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1 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E APROPRIAÇÃO DO CERRADO: UMA ANÁLISE DAS MICRORREGIÕES DO SUDOESTE GOIANO E QUIRINÓPOLIS NO ESTADO DE GOIÁS Edson Batista da Silva Universidade Estadual de Goiás - UFG [email protected] José Carlos de Souza Universidade Estadual de Goiás - UFG [email protected] Resumo Este artigo é resultado de observações e discussões feitas em um trabalho de campo realizado na disciplina Ambiente e Apropriação do Cerrado da Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Universidade Federal de Goiás no ano de 2008. O objetivo do trabalho é apresentar uma análise correlacionando as discussões teóricas de sala de aula às observações e percepções feitas em campo. Foram visitadas algumas cidades das microrregiões de Quirinópolis e Sudoeste Goiano no Sul do Estado de Goiás, regiões estas que compõem as áreas mais dinâmicas do estado, principalmente na produção de grãos e por sediar importantes agroindústrias. O trabalho foi norteado pelos seguintes temas: O território e as relações produtivas no cerrado; localização e aspectos históricos da ocupação da região em estudo; considerações sobre o Bioma Cerrado; uma análise sobre os impactos ambientais identificados na região; as relações de trabalho e a atração de mão-de-obra e a modernização da agricultura, a produção e a infraestrutura. Palavras-chave: Território. Modernização da Agricultura. Bioma Cerrado. Região Sul de Goiás. Introdução A modernização das técnicas produtivas no campo, em especial na área do Cerrado, aliada aos investimentos financeiros subsidiados por programas e políticas oficiais, vem propiciando um avanço indiscriminado sobre a paisagem do Cerrado, que tem se transformado em uma região “viável” para sua utilização pela agricultura, decorrente de uma extensa área agricultável, de facilidade de mecanização, de “fartos” recursos hídricos, por estar próximos de centros consumidores, entre outros, além da desvalorização do Cerrado em seus aspectos naturais, culturais e científicos (FERREIRA, 2005, p. 01). O Sudoeste Goiano e Quirinópolis são umas das microrregiões economicamente mais dinâmicas do estado de Goiás, grande produtora de grãos e sede de importantes agroindústrias. Essas microrregiões tem experimentado desde a década de 1970 um crescimento considerável da produção tornando-as cada vez mais dinâmicas, porém em

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MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E APROPRIAÇÃO DO CERRADO: UMA ANÁLISE DAS MICRORREGIÕES DO SUDOESTE GOIANO E

QUIRINÓPOLIS NO ESTADO DE GOIÁS

Edson Batista da Silva Universidade Estadual de Goiás - UFG

[email protected]

José Carlos de Souza Universidade Estadual de Goiás - UFG

[email protected]

Resumo Este artigo é resultado de observações e discussões feitas em um trabalho de campo realizado na disciplina Ambiente e Apropriação do Cerrado da Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Universidade Federal de Goiás no ano de 2008. O objetivo do trabalho é apresentar uma análise correlacionando as discussões teóricas de sala de aula às observações e percepções feitas em campo. Foram visitadas algumas cidades das microrregiões de Quirinópolis e Sudoeste Goiano no Sul do Estado de Goiás, regiões estas que compõem as áreas mais dinâmicas do estado, principalmente na produção de grãos e por sediar importantes agroindústrias. O trabalho foi norteado pelos seguintes temas: O território e as relações produtivas no cerrado; localização e aspectos históricos da ocupação da região em estudo; considerações sobre o Bioma Cerrado; uma análise sobre os impactos ambientais identificados na região; as relações de trabalho e a atração de mão-de-obra e a modernização da agricultura, a produção e a infraestrutura. Palavras-chave: Território. Modernização da Agricultura. Bioma Cerrado. Região Sul de Goiás. Introdução

A modernização das técnicas produtivas no campo, em especial na área do Cerrado, aliada aos investimentos financeiros subsidiados por programas e políticas oficiais, vem propiciando um avanço indiscriminado sobre a paisagem do Cerrado, que tem se transformado em uma região “viável” para sua utilização pela agricultura, decorrente de uma extensa área agricultável, de facilidade de mecanização, de “fartos” recursos hídricos, por estar próximos de centros consumidores, entre outros, além da desvalorização do Cerrado em seus aspectos naturais, culturais e científicos (FERREIRA, 2005, p. 01).

O Sudoeste Goiano e Quirinópolis são umas das microrregiões economicamente mais

dinâmicas do estado de Goiás, grande produtora de grãos e sede de importantes

agroindústrias. Essas microrregiões tem experimentado desde a década de 1970 um

crescimento considerável da produção tornando-as cada vez mais dinâmicas, porém em

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detrimento da desterritorialização dos povos que habitam no cerrado e da perda

inestimável do bioma Cerrado.

Dentre os fatores que contribuíram para efetivação da região enquanto produtora de

grãos esta a proximidade com o mercado consumidor do Centro-Sul brasileiro; a

construção de rodovias; a construção de Brasília; as características geomorfológicas da

região, terras planas que favoreceram a mecanização e a implantação de políticas

públicas para fomentar a produção como o Programa de Desenvolvimento do Centro-

Oeste (Polocentro), o Programa de Desenvolvimento Industrial (Produzir) e o Fundo

Constitucional do Centro-Oeste (FCO) do Ministério da Integração Nacional.

Essa região, com destaque para o município de Quirinópolis, vem sendo apropriado

pelo cultivo da cana-de-açucar e grandes usinas estão se instalando em alguns

municípios trazendo uma nova configuração para o território. A inserção dessa nova

atividade econômica nessas microrregiões sugere alguns questionamentos: Como o

território se configura a partir da inserção dessa nova atividade? Como se estabelece as

relações produtivas na região que é considerada o celeiro de Goiás? Quais são os

condicionantes ambientais, econômicos e políticos que contribuíram para tornar essa

região dinâmica sob o ponto de vista da produção de alimentos? Quais os impactos

sociais e ambientais dessas transformações?

Envoltos a esses questionamentos é que foi realizado um trabalho de campo que

possibilitasse uma análise mais criteriosa in loco, para entendermos esses processos.

Foram oito dias de viagem percorrendo as cidades de Quirinópolis, Jataí, Rio Verde,

Alto Araguaia, Mineiros, Serranópolis, Chapadão do Céu e outras. A seguir tem-se uma

discussão a cerca das reflexões feitas em campo, associadas a um levantamento teórico

sobre os temas trabalhados.

O território e as relações produtivas no Cerrado: uma breve discussão O território é entendido como o espaço onde se projeta o trabalho, seja energia e

informação, e que, por conseqüência, revela relações marcadas pelo poder

(RAFFESTIN; 1993). Ainda segundo Raffestin o território se forma a partir do espaço,

através da apropriação feita pelo homem por meio da implementação das relações

produtivas.

Segundo Souza (2005, p. 78), o território é fundamentalmente um espaço definido

delimitado por e a partir das relações de poder. E o estado sempre esteve presente na

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configuração desses territórios principalmente em forma de programas como os acima

citados para legitimar a ocupação das áreas do Cerrado, para fomentar as relações de

poder. “De fato o estado esta sempre organizando o território nacional por intermédio de

novos recortes, de novas implantações e de novas ligações.” (RAFFESTIN, 1993, p. 15). O território é sinônimo de apropriação, de subjetivação fechada sobre si mesma. Ele é o conjunto dos processos e das representações nos quais vai desembocar, pragmaticamente, toda uma série de comportamentos, de investimentos, nos tempos e nos espaços sociais, culturais e estéticos, cognitivos. (GUATARI 1986 apud BORGES e CALAÇA, 2007, p. 04).

O processo de modernização da agricultura em Goiás também é um fator de

desterritorialização a partir do momento que a refuncionalização produtiva dos espaços

exclui a maior parte da população, promovendo assim uma migração da população para

as áreas urbanas. Essa população excluída do processo muitas das vezes é vista como

desqualificada para os novos meios e técnicas que se inserem com a modernização das

atividades do campo. Segundo Borges e Calaça: A desterritorialização sertaneja resultou em um intenso movimento migratório, no sentido campo/cidade, o que desencadeou um crescimento urbano acelerado e em conseqüência uma urbanização desordenada. Neste contexto o sertanejo desprovido de recursos financeiros e de formação educacional é excluído da cidade, ocupando as áreas periféricas e sem infra-estrutura, além de se sujeitarem aos subempregos, devido a falta de qualificação profissional, exigida pela economia urbana. Em outras palavras, os sertanejos se constituem nos deserdados da modernização, que também não tem “direito a cidade”. (2007, p. 07).

Segundo Cavalcante e Joly (2002) citado por Pinto e Diniz Filho (2005) o Cerrado no

século XX era uma região pouco ocupada, considerada como área marginal pela

agricultura intensiva. A ocupação foi motivada pela mecanização da agricultura e a

possibilidade de correção dos solos. Então passa a ser o território do capital,

principalmente no que se refere a região sul do estado suprimindo os espaços e a

participação dos pequenos produtores.

Localização e aspectos históricos da ocupação da região em estudo O estado de Goiás esta regionalizado em cinco mesorregiões, a saber: Norte, Leste,

Noroeste, Centro e Sul Goiano. Essas mesorregiões estão subdividas em dezoito

microrregiões sendo que a área em estudo esta inserida na mesorregião Sul Goiano.

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A mesorregião Sul Goiano está subdivida em Sudoeste Goiano, Quirinópolis, Vale do

Rio dos Bois, Meia Ponte e Catalão. O trabalho de campo foi realizado nas

microrregiões do Sudoeste Goiano e Quirinópolis (Figura 1). Foram visitados em torno

de sete municípios, e a escolha dessas áreas para visitação se justifica pelas intensas

transformações econômicas que as mesmas estão passando nos últimos anos.

Figura 1: Mapa de localização das microrregiões de Quirinópolis e Sudoeste Goiano.

Essas microrregiões já são conhecidas desde a década de 1970 como celeiros de Goiás,

ou seja, grande produtora de grãos em função da ocupação de extensas áreas planas de

Cerrado por sulistas para o cultivo de grãos, especialmente a soja.

Segundo Oliveira (2005) a pecuária foi o principal fator de transformação das paisagens

do Cerrado e a agricultura tem um papel recente neste processo. Se nos remetermos aos

relatos históricos das atividades econômicas após o período aurífero fica evidente a

criação de animais nas terras goianas. Mas após a década de 1970 o estado de Goiás

passa a ser visto como o Eldorado do capitalismo brasileiro, como pode ser notado com

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clareza no dizer de Teixeira Neto (2008) quando discute as transformações econômicas

no Brasil e em Goiás a partir da década de 1930. Nas décadas seguintes à consolidação da fronteira, já sobre o impacto de outras políticas com vistas ao fortalecimento do grande capital nacional e internacional e ao favorecimento as grandes empresas rurais e industriais – nascimento e desenvolvimento do agronegócio e das grandes obras de impacto ambiental, como a mineração e as gigantescas hidrelétricas -, o campo vai se esvaziar, as cidades vão multiplicar e o cerrado vai sofrer as piores conseqüências, ao se transformar no novo Eldorado do capitalismo agrário brasileiro. (TEIXEIRA NETO, 2008 p. 06).

Na década de 1970, aliado ao crescimento das cidades do centro Sul Goiano, Goiás vê

reforçado seu perfil agrícola, com a transformação das terras do Cerrado, especialmente

no Sudoeste Goiano, em terras rentáveis para a agricultura comercial, o que ensejou um

forte fluxo migratório para essa região (ARRAIS, 2004), fluxo esse que somado ao

êxodo rural que ocorreu nessas áreas, resultou num crescimento considerável das

cidades.

A soja chega a Goiás com a modernização conservadora, com grande impacto sobre as

relações de produção, mas mantendo ao mesmo tempo uma estrutura fundiária

concentrada, em que poucos se mantêm com muita terra (ARRAIS, 2004, p. 19). Essa

chamada “modernização” foi extremamente seletiva em vista do modelo de produção

que se instalou, que foi a monocultura para exportação. Com isso ocupou-se extensas

áreas, beneficiando os grandes produtores, produtores esses que acabavam de chegar à

região (1970). Conservadora, na medida em que expressa a busca incessante da produção de valor e, (...) impôs-se como algo consumado e de natureza irreversível, pois não foi permitido qualquer diálogo e sequer aceito os diversos projetos alternativos apontados por setores da sociedade brasileira e pelos Povos Cerradeiros, que viviam nessas áreas desde priscas eras. (MENDONÇA 2004, p.05).

Criaram-se assim condições para a expansão da agroindústria nessas áreas, fato que vem

ocorrendo desde a implantação da Cooperativa Mista dos Produtores do Sudoeste

Goiano (Comigo) no início da década de 1970. A Partir de 1990 é criado o Complexo

Grãos-Carne (ARRAIS, 2004). Inúmeras empresas do ramo se instalam na região em

especial a Perdigão, que hoje se encontra em dois municípios, Rio Verde e Mineiros.

Monta-se então uma rede de produção de grãos e carne para atender as demandas da

produção dessa empresa.

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Houve uma intensa participação do estado brasileiro na ocupação do Cerrado, seja

incentivando a migração através das colônias agrícolas ou através de incentivos a

grandes produtores, isso para legitimar a expansão da fronteira agrícola. Atualmente os

investimentos de alguns programas dos governos federal e estadual têm beneficiado o

setor produtivo em Goiás e na região, são eles o Programa de Desenvolvimento

Industrial do Estado (Produzir) e o Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) do

Ministério da Integração Nacional.

Algumas considerações sobre o Bioma Cerrado O Cerrado é o segundo maior bioma do território brasileiro, possui dois milhões de

quilômetros quadrados de extensão. Nessas áreas predomina o clima Tropical

Subúmido com duas estações bem definidas, uma seca de baixas temperaturas e outra

quente e úmida. Este domínio está estabelecido nas áreas do Planalto Central

Brasileiro, onde predominam terras altas, solos profundos e ácidos (com grande

presença de alumínio) com pouca capacidade de retenção de água.

Os condicionantes ambientais (relevo, solo e clima) determinam a formação das

fitofisionomias do bioma, que de uma forma simplificada podemos classificá-lo em

Campo Limpo, Campo Sujo, Campo Cerrado, Cerrado Estrito Senso e Cerradão.

Esta taxonomia se justifica pela composição das espécies, os condicionantes ambientais

como relevo, solo e drenagem e a fisionomia. Todos estes tipos de Cerrado puderam ser

vistos no trabalho de campo, especialmente no Parque Nacional das Emas, uma área de

preservação sufocada em uma região onde a produção de grãos se expande de forma

avassaladora. Segundo Barbosa (s. d.) citado por Moysés e Silva (2007, p. 02): O cerrado é a cumeeira da America do Sul, distribuindo águas para as grandes bacias hidrográficas do continente. Isto ocorre porque na área do Cerrado se situam três grandes aqüíferos, responsáveis pela formação e alimentação dos grandes rios brasileiros. O aqüífero Guaraní (...) responsáveis pelas águas que alimentam a bacia do Paraná. Os aqüíferos Bambuí e Urucuia responsáveis pela alimentação dos rios que integram as bacias do São Francisco, Tocantins Araguaia e outros, situadas na abrangência do Cerrado. Estes aqüíferos, que se vêm formando durante milhões de anos, de pouco tempo pra cá não estão sendo recarregados como deviam para sustentar os mananciais.

O fato de o Cerrado ser o distribuidor e divisor de águas das principais bacias do Brasil

o coloca como uma área prioritária para preservação, porque os impactos da ocupação

nestas áreas, podem acarretar inúmeros impactos em outros biomas. Por este motivo,

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deve se pensar a forma como está sendo ocupadas essas áreas. A produção agrícola é a

atividade econômica que mais consome água e é a que mais causa impacto no solo e no

bioma como um todo.

Uma análise sobre alguns impactos ambientais identificados na região

As iniciativas de desenvolvimento regional para Goiás não lograram resultados, não apenas porque partiram de diagnósticos equivocados, mas porque levam ao extremo a idéia de vocação. A partir da década de 1970 foi a soja. O cerrado gostava de soja, afirmavam os ufanistas enquanto a biodiversidade sumia do mapa e solo dos chapadões escorria nas calhas dos grandes rios como Araguaia. Hoje, além da soja, a busca pela competitividade impõe a necessidade de produzir cana-de-açucar, com irrestrito apoio do Estado. Algumas regiões correm o risco de se transformar em verdadeiros canaviais, com prejuízos para o meio ambiente e também para a economia local (ARRAIS, 2007, p. 15).

A intensa e acelerada ocupação da região foi favorecida pelas condições

geomorfológicas, áreas de chapadões planos e/ou levemente ondulados. Apesar do solo

ácido com alto teor de alumínio, com a introdução de técnicas de correção, o solo se

tornou apto para o cultivo, principalmente de grãos, porém a supressão das áreas do

Cerrado tem provocado uma considerável redução da biodiversidade do bioma.

Os principais impactos identificados na região é resultado do uso intensivo e

inadequado do solo, são processos erosivos que causam a perda do solo por erosão

laminar e linear e a arenização em algumas áreas. São extensas áreas de solos altamente

susceptíveis a erosão, desenvolvidos sobre o arenito Botucatu.

Nas nascentes do Rio Araguaia, onde os impactos são preocupantes, a retirada da

vegetação tem colocado os neossolos quartzarênicos altamente susceptíveis a erosão. A

Chitolina, uma extensa e profunda voçoroca localizada no município de Mineiros é um

dos exemplos. Esta erosão esta bem próxima às nascentes do Araguaia e grandes

quantidades de sedimentos removidos, estão sendo depositados nos fundos de vale,

causando o assoreamento das suas nascentes.

Outro impacto visível e preocupante é a ocupação das áreas de veredas. As áreas de

veredas, importantes ecossistemas do bioma Cerrado, estão sendo drenadas para

possibilitar o cultivo de alguns cultivares ou represadas, para o armazenamento de água

para abastecer os pivôs centrais. O uso intensivo de pivôs centrais como técnica de

irrigação tem provocado um grande consumo de água que pode colocar em risco as

fontes desse recurso e comprometer o equilíbrio dessas áreas. Segundo Ferreira (2005)

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as veredas são importantes subsistemas do bioma Cerrado, possui uma grande

importância ecológica porque são refúgios da fauna e da flora e são ambientes de

nascedouros das fontes hídricas que abastecem os rios.

As relações de trabalho e a atração de mão-de-obra Percebeu-se principalmente na cidade de Quirinópolis onde o reflexo da produção de

cana-de-açucar e a instalação das usinas tem sido rápido, recente e visível, que houve

uma grande migração de mão-de-obra, principalmente da região nordeste do Brasil que

vieram em um primeiro momento trabalhar no corte da cana e que acabaram sendo

absorvidos pela construção civil (construção das usinas).

Segundo relato dos próprios trabalhadores, a estada na região é provisória, eles são

contratados por um determinado período, prestam serviço, conseguem juntar um

montante em dinheiro e voltam para o Nordeste, onde deixaram em sua maioria, esposa

e filhos. Há um grande número de trabalhadores na cidade e muitas casas estão sendo

usadas como acampamento para esses trabalhadores.

Houve uma dinamização da economia local, aumento no fluxo de carros na cidade e

conseqüentemente problemas de ordem habitacional, como especulação imobiliária,

com aumento considerável dos alugueis e valores das casas; aumento na produção de

lixo e dificuldades na coleta do mesmo; prestação de serviços públicos como saúde

onde houve um aumento considerável da demanda para este tipo de serviço público.

Segundo o Secretário de Administração do Governo Municipal, políticas públicas estão

sendo implementadas para minimizar tais problemas. O poder público vê essas

transformações com bons olhos e acredita que isso faz parte do desenvolvimento e o

poder público local terá que se adaptar a estas transformações. Ainda segundo o

secretário, nos anos anteriores houve uma intensa migração da população da cidade para

outras regiões, e tem percebido que esta mesma população esta retornando,

vislumbrando novas oportunidades em Quirinópolis com a chegada das empresas do

ramo sucroalcooleiro.

Em uma das usinas visitadas (Usina São João) no município de Quirinópolis, percebeu-

se um grande número de mulheres trabalhando como motoristas em grandes máquinas

utilizadas no corte da cana, postos de trabalho ocupados até pouco tempo somente por

homens. As máquinas são super modernas, totalmente computadorizadas, com ar

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condicionado tornando o trabalho extremamente confortável, bem diferente do que se

costumava ver, motoristas homens, suados e sujos de terra e graxa.

Neste município o corte da cana é feito em sua totalidade por máquinas, e este

procedimento sem a utilização do fogo preserva-se a matéria orgânica e evita a morte de

animais. Com o corte mecanizado uma grande quantidade de palha fica sobre o solo

exercendo a função de serrapilheira, favorecendo o desenvolvimento da matéria

orgânica e protegendo o solo da erosividade da chuva.

Outro procedimento que é pouco utilizado é o corte manual da cana crua, por que o

rendimento da produção é baixo e o trabalhador fica exposto insetos, cobras e outros

animais, pondo sua vida em risco. Em Serranópolis pudemos presenciar o corte manual

da cana queimada, percebe-se que o trabalho é extremamente extenuante e os

trabalhadores ficam expostos a uma grande quantidade de cinzas. Segundo o

encarregado que supervisiona as atividades, as condições de trabalho melhoraram muito

nos últimos anos, e há uma fiscalização rigorosa para garantir melhores condições de

trabalho. Dentre as principais exigências está a utilização de equipamentos de proteção

individual, os chamados EPIs. A alimentação é feita em um espaço coberto e a comida é

fornecida pela empresa e distribuída logo após ser feita, pondo fim ao antigo tratamento

de “bóia fria”, expressão muito utilizada entre eles.

É impressionante o arcabouço tecnológico inseridos nos processos produtivos das

empresas dessa região, exigindo cada vez mais uma mão-de-obra especializada. Em Rio

Verde, na seção de produção de óleo de soja da Comigo, o que se percebeu foi um

processo de tecnificação altamente moderno e onde quase não se vê trabalhadores,

percebeu-se ai a forma como esta sendo inseridos os processos tecnológicos modernos.

A modernização da agricultura, a produção e a infra-estrutura Segundo Arrais (2007) a modernização da agricultura no estado de Goiás iniciou-se a

partir da região sul, este processo se deu através da intensificação da produção e a

ampliação da área produtiva por meio da introdução de técnicas modernas de produção

e intensa utilização de insumos agrícolas. Porém no dizer do mesmo autor essa

modernização trouxe grandes impactos à estrutura fundiária acarretando um

considerável êxodo rural na região. Daí entende-se o acelerado crescimento de cidades

como Rio Verde e Jataí após a década de 1970.

No dizer de Estevam (1998) citado por Arrais (2007, p. 02):

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(...) a modernização foi, ao mesmo tempo, excludente, dado o perfil dos atores selecionados. Seletiva, uma vez que elegeu determinados produtos, especialmente aqueles para exportação, como a soja. Localizada, privilegiando os chapadões do Sudoeste goiano.

Moysés e Silva (2007) trazem também à tona esta discussão acerca dos fatores que

contribuíram para a concentração da produção nas regiões mais a sul do estado, em

especial no Sudeste. E ainda evidencia a posição privilegiada do Cerrado como área

estratégica para produção e escoamento. No que ser refere à sua geografia econômica, a posição estratégica do Cerrado vem atraindo investimentos, a partir dos anos 1970, pelas seguintes razões: por estar no centro do pais, portanto próximo dos centro consumidores; pela sua malha rodoviária que facilitaria o escoamento da produção; pelo desenvolvimento de cultivares adaptados ao solo e clima, pela sua geografia com grandes extensões de planícies, o que propicia o desenvolvimento da pecuária e da agricultura mecanizadas, dentre outras. Por isso, grandes empresas agropecuárias se instalaram no Centro-Oeste, sobretudo no Sul, Sudeste e Sudoeste do Estado de Goiás. (2007, p 03).

A produção agrícola e a industrialização não ocorrem de forma regular no Estado de

Goiás. A distribuição dessas atividades obedece a uma lógica de infraestrutura e

logística. As microrregiões do Sudoeste Goiano e Quirinópolis foram beneficiadas por

esta infraestrutura. A agroindustrialização foi localizada, especialmente com o surgimento de cooperativas para o beneficiamento da soja e a progressiva transferência de grupos econômicos para o Sul goiano, a exemplo da Perdigão para o município de Rio Verde. Programas como o Fomentar, o Produzir, o Microproduzir e o Fundo Constitucional (FCO), instituídos como políticas de incentivos fiscais em diversas modalidades de credito e para empresas de ramos diferentes, estimularam a migração de plantas industriais para o território goiano (ARRAIS 2007, p. 08).

Passam pelas microrregiões as rodovias BRs 364, 060 e 452, na divisa com os estados

de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul há uma ferrovia e na divisa com Minas Gerais a

hidrovia do Rio Paranaíba, conhecida como hidrovia Tietê-Paraná. Por estas vias se

escoam toda a produção dessas regiões, em especial os grãos.

Arrais (2004) apresenta em seu trabalho os principais produtos agrícolas das

microrregiões, dados levantados pela Seplan (2003). Segundo o autor o Sudoeste de

Goiás produziu neste período 4.357.187 toneladas de produtos agrícolas, entre as

principais culturas estão a soja, a cana-de-açucar, o milho, o sorgo, o trigo, o tomate, o

feijão, o girassol e o algodão. Já a microrregião de Quirinópolis produziu no mesmo

período 200.372 toneladas dos seguintes produtos: milho, arroz, mandioca, soja, feijão e

abacaxi.

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Ainda segundo o mesmo autor a microrregião do Sudoeste Goiano é a que mais produz

soja, e é onde se localizam os cinco maiores produtores do estado, são eles: Rio Verde,

Jataí, Mineiros, Montividiu, Chapadão do Céu e Perolândia (ARRAIS, 2004). No que

se refere à produção de cana-de-açucar, Arrais (2004) da ênfase a Santa Helena de

Goiás como maior produtora (1.654.220 toneladas). Neste período ainda estava por vir à

expansão de cana-de-açucar e a implantação das usinas na região, fenômeno que pode

ser percebido in locu no trabalho de campo quando visitados os municípios de

Quirinópolis e Serranópolis.

Considerações finais A modernização da agricultura nas áreas do Cerrado trás consigo um custo social e

ambiental muito grande. Desde o processo de implantação das técnicas modernas de

produção a partir da década de 1970 nas regiões analisadas a produção já se configurou

de forma excludente e seletiva, onde a territorialização acabou sendo resultado dos

interesses dos grandes produtores.

A monocultura para a exportação foi carro chefe do processo, principalmente a

produção de grãos como a soja trazendo uma dinamicidade para a região que atraiu

muita mão-de-obra. Passados mais de trinta anos e a situação fundiária continua a

mesma, concentrada, há uma produção em grande escala, vastas áreas produzindo

inúmeros cultivares além da soja, uma infra-estrutura de vias de transporte foi

implantada (rodovias, ferrovias e hidrovias) para escoar a produção. Inúmeras empresas

foram instaladas na região ligadas ao agronegócio, sendo também beneficiadas por

programas dos governos estadual e federal.

Com a chegada das empresas do ramo sucroalcooleiro a região passa a experimentar

uma nova dinâmica. Como no período do aumento da produção de grãos e da chegada

da Perdigão a região começa mais uma fase de fluxo migratório. A produção da cana na

região também chega com um caráter excludente, a produção é em grande escala e

necessita de extensas áreas de lavoura para atender as suas demandas, ou seja, o

pequeno produtor estará excluído do processo. Há um grande investimento do capital

externo (Banco Mundial) e a produção atende especialmente ao mercado externo.

As atividades tanto ligadas à produção de cana como das agroindústrias são altamente

tecnificadas, exigindo uma mão-de-obra especializadamente moderna, porque as

técnicas utilizadas são de tecnologia de ponta. Esta mão-de-obra tem sido buscada

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principalmente fora do Estado, e não se percebeu muito empenho dos governos

municipais e estadual no sentido de capacitar a mão-de-obra local para ser absorvida no

processo produtivo, excetuando alguns casos em que a própria empresa promove esta

capacitação e nesses casos isso é exaustivamente utilizado como bandeira de que a

empresa exerce uma função social e que possui programas de inclusão.

Os impactos ambientais produzidos por essas múltiplas atividades que se desenvolvem

nessas áreas são inúmeros, dentre eles podemos destacar a perda da diversidade

biológica do bioma Cerrado. Só este fato já trás uma discussão profunda a cerca dos

custos ambientais dessa modernização, ou seja, quem vai se responsabilizar por toda

essa perda? Que medidas estão sendo ou serão tomadas para mitigar tais impactos?

Atualmente as bacias hidrográficas são concebidas como unidades de planejamento e

gestão socioambiental, como área de fluxo de matéria e energia que precisa ser pensada

de forma sistêmica levando em consideração os aspectos, físicos, bióticos e

principalmente humanos. Pensar a forma como se usa e ocupa as áreas de uma bacia é

diagnosticar e até prever possíveis colapsos no solo, água e biota. O Cerrado goiano

precisa ser pensado dessa forma, especialmente o Sudoeste Goiano que num curto

período de tempo, em torno de trinta e cinco anos de uso e ocupação de suas terras, já

enfrenta problemas sérios de impactos no solo como processos erosivos acelerados;

assoreamento de nascentes comprometendo o equilíbrio e a qualidade da água do

principal rio do Estado, o Araguaia; perda de extensas áreas do bioma que foram

suprimidas para dar lugar à produção de grãos; processos de arenizaçao, com a perda da

camada humífera do solo pelo intenso uso de produtos químicos.

Estes impactos além de causar a perda da biodiversidade, da qualidade e quantidade da

água e alterar o equilíbrio climático, podem aumentar consideravelmente o custo da

produção, pois corrigir o solo, equilibrar o ataque de pragas e doenças e lidar com a

escassez de água pode inviabilizar economicamente a produção.

Os povos cerradeiros, assim chamados por Mendonça (2004) os indígenas, quilombolas,

camponeses, trabalhadores da terra, proprietários tradicionais etc. que vivem ou viviam

nas áreas de cerrado, não são mais encontrados com facilidade nos municípios visitados.

Chapadão do Céu foi onde a discrepância saltou aos olhos, boa parte da população é de

sulistas que trouxeram consigo sua cultura, costumes, modo de vida e a imprimiram na

paisagem da cidade.

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As extensas culturas de soja, sorgo, algodão, girassol, cana-de-açúcar e outros

homogeneízam a paisagem, que associada à planura do relevo nos leva a pensar que as

áreas ocupadas são infinitas. As árvores tortuosas, de casca grossa e folhas pilosas não

são encontradas com facilidade, o Parque Nacional das Emas é o testemunho que restou

do bioma. Os povos cerradeiros estão sendo empurrados para as margens das estradas,

vilarejos e cidades da região, pois eles não fazem parte do processo de “modernização”,

e segundo a presidente da Associação de Produtores de Aves de Rio Verde que fornece

matéria-prima para a Perdigão “essas pessoas não são incluídas porque não querem, as

oportunidades estão sendo dadas, eles só precisam se capacitar.” Esta é a resposta do

capital aos povos cerradeiros que foram desapropriados e desterritorializados.

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