Modulo didatico enem 2014

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Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o ensino de História CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG Ano I- Volume I Nº 2 jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971 Campina Grande PB - 2014

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Ciências Humanas e suas tecnologias: novas

sensibilidades para pensar o ensino de História

CADERNOS

DIDÁTICOS PET

HISTÓRIA UFCG Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014

ISSN 2358-4971

Campina Grande

PB - 2014

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CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o ensino de

História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971 |

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG

C122 Cadernos didáticos PET história UFCG [recurso eletrônico] / Regina Coelli Gomes Nascimento (organizadora). ─ Campina

Grande: EDUFCG, 2014-. v. : il. color.

Modo de Acesso: < http://modulosdidaticos.blogspot.com.br>. ISSN: 2358-4971

I 1. História - Universidade. 2. Ensino. 3. Pesquisa e Extensão. I. Nascimento, Regina Coelli Gomes. II. Título.

CDU 378.4(091)

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Caro estudante,

Atualmente o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) é utilizado como critério de seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni). Além disso, cerca de 500 universidades já usam o resultado do exame como critério de seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o vestibular. O ENEM tem o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica. Podem participar do exame alunos que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio em anos anteriores.

Foi pensando nessa abrangência, relevância para a formação do grupo e a necessidade

de estreitarmos os laços com o ensino básico que o PET Historia UFCG, iniciou em 2011, o

projeto “ENEM - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o

ensino de História”. E nesse sentido, este segundo módulo foi elaborado com o objetivo de

facilitar a compreensão da proposta do ENEM para a área de CIÊNCIAS HUMANAS E

SUAS TECNOLOGIAS, melhorando o desempenho dos participantes em seus estudos dentro

e fora da oficina.

Contamos com sua participação para que possamos aprimorar este módulo em edições

futuras e esperamos que suas notas reflitam seu esforço, dedicação, tempo de estudo e que

seus sonhos e objetivos sejam alcançados.

Organizadoras e revisoras

Regina Coelli Gomes Nascimento

Tutora/PET História

Rozeane Albuquerque Lima

Mestre PPGH/UFCG

Autores (as) Petianos PET História UFCG Ana Carolina Monteiro Paiva

Elson da Silva P. Brasil

Janaína Leandro Ferreira

Jaqueline Leandro Ferreira

Jonathan Vilar dos S. Leite

José dos Santos C. Júnior

Maria Aline Souza Guedes

Paula Sonály N. Lima Paulo Montini de Assis Souza Júnior

Priscila Gusmão Andrade

Raquel Silva Maciel

Ronyone de A. Jeronimo

Silvanio de Souza Batista

Valber Nunes da Silva Mendes

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Apresentação....................................................................................................................05

ENEM 2014 – informações gerais...................................................................................07

Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem

as identidades: “Identidades do/no Brasil”......................................................................10

Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como

produto das relações socioeconômicas e culturais de poder: “O homem e o espaço

geográfico”.......................................................................................................................23

Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das

instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos,

conflitos e movimentos sociais: “os papéis da família, do estado e da igreja no século

XXI”.................................................................................................................................36

Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e

seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na

vida social: “Novas técnicas o renascimento urbano e comercial”.................................57

Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender

e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma

atuação consciente do indivíduo na sociedade: “Cidadania e democracia”....................69

Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo

suas interações no espaço em diferentes contextos históricos: As interações entre

sociedade e natureza: reflexos da modernidade nas espacialidades naturais..................80

Anexos - Eixos cognitivos, Matriz de Referência Ciências Humanas e objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência Ciências Humanas e Suas Tecnologias....92

SUMÁRIO

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APRESENTAÇÃO

Alarcon Agra do Ó

Assim, o sentido plural do moderno conceito de História – ao poder realizar um movimento pendular entre

factibilidade e superpoder – abre uma brecha para sua utilização ideológica. Mas no mesmo diagnóstico

linguístico estão contidos critérios para desmascarar o caráter ideológico dessa utilização. Reinhart Koselleck

O conceito de História

Os diálogos entre a universidade e a sociedade, que deveriam ser intensos, nem

sempre se realizam da forma adequada. Não raro temos a impressão de que são dois mundos

estranhos que mais se esbarram que se comunicam. O prejuízo é certo: a vida acadêmica fica

mais pobre e presa em si mesma; o “mundo lá fora” se vê privado de tantas e tão instigantes

novas relações entre palavras e coisas...

Aqui vou tratar de algo que se deu e se dá na contramão deste insidioso processo. Vou

tratar, de forma rápida, do exercício (necessário, sempre necessário) de se pensar e de se

construir o campo mais geral de “novas sensibilidades” para o fazer histórico-historiográfico,

em muitas de suas dimensões, entre elas, com destaque, as questões do “ensino” de História.

Penso no PET-História e no seu Caderno Didático “Ciências Humanas e suas tecnologias:

novas sensibilidades para pensar o ensino de História”.

A ação do Programa de Educação Tutorial, o PET, tem sido marcada por êxitos

notáveis na vida acadêmica brasileira recente. Do PET saem boas ideias, boas ações e, o que é

extremamente relevante, o PET tem servido como um excepcional laboratório para a

formação de professores e alunos.

Os docentes que se associam àquele programa transformam a si mesmos, tendo-se me

vista o acúmulo e a característica das atividades desenvolvidas. Enfrenta-se uma reinvenção

da função docente, que passa a ser vista, mais que nunca, como algo que demanda

planejamento, paciência, determinação, capacidade de orquestrar grupos heterogêneos,

habilidade para ponderar o presente tendo em vista o futuro etc.

Do ponto de vista dos alunos, é uma rara oportunidade de estudar com método e uma

orientação tanto mais de sucesso quanto segura. Parece ser impossível passar pelo PET e sair

incólume.

No caso do PET que se desenvolve junto ao Curso de História do Centro de

Humanidades da UFCG, além das questões gerais que apontei acima, há uma pequena série

de outras dimensões que desejo ressaltar.

Em primeiro lugar, a condução de sua professora tutora, que alia doçura e energia de

forma única, sendo capaz de ser suave e eficiente num ritmo que nos faz, colegas seus, eternos

aprendentes. Regina Nascimento, experiente na pesquisa, na orientação e na docência,

encontrou no PET um espaço ótimo para o máximo desempenho de muitas de suas

habilidades.

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Ao seu redor congregam-se alunos e alunas que buscam uma presença diferente no

Curso – marcada pela dedicação, pelo empenho, pela busca por uma formação sólida. Não por

outra razão, o PET tem se firmado, no âmbito da cultura do Curso de História do CH da

UFCG, como um programa de excelência, articulado felizmente com outras iniciativas

também comprometidas com a qualificação dos noss@s alun@s.

O Caderno que se tem em mãos é um dos resultados de uma sequência planejada e

bem executada de ações cujo fim último é unir fios. É formar alun@s; é contribuir com o

adensamento do pensar acadêmico; é colocar em perspectiva uma questão atual e preciosa

(qual o papel das ciências humanas na sociedade (bio)tecnológica, ainda mais quando se

pensa na dinâmica sempre em perigo do ensino de história); é chamar alun@s à posição da

autoria; é tomar currículos e a avaliações como “problemas” historiográficos; é emprestar

ao ENEM uma historicidade e uma racionalidade que o fazem inteligível... Em suma, o

Caderno é um objeto complexo, que me deu enorme prazer na leitura, e que espero seja lido

por muitas pessoas, de forma intensa e interessada.

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QUAL O CONTEÚDO DAS P ROVAS?

O conteúdo das provas do Enem é definido a partir de matrizes de referência em quatro áreas do

conhecimento:

ENEM 2014 – INFORMAÇÕES GERAIS

COMO COMEÇOU O E NEM?

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o

desempenho do estudante ao fim da educação básica, buscando contribuir para a melhoria da

qualidade desse nível de escolaridade.

A partir de 2009 passou a ser utilizado também como mecanismo de seleção para o ingresso no

ensino superior. Foram implementadas mudanças no Exame que contribuem para a

democratização das oportunidades de acesso às vagas oferecidas por Instituições Federais de

Ensino Superior (IFES), para a mobilidade acadêmica e para induzir a reestruturação dos

currículos do ensino médio.

Respeitando a autonomia das universidades, a utilização dos resultados do Enem para acesso ao

ensino superior pode ocorrer como fase única de seleção ou combinado com seus processos

seletivos próprios.

O Enem também é utilizado para o acesso a programas oferecidos pelo Governo Federal, tais

como o Programa Universidade para Todos – ProUni

(Disponível em < http://portal.inep.gov.br/web/enem/sobre-o-enem > Acesso em 20\08\2014.)

Dia Duração Área do

conhecimento Componentes curriculares Questões

1º 4h 30m

Ciências da

Natureza e suas

Tecnologias

Química, Física e Biologia.

45

Ciências Humanas e

suas Tecnologias

Geografia, História, Filosofia, Sociologia e

conhecimentos gerais.

45

2º 5h 30m

Linguagens,

Códigos e suas

Tecnologias

Língua Portuguesa (Gramática e Interpretação

de Texto), Língua Estrangeira Moderna,

Literatura, Artes, Educação Física e

Tecnologias da Informação.

45

Redação Redação dissertativa-argumentativa 1

Matemática e suas

Tecnologias Matemática 45

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FIQUE POR DENTRO DO CALENDÁRIO ENEM 2014

a) Cartão de confirmação:

O Cartão de Confirmação da Inscrição será enviado, pelos correios, para o endereço

informado pelo participante no ato da inscrição.

No Cartão de Confirmação da Inscrição estão contidas as seguintes informações:

- número de inscrição;

- data; hora; local de realização das provas;

- indicação do(s) atendimento(s) especializado(s) e/ou do(s) atendimento(s) específico(s),

se for o caso;

- opção de língua estrangeira; e

- solicitação de certificação, se for o caso.

O participante pode consultar ou imprimir o seu Cartão de Confirmação de Inscrição no

seguinte endereço eletrônico http://sistemasenem2.inep.gov.br/localdeprova,

informando seu CPF e senha.

b) Como são as provas:

O Enem é composto por quatro provas objetivas com 45 questões cada e uma redação.

Confira os dias da prova:

08 de novembro de 2014 (sábado)

- Ciências Humanas e suas Tecnologias e;

- Ciências da Natureza e suas Tecnologias.

Tempo para a prova: 4h30

09 de novembro de 2014 (domingo)

- Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação e;

- Matemática e suas Tecnologias.

Tempo para a prova: 5h30

c) No dia da prova:

Os portões de acesso abrem às 12h e fecham às 13h, horário de Brasília. Recomenda-se

que todos os participantes cheguem ao local de prova até às 12h (horário oficial de

Brasília), visto que será estritamente proibida a entrada após o fechamento dos portões.

IMPORTANTE!

- Verificar com antecedência, na página de acompanhamento do Enem, a validação da

inscrição e o local de realização das provas.

- Fazer o trajeto até o local de prova antes do dia do Exame.

(Disponível em < http://www.enem.inep.gov.br/dicas.html > Acesso em

20\08\2014.)

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Gostou das informações? Use os espaços abaixo para comentários, deixando suas

criticas e sugestões:

Sítio - http://www.ufcg.edu.br/~historia/pet/ Facebook: https://www.facebook.com/espaco.pethistoria Blog: http://modulosdidaticos.blogspot.com.br/

BOA SORTE E BONS ESTUDOS!

DÚVIDAS FREQUENTES

APLICAÇÃO DA PROVA

13 - Como serão as provas do Enem 2014?

Serão quatro provas objetivas, contendo, cada uma, 45 questões de múltipla escolha, e

uma redação.

14 - Quais são as Áreas de Conhecimento e Componentes Curriculares avaliados

no Enem?

Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Filosofia e Sociologia);

Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Química, Física e Biologia); Linguagens,

Códigos e suas Tecnologias e Redação (Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira

- Inglês ou Espanhol, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e

Comunicação); Matemática e suas Tecnologias (Matemática).

OBJETIVOS E UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS

37 - Qual a finalidade do Enem?

A finalidade primordial do Enem é a avaliação do desempenho escolar e acadêmico ao fim

do ensino médio. As informações obtidas a partir dos resultados do Enem são utilizadas

para acompanhamento da qualidade do ensino médio no País, na implementação de

políticas públicas, criação de referência nacional para o aperfeiçoamento dos currículos do

ensino médio, desenvolvimento de estudos e indicadores sobre a educação brasileira e

estabelecimento de critérios de acesso do participante a programas governamentais.

O Enem serve também para a constituição de parâmetros para a autoavaliação do

participante, com vistas à continuidade de sua formação e à sua inserção no mercado de

trabalho.

38 - O Enem tem como objetivo o acesso à educação superior?

Essa não é a única, mas é uma das funções. O Enem tem sido usado com sucesso como

mecanismo de acesso à educação superior, tanto em programas do Ministério da Educação

– como o Sisu, o Sisutec, o Ciência sem Fronteiras e o Prouni –, quanto em financiamento

estudantil – Fies. Também tem sido utilizado em processos de governos estaduais e da

iniciativa privada.

39 - O Enem 2014 poderá ser usado para certificação no ensino médio?

Sim, a certificação é mais uma das possibilidades que o Exame oferece. Os participantes

maiores de 18 anos que ainda não concluíram a escolarização básica podem participar

do Enem e pleitear a certificação no ensino médio junto a uma das instituições que

aderiram ao processo – secretarias estaduais e institutos federais de educação. A lista das

instituições certificadoras consta no Anexo I do edital. (Disponível em < http://www.enem.inep.gov.br/duvidas-frequentes.html> Acesso em 20\08\2014.)

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Elson da Silva Pereira Brasil ([email protected] )

Priscila Gusmão Andrade ([email protected] )

IDENTIDADES DO/NO BRASIL

Ao longo do tempo a humanidade vem

tentando se identificar de modo que se distinga

do resto das espécies animais. Esses processos

são historicamente construídos e mudam de

acordo com cada sociedade. Mesmo dentro de

uma mesma organização social é possível haver

vários discursos sobre a mesma “identidade”.

A mesma pessoa pode se dizer de muitas formas. Pode ter várias identidades, ou até

preferir dizer-se não pertencente às categorias de identidade existente.

Disponível In: http://www.falouepontofinal.com.br/2012/09/expressoes-populares-1.html#.U8nzZeNdXCl, acesso em 19/07/2014.

Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. 1 – Compreender os elementos culturais que

Disponível In: http://1.bp.blogspot.com/-NB0-

hRBht2A/UUDsSO0MIpI/AAAAAAAADDA/JKjq

MpCrqeY/s640/37093_406201599455300_71429107

7_n.jpg , acesso em 09/05/2014.

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Em certos casos as identidades são formadas para abarcar um grupo que se diz, ou é

dito como, minoria e ás vezes pode ser composto por indivíduos que não estão dentro de um

padrão normativo social. Esse grupo, por sua vez, acaba sendo discriminado quer por sua cor,

classe social, gênero, etnias, religiões ou qualquer outra característica que fuja das normas

sociais. No processo de formação da identidade de um grupo se busca anular a identidade

individual em beneficio do coletivo. Assim como mostra a figura 1, um grupo menos

favorecido pode receber mais benefícios para que, assim, possa estar em condição de

igualdade com os que o rodeiam.

Mas tem um tipo de identidade que há muito tempo é motivo de debate em nosso país:

a identidade nacional. O Brasil desde 1822, quando se tornou uma nação independente, vem

buscando criar para o país uma identidade nacional, ou seja, juntar em uma mesma

representação festas, costumes, modos de ser, entre outros elementos que definam o que é ser

brasileiro; que despertem nos brasileiros um sentimento de patriotismo e de defesa da nação,

ou seja, o próprio sentimento de pertença a uma nação é construído historicamente, e nesse

processo são incluídos e excluídos saberes e fazeres, em geral das minorias. A literatura, por

exemplo, é escolhida em alguns momentos para representar a identidade de um país: se

elegem personagens, obras literárias e autores e se nomeiam a “cara” do Brasil. Nesses quase

duzentos anos de Brasil independente o país usou de muitos personagens da literatura, assim

como de festas para tentar definir o que é ser brasileiro.

Disponível In:

http://kilombagem.org/wordpress/wp-

content/uploads/2013/03/UFJF-imagem.jpg ,

acesso em 09/05/2014.

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Na literatura, Iracema (de 1865), a índia dos lábios de mel, do romance de José de

Alencar (1829-1877), por muito tempo representou uma dita passividade dos nativos do

Brasil que teriam se entregue de corpo e alma aos colonizadores europeus que aqui chegaram,

no século XVI. Macunaíma (de 1928), personagem de Mário de Andrade (1893-1945) é a

proposta de representação do brasileiro pelos modernistas1, um personagem sem disposição

ao trabalho ou à rotina que busca dar um jeitinho para resolver algumas situações em que se

envolve na cidade grande em busca de seu muiraquitã. Macuíma também representa um

momento da história nacional em que alguns intelectuais vão tomar o índio como legitimo

representante da identidade nacional, como a essência, a verdadeira brasilidade.

O Estado Novo representou a relação entre os índios e o Estado-nação numa ótica

romântica. Em 1934, consagrando um ícone cultural, Vargas decretou que o dia 19

abril seria o Dia do Índio. Nos anos seguintes, o Dia do Índio ocasionou numerosos

eventos culturais e cerimônias públicas. Numa verdadeira blitz, o Estado organizou

exibições em museus, programas de rádio, discursos e filmes sobre o índio - tudo

isso com assistência do DIP. (GARFIELD, 2000, p. 18).

Esses dois personagens, Iracema e

Macunaíma, de épocas históricas diferentes

foram apropriados para dizer o que era o

brasileiro. Isso não significa que exista um modo

único de ser brasileiro, mas que em cada

momento as pessoas pensaram e escreveram o

ser brasileiro do modo que sua época permitia.

Nós, no presente, não podemos julgar esses

modelos como certos ou errados, apenas tentar

compreender sua construção.

1 Modernistas são os artistas envolvidos no movimento artístico e cultural no país no início do século XX. O

modernismo no Brasil é marcado pela Semana de Arte Moderna de 1922. Saiba mais em:

http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo2/modernismo/index.html (acesso em

19/07/2014).

Disponível

,http://gilmaronline.zip.net/arch2011-03-

01_2011-03-31.html > Acesso em 13/04/2014.

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Em meados do século XX outra forma de representar a identidade nacional entrou em

evidência. Um caso no qual a literatura tenta abarcar um personagem que represente a

identidade nacional partindo de um olhar regional, é o caso de João Grilo, personagem de O

Auto da compadecida (de 1955) obra de Ariano Suassuna (1928). O autor propõe uma

identidade do brasileiro partindo do seu olhar sobre os personagens dos sertões nordestinos. O

personagem João Grilo, embora tenha disposição ao trabalho, consegue burlar algumas

situações, inclusive sua ida quase certa ao inferno. Mas é possível localizar em cada

personagem diferenças quanto à forma de pensar a brasilidade. João Grilo aparece não mais

como representante de um país inteiro, mas como o representante de uma região. Se antes se

buscava dizer um tipo que representava a nação brasileira, neste momento Ariano Suassuna

buscou pensar uma identidade baseada nos tipos regionais. Mas, e no presente, como andam

as representações de nossa brasilidade?

Roberto da Matta (2004) antropólogo contemporâneo aponta algumas dessas

características como constituintes de nossas identidades no presente: a falta de cuidado com o

público, pouco engajamento político e uma corrupção que estaria presente em nossas práticas

diárias como: apropriação indevida de coisas

públicas, filar na prova, jogar lixo na rua, entre

outras.

“No duelo entre esses dois campeões,

fazemos voto para que o entrudo morra de

uma vez”. Revista Ilustrada, 1881. In:

http://devotosdodragao.ucoz.com/index/

entrudo/0-8, acesso em 13/04/2014.

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REFLEXÃO

Festas e identidade(s): o Carnaval

Um dos elementos usados para criar a identidade de uma nação são suas festas. No

Brasil uma das festas mais populares é o carnaval. Quem nunca ouviu a frase “No Brasil o

ano só começa depois do carnaval”? O carnaval é tido como a festa do samba, do axé e do

frevo, mas será que apenas esses ritmos são tocados em nossos carnavais? Caso seja, como é

o caso do frevo em Olinda - PE, como um único ritmo pode ser tocado em uma festa

caracterizada pela diversidade?

As nossas festas são uma demonstração da diversidade das identidades, assim como da

mistura de códigos e culturas em um mesmo espaço. O Carnaval pode ser pensado como uma

festa que alguns tomamos como representativa do que somos. Festa presente no Brasil desde

quando o país era uma colônia de Portugal, se caracteriza pela diversidade com que é

comemorada nas diferentes regiões do país. Atualmente as festas nas cidades de Salvador,

Olinda e Rio de Janeiro ocupam espaço na mídia, sendo tomadas como as maiores do país.

No Rio de Janeiro as escolas de samba ganham destaque, sendo elemento identitário

destacado na mídia, como característica do carnaval carioca e uma tentativa de representação

da nação. Em Salvador o axé é o ritmo que toma conta nas representações sobre o carnaval

baiano.

Em Olinda-Recife é o frevo que é reina

como ritmo do carnaval, assim uma mesma festa é

embalada por ritmos diferentes. Mas além desses

ritmos, outros também podem compor o carnaval.

Não apenas de ritmos e sons é feito o carnaval brasileiro, cada região, estado e cidade

dá um toque especial a essa data, algumas optam por não celebrar a festa e aproveitar a data

para promover debates místicos, filosóficos, acadêmicos, encontros religiosos, entre outros, é

Carnaval sem mela mela não existe. In:

http://lenilsonazevedo.com/?p=9062, acesso

em 13/04/2013.

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o caso do Encontro para a Nova Consciência que ocorre sempre no período de Carnaval em

Campina Grande-PB.

Outra marca história do carnaval brasileiro é, para alguns, a fama de, durante os dias

de festa, reinar a permissividade. É permitido trair, andar seminu, homem pode vestir-se de

mulher. Mas será que é apenas no Carnaval que essas identidades de gênero, de raça ou de

classe social, ou quaisquer outras, entram em crise? Ou será que estamos passando por um

momento em que esses modelos enfrentam uma crise?

Não se engane em pensar que o carnaval é desprovido de disputas políticas e sociais.

Historicamente no Brasil o carnaval é fruto de discursos que pretenderam pretendem controlar

as formas de divertimento do povo. Um exemplo foram os conflitos entre as associações

carnavalescas no Rio de Janeiro do século XIX que buscavam combater o entrudo2. No

entrudo as pessoas costumavam sair às ruas jogando farinha e bolinhas de cera contendo água,

urina ou outros líquidos. Com a adesão aos costumes burgueses e à modernidade, as

associações carnavalescas buscam domesticar a festa e travam um verdadeiro combate nos

meios impressos até legitimar um modo de festejar o carnaval com confete e serpentina. Mas,

mesmo assim, em algumas regiões do país o costume de se melar permanece até o presente. O

mela-mela que ainda ocorre em alguns carnavais de rua é reminiscência dessa prática.

TEXTO DE APOIO

A escravidão e as conquistas negras

Uma das características fundamentais do sistema escravista era a prioridade jurídica sobre o

trabalhador cativo. Sendo assim, o homem escravizado era subordinado a outro ser humano.

Ao tornar-se propriedade privada, o escravo perdia a sua humanidade?

(APOLINÁRIO, 2007. p.32).

2 Entrudo pode ser definido como uma série de jogos e brincadeiras populares, introduzidas no Brasil pelos

portugueses no século XVI, que também foram associadas ao carnaval brasileiro. Pode ser considerado como a

fase de gestação do carnaval popular de rua. (Disponível in: http://www.suapesquisa.com/carnaval/entrudo.htm,

acesso em 19/07/2014).

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(Disponível em:< http://amaivos.uol.com.br/amaivos09

/noticia/noticia.asp?cod_canal=44&c

od_noticia=22765 >, acessado em:

30/04/2014).

A escravidão negra se iniciou no Brasil durante o período em que o país ainda era

colônia de Portugal, foi uma experiência de longa duração (se iniciando com a vinda dos

primeiros africanos na primeira metade do séc. XVI e terminando oficialmente em 1888, com

a lei Áurea) deixando profundas marcas na sociedade brasileira.

O trabalho do negro escravizado foi utilizado nas plantações de cana-de-açúcar no

Nordeste brasileiro, nas lavouras de café do interior paulista, nas minas de ouro de Minas

Gerais, nas cozinhas das casas grandes dos fazendeiros brasileiros, nas casas dos brasileiros

de classe média, etc. A escravidão estava, assim, acoplada à sociedade brasileira no período

colonial e em boa parte do período imperial, estando ligada não apenas ao aspecto econômico

como também aos aspectos político e cultural.

Ser escravo significava ser propriedade de outra pessoa, escravizar era tornar o ser

humano um objeto passível de venda, empréstimo, aluguel, hipoteca, etc. Mas essa

característica mercantil fazia o homem escravizado perder sua subjetividade de ser humano?

Fazia o individuo de fato tornar-se um objeto inanimado e sem vontades, pensamentos e

identidade própria?

Por ser escravo, o negro não deixava de possuir vontades e sentimentos. Não deixava

também de se revoltar contra o sistema ao qual estava sujeito e de protagonizar diversas

resistências contra as crueldades que o sistema escravocrata impunha contra os mesmos.

Vejamos o que Albuquerque coloca a esse respeito:

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Onde quer que o trabalho escravo tenha existido, senhores e governantes foram regularmente

surpreendidos com a resistência escrava. No Brasil, tal resistência assumiu diversas formas. A

desobediência sistemática, a lentidão na execução das tarefas, a sabotagem da produção e as

fugas individuais ou coletivas foram algumas delas. Fugir sempre fazia parte dos planos dos

escravos.

Os cativos fugiam por vários motivos e para muitos destinos. Castigo, trabalho excessivo,

pouco tempo para o lazer, desagregação familiar, impossibilidade de ter a própria roça e, é

obvio, o simples desejo de liberdade eram as razões mais freqüentes que os levavam a escapar

dos senhores. (ALBUQUERQUE, 2006, p. 117).

Percebemos assim que a escravidão não excluiu as identidades dos que foram

escravizados e que diversas maneiras foram encontradas pelos negros para resistir à realidade

que lhes estava imposta. Mas os problemas para esse grupo não se encerram com a abolição

da escravatura. Inúmeras foram as dificuldades sociais que os negros enfrentaram após a

liberdade e numerosos foram os preconceitos que se mantiveram contra a sua figura.

Após a abolição não houve uma política de integração dos negros ex-escravos à

sociedade e ao mundo do trabalho, havendo assim uma marginalização desse grupo, devido ao

preconceito que sofria por ser negro e ex-escravo.

O preconceito contra os negros se manteve com os anos que se passaram, apesar da

tese sociológica de Gilberto Freire, em seu livro Casa Grande e Senzala, conhecida como

mito da democracia racial, na qual o autor vai dizer que o Brasil é um país miscigenado (entre

branco, negro e índio) e que o mestiço é o tipo do brasileiro.

Nos anos 1930, a Frente Negra Brasileira3 (FNB) chamou a atenção, a partir de jornais

e congressos, para os problemas que afligiam a população de cor, nos anos 1940 o Teatro

Experimental do Negro4 denunciou as práticas racistas a partir do teatro, já na década de 1990

houve um período mais promissor de participação política para a sociedade civil e uma maior

força para os movimentos sociais ligados a bandeiras ideológicas, incluindo o Movimento

Negro (Movimento Negro Unificado – MNU), havendo uma maior luta contra a opressão

racial, o alto índice de desemprego da população negra, a violência policial, etc. (SANTOS,

s.d., p.6).

3 A frente negra brasileira foi um movimento social fundado em 16 de setembro de 1931 e que durou até 1937.

Tinha como propósito lutar pelo direito dos afrodescendentes brasileiros. 4 O teatro experimental do negro, foi fundado em 1944 e durou até 1961, tinha como intenção a valorização do

negro no teatro e a criação de uma nova dramaturgia. Para saber mais sobre, acessar:

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=cias_biografia&cd_verbe

te=649, acessado em 22/07/2014.

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A partir desse momento houve uma maior atenção direcionada aos problemas das

minorias étnicas, incluindo os negros. Uma das conquistas do MNU foi a lei 10.639/03, que

estabelece a inclusão da história da África e das culturas afro-brasileiras no conteúdo

programático do ensino fundamental das escolas brasileiras. Essa lei sofre uma expansão com

a Lei 11.645/08 que inclui nos conteúdos das escolas além da temática negra, a indígena. A

intenção dessas leis é contribuir para a mudança do imaginário social brasileiro sobre a

população negra e a indígena, um esforço para diminuir o preconceito racial.

APRENDA FAZENDO...

ENEM 2013, questão 01

No final do século XIX, as grandes sociedades carnavalescas alcançaram ampla popularidade

entres os foliões cariocas. Tais sociedades cultivavam um pretensioso objetivo em relação à

comemoração carnavalesca em si mesma: com seus desfiles de carros enfeitados pelas

principais ruas da cidade, pretendiam abolir o entrudo (brincadeira que consistia em jogar

água nos foliões) e outras práticas difundidas entre a população desde os tempos coloniais,

substituindo-os por formas de diversão que consideravam mais civilizadas, inspiradas nos

carnavais de Veneza. Contudo, ninguém parecia disposto a abrir mão de suas diversões para

assistir ao carnaval das sociedades. O entrudo, na visão dos seus animados praticantes,

poderiam coexistir perfeitamente com os desfiles.

PEREIRA, C.S. Os senhores da alegria: a presença das mulheres nas Grandes Sociedades carnavalescas cariocas em fins do

século XIX. In: CUNHA, M.C.P. Carnavais e outras frestas: ensaios de história social da cultura. Campinas: Unicamp;

Cecult, 2002 (adaptado).

Manifestações culturais como o carnaval também têm sua própria história, sendo

constantemente reinventadas ao longo do tempo. A atuação das grandes sociedades, descritas

no texto, mostra que o carnaval representava um momento em que:

a) Distinções sociais eram deixadas de lado em nome da celebração.

b) Aspirações cosmopolitas de elite impediam a realização da festa fora dos clubes.

c) Liberdades individuais eram extintas pelas regras das autoridades públicas.

d) Tradições populares se transformavam em matéria de disputas sociais.

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e) Perseguições policiais tinham caráter xenófobo por repudiarem tradições estrangeiras.

ENEM 2010, questão 02

Negro, filho de escrava e fidalgo português, o baiano Luiz Gama fez da lei e das letras suas

armas na luta pela liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai para cobrir

dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade conseguiu provas que havia

nascido livre. Autodidata, advogado sem diploma, fez do direito o seu ofício e transformou-

se, em pouco tempo, em proeminente advogado da causa abolicionista.

AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de História. Ano 1, nº3. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2014

(adaptado).

A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda metade do séc. XIX foi resultado

de importantes lutas sociais condicionadas historicamente. A biografia de Luiz Gama

exemplifica a

a) Impossibilidade de ascensão social do negro forro em uma sociedade escravocrata, mesmo

sendo alfabetizado.

b) Extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nesse contexto e a utilização do

Direito como canal de luta pela liberdade.

c) Rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que inviabiliza os mecanismos de ação

social.

d) Possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das elites dominantes, a um

mestiço filho de pai português.

e) Troca de favores entre um representante negro e a elite agraria escravista que outorga o

direito advocatício ao mesmo.

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SAIBA MAIS

Site:

Videoteca do CPFL – Cultura

Aqui você vai encontra professor@s de Universidades renomadas

do Brasil e do Mundo falando sobre temas como identidade,

cultura, história e outras questões da contemporaneidade.

Em especial indicamos os programas:

Feminilidades e pós-modernidade | Guacira Lopes Louro

(http://www.cpflcultura.com.br/wp/2009/10/28/feminilidades-e-

pos-modernidade-guacira-lopes-louro/, acesso em 13/04/2014).

Entre a luxúria e o pudor | Paulo Sérgio do Carmo

(http://www.cpflcultura.com.br/wp/2012/06/29/entre-a-luxuria-e-o-

pudor-cem-anos-de-vida-sexual-dos-brasileiros-paulo-sergio-do-

carmo/, acesso em 13/04/2014).

O mito da raça: em busca da pureza – Demétrio Magnoli (http://www.cpflcultura.com.br/wp/2011/05/10/o-mito-da-raca-em-

busca-da-pureza-demetrio-magnoli-2/, acesso em 13/04/2014).

Site:

Site do Instituto Luiz Gama – Site do Instituto Luiz Gama é uma

associação sem fins lucrativos, formada por um grupo de militantes

de movimentos sociais que atua na defesa de causas populares.

http://institutoluizgama.org.br/portal/, acessado em 08/05/2014.

Livro:

Memórias do Cativeiro: família, trabalho e cidadania na pós-

abolição – Livro escrito a partir da experiência de ex-escravos

brasileiros, que trabalharam principalmente no antigo sudoeste

cafeeiro, contando a experiência coletiva e individual dessas

pessoas.

Filme:

Memórias do Cativeiro - Filme de 2005, dirigido por Guilherme

Fernandez e Isabel Castro, feito a partir do acervo oral do Labhoi e

com roteiro baseado em livro de mesmo nome.

Para assistir ao filme, acessar:

http://ufftube.uff.br/video/M2GWDYGDBYU7/Mem%C3%B3rias-

do-Cativeiro, acessado em 08/05/2014.

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RESPOSTAS COMENTADAS

Questão 01

A questão pede que se perceba como a tradição popular de celebrar o entrudo, à medida que

ganha visibilidade, passa a ser motivo de conflitos e disputas sociais. No contexto de fins do

século XIX era muito forte no Brasil a vontade de parecer com a Europa, para tanto era

preciso disciplinar algumas práticas tradicionais que fugiam dos padrões europeus. As outras

alternativas não condizem com o texto base ou com a época a qual o mesmo se refere, logo

acabam sendo incorretas com o que o item pede.

Alternativa correta: Letra D.

Questão 02

A vida do abolicionista Luiz Gama indica possibilidade, embora muito limitada, de ascensão

social do negro no Brasil imperial e, ao mesmo tempo, revela a importância do Direito e de

alguns advogados na luta pelo fim da escravidão no país.

As demais alternativas não estão necessariamente erradas, mas a dificuldade de ascensão dos

negros na sociedade da época é a alternativa que mais se aproxima do texto proposto para a

questão.

Alternativa correta: Letra B.

REFERÊNCIA

ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de. Uma história do negro no Brasil. Brasília: Fundação

Cultural Palmares, 2006.

ALENCAR, José de. Iracema. 2ª ed. crítica de M. Cavalcanti Proença. São Paulo: ed. Da

USP/EDUSP, 1979.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma. Ed. crítica coord. por Telê P. Ancona Lopez. Paris,

Association Archives de la Littérature latino-américaine, des Caraibes e africaine du Xxe.

Siècle; Brasília, CNPQ, 1988. (Col. Arquivos, 6)

APOLINÁRIO, Juciene Ricarte. Escravidão negra no Tocantins colonial. 2ºed. Goiania:

Kelps, 2007.

BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar Editor, 2005.

GARFIELD, Seth. As raízes de uma planta que hoje é o Brasil: os índios e o Estado-Nação

na era Vargas. Rev. bras. Hist.[online]. 2000, vol.20, n.39, pp. 13-36. ISSN 1806-9347.

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HALL, Stuart. A identidade cultural na pós – modernidade. 11. Ed. Rio de Janeiro: DP&A,

2006.

MATTA. Roberto. O modo de navegação social: a malandragem, o “jeitinho” e o “você sabe

com quem está falando?” In: DA MATTA, Roberto. O que é o Brasil? Rio de Janeiro:

Rocco, 2004. P. 13-20.

SANTOS, Márcio Andre de. Negritudes posicionadas: as muitas formas da identidade negra

no Brasil. Artigo cientifico, encontrado em:

http://www.cp2.g12.br/UAs/se/departamentos/sociologia/pespectiva_sociologica/Numero4/Ar

tigos/marcio_andre.pdf.

SUASSUNA, Ariano. O Auto da Compadecida. 34 ed. Rio de Janeiro: Agir, 2002.

Sites:

Blog do Lenilson Azevedo: http://lenilsonazevedo.com/, acesso em 13/04/2014.

Brasil Cultura. Mulher e carnaval. In: http://www.brasilcultura.com.br/antropologia/mulher-e-

carnaval/, acesso em 13/04/2014.

Brasil Escola- Carnaval do Brasil. In: http://www.brasilescola.com/carnaval/carnaval-no-

brasil.htm, acesso em 11/04/2014.

Devotos do dragão: http://devotosdodragao.ucoz.com/index/entrudo/0-8, acesso em

13/04/2014.

HISTÓRIA DO CARNAVAL - Monique Cardoso. In:

http://ccsp13aisp.ibge.gov.br/attachments/article/68/HISTORIADOCARNAVAL.pdf, acesso

em 13/04/2013.

Instituto CPFL Cultura: http://www.cpflcultura.com.br/, Acesso em 19/07/2014.

Kilombagem: http://kilombagem.org/, Acesso em 19/07/2014.

Modernismo Brasileiro:

http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo2/modernismo/index.html,

Acesso em 19/07/2014.

Sua pesquisa.com: http://www.suapesquisa.com/carnaval/entrudo.htm, acesso em 13/04/2014.

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23

Ana Carolina Monteiro Paiva ([email protected] )

Jonathan Vilar dos S. Leite([email protected] )

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA

O HOMEM E O ESPAÇO GEOGRÁFICO

Autoridades negociam com os índios da aldeia

Maracanã sobre a desocupação do prédio para a

revitalização de um complexo esportivo. Disponível

em: < http://www.portalguaira.com/PG/wp-

content/uploads/2013/03/indio2.jpg> Acesso em: 15 de

abr. 2014.

Chuva ameaça 128 mil pessoas em moradias de

ocupação irregular da área, em Manaus. Disponível

em: < http://acritica.uol.com.br/manaus/Chuva-

ameaca-pessoas-risco-Manaus_0_1110488944.html>

Acesso em: 15 de abr. 2014.

Vista panorâmica da cidade de São Paulo – SP, Brasil.

Classificada pelo IBGE como uma das metrópoles

globais. Disponível em:

<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/t

vmultimidia/imagens/geografia/4saopaulo.jpg> Acesso

em: 15 de abr. 2014.

1 –

Competência de Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços

geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

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Você consegue identificar o que essas três imagens tem em comum? Todas estão

diretamente ligadas a conceitos bastante utilizados na Geografia e História: espaço e

território? Vamos pensar sobre essas questões? De acordo com o geógrafo Milton Santos, é

difícil atribuir uma definição única para a categoria espaço, pois qualquer conceituação não é

fixa, imutável, mas flexível, sujeita a mudanças ao longo da história, ganhando novos

significados de acordo com o contexto em que está inserida. Assim, o espaço corresponde às

transformações sociais feitas pelos seres humanos, e pode ser compreendido principalmente

por dois pontos: o espaço humano (morada do homem) e o espaço geográfico (organizado

pelo homem para produção).

O espaço pode ser organizado de diversas formas: pela divisão social do trabalho,

urbanização, migrações, fatores econômicos e sociais, entre outros. O território utilizado pelo

povo seria aquele que se transformaria na noção de espaço, pois por território se entende uma

ideia de delimitação, uma área fixada construída e desconstruída pelas relações de poder. Essa

representação dos diferentes territórios está presente em nosso cotidiano, desde a mais simples

cerca ou muro da sua casa que delimita seu território, até o território da aldeia Maracanã, a

qual os índios se apropriaram como símbolo de sua resistência perante a desapropriação de

suas verdadeiras terras para atender às necessidades do governo.

Alguns estudiosos partem do pressuposto de que são as relações de poder entre

“dominantes” e “dominados” que ditam o ritmo dessas divisões de espaço e território ao

longo do tempo e que isso historicamente possui um significado maior. Essa visão está muito

forte nos estudos sobre as questões de espaço, território e territorialidade sendo mais

defendida pelo viés marxista. Para exemplificar melhor essa relação não tomando os

“dominantes” e os “dominados”, mas levando em consideração que havia uma relação de

poder entre classes, vamos observar o caso do processo de colonização do Brasil (a relação

metrópole-colônia): o Brasil, no seu papel de colônia, era totalmente dependente de sua

metrópole Portugal.

O território do Brasil passou por um processo em que envolvia muitos tratados,

acordos, nos quais Portugal visava demarcar, limitar, criar fronteiras que foram acordadas

com outros países. Essa apropriação do território brasileiro ia além de uma posse de terra,

mexia também com o imaginário tanto dos nativos (submissos à Portugal) como dos

colonizadores (superiores, civilizados). Outros exemplos são as divisões regionais do Brasil

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(Norte, Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste), uma divisão que leva em consideração

aspectos climáticos (uma região de clima tropical, outra de clima mais ameno e etc), culturais

(uma região que tenha práticas culturais em comum, como na região amazônica que forma um

conjunto cultural que representa a identidade daqueles ali nascidos), econômicos (uma região

onde a produção de café é mais intensa, outra em que o ouro predomina, formando complexos

econômicos). As próprias divisões regionais dentro de uma cidade (zona sul, zona norte, zona

leste...) também possuem um significado dentro da própria sociedade: são divisões que na

maioria das vezes são determinadas por questões econômicas, como, por exemplo, uma antiga

noção de que as casas construídas próximo ao mar, litoral, seriam de pessoas com alto poder

aquisitivo. Porém, essa concepção vem se transformando devido à ascensão da classe média

que cada vez mais conquista seu lugar.

Assim, também é necessário comparar o significado histórico da formação dos

diferentes espaços. Para isso, deve-se entender que os espaços geográficos são dinâmicos, ou

seja, estão sempre em constante mudança devido aos processos migratórios. Provavelmente

você já ouviu falar de uma pessoa próxima ou algum conhecido que se mudou para outra

cidade para trabalhar: isso faz parte do processo de migração, um fluxo populacional atraído

para um centro econômico em desenvolvimento que pode proporcionar uma ascensão

econômica e social para o sujeito. São várias as cidades que atraem esse fluxo, porém quando

se trata de migração é inevitável não citarmos a metrópole global responsável pela grande

quantidade de pessoas que saem de sua terra natal para se destinarem a ela: São Paulo. Os

processos imigratórios também contribuem para o aumento populacional das grandes cidades,

como visto nas charges abaixo:

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Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_aJT3I8ICB-

8/TE_rvyZ5KzI/AAAAAAAAA9Q/4uYI3dIBAD4/s1600/char

ge-imigrantes.jpg> Acesso em: 19 mai. 2014.

Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-

Wmj689NYuyg/Tsht70wQpRI/AAAAAAAAAR4/Yg187IL-

VKo/s1600/charge.gif> Acesso em: 19 mai. 2014.

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REFLEXÃO

Uma questão atual que tem despertado preocupação no cenário político internacional e

que tem gerado tensão na relação de vários países do globo é a crise na Crimeia.

Após um mês da destituição do presidente ucraniano Viktor Yanukovych em Maio de

2014 - aliado de Moscou –, a Rússia iniciou uma marcha em direção à região da Crimeia,

pertencente originalmente à Ucrânia – país independente e desanexado da antiga União

Soviética desde 1991 na tentativa de intervir e tomar posse destas terras novamente (tendo em

vista que até 1954 a Crimeia pertencia à URSS).

A Crimeia é uma península que fica ao sul da Ucrânia e dá acesso a todo o Mar Negro,

servindo também como ótimo ponto portuário para escoamento e fluxo neste local. Mesmo

após a independência da Ucrânia, em 1991, a Rússia ainda possui certa influência lá, com

base naval de livre acesso em Sevastopol, além da grande presença de russos (cerca de 60%)

na Crimeia como também o fato de cerca de metade de toda a Ucrânia (principalmente a

metade leste) falar russo. Todavia a influência russa passou a se comprometer justamente após

a retirada do presidente Viktor Yanukovych do poder para dar lugar a Oleksandr Turchynov.

Essa troca de presidente provocou uma série de medidas políticas que tornaram as relações

entre Rússia e Ucrânia mais tensas. Por um lado os russos perderam um forte aliado na

ampliação de sua influência política, o Viktor, que foi substituído por um presidente que

Crise na Criméia: manifestantes pró-rússia formam uma barricada. Disponível em:

<http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2014/03/19/crise-na-crimeia-pode-reacender-

conflitos-adormecidos-na-europa.htm> Acesso em: 15 de abr. 2014.

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agora simpatiza com a União Europeia e tem políticas mais congruentes com a política oeste

europeia do que leste europeias (leia-se aqui, russa).

Representada pela figura de Vladmir Putin, a Rússia se viu de certa forma ofendida

com o novo governo e as novas medidas políticas e decidiu ocupar regiões fronteiriças e a

Crimeia no intento de retomar esta última alegando que lá existe maioria russa e que inclusive

muitos deles – de fato – apoiam a reintegração com seus antigos governantes por se sentirem

constitucionalmente mais protegidos e culturalmente mais identificados.

Por fim esta tensão entre Ucrânia e Rússia tem chamado atenção da União Europeia

que já está ao lado da Ucrânia e também dos EUA que quase interferiu diretamente neste

conflito em favor da Ucrânia. Ambos exigem a retirada do exército russo das fronteiras do

leste e da região da Crimeia para evitar maiores intervenções e até mesmo o início de uma

possível guerra. Dia 19 de maio de 2014 Putin ordenou que as tropas evacuassem, entretanto

Otan e EUA, querem provas concretas de que esta desocupação está sendo consolidada, pois

afirmam que ainda há tropas em várias localidades.

Usina Belo Monte, Xingu. Disponível em:

<http://veja.abril.com.br/assets/images/2013/

1/122267/usina-belo-monte-20130124-0061-

size-620.jpg?1359072664> Acesso em: 15 de

abr. 2014.

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TEXTO DE APOIO

Devido ao avanço tecnológico, o ser humano se utilizou de uma série de mecanismos

para facilitar a manipulação dos elementos da natureza, transformando-a em um espaço de

exploração. Máquinas, equipamentos e grandes estruturas facilitaram a vida do ser humano,

dinamizando o processo de exploração dos recursos minerais, energéticos (como a construção

de usinas hidrelétricas) e da produção agropecuária.

Tanto na extração mineral como na extração energética, grandes fontes de riqueza, o espaço

geográfico é bastante explorado, o que acaba levando a profundos impactos que podem ser

vistos agora ou daqui a alguns anos.

Disponível em:

<http://4.bp.blogspot.com/_UxXEnLA9NJk/S_-

z5EVWGKI/AAAAAAAAAqQ/dm9eEOzwifk/s

1600/Charge+para+desmatamento.jpg> Acesso

em: 19 mai. 2014.

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30

A extração mineral lida diretamente com o solo, o que provoca processos de erosão e

esgotamento. Já a construção de usinas hidrelétricas para a obtenção de energia, por exemplo,

altera o curso dos rios e modifica toda a estrutura da comunidade local que depende do rio

para sobreviver, a exemplo dos indígenas e das comunidades ribeirinhas. Essas constantes

intervenções humanas no espaço causam uma infinidade de degradação que se volta contra o

homem. Além das já citadas, o aquecimento global, o efeito estufa e a escassez de água

merecem destaque.

Essa busca do homem pela exploração da natureza para obter seu sustento não é nova,

pode ser vista em muitos momentos da história. Porém, a busca sem limites, uma exploração

irracional dos recursos leva a consequências que comprometem a natureza e a própria vida do

homem na Terra.

“(...) Doce morada bela, rica e única,

Dilapidada só como se fôsseis

A mina da fortuna econômica,

A fonte eterna de energias fósseis,

O que será, com mais alguns graus Celsius,

De um rio, uma baía ou um recife,

Ou um ilhéu ao léu clamando aos céus, se os

Mares subirem muito, em Tenerife?

E dos sem-água, o que será de cada súplica,

De cada rogo

É fogo... é fogo...”

Disponível em: < http://letras.mus.br/lenine/e-fogo/> Acesso em: 19 mai. 2014.

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APRENDA FAZENDO

QUESTÃO 07 – ENEM 2013

Um gigante da indústria da internet, em gesto simbólico, mudou o tratamento que conferia à

sua página palestina. O site de buscas alterou sua página quando acessada da Cisjordânia. Em

vez de “territórios palestinos”, a empresa escreve agora “Palestina” logo abaixo do logotipo.

BERCITO, D. Google muda tratamento dos territórios palestinos. Folha de S. Paulo. 4 de Maio de

2013(Adaptado).

O gesto simbólico sinalizado pela mudança no status dos territórios palestinos significa:

a) Surgimento de um país binacional.

b) Fortalecimento de movimentos antissemitas.

c) Esvaziamento de assentamentos judaicos.

d) Reconhecimento de uma autoridade jurídica.

e) Estabelecimento de fronteiras nacionais.

QUESTÃO 07 – ENEM 2013

Nos últimos decênios, o território conhece grandes mudanças em função de acréscimos

técnicos que renovam a sua materialidade, como resultado e condição ao mesmo tempo, dos

processos econômicos e sociais em curso.

SANTOS, M.; SILVEIRA; M.L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro:

Record, 2004 (adaptado).

A partir da última década, verifica-se a ocorrência no Brasil de alterações significativas no

território, ocasionando impactos sociais, culturais e econômicos sobre comunidades locais, e

com maior intensidade, na Amazônia Legal, com a:

a) Reforma e ampliação dos aeroportos nas capitais dos estados.

b) Ampliação de estádios de futebol para a realização de eventos esportivos.

c) Construção de usinas hidrelétricas sobre os rios Tocantins, Xingu e Madeira.

d) Instalação de cabos para a formação de uma rede informatizada de comunicação.

e) Formação de uma infraestrutura de torres que permite a comunicação móvel na

região

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SAIBA MAIS

VÍDEOS

Vídeos sobre geopolítica e território com o professor James

Carvalho, em que este aborda de maneira didática e prática

para você ficar por dentro dos assuntos concernentes à

Competência 02 do ENEM e suas habilidades. Video-aula

dividida em duas partes. Disponível em: Parte 1

<https://www.youtube.com/watch?v=bydW7S5laOw e Parte 2:

<https://www.youtube.com/watch?v=AtsXwl8apZU> Acesso em: 14 de

abr. 2014.

Vídeo sobre crise política na Ucrânia, elaborado pelo

professor Samir Lahoud, do canal “O QUE ROLOU” que

fala sobre o atual conflito na região da Crimeia e suas

implicações na política internacional, sua motivações e

possíveis consequências. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7y19CjchzXA>

Acesso em: 14 de abr. 2014.

SITE

Site que trás dados sobre a construção da usina de Belo

Monte e as diversas implicações que giram em torno desta

questão, desde a relação com comunidades indígenas das

proximidades q aos impactos ambientais no local. Disponível em: <http://www.brasiloeste.com.br/especiais/usina-de-

belo-monte/> Acesso em: 14 de abr. 2014.

RESPOSTAS COMENTADAS

QUESTÃO 07 – ENEM 2013

A situação-problema da pergunta é sobre a situação da Palestina frente à ocupação de Israel,

conflito esse que se iniciou na metade do século passado e se arrasta até hoje. Até o final da

Segunda Guerra Mundial, os territórios palestinos eram de domínio da Coroa britânica em

razão do processo que foi denominado de “Neocolonialismo do século XIX”, impulsionado

pela busca por parte da Europa de matérias primas e mercado consumidor na Ásia e África,

que estava em plena Revolução Industrial. Ao término da Segunda Guerra, os judeus

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receberam territórios para fundar o seu Estado por parte da Inglaterra, sendo utilizadas as

terras que já eram inglesas. E estes territórios doados foram justamente na região da Palestina.

Desta forma, estas terras foram doadas aos judeus para lá criarem o seu sonhado país. Esta

transferência de territórios por parte da Inglaterra para a criação do Estado de Israel pode ser

vista como uma forma de desculpas por parte da Europa frente ao genocídio de milhões de

judeus comandado por Adolf Hitler. De modo geral, as tropas israelenses, patrocinadas e

amparadas pelo exército dos Estados Unidos (U. S. Army) removeram as famílias palestinas e

assentaram famílias judaicas no lugar. Vale lembrar que um dos símbolos da resistência

palestina frente à ocupação de seus territórios é a chave de sua antiga casa, como prova de que

um dia lá estiveram fisicamente.

Assim como na questão relativa à Crimeia, na Ucrânia, podemos perceber que, para além das

disputas de caráter político, há questões culturais que interferem nestes processos. No caso da

Ucrânia, é de uma grande parcela de ucranianos que ainda estão arraigados a uma cultura e ao

idioma russo e que, no caso específico da Crimeia, correspondem a 60% da população e

apoiam a reintegração desta península à Rússia. Na Palestina a questão cultural – para além de

questões político-econômicas – tem bastante influência nas medidas e ações tomadas, assim

como a procedência do conflito, dado que para ambos os povos aquela é considerada uma

terra sagrada: tanto para judeus quanto para muçulmanos; há atrelado a estes dois casos uma

forte questão de sentimento de pertencimento e identidade cultural destes povos que deve ser

respeitada e levada em consideração para decisões políticas futuras.

Alternativa correta: Letra D.

Adaptado de: <http://www.infoenem.com.br/apostilas-enem-2014-do-infoenem-serao-lancadas-dia-28-de-

janeiro/> Acesso em: 19 mai. 2014.

QUESTÃO 37 – ENEM 2013

A problemática da questão se revela nos impactos sociais, culturais e econômicos que atingem

as comunidades da Amazônica Legal. Ora, na última década essa região tem sido marcada

pela sua constante exploração, principalmente no que se refere ao setor econômico para o

país. A principal fonte de economia da Amazônia Legal tem sido a obtenção de energia a

partir das construções de usinas hidrelétricas.

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A fronteira econômica avançou sobre a Amazônia Legal, região abrangida pela floresta

amazônica, banhada pelas bacias hidrográficas do Tocantins-Araguaia e Amazônica (rio

Xingu e Madeira), com a construção de gigantescas hidrelétricas, onde diversos hectares estão

sendo destruídos pelos alagamentos das áreas de barragem. Além dos alagamentos, destaca-se

também a alteração de modos de vida tradicionais em aldeias indígenas e comunidades

ribeirinhas, e frequente necessidade de realojamento populacional das comunidades

localizadas no entorno das obras.

Alternativa correta: Letra C.

Adaptado de: <http://veja.abril.com.br/educacao/enem-resolvido-2013/Q037.pdf> Acesso em: 19 mai. 2014.

REFERÊNCIAS

Espaço geográfico: sociedade transforma a natureza. Disponível em:

<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/espaco-geografico-sociedade-transforma-a-

natureza.htm> Acesso em: 14 de abr. 2014.

Transformações no espaço geográfico. Disponível em:

<http://www.mundoeducacao.com/geografia/transformacao-no-espaco-geografico.htm

Acesso em: 15 de abr. 2014.>

LUCCI, Elian Alabi. Espaço geográfico e urbanização. In: Território e sociedade no mundo

globalizado: geografia geral e do Brasil: volume único. Org.: Elian Alabi Lucci, Anselmo

Lazaro Branco, Cláudio Mendonça. São Paulo: Saraiva, 2010.

SAQUET, Marcos Aurelio; DA SILVA, Sueli Santos. In: Milton Santos: concepções de

geografia, espaço e território. Disponível em: <http://www.e-

publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/article/viewFile/1389/1179> Acesso em: 19 mai. 2014.

Conflito entre Rússia e Ucrânia. Disponível em:

<http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2014/03/19/crise-na-crimeia-pode-reacender-

conflitos-adormecidos-na-europa.htm> Acesso em: 15 de abr. 2014.

Imagem 1 - “Autoridades negociam com os índios da aldeia Maracanã sobre a desocupação

do prédio para a revitalização de um complexo esportivo”. Disponível em: <

http://www.portalguaira.com/PG/wp-content/uploads/2013/03/indio2.jpg> Acesso em: 15 de

abr. 2014.

Imagem 2 - “Chuva ameaça 128 mil pessoas em moradias de ocupação irregular da área, em

Manaus”. Disponível em: < http://acritica.uol.com.br/manaus/Chuva-ameaca-pessoas-risco-

Manaus_0_1110488944.html> Acesso em: 15 de abr. 2014.

Imagem 3 - “Vista panorâmica da cidade de São Paulo – SP, Brasil. Classificada pelo IBGE

como uma das metrópoles globais”. Disponível em:

<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/tvmultimidia/imagens/geografia/4sao

paulo.jpg> Acesso em: 15 de abr. 2014.

Charge 1 - Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_aJT3I8ICB-

8/TE_rvyZ5KzI/AAAAAAAAA9Q/4uYI3dIBAD4/s1600/charge-imigrantes.jpg> Acesso

em: 19 mai. 2014.

Charge 2 - Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-

Wmj689NYuyg/Tsht70wQpRI/AAAAAAAAAR4/Yg187IL-VKo/s1600/charge.gif> Acesso

em: 19 mai. 2014.

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Imagem 4 – “Crise na Criméia: manifestantes pró-rússia formam uma barricada”. Disponível

em: <http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2014/03/19/crise-na-crimeia-pode-

reacender-conflitos-adormecidos-na-europa.htm> Acesso em: 15 de abr. 2014.

Imagem 5 – “Usina Belo Monte, Xingu.” Disponível em:

<http://veja.abril.com.br/assets/images/2013/1/122267/usina-belo-monte-20130124-0061-

size-620.jpg?1359072664> Acesso em: 15 de abr. 2014.

Imagem 6 - Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_UxXEnLA9NJk/S_-

z5EVWGKI/AAAAAAAAAqQ/dm9eEOzwifk/s1600/Charge+para+desmatamento.jpg>

Acesso em: 19 mai. 2014.

Música “É fogo!”, de Lenine - Disponível em: < http://letras.mus.br/lenine/e-fogo/> Acesso

em: 19 mai. 2014.

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José dos Santos Costa Júnior([email protected])

Raquel Silva Maciel ([email protected])

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA

OS PAPÉIS DA FAMÍLIA, DO ESTADO E DA IGREJA NO SÉCULO XXI

Antes de nascermos já estamos submetidos a um conjunto de regras, conhecimentos e

formas de interação social que se baseiam em valores específicos. Se nascermos em uma

sociedade industrializada e com serviços de saúde ligados a hospitais, por exemplo, o

nascimento será possível a partir de sujeitos como médicos, enfermeiras, anestesistas, dentre

outros que atuam no espaço do hospital. Por outro lado, se nascemos em uma comunidade ou

aldeia indígena, esse mesmo acontecimento (o nascimento) será envolvido nas crenças, rituais

e práticas culturais desse grupo, assim, outros personagens poderão fazer parte da cena como

o pajé e demais mulheres indígenas que auxiliarão na hora do parto. Esse é um exemplo

simples de como a vida humana é, a todo o momento, construída a partir de valores, crenças,

hábitos, conhecimentos e saberes.

Imagem 02 - disponível em:

http://www.ufo.com.br/blog/pedro

decampos/30-crimes-contra-a-

honra-na-internet. Acesso em 17

de abr. 2014.

Imagem 03 - disponível

em:

https://www.10emtudo.com

.br/artigo/religiao-

islamica/. Acesso em 17 de

abr. 2014.

Imagem 01 - disponível em:

http://sociologiamelhormateria.blog

spot.com.br/2011/04/instituicoes-

sociais.html. Acesso em 17 de abr.

2014.

Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições

sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e

movimentos sociais.

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Neste capítulo iremos tratar da competência de área 03. Ela nos estimula a pensar sobre como

as instituições sociais foram produzidas ao longo do tempo. É objetivo dessa competência

“[...] que o aluno compreenda a evolução do Estado e do Direito no tempo, sendo capaz de

entender quando estão em sintonia com a vontade geral da população e quando funcionam

para privilegiar determinados grupos de uma sociedade” (PRADO, 2011). Iremos focar no

que propõe a habilidade número 13: analisar a atuação dos movimentos sociais que

contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.

Mas o que é uma instituição social?

De acordo com o sociólogo Pérsio Santos de Oliveira, “o conjunto de regras e

procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade

e que têm grande valor social é denominado instituições sociais” (OLIVEIRA, 2003, p.161).

Mas você pode estar se perguntando agora, existem instituições sociais que afetam a minha

vida hoje? E a resposta é: certamente sim. Três exemplos básicos de instituições sociais que

podem exercer influência sobre a nossa vida são: a família, a igreja e o Estado.

A família é o primeiro grupo social com o qual mantemos contato e a sua estrutura

varia no tempo e no espaço, dependendo da sociedade e da época a que nos referimos. Sobre o

seu formato, podemos dizer que a família pode ser monogâmica (quando o esposo e a esposa

têm apenas um cônjuge) e poligâmica (quando o esposo e a esposa podem ter mais que um

cônjuge). O casamento de uma mulher com dois ou mais esposos, como entre os esquimós,

chama-se poliandria. Já quando ocorre o casamento de um homem com duas ou mais

mulheres dá-se nome de poliginia, como entre os mórmons, os muçulmanos ou ainda algumas

comunidades ou etnias africanas (OLIVEIRA, 2003, p. 163). A primeira das imagens que

abrem este capítulo é a que retrata a família do seriado norte-americano Os Simpsons e ilustra

o modelo de família conjugal ou nuclear. Esse modelo é composto por marido, esposa e

filhos.

Algumas religiões pregam que este seria o modelo de família que deveria compor a

nossa sociedade, mas é fato que há muito tempo já existem outros formatos de família que

podem ser monoparentais (quando apenas uma pessoa chefia a família e a sustenta

economicamente) ou ainda composta por netos e avós, casais homossexuais femininos e

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masculinos, dentre outras combinações. Se você já assistiu as aventuras da família Simpsons

lembre como essa família se comporta. Como é a relação dos pais (Homer e Marge) com os

filhos e filhas (Barth, Lisa e Maggie)? Qual a condição socioeconômica dessa família?

É interessante observar como em um mesmo seriado temos vários modelos de família

que ilustram as que compõem a nossa sociedade. Além dos Simpsons temos os Flanders,

família comandada por Ned Flanders Jr. que é viúvo e pai de dois filhos. Este é um exemplo

de família monoparental, isto é, quando apenas um indivíduo é responsável legal pelos filhos.

Ah, lembre ainda que essa família mantém uma relação com a igreja, instituição sobre a qual

discutiremos adiante.

Atenção! É importante atentar para o fato de que muitas televisões brasileiras exibem

esse seriado como indicado para o público infantil, o que na verdade não é.

Outra instituição da qual trataremos neste texto é o Estado: uma instituição social que

historicamente foi sendo construída para regular a sociedade através de normas e formas de

controle organizadas através da lei. Isso marca uma diferença em relação à igreja e à família,

Imagem 04 - Família Flanders do seriado norte-

americano Os Simpsons. Disponível em

http://simpsonsworld.blogia.com/. Acesso em 19

de abr. 2014.

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pois embora elas também construam regras e busquem organizar a vida em sociedade, a

primeira impõe dogmas e preceitos religiosos para seus seguidores e fiéis e a segunda coloca

regras que irão atingir os membros da família e não necessariamente a sociedade como um

todo. O Estado, assim, tem como uma das suas características a generalidade das suas formas

de controle, isto é, elas buscam atingir toda a sociedade. Mas é preciso deixar clara ainda uma

diferença importante entre Estado e governo. O Estado é uma estrutura abstrata que se

constitui formalmente a partir das leis. Por exemplo, o Estado brasileiro se constitui hoje a

partir da Constituição Federal, a lei maior que organiza a nossa sociedade, que foi promulgada

em 1988. Mas a primeira Constituição do Estado brasileiro foi assinada por D. Pedro II em

1824. Segundo Pérsio Santos de Oliveira (2003), o Estado é composto de três elementos:

Território: refere-se ao espaço físico sobre o qual o Estado exerce suas leis;

População: que é composta pelos habitantes que vivem no território;

Governo: é um grupo de pessoas eleitas para exercerem o poder público através do

momento em que assumem funções nos órgãos e instituições oficiais do Estado.

E então leitor, notou a diferença? Pode-se dizer que o Estado não existe, pelo menos

materialmente. Ele é abstrato e para que se torne efetivo e influencie na vida das pessoas é

preciso que exista um governo, que é o grupo de pessoas que irá pôr em prática as leis e as

formas de controle e proteção da sociedade. Na imagem 02, que abre este capítulo pode-se ver

o símbolo da justiça, que está presente em Brasília, como representativa do poder judiciário

brasileiro. Você sabe quantos e quais são os juízes que atuam no Supremo Tribunal Federal

(STF)? Você sabia que essa é a maior instituição brasileira no que se refere à justiça? Cabe ao

STF zelar o cumprimento da Constituição Federal. O Estado é composto pelos poderes

executivo, judiciário e legislativo. A imagem 02 ilustra apenas um desses poderes, o

judiciário. Pesquise sobre os demais e saiba como eles funcionam. Isso tem muita relação com

os temas que essa competência deseja que o estudante conheça.

Por fim, a última instituição que nos propomos a debater é a igreja: uma instituição

social que, no Ocidente, corresponde a algo que é comum a todas as sociedades: a religião. No

entanto, o filósofo Michel Foucault aponta que a única religião, no Ocidente, construída

enquanto igreja foi o cristianismo. Por isso, consideremos o termo “igreja” aqui não na

intenção de generalizar todas as religiões. Em todos os tempos os homens desenvolveram

formas diferentes de religiosidade e contato com o sagrado. Para a antropóloga Ruth Benedict

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(apud OLIVEIRA, 2003) a religião é diferente de outros fenômenos sociais pelo fato de que

outras instituições são fruto de uma necessidade muitas vezes física do ser humano, enquanto

a religião não é fruto de uma necessidade desse tipo. Ao longo do tempo a religião vem

passando por muitas transformações, principalmente após o Iluminismo que, no século XVIII,

questionou as bases do pensamento teológico e quis pôr em evidência a razão, não mais a fé.

Com isso a religião foi tendo sua influência nos espaços públicos de decisão cada vez mais

reduzida e relegada ao ambiente privado.

Certamente você já ouviu a expressão “Estado laico”. Ela significa que o Estado não

deve professar nenhuma fé, pois em uma democracia todas as formas de credo devem ser

respeitadas. Por isso é perigoso quando um grupo religioso deseja ocupar de forma

predominante os espaços de decisão da política. Ao fazer isso muitas outras vozes estarão

sendo caladas e, assim, onde vai parar a nossa democracia, na qual todas as vozes precisam ter

espaço? Temos no Brasil um governo que é realmente laico? Todas as formas de religiosidade

são respeitadas por esse Estado? Vale lembrar que, em alguns momentos históricos, o Brasil

foi um país que professava a religião católica como oficial. Na Constituição de 1824, por

exemplo, o artigo 5º afirmava o seguinte: “A Religião Catholica [sic] Apostolica [sic]

Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas

com seu culto domestico [sic], ou particular em casas para isso destinadas, sem fórma [sic]

alguma exterior do Templo” (Constituição do Império, 1824).

Na imagem 03 você pode perceber que há a representação de um indivíduo

professando a fé islâmica. Ao falar sobre religião e igreja é importante pensar que existem

várias formas crer e todas devem ser respeitadas. O islamismo tem crescido muito do século

XX para cá. Mônica Muniz afirma que “com quase um bilhão e meio de adeptos espalhados

pelo mundo, os muçulmanos representam perto de 25% da população mundial e não dá mais

para dizer que eles não são uma realidade social, política e religiosa. Muito se fala sobre o

Islam, mas pouco se sabe sobre ele”. Mas ao mesmo tempo em que o islamismo cresce pelo

mundo, ainda são presentes muitos preconceitos em relação a essa religião e um exemplo

disso é o fato de muitos a associarem com o terrorismo, a guerra do Oriente contra o

Ocidente, os homens-bomba, etc.

Busque saber mais sobre que religião é essa e não aceitar tudo o que os jornais ou

outros meios de comunicação dizem. Fica a dica! A comunidade islâmica cresce no Brasil,

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um dos maiores países católicos do mundo, onde “[...] o Alcorão, livro sagrado do islã, atrai

cada vez mais adeptos (OLIVEIRA, 2003, p. 172)”. Outra religião que também possui um

contingente significativo de seguidores é o Protestantismo que em países como os Estados

Unidos da América (EUA) é dominante e no Brasil vem a cada dia se expandindo. Um

exemplo disso é a bancada representativa dos evangélicos no Congresso Nacional. Essa é uma

questão problemática visto que muitas religiões como o candomblé, umbanda e outras não

contam com essa representação política. Encontramos o mesmo problema na questão

ambiental, pois a bancada dos ruralistas tem muito mais força dentro desse espaço de poder

do que a Frente Parlamentar Ambientalista que, apesar de seu crescimento nos últimos anos,

ainda encontra dificuldades na sua atuação.

REFLEXÃO

Os movimentos sociais hoje: a igreja, o Estado e a família sendo postos em questão

Vamos ver agora como alguns movimentos têm exigido, ao longo do tempo, que a

família, a igreja e, principalmente, o Estado mudem sua forma de lidar com as diferenças.

Mas uma pergunta inicial é interessante tentar responder: o que é um movimento social?

Historicamente várias manifestações questionaram o status quo das sociedades e provocaram

transformações. As revoluções burguesas do século XVII foram importantes na construção do

mundo contemporâneo, pautando princípios como liberdade, igualdade e fraternidade, tendo o

capitalismo como sistema econômico e as liberdades individuais como pontos importantes.

Imagem 05 – Occupy Wall

Street. Disponível em:

http://afinsophia.com/2012/11/p

age/4/. Acesso em 18 de abr.

2014.

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A socióloga Maria da Glória Gohn aponta que um dos elementos que caracterizam os

movimentos sociais é que eles são formas de renovação social e produzem saberes na medida

em que atuam. Os movimentos sociais criam possibilidades de organização da população para

buscar a realização de objetivos e a superação de certas necessidades vividas coletivamente.

Na ação prática, os movimentos “variam de simples denúncias, passando pela pressão direta

(mobilizações, marchas, concentrações, passeatas, distúrbios à ordem constituída, atos de

desobediência civil, negociações etc.) até as pressões indiretas” (GOHN, 2011, p. 333).

Atualmente a internet é um espaço de reinvindicação social e um meio eficaz na

organização de mobilizações, passeatas e outras formas de pressão social. No Brasil, em

junho de 2013, tivemos um exemplo da força da internet na divulgação e estímulo das pessoas

para participarem das passeatas nas cidades. Outros momentos como o Occupy Wall Street e a

Primavera Árabe também têm essa característica, retirando as pessoas “da segurança do

ciberespaço”, pois “pessoas de todas as idades e condições passaram a ocupar o espaço

público, em um encontro às cegas entre si e com o destino que desejam forjar, ao reivindicar

seu direito de fazer história – sua história -, em uma manifestação da autoconsciência que

sempre caracterizou os grandes movimentos sociais”. As redes sociais têm mostrado que são

rápidas na disseminação de informações e na construção de uma nova forma de participação

política. Se antes a urna era a máquina eletrônica usada para o exercício do voto como parte

da experiência cidadã, hoje os computadores, tablet‟s, Iphone‟s, Ipod‟s, e celulares são muito

usados para a cidadania virtual. Como isso pode influenciar as pessoas quando elas forem

depositar seus votos na urna em outubro de 2014?

Veja as três características de um movimento social: 1ª - ele tem uma „identidade”,

pois é formado a partir de valores, conceitos e direitos com os quais se identifica e nos quais

acredita; 2ª - tem um “opositor”, isto é, outro grupo social ou conjunto de ideias que são

contrários ao que ele defende; 3ª – tem um projeto de vida e de sociedade e é para pôr em

prática esse projeto que são realizadas diferentes ações.

Vamos a um exemplo.

O movimento comunista baseia-se na ideia de que os bens da sociedade não podem ser

apropriados individualmente na obtenção de lucros, mas que devem ser socializados com toda

a população. É com base nessa ideia que ele constrói a sua identidade. O comunismo tem o

capitalismo como seu principal opositor, já que ele prioriza a manutenção da sociedade

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dividida em classes sociais e baseada no lucro, no qual quem trabalha não detém os meios de

produção. Por exemplo, um funcionário de uma indústria não é dono dos materiais,

equipamentos e recursos que usa para o seu trabalho. Ele apenas vende a sua força de trabalho

em troca do salário que receberá no fim do mês. O comunismo é mais um movimento social

dentro de muitos outros que existiram e existem hoje em dia.

Um dos movimentos recentes que atraiu a atenção da mídia é o Occupy Wall Street,

iniciado em 2011 na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Inspirado nas revoltas do

Oriente Médio e nas acampadas do Movimento dos Indignados, na Espanha, é uma voz que

tem criticado as consequências da crise financeira dos EUA que começou em 2008

(ARAÚJO, 2011, p. 01). Os manifestantes passaram a ocupar a Praça Zuccotti em 17 de

setembro de 2011, situada em Wall Street, Manhattan, que é considerado o centro financeiro

de Nova York.

Um dos principais elementos que tem gerado análise sobre o movimento é que ele

ganhou uma repercussão muito grande, ocorrendo em outras cidades dos EUA. Essa grande

mobilização da população tem chamado a atenção porque os EUA, segundo Daniel Teixeira

C. Araújo, não é um país com histórico de grandes mobilizações de massa, exceto no período

da crise de 1929. Isso aponta que está ocorrendo uma grande crise institucional nessa nação,

pois o Estado não tem sabido lidar com as consequências da crise financeira que vem desde

2008. Nesse momento, e em outros, o Estado, como representante dos interesses da maioria, é

questionado e precisa dar uma resposta ao povo, demonstrando claramente como irá enfrentar

essa situação tensa.

Dentro desse contexto há ainda as várias manifestações sociais que surgiram a partir

da chamada Revolução de Jasmin iniciada na Tunísia em 2010 e finalizada no ano de 2011

com a derrubada do ditador que governava aquele país. Essa desencadeou o processo

conhecido como Primavera Árabe que se refere ao conjunto de manifestações sociais

ocorridas em nações do Oriente Médio e da África, como o Marrocos e o Egito. Nesses

“[...] a população foi às ruas para derrubar ditadores ou reivindicar melhores condições

sociais de vida” (PENA, 2013).

No Brasil os movimentos sociais têm uma longa história. Desde o período colonial que

uma série de revoltas e motins aconteceu com a finalidade de questionar os privilégios da

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Coroa portuguesa. Aquele momento foi marcado por conflitos entre paulistas e emboabas

(Minas Gerais), comerciantes e plantadores na Guerra dos Mascates (1710-1711), dentre

outras situações de tensão.

Uma diferença histórica importante é que na colônia havia um “motim” quando era

rompido o acordo pelo aumento de impostos ou abuso de poder por parte das autoridades da

época. Atualmente no Brasil ocorreram as chamadas “Jornadas de Junho”, em 2013, e

levaram milhões de pessoas para as ruas, com o intuito inicial de protestar contra o aumento

na passagem do transporte público em diferentes cidades. Posteriormente passaram a

reivindicar melhores condições de educação, saúde e segurança pública, ficando claro que a

luta não era “apenas por 20 centavos”.

TEXTO DE APOIO

Movimentos sem direção?

Algumas das principais críticas que têm sido feitas tanto ao movimento Occupy Wall

Street, nos EUA, quanto às Jornadas de Junho, no Brasil, refere-se ao fato de que estes

movimentos não teriam um programa definido, ou seja, que eles não teriam um objetivo claro.

No entanto é preciso que tenhamos cuidado com esse tipo de crítica se ela for feita no sentido

de menosprezar as ações coletivas que têm ocorrido. Em relação ao movimento nos EUA, o

filósofo esloveno Slavoj Zizek aponta que ele tem duas características importantes: a primeira

delas é que ele demonstra o “descontentamento com o capitalismo enquanto sistema” e o

segundo aspecto refere-se ao fato de que houve a percepção de que a “forma

institucionalizada da democracia representativa multipartidária não é suficiente para combater

os excessos capitalistas, isto é, a democracia precisa ser reinventada” (ZIZEK, 2012, p.92,

grifos no original).

Sobre o fato da manifestação não ter uma proposta firme Zizek comenta sobre a

particularidade desse movimento que foi o fato dele mostrar que a linguagem do povo pareceu

ser impotente para expressar as suas necessidades e vontades diante da imensa exploração a

que a população vem sendo submetida historicamente. Nesse sentido, podemos pensar

também sobre as manifestações de junho de 2013 no Brasil. Será mesmo que a manifestações

foram sem sentido? Quem tem dito isso? Na verdade, como diz Zizek, os manifestantes não

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entraram no jogo da retórica política, ou seja, no jogo de negociação. Negociar, nesse sentido,

seria entrar no jogo de quem tem o poder político e possivelmente iria (e irá) fazer de tudo

para abafar o movimento.

Estes movimentos estão acontecendo ainda, seus efeitos estão sendo construídos no

tempo presente e cabe a cada um de nós ficarmos atentos para eles e compreender a sua

lógica. É bom não comparar os movimentos de hoje com os do passado, buscando neles o que

lhes pode faltar. Vamos ver, ao contrário, o que estes movimentos têm de novo?

Um exemplo interessante de movimento social que atua contra a globalização econômica

e que vem usando as redes sociais como forma de divulgação de suas ideias e para fazer com

que pessoas se associem aos seus projetos é o dos zapatistas, no México. De acordo com o

sociólogo Manuel Castells os zapatistas são, basicamente, “camponeses, a maioria índios

tzeltales, tzotziles e choles, em geral oriundos das comunidades estabelecidas desde a década

de 40 na floresta tropical de Lacandon, na fronteira com a Guatemala” (CASTELLS, 1999, p.

98, grifos no original).

Imagem 06 – Disponível em

http://txiapas.wordpress.com/2012/07/29/eco-mundial-en-

apoyo-a-ls-zapatistas-justicia-y-libertad-para-san-marcos-

aviles-y-francisco-santiz-lopez/. Acesso em 20 de abr. de

2014.

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O Exército Zapatista de Libertação Nacional é considerado a primeira guerrilha

informacional, pois usa a internet para denunciar e combater a exploração econômica e

política. A imagem 07 evidencia que há uma rede mundial de apoio aos zapatistas. Qualquer

indivíduo pode aderir à sua causa através da internet e fortalecer a rede de apoio e

solidariedade.

É bom lembrar...

A competência de área 03 espera que o estudante compreenda não apenas os movimentos

atuais e como eles têm provocado mudanças nas instituições, mas também que pense isso ao

longo do tempo. Dessa forma, é importante lembrar que durante o período imperial houve a

efervescência de inúmeros movimentos sociais que se caracterizavam de diferentes formas.

Alguns se referiam apenas a conspirações que não se efetivaram na prática, outros foram

desencadeados por diferentes motivos sejam eles de cunho econômico, político, religioso ou

social.

Entre esses movimentos podemos citar a Revolução Praieira (1848-1849) ocorrida na

província de Pernambuco envolvendo no conflito dois grupos políticos com diferentes

interesses: os liberais e os conservadores. A Revolução Farroupilha (1835-1845) ocorrida

na província de São Pedro do Rio Grande do Sul que tinha no início um caráter elitista, já

Imagem 07- Revolução Praieira. Disponível em:

http://www.brasilescola.com/historiab/revolucao-praieira.htm. Acesso em 20 de abr. 2014.

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que envolvia uma disputa entre os caramurus e os chimangos, mas que posteriormente

envolveu algumas camadas populares.

Cabanagem (1835-1840) foi outro movimento que envolveu cabanos, negros, tapuios e

índios que protestavam contra a situação na qual a província de Grão-Pará estava inserida

naquele período marcada pela fome e proliferação de doenças. Grande parte dos envolvidos

foi morta, estima-se que cerca de 30 a 40% da população de 100 mil habitantes do Grão-Pará

tenha morrido nesse conflito.

A Sabinada (1837-1838), ocorrida na província da Bahia, envolveu sujeitos pertencentes

a camadas médias de comerciantes, militares e outros que criticavam os privilégios

concedidos aos portugueses sendo esses aqueles que controlovam grande parte das atividades

comerciais e assumiam deliberadamente cargos públicos.

Os movimentos sociais ocorridos ao longo do período imperial evidenciam o quanto

essas manifestações se diferenciam, apesar de serem unidas pelo sentimento de insatisfação,

no tocante aos sujeitos envolvidos, nos resultados obtidos e nas suas reinvindiações.

Diversidade que existe dentro de um mesmo movimento, como exemplo disso podemos

citar o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Esse movimento surgiu na

Imagem 08- Cabanos invadindo e ocupando a cidade de Belém. Disponível em:

http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/cabanagem.htm. Acesso em 20 de abr. 2014.

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década de 1980 a partir das Ligas Camponesas que tiveram seu auge de atuação entre os anos

de 1950 a 1960. É um movimento de diferentes facetas, atuando em diversas regiões a partir

das demandas regionais.

No caso de grande parte dos estados do Norte do país esse movimento reinvindica

questões acerca das terras desmatadas pela expansão no cultivo de soja; em outros estados,

como São Paulo, refere-se à grilagem de terras por parte de multinacionais; há ainda

campanhas como a intitulada Fechar escola é crime! que afirma ter o objetivo de “[...]

defender que a educação pública que seja um direito de todos os trabalhadores. Para que isso

se concretize, é importante mobilizar comunidades, movimentos sociais, sindicatos, enfim

toda a sociedade para se indignar quando uma escola for fechada e lutar para mudar esta

realidade.” (Movimento dos trabalhadores rurais sem terra. Disponível em

http://www.mst.org.br / Acesso em 20 de abr. 2014.) e a que busca investigar possíveis

crimes de racismo e homofobia cometidos pela bancada ruralista em relação a indígenas e

quilombolas.

Além disso, há em alguns espaços a associação desse movimento com entidades políticas

como fica evidente na CPMI instaurada em 2009 para investigação de repasses de recursos

públicos a líderes desse movimento. Vale lembrar que, assim como esse movimento temos

outros que também se associavam e se associam a entidades políticas.

Mas há também outros movimentos que aconteceram ao longo da história do Brasil. No

começo do século XX, por exemplo, aconteceu um movimento conhecido como Revolta da

Vacina, em 1904. Essa revolta consistiu na resistência da população ao modo violento como o

governo quis colocar em prática a sua política de higiene e saúde pública dirigida por

Oswaldo Cruz.

Lembremos que naquela a época o Rio de Janeiro enfrentava epidemias de peste

bubônica, febre amarela e varíola. A resistência da população aconteceu motivada por uma

questão moral.

Para José Murilo de Carvalho, naquele momento, o Estado passava a querer dominar e

atuar sobre os corpos das pessoas e como até aquele momento cabia ao pai, chefe de família,

ordenar como os corpos de seus familiares deveriam ser medicados e higienizados, a

resistência aconteceu porque foi como se o Estado estivesse intervindo em uma coisa que não

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seria da sua alçada (CARVALHO, 2005). Isso demonstra algo que a competência 03 e a

habilidade 13, especificamente, propõem para pensarmos: a relação de choque e tensão entre

duas instituições sociais: o Estado e a família, por exemplo. Pesquise sobre esse movimento e

outros, como a Revolta da Chibata, Guerra de Canudos que marcaram o período inicial da

República.

Na República Nova temos a eclosão do movimento militar em 1964 que, através de

um golpe, depôs o então presidente da República, João Goulart, e assumiu o poder. É

interessante refletir que o golpe empreendido em 1964, contou com o apoio, além de setores

militares, de outros segmentos da sociedade, como alguns jornalistas e integrantes dos

partidos, UDN (União Democrática Nacional) e PSD (Partido Social Democrático), incluindo

também setores de órgãos da mídia. Por isso o golpe não foi apenas militar, mas também civil.

Assim, “[...] pode-se dizer que a sociedade civil, como um todo, posicionou-se

totalmente favorável ao golpe militar de 64, apoiando e aplaudindo os líderes do movimento,

considerados os restauradores da ordem, os guardiãs da democracia” (CITADINO, 1998, p.

162). Temos, portanto, uma associação positiva da imagem das forças armadas que tomaram

o poder através do golpe. Essas são vislumbradas como as restauradoras da ordem, que a

nação estaria sendo redemocratizada e afastada do “perigo vermelho”.

Essa aceitação por grupos sociais aparece nas “Marchas da Família com Deus Pela

Liberdade” nos anos 70 e 80 e envolveram os conservadores, apoiados por setores da igreja

católica que assim como fizeram durante o Estado Novo, apoiaram um regime autoritário

naquele primeiro momento. Manifestação essa que atualmente, 50 anos após a deflagração do

golpe, alguns indivíduos têm tentado retomar, acreditando que uma volta ao sistema ditatorial

seria a solução para os atuais problemas do país.

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Imagem 10 – Marcha da família em Recife reúne seis pessoas. Disponível em:

http://www.portalafricas.com.br/marcha-da-familia-reune-6-pessoas-em-

recife/#.U1PRuRtOXIU. Acesso em 20 de abr. 2014.

Porém tal movimento é desacreditado e duramente criticado, haja vista o fato de ser é

fundado em uma concepção que evidencia o desconhecimento do passado histórico de nosso

país e tantos outros que foram duramente afetados por todos os males que um sistema

ditatorial traz para uma sociedade, mas deve se salientar que tal movimento é alarmante visto

que tudo “(...) que visa interromper o processo democrático é nocivo. Os movimentos

totalitários do século XX na Europa começaram com centenas de pessoas e terminaram com

milhões nas ruas” (FARAH, 2014).

Imagem 09 – Disponível em: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/03/marcha-da-

familia-2014-vira-motivo-de-piadas-nas-redes-sociais.html. Acesso em 20 de abr. 2014.

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Fiquem todos bem atentos (as)!

APRENDA FAZENDO

APRENDA FAZENDO

QUESTÃO 18 (ENEM 2011)

Na década de 1990, os movimentos sociais camponeses e as ONGs tiveram destaque, ao lado de

outros sujeitos coletivos. Na sociedade brasileira, a ação dos movimentos sociais vem

construindo lentamente um conjunto de práticas democráticas no interior das escolas, das

comunidades, dos grupos organizados e na interface da sociedade civil com o Estado. O

diálogo, o confronto e o conflito tem sido os motores no processo de construção democrática.

SOUZA, M. A. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e possibilidades das práticas

democráticas. Disponível em: http//www.ces.uc.pt. Acesso em: 30 abr. 2010 (adaptado).

Segundo o texto, os movimentos sociais contribuem para o processo de construção democrática,

porque

A) determinam o papel do Estado não transformações socioeconômicas;

B) aumentam o clima de tensão social na sociedade civil;

C) pressionam o Estado para o atendimento das demandas da sociedade;

D) privilegiam determinadas parcelas da sociedade em detrimento das demais;

E) propiciam a adoção de valores éticos pelos órgãos do Estado.

Confira algumas dicas de estudo de Matheus Prado para essa competência:

1. Na música “Meu Guri”, de Chico Buarque, é apresentada a história de uma pessoa que possui

alguns conflitos com a lei. Analise atentamente a letra da música, buscando identificar qual

relação que a mulher e o homem da música tinham com o Estado.

2. O Brasil, a Rússia, a Índia e a China têm se organizado mundialmente em defesa de alguns

interesses. A união desses países é conhecida como BRIC‟s. Procure entender melhor esta

união, quais seus interesses e quais ações já praticaram.

3. Em 1980, o presidente Lula dirigia um sindicato e foi preso. Procure saber os motivos de sua

prisão. Hoje ele poderia ser preso pelos mesmos motivos? O que aconteceu com a lei que na

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SAIBA MAIS...

QUESTÃO 29 (ENEM 2010)

A política foi, inicialmente, a arte de impedir as pessoas de se ocuparem do que lhes diz respeito.

Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que nada

entendem.

VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M.

A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996.

Nessa definição, o autor entende que a história da política está dividida em dois momentos

principais: um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo, caracterizado por

uma democracia incompleta.

Considerando o texto, qual é o elemento comum a esses dois momentos da história política?

A) A distribuição equilibrada do poder.

B) O impedimento da participação popular.

C) O controle das decisões por uma minoria.

D) A valorização das opiniões mais competentes.

E) A sistematização dos processos decisórios.

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SAIBA MAIS

O vídeo produzido pela Abril Editora referente ao curso preparatório Pré-

ENEM apresenta a discussão conduzida pelo professor Marcelo Hansen em

relação a forma como os movimentos sociais são cobrados na prova de

Ciências Humanas do ENEM. São respondidas questões como: O que são os

movimentos sociais? Como esses são caracterizados? Quais são os principais

movimentos da atualidade?

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=bVWCdgvSnuA. Acesso

em 19 de abr. 2014.

Veja a palestra “Manifestações sem direção”, na qual o sociólogo Demétrio

Magnoli reflete sobre as diferenças das jornadas de junho de 2013 em relação

a outras manifestações que ocorreram no Brasil ao longo de sua história.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=69Ja5FDg3bo. Acesso em

20 de mai. 2014.

O documentário brasileiro “O dia que durou 21 anos”, que estreou em 2013, é

dirigido pelo cineasta mexicano Camilo Tavares e retrata os bastidores do

golpe militar de 1964. Enfatiza tanto o apoio norte-americano ao movimento

ditatorial quanto os conflitos políticos, econômicos e sociais que envolveram

esse período histórico.

O filme intitulado “O ano em que meus pais saíram de férias” estreou nas

telas de cinema em 2006. Ele é dirigido por Cao Hamburguer e retrata a

estória de Mauro, um garoto de 12 anos que na década de 1970 tem sua vida

completamente transformada pelo regime ditatorial. A partir desse filme

podemos perceber como algumas das instituições que discutimos nesse

capítulo são impactadas pelos interesses de determinados grupos sociais.

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=fnrhYwuxaTs. Acesso em

19 de abr. 2014.

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RESPOSTAS COMENTADAS

REFERÊNCIAS

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Paulo: Moderna, 2005.

ARAUJO, Daniel Teixeira da Costa. Ocuppy Wall Street e a crítica da representação política.

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SID=9787a3b1e70db8e27538927fc3299251. Acesso em 18 de abr. 2014.

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm. Acesso em 19 de abr. 2014.

CARVALHO, José Murilo de Carvalho. A construção nacional (1830-1890). Fundação Mapfre:

Objetiva, 2012.

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro ou a República que não foi. 3ª

ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

QUESTÃO 18 –

O texto trata da importância das Organizações Não Governamentais (ONGs) que, ao lado de

outros movimentos sociais, têm sido um motor do processo de consolidação da democracia. Tais

organizações contribuem para a conscientização e mobilização da sociedade em torno de

determinados temas e demandas. Além disso, criam um canal de diálogo (eventualmente

conflituoso) com as instituições do Estado.

Assim, as ONGs formam grupos de pressão que impulsionam a ação dos agentes públicos

para o atendimento das reivindicações sociais.

Disponível em: http://veja.abril.com.br/educacao/enem-resolvido/Q18.pdf. Acesso em 19 de

abr. 2014.

Alternativa correta: Letra C

QUESTÃO 29 –

A questão condiciona a resposta à interpretação do excerto proposto. Segundo o texto, nos dois

momentos da história da política, o poder de decisão nas sociedades, com ou sem legitimação

das maiorias, é restrito a grupos organizados que representam minorias dominantes.

Disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/vestibular-enem/enem-2010-questao-29-

ciencias-humanas-prova-azul-607687.shtml. Acesso em 19 de mai. 2014.

Alternativa correta: Letra C

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Imagem 04 - Família Flanders do seriado norte-americano Os Simpsons. Disponível em

http://simpsonsworld.blogia.com/. Acesso em 19 de abr. 2014.

Imagem 05 – Ocuppy Wall Street. Disponível em: http://afinsophia.com/2012/11/page/4/,. Acesso em

18 de abr. 2014.

Imagem 06 – Disponível em http://txiapas.wordpress.com/2012/07/29/eco-mundial-en-apoyo-a-ls-

zapatistas-justicia-y-libertad-para-san-marcos-aviles-y-francisco-santiz-lopez/. Acesso em 20 de abr.

2014.

Imagem 07 - Revolução Praieira. Disponível em: http://www.brasilescola.com/historiab/revolucao-

praieira.htm. Acesso em 20 de abr. 2014.

Imagem 08- Cabanos invadindo e ocupando a cidade de Belém. Disponível em:

http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/cabanagem.htm. Acesso em 20 de abr. 2014.

Imagem 09 – Disponível em: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/03/marcha-da-familia-

2014-vira-motivo-de-piadas-nas-redes-sociais.html. Acesso em 20 de abr. 2014.

Imagem 10 – Marcha da família em Recife reúne seis pessoas. Disponível em:

http://www.portalafricas.com.br/marcha-da-familia-reune-6-pessoas-em-recife/#.U1PRuRtOXIU.

Acesso em 20 de abr. 2014.

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Janaina Leandro Ferreira ([email protected] )

Jaqueline Leandro Ferreira ([email protected] )

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...

NOVAS TÉCNICAS: O RENASCIMENTO URBANO E COMERCIAL.

Observe as imagens acima, o que elas destacam? Qual a relação entre elas?

Disponível em:

http://mecanizacao2011.blogspot.com.br/201

1/05/o-periodo-de-mil-anos-entre-queda-

de.html Acesso: 15/04/2014

Disponível em:

http://www.brasilescola.com/historiag/t

ransformacoes-sociedade-feudal.htm

Acesso: 15/04/2014

Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e

seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na

vida social.

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Durante o século XI algumas inovações técnicas na agriculta modificaram o cenário da

Europa medieval. Observe a primeira imagem. Nela podemos perceber o uso do arado de

tração animal. Essa nova técnica estimulou a produção agrícola, já que antes essa tarefa era

feita manualmente pelos homens e mulheres. A utilização do arado de tração animal facilitou

o trabalho agrícola, encurtando seu tempo e proporcionando a possibilidade de uma maior

produção de alimentos. Outras melhorias técnicas contribuíram para o aumento da produção

agrícola na Europa medieval, dentre estas a propagação dos moinhos de vento, a rotação do

uso das terras, etc. O aumento da produção agrícola, o crescimento populacional, a conquista

de territórios nas cruzadas (sob o dominío mulçumano), deram um novo impulso ao ambiente,

desenvolvendo um segmento urbano. Emergia assim o comércio, dando uma nova dinâmica

ao espaço urbano. ( FRANCO JÚNIOR,2001)

Agora, observando a segunda imagem, o que identificamos? Na sua opinião, em que

ela se diferencia da primeira? Quais atividades podem ser observadas na segunda imagem? O

que levou essas pessoas a estarem nesse ambiente?

Então, vamos lá. É possível observar uma maior quantidade de pessoas em relação a

primeira imagem? Vamos prestar mais atenção em outros detalhes: elas se concentram no

campo ou em um espaço urbano? Pois, bem, em primeiro lugar é importante destacar que as

duas fotos possuem uma relação. Na primeira imagem temos algumas inovações tecnológicas,

como o arado a tração animal, e dissemos que isso provocou um aumento na produção, esses

alimento excedentes foram direcionados para o comércio urbano.

Podemos perceber na segunda imagem um maior número de pessoas, de barracas, de

comércios que refletem a comercialização da produção de excedente, é isso que chamamos de

renascimento comercial e urbano. Isso porque as vendas passaram a se concentrar nas cidades

para alcançar um número maior de pessoas. Percebam ainda na segunda imagem que aí são

representados os espaços das feiras medievais, onde era possível encontrar as mais diversas

atividades: além da venda de alimentos, artesãos, profissionais que fabricavam rodas para

carroças, entre outras coisas. Neste sentido uma representação do renascimento urbano e

comercial. O espaço urbano ganhava assim uma nova dinâmica.

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REFLEXÃO:

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: “OS TEMPOS MODERNOS”

Você Sabia?

Na cidade de Campinas (SP) é realizada a Feira Medieval Europeia de Campinas. Circulando

nas praças, feiras de artesanato e ruas, um grupo de artistas e equipes de apoio, caracterizados

como na Idade Média reproduzem o cenário europeu medieval vestindo-se de damas e

cavaleiros. Ainda são feitas apresentações de peças teatrais pertinentes à época, como Dom

Quixote baseada no livro de Miguel de Cervantes e Sonho de Uma Noite de Verão adaptada da

obra de William Shakespeare.

Imagens disponíveis em: http://viagensyoukai.blogspot.com.br/2013/11/feira-medieval-europeia-em-campinas.html

Acesso: 15/04/2014.

Informações disponíveis em: http://cartacampinas.com.br/2013/11/atracoes-da-feira-medieval-europeia-de-campinas-

comecam-no-proximo-fim-de-semana/ Acesso: 15/04/2014 .

Disponível em: http://literaturaedialogos.blogspot.com.br/2010/05/charlie-

chaplin-tempos-modernos.html Acesso: 15/04/2014

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Observe as imagens acima. Elas são bastante conhecidas quando o tema é Revolução

Industrial. Trata-se do personagem Carlitos, do filme de Charles Chaplin Tempos modernos

(1936). Perceba que o personagem Carlitos trabalha em uma fabrica apertando parafusos.

Essa era sua rotina estafante e repetitiva: apertar parafusos! De tanto cumprir essa tarefa,

Carlitos, mesmo ao sair do espaço da fabrica, passa a apertar tudo que vê pela frente. O filme

é uma sátira bem-humorada que retrata o cotidiano do trabalhador no contexto da Revolução

Industrial.

Na última década do século XVIII mudanças que já vinham ocorrendo anteriormente

se intensificaram alterando o modo de vida dos trabalhadores. Grande parte destes trabalhava

no campo; com as mudanças econômicas e tecnológicas que estavam ocorrendo desde os

séculos XV e XVI, dentre elas a expansão marítima, houveram transformações no mundo

ocidental. Especialmente na Inglaterra, a máquina a vapor utilizada na produção de

mercadorias, modificaria o cotidiano do trabalhador. Com o cerceamento, (enclosures) que

consistiu em medidas tomadas pelos monarcas ingleses a partir do século XVI para

privatização de terras comunais camponesas, os campos passaram a ser arrendados a criadores

de ovelhas, que submetiam seu trabalho, quando podiam pagar pelas terras, para suprir o

mercado de lã em expansão.

Na segunda metade do século XVIII esse movimento impulsionou a população pobre

que vivia no campo para as cidades à procura de sobrevivencia uma vez que haviam sido

expulsos de suas terras. A partir de então esta população teria que buscar trabalho,

normalmente, em fábricas nas cidades que recebiam um contigente enorme de pessoas.

Essas mudanças transformaram gradativamente as relações de trabalho. Se antes os

trabalhadores sobreviviam das tarefas no campo, agora o trabalho nas fábricas obrigava-os a

outra dinâmica. O tempo era outro, as jornadas de trabalho podiam chegar até 16 horas por

dia nas cidades, em condições precárias de higiene e ventilação, homens, mulheres e crianças

trabalhavam na mesma condição com baixos salários. O trabalho era repetitivo e mecânico.

Observe, por exemplo, o personagem Carlitos, do filme Tempos Modernos (1936). Seu

serviço durante toda a jornada de trabalho diária era apertar parafusos, repetidamente. Isto

porque a produção nas industrias passou a ser feita em série, ou seja, a produção era feita de

modo que cada trabalhador tinha uma função específica na linha de montagem, aumentando

assim o número de produtos produzidos e barateando a mercadoria final.

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NOVAS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS EM CURSO: OS MEIOS DE

TRANSPORTE E AS FERROVIÁRIAS.

Durante o século XIX algumas transformações tecnológicas podem ser observadas

como as mais revolucionárias do mundo ocidental. Muitas dessas modificações seriam mais

evidentes no século XX. Em meio a estas inovações podemos citar o telefone, a ferrovia, o

automóvel, o uso da eletricidade, o navio a vapor, etc,. Isso não significa que essas

modificações e aperfeiçoamentos tecnológicos tenham ocorrido apenas do século XIX para o

XX. O ser humano sempre fabricou e alterou instrumentos para o desenvolvimento do

trabalho, para sua mobilização, para atender suas necessidades. Mas, o que devemos perceber

é como as transformações do século XIX impactaram os processos de produção e deram

grande impulso ao comércio e à vida urbana. O estabelecimento das ferrovias foi uma das

mais importantes revoluções no campo dos transporte, mercadorias e pessoas podiam ir e vir

mais rápido de um lugar a outro. Encurtando as distâncias, o cotidiano das pessoas também

foram modificados.

A partir de 1840 a Inglaterra foi a grande pioneira da técnica e da construção de

ferrovias. A distribuição e o transporte de mercadorias foi facilitada, o comércio possibilitou

um novo impulso tanto comercial quanto de mudança de valores aos habitantes das cidades

inglesas (Disponível em: http://portogente.com.br/portopedia/historia-das-ferrovias-80519

Acesso: 14/04/2014 ). Dominando tal técnica, a Inglaterra pôde exportar locomotivas, trilhos,

ferros para outros países. O Brasil, que possuia um intenso contato comercial com a Europa e

mais particularmente com a Inglaterra, não demorou muito a empreender ferrovias em nosso

território. A implementação da linha férrea que ligaria o Rio de Janeiro a Petrópolis foi um

dos primeiros empreendimentos neste setor inaugurados no Brasil. Essa tecnologia no campo

dos transportes caracterizou uma verdadeira revolução no país encurtando as distâncias e

dando uma maior dinâmica ao comércio e ao transporte de mercadorias e alimentos, que antes

era feito em carroças de tração animal ou nos lombos de burros.

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GLOBALIZAÇÃO E NOVAS FRONTEIRAS

Nos últimos anos do século XX o capitalismo experimentou um novo impulso em uma

fase de grande expansão técnica, o que ocasionou uma aceleração no processo de

desenvolvimento, conhecida como globalização. O século XXI tem o computador como

símbolo maior desse desenvolvimento técnico que trouxe mudanças bastante significativas no

que diz respeito à sociabilidade dos indivíduos. As fronteiras se entreitaram tanto no ponto de

vista cultural como no político e econômico. Os ciberespaços surgem como novos lugares

para o contato entre pessoas, novas formas de desenvolver movimentações comerciais, de

expressar insatisfações políticas e articular movimentos sociais.

Esses fatores fazem dos espaços virtuais novos lugares para se pontencializar e

compartilhar experiências com o que se convenciona chamar tecnologias de comunicação.

Grandes debates porém, surgem em relação às problemáticas que esse novo espaço de

coletividade proporcionam a seus usuários e ao estabelecimento dos seus limites. No Brasil a

Lei do Marco Civil da Internet ( Lei 12.965/2014) aprovada em abril, pretende estabelecer

regras no que diz respeito aos direitos e deveres no espaço virtual. Considerada uma

“Constituição da Internet”, a lei obriga o respeito a alguns princípios básicos já assegurados

pela Constituição Federal tais como: liberdade de expressão, proteção da privacidade e

estabelecimento da neutralidade na rede, definindo as responsabilidades de cada um no

ambiente virtual.

Disponível em: http://eddiegomes.com.br/mkt_blog/?p=1517 Acesso:

15/05/2014 .

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A charge acima demonstra uma situação bem presente em nossos dias. Muitos especialistas

afirmam que o uso da internet e das mídias sociais transformam as relações pessoais. E você,

o que acha? As redes sociais aproximam ou afastam as pessoas?

APRENDA FAZENDO:

QUESTÃO 11 – ENEM 2013 – Caderno Branco

De todas as transformações impostas pelo meio técnico-científico-informacional à logística de

transporte, interessa-nos mais de perto a intermodalidade. E por uma razão muito simples: o

potencial que tal “ferramenta logística” ostenta permite que haja, de fato, um sistema de

transportes condizente com a escala geográfica do Brasil.

HUERTAS, D.M. O papel dos transportes na expansão da fronteira agrícola brasileira. Revista Transporte y

Território.Universidade de Buenos Aires, n. 3, 2010 (adaptado).

A necessidade de modais de transportes interligados, no território brasileiro, justifica-se

pela(s)

a) Variações climáticas no território, associadas à interiorização da população.

b) Grandes distâncias e a busca da redução dos custos de transportes.

c) Formação geológica do país, que impede o uso de um único modal.

d) Proximidade entre a área de produção agrícola intensiva e os portos.

Questão 15 – Caderno Branco – ENEM 2013

Disponível em: http://tv-video-edc.blogspot.com. Acesso em: 30 maio 2010.

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A charge revela uma crítica aos meios de comunicação, em especial à internet, porque:

A) Questiona a integração das pessoas nas redes virtuais de relacionamento.

B) Considera as relações sociais como menos importantes que as virtuais.

C) Enaltece a pretensão do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

D) Descreve com precisão as sociedades humanas no mundo globalizado.

E) Concebe a rede de computadores como o espaço mais eficaz para a construção de

relações sociais.

PARA SABER MAIS

Tempos Modernos (1936), Direção de Charles Chaplin. Um operário

fica louco com o ritmo intenso do trabalho braçal pelo qual consegue o seu

ganha pão. Demitido, acaba parando em um hospital. Quando sai, é

confundido durante um protesto comunista e acaba preso. Em meio a toda

essa confusão, ainda arruma tempo para ajudar uma jovem órfã. Disponível

em: http://www.cineplayers.com/filme/tempos-modernos/598 Acesso:

14/04/2014.

Matrix (trilogia), EUA, 1999. Direção: Larry Wachowski e Andy

Wachowski. Em um mundo destruído e dominado por máquinas, os

humanos, sem saber, vivem suas vidas com base em ilusões programadas

por softwares. Um grupo de rebeldes luta contra as máquinas e tenta

encontrar o “escolhido” que libertará a humanidade.

in: VAINFAS, Ronaldo. História: o mundo por um fio: do século XX ao

XXI, volume 3/Ronaldo Vainfas... [et al]. São Paulo: Saraiva, 2010.

Livros: CARVALHO, Bernardo de A. A globalização em xeque.

Incertezas para o século XXI. São Paulo: Atual, 2000. A obra de Bernardo

Carvalho é um livro introdutório que pode auxiliar aqueles que estão

começando a adentrar no tema “globalização”. Com uma linguagem

acessível, o livro traz os aspectos fundamentais da atualidade e temas como

expansão comercial e industrial, modelos europeu e norte-americano.

Exemplificando esses temas a partir de situações concretas. Disponível em:

http://www.skoob.com.br/livro/81457-a_globalizacao_em_xeque Acesso:

25/07/2014.

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HOBSBAWN, Eric. “A era dos extremos: o breve século XX. 1941-1991.

São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Para entender o século 21, é

preciso conhecer o século 20. Eric Hobsbawm, em Era dos Extremos,

detalha esse período com a autoridade de quem viveu a época. Segundo ele,

o século 20 começa em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, e termina

em 1991, com o fim da União Soviética. Este breve século caracterizou-se

por extremos. De um lado, o povo alcançou um padrão de vida até então

inimaginável. Paradoxalmente, foi o período em que aconteceram as

maiores catástrofes da História.” Resenha completa, disponível em:

http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/era-extremos-

vivendo-limite-434222.shtml Acesso: 25/07/2014.

O site da Cultura Brasil disponibiliza um texto bastante esclarecedor sobre

a Revolução industrial, Confira!

http://www.culturabrasil.org/revolucaoindustrial.htm > Acesso:

25/07/2014.

Com a popularização da internet, a partir dos anos 2000, novos tipos de

diversão, comunicação e entretenimento começaram a ganhar força. As

redes sociais emergem como uma revolução, principalmente, nas

comunicações e sociabilidades. Quer saber mais como tudo começou?

Acesse: http://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/33036-a-historia-

das-redes-sociais-como-tudo-comecou.

Acesso: 25/07/2014.

RESPOSTAS COMENTADAS

QUESTÃO 11 – ENEM 2013 – Caderno Branco.

As dimensões continentais do Brasil, o grande potencial hídrico, o potencial ferroviário e a

existência de grandes rodovias deveriam levar à integração dos sistemas de transportes.

Assim, teríamos a diminuição dos custos de transporte, sua maior eficiência e a consequente

diminuição de um dos gargalos de desenvolvimento do país.

Disponível em: http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2013/10/enem-2013-parte-1.html

Acesso: 10/04/2014.

O Brasil, por apresentar um território continental, ou seja, de grande extensão, necessita que

os diferentes meios de transportes sejam conectados (modais), diminuindo os gastos de

transporte de mercadorias pelas empresas, reduzindo o tempo de deslocamento das partes

interiores até o litoral, para a exportação, e aos grandes centros urbanos.

Page 66: Modulo didatico enem 2014

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Disponível em: http://educacao.globo.com/provas/enem-2013/questoes/9.html Acesso:

10/04/2014.

Artigo completo usado no texto base:

HUERTAS, D.M. O papel dos transportes na expansão da fronteira agrícola brasileira.

Revista Transporte y Território. Universidade de Buenos Aires, n. 3, 2010.

Disponível em: http://www.rtt.filo.uba.ar/RTT00309145.pdf Acesso: 10/04/201O texto

utilizado como base para resolução da questão é uma adaptação do artigo “O papel dos

transportes na expansão das fronteiras agrícolas brasileiras” do autor Daniel Monteiro

Huertas, o trecho é bastante claro e significativo para o problema que foi proposto. No que diz

respeito à situação, é expressiva: a relação entre a “logística de transporte” de mercadorias e a

extensão do território nacional. O enunciado apresenta diretamente a problemática que deve

ser respondida com a utilização dos itens, ou seja, qual deles melhor responde a questão, quais

seriam os “modais” que beneficiariam as necessidades de transporte de mercadoria no

território. O termo utilizado -modal- é bem específico e deve ser pensado como importante

para o entendimento do enunciado, o termo basicamente se refere à logística dos meios

básicos de transporte que são: rodovias, ferrovias, aerovias, hidrovias e dutos. Cada um desses

modais sugere o “custo-beneficio” no transporte de mercadorias. Deve se considerar na

escolha de cada um desses meios de transporte, a necessidade específica de cada material a

ser transportado e distribuído, o ritmo e urgência da distribuição e o custo logístico. Neste

sentido, todas as alternativas trazem relação com a temática e com o texto base, extensão

equivalente e paralelismo semântico. Mas a resposta se faz como mais adequada para

resolução do item, com mais coerência com trecho.

Alternativa correta: Letra B

Questão 15 – Caderno Branco – ENEM 2013

A utilização cada vez mais ampla das novas tecnologias de telecomunicações disponíveis tem

sido objetos de estudos, haja vista o paradoxo gerado no plano da chamada globalização. Se,

por um lado, as redes sociais criadas na internet viabilizam a maior aproximação entre os

indivíduos, por outro lado, as relações pessoais têm se caracterizado por distanciamentos

acentuados e o isolamento das pessoas, fato frequentemente constatado na atualidade.

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Disponível em: http://veja.abril.com.br/educacao/enem-resolvido-2013/Q015.pdf Acesso:

14/04/2014.

Devido ao uso das redes sociais, muitas pessoas acabam deixando suas interações sociais do

mundo real em segundo plano, pois a internet acaba promovendo conexão com um número

maior de pessoas em tempo real e que estão em diferentes locais do planeta. Disponível em:

http://educacao.globo.com/provas/enem-2013/questoes/25.html Acesso: 14/04/2014.

Por apresentar uma visão crítica acerca da disseminação de redes sociais na sociedade

contemporânea, a charge transmite a ideia de que as relações sociais estão cada vez mais em

segundo plano, substituídas pelas relações virtuais. Disponível em:

http://estaticog1.globo.com/2013/Vestibular/enem/oficina/Q25.pdf Acesso: 14/04/2014.

O texto base (imagem) apresenta referência de acesso completa “Disponível em: http://tv-

video-edc.blogspot.com. Acesso em: 30 maio 2010.” É adequado em termos de coesão e

coerência, o vocabulário e as situações são presentes do cotidiano, por isso são nacionalmente

conhecidas. A imagem é pertinente, com uma linguagem simples e clara e de boa qualidade.

O enunciado apresenta de forma clara a problemática e o que deve ser solucionado pelo aluno.

As alternativas se relacionam com o texto base, especialmente por se tratar de uma charge na

qual as possibilidades de interpretações são as mais variadas possíveis. Os enunciados não

possuem atrativos para a resolução, contudo a questão se caracteriza como de fácil resolução

uma vez que traz uma crítica pertinente e presente nos dias atuais sobre como os meios de

comunicação, em especial a internet, podem tornar as relações sociais mais frágeis,

aproximando as pessoas e ao mesmo tempo afastando-as. As alternativas apresentam

extensão equivalente.

Alternativa correta: Letra A

REFERÊNCIAS

HUERTAS, D.M. O papel dos transportes na expansão da fronteira agrícola brasileira.

Revista Transporte y Território. Universidade de Buenos Aires, n. 3, 2010. Disponível em:

http://www.rtt.filo.uba.ar/RTT00309145.pdf Acesso: 10/04/2014.

FRANCO JÚNIOR, Hilário, 1948 - A Idade Média: nascimento do ocidente / 2. ed. São

Paulo: Brasiliense, 2001. Disponível em:

Page 68: Modulo didatico enem 2014

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http://www.letras.ufrj.br/veralima/historia_arte/Hilario-Franco-Jr-A-Idade-Media-PDF.pdf

Acesso: 15/04/2014.

A fábrica e os trabalhadores. Disponível em: http://revolucao-

industrial.info/mos/view/As_f%C3%A1bricas_e_os_trabalhadores/

Acesso: 15/04/2014.

http://literaturaedialogos.blogspot.com.br/2010/05/charlie-chaplin-tempos-modernos.html

Acesso: 15/04/2014.

DNIT: http://www1.dnit.gov.br/ferrovias/historico.asp Acesso em: 15/04/2014

http://www.culturabrasil.org/revolucaoindustrial.htm Acesso em: 16/04/2014.

http://mecanizacao2011.blogspot.com.br/2011/05/o-periodo-de-mil-anos-entre-queda-de.html

Acesso: 15/04/2014.

http://www.brasilescola.com/historiag/transformacoes-sociedade-feudal.htm Acesso:

15/04/2014.

http://viagensyoukai.blogspot.com.br/2013/11/feira-medieval-europeia-em-campinas.html

Acesso: 15/04/2014.

http://cartacampinas.com.br/2013/11/atracoes-da-feira-medieval-europeia-de-campinas-

comecam-no-proximo-fim-de-semana/ Acesso: 15/04/2014 .

http://literaturaedialogos.blogspot.com.br/2010/05/charlie-chaplin-tempos-modernos.html

Acesso: 15/04/2014.

http://portogente.com.br/portopedia/historia-das-ferrovias-80519 Acesso: 14/04/2014.

http://eddiegomes.com.br/mkt_blog/?p=1517 Acesso: 15/05/2014 .

http://veja.abril.com.br/educacao/enem-resolvido-2013/Q015.pdf Acesso: 14/04/2014.

http://www.cineplayers.com/filme/tempos-modernos/598 Acesso: 14/04/2014.

http://www.skoob.com.br/livro/81457-a_globalizacao_em_xeque Acesso: 25/07/2014.

http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2013/10/enem-2013-parte-1.html Acesso:

14/04/2014.

http://estaticog1.globo.com/2013/Vestibular/enem/oficina/Q25.pdf Acesso: 14/04/2014.

Page 69: Modulo didatico enem 2014

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Paulo Montini ([email protected])

Silvanio Batista ([email protected] )

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA

CIDADANIA E DEMOCRACIA

Imagem 01. Em época de Ditadura Militar, versos de música de Chico Buarque traduziam a luta pela liberdade

nas ruas pelo país. Disponível em: < http://www.osensato.com.br/protestos-atuais-e-do-passado-similaridades-e-

diferencas/ > Acesso em 19 de jul. 2014.

O que é cidadania? Na escola, nos dizem que cidadania é não jogar papel na rua,

respeitar sinais e placas, respeitar o próximo, saber dizer obrigado, por favor, desculpe e bom

dia... Mas aprendemos que é, também, saber lidar com a exclusão das pessoas necessitadas,

com o direito de crianças carentes e outros problemas do nosso cotidiano. Podemos

compreender a cidadania como o exercício de direitos e cumprimento dos deveres nos quais

todos buscam benefícios comuns e igualdade dentro da nossa sociedade.

A ideia de cidadania tal qual a entendemos hoje percorreu um longo percurso ao longo

dos tempos para encontrar-se nessa representação atual. Sua história, porém, não está

definida: está em constante processo de construção e mudanças. Seu surgimento pode ser

delimitado no período historicamente conhecido como antiguidade, no qual os gregos

montaram uma sociedade em que alguns que eram considerados livres e iguais, praticavam o

exercício de tomada de decisões em comunidade na chamada Pólis. Um dos grandes filósofos

da Grécia deste período, Aristóteles, a definia como uma prática na qual o cidadão seria todo

Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e

valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação

consciente do indivíduo na sociedade.

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aquele que tem os direitos e deveres de formar um governo. A cidadania grega, porém, ao

mesmo tempo em que assumia um ineditismo em relação às tomadas de decisões bastante

singular, dentro do mundo conhecido à sua época, também apresentava um caráter

excludente: o cidadão com direito era apenas o homem adulto natural de Atenas. Dessa

maneira, eram colocados às margens da sociedade mulheres, estrangeiros e crianças.

Atualmente, o ser cidadão compreende respeitar e participar das decisões da sociedade

no intuito de melhorar sua vida e a de sua comunidade, exercendo seus direitos e deveres com

liberdade e responsabilidade, buscando a prática do bem comum. Conceitos como soberania

do povo, nacionalidade, liberdade, fraternidade e igualdade apenas vieram a se relacionar com

a cidadania em uma história muito recente. O historiador Eric Hobsbawn, ao analisar a

Revolução Francesa de 1789, observa a atualidade do movimento, mesmo passados já mais de

200 anos:

Felizmente, a Revolução Francesa ainda está viva. Pois liberdade, Igualdade e Fraternidade e

os valores da razão e do Iluminismo – os valores que construíram a civilização moderna (...) –

são mais necessários do que nunca, na medida em que o irracionalismo, a religião

fundamentalista, o obscurantismo e a barbárie estão, mais uma vez, avançando sobre nós. É,

portanto, uma coisa boa que, no ano de seu bicentenário (1989), tenhamos a ocasião de pensar

novamente sobre os acontecimentos históricos que há dois séculos transformaram o mundo.

Para melhor (Hobsbawn, 1996, p.127)..

Não ocasionalmente a academia delimita os estudos históricos a partir da Revolução

Francesa como o início da era contemporânea. Passados mais dois séculos, não há dúvidas

sobre o seu significado histórico e a sua particular importância para o mundo ocidental.

Direitos à vida, à propriedade, à liberdade, à igualdade, enfim, direitos políticos e sociais

agora se faziam presentes como deveres estatais para com sua população.

A história da cidadania confunde-se com a história dos direitos humanos e a história

das lutas das gentes para a afirmação de valores éticos. Existe, mesmo que estreito, um

relacionamento entre a cidadania e a luta por justiça, democracia e outros direitos

fundamentais asseguradores de condições dignas de sobrevivência.

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TEXTO DE APOIO

Imagem 02. Criança ucraniana vai às urnas em época de votação sobre o futuro da Criméia. . Disponível em: <

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/03/140316_crimeia_entenda_referendo_atualizacao_lgb.shtml>

Acesso em: 4de jul. 2014.

O embate diplomático entre Ucrânia e Rússia pelo controle da Criméia (território

localizado no leste ucraniano e de população, em sua maioria, de origem russa) vem sendo

constantemente abordado pela mídia. A disputa geopolítica pela pequena península já vem de

longa data, envolvendo intricados interesses econômicos, políticos e culturais. O estopim para

o atual desentendimento entre os dois vizinhos foi a deposição do ex-presidente da Ucrânia,

Víktor Yanukovich, retirado do poder pelo Congresso Nacional em 22 de fevereiro de 2014,

após uma onda de manifestações pró-democracia que, entre outras coisas, se exigia a

aproximação do país com o Ocidente e a União Europeia.

Esses eventos de protesto acabaram por levar o governo ucraniano ao colapso, à

desestabilização da economia local e ao ressurgimento de antigas desavenças, como no caso

do desejo de separatismo dos cidadãos da Criméia. A Rússia, que nos tempos de União

Soviética exercia domínio na Ucrânia, optou por intervir no país vizinho, alimentando grupos

separatistas da região e alegando que uma adesão seria o ideal no momento, em uma tentativa

de atrair o grande número de russófonos (pessoas que se comunicam na língua russa) da

região. Nesse conturbado contexto político, questões sobre soberania e o papel efetivo da

democracia acabaram por eclodir neste cenário de disputa entre as duas nações.

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Por soberania entende-se: “O fundamento, de todo e qualquer tipo de estado,

democrático ou territorial, monárquico, republicano, federativo ou unitário, porque esse traço

é característico de independência na órbita externa ou internacional‟‟(MORE, p.2)¹. Ou seja, o

cuidado e proteção com o seu território das ameaças advindas de outras nações (como o atual

caso da Criméia) ou mesmo internamente, quando tem-se disputas no interior do país pela

independência de uma região (como é o caso da Chechênia, na Rússia, que busca há décadas

sua separação de Moscou) deve ser objeto de preocupação dos países para a manutenção de

sua soberania. Quanto à cidadania, Clovis Gorczevski, usando-se das análises de Soledad

García e Steven Lukes, chega à seguinte compreensão:

Como uma conjunção de três elementos: 1) a garantia de certos direitos, assim como a

obrigação de cumprir certos deveres para com uma sociedade especifica; (2) pertencer a uma

comunidade política determinada (normalmente um Estado); e (3) a oportunidade de contribuir

na vida pública desta comunidade através da participação (GORCZEVSKI, CLOVIS, 2011,

p.29).

Portanto, a compreensão de tal conceito, principalmente pesando os dois últimos

pontos, tange a problemática discutida neste texto no sentido de que os cidadãos da Criméia

estavam discutindo sobre que cidadania seguir: a russa ou a ucraniana, haja vista que, através

do referendo ocorrido em 16/03/2014, os cidadãos optaram em seguir a russa, assim como ter

sua região anexada. Tanto o Ocidente, quanto a Ucrânia se manifestaram contra tal referendo,

anunciando que ele não era legítimo, que era contrário à democracia. Levando-se em

consideração a democracia sob o prisma de:

Entender sob que bases se exerce a soberania popular, em que medida há a eficácia da

representação e que perspectivas se colocam para repensar o sistema político não só do ponto

de vista da sua institucionalidade, mas da forma como os sujeitos sociais elaboram mecanismos

de participação política para além da esfera formal de intermediação de interesses (DE

FREITAS, p.1) (Disponível em:< http://more.com.br/artigos/Soberania.pdf > Acesso em 26 de

jul. 2014)

Pode-se inferir que o referendo realizado na Crimeia, onde a maior parte de sua

população é de origem russa, foi uma tentativa de exercício de democracia de forma

representativa pelo voto (por mais que tenha havido objeções acerca do fato da Rússia apoiar

e, consequentemente, influenciar o resultado), pois houve participação política, na qual uma

maioria optou por anexar o território ao russo, em detrimento de Kiev.

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REFLEXÃO

Imagem 03. Na foto de 1985, Tancredo Neves discursa como presidente já eleito para restaurar a

democracia no Brasil. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/eleicao-de-

tancredo-neves/ > Acesso em: 19 de jul. 2014.

A construção da cidadania no Brasil confunde-se com a própria história dos

movimentos sociais e patrióticos do país, na qual eventos como a Inconfidência Mineira, a

guerra de Canudos e a abolição da escravidão acabariam por fornecer, de certo modo,

influência no processo. Ao lutar pela independência, liberdade ou melhoria da sua qualidade

de vida os participantes desses movimentos davam os primeiros passos na conquista dos

direitos humanos para a cidadania brasileira.

Um marco para sua história, a promulgação da Constituição de 1988 teve sua

elaboração após um período obscuro na história do país, a ditadura militar, marcada pelo

autoritarismo do Estado e pela desconstrução de todo um processo de cidadania construído ao

longo do tempo. A partir de 1988 novas ferramentas foram colocadas à disposição do cidadão,

dentre elas o Código de Defesa do Consumidor (conjunto de direitos e deveres destinados ao

consumidor), um novo Código de Trânsito e um novo Código Civil que está relacionado com

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normas concernentes às relações jurídicas. A mídia, que no período da ditadura foi duramente

censurada, hoje exerce um papel fundamental principalmente pela divulgação de informações

e de denúncias, tendo sua liberdade de expressão assegurada pela Constituição. (Disponível em: <

http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/fabiofreitas/fabio_freitas_democracia_conceito_disputa.pdf > Acesso em: 26 de

Jul. 2014.)

Mas em nosso cotidiano percebemos que ainda temos muito a conquistar no que

concerne ao desempenho da cidadania. O Brasil é um país de muitas injustiças e contrastes

sociais, e onde muitos ainda são desrespeitados enquanto cidadãos. A principal ferramenta da

cidadania é o voto. Ele é o meio pelo qual o próprio indivíduo participa do processo de

construção dos destinos da sua nação. Mas não basta votar, é necessário que tenhamos

consciência que devemos participar da vida democrática. Devemos nos sentir responsáveis

pelo bom funcionamento das instituições, além de verificarmos o bom andamento das

atividades do Estado, exigindo, com postura de cidadão, que este seja coerente com os seus

fundamentos, razoável no cumprimento das suas finalidades e intransigente em relação aos

seus princípios constitucionais.

E o que é ser cidadão? Ser cidadão envolve um conjunto de direitos e deveres. Como

cidadãos, temos o direito de sermos livres, de ter nossa casa e principalmente de ser

respeitados em relação a nosso gênero, origem, raça ou condição social. Ao mesmo tempo, é

dever do cidadão trabalhar em prol de uma sociedade melhor praticando a solidariedade, a

responsabilidade social e tendo a compreensão dos fatos ao nosso redor.

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APRENDA FAZENDO

Questão 58 ENEM 2009

Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de

homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de

negócios – esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais ,

tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao

desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas‟‟.

VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual. 1994

O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania:

a) Possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os

políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos

cidadãos tem que trabalhar.

b) Era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de

uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade.

c) Estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava

todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.

d) Tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos

deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.

e) Vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que

tinham tempo para resolver os problemas da cidade.

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Questão 45 ENEM 2010

Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto

dos cidadãos.‟‟

JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar,

2006.

Uma suposta “vacina‟‟ contra o despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo:

a) Impedir a contratação de familiares para o serviço público.

b) Reduzir a ação das instituições constitucionais.

c) Combater a distribuição equilibrada de poder.

d) Evitar a escolha de governantes autoritários.

e) Restringir a atuação do Parlamento.

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SAIBA MAIS

SITES

O Instituto de Cidadania Brasil é uma ONG mantida pelo

estado de São Paulo que atua na área de conscientização da

população sobre seus poderes e deveres. No site, pode-se

encontrar data de palestras, notícias e áreas de atuação do

Instituto. Disponível em <

http://www.institutocidadania.org.br/index.php> Acesso em: 19 de

jul. 2014.

O portal das Nações Unidas traz diversas informações sobre a

tentativa da organização pela expansão da cidadania pelo

mundo, além de cobrir as ações dos diversos segmentos da

entidade pelo planeta. A página tem uma versão em português

para os brasileiros. Disponível em < http://www.onu.org.br/> Acesso em: 19 de jul. 2014.

De maneira didática, o vídeo da série “Telecurso‟‟ faz um

apanhado do que é cidadania e de quais são os deveres do

cidadão. Disponível em

<https://www.youtube.com/watch?v=JAvnKzqDsc4 > Acesso

em: 19 de jul. 2014.

RESPOSTAS COMENTADAS

QUESTÃO 58–

A problemática da questão se refere, em um contexto geral, ao que correspondia ser cidadão

na Grécia Antiga. Apontada como “berço” da cidadania e da democracia, a Grécia, nas suas

cidade-estados, encontrava-se em um momento de consolidação dessa forma de governo até

então inédita. Por isso, filósofos dos mais variados territórios gregos (seja das chamadas

colônias espalhadas pelo Mediterrâneo ou da região peninsular) buscavam argumentos que

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justificassem tal estilo de governo, afirmando o lugar social de cada um da sociedade neste

novo momento político.

Apesar da própria palavra “democracia‟‟ significar, literalmente, governo do povo, o “povo‟‟

na sociedade grega não era qualquer indivíduo. Aristóteles, ao abordar o dever do cidadão

ateniense de sua época, acaba por explicitar esse método de hierarquização social: apenas o

homem adulto ateniense seria passível de decidir o futuro de sua comunidade.

Adaptado de: < http://educacao.globo.com/provas/enem-2009/questoes/58.html > Acesso em: 20 jul. 2014.

Alternativa correta: Letra B

QUESTÃO 45 –

A problemática da questão se refere a uma das funções primordiais da democracia: o combate

ao autoritarismo. Levando-se em consideração que o regime democrático, em sua

fundamentação teórica, consiste em manter a soberania do povo a partir da ação de seus

cidadãos, fica evidente o papel da democracia em evitar que se chegue ao poder indivíduos ou

grupos despóticos. O despotismo, caracterizado pela centralização de poder nas mãos de um

único indivíduo, era o estilo de governar mais comum na época da implantação da democracia

em Atenas. Nota-se, então, a particularidade grega que, com uma democracia única em meio a

despóticos, viveria uma ascensão que acabaria por marcar este recorte como um dos grandes

períodos da antiguidade.

Adaptado de: < http://educacao.globo.com/provas/enem-2010/questoes/45.html > Acesso em: 20 jul. 2014.

Alternativa correta: Letra D

REFERÊNCIAS

FREITAS, F. F. Democracia: um conceito em disputa. Disponível em

http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/fabiofreitas/fabio_freitas_democracia_conceito_di

sputa.pdf. Acesso em: 20 de jul. 2014.

GORCZEVSKI, C., & Martin, N. B. A Necessária Revisão do Conceito de Cidadania:

Movimentos Sociais e Novos Protagonistas na Esfera Pública Democrática. Santa Cruz do

Sul: EDUNISC, 2011.

HOBSBAWM, Eric. Ecos da Marselhesa: Dois Séculos Revêem a Revolução Francesa.

São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

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MORE, Rodrigo Fernandes. O Moderno Conceito de Soberania no Âmbito do Direito

Internacional. Disponível em: http://more.com.br/artigos/Soberania.pdf. Acesso em: 20 de

jul. 2014.

TEIXEIRA, Ricardo Marandino. Desrespeito à Cidadania. Disponível em:

http://www.vivaterra.org.br/vivaterra_cidadania.htm#. Acesso em: 20 de jul. 2014.

Imagem 01 – Disponível em: http://www.osensato.com.br/protestos-atuais-e-do-passado-

similaridades-e-diferencas/. Acesso em: 26 de jul. 2014.

Imagem 02 – Disponível em:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/03/140316_crimeia_entenda_referendo_atuali

zacao_lgb.shtml. Acesso em: 26 de jul. 2014.

Imagem 03 – Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/eleicao-de-

tancredo-neves/. Acesso em: 26 de jul. 2014.

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Maria Aline Guedes([email protected])

Ronyone Araújo([email protected])

Valber Nunes da Silva Mendes ([email protected])

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...

AS INTERAÇÕES ENTRE SOCIEDADE E NATUREZA: REFLEXOS DA

MODERNIDADE NAS ESPACIALIDADES NATURAIS.

Imagens disponíveis em: http://architectureintlprogram.wordpress.com/2011/06/13/the-dubai-palm-islands/

Acesso em: 12 de Abril de 2014.

http://construcaocivilpet.wordpress.com/2012/12/05/maravilhas-da-engenharia-5-palm-islands-as-palmeiras-

gigantes/

Acesso em: 12 de Abril de 2014.

http://lih.ae/property/siganture-villa-european-great-rotunda-palm-jumeirah/ Acesso em: 12 de Abril.

Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no

espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.

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Uma das maiores construções arquitetônicas da contemporaneidade, as Palm Islands são um

conjunto de três ilhas artificiais (Jumeirah, Jabel Ali e Deira) construídas nos Emirados Árabes

Unidos, na cidade de Dubai. Estas „„maravilhas da arquitetura moderna‟‟ correspondem a um

dos planos mais arrojados de edificações pelo mundo, que tem como objetivo erguer ilhas com

o formato de palmeiras no Golfo Pérsico. Tal iniciativa pensada pelo Xeique Mohammed bin

Rashid Al Maktoum, teve o intuito de expandir o setor de turismo e serviços da economia

local. (Adaptado. Maravilhas da Engenharia: Palm Islands, as palmeiras gigantes. Disponível em:

http://construcaocivilpet.wordpress.com/2012/12/05/maravilhas-da-engenharia-5-palm-islands-as-palmeiras-

gigantes/. Acesso em 13 de Abril).

Esta região localizada no deserto da Arábia foi durante a década de 1970, um dos

maiores centros produtores de petróleo, o que atraiu uma série de propostas em urbanização,

investimentos imobiliários e um crescente processo de imigração proveniente de regiões

como: Índia, China, Paquistão e Irã. Com isso, a cidade de Dubai passou por um processo de

aglomeração urbana, que acarretou em um acréscimo de sua população, um contínuo processo

de verticalização e modernização da cidade.

Localização geográfica. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dubai. Acesso

em: 13 de Abril de 2014.

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Aliado a esta guinada econômica proporcionada pelo petróleo, outros setores da

economia se desenvolveram, por exemplo, as zonas de comércio, isso porque que Dubai está

situado em uma área estratégica de entreposto comercial com demais localidades. Outro setor

que recepcionou investimentos foi o de turismo, que começou a ser incentivado devido às

construções artificiais, como as Palm Islands, o arquipélago The World – que reproduz o

desenho do mapa mundi em espaços bem definidos de mini ilhas correspondente à cada país –

e o Burj Khalifa, o edifício mais alto do mundo atualmente.

No que concerne às ilhas artificiais da Palm Islands, a primeira delas, Jumeirah,

começou a ser construída em 2001, sendo concluída em 2009. Em comparação com o projeto

das demais, ela é a menor, possuindo as dimensões de 5 km de comprimento e 5,5 km de

largura. No entanto, comporta cerca de quatro mil imóveis entre residências, restaurantes,

hotéis e centros comerciais. A segunda, Jabel Ali, que teve o início das obras em 2002, hoje

tem seu desenho já concluído, mas ainda não está com todas as habitações concluídas e

contém nas suas dimensões: 7,0 km de comprimento por 7,5 km de largura. A terceira ilha,

Deira, prevê o projeto mais audacioso, por ser a maior delas, com dimensões de 14 km de

comprimento e 8,5 km de largura. Além destas dimensões estima-se que, quando concluída,

poderá ter uma população de um milhão de habitantes.

Relação Sociedade-Natureza na modernidade

As construções em Dubai exemplificam a relação que o homem tem estabelecido com

a natureza na contemporaneidade. O avanço da construção civil em espaços naturais,

incentivados pelo mercado do turismo tem sido realizado de maneira que não visa respeitar e

preservar o domínio natural ocasionando desequilíbrios ambientais e desastres ecológicos. Na

construção das ilhas artificiais, a areia utilizada provém do próprio Golfo Pérsico, que teve

regiões que precisaram ser dragadas, ou seja, retiraram-se porções de areia em determinados

lugares para depositá-la em regiões específicas, ocasionando alterações no solo marinho. Este

fator contribuiu para que a fauna marinha também fosse afetada, no sentido de que a

reprodução de corais e a circulação de outras espécies aquáticas fossem alteradas, pois a

maneira como estas ilhas artificiais foram construídas isolou o fluxo de circulação da água em

algumas áreas evitando que algumas espécies consigam se alojar e desenvolver.

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Mundo Estranho. Pelo mundo, há no mínimo

10 biomas que estão em níveis críticos de

devastação ocasionada pela ação antrópica.

Disponível em:

http://planetasustentavel.abril.com.br/infografico

s/#planeta-sustentavel Acesso em: 01 de Maio

de 2014.

O ser humano tem transformado o espaço sem pôr em questão as degradações que são

ocasionadas pelas ocupações desordenadas e mensurar em que nível sua interferência irá

transformar sua espacialidade. Por isso, tende a se comportar como um “dominador”

(correspondente à sua postura antropocêntrica) dos elementos naturais, sem mensurar os

impactos que suas atitudes podem ocasionar no presente e para as próximas gerações.

Em outros tempos...

Cabe ressaltar que a relação entre sociedade e natureza é formada considerando a interação

que cada cultura exerce no espaço que ocupa. Ou seja, outras culturas presentes em espaços e

temporalidades diferentes, construíram outras relações com a natureza. Ao longo da história, o

ser humano modificou constantemente o espaço em que vivia para moldá-lo às suas

necessidades. Práticas como a caça, pesca, coleta e atividades posteriores como agricultura,

construção de habitações e atividades econômicas, impulsionaram novas formas de interação

com a natureza.

Algumas culturas atribuíram à natureza um significado sagrado, pois retiravam dela o

que precisavam para seu sustento, a exemplo da maioria das comunidades indígenas no Brasil.

Com o decorrer do tempo, em que o caráter antropocêntrico do homem e o avanço das

atividades mercantis tornaram-se os principais veículos da transformação do espaço, a

natureza também foi significada de outra maneira, perdendo para algumas culturas ocidentais,

o valor sagrado, e sendo um lugar de transformação e deterioração para as necessidades

econômicas.

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Com o decorrer das transformações tecnológicas e científicas assistiu-se a uma necessidade

crescente de preservação dos espaços naturais, buscando alternativas para conter a expansão

de algumas atividades degradantes como o desmatamento, bem como soluções para empenhar

o desenvolvimento sustentável.

REFLEXÃO

Os grandes problemas tão divulgados pelos veículos de comunicação, tais como: os

desmatamentos, a desertificação, a perda da biodiversidade, a depleção da camada de ozônio, o

efeito estufa, o superaquecimento global, a crise da água potável, o crescimento demográfico e

a cultura consumista, a produção de enormes quantidades de lixo, a biopirataria e tantos outros

complicadores, surgem pela autodesignação do homem como dominador da natureza.

(GONÇALVES, 2007, p. 171-172)

A relação dos seres humanos com a natureza já foi bem diferente do que observamos

hoje. No período Paleolítico os seres humanos eram nômades, não possuíam moradia fixa, até

porque estes dependiam dos recursos que a natureza oferecia para poderem sobreviver. Nesse

momento o ser humano ainda não possuía o conhecimento para manusear a natureza ao seu

favor, apenas retirar da natureza os frutos que eram ofertados, para sua subsistência. Para

estes indivíduos a diminuição dos recursos necessários já era um sinal para partir em retirada

para outro ambiente que oferecesse uma maior oportunidade de sobrevivência.

Após a descoberta de como manusear a natureza a favor de si, os seres humanos

iniciaram o seu processo de sedentarização. Esse período é conhecido para História como

período Neolítico. Os seres humanos deixavam de ser coletores e predadores para desenvolver

culturas agrícolas e domesticação de animais para seu consumo. As longas travessias feitas

pelos grupos nômades, já não eram mais interessantes para a sociedade neolítica que estava se

construindo nesse período. Foi nesse momento histórico da sociedade, que começaram a

surgir as primeiras vilas e posteriormente, as primeiras cidades.

Segundo Gonçalves (2007) esses indivíduos que começavam a vivenciar uma vida em

sociedade, possuíam uma relação com a natureza de caráter mística, por acreditar na presença

de deuses que na sua maioria eram ligados a fenômenos naturais. Temendo a ira desses

deuses, os homens e as mulheres do Neolítico moderavam seus comportamentos diante da

natureza. Um exemplo para enfatizar o caráter místico dessa sociedade é que para o corte de

uma árvore era necessário ter uma justificativa, como a construção de uma casa ou de um

barco, algo que fosse servir como fonte de sobrevivência para esses indivíduos e não para

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motivos fúteis. Mesmo com a justificativa que explicava o ato, alguns povos antigos ainda

temiam algum tipo de retaliação por parte dos deuses, e por isso era comum a realização de

“rituais de desculpas” pelos atos cruéis provocados à natureza. Aos poucos, a mentalidade

humana referente à natureza foi mudando e as relações com a mesma também, sobre esse o

assunto Gonçalves destaca que

Com a evolução da espécie humana, o homem arrancou os deuses da natureza e passou a

destruí-la como se ele próprio fosse divino, cheio de poderes absolutos. A partir de então, a

natureza começou a perder o seu status de mãe da vida. O desejo desenfreado pelo poder e pelo

dinheiro, fez com que o homem mudasse sua concepção como parte do natural. Natureza e

homem passaram a ser duas coisas distintas. (GONÇALVES, 2007, p.172)

A fala de Gonçalves reflete o nosso momento atual, e explica a situação em que

vivemos, no qual assistimos a destruição das matas, florestas e ecossistemas. Estes recursos só

representam para os indivíduos que os destroem, fonte de riqueza. A autossuficiência humana

proclamada no período do Renascimento, fez do homem o centro da terra (antropocentrismo)

concedendo a este o domínio da natureza, que a utilizou muitas vezes de forma exacerbada

em seu favor, visando apenas lucrar com os recursos naturais extraídos.

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TEXTO DE APOIO

HISTORIA & NATUREZA

O livro História e Natureza da historiadora Regina Horta é composto por três capítulos: os

historiadores em diálogo com seu tempo, o segundo sociedade, natureza e história e por

último Historia e história ambiental (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2005).

No primeiro capítulo do seu livro a autora tenta desmistificar a ideia que parece prevalecer

até hoje, da qual a disciplina história descreve o passado sem qualquer diálogo com o

presente. Dessa forma, a história não significa nada para uma juventude preocupada com o

futuro, sobretudo com a questão ambiental, posta hoje como um problema prioritário devido

ao estado atual de degradação ambiental. A disciplina história defendida pela autora tem um

sentido mais amplo, que não se reduz apenas a descrever o passado, mas tentar fazer uma

ponte com o presente, ou seja, entender os fatos passados como um problema que pode ser

resolvido por meio do diálogo com o presente (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2005).

Com a questão ambiental esse olhar é fundamental. Tentar rever nossas práticas e valores

com o intuito de nos ajudar a compreender a poluição e degradação da natureza que implicou

na modificação dos ecossistemas. É com esse olhar que autora escreve o segundo capítulo do

seu livro, mencionando as diferentes sociedades e suas práticas culturais. Assim, ela vai

deixar claro que desde as formas de organização mais simples dos grupos humanos até hoje,

houve devastação da natureza (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2005).

Alguns estudiosos da área acreditam que a forma como os indígenas vivem não traz nenhum

dano nocivo à natureza. A autora discorda desse aspecto da mesma forma que não acredita

no retorno da vida simples e natural. Segundo ela esses discursos servem para alimentar a

indústria capitalista (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2005).

No terceiro e último capítulo a auto Regina Horta menciona alguns clássicos e suas

contribuições para a disciplina de historia ambiental destacando, por exemplo, o historiador

Marc Bloch com sua tentativa de descrever as práticas agrárias no feudalismo; e Georges

Duby com os estudos voltados para a história dos camponeses medievais. No Brasil, ela

destaca alguns autores como Sergio Buarque de Holanda, sobretudo com sua obra Monções

Imagem disponível em:

http://ohomemrevoltado.blogspot.com.br/2

010_10_01_archive.html .Acesso em 10

de Maio de 2014)

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APRENDA FAZENDO.

Questão 81. ENEM 2009

No presente, observa-se crescente atenção aos efeitos da atividade humana, em diferentes

áreas, sobre o meio ambiente, sendo constante, nos fóruns internacionais e nas instâncias

nacionais, a referência à sustentabilidade como princípio orientador de ações e propostas que

deles emanam.

A sustentabilidade explica-se pela

(A) incapacidade de se manter uma atividade econômica ao longo do tempo sem causar danos

ao meio ambiente.

(B) incompatibilidade entre crescimento econômico acelerado e preservação de recursos

naturais e de fontes não renováveis de energia.

(C) interação de todas as dimensões do bem-estar humano com o crescimento econômico,

sem a preocupação com a conservação dos recursos naturais que estivera presente desde a

Antiguidade.

(D) proteção da biodiversidade em face das ameaças de destruição que sofrem as florestas

tropicais devido ao avanço de atividades como a mineração, a monocultura, o tráfico de

madeira e de espécies selvagens.

(E) necessidade de se satisfazer as demandas atuais colocadas pelo desenvolvimento sem

comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades nos

campos econômico, social e ambiental

publicada em 1945. Nela o autor estuda os obstáculos naturais que as expedições

enfrentavam como a correnteza dos rios; e Caio Prado Jr. que também escreveu sobre esse

período em sua obra Formação do Brasil Contemporâneo, publicada em 1942 na qual

denunciava a exploração devastadora na natureza realizada pelos portugueses no período

colonial.

Ela aponta também algumas discussões contemporâneas interdisciplinares das diferentes

áreas do conhecimento que colocam em foco, a natureza e sua biodiversidade. Como é o

caso da caso da geografia, zoologia, botânica, climatologia entre outros.

O livro Historia e Natureza é uma leitura agradável, de fácil compreensão, com valiosas

informações históricas e que traz à tona uma leitura crítica e problematizada da relação seres

humanos – natureza.

(Adaptado. ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz. A sabedoria vegetal. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752006000100014. Acesso em: 15 de Abril

de 2014).

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Questão 80. ENEM 2009

O homem construiu sua história por meio do constante processo de ocupação e transformação

do espaço natural. Na verdade, o que variou, nos diversos momentos da experiência humana,

foi a intensidade dessa exploração.

Disponível em: http://www.simposioreformaagraria.propp.ufu.br. Acesso em: 09 jul. 2009

(adaptado).

Uma das consequências que pode ser atribuída à crescente intensificação da exploração de

recursos naturais, facilitada pelo desenvolvimento tecnológico ao longo da história, é

(A) a diminuição do comércio entre países e regiões, que se tornaram autossuficientes na

produção de bens e serviços.

(B) a ocorrência de desastres ambientais de grandes proporções, como no caso de

derramamento de óleo por navios petroleiros.

(C) a melhora generalizada das condições de vida da população mundial, a partir da

eliminação das desigualdades econômicas na atualidade.

(D) o desmatamento, que eliminou grandes extensões de diversos biomas improdutivos, cujas

áreas passaram a ser ocupadas por centros industriais modernos.

(E) o aumento demográfico mundial, sobretudo nos países mais desenvolvidos, que

apresentam altas taxas de crescimento vegetativo

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PARA SABER MAIS

Imagem

disponível

em:

http://suste

ntabilidade

eaccao.blo

gspot.com.

br/2013/04

/dia-da-

terra.html

HOME – NOSSO PLANETA, NOSSA CASA.

Home é um documentário que traz uma abordagem das

atuações que o homem realizou, e tem realizado na

relação com a natureza, demonstrando como esta

interação tem se tornado cada vez mais danosa para o

meio ambiente. Ecossistemas, biomas, flora, fauna

(terrestres e marinhos) têm sido degradados e extintos

devido à ação humana, que movida pelos interesses da

indústria alimentícia e farmacêutica, por exemplo, tem

deteriorado os espaços naturais. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=jvXTCpwU_YA.

Acesso em: 20 de Maio de 2014.

Imagem disponível em: http://destino-

alternativo.blogspot.com.br/2012/06/fil

me-into-wild-na-natureza-selvagem.html

Acesso em 20/05/2014

NA NATUREZA SELVAGEM

É um longa-metragem de 2007, produzido nos Estados

Unidos que mostra a relação de um jovem com a natureza

“Início da década de 90. Christopher McCandless (Emile

Hirsch) é um jovem recém-formado, que decide viajar

sem rumo pelos Estados Unidos em busca da liberdade.

Durante sua jornada pela Dakota do Sul, Arizona e

Califórnia ele conhece pessoas que mudam sua vida,

assim como sua presença também modifica as delas. Até

que, após dois anos na estrada, Christopher decide fazer a

maior das viagens e partir rumo ao Alasca.”

Disponível http://www.adorocinema.com/filmes/filme-

110101/ acesso em 20/05/2014

Vídeo:

Imagem disponível em

https://www.youtube.com/

A História das Coisas (versão brasileira)

“Da extração e produção até a venda, consumo e descarte,

todos os produtos em nossa vida afetam comunidades em

diversos países, a maior parte delas longe de nossos

olhos.

História das Coisas é um documentário de 20 minutos,

direto, passo a passo, baseado nos subterrâneos de nossos

padrões de consumo.

História das Coisas revela as conexões entre diversos

problemas ambientais e sociais, e é um alerta pela

urgência em criarmos um mundo mais sustentável e

justo.”

Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw

Acesso em 21 de maio de 2014.

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RESPOSTAS COMENTADAS

81. Resposta correta: “E”. Necessidade de se satisfazer as demandas atuais

colocadas pelo desenvolvimento sem comprometer a capacidade de as gerações

futuras atenderem suas próprias necessidades nos campos econômico, social e

ambiental

Partindo da noção de que todas as atividades humanas incidem de maneira direta ou

indireta na natureza, independentemente das culturas que ocupam determinado espaço,

o conceito de sustentabilidade indica que

Sustentabilidade ambiental e ecológica é a manutenção do meio ambiente do planeta

Terra, é manter a qualidade de vida, manter o meio ambiente em harmonia com as

pessoas. É cuidar para não poluir a água, separar o lixo, evitar desastres ecológicos,

como queimadas, desmatamentos. O próprio conceito de sustentabilidade é para longo

prazo, significa cuidar de todo o sistema, para que as gerações futuras possam

aproveitar. (Sustentabilidade Ambiental e Ecológica. Disponível em:

http://www.significados.com.br/sustentabilidade/. Acesso em 15 de Abril de 2014.)

Portanto, a assertiva que se aproxima do conceito de sustentabilidade é a alternativa

“E”. Para você se inteirar acerca de atitudes sustentáveis, acesse o link:

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/dez-atitudes-ensinar-seu-filho-

cuidar-planeta-567455.shtml. Lá, você confere todo um espaço destinado ao

conhecimento que gravita em torno de atitudes sustentáveis.

80. Resposta Correta: “B”. A ocorrência de desastres ambientais de grandes

proporções, como no caso de derramamento de óleo por navios petroleiros.

O item possui uma temática muito discutida atualmente no que se refere ao elevado

produtivismo das economias internacionais realizado de maneira irresponsável e que

não visa a conservação e preservação dos ambientes naturais, explorando-os

desmedidamente sem mensurar quaisquer tipos de consequências que os atos atuais

podem significar no presente e no futuro. Portanto, as bases em que se processam esse

crescimento econômico: desmatamentos, processos de extinção de espécies vegetais e

animais, emissão desenfreada de gases poluentes, índices de poluição do ar por gases

tóxicos elevados, etc.; devem ser repensados e alterados.

Em 2010, um acidente envolvendo a emprese British Petroleum, em que espalhou uma

macha de óleo com um tamanho equivalente a onze vezes a cidade do Rio de Janeiro,

colocou em na agenda das discussões ambientais, este tipo de transporte, a segurança, e

os impactos que podem ocasionar. No link: http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-

disciplinas/atualidades/desastre-ambiental-consequencias-do-vazamento-de-petroleo-

no-golfo-do-mexico.htm. Ao longo da reportagem, você acompanha o desfecho deste

desastre ambiental ocorrido em 2010, e algumas implicações ambientais decorrentes

desse tipo de exploração dos recursos naturais.

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As demais assertivas não estão em correspondência com o comando do item, tratando

de outras temáticas, como crescimento vegetativo, globalização, tratando-os de maneira

errônea e fora de contexto para complementar a questão.

REFERÊNCIAS

DUARTE, Regina Horta. História e Natureza. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, 108p.

ALBUQUERQUE JR. Durval M. A Sabedoria Vegetal The vegetal wisdom; Scielo,

2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-

87752006000100014> 24 de Julho de 2014

GONÇALVES, Julio Cesar. Homem-Natureza; Uma relação conflitante ao longo da

história. Revista Multidisciplinar da Uniesp, Saber Acadêmico, N° 6, 2008.

FOLADORI, Guillermo. Taks Javier. Um olhar antropológico sobre a questão

ambiental. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010493132004000200004&script=sci_arttext&t

lng=pt>.

História das Palm Islands. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Palm_Islands>

20 de Maio de 2014.

Relação entre Homem X Natureza. Disponível em:

<http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/19309/relacao-do-homem-x-

natureza#!3>. Acesso em: 21 de Maio de 2014.

Imagem. Disponível em:<

http://architectureintlprogram.wordpress.com/2011/06/13/the-dubai-palm-islands/>

Acesso em: 12 de Abril de 2014.

Imagem. Disponível

em:<http://construcaocivilpet.wordpress.com/2012/12/05/maravilhas-da-engenharia-5-

palm-islands-as-palmeiras-gigantes/> Acesso em: 12 de Abril de 2014.

Imagem. Disponível em: <http://lih.ae/property/siganture-villa-european-great-rotunda-

palm-jumeirah/> Acesso em: Acesso em 12 de Abril de 2014.

Imagem. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Dubai> Acesso em: 13 de Abril

de 2014.

Imagem. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Dubai> Acesso em: 12 de Abril

de 2014.

Imagem. Disponível em: <http://www.cotur.co.mz/?page_id=317> Acesso em 13 de

Abril de 2014.

Provas e gabaritos do ENEM. Disponível em:

<http://vestibular.brasilescola.com/enem/provas-gabaritos-enem.html> Acesso em 14 de

Abril de 2014.

Sustentabilidade Ambiental e Ecológica. Disponível em:

<http://www.significados.com.br/sustentabilidade/> Acesso em 15 de Abril de 2014.

Desastre ambiental: consequências do vazamento de petróleo no Golfo do México.

Disponível em: < http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-

disciplinas/atualidades/desastre-ambiental-consequencias-do-vazamento-de-petroleo-

no-golfo-do-mexico.htm>

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A Matriz de Referência é o instrumento

norteador para a construção de itens. As Matrizes

desenvolvidas pelo Inep são estruturadas a partir

de competências e habilidades que se espera que

os participantes do teste tenham desenvolvido em

uma determinada etapa da educação básica. É

importante destacar que a Matriz de Referência

não se confunde com o currículo, que é muito

mais amplo. Ela é, portanto, uma referência tanto

para aqueles que irão participar do teste,

garantindo transparência ao processo e

permitindo-lhes uma preparação adequada, como

para a análise dos resultados do teste aplicado (Disponível em <

http://download.inep.gov.br/outras_acoes/bni/gui

a/guia_elaboracao.pdf > Acesso em 20\08\2014.)

Competência é a capacidade de mobilização de

recursos cognitivos, socioafetivos ou

psicomotores, estruturados em rede, com vistas a

estabelecer relações com e entre objetos,

situações, fenômenos e pessoas para resolver,

encaminhar e enfrentar situações complexas.

Segundo Perrenoud (apud Macedo, 2005, p. 29-

30), uma das características importantes da noção

de competência é desafiar o sujeito a mobilizar os

recursos no contexto de situação-problema para

tomar decisões favoráveis a seu objetivo ou a suas

metas.

As habilidades decorrem das competências

adquiridas e referem-se ao plano imediato do

“saber fazer” (Brasil. Inep, 2005, p. 17).

(Disponível em <

http://download.inep.gov.br/outras_acoes/bni/guia

/guia_elaboracao.pdf > Acesso em 20\08\2014.)

MAT RI Z DE REFE RÊNCIA DE CIÊ NCI AS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

EI XOS COG NI T IVOS ( COMUNS A TODAS AS Á REAS DE CONHECIMENTO )

ANEXO

I. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das

linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa.

II. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do

conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-

geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.

III. Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados

e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar

situações-problema.

IV. Construir argumentação (CA): relacionar informações, representadas em diferentes

formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir

argumentação consistente.

V. Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para

elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores

humanos e considerando a diversidade sociocultural.

(Disponível em < http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/edital/2014/edital_enem_2014.pdf > Acesso em

20\08\2014.)

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Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as

identidades.

H1 – Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de

aspectos da cultura.

H2 – Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.

H3 – Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.

H4 – Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado

aspecto da cultura.

H5 – Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio

cultural e artístico em diferentes sociedades.

Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos

como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

H6 – Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços

geográficos.

H7 – Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as

nações

H8 – Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos

populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

H9 – Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e

socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

H10 – Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da

participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.

Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das

instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos,

conflitos e movimentos sociais.

H11 – Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

COMPETÊNCIAS E HABI L I DADES

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H12 – Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.

H13 – Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou

rupturas em processos de disputa pelo poder.

H14 – Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e

interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das

instituições sociais, políticas e econômicas.

H15 – Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou

ambientais ao longo da história.

Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu

impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida

social.

H16 – Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do

trabalho e/ou da vida social.

H17 – Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de

territorialização da produção.

H18 – Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas

implicações socioespaciais.

H19 – Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias

formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

H20 – Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas

novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.

Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e

valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação

consciente do indivíduo na sociedade.

H21 – Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.

H22 – Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas

legislações ou nas políticas públicas.

H23 – Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.

H24 – Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.

H25 – Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.

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Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas

interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.

H26 – Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as

relações da vida humana com a paisagem.

H27 – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando

em consideração aspectos históricos e/ou geográficos.

H28 – Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais em diferentes

contextos histórico-geográficos.

H29 – Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico,

relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.

H30 – Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas

diferentes escalas.

(Disponível em < http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/edital/2014/edital_enem_2014.pdf > Acesso

em 20\08\2014.)

Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade – Cultura material e

imaterial; patrimônio e diversidade cultural no Brasil. A conquista da América.

Conflitos entre europeus e indígenas na América colonial. A escravidão e formas

de resistência indígena e africana na América. História cultural dos povos

africanos. A luta dos negros no Brasil e o negro na formação da sociedade

brasileira. História dos povos indígenas e a formação sociocultural brasileira.

Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos na vida política e

social.

Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento político e

ação do Estado – Cidadania e democracia na Antiguidade; Estado e direitos do

cidadão a partir da Idade Moderna; democracia direta, indireta e representativa.

OBJETOS DE CONHECIME NTO ASSOCI ADOS ÀS MAT RI ZES DE RE FERÊ NC IA

CIÊNCIAS HUMANAS E S UAS TECNOLOGIAS

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Revoluções sociais e políticas na Europa Moderna. Formação territorial

brasileira; as regiões brasileiras; políticas de reordenamento territorial. As lutas

pela conquista da independência política das colônias da América. Grupos

sociais em conflito no Brasil imperial e a construção da nação. O

desenvolvimento do pensamento liberal na sociedade capitalista e seus críticos

nos séculos XIX e XX. Políticas de colonização, migração, imigração e

emigração no Brasil nos séculos XIX e XX. A atuação dos grupos sociais e os

grandes processos revolucionários do século XX: Revolução Bolchevique,

Revolução Chinesa, Revolução Cubana. Geopolítica e conflitos entre os séculos

XIX e XX: Imperialismo, a ocupação da Ásia e da África, as Guerras Mundiais e

a Guerra Fria. Os sistemas totalitários na Europa do século XX: nazi-fascista,

franquismo, salazarismo e stalinismo. Ditaduras políticas na América Latina:

Estado Novo no Brasil e ditaduras na América. Conflitos político-culturais pós-

Guerra Fria, reorganização política internacional e os organismos multilaterais

nos séculos XX e XXI. A luta pela conquista de direitos pelos cidadãos: direitos

civis, humanos, políticos e sociais. Direitos sociais nas constituições brasileiras.

Políticas afirmativas. Vida urbana: redes e hierarquia nas cidades, pobreza e

segregação espacial.

Características e transformações das estruturas produtivas – Diferentes

formas de organização da produção: escravismo antigo, feudalismo, capitalismo,

socialismo e suas diferentes experiências. Economia agroexportadora brasileira:

complexo açucareiro; a mineração no período colonial; a economia cafeeira; a

borracha na Amazônia. Revolução Industrial: criação do sistema de fábrica na

Europa e transformações no processo de produção. Formação do espaço urbano-

industrial. Transformações na estrutura produtiva no século XX: o fordismo, o

toyotismo, as novas técnicas de produção e seus impactos. A industrialização

brasileira, a urbanização e as transformações sociais e trabalhistas. A

globalização e as novas tecnologias de telecomunicação e suas consequências

econômicas, políticas e sociais. Produção e transformação dos espaços agrários.

Modernização da agricultura e estruturas agrárias tradicionais. O agronegócio, a

agricultura familiar, os assalariados do campo e as lutas sociais no campo. A

relação campo-cidade.

Page 97: Modulo didatico enem 2014

CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o

ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971 |

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Os domínios naturais e a relação do ser humano com o ambiente – Relação

homem-natureza, a apropriação dos recursos naturais pelas sociedades ao longo

do tempo. Impacto ambiental das atividades econômicas no Brasil. Recursos

minerais e energéticos: exploração e impactos. Recursos hídricos; bacias

hidrográficas e seus aproveitamentos. As questões ambientais contemporâneas:

mudança climática, ilhas de calor, efeito estufa, chuva ácida, a destruição da

camada de ozônio. A nova ordem ambiental internacional; políticas territoriais

ambientais; uso e conservação dos recursos naturais, unidades de conservação,

corredores ecológicos, zoneamento ecológico e econômico. Origem e evolução

do conceito de sustentabilidade. Estrutura interna da terra. Estruturas do solo e

do relevo; agentes internos e externos modeladores do relevo. Situação geral da

atmosfera e classificação climática. As características climáticas do território

brasileiro. Os grandes domínios da vegetação no Brasil e no mundo.

Representação espacial – Projeções cartográficas; leitura de mapas temáticos,

físicos e políticos; tecnologias modernas aplicadas à cartografia.

(Disponível em < http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/edital/2014/edital_enem_2014.pdf >

Acesso em 20\08\2014.)