Módulo 5 Final

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1 Módulo 5 - Aprendizagem e a relação com o conhecimento Bem-vindo ao Módulo 5, que vai envolvê-lo em estudos e reflexões a respeito do seu principal objetivo como professor: a aprendizagem de seus alunos e a forma como eles se relacionam com o conhecimento. Este módulo abordará: Competências e habilidades, O papel do conteúdo, As necessidades do processo de aprendizagem, e Os suportes de apoio ao conhecimento. Ao final deste estudo você será capaz de: • compreender o que são competências e habilidades na visão de alguns educadores. • Compreender as competências e habilidades definidas pelo exame nacional de ensino médio (ENEM) e reconhecer sua importância para uma formação dos estudantes deste século. • Saber articular as competências e habilidades em sala de aula para que seus alunos se desenvolvem e possam continuar aprendendo ao longo de sua vida. Aprendendo a Aprender: Para refletir: Você sabe que esta não é uma tarefa fácil! Mas... assim como os alunos, você também aprendeu e continua aprendendo até hoje. Tente se lembrar de um bom professor ou professora de seu tempo de escola ou de faculdade. Pense nos motivos pelos quais se lembrou dele ou dela. Certamente deve ter sido porque seu professor ou professora desafiava você a aprender, propunha conteúdos e atividades interessantes, aprendia enquanto ensinava, conduzia bem a sala de aula etc. É bom lembrar que hoje você é competente porque soube fazer bem o que seus professores lhe ensinaram e acrescentou a isto a sua marca, seus saberes adquiridos anteriormente, o seu modo de fazer, o seu modo de ser. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens perceberam que era possível depois, preciso trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar. (Freire, 1996) Um começo de conversa E por falar em competências... Com certeza, seu maior objetivo como professor ou professora é que seus alunos aprendam, adquiram conhecimentos, tornem-se competentes, que dominem habilidades, que estejam aptos a prosseguir seus estudos, que encontrem sua vocação e se realizem como profissionais no futuro. Fala-se muito em Competências... Habilidades... Mas, afinal, de quais competências estamos falando? O que é ser competente? O que são habilidades? Você acredita que já nascemos com elas? Qual o papel da escola neste assunto? Que tipo de conhecimento é este? Que tal começarmos a esclarecer o que é competência? Clique sobre os nomes ou títulos a seguir para conhecer de quem são as explicitações sobre esse tema: Aurélio Buarque de Holanda: Ensaísta, crítico, tradutor, filólogo, lexicógrafo. Professor de

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Módulo 5 - Aprendizagem e a relação com o conhecimento Bem-vindo ao Módulo 5, que vai envolvê-lo em estudos e reflexões a respeito do seu principal objetivo como professor: a aprendizagem de seus alunos e a forma como eles se relacionam com o conhecimento. Este módulo abordará:

• Competências e habilidades, • O papel do conteúdo, • As necessidades do processo de aprendizagem, e • Os suportes de apoio ao conhecimento.

Ao final deste estudo você será capaz de: • compreender o que são competências e habilidades na visão de alguns educadores. • Compreender as competências e habilidades definidas pelo exame nacional de ensino médio (ENEM) e reconhecer sua importância para uma formação dos estudantes deste século. • Saber articular as competências e habilidades em sala de aula para que seus alunos se desenvolvem e possam continuar aprendendo ao longo de sua vida. Aprendendo a Aprender: Para refletir: Você sabe que esta não é uma tarefa fácil! Mas... assim como os alunos, você também aprendeu e continua aprendendo até hoje. Tente se lembrar de um bom professor ou professora de seu tempo de escola ou de faculdade. Pense nos motivos pelos quais se lembrou dele ou dela. Certamente deve ter sido porque seu professor ou professora desafiava você a aprender, propunha conteúdos e atividades interessantes, aprendia enquanto ensinava, conduzia bem a sala de aula etc. É bom lembrar que hoje você é competente porque soube fazer bem o que seus professores lhe ensinaram e acrescentou a isto a sua marca, seus saberes adquiridos anteriormente, o seu modo de fazer, o seu modo de ser. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar. (Freire, 1996)

Um começo de conversa E por falar em competências... Com certeza, seu maior objetivo como professor ou professora é que seus alunos aprendam, adquiram conhecimentos, tornem-se competentes, que dominem habilidades, que estejam aptos a prosseguir seus estudos, que encontrem sua vocação e se realizem como profissionais no futuro. Fala-se muito em Competências... Habilidades... Mas, afinal, de quais competências estamos falando? O que é ser competente? O que são habilidades? Você acredita que já nascemos com elas? Qual o papel da escola neste assunto? Que tipo de conhecimento é este? Que tal começarmos a esclarecer o que é competência? Clique sobre os nomes ou títulos a seguir para conhecer de quem são as explicitações sobre esse tema: Aurélio Buarque de Holanda: Ensaísta, crítico, tradutor, filólogo, lexicógrafo. Professor de

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Português, Literatura Brasileira e Francês. Escritor de contos e artigos. Autor do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Lino de Macedo: Professor do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade da Universidade de São Paulo. Especialista em Jean Piaget. Nilson José Machado: Professor titular e diretor do Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Philippe Perrenoud: Doutor em Sociologia e Antropologia. Professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra (Suíça). Click aqui e assista ao vídeo do Perrenoud sobre competência: http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/programa/pgm0775. ENEM: Exame Nacional do Ensino Médio, realizado anualmente pelo Governo Federal, usado, entre outros, como critério classificatório para o ProUni (Programa Universidade para Todos).

Em busca de informações

Dicionário Aurélio: Competência: faculdade concedida por lei a um funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e julgar certos pleitos ou questões; qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa; capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade; oposição, conflito, luta.

Lino de Macedo citando Le Boterf (2000/2003): Competência é um saber combinatório, singular, contextualizado e que nos possibilita tomar decisões, mobilizar recursos e ativar esquemas necessários à prática profissional.

Nilson José Machado: A competência é um atributo das pessoas, exerce-se em um âmbito bem delimitado, está associada a uma capacidade de mobilização de recursos, realiza-se necessariamente junto com os outros, exige capacidade de abstração e pressupõe conhecimento de conteúdos.

Philippe Perrenoud: Competência é a faculdade de mobilizar uma série de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. As competências estão ligadas a diferentes contextos culturais, profissionais e condições sociais. Os seres humanos não vivem todas as mesmas situações. Eles desenvolvem competências adaptadas a seu mundo. A selva das cidades exige competências diferentes da floresta virgem, os pobres têm problemas diferentes dos ricos para resolver. Algumas competências se desenvolvem em grande parte na escola. Outras, não.

ENEM: Competência é a capacidade ou habilidade que uma pessoa tem de resolver situações-problema. É o conjunto de conhecimentos, capacidades e aptidões que habilitam as pessoas para desempenhar atividades da vida cotidiana. A competência é conquistada através do desenvolvimento de habilidades. Utilizar uma competência é associar conhecimentos e habilidades para o enfrentamento de uma determinada situação. Avaliando competências, o ENEM confere se o aluno consegue utilizar o conteúdo aprendido em sua escolarização básica para resolução de problemas em sua vida cotidiana

Atividade complementar Confirme as semelhanças que você percebeu! Elas ajudarão você a entender... Afinal, o que são competências? Aurélio e Nilson J. Machado: A ideia de competência é associada à ideia de capacidade de sujeito, da pessoa: é ser capaz de. ENEM, Perrenoud e Aurélio: Competência é a capacidade para resolver situações-problema do cotidiano, resolver determinado assunto, resolver situações com eficácia.

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Aurélio, Lino de Macedo e ENEM: Competência é a capacidade para fazer determinada coisa, tomar decisões, desempenhar atividades. Lino de Macedo, Nilson J. Machado: e Perrenoud: Competência é a capacidade de mobilizar recursos cognitivos. Lino de Macedo e ENEM: Competência é um saber combinatório; é saber associar conhecimentos e habilidades para realizar algo; é um conjunto de conhecimentos, capacidades e aptidões. Lino de Macedo, Nilson J. Machado e Perrenoud: Competência é um saber contextualizado, é a capacidade que se exrece num âmbito delimitado; liga-se a diferentes contextos.

Vamos em frente! Veja que interessante!

Há ideias complementares apresentadas pelos autores que também ajudam você a compreender e definir competências. Lino de Macedo: Competência é um saber que nos possilita ativar esquemas necessários à prática profissional. Nilson José Machado: Competência se realiza necessariamente junto com os outros. Competência exige abstrações e pressupõe conhecimento de conteúdos. Philipe Perrenoud: Algumas competências se desenvolem na escola. Outras, na vida fora da escola. ENEM: Competência se alcança através do desenvolvimento de habilidades. Confere se o aluno é capaz de utilizar o conteúdo aprendido na escola para resolver problemas do cotidiano.

Finalizando o conceito de Competência Você deve ter observado que todos os autores repetem de formas diferentes algumas características sobre Competências:

É uma capacidade do ser humano; É um conjunto de habilidades e conhecimentos; Envolve associar recursos cognitivos; Implica em saber fazer algo num determinado contexto, envolve uma ação do sujeito; Está sempre relacionada à resolução de uma situação-problema.

As ideias complementares acrescentam detalhes importantes sobre o conceito de Competências:

Elas se desenvolvem dentro e fora da escola; Relacionam-se com o mundo do trabalho; Desenvolvendo habilidades tornamo-nos competentes; Competência pressupõe conhecimento de conteúdos.

Saiba Mais: Você poderá ler os textos na íntegra de diferentes autores sobre este tema. Clique sobre eles... Aprofunde seus conhecimentos!

Sobre a ideia de competência – Nilson José Machado .

Competências e Habilidades: você sabe lidar com isso? – Dra. Lenise Aparecida Martins Garcia.

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Conteúdos, Competências e Habilidades no Cotidiano da escola – Vasco Pedro Moretto –

texto extraído dos Anais do XVII Congresso Nacional de Educação da AEC. Vivemos hoje a Era da Informação. Lê-se muito a respeito desse assunto, principalmente no que se refere à educação. Somos atualmente consumidores de informação. A revolução tecnológica está aí, impossível ignorá-la como recurso educativo e significativo. A informática dentro e fora da escola é uma realidade e facilita uma série de ações pedagógicas. Entretanto, o entusiasmo exagerado ou somente o olhar negativo sobre as criações tecnológicas pode colocar em risco os objetivos centrais e a própria qualidade da educação escolar. Por outro lado, o papel do professor aos poucos vem se redefinindo. O Currículo do Estado de São Paulo convoca o novo professor como o profissional da aprendizagem e não mais do ensino e ressalta essa transição como tarefa de construção coletiva na escola. A partir da leitura e compreensão do Currículo do Estado de São Paulo e dos conteúdos tratados neste módulo, discuta:

Como as tecnologias da informação e comunicação podem colaborar na produção de conhecimentos a partir de um currículo voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades?

Qual posição o professor deve assumir nesse contexto? Há risco das tecnologias substituírem a ação docente do professor? Por quê?

Como a utilização dos novos recursos na sala de aula pode auxiliar na busca da qualidade da educação a ser oferecida na escola pública? Fórum:

Os tempos são outros, os interesses dos alunos também, por isso sempre que possível utilizo recursos tecnológicos (vídeo, internet, laboratório e computadores) em minhas aulas de física no ensino médio. Consigo utilizar estes memos porque leciono em escolas particulares que possuem estes recursos, mas creio que a maioria das escolas da rede pública não seja possível utilizar estes recursos. Percebo que a mesma aula ministrada em lousa ou em power point no data show, a atenção dos alunos com o data show é muito mais significativo. Os nossos alunos tem grande facilidade em manipular e utilizar aparelhos eletrônicos a tal ponto que nem precisam ler o manual dos aparelhos, aprendem os recursos dos aparelhos utilizando-os e na base da tentativa e erro, que tal utilizarmos destas habilidades dos alunos em aulas para que percebam que aprender não precisa ser algo chato que pode ser lúdico como aprender a lidar com aparelhos. Quando há interesse e motivação o processo de aprendizagem, desenvolvimento de competências e habilidades é mais fácil, por isso em minha opinião, os currículos pedagógicos e as aulas devem utilizar alternativas quando possível, para deixar a mesmice das aulas tradicionais. Se pararmos para pensar as crianças entram na escola bem motivadas, talvez porque tudo é novidade e ao longo do tempo não há mais novidade no sistema tudo passa a ser rotina e consequentemente desmotivate. O professor sempre será importante neste novo contexto de ensino, mas com um papel mais de orientador e nunca deixando de ser também informativo. Neste processo de orientação o professor deverá dominar não apenas o conteúdo, mas também ter habilidades em utilizar novos recursos tecnológicos para sempre motivar o aluno e mostrar que há varias formas de aprender e adquirir habilidades e competências. O processo de ensino-aprendizagem deve ser renovado porque temos um novo tipo de aluno, além de novas exigências profissionais e sociais. Parodiando Charles Darwin: a escola deve se adaptar, pois somente os fortes e bem adaptados sobrevivem.

Como diferenciar Competências de Habilidades

Saber diferenciar Competências de Habilidades é fundamental para você ser um bom professor ou professora.

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É comum surgirem confusões sobre esses conceitos devido a diversos autores considerá-los sinônimos. Todos nós desenvolvemos habilidades; os animais também possuem predisposição para desenvolver habilidades, diferentes das do homem. Por exemplo: os pássaros possuem habilidades para construir seus ninhos, os castores constroem seu habitat debaixo d’água; há inúmeros exemplos das habilidades dos animais de acordo com sua genética.

Diferença de Competências e Habilidades de acordo com L.A. Martins Garcia. No homem, as habilidades psicomotoras são as primeiras a serem construídas, principalmente na infância; em seguida, e gradativamente, tornamo-nos hábeis em falar, adquirimos a linguagem; enquanto isso, nosso esquema psicomotor continua se desenvolvendo, evoluindo para movimentos mais complexos, como andar de bicicleta, mais tarde dirigir um carro etc. Ser hábil significa ser capaz de realizar alguma coisa. O homem desenvolve de formas diferentes os diversos tipos de habilidades: cognitivas, psicomotoras, afetivas, sociais.

Habilidades: como ensiná-las

Professor(a): partindo das leituras que fez até aqui, você deve ter percebido que todas as habilidades indicam uma ação, algo para o aluno realizar.

Qualquer habilidade implica uma ação física ou mental do indivíduo aplicada num determinado contexto. Habilidade é um tipo de conhecimento que se caracteriza por saber fazer. Cesar Coll :Professor de Psicologia Evolutiva e da Educação na Faculdade de Psicologia da Universidade de Barcelona. Foi um dos principais coordenadores da reforma educacional espanhola e consultor do MEC na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais, aqui no Brasil. Escreveu Psicologia e Currículo (Ed. Ática), Ensino, Aprendizagem e Discurso em Sala de Aula, (Ed. Artmed).

C. Coll, ao se referir à finalidade dos conteúdos a serem trabalhados na escola, classifica-os por sua tipologia: conteúdos conceituais/factuais: englobam fatos, conceitos, princípios

("O que se deve saber"); conteúdos procedimentais: dizem respeito a técnicas e métodos

("O que se deve saber fazer"); conteúdos atitudinais: abrangem valores, atitudes e normas

("Como se deve ser"). Diferença de Competência e Habilidades: Diferença: L. A. Martins Garcia, em artigo publicado no site Educação e Ciência On-line da Universidade de Brasília, assim define: Habilidade O conceito de habilidade também varia de autor para autor. Em geral, as habilidades são consideradas como algo menos amplo do que as competências. Assim, a competência estaria constituída por várias habilidades. Entretanto, uma habilidade não “pertence” a determinada competência, uma vez que uma mesma habilidade pode contribuir para competências diferentes. Uma pessoa, por exemplo, que tenha uma boa expressão verbal (considerando que isso seja uma habilidade) pode se utilizar dela para ser um bom professor, um radialista, um advogado, ou mesmo um demagogo. Em cada caso, essa habilidade estará compondo competências diferentes.

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Segundo a mesma autora: Poderíamos dizer que uma competência permite mobilizar conhecimentos a fim de se enfrentar uma determinada situação. Destacamos aqui o termo mobilizar. A competência não é o uso estático de regrinhas aprendidas, mas uma capacidade de lançar mão dos mais variados recursos, de forma criativa e inovadora, no momento e do modo necessário. A competência abarca, portanto, um conjunto de coisas. Perrenoud fala de esquemas, em um sentido muito próprio. Seguindo a concepção piagetiana, o esquema é uma estrutura invariante de uma operação ou de uma ação. Não está, entretanto, condenado a uma repetição idêntica, mas pode sofrer acomodações, dependendo da situação. Habilidades: como ensiná-las Professor(a): partindo das leituras que fez até aqui, você deve ter percebido que todas as habilidades indicam uma ação, algo para o aluno realizar. Qualquer habilidade implica uma ação física ou mental do indivíduo aplicada num determinado contexto. Habilidade é um tipo de conhecimento que se caracteriza por saber fazer. C. Coll, ao se referir à finalidade dos conteúdos a serem trabalhados na escola, classifica-os por sua tipologia:

conteúdos conceituais/factuais: englobam fatos, conceitos, princípios ("O que se deve saber");

conteúdos procedimentais: dizem respeito a técnicas e métodos ("O que se deve saber fazer");

conteúdos atitudinais: abrangem valores, atitudes e normas ("Como se deve ser").

Cesar Coll: Professor de Psicologia Evolutiva e da Educação na Faculdade de Psicologia da Universidade de Barcelona. Foi um dos principais coordenadores da reforma educacional espanhola e consultor do MEC na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais, aqui no Brasil. Escreveu Psicologia e Currículo (Ed. Ática), Ensino, Aprendizagem e Discurso em Sala de Aula, (Ed. Artmed). Dica: Psicologia da Aprendizagem no Ensino Médio. Salvador, Cesar Coll. Artmed, 2003. Os Conteúdos na Reforma. Salvador, Cesar Coll. Artmed, 1997. Saiba Mais: As Habilidades portanto, segundo C. Coll, constituem-se conteúdos procedimentais, considerados um conjunto de ações ordenadas e com uma finalidade determinada, ou seja, dirigidas para a realização de um objetivo. Veja exemplos de habilidades: identificar, relacionar, correlacionar, aplicar, analisar, comparar, avaliar, manipular com destreza, e outros; estes são verbos que indicam habilidades em situações diversas. São também habilidades: ler, desenhar, observar, calcular, classificar, traduzir, recortar, saltar, inferir etc. Por terem em comum o fato de serem ações ou conjunto de ações, são suficientemente diferentes e a aprendizagem de cada uma delas tem características bem específicas. Na concepção de aprendizagem de A. Zabala, não é possivel para o professor ou professora ensinar sem se deter nas referências de como os alunos aprendem.

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Zabala destaca a necessidade do professor também estar atento às particularidades dos processos de aprendizagem de cada aluno (diversidade). No caso do ensino de habilidades, Zabala afirma ser importante levar em consideração as etapas de como o aluno aprende: a realização de ações que formam os procedimentos é uma condição essencial para sua aprendizagem; a exercitação múltipla é elemento imprescindível para o domínio competente; a reflexão sobre a própria atividade permite que o aluno tome consciência de sua própria atuação; a aplicação em contextos diferenciados possibilita a transferência do conhecimento adquirido. Antoni Zabala: Educador espanhol, autor construtivista, professor licenciado em Filosofia e Ciências da Educação pela Universidade de Barcelona, na Espanha, diretor da revista Aula de Inovación Educativa, presidente atual do Instituto de Recursos e Investigação para a Formação e diretor do Campus Virtual de Educação da Universidade de Barcelona. Responsável pela maior transformação do sistema de ensino espanhol, pós-ditadura Franco, o educador tornou-se uma referência internacional na educação. Estudioso e mestre dos diferentes aspectos do desenvolvimento curricular e da formação de professores, presta consultorias a escolas e ministérios da educação de diferentes países na América Latina, como Argentina, Peru, Bolívia, México e Brasil. Dica: Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula. Zabala, Antoni. Artmed, 1996. Saiba Mais: Para a aprendizagem de habilidades, Zabala apresenta as seguintes condições que podem se constituir como etapas necessárias para o ensino deste tipo de conhecimento: a) Partir de situações significativas e funcionais; b) Progresso e ordem (atividades de ensino sequenciadas atendendo a um processo gradual); c) Apresentação de modelos; d) Prática ordenada e ajudas de diferentes graus; e) O trabalho independente (os aprendizes têm oportunidade de cumprir o proposto com independência, podendo mostrar sua competência no domínio do conteúdo aprendido, aplicando-o a contextos diferenciados).

Retomando o Currículo do Estado de São Paulo Leia o item I – Uma Educação à altura dos desafios contemporâneos, na página 4 do Currículo do Estado de São Paulo para compreender por que hoje é tão importante que os estudantes desenvolvam competências e habilidades na escola. Releia o segundo parágrafo do texto; algumas competências bastante valorizadas são citadas com muita clareza:

capacidade de resolver problemas; capacidade de trabalhar em grupo; capacidade para continuar aprendendo e agir de modo cooperativo e pertinente em

situações complexas. O parágrafo termina destacando a importância da qualidade da educação recebida na escola para desenvolver essas competências, tornando-as fator determinante para a participação do indivíduo em seu grupo social de forma crítica e renovadora. Seguindo a leitura do texto, reitera-se a importância da qualidade da educação a ser oferecida nas escolas públicas e enfatiza-se, entre outros aspectos do trabalho pedagógico, o desenvolvimento pessoal e a autonomia do estudante para gerar a própria aprendizagem (aprender a aprender).

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Leia o item I até o fim. O último parágrafo sintetiza os princípios centrais do Currículo do Estado de São Paulo e é especialmente com eles que você professor(a) deve direcionar seu plano de aulas, sua atuação em classe e o acompanhamento de seus alunos:

Escola que aprende; Currículo como espaço de cultura; Competências como eixo de aprendizagem; Prioridade da competência de leitura e de escrita; Articulação das competências para aprender; Contextualização no mundo do trabalho.

Os quatro itens sublinhados citados anteriormente são o objeto de aprofundamento deste módulo e é principalmente sobre eles que você vai ampliar seus conhecimentos para adequar sua prática como professor(a) nas aulas.

As Competências como referência Leia agora o item III – As competências como referência – na página 8 do Currículo do Estado de São Paulo. Verifique as diversas justificativas apresentadas. Elas definem o foco principal do currículo voltado para competências e da atuação do professor ou professora. Perceba que a ênfase, antes voltada para o ensino, agora se volta para a aprendizagem. O esquema apresentado a seguir sintetiza os aspectos indissociáveis que compõem o sistema curricular voltado para o desenvolvimento de competências.

As Competências como referência Este segundo esquema esclarece o papel do professor neste novo contexto curricular.

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O currículo referenciado em competências é uma concepção que requer que a escola e o plano do professor indiquem o que o aluno vai aprender. (Currículo do Estado de São Paulo)

E as Competências do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM? Que tal um olhar detalhado sobre elas para compreendê-las melhor? Elas indicam o que aluno vai aprender?

Vamos lá? Prossiga neste estudo, Professor(a). Agora leia, confira e compreenda as 5 Competências propostas pelo ENEM e as 21 Habilidades. Lembrete: Comece retomando: Competência é a capacidade ou habilidade que uma pessoa tem de resolver situações-problema. É o conjunto de conhecimentos, capacidades e aptidões que habilitam as pessoas para desempenhar atividades da vida cotidiana. São operações mentais que levam a realização de tarefas. A competência é conquistada através do desenvolvimento de habilidades. Utilizar uma competência é associar conhecimentos e habilidades para o enfrentamento de uma determinada situação. Avaliando competências, o ENEM confere se o aluno consegue utilizar o conteúdo aprendido em sua escolarização básica para resolução de problemas em sua vida cotidiana.

As 5 competências: 1) Dominar linguagens: dominar a forma culta da Lingua Portuguesa w fazer uso das linguagens matemática, artística e científica. 2) Compreender fenômenos: construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para compreensão de fenômenos naturais, de processos hostóricos-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas. 3) Entender situações-problema: selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situaçãoes-problemas. 4) Construir argumentações: relacionar informações, representadas em diferentes formas e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente. 5) Elaborar propostas: Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores human os e considerando a diversidade sociocultural. As 21 habilidades do ENEN: 1) Compreender e utilizar variáveis. 2) Compreender e utilizar gráficos. 3) Analisar dados estatísticos. 4) Interrelacionar linguagens. 5) Contextualizar arte e literatura. 6) Compreender as variantes linguísticas. 7) Compreender a geração e o uso de energia. 8) Compreender a utilização dos recursos. 9) Compreender a água e sua importância. 10) Compreender as escalas de tempo. 11) Compreender a diversidade da vida. 12) Utilizar indicadores sociais. 13) Compreender a importância da biodiversidade.

14) Conhecer as formas geométricas. 15) Utilizar noções de probabilidade. 16) Compreender as causas e consequências da poluição ambiental. 17) Entender processos e implicações da produção de energia. 18) Valorizar a diversidade cultural. 19) Compreender diferentes pontos de vista. 20) Contextualizar processos histórica e geograficamente. 21) Compreender dados históricos e geográficos.

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Diagrama de Competências e Habilidades do ENEM Caro(a) Professor(a), você sabe como o ENEM associa as 21 Habilidades e as 5 Competências? Clique nos itens indicativos de Competências do diagrama a seguir e conheça essas associações. Veja que toda Habilidade do ENEM está diretamente ligada a duas ou mais Competências. Perceba também que as Competências se interrelacionam. Consulte e releia as 5 Competências e as 21 Habilidades para compreender as associações feitas. De volta ao Currículo do Estado de São Paulo Professor ou professora, você já conheceu o ENEM em detalhes, releu sua definição de competência, percebeu sua forma de associar as 21 habilidades e interrelacionar as 5 competências. Vamos refletir juntos

Como o Currículo aborda o ENEM com suas competências e habilidades? Por que o Currículo define como prioridade para o currículo o desenvolvimento da

Competência da leitura e da escrita? Como o Currículo associa esta prioridade às outras Competências definidas pelo ENEM? E, na sua disciplina, qual a importância da leitura e da escrita?

Para começar, leia com atenção o item IV – Prioridade para a competência da leitura e da escrita - na página 11 da o Currículo do Estado de São Paulo Durante a leitura procure:

identificar e compreender a concepção da Linguagem apresentada no Currículo; perceber a valorização dada à Linguagem e sua abordagem na escola através de suas

diversas variações; compreender os argumentos que fundamentam a prioridade da competência leitora e

escritora do aluno no ambiente escolar. Atividade complementar Realize o exercício a seguir. Reflita sobre estas ideias do Currículo. ● A competência leitora e escritora tem como base o desenvolvimento do pensamento antecipatório, combinatório, probabilístico, que permite formular hipóteses. ● O ativo cultural da humanidade é transmitido na escola através das diferentes linguagens: artística, literária, histórica, social, científica e tecnológica. ● Na adolescência a Linguagem adquire a qualidade de instrumento para compreender e agir sobre o mundo real. ● O ser humano é um ser de linguagem. ● Só por meio da linguagem será possível concretizar a constituição das demais compet~encias. ● Na sociedade, as linguagens e códigos se multiplicam em diferentes meios de comunicação tais como gráficos, esquemas, diagramas, infográficos, fotografias, desenhos, códigos sonoros e visuiais. E você, Professor(a)? Como considera sua competência leitora e escritora? Gosta de ler e escrever? Que espaço a leitura e a escrita ocupam em sua vida cotidiana e profissional? Sobre “ler e escrever”, quais as lembranças de sua época de estudante? Pense nisso... Que tal exercitar sua própria competência leitora e escritora?

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Coloque em seu portfólio, a pasta que você criou no Módulo 2, tudo o que é significativo para você sobre este estudo Saiba Mais: Por que priorizar a competência leitora e escritora de nossos alunos? Ler as letras de uma página é apenas um dos muitos disfarces da leitura. O astrônomo lendo um mapa de estrelas que não existem mais; o arquiteto japonês lendo a terra sobre a qual será erguida uma casa, de modo a protegê-la das forças malignas; o zoólogo lendo os rastros de animais na floresta; o jogador lendo os gestos do parceiro antes de jogar a carta vencedora; a dançarina lendo as notações do coreógrafo e o público lendo os movimentos da dançarina no palco; o tecelão lendo o desenho intrincado de um tapete sendo tecido; o organista lendo várias linhas de músicas simultâneas orquestradas na página; os pais lendo no rosto do bebê sinais de alegria, medo ou admiração; o adivinho chinês lendo as marcas antigas da carapaça da tartaruga; o amante lendo cegamente o corpo amado à noite, sob os lençóis; o psiquiatra ajudando os pacientes a ler seus sonhos perturbadores; o pescador havaiano lendo as correntes do oceano ao mergulhar a mão na água; o agricultor lendo o tempo no céu – todos eles compartilham com os leitores a arte de decifrar e traduzir signos. (MANGUEL, A. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.) Dica: Para refletir: As questões sobre leitura e escrita constituem um nó para professores e alunos. O grande obstáculo não é a leitura literal do texto, mas a leitura trabalhada, “uma leitura dinâmica, entendida como interpretação e como interação do leitor com o mundo, possibilitando-lhe agir no mundo e não ser apenas um receptor de sentidos estereotipados. O texto não é um quebra-cabeça, que só pode ser montado de uma única maneira. O sentido do texto não está pronto, mas, à espera de um leitor que percorra o texto, a história do texto, a sua própria história de leitura, o seu arquivo, para que haja uma cooperação entre leitor e autor na produção de sentido, um encontro com o sentido, um enriquecimento cultural, individual, uma ampliação do horizonte do leitor”. Assim, ler não é apenas decodificar; ler é produzir sentido e ensinar a ler é contextualizar textos. Um pouco mais sobre leitura e escrita na escola A escola deve privilegiar a leitura e a escrita de textos e transformar os alunos em leitores de livros, de obras de arte, de gráficos, esquemas, tabelas, diagramas, paisagens, desenhos, fotografias, mapas, movimentos etc., e escritores de textos de gêneros diversos. Sabemos que essa tarefa não se resume apenas aos professores de Língua Portuguesa, mas ao conjunto de professores e à escola como um todo, através de atividades interdisciplinares e culturais. Tradicionalmente, o trabalho com textos em sala de aula está pautado na leitura que admite apenas um sentido para o texto. Devemos exercitar a leitura polissêmica, motivando os alunos a descobrirem as outras leituras possíveis de um texto, transformando o ato de ler e escrever em atividades criativas e culturalmente produtivas. Por exemplo, as fábulas são lidas como histórias infantis ingênuas, quase nunca percebidas como denúncias de exploração, abuso de poder, traição etc. Saiba Mais: Segundo o Dicionário Houaiss (2001), a polissemia é um fenômeno comum nas línguas naturais, são raras as palavras que não a apresentam; difere da homonímia por ser a mesma palavra, e não, palavras com origens diferentes que convergiram foneticamente; as causas da polissemia são: 1) os usos figurados, por metáfora ou metonímia, por extensão de sentido, analogia etc.; 2) empréstimo de acepção que a palavra tem em outra língua.

Muitas vezes os textos não têm relação com a realidade dos alunos, não fazem parte das suas experiências cotidianas, tornando a leitura uma tarefa cansativa e sem interesse, porém, isso não quer dizer que não se deve ampliar o leque de conhecimento do aluno. O professor ou professora deve sempre estar em alerta para que os textos selecionados para o trabalho em classe tenham realmente significado para o aluno.

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Existem diversos autores que enfatizam a competência leitora e escritora como a mais importante dentre outras para a formação do indivíduo, para o exercício pleno da cidadania, para seu ingresso no mercado de trabalho no futuro e para continuar aprendendo a aprender. A linguagem é importante nos diversos âmbitos da vida de qualquer pessoa; sua função comunicativa é essencial nas diferentes etapas de desenvolvimento e principalmente durante a adolescência. Saiba Mais: Leia o texto de introdução do livro Ler e escrever: Compromisso de todas as áreas, organizado por diversos educadores da UFRS, Editora da Universidade, 1999. A obra apresenta referências essenciais sobre o significado e importância de ler e escrever como tarefa de toda a escola e de todos os professores, independentemente da área em que o professor(a) leciona. Releia mais uma vez o item IV do Currículo. Agora, compare os dois textos e encontre pontos comuns e complementares, de acordo com as fundamentações apresentadas. Relacione as informações dos textos com a prática de aula na sua disciplina. Reflita... Escreva... Registre o que for significativo para você... Dica: O livro Ler e escrever: Compromisso de todas as áreas apresenta um ou mais capítulos específicos sobre a leitura e escrita em cada disciplina. Vale a pena ler, especialmente aquele dedicado à sua área de atuação.

Articulação das Competências para aprender Professor(a), chegou a hora de você refletir sobre a prática. Como você articula o trabalho com as habilidades em sala de aula para desenvolver as competências de seus alunos? Prossiga pensando nisso.

Leia o item V – Articulação das competências para aprender - do Currículo do Estado de São Paulo, na página 13. Destaque as informações principais e registre-as por escrito, elaborando um resumo ou esquema da forma como achar melhor. Exercite sua competência leitora e escritora. A partir da página 14, observe atentamente como a leitura e a escrita são apresentadas no texto e como se relacionam e se articulam de formas diferentes com cada uma das cinco competências do ENEM. Termine a leitura e avance para fazer o exercício do próximo slide. Lembrete:Continuar aprendendo é a mais vital das competências que a educação deste século precisa desenvolver. In: Currículo do Estado de São Paulo, Item V – Articulação das Competências para aprender, p. 14, § 2º. Saiba Mais:Leia o capítulo 6 - "O papel da linguagem" – do livro Prova, um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas, de Vasco Moretto, DP&A Editora, 2001.

Atividade complementar Os quadros da direita reproduzem a articulação da leitura e da escrita com as competências do ENEM. Clique e arraste os quadros de fora para dentro da tabela, de acordo com o que leu no Currículo, item V. Observe como a leitura e a escrita se articulam de maneiras diferentes conforme a competência que será desenvolvida. Dominar linguagem: Ler e escrever são competências fundamentais a qualquer disciplina ou profissão. Ler é interpretar (atribuir sentido ou significado), e escrever é assumir uma autoria individual ou coletiva. ● Compreender fenômenos: É o desenvolvimento da linguagem que possibilita o raciocínio hipotético-dedutivo, indispensável à compreensão de fenômenos. Ler é um modo de compreender,

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de assimilar experiências ou conteúdos disciplinares; escrever é expressar sua construção ou reconstrução com sentido. ● Entender situações-problema: Ler implica antecipar de forma comprometida a ação para intervir no fenômeno e resolver problemas decorrentes dele. Escrever significa dominar os muitos formatos que a solução do problema comporta. ● Construir argumentações: A leitura sintetiza a capacidade de escutar, supor, informar-se, relacionar, comparar etc. A escrita permite dominar os códigos que expressam a defesa ou a reconstrução de argumentos, com liberdade, mas observando regras e assumindo responsabilidades. ● Elaborar propostas: Ler implica em descrever e compreender, argumentar a respeito de um fenômeno; ler requer a antecipação de uma intervenção sobre ele, com tomada de decisões a partir de uma escala de valores. Escrever é formular um plano para essa intervenção, levantar hipóteses sobre os meios mais eficientes para garantir resultados a partir de uma escala de valores adotada.

O papel dos Conteúdos Até agora, lemos e discutimos muito sobre competências, habilidades, o ENEM, a prioridade da competência leitora e escritora etc. E os conteúdos escolares? Qual é o seu papel num currículo voltado para competências? Leia os trechos a seguir e reflita sobre eles... Citação V. P. Moretto: É falso afirmar que as orientações visando o ensino para competências não se preocupam com os conteúdos a serem trabalhados. O que se busca é que esses conteúdos sejam relevantes, isto é, que tenham sentido para o sujeito, dentro de seu contexto. Vemos assim uma certa inversão entre o que a escola tradicional fazia, isto é, listava os conteúdos e depois ia buscar uma situação em que, possivelmente, eles pudessem ser aplicados. Muitas vezes inventava-se uma situação tão artificial que se tornava ridícula. A orientação no ensino para competências busca primeiramente estabelecer uma situação complexa a ser abordada e escolhe os conteúdos que precisam ser conhecidos para abordá-la.(Vasco Pedro Moretto). V. Moretto é professor, doutorando em Didática pela Universidade Laval de Quebec/Canadá. Citação PCN – Ensino Médio Cabe observar preliminarmente que as competências não eliminam os conteúdos, pois não é possível desenvolvê-las no vazio. Elas apenas norteiam a seleção de conteúdos para que o professor tenha presente que o que importa na Educação Básica não é a quantidade de informações, mas a capacidade de lidar com elas, através de processos que impliquem sua apropriação e comunicação, e, principalmente, sua produção ou reconstrução, a fim de que sejam transpostas a situações novas. (PCN – Ensino Médio) Essas duas citações deixam muito claro o papel dos conteúdos escolares, sem os quais não há possibilidades para o aluno desenvolver suas competências. Saiba Mais: Leia, na íntegra, o capítulo 8, “O papel dos conteúdos”, do livro Prova, um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas, de Vasco Moretto, DP&A Editora, 2001.

O tratamento dos conteúdos no Currículo do Estado de São Paulo Para entender bem o papel dos conteúdos no processo de aprendizagem de nossos alunos, buscamos novamente o apoio do Currículo do Estado de São Paulo para este esclarecimento.

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No item I da página 4 – Uma educação à altura dos desafios contemporâneos –, o texto expõe a importância do uso do conhecimento para trabalhar, conviver, exercer a cidadania, cuidar do ambiente em que se vive. O texto também destaca a importância da qualidade da educação a ser oferecida nas escolas públicas e associa as aprendizagens escolares às reais oportunidades dos adolescentes e jovens se inserirem no mundo produtivo e solidário. Ao tratarmos de conteúdos, devemos fazê-lo referindo-os a tipos diferentes, de natureza variada: dados, habilidades, técnicas, atitudes, conceitos etc. As aprendizagens escolares abordadas no Currículo referem-se a tipos diferentes de conhecimentos. C. Coll (1986) propõe uma classificação para esta diversidade de conteúdos: ● Classificação para diversidade de conteúdos Conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Esta classificação corresponde a: saberes relacionados a fatos e conceitos próprios de nossa cultura, “o saber factual e conceitual”, a procedimentos constituídos pelo “saber fazer” que são as competências e habilidades cognitivas, e a atitudes que pressupõem a vivência de valores, normas e comportamentos, o “saber ser”. ● Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs – também abordam os conteúdos escolares na forma anteriormente citada, ou seja, de acordo com sua tipologia, priorizando o que o aluno realmente aprende. Na verdade, tudo o que ocorre na escola faz parte do currículo escolar. É muito importante lembrar, como bem esclarece o Currículo, que a escola hoje não é mais a única detentora do conhecimento; os alunos, através do uso das novas tecnologias de informação, têm acesso ao conhecimento nas suas mais variadas formas. Portanto, é papel da escola preparar o aluno para a vida nessa sociedade em que a informação é disponibilizada com grande velocidade para todos. Neste sentido, o papel dos conteúdos escolares justifica-se somente se voltado para outras finalidades, como as descritas antes, englobando conceitos, fatos, procedimentos, normas, valores e atitudes. E cabe ao professor selecionar conhecimentos que façam sentido, que sejam significativos para os alunos, com suas necessidades, problemas e interesses. Essa tarefa de selecionar conteúdos deverá estar embasada numa visão ampla do conhecimento e, para isso, precisará incluir, além dos fatos e conceitos, os procedimentos, os valores, as normas e as atitudes.

Necessidades da aprendizagem Vamos tratar agora das Necessidades da aprendizagem. Que tal partir das suas próprias estratégias preferidas de aprendizagem para chegarmos a conclusões sobre as necessidades de aprendizagem dos alunos? Um bom exercício de autoconhecimento ajudará neste assunto. Lembre-se de situações estudantis muito significativas em que você aprendeu algo importante. Para começar pense e registre: O que você sabe fazer bem? Como aprendeu? Como você tem certeza que sabe? Em que situações você aprendeu isso? Você tem preferências na sua maneira de aprender algo? Preferências de aprendizagem podem ser de diversos tipos:

assunto de grande interesse para o aluno; assunto relacionado a algo que já se sabia um pouco;

situações dinâmicas em sala de aula; tarefas práticas diferentes e interessantes; atividades em grupo ou em dupla; professor(a) dinâmico e atuante na condução adequada

da aula; grande possibilidade de participação oral do grupo; resolução de situação-problema

desafiadora etc. Quaisquer que tenham sido suas respostas e lembranças sobre suas preferências de

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aprendizagem, são elas algumas das condições necessárias para a aprendizagem. E esse processo pode ser prazeroso quando feito em conjunto, coletivamente, com pessoas conhecidas. Dica: Saber quais são suas próprias preferências de aprendizagem pode lhe ajudar a observar a maneira como seus alunos preferem aprender: preferem as formas verbais, as escritas, as imagens, os movimentos, os mapas, os esquemas? Como eles preferem que as informações sejam organizadas? Como preferem que as propostas de atividades sejam feitas? Em quais situações eles se envolvem mais?

Você poderá concluir sobre as necessidades da aprendizagem baseando-se em suas preferências de aprendizagem e nas de seus alunos. Condições essenciais para o aluno aprender nas aulas Conheça agora algumas práticas importantes para aprendizagem significativa de seus alunos. Elas devem estar presentes em seu plano de ensino e na sua atuação em sala de aula. ´´No currículo voltado para competências é essencial romper com as práticas tradicionais e avançar em direção a uma ação pedagógica interdisciplinar direcionada para a aprendizagem do aluno-sujeito envolvido no processo não somente com seu potencial cognitivo, mas com todos os fatores que fazem parte do ser, ou seja, fatores afetivos, sociais e cognitivos. Os conteúdos intercruzados e aqueles unificadores de temas constituem a mola mestra da interdisciplinaridade. Os conteúdos impregnados da(s) realidade(s) do aluno demarcam o significado pedagógico da contextualização. A contextualização imprime significados e relevância aos conteúdos escolares. As competências – que articulam conhecimentos, habilidades, procedimentos, valores e atitudes – indicam uma ruptura com ações e comportamentos que colocam a repetição e a padronização como marcos característicos da condução escolar e, para além disso, consubstanciam a necessidade de um novo modelo pedagógico.´´ (Vera Lúcia Câmara F. Zacharias. Revista Projeto Pedagógico. UDEMO, 2005.) Interdisciplinaridade: O conceito de interdisciplinaridade fica mais claro quando se considera o fato trivial de que todo conhecimento mantém um diálogo permanente com outros conhecimentos, que pode ser de questionamento, de confirmação, de complementação, de negação, de ampliação, de iluminação de aspectos não distinguidos. Algumas disciplinas se identificam e se aproximam, outras se diferenciam e se distanciam em vários aspectos: pelos métodos e procedimentos que envolvem, pelo objeto que pretendem conhecer, ou ainda, pelo tipo de habilidade que mobilizam naquele que a investiga, conhece, ensina ou aprende. Até mesmo a interdisciplinaridade singela é importante para que o aluno aprenda a olhar o mesmo objeto sob perspectivas diferentes. (Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - DCNs.) Contextualização: Contextualizar o conteúdo que se quer aprendido significa, em primeiro lugar, assumir que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto. O tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo. Se bem trabalhado, permite que o conteúdo provoque aprendizagens significativas que mobilizem o aluno e estabeleçam entre ele e o objeto de conhecimento, uma relação de reciprocidade. A contextualização evoca áreas, âmbitos ou dimensões presentes na vida pessoal, social e cultural, e mobiliza competências cognitivas já adquiridas. (Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – DCNs.)

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Aprendizagem Significativa X Aprendizagem Mecânica Pressupostos fundamentais do Currículo do Estado de São Paulo. A aprendizagem é o centro da atividade escolar. O professor é o profissional da aprendizagem. Leia as informações do quadro e as citações para saber diferenciar as características de dois tipos de aprendizagem que estão diretamente relacionados a:

Que tipo de cidadão queremos formar? Que tipo de sociedade queremos alcançar? Que tipo de conhecimentos são necessários a essa sociedade?

Aprendizagem significativa Aprendizagem mecânica

Capacidade de compreensão do conteúdo. Capacidade de repetir o que aprendeu.

Utilização do conteúdo, quando necessário. Reprodução sem compreensão.

Dica: Para refletir: Não basta que os alunos se encontrem frente a conteúdos para aprender; é necessário que diante destes possam atualizar seus esquemas de conhecimento, compará-los com o que é novo, identificar semelhanças e diferenças e integrá-las em seus esquemas, comprovar que o resultado tem certa coerência etc. Quando acontece tudo isto – ou na medida em que acontece – podemos dizer que está se produzindo uma aprendizagem significativa dos conteúdos apresentados. (Antoni Zabala. A Prática Educativa – Como ensinar. ArtMed, 1995.) O que você Professor(a), como profissional da aprendizagem, precisa fazer para assumir esse papel? Leia a citação que segue sobre aprendizagem significativa.

´´Falar em aprendizagem significativa é assumir que aprender possui um caráter dinâmico que exige ações de ensino direcionadas para que os alunos aprofundem e ampliem os significados elaborados mediante suas participações nas atividades de ensino e aprendizagem. Nessa concepção, o ensino é um conjunto de atividades sistemáticas, cuidadosamente planejadas, em torno das quais conteúdo e forma articulam-se inevitavelmente e nas quais o professor e o aluno compartilham parcelas cada vez maiores de significados com relação aos conteúdos do currículo escolar, ou seja, o professor guia suas ações para que o aluno participe de tarefas e atividades que o façam se aproximar cada vez mais dos conteúdos que a escola tem para lhe ensinar. Se pensarmos na aprendizagem significativa como o estabelecimento de relações entre significados, os preceitos de precisão, linearidade, hierarquia, encadeamento que estão presentes na escola, na organização do currículo e na seleção das atividades, devem dar lugar a outras perspectivas nas quais o conhecimento pode ser visto como uma rede de significados, em permanente processo de transformação no qual, a cada nova interação, a cada possibilidade de diferentes interpretações, uma nova ramificação se abre, um significado se transforma, novas relações se estabelecem, possibilidades de compreensão são criadas. Nesse sentido, rompendo com as teorias lineares que dão sustentação ao modelo tradicional de ensino, em que existem pré-requisitos, etapas rígidas e formais de ensino e aprendizagem, cadeias de conteúdos, escalas de avaliação da aprendizagem, a teoria do conhecimento como rede sustenta que a apreensão de um conceito, ideia, fato, procedimento, faz-se através das múltiplas relações que aquele que aprende faz entre os diferentes significados desse mesmo conceito.´´ In: Aprendizagem significativa – O lugar do conhecimento e da inteligência. Kátia Cristina Stocco Smole, Doutorada em Educação pela FE-USP.

Temos então, agora, outras duas práticas como condição para seu aluno aprender de maneira significativa:

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Trabalho com Projetos: ´´A principal proposta dos educadores F. Hernández e M. Ventura é reorganizar o currículo por projetos. O professor deve deixar o papel de 'transmissor de conteúdos' para se transformar em um pesquisador e o aluno por sua vez passa a ser o sujeito do processo ensino-aprendizagem. Segundo Hernández, em um projeto todas as coisas podem ser aprendidas, basta que se tenha uma dúvida inicial e que se comece a pesquisar e buscar evidências sobre o assunto. Em um projeto de trabalho os próprios educandos começam a participar do processo de criação, procurando respostas e buscando soluções. Nesse processo, a etapa mais importante é o levantamento de dúvidas e a definição dos objetivos da aprendizagem. Na organização do currículo por projetos de trabalho há a busca de respostas adequadas e soluções acertadas, facilitando assim a tomada de decisões, que ocorre no delineamento do processo. Devemos primeiramente definir os problemas, para só depois escolher as disciplinas mais adequadas para se trabalhar e encontrar soluções. Todo projeto precisa estar relacionado aos objetivos e conteúdos para não perder o sentido do que se quer alcançar. É necessário estabelecer limites e metas para a culminância do trabalho. Os projetos de trabalho aproximam a escola do aluno e se associam muito à pesquisa sobre o interesse do educando, à curiosidade e investigação dos fatos atuais. Há necessidade de que os docentes discutam a proposta de trabalho, enfatizando suas dúvidas, enaltecendo suas ideias e sugestões, para que dessa maneira, todos se envolvam no processo. Amelia Hamze – Profª FEB/CETEC e FISO.´´ http://www.educador.brasilescola.com/gestao-educacional/fernando-hernandez.htm Resolução de situações-problema: Quando elaboramos uma situação-problema, é fundamental saber para quem ela está sendo proposta, saber quem é essa pessoa, o que pensamos dela, o que queremos para ela, o que estamos preparando-lhe, o que lhe desejamos, o que queremos dizer-lhe. Uma situação-problema supõe considerar algo em uma certa direção ou norte. A direção confere o valor, pois convida a superar obstáculos, fazer progressos em favor do que é julgado melhor em sua dimensão lógica, social, histórica, educacional, profissional, amorosa. Além disso, uma situação-problema altera o momento, interrompendo o fluxo de suas realizações, por exemplo, ao propor um recorte, criar um desafio, destacar um fragmento de texto, solicitar um comentário, propor a análise de um gráfico, pedir para responder a uma questão, elaborar uma proposta ou argumentar. Tais obstáculos, que nos desafiam para uma tarefa que nos propomos a realizar, ocorrem em nossa vida cotidiana. Também ocorrem na escola, podendo ser propostos por artifício ou simulação, o que não implica criar um pretexto, mas delimitar um contexto de reflexão, colocação de problema, conflito, raciocínio, tomada de posição, enfrentamento de uma situação, mobilização de recursos, nos limites do espaço, do tempo e dos objetos disponíveis para a realização da tarefa. A situação-problema pede um posicionamento, pede um arriscar-se, coordenar fatores em um contexto delimitado, com limitações que nos desafiam a superar obstáculos, a pensar em um outro plano ou nível. Trata-se, portanto, de uma alteração criadora de um contexto que problematiza, perturba, desequilibra.´´ In: Situação-Problema: Forma e Recurso de Avaliação, Desenvolvimento de Competências e Aprendizagem Escolar. Lino de Macedo, Professor do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade da Universidade de São Paulo (USP). Você já ouviu falar da Pedagogia de Projetos? Ela se constitui como uma das alternativas de trabalho pedagógico num currículo voltado para competências. Prossiga. Vamos conhecer melhor essas ideias. Dica: A solução de problemas – Aprender a resolver,resolver para aprender. Pozo, Juan Ignacio. ArtMed, 1998.

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1. Leia a sequência didática de Geografia que segue: 1ª atividade: Coleta de dados como idade, trabalho e aposentadoria de comunidades

ligadas à classe, escola ou vizinhança. Pesquisa em jornais, revistas e internet sobre a vida de idosos famosos e ainda ativos como Oscar Niemeyer.

2ª atividade: Trabalho de campo: preparar um roteiro de conversa ou questões sobre idade, trabalho e aposentadoria da comunidade escolhida.

3ª atividade: Elaboração de Pirâmides: A partir dos dados coletados no trabalho de campo, organizar uma pirâmide etária da comunidade escolhida e analisar os dados obtidos. (Fonte: revista Carta na Escola – Edição 37 – jun./jul. 2009).

Assinale a alternativa correta:

A sequência didática apresenta uma situação-problema como ponto de partida.

A sequência didática propõe um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema.

A sequência didática propicia ao aluno desenvolver a habilidade 12 do ENEM.

A sequência didática atende a habilidade 21 do ENEM.

A sequência didática propõe atividades que não fazem parte da realidade próxima do aluno.

2. Os princípios apresentados no Currículo do Estado de São Paulo:

Consideram que o professor é o detentor do conhecimento a ser transmitido aos alunos.

Esperam que o professor se preocupe mais em desenvolver as habilidades dos alunos com pouca ênfase para os conteúdos conceituais.

Baseiam-se em: Uma escola que também aprende. O currículo como espaço de cultura. As competências como referência.

Exigem que o professor trabalhe integralmente os conteúdos previstos em sua disciplina, de forma independente de outros fatores relacionados aos alunos.

São: Uma escola que também aprende. O currículo como espaço de cultura. As competências como referência. Prioridade para a competência de leitura e de escrita. Articulação das competências para aprender. Articulação com o mundo do trabalho.

3. O Currículo do Estado de São Paulo prioriza a competência de leitura e escrita porque:

Com exceção do professor de Língua Portuguesa, os professores das demais disciplinas têm como prioridade em suas áreas de atuação a aquisição de conceitos específicos, não devendo se responsabilizar pelo domínio destas competências.

Os textos literários são os meios de comunicação mais importantes na formação do cidadão deste novo século, devendo ser trabalhados com intensidade e freqüência na escola.

A Leitura e a Escrita constituem-se como as únicas formas de comunicação efetiva entre as pessoas e por isso devem ser plenamente desenvolvidas na escola.

No período da adolescência é essencial aperfeiçoar o domínio da leitura e da escrita corrigindo os vícios, combatendo o uso de gírias, eliminando os erros ou qualquer outra ocorrência fora do padrão da norma culta da Língua Portuguesa.

Só por meio da Linguagem será possível concretizar a constituição das demais competências, tanto as competências gerais como aquelas associadas a disciplinas ou temas específicos.

4. De acordo com o Currículo do Estado de São Paulo, o professor de Ensino Fundamental II ou de Ensino Médio deve:

Proporcionar atividades de escrita e produção em classe. As atividades de leitura devem preferencialmente ser pedidas para o aluno fazer em casa.

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Proporcionar a seus alunos possibilidades de ler e escrever nas aulas, dando ênfase à correção dos erros de ortográficos e de concordância gramatical.

Explorar principalmente a leitura de textos escritos, de bons autores, encontrados na Literatura Brasileira.

Explorar tipos diferentes de linguagem, pois a escola é o espaço em que ocorre a transmissão, entre as gerações, do ativo cultural da humanidade, seja artístico e literário, histórico e social, científico e tecnológico.

Propor no início e no meio de uma sequência didática exercícios de leitura principalmente, deixando a proposta de atividade escrita para o final da unidade de trabalho ou tema de estudo.

5. De acordo com o Currículo do Estado de São Paulo, com relação ao uso de tecnologia:

Alfabetizar-se tecnologicamente é entender as tecnologias da história humana como elementos da cultura, como parte das práticas sociais, culturais e produtivas, que por sua vez são inseparáveis dos conhecimentos científicos, artísticos e lingüísticos que as fundamentam.

Possibilitar que o aluno lide com computadores na escola é o suficiente para garantir a alfabetização tecnológica.

A escola deve incluir disciplinas “tecnológicas”, mesmo que sejam desconectadas dos conhecimentos tratados pelas outras disciplinas.

Todos os professores de diferentes disciplinas devem incluir atividades quinzenais de pesquisa, no laboratório de informática ou nos livros. O mais importante é levar o aluno a pesquisar.

Não se deve supervalorizar a educação tecnológica; deve- se concentrar o enfoque do trabalho escolar principalmente nas disciplinas tradicionais.

6. Contextualizar na escola é:

A única forma do professor em suas aulas colocar o aluno em condição ativa.

Um recurso didático que o professor pode utilizar para que o aluno esclareça suas dúvidas sobre o tema trabalhado.

Assumir que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto. Trabalhá-lo bem para permitir que o conteúdo provoque aprendizagens significativas.

Evocar áreas, âmbitos e dimensões presentes na vida pessoal do aluno.

Explicar aos alunos onde se aplicam os conceitos trabalhados nas aulas.

Preparar o aluno de forma básica para o trabalho, mostrando-lhe durante a realização de atividades, quais profissões utilizam determinado conhecimento.

7. Há interdisciplinaridade quando:

Os professores se reúnem para planejar em conjunto um projeto de trabalho.

Em torno de um mesmo tema os professores planejam em qual disciplina será trabalhado cada subtema.

A ação pedagógica de diversos professores possibilita ao estudante tratar de diferentes formas e através de diferentes linguagens um mesmo conteúdo.

A ação pedagógica de dois ou mais professores se baseia na troca de experiências sobre o trabalho desenvolvido numa mesma turma, identificando vantagens em utilizarem estratégias comuns de sucesso.

Professores de diferentes disciplinas utilizam os mesmos recursos didáticos para desenvolver os conteúdos específicos.

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8. Podemos afirmar que a aprendizagem é significativa quando:

Frente aos conteúdos apresentados, os alunos atualizam seus esquemas de conhecimento, comparando-os com o que é novo, identificando semelhanças e diferenças e integrando-os em seus esquemas de conhecimentos anteriores.

Os conhecimentos tratados em aula permitem que o aluno consiga reproduzi-los, mesmo sem compreendê-los totalmente.

Os conhecimentos tratados em aula baseiam-se na capacidade de compreensão do aluno, mesmo que ele não consiga utilizá-lo em situações posteriores.

Os conhecimentos tratados em aula estão relacionados, mesmo que arbitrariamente a algum outro conhecimento já adquirido pelo aluno.

Frente aos conteúdos trabalhados, os alunos os compreendem sem necessidade de relacioná-los a outros conhecimentos já adquiridos.

9. Trabalhar a partir de situações-problema significa:

Desafiar o aluno para realizar algo novo que exigirá dele mobilizar recursos cognitivos, tomar decisões e ativar seus esquemas de conhecimentos anteriores.

Propor uma situação já conhecida para o aluno resolver como exercício de sistematização de conhecimentos já adquiridos.

Propor situações de pesquisa para que o aluno busque informações sobre determinado assunto que desconhece.

Desafiar o aluno a solucionar uma situação complexa relacionada aos conteúdos trabalhados, levando-o a formular hipóteses que serão registradas por escrito.

Propor um enigma para o aluno decifrar individualmente sem considerar suas possibilidades e capacidades.

10. Trabalhar com projetos é:

É uma opção metodológica do professor que geralmente consome muito tempo de aula e garante poucas aprendizagens para os alunos.

Inicialmente definir um ou mais problemas, para depois escolher as disciplinas mais adequadas para se trabalhar e encontrar soluções. O professor se transforma em um pesquisador e o aluno passa a ser o sujeito do processo ensino aprendizagem ao criar, procurar respostas e buscar soluções.

Propor um tema de pesquisa para os alunos realizarem em grupo. O professor apresenta um roteiro, os alunos dividem as tarefas e trazem os dados coletados para apresentar na forma de seminário para o resto da turma.

Realizar certo tipo de pesquisa sobre qualquer tema, mesmo que não esteja relacionado aos conteúdos e objetivos escolares.

Propor um tema de estudo e dar liberdade aos alunos para criar e conduzir o trabalho da forma que preferirem, sem estabelecer uma meta a alcançar.

Sequência Didática. A hora da prática. Você agora terá oportunidade de conhecer e analisar duas experiências de prática de sala de aula. Antes de conhecê-las, leia a explicação que segue: Uma sequência didática na concepção construtivista constitui-se de uma série de etapas de atividades, previamente definidas pelo professor, voltadas para determinadas intenções, também explicitadas, para favorecer o maior grau possível de significância das aprendizagens, além da necessária atenção à diversidade dos alunos. Uma sequência didática considera:

conhecimentos prévios; significância e funcionalidade dos novos conteúdos;

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nível de desenvolvimento; zona de desenvolvimento proximal; conflito cognitivo e atividade mental; atitude favorável; autoestima e autoconceito; aprender a aprender.

Antoni Zabala – A Prática Educativa – Como ensinar. ArtMed, 1995. Experiência prática: Clique aqui:http://www.udemo.org.br/RevistaPP_02_06Interdisciplinaridade.htm, e leia o artigo publicado e detenha sua atenção na descrição do projeto interdisciplinar do Colégio Santa Maria da rede particular de ensino de São Paulo no subtítulo "Um grupo de mãos dadas para ensinar." A revista Nova escola também publicou artigo de capa sobre o mesmo projeto. Atividade complementar A partir da leitura do artigo da página anterior "Um grupo de mãos dadas para ensinar" e dos outros materiais complementares sobre a mesma experiência, leia as afirmações a seguir e indique se são verdadeiras (V) ou falsas (F). Após, clique em Conferir. A ideia do projeto baseou-se num fato da realidade, mas desconsiderou as capacidades dos alunos da especifica faixa etária, criando dificuldades para a aprendizagem dos conteúdos conceituais relacionados ao tema. (F) O projeto apresentou atividades relacionadas principalmente às competências II, III e V do ENEM. (V) A situação didática desta experiência, através das atividades propostas, associou conteúdos conceituais, factuais, procedimentais e atitudinais. ( V) A competência leitora e escritora foi pouco articulada junto às outras habilidades trabalhadas nas atividades deste projeto. (F) A situação didática em questão foi contextualizada e interdisciplinar porque originou-se num fato da própria realidade vivenciada pelos alunos e manteve diálogo permanente entre conhecimentos de áreas diferentes, produzindo assim oportunidades para aprendizagens significativas (V)

Aprendendo com outro modelo de experiência Clique aqui: http://efp- ava.cursos.educacao.sp.gov.br/Resource/60330/Assets/NucleoBasico/pdf/nb_m05t42_diferentesgeneros.pdf

e leia o plano de aula selecionado da revista Nova escola. Como exercício de análise desta sequência didática, associe e numere os itens apresentados na segunda coluna de acordo com a primeira coluna. Ao final, clique em Conferir. • A sequência didática propõe a leitura de diferentes gêneros de texto escrito, oral e cinematográfico favorecendo assim o desenvolvimento das habilidades número 4, 5 e 19 do ENEM. • A proposta inclui atividades de leitura e de produção oral e escrita exigindo que o aluno interprete textos diversos, descreva-os, classifique-os e contextualize-os de acordo coma intenção do autor e da época em que foi produzido. • Ao propor atividades relacionadas a diferentes habilidades de leitura e escrita de textos esta sequência didática destina-se especialmente ao desenvolvimento das competências I e IV do ENEM. • As propostas de atividades da sequência didática analisada atendem à prioridade definida pela proposta Curricular do Estado de São Paulo: a competência de leitura e de escrita. • A sequência didática promove momentos diversos de debate, elaboração de argumentação oral, apresentação de opiniões e por isso conclui-se que foi pplanejada para desenvolver a habilidade 19 do ENEM. • O tratamento contextualizado dos conhecimentos envolvidos nas propostas da sequência permitem que o aluno participe ativamente e promove aprendizagem significativas na medida em

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que o coloca em diálogo constante com elementos presentes em sua realidade tais como filmes e reportagens da atualidade.

Suportes do conhecimento Estamos nos aproximando do final deste módulo. Mas, antes de concluí-lo, é preciso definir os suportes de apoio ao seu trabalho em sala de aula como profissional da aprendizagem. E, para isso, uma reflexão se faz necessária. Subsídios para reflexão sobre a atualidade: ´´O século XXI com suas novas características sociais, econômicas e políticas exige de todos os educadores uma séria reflexão e análise. É comum ouvirmos que vivemos atualmente a era do conhecimento. Pela importância que tem hoje o conhecimento, podemos dizer que vivemos numa sociedade do conhecimento, como consequência principalmente da informatização e do processo de globalização das telecomunicações. Mesmo sabendo da grande massa excluída desse processo, hoje vivemos a difusão predominante da informação e não do conhecimento. Podemos dizer que estamos vivendo uma Revolução da Informação, assim como ocorreram em tempos passados, a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial. Em função do avanço das tecnologias que armazenam informações e as disponibilizam facilmente, qualquer pesquisa hoje é possível e fácil através da internet; temos acesso a informações, dados, imagens, fotos, músicas, filmes, sons etc. Nesse contexto, a escola deixou de ser o único lugar em que se busca e se obtém conhecimento. Na sociedade do conhecimento, a escola deve então servir de condutora para caminhar neste novo mundo. Isso significa orientar criticamente seus alunos na busca de informações significativas para sua formação global. E para tal tarefa é imprescindível a mudança do papel do professor que deixa de ser o profissional do ensino para ser o profissional da aprendizagem; o professor que ensina enquanto aprende e aprende enquanto ensina. E como tal, precisa estar atualizado, principalmente no que se refere a cultura e linguagem.´´ Assim, além de abraçar a tarefa de educar através de um currículo voltado para competências diversas, cabe ao professor tornar-se ele próprio competente no uso de linguagens diversas, na apropriação dos novos recursos de tecnologia, na associação e cruzamento de ideias e conhecimentos de diferentes áreas além daquela em que se tornou especialista, no pensar e no fazer seu aluno pensar transdisciplinarmente para compreender o mundo e transformá-lo. L. de Macedo muito contribui nesta discussão sobre a era digital e o século XXI... Clique em Saiba mais e leia suas considerações sobre o assunto. Saiba mais: Para refletir:

Lino de Macedo nos acompanha nesta conclusão... ´´Estamos sonhando? Quem sabe, mas são estes tipos de sonhos que justificam o nosso presente como profissionais da educação, que nos dão esperança para um futuro melhor e mais digno para nossos alunos. Que os professores se sintam bem qualificados hoje, para esta tarefa de construir em seus alunos as bases para um melhor amanhã!´´

Qualidade do Ensino no mundo contemporâneo Neste módulo você terá a oportunidade de compreender conceitos importantes para o seu trabalho docente num currículo voltado para competências e habilidades e reconhecer suas bases de referência. Além disso, poderá decifrar em detalhes o Currículo do Estado de São Paulo ao ler, estudar e refletir sobre as contribuições de alguns educadores que o fundamentam. Os conteúdos abordados neste módulo poderão ser reconhecidos, verificados e analisados na prática de sala de aula.

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O objetivo deste trabalho é possibilitar que você observe e analise como diferentes professores abordam individualmente ou de forma interdisciplinar seus conteúdos específicos em aula, para desenvolver as competências e habilidades dos alunos, e como eles articulam diferentes recursos e métodos, para favorecer a competência leitora e escritora, dentre outros. A partir desta análise, você terá melhores subsídios para planejar e adequar sua prática docente, atendendo às exigências e necessidades dos adolescentes e jovens, além de assegurar sua aprendizagem, como está previsto no Currículo do Estado de São Paulo. Vá à escola e realize as tarefas propostas. Você fará observações em diferentes situações de aula, focando seu olhar atento às ações dos alunos, à condução do trabalho pelo(a) professor(a) e aos recursos e métodos utilizados. Para isto precisará fazer anotações por escrito, da maneira mais completa possível. Elas servirão de base para uma análise crítica e reflexiva. Seus registros serão utilizados na elaboração de um documento que será enviado ao tutor. Ao final da atividade você terá produzido um único arquivo com duas produções: a) texto opinativo com as observações e apreciações; b)texto sobre as adequações que faria em uma das aulas observadas. Leia as instruções desta atividade clicando aqui :http://efp-ava.cursos.educacao.sp.gov.br/pv_obj_cache/pv_obj_id_1C2E46F2DE83AA83EA55343EF5DEBC48B9E60300/filename/Modulo5_AprendizagemConhecimento.pdf Realizando o donwnload do arquivo, registre suas observações e, salve o arquivo na pasta “Portfólio Etapa 1”, com o nome “Atividade1M5_seunome”, e depois envie para seu tutor, utilizando o botão Enviar desta página. Finalizando o módulo Caminhamos juntos até aqui. O processo se deu numa forma de construção coletiva. É importante neste momento voltar à primeira página deste módulo e verificar seus resultados. Faça você mesmo(a) sua autoavaliação. Retome as expectativas de aprendizagem e constate: ● Você compreende o que são competências e habilidades na visão de alguns educadores? ● Compreende e reconhece a importância das habilidades e competências definidas pelo ENEM? ● Sabe articular competências e habilidades nas aulas para que seus alunos as desenvolvam para continuar aprendendo ao longo da vida? ● Sente-se seguro(a) quanto aos princípios e prioridades definidas no Currículo do Estado de São Paulo? ● Sente-se motivado(a) para iniciar sua tarefa investindo neste novo papel de professor – profissional da aprendizagem? Para preparar e atuar junto a seus alunos promovendo aprendizagens significativas para eles e para você? Esperamos e desejamos que tenha aproveitado bem o material especialmente preparado para você. A tarefa é árdua, mas extremamente realizadora. Referências bibliográficas

Apostila Preparatória – ENEM – Um ensaio para a vida – Instituto Henfil. DELORS, J. “Educação: um tesouro a descobrir.” In: Relatório para a UNESCO da

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Autores Associados, 2005. MACEDO, L. de. Ensaios Pedagógicos: Como construir uma escola para todos. Porto

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NEVES, I. C. B. (Org.). Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1999.

PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: ArtMed Editora, 1999.

POZO, J. I. A Solução de Problemas: Aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: ArtMed Editora, 1998.

Currículo do Estado de São Paulo. Site do programa “São Paulo faz escola”, 2009. Revista Carta Capital na Escola. Ed. 37, Jun./Jul., 2009. Revista Dois Pontos. Ed. 42, Nov./Dez., 1999. Revista Presença Pedagógica. Ed. 33, Maio/Jun., 2000. RONCA, P. A. C. A aula operatória e a construção do conhecimento. São Paulo:

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conhecimento. São Paulo: EDESPLAN Editora, 2001. ZABALA, A. A Prática Educativa – Como ensinar. Porto Alegre: ArtMed Editora, 1998. __________. Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula. Porto Alegre: ArtMed

Editora, 1999. Referências bibliográficas Páginas Eletrônicas:

http://www.educador.brasilescola.com/gestão-educacional http://www.vejanasaladeaula.com.br http://www.cursoenem.org.br http://www.miniweb.com.br/Atualidade/Entrevistas/Profa_Lenise/competencias.pdf http://www.udemo.org.br http://www.udemo.org.br/RevistaPP.htm http://revistaescola.abril.com.br