modelos termicos_transformadores
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA – PPGEE
AVALIAÇÃO TEÓRICO-EXPERIMENTAL DE MODELOS TÉRMICOS
PARA ESTUDOS DE CARREGAMENTO SENOIDAL
E NÃO-SENOIDAL DE TRANFORMADORES DE POTÊNCIA
RICARDO AUGUSTO NUNES TOLEDO
Dissertação de Mestrado submetida à banca examinadora designada pelo Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica.
Orientador: Prof. Selênio Rocha Silva
Belo Horizonte
2011
ii
Dedico este trabalho às pessoas iluminadas que Deus
colocou em minha caminhada; minha esposa Antônia,
meus pais, Paulo e Lina (in memoriam), meu avô Mario (in
memoriam); e meu grande amigo, irmão de coração –
Clodualdo, sem o qual este trabalho não teria sido
concluído – ou melhor, sequer existido.
iii
AGRADECIMENTOS
Ao professor Selênio e equipe do Laboratório de Controle e Conversão de Energia –
LCCE: Clodualdo, Fred, Guilherme, Vitor, Thales, Tameirão, Lucas, Gustavo e
Tomás, pela oportunidade de realizar este trabalho juntos.
Ao professor Martinez e toda a equipe do Centro de Pesquisas Hidráulicas e
Recursos Hídricos – CPH.
À UFMG e meus professores no Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica – PPGEE; José Osvaldo, Porfírio, Maria Helena, Hélder e Glássio.
Aos Srs. Afonso Ávila e Sergio Barbosa da CEMIG.
Aos gestores e colegas de trabalho na Aperam (ex-Acesita), em especial ao Jadir
Assis, Luiz Otávio, Roberval Rogério e Elison Pinho.
Aos amigos e familiares, por compreender minha ausência.
iv
"Que Deus nos conceda sempre,
a serenidade de aceitar as coisas que não podemos mudar,
a coragem de mudar as coisas que podemos mudar,
e a sabedoria para distinguir as diferenças."
Elisabeth Kubler Ross
(A Roda da Vida)
v
RESUMO
A elevação da temperatura interna de um transformador de potência acima dos
limites, acelera o envelhecimento do isolamento, reduzindo a sua vida útil, e em
casos extremos, danificando completamente um dos ativos mais relevantes do
sistema elétrico. Conhecer sua real condição de funcionamento é essencial para
conseguir maximizar o retorno de investimento e minimizar o custo associado à sua
operação. Este estudo tem como objetivo um melhor entendimento do problema sob
o ponto de vista das exigências feitas aos fabricantes e das limitações de uso dos
equipamentos pelas concessionárias. Inicialmente, uma avaliação computacional do
desempenho de transformadores através da investigação do comportamento térmico
em situações de carregamento senoidal e não senoidal foi realizada utilizando
modelos térmicos disponíveis em normas, guias, práticas recomendadas e na
literatura técnica considerada referência na área. Posteriormente, os resultados
foram comparados com ensaios de carregamento realizados em uma bancada de
testes para ensaios de transformadores, projetada e construída no Laboratório de
Conversão e Controle de Energia da Universidade Federal de Minas Gerais
(LCCE/UFMG). A opção pela bancada permitiu a utilização de transformadores
projetados especialmente para representarem características compatíveis com
transformadores de maior potência. Além disto, inclui-se monitoração térmica,
flexibilidade no controle do perfil de carregamento através de conversores estáticos,
baixo consumo de energia (Fonte Regenerativa) e filtros ativos para não interferir na
rede elétrica das instalações do laboratório. Ao final, uma metodologia para
avaliação do efeito das cargas senoidais e não senoidais, suas consequências sobre
o desempenho e vida útil dos transformadores é disponibilizada para futuras
pesquisas na área.
Palavras-chave: transformadores de potência, carregamento, elevação de
temperatura, ponto mais quente.
vi
ABSTRACT
The temperature raising of power transformers above the limists, accelerate
insulation aging, reducing its expected life, and in extreme cases, complete damage
of one the most relevant assets in an electrical system. Knowing the actual working
condition of power transformers is essential to achieve maximize return on
investment and minimize the cost associated with its operation. This research aims at
a better understanding of the problem from the point of view of the demands on
manufacturers and limitations of use of equipment under the terms of utilities. Initially,
a computational assessment of transformers performance by the investigation of
thermal behavior in situations of sinusoidal and nonsinusoidal loading is performed
using thermal models available at standards, guides, best practices and the technical
literature as the benchmark in the area. Subsequently, the results were compared
with loading tests performed on a test bench for testing transformers, designed and
built at the Laboratory for Energy Conversion and Control of the Federal University of
Minas Gerais (LCCE / UFMG). The choice of the bench was because it has
transformers specially designed to represent characteristics compatible with most
power transformers. It has also thermal monitoring, flexibility in controlling the load
profile via static converters, low power consumption (Regenerative Source) and
active filters to don´t interfere with the electrical network at LCCE facilities. At the end
of this work, a methodology for evaluating the effect of sinusoidal and nonsinusoidal
loads, its effects on performance and service life of transformers is available for
future research in the area.
Keywords: power transformers, loading, temperature rise, the hottest spot.
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Transformador de potência típico [LUMASENSE, 2007] ....................... 22
Figura 2.2 – Perdas magnéticas em função da densidade máxima de fluxo para
material M4 (GEROMEL, 2003) ........................................................................ 25
Figura 2.3 – Potência de excitação em função da densidade máxima de fluxo, em 60
Hz, para material M4 (GEROMEL, 2003).......................................................... 25
Figura 2.4 – Perdas magnéticas em função da densidade máxima de fluxo, para
material M5 (GEROMEL, 2003) ........................................................................ 26
Figura 2.5 – Potência de excitação em função da densidade máxima de fluxo, em 60
Hz, para material M5 (GEROMEL, 2003).......................................................... 26
Figura 2.6 – Cabo transposto continuamente para minimizar as perdas por correntes
parasitas nos enrolamentos .............................................................................. 27
Figura 2.7 – Curvas ―Rendimento x Carga‖ (GEROMEL, 2003) ................................ 33
Figura 2.8 – Relação entre as perdas no núcleo e as perdas nos enrolamentos (𝒌𝑪),
em função da carga (GEROMEL, 2003) ........................................................... 34
Figura 2.9 – Esquema básico do ensaio em paralelismo com conversor estático para
controle de carregamento do transformador sob teste (SOUSA, 2007) ............ 45
Figura 2.10 – Painel de controle da Fonte Regenerativa (Souza, 2007) ................... 45
Figura 2.11 – Leiaute dos componentes da Fonte Regenerativa (Sousa, 2007)....... 46
Figura 2.12 – Diagrama em blocos da bancada de testes de transformadores (Fonte
Regenerativa) (Sousa, 2007) ............................................................................ 49
Figura 2.13 – Exemplo de posicionamento dos sensores de temperatura (PT100) em
um dos enrolamentos de um transformador da bancada de testes .................. 49
Figura 3.1 – Representação em diagrama de blocos do método de cálculo da
temperatura no ponto mais quente 𝜽𝑯𝑺 por funções de transferência (IEC
60076-7:2005) ................................................................................................... 59
Figura 3.2 – Diagrama da distribuição térmica no interior dos transformadores (IEC
60076-7:2005) ................................................................................................... 60
Figura 3.3 – Modelo térmico simplificado (a) e equivalente elétrico (b) ..................... 62
Figura 3.4 – Modelo térmico equivalente da transferência de calor do óleo-para-
ambiente (Adaptado de SWIFT, 2001) ............................................................. 64
viii
Figura 3.5 – Modelo térmico equivalente da transferência de calor do enrolamento-
para-óleo (Adaptado de SWIFT, 2001) ............................................................. 65
Figura 4.1– Tela principal do supervisório da Fonte Regenerativa ........................... 69
Figura 4.2 – Tela de acompanhamento gráfico de variáveis da Fonte Regenerativa 69
Figura 4.3 – Tela do supervisório indicando temperaturas sendo coletadas durante
os ensaios ......................................................................................................... 70
Figura 4.4 – Ensaio de aquecimento – Trafo TI (Fonte Regenerativa) ...................... 71
Figura 4.5 - Ensaio de aquecimento – Trafo TT (Fonte Regenerativa) ..................... 71
Figura 4.6 – Valores estimados na extrapolação das temperaturas durante ensaio de
regime permanente – Trafo TI (Fonte Regenerativa) ........................................ 73
Figura 4.7 - Valores estimados na extrapolação das temperaturas durante ensaio de
regime permanente – Trafo TT (Fonte Regenerativa) ...................................... 73
Figura 4.8 – Perfil de um ensaio de carregamento na Fonte Regenerativa .............. 75
Figura 4.9 – Comparativo da temperatura no ponto mais quente do enrolamento
medida em ensaio de carregamento variável na fonte regenerativa versus
simuladas pelos modelos do Guia IEEE C57.91-1995 ..................................... 76
Figura 4.10 – Diferenças entre as temperaturas estimadas pelos modelos do Guia
IEEE C57.91-1995 ............................................................................................ 76
Figura 4.11 - Temperaturas medidas versus estimadas a partir da temperatura
ambiente (IEC – Trafo TI) ................................................................................. 78
Figura 4.12 – Temperaturas medidas versus estimadas a partir da temperatura
ambiente (IEC – Trafo TT) ................................................................................ 78
Figura 4.13 – Temperatura estimada no ponto mais quente (THS IEC) a partir da
temperatura no topo do óleo medida (Trafo TI). ............................................... 79
Figura 4.14 - Temperatura estimada no ponto mais quente (THS IEC) a partir da
temperatura no topo do óleo medida (Trafo TT). .............................................. 80
Figura 4.15 – Diferenças de temperaturas medidas no ponto mais quente dos
enrolamentos versus estimadas (IEC 60076-7:2005) ...................................... 80
Figura 4.16 – Temperaturas medidas versus estimadas [ABNT NBR5416:1997] ..... 81
Figura 4.17 – Temperaturas medidas versus estimadas (ABNT NBR5416:1997) .... 82
Figura 4.18 – Diferenças de temperaturas medidas no ponto mais quente dos
enrolamentos versus estimadas (ABNT NBR5416:1997) ................................ 82
Figura 4.19 – Temperaturas medidas versus estimadas – Modelo da analogia
termoelétrica (SWIFT/ELMOUDI) ..................................................................... 83
ix
Figura 4.20 – Diferenças de temperaturas medidas no ponto mais quente dos
enrolamentos versus estimadas (SWIFT/ELMOUDI) ....................................... 84
Figura 4.21 – Modelo para avaliação do carregamento não senoidal de
transformadores de potência (ELMOUDI, 2006) ............................................... 85
Figura 4.22 – Parâmetros do transformador TI da Fonte Regenerativa utilizados na
simulação de carregamento não senoidal do modelo de ELMOUDI (2006) ..... 86
Figura 4.23 – Distorção harmônica de corrente total imposta na simulação (THDi =
22%) ................................................................................................................. 87
Figura 4.24 – Simulação das elevações das temperaturas internas THS e TOP do
transformador TI da Fonte Regenerativa do LCCE. .......................................... 88
Figura 4.25 – Fator de perda de vida em pu para transformador TI no intervalo de
tempo. ............................................................................................................... 88
Figura A1 – Temperatura no topo do óleo - TOP ...................................................... 98
Figura A2 – Temperatura no ponto mais quente - THS ............................................ 99
Figura A3 – Fator de perda de vida em pu – FPV [pu] .............................................. 99
Figura A4 – Perdas senoidais e não senoidais ...................................................... 100
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Chapas de aço-silício - Características exigidas por normas (Adaptado
de GEROMEL, 2003) ........................................................................................ 24
Tabela 2.2 – Classificação térmica dos materiais isolantes ...................................... 29
Tabela 2.3 – Características gerais para avaliação do óleo mineral isolante ............ 30
Tabela 2.4 – Rendimentos típicos para transformadores trifásicos imersos em fluido
isolante.............................................................................................................. 32
Tabela 2.5 – Limites globais inferiores de tensão em porcentagem da tensão
fundamental [ONS, 2009].................................................................................. 41
Tabela 2.6 – Limites de temperatura [NBR 5416-1997] ............................................ 42
Tabela 2.7 – Características construtivas dos transformadores da bancada de teste
(ORTENG, 2008) .............................................................................................. 47
Tabela 2.8 – Distribuição dos sensores de temperatura (PT100) nos enrolamentos
(Sousa, 2007) ................................................................................................... 50
Tabela 3.1 – Valores de 𝒎 e 𝒏 conforme guia IEEE (IEEE STD C57.91-1995) ........ 55
Tabela 3.2 – Características térmicas recomendadas pela norma (IEC 60076-7:2005)
.......................................................................................................................... 58
Tabela 3.3 – Comparação entre as grandezas físicas da analogia termoelétrica ..... 63
Tabela 3.4 – Correspondência entre modelos da analogia termoelétrica.................. 65
Tabela 4.1 – Parâmetros dos transformadores da Fonte Regenerativa, determinados
em ensaio de regime permanente .................................................................... 74
xi
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
𝐶𝑂 Capacitância térmica não linear, J/°C
𝐹𝐻𝐿 Fator de perda harmônica para correntes parasitas
Ordem harmônica
𝑚𝑎𝑥 Maior ordem harmônica significante
𝐼 Valor eficaz da corrente na respectiva harmônica, A
𝐼𝑅 Valor eficaz RMS da corrente fundamental nas condições de frequência e
carga nominais, A
𝐾 Perfil de carregamento
𝐾𝜃 Correção da resistência em função da variação de temperatura
𝑚, 𝑦 Expoentes empíricos característicos da não linearidade da elevação de
temp. do enrolamento em função das perdas no cobre
𝑀𝐶𝐶 Massa da parte ativa (núcleo e enrolamentos), kg
𝑀𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 Massa do tanque e acessórios, kg
𝑛, 𝑥 Expoentes empíricos característicos da não linearidade da elevação de
temp. no topo do óleo em função das perdas totais
𝑃 Potência ativa, W
𝑃𝐶 Perda em carga, W
𝑃𝐷𝑂𝐶 Perda por dispersão em outros componentes, W
𝑃𝐸 Perda nos enrolamentos, W
𝑃𝐸𝐶 Perda adicional por correntes parasitas (eddy currents), W
𝑃𝑁 Perdas no núcleo ou a vazio, W
𝑃𝑇 Perdas totais, W
𝑃𝑄 Potência reativa, Var
𝑅 Relação entre perdas em carga e a vazio
𝑅𝑂 ,𝑁 Resistência térmica não linear, °C/W
𝑆𝑁 Potência aparente nominal, VA
𝜏𝐸 Constante térmica dos enrolamentos, Min.
𝜏𝑇𝑂 Constante térmica do óleo no topo, Min.
𝜏𝐻𝑆 Constante térmica do ponto mais quente, Min.
xii
VO Volume do óleo, Litros
θA Temperatura ambiente, °C
θTO /TOP Temperatura do topo do óleo, °C
θHS /𝑇𝐻𝑆 Temperatura do ponto mais quente do enrolamento, °C
ΔθTO ,A Elevação da temperatura do topo do óleo acima da temperatura ambiente,
°C
ΔθHS ,A Elevação da temperatura do ponto mais quente do enrolamento sobre
a temperatura ambiente, °C
ΔθHS ,O Elevação da temperatura do ponto mais quente do enrolamento sobre
a temperatura no topo do óleo, °C
Δθi Elevação inicial da temperatura, °C
Δθf Elevação final temperatura, °C
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
AISI American Iron and Steel Institute
IEC International Electrotechnical Commission
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
SIN Sistema Interligado Nacional
xiii
SUMÁRIO RESUMO .................................................................................................................... V
ABSTRACT ............................................................................................................... VI
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ VII
LISTA DE TABELAS ................................................................................................. X
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ............................................................... XI
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15
1.1 Objetivos do Trabalho .................................................................................. 16
1.2 Estado da Arte.............................................................................................. 16
1.3 Organização do Texto .................................................................................. 18
2 TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA ............................................................. 19
2.1 Características Construtivas......................................................................... 21
2.1.1 Núcleo ................................................................................................... 22
2.1.2 Enrolamentos ......................................................................................... 27
2.1.3 Isolamento ............................................................................................. 29
2.1.4 Equipamentos Auxiliares ....................................................................... 31
2.2 Rendimento e Perdas ................................................................................... 32
2.2.1 Rendimento ........................................................................................... 32
2.2.2 Comportamento das Perdas de Potência em Transformadores ............ 35
2.2.2.1 Perdas Adicionais por Correntes Parasitas ..................................... 35
2.2.2.2 Efeito das Correntes Harmônicas sobre a Perda no Núcleo ........... 37
2.2.2.3 Efeito das Correntes Harmônicas sobre a Perda nos Enrolamentos 37
2.2.3 Fator de Perda Harmônica x Fator-K ..................................................... 38
2.2.4 Distorção Harmônica Total .................................................................... 39
2.3 Capacidade de Sobrecarga .......................................................................... 41
2.4 Ensaios de Carregamento ............................................................................ 43
2.4.1 Faixa de Potência .................................................................................. 43
2.4.2 Ensaio usando um Conversor Estático Reversível ................................ 44
2.4.3 Características da Fonte Regenerativa ................................................. 45
2.5 Considerações Finais ................................................................................... 50
3 MODELOS PARA CÁLCULO DA ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA ................................................................... 51
xiv
3.1 Modelos Normatizados ................................................................................. 51
3.1.1 Guia IEEE Std C57.91-1995 .................................................................. 53
3.1.1.1 Método da Cláusula 7 ..................................................................... 53
3.1.1.2 Método Alternativo do Anexo G ...................................................... 55
3.1.1.3 Critérios de estabilidade .................................................................. 56
3.1.2 IEC 60076-7:2005 .................................................................................. 57
3.1.2.1 Método para Variação em Degrau .................................................. 57
3.1.2.2 Método para Variação Contínua ..................................................... 59
3.1.3 ABNT NBR 5416:1997 ........................................................................... 61
3.2 Outros Modelos Existentes na Literatura ..................................................... 62
3.3 Modelo para Avaliação de Carregamento Não Senoidal .............................. 66
3.4 Considerações Finais ................................................................................... 67
4 AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DOS MODELOS TÉRMICOS........................... 69
4.1 Ensaios de Carregamento ............................................................................ 70
4.1.1 Regime Permanente .............................................................................. 70
4.1.2 Carregamento Fundamental Variável .................................................... 74
4.1.2.1 IEEE Std C57.91-1995 - Cláusula 7 / Anexo G ............................... 75
4.1.2.2 IEC 60076-7:2005 ........................................................................... 77
4.1.2.3 ABNT NBR5416:1997 ..................................................................... 81
4.1.2.4 SWIFT / ELMOUDI .......................................................................... 83
4.1.3 Carregamento Não Senoidal ................................................................. 85
4.2 Considerações Finais ................................................................................... 89
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 91
5.1 Recomendações e Propostas de Continuidade ........................................... 92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 94
APÊNDICE I .............................................................................................................. 98
APÊNDICE II ........................................................................................................... 101
1 INTRODUÇÃO
A utilização da energia elétrica de uma forma racional e eficiente constitui
uma das principais preocupações atuais do setor elétrico em qualquer canto do
planeta. Somando-se a estas necessidades, diversas mudanças ocorridas no setor
elétrico brasileiro levaram as concessionárias de energia a competirem cada vez
mais, sendo um dos principais pontos de competição, o aproveitamento dos ativos
das empresas. Com isso, os equipamentos em serviço estão sendo usados cada vez
mais próximos de seus limites e de suas máximas capacidades.
Portanto, conhecer a real condição de operação destes ativos é essencial
para conseguir maximizar o retorno de investimentos e para minimizar o custo
associado à sua operação. Esta necessidade tem requerido pesquisas contínuas
que contemplem a operação de forma otimizada de um dos equipamentos mais
tradicionais do setor elétrico: os transformadores de potência.
Neste contexto, A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, por meio
de suas resoluções normativas Nº 513, de 16 de Setembro de 2002, ―estabelece os
procedimentos para determinação de adicional financeiro devido a sobrecargas que
ocasionem perda adicional de vida útil em instalações de transmissão do sistema
elétrico‖; e, de Nº 191, de 12 de Dezembro de 2005, ―estabelece os procedimentos
para a determinação da capacidade operativa das instalações de transmissão
integrantes da Rede Básica e das demais instalações de transmissão, componentes
do Sistema Interligado Nacional, bem como define as Funções Transmissão e os
respectivos Pagamentos Base‖ .
Outro aspecto da relevância deste trabalho está relacionado ao crescente uso
da energia eólica. De um potencial estimado em 200𝐺𝑊, o Brasil gera atualmente
apenas 1𝐺𝑊. Motivado pelo potencial de crescimento do setor e pelo de lugar de
destaque no ranking de sustentabilidade desta tecnologia (LIU, 2011), surge a
necessidade de aprofundar a avaliação do impacto desta tecnologia no que diz
respeito ao aumento do conteúdo não senoidal dos geradores/conversores, sobre as
perdas nos transformadores de conexão ao SIN.
Os efeitos deste conteúdo não senoidal em transformadores são o aumento
das perdas adicionais ou suplementares, que elevam a temperatura interna,
1 Introdução 16
comprometendo a isolação e reduzindo a sua vida útil diretamente em pontos nos
quais existam concentrações de perda (𝜃𝐻𝑆 )1. Estas regiões de alta densidade de
perdas tornam-se um dos principais fatores na determinação do desempenho e da
vida útil do transformador. As perdas adicionais também provocam queda de
rendimento, menor confiabilidade, aumento na corrente de excitação e de neutro e
do ruído sonoro.
1.1 Objetivos do Trabalho
Neste trabalho investiga-se a dinâmica do comportamento térmico de
transformadores em situação de carregamento senoidal e não senoidal, simulando
diversos modelos disponíveis nas normas nacionais e internacionais, e também na
literatura.
Diante dos resultados computacionais, ensaios experimentais de regime
permanente2 e de carregamento variável são conduzidos por meio de uma bancada
de ensaios para teste de transformadores, para coleta de dados e determinação de
parâmetros a serem avaliados nos diversos modelos.
Ao final, uma metodologia para avaliação do desempenho térmico e impacto
na vida útil de transformadores de potência imersos em óleo isolante, sob condições
de carregamento senoidais e não senoidais é disponibilizada para futuras pesquisas
na área.
1.2 Estado da Arte
Melhorar a utilização de transformadores exige uma predição minuciosa da
temperatura do ponto mais quente do enrolamento. Esta informação é considerada
como o mais importante fator de limitação do carregamento de um transformador.
Monitorar esta temperatura nas diversas condições de operação do
transformador tornou-se imprescindível, principalmente nos carregamentos acima do
nominal ou na presença significativa de conteúdo não senoidal.
1 THS - Hottest Spot Temperature / Ponto Mais Quente dos Enrolamentos / Regiões de altas
temperaturas 2 Heat Run Test – Ensaio de Aquecimento com carregamento fixo
1 Introdução 17
Idealmente, o melhor método é medir diretamente a temperatura do ponto
quente através de sensores de fibra óptica. No entanto, isto não é prático para os
transformadores existentes e também pode não ser economicamente viável para
novos transformadores.
Existem vários modelos para prever a temperatura do ponto mais quente do
transformador. O mais amplamente utilizado está descrito na Cláusula 7 do Guia de
Carregamento de Transformadores Imersos em Óleo Mineral (IEEE STD C57.91-
1995).
A Equação de elevação da temperatura no topo do óleo deste Guia é
modificada por LESIEUTRE, HAGMAN e KIRTLEY (1997) para permitir a
contabilização da variação contínua da temperatura ambiente.
Um método alternativo é sugerido no anexo G deste mesmo Guia. O mesmo
requer a utilização da elevação da temperatura do óleo na base do transformador,
acima da temperatura ambiente, em condições nominais. A temperatura do óleo nos
dutos de refrigeração dos enrolamentos é introduzida, a qual pode ser maior que a
temperatura no topo do óleo, em determinadas condições.
A Norma (IEC 60076-7:2005)3 constitui-se na mais recente referência quando
se trata o assunto elevação de temperatura em transformadores. A mesma fornece
uma metodologia para especificar e carregar transformadores de potência acima dos
limites de placa.
Uma abordagem do modelamento térmico do transformador na forma de um
circuito elétrico equivalente com base nos fundamentos da teoria de transferência de
calor é sugerida por SWIFT, MOLINSKI e LEHN (2001). O modelo é estabelecido
para determinar a temperatura do ponto mais quente. A temperatura do topo do óleo
é calculada a partir do modelo ―óleo-ar‖. Essa temperatura torna-se a ―temperatura
ambiente‖ para o modelo ―enrolamento-óleo‖. Baseado nesta abordagem,
ELMOUDI, LEHTONEN e NORDMAN (2006a) realizaram ensaios experimentais, em
um transformador de 250MVA para validar estes modelos.
A elevação de temperatura em transformadores de potência imersos em óleo
isolante, sob o ponto de vista das cargas não senoidais, é discutida em diversos
trabalhos publicados na literatura. EMANUEL e WANG (1985), baseando-se nos
guias de carregamento, avaliaram o impacto destas cargas não senoidais, na
3 Anteriormente denominada IEC 60354, ou simplesmente IEC 354, na literatura técnica.
1 Introdução 18
temperatura do ponto mais quente do enrolamento. DELAIBA, et al., (1995)
adicionaram componentes de corrente contínua (c.c.) das cargas não senoidais, no
modelamento matemático de avaliação das perdas adicionais. ELMOUDI,
LEHTONEN e NORDMAN (2006a) avaliaram a utilização por parte de fabricantes e
usuários, dos cálculos conservadores da recomendação (IEEE STD C57.110) na
estimação da capacidade de carregamento não senoidal de transformadores de
potência. Um modelamento considerando ciclos de carregamento de harmônicas
variantes no tempo foi proposto e experimentado por ELMOUDI (2006).
1.3 Organização do Texto
Este trabalho, distribuído em cinco capítulos, discute vários aspectos do
comportamento térmico de transformadores em condições senoidais e não senoidais
de carregamento.
O capítulo 2 apresenta o transformador de potência, suas principais
características responsáveis pelos rendimentos e perdas típicos. Na sequência é
discutida a viabilidade da realização dos ensaios de carregamento em ambiente
laboratorial.
No capítulo 3, é realizada uma revisão bibliográfica das normas, guias,
práticas recomendadas e artigos da literatura tratando o modelamento da elevação
de temperatura em transformadores de potência nas condições citadas no capítulo
anterior visando um melhor entendimento do problema sob o ponto de vista das
exigências feitas aos fabricantes e das limitações de uso, sob o ponto de vista das
concessionárias.
No capítulo 4, são apresentados resultados comparativos com trabalhos de
outros autores e de vários ensaios utilizando uma fonte regenerativa construída no
LCCE, na avaliação dos modelos de estimação da elevação da temperatura e da
perda de vida útil em transformadores.
O capítulo 5 apresenta as conclusões finais, recomendações e propostas de
continuidade do trabalho.
Informações complementares ao desenvolvimento do trabalho são
apresentadas nos apêndices e anexos.
2 TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA
Este capítulo faz uma breve recapitulação dos fundamentos aplicados aos
transformadores, em especial, aos transformadores trifásicos de potência imersos
em líquido isolante, descrevendo algumas de suas principais características
responsáveis pelos rendimentos e perdas típicos sob condições de carregamento
senoidal e não senoidal.
Com a invenção do transformador trifásico de potência na Alemanha por
Dobrovolski4, que remonta o fim do século dezenove, tornou-se possível o
desenvolvimento dos modernos sistemas de transmissão e distribuição de energia
elétrica em corrente alternada (c.a.), com subestações de potência frequentemente
localizadas a muitos quilômetros dos centros de consumo (carga). Antes disso, nos
primórdios do suprimento de eletricidade pública, a distribuição de energia elétrica
era realizada em corrente contínua, com as fontes de geração, por necessidade,
próximas aos locais de consumo.
Indústrias pioneiras no fornecimento de eletricidade foram rápidas em
reconhecer os benefícios de uma forma de energia elétrica que permitiria dispor de
alta corrente, normalmente obtida a baixa tensão de saída de um gerador elétrico, e
transformá-la para um determinado nível de tensão possível de transmiti-la em
condutores de dimensões práticas. Os consumidores, naquele tempo, poderiam
estar afastados a um quilômetro ou mais e a eficiência desta distribuição, para os
padrões da época, era nada menos que fenomenal.
Atualmente, sistemas de transmissão e distribuição de energia são,
normalmente, mais extensos e totalmente dependentes de transformadores os
quais, por si só, são muito mais eficientes que aqueles de um século atrás.
A condição de funcionamento dos transformadores na presença de
harmônicos não é um fenômeno novo. A preocupação com a distorção harmônica
surgiu junto ao desenvolvimento dos sistemas de potência em c.a.. Em 1916,
Steinmetz publicou um livro que devotou considerável atenção ao estudo de
harmônicos em sistemas de potência trifásicos. A principal preocupação de
Steinmetz estava voltada às correntes harmônicas de terceira ordem causadas pela
4 Mikhail Osipovich Dolivo-Dobrovolsky. Engenheiro eletricista nascido na Rússia em 1861.
2 Transformadores de Potência 20
saturação magnética do ferro em transformadores e máquinas, sendo aquele
pesquisador o primeiro a propor a conexão delta para confinar as correntes
harmônicas de terceira ordem no interior do delta sem transferi-las às correntes de
linha.
As distorções harmônicas em um sistema elétrico produzem uma série de
efeitos nocivos aos equipamentos conectados a este sistema, a saber:
Aumento do aquecimento devido a crescimento de perdas no ferro
(harmônicos de tensão) e no cobre (harmônicos de corrente) nas
frequências harmônicas;
Aumento nas emissões de ruído audível;
Aumento da distorção de tensão e corrente;
Necessidade de desclassificação de transformadores (Fator de Perda
Harmônica; Fator K)
Nos sistemas elétricos, a propagação de harmônicos, em forma de onda das
tensões ou correntes, causa os seguintes impactos:
Possibilidade de amplificação de níveis harmônicos resultante de
ressonâncias série e paralelo;
Redução na eficiência da geração, transmissão e utilização da energia
elétrica;
Aumento dos custos de manutenção ou de substituição devido à redução
de vida útil provocada pelo envelhecimento acelerado do isolamento de
componentes elétricos;
Falhas e/ou faltas de energia devido a mau funcionamento.
Na sequência, a partes relevantes para os estudos do comportamento da
dinâmica térmica dos transformadores de potência, a serem desenvolvidos no texto,
serão apresentadas.
2 Transformadores de Potência 21
2.1 Características Construtivas
[...] Transformadores de potência são equipamentos elétricos estáticos que,
por indução eletromagnética, transformam níveis diferentes de tensão e de
corrente alternada existentes em dois ou mais enrolamentos isolados
eletricamente, com a mesma frequência. Uma de suas principais aplicações
é abaixar ou elevar o nível de tensão nas malhas de transmissão e
distribuição de energia elétrica‖. (GEROMEL, LUIZ H., 2003, p. 21)
A norma da Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC 60076-7:2005) para
carregamento de transformadores de potência subdivide estes equipamentos em
três grupos, a saber:
Distribuição – Transformadores de potência com capacidade nominal
trifásica máxima de 2500 kVA ou 833 kVA monofásicos;
Médio Porte – Transformadores com capacidade nominal trifásica
máxima de 100 MVA ou 33,3 MVA monofásicos;
Grande Porte – Transformadores com capacidade nominal trifásica acima
de 100 MVA ou 33,3 MVA monofásicos;
Os transformadores de potência são constituídos de diversas partes,
conforme ilustrado na Figura 2.1, podendo-se destacar o núcleo ferromagnético e os
enrolamentos, das quais se originam as perdas associadas ao carregamento. Tais
perdas podem provocar elevação de temperatura acima dos limites admissíveis.
causando alterações nas características dos materiais que o constituem,
principalmente os isolantes, comprometendo o desempenho e a segurança do
equipamento.
2 Transformadores de Potência 22
Figura 2.1 – Transformador de potência típico [LUMASENSE, 2007]
2.1.1 Núcleo
Os materiais ferromagnéticos mais utilizados na confecção de núcleos de
transformadores são provenientes das ligas de aço-silício, usualmente chamadas de
aços elétricos. O seu nome metalúrgico mais correto seria liga de ferro-silício
completamente processada, pois elas possuem um baixíssimo teor de carbono, em
torno de 0,003%. Essas ligas possuem boas características elétricas e magnéticas,
sob condições em que o fluxo reverte o sentido ou pulsa muitas vezes a cada
segundo.
A composição dessas ligas visa a obtenção de boas propriedades
magnéticas. Um de seus principais elementos é o silício, que tem a finalidade de
aumentar a resistividade dos caminhos de circulação de correntes induzidas e,
consequentemente, reduzir as perdas por correntes parasitas no material do núcleo.
Deve-se, porém, restringir o teor de silício a aproximadamente 3%, pois um alto teor
de silício requer correntes de excitação mais intensas, em altas densidades de fluxo
magnético, e, além disso, endurece a liga, potencializando os efeitos das tensões
mecânicas aplicadas à mesma.
2 Transformadores de Potência 23
Outro importante elemento da composição das ligas de aço-silício é o sulfeto
de manganês, que tem a finalidade de inibir o crescimento dos grãos. Na fabricação
de núcleos de transformadores, os aços utilizados são de grãos orientados (G.O.),
que possuem uma forte direcionalidade magnética, ou seja, o valor da
permeabilidade varia sensivelmente com a direção do fluxo magnético. A direção
mais favorável para a circulação do fluxo magnético é na direção do processo de
laminação da chapa. Estima-se um aumento no valor da componente de
magnetização da corrente de excitação em até 20 vezes, para aplicação de fluxos
magnéticos de mesma intensidade em outras direções.
A conservação das propriedades magnéticas das ligas de aço-silício
empregadas depende do controle e otimização dos métodos e processos de
fabricação do núcleo. Tensões mecânicas são introduzidas nas operações de
estampagem, corte, empilhamento, tracionamento, dobramento e armazenamento
das chapas. Tais tensões, quando elevadas, dificultam a orientação dos domínios,
devido à deformação dos cristais de metal, reduzindo a relação entre a indução e a
força magnetizante. Resulta disso, uma forte deterioração das propriedades
magnéticas, acarretando um aumento substancial nas perdas relacionadas com os
efeitos da histerese no núcleo. Consequentemente, cuidados especiais devem ser
tomados no manuseio das chapas para assegurar a preservação das características
do material.
A preservação do isolamento superficial das chapas, Carlite5, é também de
fundamental importância para a redução das perdas relacionadas aos efeitos das
correntes parasitas, ou de Foucault6.
A característica mais importante nas ligas de aço-silício é sua perda de
potência por unidade de massa. Por esta razão, as ligas são classificadas pelas
normas existentes (ABNT NBR 9119), conforme o valor dessa perda. Os tipos de
ligas de aço-silício de grãos orientados têm sua designação diferenciada em
algumas normas, como segue exemplificado na Tabela 2.1.
Os valores das perdas magnéticas apresentados nessa tabela são os
máximos permitidos para sua respectiva designação no American Iron and Steel
Institute (AISI) e ABNT.
5 Tratamento termo-químico em ambas as faces com silicato-fosfato de magnésio.
6 Homenagem ao físico Francês, Jean Bernard Léon Foucault.
2 Transformadores de Potência 24
Tabela 2.1 – Chapas de aço-silício - Características exigidas por normas (Adaptado de
GEROMEL, 2003)
Designação da chapa Perdas Magnéticas 60 Hz
NBR 9119 AISI 1,5 Tesla 1,7 Tesla
GO117-27 M-4 1,17 W/kg 1,68 W/kg
GO128-30 M-5 1,28 W/kg 1,83 W/kg
GO146-35 M-6 1,46 W/kg 2,07 W/kg
Nas normas brasileiras, as letras GO significam aço-silício de grãos
orientados. Os três primeiros números representam o cêntuplo do valor máximo da
perda em 𝑊𝑎𝑡𝑡𝑠/𝑘𝑔, em 15 𝑘𝐺𝑎𝑢𝑠𝑠 (1,5 𝑇𝑒𝑠𝑙𝑎) e 60 𝐻𝑧, e os últimos dois dígitos
representam o cêntuplo da espessura em milímetros da fita ferromagnética deste
material. Mesmo no Brasil, a designação mais usada é a proposta pelo AISI. Nessa
Norma, a letra ‗M‘ significa material magnético e o número que se segue à letra está
relacionado ao valor máximo da perda.
Os principais fabricantes de aço-silício fornecem curvas com características
médias do comportamento desses materiais, como as que são mostradas na Figura
2.2, Figura 2.3, Figura 2.4 e Figura 2.5 (GEROMEL, 2003), ilustrando estas
importantes características dos materiais ferromagnéticos M-4 e M-5, em termos de
suas perdas e potência de excitação.
Considerando que os valores apresentados na Tabela 2.1, para as perdas
magnéticas, são os máximos permitidos para cada categoria, estes são, portanto,
superiores aos encontrados nas curvas características mostradas na Figura 2.2 e
Figura 2.4. Esses valores das perdas magnéticas por unidade de massa são
utilizados na etapa de projeto, nos cálculos das perdas no núcleo do transformador.
Quando da sua utilização, tais perdas devem ser corrigidas para compensar o
aumento das mesmas em razão de imperfeições decorrentes do processamento da
chapa, durante a fabricação do núcleo.
Da mesma forma como o ocorrido com as perdas magnéticas, também os
valores da potência de excitação, Figura 2.3 e Figura 2.5, devem sofrer um
acréscimo durante o procedimento de cálculo da corrente de excitação. Nesse caso,
a maior parcela deste acréscimo é decorrente do aumento no valor de sua
2 Transformadores de Potência 25
componente de magnetização, devido à existência de entreferros nos núcleos dos
transformadores, devido a fator de empilhamento das chapas e devido aos arranjos
de chapas na confecção do núcleo.
Figura 2.2 – Perdas magnéticas em função da densidade máxima de fluxo para material M4
(GEROMEL, 2003)
Figura 2.3 – Potência de excitação em função da densidade máxima de fluxo, em 60 Hz, para
material M4 (GEROMEL, 2003)
2 Transformadores de Potência 26
Figura 2.4 – Perdas magnéticas em função da densidade máxima de fluxo, para material M5
(GEROMEL, 2003)
Figura 2.5 – Potência de excitação em função da densidade máxima de fluxo, em 60 Hz, para
material M5 (GEROMEL, 2003)
2 Transformadores de Potência 27
2.1.2 Enrolamentos
Devido à importância que é dada ao tempo de vida útil, rendimento, proteção
e custos, os principais parâmetros a serem considerados durante o projeto do
enrolamento são: as perdas, a impedância e a elevação de temperatura. Sabe-se
também que as dimensões dos enrolamentos influenciam no volume do material
magnético e, consequentemente, no valor das perdas magnéticas no núcleo.
Portanto, o projeto do enrolamento deve ser adequado também às características do
núcleo.
Os condutores que formam os enrolamentos de transformadores de potência
são constituídos geralmente de cobre eletrolítico trefilado e isento de rebarbas
possuindo os cantos arredondados, o que reduz consideravelmente a concentração
de tensões. O isolamento desses condutores é feito através de camadas de papel
KRAFT7. Os enrolamentos podem também ser construídos de cabos montados com
vários condutores planos transpostos continuamente para minimizar as perdas por
correntes parasitas, como ilustrado na Figura 2.6. Entre os enrolamentos, são
colocadas barreiras de papelão ou de outro material adequado, com a finalidade de
reduzir as distâncias necessárias à isolação.
Figura 2.6 – Cabo transposto continuamente para minimizar as perdas por correntes parasitas
nos enrolamentos
7 Papel termicamente estabilizado
2 Transformadores de Potência 28
As principais parcelas das perdas nos enrolamentos de um transformador de
potência podem ser sumarizadas em:
Perdas na resistência ôhmica dos condutores: são perdas que surgem
pela passagem de uma corrente (𝐼) por um condutor de determinada
resistência (𝑅); estas perdas são representadas pela expressão 𝐼2𝑅,
variando portanto, com o quadrado da corrente de carga aplicada ao
transformador;
Perdas adicionais nos condutores: são perdas produzidas pelas correntes
parasitas induzidas nos condutores, pelo fluxo de dispersão; dependem
da corrente (carga), do carregamento elétrico e da geometria dos
condutores das bobinas;
Perdas adicionais nas ferragens da parte ativa e tanque: são perdas
produzidas pelas correntes parasitas induzidas nestas partes metálicas,
pelo fluxo de dispersão.
2 Transformadores de Potência 29
2.1.3 Isolamento
O principal fator determinante na definição do tempo de permanência em
operação de um equipamento é o tipo de material isolante nele empregado. Os
isolantes, por sua vez, têm seu processo de envelhecimento acelerado com o
aumento da temperatura a que eles são submetidos. Além dessa propriedade, os
mesmos devem ser apropriados para contato direto com o fluido isolante.
Os materiais isolantes são classificados pela Norma ABNT NBR 7034 de
acordo com sua temperatura máxima limite, como mostra a Tabela 2.2, obtida de
CAMARGO (2005) .
Tabela 2.2 – Classificação térmica dos materiais isolantes
Classe de
temp.
Temp.
limite
(ºC)
Elevação de
temp. (ºC)
THS ≠
Tmédio(ºC) Descrição dos componentes
Y 90 45 5
Materiais fibrosos, à base de celulose
ou seda, não imersos em fluido
isolante.
A 105 60 5
Materiais fibrosos, à base de celulose
ou seda, impregnados com fluido
isolante.
E 120 75 5 Fibras orgânicas sintéticas
B 130 80 10
Materiais à base de poliéster e
polimídicos aglutinados com materiais
orgânicos ou impregnados.
F 155 100 15
Materiais à base de mica, amianto ou
fibra de vidro, aglutinados com
materiais sintético, silicones, poliésteres
ou epóxis.
H 180 125 15
Materiais à base de mica ou fibra de
vidro, aglutinados tipicamente com
silicones de alta estabilidade térmica.
C
Acima de 180 Mica, vidro, cerâmica e quartzo sem
aglutinantes.
2 Transformadores de Potência 30
Essa tabela, que é organizada por classe de temperatura, traz além de uma
breve descrição dos materiais isolantes, a elevação de temperatura máxima
suportável e o incremento de temperatura até o ponto mais quente do enrolamento.
Os fluidos isolantes utilizados em transformadores, além da função de isolar
as partes vivas (energizadas), também possuem a finalidade de dissipar o calor
gerado nos enrolamentos e núcleo. Para essa função, utiliza-se amplamente óleo
mineral de base naftênica (tipo A) ou parafínica (tipo B) em equipamentos com
tensão igual ou inferior a 145𝑘𝑉.
As características dos óleos minerais são normatizadas e as principais são
mostradas na Tabela 2.3, que traz também os valores limites e suas respectivas
normas de ensaios.
Tabela 2.3 – Características gerais para avaliação do óleo mineral isolante
Características do óleo Norma Unidade Valores Exigidos
Tensão interfacial a 25ºC NBR 6234 mN/m Mínimo 40
Teor de água NBR 5755 mg/kg Máximo 25
Rigidez dielétrica NBR 6869 kV Mínimo 30
Fator de potência dielétrica8 100ºC ASTM D 924 % Máximo 0,9
Fator de potência dielétrica 90ºC IEC 247 % Máximo 0,7
Fluidos isolantes especiais, como o R-Temp e outros à base de silicone são
utilizados quando os requisitos que se referem à segurança são relevantes, devido à
baixa inflamabilidade.
A utilização do óleo vegetal Envirotemp é recente no mercado e possui as
vantagens de ser biodegradável e de alto ponto de fulgor.
8 Fator de perdas dielétricas ou fator de dissipação.
2 Transformadores de Potência 31
2.1.4 Equipamentos Auxiliares
Tanques
O tanque é construído com chapas de aço carbono com espessura mínima
normatizada, de forma a suportar pressões negativas e positivas, sem alterar o seu
formato. Dependendo da magnitude da corrente elétrica e da agressividade do
ambiente de operação, eles devem ser construídos com ligas especiais, como por
exemplo, o aço inox, ou possuir revestimento anticorrosivo. As dimensões do
tanque, principalmente no que se referente à sua superfície em contato com o fluido
isolante, constitui um parâmetro importante para a definição das temperaturas
internas do transformador.
Trocadores de Calor
Os trocadores de calor ou simplesmente radiadores, são os principais
dispositivos responsáveis pela transferência do calor interno ao transformador para o
meio externo. Dependendo da potência e do tipo do transformador, eles podem ter
diversos formatos. O dimensionamento dos radiadores deve ser coordenado com o
projeto do tanque e principalmente dos enrolamentos e da disposição física dos
condutores dentro deles. Essa coordenação tem como finalidade a obtenção de
temperaturas compatíveis com as necessidades do projeto.
Medidores / Indicadores
O fluido isolante dilata ou contrai em decorrência de sua troca de calor com as
partes ativas do transformador e também com o ambiente. Em função disso,
medidores do nível do óleo e da sua temperatura, juntamente com os medidores de
temperatura dos enrolamentos são instalados para indicar localmente seus valores,
registrar remotamente e ainda servir de proteção ao transformador.
2 Transformadores de Potência 32
2.2 Rendimento e Perdas
Como já visto, os transformadores têm como finalidade transferir energia
elétrica entre dois ou mais circuitos, separados eletricamente e com níveis de tensão
diferentes. Por outro lado, essa transferência de energia não é ideal, já que desse
processo resultam perdas de energia que, por sua vez, dissipadas na forma de calor.
2.2.1 Rendimento
Transformadores possuem rendimento elevado, devido às baixas perdas em
relação à potência elétrica nominal. A Tabela 2.4 traz valores típicos de rendimento
para transformadores trifásicos imersos em fluido isolante.
Nesta tabela, o rendimento é classificado em conformidade com a potência e
a classe de tensão (para a qual o isolamento é dimensionado), considerando o
transformador operando com 100% de sua carga nominal e à temperatura de 75°𝐶.
O regime de funcionamento dos transformadores de potência pode oscilar
entre operação a vazio, operação com carga nominal, e até mesmo em sobrecarga,
sendo que, na maior parte do tempo, muitos operam com uma carga bastante
reduzida.
Tabela 2.4 – Rendimentos típicos para transformadores trifásicos imersos em fluido isolante
Transformadores Trifásicos
Classe
(kV)
Potência (kVA)
15 30 45 75 112,5 150 225 300 500 5000
15 96,52 97,07 97,35 97,66 97,88 98,04 98,15 98,27 98,48 99,21
24,2 96,08 96,74 96,06 97,40 97,65 97,81 98,01 98,15 98,36 X
36,2 96,08 96,74 96,06 97,40 97,65 97,81 98,01 98,15 98,36 X
2 Transformadores de Potência 33
Diferentemente das perdas nos enrolamentos, que variam com o valor da
carga, as perdas magnéticas no núcleo praticamente independem da carga aplicada
ao transformador.
Considerando o exposto e o fato dos transformadores estarem
permanentemente submetidos à tensão (energizados), evidencia-se a importância
das perdas magnéticas restringirem-se a valores muito reduzidos, para que
rendimentos melhores sejam obtidos com o equipamento operando, por exemplo
com 50% de sua carga nominal. Porém, dependendo da aplicação destinada ao
equipamento, pode ser conveniente que o rendimento máximo ocorra em outro
ponto da curva ―rendimento x carga‖.
A Figura 2.7, obtida de GEROMEL (2003), mostra um gráfico com três
exemplos de curvas do tipo ―rendimento x carga‖, onde 𝑃𝑁(vazio) / 𝑃𝐶(carga) é a
relação entre as perdas no transformador operando a vazio e em carga plena.
Nestas curvas, o valor ideal da carga onde o rendimento máximo deve ser
alcançado no projeto é definido através da carga média estimada imposta ao
equipamento durante a sua operação. Observa-se que, embora o rendimento seja
igual para a carga nominal, o valor máximo para cada caso vai depender da relação
existente entre as perdas.
Figura 2.7 – Curvas “Rendimento x Carga” (GEROMEL, 2003)
2 Transformadores de Potência 34
As Equações (2.1) e (2.2), também obtidas de GEROMEL (2003), indicam
como o valor (𝑘𝐶) da carga onde o rendimento é máximo (𝑛𝑀𝐴𝑋 ) pode ser obtido a
partir das perdas. Essa característica é mostrada no gráfico da Figura 2.8.
𝑘𝐶 = 𝑃𝑁
𝑃𝐸=
𝑃(𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜)
𝑃 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 − 𝑃(𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜)
(2.1)
𝑛𝑀𝐴𝑋 =
𝑆𝑁 . 𝑐𝑜𝑠φ
𝑆𝑁 . 𝑐𝑜𝑠𝜑 + 𝑘𝐶 . 𝑃𝐸 (2.2)
Figura 2.8 – Relação entre as perdas no núcleo e as perdas nos enrolamentos (𝒌𝑪), em função
da carga (GEROMEL, 2003)
2 Transformadores de Potência 35
2.2.2 Comportamento das Perdas de Potência em Transformadores
Os efeitos das correntes de cargas senoidais e não senoidais (harmônicas)
nas perdas no núcleo, enrolamento e outras partes do transformador, as definições
do fator de perda harmônica (𝐹𝐻𝐿) e Fator-K e a distorção harmônica total de tensão
e corrente serão abordados através dos equacionamentos disponíveis na
recomendação IEEE Std C57.110 e no procedimento IEEE Std C57.12.90.
Estes documentos classificam as perdas totais (𝑃𝑇) no transformador como a
soma das perdas no núcleo ou a vazio (perda de excitação) (𝑃𝑁) e a perda em carga
(perda de impedância) (𝑃𝐶), conforme Equação (2.3):
𝑃𝑇 = 𝑃𝑁 + 𝑃𝐶 [𝑊] (2.3)
A perda no núcleo, ou no ferro, é causada pelo fenômeno da histerese
magnética (𝑃𝐻) e por correntes parasitas circulantes no material ferromagnético (𝑃𝐹).
𝑃𝑁 = 𝑃𝐻 + 𝑃𝐹 [𝑊] (2.4)
A perda em carga, ou no cobre, é subdividida em perdas por efeito Joule
(𝑃𝐼2𝑅), as quais variam com o quadrado da corrente de carga na resistência em
corrente alternada dos enrolamentos (𝐼2𝑅𝐶𝐴) e perdas por dispersão, também
denominadas perdas adicionais ou suplementares (𝑃𝐷), conforme Equação (2.5):
𝑃𝐶 = 𝑃𝐼2𝑅 + 𝑃𝐷 [𝑊] (2.5)
2.2.2.1 Perdas Adicionais por Correntes Parasitas
As perdas adicionais (𝑃𝐷) podem ainda ser subdivididas em perdas nos
enrolamentos por correntes parasitas (eddy currents) (𝑃𝐸𝐶) e perdas por dispersão
em outros componentes (𝑃𝐷𝑂𝐶 ) (PIERCE, 1996) devido à circulação de correntes
entre os condutores e circuitos paralelos ao enrolamento. A perda total por dispersão
é definida conforme Equação (2.6):
2 Transformadores de Potência 36
𝑃𝐷 = 𝑃𝐶 − 𝑃𝐼2𝑅 = 𝑃𝐸𝐶 + 𝑃𝐷𝑂𝐶 [𝑊] (2.6)
Conhecidas as componentes das perdas de carga, a mesma pode então ser
expressa pela seguinte Equação (2.7):
𝑃𝐶 = 𝑃𝐼2𝑅 + 𝑃𝐸𝐶 + 𝑃𝐷𝑂𝐶 [𝑊] (2.7)
A conversão destas perdas para o sistema ―por unidade‖ (𝑝𝑢), permite
calcular a densidade de perdas nos enrolamentos, fator de maior interesse na
operação de transformadores operando sob condições de cargas não senoidais.
A corrente de base é a corrente nominal (𝐼𝑁) e a densidade de perdas base é
a densidade de perdas nos enrolamentos na resistência em corrente contínua
(𝐼2𝑅𝐶𝐶 ) (PIERCE, 1996). Dividindo-se a Equação (2.7) por essa perda base (em
condições nominais), obtém-se a Equação (2.8):
𝑃𝐶,𝑁,𝑝𝑢 = 1 + 𝑃𝐸𝐶 ,𝑁 ,𝑝𝑢 + 𝑃𝐷𝑂𝐶 ,𝑁,𝑝𝑢 [𝑝𝑢] (2.8)
Conhecida a perda por correntes parasitas em enrolamentos sob condições
nominais de carga senoidal (𝑃𝐸𝐶 ,𝑁), a perda por correntes parasitas devido às cargas
não senoidais (𝑃𝐸𝐶) pode ser expressa pela Equação (2.9):
𝑃𝐸𝐶 = P𝐸𝐶 ,𝑁 .
Ih
IN
2
. h2=𝑚𝑎𝑥
=1[𝑊] (2.9)
A corrente base eficaz (𝑅𝑀𝑆) (𝐼𝑵) é a corrente nominal com transformador
alimentando carga senoidal. O valor eficaz em 𝑝𝑢 de uma corrente periódica não
senoidal (𝐼 ) é dado pela Equação (2.10):
𝐼 ,𝑝𝑢 = Ih2
=𝑚𝑎𝑥
=1[𝑝𝑢]
(2.10)
2 Transformadores de Potência 37
A Equação (2.9) pode também ser escrita na forma 𝑝𝑢, conforme Equação
(2.11), onde a corrente de base é a corrente nominal (𝐼𝑁) e a base de perda (𝐼2𝑅𝐶𝐶 ) é
a perda na resistência em c.c.
𝑃𝐸𝐶 ,𝑝𝑢 = P𝐸𝐶 ,𝑁 . Ih,pu
2 . h2=𝑚𝑎𝑥
=1[𝑝𝑢] (2.11)
2.2.2.2 Efeito das Correntes Harmônicas sobre a Perda no Núcleo
As componentes harmônicas presentes na corrente de carga podem criar
distorções na forma de onda da tensão e corrente. Estas distorções, juntamente com
a componente em c.c. da corrente de carga, têm como consequência uma maior
indução nas partes que compreendem o núcleo. Isto pode provocar aumento da
corrente de excitação, indução por correntes parasitas não senoidais no núcleo e
elevação do nível do ruído sonoro, proveniente do fenômeno da magnetoestricção9.
Apesar disso, as correntes de indução não senoidais são extremamente inferiores
quando comparadas com as correntes de carga, sendo seus efeitos nas perdas
totais, mínimas (PIERCE, 1996) em um projeto de transformador bem elaborado e
fabricado.
2.2.2.3 Efeito das Correntes Harmônicas sobre a Perda nos Enrolamentos
Se o valor eficaz da corrente de carga (𝐼𝑵) é aumentado devido às correntes
harmônicas, então a perda por efeito Joule será incrementada de acordo com o
quadrado do aumento do nível da corrente. Note que, se o valor eficaz da corrente
de carga é mantido com a adição de correntes harmônicas, a componente
fundamental então será reduzida. Mas, se a componente fundamental é mantida
enquanto correntes harmônicas são aumentadas, então o valor eficaz da corrente de
carga aumentará, podendo levar o transformador à operação em sobrecarga
(PIERCE, 1996). Este é um ponto de limitação da potência aparente em
transformadores alimentando cargas não senoidais denominado Fator de Perda
9 Propriedade dos materiais ferromagnéticos que fazem com que eles alterem suas dimensões
durante o processo de magnetização.
2 Transformadores de Potência 38
Harmônica (𝐹𝐻𝐿), ou Fator de Desclassificação (derating), que será discutido a
seguir.
2.2.3 Fator de Perda Harmônica x Fator-K
Historicamente, a potência nominal e o calor que um transformador dissipa
em regime de plena carga são calculados com base na hipótese de que o sistema é
composto por cargas senoidais que, por definição, não produzem harmônicas. As
características nominais dos transformadores baseiam-se no aquecimento
provocado por correntes senoidais de 60 𝐻𝑧. No entanto, se pelo transformador
circular corrente que contenha componentes harmônicas, ele sofrerá um
aquecimento adicional que poderá levá-lo a avaria ou redução de sua vida útil.
Qualquer transformador que transporta corrente harmônica deve ser avaliado
para verificar se opera em condições nominais ou em sobrecarga.
Existem duas abordagens para a avaliação de transformadores que
alimentam cargas não senoidais:
Projetar de forma antecipada a capacidade harmônica do transformador
utilizando Fator-K [UL10];
Desclassificar transformadores convencionais para suportarem uma dada
capacidade harmônica [𝐹𝐻𝐿 ou Derating].
Os dois índices são similares, porém não são idênticos. O Fator-K, conforme
definido pela Norma UL 1561-1994 é calculado pela Equação (2.12):
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 − 𝐾 =
Ih
IR
2
. h2
∞
=1
=1
𝐼𝑅2 Ih
2 . h2
∞
=1
(2.12)
O 𝐹𝐻𝐿 , como definido pela Recomendação Prática (IEEE STD C57.110), é
dado pela Equação (2.13):
10
Underwriters Laboratories (Entidade Certificadora de Produtos Independente)
2 Transformadores de Potência 39
𝐹𝐻𝐿 = Ih
2 . h2=𝑚𝑎𝑥=1
Ih2=𝑚𝑎𝑥
=1
(2.13)
Rearranjando temos:
𝐹𝐻𝐿 Ih2
=𝑚𝑎𝑥
=1
= Ih2 . h2
=𝑚𝑎𝑥
=1
Substituindo o resultado acima, na Equação (2.12), temos a relação entre o
Fator-K e o Fator de Perda Harmônica (𝐹𝐻𝐿), na Equação (2.14).
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 − 𝐾 =
Ih2=𝑚𝑎𝑥
=1
𝐼𝑅2 𝐹𝐻𝐿 (2.14)
O 𝐹𝐻𝐿 é uma função da distribuição harmônica e é independente da
magnitude relativa. O Fator-K é dependente tanto da magnitude quanto da
distribuição da corrente harmônica. Para medições de correntes harmônicas em
instalações existentes, o valor numérico do Fator-K é diferente do valor numérico do
𝐹𝐻𝐿 . Para um conjunto de medições de cargas não senoidais, o cálculo da Fator-K é
dependente da corrente do secundário do transformador. Para um novo
transformador com correntes harmônicas especificadas em 𝑝𝑢 da corrente nominal
do secundário do transformador, o Fator-K e o 𝐹𝐻𝐿 possuem os mesmos valores
numéricos. O valor numérico do Fator-K é igual ao valor numérico do 𝐹𝐻𝐿 somente
quando a raiz quadrada da soma das correntes harmônicas ao quadrado, é igual à
corrente secundária nominal do transformador.
2.2.4 Distorção Harmônica Total
O submódulo 2.8 da Regulamentação Normativa PROREDE (ONS, 2009)
elaborado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico define o 𝐷𝑇𝐻𝑇 (Distorção de
Tensão Harmônica Total) ou 𝑇𝐻𝐷𝑣 (Total Voltage Harmonic Distortion), através da
Equação (2.15), como indicador para avaliar o desempenho global quanto a
2 Transformadores de Potência 40
presença de componentes harmônicas na tensão em regime permanente, nos
barramentos da Rede Básica11.
Esse indicador não se aplica a fenômenos transitórios ou de curta duração
que resultem em injeção de correntes harmônicas, como ocorre, por exemplo, na
energização de transformadores ou partida de unidades geradoras que utilizem
equipamentos conversores de frequência.
𝐷𝑇𝐻𝑇 = 𝑉2
50
2 [%]
(2.15)
Onde:
𝑉 = 100.𝑉
𝑉1 , tensão harmônica de ordem em porcentagem da tensão na
frequência fundamental obtida durante a medição
𝑉 tensão harmônica de ordem , em volts
𝑉1 tensão na frequência fundamental obtida durante a medida, em volts
Portanto, entende-se por 𝐷𝑇𝐻𝑇, a raiz quadrada do somatório quadrático das
tensões harmônicas de ordens 2 a 50. Esse conceito procura quantificar o conteúdo
harmônico total existente em um determinado barramento da rede básica.
Os valores dos indicadores, tanto o indicador total (DTHTS95%) quanto os
indicadores por harmônicos a serem comparados com os valores limites são assim
obtidos:
determina-se o valor que foi superado em apenas 5% dos registros
obtidos no período de 1 dia (24 horas), considerando os valores dos
indicadores integralizados em intervalos de 10 (dez) minutos, ao longo de
7 (sete) dias consecutivos; e
o valor do indicador corresponde ao maior entre os sete valores obtidos,
anteriormente, em base diária.
Os limites globais inferiores correspondentes aos indicadores de tensões
harmônicas individuais de ordens 2 a 50, bem como ao indicador DTHTS95% estão
indicados na Tabela 2.5.
11
Rede de linhas de transmissão e subestações em tensão igual ou superior a 230 kV
2 Transformadores de Potência 41
Tabela 2.5 – Limites globais inferiores de tensão em porcentagem da tensão fundamental
(ONS, 2009)
V < 69 kV V ≥ 69 kV
Ímpares Pares Ímpares Pares
Ordem Valor (%) Ordem Valor (%) Ordem Valor (%) Ordem Valor (%)
3, 5, 7 5 3, 5, 7 2
2, 4, 6 2 2, 4, 6 1
9, 11, 13 3 9, 11, 13
≥8 1 ≥8 0,5
15 a 25 2 15 a 25 1
≥27 1 ≥27 0,5
DTHTS95% = 6 % DTHTS95% = 3 %
Os limites globais superiores são determinados pela multiplicação dos limites
globais inferiores correspondentes pelo fator (4/3). Por exemplo, os limites globais
superiores relativos aos indicadores DTHTS95% para V< 69 kV e V ≥ 69 kV são,
respectivamente, 8% e 4%.
2.3 Capacidade de Sobrecarga
A elevação de temperatura limita a potência a ser fornecida por um
transformador. O aquecimento em excesso, contribui para o envelhecimento precoce
do isolamento, diminuindo a vida útil do transformador, a qual é considerada neste
trabalho, igual a 180.000 𝑜𝑟𝑎𝑠 ou, 20.6 𝑎𝑛𝑜𝑠, sob as seguintes condições
operacionais:
Tensões de alimentação puramente senoidais, equilibradas e simétricas;
Carregamento nominal e senoidal;
Funcionamento contínuo.
Segundo MAIA, et al. (2008), eventuais sobrecargas podem ser aplicadas em
unidades operando abaixo destas condições, sem comprometer a vida útil nominal,
pois as mesmas estariam teoricamente com sua vida útil real aumentada.
A temperatura ambiente é um fator importante na determinação da
capacidade de carga dos transformadores, uma vez que a elevação de temperatura
2 Transformadores de Potência 42
para qualquer carga, deve ser acrescida da temperatura ambiente para se
determinar a temperatura de operação.
Para fins de cálculo do carregamento térmico, os transformadores são
considerados operando num ciclo de carga que se repete a cada 24 horas. Este
ciclo de carga pode ser constante, ou pode ter um ou mais picos durante o período,
podendo apresentar sobrecargas, desde que os limites de temperatura da Tabela
2.6 (ABNT NBR 5416, 1997) abaixo, não sejam ultrapassados.
Tabela 2.6 – Limites de temperatura (NBR 5416-1997)
Tipo de
Carregamento
Potência (%)
Classe
55°C 65°C
Temperatura (°C)
≤ 100MVA >100MVA Óleo
Pto. mais
quente Óleo
Pto. mais
quente
Normal 150 130 95 105 105 120
Emerg. Longa
Duração 150 130 105 120 110 130
Emerg. Curta
Duração 150 140 105 130 110 140
Não há um critério único para a avaliação do fim da vida do transformador.
Entretanto, é possível fazer uma avaliação da velocidade do envelhecimento
adicional a que está sendo submetido o equipamento, comparando a perda de vida
com uma taxa de perda de vida média de referência.
A Norma NBR 5416 calcula perda de vida percentual (𝑃𝑉), ao longo de um
período de tempo Δ𝑡 (horas), em que a temperatura do ponto mais quente do
enrolamento (θ𝐻𝑆 ) permanece constante, pela Equação (2.16):
𝑃𝑉 = 10
− 𝐵
273 +θ𝐻𝑆+𝐴
. 100. Δ𝑡 [%], (2.16)
Onde:
𝐴 = -14,13 (Classe 55°C) ou, -13,39 (Classe 65°C)
𝐵 = 6972,15
2 Transformadores de Potência 43
Transformadores devem operar segundo ciclos de carga que não propiciem
perdas de vida adicionais, mas em casos extremos, onde uma determinada
contingência operacional obriga que esta perda de vida seja necessária, deve-se
impor um valor máximo de perda de vida adicional.
Deve-se evitar operar o transformador com temperaturas do ponto mais
quente do enrolamento superiores a 140°𝐶, devido ao potencial risco de liberação
de bolhas de gás provenientes da decomposição da isolação sólida, que poderiam
comprometer a integridade da rigidez dielétrica do equipamento (ASSUNÇÃO,
2007).
Segundo a NBR 5416 e a IEEE C57.110, são admitidas cargas programadas
de até 1,5 vezes a corrente nominal, para as quais não devem existir quaisquer
outras limitações além das capacidades térmicas dos enrolamentos e do sistema de
refrigeração.
2.4 Ensaios de Carregamento
O ensaio em carga de transformadores de potência tem como finalidade
principal a verificação das condições térmicas de operação do transformador em
condições nominais e especiais de operação (EBERT, 2000). Diversas são as
alternativas possíveis para realização dos ensaios em carga:
faixa de potência do transformador a ser ensaiado;
forma de alimentação do transformador;
formas de controle do carregamento.
2.4.1 Faixa de Potência
A faixa de potência do transformador sob ensaio pode ser em escala real ou
em escala reduzida, estando este conectado à rede ou sendo alimentado de forma
isolada da rede. Estando o transformador conectado à rede elétrica, o controle do
carregamento pode ser realizado por variação de impedância de paralelismo entre
dois transformadores, transformador defasador ou conversor estático.
A utilização de transformadores de potência em escala real, para proceder ao
ensaio de carregamento, possui elevado custo devido à faixa de potência e tensões
2 Transformadores de Potência 44
envolvidas e os cuidados necessários à sua operação no sistema, com grande risco
à integridade do sistema elétrico em casos onde, durante o ensaio, ocorra algum
distúrbio na rede, sendo impraticável a operação isolada da rede.
O escalonamento de transformadores permite inferir sobre o funcionamento
de grandes equipamentos a partir do ensaio de pequenos transformadores. O ensaio
de um transformador em escala reduzida simplifica os procedimentos operacionais,
seus custos iniciais e operacionais, não representando riscos para a integridade do
sistema elétrico (SILVA e LOPES, 2004). Pode-se caracterizar esta alternativa por
apresentar:
Menor custo de investimento e menor custo operacional;
Possibilidade da aquisição de um transformador novo com projeto
específico e com monitoramento de temperatura;
Projeto e construção extremamente diferentes, exigindo atenção especial
na especificação do transformador;
Menores riscos operacionais do ensaio para o sistema elétrico da
concessionária e para o fornecimento de energia elétrica com qualidade e
confiabilidade aos consumidores;
Alimentação pode ser proporcionada em laboratório, com diversas formas
de energização e de controle de carregamento.
2.4.2 Ensaio usando um Conversor Estático Reversível
Uma alternativa para implementar o ensaio em carga é utilizar um conversor
estático reversível (CER) em potência alimentando o secundário de dois
transformadores, sendo um deles a unidade em teste. A Figura 2.9 ilustra esta
configuração de ensaio.
A utilização do CER nos ensaios de carregamento de transformadores
permite o controle independente de potência ativa e reativa, em ambos os sentidos
de fluxo, permitindo combinar efeitos de baixo fator de potência, controle de carga e
controle do nível de tensão secundária.
2 Transformadores de Potência 45
A energia gasta para realizar o ensaio representa apenas as parcelas de
perdas dos dois transformadores e do conversor, advindo desta constatação, o
termo ―FONTE REGENERATIVA‖.
Figura 2.9 – Esquema básico do ensaio em paralelismo com conversor estático para controle
de carregamento do transformador sob teste (SOUSA, 2007)
2.4.3 Características da Fonte Regenerativa
A Figura 2.10 e a Figura 2.11 ilustram a bancada de testes para ensaios de
transformadores, apresentada em SOUSA (2007) e construída no Laboratório de
Conversão e Controle de Energia da Universidade Federal de Minas Gerais
(LCCE/UFMG).
Figura 2.10 – Painel de controle da Fonte Regenerativa (Souza, 2007)
2 Transformadores de Potência 46
Figura 2.11 – Leiaute dos componentes da Fonte Regenerativa (Sousa, 2007)
Diversas são as vantagens do método usando a Fonte Regenerativa: além da
utilização de conversores estáticos, conforme sugestão feita pela própria
Recomendação Prática do IEEE (IEEE STD C57.110), a possibilidade de realização
de ensaios de transformadores em ambiente laboratorial, minimizando riscos
operacionais, recursos de coleta de dados automatizados, flexibilidade no controle
do perfil de carregamento do transformador, seja ele em degrau (Ensaio de Regime
Permanente12) ou variável, baixo consumo de energia e a desprezível poluição na
rede elétrica das instalações do LCCE (SOUSA, LOPES e SILVA, 2008)
Podem-se citar como desvantagens deste método o fato do conversor ter que
possuir potência nominal superior à do transformador sob teste e a geração de
correntes e tensões harmônicas devido à ação de chaveamento dos conversores.
Para minimizar este último aspecto, MATOS, et al. (2010) projetaram e
instalaram dois filtros LCL's ressonantes, de alta frequência, nos lados de c.a. dos
conversores para atenuar os harmônicos provenientes do chaveamento no sistema.
Os mesmos são análogos, visto que as características construtivas dos dois
transformadores e dos dois conversores estáticos são bem próximas.
Entre as alternativas apresentadas para a construção da bancada, optou-se
pela utilização de transformadores em ―escala reduzida‖, com características de
transformadores de elevada potência com relação ao comportamento térmico mas
12
Heat Run Test, na literatura em língua inglesa.
2 Transformadores de Potência 47
construídos em baixa tensão e baixa corrente É necessário que o comportamento
térmico do transformador sob testes seja similar ao dos transformadores que estão
sendo representados, pois serão utilizados para validar a metodologia de avaliação
do desempenho térmico transformadores em condições senoidais e não senoidais.
Os parâmetros básicos dos transformadores são:
transformador trifásico, 50kVA, 60Hz, 480/220V, isolado a óleo mineral de
natureza naftênica ou parafínica;
núcleo empilhado de três pernas em chapas de aço silício laminadas a
frio com grãos orientados tendo indução magnética entre 1.6 e 1.7 Tesla;
enrolamentos concêntricos fabricados com condutores retangulares de
cobre, do tipo cilíndrico ou disco com isolamento em papel Kraft neutro,
classe térmica A (105°C);
elevação de temperatura em relação a temperatura ambiente no topo do
óleo de 55°C, e no ponto mais quente do enrolamento, 65°C;
os transformadores devem ter razões de perdas diferentes - estima-se
que um transformador deve ser projetado para 𝑅 = 4 (𝐵 = 1,76 Tesla) e
o outro para 𝑅 = 8 (𝐵 = 1,62 Tesla);
medição das temperaturas internas através de sensores;
Tabela 2.7 – Características construtivas dos transformadores da bancada de teste (ORTENG,
2008)
Descrição TI TT Unidade
Potência nominal 50 50 kVA
Classe 55 55 °C
Perdas totais nos enrolamentos, 𝑃𝐶 (𝐼2𝑅) 1149 1115 W
Perdas no núcleo, 𝑃𝑁 210 301 W
Relação de perdas, 𝑅 6,47 4,7
Massa do núcleo e enrolamentos, 𝑀𝐶𝐶 176 160 kg
Massa do tanque e auxiliares, 𝑀𝑇𝐴𝑁𝐾 120 120 kg
Volume de fluido 109 109 litros
Tipo de condutor (1= alum. 2= cobre) 2 2
Tipo de fluido (1=óleo, 2=silicone, 3=HTHC) 1 1
Tipo de refrigeração (1= ONAN, 2= ONAF, 3=OFAF, 4=ODAF) 1 1
2 Transformadores de Potência 48
A Tabela 2.7 apresenta as características construtivas relevantes para
avaliação do desempenho térmico, informadas no relatório final de testes de
fabricação dos transformadores da bancada (ORTENG, 2008).
O transformador em teste será conectado diretamente à rede elétrica, sendo o
controle do carregamento realizado pelo CER, em potência, através de duas pontes
conversoras trifásicas de 6 pulsos a IGBT's. O controle de chaveamento das pontes
de IGBT's torna possível controlar as potências ativa e reativa durante o
carregamento do transformador sob teste juntamente com a regulação da tensão de
alimentação. As estruturas das malhas de controle de corrente nos dois conversores
são análogas.
As técnicas de controle vetorial são utilizadas para o controle de corrente,
sendo sua saída, a referência de tensão a serem sintetizadas pelo conversor, que
utiliza modulação por largura de pulsos (𝑃𝑊𝑀). Para o controle desejado dos fluxos
de potência ativa e reativa, e também para o controle da tensão no barramento CC,
malhas de potência e de tensão são implementadas externas às malhas de controle
de corrente.
A topologia da bancada permite que o transformador de conexão (isolação) e
o transformador sob teste sejam ensaiados, sem que para isto sejam trocados de
posição. A possibilidade de fluxo de potência bidirecional permite que, o fluxo de
potência ativa seja do transformador de conexão para o transformador sob teste ou
do vice-versa, permitindo assim um total controle do perfil de carregamento.
A Figura 2.12 ilustra o diagrama em blocos da Fonte Regenerativa, onde
todas as perdas internas foram mapeadas previamente para que se possam
quantificar somente as perdas relativas ao transformador em teste.
2 Transformadores de Potência 49
Figura 2.12 – Diagrama em blocos da bancada de testes de transformadores (Fonte
Regenerativa) (Sousa, 2007)
Para avaliar o comportamento térmico, em determinados pontos dos
transformadores foram instalados nove (09) sensores RTD13 (PT100) para medições
de temperatura, como ilustra a Figura 2.13 e detalhado na Tabela 2.8.
Figura 2.13 – Exemplo de posicionamento dos sensores de temperatura (PT100) em um dos
enrolamentos de um transformador da bancada de testes
13
Resistance Temperature Detector
2 Transformadores de Potência 50
Tabela 2.8 – Distribuição dos sensores de temperatura (PT100) nos enrolamentos (Sousa,
2007)
Número de Sensores
Instalados Local de Instalação
1 Topo do óleo
1 Topo do enrolamento X2
6 2/3 da altura dos
enrolamentos
1 Metade da altura do
enrolamento X2
2.5 Considerações Finais
Neste capítulo, as principais partes dos transformadores de potência que
influenciam nas perdas e consequentemente na vida útil destes ativos foram
apresentadas.
Os equacionamentos das perdas sob carregamento senoidal e não senoidal
foram demonstrados e seus efeitos discutidos.
O método de ensaio de carregamento de transformadores de potência
utilizando conversores estáticos reversíveis (Fonte Regenerativa) foi abordado.
Através desta alternativa, testes de desempenho térmico, dentre outros, podem ser
realizados em ambiente laboratorial, com baixo consumo de energia e grande
flexibilidade na aplicação dos perfis de carregamento.
3 MODELOS PARA CÁLCULO DA ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA
EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA
Há uma crescente demanda em manter os transformadores de potência em
operação mais do que tem sido a prática no passado, por razões econômicas. Tem
sido demonstrado na literatura (SWIFT e MOLINSKI, 1996); (TYLASVKY, HE, et al.,
2000) que o prolongamento da vida em vários anos pode economizar gastos
consideráveis, e é prudente que a monitoração e o controle do carregamento do
transformador sejam feitas corretamente.
Para atender a estes requisitos básicos, os modelos matemáticos para estudo
do carregamento de transformadores devem satisfazer os seguintes critérios:
devem ser precisos;
a técnica de modelagem deve ser independente do transformador;
para fins de diagnóstico, os modelos devem ser fisicamente amparados;
os estados medidos devem ser observáveis no modelo;
os parâmetros devem ser estimáveis a partir de medições on-line usando
sensores instalados facilmente.
Este capítulo apresenta os modelos clássicos normatizados e os modelos
disponíveis na literatura técnica para avaliação da dinâmica de elevação térmica nos
transformadores sob carregamento senoidal e não senoidal.
3.1 Modelos Normatizados
A referência normativa internacional sobre carregamento de transformadores
de potência encontra-se na Norma IEC 60076-7:2005 e no Guia IEEE STD C57.91-
1995. Ambos os documentos apresentam abordagens matemáticas clássicas,
relacionadas ao carregamento senoidal, tornando-se muito semelhantes ao
descrever os fenômenos de elevação de temperatura no interior dos
transformadores (JARDINI, BRITTES, et al., 2005).
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 52
O propósito destes documentos é o de identificar riscos e estabelecer limites
e diretrizes para a aplicação de carregamento em transformadores acima das suas
especificações originais, de forma a reduzir tais riscos para níveis aceitáveis.
O envelhecimento e a deterioração mecânica da isolação dos enrolamentos
ao longo da vida útil de um transformador tem sido a base para a determinação do
carregamento dos mesmos. A determinação da perda de vida é uma função do
tempo de exposição do isolamento do transformador à temperatura, umidade e
oxigênio. Modernos sistemas de preservação de óleo têm minimizado as
contribuições da umidade e do oxigênio nesta deterioração, restando a temperatura
da isolação como parâmetro a ser controlado.
Como em diversos sistemas, a distribuição da temperatura em um
transformador de potência não é uniforme. A região de maior temperatura
corresponde àquela onde há maior desgaste. Portanto, nos estudos de
envelhecimento dos transformadores é usual considerar os efeitos produzidos pela
ação da maior temperatura ou da temperatura do ponto mais quente (θ𝐻𝑆 ). Essa
temperatura consiste das três componentes abaixo:
θHS = θA + ΔθTO + ΔθHS [°C] (3.1)
A elevação de temperatura no ponto mais quente (Δθ𝐻𝑆) soma-se à elevação
da temperatura no topo do óleo (ΔθTO ) e à temperatura ambiente (θ𝐴). Estas
componentes são uma função do aumento de carga (corrente) do transformador que
apresenta como consequência, um aumento nas perdas internas e, com isso,
provocam um aumento global da temperatura interna. A variação de temperatura
depende da relação entre a dinâmica das diversas partes relacionadas com a
capacidade térmica dos transformadores (massa do núcleo, enrolamentos, óleo,
etc.).
No Brasil, a Norma NBR 5416 estabelece os procedimentos para
carregamento de transformadores de potência, fabricados e testados conforme a
Norma NBR 5356, a qual possui equivalência com a Norma Internacional IEC 60076-
7:2005.
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 53
3.1.1 Guia IEEE Std C57.91-1995
O guia para Carregamento de Transformadores Imersos em Óleo Mineral,
recomenda que o método de cálculo da temperatura do ponto quente seja contínuo,
como consta em sua Cláusula 7. No mesmo documento, no seu anexo G, um
método alternativo é sugerido.
O primeiro método utiliza um conceito de elevação (e queda) exponencial de
temperatura, que é interessante, porque está estreitamente associado ao
aquecimento e resfriamento da água, em um fogão, por exemplo. Outro motivo desta
abordagem é que muitos engenheiros estão familiarizados com o processo de carga
e descarga de um circuito RC (Resistor-Capacitor), de modo que há uma analogia
muito benéfica à compreensão do processo.
O método alternativo, é mais rigoroso, utilizando puramente conceitos da
termodinâmica e os princípios de transferência de calor. A transferência de calor
difere da termodinâmica a qual considera apenas os estados de equilíbrio, enquanto
a primeira inclui a variável tempo, um fator essencial neste contexto (SWIFT,
MOLINSKI e LEHN, 2001).
3.1.1.1 Método da Cláusula 7
O método clássico de representação da elevação de temperatura por uma
Equação exponencial de primeira ordem e alguns poucos parâmetros torna-se muito
atrativo do ponto de vista de implementação, funcionando em casos onde os
transformadores não estão sendo exigidos em suas capacidades máximas. É um
dos métodos mais utilizados nos casos onde os relatórios de teste final do fabricante
estão disponíveis.
As Equações que caracterizam este método para cálculo da elevação de
temperatura no topo do óleo após uma variação de carga são expressas a seguir:
ΔθTO = ΔθTO ,f − ΔθTO ,i 1 − 𝑒−
𝑡
𝜏𝑇𝑂 + ΔθTO ,i[°𝐶] (3.2)
ΔθTO ,f = ΔθTO ,N . 1 + K2 . R
1 + R
𝑛
[°𝐶] (3.3)
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 54
Observa-se que no cálculo da elevação de temperatura no topo do óleo são
consideradas como fonte de calor as parcelas de perdas em carga e a parcela de
perdas a vazio. A distinção entre estas parcelas na Equação (3.3) pode ser
verificada pela dependência com o quadrado do carregamento do termo das perdas
em carga.
A elevação da temperatura no ponto mais quente (Δθ𝐻𝑆 ) em relação ao topo
do óleo é dada por:
ΔθHS = ΔθHS ,f − ΔθHS ,i 1 − 𝑒−
𝑡
𝜏𝑒 + ΔθHS ,i [°C] (3.4)
ΔθHS ,f = ΔθHS ,N . 𝐾2𝑚 [°𝐶] (3.5)
No cálculo da elevação da temperatura no ponto mais quente, apenas a
parcela de perdas em carga é considerada, caracterizada pela dependência do
carregamento, elevado a uma potência de expoente 𝑚.
Este método necessita dos seguintes dados de entrada e parâmetros
relacionados abaixo e na Tabela 3.1:
Perfil de carregamento [𝐾];
Elevação da temperatura no topo do óleo, em carga nominal [Δθ𝑇𝑂 ,𝑁 ];
Elevação da temperatura no ponto mais quente do enrolamento, em carga
nominal [Δθ𝐻𝑆 ,𝑁 ];
Relação entre perdas em carga e a vazio [𝑅];
Constante de tempo do óleo [𝜏𝑇𝑂 ];
Constante de tempo do ponto mais quente [𝜏𝐻𝑆 ];
Expoentes de não linearidade 𝑚 e 𝑛
Como modelo da dinâmica térmica, espera-se que o equacionamento da
Cláusula 7 do guia IEEE apresente a elevação de temperatura no topo do óleo sobre
a temperatura ambiente como um ponto de partida razoável para as pesquisas na
área. No entanto, os dados coletados de grandes transformadores no campo
indicam que este modelo não é tão preciso como desejado, não conseguindo
capturar fenômenos térmicos básicos (LESIEUTRE, HAGMAN e KIRTLEY, 1997).
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 55
Tabela 3.1 – Valores de 𝒎 e 𝒏 conforme guia IEEE (IEEE STD C57.91-1995)
Tipo de Refrigeração IEEE C57.91-1995
𝒎 𝒏
ONAN(OA) 0,8 0,8
ONAF(FA) 0,8 0,9
OFAF(NDFOA) 0,8 0,9
ODAF(DFOA) 1,0 1,0
3.1.1.2 Método Alternativo do Anexo G
Quando as Equações da Cláusula 7 deste guia foram inicialmente propostas,
em 1945, existiam até então muito poucas investigações experimentais a respeito
das temperaturas internas dos transformadores durante transitórios.
A partir das pesquisas e experimentos de PIERCE (1992), AUBIN e
LANGHAME (1992) e PIERCE (1994), novos equacionamentos baseados nas leis
da termodinâmica e transferência de calor foram elaborados e seus respectivos
parâmetros empíricos determinados. Esse novo modelamento alternativo do anexo
G, baseado no conceito da conservação de energia para cada intervalo de medição,
introduz a temperatura na base do transformador (𝜃𝐵𝑂) como uma nova variável de
medição, a qual se torna o ponto de partida para os cálculos. Outra variável
apresentada é a temperatura nos dutos de refrigeração dos enrolamentos. Essa
temperatura pode ser maior que a temperatura no topo do óleo, sob certas
condições, levando a um diagnóstico mais preciso da temperatura do ponto mais
quente.
No anexo G deste guia, a temperatura no ponto mais quente do enrolamento
𝜃𝐻𝑆 é então equacionada como abaixo:
θHS = θA + ΔθBO + ΔθWO /BO + ΔθH/WO [°C] (3.6)
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 56
Para condições transitórias no carregamento do transformador, a elevação de
temperatura no ponto mais quente do enrolamento passa a ser a elevação de
temperatura nos dutos dos enrolamentos, acima da temperatura na base do
transformador (ΔθWO /BO ). Quando ocorre a redução no carregamento, a temperatura
nos dutos dos enrolamentos cai, mas a parte superior dos enrolamentos permanece
envolvida pela temperatura mais quente do óleo nesta região do tanque. Quando a
temperatura nos dutos dos enrolamentos está menor que a do topo do óleo,
(ΔθWO /BO ) é considerada igual a elevação da temperatura no topo do óleo sobre a
base do óleo.
O cálculo da temperatura no ponto mais quente proposto por este método
alternativo, apesar de apresentar em alguns casos, erros de cerca de 10°C
(JARDINI, BRITTES, et al., 2005), é o mais simples de ser implementado por
trabalhar com parâmetros e constantes físicas que podem ser retiradas das
características básicas dos transformadores, como os dados de placa. Portanto, é o
mais adequado para ser utilizado em análises de transformadores em operação,
principalmente os mais antigos, os quais os relatórios de teste finais do fabricante
não estão disponíveis.
3.1.1.3 Critérios de estabilidade
O Guia IEEE C57.91-1995 alerta para se ter cuidado especial com os critérios
de estabilidade durante a definição dos intervalos de tempo das coletas de dados e
dos intervalos de processamento dos modelos. As coletas devem ser suficientes
para capturar os fenômenos, no mínimo com o dobro de amostras da menor
constante de tempo da dinâmica do processo em estudo14. Para o guia em questão,
é sugerido que o intervalo de tempo seja no mínimo 9 vezes menor que a constante
de tempo do enrolamento.
𝜏𝑒
Δ𝑡> 9 (3.7)
14
Teorema de amostragem Nyquist-Shannon
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 57
3.1.2 IEC 60076-7:2005
Esta norma internacional também apresenta duas alternativas para descrever
a temperatura do ponto mais quente em função do tempo, para uma variação da
corrente de carga e temperatura ambiente.
3.1.2.1 Método para Variação em Degrau
A solução de Equações exponenciais adequadas a uma variação de carga em
forma de degrau caracteriza este método. O mesmo é apropriado para a
determinação dos parâmetros de transferência de calor por ensaios, especialmente
para fabricantes, levando a resultados satisfatórios nos seguintes casos:
Cada incremento de carga seja seguido por uma redução de carga ou
vice-versa;
Nos casos de n-incrementos sucessivos, cada incremento deve ser longo
o suficiente para a estabilização do gradiente de elevação de temperatura
do ponto mais quente para o topo do óleo, e vice-versa.
As Equações para se determinar a temperatura do ponto mais quente (𝜃𝐻𝑆 )
nos incrementos de carga são descritas abaixo:
θHS = θA + ΔθO,i + ΔθO,N . 1 + I2. R
1 + R
x
− ΔθO,i . f1 t
+ΔθHS ,i + H. gN . Ky − ΔθHS ,i . f2 t [°C]
(3.8)
𝑓1 𝑡 = 1 − 𝑒
−𝑡𝑘11 .𝜏𝑇𝑂
(3.9)
𝑓2 𝑡 = 𝑘21 . 1 − 𝑒−𝑡
𝑘22 .𝜏𝑒 − 𝑘21 − 1 . 1 − 𝑒
−𝑡𝜏𝑇𝑂𝑘22
(3.10)
As Equações para determinar a temperatura do ponto mais quente (𝜃𝐻𝑆) nos
decrementos de carga é descrita abaixo:
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 58
θHS = θA + ΔθO,N . 1 + I2 . R
1 + R
x
+ ΔθO,i − ΔθO,N . 1 + I2 . R
1 + R
x
. f3 t
+ H. gN . Ky [°C]
(3.11)
𝑓3 𝑡 = 𝑒
−𝑡𝑘11 .𝜏𝑇𝑂
(3.12)
As constantes 𝑘11 ,𝑘21 , 𝑘22 e as constantes de tempo 𝜏𝑇𝑂 e 𝜏𝑒 são específicas
para cada transformador. Os expoentes de não linearidade do topo do óleo, 𝑥 e
dosenrolamentos, 𝑦 são válidos para qualquer transformador. Valores típicos
recomendados pela Norma IEC podem ser encontrados na Tabela 3.2.
Tabela 3.2 – Características térmicas recomendadas pela norma (IEC 60076-7:2005)
Transf. de
Distribuição Transf. de Médio e Grande Porte
ON
AN
ON
AN
(c/
Restr
ição
)
ON
AN
ON
AF
(c/
Restr
ição
)
ON
AF
OF
(c/
Restr
ição
)
OF
OD
Expoente do
óleo [𝒙] 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 1,0 1,0 1,0
Expoente do
Enrol. [𝒚] 1,6 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 2,0
Constante [𝒌𝟏𝟏] 1,0 0,5 0,5 0,5 0,5 1,0 1,0 1,0
Constante [𝒌𝟐𝟏] 1,0 3,0 2,0 3,0 2,0 1,45 1,3 1,0
Constante [𝒌𝟐𝟐] 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 1,0 1,0 1,0
Const. Tempo
óleo [𝝉𝑶] 180 210 210 150 150 90 90 90
Const. Tempo
enrol. [𝝉𝒆] 4 10 10 7 7 7 7 7
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 59
3.1.2.2 Método para Variação Contínua
A solução para a temperatura no ponto mais quente por meio de Equações
diferenciais está ilustrada na Figura 3.1, adequada a variações aleatórias no
carregamento (fator de carga K) e à temperatura ambiente. Esse método é
particularmente aplicável para monitoramento online, especialmente em
equipamentos onde não existe nenhuma restrição a respeito do perfil de
carregamento.
Figura 3.1 – Representação em diagrama de blocos do método de cálculo da temperatura no
ponto mais quente 𝜽𝑯𝑺 por funções de transferência (IEC 60076-7:2005)
A Norma IEC 60076-7:2005 apresenta um diagrama simplificado da
distribuição típica das temperaturas no interior de um transformador, como pode ser
visto abaixo, na Figura 3.2.
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 60
Figura 3.2 – Diagrama da distribuição térmica no interior dos transformadores (IEC 60076-
7:2005)
A Temperatura do topo do óleo definida como a média entre a
temperatura medida no duto de saída do óleo do tanque e a
temperatura medida no tanque do transformador;
B Temperatura mesclada no topo do enrolamento;
C Temperatura média no tanque;
D Temperatura inferior do enrolamento;
E Temperatura inferior do tanque;
𝑔𝑟 Diferença entre temperatura média do óleo e temperatura média do
enrolamento em corrente nominal;
H Fator de ponto quente;
P Temperatura de ponto quente;
Q Temperatura média do enrolamento determinada por medida da
resistência em c.c.;
Eixo X Temperaturas;
Eixo Y Posições relativas;
Pontos medidos;
Pontos calculados.
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 61
Algumas considerações iniciais são necessárias para avaliação deste
comportamento térmico simplificado.
a temperatura do óleo varia linearmente da base até a parte superior do
transformador, independente do tipo de refrigeração;
a elevação de temperatura aproximada de qualquer condutor do
enrolamento cresce paralelamente à elevação de temperatura do óleo,
com uma diferença constante 𝑔𝑁 entre ambas;
a elevação de temperatura no ponto mais quente do enrolamento é maior
que a elevação de temperatura no condutor superior do enrolamento.
3.1.3 ABNT NBR 5416:1997
A Norma NBR 5416 também apresenta dois procedimentos de cálculo da
temperatura do ponto mais quente durante o carregamento de transformadores de
potência, os quais dependem do nível de controle das condições operativas e de
manutenção.
Para os casos onde não estão disponíveis tais dados e os ciclos de
carregamento diários são recorrentes, podendo ser convertidos em ciclos
retangulares equivalentes, utiliza-se o primeiro procedimento, o qual contempla os
transformadores até 100𝑀𝑉𝐴.
Nos casos onde os dados de manutenção e operativos estejam disponíveis, o
segundo procedimento deve ser utilizado, o qual não possui limitação de potência e
dos ciclos de carregamento.
Para transformadores em funcionamento a altitudes de instalação até 1000𝑚,
temperatura ambiente não ultrapassando os 40°𝐶 e média diária não superior aos
30°𝐶, os limites de elevação de temperatura e carregamento previstos na Norma
(ABNT NBR 5416, 1997), podem ser encontrados na Tabela 2.6.
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 62
O carregamento admissível de emergência de longa duração pode ser
realizado em situações de contingência por desligamento prolongado de unidades
transformadoras. Nos casos de emergência de curta duração, por envolver
condições de maior risco, somente devem ser realizadas em raras ocasiões. Nestas
condições, o tempo de permanência deve ser inferior à constante de tempo do
transformador, não devendo ser superior a 30 minutos.
3.2 Outros Modelos Existentes na Literatura
As limitações das normas, recomendações e guias existentes foram
amplamente discutidas em diversos trabalhos publicados na literatura. A abordagem
que mais se difundiu nestes estudos foi a analogia termoelétrica proposta por
SWIFT, MOLINSKY e LEHN (2001). Os referidos autores objetivaram reexaminar as
origens das Equações utilizadas nos cálculos de transferência de calor em
transformadores de potência, buscando não somente modelos mais precisos, mas
modelos mais simples e práticos de serem utilizados.
Na analogia proposta, dois parâmetros mais importantes para o processo de
aquecimento e resfriamento de um transformador são, a capacidade térmica 𝑞 ou,
taxa de transferência de calor, capacitância térmica 𝐶𝑡 ou, capacidade de absorver
calor e a resistência térmica 𝑅𝑡 ou, capacidade de oposição à passagem de calor.
As respectivas correspondências elétricas são, a corrente 𝑖, a capacitância 𝐶𝑒𝑙 e a
resistência 𝑅𝑒𝑙 . Tais parâmetros podem ser vistos na Figura 3.3.
Figura 3.3 – Modelo térmico simplificado (a) e equivalente elétrico (b)
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 63
As Equações que descrevem as relações segundo as leis da transferência de
calor são:
θ = 𝑅𝑡 . 𝑞 𝑎𝑛𝑑 𝑞 = 𝐶𝑡 .𝑑θ
𝑑𝑡 (3.13)
Eletricamente temos:
𝑣 = 𝑅𝑒𝑙 . 𝑖 𝑎𝑛𝑑 𝑖 = 𝐶𝑒𝑙 .𝑑𝑣
𝑑𝑡 (3.14)
Através da Tabela 3.3 pode-se comparar as definições físicas de cada uma.
Tabela 3.3 – Comparação entre as grandezas físicas da analogia termoelétrica
Circuito Térmico Circuito Elétrico
Calor gerado 𝑞 Corrente 𝑖
Temperatura 𝜃 Tensão 𝑣
Resistência
térmica 𝑅𝑡
Resistência
elétrica 𝑅𝑒𝑙
Capacitância
térmica 𝐶𝑡
Capacitância
elétrica 𝐶𝑒𝑙
A partir da representação do modelo térmico da troca de calor do óleo para o
ambiente em um transformador, por um circuito elétrico equivalente, mostrado na
Figura 3.4, a Equação diferencial da dinâmica térmica pode ser desenvolvida na
expressão 3.15.
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 64
Figura 3.4 – Modelo térmico equivalente da transferência de calor do óleo-para-ambiente
(Adaptado de SWIFT, 2001)
𝑃𝑁 + 𝑃𝐸 = 𝐶𝑂 .𝑑θO
𝑑𝑡+
1
𝑅𝑂 ,𝑁. 𝜃𝑂 − 𝜃𝐴
1
𝑛 (3.15)
Definindo, 𝑅 como a razão de 𝑃𝐸 para 𝑃𝑁, na carga nominal, 𝑅𝑂 ,𝑁 ∗ 𝐶𝑂 como a
constante de tempo do óleo 𝜏𝑇𝑂 , 𝜃𝑂 − 𝜃𝐴 como Δ𝜃𝑂 e, 𝑁, carga nominal em estado
estacionário (regime permanente) e sendo a temperatura ambiente de 30°C, então a
Equação (3.15) torna-se:
𝐼2R + 1
𝑅 + 1. Δ𝜃𝑂,𝑁
1
𝑛 = 𝜏𝑇𝑂 .𝑑θO
𝑑𝑡+ 𝜃𝑂 − 𝜃𝐴
1
𝑛 (3.16)
A correspondência entre os circuitos equivalentes do modelamento da troca
de calor entre o óleo e o ambiente com o modelamento da troca de calor dos
enrolamentos para o óleo, pode ser vista através da Figura 3.5, e comparada pela
Tabela 3.4.
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 65
Figura 3.5 – Modelo térmico equivalente da transferência de calor do enrolamento-para-óleo
(Adaptado de SWIFT, 2001)
Tabela 3.4 – Correspondência entre modelos da analogia termoelétrica (SWIFT, 2001)
Óleo para o
Ambiente
Enrolamento para
o Óleo
Fluido Ar Óleo
Movimentação do
fluido Por ventiladores Por bombas
Temperatura
calculada Óleo
Isolamento do
enrolamento
Expoente de não
linearidade n m
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 66
A partir destes estudos, ELMOUDI, LEHTONEN e NORDMAN (2006a)
acrescentaram as análises das temperaturas do ponto mais quente dos
enrolamentos do modelo da analogia termoelétrica.
A Equação (3.17) resulta do modelamento da troca de calor do ponto mais
quente para o óleo apresentada na Figura 3.5.
𝐼𝑝𝑢
2 . 𝐾𝜃 +𝑃𝐸𝐶 ,𝑁
𝐾𝜃
1 + 𝑃𝐸𝐶,𝑁. [Δ𝜃𝐻𝑆,𝑁
]1
𝑚 = 𝜏𝐻𝑆 .𝑑θHS
𝑑𝑡+ 𝜃𝐻𝑆 − 𝜃𝑂
1
𝑚 (3.17)
3.3 Modelo para Avaliação de Carregamento Não Senoidal
A recomendação prática IEEE Std C57.110 para determinar a capacidade de
transformadores, alimentando cargas não senoidais, baseia-se em suposições
conservadoras (ELMOUDI, LETHONEN e NORDMAN, 2006a). As perdas por
correntes parasitas geradas pelo campo eletromagnético são consideradas variando
com o quadrado da corrente eficaz e com o quadrado da frequência de ordem
harmônica.
Efetivamente, devido ao fenômeno do efeito pelicular, o fluxo pode não
penetrar totalmente nos condutores dos enrolamentos nas altas frequências.
Somando-se a isso, as elevações de temperatura devido às componentes
harmônicas são estimadas baseando-se em carregamentos constantes e
temperaturas médias diárias ou mensais para o local onde os transformadores
encontram-se instalados.
Uma modificação no modelamento da elevação de temperatura no ponto mais
quente, considerando ciclos de carregamento não senoidais e temperatura ambiente
variáveis no tempo, foi proposta e experimentada por ELMOUDI (2006). Para tal, o
autor utilizou dados de ensaios de carregamento em um transformador de 31.5MVA,
ONAF e da estimação de perdas em carga e frequências nominais pelo método de
elementos finitos (FEM).
A Equação diferencial (3.18) apresenta a inclusão do efeito das harmônicas
no modelamento da temperatura no topo do óleo.
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 67
𝑃𝐶 ,𝐻
𝑃𝑁+ 1
𝑃𝐶 ,𝑁
𝑃𝑁+ 1
. Δ𝜃𝑂,𝑁 1
𝑛 = 𝜏𝑇𝑂 .𝑑θO
𝑑𝑡+ 𝜃𝑂 − 𝜃𝐴
1
𝑛 (3.18)
𝑃𝐶,𝐻 = 𝑃. 𝐼𝐼𝑅
2
+ 𝑃𝐸𝐶 . 2. 𝐼𝐼𝑅
2
+ 𝑃𝐷𝑂𝐶 . . 0,8. 𝐼𝐼𝑅
2
(3.19)
A Equação diferencial (3.20) apresenta a inclusão deste efeito no
modelamento da temperatura do ponto mais quente do enrolamento.
𝐾𝑒 .
𝐼
𝐼𝑅
2
+𝑃𝐸𝐶 ,𝑁
𝐾𝑒. 2.
𝐼
𝐼𝑅
2
𝑃𝐸𝐶 ,𝑁 + 1. Δ𝜃𝐻𝑆 ,𝑁
1
𝑚 = 𝜏𝐻𝑆 .𝑑θHS
𝑑𝑡+ 𝜃𝐻𝑆 − 𝜃𝑂
1
𝑚 (3.20)
𝐾𝑒 =𝜃𝑒 ,𝑀 + 𝜃𝐾
𝜃𝑒 ,𝑀 ,𝑁 + 𝜃𝐾 (3.21)
3.4 Considerações Finais
Neste capítulo, os principais modelamentos disponíveis nas normas, guias e
literatura pertinente para avaliação da dinâmica de elevação térmica em
transformadores de potência sob condições senoidais e não senoidais foram
revistas.
O propósito inicial dos modelos normatizados é de fornecer limites e diretrizes
para a aplicação de carregamento acima do nominal sem que isso se apresente
como um risco ao desempenho e expectativa de vida útil destes equipamentos.
As discussões mostram as diversas abordagens para tratar a estimação das
temperaturas no topo do óleo e do ponto mais quente dos enrolamentos, indicando
que um único modelo pode não ser capaz de se adaptar aos diversos tipos de
carregamento a que estão sujeitos estes ativos.
Os aspectos relevantes das parametrizações de cada modelo foram
discutidos, indicando potencial de influência decisiva na escolha do modelo mais
apropriado. Como exemplo, o modelo da IEEE C57.91-1995, em sua Cláusula 7, o
3 Modelos para Cálculo da Elevação de Temperatura 68
qual necessita de dados que se encontram registrados no relatório de teste final do
transformador. Neste mesmo Guia, em seu anexo G, a parametrização do modelo
necessita somente dos dados básicos de placa do transformador.
4 AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DOS MODELOS TÉRMICOS
Objetivando avalidar experimentalmente os modelos apresentados no capítulo
3, ensaios de carregamento dos transformadores com a Fonte Regenerativa do
LCCE foram realizados para avaliação do desempenho térmico e expectativa de
perda de vida útil destes ativos.
Na Figura 4.1 e Figura 4.2, são apresentadas algumas telas do supervisório
desenvolvido na plataforma do aplicativo Labview®, apresentado em SOUSA, et al.
(2009), capturadas durante o acompanhamento dos ensaios de carregamento.
Figura 4.1– Tela principal do supervisório da Fonte Regenerativa
Figura 4.2 – Tela de acompanhamento gráfico de variáveis da Fonte Regenerativa
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 70
Também se apresentada na Figura 4.3, a tela do supervisório do coletor de
dados de temperatura dos sensores PT100 instalados nos transformadores da Fonte
Regenerativa.
Figura 4.3 – Tela do supervisório indicando temperaturas sendo coletadas durante os ensaios
4.1 Ensaios de Carregamento
A realização dos ensaios de carregamento nos transformadores da bancada
de testes foi dividida em duas etapas. Inicialmente, objetivando a determinação dos
parâmetros de elevação de temperatura do topo do óleo e do ponto mais quente dos
enrolamentos em relação à temperatura ambiente, um ensaio de regime permanente
foi realizado. Posteriormente, ensaios de carregamento variável foram aplicados aos
transformadores objetivando comparar as temperaturas coletadas com os resultados
dos modelos.
4.1.1 Regime Permanente
Neste ensaio de aquecimento dos transformadores, conhecido na literatura
em língua inglesa como ―Heat Run Test‖, aplica-se um degrau fixo de carregamento
na potência nominal dos transformadores com duração suficiente para a
estabilização (Steady state) das temperaturas internas. Para o caso em estudo, um
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 71
ensaio com duração de seis horas foi realizado, conforme se visualiza nos gráficos
da Figura 4.4 e Figura 4.6.
Figura 4.4 – Ensaio de aquecimento – Trafo TI (Fonte Regenerativa)
Figura 4.5 - Ensaio de aquecimento – Trafo TT (Fonte Regenerativa)
0 1 2 3 4 5 60
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100Transformador TI - Ensaio de Aquecimento
Te
mp
era
tura
[oC
]
Tempo [Horas]
Po
t. A
pa
ren
te [kV
A]
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
T. Amb.
TOP Medida
THS Medida
Carregamento
0 1 2 3 4 5 60
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100Transformador TT - Ensaio de Aquecimento
Te
mp
era
tura
[oC
]
Tempo [Horas]
Po
t. A
pa
ren
te [kV
A]
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
T. Amb.
TOP Medida
THS Medida
Carregamento
100%
90%
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 72
Devido à condição de montagem atual da bancada de ensaios em uma sala
das dependências do LCCE no prédio do CPH (Centro de Pesquisas Hidráulicas e
Recursos Hídricos), o aquecimento dos transformadores provoca elevação na
temperatura da sala, que por sua vez impede a estabilização das temperaturas
finais.
Uma solução encontrada para a determinação dos parâmetros nesta condição
foi a extrapolação das curvas de temperatura coletadas para aproximadamente cinco
constantes de tempo (99% do valor final), (Figuras 4.6 e 4.7), pois apesar da não
estabilização, o importante neste caso é a determinação da elevação das
temperaturas em relação à temperatura ambiente, ou seja, a diferença entre seus
valores e não o valor absoluto.
Para isto utilizou-se um modelo contínuo no tempo, de primeira ordem (𝑠𝑇𝑝1)
com atraso de tempo (𝑇𝑑) e ganho estático (𝐾), Equação (4.1). O modelo foi
escolhido por possuir significado físico, adequando-se ao processo de aquecimento
em resposta a um degrau de carregamento.
G s =K
1 + sTp1. 𝑒−𝑠𝑇𝑑 (4.1)
Para o caso dos transformadores da Fonte Regenerativa, o parâmetro K
traduz o valor da elevação final da temperatura sobre a temperatura ambiente. O
parâmetro 𝑇𝑃1 está associado à constante de tempo da curva em questão e,
finalmente, o 𝑇𝑑 expressa a atraso no início de variação da temperatura após o
estabelecimento do degrau de carregamento.
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 73
Figura 4.6 – Valores estimados na extrapolação das temperaturas durante ensaio de regime
permanente – Trafo TI (Fonte Regenerativa)
Figura 4.7 - Valores estimados na extrapolação das temperaturas durante ensaio de regime
permanente – Trafo TT (Fonte Regenerativa)
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 74
A Tabela 4.1 apresenta os parâmetros dos transformadores determinados
utilizando esta metodologia.
Tabela 4.1 – Parâmetros dos transformadores da Fonte Regenerativa, determinados em ensaio
de regime permanente
Descrição TI TT Unidade
Elevação de temperatura no ponto mais quente, Δθ𝐻𝑆,𝑂,𝑁 8,5 6,55 °C
Elevação de temperatura no topo do óleo, Δθ𝑇𝑂 ,𝐴,𝑁 42,32 36,16 °C
Temperatura ambiente, na pot. nominal, 𝜃𝐴,𝑁 37,85 37 °C
Constante de tempo do topo do óleo, 𝜏𝑇𝑂 157 168,5 min.
Constante de tempo do enrolamento, 𝜏𝑒 5 5 min.
4.1.2 Carregamento Fundamental Variável
O objetivo do ensaio de carregamento variável é verificar se as temperaturas
estimadas pelo modelos conseguem acompanhar ou não a dinâmica de variação
das medições reais das temperaturas internas dos transformadores.
Para tal, cada modelo será configurado a partir dos parâmetros estimados no
ensaio de regime permanente, Tabela 4.1, dos dados de projeto dos
transformadores, Tabela 2.7, e dos expoentes 𝑚 e 𝑛 definidos conforme Tabela 3.1.
O perfil de carregamento a ser aplicado aos transformadores durante estes
ensaios pode ser definido livremente pelo usuário ou seguir um padrão de
carregamento baseado no histórico de transformadores instalados em campo. Na
fonte regenerativa, definiu-se dois patamares intermediários de carregamento, 0,33
pu e 0,67 pu, até atingir a potência nominal do transformador utilizados no aumento
e na redução do carregamento, como pode ser visto na Figura 4.8.
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 75
Figura 4.8 – Perfil de um ensaio de carregamento na Fonte Regenerativa
4.1.2.1 IEEE Std C57.91-1995 - Cláusula 7 / Anexo G
Neste ensaio, os resultados da simulação das temperaturas estimadas pelos
modelos do guia IEEE (IEEE C57.91-1995) em sua Cláusula 7 e em seu anexo G,
foram comparadas com os dados experimentais coletados na fonte regenerativa. A
taxa de amostragem das coletas de 1 minuto e o intervalo de processamento de 0,5
minuto, foram suficientes para atingir os critérios de estabilidade da Equação (3.7)
para a menor constante de tempo dos enrolamentos que foi de 5 minutos.
Pode-se observar no gráfico da Figura 4.9, que a temperatura do ponto mais
quente (𝑇𝐻𝑆 𝐼𝐸𝐸𝐸 𝐶_7), estimada pelo modelo da Cláusula 7 do Guia, aproxima-se
melhor da temperatura nos enrolamentos medida pelos sensores PT100 instalados
no transformador do que a temperatura do ponto mais quente (𝑇𝐻𝑆 𝐼𝐸𝐸𝐸 𝐴_𝐺),
estimada pelo modelo térmico do anexo G, de mesmo Guia.
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 76
Figura 4.9 – Comparativo da temperatura no ponto mais quente do enrolamento medida em
ensaio de carregamento variável na fonte regenerativa versus simuladas pelos modelos do
Guia IEEE C57.91-1995
Figura 4.10 – Diferenças entre as temperaturas estimadas pelos modelos do Guia IEEE C57.91-
1995
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10Diferenças entre Temperaturas Medidas e Estimadas - [IEEE C57.91-1995]
[Horas]
Tem
p.
[°C
]
THS Cláusula 7 THS Anexo G
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 77
Na Figura 4.10 pode-se observar que o desvio máximo das temperaturas
estimadas pelos modelos do Guia IEEE C57.91-1995 chegou a atingir -10°C, para o
caso do modelo alternativo do anexo G. O erro médio entre a temperatura medida
nos enrolamentos da temperatura e a estimada pelo modelo da Cláusula 7 foi de
1,88°C, enquanto que para o caso da temperatura estimada pelo anexo G, foi de
3,13°C.
A expectativa inicial era encontrar um melhor desempenho no modelo
alternativo do anexo G do guia IEEE, porém isso não pode ser comprovado. O
motivo deste desempenho abaixo do modelo da Cláusula 7 deste mesmo guia pode
ser explicado pela dificuldades na parametrização do modelo alternativo. Um
exemplo é a ausência da medição de temperatura na base dos transformadores da
bancada, a qual é necessária para a determinação de alguns parâmetros.
A implementação deste modelo foi obtida do anexo G do guia IEEE C57.91-
1995, convertendo o programa fonte escrito em linguagem Basic para linguagem de
scripts do Matlab®, conforme pode ser visto no Apêndice II, juntamente com o
relatório de processamento de um exemplo completo para este modelo.
4.1.2.2 IEC 60076-7:2005
Utilizando os mesmos dados coletados no ensaio de carregamento anterior, o
modelo IEC 60076-7:2005 para variação contínua de carga foi simulado e os
resultados comparativos são apresentados na sequência.
Inicialmente, foram realizadas simulações utilizando a temperatura no topo do
óleo estimada pelo próprio modelo, a partir da temperatura ambiente, para estimar a
temperatura do ponto mais quente do enrolamento, conforme demonstrado na
Figura 3.1 do capítulo 3.
O resultado das estimações realizadas pelo modelo, mostrado nas curvas
tracejadas das Figuras 4.11 e 4.12, indicam claramente divergência entre as
medições das temperaturas no transformador e o resultado do modelo.
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 78
Figura 4.11 - Temperaturas medidas versus estimadas a partir da temperatura ambiente (IEC –
Trafo TI)
Figura 4.12 – Temperaturas medidas versus estimadas a partir da temperatura ambiente (IEC –
Trafo TT)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 100
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100Carregamento Trafo TI x Temperaturas [IEC 60076-7:2005]
[Horas]
Tem
p.
[°C
] /
Carr
eg.
[PU
*100]
Carreg.
THS Med.
TOP Med.
T. AMB
THS IEC
TOP IEC
1 2 3 4 5 6 7 8 9 100
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100Carregamento Trafo TT x Temperaturas [IEC 60076-7:2005]
[Horas]
Tem
p.
[°C
] /
Carr
eg.
[PU
*100]
Carreg.
THS Med.
TOP Med.
T. AMB
THS IEC
TOP IEC
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 79
Como o modelo IEC disponibiliza a opção de estimar a temperatura no ponto
mais quente do enrolamento a partir da temperatura medida no topo do óleo, em
lugar da temperatura estimada, simulou-se novamente o modelo, substituindo esta
variável.
Os resultados obtidos na estimação da temperatura do ponto mais quente do
enrolamento, mostrado na Figura 4.13, para transformador TI, e Figura 4.14, para
transformador TT, juntamente com a ilustração na Figura 4.15, indicam pequenas
diferenças entre as temperaturas medidas e estimadas, sendo a média de erro de
1,25°C para TI e 0,83°C para TT. Todas as medições ficaram praticamente dentro
da faixa de +- 2°C de diferença, comprovando o desempenho deste modelo em
acompanhar a dinâmica da elevação da temperatura do ponto mais quente dos
enrolamentos.
Figura 4.13 – Temperatura estimada no ponto mais quente (THS IEC) a partir da temperatura no
topo do óleo medida (Trafo TI).
1 2 3 4 5 6 7 8 9 100
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100Carregamento Trafo TI x Temperaturas [IEC 60076-7:2005]
[Horas]
Tem
p.
[°C
] /
Carr
eg.
[PU
*100]
Carreg. THS Medida THS IEC TOP Medida
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 80
Figura 4.14 - Temperatura estimada no ponto mais quente (THS IEC) a partir da temperatura no
topo do óleo medida (Trafo TT).
Figura 4.15 – Diferenças de temperaturas medidas no ponto mais quente dos enrolamentos
versus estimadas (IEC 60076-7:2005)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 100
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100Carregamento Trafo TT x Temperaturas [IEC 60076-7:2005]
[Horas]
Tem
p.
[°C
] /
Carr
eg.
[PU
*100]
Carreg. THS 2/3 X3 THS IEC TOP Med.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10Diferenças entre Temperaturas Medidas e Estimadas - [IEC 60076-7:2005]
[Horas]
Tem
p.
[°C
]
Trafo TI Trafo TT
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 81
4.1.2.3 ABNT NBR5416:1997
O comparação dos resultados da simulação do modelo da dinâmica térmica
da Norma ABNT NBR5416:1997 com as medições de temperatura no interior dos
transformadores da fonte regenerativa para o ensaio de carregamento variável,
apresentou resultados satisfatórios apenas nos três primeiros patamares de
carregamento do ensaio, conforme pode ser visto nas Figuras 4.16 e 4.17.
Posteriormente, ao iniciar a redução nos patamares de carregamento, o
mesmo começa a apresentar altos desvios, 5,01°C para o transformador TI e 3,72°C
para o transformador TT, os quais podem ser visualizados na Figura 4.18.
No caso deste modelo, a substituição da temperatura no topo do óleo
estimada pela respectiva temperatura medida não representaria melhoria na
estimação da temperatura no ponto mais quente (THS). Conforme pode ser
visualizado nas curvas da temperatura no topo do óleo em ambos os
transformadores, ao passar a utilizá-las, os respectivos valores estimados no início
da simulação ficariam abaixo dos atuais, distanciando ainda mais os resultados.
Figura 4.16 – Temperaturas medidas versus estimadas [ABNT NBR5416:1997]
1 2 3 4 5 6 7 8 9 100
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100Carregamento Trafo TI x Temperaturas [ABNT]
[Horas]
Tem
p.
[°C
] /
Carr
eg.
[PU
*100]
Carreg.
THS Med.
THS ABNT
TOP Med.
TOP ABNT
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 82
Figura 4.17 – Temperaturas medidas versus estimadas (ABNT NBR5416:1997)
Figura 4.18 – Diferenças de temperaturas medidas no ponto mais quente dos enrolamentos
versus estimadas (ABNT NBR5416:1997)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 100
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100Carregamento Trafo TT x Temperaturas [ABNT]
[Horas]
Tem
p.
[°C
] /
Carr
eg.
[PU
*100]
Carreg.
THS Med.
THS ABNT
TOP Med.
TOP ABNT
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10Diferenças entre Temperaturas Medidas e Estimadas - [ABNT]
[Horas]
Tem
p.
[°C
]
Trafo TI Trafo TT
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 83
4.1.2.4 SWIFT / ELMOUDI
Nesta seção, os resultados comparativos do modelo térmico para estimação
da dinâmica de elevação das temperaturas internas do transformador através da
analogia termoelétrica serão apresentados juntamente com as temperaturas
coletadas durante o ensaio de carregamento variável de 10 horas na fonte
regenerativa.
Abaixo, na Figura 19, pode-se observar as temperaturas estimadas por este
modelo sendo comparadas com as temperaturas medidas durante o ensaio.
Figura 4.19 – Temperaturas medidas versus estimadas – Modelo da analogia termoelétrica
(SWIFT/ELMOUDI)
Novamente, um aumento no erro entre as temperaturas estimadas e as
respectivas temperaturas medidas durante o ensaio, observado no gráfico da Figura
4.20, mostrou o baixo desempenho deste modelo ao ser reduzido o carregamento. O
erro máximo atinge aproximadamente 6°C, enquanto os erros médios ficam em
torno de 2,38°C para a temperatura no ponto mais quente do enrolamento, e 3,15°C
para a temperatura no topo do óleo.
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 84
Figura 4.20 – Diferenças de temperaturas medidas no ponto mais quente dos enrolamentos
versus estimadas (SWIFT/ELMOUDI)
0 100 200 300 400 500 600-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10Diferenças entre Temperaturas Medidas e Estimadas - [SWIFT/ELMOUDI]
[Horas]
Tem
p.
[°C
]
THS TOP
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 85
4.1.3 Carregamento Não Senoidal
A validação deste modelo para avaliação do desempenho térmico de
transformadores de potência frente a carregamentos não senoidais, proposto nas
pesquisas de ELMOUDI (2006), e apresentado no capítulo 3, não pôde ser realizada
devido às limitações atuais da fonte regenerativa do LCCE.
O modelo foi simulado em ambiente Simulink/Matlab®, utilizando dados do
transformador de Isolação (TI) da fonte regenerativa, conforme pode ser visualizado
nas Figuras 4.21 e 4.22.
Figura 4.21 – Modelo para avaliação do carregamento não senoidal de transformadores de
potência (ELMOUDI, 2006)
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 86
Figura 4.22 – Parâmetros do transformador TI da Fonte Regenerativa utilizados na simulação
de carregamento não senoidal do modelo de ELMOUDI (2006)
No caso em questão, uma estimativa de conteúdo não senoidal de 22% de
𝑇𝐻𝐷𝑖, Figura 4.23, apresentou inicialmente uma elevação de apenas 2°C, Figura
4.24, em comparação com uma parametrização utilizando somente as perdas
calculadas para a componente fundamental de carga. Nesta situação, os parâmetros
das perdas adicionais por dispersão (𝑃𝐸𝐶 + 𝑃𝐷𝑂𝐶 ) não são consideradas
separadamente, sendo computadas como parte das perdas em carga.
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 87
Figura 4.23 – Distorção harmônica de corrente total imposta na simulação (THDi = 22%)
Na pesquisa realizada por ELMOUDI (2006), foi demonstrado através de
análise por elementos finitos (FEM) que as perdas adicionais atingem 20% das
perdas em carga em um transformador de 31.5MVA, distribuídas igualmente entre
𝑃𝐸𝐶 e 𝑃𝐷𝑂𝐶 .
A simulação desta condição, mostrada também nas curvas de elevação de
temperatura do topo do óleo (𝑇𝑂𝑃) e do ponto mais quente dos enrolamentos (𝑇𝐻𝑆)
da Figura 4.24, indicou uma elevação de aproximadamente 8°C nas temperaturas
internas do transformador, ou seja, quatro vezes maior que o valor encontrado
desconsiderando estas perdas.
A elevação da perda de vida útil percentual em condição de carregamento
não senoidal, para mais que o dobro da perda em condições não senoidais,
mostrada abaixo, na Figura 4.25, indica que a contabilização das perdas adicionais
por dispersão impactam significativamente no desempenho dos transformadores de
potência.
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 88
Figura 4.24 – Simulação das elevações das temperaturas internas THS e TOP do transformador
TI da Fonte Regenerativa do LCCE.
Figura 4.25 – Fator de perda de vida em pu para transformador TI no intervalo de tempo.
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 89
Para comprovar estes patamares de perdas de vida útil, ensaios de
carregamento não senoidal necessitam ser realizados nos transformadores da Fonte
Regenerativa, os quais poderão ser realizados ao implementar na mesma, o
―Simulador de Carga Não Senoidal Regenerativo‖ (REZENDE, G. M. et al.),
atualmente em desenvolvimento no LCCE.
O detalhamento da implementação do modelo não senoidal em ambiente
Simulink/Matlab® encontra-se no Apêndice I.
4.2 Considerações Finais
Os ensaios de carregamento realizados possibilitaram a avaliação do
desempenho dos diversos modelos para estimação das temperaturas internas de
transformadores de potência, apresentados no capítulo 3.
Os recursos para aplicação destes ensaios de carregamento utilizando a fonte
regenerativa do LCCE se mostraram valiosos nas investigações. As coletas
automatizadas de dados, disponibilizadas pela instrumentação existente, agilizam
sobremaneira as análises de diversas informações importantes durante o
acompanhamento dos ensaios.
Um consideração deve ser feita para os ensaios de regime permanente. O
aquecimento dos transformadores foi influenciado pelo leiaute da fonte regenerativa,
sendo necessário utilizar recursos matemáticos para a determinação dos parâmetros
de elevação das suas temperaturas internas.
Os resultados comparativos entre as temperaturas estimadas e as
temperaturas medidas nos transformadores para os modelos senoidais mostraram
que não existe um modelo absoluto e definitivo para ser aplicado em qualquer
transformador. Dependendo do número de parâmetros disponíveis, pode-se definir o
modelo que melhor se adapta à condição de um determinado transformador em
operação. Esta afirmação pode ser comprovada pelas opções de utilização de
diversos modelos disponibilizada por fabricantes de monitores online de temperatura
de transformadores, tais como o SIMOTEMP®, da Siemens.
Modelos simplificados como o do Guia IEEE C57.91-1995, em sua Cláusula
7, necessitam de parâmetros que podem não estar disponíveis ao usuário final,
4 Avaliação Experimental dos Modelos Térmicos 90
principalmente para transformadores em operação há vários anos, ou mesmo
décadas.
O método do anexo G deste mesmo Guia IEEE foi implementado, mas
necessita de alguns parâmetros tais como a temperatura na base do transformador,
a qual não está disponível. Uma sugestão seria a medição da temperatura do óleo
no topo, na altura do nível destes sensores nos trafos da bancada através da parede
lateral externa do tanque utilizando termovisores ou termopoints para compará-la
com as temperaturas internas, em intervalos compatíveis com a constante de tempo
do óleo.
O modelo que melhor se adaptou às condições variáveis de carregamento na
fonte regenerativa do LCCE foi o modelo da Norma IEC 60076-7:2005. Através da
opção de utilização da temperatura medida no topo do óleo dos transformadores,
como base para os cálculos da estimação da temperatura no ponto mais quente dos
enrolamentos, foi possível demonstrar que o modelo consegue acompanhar de
forma muito próxima, a dinâmica da variação desta temperatura.
A avaliação do desempenho térmico de transformadores de potência frente a
carregamentos não senoidais não foi possível devido às limitações atuais no
funcionamento da Fonte Regenerativa. O mesmo foi apresentado através de
simulações de um modelo disponível na literatura técnica.
O resultados necessitam ser correlacionados com dados coletados nos
transformadores da Fonte Regenerativa, assim que a implementação do ―Simulador
de Carga Não Senoidal Regenerativo‖ estiver em pleno funcionamento no LCCE.
5 CONCLUSÃO
Conforme foi discutido ao longo do trabalho, o desempenho e limitações dos
modelos térmicos mostraram não existir um consenso global para um único modelo,
ou modelo térmico ―definitivo‖ para prever as temperaturas internas em
transformadores de potência quando sujeitos a ciclos de carga variáveis.
Para os modelos onde os parâmetros necessários podem ser localizados nos
relatórios de testes finais de fabricação dos transformadores, o modelo da Cláusula
7 do Guia IEEE (IEEE STD C57.91-1995) apresenta-se como o mais indicado,
apesar de mostrar desempenho dentro da faixa de erro de 4°C de diferença entre as
temperaturas estimadas e as temperaturas medidas nos ensaios experimentais.
Transformadores em operação há vários anos ou mesmo décadas, para os
quais o relatório de testes de fabricação normalmente não estão disponíveis, podem
ser monitorados por modelos alternativos como o método do anexo G do guia IEEE
(IEEE STD C57.91-1995), baseado nos dados básicos do transformador. Este
modelo apresentou desempenho inferior ao método clássico da Cláusula 7, porém, o
motivo pode ser justificado pela inexistência de um ponto de medição direta da
temperatura na base do óleo do transformadores da bancada de ensaios do LCCE.
Outro método de estimação das temperaturas avaliado neste trabalho foi o da
norma NBR 5416 (ABNT NBR 5416, 1997), caracterizado pela solução por
Equações exponenciais. O seu desempenho não foi bom, pois apresentou
resultados na faixa de 4°C para a diferença entre as temperaturas medidas e
estimadas durante o aumento da carga no início dos ensaios de carregamento
variável. Porém, no decréscimo de carga do ensaio, seu resultado chegou a atingir
patamares de até 10°C de diferença entre as temperaturas. Tal constatação pode
ser justificada pelo erro de escolha do método, pois o mesmo é adequado para ser
utilizado nos carregamentos com degrau fixo o suficiente para a estabilização das
elevações de temperatura no interior do transformador.
Os métodos da norma IEC (IEC 60076-7:2005) possuem aplicação em etapas
importantes da avaliação do desempenho térmico de transformadores. O método
caracterizado pela utilização da solução por funções exponenciais é apropriado para
a determinação dos parâmetros de elevação de temperatura nos ensaios de regime
5 Conclusão 92
permanente. Já o método caracterizado pela solução por Equações diferenciais é
especialmente utilizado nos casos onde o perfil de carregamento varia
continuamente. O desempenho deste último, realizado neste trabalho, mostrou a
menor imprecisão entre todos os modelos avaliados; apenas 0,83°C de média para
o erro entre as temperaturas medidas e estimadas em um dos transformadores da
fonte regenerativa, ao utilizar a a temperatura medida no topo do óleo como base
para os cálculos da temperatura no ponto mais quente dos enrolamentos.
A metodologia de avaliação do desempenho térmico baseada na analogia
entre os circuitos térmicos e elétricos, apresentada nas pesquisas de SWIFT,
MOLINSKI e LEHN (2001) e ELMOUDI, LETHONEN e NORDMAN (2006a)
apresentou resultados intermediários quando comparados com os demais modelos
apresentados neste trabalho. Uma faixa de 6°C de diferença entre as temperaturas
medidas e as temperaturas estimadas foi observada, mostrando potencial uso deste
modelo, principalmente devido às facilidades de implementação e número de
parâmetros necessários.
Por fim, a metodologia para validação do desempenho não senoidal proposto
por ELMOUDI (2006) apresentou-se promissora ao indicar elevação das
temperaturas internas e perda de vida útil dos transformadores ao computar as
parcelas das perdas adicionais provocadas pelas correntes harmônicas nos
transformadores de potência.
5.1 Recomendações e Propostas de Continuidade
Sugere-se, para melhoria na avaliação do desempenho térmico utilizando o
método alternativo do anexo G do Guia (IEEE STD C57.91-1995), a medição da
temperatura do óleo na base do tanque dos transformadores.
Propõe-se uma modificação no leiaute da sala da Fonte Regenerativa para
evitar a influência da elevação de temperatura nos transformadores na temperatura
ambiente da própria sala, contribuindo para uma melhor precisão nas coletas de
dados futuras neste equipamento.
Como continuação deste trabalho, sugere-se a coleta de dados experimentais
na fonte regenerativa do LCCE, funcionando como ―Simulador de Cargas Não
Senoidais Regenerativo‖, para validar a metodologia apresentada.
5 Conclusão 93
Adicionalmente, recomenda-se que resultados de carregamentos não
senoidais sejam comparados com os resultados do desempenho desta metodologia
com a recomendação prática (IEEE STD C57.110).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5356-1.
Transformadores de Potência. Rio de Janeiro: ABNT, 2003, 95p. _____. NBR 5416. Aplicação de cargas em transformadores de potência – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1997, 73p. _____. NBR 9119. Produtos laminados planos de aço para fins elétricos de grão
orientado - Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1985, 9p. AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Resolução Nº 513. Procedimentos para a Determinação de Adicional Financeiro Devido a Sobrecargas que Ocasionem Perda de Vida Útil em Instalações de Transmissão do Setor Elétrico. Brasília: ANEEL, 2002, 9p. ______. Resolução Nº 191: Procedimentos para a Determinação da Capacidade
Operativa das Instalações de Transmissão Integrantes da Rede Básica e das Demais Instalações de Transmissão, Componentes do Sistema Interligado Nacional, bem como Define as Funções Transmissão e os Respectivos Pagamentos Base. Brasília: ANEEL, 2005, 8p. ASSUNÇÃO, Teresa Cristina Bessa Nogueira. Contribuição à Modelagem e Análise do Envelhecimento de Transformadores de Potência. 2007. 207p. Tese (Doutorado em Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, 2007. AUBIN, Jacques; LANGHAME, Yves. Effect of Oil Viscosity on Transformer Loading Capability at Low Ambient Temperatures. IEEE Transactions on Power
Delivery. [S.l.]: [s.n.]. 1992. p. 516-524. BARBOSA, Sergio Ricardo. Estudo dos Efeitos da Sobretensão em Transformadores de Potência Aliada a Carregamentos Acima da Potência Nominal. 2005. 195p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, 2005. CAMARGO, Jelson Machado de. Análise do Desempenho Térmico e Vida Útil de Transformadores Alimentando Cargas Não Lineares. 2005. 165p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de Uberlânida - UFU, Uberlândia, 2005. DELAIBA, Antônio Carlos et al. The Effect of Harmonics on Power Transformers Loss of Life. Proceedings of Circuits and Systems. Rio de Janeiro: [s.n.]. 1995. p.
933-936.
Referências Bibliográficas 95
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15, n. 01, p. 192-197, Jan 2000.
EMANUEL, Alexander Eigeles; WANG, Xiaoming. Estimation of Loss of Life of Power Transformers Supplying Nonlinear Loads. IEEE Transactions on Power Apparatus ans Systems, Worcester, v. PAS-104, n. 03, p. 628-636, Mar 1985. ELMOUDI, Asaad A. Evaluation of Power System Harmonic Effects on Transformes. 2006. 152p. (Doctoral Dissertation) - Helsinki University of Technology - TKK, Helsinki, 2006. ELMOUDI, Asaad A.; LETHONEN, Matti; NORDMAN, Hasse. Thermal Model for Power Transformers Dynamic Loading. IEEE International Symposium on Electrical Insulation. Toronto-CA: [s.n.]. 2006a. p. 214-217. _______. Effect of Harmonics on Transformers Loss of Life. IEEE International
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Elétrica) - Faculdade de Engenharia Eletrica e de Computação- UEC, Campinas, 2003. IEC. 60076. Power Transformers. Geneva. 2005.
IEC. 60076-7. Loading guide foi oil-immersed power transformer. 2005.
IEEE. STD C57.110. Recommended Practice for Establishing Liquid-Filled and Dry-
Type Power and Distribution Transformer Capability when Supplying Nonsinusoidal Load Currents. IEEE Power Engineering Society. New York: 2008. IEEE. STD C57.12.90. IEEE Standard Test Code for Liquid-Immersed Distribution,
Power, and Regulating Transformers. IEEE Power & Energy Society: New York: 2010. IEEE. STD C57.91. Guide for Loading Mineral-Oil-Immersed Transformers. IEEE
Power Engineering Society. New York: 1995. JARDINI, José Antônio et al. Power Transformer Temperature Evaluation for Overloading Conditions. IEEE Transactions on Power Delivery, v. 20, n. 01, p. 179-
184, Jan 2005. LESIEUTRE, Bernard C.; HAGMAN, W. H.; KIRTLEY Jr., James L. An improved transformer top oil temperature model for use in an on-line monitoring and diagnostic system. IEEE Transactions on Power Delivery, Cambridge, MA, v. 12, n. 01, p. 249-256, Jan 1997.
Referências Bibliográficas 96
LISITA, Luis Roberto et al. Perda Adicional no Núcleo em Transformadores Trifásicos Alimentando Cargas Não-Lineares. IEEE Latin America Transactions,
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Elétrica) - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, 2011. LUMASENSE Technologies. Web Seminar: Why Will Your Transformers Die. 2007. Disponível em: <http://www.rmreng.com.br/lumasense_whenxfrmrdie_ 062107.pdf> Acessado em: 13 fev. 2011 MAIA, Thales Alexandre Carvalho et al. Desenvolvimento e Validação de uma Metodologia para Inclusão do Efeito da Sobretensão no Carregamento de Transformadores de Potência. II SBSE Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos. Belo Horizonte: [s.n.]. 2008. 1 CD-ROM. MATOS, Frederico Ferreira et al. Projeto e Contrução de Filtro LCL para Conversores PWM. XVIII CBA - Congresso Brasileiro de Automática. Bonito-MS.: [s.n.]. 2010. 1 CD-ROM. ORTENG MCT Transformadores. Relatório Final de Ensaios em Transformador.
Contagem. 2008 OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Procedimentos de Rede: Submódulo 2.8 - Gerenciamento dos Indicadores de Desempenho da Rede Básica e de seus Componentes. ONS: Rio de Janeiro, 2009, 30p. PIERCE, Linden W. An Investigation of the Thermal Performance of an Oil Filler Transformer Winding. IEEE Transactions on Power Delivery, v. 07, n. 03, p. 1347-
1358, Jul 1992. _______. Predicting Liquid Filled Transformer Loading Capability. IEEE Transactions on Insutry Applications, v. 30, n. 01, p. 170-179, Jan/Feb 1994. _______. Transformer Design an Application Considerations for Nonsinusoidal Load Currents. IEEE Transactions on Industry Applications, Rome, GA, May/Jun 1996. 633-645. RAM, Bendapudi S.; FOREST, J. Alan. C.; SWIFT, Glenn. W. Effects of harmonics on converter transformer load losses. IEEE Transactions on Power Delivery, Manitoba, Jul 1988. 1059-1066. REZENDE, Guilherme Monteiro de et al. Simulador de cargas nao lineares em teste de transformadores de potência. III SBSE Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos. Belém: [s.n.]. 2010. 1 CD-ROM. SILVA, Selênio Rocha.; LOPES, Ivan José da Silva. Especificação e Viabilidade de Ensaios Experimentais. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. 2004.
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SOUSA, Clodualdo Venício de. Projeto de uma Bancada de Testes para Avaliação do Carregamento de Transformadores Trifásicos de Potência Utilizando Conversores Estáticos. 2007, 156p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, 2007. SOUSA, Clodualdo Venício de; LOPES, Ivan José da Silva; SILVA, Selênio Rocha.Teste de Carregamento de Transformadores de Potência Através de Conversores Estáticos. II SBSE Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos. Belo Horizonte: [s.n.]. 2008. 1 CD-ROM. SOUSA, Clodualdo Venício de et al. Sistema Regenerativo para Ensaios de Carregamento de Transformadores de Potência. VIII CBQEE Conferência Brasileira sobre Qualidade de Energia Elétrica. Blumenau: [s.n.]. 2009. 1 CD-ROM. SWIFT, Glenn W.; MOLINSKI, Tom S. Power transformer life-cycle cost reduction. MIPSYCON Minnesota Power Systems Conference. Minneapolis: [s.n.]. 1996. SWIFT, Glenn W. ; MOLINSKI, Tom. S.; LEHN, Waldemar. Fundamental Approach to Transformer Thermal Modeling Part_I:Theory and Equivalent Circuit. IEEE Transactions on Power Delivery, v. 16, n. 02, p. 171-175, April 2001. TYLAVSKY, Daniel J. et al. Transformer Top-Oil Temperature Modeling and Simulation. IEEE Transactions on Industry Applications , v. 36, n. 05, Sep/Oct 2000. UNDERWRITERS LABORATORIES. UL 1561. Dry Type General Purpose Power Transformer. Northbrook, 1994, 53p.
APÊNDICE I
Detalhamento do modelo para avaliação não senoidal da elevação de
temperaturas durante carregamento de transformadores de potência, obtido em
ELMOUDI (2006).
A Figura A1 ilustra o modelamento da estimação da temperatura no topo do
óleo. A Figura A2, mostra o modelamento da estimação da tempeartura do ponto
mais quente dos enrolamentos. A Figura A3, mostra o cálculo da estimativa de perda
de vida percentual e a Figura A4 detalha a contabilização das perdas senoidais e
não senoidais pelo modelo do autor.
Figura A1 – Temperatura no topo do óleo - TOP
Apêndice I 99
Figura A2 – Temperatura no ponto mais quente - THS
Figura A3 – Fator de perda de vida em pu – FPV [pu]
Apêndice I 100
Figura A4 – Perdas senoidais e não senoidais
APÊNDICE II
Programa Fonte do Modelo IEEE C57.91-1995 – Anexo G
%% PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA - PPGEE/UFMG
% Área de Concentração: ENGENHARIA DE POTÊNCIA
% Linha de Pesquisa: CEQE - Compatibilidade Eletromagnética e Qualidade de Energia
% LCCE - Laboratório de Conversão e Controle de Energia
%
% Autor: Ricardo A. N. TOLEDO [LCCE/UFMG]
% Data: JAN/2011
% "MODELO_AQUEC_TRAFO_BREG.M", VERSÃO 1.0, 02-01-2011
% Código fonte para cálculo da elevação de temperatura durante a carga de um
% transformador de potência, através do MODELO utilizado pela IEEE C57.91-1995.
% Titulo original do Programa > "PROGRAM LOADT,9-15-1993"
% Este Código fonte se encontrava no anexo G deste GUIA PADRÃO e estava escrito
% originalmente em linguagem BASIC, sendo recodificado para o MATLAB
% para facilitar meus estudos durante as análises dos dados coletados nos
% diversos ensaios com a Bancada Regenerativa.
% Notas da versão:
% 1.01 [Código inicial "MODELO_AQUEC_TRAFO_v1.M"
% ...]
%% Leitura dos dados de entrada para cálculos primários
clc;clear;close all;
% Escolha da língua de apresentação
%I = menu('Selecione o idioma:','English ','Português'); % Usar >> x=input('texto','s');
%if I == 1 % Para evitar a necessidade de usar o mouse
lang = 1; % English
%else
lang = 0; % Português
%end
% Tabela de Dados iniciais do exemplo do GUIA IEEE
Dados = load('Dados_101101_06horas.txt ');
% Leitura da Linha 1 do arquivo de dados
XKVA1 = Dados(1,2); %kVA base for losses
TKVA1 = Dados(1,3); %Temperature base for losses at this kVA, °C
PW = Dados(1,4); %I2R losses, PW, watts
PE = Dados(1,5); %Winding eddy losses, PE, watts
Apêndice II 102
PS = Dados(1,6); %Stray losses, PS, watts
PC = Dados(1,7); %Core loss, PC,R, watts
% Leitura da Linha 2 do arquivo de dados
XKVA2 = Dados(2,2); %One per unit kVA base for load cycle
THKVA2 = Dados(2,3); %Rated average winding rise over ambient at kVA base of load cycle, °C
THEWA = Dados(2,4); %Tested or rated average winding rise over ambient, °C
THEHSA = Dados(2,5); %Tested or rated Hot-Spot rise over ambient, °C
THETOR = Dados(2,6); %Tested or rated Top-Oil Rise over ambient, °C or
%Top-Oil Rise Temperature over ambient at tested or rated load, °C
THEBOR = Dados(2,7); %Tested or rated Bottom-Oil Rise over ambient, °C
TAR = Dados(2,8); %Rated ambient at kVA base for load cycle, °C
% Leitura da Linha 3 do arquivo de dados
MC = Dados(3,2); %Conductor code, l=aluminum, 2=copper
PUELHS = Dados(3,3); %Eddy loss at winding hot spot location, per unit of I2R loss
TAUW = Dados(3,4); %Winding time constant, min
HHS = Dados(3,5); %Per unit of winding height to hot spot location
% Leitura da Linha 4 do arquivo de dados
WCC = Dados(4,2); %Core and coil (untanking) weight, lb [pounds]
WTANK = Dados(4,3); %Mass of tank, lb [pounds]
MF = Dados(4,4); %Fluid code, 1=oil, 2=silicone, 3=hthc
GFLUID = Dados(4,5); %Fluid volume, gallons
% Leitura da Linha 5 do arquivo de dados
MCORE = Dados(5,2); %Core overexcitation occurs during load cycle, 0=no, l=yes
TIMCOR = Dados(5,3); %Time when core overexcitation occurs, h
PCOE = Dados(5,4); %Core loss when overexcitation occurs, W
% Leitura da Linha 6 do arquivo de dados
LCAS = Dados(6,2); %Loading case 1 or 2, see input data description in G.5
% Leitura da Linha 7 do arquivo de dados
% Loading case, 1 or 2
% For case 1 the loading cycle (usually 24 h) is assumed to repeat and the initial temperatures are not known.
% For case 2, the initial temperatures (see instruction f) are input at line 7.
% NOTE — Line 7 data Must be input for case 2 and must not be input for case 1.
if LCAS == 2
THS = Dados(7,2); %Winding hottest-spot temperature, °C
TW = Dados(7,3); %Average winding temperature, °C
TTO = Dados(7,4); %Top fluid temperature in tank and radiator, °C
TTDO = Dados(7,5); %Fluid temperature at top of duct, °C
TBO = Dados(7,6); %Bottom fluid temperature, °C
% Leitura da Linha 8 do arquivo de dados
MA = Dados(8,2); %Cooling code, 1=OA, 2=FA, 3=non-directed FOA, 4=directed FOA
MPR1 = Dados(8,3); %Print temperature table, 0=no, 1=yes
DTP = Dados(8,4); %Time increment for printing calculations, min
JJ = Dados(8,5); %Number of points on load cycle
Apêndice II 103
% Leitura da Linha 9 do arquivo de dados até o final
for m = 1:1:JJ
%200 TIM(J)=60!*TIM(J)
TIM(m) = 60 * Dados(m+8,2); %Value of time point on load cycle
AMB(m) = Dados(m+8,3); %Ambient point on input of load cycle curve, °C
PUL(m) = Dados(m+8,4); %Per unit load point on load cycle curve
end
else % Leitura da 7ª Linha, indicada como linha 9 no arquivo de dados, devido a não existência das linhas 7 e 8
MA = Dados(7,2); %Cooling code, 1=OA, 2=FA, 3=non-directed FOA, 4=directed FOA
MPR1 = Dados(7,3); %Print temperature table, 0=no, 1=yes
DTP = Dados(7,4); %Time increment for printing calculations, min
JJ = Dados(7,5); %Number of points on load cycle
% Leitura da 8ª Linha, indicada como 10 no arquivo de dados, até o final
for m = 1:1:JJ
TIM(m) = 60 * Dados(m+7,2);
AMB(m) = Dados(m+7,3);
PUL(m) = Dados(m+7,4);
end
end
%% Cálculo das Perdas Totais e apresentação dos dados coletados
if lang == 1
disp('PROGRAM "MODELO_AQUEC_TRAFO_BREG_v1.M", VERSION 1.0, 02-01-2011');
disp(' ');
disp('TRANSFORMER TEMPERATURE CALCULATION WITH VARIABLE');
disp('LOAD AND AMBIENT TEMPERATURE USING BOTTOM OIL RISE');
disp('DUCT OIL RISE, RESISTANCE CHANGE WITH TEMPERATURE');
disp(' ');
disp('CORRECTIONS FOR FLUID VISCOSITY FOR OA, FA, AND NDFOA COOLING MODES');
disp('NO VISCOSITY CORRECTION FOR DFOA COOLING MODE');
fprintf ('\n INPUT DATA FILENAME IS %s\n\n', '"Dados_101101_06horas.txt "');
%fprintf ('\nOUTPUT DATA FILENAME IS %s\n\n', ' ???? ');
else
disp('PROGRAMA "MODELO_AQUEC_TRAFO_BREG_v1.M", VERSÃO 1.0, 02-01-2011');
disp(' ');
disp('CÁLCULO DA TEMPERATURA DO TRANSFORMADOR COM CARGA VARIÁVEL E');
disp('TEMPERATURA AMBIENTE USANDO A MUDANÇA NA ELEVAÇÃO DO ÓLEO');
disp('NA BASE, NOS DUTOS, E RESISTÊNCIA COM A TEMPERATURA');
disp(' ');
disp('CORREÇÕES DE VISCOSIDADE DO FLUIDO PARA MODOS DE REFRIGERAÇÃO: [OA], [FA], E [NDFOA]');
disp('SEM CORREÇÃO DE VISCOSIDADE DO FLUIDO PARA MODO DE REFRIGERAÇÃO [DFOA]');
fprintf ('\n ARQUIVO DE DADOS DE ENTRADA: %s\n\n', '"Dados_101101_06horas.txt "');
%fprintf ('\nARQUIVO DE DADOS DE SAÍDA: %s\n\n', ' ???? ');
end
Apêndice II 104
PT = PW + PE + PS + PC; %Perdas Totais
if lang == 1
fprintf (' KVA BASE FOR LOSS INPUT DATA = %d\n', XKVA1);
fprintf (' TEMPERATURE BASE FOR LOSS INPUT DATA = %d [C]\n', TKVA1);
fprintf (' WINDING I SQUARE R = %d [WATTS]\n', PW);
fprintf (' WINDING EDDY LOSS = %d [WATTS]\n', PE);
fprintf (' STRAY lOSSES = %d [WATTS]\n', PS);
fprintf (' CORE LOSS = %d [WATTS]\n', PC);
fprintf (' TOTAL LOSSES = %d [WATTS]\n\n', PT);
else
fprintf (' KVA BASE PARA DADOS DE PERDA INICIAIS = %d\n', XKVA1);
fprintf (' TEMPERATURA BASE PARA DADOS DE PERDA INICIAIS = %d [C]\n', TKVA1);
fprintf (' PERDAS POR AQUECIMENTO NOS ENROLAMENTOS = %d [WATTS]\n', PW);
fprintf (' PERDAS POR CORRENTES PARASITAS NO ENROLAMENTO = %d [WATTS]\n', PE);
fprintf (' PERDAS POR DISPERSÃO = %d [WATTS]\n', PS);
fprintf (' PERDA NO NÚCLEO = %d [WATTS]\n', PC);
fprintf (' PERDAS TOTAIS = %d [WATTS]\n\n', PT);
end
% Tipo de condutor
if MC == 1 %l=aluminum
if lang == 1
disp(' WINDING CONDUCTOR IS ALUMINUM');
else
disp(' CONDUTOR DO ENROLAMENTO É "ALUMÍNIO"');
end
TK = 225; %Temperature factor for resistance correction, °C
CPW = 6.798; %Specific heat of winding material, W-min/lb °C
else %2=copper
if lang == 1
disp(' WINDING CONDUCTOR IS COPPER');
else
disp(' CONDUTOR DO ENROLAMENTO É "COBRE"');
end
TK = 234.5; %Temperature factor for resistance correction, °C
CPW = 2.91; %Specific heat of winding material, W-min/lb °C
end
if lang == 1
fprintf ('\n PER UNIT EDDY LOSS AT HOT SPOT LOCATION = %.2f\n', PUELHS);
fprintf (' WINDING TIME CONSTANT = %d [MINUTES]\n', TAUW);
fprintf (' PER UNIT WINDING HEIGHT TO HOT SPOT = %d\n', HHS);
fprintf (' WEIGHT OF CORE & COILS = %.2f [POUNDS]\n',WCC);
fprintf (' WEIGHT OF TANK AND FITTINGS = %.2f [POUNDS]\n', WTANK);
fprintf (' GALLONS OF FLUID = %.2f\n', GFLUID);
else
fprintf ('\n PERDAS POR CORRENTES PARASITAS EM [PU], NO PONTO MAIS QUENTE = %.2f\n', PUELHS);
fprintf (' CONSTANTE DE TEMPO DO ENROLAMENTO = %d [MINUTOS]\n', TAUW);
fprintf (' ALTURA DO PONTO MAIS QUENTE NO ENROLAMENTO EM [PU] = %d\n', HHS);
Apêndice II 105
fprintf (' PESO DO NÚCLEO E DOS ENROLAMENTOS = %.2f [LIBRAS]\n',WCC);
fprintf (' PESO DO RESERVATÓRIO E AFIXADOS = %.2f [LIBRAS]\n', WTANK);
fprintf (' GALÕES DE FLUIDO = %.2f\n', GFLUID);
end
% Tipo de fluido
if MF == 1 %1=oil
CPF = 13.92; %Specific heat of fluid, W-min/lb °C
RHOF = 0.031621;%Fluid density, lb/in3
C = 2797.3; %Constant in viscosity equation
B = 0.0013473; %Constant in viscosity equation
if lang == 1
fprintf ('\n COOLING FLUID IS TRANSFORMER OIL');
else
fprintf ('\n FLUIDO DE REFRIGERAÇÃO É "ÓLEO"');
end
else if MF == 2 %2=silicone
CPF = 11.49;
RHOF = 0.0347;
C = 1782.3;
B = 0.12127;
if lang == 1
fprintf ('\n COOLING FLUID IS SILICONE');
else
fprintf ('\n FLUIDO DE REFRIGERAÇÃO É "SILICONE"');
end
else %3=hthc
CPF = 14.55;
RHOF = 0.03178;
C = 4434.7;
B = 7.343E-05;
if lang == 1
fprintf ('\n COOLING FLUID IS HTHC');
else
fprintf ('\n FLUIDO DE REFRIGERAÇÃO É "HTHC"');
end
end
end
if lang == 1
fprintf ('\n\n ONE PER UNIT LOAD = %d [KVA]\n\n', XKVA2)
else
fprintf ('\n\n CARGA EM [PU] = %d [KVA]\n\n', XKVA2)
end
% Seleciona o tipo de refrigeração
switch MA
case 1 %1=OA
X = 0.5; %Exponent for Duct Oil Rise over Bottom Oil, 0.5 for OA, FA, and NDFOA, 1.0 for DFOA
YN = 0.8; %Exponent of average fluid rise with heat loss, 0.8 for OA, 0.9 for FA and NDFOA, 1.0 for DFOA
Z = 0.5; %Exponent for top to bottom fluid temperature difference, 0.5 for OA and FA, 1.0 for NDFOA and DFOA
Apêndice II 106
THEDOR = THETOR;
if lang == 1
fprintf ('\n COOLING MODE IS "OA"\n')
else
fprintf ('\n MODO DE REFRIGERAÇÃO É "OA" [SEM VENTILAÇÃO FORÇADA]\n')
end
case 2 %2=FA
X = 0.5;
YN = 0.9;
Z = 0.5;
THEDOR = THETOR;
if lang == 1
fprintf ('\n COOLING MODE IS "FA" [FORCED AIR]\n')
else
fprintf ('\n MODO DE REFRIGERAÇÃO É "FA" [VENTILAÇÃO FORÇADA]\n')
end
case 3 %3=non-directed FOA
X = 0.5;
YN = 0.9;
Z = 1;
THEDOR = THEWA;
if lang == 1
fprintf ('\n COOLING MODE IS NON-DIRECTED FOA [NON-DIRECTED FORCED OIL (NDFOA)]\n')
else
fprintf ('\n MODO DE REFRIGERAÇÃO É "NDFOA" [CIRCULAÇÃO DE ÓLEO FORÇADA INDIRETA]\n')
end
case 4 %4=directed FOA
X = 1;
YN = 1;
Z = 1;
THEDOR = THETOR;
if lang == 1
fprintf ('\n COOLING MODE IS DIRECTED FOA [DIRECTED FORCED OIL (DFOA)]\n')
else
fprintf ('\n MODO DE REFRIGERAÇÃO É "DFOA" [CIRCULAÇÃO DE ÓLEO FORÇADA]\n')
end
end
% Alterando o valor do expoente "Y"
if lang == 1
fprintf ('\n NOMINAL VALUE OF "Y" EXPONENT IS = %1.1f\n', YN);
fprintf ('\nDO YOU WISH TO CHANGE? \n');
I = menu('DO YOU WISH TO CHANGE DE "Y" EXPONENT?','Yes','No');
if I == 1
YN = input('INPUT DESIRED VALUE OF "Y" EXPONENT = ');
end
else
fprintf ('\n VALOR NOMINAL DO EXPOENTE "Y" = %1.1f\n', YN);
% fprintf ('\nDESEJA ALTERAR O VALOR DE "Y"? \n');
Apêndice II 107
I = menu('DESEJA ALTERAR O VALOR DE "Y" ?','Sim','Não');
if I == 1
YN = input(' ENTRE COM O VALOR DESEJADO DO EXPOENTE "Y" = ');
end
end
TWR = TAR + THKVA2; %Rated Average winding temperature at rated load, °C
TWRT = TAR + THEWA; %Average winding temperature at rated load tested, °C
THSR = TAR + THEHSA; %Winding hottest-spot temperature at rated load, °C
TTOR = TAR + THETOR; %Top fluid temperature in tank and radiator at rated load, °C
TBOR = TAR + THEBOR; %Bottom fluid temperature at rated load, °C
TTDOR = THEDOR + TAR; %Fluid temperature at top of duct at rated load, °C
TWOR = (HHS * (TTDOR - TBOR)) + TBOR; %Temperature of oil adjacent to winding hot spot at rated load, °C
TDAOR = (TTDOR + TBOR)/2; %Average temperature of fluid in cooling ducts at rated load, °C
TFAVER = (TTOR + TBOR)/2; %Average fluid temperature in tank and radiator at rated load, °C
XK2 = (XKVA2 / XKVA1)^2;
TK2 = (TK + TWR)/(TK + TKVA1);
PW = XK2 * PW * TK2;
PE = XK2 *PE / TK2;
PS = XK2 * PS / TK2;
PT = PW + PE + PS + PC;
if (PE / PW) > PUELHS
PUELHS = PE / PW;
end
TKHS = (THSR + TK) / (TWR + TK);
PWHS = TKHS * PW;
PEHS = PUELHS * PWHS;
if lang == 1
fprintf ('\nAT THIS KVA LOSSES AT %d [C] ARE AS FOLLOWS\n\n', TWR);
fprintf (' WINDING I SQUARE R = %.2f [WATTS]\n', PW);
fprintf (' WINDING EDDY LOSS = %.2f [WATTS]\n', PE);
fprintf (' STRAY LOSSES = %.2f [WATTS]\n', PS);
fprintf (' CORE LOSSES = %.2f [WATTS]\n', PC);
fprintf (' TOTAL LOSS = %.2f [WATTS]\n\n', PT);
fprintf ('AT THIS KVA INPUT DATA FOR TEMPERATURES AS FOLLOWS: \n\n')
fprintf (' RATED AVERAGE WINDING RISE OVER AMBIENT = %.2f [C]\n', THKVA2);
fprintf (' TESTED AVERAGE WINDING RISE OVER AMBIENT = %.2f [C]\n', THEWA);
fprintf (' HOTTEST SPOT RISE OVER AMBIENT = %.2f [C]\n', THEHSA);
fprintf (' TOP FLUID RISE OVER AMBIENT = %.2f [C]\n', THETOR);
fprintf (' BOTTOM FLUID RISE OVER AMBIENT = %.2f [C]\n', THEBOR);
fprintf (' RATED AMBIENT TEMPERATURE = %.2f [C]\n\n', TAR);
else
fprintf ('\nNESTA POTÊNCIA, AS PERDAS EM %d [C] SERÃO:\n\n', TWR);
fprintf (' PERDAS POR AQUECIMENTO NOS ENROLAMENTOS = %.2f [WATTS]\n', PW);
Apêndice II 108
fprintf (' PERDAS POR CORRENTES PARASITAS NO ENROLAMENTO = %.2f [WATTS]\n', PE);
fprintf (' PERDAS POR DISPERSÃO = %.2f [WATTS]\n', PS);
fprintf (' PERDA NO NÚCLEO = %.2f [WATTS]\n', PC);
fprintf (' PERDAS TOTAIS = %.2f [WATTS]\n\n', PT);
fprintf ('\nNESTA POTÊNCIA, AS TEMPERATURAS CONSIDERADAS SERÃO:\n\n');
fprintf (' ELEVAÇÃO MÉDIA NOMINAL DO ENROL. SOBRE A T. AMBIENTE = %.2f [C]\n', THKVA2);
fprintf (' ELEVAÇÃO MÉDIA TESTADA DO ENROL. SOBRE A T. AMBIENTE = %.2f [C]\n', THEWA);
fprintf (' ELEVAÇÃO DO PONTO MAIS QUENTE SOBRE A T. AMBIENTE = %.2f [C]\n', THEHSA);
fprintf (' ELEVAÇÃO DO TOPO DO FLUIDO SOBRE A T. AMBIENTE = %.2f [C]\n', THETOR);
fprintf (' ELEVAÇÃO DA BASE DO FLUIDO SOBRE A T. AMBIENTE = %.2f [C]\n', THEBOR);
fprintf (' TEMPERATURA AMBIENTE NOMINAL = %.2f [C]\n\n', TAR);
end
if MCORE > 1 %1100 IF MCORE<1 GOTO 1140
if lang == 1
fprintf ('CORE OVEREXCITATION OCCURS AT %d [HOURS]\n', TIMCOR);
fprintf ('CORE OVEREXCITATION LOSS IS %d [WATTS]\n\n', PCOE);
else
fprintf ('SATURAÇÃO DO NÚCLEO OCORREU = %d [HOURS]\n', TIMCOR);
fprintf ('PERDAS POR SATURAÇÃO DO NÚCLEO = %d [WATTS]\n\n', PCOE);
end
else
if lang == 1
fprintf (' CORE OVEREXCITATION DOES NOT OCCUR \n')
else
fprintf (' NÃO OCORREU SATURAÇÃO DO NÚCLEO \n')
end
end
%% Cálculos adicionais
if MPR1 == 1 %1150 IF MPR1<1 GOTO 1230 % Print temperature table, 0=no, 1=yes
if lang == 1
disp(' ');
disp('>>>>>>>>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<<<<<<<<<<<<< ');
disp('>>>>> PROCESSING MODEL DATA INPUTS <<<<< ');
disp('>>>>>>>>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<<<<<<<<<<<<< ');
disp(' ');
disp(' ');
disp('>>>>> LOAD X TEMPERATURE TABLE <<<<< ');
disp(' ');
else
disp(' ');
disp('>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<< ');
disp('>>>>> PROCESSANDO O MODELAMENTO A PARTIR DOS DADOS DE ENTRADA <<<<< ');
disp('>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<< ');
disp(' ');
disp(' ');
disp('>>>>> TABELA DE CARREGAMENTO X TEMPERATURAS <<<<< ');
Apêndice II 109
disp(' ');
end
else
TIMCOR=60*TIMCOR; %1230 TIMCOR=60*TIMCOR
end
% Definindo intervalo de tempo de amostragem
DT = 0.5; %1240 DT=.5
while (TAUW / DT) < 9
DT = DT / 2;
end
% Equação G-7
XMCP = (PE + PW) * TAUW / (TWRT - TDAOR); %MwCpw, XMCP > Winding mass times specific heat, W-min/°C
WWIND = XMCP / CPW; %Mw, WWIND > Mass of windings, lb
if WWIND < WCC %1280 IF WWIND>WCC GOTO 2260
WCORE = WCC - WWIND;
CPST =3.51;
WFL = GFLUID * 231 * RHOF;
SUMMCP = (WTANK * CPST) + (WCORE * CPST) + (WFL * CPF);
% 1310 DEF FNV(B,C,TMU)=B*EXP(C/(TMU+273!))
T = (TWRT + TDAOR) / 2;
VISR = FNV(B,C,T);
T = (THSR + TWOR) / 2;
VIHSR = FNV(B,C,T);
% 1340 TMP=0!:IF MPR1<1 THEN DTP=15
TMP = 0;
if MPR1 < 1
DTP = 15;
end
KK = round((TIM(:,JJ)/DTP)+.01);
for K = 1:KK
TMP = TMP + DTP;
TIMP(K) = TMP;
end
if MPR1 == 1 %1410 IF MPR1<1 THEN GOTO 1450
fprintf ('TIME PU AMB HS TOPO TOPDO BOTO\n');
fprintf ('HOURS LOAD TEMP TEMP TEMP TEMP TEMP\n');
end
if LCAS == 1 %1450 ON LCAS GOTO 1460,1480
THS = THSR;
TW = TWRT;
TTO = TTOR;
TTDO = TTDOR;
Apêndice II 110
TBO = TBOR;
MPR = 0;
JLAST = 2;
else %1480 MPR=MPR1:JLAST=1
MPR = MPR1;
JLAST = 1;
end
% 1490 TFAVE=(TTO+TBO)/2!:TWO=TBO+(HHS*(TTDO-TBO))
TFAVE = (TTO + TBO) / 2;
TWO = TBO + (HHS *(TTDO - TBO));
%JLAST
for JJJ = 1:1:JLAST %1500 FOR JJJ=1 TO JLAST
if JJJ == 2
MPR = MPR1;
end
THSMAX = THS;
TIMHS = 0;
TTOMAX = TTO;
TIMTO = 0;
J = 1;
K = 1;
TIMS = 0;
TIMSH = 0;
ASUM=0;
if MPR == 1 %1540 IF MPR<1 THEN GOTO 1560
TIMSH_P(K)=TIMSH; PL_P(K)=PUL(:,1); TA_P(K)=AMB(:,1); THS_P(K)=THS; TTO_P(K)=TTO; TTDO_P(K)=TTDO;
TBO_P(K)=TBO;
end
%Número de pontos a serem plotados no gráfico
%101228 - Melhoria feita ao tratar os dados
while K < (TIM(JJ)/DTP)
while TIMS < TIMP(K) %"2080" IF TIMS<TIMP(K) THEN GOTO 1560
TIMS = TIMS + DT; %1560 TIMS=TIMS+DT
if TIMS > TIM(J + 1)
J = J + 1;
end
if TIMS > TIM(JJ); % >>>> ????? >>>> 1580 IF TIMS>TIM(JJ) THEN GOTO 2120
disp ('>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Deu break!!!')
break;
else
TIMSH = TIMS / 60; % Estava apresentando falha ao montar a tabela de saída!!!
Apêndice II 111
if (round(TIM(J + 1) - TIM(J))) < .01
J = J + 1;
end
SL = (PUL(J + 1) - PUL(J)) / (TIM(J + 1) - TIM(J));
PL = PUL(J) + (SL * (TIMS - TIM(J)));
SLAMB = (AMB(J + 1) - AMB(J)) / (TIM(J + 1) - TIM(J));
TA = AMB(J) + (SLAMB * (TIMS - TIM(J)));
TDAO = (TTDO + TBO) / 2;
TKW = (TW + TK) / (TWR + TK);
QWGEN = PL * PL * ((TKW * PW) + (PE / TKW)) * DT;
if TW > TDAO %1680 IF TW<TDAO THEN GOTO 1750
if MA < 4 %1690 ON MA GOTO 1700,1700,1700,1730
T = (TW + TDAO) / 2;
VIS = FNV(B,C,T);
QWLOST = (((TW-TDAO)/(TWRT-TDAOR))^1.25)*((VISR/VIS)^.25)*(PW+PE)*DT; %CORRIGIDO ERRO
NO ARQUIVO DA IEEE
%1720 GOTO 1770
else
QWLOST = ((TW-TDAO)/(TWRT-TDAOR))*(PW+PE)*DT; %1730
%1740 GOTO 1770
end
else
QWLOST=0; %1750
if TW < TBO %1760 IF TW<TBO THEN TW=TBO
TW = TBO;
end
end
TW = (QWGEN - QWLOST + (XMCP * TW)) / XMCP; %1770
DTDO = (TTDOR - TBOR) * ((QWLOST / ((PW + PE) * DT)) ̂X);
TTDO = TBO + DTDO;
TDAO = (TTDO + TBO) / 2;
TWO = TBO + (HHS * DTDO);
TKHS = (THS + TK) / (THSR + TK);
if (TTDO + 0.1) < TTO
TWO = TTO;
end
if THS < TW
THS = TW;
end
if THS < TWO
Apêndice II 112
THS = TWO;
end
QHSGEN = PL * PL *((TKHS * PWHS) + (PEHS / TKHS)) * DT;
if MA < 4 %1850 ON MA GOTO 1860,1860,1860,1890
T = (THS + TWO) / 2;
VISHS = FNV(B,C,T);
QLHS=(((THS-TWO)/(THSR-TWOR))^1.25)*((VIHSR/VISHS)^.25)*(PWHS +PEHS)*DT; %CORRIGIDO
ERRO NO ARQUIVO DA IEEE
%1880 GOTO 1900
else
QLHS=((THS-TWO)/(THSR-TWOR))*(PWHS+PEHS)*DT; %1890
end
THS = (QHSGEN - QLHS + (XMCP * THS)) / XMCP; %1900
QS = ((PL * PL * PS) / TKW) *DT;
QLOSTF = (((TFAVE - TA) / (TFAVER - TAR)) ^ (1 / YN)) * PT * DT;
if MCORE < 1 %1930 IF MCORE<1 THEN GOTO 1960
if TIMS > TIMCOR %1940 IF TIMS<TIMCOR THEN GOTO 1960
QC = PCOE * DT; %1950 QC=PCOE*DT: GOTO 1970
else
QC = PC * DT; %1960 QC=PC*DT
end
end
TFAVE = (QWLOST+QC+QS-QLOSTF+(SUMMCP*TFAVE))/SUMMCP; %1970
DTTB = ((QLOSTF/(PT*DT))^Z)*(TTOR-TBOR);
TTO = TFAVE + (DTTB / 2);
TBO = TFAVE - (DTTB / 2);
if TBO < TA %2000 IF TBO<TA THEN TBO=TA
TBO = TA;
end
if TTDO < TBO %2010 IF TTDO<TBO THEN TTDO=TBO
TTDO = TBO;
end
AX = (15000 / 383) - (15000 / (THS + 273));
A = exp(AX);
ASUM = ASUM + (A * DT);
if THS > THSMAX %2040 IF THS<THSMAX THEN GOTO 2060
THSMAX = THS;
TIMHS = TIMSH;
end
if TTO > TTOMAX %2060 IF TTO<TTOMAX THEN GOTO 2080
Apêndice II 113
TTOMAX = TTO;
TIMTO = TIMSH;
end
end % fim if %1580 IF TIMS>TIM(JJ) THEN GOTO 2120
end % fim while %2080 IF TIMS<TIMP(K) THEN GOTO 1560
K = K + 1;
if MPR == 1 %2090 IF MPR<1 THEN GOTO 2110
%Retirada linha abaixo para evitar a geração de um arquivo de resultados muito grande
%fprintf ('%0.3f %0.3f %0.2f %0.2f %0.2f %0.2f %0.2f \n', TIMSH,PL,TA,THS,TTO,TTDO,TBO)
TIMSH_P(K)=TIMSH;PL_P(K)=PL;TA_P(K)=TA;THS_P(K)=THS;TTO_P(K)=TTO;TTDO_P(K)=TTDO;TBO_P(K)=TBO;
end
end % fim while %2110 K=K+1:GOTO 1560
end % fim for %2120 NEXT JJJ
% 2130 TIMS=TIMS-DT:ASUM=ASUM/60!:AEQ=ASUM/TIMSH:PRINT #1,
TIMS = TIMS - DT;
ASUM = ASUM / 60;
AEQ = ASUM / TIMSH;
fprintf ('\nTEMPERATURES DURING LOAD CYCLE:\n');
fprintf ('MAX. HOT SPOT TEMP. = %.4f [C] AT %.4f [HOURS]\n', THSMAX, TIMHS);
fprintf ('MAX. TOP FLUID TEMP. = %.4f [C] AT %.4f [HOURS]\n', TTOMAX, TIMTO);
fprintf ('\nFINAL HOT SPOT TEMP. = %.4f [C] \n', THS);
fprintf ('FINAL AVE. WIND. TEMP. = %.4f [C] \n', TW);
fprintf ('FINAL TOP OIL TEMP. = %.4f [C] \n', TTO);
fprintf ('FINAL DUCT OIL TEMP. = %.4f [C] \n', TTDO);
fprintf ('FINAL BOT. OIL TEMP. = %.4f [C] \n', TBO);
fprintf ('\nEQUIVALENT AGING = %.4f [HOURS] \n', ASUM);
fprintf ('LOAD CYCLE DURATION = %.0f [HOURS] \n', TIMSH);
fprintf ('EQUIVALENT AGING FACTOR = %.4f [PU] \n\n', AEQ);
%2250 GOTO 2290
else
%2260 PRINT ―WINDING TIME CONSTANT TOO HIGH‖
disp ('>>>> WINDING TIME CONSTANT TOO HIGH');
disp ('>>>>> CHANGE INPUT TO LOWER VALUE');
disp ('>>>>>> CHANGE INPUT TO LOWER VALUE IN INPUT FILE');
%2290 CLOSE #1
End
Apêndice II 114
RELATÓRIO DA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL
PROGRAMA "MODELO_AQUEC_TRAFO_BREG_V1.M", VERSÃO 1.0, 02-01-2011
CÁLCULO DA TEMPERATURA DO TRANSFORMADOR COM CARGA VARIÁVEL E
TEMPERATURA AMBIENTE USANDO A MUDANÇA NA ELEVAÇÃO DO ÓLEO
NA BASE, NOS DUTOS, E RESISTÊNCIA COM A TEMPERATURA
CORREÇÕES DE VISCOSIDADE DO FLUIDO PARA MODOS DE REFRIGERAÇÃO:
[OA], [FA], E [NDFOA]
SEM CORREÇÃO DE VISCOSIDADE DO FLUIDO PARA MODO DE REFRIGERAÇÃO:
[DFOA]
ARQUIVO DE DADOS DE ENTRADA: "Dados_101101_06horas.txt"
KVA BASE PARA DADOS DE PERDA INICIAIS = 50
TEMPERATURA BASE PARA DADOS DE PERDA INICIAIS = 75 [C]
PERDAS POR AQUECIMENTO NOS ENROLAMENTOS = 1149 [WATTS]
PERDAS POR CORRENTES PARASITAS NO ENROLAMENTO = 0 [WATTS]
PERDAS POR DISPERSÃO = 0 [WATTS]
PERDA NO NÚCLEO = 210 [WATTS]
PERDAS TOTAIS = 1359 [WATTS]
CONDUTOR DO ENROLAMENTO É "COBRE"
PERDAS POR CORRENTES PARASITAS EM [PU], NO PONTO MAIS QUENTE = 0.00
CONSTANTE DE TEMPO DO ENROLAMENTO = 6 [MINUTOS]
ALTURA DO PONTO MAIS QUENTE NO ENROLAMENTO EM [PU] = 6.600000e-001
PESO DO NÚCLEO E DOS ENROLAMENTOS = 388.00 [LIBRAS]
PESO DO RESERVATÓRIO E AFIXADOS = 264.55 [LIBRAS]
GALÕES DE FLUIDO = 28.80
FLUIDO DE REFRIGERAÇÃO É "ÓLEO"
CARGA EM [PU] = 50 [KVA]
MODO DE REFRIGERAÇÃO É "OA" [SEM VENTILAÇÃO FORÇADA]
VALOR NOMINAL DO EXPOENTE "Y" = 0.8
NESTA POTÊNCIA, AS PERDAS EM 95.7 [C] SERÃO:
PERDAS POR AQUECIMENTO NOS ENROLAMENTOS = 1225.88 [WATTS]
PERDAS POR CORRENTES PARASITAS NO ENROLAMENTO = 0.00 [WATTS]
PERDAS POR DISPERSÃO = 0.00 [WATTS]
PERDA NO NÚCLEO = 210.00 [WATTS]
PERDAS TOTAIS = 1435.88 [WATTS]
NESTA POTÊNCIA, AS TEMPERATURAS CONSIDERADAS SERÃO:
Apêndice II 115
ELEVAÇÃO MÉDIA NOMINAL DO ENROL. SOBRE A T. AMBIENTE = 68.48 [C]
ELEVAÇÃO MÉDIA TESTADA DO ENROL. SOBRE A T. AMBIENTE = 67.54 [C]
ELEVAÇÃO DO PONTO MAIS QUENTE SOBRE A T. AMBIENTE = 72.00 [C]
ELEVAÇÃO DO TOPO DO FLUIDO SOBRE A T. AMBIENTE = 57.56 [C]
ELEVAÇÃO DA BASE DO FLUIDO SOBRE A T. AMBIENTE = 48.30 [C]
TEMPERATURA AMBIENTE NOMINAL = 27.23 [C]
NÃO OCORREU SATURAÇÃO DO NÚCLEO
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>>>>> PROCESSANDO O MODELAMENTO A PARTIR DOS DADOS DE ENTRADA <<<<<
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TEMPERATURES DURING LOAD CYCLE:
MAX. HOT SPOT TEMP. = 85.0292 [C] AT 5.9833 [HOURS]
MAX. TOP FLUID TEMP. = 68.7816 [C] AT 5.9833 [HOURS]
FINAL HOT SPOT TEMP. = 85.0292 [C]
FINAL AVE. WIND. TEMP. = 80.5354 [C]
FINAL TOP OIL TEMP. = 68.7816 [C]
FINAL DUCT OIL TEMP. = 70.2212 [C]
FINAL BOT. OIL TEMP. = 61.2808 [C]
EQUIVALENT AGING = 0.1290 [HOURS]
LOAD CYCLE DURATION = 6 [HOURS]
EQUIVALENT AGING FACTOR = 0.0216 [PU]