Modelo Romano_Educação

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O Modelo Romano O Ensino em Roma Trabalho de Grupo sobre o modelo educativo romano. História (A) – 10ºano Escola Secundária da Maia 2008/2009

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Trabalho sobre o Modelo Educativo romano

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O Modelo RomanoO Ensino em RomaTrabalho de Grupo sobre o modelo educativo romano.

História (A) – 10ºanoEscola Secundária da Maia

2008/2009

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O Modelo Romano Educação

Roma adopta a Educação Grega

Na constituição do Império Romano, ficarão integradas diversas cidades

Gregas. Por esse motivo os Romanos foram influenciados pelos Gregos a

quem foram buscar o alfabeto, bem como técnicas de aprendizagem da leitura

e da escrita.

A influência Helénica não mais parará de crescer, em particular com a invasão

e posterior anexação da Grécia e da Macedónia  no século II a.c..

A partir de então, alguns mestres gregos (se não de nascimento, pelo menos

de formação) apoiam a educação familiar dos jovens romanos. Na verdade,

afugentados pelas agitações do Oriente ou atraídos pela rica clientela romana,

muitos gramáticos, retóricos e filósofos atenienses dirigem-se a Roma. Serão

estes os Mestres responsáveis pelo ensino de jovens e de adultos romanos. 

Cedo os Políticos de Roma compreenderam que o conhecimento da Retórica

ateniense seria um factor decisivo com vista a melhorar os seus discursos junto

das multidões. Com a Retórica e a formação literária que lhe servia de base,

Roma descortinou a pouco e pouco todos os aspectos encobertos da cultura

Grega

Modelo Grego VS Modelo Romano

No entanto, o ensino em Roma apresenta algumas diferenças significativas

face ao modelo educativo dos gregos e algumas novidades importantes na

institucionalização de um sistema de ensino. 

O ensino da música, do canto e da dança, peças chave da educação grega,

tornaram-se objecto de contestação por parte de alguns sectores mais

tradicionais, que apelidaram estas formas de arte como impúdicas, toleráveis

apenas para fins recreativos.

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A mesma reacção de oposição surge contra o atletismo.

O Programa educativo romano privilegia assim uma aprendizagem sobretudo

literária, em detrimento da Ciência, da Educação Musical e do Atletismo.

Sistema Educativo

É aos romanos que se deve o primeiro sistema de ensino de que há

conhecimento: um organismo centralizado que coordena uma série de

instituições escolares espalhadas por todas as províncias do Império. O

carácter oficial das escolas e a sua estrita dependência relativamente ao

estado constituem, não apenas uma diferença acentuada relativamente ao

modelo de ensino na Grécia, como também uma novidade importante.

É claro que um tal sistema tende a privilegiar uma minoria que, graças aos

estudos superiores, ascende àquilo que os romanos consideram ser a vida

adulta simultaneamente activa e digna ou seja, uma elite, com uma elevada

formação literária e retórica.

O que não impede que, entre a imensidão de escravos que os romanos

abastados do Império possuíam como resultando das suas conquistas,

houvesse a preocupação de lhes fornecer, em particular aos mais jovens, os

ensinamentos necessários à prática dos seus serviços. Para tal eram reunidos,

nas casas de seus amos,  em escolas – as paedagogium - ae entregues a um

ou mais pedagogos que lhes inculcavam as boas maneiras e, em alguns casos,

os iniciavam nas “coisas do espírito”, designadamente na leitura, na escrita e

na aritmética. É sabido que as casas dos grandes senhores de Roma

dispunham de um ou mais escravos letrados que desempenhavam funções

como secretários ou como leitores. 

De qualquer forma, na Roma imperial, os Mestres Gregos são protegidos por

Augusto, à semelhança do que César havia já feito. Também a criação de

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bibliotecas, como a do Templo de Apolo, no Palatino, e a do Pórtico de Octávio,

é ilustrativa de uma política imperial de cultura.

Difusão da rede escolar

Esta política, inspirada nas tradições gregas, vai no entanto inflectir algumas

práticas anteriores, delineando no estado romano um conjunto de políticas

escolares inovadoras. Uma primeira iniciativa é da autoria de Vespasiano, que

intervém directamente a favor dos professores, ao reconhecer-lhes uma

utilidade social. Com ele se iniciam uma extensa série de retribuições e de

imunidades fiscais, atribuídas a gramáticos e retóricos. Segue-se a criação de

cátedras de Retórica nas grandes cidades, bem como o favorecimento e

promoção da instituição de escolas municipais de gramática e de retórica nas

províncias..

O nascimento das Escolas Latinas

As primeiras escolas latinas são inteiramente, na sua origem, de inspiração

grega. Limitam-se a imitá-las, tanto no que concerne ao programa, como aos

métodos de ensino. 

Porém, os romanos vão pouco a pouco organizá-las em três graus distintos e

sucessivos: a instrução primária, o ensino secundário e o ensino superior, aos

quais correspondem três tipos de escolas, confiadas a três tipos de Mestres

especializados. As escolas primárias datam provavelmente dos séculos VII e VI

a.c., as secundárias surgem no século III a.c. e das superiores somente há

conhecimento da sua existência a partir do século I a.c..

E escolas secundárias terão surgido por volta do século III a.c.. Este “atraso”

relativamente às escolas secundárias gregas não é merecedor de espanto, se

reflectirmos sobre a inexistência de uma literatura romana propriamente dita, e

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sabendo-se à partida que o ensino secundário clássico na Grécia se baseava

na explicação das obras de grandes poetas, em particular de Homero. No

entanto, é somente no tempo de Augusto (século I a.c.), que o ensino

secundário latino assume a sua forma definitivo.

Um romano culto será doravante aquele que conhecer a obra de Virgílio, da

mesma forma que um grego conhece na íntegra e recita os versos de Homero

sempre que tenha necessidade de exprimir, ressaltar ou afiançar um

sentimento ou uma ideia. 

O ensino superior, predominantemente retórico, surge em Roma por volta do

século I a.c.. A primeira escola de retórica latina foi aberta no ano de 93 a.c.

por Plócio Galo, e pouco tempo depois encerrada em virtude da censura

levada a cabo por alguns sectores da aristocracia romana que se inquietavam

perante o “novo espírito” que a animava e que consideravam contrário ao

costume e à tradição dos antepassados. 

Instrução Primária

Por volta dos sete anos a criança é confiada a um Mestre Primário – o litterator.

O literator, em Roma, é mal remunerado e pouco conceituado na hierarquia

social.

Tal como na Grécia, também as crianças romanas se faziam acompanhar à

escola por um escravo, designado segundo a terminologia grega por

Paedagogus. Este poderia, em determinadas circunstâncias, ascender ao

papel de explicador . O Paedagogus conduzia o seu pequeno senhor à escola,

designada por ludus litterarius, e aí permanecia até ao final da lição.

O ensino é colectivo, as meninas também frequentavam a escola primária.

A Escola Primária

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Cabe ao Mestre providenciar as instalações. Este resguarda os seus alunos

debaixo de um pequeno alpendre protegido por um toldo – pérgula -  nas

proximidades de um pórtico ou na varanda de alguma mansão aberta e

acessível a todos.

As aulas são portanto essencialmente ministradas ao ar livre, em local isolado

dos barulhos e das curiosidades da rua ..

As crianças agrupam-se em torno do Mestre que pontifica da sua cadeira – a

cathedra - colocada sobre um estrado. O mestre é muitas vezes assistido por

um ajudante

Sentadas em escabelos sem encosto, as crianças escrevem sobre os joelhos.

A jornada escolar da criança romana tinha início muito cedo e durava até ao

pôr-do-sol. As aulas apenas eram suspensas durante as festas religiosas, nas

férias de Verão (dos finais de Julho a meados de Outubro) .

Além da leitura, o programa compreende a escrita em duas línguas (latim e

grego) e um pouco de cálculo no qual se inclui a aprendizagem do ábaco e do

complexo sistema romano de pesos e medidas. Para a aprendizagem do

cálculo recorria-se vulgarmente à utilização de pequenas pedras - calculi - bem

como à mímica simbólica dos dedos.

A técnica aprofundada do cálculo escapa no entanto à competência do primus

magister, sendo ensinada mais tarde por um especialista, o calculator. Este

distingue-se do primus magister na medida em que o seu papel está mais

próximo do de um especialista, como os calígrafos ou os estenógrafos.

Na aprendizagem da escrita começava-se por se aprender o alfabeto e o nome

das letras, de A a X, antes mesmo de lhes conhecer a forma. O nome das

letras era seguidamente ensinado ao contrário, de X a A e posteriormente aos

pares, primeiro agrupados segundo uma dada ordem e logo após agrupados

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de forma aleatória. Seguia-se a aprendizagem das sílabas, em todas as

combinações possíveis e, por fim, dos nomes isolados. Estes .

Antes de passar à redacção de textos era ensaiada a escrita de pequenas

frases bem como máximas morais de um ou dois versos.

O ensino da escrita é simultâneo ao da leitura. A criança escreve em sua

tabuleta as letras, palavras ou textos cuja leitura deverá posteriormente

efectuar.

 

 Quando surgem o pergaminho e o papiro a criança passa a escrever com uma

cana talhada e molhada em tinta.

 

Os livros são feitos com folhas coladas lateralmente e enroladas à volta de uma

varinha. Para ler, a varinha é mantida na mão direita e com a outra mão

desenrola-se a folha única.

Associada à leitura e à escrita encontra-se a declamação. A criança é

incentivada a memorizar pequenos textos à semelhança do que ocorria na

Grécia.

Recorre-se frequentemente à emulação e mais ainda à coerção, às

reprimendas e aos castigos.

O primus magister apoia a sua autoridade na férula, instrumento a que recorre

para infringir os castigos nas crianças. “Estender a mão à palmatória”, , é na

verdade para os Romanos sinónimo de estudar.

Os alunos são agrupados em classes, de acordo com o seu rendimento

escolar.

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A violência no esnico começa a ser questionados por volta do século I, tendo-

se registado desde então uma evolução no sentido de um abrandamento da

disciplina..A rotina pedagógica foi a aligeirada com a introdução de novas

práticas de ensino que  ficam a dever-se a Quintiliano, reconhecido Professor

de Eloquência que viveu no século I .

Quintiliano foi o primeiro professor pago pelo estado, no Império de

Vespasiano.

Quintiliano alerta para a necessidade de se identificarem os talentos das

crianças e chama a atenção para a necessidade de reconhecer as diferenças

individuais e de adoptar diferentes formas de procedimento  perante elas.

Recomendava que se ensinassem simultaneamente os nomes das letras e as

suas formas

Quintiliano opõe-se aos castigos físicos. Recomenda a competição como

incentivo para o estudo e sugere que o tempo escolar  seja periodicamente

interrompido por recreios, já que o descanso é, na sua opinião, favorável à

aprendizagem.

Ensino Secundário 

O ensino secundário é  bastante menos difundido que a instrução primária. A

maioria das crianças de fraca condição social abandonam a escola no final da

Instrução Primária, passando então a frequentar a casa de um Mestre de

ensino técnico, por exemplo de Geometria, que os preparará para o exercício

de profissões como a carpintaria.

As restantes crianças iniciam por volta dos doze anos de idade um segundo

ciclo de estudos, continuando rapazes e raparigas a estudar lado a lado. No

caso geral de estudos com a duração de três anos, verifica-se a intervenção do

grammaticus, que ensina Gramática e Retórica.

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Cecílio Epirota empreende, em finais do século I a.c., o estudo de poetas

latinos seus contemporâneos, assim se estabelecendo uma formação nas duas

línguas que implicará portanto a participação de dois grammaticus: o

grammaticus graecus e o grammaticus latinus. Existiam portanto duas

Instituições paralelas: uma para o estudo da língua e da literatura grega, a

outra para o estudo da língua e literatura romana. A primeira é uma réplica

exacta das escolas gregas, a segunda representava o esforço para

salvaguardar as tradições romanas.

À semelhança do que se observava na Grécia, o grammaticus é bastante mais

conceituado socialmente que o literator. Também ele  instala geralmente os

alunos numa pérgula ou numa residência existindo em Roma, no século IV da

nossa era, cerca de vinte estabelecimentos deste tipo. Requer cerca de seis

horas diárias para o ensino da correcção da linguagem, assim como para a

explicação dos poetas. Adopta os princípios da metodologia grega, insistindo

na ortografia e na pronúncia, multiplicando os exercícios de morfologia e

preparando com a escrita de redacções a iniciação à Retórica. O essencial

consiste porém no estudo dos clássicos, e sobretudo dos poetas Virgílio,

Terêncio e Horácio.

Os alunos aprendem também algumas noções básicas de Geografia,

necessárias para a compreensão da Ilíada e da Eneida. Estudam também

Astronomia.

Ensino Superior 

O ensino superior, também designado por ensino retórico, tinha início por volta

dos quinze anos de idade, altura em que o jovem recebe a toga viril, sinónimo

da sua entrada na vida adulta. Estes estudos superiores duravam até cerca dos

vinte anos, podendo no entanto prolongar-se por mais tempo. Tinham como

finalidade formar Oradores, já que a carreira política representava o ideal

supremo.

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Roma transformou-se num centro excepcional de estudos para os Mestres de

Retórica Gregos.

O futuro orador terá de pleitear um caso em função de textos legais.  

Para lá do aperfeiçoamento da eloquência e da retórica, o ensino da Filosofia e

da Medicina é essencialmente feito por Mestres Gregos itenerantes, que

espalham o seu saber de cidade em cidade.

Com muita frequência, os estudantes latinos vão completar os seus estudos

superiores noutras cidades, nomeadamente em Alexandria e sobretudo em

Atenas.

Criam-se cátedras de Retórica que concederam privilégios aos Mestres, dando

assim aos romanos a possibilidade de prosseguirem os estudos na própria

pátria.

No âmbito do Direito, Roma desempenha um papel inovador oferecendo aos

jovens estudantes uma aprendizagem prática pasra além de  um ensino

sistemático. A complexidade crescente da produção jurídica romana está  na

origem da fundação de duas escolas superiores de direito em Roma no século

II .

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