado no modelo. Toda a organização deve girar em torno

do cliente e do foco do cliente, ou seja, revolucionando sua experiência com a organização.

3

Aprofundar a análise das ações necessárias na cultura da organização para possibilitar a

digitalização do negócio. Para alguns executivos, esta diretriz ainda pode ser considerada

embrionária nas empresas.

4

Avaliar a inclusão do Stakeholder “Fornecedores” unificando os parceiros da TI e do negócio.

Para os executivos, os fornecedores do negócio também têm importante papel no alinhamento

estratégico da TI com o negócio e devem estar representados no modelo.

5 Engajar o CEO na busca da solução dos dificultares pode ampliar o resultado do alinhamento

da TI com o negócio.

6 Criar um plano de implantação do modelo TO-BE e difundi-lo nas principais organizações de

ensino executivo e de TI do Brasil.

7 Fortalecer a capacidade de renovação, agilidade, flexibilidade e colaboração nas

organizações.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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63

Na próxima sessão será apresentado o modelo final (TO-BE), resultado da análise

cuidadosa acima descrita sobre a visão de cada executivo para aplicação na vida

real e potencialização do alinhamento estratégico da TI com o negócio.

5.3 Modelo Motivacional utilizando a linguagem Archimate - TO-BE

Após avaliar cada entrevista e o resultado dos comentários e sugestões dos

executivos, estruturou-se o modelo motivacional final (TO-BE) de acordo com o grau

de concordância ou sugestão dos executivos. Foram consideradas as sugestões ou

recomendações presentes nas respostas de pelo menos 80% dos entrevistados

conforme apresentado no Quadro 14.

Quadro 14 - Adaptações do Modelo AS-IS para geração do TO-BE

Item Camada Adaptação no Modelo % de concordância dos

executivos

Fornecedores Stakehol

ders Criado novo item para identificar os fornecedores da TI e do negócio.

80% - Comentários.

Área de TI Stakehol

ders

Ajustado retirando os parceiros da TI que passam a integrar o Stakeholder Fornecedores.

80% - Comentários.

Metas Metas Nova Camada criada para desdobrar as diretrizes estratégicas mitigando os dificultadores ao alinhamento estratégico.

80% - Comentários.

Priorizar Comunicação

Eficaz Metas Novo item criado. 93,3% - Questão 2.

Melhorar a Experiência do

Cliente Metas Novo item criado. 100% - Questão 8.

Prover Governança de TI

Metas Novo item criado. 93,3 - Questão 3.

Minimizar Riscos de Segurança

Digital Metas Novo item criado. 100% - Questão 9.

Fomentar Inovação

Metas Novo item criado. 86,7% - Questão 12.

Reter Talentos Metas Novo item criado. 93,7% - Questões 7, 13, e 14.

Revolucionar a Experiência do

Cliente Princípios

Novo item criado para enfatizar os comentários dos executivos quanto a importância do foco do cliente.

100% - Questão 8.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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64

O Quadro 14 apresenta os itens que foram ajustados no modelo considerando o grau

de importância e aceitação dos entrevistados. Abaixo apresenta-se o modelo

motivacional de alinhamento estratégico entre a TI e o Negócio para auxiliar as

organizações a enfrentar os desafios inerentes a quarta revolução industrial:

Figura 8 - Modelo de EA Motivacional para o Alinhamento Estratégico (TO-BE)

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

A Figura 8 apresenta o resultado final deste trabalho, ou seja, o modelo motivacional

de EA que potencializa o alinhamento estratégico entre a TI e o negócio no contexto

da Indústria 4.0 na visão dos executivos de TI. Detalha-se abaixo cada parte do

modelo.

5.3.1 Camada Stakeholders

A camada dos Stakeholders foi ajustada conforme considerações e respostas dos

executivos conforme abaixo:

a) Mantidos: Acionistas e Executivos do Negócio, CIOs e Diretores de TI, Áreas

de Negócio, Sociedade e Clientes;

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65

b) Alterados: Área de TI e Parceiros de TI que passou a ser somente Área de TI;

c) Novos: Fornecedores que engloba tanto os parceiros do negócio quanto da TI.

5.3.2 Camada Diretrizes

A camada das Diretrizes foi muito bem aceita pelos executivos conforme

apresentado na sessão 5.2.3.1. Os executivos reforçaram que as transformações

digitais trazem muitas oportunidades e desafios e apontaram a necessidade do CEO

direcionar a ações estratégicas para o foco que o cliente tem.

A TI passa então a ter papel fundamental no suporte à aplicação das tecnologias

adequadas para que o foco do cliente seja atendido pela organização e cada uma

das quatro diretrizes que devem estimular as mudanças na organização.

5.3.3 Camada Dificultadores ao Alinhamento Estratégico entre TI e Negócio

De acordo com a visão dos executivos, os dificultadores apontados no modelo AS-IS

atendem muito bem a realidade dos desafios enfrentados no cenário da Indústria 4.0.

Assim sendo, mantiveram-se todos os itens propostos: Comunicação Ineficiente,

Falta de Governança de TI, Desalinhamento entre TI e Negócio, TI Estática e

Desatualizada, e Alto Turnover.

5.3.4 Nova Camada Metas

Esta camada foi criada para compilar as metas que precisam ser desdobradas em

planos de ação para superar as expectativas e necessidades dos Stakeholders, bem

como seguir os direcionadores estratégicos definidos na camada das Diretrizes. O

Quadro 15 apresenta os itens que compõem a Camada das Metas.

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66

Quadro 15 - Metas do Modelo TO-BE

Meta Descrição

Priorizar Comunicação

Eficaz

Reforça as ações necessárias para eliminar ou pelo menos mitigar os

impactos da Comunicação Ineficiente no alinhamento entre a TI e o

Negócio.

Melhorar a Experiência

do Cliente

Segundo os executivos entrevistados, a maneira pela qual consegue-se

potencializar o foco do cliente, diretriz identificada na camada das

Diretrizes, é construindo processos que levem o cliente a ter uma

experiência a nível de excelência tanto com produtos quanto com serviços

Prover Governança de

TI

Fortalece a gestão da TI para identificar e demonstrar o valor gerado pela

TI ao negócio de maneira ágil e desburocratizada garantindo tanto a

manutenção das soluções de TI quanto as transformações necessárias ao

crescimento do negócio

Minimizar Riscos de

Segurança

Priorizar as ações necessárias para mitigar os riscos inerentes ao

ambiente digital trazendo transparência e tranquilidade para todos os

Stakeholders envolvidos no negócio

Fomentar Inovação

Criar oportunidades para que a inovação aconteça de maneira natural

com agilidade definindo KPIs de controle capazes de auxiliar a

organização a decidir que tipo de inovações pode-se investir sem esperar

um retorno direto do investimento e quais inovações é necessário atrelar

a um indicador de retorno de investimento

Reter Talentos

Propiciar capacitação e fomentar o crescimento dos indivíduos que

tenham a habilidade de potencializar o uso das novas tecnologias em prol

do resultado da organização mitigando o turnover dos talentos da

empresa.

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

5.3.5 Princípio Revolucionar a Experiência do Cliente

Todos os executivos mencionaram a importância da organização se reestruturar e

implementar mecanismos que façam a transformação digital necessária para

centralizar as ações em torno do cliente.

Outrossim, os executivos apontaram a necessidade de extrapolar o foco no cliente.

Para 20% o contexto atual exige que o foco da organização extrapole as

expectativas do cliente revolucionando suas experiências com todas as áreas,

serviços e produtos da organização.

Faz-se necessária uma transformação nos processos e na postura das pessoas em

todas as áreas da organização aplicando as tecnologias da Indústria 4.0 para prover

produtos e serviços que superem a expectativa do cliente. O modelo motivacional

proposto acima, que foi construído utilizando-se os princípios da EA, representa

fielmente a visão dos executivos entrevistados. Este modelo busca ser simples e

aplicável para propiciar o alinhamento estratégico entre a TI e o negócio.

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67

6 CONCLUSÕES

O presente trabalho buscou potencializar o alinhamento estratégico entre a TI e o

negócio por meio de um modelo motivacional de EA que atenda as expectativas e

anseios dos executivos face a atual revolução industrial (Indústria 4.0) tornando a TI

mais aderente a estratégia do negócio. Pode-se afirmar que a aplicação do modelo

TO-BE fortalece o alinhamento estratégico da TI com o negócio por unir os aspectos

chave ao alinhamento estratégico no contexto da Indústria 4.0 de acordo com a visão

dos executivos.

Esta dissertação alcançou fundamentos suficientes para responder à questão de

pesquisa: Qual modelo de EA adequado para potencializar o alinhamento estratégico

entre a TI e o negócio na visão dos executivos diante dos desafios decorrentes da

Indústria 4.0? Empregando-se a metodologia Design Science (DS) e o método

Design Science Research (DSR) os sete critérios ou diretrizes relacionados ao rigor

e relevância propostos por Hevner et al. (2004) foram aplicados.

Visando identificar o estado da arte dos principais assuntos inerentes a esta

pesquisa, foi feita uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) onde foram

identificados mais de dezesseis mil trabalhos relacionados incialmente e com a

aplicação da RSL, quarenta e seis trabalhos foram selecionados. Destes, foram

eleitos os três principais artigos científicos de alto nível perante a CAPES e dois

livros que subsidiam o ponto principal desta dissertação, a Indústria 4.0.

A quarta revolução industrial ou Indústria 4.0 foi conceituada, bem como o

alinhamento estratégico entre a TI e o Negócio e a Arquitetura Corporativa. Para

melhor entendimento dos leitores, os cinco trabalhos referência foram sintetizados

iniciando-se pela apresentação do modelo alinhamento estratégico desenvolvido por

Luftman, Lyytinen e Zvi (2017).

Em seguida, a Arquitetura Corporativa (EA) foi abordada com o resumo dos meta-

modelos propostos por Narman, Buschle e Ekstedt (2014) para melhor tomada de

decisão de aplicação das tecnologias adequadas para as necessidades do negócio.

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Por último, as transformações advindas da quarta revolução industrial foram reunidas

no artigo do Schuh et al. (2014) que apresentou mecanismos para aumento da

produtividade e nos livros de Brynjolfsson e McAfee (2015) e Schwab (2016) que

com abordagens distintas, porém muito bem estruturadas, detalham os principais

aspectos que sustentam a existência de uma quarta, complexa e profunda revolução

industrial.

Com base na literatura atual, tanto nos artigos científicos onde destacou-se o modelo

de alinhamento estratégico de Luftman, Lyytinen e Zvi (2017), quanto nos livros e

pesquisas de mercado feitas com executivos em 2016 e 2017, o modelo motivacional

inicial (AS-IS) de EA foi proposto para o alinhamento estratégico da TI com o

Negócio. O modelo AS-IS determinou os principais Stakeholders, as quatro diretrizes

mais importantes para os executivos diante da quarta revolução industrial e os

principais dificultadores ao alinhamento estratégico, estes advindos do modelo de

Luftman, Lyytinen e Zvi (2017).

Partindo-se do modelo de EA proposto e das pesquisas científicas e de mercado

com relação a itens que poderiam vir a fazer parte do modelo, um questionário foi

cuidadosamente planejado e aplicado a quinze executivos, entre eles, CIOs, CEOs e

Diretores de TI. Optou-se por entrevistar individualmente com um questionário

estruturado onde para cada questão, além da resposta fechada, o executivo teve a

oportunidade de fazer comentários e sugestões ao modelo. O estudo foi concluído no

momento onde houve a saturação do tema.

Além da aplicação do DSR como método que unificou a resolução das questões do

conhecimento com a questões práticas do dia a dia, houve uma atenção especial

com o rigor dado a fato da escolha da pesquisa qualitativa. Para colher a visão dos

executivos, este método foi o mais adequado e para demonstrar a validade da

pesquisa, foram aplicados os critérios de Whittemore, Chase e Mandle (2001) que

constituem um conjunto de técnicas para demonstrar a validade das pesquisas

qualitativas.

Com base na análise cuidadosa das respostas dos executivos, o modelo

motivacional de EA foi ajustado destacando o Princípio Revolucionar a Experiência

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do Cliente e uma nova camada foi incluída no modelo para contemplar as metas para

potencializar o alinhamento estratégico. Cada uma das metas foi selecionada nas

respostas fechadas e comentários mais significativos dos executivos.

Diante do embasamento e rigor metodológico seguido neste trabalho com a utilização

do DSR, da RSL, dos critérios de Whittemore, Chase e Mandle (2001), da aplicação

do critério de saturação e da utilização da EA, espera-se poder aplica-lo a todos os

tipos de organização.

O modelo motivacional de alinhamento estratégico da TI com o Negócio no contexto

da Indústria 4.0 (TO-BE) representa a visão dos executivos quanto a uma atual

importante ferramenta para potencializar os resultados do negócio. Desta forma, fica

atingido o objetivo principal deste trabalho que foi propor um modelo motivacional de

EA com base na visão dos executivos de TI para representar a aplicação de

soluções que reforcem a TI como fator decisório no sucesso do negócio diante dos

desafios da Indústria 4.0.

Em relação aos objetivos específicos, a EA foi apresentada e utilizada na construção

dos modelos AS-IS e TO-BE no capítulo 5. Neste mesmo capítulo a visão dos

executivos em relação a aplicação da EA para alinhamento estratégico da TI com o

negócio face aos desafios da quarta revolução industrial foi apresentada. A utilização

da DSR foi descrita no quarto capítulo, concluindo assim todos os objetivos deste

trabalho.

Como principais contribuições desta pesquisa, destacam-se:

a) a criação de um modelo de alinhamento estratégico que potencializa o

alinhamento da TI com o negócio diante dos desafios da quarta revolução

industrial e consequentemente contribui para ampliar o resultado do negócio;

b) a reflexão dos impactos causados pela Indústria 4.0, suas oportunidades e

desafios;

c) a evolução do modelo proposto por Luftman, Lyytinen e Zvi (2017);

d) a aplicação da metodologia DS e do método DSR para resolver questões

práticas e do conhecimento;

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e) a identificação dos principais dificultadores ao alinhamento estratégico e a

proposição de metas para eliminar estes dificultadores;

f) a reflexão sobre a relevância da mudança de foco das organizações para o

foco do cliente revolucionando suas experiências com a organização.

Em relação as limitações deste trabalho, apresentam-se:

a) o fato de nenhuma pessoa do sexo feminino ter participado da pesquisa,

mesmo ressaltando-se a busca incessante do pesquisador por executivas que

se dispusessem a participar da pesquisa; e

b) a falta de aplicação do modelo e observação de sua efetividade em empresas

no Brasil e no Exterior;

Como oportunidades de trabalhos futuros, recomenda-se a criação de planos de

ação específicos para execução de cada Diretriz e Meta. Sugere-se ainda aprofundar

em fatores inerentes a cada meta, por meio das seguintes instigações: Quais fatores

devem ser considerados para melhor fomentar a inovação disruptiva? O que motiva

os talentos e mitiga os impactos do turnover na TI e no negócio diante da

transformação oriunda da Indústria 4.0? Quais meta-modelos de EA podem ser

aplicados para o fortalecimento do foco no cliente para revolucionar sua experiência

com a organização? Por último, indica-se mapear quais indicadores podem ser

utilizados para medir o nível de alinhamento entre a TI e os negócios diante dos

desafios e oportunidades da Indústria 4.0.

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APÊNDICE A – Abordagem metodológica DSR com rigor e relevância

Critérios / Diretrizes

(Hevner et al. 2004)

Descrição da diretriz

(HEVNER et al. 2004;

ZAIDAN, 2015)

Abordagem nesta pesquisa

(O Autor, 2018)

1- Projeto (design)

de um artefato

As pesquisas utilizando a

DSR devem produzir um

artefato viável na forma de

um constructo, modelo,

método ou instanciação.

Os artefatos gerados nesta pesquisa são o

modelo motivacional de EA proposto (AS-IS)

e (TO-BE) para o alinhamento estratégico

entre TI e negócio.

2- Relevância do

problema

O objetivo da DSR é

desenvolver soluções que

resolvam problemas

importantes (relevantes)

para as organizações.

O alinhamento entre a TI e o negócio é

destacado em diversos trabalhos científicos

e de mercado como fator importante para o

sucesso das organizações e a quarta

revolução industrial apresenta

características que expõe gaps dos modelos

de alinhamento existentes. Este contexto

demonstra a relevância da questão de

pesquisa "Qual modelo de EA adequado

para potencializar o alinhamento estratégico

entre a TI e o negócio na visão dos

executivos diante dos desafios decorrentes

da Indústria 4.0?"

3- Avaliação do

projeto

Para Hevner et al. (2004),

deve ser utilizado um dos

seguintes tipos de métodos

para avaliação para se

demonstrar a utilidade, a

qualidade e a eficácia do

artefato: analítico,

experimental, teste,

descritivo e observacional.

A validação do artefato gerado é um pré-

requisito que compõe a essência do DS e

neste item utilizou-se a validação analítica

com análise estática combinada com o

método descritivo definidos por Hevner et al.

(2004):

a) O método descritivo foi executado

ao identificar entre os 46 trabalhos

selecionados na RSL unindo tanto

artigos científicos muito bem

qualificados pela CAPES quanto

renomadas pesquisas de mercado

com os executivos, principal

stakeholder participante da

pesquisa.

b) A análise estática foi feita na

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75

entrevista com cada executivo onde

o pesquisador buscou apresentar

cada item do modelo convidando o

entrevistado a analisar

profundamente o artefato

respondendo tanto a questão

fechado relacionada ao item bem

como complementando com seus

comentários, sugestões e reflexões

sobre o modelo.

4- Contribuições

da pesquisa

Os fundamentos do design

devem ser claros e

verificáveis, com adição à

base de conhecimento

atual ou aplicando

conhecimentos de novas

maneiras aos já existentes.

Uma pesquisa conduzida

pela DSR deve prover

contribuições nas áreas

específicas dos artefatos

desenvolvidos.

O presente trabalho gera contribuições

significativas como:

a) União de uma sólida base teórica

com aplicação ao dia a dia das

organizações;

b) Sintetização das diretrizes

estratégicas dos executivos

obtidas nas pesquisas de mercado,

bem como quais os principais

dificultadores ao alinhamento

estratégico indicando aos leitores

onde deve estar o foco da

organização para que o

alinhamento da TI com o negócio

gere resultado para a organização;

c) Apresentação de um modelo

extremamente atual validado com

executivos que estão participando

da atual transformação digital

vivida nas organizações;

5 - Rigor da

pesquisa

Métodos rigorosos devem

ser aplicados nas

pesquisas que utilizam a

DSR, tanto na construção,

quanto na avaliação dos

artefatos.

A construção do modelo utilizou-se da

Linguagem Archimate, ferramenta que

incorpora e possibilita a aplicação dos

preceitos inerentes a EA para potencializar

o alinhamento da TI com o Negócio. Cada

questão incluída no questionário foi

profundamente revisada e embasada nos

trabalhos selecionados na RSL. Os

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76

entrevistados foram cuidadosamente

selecionados e todas as entrevistas foram

gravadas, bem como cada resposta e as

observações feitas por cada entrevistado

foram cuidadosamente analisadas para

atualização do modelo.

6- Projeto como

um processo de

pesquisa

Deve-se buscar o projeto

de um artefato efetivo que

utilize de meios disponíveis

para alcançar os resultados

almejados, respeitando as

regras do ambiente do

problema.

A aplicação de um modelo motivacional de

EA se encaixou perfeitamente no contexto

do projeto visto os resultados de sua

aplicação para alinhamento da TI com o

negócio. O método DSR permitiu responder

questões tanto do âmbito científico quanto

da vida real unificando teoria e prática num

processo de pesquisa que gera resultados

para as organizações.

7- Comunicação

da pesquisa

As pesquisas utilizando a

DSR devem ser

apresentadas para

audiências da área de

tecnologia, assim como da

gestão.

Durante o processo de pesquisa, a

apresentação cuidadosa aos executivos foi

amplamente explorada. O pesquisador

buscou ainda desenvolver um artigo

científico em paralelo a este trabalho, o

encaminhou para avaliação em um

congresso internacional de tecnologia e

gestão visando a comunicação efetiva para

grandes audiências. O artigo foi aceito para

publicação e apresentação no congresso

para comunidade científica e corporativa

nas áreas de tecnologia e gestão.

Fonte: Hevner et al., 2004; Zaidan, 2015. (Adaptado pelo autor, 2018).

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77

APÊNDICE B – Questões de Pesquisa e sua Fundamentação Teórica

N.º Questão Fundamentação

1

Os itens apontados na camada das

Diretrizes podem ser considerados os

principais direcionadores estratégicos

para organizações no contexto atual da

quarta revolução industrial.

Para o KPMG International (2017), as principais

prioridades estratégicas para os CEOs em 2017

são:

1. Ampliar a penetração em mercados existes por meio de agilidade no mercado; 2. Penetrar em novas verticais subsidiada por tecnologias preditivas e análise de grandes massas de dados; 3. Inovar disruptivamente em produtos, serviços e meios de fazer negócios 4. Expandir geograficamente em novos mercados por meio da digitalização do negócio. Segundo Schwab (2016), existe nesta quarta revolução industrial uma redifinição das expectativas dos clientes em experiências. A capacidade de utilizar várias fontes de dados para identificar quais as características comportamentais dos clientes que definem suas experiências positivas e negativas passam a ter grande importância para propriciar a penetração em novas verticais. Schwab (2016) afirma ainda que a digitalização do negócio e a inovação são direcionadores fundamentais para que as organizações consigam conquistar e manter clientes com experiências que atendam suas mais profundas expectativas.

2

Considera-se um grande desafio a

capacidade de comunicação entre a TI e

o negócio com a exposição adequada de

ideias, conhecimento e informação diante

das inúmeras possibilidades tecnológicas

e todas suas as ferramentas disponíveis.

Os estudos de Cui, Ye, Teo e Li (2015) apontam

que a comunicação por meio das tecnologias tem

importante papel na integração entre TI e

Negócio. Uma das seis dimenões do modelo de

alinhamento estratégico entre a TI e o negócio de

Luftman, Lyytinen e Zvi (2017) é a comunicação.

Luftman, Lyytinen e Zvi (2017) abordam o desafio

na comunicação referindo-se a qualidade e

intensidade da exposição de ideias, conhecimento

e informação entre TI e o negócio para o correto

entendimento das estratégias de negócio e de TI.

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78

3

A falta de Governança de TI pode gerar

impactos prejudiciais a organização em

decorrência da incapacidade da TI de

tomar as decisões corretas para

planejamento, implementação das

entregas e manutenção evolutiva para

benefício do negócio.

De acordo com Luftman, Lyytinen e Zvi (2017), a

falta de governança de TI prejudica o

reconhecimento do valor da TI para o negócio, a

definição clara da visão e estratégias de negócio

bem como as atividades que devem ser

executadas pela TI para suportar tais estratégias

por meio da correta tomada de decisões nos

investimentos em TI.

Para Zimmermann et al. (2015), a falta de

governança dificulta a garantia da adaptabilidade,

consistência, conformidade e eficiência no

alinhamento entre TI e negócio para

implementação das entregas e manutenções

necessárias para a manutenção da operação do

negócio.

Coltman (2015) indica a falta de governança de TI

como cauza raíz de significativos impactos no

alinhamento estratégico entre a TI e o negócio no

contexto da Indústria 4.0 e destaca a governança

como um dos principais mecanismos de resposta

as preocupações relacionadas a privacidade e

segurança na digitalização do negócio.

4

A falta de parceria entre a TI e o negócio

em virtude de fatores como baixo nível de

confiança mútua entre negócio e TI e

baixo nível de relacionamento impactam

negativamente e dificultam o a integração

e alinhamento entre a TI e o Negócio.

Lankhorst et al. (2012) aborda o desalinhamento

entre a TI e o negócio pode ser causado por

vários fatores e é difícil de ser resolvido.

Para Cui, Ye, Teo e Li (2015), relacionamentos

fortes e baseados em confiança propiciam a TI e o

negócio agrupar seus ativos e a compartilhar

conhecimento gerando uma atmosfera

colaborativa que resulta em bons resultados para

TI e consequentemente para o negócio,

formentando inovação.

Luftman, Lyytinen e Zvi (2017) afirmam que a

parceira tem um impacto muito positivo no

alinhamento entre a TI e o negócio pois a falta de

confiança mútua entre TI e o negócio dificultam o

alinhamento entre TI e o negócio levando a

expectativas frustradas e resultados negativos no

negócio.

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79

5

Os executivos de TI precisam entender

do negócio ao qual sua TI suporta para

prover as soluções adequadas as

necessidades do negócio. Neste contexto

pode-se afirmar que o executivo de TI

deve conhecer mais do negócio da TI em

si?

De acordo com a pesquisa feita pela Deloitte

(2016-2017), 44% dos CIOs entrevistados

afirmaram que pretendem mudar seu padrão de

atuação entendendo cada vez mais do negócio

para fazer as mudanças necessárias

proativamente afim de atender e superar as

expectativas e necessidades do negócio.

Segundo Luftman, Lyytinen e Zvi (2017), os

executivos de TI precisam entender do negócio e

serem capazes de estreitar o relacionamento com

os executivos do negócio. Neste contexto a

questão trata o quanto o executivo de TI deve

dedicar seu tempo no entendimento de negócio e

quanto deve-se dedicar no entendimento das

novas tecnologias.

6

No mundo digital atual, uma TI estática

ou pouco dinâmica sem capacidade de

evolução com aplicação de tecnologias

emergentes e que não se atualiza impede

o desenvolvimento do negócio.

Para Luftman, Lyytinen e Zvi (2017), a falta de

dinamismo, capacidade de atualização e

adaptabilidade as novas tecnologias na TI

impactam negativamente no negócio em virtude

das transoformações cada vez mais velozes no

ambiente de negócio.

Lasi et al. (2014) aborda as preocupações com a

necessidade de criação de um ambiente

colaborativo dinâmico capaz de suportar as

necessidades organizacionais criando valor real

no contexto da Indústria 4.0.

7

Embora o avanço tecnológico tenha

significativo impacto nas organizações,

as habilidades das pessoas são

altamente relevantes ao negócio

ampliando a necessidade de prover

capacitação e reter talentos fortalecendo

e estreitando os resultados gerados pela

TI ao negócio.

Dombrowski e Wagner (2014) abordam o impacto

mental e piscológico das novas tecnologias nos

trabalhadores e as mudanças em suas funções.

Para Luftman, Lyytinen e Zvi (2017), a falta de

desenvolvimento de habilidades de TI e negócio

que é composta por processos relacionados a

gestão e retenção de talentos impacta

negativamente no alinhamento entre a TI e o

negócio, tanto na manutenção das operações

quanto no fomento a inovação.

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80

8

Atingir e manter o engajamento do cliente

final é um dos principais objetivos

estratégicos dos negócios. No contexto

da Indústria 4.0 é fundamental que a TI

proporcione ferramentas capazes de

auxiliar a organização a ampliar e

fortalecer o Foco no cliente.

Lankhorst et al. (2012) apresenta a EA como um

importante mecanismo para auxiliar a organização

no fortalecimento do relacionamento com seus

clientes finais.

Schwab (2016) reforça a importância da TI na

identificação das experiências que propiciarão o

engajamento do cliente com a organização. Para

tal, uma das tecnologias providas pela TI na

quarta revolução industrial são os sistemas

cibernéticos que de acordo com Lasi et al. (2014),

caracteriza-se por ações autônomas

independentes da localização, integração

generalizada, serviços automatizados e pela sua

capacidade de reagir ao contexto,

especificamente às necessidades e requisitos dos

clientes.

Narman, Buschle e Ekstedt (2014), Coltman et al.

(2015), Zimmermann et al. (2015) e Cui, Ye, Teo e

Li (2015) corroboram da importância da TI

proporcionar as ferramentas adequadas para que

a organização proveja serviços que melhorem a

experiência do cliente.

9

Com o avanço imponente das tecnologias

onde dados são criados, compartilhados

e acessados por pessoas e dispositivos

inteligentes em tempo real, a segurança

digital precisa estar entre as principais

prioridades das organizações e da TI.

Quando a informação era mais analógica e local,

as leis da física criavam uma barreira automática

de privacidade e segurança. Atualmente, a

interconectividade e complexidade das

tecnologias propiciam efeitos cascata que podem

ser desastrosos para organizações, para o

governo e até para toda a sociedade, Brynjolfsson

e McAfee (2015).

Os fatores apresentados por Brynjolfsson e

McAfee (2015) reforçam as preocupações dos

executivos com a segurança digital, conforme

aponta a pesquisa realizada com executivos pela

KPMG International (2017) onde 69% dos

executivos afirmam ampliar seus investimentos em

gestão de riscos e segurança cibernética.

Schwab (2016) amplia esta discussão reforçando

o impacto sistêmico provocado pela quarta

revolução industrial e importância da adoção de

medidas viabilizadas pela TI que propiciem a

manutenção da segurança intercional, sendo este

um campo que demanda importante atenção.

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10

Não basta agregar valor, é fundamental

demonstrar o valor gerado pela TI ao

negócio. Neste contexto a TI precisa

analisar sua performance, registrá-la,

acompanhar sua evolução por meio de

métricas tangíveis de maneira a

demonstrar claramente o valor real

gerado ao negócio.

Schuh et al. (2014) apresenta um mecanismo de

colaboração para aumentar a produtividade nos

processos produtivos por meio das tecnologias

inerentes a Indústria 4.0 que possibilitam

demonstrar ganhos significativos em virtude das

melhorias de performance e uma revolução nas

cadeias de valor.

Cui, Ye, Teo e Li (2015) desta a importância dos

executivos do negócio envolverem a TI desde o

início das definições estratégicas, especialmente

as relacionadas a inovação e aponta o

reconhecimento da TI como facilitadora nos

processos de inovação como importante fator para

o sucesso das inovações estratégicas no negócio.

Lee, Kao e Yang (2014) e Cultman et al. (2015),

abordam diferentes maneiras da TI agregar valor

ao negócio quando utiliza as tecnologias inerentes

a quarta revolução industrial aplicadas as reais

necessidades estratégicas do negócio, entretanto

não abordam a importância da TI demonstrar o

valor gerado ao negócio.

Luftman, Lyytinen e Zvi (2017) apresenta

claramente a análise de valor como um

compomente chave de seu modelo de

alinhamento estratégico entre a TI e o negócio. A

análise de valor é definida por Luftman, Lyytinen e

Zvi (2017) como o uso potencial de medidas para

demonstrar o valor da TI para o negócio e

reforçando que todas as organizações, inclusive a

TI, precisam medir e apresentar de maneira

tangível o valor gerado a organização.

11

O valor da TI ao negócio pode e deve ser

demonstrado no âmbito da quarta

revolução industrial por meio de

indicadores relacionados ao resultado

que as novas tecnologias proporcionam a

evolução estratégica do negócio.

Lee, Kao e Yang (2014) apontam a utilização de

Big Data, Analytics e a inovação como

componentes capazes de gerar, capturar e

demonstrar o valor gerado ao negócio.

Lankhorst et al. (2012) apresenta a EA como um

mecanismo capaz de auxiliar a organização a

estabelecer processos que propiciem a

identificação de métricas tangíveis para medir e

compartilhar os resultados e a performance da TI

para com o negócio.

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12

A capacidade de inovação torna-se a

cada um dos principais fatores decisórios

para a sobrevivência e o crescimento das

organizações. À partir da quarta

revolução industrial, a TI deve ser capaz

de prover inovações revolucionárias ou

disruptivas para alavancar estratégias de

negócio.

A capacidade de inovação é um aspecto abordado

por diversos autores como imprescindível para o

sucesso das organizações diante dos desafios da

quarta revolução industrial e a TI precisa ser

protagonista no fomento e suporte as inovações

no negócio. De acordo com a KPMG International

(2017), 47% dos CEOs afirmam que a inovação

está no top 3 da sua lista de prioridades

estratégicas.

Schwab (2016) aponta a inovação como

mecanismo que permite a organização criar novos

modelos de negócio se diferenciando no mercado

e atingindo com agilidade e eficiência seus

objetivos estratégicos.

Para Schuh (2014) as inovações disruptivas

ocorrem cada vez mais e com mais velocidade no

ambiente de negócio ampliando a necessidade da

TI prover o apoio necessário ao negócio em tais

transformações.

Segundo Brynjolfsson e McAfee (2015) a inovação

é fundamental para o aumento da produtividade, o

crescimento e a prosperidade. Estes autores

chamam a quarta revolução industrial de

"Segunda era das máquinas" e destacam a

importância da TI e das novas tecnologias como

incrível meio para que as organizações inovem

nos seus negócios.

13

Criar políticas organizacionais que

favoreçam a retenção de talentos é

missão do negócio e da TI. O alto

Turnover na TI e no negócio dificultam e

prejudicam o alinhamento entre a TI e o

negócio.

Para Luftman, Lyytinen e Zvi (2017), o

desenvolvimento de habilidades na TI e no

negócio por meio de políticas organizacionais que

proporciem e potencializem a retenção de taletos,

o encorajamento a inovação e gerem

oportunidades reais de crescimento profissional

compõe uma importante dimensão para o

alinhamento estratégico entre a TI e o negócio,

especialmente no contexto da Indústria 4.0.

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14

Diante da Indústria 4.0 e seu impacto no

mercado de trabalho, pode-se afirmar que

reter as pessoas que tem habilidade para

extrair o potencial destas tecnologias

para gerar valor ao negócio continuará

sendo uma prioridade e um desafio aos

executivos de TI.

Schwab (2016) destaca os impactos das

tecnologias da quarta revolução industrial na

sociedade e no emprego. Aponta exemplos de

profissões mais e menos propensas a automação

e destaca o impacto sobre as competências que

precisam ser mais desenvolvidas nos

trabalhadores para melhor proveito das

oportunidades inerentes a transformação digital

causada por esta revolução.

Brynjolfsson e McAfee (2015) apontam os

impactos na economia internacional decorrente

das tecnologias da Indústria 4.0 e relacionam um

conjunto de recomendações direcionadas ao

indivíduo. Tais recomendações visam direcionar

as pessoas para o desenvolvimento de

habilidades que as auxiliem a capturar o potencial

das tecnologias e inovações inerentes a quarta

revolução industrial.

15

A transformação digital tem gerado

impactos significativos na maneira como

vive-se, trabalha-se, capacita-se,

comunica-se e colabora-se. O modelo

apresentando contempla as

características necessárias para que, ao

aplica-lo nas organizações, obtenha-se

êxito no alinhamento entre a TI e o

negócio?

Esta questão visa validar se os pontos destacados

no modelo à partir de todas as referências aqui

apresentadas, efetivamente representam a visão

dos executivos como os principais fatores para o

correto alinhamento entre TI e negócio no

contexto da Indústria 4.0.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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7 APÊNDICE C - Lista das Questões versus os objetos do modelo

N.º Objeto do Modelo Atual /

Futuro Questão Detalhada

1 Camada das Diretrizes

Os itens apontados na camada das Diretrizes podem

ser considerados os principais direcionadores

estratégicos para organizações no contexto atual da

quarta revolução industrial.

2 Dificultadores - Comunicação

Ineficiente

Considera-se um grande desafio a capacidade de

comunicação entre a TI e o negócio com a exposição

adequada de ideias, conhecimento e informação

diante das inúmeras possibilidades tecnológicas e

todas suas as ferramentas disponíveis.

3 Dificultadores - Falta de

Governança

A falta de Governança de TI pode gerar impactos

prejudiciais a organização em decorrência da

incapacidade da TI de tomar as decisões corretas

para planejamento, implementação das entregas e

manutenção evolutiva para benefício do negócio.

4 Dificultadores -

Desalinhamento TI e Negócio

A falta de parceria entre a TI e o negócio em virtude

de fatores como baixo nível de confiança mútua entre

negócio e TI e baixo nível de relacionamento

impactam negativamente e dificultam o a integração e

alinhamento entre a TI e o Negócio.

5 Executivo de TI - Homem de

Negócio

Os executivos de TI precisam entender do negócio ao

qual sua TI suporta para prover as soluções

adequadas as necessidades do negócio. Neste

contexto pode-se afirmar que o executivo de TI deve

conhecer mais do negócio da TI em si?

6 Dificultadores - TI Estática /

Desatualizada

No mundo digital atual, uma TI estática ou pouco

dinâmica sem capacidade de evolução com aplicação

de tecnologias emergentes e que não se atualiza

impede o desenvolvimento do negócio.

7 Dificultadores - Alto Turnover

Embora o avanço tecnológico tenha significativo

impacto nas organizações, as habilidades das

pessoas são altamente relevantes ao negócio

ampliando a necessidade de prover capacitação e

reter talentos fortalecendo e estreitando os

resultados gerados pela TI ao negócio.

8 Engajamento do Cliente

Atingir e manter o engajamento do cliente final é um

dos principais objetivos estratégicos dos negócios.

No contexto da Indústria 4.0 é fundamental que a TI

proporcione ferramentas capazes de auxiliar a

organização a ampliar e fortalecer o Foco no cliente.

9 Segurança Digital

Com o avanço imponente das tecnologias onde

dados são criados, compartilhados e acessados por

pessoas e dispositivos inteligentes em tempo real, a

segurança digital precisa estar entre as principais

prioridades das organizações e da TI.

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10 Governança - Demonstrar

Valor

Não basta agregar valor, é fundamental demonstrar o

valor gerado pela TI ao negócio. Neste contexto a TI

precisa analisar sua performance, registrá-la,

acompanhar sua evolução por meio de métricas

tangíveis de maneira a demonstrar claramente o valor

real gerado ao negócio.

11 Governança - KPIs de

Transoformação Digital

O valor da TI ao negócio pode e deve ser

demonstrado no âmbito da quarta revolução industrial

por meio de indicadores relacionados ao resultado

que as novas tecnologias proporcionam a evolução

estratégica do negócio.

12 Inovação

A capacidade de inovação torna-se a cada um dos

principais fatores decisórios para a sobrevivência e o

crescimento das organizações. À partir da quarta

revolução industrial, a TI deve ser capaz de prover

inovações revolucionárias ou disruptivas para

alavancar estratégias de negócio.

13 Dificultadores - Turnover

Criar políticas organizacionais que favoreçam a

retenção de talentos é missão do negócio e da TI. O

alto Turnover na TI e no negócio dificultam e

prejudicam o alinhamento entre a TI e o negócio.

14 Dificultadores - Turnover

Diante da Indústria 4.0 e seu impacto no mercado de

trabalho, pode-se afirmar que reter as pessoas que

tem habilidade para extrair o potencial destas

tecnologias para gerar valor ao negócio continuará

sendo uma prioridade e um desafio aos executivos de

TI.

15 Aderência do Modelo AS-IS

A transformação digital tem gerado impactos

significativos na maneira como vive-se, trabalha-se,

capacita-se, comunica-se e colabora-se. O modelo

apresentando contempla as características

necessárias para que, ao aplica-lo nas organizações,

obtenha-se êxito no alinhamento entre a TI e o

negócio?

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

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ANEXO A - Critérios específicos de validade em pesquisas qualitativas

Critério Pergunta

Credibilidade Os resultados da pesquisa refletem a experiência dos participantes ou o

contexto?

Autenticidade A representação exibe preocupação com as diferenças de vozes entre os

participantes?

Crítica O processo de pesquisa evidencia enfoques críticos?

Integridade A pesquisa reflete recursivamente e repetitivamente sobre a validade do

estudo?

Clareza A pesquisa tem decisões metodológicas, interpretativas e vieses do

pesquisador explícitos?

Vivacidade As descrições densas são fiéis e retratadas com astúcia e clareza?

Criatividade O estudo tem uma maneira criativa de organizar, apresentar e analisar os

dados?

Profundidade Os resultados abordam de forma integral e saturada as questões do

trabalho?

Congruência O processo de pesquisa e os achados são congruentes? Os assuntos se

ajustam entre si? Os resultados se ajustam ao contexto?

Sensitividade A investigação foi sensível a cultura, aos contextos sociais e a natureza

humana?

Fonte: WHITTEMORE; CHASE; MANDLE, 2001.